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Relatório P2 – Caracterização da Bacia Hidrográfica

do Rio Tocantins e seus Formadores


Avaliação Ambiental Integrada – AAI da Bacia
Hidrográfica do Rio Tocantins e seus Formadores

Empresa de Pesquisa Energética - EPE

São Paulo

Março/2007

Revisão A
Empresa de Pesquisa Energética – EPE
Avaliação Ambiental integrada - AAI da Bacia do Rio Tocantins e seus Formadores
Relatório P2 – Caracterização da Bacia Hidrográfica do Rio Tocantins

Índice
APRESENTAÇÃO.............................................................................................................1

I. Antecedentes ................................................................................................................3

1. Os Números da Área de Estudo e dos Empreendimentos .............................4

1.1. Abrangência e Extensão da Bacia.......................................................................4

1.2. Principais Características dos Aproveitamentos Hidrelétricos


em Operação e Previstos ..................................................................................................6

2. Histórico de Ocupação ...................................................................................15

2.1. O Início da Ocupação........................................................................................15

2.2. História Recente................................................................................................17

II CARACTERIZAÇÃO DA BACIA DO RIO TOCANTINS ...................................21

1. Caracterização dos Recursos Hídricos e do Ecossistema Aquático...........22

1.1. Caracterização Fisiográfica ...............................................................................23


1.1.1. Aspectos Fisiográficos 23
1.1.2. Redes de Monitoramento Hidrometeorológico 24
1.1.3. Clima 41

1.2. Rede Hidrográfica .............................................................................................44

1.3. Vazões ..............................................................................................................46

1.4. Usos da Água....................................................................................................51


1.4.1. Usos Consuntivos 51
1.4.2. Usos não-Consuntivos 52
1.4.3. Balanço entre Disponibilidade e Demanda Hídrica 54

1.5. Transporte de Sedimentos ................................................................................56

1.6. Águas subterrâneas ..........................................................................................58


1.6.1. Caracterização Hidrogeológica 58

1.7. Caracterização do Ecossistema Aquático..........................................................65


1.7.1. Qualidade da Água e Aspectos Limnológicos 65
1.7.2. Principais Questões 82

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1.7.3. Ictiofauna 84

2. Caracterização do Meio Físico e dos Ecossistemas Terrestres ................120

2.1. Caracterização do Meio Físico ........................................................................120

2.2. Caracterização dos Ecossistemas Terrestres..................................................154


2.2.1. Procedimentos Metodológicos 154
2.2.2. Biomas da Bacia Hidrográfica do Tocantins 158
2.2.3. As Formações Vegetais na Bacia Hidrográfica do Tocantins 160
2.2.4. Fauna de Vertebrados 176
2.2.5. A fauna de Vertebrados Terrestres da Bacia Hidrográfica do Tocantins 177
2.2.6. Áreas Destinadas à Conservação da Biodiversidade 187
2.2.7. Questões 189
2.2.8. Corredores Ecológicos 193
2.2.9. Áreas Prioritárias para a Conservação da Biodiversidade 197
2.2.10. Síntese / Conclusão 198
2.2.11. Aspectos Relevantes 199

2.3. Síntese da Caracterização do Meio Físico e dos


Ecossistemas Terrestres ...............................................................................................201

3. Caracterização Socioeconômica..................................................................215

3.1. Caracterização Econômica..............................................................................217


3.1.1. Magnitudes econômicas – Valor Agregado 217
3.1.2. Caracterização Geral da Estrutura Produtiva Dominante e Padrões Territoriais219
3.1.3. Dinâmica de Evolução dos Segmentos Dominantes 228
3.1.4. Principais Questões 233
3.1.5. Perspectivas 233

3.2. Finanças Públicas Municipais..........................................................................234


3.2.1. Principais Questões 239
3.2.2. Perspectivas 240

3.3. Caracterização do Comportamento Populacional............................................240


3.3.1. Dinâmica do Crescimento Populacional 241
3.3.2. Densidade Demográfica 243
3.3.3. Grau de Urbanização e sua Evolução 244
3.3.4. Principais Questões 245
3.3.5. Perspectivas 246

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3.4. Caracterização das Condições de Vida da População


Residente na Bacia do Tocantins...................................................................................246
3.4.1. Índice de Desenvolvimento Humano – IDH e sua evolução 247
3.4.2. Padrão de Renda Monetária 248
3.4.3. Provisão de Bens e Serviços (renda não monetária) 248
3.4.4. Principais Questões 255
3.4.5. Perspectivas 256

3.5. Populações Tradicionais .................................................................................257


3.5.1. Terras e Populações Indígenas 258
3.5.2. Características principais dos povos indígenas 262
3.5.3. Comunidades Remanescentes de Antigos Quilombos 270
3.5.4. Quebradeiras de coco babaçu 275
3.5.5. Pescadores artesanais e/ou populações ribeirinhas 277
3.5.6. Pescadores de Subsistência 277
3.5.7. Pescadores Profissionais Locais 278
3.5.8. Pescadores Profissionais Barrageiros 278
3.5.9. Organização dos Pescadores e Comercialização 279

3.6. Caracterização do Sistema de Transportes e da Rede Urbana


Regional da Bacia do Tocantins ....................................................................................279
3.6.1. Caracterização do Sistema de Transportes 280
3.6.2. Identificação da Hierarquia Funcional Urbana 285
3.6.3. Principais Questões 291
3.6.4. Perspectivas do Sistema de Transportes e da Rede Urbana Regional 292

3.7. Caracterização do Patrimônio Histórico, Cultural e


Arqueológico..................................................................................................................292
3.7.1. Caracterização do Patrimônio Histórico 293
3.7.2. Caracterização do Patrimônio Cultural 300
3.7.3. Caracterização do Patrimônio Arqueológico 305

3.8. Indicadores Municipais de Sustentabilidade ....................................................317


3.8.1. Conceituação 317
3.8.2. Construção dos Indicadores Municipais de Sustentabilidade 319
3.8.3. Síntese das Compartimentação Socioeconômica segundo Sub-Bacias
Hidrográficas 326

4. Levantamento e Avaliação da Matriz Institucional......................................329

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4.1. Avaliação da Matriz Institucional Atuante – Força da


Governança ...................................................................................................................329

4.2. Enfoque Metodológico para Construção da Matriz


Institucional....................................................................................................................329

4.3. Gestão Ambiental – Mecanismos Institucionais...............................................330

4.4. Órgãos Federais e Estaduais de Meio Ambiente.............................................333

5. Levantamento e Avaliação da Legislação Aplicável...................................338

5.1. Levantamento da Legislação Aplicável............................................................338

5.2. Análise da Legislação em Vigor e Identificação de Conflitos


Legais 338
5.2.1. Aspectos legais relacionados ao uso dos recursos hídricos 338
5.2.2. Aspectos legais relacionados ao uso e ocupação territorial 347
5.2.3. Aspectos legais relacionados à ocupação irregular de terras 361

6. Levantamento e Avaliação de Planos, Programas e Projetos ...................365

6.1. Identificação e Levantamento..........................................................................365


6.1.1. PPAs – Planos Plurianuais 365
6.1.2. Macrozoneamento do Estado do Pará 367
6.1.3. Plano Estratégico de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica dos rios Araguaia
e Tocantins 367
6.1.4. Programa de Revitalização da Região Hidrográfica Araguaia-Tocantins 368
6.1.5. 7.1.5 Projeto PRODECER 368
6.1.6. Estudos do Plano Decenal de Expansão do Setor Elétrico Estudos da Expansão
da Transmissão (2006-2015) - EPE 370
6.1.7. Estudo de Atualização do Portfolio de Oportunidades de Investimento do Estudo
dos Eixos Nacionais de Integração e Desenvolvimento 374
6.1.8. Transposição das Águas do Rio Tocantins para o Rio São Francisco 375
6.1.9. Arranjos Produtivos Locais – APLs 377
6.1.10. Projetos de Irrigação 378

6.2. Principais Questões ........................................................................................379

6.3. Perspectivas....................................................................................................380

7. Histórico dos Estudos de Aproveitamentos Hidrelétricos da Bacia do Rio


Tocantins......................................................................................................................382

7.1. Estudos Pioneiros da CELG e da CIVAT na Década de 60.............................382

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7.2. Estudos da ELETROBRÁS e Subsidiárias realizados nos


Anos 70 382

7.3. Estudos realizados por FURNAS e pela ELETRONORTE na


década de 80.................................................................................................................383

7.4. Estudos realizados na década de 90...............................................................384

7.5. Estudos realizados a partir de 2000 ................................................................385

7.6. Resumo dos Estudos relativos a aproveitamentos


Hidrelétricos realizados na bacia do rio Tocantins .........................................................386

8. BIBLIOGRAFIA ..............................................................................................387

Lista de Tabelas
Tabela 1 - Número de Municípios da Bacia do Rio Tocantins por Estado e por sub-
bacias
Tabela 2 – Principais Características dos Aproveitamentos Hidrelétricos em
Operação e Previstos
Tabela 3 – Potencialidades, Vantagens e Temas/Aspectos Privilegiados da
Caracterização – Foco e Funcionalidade.
Tabela 4 – Fragilidades, Questões e Temas/Aspectos Privilegiados da
Caracterização – Foco e Funcionalidade
Tabela 5 - Características da Bacia do Rio Tocantins
Tabela 6 - Vazões Médias Mensais, Vazões Mínimas e Máximas (m3/s)
Tabela 7 – Características dos Escoamentos de Superfície no rio Tocantins
Tabela 8 - Síntese da Qualidade da Água nos Pontos Amostrados da Bacia do rio
Tocantins
Tabela 9 - Efetivo de Rebanhos na Bacia do rio Tocantins
Tabela 10 – Usinas Hidrelétricas em Operação
Tabela 11 - Disponibilidade Hídrica na Região Hidrográfica
Tabela 12 - Balanço Hídrico
Tabela 13 – Índices de Balanço Hídrico (%)
Tabela 14 – Transporte de Sólidos segundo as Estações Identificadas na Bacia
Tabela 15 - Integração dos dados geológicos e hidrogeológicos em função da
compartimentação das sub-bacias do rio Tocantins
Tabela 16 - Síntese das características dos aqüíferos que ocorrem na Bacia
Hidrográfica do Rio Tocantins

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Tabela 17 - Número de espécies e capturas, em número e peso (kg), por unidade de


esforço (m2 de rede/24 horas) nos locais onde foram efetuadas amostragens com
redes de espera.
Tabela 18 - Resultados de algumas variáveis detectadas nos pontos de coleta do rio
Tocantins, nas diferentes fases
Tabela 19 - Resultados de alguns parâmetros observados nos pontos de coleta dos
tributários, nas diferentes fases
Tabela 20 - Captura (t) desembarcada no Mercado Municipal de Imperatriz (MA) no
período de novembro de 1997 a outubro de 1998
Tabela 21 - Contribuição relativa (%) das cidades vizinhas, ao pescado
comercializado no Mercado Municipal de Imperatriz, no período de novembro de
1997 a outubro de 1998
Tabela 22 - Pescado proveniente do reservatório de Tucuruí, desembarcado no
Mercado Municipal de Imperatriz durante o período de novembro de 1997 a outubro
de 1998
Tabela 23 - Áreas potenciais para ocorrência mineral e unidades geológicas
relacionadas
Tabela 24 - Classificação da vulnerabilidade do relevo e área de abrangência – Bacia
do rio Tocantins
Tabela 25 – Principais Aplicações das Bandas 3, 4 e 5 do Sensor TM do Satélite
Landsat 5
Tabela 26 - Síntese da Caracterização do Meio Físico e dos Ecossistemas Terrestres
Tabela 27 - Algumas Variáveis de Importância na Bacia do Tocantins
Tabela 28 - Valor Agregado dos Dez Principais Municípios e da Bacia do Tocantins
(média de 2001 a 2003, a preços constantes de 2003)
Tabela 29 - Valor Agregado da Bacia do Tocantins, dividido por Unidades da
Federação (média de 2001 a 2003, a preços constantes de 2003)
Tabela 30 - Valor Agregado da Bacia do Tocantins, dividido pelas Sub-bacias (média
de 2001 a 2003, a preços constantes de 2003)
Tabela 31 - Número de Pessoas Empregadas por Setor de Atividade - 2004, segundo
a Bacia do Tocantins e Estados Integrantes
Tabela 32 - Número de Pessoas Empregadas por Setor de Atividade - 2004, segundo
as sub-bacias
Tabela 33 - Número de Pessoas Empregado nas Principais Atividades de Serviços –
2004
Tabela 34 - Pessoal empregado nas principais atividades industriais – 2004
Tabela 35 – Emprego no Setor Industrial dos Dez Principais Municípios da Bacia do
Tocantins (2004)
Tabela 36 - Pessoal empregado nas principais atividades primárias 2004

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Tabela 37 - Área plantada total e porcentagem do município ocupado com


agricultura – 2004
Tabela 38 - Rebanho bovino total e densidade de gado nos Estados da Bacia do
Tocantins (2004)
Tabela 39 - Quantidade extraída dos principais produtos de extração vegetal (2004)
Tabela 40 - Evolução do Valor Agregado nos municípios da Bacia do Tocantins, por
Unidade da Federação, 1999 – 2003
Tabela 41 - Crescimento do Valor Agregado nos municípios que mais contribuíram
para o crescimento da Bacia, 1999 – 2003, em reais constantes de 2003
Tabela 42 - Evolução Populacional da Bacia do rio Tocantins
Tabela 43 - Municípios com Maior Densidade Demográfica, excluindo-se as Áreas
Protegidas – 2000
Tabela 44 - Distribuição das taxas de urbanização municipais, por sub-bacia
Tabela 45 - Grau de variação do IDH-M, por sub-bacia
Tabela 46 - Registro de casos de doença de veiculação hídrica, por local de
internação
Tabela 47 - Municípios com Taxa de Analfabetismo da População acima de 15 anos
abaixo da taxa nacional
Tabela 48 - Terras Indígenas existentes na região da Bacia Hidrográfica do
Tocantins
Tabela 49 - Terras Indígenas existentes por Sub- bacias Hidrográficas do Rio
Tocantins
Tabela 50 - Municípios com ocorrência de Comunidades Remanescentes de Antigos
Quilombos
Tabela 51 - Distribuição espacial das comunidades quilombolas por sub-bacias
Tabela 52 – Características Atuais das Hidroviass do Tocantins e Araguaia
Tabela 53 - Movimentação nos Aeroportos Comerciais na Bacia do Tocantins em
2005
Tabela 54 - Características Gerais dos Centros Urbanos Brasileiros
Tabela 55 - Níveis de centralidade das cidades da Bacia do Tocantins
Tabela 56 - Bens Edificados na bacia do rio Tocantins
Tabela 57 - Municípios com bens tombados, por sub-bacia
Tabela 58 - Composição dos Indicadores da Dimensão Econômica
Tabela 59 - Composição dos Indicadores da Dimensão Demográfica
Tabela 60 - Composição dos Indicadores da Dimensão Social
Tabela 61 - Composição dos Indicadores da Dimensão Ambiental - Pressão
Antrópica

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Tabela 62 - Composição dos Indicadores da Dimensão Institucional


Tabela 63 - Plano de Referência para a região Norte – 2006-2015
Tabela 64 - APLs na Região da Bacia do Tocantins
Tabela 65 - Projetos de irrigação na Bacia Araguaia-Tocantins

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APRESENTAÇÃO
O relatório ora encaminhado é o segundo produto formal no âmbito do Contrato nº EPE-006,
celebrado entre a Empresa de Pesquisa Energética – EPE e o Consórcio CNEC – ARCADIS
Tetraplan, para realizar a Avaliação Ambiental Integrada (AAI) dos Aproveitamentos
Hidrelétricos da Bacia Hidrográfica do Rio Tocantins e seus formadores. O estudo é
considerado prioritário pelo Ministério de Minas e Energia – MME, conforme Convênio nº
013/2004, de 21 de dezembro de 2004, celebrado entre o referido Ministério e a Empresa de
Pesquisa Energética – EPE, para elaboração dos estudos de Avaliação Ambiental Integrada.

De acordo com o exposto no Termo de Referência, tendo em vista avaliar o uso dos solos e
das águas da bacia, bem como os prováveis impactos que a implantação do conjunto dos
aproveitamentos hidrelétricos devem ocasionar na bacia e, assim, dispor-se de elementos
para a proposição de diretrizes que estruturem o planejamento integrado da Bacia a médio e
longo prazo, os trabalhos propostos têm como objetivo geral:
 Avaliar a situação ambiental da Bacia do Tocantins, com os empreendimentos
hidrelétricos implantados e os potenciais barramentos, considerando:

(i) seus efeitos cumulativos e sinérgicos sobre os recursos naturais, as populações residentes
e atividades econômicas;

(ii) os usos atuais e potenciais dos recursos hídricos no horizonte atual e futuro de
planejamento de médio e longo prazo, tendo em conta a necessidade de compatibilizar a
geração de energia com a conservação da biodiversidade e manutenção dos fluxos gênicos,
a sociodiversidade e a tendência de desenvolvimento socioeconômico da Bacia Hidrográfica
do Rio Tocantins.

Como objetivos específicos, enumeram-se:


 Avaliar a situação ambiental da Bacia do Rio Tocantins com os empreendimentos
hidrelétricos implantados e os potenciais barramentos, considerando seus efeitos
cumulativos e sinérgicos mais prováveis;
 Desenvolver indicadores de sustentabilidade da bacia, tendo como foco os recursos
hídricos e a sua utilização para a geração de energia;
 Delimitar as áreas de fragilidades e de restrições ambientais;
 Indicar conflitos frente aos diferentes usos do solo e dos recursos hídricos da bacia e as
potencialidades advindas da implantação dos aproveitamentos hidrelétricos;
 A partir de uma visão mais abrangente, identificar diretrizes ambientais para a concepção
de novos projetos de geração de energia elétrica, visando o desenvolvimento sustentável
da bacia;
 Propor diretrizes para subsidiar: (i) estudos ambientais na Bacia Hidrográfica; (ii)
eventuais readequações de projetos e programas existentes ou em implantação; e a (iii)
implantação de futuros aproveitamentos hidrelétricos na Bacia do rio Tocantins para os
quais não foi outorgada concessão até a elaboração do AAI;

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 Estabelecer diretrizes para reduzir riscos e incertezas para o desenvolvimento


socioambiental e para o aproveitamento energético da Bacia.

Considerando a divisão dos estudos de Avaliação Ambiental Integrada em quatro etapas -


Caracterização da Bacia, Avaliação Ambiental Distribuída – AAD e Conflitos, Avaliação
Ambiental Integrada – AAI e Elementos de Suporte às Recomendações e Diretrizes -, o
produto em questão consubstancia a Caracterização da Região, cujo objetivo é “... obter um
panorama geral da bacia, de modo a permitir a identificação e espacialização dos elementos
que mais se destacam na situação atual, bem como suas tendências evolutivas...1”.

em que se disponibilizam os resultados principais, organizados da seguinte forma:


 Capítulo I - Antecedentes: neste item é abordado o histórico de ocupação da região,
visando resgatar uma primeira análise retrospectiva da Bacia, com destaque para as
últimas três décadas, incluindo-se também um panorama geral da Bacia, seus principais
números, bem como os aproveitamentos hidrelétricos em suas diferentes fases
(operação, implantação e planejamento) e temas e cortes de análises focados e
funcionais;
 Capítulo II – Caracterização da Bacia do rio Tocantins e seus Formadores: envolve
temas e aspectos de clima, recursos hídricos e ecossistemas aquáticos, meio físico e
ecossistemas terrestres e socioeconomia, além da avaliação da matriz institucional, da
legislação aplicável e dos planos, programas e projetos co-localizados.

Cabe destacar que a metodologia proposta para desenvolvimento do presente estudo de AAI
tem como um de seus princípios seguir um processo de retroalimentação, ou seja, as quatro
etapas já mencionadas serão elaboradas de maneira integrada e seqüencial e, à medida que
o trabalho evolui e que decorram as análises, pode-se verificar a necessidade de
aperfeiçoamento de produtos já apresentados.

Considerando a grande extensão da bacia, com cerca de 380 mil km2 distribuídos em 224
municípios em quatro estados e agrupados em cinco sub-bacias, com todas as diferenças
advindas das especificidades regionais e territoriais, envolvendo análises de mais de 20
temas, a presente Caracterização gerou um documento extenso, mas que avalia os aspectos
relevantes de cada um destes temas para a área de estudo. Em função disso, o relatório está
organizado em três volumes:
 Volume I: Caracterização da Bacia do Tocantins;
 Volume II: Atlas do Projeto, composto por três distintos Cadernos de Mapa: Caderno A
(temas apresentados na escala 1:250.000); Caderno B (temas apresentados na escala
1:1.000.000) e Caderno C (reúne basicamente os mapas da caracterização
socioeconômica, em escala 1:4.000.000). Essa diferenciação de escalas decorre do fato
de, dependendo do tema espacializado no mapa, ser necessária a utilização de escalas
específicas para seu correto entendimento e visualização;
 Volume III – Anexos.

1
Conforme item 3.2 do “Termo de Referência para o Estudo: Avaliação Ambiental Integrada dos Aproveitamentos Hidrelétricos
na bacia do rio Tocantins”.
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I. Antecedentes
A grande diversidade hidrológica existente nas diferentes regiões do Brasil possibilita maiores
oportunidades de integração do sistema elétrico, por meio de ligações inter-regionais,
permitindo atender as demandas dos centros de consumo em variadas bacias hidrográficas e
otimizando a distribuição e utilização de energia no país. Essas interligações proporcionam
uma disponibilidade de energia superior à que se poderia obter pela operação isolada desse
mesmo conjunto de usinas, o que otimiza o desempenho do sistema global, tornando
fundamental o planejamento integrado da expansão dos sistemas de energia no país.

Em virtude do tempo demandado para maturação de empreendimentos hidrelétricos, base da


oferta de energia no país, bem como das peculiaridades inerentes à diversidade hidrológica,
o planejamento da expansão da matriz energética brasileira vem evoluindo por meio de uma
seqüência de estudos referenciais, com horizontes temporais abrangentes, e em
aproximações sucessivas, para possibilitar a tomada efetiva de decisão quanto à expansão
da matriz elétrica em tempo hábil. Esses estudos, em função dos horizontes temporais e das
decisões envolvidas, são elaborados em etapas e representados essencialmente por dois
planos.

O Plano Nacional de Energia Elétrica valoriza estudos de longo prazo do setor elétrico,
confrontando horizontes de até 30 anos para: as perspectivas de evolução do mercado de
energia elétrica; as disponibilidades de fontes energéticas primárias para geração, assim
como as tendências de evolução tecnológica e do custo marginal; as necessidades do
processo de desenvolvimento industrial. No caso da geração hidrelétrica, este plano aponta
as bacias hidrográficas prioritárias para a realização de estudos de Inventário Hidrelétrico,
tendo em vista suportar o processo decisório quanto à implantação dos aproveitamentos
hidrelétricos.

O Plano Decenal de Energia Elétrica – PDEE 2006-2015 efetua estudos para subsidiar as
decisões de mais curto prazo, a fim de programar a melhor seqüência de obras para os
primeiros 10 anos do horizonte de longo prazo, valorizando-se custos competitivos, aporte de
energia em locais estratégicos do ponto de vista do sistema interligado, entre outros aspectos
que otimizam a expansão. A priorização das obras indicadas por estes estudos é revista
anualmente em função dos condicionantes de mercado, das avaliações da viabilidade e de
custos marginais de expansão, bem como em função de atrasos de obras e da expectativa
de disponibilidade de recursos financeiros.

Os estudos de planejamento guardam estreita relação com aqueles necessários para o


desenvolvimento de um projeto específico, ou seja:
 Para o caso dos aproveitamentos hidrelétricos, inicia-se com os estudos de inventário,
definindo-se sua concepção inicial e buscando o melhor aproveitamento do potencial
hidrelétrico da bacia hidrográfica;

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 Em seguida, elabora-se a análise de sua viabilidade para subsidiar o processo de


licitação prévio à concessão, seguida da aprovação dos respectivos projetos básico e
executivo.

Considerando-se esses marcos temporais de longo prazo e a função precípua do


planejamento, deve-se ter em mente a importância da Bacia do Rio Tocantins, com sua
notável disponibilidade hídrica e papel estratégico em termos de posição espacial relativa
frente às demais regiões e bacias hidrográficas brasileiras.

É nesse contexto que se insere a presente Avaliação Ambiental Integrada, tendo em vista o
planejamento integrado da Bacia Hidrográfica, considerando-a como um ente único, em que
as sucessivas implantações de aproveitamentos hidrelétricos certamente gerarão impactos e
efeitos que devem ser avaliados de forma acumulada e sinergizada, à luz do seu almejado
desenvolvimento sustentável.

1. OS NÚMEROS DA ÁREA DE ESTUDO E DOS


EMPREENDIMENTOS
Duas referências são importantes logo no início dos estudos: uma primeira diz respeito à
localização da Bacia e sua extensão, com suas Sub-bacias e municípios integrantes, entre
outros aspectos que, desde já, dêem os contornos das questões a serem destacadas; e, uma
segunda, aponta as características básicas dos aproveitamentos hidrelétricos em análise,
sinalizando seu potencial e respectiva inserção nas diretrizes do Plano Nacional de Energia
Elétrica e no Plano Decenal de Energia Elétrica - PDEE 2006-2015.

1.1. Abrangência e Extensão da Bacia


A Bacia do Rio Tocantins insere-se na Região Hidrográfica Tocantins-Araguaia, que abrange
parte do território da região Centro-Oeste, Norte e Nordeste do país. Trata-se de uma bacia
completamente inserida em território nacional e com um grande potencial hídrico. Em função
desse potencial, atrelado à sua posição que lhe confere vantagens locacionais, a região
assume papel estratégico na matriz hidrelétrica nacional, com uma série encadeada de
aproveitamentos hidrelétricos previstos. Em função disso, o Ministério de Minas e Energia -
MME optou por elaborar AAIs específicas para os rios Tocantins e Araguaia. O presente
estudo trata apenas da Bacia do Rio Tocantins.

A Bacia do Rio Tocantins possui superfície de 379.774 km2, o que representa 39,4% da
região hidrográfica Tocantins-Araguaia, englobando os Estados do Pará (19,4%), Maranhão
(7,6%), Tocantins (46%), Goiás (26%) e Distrito Federal (1%). Grande parte dessa bacia
encontra-se na região Centro-Oeste do país, onde está a nascente do rio, dirigindo-se para a
região Norte, onde está a foz do rio.

De acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL, a Bacia do Tocantins está
subdividida em cinco sub-bacias, abrangendo 224 municípios, podendo-se resumir essa
informação, apresentada em tabela anexa, na Tabela 1 - Número de Municípios da Bacia do
Rio Tocantins por Estado e por sub-bacias a seguir:

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Tabela 1 - Número de Municípios da Bacia do Rio Tocantins por Estado e por sub-
bacias

Estado Total SB 20 SB 21 SB 22 SB 23 SB 29

Goiás 79 51 19 9 0 0

Maranhão 20 0 0 0 20 0

Pará 25 0 0 0 1 24

Tocantins 99 2 11 47 39 0

TOTAL 224 54 30 56 60 24
2
TOTAL (km ) 379.830,25 64.393,77 63.211,35 107.556,19 70.980,25 73.691,31

Fonte: Consórcio CNEC-ARCADIS Tetraplan

Uma vez que os limites territoriais das sub-bacias não são coincidentes com os limites
municipais, mas, por outro lado, é na instância do governo municipal que as recomendações
e diretrizes serão recebidas e incorporadas, foi adotado critério territorial com base na divisão
em municípios para delimitação da abrangência da área de estudo, de tal forma que:
 Foram excluídos aqueles municípios cuja área inserida na bacia é inferior a 10%. Essa
linha de corte foi estabelecida uma vez que grande parte dos municípios contidos na
área de estudo apresenta densidade demográfica bastante baixa e, portanto, essas
pequenas porções de áreas municipais localizadas na área de estudo representariam
muito pouco frente ao universo do trabalho;
 Com relação às sub-bacias, adotou-se como critério considerar localizado em
determinada sub-bacia aqueles municípios cuja sede esteja situada na mesma.

Com base nesses cortes, verifica-se que a maioria dos municípios da Bacia Hidrográfica em
questão pertence ao Estado do Tocantins e, na seqüência, a Goiás. O número de municípios
dos Estados do Pará e do Maranhão que compõem a Bacia é praticamente equivalente em
ambos.

Em relação às Sub-bacias, a Sub-bacia 23 abrange o maior número de municípios, seguida


pelas Sub-bacias 22 e 20, cujos números são semelhantes entre si e, por último, está a Sub-
bacia 29.

Em termos regionais, a área dos formadores e as cabeceiras do rio Paranã situam-se na


região Centro-Oeste do país (porção do Estado de Goiás) e todo o Médio e Baixo cursos do
rio Tocantins pertencem à região Norte (porções dos estados do Pará e Tocantins), com
exceção de um pequeno trecho situado no estado do Maranhão, na região Nordeste. Cabe
destacar ainda que os municípios do Pará e do Tocantins, e parte do território maranhense,
estão inseridos na região denominada Amazônia Legal, instituída por lei, para fins de
planejamento econômico e gestão dos recursos.

De acordo com a classificação dos cursos do Rio Tocantins em alto, médio e baixo, é
possível identificar de que forma se inserem as sub-bacias na área:
 Alto Tocantins: engloba as sub-bacias 20, onde estão seus formadores, e a 21. A sub-
bacia 20 está basicamente em território goiano, envolvendo ainda o Distrito Federal e
dois municípios do Estado do Tocantins, e tendo como principais tributários os rios
Descoberto, das Almas, Tocantinzinho e Maranhão. Já a sub-bacia 21 está parcialmente

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inserida nos Estados de Goiás e Tocantins e tem como principal tributário o rio Paranã e
seus afluentes São Domingos e Palma;
 Médio Tocantins: engloba as sub-bacias 22 e 23. A sub-bacia 22, correspondente ao
trecho sul do médio Tocantins, situa-se predominantemente em território tocantinense,
envolvendo ainda alguns municípios de Goiás. Tem como principais tributários os rios
Cana Brava, Santa Tereza, Santo Antonio, São Valério, Manuel Alves e seus afluentes
das Balsas, Perdido, do Sono. Já a sub-bacia 23, correspondente ao trecho norte do
médio Tocantins, compreende porção dos Estados de Tocantins e Maranhão, tendo
como principais tributários os rios Manuel Alves Grande, Farinha e Lajeado;
 Baixo Tocantins: engloba a sub-bacia 29, onde está a foz do rio Tocantins. Essa sub-
bacia está completamente inserida em território paraense e tem como principais
tributários os rios Parauapebas, Sororó, Cajazeiras e Itacaiúnas.

O Mapa A1, que constitui o chamado Mapa Base, ilustra a área de estudo e a divisão das
sub-bacias e encontra-se no Caderno de Mapas A do Atlas do projeto. Adicionalmente, inclui
a localização dos aproveitamentos hidrelétricos, separando-se os já em operação daqueles
previstos, segundo informações da ANEEL, cujos detalhes são discutidos a seguir.

1.2. Principais Características dos Aproveitamentos Hidrelétricos em


Operação e Previstos
A Bacia do rio Tocantins, tendo em vista suas características físicas e grande disponibilidade
hídrica, assume papel de destaque na matriz energética nacional, principalmente quando se
avalia a potência instalada dos aproveitamentos hidrelétricos em operação e a dos previstos.

A Tabela 2 – Principais Características dos Aproveitamentos Hidrelétricos – AHES em


Operação e Previstos e a Tabela 3 – Principais Características das Pequenas Centrais
Hidrelétricas – PCHs em Operação e Previstas, apresentadas a seguir, mostram a relação
dos AHEs e PCHs em operação ou previstas para a bacia do rio Tocantins, destacando a
cena em que se insere, sua situação (fase de implantação), o rio onde está instalado ou
previsto, a unidade da federação e a sub-bacia em que se localizam e sua potência instalada.
Cabe destacar que estão sendo considerados no âmbito desse estudo todos os
aproveitamentos hidrelétricos, inclusive aqueles com potência instalada inferior a 30 MW.
Totaliza-se, portanto, 34 Aproveitamentos Hidrelétricos – AHEs e 62 Pequenas Centrais
Hidrelétricas - PCHs,

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Tabela 2 – Principais Características dos Aproveitamentos Hidrelétricos – AHES em Operação e Previstos

Potência
Sub-
Cena Situação AHE instalada Rio UF
bacia
MW
Cana Brava 450 Tocantins 20 GO
Luis Eduardo Magalhães 22
902,5 Tocantins TO
(Lajeado)
Peixe Angical 452 Tocantins 21 TO
A - Atual: configuração com Em operação
aproveitamentos, contemplando Serra da Mesa 1.275 Tocantins 20 GO
os empreendimentos em Tucuruí I e II 8.370 Tocantins 29 PA
operação, em instalação e com
estudos de viabilidade Isamu Ikeda (1) 27,6 Balsas Mineiro TO
aprovados e licenças prévias
São Domingos (1) 12 São Domingos GO
obtidas
Em construção 20 TO/G
São Salvador 241 Tocantins
LI concedida O
Com concessão 23
Estreito 1.087 Tocantins TO/MA
LP concedida
B - Médio prazo: considerar o EV em análise pela Mirador 80 Tocantinzinho 20 GO
cenário A adicionando os ANEEL
empreendimentos hidrelétricos Serra Quebrada 1.328 Tocantins 23 TO/MA
em processo de licenciamento PDEE 2006-2015
Tupiratins 620 Tocantins 23 TO
prévio e com estudos de
inventário hidrelétrico EV em elaboração ou Buriti Queimado 142 das Almas 20 GO
aprovados (2015) revisão
Maranhão 125 Maranhão 20 GO

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Potência
Sub-
Cena Situação AHE instalada Rio UF
bacia
MW
PDEE 2006-2015 Novo Acordo 160 Sono 22 TO
Tocantins (2) 480 Tocantins 22 TO
C - Longo prazo: considerar o Arraias 93 Palma 21 TO
cenário B com o eventual
potencial hidrelétrico Barra do Palma 58 Palma 21 TO
remanescente (2025) Brejão 75 do Sono 22 TO
Capoeira (3) 13 Urú 21 GO
EV em elaboração ou
revisão Guariba (3) 10,5 do Peixe 21 GO
Heitoraí (3) 9,3 Uru 21 GO
Marabá 2.160 Tocantins 29 PA/MA
Porteiras 86 Maranhão 20 GO
Rialcema (3) 12 do Peixe 21 GO
EIH aprovados pela Cachoeira Velha 81 do Sono 22 TO
ANEEL
Foz do Atalaia 72 Paranã 21 GO
Laguna 36 Maranhão 20 GO
Nova Roma 51 Paraná 21 GO
Paranã 95 Paranã 21 TO
Pau D'Arco 64 Palma 21 TO

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Potência
Sub-
Cena Situação AHE instalada Rio UF
bacia
MW
Perdida II 48 do Sono 22 TO
Rio Sono 168 do Sono 22 TO
São Domingos 70 Paranã 21 TO

Fonte: EPE – Empresa de Pesquisa Energética / ANEEL (Relatório Mensal Outubro/2006)


Legenda:
(1) = nova denominação do AHE Ipueiras
(2) = Estudos de Inventário Hidrelétrico - EIH em elaboração; os dados podem ser alterados após aprovação da ANEEL (partição de queda,
aproveitamentos, potência, níveis, localização etc.)

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Tabela 3 – Principais Características das Pequenas Centrais Hidrelétricas – PCHs em Operação e Previstas

Cenários Situação PCH Potência Rio Sub- UF


instalada bacia
MW
A - Atual: configuração com Em operação (6) Taguatinga 1,8 Abreu 21 TO
aproveitamentos, contemplando
os empreendimentos em Lageado 1,8 Lageado 21 TO
operação, em instalação e com Grande
estudos de viabilidade Dianópolis 5,5 Manoel Alvinho 22 TO
aprovados e licenças prévias
obtidas Agro-Trafo 14,04 Palmeiras 21 TO
Diacal II 5,04 Palmeiras 21 TO
Sobrado 4,82 Sobrado 21 TO
LI concedida Muçungo 9,99 Arraial Velho 20 GO
PB aprovado com Palma 27 Maranhão 20 GO
outorga de autorização
(3) São Domingos II 24,34 São Domingos 21 GO
B – Médio Prazo (2015): Com PB aprovado com Mambaí II 12 Corrente 21 GO
projetos básicos aprovados, em outorga de autorização
análise ou em elaboração e que (8) Água Limpa 14 Palmeiras 21 TO
estejam com a entrada em Areia 11,4 Palmeiras 21 TO
operação prevista no horizonte
do PDEE 2006-2015 Boa Sorte 16 Palmeiras 22 TO
Lagoa Grande 21,5 Palmeiras 22 TO
Porto Franco 30 Palmeiras 22 TO

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Cenários Situação PCH Potência Rio Sub- UF


instalada bacia
MW
Riacho Preto 9,3 Palmeiras 22 TO
Piranhas 18 Piranhas 23 GO
Com outorga de Cachoeira da Ilha 9 Farinha 23 MA
autorização (2)
Cachoeira da Usina 12 Farinha 23 MA
PB aprovado São Patrício 3 das Almas 20 GO
encaminhado para
outorga de autorização Lajes 2,06 Lajes 21 TO
(3) Agro-Trafo 5 Palmeiras 21 TO
PB com outorga de do Sal 14,013 Maranhão 20 GO
autorização
condicionada (1)
PB em fase de outorga Santa Mônica 30 das Almas 21 GO
de autorização
condicionada (1)
PB em análise (1) Piquete 12 Maranhão 20 GO
PB em elaboração (4) Galheiros I 8,2 Galheiros 21 GO
Doido 6 Palmeiras 21 TO
Vãozinho 9,63 Ribeirão 20 GO
Cachoeirinha
São Domingos III 16 São Domingos 21 GO
C – Longo Prazo (2025): com EIH aprovados (33) Fazenda Santa Maria 1,7 Angicos 20 GO
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Cenários Situação PCH Potência Rio Sub- UF


instalada bacia
MW
estudos de inventário Boca da Mata 4 Bagagem 20 GO
hidrelétrico aprovados
São Bento 9,3 Bagagem 20 GO
Piracanjuba Eixo 3 4 Buritis 21 GO
Alvorada 10,3 Corrente 21 GO
(revisão)
Mambaí 13,6 Corrente 21 GO
(revisão)
Vermelho 1 7,8 Corrente 21 GO
(revisão)
Vidal 6,3 Corrente 21 GO
(revisão)
Araras 3,4 das Almas 21 GO
Bonsucesso 17 das Almas 20 GO
Ceres 26 das Almas 20 GO
Rialma 17 das Almas 20 GO
Rio Azul 4,4 das Almas 21 GO
Arara 30 do Sono 22 TO
Perdida l 24 do Sono 22 TO
Soninho 20 do Sono 22 TO

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Cenários Situação PCH Potência Rio Sub- UF


instalada bacia
MW
Pindaíba 8,1 dos Bois 21 GO
(afluente rio
Pindaíba)
Verde 04 Baixo 10,5 dos Bois 21 GO
Corredeira do Porão 5,6 Farinha 23 MA
Barra do Mambo 3,61 Manuel Alves 21 TO
Cavalo Queimado 1,51 Manuel Alves 21 TO
Manuel Alves 8 Manuel Alves 21 TO
Manuel Alvinho 2,78 Manuel Alves 21 TO
Rio da Conceição 3,97 Manuel Alves 21 TO
Manuel Alvinho 2 1,26 Manuel Alvinho 21 TO
Cocal (rio Arraial Velho) 10 Maranhão 20 GO
(trecho e
afluente Arraial
Velho)
Cachoeira 4 Palmeiras 21 TO
Piarucum 7 Palmeiras 21 TO
Silvânia 5 Palmeiras 21 TO
Buritizinho 4,04 Ribeirão 20 GO
Cachoeirinha

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Cenários Situação PCH Potência Rio Sub- UF


instalada bacia
MW
Colinas 25,5 Tocantinzinho 20 GO
Pindaíba 4,2 Urú 20 GO
Serra Grande 9 Verde 20 GO
Fonte: EPE – Empresa de Pesquisa Energética / ANEEL (Relatório Mensal Outubro/2006)

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2. HISTÓRICO DE OCUPAÇÃO
A Bacia do Tocantins tem sido base de um processo dinâmico de crescimento econômico,
resultante especialmente da expansão da fronteira agropecuária, intensificada a partir dos
anos 60 e 70, quando da implantação das políticas de integração nacional, via ocupação de
terras disponíveis especialmente na região Centro-Oeste e Norte do país, com destaque para
o território amazônico.

Não há unanimidade nem mesmo entre os historiadores sobre a espacialidade da ocupação


econômica e demográfica. De qualquer forma, os registros indicam, conforme Ilustração 1 –
Principais Rotas de Ocupação do Território da bacia do Tocantins que a ocupação da Bacia
deu-se por meio de dois movimentos praticamente simultâneos: (i) um indo de sua porção
centro-norte em direção ao sul, e (ii) outro, na região de seus formadores, tendo evoluído em
direção ao centro e, finalmente, para o norte.

Ilustração 1 – Principais Rotas de Ocupação do Território da bacia do Tocantins

2.1. O Início da Ocupação

------ Movimentos ligados à expansão da


pecuária
------ Movimentos ligados à captura de índios
------ Movimentos ligados à exploração da
mineração

O descobrimento do atual território da bacia do Tocantins provavelmente deveu-se a


expedicionários franceses. O historiador Antônio Ladislau Monteiro Bueno aponta que “em
1610 uma expedição de quarenta soldados expedidos do Maranhão ao Pará topou com a
serra dos Pacajás”, nas proximidades da atual usina de Tucuruí, na região do baixo
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Tocantins. Em 1613, nova expedição partiu de São Luís do Maranhão, adentrando,


novamente pela foz, as áreas ribeirinhas do rio Tocantins.

O historiador Almeida Prado confirma estes fatos e relata ainda que o fidalgo La Planque
chegou à confluência do rio Tocantins com o rio Araguaia, agregando-se às nações
indígenas. Como neste período o Forte aí existente havia sido tomado pelos portugueses, La
Planque permaneceu na região por treze anos. Almeida Prado ainda escreve: “Os
Tupinambás habitavam a região próxima à cachoeira de Santo Antonio, hoje cidade de
Itaguatins, sendo de presumir que La Planque haja subido mais ainda o rio Tocantins”.

Quase ao mesmo tempo da investida francesa pela foz, foram iniciadas as entradas paulistas
pelas nascentes do Tocantins, seguindo-se até por volta de 1618, com o principal intuito de
capturar índios. Em 1590, uma pequena bandeira atingiu as nascentes do rio Tocantins,
descobrindo metais preciosos.

Durante toda a segunda metade do século XVII, após o fim do saque das missões do sul do
Brasil, os paulistas estavam de volta ao Planalto Central e aos formadores do rio Tocantins,
estimulados pela possibilidade de exploração de minas de ouro e à captura de índios. As
diversas entradas a partir de terras paulistas aparentemente foram paralisadas com a
descoberta de ouro nas Minas Gerais.

A partir desses marcos temporais, os ciclos históricos da economia regional podem ser assim
resumidos:
 Exploração de gado - expansão das fazendas de criação dos sertões da Bahia,
Pernambuco, Piauí, a partir do século XVII, prolongando-se até a terceira década do
século XVIII, quando se descobrem as minas de ouro em Natividade, Arraias, Almas,
entre outros;
 Mineração de ouro, que se estende até o final do século XVIII;
 Novo ciclo da pecuária, a partir do final do século XVIII até o século XIX;
 Lavoura de algodão e fumo, sob o incentivo da coroa Portuguesa com a praça de Belém,
a partir da segunda metade do século XVIII;
 Borracha de mangabeira (caucho), no início do século XX, resultando na colonização do
Vale do rio Araguaia;
 Mineração de cristal de rocha, antes da construção da rodovia Belém - Brasília.

Os principais ciclos econômicos na região, como apresentado, de alguma forma repetem-se e


estão ligados à combinação da mineração e pecuária, sendo o território ocupado lentamente,
dando origem a inúmeros povoados que acabaram por estruturar suas cidades e a frágil rede
urbana.

Cabe ressaltar que, na segunda década do século XIX, com o fim da mineração, os
aglomerados urbanos tiveram seu crescimento estagnado ou desapareceram e grande parte
da população abandonou a região. A população remanescente foi para a zona rural e
dedicou-se à criação de gado e agricultura, produzindo apenas algum excedente para
aquisição de gêneros essenciais. A região entrou em processo de estagnação econômica,
resultando em uma paisagem de abandono, despovoamento, pobreza e miséria nas
primeiras décadas do século XIX.

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Nesse quadro, a política de ocupação da época passou a valorizar cada vez mais o
povoamento, por via da agricultura e da pecuária e, assim, estimulou o comércio com outras
regiões. Como saída para a crise, as atenções voltaram-se para as possibilidades de ligação
comercial com o litoral, por meio da capitania do Pará, pela navegação dos rios Tocantins e
Araguaia.

Nas primeiras décadas do século XIX, já se apontava a navegação dos rios Tocantins e
Araguaia como alternativa para o desenvolvimento da região, estimulando relações
comerciais mais vantajosas, tanto no norte, como em toda a Capitania, diferente do
tradicionalmente realizado com a Bahia, Minas Gerais e São Paulo. Esse tipo de ocupação,
até a década de 50 do século passado, continuou impondo um padrão de ocupação rarefeito,
com poucos aglomerados urbanos.

2.2. História Recente


A história recente da área da Bacia do rio Tocantins é marcada pela interiorização da Capital
Federal, objetivo sempre presente, no sentido de estabelecer o centro político-administrativo
do Brasil em local afastado da costa atlântica, servindo de ponto de partida para a ocupação
efetiva do Centro-Oeste e da Amazônia.

Nesse sentido, o decreto nº 43.710/58, assinado pelo presidente Juscelino Kubitschek por
ocasião da construção de Brasília, criou a Comissão Executiva da Rodovia Belém-Brasília
(RODOBRÁS), autarquia subordinada à Superintendência do Plano de Valorização
Econômica da Amazônia (SPVEA), posteriormente SUDAM.

A construção e operação da rodovia Belém-Brasília, no início da década de 60, provocou


significativas transformações na realidade socioeconômica da região Araguaia-Tocantins,
mudando a orientação dos fluxos de produção e comercialização e também o comportamento
do processo migratório, que se intensificou, principalmente ao longo da rodovia.

Com a rodovia, iniciou-se o transporte de minérios, de toras de madeira e de bananas, com


destino ao sul do país. Nessa época, o vale dos rios Araguaia-Tocantins apontava
extraordinárias potencialidades em termos de disponibilidade de terras aptas, abundância de
água, presença de minérios, fauna, flora rica e diversificada, mas ainda carente de infra-
estrutura econômica (transporte, energia e comunicações) e social (educação e saúde),
prevalecendo baixos níveis de renda, em que a miséria, a doença e o analfabetismo
conviveram.

Dentre os efeitos provocados pela Rodovia Belém-Brasília, pode-se apontar que, com o
adensamento dos fluxos migratórios, alterações profundas começaram a ocorrer no modo de
vida dos antigos moradores. As derrubadas indiscriminadas e a expulsão dos “posseiros”
alteraram o cotidiano de vida dos sertanejos que, antes, tinham na caça, na pesca e no
extrativismo vegetal a sua forma de sobrevivência.

Desconhecendo seus direitos de posse e outras garantias legais, o sertanejo migrou para as
novas comunidades que se formaram ao longo da Rodovia Belém-Brasília, procurando
melhores condições de educação, saúde e emprego. Em movimento oposto, o migrante com
mais posses avançava nos sertões para estabelecer a propriedade rural, com atividades e
tecnologias antes desconhecidas nas ribeiras: trator, gado de raça, plantação de soja, entre
outros. Num primeiro momento, os latifúndios ainda improdutivos, mas com título de

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propriedade, cercados de arame, traçaram o perfil da especulação do mercado imobiliário


futuro.

Cabe destacar ainda que a porção norte da bacia, em território amazônico, também sofreu a
influência de um processo específico de ocupação. Até meados da década de 60, a porção
amazônica da Bacia permaneceu com reduzida capacidade de sustentação para as
atividades agropecuárias. O elevado custo de transporte e as demais dificuldades para a
exploração econômica (infra-estruturas, mercados consumidores, assistência técnica, entre
outros) inviabilizavam a sua ocupação.

A partir de meados da década de 60 e, principalmente, a partir dos anos 70, a ocupação da


Amazônia em geral, e também no âmbito da Bacia, passou a ser percebida pelo governo
militar como solução para as tensões sociais internas vividas no país, decorrentes da
expulsão de pequenos produtores do Nordeste e do Sudeste, em função da agricultura mais
moderna. A partir daí, intensificou-se um planejamento regional da Amazônia, ainda que de
forma pouco estruturada.

Em 1966, o Banco de Crédito da Amazônia (BCA) transformou-se no Banco da Amazônia


S.A. (BASA) e a Superintendência do Plano de Valorização Econômica da Amazônia
(SPVEA), na Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM). O BASA e a
SUDAM foram os dois instrumentos financeiros do governo brasileiro para desenvolver
atividades agropecuárias na região (VEIGA et. al., 2003; BECKER, 2001). A despeito dessas
novas e modernas instituições, o projeto geopolítico para a Amazônia apoiou-se, sobretudo,
em estratégias territoriais que começaram a implementar a ocupação regional. As principais
estratégias, segundo BECKER (2001), citando BECKER (1990), foram:
 Implantação de redes de integração espacial – rede rodoviária, rede de
telecomunicações comandada por satélite, rede urbana e rede hidroelétrica;
 Subsídios ao fluxo de capital e indução dos fluxos migratórios;
 Superposição de territórios federais sobre os estaduais, pela apropriação de terras dos
Estados.

As medidas do governo militar constituíram-se no ponto de inflexão das características até


então observadas. A atividade agropecuária passou a ser viável, introduzindo-se o elemento
dinamizador e acelerador da velocidade de ocupação. A ainda inexistente infra-estrutura
econômica, associada à baixa densidade demográfica, criou uma situação de preços de terra
reduzidos, quando não se cedia os terrenos pelo Estado, gerando estímulos para a
articulação dessa região com o restante do país.

A dinâmica de ocupação induzida pelo Estado transformou profundamente a região,


principalmente em sua porção norte, deslocando as populações tradicionais que viviam dos
produtos da floresta, tais como a castanha do Pará, a seringa e a pesca, para um novo
modelo de desenvolvimento regional.

O avanço da fronteira econômica estruturou-se de forma a permitir a articulação comercial da


região ao mercado nacional e às demandas de expansão de suas estruturas produtivas,
articulando-se à economia do Centro-Sul do país. Assim, lentamente as imensas áreas
vazias, tanto do centro-sul da bacia quanto de sua porção norte, foram sendo incorporadas
ao processo de crescimento econômico.

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No Pará, o que começou como um garimpo oportunista e desorganizado tornou-se uma área
de mineração na Serra dos Carajás, com escoamento pela Ferrovia Carajás - Porto de Itaqui.
Com a implantação da usina hidrelétrica de Tucuruí, no Pará, de vias terrestres, aeroportos,
redes de telecomunicações e a partir dos mencionados incentivos fiscais concedidos pelo
Banco da Amazônia, o setor privado começou a intensificar o fortalecimento econômico
regional.

Enquanto ao longo da Rodovia Belém-Brasília e suas conexões com a região Norte


cresceram e expandiram-se as áreas urbanas, instalando-se também parques agroindustriais,
a navegação no rio Tocantins foi enfraquecendo como meio de transporte principal, tendo
sido desativadas as linhas hidroviárias Porto Nacional-Lajeado, Tocantínia-Pedro Afonso-
Carolina e Carolina-Tocantinópolis-Belém. Tal processo implicou o empobrecimento da região
ribeirinha, principalmente ao sul de Estreito/Carolina.

Com a criação do Estado do Tocantins em 1989, a fundação da capital administrativa Palmas


e a implantação da usina hidrelétrica de Lajeado, neste trecho do rio Tocantins, nos meados
da década de 90, esta região junto ao rio sofreu novo impulso, delineando-se novos focos de
crescimento econômico ligados à prestação de serviços.

Desta feita, o histórico de ocupação permite concluir que a área abrangida pela bacia do rio
Tocantins constitui território em transformação, com modelo de ocupação ainda não esgotado
e, portanto, suscetível a grandes mudanças, não necessariamente lineares.

As obras de infra-estrutura já implantadas e as projetadas (usinas hidrelétricas, hidrovia


Araguaia-Tocantins, ferrovia Norte-Sul, entre outras) formam um capital físico que, em
conjunto, propicia a consolidação dos investimentos produtivos já realizados, podendo surgir
oportunidades econômicas ainda não exploradas na região, intensivas em energia, com
desdobramentos no complexo industrial.

De um lado, cada vez mais se amplia a capacidade econômica da bacia, ao se viabilizar o


escoamento de sua produção tanto para o sul como para o norte, aumentando-se sua
competitividade no mercado nacional e mesmo mundial. Ou seja, cada vez mais se percebe:
 Setorialmente, forte e variado dinamismo econômico na agropecuária (grãos e pecuária
bovina) e a mineração (extração e transformação), com coeficientes de consumo de
água significativos, aliado a um conseqüente e significativo crescimento populacional e,
portanto de abastecimento;
 Espacialmente, com significativa diversidade, padrões de evolução mais rápidos e
consistentes na porção sul da bacia, em áreas de cerrado, e ao norte (mineração e
pecuária bovina), coincidindo com as porções dos estados de Goiás e Pará,
respectivamente sub-bacias 20 e 29; em porções mais ao centro permanecem ainda
vazios econômicos (sub-bacias 22 e 23), com diferenças grandes regidas pelo eixo da
rodovia Belém-Brasília; e o papel de Palmas, a única capital que se insere na bacia,
ainda passando por um intenso processo de transformação.

De outro lado, os recursos hídricos existentes na bacia do rio Tocantins e seus Estados
integrantes fortalecem, no contexto nacional, a função de provedora de energia elétrica.

Este histórico de ocupação diferenciado, ora lento, ora mais veloz e intenso, e as
transformações antevistas constituem uma síntese preliminar, mas que já dá os contornos

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das questões, conflitos, fragilidades, suscetibilidades e potencialidades que serão abordadas


no bojo da caracterização da bacia de forma focada e funcional.

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II CARACTERIZAÇÃO DA BACIA DO
RIO TOCANTINS
Segundo a política energética nacional, a vocação regional e estratégica da Bacia do Rio
Tocantins está ligada ao seu grande potencial hidroenergético, destinando-se à implantação
de múltiplos empreendimentos de geração de energia hidrelétrica. Nesse contexto, o grande
desafio é compatibilizar, de maneira sustentável, a instalação desses empreendimentos com
os aproveitamentos já existentes, com o menor impacto socioambiental possível.

A Avaliação Ambiental Integrada - AII tem papel fundamental nesse sentido, uma vez que
“visa identificar e avaliar os efeitos sinérgicos e cumulativos resultantes dos impactos
ambientais ocasionados pelo conjunto de aproveitamentos hidrelétricos nas bacias
hidrográficas do país”2, nesse caso específico, a bacia do rio Tocantins.

A caracterização da bacia hidrográfica do rio Tocantins está organizada em três grandes


blocos temáticos:
 Recursos Hídricos e Ecossistema Aquático;
 Meio Físico e Ecossistemas Terrestres; e,
 Socioeconomia, envolvendo a economia, o comportamento demográfico, as condições
de vida, as populações tradicionais, o patrimônio histórico, cultural e arqueológico, a rede
urbana e a infra-estrutura de transportes.

Em complementação a essas informações, apresenta-se ainda uma caracterização dos


aproveitamentos hidrelétricos existentes, bem como a análise da matriz institucional atuante,
a legislação pertinente e os planos e programas federais ou estaduais que tenham alguma
interface com a bacia.

Quanto à metodologia proposta para esta caracterização, ela envolve duas partes:

2
Conforme item Apresentação do “Termo de Referência para o estudo: Avaliação ambiental integrada dos aproveitamentos
hidrelétricos na bacia do rio Tocantins”.
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 Parte 1 - Caracterização Geral: de natureza informativa, procura acumular um amplo


conhecimento da ambiência da região, seus grandes números, seu papel principal no
contexto do país, sua posição espacial relativa, entre tantos outros resultados
importantes para o planejamento da Bacia;
 Parte 2 – Questões Principais: entendidas como os principais problemas estruturais,
ainda não resolvidos, que permanecem na evolução da ambiência da Bacia dificultando
sua dinâmica sustentada, especialmente com relação ao uso dos recursos hídricos.

Cada uma das análises temáticas contidas na presente caracterização segue esta
metodologia, apresentando seus resultados com base nessas duas partes.

Para a caracterização, foram realizadas coleta e sistematização de dados secundários que


pudessem identificar os comportamentos e dinâmicas prevalecentes, contribuindo para uma
boa representação das condições existentes nos Municípios que integram a Bacia em exame,
de forma a gerar e acumular o conhecimento necessário para subsidiar as avaliações
ambientais distribuída e integrada.

Conforme já salientado, essa análise é feita com um objetivo claro: garantir os conhecimentos
e informações necessários para que se possa segmentar adequadamente a Bacia do Rio
Tocantins em compartimentos com algum grau de homogeneidade ou interdependência para
que se proceda à avaliação dos impactos e conflitos resultantes da implantação de
aproveitamentos hidrelétricos (considerando as cenas atual, médio prazo - 2015 e longo
prazo - 2025) em cada um desses compartimentos (o que se fará no Bloco III – Avaliação
Ambiental Distribuída e Conflitos) e inter-compartimentos, considerando a bacia como um
todo (o que ocorrerá no Bloco IV – Avaliação Ambiental Integrada), buscando definir diretrizes
e recomendações no contexto de um planejamento integrado, tendo em vista a
sustentabilidade da Bacia.

Apresentam-se, a seguir, os blocos temáticos de caracterização da Bacia do rio Tocantins.

1. CARACTERIZAÇÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS E DO


ECOSSISTEMA AQUÁTICO
Neste capítulo, é apresentada a caracterização dos recursos hídricos e do ecossistema
aquático. Para a caracterização dos recursos hídricos, são considerados os seguintes
tópicos: descrição fisiográfica e climática, rede hidrográfica, vazões, sedimentometria,
potencial de água subterrânea, qualidade das águas e usos da água. Para caracterização do
ecossistema aquático são analisados os seguintes aspectos: macrófitas aquáticas,
fitoplâncton, zooplâncton, ictiofauna e potencialidade de recursos pesqueiros.

A) Caracterização Geral

A Bacia Hidrográfica do Tocantins abrange toda a região dos rios Tocantins-Araguaia com a
rede hidrográfica secundária afluente. Segundo a codificação da ANA – Agência Nacional de
Águas e do Plano Nacional de Recursos Hídricos – PNRH o código da Bacia é 2. A Bacia é
constituída por 10 sub-bacias, das quais as sub-bacias 20, 21, 22, 23 e 29 integram a Bacia
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do rio Tocantins, objeto do presente estudo. As sub-bacias 24 a 28 integram a Bacia do Rio


Araguaia e não são parte integrante deste estudo. O Mapa A2 – Recursos Hídricos e a
Tabela 4 - Características da Bacia do Rio Tocantins apresentam as principais características
hidrográficas da bacia do rio Tocantins.

Tabela 4 - Características da Bacia do Rio Tocantins

Região Sub-Bacia Principais Tributários Classificação


Hidrográfica Adicional
Cód. Rio Principal

2 20 Tocantins Rios das Palmas, Bagagem, Tocantinzinho e Alto Tocantins


Maranhão
Tocantins -
Araguaia 21 Tocantins Paraná e seu afluente Palma Alto Tocantins
22 Tocantins Formiga, Santa Tereza, Santo Antonio, São Médio Tocantins
Valério, Manuel Alves da Natividade, e rio do (Trecho sul)
Sono com seus afluentes Perdidas e Balsas
23 Tocantins Manuel Alves Grande, Farinha e Lajeado Médio Tocantins
(Trecho norte)
29 Tocantins Parauapebas e Itacaiúnas Baixo Tocantins

Fonte: ANA, 2006.

1.1. Caracterização Fisiográfica


1.1.1. Aspectos Fisiográficos
A Bacia do Rio Tocantins, formada pelo sistema hidrográfico composto pelos rios Araguaia e
Tocantins e seus afluentes, localiza-se quase que integralmente entre os paralelos 2º e 18º e
os meridianos de longitude 46º e 56º. Estes dois eixos fluviais unem-se no extremo
setentrional da bacia, formando o baixo Tocantins, que desemboca no rio Pará, pertencente
ao estuário do rio Amazonas.

O rio Tocantins, formado pelos rios Maranhão e das Almas, nasce no norte do Estado de
Goiás, próximo ao Distrito Federal, e flui em direção ao norte do país por cerca de 2.500 km.
O primeiro trecho, de 1.100 km, corresponde ao Alto Tocantins; o trecho de 900 km para
jusante é denominado Médio Tocantins e, o trecho final, a jusante da foz do rio Araguaia, é
denominado Baixo Tocantins.

Nesse trajeto, o rio Tocantins corta todo o Estado do Tocantins, delimita parcialmente o
território do Maranhão e, após receber o rio Araguaia pela margem esquerda, entra no
Estado do Pará, desaguando nas proximidades da Ilha de Marajó. Seus principais tributários,
até sua confluência com o Araguaia, de montante para jusante são: rios Bagagem,
Tocantinzinho, Paranã, Manoel Alves de Natividade, do Sono, Manoel Alves Grande e
Farinha, pela margem direita e Santa Tereza, pela margem esquerda. O rio Araguaia nasce
em Serra Selada, na fronteira de Goiás e Mato Grosso, escoando também no sentido sul-
norte e sua confluência com o rio Tocantins representa o limite entre o médio e o baixo
Tocantins. No baixo Tocantins, o afluente principal, depois do Araguaia, é o rio Itacaiúnas,
também pela margem esquerda.

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A bacia do rio Tocantins, a montante da confluência com o rio Araguaia, é caracterizada por
uma topografia monótona, com altitudes entre 200 e 500 m na maior parte, e superiores a
1.000 m nas cabeceiras. A rede de drenagem é razoavelmente densa. Comparativamente ao
rio Araguaia, as declividades médias são maiores, com poucas áreas alagadiças, o que
concorre para a formação de enchentes de resposta mais rápida.

1.1.2. Redes de Monitoramento Hidrometeorológico


As redes de monitoramento hidrometeorológico na Bacia do Rio Tocantins são mantidas,
basicamente, pela ANA e respectiva operadora CPRM. A partir do final da década de 70,
movidas pelo interesse na exploração energética, outras operadoras passaram a manter
estações de monitoramento na bacia.
 Monitoramento Fluviométrico

Conforme os cadastros da ANA, são operadas atualmente na Região Hidrográfica do


Tocantins-Araguaia cerca de 300 estações fluviométricas, das quais 212 na bacia do rio
Tocantins, destacando-se as 37 mais representativas por estarem em pontos estratégicos da
Bacia. Essas estações estão distribuídas ao longo das cinco sub-bacias, cobrindo todos os
trechos do rio Tocantins.

Cabe destacar também que o transporte sólido é uma antiga preocupação das entidades que
atuam no planejamento e gestão dos recursos hídricos da bacia do rio Tocantins. Nesse
contexto, o monitoramento do transporte sólido começou a ser efetuado no final da década
de 70 e início dos 80, inicialmente pelo Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica -
DNAEE e atualmente pela Agência Nacional de Águas - ANA, em nove locais da bacia,
sendo sete no curso principal do rio Tocantins e nos rios Itacaiúnas e do Sono. Mais
recentemente, foram adicionados três novos pontos de monitoramento pela Tractebel
(Resolução 396).

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Tabela 5 - Rede Fluviométrica em Operação – Bacia do rio Tocantins

Estação Localização Características

Sub-
Área de Responsável Operadora Observação
bacia Início de
Código Rio Nome Tipo Município UF Latitude Longitude Altitude Drenagem
Operação
(km2)

20 20.001.000 RIO MARANHÃO FAZENDA CHIBATA D BRASÍLIA DF -15,504 -47,749 792,0 517,0 01/01/1986 CAESB CAESB
20 20.001.090 RIBEIRÃO DA CONTAGEM MONTANTE CAPTAÇÃO EPCT-001 DQ BRASÍLIA DF -15,655 -47,655 5,1 01/01/2001 CAESB CAESB
20 20.001.100 RIBEIRÃO DA CONTAGEM JUSANTE CAPTAÇÃO EPCT-001 DQ BRASÍLIA DF -15,650 -47,881 5,2 01/01/1983 CAESB CAESB
20 20.001.500 RIO DA PALMA BIBOCA FDQ BRASÍLIA DF -15,448 -47,968 01/01/2003 CAESB CAESB
20 20.017.000 RIO MARANHÃO MONTANTE PONTE DF-128 FDQ PLANALTINA GO -15,506 -47,611 947,0 142,0 01/08/2004 ANA CPRM
20 20.050.000 RIO MARANHÃO PONTE QUEBRA LINHA FDQ NIQUELÂNDIA GO -14,978 -48,676 414,1 11.008,0 01/04/1966 ANA FURNAS RESOLUÇÃO/396
RESOLUÇÃO-
20 20.090.000 RIO MARANHÃO AHE PORTEIRAS FDT BARRO ALTO GO -14,856 -48,758 13.670,0 01/05/1995 FURNAS FURNAS
396
20 20.100.000 RIO DAS ALMAS JARAGUÁ FD JARAGUÁ GO -15,720 -49,329 545,4 1.978,0 01/11/1964 ANA FURNAS
20 20.130.000 RIO DAS ALMAS UHE SÃO PATRÍCIO - JUSANTE FDT RIANÁPOLIS GO -15,514 -49,485 01/12/2001 CHESP CHESP RESOLUÇÃO/396
20 20.200.000 RIO URU URUANÃ FD URUANA GO -15,496 -49,691 600,0 3.650,0 01/12/1964 ANA FURNAS
20 20.250.000 RIO DAS ALMAS CERES (POSTO BIQUINHA) FRDT RIALMA GO -15,309 -49,553 10.538,0 01/11/1964 FURNAS FURNAS RESOLUÇÃO/396
20 20.489.100 RIO DAS ALMAS FAZENDA CAJUPIRA FDT HIDROLINA GO -14,800 -49,175 01/01/1997 FURNAS FURNAS RESOLUÇÃO/396
20 20.699.000 RIO BAGAGEM MUQUEM - VAU DA ONÇA FDT NIQUELÂNDIA GO -14,568 -48,159 1.610,0 01/08/1994 FURNAS FURNAS RESOLUÇÃO/396
20 20.899.000 RIO TOCANTINZINHO SÃO LUIZ DO TOCANTINS FDT NIQUELÂNDIA GO -14,240 -48,021 4.474,0 01/09/1994 FURNAS FURNAS RESOLUÇÃO/396
20 20.920.080 RIO TOCANTINS UHE SERRA DA MESA T MINAÇU GO -13,833 -48,301 50.975,0 01/11/2001 FURNAS FURNAS RESOLUÇÃO/396
20 20.950.000 RIO PRETO PONTE RIO PRETO FD CAVALCANTE GO -13,989 -47,928 884,0 01/04/1979 ANA FURNAS
20 20.980.000 RIO PRETO FAZENDA DEMÉTRIO FDS MINAÇU GO -13,703 -48,056 3.702,0 01/05/2001 CEM TRACTEBEL RESOLUÇÃO/396
21 21.040.000 RIO SÃO FELIX TORÓ FDQT CAVALCANTE GO -13,541 -48,001 785,0 01/04/2001 CEM TRACTEBEL RESOLUÇÃO/396
21 21.050.080 RIO TOCANTINS UHE CANA BRAVA FRT MINAÇU GO -13,408 -48,144 57.777,0 01/04/2001 CEM CEM RESOLUÇÃO/396
21 21.050.150 RIO TOCANTINS MIRA X FDST MINAÇU GO -13,362 -48,171 01/04/2001 CEM RTK RESOLUÇÃO/396
SÃO SALVADOR DO
21 21.080.000 RIO TOCANTINS SÃO SALVADOR FD TO -12,743 -48,237 63.522,0 01/11/1977 ANA FURNAS
TOCANTINS
21 21.100.000 RIO CANABRAVA FAZENDA BRECHO FD VILA BOA GO -14,961 -46,781 01/10/2003 LARROSA LARROSA
21 21.220.000 RIO PARANÃ FLORES DE GOIÁS FD FLORES DE GOIÁS GO -14,451 -47,047 7.277,0 01/06/1975 ANA FURNAS
21 21.280.000 RIO CORRENTE UHE MAMBAI - JUSANTE FD MAMBAI GO -14,712 -46,303 01/10/2001 CELG CELG
21 21.300.000 RIO CORRENTE ALVORADA DO NORTE FD ALVORADA DO NORTE GO -14,477 -46,491 4.062,0 01/10/1974 ANA FURNAS
21 21.300.100 RIO CORRENTE ALVORADA DO NORTE PCH FDT ALVORADA DO NORTE GO -14,476 -46,491 500,0 4.062,0 01/06/2002 CELG CELG RESOLUÇÃO/396
21 21.500.000 RIO PARANÃ NOVA ROMA (FAZ.SUCURI) FD NOVA ROMA GO -13,763 -46,838 22.834,0 01/10/1970 ANA FURNAS
21 21.510.000 RIO SÃO MATEUS PONTE SÃO MATEUS FD GUARANI DE GOIÁS GO -13,810 -46,649 895,0 01/10/1974 ANA FURNAS
21 21.551.000 RIO SÃO DOMINGOS UHE SÃO DOMINGOS FDT SÃO DOMINGOS GO -13,388 -46,386 01/06/2002 CELG CELG RESOLUÇÃO/396
21 21.560.000 RIO SÃO DOMINGOS FAZENDA VENEZA FD MONTE ALEGRE DE GOIÁS GO -13,499 -46,780 2.921,0 01/04/1976 ANA FURNAS
21 21.580.000 RIO SÃO VICENTE SÃO VICENTE FD SÃO DOMINGOS GO -13,551 -46,469 415,0 01/10/1974 ANA FURNAS
21 21.600.000 RIO PARANÃ PONTE PARANÃ FDT MONTE ALEGRE DE GOIÁS GO -13,424 -47,132 337,0 29.818,0 01/10/1967 ENERPEIXE FURNAS RESOLUÇÃO/396
21 21.660.000 RIO PARANÃ FAZENDA VISÃO DA SANTANA FDT PARANÃ TO -12,691 -47,783 273,0 40.519,0 01/06/2000 ENERPEIXE FURNAS RESOLUÇÃO/396
21 21.740.000 RIO MOSQUITO UHE MOSQUITO FDT CAMPOS BELOS GO -12,953 -46,371 01/06/2002 CELG CELG RESOLUÇÃO/396
21 21.750.000 RIO MOSQUITO LAVANDEIRA FD AURORA DO TOCANTINS TO -12,793 -46,512 1.220,0 01/10/1974 ANA FURNAS
21 21.760.080 RIO SOBRADO UHE SOBRADO FDT TAGUATINGA TO -12,528 -46,278 474,0 125,0 01/10/1996 CELTINS CELTINS RESOLUÇÃO/396
21 21.770.080 RIBEIRÃO DO ABREU PCH TAGUATINGA FDT TAGUATINGA TO -12,469 -46,443 454,0 139,6 01/05/1999 CELTINS CELTINS RESOLUÇÃO/396
21 21.780.080 RIO PONTE ALTA PCH PONTE ALTA DO BOM JESUS FDT PONTE ALTA DO BOM JESUS TO -12,098 -46,484 464,0 137,7 01/05/1999 CELTINS CELTINS RESOLUÇÃO/396
21 21.780.170 RIO PALMEIRAS PCH AGRO TRAFO 2 - MONTANTE FDT DIANÓPOLIS TO -11,605 -46,523 580,0 997,0 01/09/2002 CELTINS CELTINS RESOLUÇÃO/396
21 21.780.180 RIO PALMEIRAS PCH TRAFO 1 - MONTANTE FDT DIANÓPOLIS TO -11,676 -46,664 586,0 996,9 01/04/1995 CELTINS CELTINS RESOLUÇÃO/396
21 21.780.190 RIO PALMEIRAS PCH AGRO TRAFO 3 - JUSANTE FDT DIANÓPOLIS TO -11,677 -46,673 538,0 997,0 01/09/2002 CELTINS CELTINS RESOLUÇÃO/396
21 21.780.270 RIO PALMEIRAS PCH DIACAL - MONTANTE FDT NOVO JARDIM TO -11,736 -46,752 477,1 136,3 01/09/2002 CELTINS CELTINS RESOLUÇÃO/396

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Estação Localização Características

Sub-
Área de Responsável Operadora Observação
bacia Início de
Código Rio Nome Tipo Município UF Latitude Longitude Altitude Drenagem
Operação
(km2)

21 21.780.280 RIO PALMEIRAS PCH DIACAL - JUSANTE FDT NOVO JARDIM TO -11,745 -46,756 438,0 1.363,0 01/10/1994 CELTINS CELTINS RESOLUÇÃO/396
21 21.810.000 RIO PALMEIRAS PCH SÍTIO CAETANA (LARROSA & SANTOS) FD DIANÓPOLIS TO -11,767 -46,762 01/11/2001 LARROSA LARROSA
PCH SÍTIO PORTO FRANCO (LARROSA E
21 21.820.000 RIO PALMEIRAS FD DIANÓPOLIS TO -11,814 -46,785 01/11/2001 LARROSA LARROSA
SANTOS)
21 21.830.000 RIO PALMEIRAS PCH SÍTIO BOA SORTE (LARROSA & SANTOS) FD DIANÓPOLIS TO -11,890 -52,768 01/03/2002 LARROSA LARROSA
PCH SÍTIO LAGOA GRANDE (LARROSA &
21 21.840.000 RIO PALMEIRAS FD TAIPAS DO TOCANTINS TO -12,147 -52,802 01/03/2002 LARROSA LARROSA
SANTOS)
21 21.850.000 RIO PALMA RIO DA PALMA FDT CONCEIÇÃO DO TOCANTINS TO -12,416 -47,199 308,0 12.527,0 01/06/1973 ENERPEIXE FURNAS RESOLUÇÃO/396
21 21.860.000 RIO PALMA FAZENDA NOVA AREIA FDT PARANÃ TO -12,613 -47,760 269,0 17.047,0 01/06/2000 ENERPEIXE FURNAS RESOLUÇÃO/396
22 22.043.000 UHE PEIXE ANGICAL - Barramento T TO -12,236 -48,386 267,0 125.884,0 01/05/2006 RESOLUÇÃO/396
22 22.045.000 RIO TOCANTINS ANGICAL - JUSANTE FDT PEIXE TO -12,228 -48,404 234,0 126.987,0 01/10/2001 INVESTCO INVESTCO RESOLUÇÃO/396
22 22.050.001 RIO TOCANTINS PEIXE FDSQ PEIXE TO -12,023 -48,533 223,9 130.052,0 01/09/1938 ANA FURNAS
22 22.100.000 RIO SANTA TEREZA COLONHA FD PEIXE TO -12,391 -48,711 287,0 8.690,0 01/08/1974 ANA FURNAS
22 22.150.000 RIO SANTA TEREZA JACINTO FD PEIXE TO -11,981 -48,658 13.811,0 01/12/1971 ANA FURNAS RESOLUÇÃO/396
RIO MANUEL ALVES DA PORTO ALEGRE DO
22 22.190.000 PORTO ALEGRE FD TO -11,613 -47,045 1.930,0 01/08/1975 ANA FURNAS
NATIVIDADE TOCANTINS
22 22.200.080 RIO MANOEL ALVINHO PCH DIANÓPOLIS - JUSANTE FDT DIANÓPOLIS TO -11,469 -46,813 516,0 340,0 01/05/1999 CELTINS CELTINS RESOLUÇÃO/396
22 22.220.000 PORTO JERÔNIMO - FAZ. PIRACICABA FD TO -11,759 -47,836 282,0 9.000,0 01/08/1974 SIVAM
22 22.225.080 RIO BAGAGEM PCH BAGAGEM - JUSANTE FDT NATIVIDADE TO -11,372 -47,574 397,0 158,5 01/04/1999 CELTINS CELTINS RESOLUÇÃO/396
RIO MANUEL ALVES DA
22 22.250.000 FAZENDA LOBEIRA FD SÃO VALÉRIO DA NATIVIDADE TO -11,533 -48,289 14.475,0 01/08/1969 ANA FURNAS
NATIVIDADE
22 22.280.000 RIO TOCANTINS IPUEIRAS FD SILVANÓPOLIS TO -11,247 -48,459 01/02/2001 ANA FURNAS RESOLUÇÃO/396
22 22.300.000 RIO TOCANTINS FAZENDA JURUPARI FT PORTO NACIONAL TO -11,152 -48,517 218,0 01/05/2002 INVESTCO INVESTCO RESOLUÇÃO/396
22 22.349.080 RIO TOCANTINS PORTO NACIONAL T GUARAÍ (TUPIRAMA) TO -10,767 -48,400 177.800,0 01/01/2003 ELETRONORTE ELETRONORTE RESOLUÇÃO/396
22 22.351.000 RIO TAQUARUÇU TAQUARUÇU GRANDE FD PALMAS TO -10,250 -48,267 180,0 01/12/2002 NATURATINS NATURATINS
22 22.360.000 RIO DOS MANGUES MANGUES FDT PALMAS TO -10,349 -48,637 202,4 2.275,0 01/12/2000 INVESTCO INVESTCO RESOLUÇÃO/396
22 22.490.500 RIO TOCANTINS UHE LAJEADO - BARRAMENTO FT MIRACEMA DO TOCANTINS TO -9,756 -48,374 214,0 185.518,0 01/09/2001 INVESTCO INVESTCO RESOLUÇÃO/396
22 22.491.000 RIO TOCANTINS UHE LAJEADO - JUSANTE FDT MIRACEMA DO TOCANTINS TO -9,745 -48,363 178,0 185.591,0 01/01/1996 INVESTCO INVESTCO RESOLUÇÃO/396
22 22.492.080 RIO LAJEADO PCH LAJEADO - JUSANTE FDT LAJEADO TO -9,833 -48,292 454,0 499,8 01/05/1999 CELTINS CELTINS RESOLUÇÃO/396
22 22.500.000 RIO TOCANTINS MIRACEMA DO TOCANTINS FDSQ MIRACEMA DO TOCANTINS TO -9,568 -48,379 129,0 186.834,0 01/08/1969 ANA CPRM
22 22.680.000 RIO DO SONO JATOBÁ (FAZENDA BOA NOVA) FDT ITACAJÁ TO -9,991 -47,479 200,0 13.850,0 01/06/1973 ANA CPRM SIVAM
22 22.700.000 RIO DO SONO NOVO ACORDO FD DOIS IRMÃOS DO TOCANTINS TO -9,961 -47,675 180,0 18.500,0 01/12/1971 ANA CPRM
22 22.735.050 RIO DAS BALSAS UHE ISAMU IKEDA 2 - MONTANTE FDT MONTE DO CARMO TO -10,835 -47,768 278,5 8.000,0 01/09/2002 CELTINS CELTINS RESOLUÇÃO/396
22 22.735.060 RIO PONTE ALTA UHE ISAMU IKEDA 3 - MONTANTE FDT MONTE DO CARMO TO -10,752 -47,681 293,2 01/09/2002 CELTINS CELTINS RESOLUÇÃO/396
22 22.735.070 RIO DAS BALSAS UHE ISAMU IKEDA 4 FDT MONTE DO CARMO TO -10,699 -47,795 269,5 8.000,0 01/09/2002 CELTINS CELTINS RESOLUÇÃO/396
22 22.735.080 RIO DAS BALSAS UHE ISAMU IKEDA - FASE 1 E 2 FDT MONTE DO CARMO TO -10,694 -47,792 248,0 8.000,0 01/06/1999 CELTINS CELTINS RESOLUÇÃO/396
22 22.850.000 RIO PERDIDA DOIS IRMÃOS FD ITACAJA TO -9,311 -47,813 210,0 9.543,0 01/07/1973 ANA CPRM
22 22.900.000 RIO DO SONO PORTO REAL FDSQT FIGUEIRÓPOLIS TO -9,307 -47,929 200,0 44.910,0 01/08/1969 ANA CPRM SIVAM
23 23.100.000 RIO TOCANTINS TUPIRATINS FD GURUPI TO -8,392 -48,111 125,0 243.841,0 01/08/1969 ANA CPRM
23 23.150.000 RIO MANOEL ALVES PEQUENO ITACAJA FD CENTENÁRIO TO -8,392 -47,765 2.776,0 01/08/1973 ANA CPRM
23 23.220.000 RIO MANUEL ALVES GRANDE CACHOEIRA MONTE LINDO FD CARMOLÂNDIA TO -7,710 -46,926 4.158,0 01/01/1984 ANA CPRM
23 23.230.000 RIO VERMELHO JACARÉ FD CARMOLÂNDIA TO -7,963 -47,261 5.069,0 01/01/1984 ANA CPRM
23 23.250.000 RIO MANUEL ALVES GRANDE GOIATINS (PIACA) FDT CARMOLÂNDIA TO -7,708 -47,312 9.636,0 01/11/1971 ANA CPRM SIVAM
23 23.251.000 RIO ITAPICURU RIO ITAPECURU FD CAROLINA MA -7,462 -47,392 150,0 1.064,0 01/11/2004 ANA CPRM
23 23.300.000 RIO TOCANTINS CAROLINA FDSQT CAROLINA MA -7,334 -47,481 122,0 276.520,0 01/01/1962 ANA CPRM RESOLUÇÃO/396
23 23.460.000 RIO FARINHA CACHOEIRA DA USINA F CAROLINA MA -7,033 -47,000 250,0 3.000,0 01/07/1961 CEMAR CEMAR
23 23.465.000 RIO FARINHA CACHOEIRA DA PRATA F CAROLINA MA -7,017 -47,133 200,0 01/02/1962 CEMAR CEMAR

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Estação Localização Características

Sub-
Área de Responsável Operadora Observação
bacia Início de
Código Rio Nome Tipo Município UF Latitude Longitude Altitude Drenagem
Operação
(km2)

23 23.468.000 RIO FARINHA FAZENDA RIO FARINHA FD ESTREITO MA -6,865 -47,461 01/11/1999 ANA CPRM
23 23.600.000 RIO TOCANTINS TOCANTINÓPOLIS FDSQT LAGOA DO TOCANTINS TO -6,289 -47,392 126,1 290.570,0 01/01/1955 ANA ELETRONORTE RESOLUÇÃO/396
23 23.610.000 RIO LAJEADO RIO ITAUEIRAS FD LAJEADO NOVO MA -6,535 -47,304 150,0 01/08/2004 ANA CPRM
29 29.030.000 RIO TOCANTINS FAZENDA SÃO TOMÉ F MARABÁ PA -5,314 -48,975 76,0 690.521,0 01/09/1980 ANA CPRM
29 29.040.000 RIO TOCANTINS ARARAS FRDT MARABÁ PA -5,350 -48,881 01/11/2005 ELETRONORTE ELETRONORTE
29 29.050.000 RIO TOCANTINS MARABÁ FDSQT MARABÁ PA -5,339 -49,124 69,8 690.920,0 01/10/1971 ANA ELETRONORTE RESOLUÇÃO/396
29 29.061.000 RIO ITACAIÚNAS ACAMPAMENTO CALDEIRÃO FT MARABÁ PA -5,867 -50,483 12.174,0 01/10/1980 ANA CPRM SIVAM
29 29.080.000 RIO PARAUAPEBAS FAZENDA RIO BRANCO FDT MARABÁ PA -5,783 -49,800 9.398,0 01/04/1985 ANA CPRM SIVAM
29 29.100.000 RIO ITACAIÚNAS FAZENDA ALEGRIA FDSQT MARABÁ PA -5,514 -49,221 37.600,0 01/07/1969 ANA ELETRONORTE RESOLUÇÃO/396
29 29.200.000 RIO TOCANTINS ITUPIRANGA FDT ITUPIRANGA PA -5,129 -49,324 65,6 727.900,0 01/07/1969 ANA CPRM SIVAM
29 29.680.080 RIO TOCANTINS UHE TUCURUI - BARRAMENTO FT TUCURUI PA -3,750 -49,683 758.000,0 01/01/1999 ELETRONORTE ELETRONORTE RESOLUÇÃO/396
29 29.680.090 RIO TOCANTINS UHE TUCURUI - JUSANTE FDT TUCURUI PA -3,767 -49,700 758.000,0 01/01/1999 ELETRONORTE ELETRONORTE RESOLUÇÃO/396
29 29.700.000 RIO TOCANTINS TUCURUI FDSQ TUCURUI PA -3,758 -49,665 1,9 742.300,0 01/06/1969 ANA CPRM
29 29.750.000 RIO TOCANTINS NAZARÉ DOS PATOS F TUCURUI PA -3,466 -49,601 745.974,0 01/09/1971 ANA CPRM
Fonte: Agência Nacional de Águas - ANA, 2007

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 Monitoramento Pluviométrico e Climatológico

A cobertura da rede pluviométrica é em geral razoável no que concerne à sua distribuição.


Entretanto, quanto à disponibilidade de séries temporais de longa extensão, ela é, via de
regra, esparsa. O monitoramento climatológico é efetuado em grande parte pelo INMET, o
qual mantém em operação mais de 20 estações climatológicas na Região Hidrográfica
Tocantins-Araguaia. Mais recentemente foram instaladas estações de monitoramento
climático em novas localidades da bacia, porém, ainda perfazendo um quadro apenas
satisfatório no que concerne à cobertura da área monitorada.

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Tabela 6 - Rede Pluviométrica e Climatológica em operação – Bacia do rio Tocantins

Estação Localização Características


Sub-
Responsável Operadora Observação
bacia Código Início de
Código Nome Tipo Município UF Latitude Longitude Altitude
Adicional Operação

20 013.48.000 CAMPINAÇU P CAMPINAÇU GO -13,790 -48,567 01/01/1968 ANA FURNAS


20 013.48.004 UHE SERRA DA MESA PRCT MINAÇU GO -13,820 -48,324 01/04/1983 FURNAS FURNAS RESOLUÇÃO/396
20 014.47.000 ALTO PARAÍSO DE GOIÁS P ALTO PARAÍSO DE GOIÁS GO -14,135 -47,512 01/01/1969 ANA FURNAS
20 014.47.002 SÃO JOÃO D'ALIANÇA PRCT SÃO JOÃO D'ALIANÇA GO -14,707 -47,524 01/12/1968 ANA FURNAS
20 014.47.004 PONTE RIO PRETO P CAVALCANTE GO -13,989 -47,928 453,0 01/11/1984 ANA FURNAS
20 014.48.000 COLINAS DO SUL P COLINAS DO SUL GO -14,151 -48,078 01/07/1968 ANA FURNAS
20 014.48.001 NIQUELÂNDIA PR NIQUELÂNDIA GO -14,475 -48,458 01/07/1969 ANA FURNAS
20 014.48.002 PONTE QUEBRA LINHA P NIQUELÂNDIA GO -14,978 -48,676 01/04/1969 ANA FURNAS
20 014.48.004 MOQUEM - FAZENDA VAU DA ONÇA P NIQUELÂNDIA GO -14,548 -48,166 01/11/1984 ANA FURNAS
20 014.48.005 PALMEIRINHA P CAMPINAÇU GO -14,022 -48,611 01/11/1984 ANA FURNAS
20 014.48.007 AHE PORTEIRAS P BARRO ALTO GO -14,853 -48,764 01/05/1995 FURNAS FURNAS
20 014.48.008 SÃO LUIZ DO TOCANTINS P NIQUELÂNDIA GO -14,240 -48,021 01/09/1994 FURNAS FURNAS
20 014.49.000 PILAR DE GOIÁS P PILAR DE GOIÁS GO -14,764 -49,579 850,0 01/08/1973 ANA FURNAS
20 014.49.001 PORTO URUAÇU P URUAÇU GO -14,519 -49,049 547,0 01/07/1964 ANA FURNAS
20 014.49.005 FAZENDA CAJUPIRA P HIDROLINA GO -14,800 -49,175 01/11/1996 FURNAS FURNAS
20 015.47.002 PLANALTINA P PLANALTINA GO -15,453 -47,613 1.000,0 01/08/1973 ANA FURNAS
20 015.47.010 P04 CONTAGEM PR BRASÍLIA DF -15,653 -47,879 1.242,0 01/10/1970 CAESB CAESB
20 015.47.027 SÃO GABRIEL DE GOIÁS P PLANALTINA GO -15,233 -47,574 01/04/1995 ANA FURNAS
20 015.48.001 MIMOSO P MIMOSO DE GOIÁS GO -15,058 -48,159 750,0 01/03/1973 ANA FURNAS
20 015.48.002 PADRE BERNARDO P PADRE BERNARDO GO -15,169 -48,278 750,0 01/08/1973 ANA FURNAS
20 015.48.003 PIRENÓPOLIS P PIRENÓPOLIS GO -15,850 -48,950 01/01/1969 ANA FURNAS
20 015.48.004 83376 PIRENÓPOLIS PC PIRENÓPOLIS GO -15,854 -48,966 740,0 01/01/1977 INMET INMET
20 015.48.011 FAZENDA MARAJÁ P PADRE BERNARDO GO -15,553 -48,577 01/11/1984 ANA FURNAS
20 015.48.013 P21 FAZENDA SANTA ELISA PR BRASÍLIA DF -15,597 -48,043 1.205,0 01/03/1988 CAESB CAESB
20 015.48.019 BARRO ALTO PCT BARRO ALTO GO -15,067 -48,983 605,0 01/12/1997 SIMEGO SIMEGO
20 015.49.000 CERES PR CERES GO -15,311 -49,604 01/07/1964 FURNAS FURNAS
20 015.49.001 GOIANÉSIA P GOIANÉSIA GO -15,329 -49,121 01/07/1964 ANA FURNAS
20 015.49.002 ITAPURANGA P ITAPURANGA GO -15,564 -49,944 01/01/1969 ANA FURNAS
20 015.49.003 JARAGUÁ P JARAGUÁ GO -15,720 -49,329 01/07/1964 ANA FURNAS
20 015.49.009 URUANÃ P URUANA GO -15,496 -49,691 01/07/1964 ANA FURNAS
20 015.49.011 83350 GOIANÉSIA (USINA) PRCT GOIANÉSIA GO -15,217 -49,000 651,0 01/05/1984 INMET INMET
20 015.49.012 CERES PCT CERES GO -15,348 -49,602 739,0 01/12/1997 SIMEGO SIMEGO
20 015.49.013 UHE SÃO PATRÍCIO - JUSANTE PT RIANÁPOLIS GO -15,516 -49,484 01/02/1985 CHESP CHESP RESOLUÇÃO/396
20 016.49.007 ITABERAÍ P ITABERAÍ GO -16,030 -49,800 680,0 01/09/1973 ANA FURNAS
20 016.49.018 ITABERAÍ PCT ITABERAÍ GO -16,800 -49,793 1.001,0 01/12/1997 SIMEGO SIMEGO
21 011.46.002 UHE DIACAL - MONTANTE P NOVO JARDIM TO -11,745 -46,756 438,0 01/12/1999 CELTINS CELTINS RESOLUÇÃO/396
21 011.46.003 PCH AGRO TRAFO P DIANÓPOLIS TO -11,676 -46,664 586,0 01/12/1998 CELTINS CELTINS
21 012.46.000 PONTE ALTA DO BOM JESUS P PONTE ALTA DO BOM JESUS TO -12,099 -46,479 600,0 01/08/1973 ANA FURNAS
21 012.46.001 AURORA DO NORTE P AURORA DO TOCANTINS TO -12,714 -46,409 700,0 01/08/1973 ANA FURNAS
21 012.46.003 83235 TAGUATINGA PC TAGUATINGA TO -12,402 -46,438 604,0 01/12/1915 INMET INMET
21 012.47.000 CONCEIÇÃO DO TOCANTINS P CONCEIÇÃO DO TOCANTINS TO -12,219 -47,297 01/08/1973 ANA FURNAS
21 012.47.002 RIO DA PALMA (FAZ. CHUVA MANGA) P BABAÇULÂNDIA TO -12,420 -47,192 400,0 01/06/1973 ANA FURNAS
21 012.47.003 PARANÃ PRC FÁTIMA TO -12,550 -47,850 275,0 01/01/1916 INMET INMET
21 012.47.005 FAZENDA SANTA RITA P FÁTIMA TO -12,585 -47,487 01/02/1984 ANA FURNAS
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Relatório P2 – Caracterização da Bacia Hidrográfica do Rio Tocantins

Estação Localização Características


Sub-
Responsável Operadora Observação
bacia Código Início de
Código Nome Tipo Município UF Latitude Longitude Altitude
Adicional Operação

21 012.47.006 RIO DA PALMA T CONCEIÇÃO DO TOCANTINS TO -12,416 -47,199 308,0 01/05/2006 ENERPEIXE FURNAS RESOLUÇÃO/396
21 012.47.007 FAZENDA NOVA AREIA T PARANÃ TO -12,613 -47,759 269,0 01/05/2006 ENERPEIXE FURNAS RESOLUÇÃO/396
21 012.47.008 FAZENDA VISÃO DA SANTANA T PARANÃ TO -12,691 -47,783 273,0 01/05/2006 ENERPEIXE FURNAS RESOLUÇÃO/396
21 012.48.003 PALMEIRÓPOLIS P PALMEIRÓPOLIS TO -13,040 -48,492 01/02/1978 ANA FURNAS
21 013.46.000 SÃO DOMINGOS PR SÃO DOMINGOS GO -13,398 -46,316 01/01/1969 ANA FURNAS
21 013.46.001 NOVA ROMA (FAZ.SUCURI) P NOVA ROMA GO -13,742 -46,878 01/01/1969 ANA FURNAS
21 013.46.002 FAZENDA INGAZEIRO P SÃO DOMINGOS GO -13,568 -46,367 01/01/1969 ANA FURNAS
21 013.46.004 CAMPOS BELOS P CAMPOS BELOS GO -13,036 -46,777 600,0 01/08/1973 ANA FURNAS
21 013.46.005 SÃO VICENTE P CAMPOS BELOS GO -13,634 -46,467 01/10/1974 ANA FURNAS
21 013.46.007 FAZENDA PRAINHA (FAZ.ANTAS) P CORRENTINA BA -13,330 -46,062 824,0 01/06/1981 ANA CPRM
21 013.46.008 UHE SÃO DOMINGOS P SÃO DOMINGOS GO -13,414 -46,364 590,0 01/06/2002 CELG CELG RESOLUÇÃO/396
21 013.47.000 CAVALCANTE P CAVALCANTE GO -13,797 -47,462 01/01/1969 ANA FURNAS
21 013.47.001 PONTE PARANÃ P MONTE ALEGRE DE GOIÁS GO -13,424 -47,132 01/01/1969 ANA FURNAS
21 013.47.002 PONTE PARANÃ T MONTE ALEGRE DE GOIÁS GO -13,425 -47,138 337,0 01/05/2006 ENERPEIXE FURNAS RESOLUÇÃO/396
21 013.48.001 SAMA PR MINAÇU GO -13,533 -48,227 01/07/1964 ANA FURNAS
21 013.48.002 SÃO FELIX PR SÃO FELIX DO TOCANTINS TO -13,533 -48,138 01/05/1970 CEM CEM RESOLUÇÃO/396
21 014.46.002 83332 POSSE PRC POSSE GO -14,084 -46,371 826,0 01/08/1975 INMET INMET
21 014.46.004 SÍTIO D'ABADIA P SITIO D'ABADIA GO -14,804 -46,253 01/01/1984 ANA CPRM
21 014.46.005 POSSE PCT POSSE GO -14,082 -46,363 443,0 01/12/1997 SIMEGO SIMEGO
21 014.46.006 UHE MAMBAI - JUSANTE P MAMBAI GO -14,686 -46,300 01/01/2001 CELG CELG
21 014.46.007 FAZENDA BRECHO P VILA BOA GO -14,961 -46,781 896,0 01/11/2003 LARROSA LARROSA
21 014.47.001 FLORES DE GOIÁS P FLORES DE GOIÁS GO -14,450 -47,046 200,0 01/01/1969 ANA FURNAS
21 014.47.008 FLORES DE GOIÁS PCT FLORES DE GOIÁS GO -14,519 -47,016 437,0 01/12/1997 SIMEGO SIMEGO
21 015.47.001 FAZENDA SANTA SÉ P FORMOSA GO -15,216 -47,157 01/01/1969 ANA FURNAS
21 015.47.003 83379 FORMOSA PRC FORMOSA GO -15,549 -47,338 912,0 01/01/1964 INMET INMET
INPE -
22 008.48.005 MET19 PEDRO AFONSO PRCT PEDRO AFONSO TO -8,968 -48,177 01/06/1997 INPE INPE
22 009.46.003 LIZARDA P COMBINADO TO -9,592 -46,681 620,0 01/04/1973 ANA CPRM
22 009.47.001 MANSINHA P ITACAJA TO -9,458 -47,327 320,0 01/01/1983 ANA CPRM
22 009.48.000 MIRACEMA DO TOCANTINS PR MIRACEMA DO TOCANTINS TO -9,564 -48,388 210,0 01/08/1969 ANA CPRM
22 009.48.001 PORTO REAL P FIGUEIRÓPOLIS TO -9,307 -47,929 200,0 01/09/1969 ANA CPRM SIVAM
22 009.48.003 UHE LAJEADO - JUSANTE PT MIRACEMA DO TOCANTINS TO -9,754 -48,367 178,0 01/05/2002 INVESTCO INVESTCO RESOLUÇÃO/396
22 010.46.001 MATEIROS P MATEIROS TO -10,533 -46,367 01/03/1998 ANA CPRM
22 010.47.000 JATOBÁ (FAZENDA BOA NOVA) P ITACAJA TO -9,991 -47,479 250,0 01/08/1973 ANA CPRM SIVAM
22 010.47.001 NOVO ACORDO P DOIS IRMÃOS DO TOCANTINS TO -9,961 -47,675 300,0 01/12/1971 ANA CPRM
22 010.47.002 PORTO GILÂNDIA P CRISTALÂNDIA TO -10,786 -47,800 300,0 01/08/1969 ANA CPRM
22 010.47.004 PONTE ALTA DO TOCANTINS P GOIATINS (PIACA) TO -10,751 -47,536 300,0 01/01/1984 ANA CPRM
22 010.47.005 UHE ISAMU IKEDA - FASE 1 E 2 P MONTE DO CARMO TO -10,694 -47,792 248,0 01/12/1998 CELTINS CELTINS
22 010.47.006 UHE ISAMU IKEDA - MONTANTE P MONTE DO CARMO TO -10,835 -47,768 277,0 01/09/2002 CELTINS CELTINS
22 010.48.000 FÁTIMA P FÁTIMA TO -10,763 -48,903 340,0 01/11/1971 ANA FURNAS
22 010.48.003 83064 PORTO NACIONAL PRC PORTO NACIONAL TO -10,704 -48,418 270,0 01/01/1915 INMET INMET
22 010.48.004 83063 PORTO NACIONAL PC PORTO NACIONAL TO -10,717 -48,383 265,0 01/08/1966 DEPV DEPV
22 010.48.005 TAQUARUSSU DO PORTO P TAQUARUSSU DO PORTO TO -10,313 -48,159 01/06/1976 ANA CPRM
22 010.48.007 MANGUES PT PALMAS TO -10,345 -48,635 01/04/2002 INVESTCO INVESTCO RESOLUÇÃO/396
22 011.46.000 DIANÓPOLIS PR DIANÓPOLIS TO -11,625 -46,811 01/12/1971 ANA FURNAS
22 011.46.004 PCH DIANÓPOLIS - JUSANTE P DIANÓPOLIS TO -11,466 -46,820 461,3 01/09/2002 CELTINS CELTINS RESOLUÇÃO/396

Consórcio CNEC - ARCADIS Tetraplan 32


Empresa de Pesquisa Energética – EPE
Avaliação Ambiental integrada - AAI da Bacia do Rio Tocantins e seus Formadores
Relatório P2 – Caracterização da Bacia Hidrográfica do Rio Tocantins

Estação Localização Características


Sub-
Responsável Operadora Observação
bacia Código Início de
Código Nome Tipo Município UF Latitude Longitude Altitude
Adicional Operação

22 011.47.000 ALMAS P ALMAS TO -11,579 -47,175 600,0 01/09/1973 ANA FURNAS


22 011.47.001 NATIVIDADE PE NATIVIDADE TO -11,697 -47,729 272,0 01/08/1973 ANA FURNAS
22 011.47.002 PINDORAMA DO TOCANTINS P FORMOSO DO ARAGUAIA TO -11,141 -47,577 637,0 01/09/1973 ANA CPRM
PORTO ALEGRE DO
22 011.47.003 PORTO ALEGRE P TOCANTINS TO -11,613 -47,045 01/08/1975 ANA FURNAS
22 011.47.004 PORTO JERÔNIMO - FAZ. PIRACICABA T NATIVIDADE TO -11,759 -47,836 01/08/2001 ANA FURNAS SIVAM
22 011.47.005 PORTO JERÔNIMO PT NATIVIDADE TO -11,758 -47,838 260,0 01/04/2002 INVESTCO INVESTCO RESOLUÇÃO/396
22 011.48.000 FAZENDA LOBEIRA P SÃO VALÉRIO DA NATIVIDADE TO -11,531 -48,295 300,0 01/08/1969 ANA FURNAS
22 011.48.001 FAZENDA JURUPARI PT PORTO NACIONAL TO -11,152 -48,517 218,0 01/05/2002 INVESTCO INVESTCO RESOLUÇÃO/396
22 011.48.002 JACINTO PT PEIXE TO -11,984 -48,659 235,0 01/04/2002 INVESTCO INVESTCO RESOLUÇÃO/396
22 011.48.003 IPUEIRAS PT IPUEIRAS TO -11,247 -48,458 220,0 01/04/2002 INVESTCO INVESTCO RESOLUÇÃO/396
22 012.48.001 COLONHA P PEIXE TO -12,391 -48,711 01/08/1974 ANA FURNAS
22 012.48.002 83228 PEIXE PRC FILADÉLFIA TO -12,050 -48,533 373,0 01/05/1975 INMET INMET
22 012.48.006 ANGICAL - JUSANTE PT PEIXE TO -12,228 -48,404 234,0 01/05/2002 INVESTCO INVESTCO RESOLUÇÃO/396
22 012.48.007 UHE PEIXE ANGICAL - Barramento T PEIXE TO -12,669 -48,386 267,0 01/05/2006 ENERPEIXE FURNAS RESOLUÇÃO/396
22 012.49.000 ALVORADA PT ALVORADA TO -12,481 -49,124 356,0 01/12/1971 ANA CPRM
22 013.48.003 TROMBAS P TROMBAS GO -13,512 -48,745 450,0 01/09/1973 ANA FURNAS
22 013.48.006 CANA BRAVA PRC MINAÇU GO -13,390 -49,156 01/09/1990 SIMEGO SIMEGO
22 013.49.000 ESTRELA DO NORTE P ESTRELA DO NORTE GO -13,872 -49,071 01/12/1971 ANA CPRM
22 013.49.002 PORANGATU (DESCOBERTO) P PORANGATU GO -13,445 -49,145 600,0 01/01/1974 ANA CPRM
22 013.49.003 ENTRONCAMENTO SÃO MIGUEL P PORANGATU GO -13,269 -49,201 427,0 01/10/1974 ANA FURNAS
22 013.49.004 PORANGATU PC PORANGATU GO -13,310 -49,117 391,0 01/12/1997 SIMEGO SIMEGO
23 005.47.000 82564 IMPERATRIZ PRC IMPERATRIZ MA -5,535 -47,478 124,0 01/08/1913 INMET INMET
23 005.47.004 DESCARRETO PT COLINAS DO TOCANTINS TO -5,767 -47,483 01/09/1969 ANA CPRM SIVAM
23 005.47.006 MAURILÂNDIA DO TOCANTINS P MAURILÂNDIA DO TOCANTINS TO -5,952 -47,512 150,0 01/08/2004 ANA CPRM
23 005.48.001 SÃO SEBASTIÃO DO TOCANTINS P ITAGUATINS TO -5,258 -48,201 01/01/1984 ANA CPRM
23 005.48.002 BOM JESUS DO TOCANTINS P BOM JESUS DO TOCANTINS PA -5,055 -48,625 01/10/1999 ANA CPRM
23 005.48.003 ESPERANTINA P LAGOA DO TOCANTINS TO -5,363 -48,538 90,0 01/08/2004 ANA CPRM
23 006.47.004 TOCANTINÓPOLIS P TOCANTINÓPOLIS TO -6,317 -47,417 01/01/2003 ELETRONORTE ELETRONORTE RESOLUÇÃO/396
23 007.47.000 CAROLINA PRT CAROLINA MA -7,323 -47,464 01/09/1969 ANA CPRM RESOLUÇÃO/396
23 007.47.001 GOIATINS (PIACA) PT CARMOLÂNDIA TO -7,711 -47,315 01/11/1971 ANA CPRM SIVAM
23 007.47.002 82764 CAROLINA PRC CAROLINA MA -7,317 -47,467 181,0 01/01/1967 DEPV DEPV
23 007.47.003 82765 CAROLINA PRCT CAROLINA MA -7,333 -47,467 193,0 01/08/1913 INMET INMET
23 007.47.005 CAROLINA P CAROLINA MA -7,333 -47,467 01/01/1999 ELETRONORTE ELETRONORTE RESOLUÇÃO/396
23 007.47.009 PALMEIRANTE P CAMPOS LINDOS TO -7,860 -47,862 01/01/1984 ANA CPRM
FAZ. PRIMAVERA - ROD. BEL -
23 007.48.002 BRASÍLIA DIVINÓPOLIS DO TOCANTINS TO -7,559 -48,421 200,0 01/09/1973 ANA CPRM
23 008.47.001 ITACAJA P CENTENÁRIO TO -8,392 -47,765 250,0 01/08/1973 ANA CPRM
23 008.47.002 CAMPOS LINDOS P CARMOLÂNDIA TO -7,971 -46,806 01/01/1984 ANA CPRM
23 008.47.003 RECURSOLÂNDIA P CENTENÁRIO TO -8,737 -47,242 01/05/2000 ANA CPRM
23 008.48.000 COLINAS DO TOCANTINS P AURORA DO TOCANTINS TO -8,053 -48,482 01/12/1971 ANA CPRM
23 008.48.001 GUARAI P CARRASCO BONITO TO -8,831 -48,517 300,0 01/08/1973 ANA CPRM
23 008.48.003 TUPIRATINS PR GURUPI TO -8,398 -48,130 01/08/1969 ANA CPRM
23 008.48.004 82863 PEDRO AFONSO PC PEDRO AFONSO TO -8,969 -48,176 187,0 01/05/1936 INMET INMET
23 008.48.006 BOM JESUS DO TOCANTINS P BOM JESUS DO TOCANTINS TO -8,969 -48,091 150,0 01/10/2004 ANA CPRM
29 002.49.001 82263 CAMETÁ PRC CAMETÁ PA -2,239 -49,500 24,0 01/05/1970 INMET INMET
29 002.49.003 BAIÃO P BAIÃO PA -2,793 -49,670 01/05/1984 ANA CPRM

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Empresa de Pesquisa Energética – EPE
Avaliação Ambiental integrada - AAI da Bacia do Rio Tocantins e seus Formadores
Relatório P2 – Caracterização da Bacia Hidrográfica do Rio Tocantins

Estação Localização Características


Sub-
Responsável Operadora Observação
bacia Código Início de
Código Nome Tipo Município UF Latitude Longitude Altitude
Adicional Operação

29 002.49.004 VILA DO CARMO P MOCAJUBA PA -2,450 -49,438 01/12/1994 ANA CPRM


29 003.49.000 82361 TUCURUI PRC TUCURUI PA -3,760 -49,667 40,0 01/10/1970 INMET INMET
29 003.49.003 JOANA PERES P BAIÃO PA -3,017 -49,750 01/07/1994 ANA CPRM
29 003.49.004 TUCURUI - JUSANTE P TUCURUI PA -3,783 -49,683 174,0 01/01/2003 ELETRONORTE ELETRONORTE RESOLUÇÃO/396
29 004.49.001 NOVA JACUNDA P JACUNDA PA -4,463 -49,118 01/08/1994 ANA CPRM
29 004.49.002 NOVO REPARTIMENTO P JACUNDA PA -4,241 -49,936 01/07/1999 ANA CPRM
29 004.49.003 NOVA IPIXUNA P JACUNDA PA -4,911 -49,073 01/07/1999 ANA CPRM
29 005.49.001 82562 MARABÁ PC MARABÁ PA -5,350 -49,150 97,0 01/07/1956 DEPV DEPV
29 005.49.002 82562 MARABÁ PRC MARABÁ PA -5,366 -49,125 95,0 01/02/1952 INMET INMET
29 005.49.004 SERRA PELADA P MARABÁ PA -5,935 -49,677 01/12/1982 ANA CPRM
29 005.49.006 FAZENDA RIO BRANCO PT MARABÁ PA -5,783 -49,800 01/04/1985 ANA CPRM SIVAM
29 005.49.007 KM 60 / PA-150 P MARABÁ PA -5,803 -49,183 01/01/1988 ANA CPRM
29 005.49.008 ITUPIRANGA PT ITUPIRANGA PA -5,129 -49,324 01/10/1992 ANA CPRM SIVAM
29 005.49.010 MARABÁ P MARABÁ PA -5,350 -49,150 01/01/1999 ELETRONORTE ELETRONORTE RESOLUÇÃO/396
29 005.49.011 FAZENDA ALEGRIA P MARABÁ PA -5,512 -49,212 01/09/2004 ANA ELETRONORTE RESOLUÇÃO/396
29 005.50.001 ACAMPAMENTO CALDEIRÃO T MARABÁ PA -5,867 -50,483 01/12/2003 ANA CPRM SIVAM
29 006.49.000 FAZENDA SURUBIM P MARABÁ PA -6,428 -49,420 01/02/1984 ANA CPRM
29 006.49.001 FAZENDA SANTA ELISA P XINGUARA PA -6,795 -49,549 01/02/1984 ANA CPRM
29 006.49.002 ELDORADO P MARABÁ PA -6,105 -49,378 01/04/1985 ANA CPRM
29 006.50.001 FAZENDA CAIÇARA P MARABÁ PA -6,815 -50,539 01/02/1984 ANA CPRM
29 006.50.002 SERRA DOS CARAJÁS - N5 PE MARABÁ PA -5,935 -50,069 01/04/1985 ANA CPRM
Fonte: ANA (Hidroweb), 2007

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Empresa de Pesquisa Energética – EPE
Avaliação Ambiental integrada - AAI da Bacia do Rio Tocantins e seus Formadores
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 Monitoramento de Qualidade da Água

A operação de estações de monitoramento de qualidade da água teve início ao final da


década de 70 com a adição deste tipo de registro em algumas das estações fluviométricas
existentes naquela época. Atualmente, são operadas 14 estações de monitoramento sendo
10 mantidas pela ANA, 3 operadas pela Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito
Federal (CAESB) e 1 pela Tractebel (Resolução ANEEL 396/98). Haja visto as dimensões da
bacia em questão, considera-se a cobertura do monitoramento ainda restrita, com
informações, do ponto de vista da espacialidade, ainda pouco representativas. Na seqüência,
são apresentados dados das principais estações de monitoramento da qualidade da água na
bacia do rio Tocantins.
 Rio Tocantins - Estação: 22.050.001

Localidade: Peixe Área (km2) : 130.052


Data Temp.Amostra pH Turbidez Condutividade Elétrica OD

05/04/2002 25,0 8,50 0,43 106,2 9,7


09/07/2002 28,4 8,49 1,30 93,2 7,14
10/09/2002 25,0 8,36 3,10 89,8 6,98
18/12/2002 25,0 8,36 3,10 89,8 6,98
14/03/2003 30,4 8,08 0,60 88,6 4,6
26/06/2003 27,1 8,13 0,19 96,4 8,69
24/09/2003 29,3 8,17 1,10 98,8 7,89
17/01/2004 26,7 7,99 189,00 4,61 6,3
29/03/2004 27,5 7,74 168,00 91,5 6,76
11/08/2004 26,7 8,24 2,00 88,7 7,76
16/10/2004 29,1 7,90 7,50 3,8 6,47
15/01/2005 28,3 5,95 83,00 92,5 7,28
19/04/2005 29,7 8,42 0,23 118,3 8,1
Médias 27,6 8,03 35,35 81,7 7,28
Mínima 25,0 5,95 0,19 3,8 4,60
Máxima 30,4 8,50 189,00 118,3 9,70

 Rio Tocantins - Estação: 22.500.000

Localidade: Miracema do Tocantins Área (km2) : 186.834


Data Temp.Amostra pH Condutividade Elétrica OD Descarga Liquida

22/10/2002 31,3 5,70 42,50 1.835,55


03/02/2003 30,4 7,17 49,40 5,2
19/04/2003 29,0 51,00 3,6 4.894,58
23/08/2003 28,5 5,40 70,20 4,2
27/06/2005 26,2 10,00 26,20 8,6
Médias 29,1 7,07 47,86 5,40
Mínima 26,2 5,40 26,20 3,60 0,0
Máxima 31,3 10,00 70,20 8,60 0,0

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Empresa de Pesquisa Energética – EPE
Avaliação Ambiental integrada - AAI da Bacia do Rio Tocantins e seus Formadores
Relatório P2 – Caracterização da Bacia Hidrográfica do Rio Tocantins

 Rio Tocantins - Estação: 22.900.000

Localidade: Porto Real Área (km2): 44.910


Data Temp.Amostra pH Condutividade Elétrica OD Descarga Líquida

09/04/2002 27,0 5,70 98,70 4,3


15/06/2002 28,2 5,93 73,40 3,8
24/10/2002 28,9 6,30 28,90 184,735
31/01/2003 26,6 6,63 26,60 5,7
17/04/2003 28,6 7,50 28,60 4,1 1.308,146
27/08/2003 29,1 6,04 29,10
28/11/2003 26,9 5,90 26,90
23/06/2005 26,6 9,80 26,60 10,3
Médias 27,7 6,73 42,35 5,6
Mínima 26,6 5,70 26,60 3,8 0,0
Máxima 29,1 9,80 98,70 10,3 0,0

 Rio Tocantins - Estação: 23.300.000

Localidade: Carolina Área (km2): 276.520


Data Temp.Amostra pH Condutividade Elétrica OD Descarga Líquida

30/04/2002 29,5 6,70 19,70 2,8


27/08/2002 26,8 5,72 26,80 1.336,318
05/12/2002 28,2 5,60 27,60 1,3 2.247,019
08/03/2003 27,9 6,14 27,90 5,8
28/06/2003 27,2 5,61 56,90 2,7 1.981,183
21/10/2003 29,5 5,60 29,50 4,6
05/12/2003 29,5 6,90 29,50 6,9
Médias 28,4 6,04 31,13 4,0 1.854,84
Mínima 26,8 5,60 19,70 1,3 1.336,32
Máxima 29,5 6,90 56,90 6,9 2.247,02

 Rio Tocantins - Estação: 29.050.000

Localidade: Marabá Área (km2): 690,920


Data Temp.Amostra pH Condutividade Elétrica OD Descarga Líquida

31/01/2002 29,7 6,00 45,50 4,4


31/01/2002 29,0 6,08 34,80 4,0
31/01/2002 29,0 6,06 29,40 4,0
31/01/2002 28,9 5,94 35,90 4,2
17/05/2002 26,7 6,10 49,00 3,8
17/05/2002 26,6 6,19 37,10 2,5

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Empresa de Pesquisa Energética – EPE
Avaliação Ambiental integrada - AAI da Bacia do Rio Tocantins e seus Formadores
Relatório P2 – Caracterização da Bacia Hidrográfica do Rio Tocantins

Data Temp.Amostra pH Condutividade Elétrica OD Descarga Líquida

17/05/2002 26,5 6,33 35,70 1,4


17/05/2002 26,4 6,42 39,70 2,2
10/09/2002 26,4 6,36 46,70 3,9
10/09/2002 26,4 6,93 47,00 4,0
10/09/2002 26,4 6,95 44,10 4,0
10/09/2002 26,4 6,92 45,40 4,0 2438,446
14/12/2002 27,5 6,33 54,70 3,4
14/12/2002 27,6 6,58 49,70 3,6
14/12/2002 27,6 6,33 35,00 3,8
14/12/2002 27,6 6,33 35,00 3,8
23/03/2003 26,3 6,54 29,30 2,1 20914,01
23/03/2003 26,3 6,46 34,80 2,6
23/03/2003 26,3 6,33 32,50 2,3
23/03/2003 26,1 6,47 31,50 2,0
04/07/2003 27,6 6,70 37,70 3,3
04/07/2003 28,3 6,70 42,80 2,6
04/07/2003 28,6 6,70 44,40 3,3
04/07/2003 27,5 6,80 43,80 2,6
01/10/2003 25,9 6,17 44,80 4,7
01/10/2003 25,9 6,32 42,20 4,0
01/10/2003 25,7 6,50 39,20 4,3
01/10/2003 25,6 6,55 42,85 4,3
10/11/2005 32,9 7,63 10,14 4,5
10/11/2005 32,7 7,73 10,01 4,8
10/11/2005 32,1 7,79 9,81 4,4
10/11/2005 32,6 7,83 10,03 4,5
Médias 27,8 6,60 36,58 3,5
Mínima 25,6 5,94 9,81 1,4 0,0
Máxima 32,9 7,83 54,70 4,8 0,0

 Rio Itacaiúnas - Estação: 29.100.000

Localidade: Fazenda Alegria Área (km2): 37.600


Data Temp.Amostra pH Condutividade Elétrica OD Descarga Líquida

30/01/2002 29,6 5,86 99,00 4,6


30/01/2002 30,2 6,09 105,30 4,0
30/01/2002 30,0 6,13 110,10 3,7
30/01/2002 29,2 6,11 105,30 4,4
16/05/2002 26,3 6,40 99,70 2,8
16/05/2002 26,3 6,43 100,50 3,4

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Relatório P2 – Caracterização da Bacia Hidrográfica do Rio Tocantins

Data Temp.Amostra pH Condutividade Elétrica OD Descarga Líquida

16/05/2002 26,2 6,48 101,80 3,2


16/05/2002 26,2 6,56 100,20 3,8
11/09/2002 26,3 6,53 97,60 4,1
11/09/2002 26,3 6,56 95,80 3,8
11/09/2002 26,3 6,91 96,30 4,0
11/09/2002 26,3 6,90 96,20 4,0 102,759
10/12/2002 27,3 6,49 102,90 3,6
10/12/2002 27,5 6,80 100,50 3,6
10/12/2002 27,5 6,50 99,90 4,0
10/12/2002 27,4 6,56 101,60 3,3
21/03/2003 26,0 6,44 66,30 1,9 1488,364
21/03/2003 26,0 6,38 69,30 1,8
21/03/2003 25,8 6,35 72,40 2,0
21/03/2003 25,8 6,45 69,80 2,3
02/07/2003 27,3 5,20 96,30 2,8
02/07/2003 28,1 6,60 97,50 2,4
02/07/2003 28,4 6,60 99,90 4,2
02/07/2003 27,3 6,70 91,00 4,1
03/10/2003 25,6 6,35 105,30 4,2
03/10/2003 25,5 6,39 104,70 3,6
03/10/2003 25,5 6,42 104,60 4,0
07/11/2005 30,2 7,73 22,30 4,3
07/11/2005 30,1 7,80 22,50 7,4
07/11/2005 30,3 7,89 22,30 4,7
07/11/2005 30,3 7,90 22,40 4,8
Médias 27,5 6,60 86,43 3,7
Mínima 25,5 5,20 22,30 1,8
Máxima 30,3 7,90 110,10 7,4

 Rio Tocantins - Estação: 29.7 00.000

Localidade: Tucuruí Área (km2): 742.300


Data Temp.Amostra pH Condutividade Elétrica OD Descarga Líquida

26/01/2002 28,8 6,17 38,20 4,5


26/01/2002 28,7 6,26 38,40 4,7
26/01/2002 28,5 6,18 40,00 4,3
26/01/2002 28,6 6,17 43,50 4,9
23/05/2002 26,1 6,68 38,20 3,1
23/05/2002 26,1 6,60 39,10 2,9
23/05/2002 26,0 6,56 39,30 2,6

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Data Temp.Amostra pH Condutividade Elétrica OD Descarga Líquida

23/05/2002 26,0 6,63 39,10 3,6


04/09/2002 26,3 6,13 46,20 4,7
04/09/2002 26,3 6,29 45,30 4,1
04/09/2002 26,3 6,33 45,80 4,4
04/09/2002 26,4 6,32 46,00 5,0 5683,423
06/12/2002 25,7 6,38 49,50 3,4
06/12/2002 25,4 6,41 49,10 3,2
06/12/2002 25,4 6,41 49,10 3,2
06/12/2002 24,9 5,96 49,70 4,1
15/03/2003 25,2 6,60 36,30 2,7
15/03/2003 25,0 6,56 36,60 2,6
15/03/2003 25,0 6,45 36,40 3,8
15/03/2003 25,4 6,55 36,30 3,9 18276,45
24/06/2003 27,5 6,30 42,10 5,7
24/06/2003 28,0 6,10 41,50 5,0
24/06/2003 28,0 6,10 40,00 4,9
24/06/2003 27,9 6,20 40,80 3,8
25/09/2003 25,1 6,82 41,00 4,7
25/09/2003 25,1 6,77 40,80 4,2
25/09/2003 25,1 6,79 39,90 4,6
25/09/2003 25,2 6,76 40,80 4,1
16/11/2005 29,7 7,22 9,48 3,9
16/11/2005 29,7 7,25 9,48 3,8
16/11/2005 29,9 7,23 9,53 3,8
16/11/2005 30,3 7,26 9,41 4,2
Médias 26,8 6,51 37,72 4,0 11.979,94
Mínima 24,9 5,96 9,41 2,6 5.683,42
Máxima 30,3 7,26 49,70 5,7 18.276,45

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Relatório P2 – Caracterização da Bacia Hidrográfica do Rio Tocantins

1.1.3. Clima
A área da bacia hidrográfica do rio Tocantins, conforme mencionado, dispõe de uma rede
reduzida, e espacialmente mal distribuída, de estações meteorológicas, dificultando uma
melhor caracterização das condições climáticas. Os principais pontos de monitoramento
climatológico existentes pertencem ao Instituto Nacional de Meteorologia – INMET, cujos
dados constam da publicação “Normais Climatológicas (1961-1990)”, tendo sido identificadas
28 estações distribuídas pelas cinco sub-bacias. Existem ainda outras 13 estações, operadas
por entidades diversas, como ANEEL e Furnas, também nas cinco sub-bacias, que compõem
a rede meteorológica da Bacia.

A caracterização do clima será feita com base nos dados gerados nessas estações
meteorológicas.

1.1.3.1. Aspectos Climáticos

A bacia hidrográfica do rio Tocantins, do ponto de vista climático, situa-se entre duas
importantes regiões de natureza muito diferenciada, a saber:
 A região amazônica, sob o domínio do sistema Equatorial Continental Amazônico, cuja
origem dá-se na região aquecida e coberta por vegetação do interior do continente;
 O Nordeste Brasileiro, sob o domínio do sistema Equatorial Atlântico, constituído pelos
alísios de sudeste do anticiclone do Atlântico Sul, responsável pelas precipitações
noturnas ao longo do litoral nordestino.

A bacia hidrográfica do rio Tocantins é, portanto, influenciada por mecanismos de produção


de precipitação característicos dessas duas regiões vizinhas e está sujeita à ação de
sistemas de circulação responsáveis pela complexidade do regime de chuvas, conforme
descrito a seguir.

A Zona de Convergência Intertropical – ZCIT: consiste na região de convergência dos


ventos alísios dos dois hemisférios. Dinamicamente, a ZCIT está associada a uma faixa de
baixa pressão e convergência do escoamento dos baixos níveis da atmosfera, que promove
as condições favoráveis ao movimento ascendente e conseqüente presença de nebulosidade
e precipitação.

Cabe ressaltar que a ZCIT situa-se numa faixa de domínio oceânico, sendo, portanto,
razoável esperar que exista uma relação direta entre as anomalias da temperatura da
superfície do mar e as precipitações no continente ou, mais especificamente, na bacia do rio
Tocantins.

Sistemas frontais: estão associados às ondas baroclínicas que transportam massas de ar


de origem polar em direção aos trópicos. Essas ondas, que promovem uma modulação dos
regimes pluviométricos e de temperatura em grande parte do Brasil, ocorrem ativamente em
todas as estações do ano. Os sistemas frontais frios, em geral, organizam-se duas a quatro
vezes por mês nas latitudes médias do continente e deslocam-se na direção SW-NE,
podendo às vezes retroceder, mudar de direção ou permanecer estacionários por alguns
dias, até sua frontólise sobre o continente ou sobre o oceano Atlântico.

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Relatório P2 – Caracterização da Bacia Hidrográfica do Rio Tocantins

As frentes frias interiores, após transporem a região do Chaco, rica em umidade e sede
natural de uma ciclogênese, podem penetrar até latitudes inferiores aos 20º Sul, alcançando
a região Centro-Oeste e o extremo sul da região Norte.

Linhas de Instabilidade: estão associadas às brisas marítimas na costa Norte-Nordeste.


Estas linhas, decorrentes do gradiente térmico entre o continente e o oceano, podem
ultrapassar a faixa litorânea e propagar-se como linhas de instabilidade em direção às áreas
mais interiores, atingindo, por vezes, a bacia do Tocantins. Na região da Amazônia Central,
persiste na estação chuvosa um esquema de circulação atmosférica da superfície associado
às baixas pressões (doldruns) do continente sul-americano. Na estação seca, ocorre o
avanço dos centros de alta pressão sobre as áreas centrais da América do Sul.

Além dos sistemas de origem tipicamente intertropicais, a Amazônia Centro-Meridional


recebe a influência ocasional e, principalmente durante o inverno austral, dos sistemas
extratropicais, ou seja, a Massa Polar Atlântica e a Frente Polar, provocando o fenômeno da
friagem.

Não obstante essa relativa homogeneidade climática, que confere a toda a região um clima
tropical continental alternadamente úmido e seco, os estudos de inventário hidroenergético
desenvolvidos pela Eletronorte identificaram os seguintes setores climáticos para a bacia do
Tocantins, conforme Ilustração 2 – Setores Climáticos da bacia do rio Tocantins:

Ilustração 2 – Setores Climáticos da bacia do rio Tocantins

Cametá

Tucuruí

Setor 4
clima quente e úmido
Marabá
Imperatriz

Carolina

Setor 3
clima de transição de
tropical para equatorial

Porto Nacional

Setor 2
clima tropical continental, Peixe
Taguatinga
embora bastante úmido pela Paranã

proximidade equatorial
Posse
Setor 1
tropical continental úmido, com Goianésia
amenizações parciais na época Pirenópolis
Goiás
quente devido à altitude;

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 Setor 1 – Alto Curso do Rio Tocantins (porções das sub-bacias 20 e 21)

Este setor constitui parte integrante do Planalto Central, com elevadas altitudes junto ao
Espigão Mestre e à Serra Geral de Goiás. Seu limite setentrional encontra-se entre os
paralelos 13º e 14º Sul. O clima predominante é de natureza tropical continental úmido, com
amenizações parciais na época quente devido à altitude, com temperatura anual média de
22,5º C. O setor apresenta baixas amplitudes térmicas anuais, em torno de 3º C.

O período quente e chuvoso é bem definido, estabelecendo-se de novembro a março, sendo


dezembro o mais chuvoso (chegando ao nível de 325 mm). O período seco abrange os
meses de junho a agosto, com níveis de precipitação muito baixos, sendo abril a maio e
setembro a outubro os meses de transição. O nível de precipitação anual total chegou a
1.766 mm. Em termos de insolação, o setor apresenta uma média anual de 2.400 horas de
sol, com maior incidência nas épocas de estiagem.

Em relação à Umidade Relativa do Ar, verifica-se uma média anual de 69% nesse setor,
obviamente observando-se os maiores valores nos meses correspondentes ao período
chuvoso. A pressão atmosférica média anual verificada nesse setor é de 920 hPa, as
menores registradas na bacia.
 Setor 2 – Transição ao Médio Tocantins (porções das sub-bacias 20, 21 e 22)

É limitado, ao sul, pelo setor 1 e, o norte, pelo paralelo 11º Sul, aproximadamente na região
da cidade de Porto Nacional. A posição latitudinal deste setor propicia uma influência apenas
indireta da Zona de Convergência Intertropical – ZCIT, o que lhe confere um clima
classificado como tropical continental, embora seja bastante úmido pela proximidade
equatorial, com temperatura média anual de 25ºC. O setor também apresenta baixas
amplitudes térmicas anuais, em torno de 3º C.

O período chuvoso estende-se de outubro a março (com índices pluviométricos


ultrapassando os 300 mm), sendo dezembro e janeiro os meses mais chuvosos. O período
seco segue de junho a agosto (em níveis que chegam próximo a 0), sendo abril e maio e
setembro a outubro os meses de transição. O índice de precipitação anual total chegou a
1.722 mm. Em termos de insolação, o setor apresenta uma média anual de 2.480 horas de
sol, com maior incidência nas épocas de estiagem.

Em relação à Umidade Relativa do Ar, verifica-se uma média anual de 70% nesse setor. Já a
pressão atmosférica média anual verificada nesse setor é de 970 hPa.
 Setor 3 – Médio Tocantins (porções da sub-bacia 22 e 23)

É limitado ao sul pelo Setor 2 e, ao norte, pelo paralelo 8º Sul, aproximadamente na região da
cidade de Colinas do Tocantins. Por sua posição central na bacia, caracteriza-se como um
clima de transição de tropical para equatorial, com temperatura média anual de 26,1ºC. Da
mesma forma que nos demais setores, a amplitude térmica anual é baixa, inferior a 3ºC.

Nessas latitudes, as oscilações da ZCIT já se fazem sentir nitidamente. O período chuvoso


vai de novembro a março, sendo janeiro e fevereiro os meses mais chuvosos. O período seco
vai de maio a setembro, sendo julho o mês mais seco. O índice de precipitação anual total
alcançou 1.668 mm e com média anual de insolação de 2.440 horas. Em relação à Umidade
Relativa do Ar, verifica-se uma média anual de 72% nesse setor. A pressão atmosférica
média anual verificada nesse setor é de 985 hPa.
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 Setor 4 – Baixo Tocantins (porções da sub-bacia 23 e sub-bacia 29)

Ao norte do paralelo 6º Sul o clima é quente e úmido, caracteristicamente equatorial. No


extremo norte do rio Tocantins o período seco reduz-se aos meses de junho, julho e agosto e
o período mais chuvoso vai de dezembro a abril. O índice de precipitação anual total
alcançou os 2.227 mm, com temperatura média anual de 26,2ºC. Esse setor apresentou
amplitude térmica anual ainda mais baixa, inferior a 2ºC. Em termos de insolação, o setor
apresenta uma média anual de 2.080 horas de sol, com maior incidência nas épocas de
estiagem.

Em relação à Umidade Relativa do Ar, verifica-se uma média anual de 79% nesse setor, ou
seja, os maiores índices verificados na bacia. A pressão atmosférica média anual verificada
nesse setor é de 998 hPa, as maiores verificadas na bacia.

Em resumo, pode-se constatar que, de forma geral, as temperaturas médias anuais são
bastante uniformes em toda a bacia do rio Tocantins, tendendo a diminuir um pouco a medida
que aumenta a latitude, variando de 26,4º C ao norte até 22,5º C no extremo norte do Estado
de Goiás. As variações sazonais da pluviosidade atuante constituem o fator climático mais
importante na região da bacia do rio Tocantins. Esta sazonalidade é um dos atributos
climáticos característicos de toda a região, condicionando alternadamente uma extrema
carência de água com abundantes excedentes hídricos.

Em termos da insolação, tem uma variação sazonal marcante, com maior número de horas
de sol nos meses de estiagem, já que a circulação atmosférica de macro-escala praticamente
impede a formação de nuvens nos meses de maio a outubro. A Umidade Relativa do Ar
apresenta um comportamento relativamente homogêneo quanto à sua distribuição, variando
de 67 % no Alto Tocantins e chegando a 87% em seu baixo curso.

Já a evaporação anual situa-se em torno de 1.700 mm na região do alto Tocantins,


decrescendo lentamente ao longo do médio Tocantins até 1.400 mm e chegando a 800 mm
no baixo curso do rio. As informações sobre ventos na região da bacia do Tocantins são
escassas. Na Região os ventos mais freqüentes são os do sul, leste e norte, com freqüências
respectivamente de 9,5%, 7% e 6,2%. Outra indicação é que no médio Tocantins em dois
terços do tempo ocorrem calmarias, com velocidades abaixo de 3,6 km/h. Independente da
direção, a velocidade média situa-se em torno de 7,2 km/h, permitindo classificá-los como
ventos fracos a moderados. A análise do comportamento dos ventos ao longo do ano indica
predominância de ventos do sul e do norte entre os meses de outubro e maio. Nos meses de
junho a setembro predominam os ventos do leste.

1.2. Rede Hidrográfica


A bacia hidrográfica do rio Tocantins situa-se ao norte do paralelo 18º de Latitude Sul e o seu
curso é sub-dividido em três trechos, conforme já mencionado: Alto, Médio e Baixo Tocantins.
O Médio e o Baixo Tocantins estão integralmente situados na Região Norte do território
brasileiro, fazendo parte da Amazônia Legal. O Alto Tocantins, incluindo seus formadores, rio
Maranhão e rio das Almas, está incluído na Região Centro-Oeste.

De acordo com a definição da ANA para a subdivisão de bacias do território brasileiro, a bacia
do rio Tocantins enquadra-se no grupo de mananciais integrantes da Bacia 2, denominada
Região Hidrográfica Araguaia-Tocantins. Esta Região é subdividida em 10 sub-bacias, sendo

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as sub-bacias 20 a 23 e a 29 correspondentes ao rio Tocantins, analisadas no presente


estudo. A Ilustração a seguir apresenta os limites de suas sub-bacias.

Ilustração 3 – Sub-bacias do rio Tocantins

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O rio Tocantins tem seu desenvolvimento no sentido sul-norte, sendo formado pela conjunção
dos rios das Almas e Maranhão, cujas nascentes ocorrem no Planalto de Goiás, em níveis
superiores a 1.000 m. Apresenta uma extensão aproximada de 2.500 km desde suas
cabeceiras até sua desembocadura na Baía de Marajó.

Seu principal tributário é o rio Araguaia (2.600 km de extensão). Na margem direita do


Tocantins destacam-se como seus afluentes os rios Bagagem, Tocantinzinho, Paranã, do
Sono, Manoel Alves Grande e Farinha; na margem esquerda, os rios Santa Teresa e
Itacaiúnas.

O trecho denominado Alto Tocantins tem uma área de drenagem de aproximadamente


127.700 km2 e uma extensão limitada pelo paralelo 12º de latitude sul, próximo ao município
de Peixe, no Estado do Tocantins. Neste trecho, os principais afluentes encontram-se na
margem direita, sendo o de maior porte o rio Paranã, que tem uma área de drenagem de
aproximadamente 65 mil km2. Na margem esquerda, o afluente mais importante é o rio Santa
Teresa, com cerca de 14.600 km2 de área de drenagem. A confluência deste rio com o rio
Tocantins dá-se a poucos quilômetros a jusante da cidade de Peixe, já na região do Médio
Tocantins.

O trecho denominado Médio Tocantins tem início no paralelo 12º de latitude sul e termina
junto à confluência com o rio Araguaia, abrangendo territórios dos estados do Tocantins,
Maranhão e Pará. Neste trecho, os principais afluentes também se encontram na margem
direita, com destaque para os rios Manuel Alves da Natividade (área de drenagem de 14.933
km2), do Sono (área de drenagem de 45.600 km2), Manuel Alves Grande e Farinha. Pela
margem esquerda, os afluentes são de pequeno porte, com exceção do rio Santo Antônio,
que é de médio porte.

O trecho denominado Baixo Tocantins tem início na confluência do rio Araguaia com o rio
Tocantins e abrange todo o trecho do rio Tocantins até a sua desembocadura na Baía de
Marajó. Os principais afluentes são os rios Araguaia e Itacaiúnas, ambos pela margem
esquerda.

1.3. Vazões
A configuração espacial da rede de drenagem da bacia hidrográfica do rio Tocantins é
bastante assimétrica: no Alto e Médio Tocantins, conforme mencionado, os principais
afluentes são todos na margem direita, à exceção do rio Santa Teresa, que desemboca no rio
Tocantins na região de transição entre o Alto e o Médio Tocantins. Já no Baixo Tocantins, os
afluentes principais são o Araguaia e o Itacaiúnas, ambos na margem esquerda do rio.

Para uma melhor caracterização do regime fluvial do rio Tocantins, foram consideradas
algumas estações fluviométricas da rede, cujas vazões aparecem indicadas no gráfico a
seguir.

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Gráfico 1 – Vazão Média do rio Tocantins – m3/s (1931-2004)

30.000,0

25.000,0

20.000,0 Ceres
São Salvador
m³/s

15.000,0
Peixe
10.000,0 Tucurui

5.000,0

0,0
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

Fonte: ONS, 2004

Ao analisar-se o gráfico, observam-se variações de vazão de baixa amplitude no seu alto e


médio cursos ao longo do ano, enquanto em seu baixo curso elas são bem maiores. Essas
variações de vazão, de uma maneira geral, comportam-se de modo semelhante ao longo de
seu curso, começando a aumentar a partir do mês de novembro, tendo seu ápice em
fevereiro, coincidindo com o verão, que marca período de chuvas. Torna a diminuir a partir de
março, época de estiagem.

Por isso denota-se um forte caráter sazonal que define o regime da vazão do rio Tocantins,
obedecendo as características climáticas que se apresentam em seu curso, que são as do
clima Tropical Continental e Equatorial.

Apesar de se delinearem de maneira similar, a curva do gráfico referente à estação


fluviométrica de Tucurui apresenta-se muito díspare das outras em relação a seus números
absolutos, uma vez que já se encontra no bioma Amazônia, onde são registrados índices
pluviométricos muito elevados. Vale ressaltar que todas as outras curvas são de estações
que se encontram à montante da confluência do Rio Tocantins com o rio Araguaia.

O Operador Nacional do Sistema Elétrico – ONS, para as suas funções de planejamento e


programação da operação do Sistema Interligado Nacional – SIN, utiliza séries de vazões
médias mensais para o planejamento de médio e curto prazo, destacando-se a geração de
vazões naturais afluentes aos aproveitamentos e subsistemas eletroenergéticos. Devido ao
horizonte de planejamento, as séries de vazões abrangem tanto os locais de aproveitamentos
em operação, como também aqueles com instalação prevista para até 5 anos.

Em 2005, o ONS publicou as vazões médias mensais, mínimas e máximas para todos os
locais onde foram ou estão sendo instaladas usinas hidrelétricas. As vazões publicadas
abrangem um período de 1931 a 2004 e estão disponíveis para as seguintes usinas
hidrelétricas: Serra da Mesa; Cana Brava; São Salvador; Peixe Angical; Lajeado; Estreito; e,
Tucuruí.

Na tabela a seguir são apresentadas as vazões médias mensais, máximas e mínimas, para
esses locais.

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Tabela 7 - Vazões Médias Mensais, Vazões Mínimas e Máximas (m3/s)

Nome da Usina SB Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Anual
Med 1.445,0 1.667,0 1.529,0 1.079,0 575,0 397,0 300,0 233,0 225,0 324,0 577,0 1.066,0 785,0

Serra da Mesa 20 Min 434,0 432,0 554,0 330,0 215,0 145,0 111,0 97,0 99,0 98,0 216,0 340,0 97,0
Max 3.330,0 6.163,0 3.827,0 3.524,0 1.689,0 976,0 717,0 543,0 517,0 847,0 1.556,0 3.823,0 6.163,0
Med 1.616,0 1.857,0 1.705,0 1.203,0 645,0 448,0 341,0 268,0 257,0 370,0 654,0 1.192,0 880,0

Cana Brava 20 Min 466,0 462,0 597,0 395,0 263,0 193,0 146,0 136,0 106,0 102,0 236,0 381,0 102,0
Max 3.771,0 7.012,0 4.247,0 3.875,0 1.876,0 1.073,0 785,0 596,0 563,0 921,0 1.690,0 4.275,0 7.012,0
Med 1.782,0 2.027,0 1.891,0 1.357,0 724,0 492,0 374,0 295,0 282,0 400,0 715,0 1.326,0 972,0

São Salvador 20 Min 542,0 520,0 685,0 491,0 275,0 222,0 181,0 144,0 111,0 107,0 238,0 419,0 107,0
Max 4.106,0 7.377,0 4.828,0 4.250,0 2.132,0 1.165,0 840,0 637,0 606,0 995,0 1.817,0 4.569,0 7.377,0
Med 3.193,0 3.633,0 3.442,0 2.407,0 1.203,0 801,0 620,0 502,0 483,0 660,0 1.229,0 2.376,0 1.712,0

Peixe Angical 21 Min 974,0 989,0 1.487,0 781,0 549,0 404,0 322,0 276,0 250,0 228,0 357,0 718,0 228,0
Max 8.383,0 12.561,0 8.264,0 7.929,0 4.317,0 2.139,0 1.553,0 1.210,0 1.032,0 1.864,0 3.122,0 8.897,0 12.561,0
Med 4.566,0 5.301,0 5.282,0 3.890,0 1.924,0 1.154,0 835,0 645,0 591,0 825,0 1.614,0 3.236,0 2.489,0

Lajeado 22 Min 1.392,0 1.573,0 2.216,0 1.347,0 875,0 532,0 416,0 335,0 286,0 285,0 437,0 982,0 285,0
Max 11.869,0 15.250,0 12.273,0 10.014,0 6.060,0 2.867,0 1.934,0 1.462,0 1.201,0 2.535,0 4.295,0 10.978,0 15.250,0
Med 7.037,0 8.466,0 8.911,0 7.305,0 4.057,0 2.366,0 1.703,0 1.321,0 1.197,0 1.550,0 2.674,0 4.862,0 4.287,0

Estreito 23 Min 2.998,0 2.740,0 4.243,0 2.871,0 1.972,0 1.175,0 955,0 676,0 585,0 609,0 1.041,0 1.466,0 585,0
Max 15.826,0 22.600,0 18.399,0 15.155,0 10.727,0 5.274,0 3.278,0 2.466,0 2.013,0 3.775,0 6.252,0 13.671,0 22.600,0
Med 15.417,0 20.654,0 24.070,0 23.930,0 15.393,0 7.359,0 4.282,0 3.038,0 2.396,0 2.679,0 4.401,0 8.651,0 11.023,0

Tucuruí 29 Min 5.249,0 7.199,0 10.319,0 12.956,0 7.242,0 3.772,0 2.278,0 1.657,0 1.392,0 1.269,0 1.715,0 2.764,0 1.269,0
Max 35.804,0 44.250,0 51.539,0 49.445,0 31.611,0 14.345,0 7.742,0 5.559,0 4.379,0 5.642,0 10.298,0 18.684,0 51.539,0

Fonte: ONS, 2004

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Para essas séries de vazões do ONS, apresentam-se na Tabela 8 – Características dos


Escoamentos de Superfície no rio Tocantins as características das variações dos
escoamentos superficiais ao longo do curso principal do rio Tocantins.

Tabela 8 – Características dos Escoamentos de Superfície no rio Tocantins

AHE Área Vazão Média Anual Vazão Mínima Vazão Máxima


2
(km )
3 2 3 2 3 2
m /s L/s.km m /s L/s.km m /s L/s.km

Serra da 50.975 785 15,40 97 1,90 6.163 120,90


Mesa
Cana Brava 57.777 880 15,23 102 1,77 7.012 121,36

São 62.601 972 15,53 107 1,71 7.377 117,84


Salvador
Peixe- 127.104 1.712 13,47 228 1,79 12.561 98,82
Angical
Lajeado 184.219 2.489 13,51 285 1,55 15.250 82,78

Estreito 287.800 4.287 14,90 585 2,03 22.600 78,53

Tucuruí 758.000 11.023 14,54 1.269 1,67 51.539 67,99

Fonte: ONS, 2004

De forma complementar, vale dizer que as vazões médias podem ser relacionadas com as
respectivas áreas de contribuição, obtendo-se expressões regionais que permitem estimar os
deflúvios naturais ao longo de todo o curso do rio Tocantins. Os gráficos a seguir apresentas
as vazões médias e mínimas naturais do rio Tocantins.

Gráfico 2 – Vazões Médias Naturais do Rio Tocantins (QLT)

Rio Tocantins - Vazões Médias Naturais (QLT)


4,5

Log(Q) = 0,9752.Log(A) - 1,7074


Log(vazão - m 3/s)

4,0
R2 = 0,9969

3,5

3,0

2,5
4,5 5,0 5,5 Log(área - km 2) 6,0

Fonte: ONS, 2004

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Gráfico 3 – Vazões Mínimas do rio Tocantins

Vazões Mínim as do Rio Tocantins


1.500 3,0

vazão específica
mínima, l/s/km2
2,5
mínima, m3;s
vazão mensal

1.000 2,0

1,5

500 1,0

0,5

0 0,0
0 200.000 400.000 600.000 800.000
vazão mensal mínima vazão específica mínima área de drenagem , km 2

Fonte: ONS, 2004

Uma apreciação geral do potencial hídrico de superfície, baseada nas séries de vazões
médias naturais definidas para alguns locais do rio Tocantins, mostra que:
 As contribuições específicas médias ao longo do Tocantins, do alto ao baixo curso, são
decrescentes, com exceção do trecho a jusante do município de Estreito, onde se
observa uma ligeira tendência de crescimento, sobretudo devida à entrada das
contribuições dos rios do Sono e Manoel Alves Grande;
 O regime fluvial caracteriza-se por apresentar um período de enchentes entre os meses
de novembro a maio, concentrado no trimestre janeiro a março, e o período de estiagem
entre os meses de junho a outubro, sendo que os menores deflúvios ocorrem no
trimestre de julho a setembro;
 As produtividades hídricas nos meses de estiagem, conforme a figura abaixo,
apresentam valores inferiores a 2,0 l/s/km2, decrescendo gradualmente das cabeceiras
(cerca de 1,9 l/s/km2) para jusante. As vazões específicas decrescem para valores da
ordem de 1,5 l/s/km2 próximo à desembocadura do rio do Sono. A partir dessa
confluência a vazão específica tem um acréscimo súbito (para cerca de 2,0 l/s/km2),
voltando a decrescer gradativamente para jusante;
 As produtividades hídricas nos meses de chuvas decrescem gradualmente das
cabeceiras até a foz do rio Tocantins, na Baía de Marajó.

Com o início da operação do reservatório da UHE de Serra da Mesa, houve uma modificação
do regime fluvial do rio Tocantins a jusante do aproveitamento, provocando: (i) a atenuação
dos eventos de cheias pelo controle proporcionado pelas comportas e volume de espera
alocado no reservatório; (ii) o aumento das vazões de estiagem devido à capacidade de
regularização de vazões desse reservatório. Todavia a extensão total desta regularização
ainda não foi constatada, já que o reservatório, até meados de 2006, ainda não se encontra
no seu nível máximo operacional.

Os demais reservatórios do Alto e Médio Tocantins operam a fio d´água, não influindo assim
significativamente na regularização do rio Tocantins.

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1.4. Usos da Água


A Região Hidrográfica Araguaia-Tocantins é a segunda maior região brasileira em termos de
disponibilidade hídrica, apresentando 13.624 m3/s de vazão média (Q), equivalente a 9,6% do
total do Brasil e uma vazão específica média de 14,84 L/s.km2, considerando a área de
918.273 km2 (inclui a bacia do Araguaia e o trecho do extremo norte da bacia do Tocantins).

Na bacia hidrográfica do Tocantins como um todo, as demandas hídricas para os diversos


usos dos recursos hídricos, o consumo e as vazões retornadas pelo lançamento de efluentes
totalizam, respectivamente, 19,6 m³/s, 6,9 m³/s e 12,7 m³/s.

As discretizações e particularidades relativas a cada um dos setores de usuários na Bacia do


Rio Tocantins são apresentadas nos tópicos a seguir.

1.4.1. Usos Consuntivos

1.4.1.1. Captações para Abastecimento Público

O fornecimento de água nos Estados que compõem a bacia do rio Tocantins é realizado por
quatro empresas: SANEATINS - Companhia de Saneamento do Estado do Tocantins;
SANEAGO – Saneamento de Goiás; CAEMA – Companhia de Águas e Esgotos do
Maranhão; e COSANPA – Companhia de Saneamento do Pará.

O abastecimento domiciliar nas áreas urbanas é suprido na sua maior parte pelas empresas
de saneamento básico, através de captações em mananciais superficiais ou subterrâneos.
Segundo dados da FIBGE, a quantidade de domicílios ligados às redes de abastecimento
público é da ordem de 86,9% (cerca de 80% da população conforme informação anterior),
patamar pouco inferior ao observado no Brasil (89,8%).

A população não atendida pelos serviços públicos, em geral, abastece-se de água


principalmente pela utilização de poços ou nascentes e, em pequena proporção, por outras
fontes. Encontram-se nesta situação 11,1% (poços ou nascentes) e 2,0% (outras fontes) dos
domicílios da bacia.

Nas sub-áreas correspondentes aos Estados de Goiás e Maranhão, os domicílios atendidos


encontram-se em patamares similares aos observados no Brasil, com 86,1% e 88,4%
respectivamente. No Maranhão, Imperatriz (sub-bacia 23) é a maior cidade situada na bacia,
com 51.658 domicílios, sendo que 92% deles têm fornecimento de água via rede. Em Goiás,
as principais cidades, Porangatu, na sub-bacia 22 (9.1879 domicílios), Uruaçu,(8.345
domicílios) e Minaçu (7.746 domicílios), na sub-bacia 20, têm respectivamente 71,7%, 74,8%
e 96,0% dos domicílios atendidos pela rede geral.

1.4.1.2. Dessedentação Animal e Irrigação

A pecuária é ainda a principal atividade dentro do setor rural, em função da extensão


ocupada. As áreas destinadas a pastagens são preponderantes em relação a outros usos do
solo. Segundo os dados do Censo Agropecuário, em 1995, no Estado do Tocantins as
pastagens (plantadas e naturais) correspondiam a 11.078.155 ha, o que representava cerca
de 69% de sua área total. Situação semelhante acontecia no Maranhão, nas regiões de
Imperatriz e Porto Franco (55,9%), ambos municípios situados na sub-bacia 23 e no Norte

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Goiano (73,1%). Apesar das melhorias tecnológicas observadas nos últimos anos, há, ainda,
um predomínio da produção semi-extensiva.

Na ausência de dados mais precisos, as demandas hídricas para dessedentação animal


podem ser estimadas por métodos indiretos, que associem índices médios de consumo ao
efetivo dos rebanhos. Os índices usualmente utilizados são: 9,0 l/d para consumo de bovinos,
1,5 l/d para consumo de suínos, 0,1 l/d para consumo de aves. Considerando o efetivo de
rebanhos apresentado pela FIBGE em 2002 na pesquisa da Produção da Pecuária Municipal,
conforme Tabela 9 - Efetivo de Rebanhos na Bacia do rio Tocantins, e os índices referidos,
podem ser estimadas as demandas para dessedentação animal na bacia do rio Tocantins,
que totalizam um consumo pouco inferior a 1,0 m3/s.

Tabela 9 - Efetivo de Rebanhos na Bacia do rio Tocantins

Bovino Suíno Eqüino Asinino Muar Bubalino Ovino Caprino Aves


Efetivo 6.450.863 283.694 156.036 19.987 51.449 8.312 58.392 24.049 3.153.901

Fonte: FIBGE Produção da Pecuária Municipal 2002.

A modernização e os investimentos na agricultura são elementos recentes na bacia, com


destaque para o PRODECER III - Programa de Desenvolvimento do Cerrado, localizado no
município de Pedro Afonso, incorporando 40.000 ha de cerrado à produção de grãos,
principalmente soja e milho. Assim, as lavouras, ainda que importantes, ocupam áreas
reduzidas se comparadas às das pastagens. O Censo Agropecuário de 1995 indicava que,
para aquele ano, no Estado do Tocantins, a área ocupada pelas lavouras (temporárias e
permanentes) representava pouco menos de 1,7% da área utilizada.

No entanto, a Região Hidrográfica do Tocantins-Araguaia apresenta grande potencialidade


para a agricultura irrigada, especialmente para o cultivo de frutíferas, de arroz e outros grãos
(milho e soja). Atualmente, a necessidade de uso de água para irrigação corresponde a 66%
da demanda total da região e concentra-se na sub-bacia do Araguaia devido ao cultivo de
arroz por inundação. A área irrigável (por inundação e outros métodos) é estimada em
107.235 hectares.

Em função da disponibilidade de terras aptas, a agricultura irrigada é uma atividade que, hoje,
representa 66% da demanda total da região hidrográfica, ainda com grande potencial de
expansão. No ano de 1996, a área irrigada na bacia do Tocantins era de 39.857 ha.

1.4.2. Usos não-Consuntivos

1.4.2.1. Navegação

O curso do rio Tocantins apresenta condições boas de navegabilidade, mas atualmente


apresenta descontinuidades quanto aos trechos navegáveis, seja em função de restrições de
caráter natural (como corredeiras ou cachoeiras) ou antrópico (resultados de intervenções ou
empreendimentos ao longo do curso do rio). Dessa maneira, o aproveitamento atual utiliza
soluções intermodais, combinando os diversos estirões navegáveis conectados a outros
modos de transporte.

O rio Tocantins, em 715 km, da foz a Imperatriz, no Maranhão, oferece boas condições de
navegabilidade. Há, entretanto, uma descontinuidade no km 280, representada pela não
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conclusão das obras de implantação das eclusas da AHE Tucuruí. O trecho do rio, na
extensão de Abaetetuba (PA) a Tucuruí (PA), é navegável durante todo o ano, para
embarcações com calado de até 2,50 m, sendo que da foz até Cametá (PA) pode ser
utilizado por embarcações marítimas. Em Tucuruí a navegação é interrompida num estirão de
7 km, onde estão sendo realizadas as obras das eclusas de Tucuruí, e do canal de
navegação de 5,50 km que as interliga.

Do lago da barragem de Tucuruí, até a cidade de Marabá, no Pará, numa extensão de 215
km, o rio Tocantins pode ser navegado por embarcações de grande porte, havendo alguma
restrição no trecho a montante de Praia Alta, no km 440, em situações de deplecionamento
mais severo dos níveis daquele lago. No percurso para montante, a navegação pelo rio
Tocantins chega até o porto de Imperatriz (cerca de 180 km), suportando embarcações com
calado de até 1,90 m (operação restrita a cerca de 50% do tempo).

De Imperatriz até Porto Franco (MA), o rio Tocantins não é considerado navegável. Nesse
trecho está prevista a construção, a montante de Imperatriz, da barragem de Serra Quebrada,
a qual deverá ser provida de eclusas, o que permitirá a continuidade da navegação para
montante, até a barragem da usina hidrelétrica Luiz Eduardo Magalhães (AHE Lajeado), onde
já se encontra em construção a eclusa, o que torna viável o acesso da navegação à cidade
de Palmas. Na UHE Peixe Angical também está prevista construção de uma eclusa, faltando
assim somente a eclusa da UHE Tocantins (antiga Ipueiras) para tornar a hidrovia navegável
com comboios de porte desde Belém até a cidade de Paranã.

Com a construção da barragem da usina hidrelétrica Luiz Eduardo Magalhães, na localidade


denominada Lajeado, se provida de eclusas,.

1.4.2.2. Geração de Energia

O potencial hidrelétrico da região hidrográfica do Tocantins-Araguaia, segundo o Plano


Decenal de Energia Elétrica 2006-2015, é de 26.285 MW. O potencial hidrelétrico instalado
na bacia do rio Tocantins totaliza 6.981 MW, distribuídos em 28 centrais hidrelétricas, com
destaque para Tucuruí, localizada no baixo Tocantins, e as usinas Serra da Mesa, Cana
Brava e Luis Eduardo Magalhães (Lajeado), localizadas no alto e médio Tocantins.

A Tabela 10 – Usinas Hidrelétricas em Operação apresenta as usinas hidrelétricas em


operação no curso do rio Tocantins, que integram o Sistema Interligado Nacional.

Tabela 10 – Usinas Hidrelétricas em Operação

Sub-bacia Potência
Usina Rio Estado
(MW)
Serra da Mesa 20 Tocantins GO 1.275
Cana Brava 20 Tocantins GO 465
Peixe Angical 21 Tocantins TO 452
Luís Eduardo Magalhães (Lajeado) 22 Tocantins TO 902
Tucuruí 29 Tocantins PA 8.370
TOTAL 11.464

Fonte: Sistema de Informações do Potencial Hidrelétrico Brasileiro - SIPOT , Jun/2004


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1.4.2.3. Diluição e Afastamento de Efluentes

O índice de atendimento para os serviços de coleta de efluentes domésticos configurado para


o total dos municípios que dispõe de sistemas públicos de abastecimento de água é de
apenas 2%. É de se esperar, portanto, um quadro em que a maioria dos municípios esteja
desprovida desse tipo de serviço, sendo potencial a busca por soluções individuais para a
disposição final dos efluentes, constatando-se como mais freqüentes as alternativas de
disposição em fossas sépticas e, em muito menor grau, o lançamento em corpos d’água.

Apesar do baixo índice de atendimento (2%), dos efluentes coletados, uma grande parcela é
encaminhada para tratamento em ETEs (cerca de 74%).

1.4.3. Balanço entre Disponibilidade e Demanda Hídrica


A Região Hidrográfica do Tocantins - Araguaia é a segunda maior região brasileira em termos
de disponibilidade hídrica, com vazão média de 13.625 m³/s, o que equivale a 8% do total do
País. Essa vazão corresponde a uma produtividade específica média de 14,8 l/s/km2, sendo
praticamente equivalente àquela identificada na Bacia do Tocantins, com 14,7 l/s/km2.

A vazão de estiagem da Região Hidrográfica, considerada como sendo a vazão com


permanência de 95% (Q95), é de 2.517 m³/s, valor que corresponde a 3% do total das
disponibilidades de tempo seco do País, sendo a da bacia de 1.170 m3/s. A disponibilidade
hídrica per capita é elevada na região hidrográfica, de 59.858 m3/ha/ano, sendo ainda
superior quando se analisa isoladamente os dados da bacia do Tocantins, chegando a
66.206 m3/ha/ano. Os dados de disponibilidade hídrica são apresentados na Tabela 11 -
Disponibilidade Hídrica na bacia do rio Tocantins e na Região Hidrográfica Tocantins-
Araguaia a seguir.

Tabela 11 - Disponibilidade Hídrica na bacia do rio Tocantins e na Região Hidrográfica


Tocantins-Araguaia

Unidade Área P E Disponibilidade hídrica Per capita


Hidrográfica
Q q Q95 3
(km2) (mm) (mm) (mm) (m /ha/ano)
(m3/s) (L/s/km2) (m3/s)

Tocantins 380.834 1.699 1.237 5.579 14,7 1.170 3,1 66.206

Total da
Região 921.921 1.839 1.373 13.625 14,8 2.517 2,7 59.858
Hidrográfica
% do Brasil 11 --- --- 8 --- 3 --- ---

Fonte: Plano Nacional de Recursos Hídricos – PNRH / Agência Nacional de Águas – ANA.
Notas: P: Precipitação média anual; E: Evapotranspiração real; Q: Vazão média de longo período; q:
Vazão específica; Q95: Vazão com permanência de 95%

De acordo com a SRH/MMA, 2005, o balanço entre a disponibilidade hídrica e a demanda de


água na bacia hidrográfica do rio Tocantins está resumido na tabela a seguir.

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Tabela 12 - Balanço Hídrico

Sub-divisão Sub-divisão Demanda Vazão Q95 Demanda/Disponibilidade Demanda/Disponibilidade


3
Hidrográfica hidrográfica total média (m /s) 1 (%) 2 (%)
3
1 2 (m /s) acumulada
3
(m /s)

Alto Alto Tocantins 8,376 782,0 163,6 1,07 5,12


Tocantins Santa Teresa 0,744 182,2 38,1 0,41 1,95
Paranã 3,01 1.998,0 216,1 0,15 1,39

Médio Manuel Alves 0,187 199,3 35,9 0,09 0,52


Tocantins Lajeado 1,434 2.547,1 63,0 0,06 2,28
Sono 0,439 777,5 181,4 0,06 0,24
Estreito 3,755 4.527,0 280,6 0,08 1,34

Baixo Tucuruí 1,966 11.006,1 183,1 0,02 1,07


Tocantins Baixo Tocantins 0,369 11.091,5 16,1 0,00 2,29

TOTAL 20,28 33.110,7 1.177,9 - -

Fonte: SRH / MMA, 2005


Dem = Demanda (total das vazões retiradas para usos consuntivos)
Disp.1 = Disponibilidade (vazão média de longo período acumulada de montante para jusante)
Disp.2 = Disponibilidade (vazão com permanência de 95%)

Os índices de balanço hídrico foram classificados pela ANA em 2005, conforme Tabela 13 –
Índices de Balanço Hídrico (%) a seguir:

Tabela 13 – Índices de Balanço Hídrico (%)

Inferior a 5 Excelente

De 5 a 10 Confortável

De 10 a 20 Preocupante

De 20 a 40 Crítica

Superior a 40 Muito crítica

Fonte: ANA, 2005

Na bacia hidrográfica do rio Tocantins, em termos médios anuais, a relação entre demanda
total e disponibilidade de água não alcança 5%, condição em que a água é considerada um
bem livre, quando considerada a vazão média de longo período acumulada de montante para
jusante. Para a vazão com permanência em 95% do tempo, a situação é confortável no Alto
Tocantins e excelente no Médio e Baixo Tocantins.

Diante deste quadro, atualmente, para o conjunto da bacia, os potenciais conflitos pelo uso
múltiplo da água não se referem às questões quantitativas, podendo ocorrer problemas
pontuais, em nível localizado.

A demanda de água corresponde à vazão de retirada, ou seja, a água captada destinada a


atender aos diversos usos consuntivos, da qual, parte retorna ao ambiente hídrico. Os
principais usos consuntivos são, em grande parte, para irrigação (47% do total), seguidos de
criação animal (28%), urbano (17%), rural (4%) e industrial (4%).

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1.5. Transporte de Sedimentos


Para a avaliação do transporte de sedimentos na Bacia do Rio Tocantins será tomado como
base o recente trabalho desenvolvido através do convênio Embrapa / ANEEL / ANA. Nesse
trabalho foram utilizados dados de estações sedimentométricas em operação na Bacia, cuja
espacialização aproximada aparece no perfil esquemático da Ilustração 4 - Estações
Sedimentométricas – Localização Esquemática a seguir.

Ilustração 4 - Estações Sedimentométricas – Localização Esquemática


Miracema doTocantins

Tucuruí - Jusante
Rio Araguaia
Tupiratins

Carolina

Marabá
Peixe

Rio Tocantins

Itupiranga
Rio do Sono

Paranã Porto Real


Rio Paranã

Fonte: Embrapa / ANEEL / ANA

Para todas as localidades acima, conforme o estudo citado, foram desenvolvidas as curvas-
chave de transporte sólido (relação funcional entre vazão líquida e vazão sólida do curso
d’água). Com as curvas-chave do transporte sólido aplicadas às séries de vazões definidas
para as mesmas localidades (através de dados do monitoramento fluviométrico), foram
determinadas as respectivas séries de dados do transporte sólido. Para as séries de vazões
líquidas e sólidas, resultaram as características apresentadas na Tabela 14 – Transporte de
Sólidos segundo as Estações Identificadas na Bacia.

Tabela 14 – Transporte de Sólidos segundo as Estações Identificadas na Bacia

2 3 2 2
Estações / Localidade Área (km ) m /s l/s/km t/dia t/km .ano mg/l

Paranã 58.013 683 11,8 12.234 77 207

Peixe 130.052 1.880 14,5 20.681 58 127

Miracema do Tocantins 186.834 2.258 12,1 30.695 60 157

Porto Real 44.910 713 15,9 6.697 54 109

Tupiratins 243.841 3.401 13,9 36.793 55 125

Carolina 276.520 4.029 14,6 34.289 45 98

Tocantinópolis 290.570 4.553 15,7 37.425 47 95

Marabá 690.920 10.618 15,4 43.564 23 47

Itupiranga 727.900 11.216 15,4 46.737 23 48

Tucuruí 742.300 10.981 14,8 8.388 4 9

Fonte: Embrapa / ANEEL / ANA

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Os valores característicos resultantes para o transporte sólido são explorados no Gráfico a


seguir.

Gráfico 4 – Transporte de Sedimentos

50.000

40.000
Qss - t/dia

30.000

20.000

10.000

0
1800 1600 1400 1200 1000 800 600 400 200 0
distância a foz - km
Rio Tocantins Tributário

Fonte: Embrapa / ANEEL / ANA

Conforme se verifica na figura acima, os pontos consecutivos com aumento do fluxo de


sedimentos (tendências representadas pelas setas amarelas) indicam que a produção de
sedimentos no trecho (da área incremental) é superior à quantidade que se deposita ao longo
do escoamento. Se entre dois pontos consecutivos ocorre a igualdade, os dados mostram
que não há incrementos das taxas e que isto se deve ao fato de que a deposição no trecho
se iguala à produção de sedimentos da área incremental. Finalmente, quando ocorre
diminuição das taxas, configura-se um trecho francamente de deposição de sedimentos.

As zonas de deposição ocorrem entre as localidades de Tupiratins e Carolina e no trecho a


jusante de Itupiranga. Quanto ao primeiro trecho, a zona de deposição caracterizada explica-
se, em grande parte, por constituir a região de confluência dos rios Tocantins e Araguaia,
onde os efeitos de remanso devem influenciar o escoamento nas calhas a montante,
propiciando a sedimentação.

A zona de deposição configurada no baixo curso do rio Tocantins, ocorre, fundamentalmente,


no reservatório de Tucuruí, conforme se verifica no gráfico a seguir. Vale ressaltar que os
efeitos neste trecho são marcantes, reduzindo, sensivelmente, o transporte sólido em direção
ao baixo curso do rio.

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Gráfico 5 – Descargas Sólidas no rio Tocantins

100
Qss - t/km2.ano

80
60
40
20
0
1800 1600 1400 1200 1000 800 600 400 200 0

Rio Tocantins distância a foz - km Tributário

Fonte: Embrapa / ANEEL / ANA

A descarga sólida específica ao longo do rio Tocantins, conforme gráfico acima, mostra
valores que o classificam como de “baixo” fluxo de sedimentos (valores abaixo de 70
t/km2.ano). Apenas o afluente rio Paranã é enquadrado na categoria “médio” fluxo de
sedimentos.

Gráfico 6 – Concentração média de sedimentos em suspensão

250
200
Qss - mg/l

150
100
50
0
1800 1600 1400 1200 1000 800 600 400 200 0

Rio Tocantins distância a foz - km Tributário

Fonte: Embrapa / ANEEL / ANA

Finalmente, quanto à concentração média de sedimentos em suspensão no curso do rio


Tocantins, conforme gráfico acima, o trecho a montante da confluência com o rio Araguaia
tem uma variação muito pequena, entre 100 e 200 mg/L, cuja classificação vai de “moderada”
a ligeiramente “alta”. A jusante da confluência, as concentrações passam a “baixas”,
chegando a sua foz com a água praticamente livre de sedimentos.

1.6. Águas subterrâneas


1.6.1. Caracterização Hidrogeológica
Dados referentes à caracterização hidrogeológica da área em questão são relativamente
escassos, somente os Estados de Goiás, Distrito Federal, Tocantins e Maranhão apresentam
alguns poucos estudos preliminares. Informações relativas aos sistemas aqüíferos presentes
na região foram basicamente compiladas dos relatórios da Agência Nacional de Águas - ANA,
IBGE, Secretaria de Recursos Hídricos, Projeto de Desenvolvimento Integrado da Bacia do
Araguaia-Tocantins - PRODIAT e do Mapa Hidrogeológico do Brasil, elaborado pela CPRM
(CPRM, 1981; Ministério do Interior, 1985; IBGE, 1997; ANA e MMA, 2005; Secretaria de
Recursos Hídricos, 2005).

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Hidrogeologicamente, a área que compreende a Bacia Hidrográfica do Tocantins pode ser


compartimentada em quatro grandes domínios, a saber: embasamento cristalino Pré-
Cambriano e as Bacias sedimentares do São Francisco, Parnaíba e do Amazonas, conforme
será melhor detalhado no item Erro! Fonte de referência não encontrada.. A maioria dos
reservatórios hídricos da área está associada a aqüíferos porosos desenvolvidos em
unidades sedimentares que, em linhas gerais, predominam a leste e norte da área de
interesse.

Toda a porção central da Bacia Hidrográfica do Rio Tocantins é constituída por unidades do
embasamento cristalino. Este é basicamente composto por rochas ígneas e metamórficas
pertencentes a terrenos Arqueanos e Proterozóicos. Não existem muitas informações sobre o
potencial hidrogeológico desta unidade, mas em linhas gerais, este pode ser considerado
muito baixo.

Dentre as bacias sedimentares que ocorrem na região, a do Parnaíba é a maior de todas,


apresentando área total de cerca de 700.000 km2 e espessura do pacote de sedimentos de
3.000 m. Em suas formações paleozóicas e mesozóicas, comumente compostas por litotipos
terrígenos, desenvolveram-se os maiores aqüíferos regionais, como Itapecuru, Corda-Grajaú,
Motuca, Poti-Piauí e Cabeças. Estes sistemas, em sua maior parte, ocorrem sob a forma
confinada intercalados com unidades impermeáveis que funcionam como aquitardes. A Bacia
do Parnaíba é considerada uma das mais importantes províncias hidrogeológicas do país,
contando com um volume hídrico estimado de 17.500 km3. Suas águas subterrâneas
comumente são de boa qualidade e são utilizadas pela população de grandes cidades na
região. O intervalo de vazão nos poços varia muito em função do aqüífero explotado, mas
oscila entre valores mínimos de 10 m3/h até máximos de 1.000 m3/h.

A Bacia do Amazonas está localizada no norte da região de interesse e possui área de


aproximadamente 1.300.000 km2. Suas formações predominantemente siliciclásticas,
desenvolvem sistemas aqüíferos de grande porte, haja vista que o volume de água
armazenado na bacia toda é de cerca de 32.500 km3. Sua importância no âmbito nacional é
enorme, pois grandes centros urbanos dependem da explotação de seus recursos hídricos.
Dados históricos de poços de extração perfurados nos sistemas aqüíferos Barreiras e Alter do
Chão indicam intervalo de vazão entre 10 – 400 m3/h.

As unidades da Bacia do São Francisco ocorrem na porção sudeste e leste da região e são
representadas por formações sedimentares pertencentes ao Grupo Bambuí, ocupando uma
área total de 9.660 km2. O predomínio de rochas calcárias e mármores propiciou o
desenvolvimento de processos cársticos intensos e, com isso, a formação de um grande
sistema aqüífero do tipo fraturado. O potencial hídrico desta unidade é considerado bom e
suas águas localmente apresentam dureza muito alta.

De modo geral, a utilização de recursos hídricos em toda a extensão da Bacia Hidrográfica do


Rio Tocantins pode ser considerada baixa, salvo em certas regiões, como é o caso da
Província São Francisco, a nordeste do Estado de Goiás. Com o crescimento dos grandes
centros urbanos, em especial a partir das décadas de 70 e 80, a explotação e o consumo de
águas subterrâneas aumentou consideravelmente (Ministério do Interior, 1985). Hoje em dia,
nota-se o crescimento na demanda por águas subterrâneas, como nas regiões do nordeste e
sudoeste goiano e em algumas áreas no Estado do Maranhão (IBGE, 1997).

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Apesar de um movimento de aumento no consumo, os métodos de extração aplicados mais


comuns são pouco produtivos, baseando-se principalmente na utilização de poços tubulares
profundos (até 300 m), em geral precários, apresentando curta vida útil e produtividade baixa
(Secretaria de Recursos Hídricos, 2005).

Com o crescimento na explotação de recursos hídricos subterrâneos, começaram a vir à tona


alguns problemas, a maioria relacionada ao aumento de grandes núcleos populacionais,
incremento nas atividades industriais e agrícolas, disposição de lixões em áreas inadequadas
e expansão de áreas de garimpo (Secretaria de Recursos Hídricos, 2005). Outro problema
que atinge os sistemas aqüíferos da Bacia Hidrográfica do Rio Tocantins é a retirada da
cobertura vegetal, incrementando o escoamento superficial e inibindo a infiltração e o
armazenamento de águas meteóricas em reservatórios subterrâneos (IBGE, 1997).

Na área de interesse, estão presentes nove sistemas aqüíferos principais distribuídos nas
quatro mencionadas províncias geológicas, sendo que a maioria não é exclusiva da Bacia
Hidrográfica do Rio Tocantins. Apesar de não haver uma correspondência direta entre os
padrões de drenagens superficiais e aqüíferos subterrâneos, a associação de parâmetros
geológicos e hidrogeológicos a partir destas unidades permitem sistematizar os dados de
maneira mais funcional.

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Ilustração 5 – Ocorrência dos Sistemas Aqüíferos na Bacia Hidrográfica do Rio


Tocantins

Baixo Potencial
Hidrogeológico

Previamente à descrição, em detalhe, de cada sistema em separado, englobando suas


características geológicas, hidrogeológicas, químicas e de explotação e uso, apresenta-se a
Tabela 15 – Descrição do Potencial Hidrogeológico das sub-bacias do rio Tocantins a seguir
com as características de cada sub-bacia.

Tabela 15 – Descrição do Potencial Hidrogeológico das sub-bacias do rio Tocantins

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Sub- Potencial
Domínio Unidade Geológica Sistema Aqüífero
Bacia Hidrogeológico
Embasamento Terrenos metamórfico e ígneos
20 cristalino pré-cambrianos
- Muito Baixo

Bacia do São Grupo Bambuí e formações Bambuí e Urucuia-


21 Francisco Urucuia e Areado Areado
Intermediário a alto

Bacia do São
Formações Urucuia, Areado, Poti, Urucuia-Areado, Poti-
22 Francisco e Bacia
Piauí e Cabeças Piauí e Cabeças
Alto
do Parnaíba
Poti-Piauí, Cabeças,
Formações Poti, Piauí, Cabeças,
23 Bacia do Parnaíba
Corda e Itapecuru
Motuca, Corda e Alto
Itapecuru
Bacia do Parnaíba Restrito, em função da
Formações Itapecurus, Barreiras Itapecuru, Barreiras e
29 e Bacia do
e Alter do Chão Alter do Chão
pequena faixa de ocorrência
Amazonas de aqüíferos

Aqüífero Alter do Chão: ocorre em uma pequena área a norte da bacia do rio Tocantins, na
sub-bacia 29. Apresenta cerca de 3,6% de sua recarga nesta região e desenvolveu-se em
rochas sedimentares cretáceas depositadas em sistemas continentais. Esta unidade é
largamente explorada nas grandes cidades do norte do Brasil como Manaus, Belém e
Santarém. Nessas áreas urbanas, por encontrar-se geralmente sob condições livres, ou semi-
confinadas com níveis de água muito rasos, apresenta explotação não racional associada a
altos índices de contaminação. Salvo estas situações, a água deste sistema é considerada
boa para o consumo, apresentando pH de 4,8, total de sólidos dissolvidos comumente
menores que 100 mg/L e teor de dureza de cerca de 0,36 e 28,03 mg/L de CaCO3 (ANA e
MMA, 2005). No local, poços de extração chegam a atingir vazões máximas de até 300 m3/h
(Souza & Verma, 2006).

Aqüífero Barreiras (PA/MA): encontra-se no extremo norte da área, próximo à foz do rio
Tocantins, na Ilha de Marajó, na sub-bacia 29, onde apresenta cerca de 6,4% de sua área de
recarga (Secretaria de Recursos Hídricos, 2005). A unidade ocorre em rochas sedimentares
terciárias pertencentes à formação Barreiras, compostas por arenitos e conglomerados
heterogeneamente distribuídos. Parte do aqüífero ocorre em sedimentos aluviais e eólicos
quaternários inconsolidados, caracterizando depósitos altamente porosos e permeáveis e
ótimos reservatórios. Poços com profundidades entre 25 a 220 m, que extraem água nesta
unidade, comumente produzem vazões de 18 até 135 m3/h (IBGE, 1997). O aqüífero
Barreiras tem grande participação no abastecimento de águas adequadas ao consumo,
principalmente em grandes centros urbanos como Belém.

Aqüífero Itapecuru: está localizado a nordeste da área, nos Estado do Pará e Maranhão,
nas sub-bacias 29 e 23. Apresenta cerca de 5% de sua recarga na área de interesse, a qual
é realizada pela infiltração direta da chuva e pelos rios locais. Do ponto de vista geológico, o
sistema é composto por camadas de arenitos finos argilosos, intercaladas com níveis de
siltitos e argilitos, ocasionalmente apresentando lentes conglomeráticas. Devido à grande
quantidade de litotipos pelíticos, o aqüífero Itapecuru apresenta potencial exploratório de
médio a fraco. Os poços de explotação locados nesta unidade comumente apresentam
profundidades entre 30 e 100 m e vazões oscilando entre 5 e 12 m3/h, excepcionalmente
atingindo 40 m3/h (IBGE, 1997). As águas em sua maioria são carbonatadas-cloretadas, com
predominância de águas tipo sódica (ANA e MMA, 2005). O sistema Itapecuru é o aqüífero

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mais explorado do Estado do Maranhão, sendo utilizado para abastecimento doméstico em


São Luís e dessedentação de animais no interior do Estado.

Aqüífero Corda: localiza-se na porção nordeste da área de estudo (estados do Maranhão e


Tocantins, na sub-bacia 23) e apresenta 0,9 % de sua recarga na região hidrográfica
(Secretaria de Recursos Hídricos, 2005). Encontra-se desenvolvido em sucessões
sedimentares paleozóicas da Bacia do Parnaíba, constituídas basicamente por camadas de
quartzo, arenitos de granulação fina a média, intercalados com pacotes de folhelhos e
argilitos. O aqüífero Corda ocorre sob as formas livre, semi-confinado e confinado e
apresenta bom potencial exploratório, por ter vazões entre 10 e 20 m3/h e nível estático
médio da ordem de 25 m. Os poços que exploram esta unidade apresentam profundidades
médias a cerca de 150 m, podendo atingir 480 m devido a variações topográficas (IBGE,
1997).

Aqüífero Motuca: ocorre em uma faixa irregular e restrita, localizada a nordeste da área de
interesse, na sub-bacia 23. É uma unidade com aproximadamente 130 m de espessura
associada a seqüências predominantemente pelíticas, composta por pacotes de folhelhos,
siltitos e secundariamente arenitos finos. Estas características justificam o baixo potencial
hidrogeológico deste aqüífero. A restrita extração de água nesta unidade é feita através de
poços manuais de no máximo 20 m, que atingem somente os níveis mais superiores do
lençol (IBGE, 1997).

Aqüífero Cabeças: ocorre no estado de Tocantins em uma estreita faixa contínua a leste, na
sub-bacia 22, apresentando aproximadamente 0,6% de sua recarga na área de interesse.
Apresenta espessuras da ordem de 90 a 120 m e ocorre sob forma livre ou semi-confinada,
localmente a profundidades superiores a 1.500 m. Está desenvolvido em unidades
sedimentares de idade Devoniana da Bacia do Parnaíba, compostas por arenitos finos a
médios, apresentando altos valores de porosidade e permeabilidade. Estas características
conferem-lhe a propriedade de ótimo reservatório para água subterrânea e de melhor
potencial hidrogeológico na Bacia do Parnaíba (IBGE, 1997; Magna, 2001). O aqüífero
Cabeças apresenta águas de boa qualidade, cloretadas mistas e cloretadas magnesianas,
fracamente mineralizadas, normalmente exploradas para uso doméstico e irrigação (ANA-
MMA, 2005).

Aqüífero Poti-Píauí: O aqüífero Poti-Piauí ocorre em uma faixa localizada a leste da Bacia
Hidrográfica do Rio Tocantins, na sub-bacia 22, e apresenta 3,4 % de sua recarga na região
(117.012 km² em área). É constituído pelas formações sedimentares carboníferas Poti e
Píauí, caracterizadas por arenitos finos a médios, intercalados com camadas de folhelhos,
siltitos e ocasionalmente conglomerados (Magna Engenharia, 2001). As formações Poti e
Píaui apresentam espessuras de 200 e 280 m, respectivamente e, do ponto de vista
hidrogeológico, funcionam como uma só unidade (IBGE, 1997). O aqüífero Poti-Piauí é do
tipo poroso e ocorre predominantemente sob condição livre (Secretaria de Recursos Hídricos,
2005), constituindo um sistema com potencial de armazenamento hídrico elevado, cujas
vazões são da ordem de 18 m3/h. Suas águas são consideradas de boa qualidade e são
destinadas principalmente para uso doméstico. Análises químicas realizadas evidenciaram
teores de resíduo seco médio da ordem de 200 mg/L (ANA e MMA, 2005).

Aqüífero Urucuia-Areado: Ocorre na porção leste e apresenta 2,3 % de sua recarga na área
de interesse. A unidade ocorre em rochas sedimentares mesozóicas constituídas por
intercalações de camadas de arenitos finos e argilitos, que foram depositados sobre o Grupo
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Bambuí. O aqüífero Urucuia-Areado possui em média 300 m de espessura e pode ser


considerado do tipo poroso, ocorrendo sob condição livre. A média das vazões registradas
nos poços de explotação gira em torno de 10,4 m3/h. As águas do sistema Urucuia-Areado
são consideradas de boa qualidade e pouco mineralizadas, predominando as do tipo
bicarbonatadas cálcicas, com condutividade elétrica média de 82,2 µS/cm, e pH próximo ao
neutro ou levemente alcalino (ANA e MMA, 2005).

Aqüífero Bambuí: ocorre a leste da área, nos Estados de Goiás e Tocantins, na sub-bacia
21, e apresenta recarga de cerca de 3,2% (181.868 Km² em área) na região da Bacia
Hidrográfica do Rio Tocantins (IBGE, 1997). É caracterizado por aqüíferos do tipo fraturado e
cárstico, devido à presença de litotipos calcários e sedimentares metamorfisados,
pertencentes ao Grupo Bambuí. Devido às características de suas rochas, comumente as
águas do sistema Bambuí apresentam elevada dureza e alta porcentagem de particulados
sólidos dissolvidos (ANA e MMA, 2005; Secretaria de Recursos Hídricos, 2005). Os poços de
explotação locados nesta unidade, em geral apresentam vazões da ordem de 14 m³/h e
profundidades médias em torno de 85 m. As águas do sistema Bambuí são utilizadas para a
dessedentação de animais e para consumo humano em pequena escala.

Domínio do Embasamento Cristalino: A maior parte da Bacia Hidrográfica do Rio


Tocantins, com destaque para a sub-bacia 20, é composta por unidades do embasamento
pertencentes ao Cráton Amazônico e a Faixa Móvel Paraguai-Araguaia. Estas, em linhas
gerais, são terrenos metamórficos e ígneos de idade arqueana e proterozóica, constituídos
por seqüências do tipo Greenstone Belts, rochas vulcano-sedimentares, unidades de alto
grau metamórfico e complexos granito-gnáissicos. Devido à baixa porosidade e
permeabilidade dos litotipos que compõem o embasamento, pode-se afirmar que o potencial
hídrico desta unidade é muito baixo. O padrão de infiltração de águas meteóricas em
sistemas de juntas e fraturas não é conhecido, bem como linhas preferenciais de fluxo hídrico
e vazões. Poucos trabalhos remontam ao tema dos aqüíferos fraturados no Brasil Central,
com exceção de alguns estudos realizados pontualmente no Distrito Federal por Lousada
(1999). Desta maneira, a priori, não se deve considerar as áreas onde ocorrem unidades do
embasamento como sistemas aqüíferos, ainda que localmente possam ocorrer reservatórios
hídricos em aqüíferos fraturados.

A Tabela 16 - Síntese das características dos aqüíferos que ocorrem na Bacia Hidrográfica do
Rio Tocantins a seguir apresenta uma síntese das características dos aqüíferos que ocorrem
na bacia, com destaque para a disponibilidade hídrica e vazões.

Tabela 16 - Síntese das características dos aqüíferos que ocorrem na Bacia


Hidrográfica do Rio Tocantins

3
Área de Vazões Q (m /h)
Espessura Disponibilidade
Nome Tipo
1 recarga
(m) Hídrica (m /s)
3
(Km )
2 Livre Confinado

Alter do Chão P,L - 312.574 249,5 53,8 -

Barreiras P,L,C 60 176.532 217 14,7 18,9

Itapecuru P,L 100 204.979 214,8 12,3 -

Corda P,L,C 160 35.266 9,2 14,5 14,8

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Motuca P,L - 10.717 3 16,3 -

Cabeças P,L,C 300 34.318 7,2 12 50,2

Poti-Piauí P,L,C 400 117.012 130 18 40

Urucuia-Areado P,L 300 144.086 236,4 10,4 -

Bambuí CF - 181.868 40,3 13,4 -

1- P: Poroso; L: livre; C: confinado; CF: cárstico fraturado.


Fonte: Modificado de ANA e MMA, 2005.

1.7. Caracterização do Ecossistema Aquático


1.7.1. Qualidade da Água e Aspectos Limnológicos
A analise da qualidade da água considerou, em linhas gerais, por sub-bacia, a temperatura,
transparência, turbidez, oxigênio dissolvido, pH, alcalinidade e concentração de nutrientes.

Na bacia do rio Tocantins, os principais fatores que alteram a qualidade das águas
superficiais são: a atividade mineradora em garimpos e áreas de extração de areia em
pequenos mananciais, o lançamento de esgotos domésticos, a contaminação por fontes
difusas (agrotóxicos, fertilizantes, sedimentos carreados por ação erosiva em solos mal
manejados, entre outros) e lançamento de efluentes com grande quantidade de matéria
orgânica, de matadouros e frigoríficos.

A poluição de origem doméstica ocorre de maneira localizada, próxima aos principais centros
urbanos. Nesse contexto, as baixas percentagens de coleta e tratamento de esgotos
domésticos fazem com que parcelas expressivas das cargas poluidoras potenciais cheguem
efetivamente até os corpos hídricos. A carga orgânica doméstica remanescente é de 99 ton
DBO/dia na bacia do Tocantins como um todo.

Para o curso do rio Tocantins, além dos fatores causadores de alterações nos padrões de
qualidade da água mencionados anteriormente, ocorrem as alterações provocadas pela
implantação de aproveitamentos hidrelétricos, sobretudo pela formação de lagos artificiais e
pela alteração do regime fluvial para jusante.

A primeira barragem e reservatório do rio Tocantins foram implantados na década de 80,


localizando-se no baixo curso na localidade de Tucuruí (AHE Tucuruí). Em seguida, foram
implantados, nessa ordem, os AHE Serra da Mesa, Cana Brava e Lajeado.

Alguns estudos existentes buscaram avaliar a qualidade da água em trechos do rio


Tocantins, focando situações anteriores à existência de barramentos a montante ou em
situações posteriores e, neste caso, estabelecendo correlações (quando reconhecíveis),
entre as duas realidades, para os padrões de qualidade da água. A espacialização desses
pontos de coleta aparece na Erro! Fonte de referência não encontrada., apresentada no
item 1.1.2. Redes de Monitoramento Hidrometeorológico do presente relatório.

O regime hidrológico do rio Tocantins, em especial do Alto Tocantins, já sofreu alterações em


função do reservatório de Serra da Mesa. O início do enchimento deste reservatório ocorreu
em outubro de 1996 e, até abril de 1998, quando a primeira turbina entrou em operação, as

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alterações a jusante deveram-se à retenção das águas pela manutenção de vazão mínima
(sanitária) para jusante.

Os resultados de algumas das análises efetuadas encontram-se sintetizados na Erro! Fonte


de referência não encontrada., onde são apresentadas as médias calculadas das amostras
para os períodos de chuva e de estiagem. A análise dos dados não permite observar uma
variação espacial definida, exceto para a condutividade, que decresce de montante para
jusante, fato este atribuído à diluição das águas.

Tabela 17 - Síntese da Qualidade da Água nos Pontos Amostrados da Bacia do rio


Tocantins
Pontos amostrados na bacia do rio Tocantins
SB 20 SB 20 SB 21 SB 22 SB 22 SB 23 SB 23 SB 23
(região de (região de (região de (região (região de (região de (região (região de
Parâmetro/
Minaçu) São Peixe) de Lajeado) Tupiratins) de Imperatriz)
Salvador Ipueiras) Estreito)
Período
do
Tocantins)
c e c e c e c e c e c e c e c e
Temperatura 29,40 22,80 27,92 27,18 26,80 25,40 29,40 26,50 27,92 27,42 28,17 29,84 28,75 27,75 28,56 28,63
o
( C)
Transparência 0,20 1,50 1,34 2,93 0,40 1,83 0,37 1,46 0,20 1,60 0,40 1,63 n.d. n.d. 0,49 1,00
(m)
STS (mg/l) n.d. n.d. n.d. 45,17 n.d. 4,27 70,10 14,30 132,30 58,33 55,43 8,70 38,17 8,43 33,44 13,26

Turbidez (UT) 69,80 3,40 <5,00 <5,0 110,00 68,60 13,60 85,50 6,23 60,43 7,00 17,33 2,50 6,75 11,70
9,00

OD (mg/l) 7,20 7,90 7,23 n.d. 7,51 7,79 7,36 7,18 6,30 7,03 7,07 7,66 8,10 7,67 6,51 7,02

pH 8,00 8,30 7,78 7,83 7,15 7,65 7,84 8,60 7,48 7,67 8,05 7,57 7,25 7,43 7,74 7,81

Condutividade
elétrica 81,20 134,00 160,80 95,00 77,00 62,00 75,00 95,00 58,00 81,50 55,43 69,14 43,50 65,83 53,75 57,91
(µS/cm)
Alcalinidade 38,50 71,20 n.d. n.d. 38,00 45,75 59,39 54,87 23,86 39,47 26,16 24,52 20,17 27,20 27,69 23,43
(mgCaCO3/l)
N-Total (mg/l) 0,50 3,83 n.d. n.d. n.d. 0,16 1,56 0,73 n.d. n.d. 0,59 0,42 n.d. n.d. n.d n.d.

Nitrato (mg/l) 0,14 0,06 <0,05 <0,05 0,15 0,046 0,03 0,01 0,115 0,042 0,18 0,08 0,04 0,04 0,012 0,003

Nitrito (mg/l) n.d. n.d. <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 0,00 <0,01 <0,01 <0,01 0,00 n.d. n.d. <0,01 <0,01

Amônia (mg/l) 0,03 0,02 <0,02 n.d. 0,87 0,10 0,01 0,00 0,145 0,049 0,41 0,35 <0,05 n.d. 0,10 0,06

P-Total (mg/l) 0,24 0,02 <0,05 <0,05 n.d. 0,01 0,03 0,01 n.d. n.d. 0,05 0,02 n.d. n.d. 0,025 0,027

Fosfato sol. 0,01 <0,01 n.d. n.d. 0,003 0,004 0,02 0,005 0,020 0,018 0,02 0,01 <0,03 n.d. 0,006 0,003
(mg/l)
Fonte: Hidroweb, ANA, ano.
c = cheia; e = estiagem

Minaçu: média dos valores de 6 pontos de amostragens (julho e janeiro/96). / São Salvador: média dos
valores de 6 pontos de amostragens (2002) / Peixe: média dos valores de 3 pontos de coleta (fev/00) e

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de 4 pontos (junho/00). / Lajeado: média dos valores de 6 pontos de coleta (dez/95 e junho/96). /
Ipueiras: média dos valores de 7 pontos de coleta (nov/01 e junho/01). / Tupiratins: média dos valores
de 7 pontos de amostragens (outubro/00 e janeiro/01). / Estreito: média dos valores de 6 pontos de
amostragens (fevereiro e agosto/01). / Imperatriz - Jusante: média dos valores de 8 pontos de
amostragens (abril e junho/00).

Com o intuito de traçar o panorama relativo à Caracterização dos Ecossistemas Aquáticos da


bacia do rio Tocantins, foram utilizados dados secundários disponíveis na bibliografia
especializada, com destaque para os Estudos de Viabilidade e os Estudos de Impacto
Ambiental – EIA/RIMA de empreendimentos hidrelétricos, relatórios técnicos, estudos
acadêmicos e também informações disponibilizadas pelo projeto “Brasil das Águas”,
conforme apresentado no item 7 - Referências Bibliográficas.

Com base nessas informações, avaliou-se, à luz dos dados de Qualidade da Água (item 1.4),
a estrutura das comunidades aquáticas nos ambientes lóticos e lênticos do rio Tocantins e
dos principais afluentes que compõem as Sub-bacias 20, 21, 22, 23 e 29, em análise.

Nesse sentido, foram empregados como bioindicadores os organismos fitoplanctônicos,


zooplanctônicos e zoobentônicos, sendo abordados também aspectos referentes à
proliferação de macrófitas aquáticas nos corpos d’água analisados.

Em termos gerais, verifica-se que a dinâmica hidrobiológica do rio Tocantins e afluentes é


fortemente condicionada pelo regime climático, período em que ocorre o aporte de elevada
concentração de sólidos aos cursos d’água, aumentando consideravelmente os níveis de
turbidez e de nutrientes no ambiente aquático.

As transformações ocorridas na bacia do rio Tocantins com a implantação de


aproveitamentos hidrelétricos, passando nesses trechos de regime lótico para lêntico,
constituem também fatores determinantes na estrutura das comunidades biológicas nos
ecossistemas aquáticos em estudo.
 Sub-bacia 20

A Sub-bacia 20, que tem como principais cursos d’água os rios Maranhão e Almas,
formadores do rio Tocantins, ocupa a posição mais a montante do sistema aquático em
estudo.

Os trechos do rio Maranhão e Almas são considerados Áreas Prioritárias para conservação
da Biodiversidade Aquática do bioma do cerrado (MMA, 2002).

Contudo, no seu alto curso, o rio Tocantins e afluentes são submetidos a diversos fatores de
intervenção dos recursos hídricos com reflexos no ecossistema aquático. O uso do solo
predominantemente rural, com extensas áreas de pastagem, resultou na supressão da
vegetação incluindo de matas ciliares, favorecendo os processos de erosão das margens e
de assoreamento dos rios, além de promover intensa turbidez das águas nas épocas
chuvosas. Esses fenômenos são intensificados em áreas de mineração.

Adicionalmente ao aporte de sólidos e de nutrientes, as águas nesse trecho são passíveis de


contaminação por agrotóxicos, bem como de lançamento de efluentes sanitários sem
tratamento proveniente dos diversos núcleos urbanos encontrados em maior concentração na
área de drenagem do rio das Almas em Goiás.

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Os aspectos ligados a qualidade da água, revelam que na região de Minaçu, estado de


Goiás, a temperatura da água variou de 21ºC (julho) a 30,5ºC (janeiro). Já o pH das águas do
rio Tocantins apresentou valores básicos, em torno de 8. Os valores elevados do pH estão
associados às características das rochas presentes na área de drenagem (rochas calcárias).
Pelo fato da boa capacidade de tamponamento da água, o pH mantém-se elevado no trecho
a jusante.

A condutividade elétrica, que reflete a composição dos íons presentes na água, foi
relativamente baixa nos períodos de maior vazão (em torno de 70 a 80 µS/cm). Já nos meses
de estiagem, os valores foram significativamente mais elevados (130 a 140 µS/cm). A
diminuição dos valores deste parâmetro na época chuvosa para localidades do rio Tocantins,
deve-se, muito provavelmente, à diluição provocada pelas chuvas.

Outro padrão típico do rio Tocantins em seu alto curso está relacionado com as propriedades
físicas da água, como transparência e turbidez. A transparência da água variou de 0,5m
(março) a 2,50m (julho). A turbidez apresenta comportamento inverso ao da transparência,
tendo sido registrada a seguinte variação: mínimo de 2,1 UNT (julho) e máximo de 140,2 UNT
(janeiro).

Com relação ao oxigênio dissolvido, não foi observado um comportamento sazonal definido.
Em geral os valores foram elevados, com exceção de um dos pontos do rio Tocantins, que
apresentou o mínimo de 5,6 mg/L. O valor máximo foi de 8,7 mg/L .

As concentrações de nutrientes do rio Tocantins foram, em geral, baixas, exceto para a


amônia, que apresentou valor médio de 0,03 mg/L, superior ao limite estabelecido para a
classe 2 (Resolução CONAMA 357/05), que é de 0,02 mg/L. O máximo registrado para este
parâmetro no rio foi de 0,09 mg/L.

Quanto à concentração de metais, também foram detectados valores superiores ao limite


estabelecido para a classe 2 do CONAMA em relação as concentrações de ferro total,
manganês e alumínio.

Já na altura do município de São Salvador do Tocantins, os dados analisados mostram


pequena variação de temperatura da água ao longo do ano, visto que os valores médios de
temperatura da água foram de 27,92ºC na época chuvosa e 27,18ºC na época da estiagem.

A transparência da água apresenta valores elevados, inclusive na época chuvosa (média de


1,34m), certamente devido à existência de condicionantes hidráulicas a montante. A
condutividade elétrica, diferentemente do padrão verificado para o Alto Tocantins em 1996,
apresentou valores mais elevados na época de chuvas (média de 160,8 µS/cm) em relação à
média da época de estiagem (95 µS/cm). Normalmente, durante a época chuvosa, os valores
são mais baixos, o que tem sido atribuído à diluição pelas chuvas. Possivelmente, as coletas
tenham ocorrido no início das chuvas e o material carreado tenha contribuído para o
acréscimo destes valores.

Os valores de pH, assim como nas demais localidades, apresentaram pouca variação
sazonal. Os valores médios da época de chuva e de estiagem foram de 7,78 e 7,83,
respectivamente.

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O oxigênio dissolvido foi determinado somente na época chuvosa. Os resultados mostram,


em geral, valores elevados (média de 7,23 mg/L) tendo sido observada uma heterogeneidade
espacial, com acréscimo dos valores de montante para jusante.

A coleta da época chuvosa contemplou, também, análises dos seguintes elementos: chumbo,
manganês, cromo, zinco, cádmio, cobalto, mercúrio, selênio, lítio e níquel. Os resultados
mostram que o chumbo e o manganês apresentaram, para algumas localidades, resultados
que ultrapassaram o limite estabelecido para a classe 2 do CONAMA. O cádmio, o selênio e
o níquel também ultrapassaram os limites estabelecidos pela classe 2, em todas as
localidades amostradas.

Considera-se, portanto, que os ecossistemas aquáticos nos rios que compõem a Sub-bacia
20 já apresentam algum nível de alteração, porém, não estão severamente comprometidos.

Em relação aos aspectos limnológicos, estudos realizados em meados da década de 90, nos
rios Tocantins e Maranhão, no município de Minaçu, mostram uma alta diversidade de
espécies de organismos aquáticos planctônicos, indicativo de sistemas em equilíbrio
ecológico (IESA, 1996).

Entre a comunidade fitoplanctônica, constatou-se predomínio das classes Bacillariophyceae,


seguida de Chlorophyceae e Nostocophyceae, sendo que Cymbella, Surirella, Gomphonema,
Oscillatoria, destacaram-se como gêneros mais abundantes. Obteve-se também alta riqueza
e diversidade de espécies do zooplâncton, em especial nos períodos de estiagem. A
comunidade zooplanctônica foi dominada por protozoários e por rotíferos, com rara incidência
de cladóceros e de calanoidas, sendo neste caso identificada uma única espécie -
Thermocyclops decipiens. A análise dos organismos bentônicos revelou o grupo
Chironomidae como o mais representativo, seguido de Oligochaeta, Nematoda e Coleóptera.

Nessa região, teve início em 1996 a operação da UHE Serra da Mesa, cuja barragem, no
município de Minaçu, compõe um lago de 1.784 km2.

O monitoramento limnológico conduzido entre 2001 e 2003 nesse reservatório (Multigeo,


2003) evidenciou um alto valor de riqueza de espécies fitoplanctônicas, representantes das
divisões – Cyanophyta (Cyanobacteria), Chlorophyta, Euglenophyta, Bacillariophyta,
Cryptophyta, Chrysophyta e Xantophyta.

O grupo das algas verdes (Chlorophyta) mostrou ampla diversidade taxonômica no


reservatório, com destaque à família Desmidiaceae, constatando-se a supremacia dos
gêneros Staurastrum e Staurodesmus, algas típicas de superfície de lagos, represas e
ambientes de correnteza reduzida.

Em termos quantitativos, o grupo de algas verdes apresentou em geral menor densidade


numérica e abundância relativa quando comparado às cianofíceas (algas azuis),
especialmente no trecho intermediário e próximo ao eixo do barramento do lago.

Em outubro de 2001, a forte estiagem ocorrida na região provavelmente contribuiu para a


ocorrência de um novo patamar de trofia do reservatório, que passou a comportar altas
densidades de algas, dando suporte para o desenvolvimento da espécie de cianofícea
Cylindrospermopsis raciborskii.

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Essa espécie de alga, potencialmente tóxica, é típica de ambientes poluídos, causando odor
e sabor à água. Experimentos com comunidades de Cylindrospermopsis raciborskii
demonstraram que o fósforo é um fator limitante para o seu crescimento, pois a alga absorve
prontamente o fósforo e mais lentamente o amônio (Lindmark, 1997 in Castelo Branco, 1991).
Em estudos desenvolvidos no Lago Paranoá, Castelo Branco (op. cit.) concluiu que a
remoção da carga de fósforo constituiria uma das maneiras de controlar o crescimento dessa
espécie.

A análise qualitativa geral do zooplâncton do reservatório do AHE - Serra da Mesa nesse


período indicou também uma grande variedade de espécies. A diversidade máxima foi obtida
em plena época chuvosa, enquanto que a mínima variedade foi observada ao longo do ano
de 2002, especialmente nas campanhas de abril e julho, época de forte estiagem.

No conjunto amostrado, prevaleceram representantes do grupo Rotifera, que são favorecidos


pelo seu curto ciclo de vida e pela alta capacidade adaptativa frente às condições ecológicas
ainda instáveis do reservatório, como disponibilidade de nutrientes, composição
fitoplanctônica, pressão da ictiofauna, entre outros aspectos.

Os exemplares de Keratella americana f. híspida e Polyarthra vulgaris (rotíferos), Moina


minuta (cladócero), Termocyclops decipiens e T. minutos (ciclopóides) e Notodiaptomus
cearensis (calanóide) surgiram em todas as amostras coletadas entre 2001 a 2003, indicando
um alto grau de adaptação às condições ecológicas de Serra da Mesa.

A dinâmica hidrobiológica do reservatório da UHE Serra da Mesa pode ser entendida de


acordo com os distintos trechos que compõem o lago:
− O setor de montante atua como principal ponto de introdução de elementos orgânicos
e inorgânicos no sistema aquático, por meio dos rios Maranhão e das Almas que
transportam, sobretudo nos períodos chuvosos, altos teores de sólidos em suspensão
e de nutrientes gerados nas zonas rurais e urbanas da área de drenagem.
− O setor intermediário da represa compreende, pela sua estabilidade ecológica, a zona
de máxima assimilação de compostos introduzidos no reservatório. Esse processo se
reflete na composição e na densidade de organismos planctônicos, que resulta em
freqüentes florações de cianofíceas e predomínio de populações de rotíferos e de
ciclopóides.
− O setor de jusante, próximo à barragem, é receptor de toda vazão afluente no
reservatório, refletindo também nas condições das descargas do sistema que, em
última instância, determina a qualidade das águas que passam pelas turbinas,
influenciando o trecho do rio Tocantins situado a jusante da represa.
− Como braço mais importante do reservatório de Serra da Mesa, o rio Bagagem
apresenta dinâmica semelhante ao corpo principal do lago. O rio Bagagem vem
recebendo, possivelmente, aporte de nutrientes e de sedimentos da área de
drenagem, o que repercute na proliferação do fitoplâncton e do zooplâncton, com
grande preponderância de rotíferos.

Nesse período de monitoramento (2001 a 2003), não foram detectadas áreas de proliferação
de macrófitas aquáticas no lago de Serra da Mesa.

No trecho a jusante desse reservatório, o rio Tocantins recebe dois principais afluentes pela
margem direita, rios Preto e São Félix, formadores do reservatório do AHE Cana Brava. Esse
empreendimento, inaugurado em maio de 2002, está localizado entre os municípios de

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Minaçu, Colinas do Sul e Cavalcante na região Norte do Estado de Goiás, formando um lago
de 139 km2.

Na fase anterior ao enchimento do reservatório (EIA/RIMA, IESA/1989), verificou-se que os


afluentes de maior porte, rios Preto e São Felix, apresentaram águas de boa qualidade,
sendo em alguns afluentes registrados elevados teores de sólidos em suspensão, devido à
contribuição da área de drenagem.

Na fase da operação do reservatório, identificou-se por meio do monitoramento limnológico


(Naturae, 2003) que o rio do Carmo, o rio Bonito, bem o rio São Felix apresentaram nesse
período problemas de qualidade da água relacionados à poluição orgânica, apresentando
maiores concentrações de nutrientes, e de coliformes totais e fecais em relação a outros
pontos amostrados. Os locais mais próximos à barragem tiveram acentuada queda na
concentração de oxigênio dissolvido.

O conjunto do fitoplâncton evidenciou, em novembro de 2003, uma menor riqueza de


espécies quando comparado aos dados de UHE Serra da Mesa, sendo encontrados
representantes das classes Chlorophyceae, Bacillariophyceae, Cyanophyceae,
Chrysophyceae, Euglenophyceae, Cryptophyceae, Zygnemaphyceae e Dinophyceae.

A menor diversidade de espécies foi obtida no rio do Carmo, possivelmente em função dos
altos níveis de turbidez, decorrentes das fortes chuvas que ocorreram na região no período
de coleta. Em termos quantitativos, o rio Bonito apresentou densidade elevada de cianofíceas
(algas azuis) e de clorofíceas (algas verdes), sugerindo nesse curso d’água tendência à
formação de ambientes mesotróficos, uma vez que o grupo de algas cianofíceas é favorecido
pela elevada concentração de nutrientes minerais, em especial sais de fósforo.

Entre os organismos zooplanctônicos, foi amostrado, nesse período, em ordem decrescente


de diversidade, o grupo de protozoários (tecamebas), rotíferos, cladóceros e copépodos. Do
ponto de vista quantitativo, destacou-se a reduzida contribuição de rotíferos para a densidade
total do zooplâncton nos locais amostrados e a dominância de microcrustáceos,
principalmente calanoides nas regiões lênticas, cujo predomínio é indicativo de ambiente
oligotrófico.

A comunidade de macroinvertebrados bentônicos reuniu grupos diversificados, sendo que o


de insetos apresentou maior diversidade taxonômica, seguido de crustáceos, moluscos,
anelídeos, aracnídeos e nematóides. As maiores abundâncias foram registradas com relação
aos taxa Oligochaeta e Chironomidae, em geral indicadores de ambientes poluídos, que
apresentaram densidades mais elevadas nos rios Preto, do Carmo e Bonito.

Verificou-se que, provavelmente, o rio Preto sofre maior influência do lançamento de esgotos
sanitários provenientes de algumas residências na região e de depósito de lixo nas suas
margens.

Nos levantamentos realizados não há menção sobre macrófitas aquáticas, inferindo-se que
não houve problemas dessa natureza no reservatório do AHE Cana Brava, na época de
amostragem.

A avaliação limnológica do rio Tocantins no trecho mais a jusante da Sub-bacia 20 ocorreu


em 2004 e 2005, na região do município de São Salvador do Tocantins, onde hoje está sendo
construída a UHE São Salvador (Engevix, 2005).
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Esses resultados representam, portanto, os dados limnológicos mais recentes disponíveis


para a Sub-bacia 20, refletindo as condições predominantes na área de montante do rio
Tocantins, e que exercerá influência no trecho imediatamente a jusante, já na Sub-bacia 21.

O rio Tocantins, nessa porção do seu alto curso, apresenta leito rochoso e várias corredeiras
que contribuem para a oxigenação das águas, propiciando condições adequadas ao
desenvolvimento de organismos aquáticos aeróbicos, em especial para algumas espécies de
peixes. As principais intervenções no ambiente aquático nessa região foram detectadas nos
afluentes, como as margens do rio Traíras, que se se encontravam degradadas e sujeitas aos
processos erosivos. Os demais afluentes apresentaram vegetação marginal relativamente
bem preservada. No período chuvoso, foram registrados baixos valores de oxigênio nos
afluentes desse trecho, com exceção do rio Custódio, possivelmente em função da
quantidade de matéria orgânica carreada para o meio aquático.

A análise do fitoplâncton na época de estiagem resultou na identificação de um conjunto


variado de algas dos grupos Chlorophyta e Cyanobacteria, bem como de Bacillariophyta,
Euglenophyta, Dynophyta, Cryptophyta e Xantophyta. Em termos de densidade numérica,
tiveram supremacia as espécies de algas azuis Synechococcus elongatus e Aphanocapsa
delicatissima.

No período chuvoso, detectou-se uma redução na riqueza de espécies desses grupos,


mantendo-se, porém, maior densidade numérica de espécies de cianofíceas (Synechococcus
elongatus e Aphanothece nubilus).

Com relação ao zooplâncton, o rio Tocantins apresentou riqueza mais elevada quando
comparado aos tributários, embora no período chuvoso tenha ocorrido uma redução no
número de espécies. As densidades numéricas também foram mais pronunciadas nos pontos
de montante do rio Tocantins, devido provavelmente à contribuição do reservatório do AHE
Cana Brava. Os maiores valores de densidades numéricas de zooplâncton foram obtidos na
época de chuvas, devido provavelmente ao aporte de nutrientes.

Os dados da comunidade bentônica evidenciaram, em sua maioria, organismos típicos de


ambientes de águas limpas. A densidade de organismos do rio Tocantins foi semelhante em
ambos os períodos amostrados. Já os tributários apresentaram densidades numéricas
reduzidas no período de chuvas.

Os resultados obtidos nas duas campanhas realizadas nessa região mostram que os rios
analisados apresentam, em geral, condições adequadas para manutenção da fauna aquática.
Contudo, a presença dominante de cianofíceas sugere que esses ambientes estejam sujeitos
à eutrofização.
 Sub-bacia 21

A Sub-bacia 21 é estruturada pelo eixo do rio Paranã, contribuinte da margem direita do rio
Tocantins.

O alto curso do rio Paraná apresenta canal bem encaixado com muitas quedas d’água. A
região de ocorrência de várzeas e de planície de inundação no vale do Paranã é tida como
Área Prioritária para Conservação da Biodiversidade Aquática no bioma de cerrado (MMA,
2002).

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A caracterização do ecossistema aquático nessa sub-bacia realizado em 2000 (Engevix,


2000), abrangeu os rios Tocantins, Paraná e Palma nos municípios de Paraná, São Salvador
do Tocantins e Peixe.

De uma forma geral, os resultados disponíveis em termos de qualidade da água, para a


região do município de Peixe, mostram comportamentos semelhantes aos detectados nos
pontos a montante desse município para as propriedades de natureza física da água, com
exceção da temperatura da água, que não mostrou uma amplitude térmica pronunciada
(variação de 25ºC a 27,2ºC). O valor mínimo da transparência do rio Tocantins foi de 0,40m
(época chuvosa) e máximo de 2,20m (época da estiagem). Já a turbidez variou de 19 a 148
UNT entre os dois períodos de amostragem. Os dados de turbidez da época de estiagem
foram muito superiores ao mínimo detectado em Minaçu (2,1UNT).

Com relação aos valores de oxigênio dissolvido do rio Tocantins verificou-se, para o período
de chuvas, valor médio de 7,51 mg/L e, na estiagem, de 7,79 mg/L. Os valores alcalinos de
pH são verificados na época da estiagem (média de 7,65), enquanto na época chuvosa foi
detectado valor abaixo da neutralidade (mínimo de 6,23), uma vez que os dados de
localidades próximas não acompanharam esse comportamento.

Os valores de condutividade elétrica da época chuvosa foram semelhantes aos registrados


nos pontos de coleta do rio Tocantins no município de Minaçu (média de 77µS/cm). No mês
de julho, no entanto, a média das medições efetuadas no rio Tocantins foi de 62µS/cm, valor
inferior ao esperado para esta época, que normalmente apresenta maior concentração iônica
na água.

Assim como para as localidades amostradas a montante, os valores de nutrientes foram, em


geral, baixos, porém, em relação ao nitrogênio amoniacal (x amônia x íon amônio), os
resultados da região do município de Peixe foram mais elevados. Este nutriente apresentou
valores superiores ao limite estabelecido para a classe 2 da Resolução CONAMA 357/2005.

Foram detectadas concentrações mais elevadas de nitrogênio na forma amoniacal nas águas
do rio Paraná em relação ao Tocantins, o que se refletiu na composição da comunidade
fitoplanctônica. Durante a estiagem, registrou-se a ocorrência de organismos pertencentes às
classes Chlorophyceae e Zygnemaphyceae Chrysophyceae, Diatomophyceae,
Cyanophyceae; Euglenophyceae e Dinophyceae, com predomínio de clorofíceas, seguida de
diatomáceas. Os gêneros Staurastrum e Scenedesmus apresentaram maior número de
espécies, seguidos por Monoraphidium e Pediastrum, algas comuns que habitam ambientes
de menor correnteza.

O rio Palma e o rio Paranã a montante da foz do rio Palma foram os locais que mantiveram
grande riqueza de espécies de fitoplâncton devido à maior disponibilidade de nutrientes e
também à maior transparência das águas.

Em relação aos organismos zooplanctônicos, os rotíferos tiveram maior ocorrência em todos


os pontos de coleta, com abundância relativa superior a 90%, seguido dos representantes do
grupo Cladocera. O maior número de espécies foi registrado no ponto do rio Tocantins, nas
imediações de São Salvador, enquanto que a maior densidade foi obtida no rio Tocantins, a
montante do rio Paraná. Em contraste, a menor densidade de organismos zooplanctônicos foi
observada no rio Palma.

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Os resultados obtidos para as comunidades planctônicas efetuadas nesse período indicam


que os padrões comportamentais das águas dos rios Paranã e Tocantins, no trecho
estudado, são considerados adequados para manutenção da vida aquática.

Como nos demais estudos realizados na bacia do Tocantins, identificaram-se distintas


características nas águas nos períodos de seca e de estiagem, refletindo na composição das
comunidades aquáticas. Durante as chuvas, as águas do rio Tocantins são turvas,
apresentando alto teor de material em suspensão. Nos períodos de estiagem, a transparência
é elevada e os tributários de menor porte tendem a apresentar forte redução de vazão.

Informações limnológicas, obtidas em 2002, nos rios Palmeiras e Palma corroboram essa
avaliação (FUNCATE, 2003).

Identificou-se no período seco e de estiagem composição de invertebrados bentônicos típicos


de ambientes onde predomina leito arenoso, com dominância do díptero Chironomidae,
representado por duas sub-famílias, Chironominae e Tanypodinae.

À luz desses resultados, verificou-se que os rios em análise estavam adequados à


manutenção da biota aquática. Porém, merecem ser investigadas as fontes de introdução de
nutrientes minerais nos ecossistemas aquáticos na área de drenagem dos rios Paranã e
Palma, possivelmente resultante da aplicação de fertilizantes em lavouras, que podem
intensificar os fenômenos de eutrofização em ambientes lênticos.

Nesse sentido, as águas do reservatório da AHE Peixe Angical, cuja operação foi iniciada em
janeiro de 2005, encontram-se mais susceptíveis ao acúmulo de nutrientes minerais. Porém,
esse reservatório, com superfície de 294 km2 e profundidade média da ordem dos 10 m,
apresenta baixo tempo de residência das águas (18 dias), condições consideradas favoráveis
à manutenção da atual qualidade da água e do ecossistema aquático.
 Sub-bacia 22

A Sub-bacia 22 é formada pelo rio Tocantins e pelo rio do Sono, seu principal contribuinte da
margem direita. A margem direita do rio do Sono caracteriza-se por receber rios que drenam
a o Parque do Jalapão, mantendo excelentes condições de preservação do ecossistema
aquático.

Levantamentos limnológicos conduzidos no período de 2001 e 2002 na região do município


de Ipueiras no rio Tocantins abrangeram os rios Santa Teresa, Santo Antônio, São Valério,
Manuel Alves Natividade e Formiga (Themag, 2004).

Os dados considerados foram coletados na altura do município de Ipueiras, incorporando os


deflúvios provenientes do rio Manuel Alves. Esses dados, quando comparados aos obtidos
na região a montante do mencionado município, diferem em relação à condutividade, que
apresentou na época da estiagem (novembro e fevereiro), valores inferiores aos registrados a
jusante dele. A condutividade no rio Tocantins variou entre 75µS/cm (chuva) e 95µS/cm
(estiagem). (Thornton et al., 1990)

Não foi verificada uma sazonalidade definida para o oxigênio dissolvido. As concentrações
foram sempre elevadas (em torno de 7,3 mg/L) , em todas as épocas de amostragem, sendo
também elevados os valores percentuais de saturação. Os valores de DBO foram
extremamente baixos (<2,0 mg/L O2).

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As características físicas da água apresentaram padrão sazonal bem definido, com


diferenças acentuadas para os parâmetros cor, turbidez, transparência e sólidos totais em
suspensão. No entanto, a transparência da água na época de estiagem foi um pouco inferior
em relação às demais localidades acima mencionadas (valor médio da época de estiagem de
1,46m). O pH manteve a sua característica básica, com valor médio mais elevado na época
da estiagem (8,60).

Quanto aos nutrientes, também foram constatadas concentrações baixas, semelhantes às


registradas no município de Peixe. Os valores médios do nitrogênio e do fósforo total das
épocas de cheia e estiagem, dos pontos do rio Tocantins, foram os seguintes: nitrogênio total:
1,56 e 0,72 mg/L e, fósforo total: 0,03 e 0,01 mg/L.

Já na porção mais ao norte da sub-bacia, próximo ao município de Lajeado, os dados


mostram elevadas concentrações de sólidos em suspensão na época chuvosa, com turbidez
mais pronunciada e redução da transparência. Situação inversa é verificada na estiagem,
quando a transparência, determinada através do disco de Sechi, alcançou valores de até
1,80m.

No início do período chuvoso, apresentou valores mais elevados de oxigênio consumido


(média de 10,85mg/L) do que no período de estiagem (média de 2,44mg/L). Os valores de
oxigênio dissolvido também foram inferiores na época chuvosa, média de 6,30 mg/L, contra
7,03mg/L. As primeiras chuvas causam modificações nas características da água, por carrear
uma grande quantidade de matéria orgânica, provocando um consumo maior de oxigênio.
Além disto, ocorre o aumento de turbidez pelo incremento de partículas sólidas, dificultando a
penetração de luz subaquática.

As diferenças observadas ao longo do ciclo sazonal para os valores de condutividade não


foram muito pronunciadas. Os valores médios do rio Tocantins mostram uma variação de
58µS/cm (época de chuva) para 81,5µS/cm (época de estiagem).

Os valores de nutrientes foram, em geral, baixos. O nitrogênio foi analisado nas formas de
nitrito, nitrato e amônia e o fósforo, como ortofosfato. Os resultados mostram, com exceção
da amônia, valores compatíveis aos estabelecidos para a classe 2 da Resolução CONAMA
357/2005.

Os resultados das medições de pH deste trecho do rio Tocantins também mostraram


resultados alcalinos, não tendo sido observada variação sazonal pronunciada, embora um
leve acréscimo tenha ocorrido com a diminuição da vazão (de 7,48 em novembro a 7,67 em
junho).

Conforme citação acima, os resultados de qualidade da água mostram que esses rios
apresentam, em geral, boa qualidade, mantendo também comportamento que reflete o
padrão sazonal da região, detectando-se diferenças acentuadas para os parâmetros cor,
turbidez, transparência e sólidos totais em suspensão. Na ausência de chuvas as águas são
mais transparentes e, em função da velocidade reduzida, permitem uma melhor adaptação
do fitoplâncton.

Com relação às comunidades fitoplanctônicas houve predomínio de espécies pertencentes


ao grupo das Chlorophyta e Bacillariophyta, reproduzindo em parte as características
anteriormente descritas nas Sub-bacias 20 e 21. Vale destacar a presença da cianofícea

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Cylindrospermopsis raciborskii, encontrada com maior freqüência no ponto situado a jusante


da cidade de Peixe.

Quanto à comunidade zooplanctônica, verificou-se que o maior número de espécies foi


registrado no grupo dos Rotifera, seguido de Cladocera e Copepoda, indicando
possivelmente aporte de detritos da área de drenagem, condição que é favorecida pela
supressão da mata ciliar.

A partir dos resultados das análises efetuadas no rio Tocantins e tributários nesse trecho,
infere-se que o ecossistema aquático se mantém ainda em padrão adequado, porém,
sinalizando potencial para enriquecimento de suas águas com nutrientes minerais. Os
processos erosivos são mais evidenciados na bacia do Manuel Alves Natividade,
possivelmente em função das atividades do garimpo de ouro, cuja exploração ocorreu com
maior intensidade até um passado recente. Nesse sentido, há também a possibilidade de
ocorrência de mercúrio nos sedimentos dos rios dessa região.

No trecho do rio Tocantins imediatamente a jusante da confluência do rio Manuel Alves da


Natividade, encontra-se a represa de Lajeado, com área de 630Km2, formada a partir da
implantação do AHE Luis Carlos de Magalhães. A operação desse empreendimento foi
iniciada em 2002, mesmo ano em que foi inaugurado o AHE Cana Brava.

A caracterização dos sistemas lóticos da área de Lajeado, na etapa anterior à formação


desse reservatório, foi realizada durante os estudos ambientais.

Para tanto, foram efetuadas três campanhas para levantamento limnológico em diferentes
épocas do ano (dezembro/95; fevereiro e julho/96), sendo amostrados quatorze pontos, seis
deles no rio Tocantins (Brejinho Nazaré; montante Areias; Porto Nacional; montante
Mangues; Palmas; Lajeado), e o restante nos afluentes e em lagoas marginais: lagoa Pedra
do Santo, e lagoa da Capivara.

Estudos limnológicos desenvolvidos, no período de 1995/1996, compreenderam análises em


época chuvosa e seca no rio Tocantins e em diversos afluentes que drenam os municípios de
Lajeado, Palmas e Porto Nacional, entre os quais rio Crixás, rio dos Mangues, rio Areias, rio
Água Suja, ribeirão São João, rio Lajeado, e também algumas lagoas marginais.

As análises da comunidade fitoplanctônica mostraram predomínio do grupo Bacillariophyta na


época chuvosa e de Cyanobacteria no período de estiagem. O grupo de algas cianofíceas
apresentou densidades elevadas nesse período, favorecido possivelmente pela
disponibilidade de fósforo aliada às condições de maior transparência das águas.

As comunidades zooplactônicas foram representadas pelo grupo Rotifera e, em pequena


proporção, de cladóceros. O grupo de copépodos esteve presente somente na época
chuvosa, composto basicamente pelas fases larvais.

Na fase de monitoramento do reservatório de Lajeado, foi observado, a partir de novembro e


dezembro de 2003, que a comunidades fitoplanctônica caracterizaram-se pela abundância de
cianobactérias, em percentual superior a 50% em relação aos outros grupos fitoplanctônicos,
em especial no canal do rio Tocantins, próximo à cidade de Brejinho de Nazaré. Esses
resultados indicam maior nível de eutrofização nesse trecho do sistema aquático formado
pelo rio Tocantins e afluentes.

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Estudos sobre fitoplâncton conduzidos em 2004 e 2005 no reservatório de Lajeado (Marques,


2006) possibilitaram o registro de maior número de espécies representativas dos grupos
Chlorophyceae, Zygnemaphyceae, Cyanophyceae e Euglenophyceae.

Houve o predomínio numérico de Cyanobacteria, algas com características r-estrategistas,


sendo Cylindrospermopsis raciborskii a espécie mais abundante e dominante. Mesmo sendo
detectadas alterações na estrutura das comunidades aquáticas em função da sazonalidade
regional, Cylindrospermopsis raciborskii praticamente não sofreu variações em relação à
densidade média no período analisado. A espécie Microcystis aeruginosa, que também
apresenta linhagens potencialmente tóxicas, esteve presente nas amostras qualitativas na
maioria dos pontos de coleta.

O estudo conclui que o reservatório da UHE Lajeado está, de maneira geral, sujeito ao
fenômeno de “floração”. A presença de Cylindrospermopsis raciborskii e Microcystis
aeruginosa demonstra potenciais efeitos à saúde pública, podendo comprometer os usos
múltiplos das águas do lago.

Até o ano de 2003, não haviam sido detectados problemas em relação à macrófitas aquáticas
flutuantes nesse reservatório. O crescimento de Salvinia molesta, observado em Lajeado,
como conseqüência do acúmulo de matéria orgânica resultante da inundação, constitui um
fenômeno comum em reservatórios de regiões tropicais ficando restritos à região rasa onde a
vegetação primária aparece inundada. Outros tipos de macrófitas denominadas enraizadas
ou submersas que se desenvolvem na região litorânea desse reservatório tais como Elodea,
Myriophyllum, Potamogeton, Ceratophyllum, Najas, Chara, servem de abrigo a muitos
organismos do zooplâncton, larvas de peixes fornecendo substrato para desova de peixes e
proteção aos jovens.

As inspeções realizadas, inclusive dois anos após o enchimento da represa, não apontavam
qualquer indicio de crescimento de Pistia stratioides ou Eichchornia crassipes, macrófitas
características de ambientes eutrofizados e que causam problemas relevantes aos usos
múltiplos das águas.
 Sub-bacia 23

A Sub-bacia 23 compreende o trecho do médio Tocantins, tendo como principais afluentes da


margem direita os rios Manuel Alves Grande e rio Farinha.

Quanto às propriedades físicas da água, verificou-se que os valores médios de temperatura


da água do rio Tocantins nesse trecho variaram de 29,84ºC (outubro) a 28,17ºC (janeiro). Os
valores médios de transparência da água foram de 0,40m (janeiro) e 1,60m (outubro). Já a
turbidez variou de 7a 60,43 UNT, entre outubro e janeiro, respectivamente.

No que se refere aos valores de oxigênio dissolvido do rio Tocantins verificou-se, para o
período de chuvas, valor médio de 7,07 mg/L e, no final da estiagem, de 7,66 mg/L. Os dados
de oxigênio consumido e de DBO, assim como os de oxigênio consumido, foram baixos
mostrando que o rio Tocantins, neste trecho, não se encontra contaminado por substâncias
de origem orgânica.

O pH do rio Tocantins apresentou, em ambas as épocas amostradas, valores alcalinos. No


final da época da estiagem, a média foi de 7,57 enquanto na época chuvosa os valores
foram, em geral, superiores ao de outubro, com média de 8,05.

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O valor médio de condutividade da época chuvosa foi de 55,43 µS/cm. Na campanha


efetuada no final da época da seca, a média das medições foi um pouco superior; 60,14
µS/cm.

Dos nutrientes analisados, a amônia, assim como para as demais localidades a montante,
apresentou valores superiores ao limite estabelecido para a classe 2 do CONAMA. Os
resultados das análises de nutrientes também mostraram um acréscimo nas concentrações
durante a época chuvosa.

Já mais ao centro dessa sub-bacia, na altura do município de Estreito, de acordo com os


dados disponíveis, não foram observadas variações sazonais para a temperatura da água,
tendo em vista que os valores médios de temperatura do rio Tocantins foram de 28,75ºC e
27,75ºC nas campanhas de fevereiro e de agosto, respectivamente.

A turbidez foi muito baixa na campanha da cheia (média de 17,33 UNT); já na época de
estiagem os valores foram ainda mais baixos (média de 2,50 UNT). Os sólidos totais em
suspensão também não foram expressivos na época chuvosa (média de 38,17 mg/L), valores
estes mais reduzidos que das demais localidades amostradas em épocas correspondentes às
cheias.

A alcalinidade de bicarbonato, determinada na época de estiagem, mostrou um acréscimo na


concentração em relação à da época de chuva (de 20,17 a 27,2 mg/HCO3). As formas de
alcalinidade de carbonato e de hidróxido apresentaram resultados nulos.

A condutividade, assim como para outras localidades do rio Tocantins, teve um acréscimo
nos valores durante a estiagem. Este parâmetro apresentou os valores de 43,5 e 65,83
µS/cm respectivamente nas coletas da cheia e de estiagem.

O pH também apresentou valores alcalinos. A média na campanha de fevereiro foi de 7,25,


enquanto que na de agosto o valor médio teve um ligeiro acréscimo, sendo 7,43.

As concentrações de oxigênio dissolvido foram elevadas em ambas as campanhas. Ao


contrário do usual verificado, as coletas da época da cheia apresentaram valores superiores
aos da estiagem. A média dos valores em fevereiro foi de 8,10 mg/l e, em agosto, de 7,67
mg/L. Os valores de DBO, assim como o de DQO, foram baixos em ambas as campanhas,
sugerindo que os ambientes não se encontram contaminados por poluentes.

Na porção mais ao norte da sub-bacia, à jusante da cidade de Imperatriz, no Maranhão,


verificou-se que a temperatura média da água do rio Tocantins foi de aproximadamente
28,5ºC, não tendo sido verificadas diferenças entre os dois períodos amostrados.

Os valores de oxigênio dissolvido foram ligeiramente superiores no período de estiagem


(média de 7,74 mg/L). Nas chuvas, a média foi de 7,81mg/L.

O pH apresentou valores ligeiramente superiores na época da estiagem. As médias dos dois


períodos amostrados foram de 7,74 e 7,81, em abril e junho, respectivamente. Estes valores,
embora com tendência ao básico, foram relativamente mais baixos que os detectados no
trecho de montante.

Outra diferença em relação à parte montante do rio Tocantins refere-se aos resultados da
condutividade. Neste local, a condutividade média do rio Tocantins foi de 53,75µS/cm (abril) e
57,91µS/cm (junho). Embora a tendência de acréscimo de condutividade na estiagem tenha
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sido observada, assim como para a maioria das localidades acima estudadas, os valores, em
geral, foram bem inferiores aos detectados no trecho a montante do rio Tocantins. Os valores
decrescentes de condutividade, à medida que se caminha em direção a jusante, podem estar
relacionados com a diluição.

Os valores de nitrato, nitrito e amônia do rio Tocantins, assim como os de fosfato e fósforo
total, foram superiores na campanha da época de chuvas. Este fato, já verificado na maioria
das localidades amostradas a montante, está associado às contribuições do meio
circundante.

A análise da comunidade fitoplanctônica revelou para o rio Tocantins maior densidade e


diversidade em relação aos outros d’água estudados. Na época chuvosa, os baixos níveis de
transparência e a maior velocidade da água constituíram fatores limitantes ao
desenvolvimento do fitoplâncton. No período de estiagem, as condições se tornaram mais
propícias ao desenvolvimento de algas, sendo que os valores de clorofila, nesta ocasião,
foram significativamente mais elevados.

O índice de qualidade da água neste estudo revelou, em geral, qualidade aceitável a ótima
para o rio Tocantins.

A caracterização do ecossistema aquático no trecho mais a jusante da Sub-bacia 23 (Billiton,


2000 e CNEC, 2001) na região da UHE Serra Quebrada são de 1989 (Themag/Eletronorte,
1991), indicam que a maior diversidade de espécies fitoplanctônicas foi detectada no rio
Tocantins, com representantes do grupo Chlorophyta, destacando-se o gênero Closterium.

Em termos quantitativos, foi contabilizado número significativo de cianofíceas, dentre as quais


diversas espécies do gênero Oscillatoria e Cylindrospermopsis rasciborskii, indicando
potencial eutrofização do sistema aquático.

Como na maioria dos ambientes amostrados em outras sub-bacias, as comunidades


zooplanctônicas revelaram predomínio do grupo Rotifera, que apresentaram maior
diversidade nos tributários do rio Tocantins. Os representantes dos copépodos ocorreram no
rio Tocantins em porcentagem reduzida e geralmente nas formas jovens, em ambas as
campanhas.

Para avaliação dos organismos bentônicos, foram efetuadas coletas em diferentes substratos
como rochas, sedimentos e vegetação macrofítica, sendo que a Classe Insecta foi a mais
representativa.

Na área de influência da AHE Estreito, os resultados das análises das amostras do


fitoplâncton mostraram densidades mais baixas nos pontos de coleta situados na calha do rio
Tocantins, na Ilha do Campo e Pedral, e em pontos mais distantes da foz de afluentes na
localidade de Estreito. Os rios do Ouro, Cana Brava, Tauá e Manuel Alves Pequeno
apresentaram baixa diversidade do fitoplâncton, com elevada dominância de algas da classe
Cyanobacteria, dos gêneros Choococcus e Synechococcus.

A espécie Cylindrospermopsis rasciborskii ocorreu em densidades muito expressivas nos


trechos livres da calha do rio Tocantins. Sua presença foi significativa na Ilha do Campo e
Pedral e nos remansos dos rios do Ouro e Manuel Alves Grande, revelando possível
influência dos trechos de montante.

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Verificou-se que há similaridade quanto à composição de espécies do zooplâncton nos


trechos estudados do rio Tocantins, com níveis de semelhança acima de 80%. Observou-se,
entretanto, uma maior riqueza de espécies e maior densidade de organismos nos pontos
onde desembocam os tributários, indicando a existência de ambientes nutricionalmente ricos.

A composição do zooplâncton dessa região apontou predomínio de exemplares do grupo


Rotifera, em todos os pontos de coleta, condição similar à maioria dos estudos desenvolvidos
no Tocantins, anteriormente citados. Os gêneros mais freqüentes foram Keratella,
Trichocerca, Termocyclops e Mesocyclops.

Na Ilha do Campo e Pedral verificou-se alta densidade dos protozoários dos gêneros
Centropyxis e Diflugia, além de quantidades moderadas de larvas do camarão de água doce,
Macrobrachium cf. amazonicum e de uma das espécies de Copepoda tipicamente
amazônica, Notodiaptomus amazonicus. Estas ocorrências identificam o caráter amazônico
dessa fauna de zooplâncton na região de Estreito.

Foram realizadas coletas de organismos bentônicos em sistemas lóticos, caracterizando


vários ambientes como rochas, sedimento e vegetação de macrófitas.

Observou-se baixa diversidade da fauna bentônica nos rios analisados, devido


provavelmente à degradação das matas ciliares ao longo do rio Tocantins, o que resulta no
assoreamento progressivo das margens do rio e a redução na diversidade dos habitats para
os animais representantes dessas comunidades. Não ocorreram organismos do macrobentos
nas amostras coletadas no rio do Ouro e rio Manoel Alves Pequeno.

Os pontos de coleta onde se obteve registros mais representativos da fauna de


macroinvertebrados bentônicos foram em regiões junto às margens do rio Tocantins e na ilha
do Campo, onde ocorre acúmulo de sedimentos particulados inorgânicos e orgânicos.

Foram amostrados nos pontos de coleta representantes de insetos das ordens Diptera,
Ephemeroptera, Odonata e Coleoptera, freqüentemente registrados na região do Tocantins
em outros estudos. Espécies da família Chironomidae estiveram presentes em praticamente
em todos os pontos de coleta. As espécies da família Simulidae, na forma larval, foram
coletadas em hábitats de água corrente e fundo rochoso.

O ambiente lótico predomina no rio Tocantins, na Sub-bacia 23. Nas margens do rio e das
ilhas, onde a velocidade da água é menor, ocorre um banco de macrófitas aquáticas, com
predominância da canarana. Essa gramínea macrofítica abriga uma diversidade de grupos de
invertebrados associados, típicos de ambiente de curso lento, sendo de grande importância
na cadeia trófica de muitas espécies de invertebrados bentônicos.

Verificou-se a ocorrência pouco significativa das formas flutuantes dos gêneros Eichhornia e
Salvinia, restrita às áreas de remanso do rio Tocantins, na foz dos rios Cana Brava e Tauá,
apenas na coleta de fevereiro (período de chuvas). Na segunda etapa de coletas, com o
rebaixamento das cotas de inundação com a entrada do período seco, não se registrou a
presença dessas macrófitas aquáticas.

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 Sub-bacia 29

A Sub-bacia 29 é formada pelo rio Tocantins, após a confluência do rio Araguaia, tendo como
principal afluente da margem esquerda o rio Itacaiúnas, cuja foz situa-se nas imediações da
sede urbana de Marabá, estado do Pará.

A qualidade da água nessa sub-bacia sofreu alterações ao longo dos últimos anos
especialmente em função da UHE Tucuruí. Estudos realizados pela Eletronorte mostram que
se observou o início de um processo de estabilização, a partir de 1990, sendo constatada
uma gradual amenização dos efeitos negativos sobre a qualidade da água, inicialmente
registrados, decorrentes especialmente do elevado aporte interno de nutrientes gerado pela
inundação de vastas áreas densamente florestadas

As estações localizadas a jusante desse barramento até a cidade de Cametá, exibem uma
forte tendência ao restabelecimento e estabilização das características lóticas. No tocante à
área do reservatório, os pontos localizados nas localidades de Pucuruí, Repartimento e
Caraipé destacaram-se por apresentar as condições mais críticas de qualidade da água, com
reduzidos teores de oxigênio e elevada concentração de amônia, decorrentes de um
processo de eutrofização.

As diferenças entre temperaturas de superfície e de fundo estabeleceram-se ao redor de 2º


C, principalmente em decorrência da elevação das temperaturas de fundo em cerca de 1º C.
Esse padrão pode ter contribuído para a mistura da coluna d’água, beneficiando as condições
gerais de distribuição das variáveis.

Em relação aos teores de oxigênio dissolvido, o reservatório não apresenta áreas de anoxia
nas suas águas de superfície, tanto nas estações da calha central como nas marginais,
localizadas a montante da barragem, com valores de oxigênio dissolvido normalmente
situados acima da concentração de 4,0 mg/L. Com relação às águas de profundidade
intermediária, os padrões de concentração de OD têm se elevado para acima de 4,0 mg/L na
maioria dos meses.

Para as regiões do reservatório mais a montante (compartimento lótico), a maioria dos


valores tem se situado entre 4,0 e 6,0 mg/L, porém, continuam ocorrendo alguns níveis
reduzidos na margem esquerda nos períodos críticos de “seca”. Nos pontos do reservatório
localizados mais a montante, com média geral de 7,0 mg/L (máximo de 8,0 mg/L e mínimo de
5,4 mg/L), os valores se assemelham aos obtidos na fase rio.

Com referência à condutividade elétrica, os valores em todos os compartimentos do


reservatório evidenciam um equilíbrio entre a liberação e a absorção de compostos iônicos.

Em uma avaliação do nível trófico do reservatório, vem se verificando uma redução


significativa nos níveis dos parâmetros envolvidos nos últimos anos. Para o parâmetro fósforo
total, pode-se considerar o reservatório como oligotrófico em todas as estações. Já para a
transparência da água, o reservatório ainda apresenta características mesotróficas.

Cabe destacar que a expectativa de comprometimento da qualidade da água das áreas


marginais, à época da implantação do reservatório, não se concretizou, não tendo ocorrido
desastres ecológicos como mortandade de peixes ou em risco permanente ao
estabelecimento e manutenção dos ecossistemas aquáticos.

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Um estudo comparativo das características limnológicas dos rios Tocantins e Araguaia,


realizado por Santos (1983), mostrou diferenças marcantes na composição qualitativa e
quantitativa do fitoplâncton e nas características físicas das águas que, segundo o autor, são
atribuídas às diferenças de relevo de ambas as bacias de drenagem.

O rio Itacaiúnas, nas proximidades de Marabá, é receptor de esgotos de origem doméstica e


industrial gerada na cidade de Marabá, contribuindo, portanto, com cargas orgânicas ao
reservatório do AHE Tucuruí, situado imediatamente a jusante. Inaugurado em 1984, o
reservatório da AHE Tucuruí, no rio Tocantins, foi projetado para ocupar uma área de 2.875
km².

Os resultados dos trabalhos limnológicos conduzidos na região (Engevix/Themag, 2002),


revelaram que o ecossistema lótico, anterior à formação do lago de Tucuruí, se caracterizava
por apresentar elevada percentagem de saturação de oxigênio dissolvido na água; alta
temperatura; ausência de estratificação térmica e química; pH próximo à neutralidade; ampla
variação dos teores de sólidos em suspensão, condizentes com o regime de seca e chuva;
níveis de nutrientes, principalmente amônia e fosfato, baixos e compatíveis com os de cursos
d’água sem poluição; e relativa pobreza iônica, ilustrada por baixos níveis de condutividade
elétrica.

Essas condições limnológicas, típicas de um grande rio da região amazônica, foram sendo
modificadas a partir do fechamento das adufas e conseqüente início do enchimento do
reservatório.

Com a modificação das características hidrodinâmicas do ecossistema, aumentou também a


quantidade de nutrientes nitrogenados e fosfatados disponíveis no reservatório a partir da
degradação da biomassa inundada. Como decorrência, constatou-se um aumento qualitativo,
e principalmente, quantitativo de comunidades fitoplanctônicas no sistema, em relação às
previamente identificadas no rio Tocantins. As macrófitas aquáticas responderam de forma
contundente ao represamento, colonizando extensas áreas marginais do novo reservatório.

Entretanto, a partir de 1990, constatou-se uma gradual amenização dos efeitos negativos
sobre a qualidade da água, inicialmente registrados. O percentual de área do espelho d’água
ocupada pelas macrófitas recuou de 39% em 1986, para 6% em 2000.

O padrão global de evolução da qualidade da água do reservatório de Tucuruí tem


demonstrado que as condições restritivas de anoxia e teores elevados de formas tóxicas do
nitrogênio amoniacal em grandes profundidades têm se reduzido progressivamente ao longo
do rápido processo de estabilização desse ecossistema que, entretanto, ainda não atingiu as
condições de equilíbrio.

1.7.2. Principais Questões


As principais questões identificadas nas sub-bacias em análise, destacadas a seguir,
referem-se a efeitos decorrentes da eutrofização dos ecossistemas aquáticos, em especial ao
desenvolvimento de algas potencialmente tóxicas e à proliferação de macrófitas nos
reservatórios, que podem comprometer a saúde humana e os usos múltiplos das águas.

Os processos de eutrofização são favorecidos pela inundação de extensas áreas de


vegetação no processo de formação das represas, tendendo a se intensificar nos períodos de
estiagem.
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Como principais fatores exógenos que favorecem o fenômeno de eutrofização nos cursos
d’água, merecem destaque na bacia do rio Tocantins: o desmatamento de extensas áreas,
incluindo de matas ciliares, para implementação de pastagem; a ampliação das áreas de
cultivo agrícola, como soja, nas quais são aplicados fertilizantes químicos; lançamento de
esgotos sanitários e industriais nos cursos d’água nas áreas mais urbanizadas.
 Algas potencialmente tóxicas

De acordo com Carmichael (1992), vários gêneros e espécies de cianobactérias que formam
florações produzem toxinas. Embora ainda não estejam devidamente esclarecidas as causas
da produção dessas substâncias, têm-se assumido que esses compostos tenham função
protetora contra a herbivoria, como acontece com alguns metabólitos de plantas vasculares.

Até o momento, foram caracterizados dois principais grupos de cianotoxinas - as


neurotoxinas e as hepatotoxinas. As neurotoxinas, alcalóides ou organofosforados
neurotóxicos, são caracterizadas por sua rápida ação, podendo nos casos mais graves
causar parada respiratória. O tipo mais comum de intoxicação envolvendo cianobactérias é
causado por hepatotoxinas, que apresentam ação mais lenta, podendo desenvolver
hemorragia intra-hepática e choque hipovolêmico.

Importante destacar que a produção de toxinas está associada a determinadas linhagens de


bactérias que produzem floração nos cursos d’água. Portanto, o fato de se diagnosticar
espécies potencialmente tóxicas em determinado rio ou represa não implica necessariamente
produção de compostos tóxicos no ambiente aquático. Porém, episódios de floração dessas
algas, entre as quais Cylindrospermopsis raciborskii e Microcystis aeruginosa, requerem
especial atenção, sobretudo nos mananciais de abastecimento público.

Os instrumentos legais que tratam sobre o assunto são recentes e visam o monitoramento de
cianobactérias e cianotoxinas em águas destinadas ao consumo humano, bem como à
proteção de comunidades aquáticas e à recreação de contato primário.

A Portaria do Ministério da Saúde N.º 1.469 de 29/12/00 estabelece procedimentos e


responsabilidades relativos ao controle e vigilância da qualidade da água para consumo
humano e seu padrão de potabilidade, definindo, no caso de tratamento por filtração de água
suprida por manancial superficial e distribuída por meio de canalização, a obrigatoriedade do
monitoramento de cianobactérias e cianotoxinas.

De acordo com essa lei, são definidos como cianobactérias os microorganismos procarióticos
autotróficos, também denominados como cianofíceas (algas azuis), capazes de ocorrer em
qualquer manancial superficial especialmente naqueles com elevados níveis de nutrientes
(nitrogênio e fósforo), podendo produzir toxinas com efeitos adversos à saúde. Nesse
sentido, a referida Portaria recomenda análises para cianotoxinas incluindo a determinação
de cilindrospermopsina e saxitoxinas (STX), observando, respectivamente, os valores limites
de 15,0 µg/L e 3,0 µg/L de equivalentes STX/L.

A Resolução CONAMA 357 de 17/03/05 determina para águas de Classe 2, como é o caso
dos rios em estudo, a densidade de cianobactérias em até 50.000 células por mililitro ou 5
mm3/L.

A ultrapassagem desses valores, como observado em épocas de maior estiagem no


reservatório do AHE Serra da Mesa, indicam a possibilidade de desenvolvimento dessas

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algas nos sistemas lênticos do rio Tocantins sob condições que reúnem: teores elevados de
fósforo no sistema hídrico, maior transparência das águas e temperaturas elevadas.
 Macrófitas Aquáticas

O desenvolvimento de macrófitas aquáticas em reservatórios, principalmente as


denominadas flutuantes tais como do gênero Eicchhornia e Pystia, ocorrem geralmente em
sistemas eutrofizados, apresentando alta produtividade.

Ao se desenvolverem em grande quantidade, essas plantas são levadas pela correnteza e


pelo vento e podem se acumular nas áreas marginais das represas e na barragem,
interferindo no processo de operação das turbinas e em demais usos do reservatório,
incluindo pesca e atividades recreacionais. A morte desses vegetais implica introdução de
matéria orgânica no sistema aquático, com processo de decomposição que leva à redução
dos teores de oxigênio dissolvido e o aumento dos níveis de nutrientes minerais,
realimentando o ciclo de eutrofização.

Há também estudos que mostram a associação de macrófitas aquáticas e a proliferação de


insetos transmissores de doenças. Uma das associações mais significativas apontadas no
documento apresentado pelo INPA à Eletronorte (CNPq, 1983) refere-se à relação entre as
espécies das macrófitas Reussia rotundifolila e Eichhornia sp. e a proliferação de Culicideos
do gênero Mansônia cuja reprodução se dá eficientemente em associação com as raízes
dessas plantas.

Conforme anteriormente citado, os reservatórios que contém biomassa inundada são os mais
propícios ao desenvolvimento desses vegetais, porém, estudos têm indicado amenização do
crescimento de bancos de macrófitas à medida que ocorre a estabilização da matéria
orgânica nos sistemas lênticos.

1.7.3. Ictiofauna

1.7.3.1. Considerações Gerais sobre a Ictiofauna do Rio Tocantins

O rio Tocantins é considerado um rio de planalto que corre, em boa parte de seu trecho, num
vale encaixado. A ictiofauna do rio Tocantins, sobretudo dos trechos alto e médio, é menos
abundante que a do rio Araguaia, atribuindo-se este fato à ausência de extensas planícies de
inundação.

As primeiras descrições de espécies de peixes da bacia do rio Tocantins foram feitas no


século XIX, por Castelnau (in UFT, 2006), porém os levantamentos mais completos são
recentes e estão associados aos estudos realizados por ocasião da implantação de
empreendimentos hidrelétricos na bacia.

Apesar dos vários levantamentos já efetuados, com o intuito de caracterizar a fauna de


peixes do rio Tocantins, o conhecimento completo, em especial no que se refere à taxonomia,
ainda é insatisfatório, visto demandar muito tempo de pesquisa. Certamente, a intensificação
dos levantamentos resultará em novas descobertas como, por exemplo, descrições de novas
espécies. A esse respeito cita-se o Caiapobrycon tucurui, da família Characidae, cuja
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descrição foi feita recentemente por Malabarba e Vari (2000), conforme Informativo Ictiológico
nº 11 de 2002.

Outro aspecto não abordado antes da implantação do primeiro empreendimento está


relacionado às rotas migratórias dos peixes, embora algumas tentativas tenham sido feitas
posteriormente (no final da década de 80), pelo PNUD/ELN/CET e, mais recentemente (final
da década de 90), pela UFT. Sabe-se, no entanto, que o rio Araguaia tem um importante
papel na distribuição da fauna de peixes do rio Tocantins. Os levantamentos dos peixes
associados à implantação de hidrelétricas tiveram início até mesmo antes da exigência do
CONAMA, de 1986, que tornou obrigatório o Estudo de Impacto Ambiental. Basta lembrar
que os primeiros estudos na região foram conduzidos em 1980, onde atualmente está
inserido o reservatório de Tucuruí, correspondente à sub-bacia 29. Dentre os demais
levantamentos pioneiros, levados a termo em outros trechos deste rio, citam-se aqueles na
região do atual reservatório de Serra da Mesa (alto Tocantins, sub-bacia 20) e, em seu trecho
médio, na sub-bacia 23, nas imediações da cidade de Imperatriz (MA), tendo em vista os
estudos ambientais do aproveitamento de Serra Quebrada (não implantado).

As alterações na composição da ictiofauna, resultantes dos barramentos, são inevitáveis e,


no caso do Tocantins, ocorreram inicialmente em 1982, em decorrência da construção da
UHE Tucuruí. Ressalta-se que esta barragem, a primeira implantada neste rio, não dispõe de
mecanismos de transposição de peixes. Dessa forma, as interrupções das rotas migratórias,
bem como outras modificações do ambiente causaram alterações na composição dos peixes,
com reflexos na pesca, atividade relevante especialmente no baixo curso do rio.

Posteriormente, foram implantados os empreendimentos de Lajeado, no médio curso


(enchimento em 2001), e o de Serra da Mesa, no alto Tocantins, respectivamente nas sub-
bacias 22 e 20. O regime hidrológico do rio Tocantins, em especial do trecho alto, sofreu
mudanças significativas em função do reservatório de Serra da Mesa, cujo início de
enchimento ocorreu em outubro de 1996. Desta data até abril de 1998, quando a primeira
turbina entrou em operação, as alterações a jusante foram bem acentuadas, não somente
devido à retenção parcial das águas como, também, pela liberação de águas de qualidade
inferior às originais (vazão sanitária). Destaca-se que o empreendimento de Serra da Mesa
foi concebido como reservatório de acumulação de volumes d’água.

Recentemente (abril/2006) foi concluído o enchimento do reservatório de Peixe Angical,


também no alto curso do Tocantins, no trecho abarcado pela sub-bacia 21.

Apesar de incontestavelmente os empreendimentos hidrelétricos causarem interferências na


ictiofauna e, conseqüentemente, nas atividades pesqueiras, ressalta-se que, no caso do rio
Tocantins, há grande dificuldade para se quantificar estas alterações, principalmente em
função da ausência de dados do ecossistema como um todo, antes da implantação do
primeiro empreendimento. O reservatório de Tucuruí, muito provavelmente, influenciou na
composição dos peixes a montante, o que de certa forma é confirmado pelos relatos de
pescadores mais antigos do trecho médio do rio.

Os levantamentos realizados antes da formação do reservatório de Tucuruí identificaram 270


espécies de peixes. Apesar das alterações na estrutura das comunidades, resultantes da
formação desse reservatório, a ictiofauna da área, vinte anos depois, ainda é bastante rica e
diversificada; cerca de 76% dos peixes antes presentes ainda são encontrados. (Santos et al,
2006).
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Os levantamentos ictiofaunísticos dos reservatórios de Lajeado e de Serra da Mesa, não


obstante terem mostrado mudanças na estrutura das comunidades de peixes, não indicam
modificações acentuadas em relação às condições pré-existentes, conforme será visto
posteriormente. Isto pode estar associado ao fato dos dados disponíveis referirem-se aos
primeiros anos da formação desses ambientes,mas também outros fatores podem ter
contribuído, como a configuração morfométrica dos reservatórios, a presença de afluentes,
entre outros.

Além da hidroeletricidade há de se considerar, ainda, os demais usos da água que produzem


um conjunto diversificado de impactos, com conseqüências na qualidade da água e na fauna
de peixes.

Deve-se, considerar da mesma forma os aspectos relevantes que interferiram na biota


aquática, resultantes da própria dinamização da região, independentemente dos
empreendimentos hidrelétricos. Assim, a composição da ictiofauna atual é conseqüência de
outros processos que vêm interferindo no meio, especialmente as atividades antrópicas,
associadas aos usos e à ocupação da bacia. Essas atividades têm se intensificado nas
últimas décadas, especialmente o desmatamento para a expansão das atividades agrícolas,
a construção de estradas e ferrovias, a mineração, o crescimento urbano, etc.

Especialmente, o intenso desmatamento verificado na bacia hidrográfica do rio Tocantins


está associado ao avanço da cultura de soja. Neste sentido, as alterações na ictiofauna vêm
ocorrendo tanto pela suscetibilidade do meio aos poluentes de origem agrícola como,
também, pela descaracterização de ambientes, especialmente dada a supressão da
vegetação ciliar, que exerce uma função relevante para os peixes.

Os impactos na ictiofauna, quando devidos à formação de reservatórios, são muito


explorados por ocorrerem em pequeno intervalo de tempo. Já as transformações
ocasionadas por outros fatores como poluição, desmatamento, exploração irracional da
pesca, introdução de espécies exóticas, etc., não causam tanta perplexidade, embora
também tenham conseqüências importantes, muitas vezes de forma rápida e com grande
magnitude. Isto, talvez, seja devido ao fato de o agente causador não ser tão perceptível.

Nesse contexto, o rio Tocantins, embora ainda não poluído e praticamente livre de espécies
de peixes exóticas, vem paulatinamente sofrendo alterações resultantes, principalmente, das
ações antrópicas. A introdução de espécies exóticas poderá comprometer a fauna nativa e
dificilmente a bacia do rio Tocantins estará livre deste risco. A tilapia, por exemplo, já foi
identificada na região de Serra da Mesa.

No Anexo I do presente relatório, é apresentada relação das espécies de peixes identificadas


nos levantamentos e estudos da bacia do Tocantins. Estão indicadas as localidades onde tais
espécies ocorreram (alto, médio e baixo), com destaque para as espécies endêmicas, as em
extinção e as sobrexplotadas ou ameaçadas de sobreexplotação. Foram excluídas da relação
algumas espécies identificadas somente no nível de gênero. O número total de espécies é,
portanto, superior ao apresentado.

1.7.3.2. Metodologia

A caracterização da ictiofauna da bacia do rio Tocantins foi realizada com base em dados
secundários, especialmente aqueles obtidos no âmbito dos estudos associados às usinas

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hidrelétricas; existentes ou ainda em planejamento. Assim, os dados disponíveis são relativos


não somente às regiões já represadas como, também, aos trechos lóticos, de localidades
onde não foram implantados empreendimentos hidroelétricos.

As informações disponíveis mais detalhadas referem-se àquelas levantadas para os estudos


ambientais dos reservatórios de Serra da Mesa (sub-bacia 20), Lajeado (sub-bacia 22) e
Tucuruí (sub-bacia 29), sendo para este último os dados enfatizam as questões relativas à
pesca. Pelo fato dos reservatórios alterarem a composição de peixes, a caracterização da
ictiofauna, nestes locais, é apresentada comparando-se a situação atual com a pré-existente.
Para a região do reservatório de Peixe Angical (sub-bacia 22) também há muitas
informações, porém do período que antecede a fase de seu enchimento, ocorrido
recentemente.

Além desses relatórios técnicos foram consultados igualmente artigos publicados em


periódicos, bem como informações disponíveis na internet.

1.7.3.3. Dados disponíveis sobre a ictiofauna - Síntese dos Levantamentos Ictiofaunísticos


efetuados no rio Tocantins

A caracterização da ictiofauna, descrita a seguir, tem como base os dados disponíveis para
os trechos; alto, médio e baixo Tocantins, destacando-se as sub-bacias onde estão inseridas
as localidades estudadas.
 Alto Tocantins – Sub-bacias 20 e 21

O alto rio Tocantins engloba as sub-bacias 20 e 21. Os principais rios da sub-bacia 20 são os
rios das Almas e Maranhão, formadores do rio Tocantins. Modificações na região da
confluência dos rios das Almas e Maranhão ocorreram com a formação do reservatório de
Serra da Mesa, cujo enchimento teve início em outubro de 1996. O trecho situado a jusante
de Serra da Mesa também foi alterado pela implantação do reservatório de Cana Brava,
também na sub-bacia 20, que entrou em operação em maio de 2002.

Já os cursos d’água mais importantes da sub-bacia 21 são o rio Paranã e seu tributário o rio
Palma. O rio Paranã é afluente da margem direita do rio Tocantins. Sua foz, hoje, encontra-se
abrangida pelo reservatório de Peixe Angical.

De uma forma geral, esses rios apresentam muitas corredeiras e fundos rochosos, abrigando
uma ictiofauna adaptada a essas condições. Outro aspecto a ser destacado refere-se aos
inúmeros tributários de pequeno porte (riachos), com fauna de peixes, na maioria das vezes,
diferenciada dos sistemas de maior porte e adaptadas às condições intermitentes.

No caso específico do rio Paranã, é importante ressaltar a presença de áreas de várzea


localizadas ao norte do Estado de Goiás. Embora ainda não estudadas do ponto de vista
ictiofaunístico, sabe-se que essas áreas são importantes como criadouros de peixes.

Tanto os rios da sub-bacia 20 como os da sub-bacia 21 apesar de não apresentarem porte


significativo, têm uma ictiofauna bem diversificada, constituída inclusive por peixes
migradores, normalmente de interesse econômico. É importante mencionar que a pesca,
como atividade profissional, não é permitida na parte alta da bacia do rio Tocantins, embora
seja relevante para a subsistência das comunidades ribeirinhas. Ultimamente tem
apresentado, também, maior expressividade como atividade de lazer.

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Pelos resultados disponíveis verifica-se que os trechos alto e médio (sub-bacias 20, 21, 22e
23), se comparado ao do baixo Tocantins (sub-bacia 29), apresentam um maior número de
espécies endêmicas. Entretanto, isto pode ser atribuído à maior freqüência de amostragens e
ao menor porte dos ambientes estudados.

Os rios Maranhão e das Almas têm destaque por possibilitarem que algumas espécies de
peixes, atualmente confinadas a montante da barragem de Serra da Mesa, continuem suas
migrações. Assim, possivelmente, algumas populações conseguirão manter-se no
reservatório graças aos trechos lóticos remanescentes. Nota-se que o reservatório conta,
também, com dois outros importantes tributários, rios Tocantinzinho e Bagagem, que também
podem desempenhar função semelhante,

Os dados a seguir são os da sub-bacia 20, notadamente na região de Serra da Mesa. São
apresentados alguns resultados obtidos antes, durante o enchimento e depois da formação
do reservatório, tanto para as localidades situadas na área atualmente alagada, como a
montante e a jusante desta.

O texto apresenta, também, as demais informações relacionadas à fauna de peixes do alto


Tocantins, compreendido entre a barragem de Serra da Mesa e a confluência com o rio
Paranã (sub-bacia 20), bem como dados do rio Paranã e de seus afluentes (sub-bacia 21).

As informações atuais a respeito da ictiofauna das sub-bacias 20 e 21 são relativas aos


monitoramentos efetuados pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e Universidade
Federal do Tocantins. Há, também, dados a respeito da ictiofauna obtitos pela empresa
NATURAE.

A região do atual reservatório de Serra da Mesa conta com cerca de 150 espécies de peixes.
Mesmo não se dispondo de informações que assegurem a estabilidade das comunidades de
peixes no reservatório, os dados mais recentes, quando comparados aos obtidos no período
que antecedeu o barramento, mostram que não houve variação significativa entre o número
de espécies e o número de indivíduos, conforme observado no gráfico a seguir.

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Gráfico 7 - Distribuição dos pontos da regressão entre o número total de espécies e o


total de indivíduos capturados em 35 campanhas (4 fases). Os pontos vermelhos
indicam as campanhas da última fase – monitoramento

120

100
Núm e ro de e s pé cie s

80

60

40
Y = 74,6 + 0,002 X
20
P = 0,106
0
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000
Número de indivíduos

Fonte: FURNAS/ UFRJ (2003)

Em relação ao número de indivíduos capturados na área do reservatório, verifica-se que


houve um aumento significativo de capturas durante o enchimento, a partir de fevereiro de
1997.

De acordo com o relatório FURNAS/UFRJ (2003), o maior número de peixes capturados foi
atingido na fase de enchimento, com média de 2.960 indivíduos. Esse valor é
significativamente superior à média obtida na fase rio.

Na fase operação, ocorreu uma redução do número médio de indivíduos capturados, (1.675
indivíduos), valor este ainda superior ao da fase rio. Na fase monitoramento, ocorreu um novo
aumento da média de indivíduos capturados (2.260 indivíduos), atingindo patamar
semelhante ao da fase de enchimento.

Os resultados mostram ainda que no mês de dezembro de cada ano há um aumento do


número de indivíduos capturados, possivelmente está associado à alta pluviosidade e à maior
movimentação dos peixes nessa época.

Na área do reservatório também foi detectado um aumento significativo da biomassa a partir


do enchimento, que se mantém elevada durante as fases subseqüentes (operação e
monitoramento). Isto mostra que, mesmo quando o número de indivíduos diminui, o seu
tamanho médio aumenta.

No trecho do rio Tocantins, a jusante de Serra da Mesa, onde foram realizadas coletas em
duas localidades, os resultados mostram que as alterações no número de peixes capturados
não foram significativas ao longo do período estudado, com exceção dos dados de 2002,
quando houve um aumento significativo de capturas. Esse aumento foi atribuído ao
barramento do rio Tocantins pela represa de Cana Brava, empreendimento situado a jusante
de Serra da Mesa e que provocou aumento do número de peixes coletados. Os dados
referem-se a dois pontos de coleta a jusante: um situado nas imediações da barragem e, o
outro, cerca de 40 km desta.

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No que se refere ao número médio de espécies capturadas no decorrer dos estudos verifica-
se que, no geral, houve um aumento significativo na fase de enchimento e uma diminuição
nas fases subseqüentes. Uma possível explicação para a redução do número de espécies
reside na redução da área do reservatório, devido ao uso da água para a geração de energia,
em dois anos de baixa pluviosidade. A ilustração a seguir mostra a variação do número de
espécies capturadas ao longo do estudo. Os pontos de montante considerados foram os rios
Maranhão e o rio das Almas, este último afluente da margem esquerda do rio Maranhão.

Ilustração 6 - Variação temporal do número médio de espécies nas localidades de


montante, nas 36 campanhas de coleta padronizada

Área de Montante
70
Nú m e r o d e e s p é cie s

60
50
40
30
20
10 rio enchimento operação monitoramento
0
d e z /95
fe v/96
ab r /96
ju n /96
ag o /96
o u t/96
d e z /96
fe v/97
ab r /97
ju n /97
ag o /97
o u t/97
d e z /97
fe v/98
ab r /98
ju n /98
ag o /98
o u t/98
d e z /98
fe v/99
ab r /99
ju n /99
ag o /99
o u t/99
d e z /99
fe v/00
ab r /00
ju n /00
ag o /00
o u t/00
d e z /00
fe v/01
ab r /01
ju n /01
ag o /01
o u t/01
d e z /01
fe v/02
ab r /02
ju n /02
ag o /02
o u t/02
d e z /02
Fonte: FURNAS/ UFRJ (2003)
Obs: Os pontos em vermelho indicam o mês de dezembro. A linha pontilhada horizontal indica o valor
médio das 36 campanhas. As linhas pontilhadas verticais separam as Fases.

Quando se analisa a distribuição das médias do número de espécies, observa-se que, para
os pontos situados no reservatório, também houve um aumento durante a etapa do
enchimento, conforme pode ser visto na ilustração a seguir. Observa-se, ainda, que nas fases
subseqüentes houve uma redução do número de espécies, porém o valor detectado não
difere muito da fase rio.

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Ilustração 7 - Variação temporal do número médio de espécies, nas localidades do


reservatório, nas 36 campanhas de coleta padronizada

Área do Reservatório
90
Nú m e r o d e e s p é c ie s

80
83
70
70 67
60
60 59
50 56 57
53 49
49 52 50
52
46
40 47 48
30 rio enchimento operação monitoramento 39
20
d e z /9 5
f e v /9 6
a b r /9 6
ju n /9 6
a g o /9 6
o u t/9 6
d e z /9 6
f e v /9 7
a b r /9 7
ju n /9 7
a g o /9 7
o u t/9 7
d e z /9 7
f e v /9 8
a b r /9 8
ju n /9 8
a g o /9 8
o u t/9 8
d e z /9 8
f e v /9 9
a b r /9 9
ju n /9 9
a g o /9 9
o u t/9 9
d e z /9 9
f e v /0 0
a b r /0 0
ju n /0 0
a g o /0 0
o u t/0 0
d e z /0 0
f e v /0 1
a b r /0 1
ju n /0 1
a g o /0 1
o u t/0 1
d e z /0 1
f e v /0 2
a b r /0 2
ju n /0 2
a g o /0 2
o u t/0 2
d e z /0 2
Fonte: FURNAS/ UFRJ (2003)
Obs: Os pontos em vermelho indicam o mês de dezembro. A linha pontilhada horizontal indica o valor
médio das 36 campanhas. As linhas pontilhadas verticais separam as Fases.

Já a análise dos dados das coletas realizadas no rio Tocantins, a jusante do


empreendimento, na região de Porto Garimpo, mostra que, apesar de se verificar uma
redução durante as etapas de enchimento e de operação, o número médio de espécies não
sofreu alterações significativas, conforme figura a seguir.

Ilustração 8 - Variação temporal do número médio de espécies nas localidades de


jusante, nas 36 campanhas de coleta padronizada
Área de Jusante
70
65
Núm e r o de e s pé cie s

60
55
50
45
40
35
30
25 rio enchimento operação monitoramento
20
de z/95
fe v/96
abr /96
jun/96
ago/96
out/96
de z/96
fe v/97
abr /97
jun/97
ago/97
out/97
de z/97
fe v/98
abr /98
jun/98
ago/98
out/98
de z/98
fe v/99
abr /99
jun/99
ago/99
out/99
de z/99
fe v/00
abr /00
jun/00
ago/00
out/00
de z/00
fe v/01
abr /01
jun/01
ago/01
out/01
de z/01
fe v/02
abr /02
jun/02
ago/02
out/02
de z/02

Fonte: FURNAS/ UFRJ (2003)


Obs: Os pontos em vermelho indicam o mês de dezembro. A linha pontilhada horizontal indica o valor
médio das 36 campanhas. As linhas pontilhadas verticais separam as Fases.

Os resultados das análises do ictioplâncton mostram que as localidades amostradas, nos rios
Maranhão e Bagagem (ambientes com características lóticas a montante) e em Porto
Garimpo, a jusante (cerca de 40 km da barragem), foram as que apresentaram maiores
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registros de ovos. Já as lavas foram mais abundantes nas seguintes localidades: rio
Maranhão, rio Almas, principal afluente da margem esquerda do rio Maranhão, e rio
Bagagem.

Nos rios Maranhão e Almas, foram registrados valores elevados de ovos e larvas durante a
fase operação. Provavelmente esses ambientes foram mais favoráveis à reprodução dos
peixes durante essa fase, devido à intensa variação do nível d’água no ambiente represado.

Assim, as localidades Bagagem e Maranhão foram as que apresentaram maior concentração


de indivíduos reprodutivos e/ou áreas com uma dinâmica hídrica que facilita a manutenção
desses estágios de vida dos peixes.

A abundância ovos e de larvas da fase de monitoramento, quando comparados aos obtidos


nas fases anteriores, foi mais reduzida. De acordo com o relatório elaborado pela UFRJ, o
aporte de ovos e formas larvais foi alterado pelo represamento, possivelmente como resposta
à alteração da dinâmica hídrica local. No entanto, algumas localidades se distinguem pela
inversão desse padrão, sugerindo a possibilidade de haver áreas que ainda mantém uma
dinâmica hídrica que possibilita o aporte e a manutenção de ovos e formas larvais. Como
observação conclusiva, o relatório acima citado destaca que a alteração ambiental,
decorrente da implantação do empreendimento nesse trecho do rio Tocantins (sub-bacia 20),
exerceu efeito negativo para o aporte de ovos e larvas oriundos das áreas adjacentes ao
reservatório. A existência de localidades que apresentaram aumento da ocorrência de ovos e
larvas, associada à preservação de áreas adjacentes ao reservatório, são uma alternativa
para a manutenção das espécies da região.

Ainda com relação ao ictioplâncton, verifica-se que as maiores capturas foram registradas à
noite, indicando que os movimentos de deriva dos ovos e o deslocamento das larvas ocorrem
no ciclo diário de 24 h. Os dados mostram, também, que a despeito de o padrão apresentado
pelas larvas ser semelhante ao dos ovos, há uma tendência mais acentuada de movimento
diurno por parte daquelas. A diferenciação entre os períodos diurno e noturno não havia sido
detectada por ocasião das coletas da etapa rio.

O trecho do rio Tocantins abaixo de Serra da Mesa também está atualmente represado pela
barragem de Cana Brava.

Os dados relativos ao período subseqüente à formação do reservatório, considerados no


presente estudo (até abril de 2004), mostram que, no geral, não houve alterações
significativas na composição dos peixes. Por outro lado, os indícios de sucessão ecológica
ficaram evidenciados pela menor ocorrência, na área do reservatório, de peixes de fundo De
acordo com o relatório da NATURAE, os Siluriformes muito provavelmente se dirigiram aos
tributários, em especial para o rio Preto, afluente do rio Tocantins.

Com relação às coletas efetuadas imediatamente a jusante da barragem, os resultados


apontam um número razoável de peixes. A identificação feita pela equipe da NATURAE
indicou que a maioria é migradora, por isso a concentração a jusante da barragem. A
barragem de Cana Brava não dispõe de dispositivos para a transposição de peixes e a
concentração a jusante era um fato de certa forma esperado. Os resultados dessas coletas
apontaram, também, um incremento de peixes predadores e até mesmo a presença de botos,
nas imediações da barragem.

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Além das amostragens de peixes nessa localidade, foram realizadas entrevistas para
caracterizar a atividade pesqueira. Foram entrevistadospescadores sobre a finalidade da
pesca (pesca comercial, de subsistência ou esportiva). Também foram aplicados
questionários para identificar o tipo de aparelho de pesca utilizado e, ainda, as características
do pescador (ribeirinho, esportivo ou turista).

Foram entrevistados 65 pescadores onde a grande maioria, (87%), era procedente de Minaçu
e, 23,08% tinham a pesca como atividade de subsistência. Nenhum afirmou praticá-la com
finalidades comerciais, embora se saiba que o comércio é exercido na região, porém de
forma incipiente.

As técnicas utilizadas mais citadas foram: anzol (barranco e embarcado), pinda, linhada,
espinhel e redes de espera.

O trecho estudado do rio Tocantins antes da implantação do reservatório de Cana Brava já se


encontrava afetado pelos efeitos do reservatório da UHE Serra da Mesa, em decorrência da
operação que determina a oscilação no nível do rio, em alguns metros, com exposição de
grande parte do leito. Além disso, a tomada de água daquele empreendimento ocorre em
zonas profundas e libera águas com características diferentes das pré-existentes. O relatório
da NATURAE salienta ainda a ocorrência de remoção da vegetação na região, que contribuiu
de maneira relevante para a degradação ambiental na região. O garimpo também é citado
como uma das atividades com repercussão negativa para a ictiofauna.

Na conclusão apresentada no relatório da NATURAE consta que este trecho do rio, antes da
formação do reservatório da UHE Cana Brava, já apresentava uma fauna de peixes
depauperada, pelas razões acima mencionadas.

Já o trecho entre a barragem de Cana Brava até as imediações da cidade de São Salvador
apresenta características lóticas. A fauna de peixes deste trecho de rio é, aparentemente,
menos abundante que a do rio Paranã, afluente do rio Tocantins, localizado cerca de 60 km a
jusante da cidade de São Salvador, embora a diversidade seja similar em ambos ambientes.

Esta região foi amostrada em diversos pontos, tanto do rio Tocantins quanto de seus
principais tributários como rios Traíras, Cana Brava e Mucambão, córrego Piabanha e outros.

No que diz respeito às informações da fauna de peixes da sub-bacia 20 tem se dados tanto
ao rio Paranã, nas proximidades da sua foz, como de alguns de seus tributários, como rios
Palma, das Lajes, Areia, São Miguel, vários riachos e, ainda, ambientes lênticos como lagoa
Verde, situada na margem esquerda do rio Paranã.

Esses dados foram obtidos por ocasião dos estudos ambientais de Peixe Angical que dispõe
também de informações do rio Tocantins, no trecho compreendido entre a cidade de São
Salvador e a foz do rio Paraná, ou seja, parte da sub-bacia 21.

Nesta região foram identificadas várias espécies migradoras como, por exemplo: Piaractus
mesopotamicus (caranha), Salminus hilarii (tubarana), Prochilodus nigricans (papa-terra),
Ageneiosus brevifilis (fidalgo), Hemisorubim platyrhynchus (mandubé), Paulicea luetkeni (jaú),
Pinirampus pirinampu (barbado), Pimelodus blochii (mandi-cabeça-de-ferro) e Pseudodoras
niger (cuiú-cuiú), Pseudoplatystoma fasciatum (surubim), Sorubimichthys planiceps (chicote),
Brachyplatystoma filamentosum (filhote) e B. flavicans (dourada).

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Em função da presença de espécies migradoras e, também, pelo fato dos rios Paranã e
Palma (importante afluente do Paranã) não serem barrados, foi prevista uma escada para
peixes no projeto da barragem, com o intuito de minimizar os efeitos negativos que
normalmente ocorrem sobre as espécies reofílicas.

A maior intensidade reprodutiva foi verificada no período de cheia, quando se observou a


maior freqüência de indivíduos em reprodução ou que já se haviam reproduzido (esgotados).
Algumas espécies, no entanto, apresentaram período reprodutivo na estiagem. Entre estas,
destacam as que possuem ciclo reprodutivo longo e preferências por ambientes lênticos,
como Cichla sp (tucunaré), Geophagus altifrons (corró), Plagioscion squamosissimus
(curvina), Serrasalmus rhombeus (piranha) e Hoplias malabaricus (traíra).

Os dados disponíveis do monitoramento que vem sendo efetuado pela Universidade Federal
do Tocantins (UFT), são, conforme já mencionado, da fase anterior ao enchimento e foram
obtidos entre agosto de 2004 e julho de 2005. Procurou-se enfatizar os resultados obtidos no
período compreendido entre outubro e março, tendo em vista ser o mais significativo em
termos de reprodução dos peixes.

As primeiras coletas dessa etapa, efetuadas no período chuvoso, permitiram identificar 112
espécies de peixes, muitas coincidentes com as já identificadas nos levantamentos anteriores
feitos nesta localidade. Foi constatado que tanto o número de espécies quanto o de
indivíduos foram mais expressivos no rio Paranã. O rio Tocantins também apresentou valores
elevados de riqueza e de indivíduos, porém, a jusante da confluência com o Paranã. A
freqüência de espécies em reprodução e a quantidade de fêmeas em atividade reprodutiva
foram igualmente mais elevadas no rio Paranã e no rio Tocantins, abaixo da foz do rio
Paranã. Este fato é um indício de que o rio Paranã seja mais utilizado pelos peixes.

Os dados do período de maior atividade reprodutiva das espécies, ou seja, compreendido


entre outubro e março evidenciam que o rio Paranã é mais utilizado pelos peixes. As
informações disponíveis, no entanto, não são suficientes para a confirmação deste fato.

A ilustração a seguir mostra que, em relação aos aspectos reprodutivos, os dados de outubro
e novembro foram mais expressivos, tanto para o número de espécies em reprodução como
para o percentual de indivíduos que apresentavam essa atividade. Já o ictioplâncton
apresentou valores mais significativos posteriormente, especificamente na coleta de janeiro.
Assim, os locais de maior relevância para a desova podem estar situados a montante da área
estudada.

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Ilustração 9 - Porcentagem de espécies (A) e indivíduos (B) em reprodução e densidade


de ictioplâncton (C) em outubro, novembro e dezembro de 2004 e janeiro, fevereiro e
março de 2005

Fonte: UFT (2005)

Um importante aspecto a ser ressaltado refere-se às várzeas existentes no rio Paranã. Estes
ambientes são fundamentais para a reprodução de peixes e estão presentes, em grande
extensão, a aproximadamente 200 km a montante da cidade de Paranã.

As coletas seguintes, relativas às amostragens de abril, maio, junho e julho de 2005 mostram,
de uma forma geral, um declínio em relação ao número de espécies e de indivíduos em
reprodução, bem como da densidade de ovos e de larvas.

O número de espécies identificadas em cada bimestre foi significativo, conforme mostrado na


Tabela 2. Salienta-se que muitas espécies foram comuns em várias coletas.

Os levantamentos efetuados em 2004/2005 revelam que a diversidade de espécies é


bastante expressiva, totalizando 243 espécies pertencentes a 35 famílias e 10 ordens. De
acordo com o relatório parcial da UFT (2005 b), elaborado com base nos dados do período
acima citado, nessas coletas predominaram os Characiformes, seguidos dos Siluriformes
(51,4% e 31,7% respectivamente). Os Perciformes, conhecidos como corrós, tucunarés e
curvinas, e os Gymnotiformes, representados principalmente pelas tuviras ou espadas,
constituíram 7,4% e 4,5% das espécies registradas.
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Segundo o relatório, as famílias com o maior número de espécies foram Characidae, com 78
(32,1% do total), Loricariidae, com 36 (14,8%), Anostomidae, com 15 (6,2%) e Cichlidade e
Curimatidae, com 13 (5,4%). A representação das espécies das demais famílias foi inferior a
5%.

Dentre os indivíduos de pequeno porte, houve uma predominância dos pertencentes à classe
de comprimento de até 4 cm e peso inferior a 100 gramas. Isto indica que os indivíduos
forrageiros constituem um importante estrato da ictiofauna, por servirem de alimento para os
piscívoros de médio e grande porte. A importância destas espécies na cadeia alimentar é
evidenciada pelo fato de no rio Tocantins, mais de 20% das espécies serem piscívoras
(Marques et al., 2002) in UFT (2005b).

Os peixes de grande porte (comprimento maior que 40 cm) tiveram participação de cerca 12.
As espécies mais representativas deste grupo foram: a cachorra verdadeira Hydrolycus
armatus, a caranha Piaractus brachypomus, o cuiú-cuiú Oxydoras niger, o papa-terra
Prochilodus nigricans, o jaú Zungaro zungaro, a pirarara Phractocephalus hemioliopterus, o
pintado Pseudoplatystoma fasciatum, o barbado Pinirampus pirinampu, entre outras. Estas
espécies são as mais apreciadas pelos pescadores.

Ainda de acordo com o relatório da UFT, a análise dos dados das capturas efetuadas com
redes de espera revela um padrão que pode estar relacionado ao deslocamento reprodutivo
dos indivíduos. No final do período de seca, os peixes se acumulam na foz dos tributários
secos ou com pouca vazão, à espera das primeiras chuvas para que possam realizar o
movimento ascendente, com a finalidade de se reproduzirem nas cabeceiras. Neste período,
a captura nos rios de maior porte foi alta, conforme constatado em outubro, período de
transição entre a seca e o início das chuvas. Com o início das chuvas os cardumes começam
a subir os tributários e as capturas nos rios diminuem fato esse observado no período de
dezembro a março. No período de vazante (abril a junho), o nível hidrológico dos tributários
volta a baixar e os peixes retornam para o canal principal do rio, ocorrendo um aumento nas
capturas neste ambiente. Segundo o relatório da UFT esta é uma hipótese, devendo ser
analisada com maior profundidade. Quanto aos padrões de dominância dos ambientes no
período, observa-se que as espécies Caenotropus labyrinthicus, Hypostomus sp7 e Curimata
acutirostris foram dominantes nos rios analisados. A espécie Caenotropus labyrinthicus é
bentófaga (alimenta-se de organismos e detritos que se acumulam no sedimento), enquanto
as outras duas são iliófagas (alimentam-se de detritos, sedimentos e vegetais). Estas
espécies têm porte pequeno ou médio e não são migradoras. A Hypostomus sp7 é uma
espécie caracteristicamente abundante em ambientes rasos de fundo rochoso, como é o
caso de grande parte da região em estudo durante o período de seca, especialmente o rio
Paranã. Estas três espécies constituíram 23% do total capturado nos rios.

A comparação das 20 espécies mais capturadas, por ambiente, revela que somente uma foi
comum aos ambientes de praia e rio (Geophagus altifrons). Já comparando a composição
das espécies mais capturadas nos ambientes de praia e córrego, identificam-se três espécies
comuns (Knodus spC, Creagrutus britskii e Knodus spF). De uma forma geral, há baixa
similaridade entre os diferentes ambientes estudados.

Com relação ao ictioplâncton, as menores densidades de larvas foram registradas nos


tributários de menor porte e nos riachos, o que pode estar relacionado à dinâmica hidrológica
dos pequenos corpos d´água da região estudada, pois estes não são perenes,
permanecendo secos ou com fluxo reduzido durante a maior parte do ciclo sazonal. No
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período das chuvas, no entanto, o seu nível varia acentuadamente em curtos intervalos de
tempo. Estas condições parecem ser restritivas para a maioria das espécies de peixes,
especialmente as espécies que apresentam ovos aderentes.

O fato da maior densidade de ictioplâncton ter sido detectada nos rios de maior porte parece
estar de acordo com o padrão reprodutivo das espécies tropicais, segundo o qual os peixes
migram para as cabeceiras dos corpos d´água e desovam no período de enchente, sendo
então os ovos e as larvas levados para as planícies. As planícies podem estar localizadas
nos pequenos corpos d´água ou no canal do rio principal. No trecho estudado os rios correm
encaixados, com escassas áreas de planície, e os pequenos corpos d’água, muito
provavelmente, são restritivos a essa função. Essa situação difere do segmento a jusante,
conforme será visto posteriormente.

Embora não explicitado nos relatórios da UFT, deve ser ressaltado que o rio Paranã, a
montante da área estudada é, conforme já mencionado, caracterizado por áreas de várzeas,
ambientes que continuarão sendo relevantes para a manutenção da fauna de peixes desta
sub-bacia, mesmo considerando o reservatório de Peixe Angical.

 Médio Tocantins – sub-bacias 22 e 23

O trecho médio do rio Tocantins, compreendido entre a cidade de Peixe até a confluência
com o rio Araguaia, engloba integralmente as sub-bacias 22 e 23. A rede de drenagem é
mais intensa pela margem direita, visto que pela outra margem, o divisor de águas com a
bacia do rio Araguaia é relativamente próximo. Mesmo assim, destaca-se um importante
afluente pela margem esquerda, na parte mais ao sul da sub-bacia 22, que é o rio Santa
Teresa. O rio Santa Teresa e o rio Santo Antonio, este último também afluente da margem
esquerda do rio Tocantins, apresentam planícies de várzea, com inúmeras lagoas marginais,
que constituem ambientes favoráveis para a fauna de peixes. Muitas lagoas, no entanto, não
apresentam conexão com o rio principal ou, quando apresentam, isto ocorre somente em
ocasiões de cheias excepcionais. Em geral, os ambientes de várzea não fazem parte da
paisagem do médio curso do rio Tocantins, tendo em vista a escassez destes ambientes nos
trechos a jusante. Somente nas adjacências da região próxima à confluência com o Araguaia
(sub-bacia 23) é que são notados ambientes com tais características.

Apesar da importância desses ecossistemas, os mesmos estão sendo descaracterizados pela


intensa atividade antrópica que a região vem sendo submetida, especialmente nas últimas
décadas. Assim, o desmatamento para formar áreas de pastagem ou de culturas,
particularmente da soja, representam uma ameaça constante para tais ambientes. No
monitoramento ictiofaunístico do rio Santa Teresa, realizado pela UFT, foi constatada a
deterioração das margens desse rio, mesmo numa região que teoricamente deveria estar
sendo preservada, devido à existência da Unidade de Conservação do rio Santa Teresa.

Outros afluentes pertencentes à sub-bacia 22, com destaque pelo porte e pela extensão da
área de drenagem e importantes, consequentemente, para a fauna de peixes são: rios São
Valério, Manuel Alves Natividade, Areias, Crixás e Rio do Sono. Já na sub-bacia 23
destacam-se os seguintes: rio Manuel Alves Grande, rio Farinha e rio Lajeado.

Há informações bibliográficas disponíveis para todo o trecho do rio Tocantins, bem como dos
seus principais tributários, na sub-bacia 22. Já a maior disponibilidade de dados
ictiofaunísticos da sub-bacia 23 corresponde ao trecho mais a montante do rio, de Tupirama
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até a região de Imperatriz. Esta sub-bacia dispõe, também, de dados referentes aos recursos
pesqueiros, visto que a pesca comercial é permitida nesta região.

Com relação ao trecho médio do rio Tocantins há de se considerar, ainda, as transformações


já ocorridas na composição dos peixes pela implantação do reservatório de Lajeado, cujo
início do enchimento ocorreu em outubro de 2001 e foi completado em fevereiro de 2002.
Para essa localidade, assim como para o trecho lótico a montante, há informações mais
detalhadas a respeito da ictiofauna, em função dos programas de monitoramento
implantados.

− Principais resultados com base nos levantamentos efetuados

O trecho do rio Tocantins situado entre a barragem de Peixe Angical e o final do remanso do
reservatório de Lajeado tem extensão superior a 100 km e é caracterizado por vários
tributários, dentre os quais o Santa Teresa e o Santo Antonio, conforme já mencionado, têm
importância para a fauna de peixes.

As amostragens realizadas por ocasião dos estudos ambientais de Ipueiras resultaram na


identificação de 218 espécies de peixe, sendo que as ordens mais representativas em
número de espécies foram: Characiformes (55,04%), Siluriformes (28,44%) e Perciformes
(8,26%).

Das 32 famílias registradas, algumas se destacaram pela riqueza de espécies. São elas:
Characidae, Loricariidae, Pimelodidae, Anostomidae e Cichlidae que, juntas, representaram
67,89% das espécies capturadas. Representantes das famílias Parodontidae, Crenuchidae e
Engraulidae foram registrados somente nas capturas com redes de arrasto.

Espécies migradoras de média ou longa distância ocorrem na região. Dentre estas, citam-se:
Salminus hilarii (tubarana), Brycon brevicauda (piabanha), Triportheus albus (sardinha),
Triporteus elongatus (sardinha), Triporteus trifurcatus (sardinha), Myleinae (pacus - 10
espécies), Argonectes robertsi (piau-voador), Hemiodus microlepis (voador), Hemiodus
unimaculatus (piau-pirco), Leporinus (piaus - 10 espécies), Hydrolycus armatus (cachorra-
verdadeira), Hydrolycus tatauaia (cachorra-verdadeira), Psectrogaster amazonica
(branquinha), Raphiodon vulpinus (cachorra-facão), Prochilodus nigricans (curimba),
Ageneiosus brevefilis (fidalgo), Paulicea luetkeni (jaú), Pimelodus blochii (mandi),
Hemisorubim platyrhynchus (jurupoca), Pinirampus pirinampu (barbado), Sorubimichthys
planiceps (surubim-chicote), Pseudoplatystoma fasciatum (pintado), Pseudodoras niger
(baiacu) e Megalodoras irwini (baiacu). As espécies migradoras, Brachyplatystoma
filamentosum (filhote), B. flavicans (dourada) e Phractocephalus hemioliopterus (pirarara) não
foram capturadas durante este estudo, porém, embora raras, já constaram de outros
levantamentos feitos no médio e alto Tocantins.

Assim como para a região a montante as espécies mais representativas foram as de pequeno
porte, com 60% do total amostrado. Este estrato tem um papel importante na cadeia trófica
dos ambientes aquáticos, por constituir a principal fonte de alimento das espécies piscívoras
que, em geral, são de grande porte.

A riqueza de espécies dos afluentes, caracterizada pelo número de espécies presentes em


determinado local foi, em geral, maior nos pontos situados na foz dos afluentes, que nos
pontos amostrados mais a montante nesses mesmos ambientes. A única exceção foi o rio

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Manuel Alves da Natividade. Já o rendimento em peso foi mais expressivo nos pontos de
coleta do rio Santo Antônio (montante e foz) e no rio São Valério.

A Tabela a seguir mostra os resultados obtidos através do uso de redes de redes


padronizadas.

Tabela 18 - Número de espécies e capturas, em número e peso (kg), por unidade de


esforço (m2 de rede/24 horas) nos locais onde foram efetuadas amostragens com
redes de espera.

Campanha 1 Campanha 2
LOCAL número de espécies número peso número de espécies número peso
n % (CPUE/m2 24h) (CPUE/m2 24h) n % (CPUE/m2 24h) (CPUE/m2 24h)
Rio Tocantins
T-ST 52 38,52 0,60 143,57 52 41,27 4,95 116,16
T-SA 55 40,74 1,28 244,38 43 34,13 0,88 40,58
T-SV 30 22,22 0,27 92,62 21 16,67 0,21 45,89
T-Ip 37 27,41 0,36 52,57 35 27,78 0,63 17,53
T-Fo 37 27,41 0,70 89,59 30 23,81 0,24 8,60
Tributários
STm 39 28,89 0,60 95,70 56 44,44 1,76 90,15
STf 53 39,26 0,77 127,18 38 30,16 0,56 45,47
SAm 48 35,56 2,34 167,80 21 16,67 1,35 80,01
SAf 51 37,78 1,14 239,04 60 47,62 4,10 113,11
SVm 35 25,93 0,65 109,53 23 18,25 0,45 60,23
SVf 44 32,59 0,42 93,39 62 49,21 1,16 51,90
MAm 38 28,15 0,58 62,33 46 36,51 0,86 42,93
MAf 29 21,48 0,38 40,97 26 20,63 0,18 20,69
Fof 56 41,48 0,72 98,46 62 49,21 2,63 89,89
Lagoa
L-AB 33 24,44 1,28 89,81 63 50,00 1,46 138,06
Total 135 126

Fonte: EIA/RIMA Ipueiras (2005)


Campanha 1: Outubro de 2001
Campanha 2: Fevereiro de 2002

As espécies mais representativas foram: Hemiodus unimaculatus (voador), Psectrogaster


amazonica (branquinha), Moenkhausia dichroura (piaba) e Lycengraulis batesii (sardinha-de-
lata), todas de pequeno e médio porte.

Os resultados das capturas com rede de espera apontam, ainda, 13 espécies que foram mais
abundantes, tanto no rio principal como nos afluentes e na lagoa. Estas foram: o voador
(Hemiodus microlepis), a branquinha (Psectrogaster amazonica), a piaba (Moenkhausia
dichroura), a sardinha-de-lata (Lycengraulis batesii), a branquinha (Cyphocarax spilurus), o
joão-duro (Caenotropus labyrinthicus), o piau-pirco ou voador (Hemiodus unimaculatus), o
piau-flamengo, (Leporinus tigrinus), a cachorrinha (Roeboides affinis), o cachorrinho
(Galeocharax gulo), o cari (Hypostomus sp), a branquinha (Curimata acutirostris) e a piabinha
(Moenkausia sp9). Estas apresentaram captura superior a 50 indivíduos/m2 rede em pelo
menos um dos ambientes analisados.

O índice de diversidade dos afluentes variou entre 1,21 (rio Santo Antonio, ponto de
montante) e 1,56 (foz dos rios Manuel Alves da Natividade e Santa Teresa). De uma forma
geral, a diversidade dos tributários foi maior nos pontos situados na foz.

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No rio Tocantins a maior diversidade foi detectada no ponto próximo à foz do rio Santo
Antonio, e a menor nas proximidades do rio Santa Teresa. Já a única lagoa estudada
apresentou valores baixos de diversidade e de riqueza de espécies.

A maior diversidade foi registrada por ocasião das coletas feitas no mês de outubro. A
explicação para este fato pode estar relacionada ao intenso movimento dos peixes, tendo em
vista que as primeiras chuvas na região já haviam ocorrido. O aumento do volume de água
propicia essa movimentação, pois os peixes se direcionam em busca de alimento, proteção
e/ou locais de reprodução.

De fato, os resultados da análise dos processos reprodutivos mostram uma maior intensidade
em outubro. Nesta ocasião, tanto a freqüência de indivíduos como a de espécies em
maturação e em reprodução foi maior. Já os indivíduos com gônadas esgotadas foram mais
abundantes em fevereiro, sugerindo que a reprodução tenha ocorrido de forma mais intensa
nessa ocasião.

Os resultados das análises de ictioplâncton também indicam que a maior intensidade


reprodutiva tenha ocorrido antes, visto que os resultados das coletas de outubro mostram
predomínio de ovos e, da coleta de fevererio, de larvas de peixes.

A maior densidade do ictioplâncton foi registrada no período noturno, independentemente da


época de coleta. Este resultado, provavelmente, está relacionado com as estratégias para
evitar a predação sobre os ovos e as larvas e, ainda, com o padrão de deslocamento vertical
das larvas para a alimentação, seguindo a migração do plâncton.

Em geral, a densidade de ictioplâncton dos tributários foi mais elevada nos pontos
amostrados a montante, tendo-se verificado que a diversidade de ambientes e a existência
de planícies de inundação são importantes para a fauna de peixes.

Alguns ambientes da região de Ipueiras foram estudados por ocasião do monitoramento da


ictiofauna dos reservatórios Peixe Angical e de Lajeado, especialmente deste último, que
contemplou vários pontos a montante. Os resultados serão apresentados a seguir,
juntamente com as demais informações dos estudos efetuados em Lajeado.

Dos tributários amostrados na fase anterior ao reservatório de Lajeado, o rio Santa Teresa
(localizado a montante, na região de Ipueiras) destacou-se em termos de capturas, seguido
dos rios Crixás e São Valério, este último também da região de Ipueiras. Embora as capturas
tenham sido registradas nos demais tributários, os valores não foram tão expressivos, sendo
que o rio Lajeado e rio do Sono, ambos tributários da margem direita do rio Tocantins, a
jusante do eixo da barragem, apresentaram os valores mais reduzidos.

Além das capturas de peixes o monitoramento feito pela equipe da UFT aborda, ainda, outras
variáveis como, por exemplo, índice de atividade reprodutiva, participação das formas jovens
de peixes em relação ao total capturado, variações no tamanho médio dos exemplares, etc. A
apresentação dessas variáveis será feita conjuntamente com os dados obtidos na fase
reservatório, objetivando comparar as variações ocorridas nas condições originais do rio após
a implantação do empreendimento.

Quanto aos resultados das análises do ictioplâncton da fase rio, tem-se que os ovos
estiveram presentes na maioria dos pontos de coleta do rio Tocantins, com maior abundância

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nas seguintes localidades: nas imediações da foz do rio Formiga, no rio Tocantins, próximo à
cidade de Ipueiras e no rio Tocantins – Capivara, local situado acima de Brejinho de Nazaré.

As larvas foram classificadas em dois estágios de evolução (larva 1 e larva 2). A proporção
de larva 1 foi mais expressiva nos locais situados abaixo daqueles com freqüências de ovos
maiores. Isto, de acordo com UFT (2006a), pode ser um indicativo da ocorrência de áreas de
criadouros naturais ao longo da calha do rio Tocantins.

Após a etapa rio, mais especificamente de outubro de 2001 a outubro de 2002, os dados da
UFT são apresentados como sendo relativos ao período de transição e, posteriormente, de
outubro de 2002 até setembro de 2004, como relativos à fase reservatório. A denominação
“transição” justifica-se em função da acomodação das espécies ao novo ambiente..

Os estudos efetuados na região direta e indiretamente afetada por Lajeado, no período entre
outubro de 1999 e setembro de 2004 (compreendendo as fases: rio, transição e reservatório)
resultaram na caracterização de uma ictiofauna bem diversificada. Segundo o relatório da
UFT (2006a) foram identificadas 343 espécies, distribuídas em 42 famílias e 12 ordens.

Desse total, aproximadamente 15 espécies foram identificadas em caráter provisório, e


aproximadamente 15% são endêmicas.

Segundo o relatório da UFT (2006b Cap.3) as maiores capturas, em número de famílias,


espécies e indivíduos, foram registrados para a ordem Characiformes, seguidas de
Siluriformes e Perciformes. Na região litorânea e no reservatório, a ordem dos Clupeiformes
foi bem representativa, em número de indivíduos.

O número de espécies foi elevado (>100) em todos os biótopos. Os tributários e a calha do


rio Tocantins apresentaram as maiores riquezas de espécies.

Do total de espécies, 6,4% foram registradas em todos os biótopos. Isto, de acordo com a
UFT, indica que estas possuem uma ampla distribuição, muito provavelmente relacionada ao
alto potencial de colonização específico ou, ainda, ao fato de apresentarem uma
estratificação das populações. Dentre estas espécies citam-se: o papa-terra (Prochilodus
nigricans), o piau (Leporinus friderici), o pacu (Myleus torquatus), a sardinha (Triportheus
albus), a piaba (Tetragonopterus argenteus), as branquinhas (Curimatella imaculata e
Cyphocharax spilurus), a beiradeira (Brycon spA) e os corrós (Geophagus altifrons,
Retroculus lapidifer e Satanoperca juruparii), entre outras.

Por sua vez, 22,2% apresentaram distribuição restrita a um único biótopo, indicando um
grande número de espécies raras ou acidentais. Este fato, no entanto, é característico de
regiões tropicais.

As espécies com valores altos de persistência e captura são aquelas que têm uma
distribuição espacial e temporal ampla no biótopo e ocorrem em densidades altas. Dentre as
espécies com tais características destacaram-se as seguintes: Auchenipterus nuchalis (filho-
d´égua), Hemiodus unimaculatus (voador) e Rhaphiodon vulpinus (cachorra-facão), presentes
no rio Tocantins, nos tributários e no reservatório, e Hypostomus spE (cari) e Pimelodus
blochii (mandi), com ocorrência na calha do rio Tocantins.

A composição dos indivíduos capturados mostra que a grande maioria, 45,8%, é de pequeno
porte. Os indivíduos de pequeno porte, juntamente com os juvenis das espécies de maior

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porte, constituem o estrato forrageiro que sustenta um grande número de piscívoros na


região. As espécies de grande porte constituíram 11,7% da assembléia de peixes. Pertencem
a essa categoria os seguintes peixes: o jaú (Zungaro zungaro), a arraia-maça (Paratrygon
aiereba), o filhote (Brachyplatystoma filamentosum) e a pirarara (Phractocephalus
hemioliopterus), entre outros. A Zungaro zungaro é uma das espécies considerada de
importância ecológica nos estudos de Serra da Mesa.

A comparação de alguns parâmetros obtidos nos estudos sobre comunidades de peixes,


entre os vários pontos amostrados, permite concluir que tanto o rio principal como os
tributários apresentaram diferenças nas diversas etapas do estudo. Essas diferenças
ocorreram, sobretudo, em relação ao número de peixes capturados, riqueza e diversidade de
espécies, comprimento médio dos exemplares, percentual de formas jovens capturadas e,
ainda, com relação à categoria trófica, ou seja, hábito alimentar dos peixes.

A Tabela a seguir foi elaborada a partir das informações obtidas do relatório da UFT (2006a),
e tem como objetivo sintetizar os resultados do referido relatório. Os dados contidos nessa
tabela são aqueles relativos ao rio principal, tanto da área diretamente alagada por Lajeado
como a montante e a jusante do local represado. Os valores médios do comprimento padrão,
assim como os valores dos índices de atividade reprodutiva, foram extraídos dos gráficos
contidos no relatório acima citado e são apresentados com valores aproximados. Objetiva-se
a comparação não somente entre as diferentes fases analisadas como, também, entre os
diferentes pontos de amostragem.

Tabela 19 - Resultados de algumas variáveis detectadas nos pontos de coleta do rio


Tocantins, nas diferentes fases

Captura Predomínio Índice


Juvenis Média Comp.
Local Atividade
Ind./1000 Categoria
2 % (cm) Reprodutiva
m /24 h Trófica
Fases Rio Tran. Res. Rio Tran. Res. Rio Tran. Res. Rio Tran. Res. Rio Tran. Res.

Toc. 629 1761 843 3,1 22,6 3,6 20,1 15,8 20,1 - I B 1,2 1,5 1,5
Sta.Teresa
Toc. 399 555 360 3,1 16,8 11,0 19,8 16 23,5 - P I/O 2,1 1,2 1,6
Ipueiras
Toc. n.c. n.c. 270 n.c. n.c 6,3 n.c. n.c. 19,9 n.c. n.c. P/In n.c. n.c. 1,0
Brejinho
Toc.
P. 411 1646 467 9,4 20,1 10,5 16,0 13,0 19,7 I/B P/In/I P/In 2 0,2 0,6
Nacional
Toc. n.c. n.c. 247 n.c. n.c. 21,8 n.c. n.c. 21,1 n.c. n.c. P/In/O n.c. n.c. 0,6
Mangues
Toc.
n.c. n.c. 239 n.c. n.c. 11,3 n.c. n.c. 21,4 n.c. n.c. P/In/O n.c. n.c. 1,1
Sta Luzia
Toc. n.c. n.c. 251 n.c. n.c. 16,4 n.c. n.c. 20,1 n.c. n.c. P/In n.c. n.c. 0,9
Barragem
Toc. Funil 358 846 464 6,9 11,8 14,2 16,8 18 19,8 - - O 1,8 1,1 1,5

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Toc.
311 489 n.c. 4,1 4,8 n.c. 17 15,3 n.c. B/I/H B/I/H n.c. 2,1 2,0 n.c.
P. Afonso
I: iliófago; P: piscívoro; In: insetívoro; O: omnívoro; B: bentófago; H: herbívoro; n.c = não coletado
Fonte: UFT (2006).

As maiores capturas ocorreram, em geral, na fase de transição, ou seja, imediatamente após


o enchimento do reservatório. Os aumentos mais significativos referem-se a dois pontos de
coleta do rio Tocantins, um situado nas imediações da foz do rio Santa Teresa e outro
próximo a Porto Nacional. Os pontos de coleta Tocantins - Santa Teresa e Ipueiras não foram
afetados diretamente pelo enchimento, pois estão situados a montante da área inundada.
Nessas localidades ocorreram, no entanto, alterações na comunidade de peixes, tanto pelo
incremento das capturas como pelas alterações na proporção dos peixes de diferentes
categorias tróficas.

As alterações na composição das diferentes categorias de peixes em todas as localidades.


Nos pontos de coleta afetados diretamente pelo reservatório houve uma maior participação
de peixes das categorias dos piscívoros e insetívoros.

O percentual mais elevado de juvenis é, de acordo com a UFT, um indicativo de áreas de


crescimento, o que pode ser corroborado pela diminuição do tamanho médio dos indivíduos.
Já o aumento do comprimento médio dos indivíduos, detectado em algumas localidades tanto
na fase de transição como na fase de reservatório, muito provavelmente está associado à
chegada de adultos de espécies de médio e grande porte, possivelmente migradoras. A
ocorrência de áreas de crescimento, sugerida pela maior participação de formas jovens, não
está necessariamente associada aos locais de reprodução.

Como nem todas as localidades foram amostradas nas diferentes etapas, as Figuras 6 e 7
apresentadas a seguir, buscam enfatizar os resultados dos pontos com maior
representatividade a montante e a jusante da barragem, de forma semelhante à análise feita
para o reservatório de Serra da Mesa.

A riqueza ou número de espécies foi significativamente maior na fase de enchimento e mais


elevada na etapa reservatório. Esta situação assemelha-se à verificada no monitoramento de
Serra da Mesa (sub-bacia 20). A esse respeito cabe destacar que, se a apresentação fosse
restrita apenas ao número de espécies, poder-se-ia questionar sobre o porquê da presença
de algumas delas em número reduzido, sem significância na amostragem. De fato, isto tende
a ocorrer neste ponto, visto que os valores do índice de diversidade (índice que considera
tanto a riqueza de espécies como a equitabilidade, ou seja, quantifica o grau de uniformidade
das distribuições das espécies) decaem na etapa reservatório, embora de forma não
acentuada.

A representação gráfica do ponto de jusante (Tocantins-Funil) encontra-se na Figura a seguir.

Nesse ponto há uma redução do número de espécies na etapa reservatório. Os valores de


riqueza, no entanto, são similares aos obtidos na fase rio.

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Ilustração 10 - Captura por unidade de esforço (CPUE), riqueza de espécies,


diversidade e equitabilidade por mês e fase de estudo. Ponto: Tocantins-Porto
Nacional
4000 2500
Fase 1 Fase 2 Fase 3
2000 b
3000
CPUE (N)

1500

CPUE (N)
2000
1000
a a
1000 500

0 0
1 2 3
1 5 9 13 17 21 25 29 33 37 41 45 49 53 57

60
75
c
54
60
b
RIQUEZA (S)

48

RIQUEZA (S)
45
42
30 a
36
15 30

0 1 2 3
1 5 9 13 17 21 25 29 33 37 41 45 49 53 57
5
3 ,2

4
DIVERSIDADE (H')

a a

DIVERSIDADE (H ')
3 ,0
a
3
2 ,8

2
2 ,6

1
2 ,4
1 2 3
0 a
1 5 9 13 17 21 25 29 33 37 41 45 49 53 57

1,0
0,84 a
EQUITABILIDADE (E)

0,8
0,80 ab

EQUITABIL IDADE (E)


0,6
0,76 b
0,4
0,72
0,2
0,68
0,0 1 2 3
1 5 9 13 17 21 25 29 33 37 41 45 49 53 57
FASES
MESES

Fase 1 = Rio, Fase 2 = Transição e Fase 3 = Reservatório Fonte: UFT (2006b)

Ilustração 11 - Captura por unidade de esforço (CPUE), riqueza de espécies,


diversidade e equitabilidade por mês e fase de estudo. Ponto: Tocantins-Funil.
4000 2500
Fase 1 Fase 2 Fase 3
2000 b
3000
CPUE (N)

1500
CPUE (N)

2000
1000
a a
1000 500

0 0
1 2 3
1 5 9 13 17 21 25 29 33 37 41 45 49 53 57

60
75
c
54
60
b
RIQUEZA (S)

48
RIQUEZA (S)

45
42
30 a
36
15 30

0 1 2 3
1 5 9 13 17 21 25 29 33 37 41 45 49 53 57
5
3 ,2

4
DIVERSIDADE (H')

a a
DIVERSIDADE (H ')

3 ,0
a
3
2 ,8

2
2 ,6

1
2 ,4
1 2 3
0 a
1 5 9 13 17 21 25 29 33 37 41 45 49 53 57

1,0
0,84 a
EQUITABILIDADE (E)

0,8
0,80 ab
EQUITABIL IDADE (E)

0,6
0,76 b
0,4
0,72
0,2
0,68
0,0 1 2 3
1 5 9 13 17 21 25 29 33 37 41 45 49 53 57
FASES
MESES

Fase 1 = Rio, Fase 2 = Transição e Fase 3 = Reservatório Fonte: UFT (2006b)


Nota: Os gráficos com barras, à direita, representam a média. As barrras com a mesma letra não
diferem significativamente.

A Tabela a seguir também foi elaborada com o intuito de sintetizar algumas informações a
respeito das comunidades de peixes dos tributários.

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Após a formação do reservatório, o rio Areias foi aquele com o maior valor de capturas por
unidade de esforço. Este afluente drena diretamente para o reservatório, assim como os rios
Crixás e Lajeadinho, que também apresentaram valores de captura expressivos.

A montante da área inundada houve uma redução nas capturas, em relação às condições
originais, conforme pode ser observado nos resultados dos rios Santa Teresa e São Valério.
O rio Manuel Alves, apesar de também se situar acima da área inundada, apresentou um
acréscimo nas capturas, sendo o valor da fase reservatório o dobro daquele na fase rio.

Houve uma maior participação de jovens nas capturas na fase de transição especialmente
nos Manuel Alves da Natividade, Crixás, Mangues e Lajeadinho, que continuou elevada na
fase reservatório. O aumento de juvenis indica, conforme mencionado, locais de crescimento.

Tabela 20 - Resultados de alguns parâmetros observados nos pontos de coleta dos


tributários, nas diferentes fases

Predomínio Índice
Captura Juvenis Média Comp.
Local Categoria Atividade
2
Ind./1000m /24h % (cm)
Trófica Reprodutiva

Fases Rio Tran Res Rio Tran. Res Rio Tran Res Rio Tran Res Rio Tran Res
ta 836 667 588 5,4 11,1 5,6 18,7 18,2 20,0 - O O 2,3 1,8 1,2
S Teresa
São 454 n.c 343 4,8 n.c 5,9 17,8 n.c 20,1 - n.c P 2,1 n.c 2,0
Valério
Man. 307 n.c 654 4,1 n.c 16,9 18,1 n.c 19,6 - n.c P/O/In 1,9 n.c 0,7
Alves
Crixás 496 1152 528 4,3 10,4 9,6 18,1 18,2 21,0 I I P/In 1,2 1,3 1,3

Areias 305 n.c 1127 4,1 n.c 6,0 18,0 n.c 20,0 In/D n.c P/I 1,8 n.c 0,9

Mangues 325 n.c 390 2,5 n.c 14,8 20,5 n.c 20,5 - n.c P/O 2,1 n.c 1,0
a 272 n.c 383 8,1 n.c 10,6 17,0 n.c 25,5 - n.c P/O 1,9 n.c 1,7
St Luzia
Lajeadinho 224 1290 455 5,0 20,9 18,0 17,5 15 19,7 - B/P 1,5 1,0 1,7

Rio Sono 228 302 n.c 2,8 5,6 n.c 16,1 15,5 n.c - O n.c 2,4 1,5 n.c

I: iliófago; P: piscívoro; In: insetívoro; O: omnívoro; B: bentófago; H: herbívoro; n.c: não coletado
FONTE: UFT (2006).

Assim como para os pontos situados no Tocantins (corpo do reservatório e regiões lóticas a
montante e a jusante de Lajeado, cujos dados já foram apresentados na Tabela anterior),
houve uma alteração na proporção de indivíduos em relação à categoria trófica. Essa se
traduz numa maior participação de piscívoros e omnívoros, após a formação do novo
ambiente.

Apesar das condições fisiográficas favoráveis à fauna de peixes, o rio Santa Teresa, com
suas planícies de inundação e lagoas marginais, não apresentou resultados tão diferenciados
em relação aos demais ambientes amostrados. O mesmo ocorreu em relação ao ictioplâncton
da fase rio, embora na fase reservatório os ovos e larvas tenham sido um pouco mais
expressivos, conforme será visto posteriormente. O índice de atividade reprodutiva dessa
localidade manteve-se praticamente inalterado nas diferentes etapas estudadas. No entanto,

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após a formação do reservatório, verificou-se a ocorrência de algumas mudanças na


assembléia de peixes, especialmente pelo incremento de peixes omnívoros e decréscimo dos
iliófagos. A diminuição do comprimento padrão, registrada na fase de transição, não foi tão
acentuada e, de certa forma, está relacionada ao incremento de juvenis ocorrido nessa etapa.
Dentre os juvenis detectados nessa localidade destacaram-se algumas espécies migradoras
como o papa-terra (Prochilodus nigricans), o mandi (Pimelodus blochii), a branquinha
(Psectrogaster amazonica) e o cuiú-cuiú (Oxydoras niger).

De uma forma geral, verifica-se um aumento no tamanho médio dos exemplares na fase
reservatório, em todas as localidades amostradas, mesmo havendo uma maior participação
de juvenis.

Apesar da identificação de juvenis de tucunarés essa espécie, em geral, não figurou entre as
mais freqüentes do total capturado. Já a piranha Serrasalmius rhombeus, aparece dentre as
mais freqüentes, assim como os voadores (Hemiodus spp), o filho-d’égua (Auchenipterus
nuchalis), a cachorra-facão (Raphiodon vulpinus) a branquinha (Psectrogaster amazonica) a
sardinha-de-lata (Lycengraulis batesii), o cuiú-cuiú (Oxydoras niger), etc. Algumas são
freqüentes tanto antes como após a formação do reservatório.

A piranha, Serrasalmus rhombeus, também conhecida na região como piranha-preta,


apresentou maior captura e maior percentual de indivíduos imaturos na fase transição. A
intensidade reprodutiva não diferiu significativamente entre as fases, mas o período
reprodutivo estendeu-se por um período maior na fase reservatório. Esta espécie foi
capturada em todos os ambientes analisados. A sardinha-de-lata também foi capturada em
todos os biótopos, apresentando aumento significativo das capturas após a formação do
reservatório, especialmente em alguns dos pontos amostrados. A reprodução se dá
principalmente a montante e na região do remanso do reservatório

Os estudos de ovos e larvas de peixes também são importantes por fornecer indicações
sobre os locais de reprodução. Os resultados obtidos nas diferentes fases são apresentados
na Figura a seguir.

Ilustração 12 - Densidade de ovos e larvas em cada um dos locais amostrados no rio


Tocantins e nos Tributários, durante as fases rio, transição e reservatório. Notar
diferenças na escala gráfica

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Fonte: UFT (2006a)

A análise da Figura acima indica que tanto os ovos, quanto as larvas estão presentes na
região a montante do reservatório, e têm uma sensível redução na área represada. Na
localidade Funil, situada imediatamente a jusante da barragem, os ovos estão novamente
presentes, embora em concentrações reduzidas.

A esse respeito cabe mencionar que as amostragens foram efetuadas somente na superfície,
ao contrário das coletas feitas na etapa rio onde, em alguns locais, amostras foram obtidas
também na profundidade. Naquela ocasião não foram detectadas variações, fato atribuído à
homogeneidade da coluna vertical, típica de ambientes lóticos. Nesse sentido, teria sido mais
conveniente realizar amostragens em diferentes profundidades nos pontos onde a natureza é
tipicamente lêntica.

Essa mesma sugestão vale para os afluentes que drenam diretamente para o reservatório,
pois grande parte dos pontos, apesar de terem sido deslocados para o segmento superior
após o enchimento, encontra-se em áreas de remanso do reservatório. Apesar disto, não se
pode menosprezar a redução do ictioplâncton, em especial dos afluentes, onde a
comparação entre os valores das diferentes etapas mostra uma redução acentuada nos
valores.

A barragem de Lajeado, assim como a de Peixe Angical, conta com uma escada para a
transposição dos peixes. O monitoramento dessa escada foi iniciado em novembro de 2002 a
partir de coletas quinzenais, com o intuito de avaliar sua eficiência. Os resultados disponíveis
desse monitoramento são do período compreendido entre novembro de 2002 e outubro de
2003 e constam do relatório da UFT (2006b).

Os resultados mostram que os Characiformes foram dominantes, tanto para o número de


espécies como para o de indivíduos, seguido dos Siluriformes, grupo representado
especialmente pelos peixes de couro.

Com relação ao tamanho dos peixes, foram registradas 17 espécies de grande porte, com
comprimento superior a 40 cm. Essas espécies eram essencialmente migradoras, de
interesse comercial, como o surubim Pseudoplatystoma fasciatum, o jaú Zungaro zungaro, o
barbado Pinirampus pirinampu, a caranha Piaractus metopotamicus e a cachorra-verdadeira
Hydrolycus armatus. Outras espécies de grande porte não migradoras, porém predadoras,
como o tucunaré Cichla sp, a bicuda Boulengerella cuvieri e a curvina Plagioscion
squamosissimus, também marcaram presença na escada. De acordo com a UFT, estas
espécies utilizam a escada como local de alimentação.

A predação ocorre tanto pela presença de determinadas espécies de peixes como, também,
por quelônios (tracajás e tartarugas) e mamíferos aquáticos (botos). Estes são observados a

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jusante, nas proximidades da entrada da escada. A predação, de forma geral, ocorre tanto na
entrada como na saída dessa estrutura e, também, nos tanques de descanso.

O período com maior concentração de peixes na escada foi aquele entre dezembro e maio,
com picos de abundância em dezembro e fevereiro.

Na escada, o número de peixes migradores foi maior que o de não migradores. Já o número
de espécies migradoras foi inferior ao das espécies não migradoras, conforme pode ser visto
na Figura a seguir.

Ilustração 13 - Número de indivíduos e de espécies migradoras (MLD) e não migradoras


(NMLD), registradas na escada no período de novembro de 2002 a outubro de 2003
NUMERO DE INDIVÍDUOS (10 )

5
3

NMLD
MLD
4

0
NOV DEZ JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT

50

NMLD
NÚMERO DE ESPÉCIES

40 MLD

30

20

10

0
NOV DEZ JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT

Fonte: UFT (2006b)

Entre as espécies migradoras detectadas na escada, há uma dominância de três: cachorra-


facão Raphiodon vulpinus, branquinha Psectrogaster amazonica e cuiú-cuiú Oxydoras niger,
que representam 67,3% dos indivíduos capturados nesta estrutura (UFT, 2006b). A outra
espécie com alta freqüência de indivíduos foi a surumanha Aughenipterus nuchalis que, por
sua vez, não é migradora.

O relatório conclui que a escada é seletiva, por apresentar composição das espécies
diferente daquela verificada a jusante. Este fato pode, realmente, implicar conseqüências
negativas, por alterar a forma como as comunidades estão estruturadas, especialmente a
jusante. Por outro lado, muitos processos podem influenciar este resultado, visto que na
escada há permanência de determinadas espécies por períodos mais longos, além do fato
dessa estrutura permitir maior facilidade de captura em relação a jusante, o que pode levar a
resultados com diferenças na proporção de espécies.

Além da elevada predação é apontado como fator negativo o fato da movimentação


descendente ser extremamente baixa, como demonstrado nos experimentos efetuados. Além
disso, a análise das gônadas de alguns desses indivíduos mostrou que estas estavam em
repouso, ou seja, não apresentavam evidências de desova recente.

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Outra crítica em relação a essa estrutura refere-se ao retorno de ovos e larvas. Os dados
mostram um gradiente do ictioplâncton, com forte redução da densidade de ovos e de larvas
que derivam do rio Tocantins e dos tributários, conforme visualizado na Figura 8.

Além de alguns pontos a jusante terem sido contemplados no monitoramento da UHE de


Lajeado, esta região também foi estudada pela UFT no âmbito de outros trabalhos. Os
resultados destes consistem de coletas feitas no rio principal e em seus tributários, como: rio
Feio e ribeirão Tranqueira, afluentes da margem esquerda, rio do Sono, rio Soninho e rio
Manuel Alves Pequeno, pela margem direita.. Além desses tributários, amostrados nas
proximidades da foz, outros de menor porte (córregos) também foram contemplados nos
estudos, identificando-se um número significativo (mais de 200 espécies) de peixes.

Algumas espécies que efetuam migrações ocorreram na região, tais como: Phractocephalus
hemiliopterus (pirarara), Piaractus cf. mesopotamicus (caranha), Prochilodus nigricans (papa-
terra), Ageneiosus brevifilis (fidalgo), Hemisorubim platyrhynchus (mandubé), Paulicea
luetkeni (jaú), Pinirampus pirinampu (barbado), Pseudoplatystoma fasciatum (surubim),
Pimelodus blochii (mandi-cabeça-de-ferro), Pseudodoras niger (cuiú-cuiú) e Sorubimichthys
planiceps (chicote).

Entre as espécies de grande porte encontram-se algumas de importância comercial como:


Phractocephalus hemiliopterus (pirarara), Pseudodoras niger (cuiú-cuiú), Paulicea luetkeni
(jaú), Lithodoras sp (baiacu), Pinirampus pirinampu (barbado), Pseudoplatystoma fasciatum
(surubim), Sorubimichthys planiceps (surubim-chicote), Megalodoras irwini (jaú-de-serrilha),
Hypophthalmus marginatus (mapará) e Piaractus cf. mesopotamicus (caranha).

A densidade média de larvas, para todos os pontos amostrados, em outubro foi ligeiramente
superior à média registrada em janeiro. Este resultado indica a ocorrência de reprodução nos
dois períodos analisados, o que pode estar relacionado com a presença de espécies que
apresentam longos períodos reprodutivos e/ou espécies que possuem estratégias
reprodutivas diferenciadas e que se reproduzem com diferentes intensidades ao longo do
período hidrológico.

As amostragens efetuadas no trecho do rio entre as cidades de Carolina e Estreito (sub-bacia


23) foram feitas pela equipe da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e não
resultaram em número expressivo de espécies. Isto não significa que a região não tenha
expressividade em termos ictiofaunísticos. O fato, provavelmente, é devido aos diferentes
esforços de captura empregados, visto que as coletas foram efetuadas por equipe diferente
daquelas que realizaram nas demais regiões estudadas a montante.

A classificação por tamanho revelou que 20% das espécies registradas pertencem à
categoria de grande porte. Entre elas, foram encontradas Prochilodus nigricans, Cynodon
gibbus, Raphiodon vulpinus, Boulengerella ocellata, Leporinus affinis, Schizodon vittatum,
Hemisorubim platyrhynchus, Pinirampus pirinampu, Pterodoras granulosus, Oxydoras niger,
Cichla ocellaris e Plagioscion surinamensis.

Das espécies migradoras, registradas na literatura, ocorreram na região: Brycon brevicauda


(ladina), Salminus hilarii (tubarana), Prochilodus nigricans (curimatá), Semaprochilodus brama
(jaraqui), Ageneiosus brevifilis (fidalgo), Paulicea luetkeni (jaú), Pinirampus pinirampu
(barbado), Pseudoplatystoma fasciatum (surubim), Sorubimichthys planiceps (chicote) e
Pseudodoras niger (cuiú-cuiú).

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Segundo os estudos realizados, a pesca nesta região é realizada prioritariamente por


pescadores profissionais e de subsistência, utilizando vários tipos de aparelhos. A pressão da
pesca profissional ocorre, principalmente, sobre as espécies migradoras.

Dentre as espécies mais comercializadas pela Colônia de Pescadores de Estreito (Z- 35),
citam-se: Colossoma brachypomum (caranha), Semaprochilodus brama (jaraqui) e
Prochilodus nigricans (curimbatá), dentre outras.

Os dados mais recentes da ictiofauna do trecho do rio Tocantins compreendido entre as


cidades de Estreito e de Imperatriz são do no ano 2000. Esse trecho tem extensão superior a
100 km, sendo caracterizado por várias corredeiras. Embora, os afluentes não apresentarem
porte significativo, têm alguma relevância para os peixes, especialmente o rio Lajeado,
tributário da margem direita. O rio Botica, na margem esquerda, apresenta canais que
permitem a comunicação nas cheias com algumas lagoas situadas na área da reserva
indígena dos Apinayés,

Os resultados das coletas da ictiofauna desse trecho do rio Tocantins constam dos estudos
feitos pela THEMAG/BILLINGTON/ALCOA (2000), onde há menção de 198 espécies de
peixes, pertencentes a 32 famílias. Assim, como nas demais localidades amostradas a
montante, as Ordens mais representativas foram Characiformes e Siluriformes, com 52,25%
e 34,34% do total das espécies. A família Characidae foi a que apresentou o maior número
de espécies, principalmente de pequeno porte.

Nesses levantamentos destacaram-se como mais freqüentes as espécies Curimata


acutirostris, Galeocharax spp, Auchenipterus nuchalis, Hemiodus unimaculatus e
Pseudoloricaria punctata.

Das espécies apontadas como migradoras pela literatura especializada ocorreram na região
Brycon brevicauda (ladina), Salminus hilarii (tubarana), Prochilodus nigricans (curimbatá),
Semaprochilodus brama (jaraqui), Ageneiosus brevifilis (fidalgo), Paulicea luetkeni (jaú),
Pinirampus pinirampu (barbado), Pseudoplatystoma fasciatum (surubim), Sorubimichthys
planiceps (chicote) e Pseudodoras niger (cuiú-cuiú).

A avaliação da atividade reprodutiva teve por base a freqüência de estádios de maturação


gonadal. Foi constatado que apenas onze espécies apresentaram maior atividade reprodutiva
no rio Tocantins e doze espécies nos tributários.

A baixa atividade reprodutiva pode ser atribuída ao fato de não terem sido efetuadas coletas
no período característico das cheias. De acordo com os resultados dos estudos feitos nesta
mesma região, do final da década de 80, ficou evidenciado que o período reprodutivo ocorreu
durante as cheias.

 Baixo Tocantins – sub-bacia 29

O baixo Tocantins compreende a sub-área 29, onde o principal afluente é o rio Itacaiúnas,
pela margem esquerda. A fauna de peixes dessa região possui uma estreita relação com
outro importante afluente, o rio Araguaia, que não é objeto da presente avaliação. Conforme
já mencionado, possivelmente o Araguaia, com suas extensas planícies de inundação, tenha
destaque para a manutenção da fauna de peixes do rio Tocantins. Há lagoas marginais tanto
a montante como a jusante do reservatório de Tucuruí.
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A região do baixo Tocantins é, sem dúvida, a que mais foi alterada pela implantação do
reservatório de Tucuruí. Os dados da região, antes da implantação do empreendimento,
ocorrido em 1982, são relativos, sobretudo, ao canal do rio principal, que foi amostrado num
percurso de aproximadamente 500 km. Em que pesem as alterações ocorridas, os resultados
atuais, conforme estudos efetuados por Santos (2004), quando comparados aos da etapa
que antecedeu o enchimento, mostram que cerca de 76% das espécies ainda estão
presentes na região. No trecho do rio onde foi implantado o reservatório havia uma forte
corredeira que dificultava, e até mesmo impedia, a migração de algumas espécies de peixes
como, por exemplo, o mapará (Hypophthalmus marginatus).

Um aspecto negativo para a fauna de peixes da região do baixo Tocantins é o garimpo de


ouro, com a conseqüente contaminação por mercúrio.

Os estudos ictiológicos, feitos pelo INPA, abordaram os aspectos reprodutivos como o


tamanho na primeira maturação sexual, a época reprodutiva e os locais de desova. Foram
contemplados, ainda, estudos sobre hábitos e regimes alimentares dos espécimens bem
como a importância destes na pesca comercial da região.

A situação da ictiofauna antes do enchimento é relatada por Efrem et al (2000), fazendo


menção a 280 espécies de peixes encontradas no rio Tocantins, na área de influência da
UHE Tucurui. De acordo com esses autores, a distribuição em número de espécies de
peixes, por ordem, está dentro do padrão geral para a ictiofauna de água doce da Amazônia,
com predomínio dos Characiformes. A diversidade, medida pelo Índice de Shannon-Weaver,
variou entre 3,23 e 5,10, com média de 4,34. Estes valores estão entre os mais elevados já
encontrados em rios da Amazônia, onde geralmente variam entre 0,97 e 5,35 (Ferreira, 1993,
in Efrem, 2000).

É importante ressaltar que Efrem e colaboradores fizeram uma análise dos dados
ictiofaunísticos disponíveis para Tucuruí, com base nos estudos realizados entre 1980 e
1984, para a fase de pré-enchimento, e entre 1985 e 1998, para a fase de pós-enchimento,
com informações relativas à ictiofauna do rio Tocantins obtidas das seguintes fontes:
ELETRONORTE/INPA (1981; 1982; 1984; 1985), Santos et al (1984), Merona (1985;
1986/87), Resende (1985), Carvalho & Merona (1986), Leite (1986; 1993), Leite & Bittencourt
(1991), ELETRONORTE (1992; 1999) e Santos & Merona (1996). Os autores salientam que
houve dificuldades na análise destas informações, pois elas apresentavam inconsistências,
lacunas ou mesmo dados contraditórios entre os relatórios, embora fossem referentes a um
mesmo local e uma mesma época.

Imediatamente após o enchimento do reservatório, os primeiros resultados demonstraram


que o represamento afetou o processo reprodutivo dos peixes tanto a montante como a
jusante da barragem. O comprometimento foi maior para as espécies de piracema.

Com relação aos hábitos alimentares, os levantamentos apontaram que houve uma explosão
demográfica de peixes com hábitos piscívoros no reservatório, especialmente de piranhas
(Serrasalmus spp). Além destas, foi constatado um aumento significativo na população de
tucunarés (Cichla ocellaris e C. temensis), cujo suporte no reservatório foi atribuído aos
peixes iliófagos e perifitiófagos, favorecidos, por sua vez, em função da maior produtividade
do ambiente (ELETRONORTE, 1988; Efrem et al, 2000).

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Leite e Bittencourt (1991) também relatam o predomínio de piranhas e tucunarés, típicos de


ambientes lênticos. Variações na proporção entre as categorias tróficas dos peixes a jusante
também foram detectadas. Verificou-se um aumento de piscívoros e onívoros, e uma
diminuição nas demais categorias tróficas.

A ilustração a seguir mostra o número de espécies registradas nas pescarias experimentais


em três regiões (montante, jusante e reservatório), nas fases pré e pós-enchimento de
Tucuruí.
Ilustração 14 - Número de espécies de peixes coletas pelas pescarias experimentais
nas três áreas, antes e depois do fechamento da barragem

Fonte: Efrem, 2000

Houve, portanto, uma redução de espécies de peixes após a implantação do


empreendimento.

Cabe aqui mencionar a constatação de Santos et al (2004) de que, das 270 espécies de
peixes registradas por Santos et al em 1984, cerca de 76% ainda podiam ser encontradas.

Houve, também, redução no tamanho das populações das espécies migradoras de


importância comercial como a ubarana (Anodus elongatus), o curimatá ou curimatã
(Prochilodus nigricans) e o mapará (Hypophthalmus marginatus). Essa redução ocorreu no
segundo ano após o fechamento, conforme constatado nas pescarias experimentais. O fato
é, em parte, creditado à interrupção das rotas migratórias de espécies que subiam o rio,
passando pelas corredeiras e indo desovar no Alto Tocantins ou no rio Araguaia.

Dados da época de pré-enchimento, na região de Cametá, indicavam uma participação


relativa do mapará (Hypophthalmus marginatus) de 37% dos desembarques (Carvalho &
Merona, 1986, in Efrem, 2000). Entre 1988 e 1998, esta participação caiu para 16,7%. O
curimatã, que na fase de pré-enchimento era responsável por cerca de 35% dos
desembarques, neste período apresentou uma queda acentuada, chegando a um mínimo de
4,4% em 1989, mas mantendo quase a mesma produção entre 1988 e 1998. A ubarana (A.
elongatus) foi a espécie que sofreu o maior impacto, praticamente desaparecendo desta
região. Isto pode ser explicado porque ela migrava para os cursos superiores dos rios
Tocantins e Araguaia, para reprodução, e a construção da barragem impediu que a região de
jusante recebesse novo recrutamento a cada ano.

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Constata-se este fato pela presença significativa desta espécie nas pescarias experimentais
na região de montante, e pela sua presença nas capturas comerciais naquele trecho.

As questões sobre a pesca em Tucuruí serão relatadas com maiores detalhes quando da
descrição dos Recursos Pesqueiros.

Foi constatada ainda uma redução dos valores de diversidade medidos pelo índice de
Shannon-Weaver, que variava entre 4,2 e 5,1 antes do represamento, e passou a oscilar em
torno de 3,5. Muitas espécies características de zonas de corredeiras desapareceram da
região do lago, bem como aquelas bentônicas, que se afastaram da área pela ausência de
oxigênio nas camadas mais profundas. O número de espécies de peixes antes e após o
represamento também diminuiu, conforme já mostrado anteriormente.

A participação relativa das dez espécies mais freqüentes nas capturas experimentais mudou
entre as fases de pré e pós-enchimento (Figura 15). Na fase anterior ao enchimento, a
branquinha-baião (Curimata cyprinoides) era a espécie mais freqüente. Após o enchimento a
piranha (Serrasalmus geryi) passou a sê-lo.

Ilustração 15 - Participação relativa das dez principais espécies, nas pescarias


experimentais, na área do reservatório, nas fases pré e pós-enchimento

Fonte: Efrem et al 2006

As informações a respeito da ictiofauna de Tucuruí mostram que o empreendimento provocou


mudanças na composição das comunidades, com o desaparecimento de algumas espécies
na área de influência da UHE (jusante, reservatório e montante). Segundo Efrem et al (2006)
o número total de espécies caiu de 181 para 169, mas a proporção entre os grupos de
espécies (Ordens) permaneceu quase constante entre as duas fases e nas três áreas.

Das três áreas amostradas (reservatório, montante e jusante), a do reservatório perdeu mais
espécies após o represamento (50), equivalentes a 28%. A região de jusante foi a que menos
perdeu espécies, 18,8% e, também, apresentou o maior número de espécies após o
enchimento (133). De acordo com Efrem et al (2000) possivelmente no trecho de jusante, por

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ser aberto à recolonização, a melhora na qualidade da água após o impacto inicial permitiu a
(re) entrada de espécies no sistema do rio Tocantins, a partir de estoques do rio Amazonas.

Algumas espécies migradoras, presumivelmente com problemas para as migrações


reprodutivas, conseguiram reproduzir-se na região de montante e, atualmente, estão entre as
principais espécies do reservatório, como o mapará (Hypophthalmus marginatus), o curimatã
(Prochilodus nigricans) e a ubarana (Anodus elongatus).

1.7.3.4. Recursos Pesqueiros


 Considerações gerais sobre a pesca

A pesca no alto curso do Tocantins (sub-bacias 20 e 21) é uma atividade de subsistência


para as comunidades ribeirinhas. Embora existam espécies de valor comercial, o volume de
pescado comercializado é muito pequeno. Isto se deve à baixa rentabilidade das capturas,
associada às restrições legais, que fazem com que a pesca tenha apenas caráter restrito.
Ultimamente a pesca tem-se intensificado como opção de lazer, inclusive com a modalidade
de pesca subaquática.

A pesca como atividade profissional tem maior relevância no médio e baixo Tocantins, (sub-
bacias 23 e 29), sobretudo a partir da região de Carolina/Estreito, onde passa a ser permitida.
Nesta Na cidade de Estreito há, inclusive, uma Colônia de Pescadores (Z-35), que em 1999,
segundo THEMAG/BILLINGTON/ALCOA (2000), contava com cerca de 150 pescadores
associados.

Outra Colônia de Pescadores do médio curso do rio Tocantins é a de Imperatriz (MA). Esta
colônia, a Z-29, possui bom nível de organização e contava, em 1999, com 245 pescadores
filiados.

Já a região de Tucuruí apresenta vários pontos de concentração de pescadores. As principais


Colônias são a de Marabá, Z-30, Tucuruí, Z-32, Jacundá e Cametá. A cidade de Imperatriz,
na margem direita do rio Tocantins, localiza-se aproximadamente 420 km a montante do
reservatório da UHE de Tucuruí, sendo que os pescadores lá residentes atualmente também
exercem suas atividades no reservatório desta hidrelétrica.
 Características principais

As informações relativas à pesca do médio rio Tocantins (sub-bacia 23) são aquelas dos
estudos efetuados pelo consultor Miguel Petrere Jr., por ocasião dos levantamentos
ambientais na região de Imperatriz.

Os dados foram obtidos junto às Colônias de Estreito e de Imperatriz, principalmente dessa


última, com coletas de informações diárias junto aos pescadores no principal local de
desembarque de peixes destinados à comercialização – Mercado Municipal de Imperatriz
(THEMAG/ELETRONORTE, 1989). Naquela ocasião os dados foram coletados por meio de
entrevistas realizadas no período de janeiro a dezembro de 1988. As entrevistas, realizadas
pelo agente de coleta de dados previamente treinado, abordavam cada um dos barcos que
chegavam ao mercado. Eram anotados os dados de interesse, tais como: data de saída e de
chegada a Imperatriz, nome do barco, tipo de aparelhos utilizados, número de canoas
empregadas, número de pescadores que participaram da pescaria, dias efetivos e locais de

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pesca. Também eram anotados o peso do pescado e o preço de comercialização (pescador e


marreteiro).

Posteriormente, no período compreendido entre novembro de 1997 e outubro de 1998, a


coleta de dados nessa região teve continuidade (Ministério do Meio Ambiente, 1998; Cetra,
1998). As informações adicionais compiladas constam dos estudos efetuados para o
empreendimento de Serra Quebrada, pela THEMAG/BILLINGTON/ALCOA (2000). Os dados
de ambas as épocas foram analisados pelo consultor Miguel Petrere Jr e constam dos
relatórios citados.

Os dados do desembarque de peixes em Imperatriz, do ano de 1988, revelaram que a pesca


comercial se dava, sobretudo, no trecho compreendido entre a cachoeira de Santo Antonio (a
montante de Imperatriz) e a confluência com o Araguaia. Apesar da existência de um
complexo de lagoas nas proximidades da confluência do Araguaia com o Tocantins, os
pescadores de Imperatriz concentravam suas pescarias no canal principal (92%), sendo as
redes de arrasto seu principal aparelho (47%), seguidas pelas tarrafas (29%) e malhadeiras
(24%), que são responsáveis pela mistura ou “salada” (peixes mais baratos comercializados
em grupo). O desembarque registrou um total de 45 espécies, das quais o curimatá
(Prochilodus nigrigans) e a branquinha (Psectrogaster amazonica) foram as mais
representativas.

A pesca foi considerada significativa, atingindo 148.537 kg no mês de julho. Do total


capturado no ano de 1988 (841.440 kg), o curimatá (P. nigricans) contribuiu com 451.314 kg,
perfazendo 53,6% (THEMAG/ELETRONORTE, 1988). Segundo Petrere (1985) esse peixe,
em geral, destaca-se nas pescarias efetuadas na calha do Amazonas e em alguns de seus
afluentes, como Purus e Juruá. Uma das razões para isso pode estar associada ao seu
hábito alimentar, pois, sendo iliófago, alimenta-se de matéria orgânica depositada no
substrato e de detritos e, portanto, a sua fonte de alimentos é muito abundante. A outra
razão, mencionada pelo autor, pode relacionar-se à sua facilidade de locomoção, buscando
novos ambientes sempre que determinado habitat se torne desfavorável.

Apresentam-se, a seguir, os dados obtidos junto ao Mercado Municipal de Imperatriz no


período de novembro de 1997 a outubro de 1998. É importante mencionar que nos meses de
dezembro, janeiro e fevereiro há proibição da pesca – período de defeso. O mês de julho,
assim como verificado em 1988, foi o que apresentou o maior valor de desembarque.

Tabela 21 - Captura (t) desembarcada no Mercado Municipal de Imperatriz (MA) no


período de novembro de 1997 a outubro de 1998

Mês Captura ( t )

Novembro 22,29

Dezembro 9,74

Janeiro 4,11

Fevereiro 0,50

Março 28,91

Abril 36,90

Maio 29,54

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Mês Captura ( t )

Junho 27,65

Julho 38,74

Agosto 26,90

Setembro 13,91

Outubro 9,84

Total 249,03

Fonte: Petrere (2000).

O total comercializado, no período de novembro de 1997 a outubro de 1998, foi de 249


toneladas. Diferentemente do observado em 1988, quando a pesca ocorria na região
compreendida entre a cachoeira de Santo Antonio e a confluência do rio Araguaia, no final da
década de 90 verificou-se que cerca da metade (44%) dos peixes era proveniente de outras
cidades, sendo 22% do reservatório de Tucuruí. Este fato é atribuído à crescente demanda
do mercado mostrando também a importância da produção pesqueira do reservatório de
Tucuruí.

No mês de março de 1998, ocorreu a maior importação de pescado, quando o total


comercializado foi de aproximadamente 29 t, sendo 21 toneladas importadas (74%). A maior
contribuição percentual do pescado proveniente de Tucuruí ocorreu em dezembro de 1997,
conforme tabela a seguir.

Tabela 22 - Contribuição relativa (%) das cidades vizinhas, ao pescado comercializado


no Mercado Municipal de Imperatriz, no período de novembro de 1997 a outubro de
1998

Local Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out

Itupiranga - - - - 4% 21% 6% - 12% 3% - -

Jacundá 4% - - - 15% - 4% - 6% - 10% -

Marabá - - - - - 2% - - - - - -

Porto Novo 14% - - - 1% 8% 1% 15% 24% 19% 14% 5%

Tucuruí 5% 62% - - 54% 32% 29% 22% 3% 13% 4% 5%

TOTAL 23% 62% - - 74% 63% 40% 37% 46% 35% 28% 10%

Fonte: Petrere (2000).

Do pescado proveniente de Tucuruí, o tucunaré (27%), a corvina (23%) e o mapará (13%),


contribuíram com cerca de 63% do volume importado deste local, conforme tabela a seguir.

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Tabela 23 - Pescado proveniente do reservatório de Tucuruí, desembarcado no


Mercado Municipal de Imperatriz durante o período de novembro de 1997 a outubro de
1998

Pescado Nov Dez Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Total

Tucunaré 111 5126 3575 3823 1476 300 85 306 14802

Curvina 237 1643 4820 980 2191 1684 113 873 325 12866

Salada 1 3987 2806 547 1351 203 150 9044

Mapará 345 1832 1840 1062 1763 422 7264

Salada 2 190 1343 1271 518 3322

Piau-vara 2303 273 2576

Mandi-moela 416 489 492 485 422 2304

Curimatá 160 812 720 1692

Filhote 335 194 529

Voador 300 300

Pirarucu 119 119

Cachorra 45 37 82

Piau-cabeça- 71 71
gorda
Jaraqui 32 32

Fonte: Petrere (2000).

Os dados do final da década de 90 mostram, ainda, 32 espécies sendo comercializadas no


Mercado Municipal de Imperatriz, onde o curimatá (Prochilodus nigricans) continuou
abundante (desembarque próximo a 58 toneladas), seguido do mapará (Hypophtalmus
marginatus), com aproximadamente 29 toneladas. A curvina (Plagioscion surinamensis), a
branquinha (Psectrogaster amazonica) e o tucunaré (Cichla spp) também tiveram boa
participação no total comercializado.

Com relação aos dados da sub-bacia 29, aqueles relativos à pesca na região de Tucuruí,
antes da implantação do reservatório (1976-1979), mostram que o curimatá, o pacu-
manteiga, a caranha e os grandes bagres - filhote e dourada - dominavam as pescarias no rio
Tocantins (IBGE, 1987, in THEMAG/BILLINGTON/ALCOA, 2000).

Após o fechamento da represa de Tucuruí, em 1984, as pescarias foram beneficiadas em


função da maior abundância e do tamanho dos peixes criados no reservatório, com
aproximadamente o dobro de capturas de curimatás e aumento de quatro vezes nas capturas
de jaraquis (Ribeiro et al., 1995).

De acordo com Efrem et al (2000), houve redução no tamanho das populações das espécies
migradoras, de importância comercial, a jusante de Tucuruí, no segundo ano após o
fechamento, conforme já salientado anteriormente.

O mapará foi um dos que apresentou uma redução nas capturas a jusante e é oportuno
mencionar algumas peculiaridades sobre esse peixe. Pertence ao grupo dos bagres onde a
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maioria é habitante de fundo e tem hábito carnívoro. Os maparás por sua vez, são adaptados
à vida pelágica, ou seja, à meia água e planctófagos. Formam grandes cardumes, sendo
muito importantes na pesca comercial da região amazônica, tocantina e paranaense.
Alimentam-se de fito e zooplâncton, os quais são filtrados na boca através dos rastros
branquiais longos e finos (THEMAG/BILLINGTON/ALCOA, 2000).

Antes da construção da barragem de Tucuruí, Santos et al. (1984) e Merona (1993) relatam
que este peixe era o mais capturado na área que vai da foz do rio Tocantins até a cidade de
Mocajuba (PA). Os adultos, geralmente maduros, eram capturados mais a montante, na
região de Icangui (PA), no período de dezembro a março. Os autores destacam que os
cardumes não ultrapassavam as cachoeiras de Tucuruí, provavelmente, pela incapacidade
da espécie de nadar contra correntezas violentas, e as capturas acima desta área eram
insignificantes. Atualmente o mapará apresenta uma contribuição na pesca a montante da
barragem.

Apesar do aumento das capturas a montante, a análise feita por Efrem et al (2006) mostra
que, na área do reservatório, houve redução de algumas espécies, especialmente as
detritívoras, que antes representavam 40% das capturas e passaram para 15%. Estes
autores salientam ainda a proibição da exploração pesqueira no reservatório, desde após o
enchimento até o final de 1985. Com base nas informações de desembarque de pescado
disponíveis, no entanto, tem-se que a produção pesqueira desta região aumentou
significativamente, entre 1981 e 1998, de 319 t/ano para 3211 t/ano, ou seja, mais de dez
vezes.

Na área do reservatório também houve mudanças na participação relativa das espécies mais
importantes, entre 1988 e 1998. Em 1988 o tucunaré (Cichla sp) era a espécie mais
abundante, com cerca de70% da produção total, caindo para 22% em 1998. Já o mapará
(Hypophtalmus marginatus), praticamente inexistente em 1988, subiu para 37% da produção
em 1998. A pescada (Plagioscion spp) também teve um aumento de participação relativa na
produção, subindo de 17% para aproximadamente 29%, mas permanecendo como a
segunda espécie em importância. Destaca-se que o mapará não é o peixe preferido para o
consumo da população do entorno de Tucuruí. Mesmo assim tem sido alvo da pesca devido
à grande demanda do mercado de Belém (Carmargo et al, 2004).

Nos estudos desenvolvidos pelos autores acima mencionados há menção de que, até o início
dos anos 90, cerca de 6.000 pescadores atuavam no reservatório de Tucuruí, movimentando
R$ 4,2 milhões por ano. Por ocasião dos levantamentos de 1999/2000 a situação ainda era
similar.

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Ilustração 16 - Participação relativa das principais espécies capturadas pela pesca


comercial na região do Reservatório, nos anos de 1988, 1989 e 1998

Fonte: Efrem et al (2006)

Ainda com relação ao pescado na região de influência de Tucuruí, é oportuno citar que não
somente a ictiofauna foi afetada pelo represamento, mas também a população do camarão
Macrobrachium amazonicum, um crustáceo relevante para a pesca do baixo Tocantins.
Estudos efetuados por Collart (1988) indicam que a pesca camaroeira caiu 50% entre 1985 e
1986, sugerindo um recrutamento muito baixo depois da formação do lago.

No lago foi observada uma mortalidade de camarões, em dezembro de 1984. No entanto, a


população se restabeleceu alguns meses depois. As duas populações de M. amazonicum do
rio Tocantins apresentam características biológicas distintas. Os camarões das águas
correntes a jusante da barragem possuem comprimentos maiores. De acordo com os estudos
efetuados por Collart, no trecho de jusante, os adultos foram observados de março a julho,
durante a época de migração e de reprodução, enquanto o recrutamento ocorre de setembro
a fevereiro. A população do reservatório apresenta, em média, comprimentos menores, com
uma maturidade sexual mais precoce. A reprodução atinge seu máximo em setembro. A
correlação entre a ausência de camarões grandes no lago e a modificação na composição da
ictiofauna é atribuída, por Collart (1988), à maior presença de peixes predadores como
Hydrolicus scoinbroides, cachorra-facão (Raphiodon vulpinus), piranhas (Serrasalmus spp) e
tucunaré (Cichla sp) após o represamento.

Na bibliografia consultada não há informações recentes a respeito do Macrobrachium


amazonicum do baixo Tocantins, que pudessem ser comparadas com os resultados obtidos
no final da década de 80. De acordo com Juras (s/d), atualmente o camarão e o mapará são
responsáveis por cerca de 50% do total pescado a jusante de Tucuruí.

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2. CARACTERIZAÇÃO DO MEIO FÍSICO E DOS


ECOSSISTEMAS TERRESTRES
O presente capítulo apresenta a caracterização do Meio Físico e dos Ecossistemas
Terrestres.

O Meio Físico está caracterizado considerando-se os seguintes aspectos: características da


geologia regional, suscetibilidade dos terrenos aos diferentes processos do meio físico, o
potencial mineral, a sismicidade; os compartimentos geomorfológicos, a vulnerabilidade do
relevo à erosão e suas potencialidades; a pedologia e a aptidão agrícola. As análises
discorrerão de acordo com as sub-bacias proposta pela ANA, sendo elas a 20, 21, 22, 23 e
29.

Os Ecossistemas Terrestres são abordados do ponto de vista da Fauna, Flora e Áreas


Protegidas.

2.1. Caracterização do Meio Físico


Do ponto de vista da geologia, a porção de montante da Bacia insere-se em uma das áreas
mais complexas da região central brasileira, que faz parte da Plataforma Sul-americana. Os
eventos geotectônicos registrados resultam, em sua estratigrafia, em unidades cujos dados
radiométricos fornecem idades extremamente variáveis. O mapa A3 – Compartimentos
Geológicos e Títulos Minerários apresenta a espacialização das informações a seguir
apresentadas, cuja descrição foi elaborada a partir da integração de diversas cartas
geológicas ao milionésimo do projeto RADAMBRASIL, bem como da carta geológica do
CPRM, obtida pela integração de mapas digitais de escalas maiores e, portanto, mais
detalhada.

Segundo SCHOBBENHAUS et al (1984), essa região é marcada principalmente pela


presença de importante faixa de dobramentos proterozóicas, envolvendo um conjunto de
unidades estratigráficas de evolução policíclica e assentadas sobre um embasamento
arqueano de alto grau metamórfico, essencialmente granito-gnáissico, com sequências
vulcano-sedimentares do tipo greenstone belt associadas a cinturões granulíticos. Consiste
de rochas metassedimentares dobradas e metamorfizadas em pelo menos dois ciclos
tectônicos (Uruaçuano e Brasiliano), situadas entre o cráton de São Francisco e o maciço
mediano de Goiás, orientadas submeridianamente e que mostram nítida polaridade
sedimentar, tectônica e metamórfica, exibindo vergência geral para o cráton do São
Francisco.

Durante o Brasiliano, às bordas dos crátons São Francisco e Amazônico evoluíram as faixas
dobradas Brasília e Paraguai-Araguaia, respectivamente, separadas pelo maciço mediano de
Goiás.

Cabe assinalar na porção extremo sudoeste da Bacia do Tocantins, onde se encontra a Sub-
bacia 20, a presença da megaflexura dos Pirineus, que provocou brusca mudança das
direções estruturais da faixa Brasília e de seu embasamento, o que é evidenciado pela forte
inflexão sofrida pela extremidade sul do maciço de Barro Alto.

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As estruturas geológicas são, antes de tudo, resultados de processos endógenos, ou seja,


interiores à superfície terrestre. Mesmo assim, processos muito longos de deposição
sedimentar, por exemplo, que se configuram como processos exógenos, também são
domínio da geologia, uma vez que podem configurar novas estruturas de rochas. Saber da
importância de tais estruturas é fundamental para os estudos geomorfológicos, já que a
configuração interna da superfície terrestre é uma das maiores responsáveis pela
conformação do relevo (superfície) apresentado. Para a geomorfologia, além da estrutura
interna, os fatores exógenos (clima, sobretudo) são de extrema importância.

A caracterização da geomorfologia da Bacia fundamentou-se no levantamento da bibliografia


existente sobre a Bacia do rio Tocantins, tanto correspondente a trabalhos específicos, como
a estudos sistemáticos, como os mapeamentos ao milionésimo desenvolvidos pelo
PROJETO RADAMBRASIL (Folha SA.22-Belém, SB.22-Araguaia, SB.23/24-
Teresina/Jaguaribe, SC.23/24-São Francisco/Aracaju, SD.22-Goiás, SC.22-Tocantins e
SD.23-Brasília) e pelo PROJETO SIVAM (2004), correspondente às folhas que compõem a
Amazônia Legal. Outros trabalhos em maior escala foram consultados, como o Zoneamento
Ecológico-econômico para o Estado do Tocantins (SEPLAN, 2002), na escala 1:500.000 e o
Zoneamento Ecológico-Econômico para a Região do Bico do Papagaio-TO (SEPLAN, 2002),
na escala 1:250.000.

Além dos trabalhos sistemáticos destacam estudos de impactos ambientais como da Hidrovia
Tocantins (CTE, 1998), Plano de Manejo das APAs do Jalapão (CTE, 2000) e Serra do
Lajeado (CTE, 2003), que oferecem importantes subsídios ao estado atual dos
conhecimentos sobre a bacia. A descrição metodológica completa aparece descrita no Anexo
IV.

Finalmente, ampliando-se o foco sobre a Bacia do rio Tocantins, a análise pedológica nada
mais é do que um estudo mais aproximado da estrutura geológica/geomorfológica da
superfície, considerando-se, sobretudo, a estrutura química do solo que, em última instância,
determina a aptidão agrícola de uma região e também em grande parte a biodiversidade.

Para a análise pedológica da Bacia do rio Tocantins, utilizou-se do Mapa Exploratório de


Solos da Bacia do rio Tocantins que foi elaborado por meio das informações extraídas dos
vários mapas de solos elaborados pelo Projeto RADAM/RADAMBRASIL, em seu trabalho de
Levantamento de Recursos Naturais do Território Nacional. Procedeu-se ainda à conversão
da legenda e da simbologia dos mapas de cada uma das unidades de mapeamento originais,
empregando-se terminologia, critérios e conceitos contidos no Sistema Brasileiro de
Classificação de Solos (SiBCS), lançado em 1999 (EMBRAPA, 1999) com modificações
introduzidas em 2003 (EMBRAPA, 2003).

Os métodos de trabalhos foram basicamente a compilação direta a partir dos mapas de solos,
dos limites das unidades de solos, que foram digitalizados sobre base cartográfica específica.
Em seguida as várias unidades de mapeamento dos vários mapas foram sistematizadas e
ordenadas conforme normas constantes no Manual Técnico de Pedologia, da Fundação
IBGE (OLIVEIRA, 2005), que considera a terminologia empregada no SiBCS.

Também foram extraídas deste Manual as normas e critérios para separação e


caracterização das classes de solos e de fases de unidades de mapeamento.

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Os critérios adotados para separação e caracterização de solos e de fases de unidades de


mapeamento, com definição dos atributos diagnósticos e horizontes diagnósticos,
grupamentos de classes de textura, distinção das fases de unidades de mapeamento, bem
como a caracterização das principais classes de solo, estão apresentados no Anexo V do
presente relatório.
 Sub-Bacia 20

Em relação à estrutura geológica, os terrenos da Sub-bacia são suportados


predominantemente por rochas pré-cambrianas metassedimentares do Grupo Araxá e de seu
fácies marginal, o Grupo Araí, subdividido nas formações Traíras e Arraias, unidades que
envolvem os grandes Complexos Básicos-Ultrabásicos de Barro Alto, Niquelândia e Cana-
Brava e os Granitos Serra da Mesa, Serra Dourada, Serra do Encosto e Serra Branca.

A porção centro-sul da Bacia é ocupada por rochas sedimentares clásticas e químicas do


Grupo Paranoá e por rochas pelítico-areno-carbonáticas do Subgrupo Paraopebas, do Grupo
Bambuí.

As rochas granito-gnáissico-migmatíticas do embasamento cristalino, representado pelo


Complexo Goiano, estão confinadas na porção sudoeste da sub-bacia, juntamente com as
poucas exposições do Grupo Pilar de Goiás, bem como contornam o flanco leste do
Complexo Barro Alto e perfazem uma exposição contínua a leste do reservatório da UHE
Serra da Mesa.

Esta região apresenta um relevo bem diferenciado, dada sua estrutura geológica complexa. A
unidade geomorfológica desta Sub-bacia tem como origem o Planalto Goiás-Minas,
representado pelas Unidades Geomorfológicas do Planalto do Distrito Federal, Planalto do
Alto Tocantins-Paranaíba e Chapadas do Alto Rio Maranhão. As Sub-bacias dos rios
Maranhão e Tocantinzinho têm seus cursos de primeira ordem desenvolvidos a partir dos
residuais das Chapadas do Alto Rio Maranhão (800-1.200m) e Planalto do Distrito Federal
(900-1.200m), com topos caracterizados por Superfícies de Aplainamentos Degradada (Pgi) e
Retocada (Pri). Essas superfícies são mantidas em parte pela resistência litológica dos
quartzitos e couraças ferralíticas. Os formadores principais descem os patamares estruturais,
com forte entalhamento dos vales e desenvolvimento de ravinas (tipo badland). A norte dessa
unidade predominam relevos residuais mantidos por rochas quartzíticas. A drenagem
contorna esses residuais e ingressa na Depressão do Alto Tocantins, ainda sendo
interceptadas por outras formações serranas. O rio Tocantinzinho percorre a seção
meridional do Complexo Montanhoso Veadeiros-Araí, com forte grau de incisão da drenagem
em metassedimentos falhados da Formação Arraias.

A Sub-bacia do rio das Almas nasce no Planalto do Alto Tocantins-Paranaíba, separado da


Bacia do rio Maranhão pelo Complexo Barro Alto. O Planalto do Alto Tocantins-Paranaíba
encontra-se pediplanado entre 900 e 1.000m, embora ultrapassando esses valores no
Complexo Barro Alto (em torno de 1.400m), sustentados por couraças ferruginosas sobre
rochas intusivas básico-ultrabásicas. O forte entalhamento da drenagem proporciona o
desenvolvimento de modelados dissecados aguçados e convexos, com predomínio de
Neossolos Litólicos, Cambissolos Háplicos e subdominância de Argissolos Vermelhos
Distroférricos. O contato dessas estruturas com as Depressões Intermontanas ou Depressão
do Alto Tocantins é abrupto, marcado por ressaltos acentuados ou escarpas estruturais.

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De forma geral, o solo desta Sub-bacia desenvolveu-se para uma melhor potencialidade
agrícola, o que a coloca num posto importante, também por sua proximidade de grandes
centros urbanos. Nela, há que se considerar que ainda se verificam expressivas áreas de
solos de baixa potencialidade agrícola, como os Cambissolos cascalhentos derivados de
micaxistos e Neossolos Litólicos também derivados de micaxistos e de outros materiais como
arenitos, quartzitos e outros. Em contrapartida, são também expressivas as ocorrências de
chapadas e chapadões com Latossolos Vermelhos Distróficos, muito utilizados com lavouras
comerciais de grãos (foto 1).

Foto 1 – Aspecto de lavoura comercial de grãos (soja) sobre chapadão (Latossolo Vermelho Distrófico
típico,textura argilosa). Próximo a Planaltina – DF

Além dos chapadões com uso de lavouras comerciais, merecem destaque os solos
desenvolvidos a partir da alteração de rochas básicas e ultra-básicas do Complexo Básico –
Ultra-básico de Barro Alto, Niquelândia e Canabrava. Tratam-se de seqüência de ocorrências
de rochas básicas e ultra-básicas diversas, se estendendo em faixa sudoeste-nordeste na
parte central da sub-bacia, que originam solos como Nitossolos Vermelhos Eutroférricos
(antigas Terras Roxas Estruturadas) e Latossolos Vermelhos Distroférricos (antigos
Latossolos Roxos), comuns na região do Vale do São Patrício em Goiás (foto 2), na serra de
Niquelândia-GO (próximo à represa de Serra da Mesa) e nas proximidades de Minaçu-GO, e
de Chernossolos Argilúvicos e Cambissolos Ta Eutróficos associados à alteração de rochas
ultra-básicas (noritos, peridotitos, etc).

Foto 2 – Perfil de Nitossolo Vermelho Eutroférrico típico. Próximo a Ceres – GO.

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Todos correspondem a solos de boa fertilidade natural, portanto passíveis de exploração com
uso de técnicas rudimentares, para exploração com pequenas lavouras, mas que
freqüentemente são explorados com pastagens plantadas.

Por fim, é oportuno mencionar a ocorrência expressiva, no extremo sul da Sub-bacia, de


Argissolos Vermelho-Amarelos Eutróficos, associados à alteração de rochas do Complexo
Granulítico Anápolis-Itaucú, que ocorrem em condição de relevo desde suave ondulado a
forte ondulado e são muito utilizados com pastagem plantada com uso de forrageiras mais
exigentes, como capim jaraguá e colonião, e também com pequenas lavouras irrigadas de
hortícolas e olerícolas, quando em vales aplanados (foto 3).

Foto 3 – Aspecto da paisagem e uso com pastagem plantada, sobre Argissolo Vermelho –Amarelo
eutrófico típico, relevo forte ondulado. Itapuranga – GO

Em suma, esta região apresenta a segunda maior concentração de terras, em seguida à Sub-
bacia 29, consideradas aptas para a utilização com agricultura, quer sob manejo tecnificado e
capitalizado ou não. Em qualquer circunstância a sua porção sudoeste, é a que concentra a
maioria destas terras.

Alguns municípios contêm em seus limites terras serranas com solos férteis, que são aptas
para agricultura não mecanizada, ou seja, terras ricas, porém com limitações fortes por relevo
e pedregosidade (classes (???) 1Ab, 1A(b) ou 1 Abc), e por outro lado, alguns possuem
terras de baixa fertilidade natural (Latossolos) que por ocorrerem em relevo plano, se prestam
à exploração com lavouras tecnificadas e capitalizadas (classe 1bC).

A porção oeste e norte desta sub-bacia se assemelha muito às demais, sendo constituída por
terras em sua maior parte avaliadas com aptidão para pastagens natural ou nativa (classes
4p ou 5n) e/ou áreas de preservação (classe 6).

 Sub-Bacia 21

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A porção centro-norte da Sub-bacia é constituída por rochas granito-gnáissico-migmatíticas


do embasamento cristalino, representado pelo Complexo Goiano, que alojam corpos
granodioríticos da unidade Granodiorito São José e corpos graníticos do tipo Serra Branca.

Na porção noroeste da Bacia, de formato triangular, e em sua porção oeste, ocorrem rochas
metassedimentares do Grupo Araxá e do Grupo Araí (formações Arraias e Traíras).

Uma ampla faixa formada pelas bordas sul e leste da Bacia é quase que inteiramente
constituída por rochas pelítico-areno-carbonáticas do Subgrupo Paraopebas e de suas
formações Sete Lagoas e Três Marias, do Grupo Bambuí. Sobre esta faixa ocorre uma
profusão de coberturas detríticas terciário-quaternárias.

As porções extremo sudeste e extremo nordeste da Bacia são constituídas por arenitos da
Formação Urucuia, de idade cretácea.

Do ponto de vista geomorfológico, a Sub-bacia 21 corresponde às Sub-bacias dos rios


Paranã e Palma, localizados na margem direita do rio Tocantins, e sub-bacias secundárias na
margem esquerda. O rio Paranã tem suas nascentes no Chapadão Ocidental Baiano e nas
Chapadas de Paracatu, e o rio Palma no Chapadão Ocidental Baiano. A erosão remontante
dos cursos de primeira ordem, em função do elevado gradiente dos topos pediplanados em
relação ao piso dos respectivos patamares, responde pela intensidade erosiva remontante
desses divisores, expondo cornijas em parte mantidas por couraças ferralíticas.

No caso do rio Paranã, a seção meridional da Sub-bacia, após deixar o compartimento de


chapadas (800-900m), percorre os Patamares do Chapadão Ocidental Baiano (600-700m),
formando canions nas estruturas cársticas da Formação Lagoa do Jacaré (nível mais elevado
dos patamares), ingressando a seguir no Vão do Paranã (400-500m), onde prevalecem
formas de dissolução, caracterizadas principalmente por depressões relativas (dolinas e
uvalas) e planícies cársticas (poljés). A partir de então, o Vão do Paranã conecta-se com a
Depressão do Alto Tocantins.

O rio Palma deixa o Chapadão Ocidental Baiano e ingressa em seus patamares estruturais.
Um pouco mais ao sul, na Bacia do rio São Domingos, os Patamares do Chapadão Ocidental
Baiano encontram-se caracterizados por dois níveis altimétricos, sendo que no mais elevado
são presenciadas gargantas epigênicas desenvolvidas em linhas de falhas, estimuladas por
efeitos epirogenéticos positivos (fenômeno de superimposição). Após percorrer os residuais
pelito-carbonáticos do Subgrupo Paraopeba Indiviso, faz contato com a Depressão do Alto
Tocantins através de patamares cársticos. No domínio da referida depressão, contorna
estruturas serranas como o Complexo Montanhoso Veadeiros-Araí e a Serra de Arraias e da
Canoa. Estas unidades referem-se a dobramentos proterozóicos, cujas diferenças litológicas
e tectônicas proporcionam o desenvolvimento de formas específicas como sinclinais alçadas,
cristas assimétricas (hogbacks e relevo do tipo “apalachiano”), patamares estruturais,
escarpas de falhas e forte grau de entalhamento dos talvegues, prevalecendo formas
dissecadas aguçadas nas vertentes imediatas aos topos pediplanados.

Nas Superfícies de Aplainamentos Degradadas (Pgi) e Retocadas (Pri) do teto orográfico


regional e nas Superfícies de Aplainamentos Retocadas (Pru) e Retocadas (Pri) dos níveis
intermontanos, como das depressões intermontanas, predominam os Latossolos, com
exceção dos patamares residuais, onde a pediplanação proporcionou a exposição de
metassiltitos e metafilitos da Formação Serra da Saudade, caracterizadas por Cambissolos

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Háplicos. Nas bordas escarpadas dos residuais, a intensa dissecação justifica o domínio dos
Neossolos Litólicos e afloramentos rochosos.

Esta Sub-bacia corresponde à porção sudeste da área drenada pelo rio Tocantins e abrange
terras do sudeste do Estado do Tocantins e nordeste do Estado de Goiás. Em ambos os
Estados, apesar de ocorrências localizadas de solos de potencialidade agrícola considerável
como os Nitossolos Vermelhos Eutróficos associados à presença de calcário do Grupo
Bambuí, a pobreza ou as limitações dos demais solos é fator comum para a maioria dos
mesmos.

Além dos Plintossolos Pétricos Concrecionários, Neossolos Quartzarênicos e Neossolos


Litólicos comuns nas demais sub-bacias, a presença de Cambissolos originados de
micaxistos do Grupo Araxá, via de regra, muito cascalhentos e pedregosos (foto 4), começa a
ser significativa nesta sub-bacia. Em comum com os demais solos, apresentam severas
limitações de ordem física ao uso agrícola.

Foto 4 – Perfil de Cambissolo Háplico Tb Distrófico típico, originado de micaxisto. Próximo à São
Domingos – GO

Dentro desta Sub-bacia, encontra-se a região da Chapada dos Veadeiros,superfície muito


antiga, de idade Terciária Inferior, e que apesar de estar em elevadas altitudes, em média
superiores a 1.000 metros, encontra-se bastante desgastada, sendo comum em sua
superfície a exposição de rochas do embasamento, o que traz como conseqüência a
ocorrência de Latossolos de forma apenas localizada. Portanto, além de Afloramentos de
Rochas, são comuns sobre a mesma, Neossolos Litólicos, Cambissolos cascalhentos e
pedregosos.

Ainda nesta Sub-bacia, chapadões dotados de Latossolos Vermelhos, em condição favorável


à agricultura comercial mecanizada, começam a ser expressivos em sua porção sul, como se
pode verificar em locais como São João da Aliança –GO e Planaltina – DF, porém, no geral
ainda predominam terras de baixíssima potencialidade agrícola. (foto 5).

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Foto 5 – Aspecto da área de Latossolo Vermelho Distrófico típico textura argilosa. Próximo a São João
da Aliança - GO

No que concerne à potencialidade agrícola das terras, pode-se de forma resumida destacar
como terras boas para utilização com agricultura, apenas uma ocorrência contínua na sua
porção centro-sul, em que as mesmas foram avaliadas como classe 1ABC de aptidão, ou
seja, terras com aptidão boa para lavouras climaticamente adaptadas, e também pequenas
ocorrências no extremo sudoeste onde, sobre chapadões, as terras possibilitam a exploração
com lavouras mecanizadas (classe 1bC)

No restante da Bacia as outras terras são avaliadas, ora como de aptidão regular ou restrita
para pastagens nativa ou plantada e ora como inaptas para agricultura, quando devem ser
destinadas à preservação.

 Sub-Bacia 22

A borda oeste desse trecho da Bacia, até a latitude 11º, é ocupada quase que inteiramente
por rochas granito-gnáissico-migmatíticas do Complexo Goiano, ocorrendo ainda
metassedimentos dos Grupos Araxá e Estrondo, quartzitos, metaconglomerados e ardósias
do Grupo Santo Antonio, corpos graníticos e tonalíticos da Suíte Intrusiva Ipueiras, o maciço
da unidade Alcalinas do Peixe e duas grandes exposições de coberturas detríticas terciário-
quaternárias.

A porção sul da Bacia é ocupada por rochas granito-gnáissico-migmatíticas do Complexo


Goiano, por rochas da Formação Riachão das Neves, do Grupo Bambuí, e rochas tonalíticas,
graníticas e granodioríticas da Suíte Serra do Boqueirão.

A porção central e norte da Bacia é ocupada pelas formações carboníferas Poti e Piauí e
pelas formações devonianas Pimenteiras, Cabeças e Longá da Bacia do Parnaíba. Em sua
porção leste, ocorrem ainda arenitos da Formação Itapecuru, de idade cretácea, e
subordinadamente, arenitos da Formação Sambaíba, do Triássico e basaltos da Formação
Orozimbo, de idade jurássica.

Geomorfologicamente, como importa em grande medida a drenagem de um terreno, deve-se


ressaltar a proveniência das águas e o fluxo que seguem. As nascentes da margem direita do
rio Tocantins, representadas pelas Sub-bacias dos rios do Sono e Manuel Alves, iniciam na
Chapada das Mangabeiras e Chapadão Ocidental Baiano, apresentando grosso modo,
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direção geral Leste-Oeste. No trajeto, a drenagem passa pelos Patamares da Chapada das
Mangabeiras e Patamares do Chapadão Ocidental Baiano, onde os cursos de primeira ordem
respondem por intensa dissecação do relevo, expondo cornijas estruturais representadas
principalmente pelos arenitos cretáceos da Formação Urucuia. Tendo como nível de base
regional a Depressão do Médio Tocantins, que mais ao sul conecta-se com a Depressão do
Alto Tocantins, a drenagem comandada principalmente pela Sub-bacia do rio Manuel Alves
disseca as estruturas proterozóicas dobradas, correspondentes ao Complexo Montanhoso,
regionalmente caracterizado pelas Unidades Geomorfológicas das serras Malhada Alta, da
Natividade e de Santo Antônio-João Damião. A Depressão do Médio Tocantins, na unidade
hidrográfica em questão, apresenta topos pediplanados em seqüências permo-carboníferas
da Bacia Sedimentar do Parnaíba (formações Pimenteiras, Cabeças e Piauí), enquanto a
Depressão do Alto Tocantins encontra-se pediplanada em estruturas do embasamento
cristalino.

Identificam-se, portanto três grandes compartimentos nessa seqüência: as chapadas que


constituem o divisor Tocantins - São Francisco, que apresentam características de cuestas,
com cornijas estruturais mantidas por arenitos cretáceos e principalmente encouraçamentos
lateríticos, com fronts de aproximadamente 200m de altura. O contato com a Depressão do
Médio ou Alto Tocantins é feito de forma gradual, presenciando chapadas e morros
testemunhos desligados da estrutura principal. Os cursos anaclinais intensificam a erosão
remontante das estruturas cretáceas, sobretudo em função do forte gradiente das escarpas,
favorecendo a inumação dos patamares, com formação de ambientes de veredas. No
domínio da depressão destacam-se os residuais serranos mantidos por quartzito, cujos
dobramentos proterozóicos favoreceram o desenvolvimento de cristas assimétricas. As
formações superficiais encontram-se relacionadas ao comportamento morfológico,
destacando os materiais argilosos (Latossolos) nos topos pediplanados, sustentados nas
bordas por materiais autóctones (Solos Petroplínticos), enquanto nas escarpas e rupturas
estruturais prevalecem pedimentos detríticos associados a afloramentos rochosos (Neossolos
Litólicos).

Do ponto de vista pedológico, nesta Sub-bacia, grosso modo, pode-se considerar duas
grandes regiões. A primeira, que se posiciona em sua porção norte, mais especificamente a
norte da cidade de Palmas, e que se estende também para sul, em grande faixa na porção
leste. Nesta porção, as terras têm características semelhantes àquelas da Sub-bacia 23, com
exceção da inexistência de manchas esporádicas de solos de boa potencialidade agrícola, ou
seja, há uma continuidade no padrão de ocorrência dos solos em relação à Sub-bacia 23

Assim, nesta porção da Sub-bacia, alternam-se Plintossolos Pétricos Concrecionários,


Neossolos Quartzarênicos e Neossolos Litólicos, todos com significativas limitações ao
aproveitamento agrícola. Cabe frisar que nesta porção se encontra o Parque Estadual do
Jalapão, popularmente conhecido como “Deserto do Jalapão”, área constituída por Neossolos
Quartzarênicos Órticos, sob vegetação de Campo Cerrado e Neossolos Quartzarênicos
Hidromórficos sob vegetação de Vereda, nas planícies dos córregos (foto 6).

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Foto 6 – Paisagem da área de Neossolo Quartzarênico Hidromórfico típico, sob Vereda Tropical.
Parque Estadual do Jalapão - TO

A outra porção da Sub-bacia que merece destaque refere-se à extensa faixa de terras
posicionada no lado oeste da mesma, que se inicia à norte aproximadamente na altura da
cidade de Palmas e estende-se para sul até as nascentes do rio Santa Tereza, já em terras
do Estado de Goiás. Nesta parte, os solos dominantes são Latossolos Vermelho-Amarelos
Distróficos de textura argilosa e média, ocorrendo em regime de associação com Plintossolos
Pétricos Concrecionários, e apresentando em seu perfil, muitas vezes, ocorrência de
petroplintita na forma de cangas ou concreções, o que representa uma limitação forte à plena
exploração dos mesmos com agricultura. Por tal razão, foram julgados com aptidão regular
para exploração com pastagem plantada, uso este já consolidado hoje em toda sua extensão.

Áreas de maior potencialidade agrícola, com Latossolos de textura argilosa e livres de


petroplintita, com aptidão boa para lavouras com emprego de manejo tecnificado, existem
localizadamente e nelas já se desenvolve agricultura comercial, como é o caso de áreas nas
proximidades de Gurupi – TO e Porangatu – GO.

Com relação à potencialidade agrícola das terras da Sub-bacia como um todo, grosso modo
pode-se destacar grande faixa de terras no sentido norte-sul, a oeste da Sub-bacia. Nesta
faixa, por sua vez, destaca-se uma considerável porção no seu extremo sul, já dentro do
Estado de Goiás, abrangendo terras de vários municípios, mais precisamente a região das
nascentes do rio Santa Tereza, que é constituída de terras avaliadas com aptidão boa para
lavouras mecanizadas com emprego de tecnologia e capital, e que se prestam para grandes
lavouras comerciais (classe 1bC). Vale mencionar pequenas ocorrências deste tipo de terras
mais ao norte desta faixa.

O restante das terras desta faixa não se presta para exploração com lavouras, pelo menos no
que concerne aos solos dominantes, porém se prestam razoavelmente bem ao uso com
pastagens plantadas (classe 4(p)), podendo localizadamente ocorrer pequenas manchas de
melhor potencialidade.

No restante da Sub-bacia, é absoluto o predomínio de terras indicadas apenas para


pastagens nativas (classe 5n), onde a vegetação natural de cerrado pode ser utilizada para
pastoreio, ocorrendo secundariamente terras com indicação para pastagens plantadas,
porém com severas restrições (classe 4(p)), e/ou, terras inaptas para uso agrícola (classe 6).

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 Sub-Bacia 23

Geologicamente, a Sub-bacia 23 está constituída pelas seguintes formações:


− Formação Itapecuru (Cretáceo): constitui-se quase que exclusivamente de arenitos
finos, argilosos, com estratificações cruzadas e silicificações, principalmente no topo.
Intercalam-se leitos de siltitos e folhelhos cinza-esverdeados e avermelhados;
− Formação Orozimbo (Jurássico): constitui-se de um único derrame basáltico,
correspondente a uma só fase de extensos derrames. O basalto é de cor preta a
verde escuro, sendo frequente a presença de amígdalas preenchidas por zeólitas ou
calcita;
− Formação Sambaíba (Triássico): é formada predominantemente por arenitos finos a
médios, pouco argilosos, bem selecionados e arredondados, com finas intercalações
de sílex e abundância de estratificações cruzadas;
− Formação Pedra de Fogo (Permiano): é constituída por arenitos, siltitos e folhelhos
que se intercalam em proporções variadas. Os arenitos são finos a muito finos,
enquanto que os siltitos e folhelhos são pouco micáceos e de baixa fissilidade. Leitos
e bancos de sílex estão presentes em vários níveis estratigráficos, enquanto que
calcários brancos, leitos de gibsita e aragonita são mais freqüentes no topo da
formação;
− Formação Piauí (Carbonífero): nesta unidade predominam arenitos finos a muito finos,
com acamamento delgado e localmente com aspecto lajeado; em algumas regiões
torna-se grosseiro a conglomerático, com grandes estratificações cruzadas;
− Formação Longá (Devoniano): constitui-se predominantemente de folhelhos e siltitos
cinza-escuros a preto, em geral carbonosos, com intercalações de arenitos finos
laminados;
− Formação Cabeças (Devoniano): é constituída por arenitos de granulação média a
grosseira, frequentemente conglomerático, muito pouco argiloso. Apresenta aspecto
maciço, sendo comum estratificações cruzadas bem desenvolvidas. Eventualmente,
apresenta intercalações de siltitos e arenitos finos, laminados;
− Formação Pimenteiras (Devoniano): é constituída por folhelhos contendo nódulos e
leitos de oólitos piritosos. São comuns intercalações de arenitos e siltitos no topo da
formação;
− Formação Serra Grande (Siluriano): a sedimentação desta unidade inicia-se com
arenitos grosseiros, conglomeráticos, contendo leito de até 20m de espessura de
conglomerado oligomítico grosseiro, com seixos de até 20cm de diâmetro; os seixos
são de quartzo, havendo granodecrescência da base para o topo; seguem-se arenitos
grosseiros com estratificação cruzada diagonal.

Do ponto de vista geomorfológico, este trecho é marcado por sub-bacias secundárias, tanto
na margem esquerda quanto direita do rio Tocantins, evidenciando-se estreitamento de forma
nas imediações da confluência do rio Araguaia, em função da exclusão dessa Bacia no
presente estudo, com tendência de alargamento em direção ao divisor com a Bacia
Hidrográfica do rio Parnaíba.

As nascentes da margem direita do rio Tocantins iniciam seus cursos a partir dos divisores
representados pelo Planalto Dissecado Gurupi-Grajaú (350m), na porção nordeste, e na
seção oriental pelo Chapadão do Alto Parnaíba (em torno de 800m), tendo como sub-
compartimentos as Cabeceiras do Parnaíba (600m) e o Vão da Bacia do Alto Parnaíba (entre
200 e 600m). A partir de então a drenagem busca as áreas depressionárias, representadas
pela Depressão do Médio Tocantins e Depressão de Imperatriz (entre 250 e 350m).
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Mais ao sul da referida unidade, destacam-se as Chapadas e Planos do rio Farinha,


sustentada por derrames basálticos da Formação Mosquito, contornada pelas estruturas
areníticas da Formação Sambaíba que constitui localmente a Depressão do Médio Tocantins.
O contato é marcado por ressaltos topográficos, associados a escarpas erosivas e
estruturais, promovidas pela erosão diferencial. A drenagem é comandada pela Sub-bacia do
próprio rio Farinhas.

Na Bacia do rio Manuel Alves Grande constata-se a presença dos Patamares de Porto
Franco-Fortaleza dos Nogueiras, com topos pediplanados aos 650m, que também faz contato
com a Depressão do Médio Tocantins através de escarpas. Os tributários da margem
esquerda cortam sedimentos carboníferos das formações Poti e Piauí, e na margem direita
repete as seqüências das Chapadas e Planos do rio Farinha, ou seja, patamares sustentados
por derrames basálticos da Formação Mosquito e arenitos da Formação Sambaíba, os quais
encontram-se assentados nos sedimentos permianos da Formação Pedra de Fogo.

Na margem esquerda do rio Tocantins as sub-bacias hidrográficas dissecam o Planalto do


Interflúvio Tocantins-Araguaia e acompanham a Depressão do Médio e Baixo Araguaia até a
confluência com o grande rio.

A região abrangida pela Sub-bacia 23, estendendo-se para sul até as proximidades da cidade
de Tupirama, dentro do Estado do Tocantins, constitui definitivamente a porção da Bacia que
reúne a maior quantidade de terras de baixa potencialidade agrícola, embora se verifique
localizadamente solos com boa aptidão agrícola, como é o caso dos Chernossolos
Argilúvicos e Latossolos Vermelho Distroférricos, originados de basaltos da Formação
Mosquito, nas proximidades de Estreito e Porto Franco, no Estado do Maranhão, e
Aguiarnópolis, no Estado do Tocantins.

A região desta Sub-bacia já está em sua quase totalidade dentro do Bioma Cerrado,
conforme IBGE (2004) e, portanto, com solos de baixa fertilidade natural. Neossolos
Quartzarênicos Órticos e Plintossolos Pétricos Concrecionários sob vegetação de Cerrado,
ambos com severas limitações ao aproveitamento com agricultura, são os principais solos
ocorrentes, ocupando a maioria absoluta da área da mesma.

Os Neossolos Quartzarênicos Órticos e os Plintossolos Pétricos Concrecionários foram


respectivamente denominados Areias Quartzosas e Solos Concrecionários Lateríticos nos
mapas de solos elaborados anteriormente à criação do Sistema Brasileiro de Classificação de
Solos (SiBCS). Estes últimos têm sido utilizados com pastagens plantadas, empregando–se
forrageiras rústicas como o capim andropogom e que mostram resposta considerável, pelo
menos no período chuvoso, entretanto, no período da seca, ressentem muito, reduzindo
ainda mais a capacidade de suporte dos pastos.

Sobre os Neossolos Quartzarênicos, verifica-se também o uso com pastagens plantadas,


com emprego da Brachiaria decumbens, entretanto, o rendimento também deixa muito a
desejar e mesmo este tipo de forrageira se ressente muito com o déficit hídrico acentuado
destes solos.

Sobre siltitos da Formação Pedra de Fogo, nas proximidades de Carolina-MA e Filadélfia –


TO, verificam-se ocorrências de Argissolos e Cambissolos Eutróficos com argilas de atividade
alta, alguns deles apresentando caráter vértico (foto 7). Embora com boa fertilidade natural,

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apresentam limitações de ordem física suficientes para limitar o seu aproveitamento, sendo
utilizados basicamente com pastagens plantadas.

Foto 7 – Perfil de Cambissolo Háplico Ta Eutrófico vértico, originado de siltito da Formação Pedra de
Fogo. Filadélfia – TO

Pequenas ocorrências em terraços antigos do rio Tocantins de Argissolos Vermelho-


Amarelos Eutróficos junto a solos hidromórficos (Gleissolos), são a base de desenvolvimento
de pequena agricultura rudimentar de subsistência da população ribeirinha.

Cabe ainda mencionar ocorrências isoladas de Argissolos e Latossolos de baixa fertilidade


natural, que são na maioria das vezes explorados com pastagens plantadas, incluindo-se aí
os Latossolos Vermelho-Amarelos com textura média da região do “Bico do Papagaio”.

Demais solos ocorrentes de maneira expressiva são solos jovens (Neossolos Litólicos),
muitas vezes cascalhentos e pedregosos e, por vezes, ocorrendo em condição de relevo
acidentado, o que faz com que sejam solos ou terras mais apropriadas para preservação da
fauna e flora.

Assim, no que se refere à potencialidade agrícola das terras da Sub-bacia, no contexto geral
verifica-se que a maioria absoluta dos solos apresenta limitações fortíssimas ao
aproveitamento com agricultura, pelo menos para agricultura mecanizada.

Ocorrências localizadas de terras de potencialidade agrícola considerável, como nas


proximidades de Imperatriz no Maranhão e Aguiarnópolis no Tocantins, são terras de boa
fertilidade natural, porém pedregosas e muitas vezes em condição de relevo declivoso, e que
permitem, portanto, apenas a exploração com lavouras em sistemas de exploração mais
primitivos (sem mecanização), caracterizadas no mapa de aptidão como terras da classe
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1Ab. Ocorrências nas proximidades de Porto Franco e Carolina no Maranhão e também em


Aguiarnópolis no Tocantins, caracterizadas como classes 1bC ou 1ABC no mapa de aptidão,
correspondem a terras com baixa fertilidade natural, porém sem pedregosidade, permitindo a
mecanizaçã. São essas as situações de terras agricultáveis e que merecem destaque nesta
Sub-bacia.

O restante da Bacia é constituído por terras sem potencialidade para uso com agricultura,
que foram avaliadas, na melhor das hipóteses, como regulares para pastagem plantada
(classe 4(p)) ou, como na maioria das vezes, regulares para pastagens nativas, com o
aproveitamento das espécies de cerrado (classe 5n). Extensas superfícies são ainda
avaliadas como adequadas apenas à preservação da flora e da fauna (classe 6).

Alguns municípios da porção sul da Sub-bacia têm a totalidade de suas terras julgadas ou
como inaptas para uso agrícola (classe 6) ou indicadas com restrições para pastagens
nativas (classe 5n).

A região do “Bico do Papagaio”, constituída em sua maioria por Latossolos de textura média,
é avaliada em sua maioria como terras regulares para pastagens plantadas (classe 4p), não
suportando usos mais exigentes.

 Sub-Bacia 29

A Sub-bacia 29 é, em grande parte constituída, por migmatitos, granitos, granodioritos,


dioritos, metamorfitos em fácies epidoto-almandina à granulito, quartzitos, gnaisses e xistos
do Complexo Xingu. A porção centro-sul da Bacia é ocupada pelo grupo Grão-Pará,
constituído por jaspilitos hematíticos, metabasitos espilíticos, quartzitos, itabiritos e filitos, pela
Formação Rio Fresco do Grupo Uatumã, constituída por argilitos, folhelhos e arcóseos
carbonosos e micáceos (membro Naja) e por folhelhos manganesíferos, siltitos, argilitos,
arenitos e grauvacas (membro Azul) e pelas unidades Granito da Serra dos Carajás e Granito
Velho Guilherme.

A borda leste da Bacia é ocupada por uma ampla faixa de metassedimentos (filitos, clorita
xistos, metarcóseos e metagrauvacas, quartzitos, metassiltitos, metargilitos) do Grupo
Tocantins, que se estreita de sul para norte, ocorrendo ainda na porção norte da Bacia, a
jusante da barragem da UHE Tucuruí, juntamente com depósitos aluviais.

Este conjunto da Bacia do rio Tocantins também apresenta uma relativa complexidade, que
se manifesta no ponto de vista geomorfológico. A seção mais alta da Sub-bacia tem como
divisor de águas as serra de São Félix, Antonhão e Seringa, seccionadas por pediplanação
aos 450m, associadas a metassedimentos dobrados do Supergrupo Andorinhas e corpos
graníticos da Suíte Intrusiva Serra dos Carajás. O contato com a Depressão Itacaiúnas-
Cajazeiras se dá de forma abrupta, envolvendo os maciços residuais. A partir de então o rio
Itacaiúnas secciona a Unidade Geomorfológica Serra dos Carajás, constituída pelos
metassedimentos dos Grupos Rio Fresco e Pojuca. A passagem do rio Itacaiúnas por esta
unidade é caracterizada por extensa garganta epigênica associada a processo de
falhamento, resultante de superimposição. A partir de então entra no domínio da Depressão
Marginal Sul Amazônica até sua confluência com o rio Tocantins, dissecando seqüências
cretáceas da Formação Alter do Chão, correspondentes aos Tabuleiros do Tocantins-Xingu e
Tabuleiros Paraenses. Estes se apresentam com topos pediplanados aos 100m,

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representados por extensos interflúvios e incisão incipiente da drenagem. Os ressaltos


observados referem-se a escarpas erosivas que contornam esses residuais. Remanescentes
de planaltos, como o Planalto Residual do Sul do Pará e o Patamar Dissecado de Tucuruí
caracterizam um conjunto de relevos intensamente dissecados no patamar periférico da
borda sul da Bacia Sedimentar do Amazonas, escavados no embasamento cristalino
(Complexo Xingu) por processo de circundesnudação.

A partir de Tucuruí prevalecem as planícies fluviais conectadas aos Leques Aluviais do rio
Tocantins, até a confluência com o rio Amazonas.

Ainda nessa unidade, a margem direita é marcada pelo Patamar Dissecado Capim-Moju, que
se constitui no divisor do baixo curso, a partir do qual as planícies fluviais assumem o domínio
territorial.

Toda a Sub-bacia 29, como ocorre de forma geral nas outras sub-bacias, há também grandes
distinções de solo. Cabe, no entanto, destacar a grande importância dos Argissolos
Vermelho-Amarelos Distróficos, pela sua expressiva ocorrência.

Tratam-se de solos profundos, bem desenvolvidos, de boa drenagem e que se prestam bem
à exploração agrícola, desde que corrigidas as suas exigências de ordem química (calagem e
adubação). Com visto anteriormente, esta região apresenta a maior concentração de terras
consideradas aptas para a utilização com agricultura. São caracterizados como solos de
aptidão agrícola boa para lavouras em sistemas de manejo tecnificado. Apesar de serem
dotados de tal potencial, é comum ocorrerem associados a solos de menor potencialidade e,
muitas vezes, apresentam presença de cascalhos e pedregosidade, além de em algumas
situações ocorrerem em relevos declivosos, fatores estes que limitam o uso de mecanização.
Por esta razão, são atualmente muito utilizados com pastagens plantadas (fotos 8 e 9).

Foto 8 – Perfil de ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico típico, textura média/argilosa, relevo


ondulado, fase floresta. Próximo a Canaã dos Carajás –PA.

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Foto 9 – Aspecto de uso com pastagem plantada, sobre ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO


Distrófico típico, textura média/argilosa. Próximo a Canaã dos Carajás – PA.

No que concerne à vulnerabilidade natural à erosão, são muito vulneráveis em razão da


presença de horizonte textural de baixa permeabilidade interna, condicionando a aceleração
dos processos erosivos.

Ainda nesta bacia cabe ressaltar as ocorrências menos expressivas de Latossolos, tanto
Amarelos como Vermelho-Amarelos, que também apresentam boas características físicas e
ocorrem em condição de relevos aplanados, sendo preferidos para agricultura em relação
aos Argissolos, por possibilitarem um melhor desempenho de máquinas agrícolas. São,
portanto, solos considerados com boa aptidão agrícola, quando há emprego de recursos
tecnológicos para correções de ordem química. No que concerne à vulnerabilidade à erosão,
são solos com perfil vertical muito homogêneo e com boa permeabilidade interna, o que
dificulta a ação destruidora das águas superficiais e, por outro lado, torna-os muito propensos
à erosão em profundidade (boçorocas).

Mais precisamente nas partes mais baixas (faixa norte da sub-bacia), nos terraços e planícies
do rio Tocantins, ocorrem expressivas manchas de terras influenciadas por forte
hidromorfismo, o que dificulta ou limita sobremaneira o seu uso com agricultura comercial.
Entretanto, lavouras ribeirinhas sobre os Neossolos Flúvicos que ocorrem nas ilhas e nos
diques marginais à água dos rios são uma constante por toda a região.

A vegetação natural de Floresta que recobre esta Sub-bacia tem experimentado nos últimos
20 anos uma avassaladora destruição, na abertura de novas fronteiras agrícolas (foto 10).

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Foto 10 - Aspecto de uso com pastagem plantada, sobre ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO


Distrófico típico, textura média/argilosa. Próximo a Curionópolis –PA.

Em síntese, no que diz respeito à potencialidade agrícola das terras, a Sub-bacia 29


contempla, na maior parte de sua superfície, terras que se prestam bem à exploração com
lavouras climaticamente adaptadas, desde que com emprego de sistema de manejo
tecnificado e capitalizado que possibilite a mecanização e a utilização de insumos para as
devidas correções de ordem química e o controle de pragas e doenças.

Tais terras são avaliadas como boas para lavouras com uso de manejo tecnificado e
capitalizado (manejo C) e regulares para lavouras empregando-se sistema de manejo
intermediário (classe 1bC de aptidão),; ocupam grande parte da porção sul e central da Sub-
bacia. Excluem-se naturalmente as situações de ocorrência em relevos declivosos e com
pedregosidade, que são indicadas com restrições para uso com pastagens plantadas (classe
4(p)).

A porção situada ao norte da Sub-bacia contempla razoável concentração de terras com


limitações significativas ao uso com agricultura, que são representadas por solos como
Latossolos Amarelos de textura média, Gleissolos e Plintossolos Háplicos, prestando-se ora
com muitas restrições para uso com lavouras temporárias (classe 3abc) ou apenas com
pastagens plantadas (classe 4(p)), embora em algumas ilhas e diques marginais ao rio
ocorram manchas de terras que possibilitam a exploração com lavouras de subsistência, em
sistemas de manejo bem primitivos, descapitalizados e não tecnificados, porém são situações
de diminutas dimensões e com possibilidade de uso apenas temporário.

Há ainda a se considerar que, por ser uma região no seu todo com cobertura vegetal natural
de Floresta, este fato de certa forma dificulta a introdução de lavouras mecanizadas
imediatamente após a derrubada, pelos elevados custos para a derrubada e destoca. Por tal
razão, é comum se empregar o fogo e fazer a semeadura da brachiaria, que permanece até o
apodrecimento da madeira dos tocos, prática generalizada entre os agricultores de baixo
poder aquisitivo. Este fato de certa forma induz ao crescimento da pecuária de corte em
detrimento da agricultura comercial, que fica restrita aos produtores de maior poder
econômico.

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2.1.1.1. Suscetibilidade dos Terrenos aos Diferentes Processos do Meio Físico

A suscetibilidade dos terrenos aos processos do meio físico constitui fator fundamental para a
compartimentação da Bacia Hidrográfica do rio Tocantins e para o estabelecimento de
critérios de ocupação do solo e seus efeitos no meio ambiente. O mapeamento das áreas
com diferentes graus de suscetibilidade permite a identificação das respostas dos terrenos a
esses processos e a previsão dos problemas decorrentes da implantação de obras de
engenharia. No entanto, observou-se que uma metodologia somente de suscetibilidades no
contexto geológico não seria suficiente. Portanto, uma metodologia para análise de
vulnerabilidade do relevo à erosão, do ponto de vista geomorfológico, também foi
desenvolvida.

Como o embasamento geológico corresponde à base de um terreno, seu comportamento


geotécnico e sua suscetibilidade aos processos do meio físico dependem basicamente da
natureza do substrato litológico, sendo a cartografia geológica o ponto de partida para a
elaboração de mapas de suscetibilidades e delimitação de áreas com características
distintas. Devem, no entanto, ser considerados outros fatores intervenientes na classificação
dos terrenos, como o relevo, o clima e a cobertura vegetal, de modo a gerar cartas
multidisciplinares integradas.

Para elaboração dos mapas de suscetibilidades foram assim levados em conta esses fatores,
de modo a se integrar às características dos terrenos com a topografia, dados de precipitação
pluviométrica, regimes fluviais, tipos de ocupação do solo e demais aspectos envolvendo os
meios físico, biótico e socioeconômico. Como exemplo da influência do clima nas
suscetibilidades dos terrenos, na vasta região da Bacia do Tocantins, destacam-se as
coberturas de solos, que no alto curso do rio, onde as chuvas só ocorrem em períodos bem
definidos, têm características distintas daquelas dos terrenos do baixo curso, já sob o clima
amazônico, com chuvas mais bem distribuídas ao longo do ano.

As unidades lito-estratigráficas foram agrupadas de acordo com suas características comuns


dentro de cada grupo, de modo a se reunir aquelas com respostas semelhantes a cada um
dos processos do meio físico. Foram assim identificados nove tipos de terrenos no âmbito da
Bacia do Tocantins, quanto à suscetibilidade aos diferentes processos do meio físico. Deve-
se ter em mente que as unidades mapeadas são apenas indicativas da potencialidade de
ocorrência dos processos abordados, os quais são passíveis de ocorrer apenas em locais
específicos no âmbito de cada unidade.

I. Terrenos com alta suscetibilidade à erosão por sulcos, ravinas e boçorocas.

II. Terrenos com alta suscetibilidade à erosão no horizonte C (solos de alteração de


rocha).

III. Terrenos com alta suscetibilidade a movimentos de massa e escorregamentos.

IV. Terrenos com alta suscetibilidade a afundamentos cársticos.

V. Terrenos com possíveis problemas de fundação e estabilidade de taludes por


expansão/ contração de solos.

VI. Terrenos sujeitos a recalques por colapso do solo.

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VII. Terrenos com alta suscetibilidade a recalques por adensamento de solos moles,
inundações, assoreamento e erosão fluvial das margens.

VIII. Terrenos com alta suscetibilidade à contaminação de aqüíferos.

IX. Terrenos com baixas suscetibilidades aos processos do meio físico.

Os mapas temáticos, numerados de B1 a B8, constantes do Caderno de Mapas B do Atlas


do projeto de acordo com processo do meio físico ao qual é suscetível, foram elaborados com
base nos atributos acima relacionados, de modo a se representar cartograficamente os
diferentes tipos de terrenos, quanto aos problemas que poderão ocorrer em conseqüência de
ações neles desenvolvidas, especialmente em relação a empreendimentos hidrelétricos e
obras associadas.

Os dados geológicos consultados consistiram basicamente em mapas da CPRM na escala de


1:500.000, mapas geológicos do Projeto RADAM, na escala de 1:1.000.000, e mapas
geológicos, na escala de 1:250.000, das bacias hidrográficas dos diversos aproveitamentos
hidrelétricos do rio Tocantins e afluentes.

Segundo a abordagem geológica, o substrato litológico é essencial para a determinação das


vulnerabilidades à erosão dos terrenos. Na abordagem geomorfológica, embora muito
semelhante, as análises são mais genéricas, vinculadas, sobretudo, às drenagens presentes
no terreno em questão. Por isso mesmo, a metodologia adotada para a geomorfologia é
outra, como segue a seguir, conforme consta do Mapa B-10 - Geomorfologia
Vulnerabilidades , que se encontra no Caderno de Mapas B do Atlas do projeto:
 Vulnerabilidade baixa ou fraca corresponde à maior extensão superficial nos limites da
Bacia. Apresenta uma área de 265.289,79 km2, equivalente a 68,26% do total. Ocorre em
praticamente todos os setores da Bacia, com destaque para as planícies fluviais, topos
de planaltos, chapadas e depressões pediplanadas, e áreas especiais como aqueles
caracterizadas por modelados de dissolução cobertos. Esses setores encontram-se
relacionados aos domínios de depósitos sedimentares inconsolidados e níveis de
aplainamento relativamente preservados nas diferentes unidades estruturais
(sedimentares, dobradas e embasamentos cristalinos);
 Vulnerabilidade moderada refere-se ao segundo maior domínio espacial, abrangendo
uma área de 90.300,89 km2, equivalentes a 23,24% da Bacia do rio Tocantins. Esse
compartimento encontra-se relacionado a modelados de dissecação convexos, com
dimensões interfluviais e intensidade de aprofundamento da drenagem variado,
prevalecendo em praticamente todas as unidades geomorfológicas. Ocorrem
principalmente nas faixas de contato entre planaltos, chapadas e complexos
montanhosos com depressões marginais. A intensidade de dissecação da drenagem
muitas vezes encontra-se associada à sua densidade e implicações de natureza
tectônica, além do grau de intemperização das rochas, como no domínio úmido
amazônico;
 Vulnerabilidade forte e muito forte corresponde a uma área de 27.474,84 km2,
equivalentes a 7,07% da Bacia. Restringe-se a determinados setores, sempre
associadas a zonas de cisalhamento, faixas de dobramentos em estruturas
proterozóicas, escarpas monoclinais de cuestas e hog-backs, com evidente imposição da
estrutura. No baixo curso da Bacia do rio Tocantins destacam-se estruturas do complexo
serrano; no médio curso os planaltos residuais e escarpas de patamares ou de
chapadas; no alto curso os complexos montanhosos vinculados a processos de
dobramentos ou imposições de corpos intrusivos.
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Tabela 24 - Classificação da vulnerabilidade do relevo e área de abrangência – Bacia do


rio Tocantins

Área
Classe de vulnerabilidade
2
Km %

Forte 27.474,84 7,07

Moderada 90.300,89 23,24

Fraca 265.289,79 69.26

Massa de água 5.553,95 1,43

Total 388.619,47 100,00

Elaboração: Consórcio CNEC-ARCADIS Tetraplan

A seguir, é apresentada a discussão da suscetibilidade dos terrenos aos diversos processos


do meio físico, por sub-bacia.

 Sub-Bacia 20

Na metodologia adotada pela geologia, para a representação da suscetibilidade dos terrenos


a afundamentos cársticos, as análises apontam o Subgrupo Paraopebas, do Grupo Bambuí,
como de alta suscetibilidade e o Grupo Paranoá como de baixa suscetibilidade.

No que se refere à suscetibilidade à contaminação de aqüíferos, verifica-se suscetibilidade


média para as rochas graníticas afetadas pelas falhas da inflexão dos Pirineus da porção
sudoeste da Sub-bacia.

Para o caso da suscetibilidade dos terrenos à erosão no horizonte C, verifica-se


suscetibilidade alta para as rochas graníticas e para o Complexo Goiano e suscetibilidade
média para o Grupo Araxá.

No que se refere à erosão por sulcos, ravinas e boçorocas, verifica-se suscetibilidade média
para os grupos Araxá, Paranoá e Subgrupo Paraopebas e suscetibilidade alta para a
Formação Arraias.

Terrenos suscetíveis a problemas decorrentes de expansão e contração de solos não existem


na Sub-bacia. Também não foram identificadas áreas suscetíveis a recalques por colapso do
solo.

Já do ponto de vista geomorfológico, o Planalto do Alto Tocantins-Paranaíba é uma das


unidades que apresenta maior extensão superficial com predisposição aos processos
erosivos. Essa condição é marcada pelas estruturas circulares que integram os complexos
básico-ultrabásicos de Barro Alto, Niquelândia e Cana Brava. Alta vulnerabilidade também
pode ser evidenciada nas escarpas das serras Dourada, do Encosto e Branca, associadas a
rochas intrusivas graníticas.

Ainda na presente unidade hidrográfica, destacam-se os residuais das Chapadas do Alto Rio
Maranhão e as bordas do Planalto do Distrito Federal, caracterizados por forte incisão dos
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talvegues e intenso processo de erosão remontante nas escarpas estruturais pelos tributários
do mencionado curso.

As áreas de baixa vulnerabilidade correspondem aos topos aplainados dos divisores


hidrográficos (Chapadas de Paracatu, Planalto do Distrito Federal e Planalto do Alto
Tocantins-Paranaíba), bem como os níveis de aplainamento intermontano da Depressão do
Alto Tocantins.

 Sub-Bacia 21

As análises geológicas realizadas apontam o Subgrupo Paraopebas, do Grupo Bambuí,


como de alta suscetibilidade dos terrenos a afundamentos cársticos.

No que se refere à suscetibilidade à contaminação de aqüíferos, verifica-se suscetibilidade


média para as exposições do Subgrupo Paraopebas da porção oriental da Sub-bacia e
suscetibilidade alta para a rede de drenagem desenvolvida sobre esta unidade. Os arenitos
da Formação Urucuia que ocorrem no limite oriental da Bacia são considerados com de alta
suscetibilidade.

Da mesma forma, são identificadas suscetibilidades dos terrenos à erosão no horizonte C:


alta para as rochas graníticas e Complexo Goiano e média para o Grupo Araxá, bem como
suscetibilidade alta à erosão por sulcos, ravinas e boçorocas para a os depósitos terciário-
quaternários sobrepostos à Formação Paraopebas.

A Formação Três Marias, do Subgrupo Paraopebas, aparece com terrenos suscetíveis a


problemas decorrentes de expansão e contração de solos. Por fim, no que se refere a
terrenos com possibilidades de recalques por colapso do solo, aponta-se a região de
ocorrência de coberturas terciário-quaternárias sobrepostas ao Subgrupo Paraopebas como
áreas de menor possibilidade de ocorrência.

Com relação à vulnerabilidade do relevo à erosão, no ponto de vista geomorfológico,


destacam-se as estruturas serranas do Complexo Montanhoso Veadeiros-Araí, a Serra de
Arraias e da Canoa, além das escarpas e patamares estruturais do Chapadão Ocidental
Baiano. Inserem-se nessa condição as escarpas estruturais das Chapadas de Paracatu, além
dos níveis cársticos dos Patamares do Chapadão Ocidental Baiano na região de Terra
Ronca.

As superfícies pediplanadas, como os topos das Chapadas de Paracatu, Chapadão Ocidental


Baiano e Pediplano do Tocantins, se individualizam como áreas de baixa vulnerabilidade,
considerando o domínio da pedogênese em relação à morfogênese. O Vão do Paranã,
principalmente em função das formações superficiais, pedologicamente caracterizadas pelos
Cambissolos Háplicos, se individualiza por uma vulnerabilidade moderada.

 Sub-Bacia 22

Geologicamente, no que se refere à suscetibilidade dos terrenos a afundamentos cársticos,


verifica-se o Grupo Natividade como de baixa suscetibilidade. Já com relação à
suscetibilidade à contaminação de aqüíferos, as faixas quartzíticas do Grupo Santo Antonio e
as áreas de afloramento da Formação Itapecuru são identificadas como de alta
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suscetibilidade e, as áreas de afloramento da Formação Pimenteiras, como de média


suscetibilidade.

Com relação à suscetibilidade dos terrenos à erosão no horizonte C, verifica-se


suscetibilidade alta para as rochas graníticas e Complexo Goiano e suscetibilidade média
para o Grupo Araxá.

Quanto à erosão por sulcos, ravinas e boçorocas verifica-se suscetibilidade alta para as
formações Itapecuru, Cabeças, e suscetibilidade média para as demais formações da Bacia
do Parnaíba. As faixas quartzíticas e metaconglomeráticas do Grupo Santo Antonio são
consideradas de alta suscetibilidade.

Os terrenos suscetíveis a problemas decorrentes de expansão e contração de solos são


assinalados para as formações Pimenteiras, Cabeças, Piauí e Sambaíba como áreas
possíveis. Por fim, no que se refere a terrenos com possibilidades de recalques por colapso
do solo, verifica-se áreas de ocorrência de coberturas terciário-quaternárias existentes na
mesopotâmia do rio Palma como áreas de menor possibilidade de ocorrência.

No que diz respeito à metodologia adotada pela geomorfologia, nesta Sub-bacia destacam-se
as escarpas que compõem os patamares estruturais da Chapada das Mangabeiras e do
Chapadão Ocidental Baiano, bem como remanescentes desligados das estruturas primárias,
a exemplo da serra do Espírito Santo, na região do Jalapão. Na seção nordeste da área, os
Tabuleiros de Balsas, mantidos por derrames basálticos da Formação Mosquito, são
contornados por escarpas representadas por forte vulnerabilidade à erosão. A norte de Porto
Nacional, os residuais do Planalto Dissecado do Tocantins, representados pela serra do
Lajeado, individualiza-se por forte vulnerabilidade, considerando o domínio de modelados
dissecados aguçados.

Na unidade Serra de Santo Antônio-João Damião, correspondente a extenso graben


posteriormente reativado, as dobras sinformais e antiformais proporcionam o
desenvolvimento de cristas paralelas assimétricas, bastante dissecadas, evidenciando forte
vulnerabilidade aos processos erosivos. Essas estruturas serranas, com direção concordante
(SW-NE) ao Lineamento Transbrasiliano, encontra-se interceptada pela superimposição do
rio Tocantins, onde se desenvolve importante gap epigênica.

Na margem esquerda do rio Tocantins, destacam-se pela elevada suscetibilidade à erosão as


escarpas do Planalto do Interflúvio Tocantins-Araguaia, caracterizado pela serra do Estrondo.

 Sub-Bacia 23

Na metodologia de suscetibilidade da geologia, a Formação Itapecuru, junto à Sub-bacia 29,


tem baixa suscetibilidade a afundamentos cársticos. As áreas de afloramento da Formação
Sambaíba são de alta suscetibilidade e as exposições das formações Itapecuru, Pedra de
Fogo e Pimenteiras são de média suscetibilidade no que se refere à suscetibilidade à
contaminação de aqüíferos.

É verificada suscetibilidade alta para as formações Sambaíba e Pimenteiras e média para as


demais formações da Bacia do Parnaíba, no que se refere à erosão por sulcos, ravinas e
boçorocas.

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No que se refere a terrenos suscetíveis a problemas decorrentes de expansão e contração de


solos, são identificadas as formações Itapecuru, Pedra de Fogo, Longá, Piauí e Sambaíba
como áreas possivelmente suscetíveis.

E, finalmente, no que se refere a terrenos com possibilidades de recalques por colapso do


solo, aponta-se as áreas de ocorrência do grupo Barreiras situadas na borda leste da Sub-
bacia como áreas de menor possibilidade de ocorrência e depósitos detríticos situados junto
à cabeceira do rio Farinha como áreas de maior possibilidade de ocorrência.

Nesta unidade hidrográfica, assim considerada pela geomorfologia, as áreas de maior


vulnerabilidade encontram-se relacionadas às escarpas do Vão da Bacia do Alto Parnaíba e
às escarpas residuais do Chapadão do Alto Parnaíba. O Planalto Dissecado Gurupi-Grajaú,
posicionado no divisor entre as Bacias dos rios Tocantins e Parnaíba, também se caracteriza
pela alta vulnerabilidade, agravada pela friabilidade dos arenitos cretáceos da Formação
Itapecuru.

A Depressão do Médio Tocantins assume expressão espacial, com remanescentes de


aplainamento ou modelados de dissecações tabulares, que determinam baixa a moderada
vulnerabilidade aos processos erosivos. O mesmo pode-se afirmar com relação à Depressão
de Imperatriz.

 Sub-Bacia 29

De acordo com o embasamento geológico desta Sub-bacia, no que se refere à


suscetibilidade dos terrenos a afundamentos cársticos, verifica-se baixa suscetibilidade das
rochas dos grupos Grão-Pará e Tocantins. Quanto à suscetibilidade à contaminação de
aqüíferos, verifica-se suscetibilidade média para o Grupo Grão-Pará e suscetibilidade alta
para a Formação Rio Fresco do Grupo Uatumã.

Já a suscetibilidade dos terrenos à erosão no horizonte C é alta para as unidades Granito da


Serra dos Carajás e Granito Velho Guilherme e média para o Complexo Xingu. O Granito
Serra dos Carajás e Formação Rio Fresco têm suscetibilidade média para o Grupo Grão-Pará
à erosão por sulcos, ravinas e boçorocas.

No que se refere a terrenos suscetíveis a problemas decorrentes de expansão e contração de


solos, o mapa elaborado aponta a Formação Pedra de Fogo como área possível.

No que se refere a terrenos com possibilidades de recalques por colapso do solo, apontam-
se as áreas de ocorrência do grupo Barreiras na margem direita do reservatório da barragem
de Tucuruí e a jusante desta, ao longo das margens do rio Tocantins, como de menor
possibilidade de ocorrência.

Segundo a geomorfologia, as áreas de maior vulnerabilidade encontram-se associadas à


serra de São Félix-Antonhão-Seringa, divisor entre as Bacias do Tocantins e Xingu e a serra
dos Carajás. Os metassedimentos residuais apresentam disposição geral associada aos
lineamentos estruturais (W-E, WNW-ESE), responsáveis tanto pela incisão epigênica do rio
Itacaiúnas, na serra dos Carajás, como nas escarpas de falhas que contornam esses
remanescentes.

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O Planalto Residual do Sul do Pará e os Patamares Dissecados de Tucuruí se individualizam


por uma vulnerabilidade moderada.

As Depressões Itacajunas-Cajazeiras e Parauapebas-Caeté individualizam-se por baixo grau


de vulnerabilidade. Também as Planícies Fluviais e Leques Aluviais do Tocantins se
individualizam por baixa vulnerabilidade, caracterizadas geneticamente por processo de
agradação.

2.1.1.2. Potencial Mineral

O objetivo do presente item é caracterizar os recursos minerais presentes na Bacia do rio


Tocantins e de avaliar o seu potencial metalogenético. Para atingir o objetivo proposto foram
selecionadas, inicialmente, as principais áreas de ocorrências minerais dentro da Bacia e, em
seguida, estas ocorrências foram correlacionadas com as respectivas unidades geológicas.
Os estudos tiveram como base a compilação de dados bibliográficos, análise de material
cartográfico e consultas ao cadastro minerário do DNPM. Para uma melhor caracterização
dos recursos minerais, cada uma das sub-bacias componentes da Bacia Hidrográfica do rio
Tocantins foi descrita separadamente.

A Bacia do rio Tocantins, conforme apresentado no item anterior, apresenta um arcabouço


geológico bastante diversificado, englobando rochas formadas desde o Arqueano até o
Triássico, na forma de Terrenos TTG, Greenstones Belts, Complexos Máfico-Ultramáficos,
Formações Ferríferas, bacias sedimentares proterozóicas, bacias sedimentares fanerozóicas,
além dos componentes quaternários representados por depósitos aluvionares e coberturas
detrito-lateríticas.

Esta grande diversidade propicia uma disponibilidade de recursos minerais igualmente


diversificada. A área da Bacia, no geral, apresenta uma boa potencialidade mineral, para
níquel, ferro e ouro. A principal ocorrência do minério de níquel está na porção sul da Bacia,
nas proximidades da cidade de Niquelândia (TO), entre outras localidades. O minério de ferro
encontra-se fortemente vinculado à região da Serra dos Carajás (PA) e na região de Monte
do Carmo (TO). Há referências a ouro espalhadas por toda região, em maiores ou menores
quantidades. Outras substâncias referenciadas no cadastro do DNPM são: calcário, cobre,
zinco, titânio, bauxita, fosfato, ilmenita, magnésio, cassiterita, tântalo, manganês, argila, turfa,
gipsita e alumínio.

Com base nos dados e estudos mencionados, bem como nos processos existentes no
cadastro do DNPM, foram delimitadas cinco áreas de alta potencialidade mineral, e mais
quatro áreas de média potencialidade, conforme tabela a seguir. A potencialidade de cada
uma destas ocorrências foi confirmada por meio de consulta a dados disponíveis na literatura
e da sua correlação com as respectivas unidades geológicas.

Tabela 25 - Áreas potenciais para ocorrência mineral e unidades geológicas


relacionadas

Quadro I – Áreas de Alta e Média Potencialidade Mineral

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Área Potencialidade Sub-bacias Recursos Unidade Geológica


Relacionadas
20 Complexo Niquelândia, Complexo
1 Alta Ni, Au, Zn, Ti, Ca, Ilm, Barro Alto, Grupo Paranoá, Grupo
Serra da Mesa/Serra Dourada
20, 21 e 22 Formação Traíras, Seqüência
2 Média Au, Cu, Ag
Palmeirópolis
21 Au, Ca, Mg, Cass, Fo, Seqüência São Domingos, Grupo
3 Alta
Tant Bambuí
21 e 22 Almas-Dianópolis,
4 Alta Au, Fe, Ni, Mn, Cu
Formação Pimenteiras

5 Alta 22 Cu, Ni, Au Arco Magmático de Goiás

6 Média 22 Au, Ni Grupo Tocantins

23 Arg, Tf, Ca, Gips, Al,


7 Média
Titan
Grupo Balsas

23 e 29 Complexo Xingu, Grupo Grão-


8 Média Au, Fe, Cu, Ni
Pará
29 Complexo Xingu, Grupo Grão-
9 Alta Au, Fe, Cu, Ni
Pará

Elaboração: Consórcio CNEC – ARCADIS Tetraplan

A figura a seguir espacializa as áreas de potencialidade definidas.

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Ilustração 17 - Mapa com as principais áreas com potencialidades minerais

Fonte:

O Mapa A3 – Compartimentos Geológicos e Títulos Minerários encontra-se no Caderno


de Mapas A do Atlas do Projeto.

Segue descrição, por sub-bacia, do potencial mineral verificado na Bacia do Tocantins.


 Sub-bacia 20

Nesta Sub-bacia ocorre uma área com alto potencial mineral (área 1), e parte de uma área de
médio potencial (área 2).

A área 1 situa-se na parte central da Sub-bacia, nas proximidades dos municípios de


Niquelândia e Barro Alto. Nessa região, encontra-se uma das maiores reservas de níquel do
mundo e a maior produção nacional desse minério, além de zinco, ouro, titânio, ilmenita,
calcário, cobre e fosfato, com menor importância. Tal reserva está associada diretamente às
rochas das unidades geológicas dos Complexos Niquelândia e Barro Alto.

Os depósitos de níquel desses complexos tratam-se de depósitos lateríticos, formados a


partir da alteração intempérica, e encontram-se em altitudes que variam de 900 a 1.150 m
sustentadas por rochas que, freqüentemente, apresentam um capeamento silicoso. As
jazidas do Complexo Niquelândia possuem reservas totais correspondentes a cerca de 60 Mt
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de minério com 1,45% de Ni, e as do Complexo Barro Alto foram avaliadas em torno de 72,39
Mt de minério com 1,67% de Ni (CPRM, 2003).

Segundo o mapa de títulos minerários do DNPM e o Mapa Geológico do Brasil ao


milionésimo, da CPRM, as ocorrências de minério de zinco e calcário estão associadas às
rochas pertencentes à unidade rítmica pelito-carbonatada do Grupo Paranoá. Este grupo de
idade Mesproterozóica é caracterizado como uma seqüência deposicional em ambiente
marinho, subdividido em doze litofácies e agrupadas em quatro megaciclos sedimentares. Os
megaciclos, com status de formação, foram denominados da base para o topo em: Unidade
Conglomerática Quartzítica; Unidade Síltica Ardosiana; Unidade Rítmica Quartzítica e
Unidade Rítmica Pelito-Carbonática. A Unidade Rítmica Pelito-Carbonatada caracteriza-se
por um pacote no qual predomina uma alternância de metassiltito, metargilito, ardósia e,
subordinadamente, quartzitos finos a médios, lentes de metacalcário cinza e dolomito com
estromatólitos.

A mineralização de ouro, assim como parte da de zinco, associam-se aos Grupos Serra da
Mesa e Serra Dourada, caracterizados por granitos anorogênicos em meio aos quartzitos,
xistos, metaconglomerados e mármores.

Na área 2, classificada como de médio potencial mineral, a qual abrange os rios das Almas,
Atalaia e Cana-Brava, os bens minerais são ouro, cobre, e, subordinadamente, prata. Estes
ocorrem na Formação Traíras e Seqüência Palmeirópolis. A Formação Traíras corresponde à
parte superior do Grupo Araí, e consiste de sedimentos pelíticos, químicos e espessas
camadas de psamitos.

A seqüência de Palmeirópolis é dividida em três unidades maiores: unidade inferior


(anfibolitos BIFs e cherts); unidade intermediária (metavulcânicas félsicas); e, unidade
superior (metassedimentos pelíticos e químicos). Os corpos mineralizados são hospedados à
unidade anfibolítica, e associados à alteração hidrotermal na fácies anfibolito. Os depósitos
foram estimados em torno de 4 Mt de minério com 1,23% Cu e 25,1 g/t Ag.
 Sub-bacia 21

Nesta Sub-bacia ocorre uma área de alta potencialidade mineral, 3, além de parte da área 2,
já descrita acima.

A principal ocorrência mineral desta área é o ouro, com uma grande concentração de
processos no DNPM, localizados no extremo leste. Com distribuição semelhante, porém, com
menor importância, ocorrem depósitos de calcário e magnésio, além de fosfato, cassiterita e
tântalo na região próxima ao limite entre os dois Estados.

A ocorrência de ouro e cassiterita, principalmente nos arredores do município de São


Domingos, vem sendo explorada desde o século XVIII pelos bandeirantes. Está associada à
Seqüência Metavulcanossedimentar São Domingos, que juntamente com rochas plutônicas
associadas e seu embasamento siálico constituem uma janela erosiva de aproximadamente
20 km segundo a direção N-S e 10 km de largura, cuja superfície aplainada é relacionada ao
Ciclo Velhas.

A ocorrência de ouro compreende veios de quartzo, conseqüentes de processo tardio de


deformação rúptil, variando de 3 cm a 1 m de espessura, presentes principalmente em
tonalitos, granada filitos, filitos carbonosos, metavulcânicas ácidas (riolito). As concentrações

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de ouro nesses veios variam entre 0,84 a 14,36 ppm, sendo as maiores concentrações
atribuídas aos veios encaixados nos riolitos.

As ocorrências de cassiterita são hospedadas por veios de greisen, quartzo e,


predominantemente, pegmatito milonitizados, controlados por fraturas de direção N70°-80°W,
subverticais, coincidente com a direção de falha de cisalhamento existente na região. Estes
veios encontram-se geralmente encaixados nos xistos da Seqüência São Domingos.

A potencialidade para calcário, fosfato e magnésio na região está vinculada às rochas


pertencentes ao Grupo Bambuí, neoproterozóico, dividido nas Formações Sete Lagoas,
Santa Helena e Lagoa do Jacaré. A Seqüência Sete Lagoas é constituída por rochas
carbonáticas depositadas em plataforma rasa. Apresenta, em algumas regiões, ciclos de
deposição de carbonatos superpostos, agradacionais e que raseiam ascendentemente,
acumulados em períodos de mar alto. A Seqüência Santa Helena-Lagoa do Jacaré assenta-
se em discordância erosiva sobre a seqüência Sete Lagoas e é formada por rochas
siliciclásticas (folhelho, ardósia, siltito e marga) ,que gradam para o topo para carbonatos com
níveis subordinados de siltito e marga.

Ocorrem anomalias em zinco e chumbo associadas a um horizonte de dolomito rosado,


sacaroidal, situado na parte superior do primeiro ciclo carbonático regressivo do Grupo
Bambuí.
 Sub-bacia 22

Na Sub-bacia 22 ocorrem duas áreas de alto potencial a mineralização (4 e 5) e uma de


médio potencial (área 6).

A principal área, a área 4, localiza-se na porção central/sudeste da Sub-bacia, onde estão os


rios Manuel Alves, das Balsas e do Peixe, e as cidades de Conceição do Tocantins,
Dianópolis, Natividade, Almas, Porto Alegre do Tocantins, Pindorama do Tocantins, Monte do
Carmo, entre outras. As substâncias mais representativas são minérios de ouro, ferro, níquel,
manganês e cobre.

O Terreno Granitóide-Greenstone de Almas-Dianópolis, portador de mineralização de ouro,


localiza-se na porção sudeste do Estado do Tocantins.

As mineralizações de ouro da região estão controladas por zonas de cisalhamento


subverticais de direção nordeste. A deposição do ouro, em escala local, teria sido controlada
pela presença de rochas reativas ricas em ferro (metabasaltos de alto-Fe) e por zonas
dilatacionais ao longo das superfícies de cisalhamento, sendo estes de origem metamórfica.

Nesta região, há a ocorrência de ferro oolítico da Formação Pimenteiras, que forma,


juntamente com as formações Itaim, Cabeças, Longá e Poti, o Grupo Canindé, pertencente à
Bacia do Parnaíba. Esse depósito constitui importante guia litoestratigráfico e caracteriza uma
época metalogênica no Fanerozóico (devoniano). Esse minério depositou-se num ambiente
costeiro na borda de um continente aplainado, profundamente alterado. A Formação
Pimenteiras, de modo geral, é caracterizada por fácies de mar aberto, formada por arenitos,
siltitos e folhelhos pretos.

A área 5 situa-se nas redondezas dos Rios do Ouro e Santa Tereza, nos municípios de Santa
Tereza de Goiás, Trombas, Estrela do Norte e Porangatu. As ocorrências de cobre, ouro e

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níquel estão vinculadas à Seqüência metavulcano-sedimentar do Arco Magmático de Goiás,


pertencente à Província Tocantins.

Na área 6, de médio potencial mineral, encontra-se o rio Orixás, e está próxima à cidade de
Porto Nacional. Os títulos aí se referem predominantemente a ouro e níquel, e relacionam-se
ao Grupo Tocantins, integrante do Supergrupo Baixo Araguaia.
 Sub-bacia 23

A Sub-bacia 23 apresenta alguns poucos títulos minerários em uma área de média


potencialidade em sua porção central, mais precisamente no município de Carolina,
referentes a argila, turfa, calcário, gipsita, alumínio e titânio. As referências a argila e turfa
estão, provavelmente, relacionadas à Formação Pedra de Fogo, do Grupo Balsas, que
representa a Superseqüência Carbonífero-Triássica da Bacia do Parnaíba.

A Formação Motuca, acima da Formação Pedra do Fogo, consiste de folhelhos vermelhos


com níveis de siltito, localmente com estromatólitos dômicos, representando deposição em
ambiente lacustre ou lagunar. A esta devem se referir os títulos de calcário.
 Sub-bacia 29

Esta Sub-bacia refere-se à região nos arredores da represa do Rio Tocantins, e dos Rios
Pucuruí, Cajazeiras, Igarapé Vermelho, Sororó, Vermelho, Parauapebas e Itacaiúnas. A área
apresenta uma grande quantidade de títulos, estando eles presentes em toda sua extensão,
principalmente na feição geomorfológica da Serra dos Carajás (áreas 8 e 9). Os títulos de
ouro, ferro, cobre e níquel encontram-se em rochas pertencentes ao Complexo Xingu e
Grupo Grão-Pará, constituindo a principal província mineral do país. A potencialidade mineral
concentra-se, principalmente, nas cidades de Água Azul do Norte, Parauapebas, Canaã dos
Carajás, Marabá, Eldorado dos Carajás e Curionópolis.

As rochas metamórficas do Complexo Xingu, nas proximidades do Rio Itacaiúnas,


Paraopebas, Cinzento e Tapirapé, constituem uma associação de rochas ígneas e
metamórficas, composta por granitos, granodioritos, gnaisses migmatitos, dioritos, granulitos
e anfibolitos. Estas rochas dispõem-se em faixas orientadas segundo a direção WNW-ESE. O
grau de metamorfismo geral é de fácies anfibolito a granulito.

A ocorrência de falhamentos nessas rochas, seguidos por processos hidrotermais, propiciou


a formação de veios de quartzo e de rochas pegmatóides, os quais apresentam potencial
para ouro. Estes veios raramente ultrapassam um metro de espessura.

O potencial metalogenético do Complexo Xingu encontra-se principalmente associado às


seqüências metavulcano-sedimentares, interpretadas como restos de greenstone belts mais
antigos.

Os depósitos de ferro nesta Sub-bacia distribuem-se ao redor da Serra dos Carajás. As


principais unidades litológicas encontradas no distrito ferrífero são descritas como granito
gnaisse, anfibolito, xisto e quartzito, também pertencentes ao Complexo Xingu. Além deste,
também são descritas rochas de baixo a médio grau metamórfico do Grupo Grão-Pará,
datado de 2,76 Ga por U-Pb em zircão, que se encontra em discordância angular com o
Complexo Xingu. Na área dos depósitos, o Grupo é composto por seqüência vulcânica de
rochas básicas espilitizadas e alteradas, e pela formação ferrífera (Formação Carajás)
constituída por jaspilitos hematíticos, itabirito, minério de ferro lixiviado, intercalações e diques
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de rochas máficas. Contemporâneas ao vulcanismo Grão-Pará, ocorrem intrusões de corpos


máfico-ultramáficos diferenciados.

A produção atual da jazida de Carajás é da ordem de 54Mt/ano de minério com teor médio de
60,9% Fe. As reservas totais foram estimadas em 18 bilhões t de minério com teores entre 60
e 67%.

2.1.1.3. Sismicidade
 Caracterização da Geologia Estrutural e Neotectônica

O presente item tem por objetivo caracterizar e avaliar o potencial sísmico da Bacia
Hidrográfica do rio Tocantins, procurando enfocar de maneira integrada aspectos relativos à
geologia, neotectônica e sismicidade natural e induzida por reservatórios (SIR). De modo
geral, este relatório baseia-se na compilação de dados bibliográficos disponíveis e
informações oriundas de estações de monitoramento sísmico pertencentes ao Observatório
Sismológico da Universidade de Brasília (OBSIS).

A ampla extensão da área de drenagem da Bacia Hidrográfica do Tocantins materializa-se na


complexidade de seu substrato, dado que o rio Tocantins atravessa um grande número de
unidades geológicas distintas, como já mencionado. Em seu trecho inicial, no Estado de
Goiás, o rio Tocantins corre sobre terrenos metamórficos e ígneos de idade arqueana e
proterozóica. Estes são caracterizados pela presença de seqüências do tipo Greenstone
Belts, unidades de alto grau metamórfico, suítes graníticas, complexos granito-gnáissicos e
vulcano-sedimentares, apresentando metamorfismo e retrabalhamento associado ao Ciclo
Brasiliano (HASUI, 1988). Na porção central, leste e nordeste da área de interesse ocorre
extensa cobertura paleozóica não deformada, representada por rochas sedimentares
pertencentes à Bacia do Parnaíba. Localmente e, em especial nas proximidades da foz do rio
Tocantins, ocorrem unidades sedimentares neógenas associadas a sistemas deposicionais
continentais.

Do ponto de vista estrutural, a área em questão encontra-se inserida nas províncias de


Tocantins, Borborema e Parnaíba (ALMEIDA et al. 1977). A primeira e a segunda província
caracterizam-se por um complexo padrão de lineamentos, suturas e arcos, evidenciando um
complicado arcabouço arquitetural entre os blocos crustais do embasamento. Dados
gravimétricos e magnetométricos (HASUI & HARALYI, 1985) indicam presença de
lineamentos com direção principal nordeste e falhas noroeste na porção centro-sul da área e
norte e nordeste a norte. Grande parte destas descontinuidades, possivelmente está
condicionada por estruturas antigas presentes no embasamento e por seqüências dobradas
de maior porte, como as faixas móveis brasilianas do Paraguai-Araguaia e Brasília
(THEMAG, 1987). A província estrutural do Parnaíba compreende a bacia intracratônica
homônima, e é caracterizada por falhamentos normais com direções principais leste-nordeste
e norte-noroeste, apresentando rejeitos de até 200 m.

Trabalhos recentes voltados à análise neotectônica e sismológica (SAADI et al. 2002;


MIOTO, 1993), indicam que a área de interesse apresenta-se próxima a três grandes
descontinuidades, denominadas de “Zona de Falha de Porangatu” (HASUI & MIOTO, 1988),
“Zona de Falha da Serra do Estrondo” (figura a seguir) e “Lineamento de Bacajá”.

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Ilustração 18 - Mapa dos principais lineamentos e falhas brasileiros com indício de


quaternária. Na área hachurada, estão contempladas a “Zona de Falha de Porangatu” e
a “Zona de Falha da Serra do Estrondo” (modificado de SAADI et al., 2002)

A primeira grande estrutura regional apresenta direção preferencial de Nordeste-Sudoeste


(22°) e corta os Estados de Mato Grosso, Goiás e Tocantins, apresentando cerca de 669 km
de comprimento total. É caracterizada por composições de falhas transcorrentes destrais,
com taxa de movimentação menor que 1 mm/yr e evidências de reativação durante o período
Pleistocênico (SAADI et al. 2002). Possivelmente, a origem da estrutura está associada a
zonas de cisalhamento meso-proterozóicas que foram sucessivamente reativadas durante o
ciclo orogênico Brasiliano e durante a era Mesozóica. Do ponto de vista fisiográfico e
geomorfológico, a “Zona de Falha de Porangatu” forma as escarpas da “Serra Dourada” na
porção oeste do “Planalto Central de Goiás”, condicionando o rio Araguaia no se alto curso.

A descontinuidade conhecida como “Zona de Falha da Serra do Estrondo” apresenta direção


Norte-Nordeste Sul-Sudoeste (7°) e aproximadamente 632 km de extensão. Ocorre em
praticamente toda a porção central do Estado de Tocantins, compondo grandes escarpas de
falha conhecidas como “Serra do Estrondo” e formando o divisor de águas N-S entre os rios
Tocantins e Araguaia. A estrutura apresenta movimentação normal, com o bloco baixo
localizado a oeste, e mergulho subvertical com leve caimento para oeste. De maneira

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semelhante a “Zona de Falha de Porangatu”, a “Zona de Falha da Serra do Estrondo”


apresenta indícios de reativação durante o Quaternário (Holoceno) e taxa de movimentação
inferior a 1 mm/yr. Possivelmente a origem da descontinuidade esteja relacionada a
estruturas Pré-cambrianas pertencentes a faixa de dobramento Paraguai-Araguaia,
reativadas durante o ciclo orogênico Brasiliano. Do ponto de vista geotectônico, a “Zona de
Falha da Serra do Estrondo” pode ser considerada o limite formal entre o Cráton Amazônico,
a oeste do Estado de Tocantins e a Bacia do Parnaíba, a leste do mesmo Estado.

A descontinuidade de Bacajá pertence à unidade denominada de “Escudo Brasil Central” e


localiza-se na porção norte da área de interesse. A estrutura ocorre associada a “Sutura
Central do Pará” que articula os blocos crustais de Belém e Araguacema, e também a
sistemas de lineamentos e falhas transcorrentes de direção NE.
 Sismicidade natural

De modo geral, a ocorrência de qualquer tipo de sismo está associada a processos


envolvendo movimentação de placas tectônicas e blocos crustais a partir de
descontinuidades pré-existentes. Deste modo, a proximidade com grandes estruturas
geológicas, ou zonas de interação de placas tectônicas, diminui significativamente a
estabilidade geológica da região, e assim aumenta a possibilidade da ocorrência de tremores.
Do ponto de vista geotectônico, o Brasil encontra-se na porção central da placa sul-
americana e, por conseguinte, distante de zonas sísmicas importantes como a Cordilheira
Andina e a Dorsal Meso-oceânica. Desta maneira, toda a extensão territorial brasileira
encontra-se fora da área de perigo sísmico, definida em função da ocorrência de eventos de
grande poder destrutivo.

A maioria dos tremores que ocorrem no Brasil são sismos rasos com profundidades focais
inferiores a 33 km e que dificilmente excedem a intensidade 4,0 na Escala Gutemberg-Richter
(ER). Não raro, estes eventos atingem somente áreas restritas e próximas à superfície e
somente são sentidos por meio de sismógrafos em estações de monitoramento. A origem dos
sismos na porção interna da placa sul-americana ainda não pode ser definida de maneira
conclusiva, no entanto as hipóteses mais aceitas indicam que tremores estariam vinculados a
processos envolvendo, desde a propagação de esforços oriundos da subducção dos Andes,
variações laterais de densidade litosférica, até o efeito de carga de material intrusivo de alta
densidade na crosta inferior (NUNN & AIRES, 1988).

Desde o final dos anos 70, diversos trabalhos vêm tentando estabelecer a relação entre a
origem da atividade sísmica no Brasil e as grandes zonas de fraqueza crustal regionais. Em
1981, estudos conduzidos pelo Instituto de Pesquisas Tecnológica (IPT), definiram zonas de
maior ocorrência de sismos inseridas dentro das províncias tectônicas brasileiras. Dentro
desta ótica, o clássico trabalho de BERROCAL et al (1984), definiu sete “Regiões
Sismotectônicas” a partir da associação entre dados sísmicos históricos e escopo tectônico
do território brasileiro.

Segundo BERROCAL et al (1984), a maior parte área de interesse situa-se na Região


Sismotectônica Paraguai-Araguaia, representada por dobramentos brasilianos que se
estendem desde o Mato Grosso do Sul até a divisa do Estado do Tocantins com o Pará.
Dentro desta macro-unidade foram identificadas duas principais zonas onde a incidência de
tremores é sensivelmente maior (figura a seguir), a Zona de Porangatu (HASUI & MIOTO,
1988; MIOTO, 1993) localizada na porção sudoeste da área e a Zona de Itacaiúnas a

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noroeste (THEMAG, 1987), ambas apresentando correspondência com estruturas regionais


de grande porte.

A foz do Rio Tocantins, a sudeste da Ilha de Marajó, está formalmente inserida na Região
Sismotectônica do Amazonas (BERROCAL et al, 1984), mais especificamente na Zona
Sismogênica de Belém (MIOTO, 1993). Apesar de a área abrangida contemplar apenas uma
pequena parte desta província, decidiu-se por incluí-la na descrição, tendo em vista sua
importância para o arcabouço estrutural e sísmico do norte do Brasil.

Ilustração 19 - Mapa sísmico do Brasil, destacando a localização aproximada das zonas


sísmicas de Porangatu, na área central, e Itacaiúnas na porção superior da figura
(Dados do Observatório Sismológico da UnB e MIOTO, 1993)

Cerca de 40 tremores foram identificados na Zona Sismogênica de Porangatu, a maioria com


magnitudes oscilando entre 3,0 e 3,7. A localização dos epicentros sísmicos evidenciou que
estes compõem um padrão fortemente alinhado, possivelmente respeitando a estruturação
do embasamento local. Os maiores registros sísmicos ocorreram em Itapirapuã e Redenção,
e atingiram magnitude entre 4.0 e 5.0 e 4.7, respectivamente.

A Zona Sismogênica de Itacaiúnas está localizada na porção noroeste da área de interesse e


pertence aos domínios do Cráton Amazônico e da Bacia do Parnaíba, sendo subdividida pela
Faixa Araguaia (MIOTO, 1993). Apresenta direção Noroeste-Sudeste e cerca de 700 km de

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extensão e 350 km de largura, ocupando geograficamente grande parte da unidade


conhecida como Depressão Periférica do Sul do Pará.

A Zona Sismogênica de Itacaiúnas encontra-se associada à faixa de cisalhamento de Bacajá


e aos lineamentos de Carajás e Cinzento, ambos caracterizados por movimentação
transcorrente sinistral. Os sismos incidentes na região apresentam epicentros alinhados a
Norte-Sul e Noroeste-Sudeste, coincidindo com a direção dos lineamentos de Itacaiúnas e
Bacajá, respectivamente. A magnitude média dos tremores associados a Zona de Itacaiúnas
oscila entre 3 e 4 Mb.

Na região pertencente à Bacia do Parnaíba, existe registro de apenas um único evento


sísmico captado por instrumentos, ocorrido na localidade de João Lisboa. A baixa atividade
sísmica nesta província, possivelmente se deve a inexistência de estações de monitoramento
permanente, pela baixa densidade demográfica e também pela maior atenuação das ondas
sísmicas, característica dos estratos sedimentares (THEMAG, 1987).

Nas proximidades da foz do Rio Tocantins, localizada a sudeste da Ilha de Marajó (PA),
existem relatos de sismos de magnitude fraca a moderada, apresentando valores máximos
de 4,8 Mb. Estes eventos ocorreram na região nordeste da Ilha de Marajó e devem estar
relacionados a esforços associados a reajustes isostáticos devido ao acumulo sedimentar na
foz do Rio Amazonas (RODRIGUEZ, 1993).

Segundo MIOTO (1993), a Zona Sismogênica de Belém apresenta uma área retangular com
cerca de 450 por 400 km, sendo delimitada por grandes estruturas regionais, representadas
pelo Arco de Gurupá e por linhas tafrogênicas cretáceas de direção SE. A estruturação da
área corresponde a um complexo de bacias de rifte atulhadas por sedimentos meso-
cenozóicos da Bacia de Marajó e condicionadas por falhamentos transcorrentes e lístricos. A
existência de estruturas com indícios de reativação holocênica e eventos sísmicos
associados, permitem considerar que a Zona Sismogênica de Belém apresenta intensa
mobilidade contemporânea.

Em todos os Estados pertencentes à área de interesse, foram verificadas historicamente 101


ocorrências de sismos, sendo que a maior parte destes encontram-se inseridos, ou sob
influência, na Zona Sísmica de Porangatu (GO) e, secundariamente de Itacaiúnas (PA, TO,
MA). Dados históricos indicam que a maioria dos sismos apresenta baixa magnitude, com
valores entre 0.8 e 3.7 e valor médio de 2.8, e que apenas dois abalos atingiram 4.5 e 4.7.
Estes dados permitem associar a origem dos tremores com eventos localizados, envolvendo
pequenas movimentações e reajustes de blocos crustais (THEMAG, 1987).

Pode-se considerar a região localizada entre os rios Tocantins e Araguaia (da localidade de
Juçara a Natividade), como a área da Bacia mais ativa sismicamente, devido à maior
freqüência de eventos com magnitude moderada (THEMAG, 1987). Em segundo lugar,
destaca-se a região compreendida entre 50 e 120 km da margem esquerda dos rios Araguaia
e Tocantins, a qual inclusive pertence o segundo maior sismo em quantidade de energia
liberada em evento isolado (sismo de Redenção, 4.7 Mb). O evento de 4.8 registrado na Zona
Sísmica de Belém é o tremor de maior magnitude, no entanto, a influência direta desta
província na área de drenagem da Bacia do Rio Tocantins pode ser considerada secundária
em relação às zonas de Porangatu e Itacaiúnas.

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Cabe mencionar, ainda, os eventos ocorridos em Tucuruí e que foram confirmados devido à
inexistência de sismos antes da formação da represa e pela posição dos epicentros, que
comumente ocorriam na porção central ou na área marginal do lago. Segundo MIOTO (1993),
a atividade sísmica em Tucuruí estaria diretamente associada ao reajuste de fraturas
orientadas a SW-NE devido ao sobrepeso do reservatório.

Até o ano de 1999, segundo o EIA/RIMA do CHE-Belo Monte (ELETRONORTE) e o Relatório


Técnico de Acompanhamento da Hidrelétrica de Tucuruí (Convênio FUB/ELETRONORTE),
ocorreram outros pequenos tremores na área de influência do reservatório, seguindo um
padrão cíclico de altas e baixas magnitudes (figura IV). Esta oscilação pode estar relacionada
a variações do nível d’água da represa, influenciando diretamente a ocorrência e intensidade
da SIR.

2.2. Caracterização dos Ecossistemas Terrestres


O presente item objetiva caracterizar os aspectos bióticos que configuram os ecossistemas
terrestres da Bacia Hidrográfica do Tocantins. Para tanto, busca-se evidenciar: (i) os tipos de
formações vegetais existentes e sua fauna associada; (ii) os níveis de alteração atuais
nessas formações; (iii) o estado de conservação dos diversos setores da Bacia Hidrográfica,
dadas suas particularidades; (iv) as localidades investigadas e aquelas consideradas
prioritárias para conservação.

Pretende-se com esta descrição fornecer um panorama do componente biótico das


paisagens atuais que constituem o espaço de análise. Nesse sentido, os aspectos biológicos
(vegetação e fauna) e conservacionistas a seguir apresentados fornecem um quadro das
condições da Bacia Hidrográfica, que auxiliará a identificação de subespaços ou
compartimentos, necessária à etapa posterior dos estudos, referente à Avaliação Ambiental
Distribuída.

2.2.1. Procedimentos Metodológicos


 Análise de dados secundários

Para a análise dos componentes bióticos da área da Bacia Hidrográfica, foram examinados
material cartográfico, imagens de satélite e relatórios técnicos disponíveis, bem como
literatura especializada. Foi realizada compilação de trabalhos sobre a vegetação e fauna de
vertebrados terrestres e de ecossitemas aquáticos na região da Bacia Hidrográfica,
abrangendo publicações de estudos científicos, dissertações e teses, mapeamento de
vegetação, relatórios técnicos relativos a estudos ambientais de empreendimentos
hidrelétricos e estudos no âmbito do Zoneamento Ecológico-Econômico do Estado do
Tocantins (SEPLAN, 2000) e de banco de dados oficiais (SIEG, 2006).

Foram ainda realizadas análises de similaridade de flora e de fauna da Bacia Hidrográfica,


utilizando-se para este fim dados de levantamentos realizados por ocasião dos Estudos de
Impacto Ambiental (EIA) de empreendimentos hidrelétricos construídos ou em estudo na
Bacia, bem como dados de levantamento de aves realizado na região do “Bico do Papagaio”,
no âmbito dos estudos do Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE). Optou-se por utilizar
estes estudos devido aos procedimentos adotados e condições de amostragem relativamente
semelhantes. Foram organizadas listas de espécies dos estudos referentes às UHEs Serra
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da Mesa, São Salvador, Peixe Angical, Ipueiras, Lajeado, Estreito e Serra Quebrada.
Procedeu-se à revisão da nomenclatura, eliminando-se espécies identificadas em nível de
gênero quando mais de uma estava presente, bem como aquelas que ocorriam em todas as
localidades que, portanto, não contribuem para evidenciar diferenças. Para análises de
similaridade/dissimilaridade, utilizou-se o Índice de Similaridade de Jaccard e algoritmo
UPGMA para construção dos dendrogramas.

 Mapeamento da cobertura vegetal e do uso do solo


− Georreferenciamento
O georreferenciamento das imagens de satélite obedece a uma malha sistemática de pontos
de controle, no sentido de garantir uma precisão dos dados que serão extraídos. Esse
procedimento pode ser efetuado em softwares apropriados, como o ENVI ou o Erdas, que
são muito eficientes e bem conceituados.
− Equalização das imagens
Foi adotado o procedimento de equalização das imagens através da correção da resolução
radiométrica das imagens, a fim de criar um mosaico que não apresente mudanças abruptas
de uma imagem para outra. Essas correções são importantes a fim de se evitar que, durante
as classificações semi-automáticas, classes de uma imagem sejam diferentes em outra.
− Classificação semi-automática das imagens
A classificação das imagens de satélite baseou-se nos cálculos de reflexão das faixas
espectrais das bandas, assim, cada banda atua numa faixa do espectro eletromagnético.
Neste caso, foram utilizadas as bandas TM3, TM4 e TM5, cujas principais aplicações são
listadas na Tabela 26 – Principais Aplicações das Bandas 3, 4 e 5 do Sensor TM do Satélite
Landsat 5 a seguir:

Tabela 26 – Principais Aplicações das Bandas 3, 4 e 5 do Sensor TM do Satélite


Landsat 5

Banda Faixa Espectral Principais Aplicações

3 0,63 a 0,69 µm Região de forte absorção pela vegetação verde. Permite bom contraste entre áreas
ocupadas com vegetação e aquelas sem vegetação (solo exposto, estradas e áreas
urbanas). Permite análise da variação litológica em locais com pouca vegetação. Apresenta
bom contraste entre diferentes tipos de cobertura vegetal (exemplo: campo, cerrado e
floresta). Permite o mapeamento da rede de drenagem através da visualização da mata de
galeria e entalhamento dos cursos dos rios em regiões com pouca cobertura vegetal. É a
banda mais utilizada para delimitar a mancha urbana.

4 0,76 a 0,90 µm Permite o mapeamento de corpos d’água pela forte absorção da energia pela água nesta
região. A vegetação verde, densa e uniforme reflete muito a energia, aparecendo em tom de
cinza claro nas imagens. Apresenta sensibilidade à morfologia do terreno, permitindo a
obtenção de informações sobre a geomorfologia, solos e geologia. Serve para separar as
áreas ocupadas com vegetação das que foram queimadas.

5 1,55 a 1,75 µm Apresenta sensibilidade ao teor de umidade das plantas, servindo para observar estresse na
vegetação, causado por deficiência hídrica. Esta banda sofre perturbações em caso de
ocorrência de chuvas antes da obtenção da imagem pelo satélite.

Fonte: DGI/INPE, em Fundamentos do Sensoriamento Remoto e Metodologias de Aplicação,


(MOREIRA, 2004).

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A classificação das imagens pode ser feita, nos moldes digitais, de forma totalmente
automática ou semi-automática, essa última conhecida como classificação assistida ou
classificação supervisionada.

A classificação assistida, utilizada neste trabalho, foi elaborada a partir de áreas alvo,
devidamente identificadas e classificadas. Essas classificações foram, então, extrapoladas
para toda a área através de estatísticas bayseanas de probabilidade.

Esse resultado passou, ainda em gabinete, por uma série de avaliações técnicas no sentido
de definir se os procedimentos adotados apresentaram resultados satisfatórios, definindo-se
a Confiabilidade do Mapeamento, bem como sua exatidão, podendo, neste momento, ter
início trabalhos de correção de eventuais problemas de classificação.

O material resultante foi submetido ao crivo de especialistas para a ratificação ou retificação


de tais dados; neste momento também é feita a qualificação dos fragmentos vegetais ora
mapeados.

Os principais padrões de mapeamento encontram-se apresentados na Ilustração 20 –


Processo de Interpretação Preliminar a seguir.

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Ilustração 20 – Processo de Interpretação Preliminar

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2.2.2. Biomas da Bacia Hidrográfica do Tocantins

2.2.2.1. Cerrado

A Bacia Hidrográfica do Tocantins insere-se, em sua maior parte, no Bioma Cerrado, definido
essencialmente pela estacionalidade climática que marca grande parte deste território.
Conforme a conceituação utilizada por AB’SABER (1970), corresponde ao Domínio
Morfoclimático (1970) descrito como “chapadões recobertos por cerrados e penetrados por
florestas de galerias”.

Este bioma ocupa a região central e centro-oeste do Brasil e localiza-se basicamente no


Planalto Central do Brasil, estendendo-se por mais de 2.000.000 km², o que corresponde a
cerca de 23% do território brasileiro. Ocupa distintos terrenos nesta ampla área de
ocorrência, com variações fisiográficas regionais relacionadas a altitude, modelado dos
terrenos e tipos de solos. De modo geral, entretanto, predomina em chapadões e nas
vertentes convexas dos terrenos movimentados, sobre solos lixiviados e/ou aluminizados,
onde a passagem de fogo é freqüente, em altitudes que variam de 300 a 1200m (RIBEIRO;
WALTER, 1998; IBAMA, 2002; REDFORD; FONSECA, 1986).

O termo Cerrado é utilizado no Brasil para designar uma formação vegetal internacionalmente
conhecida como savana, sendo expressões de índole fisionômica e não florística ou
ecológica (FERRI et al, 1988). Sob o conceito de Cerrado encontram-se as formações
savânicas e campestres brasileiras, caracterizadas por uma flora em grande parte endêmica,
com forte xeromorfismo. Constituem ambientes abertos, onde a insolação incide até o nível
do solo, favorecendo o componente herbáceo e a fauna heliófila. São estruturalmente mais
simples que as florestas, apresentando dois estratos, um dos quais herbáceo, cuja
expressividade relaciona-se com a densidade do segundo, arbustivo arbóreo.

Distintas denominações são utilizadas, guardando relação com o gradiente de biomassa


crescente dessa vegetação, desde fisionomias abertas ou savânicas, quais sejam, campos
limpos, campos sujos e campos cerrados, até fisionomias densas, como o cerrado stricto
sensu e o cerradão, este último constituindo a expressão florestal do cerrado.

Outros tipos de formações vegetais fazem parte da paisagem desse bioma. Nas áreas de
afloramentos d’água junto a nascentes, formações com claro predomínio da palmeira buriti
(Mauritia vinifera) compõem as veredas. À medida que o curso d´água se desenvolve e o
dique passa a ser mais bem estruturado, outras espécies florestais passam a ocorrer,
verificando-se um aumento gradual da diversidade específica. Formam-se, assim, as florestas
ripárias, ciliares, de galeria ou de dique, que acompanham os cursos d’água, associadas a
solos mais férteis e úmidos, contrastando com os amplos interflúvios revestidos de cerrados.
Estas florestas desempenham importante função, uma vez que proporcionam abrigo à fauna
umbrófila, favorecendo sua movimentação e dispersão.

Localmente, em áreas deprimidas das planícies aluviais, as florestas ripárias assumem


caráter peculiar, formando florestas paludosas, compostas por espécies tolerantes às
condições de saturação hídrica dos solos.

Citam-se ainda as florestas estacionais ou matas secas, presentes localmente, condicionadas


por características de substrato. Compreendem representantes do domínio atlântico e
caracterizam-se pela deciduidade do componente arbóreo. Na área de estudo, são mais

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evidentes a sul e sudeste e são relacionadas, de modo geral, a solos calcários. Caracterizam
também a franja de contato das formações abertas do bioma Cerrado e das formações
florestais do bioma Amazônia, ocorrendo em manchas disjuntas.

Esse conjunto de formações campestres, savânicas, florestais e paludosas encontra-se


intimamente associado nos cerrados e é importante constituinte deste domínio, contribuindo
para a diversidade da paisagem e para a diversidade biológica.

2.2.2.2. Amazônia

A região denominada “Bico do Papagaio” marca aproximadamente o limite sul de ocorrência


da Floresta Ombrófila, que se estende ao norte, na Depressão da Amazônia, e caracteriza
essa porção territorial da Bacia do Rio Tocantins.

O Bioma Amazônico é definido por AB’SABER (1970) como Domínio Morfoclimático das
Terras Baixas Equatoriais. Caracteriza-se, entre outros aspectos, por conter um amplo
gradiente de tipos vegetacionais florestais e, localmente, não florestais, em um padrão
fitogeográfico intrincado ainda não completamente decifrado (CAMPBELL; HAMMOND,
1988).

A Floresta Amazônica pode ser definida como uma coleção de espécies de exigências
ecológicas, aparentemente similares, que ocorrem em combinações, flutuando na
composição de um local para outro (MUNIZ et al 1994). Esse conceito aproxima-se ao de
comunidades contínuas (continuum), onde possivelmente comunidades situadas nos
extremos de uma série contínua sejam floristicamente distintas (MCINTOSH, 1967).

Isso significa que extensas áreas de florestas tropicais contêm variações ao longo de sua
área de ocorrência, determinando derivações de composição, de associações e de estrutura
significativas o suficiente para configurar heterogeneidades e dissimilaridades em uma
cobertura vegetal aparentemente homogênea. Nesse sentido, COLINVAUX et al (1999)
denomina de “complexo florestal” as formações vegetais amazônicas.

Diferentemente do ambiente aberto, característico do cerrado, a presença de dossel na


floresta funciona como uma interface entre o solo e a atmosfera, estabelecendo marcadas
diferenças em suas características físicas e biológicas. Há um gradiente vertical de
intensidade lumínica, de temperatura, de umidade e de concentração de CO2, contribuindo
para a diversificação de ambientes, explorados por grupos animais exclusivamente umbrófilos
e/ou arborícolas.

A delimitação florística da Amazônia apresenta uma série de dificuldades. Grande número de


táxons amazônicos penetra a distâncias variáveis no Cerrado pelas florestas de galeria, cuja
função como corredores de dispersão foi comentado anteriormente.

O Mapa B-13 - Biomas encontra-se no Caderno de Mapas B do Atlas do projeto.

2.2.2.3. Área de Transição ou de Tensão Ecológica

Áreas de transição ou de tensão ecológica correspondem a ecótonos, áreas de paisagens


distintas que se interpenetram. Apresentam um conjunto de características não organizadas,
sendo denominadas de áreas de “tensão ecológica”. Assim, a paisagem presente nem
sempre corresponde à esperada em função de seus condicionantes, por exemplo, o clima. A

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forma como este contato ocorre é variável. Quando em mosaico, os elementos das paisagens
intercalam-se, resguardando suas características e formando encraves. Às vezes, porém, a
transição caracteriza-se por um gradiente de fisionomias e de comunidades biológicas,
formando fisionomia própria.

A região do Bico do Papagaio e ao sul desta, até aproximadamente a região de Estreito, no


Estado do Tocantins, e a leste, já no Estado do Maranhão, delineia-se a faixa de transição
entre os biomas Cerrado e Amazônia. A transição é marcada por um mosaico de formações
savânicas e florestais que se alternam, estas relacionadas aos solos mais produndos que
ocorrem em manchas. É marcada ainda por extensas faixas de babaçuais, favorecidos pela
intervenção antrópica, ocorrendo como formações secundárias após a supressão da
vegetação nativa.

2.2.3. As Formações Vegetais na Bacia Hidrográfica do Tocantins


A presente análise tem por objetivo descrever as formações vegetais observadas na Bacia
Hidrográfica do rio Tocantins, de forma a contribuir para a compreensão das características
dos ecossistemas que constituem e organizam a paisagem.

A Bacia Hidrográfica do rio Tocantins abarca um espaço geográfico de cerca de 15º de


latitude, estando submetida a grandes variações climáticas e atravessando diferentes
unidades de relevo e de solo, conforme já apresentado. Estes aspectos têm importantes
reflexos na vegetação e na distribuição da fauna.

Ressalte-se que a vegetação, além de representar, per si, um fator biológico, representa
também fator estruturador de habitats, dando a tridimensionalidade aos ambientes, bem
como alterando as condições de umidade, temperatura e insolação. Constitui ainda estoque
de nutrientes e desempenha importantes funções ambientais, notadamente na contenção e
estabilidade dos solos.

Assim, conhecer os tipos de vegetação existentes e compreender sua distribuição no espaço


em análise, bem como os vetores de antropização que a modificam ou reduzem, auxilia na
compreensão da dinâmica da paisagem que se pretende avaliar.

2.2.3.1. Caracterização da Vegetação

O Mapa A6 – Imagem de Satélite no Caderno de Mapas A do Atlas do projeto apresenta


uma visão geral da cobertura vegetal e uso do solo de maneira preliminar. A representação
espacial e tipológica preliminar da cobertura vegetal que caracteriza a Bacia Hidrográfica foi
determinada por meio do estabelecimento da legenda apresentada no Anexo VII.

Desenvolvendo-se no sentido de sul a norte, o território abarcado pela Bacia Hidrográfica do


rio Tocantins é marcado, até a altura da região do Bico do Papagaio, pelo predomínio das
formações de cerrado, com suas várias fisionomias, e às quais se associam formações
florestais e paludosas, sendo as formações florestais umbrófilas restritas ao trecho
correspondente ao baixo curso.

Estudos nessa Bacia Hidrográfica concentram-se a sul, nas proximidades do Distrito Federal,
e ao longo do rio Tocantins, notadamente na região de Palmas (conforme Ilustração 21 –
Localidades de Coleta e Observação de Flora e Fauna a seguir). A partir dessas informações

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disponíveis e do mapeamento realizado, descreve-se, a seguir, a organização de sua


cobertura vegetal.

Ilustração 21 – Localidades de Coleta e Observação de Flora e Fauna

 Região do Alto Tocantins – sub-bacias 20 e 21


 Sub-bacia 20

O alto curso do rio Tocantins, incluindo a área abarcada pelos formadores deste rio (sub-
bacia 20), assim como os afluentes da margem direita deste trecho (sub-bacia 21), encontra-

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se na região nuclear do domínio do Cerrado. Este aspecto tem importância ecológica, pois
implica a ocorrência de paisagens típicas desse domínio ou bioma.

De fato, o Planalto do Alto Tocantins – Parnaíba, parte do Planalto Goiano, condiciona a


presença de extensas formações savânicas que dominam nos interflúvios, sendo as
formações florestais ripárias relacionadas aos fundos de vale, conforme característica do
bioma ou domínio, associadas aos solos mais profundos e úmidos que concorrem para um
menor estresse hídrico em relação aos ambientes de interflúvio.

A região próxima à Brasília é bastante estudada, o que decorre em grande medida das
atividades de instituições de pesquisa como a Universidade de Brasília (UnB) e a EMBRAPA,
aliadas à existência de um grande número de Unidades de Conservação (UC), possibilitando
a pesquisa de diversos aspectos da biologia, ecologia de espécies vegetais, manejo e
utilização dessas espécies. De fato, os dados disponíveis em site oficial apontam o
predomínio de coletas de flora no entorno imediato da capital federal (SIEG, 2006).

Embora, de modo geral, esses estudos não tenham sido realizados no território abarcado
pela Bacia Hidrográfica do Tocantins, foram feitos em seu limite imediato e podem ser
considerados representativos para a porção sul deste setor da área de estudo.

RATTER (1980) realizou um dos primeiros estudos sobre a composição florística das
diferentes fisionomias da fazenda Água Limpa (UnB): cerrado lato sensu, campos úmidos,
campos com murundus e matas ciliares e, posteriormente, FELFILI et al (1989) estudaram a
fenologia de espécies arbóreas no mesmo local. Posteriormente, FILGUEIRAS & PEREIRA
(1990) listaram 2.336 espécies de plantas, entre nativas e introduzidas para a flora do Distrito
Federal.

Outros estudos podem ser citados, como PEREIRA et al (1993) encontraram 1.686 espécies
de 154 famílias botânicas em cerrado, matas ripárias, veredas, brejos e campos úmidos na
Reserva Ecológica do IBGE (DF); FELFILI et al (1993) que analisaram a composição e
estrutura da vegetação nas diferentes localidades, identificando 139 espécies; RIBEIRO et al
(1985).que analisaram a estrutura fitossociológica de três fisionomias do cerrado (cerrado
ralo, cerrado típico e cerradão) em área do centro de Pesquisa Agropecuária da EMBRAPA,
Planaltina (DF), identificando 91 espécies lenhosas.

No que se refere a florestas ripárias, SILVA et al (1990) identificaram na Reserva Florestal


Tamanduá da EMBRAPA (DF) as seguintes espécies como mais importantes: angico
(Piptadenia macrocarpa), garapa (Apuleia leiocarpa), peroba-rosa (Aspidosperma sp.),
guatambu (Aspidosperma sp.), copaíba (Copaifera langsdorfii) e açoita-cavalo (Luehea
divaricata). Citam-se,ainda, FELFILI (1994; 1997), que estudou a mata ripária do ribeirão do
Gama (DF). Posteriormente, SILVA Junior (1999) investigou a mata ripária do Monjolo
(RECOR) e PIRES et al (1999) pesquisaram a composição florística, fitossociologia e padrões
de distribuição de espécies arbóreas em Cerrado stricto sensu, na APA de Cafuringa, na
porção noroeste de Brasília. Identificaram 86 espécies pertencentes a 36 famílias.

SAMPAIO et al (2000) estudaram as matas associadas aos córregos Riacho Fundo e


Açudinho, no DF. Trechos sob mesmas condições ambientais, em matas diferentes,
mostraram-se mais semelhantes que trechos contíguos da mesma mata, mas sob condições
distintas.

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Cita-se ainda, entre outros, o estudo de HERINGER Paula (1989) que realizou o inventário
florestal da mata ripária do riacho Roncador, nos limites da Reserva Ecológica do IBGE
(RECOR), no DF, com vistas a fornecer subsídios para os projetos de manejo sustentável.

Verifica-se, assim, o claro predomínio da vegetação de cerrado e a presença de formações


florestais e palustres associadas, bem como a elevada riqueza de espécies que caracteriza
estes ambientes e as variações estruturais em formações similares. Verifica-se, ainda, uma
produção científica importante nesse trecho da Bacia Hidrográfica, menos evidente no
restante da área de estudo.

Em direção norte, o relevo que caracteriza a Depressão do Tocantins assume formas mais
movimentadas, via de regra revestidas de cerrado (foto 1). Na região onde se encontra a
UHE Serra da Mesa, doze tipos de fitofisionomias, entre formações florestais, savânicas e
campestres, podem ser reconhecidos (WALTER, 1999). O autor diferencia mata ciliar, mais
próxima floristicamente das florestas secas (mesofíticas ou estacionais) e com características
semidecíduas, das florestas de galeria, tipicamente de cerrado. São identificadas matas
ripárias (definidas como matas ciliares) estreitas e em transição gradual para florestas
estacionais (ou matas secas, de acordo com a terminologia utilizada pelo autor). Citam-se,
entre as espécies mais freqüentes, angico (Anadenathera spp.), pau-jangada (Apeiba
tibourbou), tamboril (Enterolobium contortisiliquum), jatobá (Hymenaea courbaril), aroeira
(Myracrodruon urundeuva), entre outras. É comum também a presença de babaçu (Orbignya
phalerata) em locais abertos ou clareiras. Já nas florestas ripárias definidas como de galeria
por sua característica perenifólia, inundáveis e não inundáveis, predominam espécies como
pau-pombo (Tapirira guianensis), jequitibá (Cariniana domestica), ipês (Tabebuia spp.), à
semelhança do observado a norte, onde estas florestas tornam-se novamente expressivas,
conforme apresentado mais adiante.

Foto 1 – Região de Alto Paraíso de Goiás, na sub-bacia 21, evidenciando a influenciado relevo na
organização da cobertura vegetal: presença de cerrados abertos nas encostas convexas, mais
expostas, e de formações florestais nas vertentes côncavas. No fundo do vale, prevalece vegetação
antropizada.

O cerrado prevalece revestindo os morros e serras que caracterizam a região. Localmente,


cerrados rupestres associados a topos com afloramentos rochosos, podem ser encontrados
(MARINHO Filho et al, 2000). Esta feição de paisagem foi observada na área afetada pelo
reservatório da UHE Serra da Mesa, atualmente modificada pela implantação do
empreendimento, formando ilhas de cerrado rupestre no corpo do lago artificial.

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Importante fator de organização da paisagem, o modelado do terreno assume maior


diversidade ao norte/nordeste, onde o relevo movimentado alterna-se com amplos vales
revestidos de fisionomias campestres de cerrado (campos limpos e campos sujos) às quais
se associam veredas de buritis (RIALMA S. A., 2001). Uma extensa área representativa
dessas paisagens encontra-se sob proteção legal, compondo o Parque Nacional da Chapada
dos Veadeiros (foto 2).

Foto 2 – Região de Alto Paraíso de Goiás, na sub-bacia 21, evidenciando a linha de buritis (Mauritia
flexuosa) formando vereda.

Associadas às formações savânicas e florestais ripárias do bioma Cerrado, florestas


estacionais semideciduais e deciduais marcam a paisagem ao sul/sudeste e leste.
Denominadas também Matas Secas (WALTER, 1999) ocupam relevos em morros e morrotes,
geralmente sobre solos calcários associados a rochas básicas, geralmente de origem
granítica. Note-se que ocorrências cársticas são evidenciadas a sul da sub-bacia 20 e
estendem-se a leste/sudeste da Bacia Hidrográfica do rio Tocantins, já na sub-bacia 21.

Compõem o estrato arbóreo dessas formações espécies decíduas e semidecíduas,


destacando-se angicos (Anadenanthera spp.), cedro-rosa (Cedrela fissilis), caroba
(Jacarandá sp.), tamboril, aroeira, maria-pobre (Dilodendron biopinnatum), entre outras.

Estudos florísticos e fitossociológicos realizados nos cerrados situados mais ao norte, já em


território tocantinense, foram conduzidos por ocasião dos Estudos de Impacto Ambiental
(EIA) do AHE São Salvador. Embora fazendo parte desta sub-bacia, encontram-se descritos
mais adiante, juntamente como outras informações referentes à sub-bacia 21, dada a
proximidade geográfica e a relativa similaridade florística.
 Sub-bacia 21

A maior parte dessa sub-bacia desenvolve-se na margem direita do rio Tocantins. Na


margem esquerda, esta se apresenta relativamente estreita, em decorrência da rede
hidrográfica de menor extensão.

Ao sul e a oeste, esta sub-bacia limita-se com a anterior, podendo-se considerar que as
informações apresentadas para aquela sub-bacia são representativas para o trecho su dessa
sub-bacia. Assim como na sub-bacia 20, prevalecem, nas proximidades do Distrito Federal,
cerrados típicos, aos quais se associam florestas ripárias e veredas.

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Nesse setor da Bacia Hidrográfica situa-se o contato entre as unidades geomorfológicas da


Depressão do Tocantins e dos Patamares do Chapadão Oriental Baiano, presente a leste.
Em direção norte, já no território tocantinense, predominam relevos suavemente ondulados,
onde se sobressaem as serras das Caldas, Dourada, do Boqueirão, do Bananal, dispostas no
sentido longitudinal.

O cerrado continua sendo a vegetação predominante (foto 3). Condicionada localmente pelas
variações de solo, verifica-se que a vegetação assume fisionomias abertas quando presente
sobre cambissolos, onde afloramentos rochosos bastante freqüentes propiciam a presença
de bromeliáceas e cactáceas. Já as fisionomias densas predominam em latossolos,
apresentando por vezes marcante deciduidade foliar, resultando em fisionomias peculiares e
pouco comuns de cerrado (THEMAG/CELTINS/EDP/FURNAS/ENGEVIX, 2000).

Foto 3 – Região próximo ao município de Peixe, TO, na sub-bacia 21, onde predominam formações de
cerrados (THEMAG/CELTINS/EDP/FURNAS/ENGEVIX, 2000)

Com relação às formações vegetais ripárias, estas são estreitas e restritas, conforme
observado no mapa A6, encontrado no caderno de mapas, à semelhança daquelas descritas
por WALTER (1999), e denominadas matas ciliares. Nas bacias dos rios Palma e Paranã,
essas florestas justafluviais são muito estreitas, por vezes restringindo-se a uma faixa
imediatamente próxima ao rio. As formações de cerrado estão em contato com essas matas
ripárias, formando um gradiente decrescente de biomassa da margem do rio em direção aos
terrenos mais elevados, fora da influência do rio.

Estudos fitossociológicos foram desenvolvidos em cerrados dessa região, em duas


localidades, uma delas na sub-bacia 20 (São Salvador) (REDE/EDP/FURNAS/ENGEVIX,
2001) e outra já na sub- bacia 21 (Peixe Angical)
(THEMAG/CELTINS/EDP/FURNAS/ENGEVIX, 2000). As espécies de maior importância, de
acordo com as amostragens realizadas, foram respectivamente Qualea grandiflora e
Curatella americana. Ambas constam entre as dez espécies de maior valor de importância
nas duas localidades. Além dessas, apenas Davilla elliptica também foi comum entre as
espécies de maior importância. Essas amostragens apontam baixa densidade de indivíduos,
equivalente a 892,06 indiv/ha na região de São Salvador, enquanto nos cerrados situados
mais ao norte (nas proximidades da UHE Peixe Angical), a densidade observada é maior,
equivalente a 1456 indiv/ha. O índice de diversidade de Shannon (H´) também foi crescente
em direção norte, respectivamente 3,53 e 3,905.

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Para as formações florestais, foram realizadas amostragens apenas na região de Peixe e


evidenciam Terminalia cf. lucida como a espécie de maior importância. Dentre as espécies
mais importantes, encontram-se ainda Anadenanthera macrocarpa, Astronium fraxinifolium,
Tabebuia impetiginosa, todas decíduas, e Dilodendron bipinatum, espécie semidecídua,
sugerindo semelhanças entre esta flora e aquela situada mais a sul (WALTER, op.cit.). A
densidade observada foi relativamente baixa, com 428,44 ind/ha e o índice de diversidade de
Shannon de 3,457.

No trecho situado nas proximidades da cidade de Peixe, junto ao rio das Almas, formações
vegetais singulares representadas por florestas paludosas estão presentes localmente, além
da vegetação higrófila dos campos úmidos e lagoas, ocorrentes nos terraços, não tendo,
portanto, relação com os rios. Esses ambientes tornam-se mais freqüentes e expressivos a
jusante, já no médio curso, na sub-bacia 22, conforme explicitado mais adiante, bem como no
setor leste da sub-bacia 21. No que se refere às florestas paludosas, amostragens
fitossociológicas indicam baixo número de espécies (24) e baixa diversidade (H´= 2,253), o
que é esperado em ambientes restritivos.

A pecuária prevalece associada às fisionomias abertas de cerrado, de forma extensiva,


sendo o manejo realizado por meio de fogo. Menos freqüentemente são observados pastos
formados com gramíneas exóticas. Nas proximidades do rio Tocantins, esta forma de uso do
solo é observada principalmente entre o ribeirão Tucum e do rio das Almas e nas
proximidades da área urbana de Gurupi, associada ao eixo da BR-153, rodovia Belém -
Brasília.

A peculiaridade deste cerrado reside em seu aspecto decíduo no período de estiagem. Esta
característica, observada ao sul do Estado do Tocantins e a leste, pode estar relacionada a
pressões antrópicas, a variações locais de solo e de litologia
(THEMAG/CELTINS/EDP/FURNAS/ENGEVIX, 2000) (Foto 4).

Foto 4 – Florestas ripárias do rio Tocantins e cerrados em período de estiagem, evidenciando-se as


características de deciduidade dessa vegetação (THEMAG/CELTINS/EDP/FURNAS/ENGEVIX, 2000)

Embora o padrão de distribuição de vegetação florestal esteja fortemente associado à


hidrografia, as serras existentes nessa região também favorecem sua ocorrência, associadas
às vertentes côncavas, onde a umidade é mais elevada e os solos mais profundos. Essas
formações florestais, com elementos de florestas estacionais, tornam-se gradativamente mais
densas e vigorosas em direção ao sopé das elevações, onde prevalecem sobre os cerrados

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que se apresentam como fisionomias abertas nas vertentes convexas, mais expostas à
insolação e aos processos erosivos.

Ressalte-se que os terrenos da sub-bacia 21, na margem direta do rio Tocantins,


apresentam-se mais extensos e marcados por variações de clima, gradativamente mais frio e
seco em direção leste. Variações de relevo também são evidentes, passando de
movimentado a suave ondulado, no limite com o Estado da Bahia, marcado pelas encostas
da Chapada do Urucuia. As colinas e vales encaixados encontram-se recobertos pelos
cerrados com características decíduas. Este aspecto da vegetação é acentuado com a
presença de rios intermitentes, o que restringe as florestas ciliares a estreitas faixas ao longo
dos rios. Estas formações estendem-se até aproximadamente a região de Dianópolis, onde
se observam também manchas de florestas estacionais deciduais (foto 5)
(ENGECORPS/TETRAPLAN, 2004).

Foto 5 – Florestas estacionais deciduais da região do município do Dianópolis, TO.

Em direção às cabeceiras dos rios dessa sub-bacia, o relevo suave com amplos interflúvios e
os solos arenosos favorecem a presença de cerrados abertos. Ao longo dos cursos d´água,
amplas áreas úmidas, provavelmente relacionadas ao lençol freático superficial, condicionam
a ocorrência de extensos campos palustres pontuados de buritis e em contato com florestas
de galeria. Estas, localmente bastantes largas, em algumas situações apresentam-se
naturalmente fragmentadas e formam ambientes úmidos e sombreados que cruzam o cerrado
no sentido aproximadamente transversal da Bacia Hidrográfica (foto 6).

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Foto 6 – Fisionomias abertas de cerrado em solos arenosos, campos úmidos e florestas paludosas
presentes na região leste da sub-bacia 21, no Estado do Tocantins

Na divisa com a Bahia, uma forte ruptura de relevo marca o contato com a Chapada ali
existente, formando escarpas íngremes e morros residuais, recobertos por cerrados e
florestas nos grotões e fundos de vales. Floresta estacionais estão presentes em manchas,
como extensão das florestas observadas mais ao sul, e relacionadas com o substrato calcário
presente nesse trecho.
 Médio Curso do rio Tocantins – sub-bacias 22 e 23
 Sub-bacia 22

Estudos desenvolvidos na região situada entre Ipueiras, que faz parte da sub-bacia 22,
indicam o registro de 783 espécies vegetais. Amostragens fitossociológicas em cerrados
situados a norte desse trecho, nas proximidades do rio Manuel Alves da Natividade, apontam
o pequi (Caryocar brasiliense) como a espécie de maior importância, e pau-terra (Qualea
grandiflora) nos cerrados situados nas proximidades do rio Santa Teresa, coerentemente com
as amostragens realizadas no estudo anteriormente citado.

Note-se que é a partir aproximadamente da altura do ribeirão das Almas, situado


imediatamente a jusante da UHE Peixe Angical (extremo norte da sub-bacia 21), no limite do
alto e do médio curso do rio Tocantins, que as florestas de dique deste rio e de seus
tributários tornam-se mais vigorosas e de maior porte, ainda que em grande parte submetidas
à pressão antrópica (Foto 7).

Foto 7 – Floresta de dique do rio Tocantins nas imediações do rio Manuel Alves da Natividade,
Tocantins (Themag, 2003)

As florestas ripárias que, de acordo com as características locais de substrato, podem ser
paludosas, aluviais (inundáveis) ou de dique, assumem nesse trecho maior expressão,
comparativamente às situadas mais ao sul. Apesar das perturbações de origem antrópica,
mantêm certa continuidade ao longo dos rios e formam faixas estreitas, característica natural
ou reflexo da antropização, em alternância com formações secundárias. Tornam-se mais
largas localmente, quando a planície dos rios dilata-se ou quando se situam junto à foz de
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afluentes como nas proximidades do rio Manuel Alves da Natividade, do São Valério, na
margem direita do rio Tocantins, e nas desembocaduras dos rios Santo Antônio e Santa
Teresa, tributários da margem esquerda.

Pouco mais distantes dos rios, em zonas muitas vezes sujeitas ao encharcamento na época
chuvosa, devido ao afloramento do lençol freático ou à impermeabilidade do solo, são
observadas áreas úmidas e fisionomias abertas de cerrado em suas expressões campestres.
Ao longo das pequenas drenagens ou córregos, estão os buritis, formando às vezes linhas
contínuas indicadoras de pequenas depressões. Estas áreas úmidas são evidenciadas
principalmente no limite dos varjões do rio São Valério.

São evidenciadas também nas proximidades de lagoas presentes em terrenos distantes da


influência dos rios. Ressalte-se a presença destas lagoas, importante elemento da paisagem,
uma vez que propiciam ambientes diferenciados em meio aos extensos cerrados que
caracterizam os interflúvios. Nesse trecho da Bacia, estes ambientes são freqüentes,
evidenciando-se uma franja de campos úmidos ao seu redor, ou o desenvolvimento de
estreitas florestas ripárias que passam gradativamente a fisionomias florestais de cerrado
(cerradão), em transição com as fisionomias savânicas do cerrado. Uma parte desta
encontra-se sob proteção legal, como parte da Área de Proteção Ambiental (APA) da Foz do
Rio Santa Teresa, parcialmente incluída também na sub-bacia 21. O avanço da pecuária,
entretanto, tem promovido o isolamento destas lagoas, processo evidenciado inclusive na
APA.

Também nesse trecho da Bacia Hidrográfica do Tocantins, os cerrados interfluviais


predominam na paisagem, formando um mosaico de fisionomias densas e abertas de
cerrados. Estas formações savânicas, em parte fragmentadas pelo uso antrópico, ainda
revestem áreas relativamente extensas, ao longo das sub-Bacias 21 e 22 e em grande parte
da 23, que compõem o trecho médio do rio Tocantins.

Aos cerrados interfluviais associam-se manchas disjuntas de florestas estacionais


semideciduais, cuja presença é condicionada por solos mais profundos e férteis, o que se
evidencia na porção situada a oeste da margem esquerda da sub-bacia. Atualmente muito
reduzidas em decorrência da expansão da pecuária, restringem-se a remanescentes de
formato geométrico, parcialmente alteradas e com características secundárias. Este padrão
pode ser evidenciado nas proximidades da mancha urbana de Gurupi, onde a ocupação
agropecuária tem promovido a redução das áreas de vegetação natural. Amostragens
fitossociológicas realizadas em um desses fragmentos permitiram o registro de 48 espécies,
verificando-se baixa diversidade (H´= 2,65) e baixa densidade (551,25 ind/ha). Entre as
espécies mais importantes estão breu (Protium heptaphyllum), aguaí (Chrysophyllum
marginatum), simaruba (Simarouba versicolor) (THEMAG, 2003).

No sentido norte desta sub-bacia, notadamente no trecho do rio Tocantins entre Porto
Nacional e Palmas, na região central do Estado do Tocantins, as formações florestais ripárias
que compreendem as florestas de dique, florestas paludosas e buritizais (ou veredas),
assumiam sua maior expressividade (THEMAG, 1998). Estas formações, que definiam as
peculiaridades desse trecho, em um contraste marcante entre locais secos e locais úmidos,
dando a identidade deste trecho do rio Tocantins, foram em grande parte suprimidas pela
formação do reservatório da UHE Luis Eduardo Magalhães (UHE Lajeado).

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Estudos realizados naquela região (incluindo trechos de afluentes, em cotas situadas acima
da área alagada) indicam, para as formações paludosas, 35 espécies e diversidade (H´) de
2,86, sendo a densidade de 1.241 ind/ha. Entre as dez espécies de maior importância, seis,
a saber, jequitibá (Carinia rubra), mate (Ilex cf.paraguariensis), buriti (Mauritia flexuosa),
(Richeria grandis) e pau-pombo (Tapirira guianensis) foram comuns à amostragem realizada
na região da UHE Peixe Angical, evidenciando grande semelhança entre as formações.
Evidencia-se também maior riqueza e diversidade nas florestas paludosas situadas ao norte,
em relação às presentes mais ao sul, de menor expressividade em termos de área.

Verificou-se, ainda nesses estudos, a presença de espécies estacionais e de elementos da


flora amazônica, conforme registrado nos estudos da UHE Lajeado (THEMAG/CELTINS,
1996). Assim, fica evidente que as florestas que se desenvolvem ao longo do rio Tocantins e
seus tributários constituem importantes vias de dispersão de espécies da Hiléia dentro do
domínio dos Cerrados, bem como da flora estacional.

Entre as espécies características do bioma Amazônico, observadas nas florestas ripárias


nesse trecho estão jeniparana (Gustavia augusta) e sororoca (Phenakospermum guianense).
Provavelmente essa região corresponde ao limite sul de sua ocorrência, sendo o rio
Tocantins e seus afluentes os corredores mésicos que propiciam sua ocorrência até esse
limite.

Este trecho da Bacia apresenta, a leste, a Serra do Lajeado, que atinge até cerca de 600m de
altitude, e outras pequenas serras que se desenvolvem aproximadamente no sentido norte-
sul. Pequenas Bacias Hidrográficas formam-se na encosta oeste dessa serra, desaguando no
Tocantins (ribeirões Água Fria, Taquaruçu e São João). A peculiaridade desse trecho está na
distribuição da vegetação em um complexo mosaico a partir da encosta da Serra do Lajeado
para as cotas mais baixas, devido às variações de relevo, associadas a essa rede
hidrográfica.

Estudos florísticos e fitossociológicos foram realizados em cerrados no Parque Estadual da


Serra do Lajeado por Santos (s/d) e evidenciam diferentes fisionomias savânicas, desde
expressões campestres até florestadas (cerradões), florestas ripárias, florestas estacionais
semideciduais e deciduais, zonas ecotonais e veredas. Entre as endêmicas do domínio do
cerrado, estão (Acosmium subelegans) e (Parkia platycephala), além das espécies protegidas
– pequi (Caryocar brasiliense) e ipê-roxo (Tabebuia impetiginosa) (Seplan – TO, 2000).

No restante dessa sub-bacia permanece a paisagem tipicamente de cerrado com suas


distintas fisionomias, entremeada por formações florestais ripárias, acompanhando as linhas
de drenagem, ou por manchas de florestas estacionais, de ocorrência disjunta. Os cerrados
ocorrem na região em fisionomias mais ou menos abertas, resultado das condições de solo,
concrecionário ou não, e da ingerência antrópica.

Mais a leste, na região conhecida como Jalapão, o relevo de colinas, a presença de solos
arenosos e de dunas propicia uma paisagem peculiar, onde se alternam extensos areais,
cerrados abertos, áreas úmidas e buritizais, nascentes e lagoas, formando um complexo
mosaico de grande beleza cênica. Áreas representativas dessa paisagem encontram-se
protegidas por Unidades de Conservação, conforme apresentado no item 2.2.6.1 Unidades
de Conservação.

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 Sub-bacia 23

A sub-bacia 23, que abarca os tributários do médio curso do rio Tocantins, no seu trecho
inferior, caracteriza-se, em grande parte, pelo predomínio de formações de cerrado, ainda
pouco alterados na margem direita, onde fisionomias densas são freqüentes, associadas ao
relevo movimentado.

Já as formações de cerrados na margem esquerda, notadamente a leste da BR-153, Rodovia


Belém-Brasília, apresentam-se fragmentadas e descaracterizadas devido à sua utilização
como áreas de pastoreio extensivo e ao uso contínuo do fogo para regeneração das
pastagens.

Essa sub-bacia caracteriza-se também pela transição do bioma Cerrado para o bioma
Amazônia, situado a norte, e que determina a identidade ecológica do baixo curso do rio
Tocantins, correspondente à sub-bacia 29.

Aproximadamente na altura dos municípios de Carolina e Estreito, o relevo caracteriza-se


pela presença de serras mesetiformes e morros isolados, recobertos por cerrados densos e
florestas estacionais. Conhecida como região das Mesas de Carolina e Estreito, pode ser
considerado, grosso modo, o limite de transição entre o bioma Cerrado e as formações
amazônicas que se desenvolvem ao norte. Caracterizado pela presença desses morros
residuais, este trecho da Bacia Hidrográfica do rio Tocantins apresenta elevado interesse
conservacionista.

Estudos florísticos preliminares realizados nessas formações, no município de Carolina,


estado do Maranhão, indicam 79 espécies observadas em um mosaico de fitofisionomias
compostas por campos cerrados, cerrados e cerradões, que caracterizam os interflúvuos,
encostas e sopés, florestas estacionais com acentuada deciduidade, freqüentemente
associadas aos topos, campos úmidos, veredas e florestas ripárias associadas a áreas
deprimidas, nascentes e cursos d´água (ALBINO, 2005).

De acordo com o referido autor, há dificuldade em tipificar a vegetação devido ao caráter


transicional dessa região, constituída por um complexo vegetacional caracterizado pela
confluência entre as floras amazônica, de cerrados e, inclusive, da caatinga nordestina.

Ressalta-se esse aspecto devido à importância das áreas de transição, que podem comportar
elementos de diferentes biomas, e à importância de se compreender a forma de organização
da paisagem e o tipo de contato entre as formações ocorrentes.

Grandes extensões de babaçuais, presentes na região de Babaçulândia e Filadélfia, no


estado do Tocantins, e Carolina, no Maranhão, indicam o caráter de transição desse setor da
Bacia.

De forma semelhante, a ocorrência de manchas florestais onde se mesclam elementos


estacionais e ombrófilos, torna-se mais evidente, tendo sua maior expressão nas florestas do
córrego Água Fria, na margem esquerda, nas proximidades de Guaraí e Presidente Kennedy.
Nesse trecho da Bacia, a presença de diabásio no substrato geológico favorece o
desenvolvimento dessas formações. Apresentando extensão significativa, essa mancha de
florestas encontra-se sob pressão antrópica e com sinais evidentes de passagem de fogo
(foto 8).

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Foto 8 – Vista do interior da mancha de floresta ocorrente nas proximidades de Guaraí.

O caráter transicional evidencia-se mais fortemente em direção norte, nas proximidades de


Itaguatins, até a região do denominado “Bico do Papagaio”.

A faixa de transição entre os dois biomas, cujas características são contrastantes, é do tipo
mosaico, com manchas de cerrado e de florestas que se alternam, sendo que a floresta
passa progressivamente a ocupar os interflúvios. O babaçual surge como uma formação
bastante homogênea, composta principalmente pela palmeira (Orbignya speciosa), após o
desmatamento e queima da floresta. Lagoas e brejos presentes na área contribuem para uma
maior heterogeneidade da paisagem. Assim, a peculiaridade da paisagem refere-se ao
mosaico de distintas formas de vegetação florestal e de cerrados em situações ecotonais,
bem como formações de transição, como é o caso dos babaçuais, propiciando grande
heterogenidade ambiental (THEMAG/ELETRONORTE, 1989).

Os últimos cerrados setentrionais mais preservados encontram-se na margem esquerda do


rio Tocantins, em grande parte situados no interior da Terra Indígena (TI) Apinajé.
Considerada Área de Prioridade Extremamente Alta para Conservação da Biodiversidade,
esse trecho poderá assegurar a preservação de um segmento da paisagem transicional em
situações ecotonais, se medidas de proteção forem efetivamente tomadas.

Dados de região onde está prevista a implantação da UHE Serra Quebrada indicam 217
espécies, registro obtido no levantamento florístico, realizado no âmbito dos estudos
ambientais deste empreendimento. Já as amostragens fitossociológicas indicam a ocorrência
de espécies características de vegetação secundária principalmente. Note-se que, das
espécies anotadas, açaí (Euterpe oleracea), sumaúma (Ceiba pentandra), munguba (Pachira
aquática), sombreiro (Clitoria fairchildiana), jeniparana, entre outras, são tipicamente
amazônicas, denotando a forte influência da flora desse bioma nas florestas ripárias do rio
Tocantins (ELETRONORTE/ENGEVIX/THEMAG, 2001), bem mais evidente do que o
observado em direção sul.

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De acordo com o estudo, espécies que compõem as comunidades com babaçu, seja ele
dominante ou não, são oriundas tanto das florestas ombrófilas amazônicas, que sobem o vale
a partir do rio Amazonas, quanto das florestas estacionais do Brasil Central, que descem dos
platôs em direção ao vale do Tocantins. Predominam, porém, as primeiras.

Todo o extremo norte do Estado do Tocantins e o oeste do Estado do Maranhão estão


situados nessa região fitogeográfica complexa, onde se misturam formações florestais
distintas (floresta ombrófila, floresta estacional, savana ou cerrado, além da caatinga),
característica da transição.

 Baixo Curso do Rio Tocantins – Sub-bacia 29


 Sub-bacia 29

O baixo curso do rio Tocantins encontra-se no bioma Amazônia, para o qual são definidas 22
ecorregiões. Destas, duas são representadas nesse trecho da Bacia: o interflúvio do
Tocantins-Araguaia-Maranhão, que caracteriza a margem direita do Tocantins e o interflúvio
do Xingu-Tocantins, na margem oposta (CAPOBIANCO et al, 2001).

Os afluentes da margem esquerda do rio Tocantins nesse trecho drenam uma área
originalmente revestida por florestas ombrófilas, atualmente reduzidas a fragmentos de
pequenas extensões, dispersos em meio a áreas de pastagens.

O processo de ocupação antrópica, relacionado com a mineração, e associado à rodovia


Transamazônica e à implantação do reservatório de Tucuruí, ocorreu de maneira mais
intensa até a década de 1990, embora vetores de desflorestamento sejam ainda observados
(conforme figura anexa).

Em remanescentes destas florestas, presentes na região de Tucuruí, amostragens florísticas


apontam a predominância de vegetação fragmentada e secundária. As fitofisionomias
apresentam-se entremeadas por manchas e clareiras associadas a antropismos.

Em que pese o processo de antropização, observou-se alta diversidade de espécies e baixa


dominância, sendo que as amostragens realizadas em remanescentes permitiram identificar
372 espécies distribuídas em 53 famílias botânicas. Muitas das espécies identificadas in loco
certamente são importantes para a população local como fontes de alimento, madeira,
energia e matéria-prima para diferentes fins como fibra, medicamentos, látex, resina e outros
usos (ELETRONORTE/ENGEVIX/THEMAG, 2001).

Os estudos demonstram também a presença de elevado número de espécies de floresta


ombrófila clímax, destacando-se Ceiba pentandra, Copaifera duckey, Caryocar glabrum,
Bertholletia excelsa, Vouacapoua americana e Manilkara huberi. Outro ponto de grande
relevância foi o registro freqüente de cupuaçu (Theobroma grandiflorum).

As formações florestais mais expressivas são observadas no extremo norte, já nas


proximidades da foz do rio Tocantins e correspondem à feição aberta da floresta ombrófila.
Esta fisionomia foi considerada, durante anos, como um tipo de transição entre a Floresta
Amazônica e as áreas extra-amazônicas.

Cita-se, ainda, extensa área protegida da Serra dos Carajás, com alto endemismo de flora
herbácea (MMA/SBF 2002), asssociada aos alforamentos rochosos dos topos.
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2.2.3.2. Florística e estrutura da vegetação da Bacia Hidrográfica

A análise dos dados de flora obtidos a partir das informações dos EIAs e do ZEE permitiram
compilar 1.166 espécies botânicas. As localidades com maior número de registros foram
Serra da Mesa (SM) e Lajeado (LA), nos municípios de Palmas e Porto Nacional, seguida de
Ipueiras (IP) e Peixe (PE), sendo que a localidade do Bico do Papagaio (PA) apresentou o
menor número de registros, totalizando 95 espécies.

Ressalte-se que esses números podem estar superestimados, uma vez que muitas das
identificações são realizadas in loco ou com material vegetativo. Além disso, não foram
realizadas comparações entre essas espécies, nem sempre representadas por meio de
material testemunho em coleções oficiais.

Não obstante esses limites da análise, foi elaborada a análise de cluster, cujo resultado é
apresentado na figura a seguir.

Ilustração 22 - Dendrograma de similaridade Jaccard, utilizando algoritmo UPGMA para


composição de espécies de flora da Bacia Hidrográfica do rio Tocantins. SM: Serra da
Mesa; SS: São Salvador; PX: Peixe, MI: Mirador; IP: Ipueiras; LA: Lajeado (municípios
de Palmas e Porto Nacional); BP: região do Bico do Papagaio; SQ: Serra Quebrada

SQ
UPGMA

BP
LA
PX
MI
IP
SS
SM
0,04 0,2 0,36 0,52 0,68 0,84 1

Jaccard's Coefficient

Elaboração: Consórcio CNEC – ARCADIS Tetraplan

A resposta da análise onde se verifica baixa similaridade entre as diversas localidades, pode
resultar em parte de variações locais, uma vez que diferentes ambientes foram amostrados
nos vários estudos, com diferentes representatividades. Devem-se considerar, ainda, as
variações existentes ao longo de gradientes de clima, de latitude e de distância, que se
refletem nos conjuntos florísticos, mesmo quando se trata de formações similares.

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Da mesma forma que se constata para as florestas, também nos cerrados as variações ao
longo de sua área de ocorrência determinam derivações de composição que respondem por
graduais heterogeneidades e dissimilaridades, embora suas fisionomias aparentem
homogeneidade. O mesmo conceito de continuum, adotado para formações florestais, pode
ser utilizado para as formações de cerrado.

Apesar da baixa similaridade entre os agrupamentos, o dendrograma permite observar a


ocorrência de um gradiente, com maior proximidade entre o conjunto florístico de Lajeado
(LA) e de Peixe (PX) parte das sub-bacias 22 e 21, respectivamente, o que pode estar
vinculado à presença de espécies de ambientes paludosos, amostrados em ambas as
localidades. Também as localidades situadas mais ao sul têm alguma proximidade. Já as
espécies da região norte, correspondente ao Bico do Papagaio (PB) e Serra Quebrada (SQ)
(sub-bacia 23), apresentam forte dissimilaridade com as demais áreas, o que certamente está
relacionado com a influência da flora amazônica que caracteriza a região norte.

Note-se ainda que a região de Serra da Mesa, intensamente estudada em função dos
programas ambientais associados à implantação da UHE Serra da Mesa, diferencia-se das
demais áreas situadas ao sul. Este fato pode estar vinculado ao esforço amostral, muito
maior nessa localidade que nas demais.

2.2.3.3. Espécies de Interesse Econômico e Conservacionista

Muitas das espécies botânicas presentes nas formações de cerrado e nas florestais têm
importância econômica e são utilizadas pelas populações locais, seja para produção
madeireira, de alimentos ou de produtos medicinais. Um total de 112 espécies, dentre as
relacionadas para a Bacia do Rio Tocantins, apresenta algum interesse econômico.

Prevalecem frutíferas, totalizando 36 espécies, citando-se pequi (Caryocar brasiliense), caju


(Anacardium spp.), maracujá (Passiflora spp.), açaí (Euterpe oleracea), bacaba (Oenocarpus
spp.), entre outras. Também é significativo o uso para extração de madeira, tendo-se
identificado 26 espécies, entre elas perobas (Aspidosperma spp.), landim (Calophyllum
brasiliense), ipês (Tabebuia spp.). Como medicinais, têm-se 15 espécies, citando-se
barbatimão (Striphodendron spp.), caroba (Jacaranda spp.), etc. A relação destas espécies é
apresentada no Anexo VIII.

Espécies presentes na listas oficial de flora brasileira ameaçada de extinção encontram-se


presentes, quais sejam, aroeira (Myracrodruon urundeuva), de ampla distribuição na região
do cerrado e observada em várias localidades da Bacia do Rio Tocantins (Serra da Mesa e
São Salvador, situadas na sub-bacia 20; Peixe Angical, na sub-bacia 21; Ipueiras, região da
serra do Lajeado e Bico do Papagaio, situados na sub-bacia 23), castanheira (Bertholletia
excelsa), espécie amazônica e observada na sub-Bacia 29 apenas, e Dorstenia cayapia,
herbácea registrada na região de Serra da Mesa e na região de Ipueiras, respectivamente
sub-bacias 20 e 21.

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2.2.4. Fauna de Vertebrados

2.2.4.1. Aspectos Zoogeográficos

Do ponto de vista zoológico, a fauna presente no trecho caracterizado por cerrados da Bacia
Hidrográfica faz parte do conjunto faunístico ocorrente na faixa diagonal de formações
abertas que se estende das Caatingas, a nordeste, até o Chaco, a sudoeste (VANZOLINI,
1963 In: Themag, 1998).

O setor norte da Bacia, correspondente ao baixo curso do rio Tocantins, distingue-se do


restante por se inserir no bioma Amazônia, compreendendo tipologias florestais, às quais
correspondem conjuntos faunísticos específicos.

O cerrado recebe influência desse conjunto faunístico amazônico que se dispersa a sul pelas
florestas ripárias, que se interiorizam no bioma Cerrado. Observa-se também que a fauna
fluvial compreende elementos amazônicos, presentes ao longo dos grandes rios, podendo-se
citar o boto (Inia geoffrensis), o tracajá (Podocnemis unifilis), a tartaruga (Podocnemis
expansa), além dos crocodilos.

Na escala regional, a racional ecológica é a oposição entre ambientes florestados (sombrios)


e abertos (expostos ao sol) (THEMAG, 1998). Considere-se ainda a presença de varjões e
áreas úmidas, elementos estruturais da paisagem dos cerrados nucleares. Embora com
diferentes dimensões, esses ambientes têm equivalente importância ecológica, pois
comportam uma fauna específica.

De um modo geral, o Cerrado compartilha a fauna de vertebrados de outros biomas. Todavia,


existem diversos endemismos entre pequenos roedores, répteis e pássaros, pelo menos no
nível de espécies.

No que se refere à distribuição das aves, o cerrado é considerado por CRACRAFT (1985)
como um centro de endemismo, enquanto para STOTZ et al. (1996) trata-se de uma Sub-
Região Zoogeográfica que, ao lado da Caatinga e do Chaco, forma a região Zoogeográfica
denominada de “Centro da América do Sul” (Central South America).

No que se refere à biogeografia de lagartos, estudos recentes têm evidenciado que a riqueza
e o endemismo desse grupo de répteis do Cerrado concentram-se nos ambientes abertos,
sendo a fauna destes hábitats a que melhor caracteriza as comunidades de lagartos do
Cerrado (NOGUEIRA, 2006). De acordo com o autor, os padrões de distribuição dessa fauna
determinam diferentes sub-regiões faunísticas, dentre elas, o interflúvio central e do
Tocantins/Araguaia e o Vale do Paranã e Bacia do Parnaíba, que fazem parte da Bacia
Hidrográfica do Tocantins.

A fauna de lagartos do cerrado distribui-se de acordo com o mosaico de ambientes


disponíveis, com pouca sobreposição faunística entre habitats abertos e florestais, que
podem funcionar como barreiras mútuas para esses animais. Interpretações recentes (COLLI
et al. 2002) apontam a estratificação horizontal e a distribuição em mosaico dos habitats
como importantes fatores de estruturação das ricas, complexas e características
comunidades de lagartos do Cerrado (NOGUEIRA, 2006.).

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Também a fauna de mamíferos tem elementos endêmicos relacionados com ambientes


abertos e a diversidade de ambientes responde pela diversidade de espécies, devido à
seletividade de habitats. Diferencia-se, assim, uma fauna de formações florestais, com forte
relação com os biomas florestados (Amazônia e Atlântico), a partir dos quais as espécies se
dispersam pelas florestas ripárias, e de formações abertas, em parte compartilhada com a
Caatinga e o Chaco, conforme citado inicialmente. Também os ambientes úmidos respondem
por uma fauna diferenciada, evidenciando a importância dessa formação para a manutenção
da diversidade (CARMIGNOTO, 2004).

Assim como para a herpetofauna, também neste grupo são reconhecidas diferentes regiões
faunísticas. A Bacia do Rio Tocantins integra várias delas: (i) central, abrangendo Goiás e o
Distrito Federal; (ii) nordeste, que abrange o leste de Goiás, Tocantins, norte de Minas Geais
e Oeste da Bahia e sul do Piauí e; (iii) norte, abrangendo Maranhão, Tocantins, norte de
Goiás e leste de Mato Grosso (CARMIGNOTO, 2004).

2.2.5. A fauna de Vertebrados Terrestres da Bacia Hidrográfica do Tocantins


Relacionada principalmente com o bioma Cerrado e, subordinadamente com o Amazônico, a
fauna de vertebrados deste espaço de análise foi objeto de estudos em diversas localidades.
Apresenta-se, a seguir, os aspectos considerados mais relevantes desse conjunto faunístico,
segmentando-se a área por compartimento (alto, médio e baixo curso do rio Tocantins) e,
dentro destes, por sub-bacia.
 Alto Curso do Rio Tocantins – Sub-bacias 20 e 21
 Sub-bacia 20

Uma série de estudos foi realizada na região de Brasília, situada fora do limite sul da Bacia
Hidrográfica, a exemplo do verificado para a vegetação. BORCHERT & HANSEN (1983)
desenvolveram estudos no Parque Nacional de Brasília com objetivo de avaliar o efeito do
fogo e de inundações em populações de roedores. O padrão de distribuição de pequenos
mamíferos em diferentes habitats de Cerrado na Fazenda Água Limpa foi analisado por
ALHO (1981). Também em 1983, PAULA desenvolveu estudos sobre relações espaciais de
pequenos mamíferos em Floresta-galeria no Parque Nacional de Brasília, FONSECA;
REDFORD (1985) analisaram a relação da Floresta-galeria e a diversidade de mamíferos e
FONSECA; REDFORD (1986) identificaram cerca de 60 espécies de roedores e marsupiais,
o que aponta a diversidade potencial de mamíferos desse bioma, resultado em grande parte
da diversidade de ambientes.

Salienta-se o estudo de pequenos mamíferos, realizado por MENDONÇA (2003) em um


fragmento de Cerradão, no qual se observou riqueza decrescente em direção ao centro do
fragmento de Cerradão, resultante da elevada densidade de um marsupial (Gracilinanus
agilis) neste último. Já no Cerrado, as densidades populacionais mostraram-se mais
eqüitativas, sugerindo que em pequenos fragmentos há maior possibilidade de uma única
espécie tornar-se dominante, fenômeno que tende a reduzir a diversidade das comunidades
biológicas.

Em relação à avifauna, cita-se a lista elaborada por NEGRET et al (1984), onde 420 espécies
estão assinaladas, demonstrando a grande diversidade deste grupo no bioma do Cerrado.
Embora relativamente antiga, esta lista pode ser considerada bastante completa. É suficiente
também para visualizar o quadro ornitológico da região, bem como identificar várias espécies

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ameaçadas de extinção: codorna-mineira (Nothura minor) e inhambu-carapé (Taoniscus


nanus), entre os tinamídeos, o ardeídeo socó-boi (Tigrissoma fasciatum), o acipitrídeo águia-
cinzenta (Hapyhaliaetus coronatus), o furnarídeo bata-bunda (Geobates poecilopterus), bem
como os tiranídeos galito (Alectrutus tricolor) e papa-mosca (Culicivora caudacuta).

Afora esses estudos, relacionados, de modo geral, com as Unidades de Conservação (UCs)
situadas no Distrito Federal, importantes registros de fauna foram realizados por ocasião dos
estudos ambientais para licenciamento, conforme se verifica no Banco de Dados do Estado
de Goiás (SIEG, 2006) para as sub-bacias 20 e 21. Cita-se, principalmente, a área de
influência da UHE Serra da Mesa. Um total de 492 espécies foi assinalado, dentre as quais
313 aves, 104 mamíferos, 99 répteis e 43 anfíbios.

Os resultados da operação de resgate da UHE Serra da Mesa apontam 82.943 espécimes de


vertebrados, dos quais, 17,2% anfíbios; 60,4% répteis, destacando-se representantes de
serpentes, notadamente colubrídeos; 0,3% aves, representadas principalmente por
Tinamiformes, e 7,9% mamíferos. Destes últimos, é relevante o número elevado de primatas,
notadamente bugio (Alouatta caraya) e marsupiais, relacionados com as florestas ripárias
originais, bem como de dasipodídeos (tatus), quando o alagamento atingia terras planas
(NATURAE, 1999). Assim, ainda que resultados de resgate de animais por ocasião do
enchimento de um reservatório permitam a obtenção de dados parciais da fauna presente na
área afetada, fornecem importantes informações acerca da composição e das densidades de
muitos grupos animais.

Além dos levantamentos de espécies, a formação do reservatório da UHE Serra da Mesa


permitiu o acompanhamento de comunidades de pequenos mamíferos terrestres durante a
formação do lago. Estes estudos apontaram redução da população desses animais,
decorrente do alagamento, com a maioria dos indivíduos mantendo fidelidade aos habitats
ocupados, mesmo com a iminência da inundação (CARMIGNOTTO, 1999).

Outros resultados de monitoramentos de vertebrados terrestres apontaram alterações


importantes na composição de espécies em ilhas formadas com o alagamento do vale pelas
águas do reservatório de Serra da Mesa. Cada grupo animal produziu respostas diferentes
em qualidade e intensidade. Ocorreram extinções locais de répteis, alterações na composição
de aves, com redução daquelas associadas a ambientes florestais e acréscimo daquelas
relacionadas com ambientes aquáticos. A presença significativa de aves de rapina, bem
como de predadores nos sítios de soltura, permite supor a ocorrência de forte predação
nesses locais. Dados de acompanhamento de tamanduás apontaram o estabelecimento dos
indivíduos nas áreas de soltura, enquanto que felídeos apresentaram deslocamento contínuo
e rápido, indicando dispersão por extensas áreas no entorno do empreendimento (JADER-
FILHO et al, 2000).

Mais a norte, na Chapada dos Veadeiros, algumas espécies endêmicas estão presentes
(Odontophrynus salvatori e Leptodactylus tapeti.), o que determina a prioridade desse trecho
paraa conservação (MMA/SBF 2002).

Outros estudos nessa sub-bacia referem-se à localidade de São Salvador, onde 293 espécies
foram observadas, sendo 14 répteis, 7 anfíbios, 195 representantes de aves e 23 de
mamíferos.

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No que se refere a aves, os estudos apontam uma fauna essencialmente relacionada às


áreas abertas, coerentemente com as fisionomias abertas de cerrado observadas.
Caracterizam esses cerrados abertos espécies como a seriema (Cariama cristata), a curicaca
(Theristicus caudatus), o gavião-caboclo (Heterospizias meridionalis), o periquito (Brotogeris
versicolorus), o pica-pau-do-campo (Colaptes campestris), o sabiá-do-campo (Mimus
saturninus), a gralha-do-cerrado (Cyanocorax crystatellus), entre outros
(REDE/EDP/FURNAS/ENGEVIX, 2001).

Nos cerrados com um componente arbóreo mais acentuado, estabelece-se uma estruturação
e estratificação relativamente pronunciada, o que faz com que esses difiram dos campos
cerrados. Nessas áreas aparece, então, uma justaposição das espécies descritas acima com
outras que somente são capazes de habitar áreas de vegetação mais densa. Os jacupembas
(Penelope superciliaris) e os mutuns (Crax fasciolata), que embora escassos localmente,
ocupam alguns remanescentes de cerradão em região (REDE/EDP/FURNAS/ENGEVIX,
2001).

Ressalte-se que a avifauna pode ser considerada boa indicadora de qualidade de habitats,
uma vez que diferentes comunidades de aves ocupam distintas formações, refletindo os tipos
de ambientes e o nível de antropização. Nessa região, de acordo com o estudo, espécies
tipicamente florestais não foram observadas, o que pode ser creditado em parte ao processo
de ocupação e, em parte, às características das formações ripárias desse trecho, onde
prevalecem florestas decíduas e estreitas, restritas às margens dos cursos d´água, conforme
descrito anteriormente, no item referente à vegetação.

Pode-se inferir que prevalecem espécies características de ambientes abertos na maior parte
desta sub-bacia, com representantes florestais restritos às formações ripárias.
 Sub-bacia 21

A fauna de vertebrados do trecho compreendido pela sub-bacia 21 foi analisada em estudos


nas localidades de Paranã e Peixe, no âmbito dos estudos para o aproveitamento de Peixe
Angical. (THEMAG/CELTINS/EDP/FURNAS/ENGEVIX, 2000).

As amostragens permitiram identificar 295 espécies, das quais 32 anfíbios, 39 répteis, 186
aves e 38 mamíferos. A relativamente elevada riqueza de espécies de anfíbios pode ser
explicada pela grande heterogeneidade de habitats observados na área, colocados lado a
lado (mata ciliar, mata paludosa, cerrado, campos úmidos, buritizais, lagoas perenes, lagoas
de inundação, etc), notadamente nas proximidades do rio das Almas. Nos buritizais e
banhados ali presentes, foi observada a maior concentração de anfíbios da área estudada,
com representantes de seis espécies de anuros.

Cabe ressaltar a anotação de Elachistocleis piauiensis, espécie registrada, até então,


somente para a localidade tipo, em área de caatinga no Estado do Piauí. Da mesma forma, o
registro de Pleurodema diplolistris no cerrado, espécie amplamente distribuída nas caatingas,
reforça a idéia de que existem relações biogeográficas entre essa área de cerrado e o bioma
Caatinga.

Outro fato relevante é o reduzido número de espécies exclusivamente florestais (Barycholos


savagei, por exemplo, ocorreu apenas em locais úmidos nos leitos de riachos secos nas
matas de galeria em Paranã e às margens do rio das Almas em Peixe). Cita-se ainda
Osteocephalus taurinus e Scinax. gr. rostratus, elementos tipicamente amazônicos.
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No que se refere às aves, espécies típicas de cerrado foram encontradas (Rhynchotus


rufescens, Cariama cristata, Elaenia cristata), embora os cerrados da região encontrem-se
bastante alterados. Espécies predominantemente amazônicas também podem ser
mencionadas, como Hypocnemoides maculicauda, espécie da família Formicariidae, e
Melanerpes cruentatus, da família Picidae.

Por outro lado, as florestas paludosas, ainda pouco expressivas em relação às localidades
mais ao norte, têm grande importância devido à presença de buritizais, essenciais para
algumas espécies de psitacídeos como Amazona aestiva, A. amazonica e Orthopsittaca
manilata. Banhados e lagoas também comportam algumas espécies especifica de aves,
ressaltando-se o registro de garça-azul (Egretta caerulea)
(THEMAG/CELTINS/EDP/FURNAS/ENGEVIX, 2000).

Com relação aos mamíferos, foram anotadas espécies que habitam apenas ambientes
florestais, como, por exemplo, Marmosa murina, O. megacephalus e Proechimys sp, e
espécies que habitam preferencialmente áreas de vegetação aberta, como Monodelphis
domestica, Calomys sp., Oryzomys gr. subflvaus, Oxymycterus sp. e Thrichomys apereoides.

Entre as formações de áreas abertas, o campo úmido é um habitat que difere muito em
relação à composição de espécies. Portanto, para os pequenos mamíferos, tanto as áreas
florestais quanto as áreas abertas e as áreas úmidas são extremamente importantes, pois
apresentam comunidades totalmente diferentes.

Em síntese, os levantamentos permitiram identificar uma fauna característica de regiões de


cerrado. A presença de espécies relacionadas com ambientes áridos sugere, contudo, a
existência de relação biogeográfica desta região de Cerrado com a Caatinga. A presença de
espécies do domínio amazônico, por outro lado, verificado para répteis e aves, aponta a
importância das formações ripárias para a dispersão da fauna.

Espécies consideradas pela legislação brasileira como ameaçadas de extinção estão


presentes, citando-se a arara-azul-grande ou arara-preta (Anodorhynchus hyacinthinus).

Os resultados apontam ainda a importância do conjunto de ambientes ocorrentes na região,


quais sejam, cerrado, formações florestais e paludosas e áreas úmidas, tanto nas
proximidades do rio Tocantins como nas serras situadas nas proximidades, para a
manutenção da diversidade de fauna observada.

Diante desses resultados, pode-se inferir a predominância provável de espécies de


ambientes abertos nos cerrados situados no extremo leste da Bacia, onde prevalecem
cerrados abertos sobre solos arenosos. A presença de buritizais e de encostas íngremes no
limite com o Estado da Bahia favorece a presença de psitacídeos, notadamente a arara-azul-
grande. Outras formações associadas a esses cerrados, como os campos úmidos presentes
nas cabeceiras e altos cursos dos rios, podem abrigar espécies animais paludícolas, das
quais se destacam anfíbios. É também nestes ambientes que ocorre o cervo-do-pantanal
(Blastocerus dichotomus), cuja área de distribuição estende-se até o oeste da Bahia
(FONSECA et al, 1994).

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 Médio Curso do Rio Tocantins sub-bacias 22 e 23


 Sub-bacia 22

Estudos conduzidos no trecho entre o município de Peixe e Ipueiras identificaram 319


espécies, das quais 24 anfíbios, 12 répteis, 213 aves e 70 mamíferos (o que inclui
informações sobre espécies de ocorrência provável) (THEMAG, 2003).

À semelhança dos estudos anteriores, destacam-se exemplares de répteis de ampla


distribuição nos cerrados, bem como representantes amazônicos e da caatinga (Apostolepis
cearensis).

Dentre as espécies de aves registradas, destacam-se alguns visitantes setentrionais,


provenientes da América do Norte, como os escolopacídeos maçaricos (Tringa solitaria e
Actitis macularia), além de águia-pescadora (Pandion halieatus).

O estudo aponta, ainda, a ocorrência de espécies especialistas dependentes e/ou


semidependentes dos ambientes florestais, potencialmente mais vulneráveis e, em sua
maioria, mais raras, que respondem de forma drástica às modificações ambientais. Foram
citadas espécies como Daptrius americanus, Penelope ochrogaster, Aramides cajanea,
Pteroglossus castanotis e Anodorhynchus hyacinthinus. De ampla distribuição, essas
espécies estão presentes ao longo da Bacia Hidrográfica, sempre relacionadas com os
ambientes florestais ou com o mosaico de ambientes abertos e fechados que caracteriza, por
exemplo, as vertentes das várias serras da região.

A ocorrência de espécies de grande porte e cuja presença relaciona-se com um mosaico de


formações relativamente bem conservadas, caso da arara-azul-grande (Anodorhynchus
hyacinthinus), acima citada, e do urubu-rei (Sarcoramphus papa) indica ainda que, embora
com elevado nível de antropização, notadamente nos interflúvios, a região ainda comporta
espécies mais sensitivas.

Do conjunto, destacam-se espécies que merecem consideração especial. Uma delas refere-
se ao cervo do pantanal (Blastocerus dichotomus), que ainda ocorre em número reduzido na
região, associado às lagoas de interflúvio presentes nas proximidades do rio Santa Tereza e
Manuel Alves da Natividade.

Destaca-se, ainda, o registro de jacaré-açu (Melanosuchus niger), em lagoa marginal do rio


Tocantins, bem como o relato incidental da presença de um macaco do gênero Cebus,
provavelmente Cebus albifrons. Além desta espécie, os demais primatas ocorrentes na
região, macaco-prego, guariba e souim (Cebus apella e Alouatta caraya, Callithrix penicillata),
dependentes do ambiente florestal, podem apresentar populações relativamente grandes.

A localidade mais bem amostrada nessa sub-bacia, contudo, refere-se à área de influência da
UHE Luis Eduardo Magalhães (UHE Lajeado) e da Serra do Lajeado, protegida parcialmente
por Unidades de Conservação, e que tem sido objeto de estudos, assim como o entorno do
reservatório do referido empreendimento hidrelétrico.

Além das informações procedentes da área alagada pelo reservatório da UHE Luis Eduardo
Magalhães, uma série de estudos foi realizada no entorno ou por ocasião dos
monitoramentos previstos para esse empreendimento. BRITO et al (2001) realizaram
levantamento de mamíferos terrestres de médio e grande portes dessa região, tendo

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identificado 38 espécies, dentre as quais se destacam onças (Panthera onca; Puma


concolor), o gato-palheiro (Oncifelis colocolo), o cervo-do-pantanal (Blastocerus dichotomus)
e o tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla), o que denota que, em que pese o
processo de antropização observado nessa região, o mosaico de formações vegetais ainda
comporta uma fauna importante de mamíferos de grande porte. Esta constatação pode ser
estendida a toda a região ao sul da Bacia Hidrográfica, onde prevalecem esses mosaicos de
ambientes contínuos ou com conectividade.

Pequenos mamíferos não voadores foram estudados por PASSAMANI (2001), tendo-se
verificado maior abundância e riqueza de espécies em ambientes florestais. Mais
recentemente, os resultados de coletas sistemáticas ampliaram a lista para 29 espécies
PASSAMANI (2202/2004). MACIEL (2001), por sua vez, investigou as espécies de primatas
dessa região, confirmando a ocorrência das espécies identificadas nos estudos anteriores.

BRANDÃO e PÉRES Jr. (2001) realizou levantamento da herpetofauna, tendo obtido o


registro de 122 espécies, sendo 40 anfíbios, 20 lagartos, seis anfisbenídeos, 51 serpentes, 5
quelônios (Phrynops gibbus, Ph. geoffroanus, Podocnemis unifilis, P. expansa, Geochelone
carbonaria) e um crocodiliano (Caiman crocodilus). Destaca-se a ocorrência de espécies
endêmicas, novas e de grande número de espécies fossoriais.

Mais recentemente PAVAN;DIXO (2002/2004) realizaram levantamento da herpetofauna na


área de influência da UHE Luis Eduardo Magalhães, com base nos resultados do resgate e
de coletas sistemáticas de monitoramento, ampliando a lista de espécies para 164 répteis e
anfíbios. Incluem-se espécies de distribuição amazônica, além de várias outras restritas aos
ambientes abertos da Depressão do Tocantins.

Também na serra do Lajeado foram desenvolvidas pesquisas, com o intuito de inventariar as


espécies de aves ali presentes (BAGNO;ABREU, 2001), tendo-se evidenciado 347 espécies,
das quais 79,6% florestais, com forte influência amazônica. Posteriormente a lista foi
ampliada para 378 espécies (PINHEIRO, 2002/2004).

Estes estudos atestam a grande riqueza de espécies animais existentes na Depressão do


Tocantins, a importância do mosaico de ambientes para diversidade biológica e o papel que
as florestas ripárias desempenham na dispersão da fauna amazônica nos cerrados.

 Sub-bacia 23

A fauna presente nos ambientes de cerrado e formações associadas, situados mais ao norte,
na sub-bacia 23, já sob forte influência da faixa que marca o contato com o bioma Amazônia,
foi avaliada de forma expedita por meio de amostragem de aves, na região das Mesas de
Carolina e Estreito (TUBELLIS, 2005). Um total de 155 espécies foi anotado em seis dias de
observações. Destas, oito são endêmicas do bioma Cerrado. Uma delas, chororozinho
(Herpsilochmus longirostris), é associada a ambientes florestais, sendo as demais de
ambientes campestres ou savânicos.

Espécies ameaçadas, totalizando quatro representantes, também foram registradas (ferreiro


– Procnias averano; papagaio-curau – Amazônia xanthops; mineirinho – Cvharritospiza
eucosma; ema – Rhea americana). Menciona-se novamente o registro, por meio de
entrevistas, de arara-azul-grande, que nidifica em paredões das serras (TUBELLIS, 2005).

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Entre os mamíferos citados para essa região, encontram-se o veado-campeiro (Ozotoceros


bezoarticus) e o tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla). Já nas áreas de matas,
ocorrem espécies partilhadas com a Floresta Amazônica, como o macaco-da-noite (Aotus
sp.), o mico-de-cheiro (Saimiri scirius) e o tamanduaí (Cyclops didactyla). Também ocorrem
na fauna regional espécies partilhadas com a Caatinga. Tal fenômeno se caracteriza pela
localização do Estado do Maranhão, onde ocorre transição entre os Biomas Cerrado,
Amazônia e Caatinga (IC;Instituto Ecológica; MMA;IBAMA, 2006).

Mais ao norte, onde o contato entre os biomas torna-se mais evidente, estudos realizados
para a avaliação de impactos da UHE Serra Quebrada apontam uma fauna de mamíferos,
aves, répteis e anfíbios relativamente pouco diversificada, em comparação com as
possibilidades esperadas para a região. A causa mais provável por esta baixa diversidade é o
alto grau de antropização observado nas fitofisionomias, mesmo as florestais, nas quais a
retirada seletiva de madeira alterou a estrutura das matas e diminuiu a oferta de
abrigos/alimentos (THEMAG, 2000).

A maioria das espécies encontradas é adaptada aos ambientes abertos; a presença de


elementos amazônicos, como o rato-do-bambu (Dactylomys dactylinus), o lagarto verde
(Kentropyx calcarata), a cobra coral de Spixii (Micrurus spixii spixii) e o jacaré-açu
(Melanosuchus niger) mostram a influência das florestas úmidas, à semelhança do mosaico
existente na vegetação (THEMAG, 2000).

As formações florestais dessa região, ainda que descontínuas, favorecem a existência de


uma maior diversidade de fauna arborícola em relação às localidades mais ao sul. Neste
sentido, são mais abundantes os representantes de grupos como os primatas, marsupiais,
determinadas famílias de aves, anfíbios e ainda serpentes e lagartos.

Dentre os primatas, destacam-se o guariba (Alouatta sp), o macaco-prego (Cebus apella), e o


macaco-da-noite (Aotus sp), identificado na região de Lajeado (Palmas) por ocasião do
resgate. Há ainda indícios de ocorrência de mão-de-ouro (Saimiri sciureus) ou mico mão-de-
ouro (Saguinus midas), de menor porte que o anterior. Segundo EMMONS (1997), o limite sul
de distribuição do Saimiri sciureus mais próximo seria a confluência dos rios Araguaia e
Tocantins. Ainda segundo a autora, o limite de distribuição do Saguinus midas seria a
margem esquerda do rio Tocantins, o que indicaria sua ocorrência nas matas da margem
oeste do rio Tocantins, já na sub-bacia 29.

 Baixo Curso do Rio Tocantins – sub-bacia 29


 Sub-bacia 29

De um modo geral, as análises sobre a fauna estão vinculadas ao suporte vegetal


encontrado, já que a dinâmica sucessional de ocupação do espaço envolve estes dois fatores
bióticos simultaneamente. À medida que a vegetação se estabelece, seguindo determinantes
edafo-climáticos, desenvolve-se junto uma fauna característica de acordo com a estrutura
oferecida pela formação vegetal (THEMAG, 2000).

Assim, a passagem do ambiente campestre ou savânico observado a sul desta sub-bacia,


para os ambientes florestais, implica alterações na composição faunística. Ainda que pareça
senso comum, a ocupação vertical das florestas não é bem conhecida. Neste sentido,
tornam-se relevantes os estudos de PASSAMANI (1994) e VOLTOLINI (1997) que, embora
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realizados em Mata Atlântica, comprovam e exemplificam a preferência de determinadas


espécies de pequenos mamíferos por estratos específicos da mata. Os autores também
chamam a atenção para a possível sub-amostragem de levantamentos que não explorem
corretamente os estratos mais altos da vegetação (THEMAG, 2000.).

Nessa porção amazônica da Bacia do Rio Tocantins, tem-se estudos realizados nas
proximidades de Tucuruí. Baseado em levantamento bibliográfico e amostragens de campo,
foi apontada a ocorrência comprovada ou provável de 69 espécies de anfíbios na área de
influência da UHE Tucuruí. São 67 anuros, uma salamandra e uma cecília. As famílias mais
diversas são Hylidae (33 espécies) e Leptodactylidae (17). Quanto aos répteis, 150 espécies
podem estar presentes na região, sendo 3 crocodilianos, 9 quelônios, 4 anfisbenas, 41
lagartos e 93 serpentes (ELETRONORTE/ENGEVIX/THEMAG, 2001).

A lista de aves de provável ocorrência nessa área abrange 401 espécies, distribuídas em 61
famílias. Destaca-se a ocorrência de alguns táxons distintos em ambas as margens do rio
Tocantins, característica do bioma Amazônia, onde os grandes rios isolam faunas umbrófilas
dos interflúvios de uma margem e de outra. Os seguintes táxons estão presentes apenas na
margem esquerda: Conopophaga aurita, Cercomacra nigrescens, Knipolegus poecilocercus e
Thryothorus coraya (ELETRONORTE/ENGEVIX/THEMAG, 2001).

No que se refere aos mamíferos, um total de 142 espécies de mamíferos são consideradas
de ocorrência comprovada ou provável. O habitat mais expressivo na área de influência é a
floresta de terra firme, sendo que os poucos remanescentes de várzea revestem-se de
importância, por abrigarem uma fauna associada própria, contribuindo, assim, para a
manutenção da diversidade regional. Nota-se, ainda, uma rápida expansão das áreas
antrópicas, especialmente na margem direita do reservatório e que pode ser exacerbada com
a iminente pavimentação da BR 230, na margem esquerda
(ELETRONORTE/ENGEVIX/THEMAG, 2001.).

2.2.5.1. Análise de Agrupamento de Fauna da Bacia Hidrográfica do Tocantins

Objetivando comparar as faunas registradas nas diversas localidades da Bacia do Rio


Tocantins, foram compilados os dados dos levantamentos realizados no âmbito dos diversos
estudos ambientais para avaliação de impactos (EIA) de empreendimentos hidrelétricos.
Optou-se por esse conjunto de dados, uma vez que estes representam uma amostragem
bastante significativa da Bacia Hidrográfica.

Em que pesem os limites inerentes aos estudos desta natureza, optou-se por realizar esta
análise, de caráter exploratório, com o intuito de auxiliar, em alguma medida, na identificação
de variações espaciais.

A localidade com maior número de registros foi Serra da Mesa (SM), com 559 registros,
seguida de Lajeado (LA), com 534 espécies. Ressalte-se que são aproximações e, portanto,
artefatos de amostragem e imprecisões de identificação devem ser considerados,
principalmente para mamíferos de médio e grande porte, usualmente amostrados por meio de
observações diretas e indiretas e, em parte, para aves, também amostradas por meio de
observações. O dendrograma de similaridade, considerando o conjunto de espécies, é
apresentado a seguir:

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Figura 1 – Dendrograma de similaridade Jaccard, utilizando algoritmo UPGMA para


composição de espécies de vertebrados terrestres da Bacia Hidrográfica do rio
Tocantins. SM: Serra da Mesa; CB: Canabrava; SS: São Salvador; PX: Peixe; IP:
Ipueiras; LA: Lajeado (região de Palmas e Porto Nacional); SQ: Serra Quebrada (região
de Itaguatins).

Elaboração: Consórcio CNEC – ARCADIS Tetraplan


Os agrupamentos obtidos não correspondem totalmente ao esperado, onde as localidades
geograficamente mais próximas seriam mais semelhantes. Tal resposta pode ser resultado
de alguns fatores, como influência dos biomas envolvidos (Amazônia e Cerrado) em cada
localidade, diversidade de ambientes amostrados em cada localidade (matas, cerrados, áreas
úmidas, etc.), diferenças nos métodos e esforços de amostragem, além das imprecisões
anteriormente citadas. Diferenças de esforço podem ser responsáveis pela presença ou
ausência de um considerável número de espécies na lista final, e, por conseqüência, pela
maior ou menor similaridade com outras localidades. No caso dos levantamentos analisados,
poucos foram os que relataram o esforço empregado em unidades comparáveis,
impossibilitando grandes discussões sobre diferenças amostrais.
Em que pesem os eventuais problemas de amostragem e de identificação, os resultados da
análise de similaridade apontam um gradiente de sul para norte, e sugerem a separação dos
conjuntos faunísticos em três compartimentos, sendo um constituído das localidades do
extremo sul (Serra da Mesa e Canabrava), outro abrangendo as localidades situadas
aproximadamente no médio curso do rio Tocantins e um ao norte, incluída a região de
Estreito e Serra Quebrada. Essa distribuição é consistente para os grupos analisados
separadamente e para o conjunto de espécies. Note-se que Lajeado aproxima-se das regiões
de Serra da Mesa e Cana Brava, o que pode decorrer de artefato de amostragens, mais
intensas nessas localidades.
Assim, alguns padrões puderam ser verificados nas análises de agrupamento realizadas para
todos os grupos de fauna amostrados, como o agrupamento de Cana Brava e Serra da Mesa,
ambos situados ao sul da Bacia do Rio Tocantins. Na maioria dos casos Peixe e Lajeado
apareceram como um agrupamento próximo ao de Cana Brava e Serra da Mesa.

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São Salvador e Ipueiras, quando presentes, mostraram maior similaridade com o grupo
[Peixe, Lajeado]. Estreito, localizado bem ao norte, e Rio do Sono, um afluente do Tocantins
também ao norte, foram as localidades com menor similaridades com as demais.

2.2.5.2. Espécies de Interesse Conservacionista


Um total de 175 espécies anotadas na Bacia Hidrográfica do Tocantins encontram-se
assinaladas como de interesse conservacionista, fazendo parte da lista oficial brasileira ou
citada no apêndice I ou II do CITES. Destas, 121 correspondem a aves, 34 mamíferos, 17
répteis e 3 anfíbios, conforme Anexo IX.
Entre as espécies de aves, destaca-se a arara-azul-grande (Anodorhynchus hyacinthinus),
espécie rara e avistada em três localidades de estudos (Ipueiras, Peixe e Estreito), porém
registrada também em outros estudos (Serra do Lajeado, Mesas de Carolina, divisa TO/BA).
É uma espécie rara e dependente de extensas áreas bem conservadas e do mosaico de
florestas, buritizais, bem como de paredões.
Citam-se ainda espécies que apresentam sensitividade alta para perturbações antrópicas, a
saber: gralhão (Daptrius americanus), três potes (Aramides cajanea), batuíra-de-coleira
(Charadrius collaris), trinta-reis-grande (Phaetusa simplex), corta-águas (Rhinchops niger) e a
já citada arara-azul-grande.
Outra espécie que chama a atenção é o cervo-do-pantanal (Blastocerus dichotomus),
características das planícies do rio Araguaia, porém rara na Bacia do Rio Tocantins, onde as
áreas alagadas são menos freqüentes. Cachorro-do-mato-vinagre (Speothos venaticus) e
gato-palheiro (Oncifelis colocolo) também são espécies naturalmente raras em sua área de
distribuição.

2.2.5.3. Vertebrados Aquáticos da Bacia Hidrográfica


Ressalta-se a ocorrência de boto (Inia geoffrensis) no rio Tocantins, cuja distribuição estende-
se até a área de influência da UHE Serra da Mesa, no norte de Goiás, correspondendo ao
registro mais sul-ocidental da espécie (SILVA et al, 1998). Este cetáceo, comum nos rios
amazônicos, penetra pelos afluentes de maior porte do rio Tocantins e, no período das
chuvas, também nos rios de menor porte.
Inia geoffrensis é o maior cetáceo de água doce do mundo (BEST & da SILVA 1989) e sua
distribuição parece estar limitada por grandes cascatas, corredeiras e águas muito frias.
Embora bastante comum na Amazônia, foi declarado vulnerável pela União Internacional
para a Conservação da Natureza – IUCN (WILSON & REEDER, op.cit.). Estudos recentes,
realizados na Venezuela indicam que sua abundância é variável entre diferentes rios e
ecossistemas. PILLERI & PILLERI (1982) estimaram densidade de 0,02; 0,03 e 1,16
indivíduos/km respectivamente nos rios Orinoco, Casiquiare e Apure.
De acordo com Vera da Silva (com. pes.), a espécie pode se deslocar em trechos muito rasos
de corpos d´água, com até 0,5m, desde que entre locais de maiores profundidades, dentro de
sua área natural. Grupos desta espécie têm sua área de vida dilatada nos períodos de
cheias, quando os animais se movimentam ao longo dos rios e de seus afluentes,
acompanhando os deslocamentos de cardumes de peixes, dos quais se alimentam (NOWAK
& PARADISO, 1983). O barramento dos rios e o comprometimento da ictiofauna refletem-se,
portanto, de forma muito negativa em suas populações. Ocorrem, no corpo de reservatórios,
mas aparentemente preferem os ambientes mais próximos às margens. Por serem carnívoros

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do topo da cadeia alimentar, acumulam em seus tecidos eventuais toxinas presentes nas
águas.
Assim, embora os indivíduos utilizem os reservatórios, a espécie é particularmente suscetível
à construção de barragens, que promovem a fragmentação das populações, impedem
movimentos e interferem no fluxo genético e alteram a disponibilidade dos recursos tróficos.
Não há informações sobre a distância percorrida pelos indivíduos nos tributários.
Monitoramento de indivíduos da espécie, realizados na região da UHE Serra da Mesa por um
período de 18 meses, apontam boas condições dos exemplares ocorrentes a jusante do
barramento, com movimentos entre essa barragem e a região de Canabrava (SILVA et.al,
1998).
Embora anotada até a altura da UHE Serra da Mesa, boto tucuxi (Sotalia fluviatilis) tem sua
distribuição restrita ao baixo curso, onde as corredeiras que ocorriam na região de Tucuruí
constituíam barreira à dispersão a montante.

2.2.6. Áreas Destinadas à Conservação da Biodiversidade


Este item tem como objetivo indicar a ocorrência e caracterizar as áreas destinadas à
conservação da biodiversidade, existentes na região de estudo, de forma a contribuir para a
identificação dos ecossistemas protegidos e daqueles com carência de instrumentos de
planejamento e conservação.
As Unidades de Conservação federais, estaduais e municipais; os Corredores Ecológicos; e,
as Áreas Prioritárias para a Conservação da Biodiversidade representam, neste estudo, as
áreas destinadas à conservação da biodiversidade.
As Unidades de Conservação e Corredores Ecológicos existentes são legalmente
demarcados e instituídos. O mesmo não ocorre com as Áreas Prioritárias para a
Conservação da Biodiversidade; porém, ainda que não estejam legalmente instituídas, devem
ser utilizadas como instrumento de planejamento territorial, visando a utilização sustentável e
conservação in situ da biodiversidade, uma vez que representam áreas de interesse para
conservação. Entretanto são reconhecidas legalmente (Portaria nº 126, de 27 de maio de
2004) e indicadas para uso quando da formulação e implementação de políticas públicas,
programas, projetos e atividades voltadas à criação de novas Unidades de Conservação,
entre outras ações identificadas como prioritárias.

2.2.6.1. Unidades de Conservação


As Unidades de Conservação (UCs) têm por finalidade preservar bancos genéticos, proteger
os recursos hídricos e paisagens de relevante beleza cênica, conduzir a educação ambiental,
propiciar condições para o desenvolvimento de pesquisas e proteger áreas que venham a ter,
no futuro, utilização racional do solo.
Para cumprir os objetivos de preservação e de uso sustentável dos recursos naturais e da
diversidade biológica e de paisagens, dois tipos de UC são previstos: Unidades de
Conservação de Proteção Integral e Unidades de Conservação de Uso Sustentável.
As UCs de Proteção Integral têm como objetivo preservar a natureza, sendo permitido
apenas o uso indireto de seus recursos naturais (com exceção de casos previamente
analisados). São unidades de uso indireto e conceitualmente restritivas, em relação ao

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consumo, coleta, dano ou destruição dos recursos naturais e à presença de populações


humanas.
Já as UCs de Uso Sustentável têm como objetivo compatibilizar a conservação da natureza
com o uso sustentável de uma parcela dos seus recursos naturais. Ou seja, são UCs de uso
direto, onde a coleta e uso comercial ou não dos seus recursos naturais é permitida, assim
como a presença e diferentes níveis de atividades humanas.
As UCs, com exceção das Áreas de Proteção Ambiental – APAs e das Reservas Particulares
do Patrimônio Natural – RPPNs, são envolvidas por respectiva Zona de amortecimento, onde
as atividades humanas estão sujeitas a normas e restrições específicas, com o propósito de
minimizar os impactos negativos sobre a unidade” (artigo 2º, inciso XVIII, da lei 9.985/00).
É importante ressaltar que a lei 9.985/00abriu a possibilidade de se integrar num único marco
legal UCs com diferentes níveis de restrição de uso, criadas nas diferentes esferas
governamentais (federal, estadual e municipal).
Por meio da listagem das UCs existentes na região de estudo, pode-se identificar quais
biomas/ecossistemas estão mais bem representados, assim como aqueles não
representados, com necessidade de proteção e de diretrizes que preencham lacunas de
conservação dos recursos naturais, diante da atual e futura exploração dos espaços
territoriais.
Além de saber quais são as UCs existentes na região de estudo, é importante conhecer a
situação atual de cada uma delas, em termos de representatividade (biodiversidade, beleza
cênica, populações humanas, dentre outros) e de efetividade (administração, situação
fundiária, relação da UC com o entrono, existência de plano de manejo, entre outros
instrumentos de gestão e planejamento), visto que nem sempre a criação de uma UC
significa a efetiva conservação dos recursos naturais ali existentes.
As UCs identificadas na Bacia Hidrográfica do rio Tocantins e Sub-bacia 20 encontram-se
listadas nas tabelas no Anexo XI e espacializadas no mapa anexo B11 – Unidades de
Conservação, Terras Indígenas e Corredores Ecológicos.
Cabe esclarecer que nem todas as UCs listadas na tabela encontram-se espacializadas no
mapa B11. Não foi possível obter base de dados georreferenciada para as UCs municipais e
para algumas UCs estaduais.
As UCs pertencentes à categoria de Reserva Particular do Patrimônio Natural – RPPN
apresentam base de dados georreferenciada pontual, ou seja, o polígono dessas áreas não é
apresentado, e algumas das RPPNs não foram mapeadas por ausência de dados
disponíveis.
Apesar de o Distrito Federal (DF) apresentar uma pequena porcentagem de seu território
contida na área de estudo (Sub-bacia 20), considerou-se importante apresentar a listagem
das Unidades de Conservação aí existentes. O DF é considerado exceção entre as Unidades
da Federação em termos de extensão e número de áreas destinadas à conservação da
biodiversidade, sendo que as mesmas apresentam localização estratégica para a
conservação de alguns dos principais rios da sub-bacia 20, como é o caso do rio Maranhão e
de alguns dos seus contribuintes.

Na seqüência, apresenta-se uma síntese/conclusão relativa à situação atual dessas UCs e da


sua distribuição pelas sub-bacias da área de estudo.

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Por fim, são apresentadas, no Anexo XII, fichas individuais para cada uma das UCs,
contendo informações adicionais, que proporcionam um conhecimento um pouco mais
aprofundado sobre cada uma delas, apesar das lacunas de informações disponíveis.

2.2.7. Questões
De forma geral, as Unidades de Conservação existentes na Bacia Hidrográfica do rio
Tocantins e Sub-bacia 20 encontram-se distribuídas por toda a sua extensão, contudo,
quando analisadas por sub-bacia, percebe-se a ausência de UCs em determinados espaços
territoriais, de forma que as mesmas representem, inclusive, as diferentes fitofisionomias dos
Biomas Cerrado e Amazônia.

Como mencionado anteriormente, as UCs são analisadas quanto ao seu grau de


significância, composto pela sua representatividade e efetividade. Apesar das lacunas de
informações referentes à caracterização das UCs, quanto aos dois aspectos, pode-se dizer
que todas apresentam alta representatividade, considerando-se suas peculiaridades e a
distribuição na Bacia Hidrográfica, mas não há informações suficiente que permitam avaliar
sua efetividade. Das 45 Unidades relacionadas na tabela 31 (excetuando-se as Reservas
Particulares do Patrimônio Natural - RPPNs), não se obteve informações referentes ao Plano
de manejo para um total de 23 Ucs. Outras oito UCs não possuem Plano de manejo e apenas
em sete o Plano de manejo está elaborado ou em elaboração. São elas: Parque Estadual
Terra Ronca (GO), Parque Estadual Serra dos Martírios/Andorinhas (PA), Parque Estadual do
Jalapão (TO), Parque Estadual do Lajeado (TO), Monumento Natural das Árvores
Fossilizadas (TO), além da Floresta Nacional Tapirapé-Aquiri (PA) e Floresta Nacional
Carajás. Para outras 7, há previsão de elaboração do Plano de manejo. Com relação à
instituição de Conselho, obteve-se informação apenas para 5 UCs (Parque Nacional de
Brasília, Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, APA Planalto Central, APA João Leite
e Parque estadual Serra Dourada), as quais possuem Conselho, para as outras UCs
informações não foram obtidas. Além disso, embora apresentem memorial descritivo em seu
decreto ou lei de criação, a situação fundiária é irregular na maior parte das UCs, não há
informações a respeito ou estas abrangem terras públicas e privadas. Muitas não foram
demarcadas fisicamente e o levantamento fundiário não foi realizado até o momento.

Além disso, as informações disponíveis sobre essas áreas protegidas, apresentadas no


Anexo, apontam problemas como: ausência de quadro de funcionários; desconhecimento por
parte da comunidade quanto ao conceito e importância das UCs tanto de Proteção Integral
como de Uso Sustentável; exploração irregular dos recursos naturais (turismo predatório,
ocupação desorganizada nas APAs, dentre outros); ausência de planejamento e fiscalização
das Zonas de Amortecimento (entorno das UCs) conciliados à falta de envolvimento e
sensibilização por parte dos proprietários do entorno quanto a co-responsabilidade pela
gestão ambiental dessas áreas (avanço e invasão das fronteiras agrícolas sobre as UCs). Na
grande maioria, todos esses problemas são decorrentes da pequena quantidade de recursos
financeiros destinados ao planejamento e gestão destas áreas, por parte dos governos
federais, estaduais e municipais.

No que diz respeito aos ecossistemas aquáticos, as áreas com prioridade de proteção são as
cabeceiras e as planícies sujeitas a inundação. Para proteger todas as formas de vida
existentes no sistema aquático do Cerrado, uma UC deve abranger ambas as margens do

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curso d’água e ter seus limites estabelecidos com base na área de vida das espécies
migradoras.

Segue análise sucinta da distribuição das UCs em cada uma das sub-bacias hidrográficas
que compõem a área de estudo:
 Sub-bacia 20

Na região do Distrito Federal, as APAs do Planalto Central e do Cafuringa e a Estação


Ecológica Águas Emendadas protegem as cabeceiras de alguns dos formadores do rio
Tocantins, citando-se como exemplo o rio Maranhão.

Por outro lado, a região do rio das Almas, importante formador do rio Tocantins, encontra-se
desprovida de proteção por UCs.
 Sub-bacia 21

Toda a Sub-bacia 21 encontra-se inserida no Corredor Ecológico Paranã – Pirineus. No limite


entre Goiás e Bahia encontram-se, mais ao norte, as UCs Parque Estadual de Terra Ronca e
APA da Serra Geral de Goiás e, mais ao sul, a APA das nascentes do Rio Vermelho.

O rio Paranã percorre toda a Sub-bacia 21 e o Corredor Ecológico Paranã – Pirineus, sendo
que tanto suas cabeceiras como o vale encontram-se desprovidos de proteção por UC.

O Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros e a APA de Pouso Alto encontram-se


inseridas no Corredor Ecológico Paranã – Pirineus e estão em parte inseridas nas Sub-bacias
21 e 22.
 Sub-bacia 22

O Corredor Ecológico Jalapão – Serra das Mangabeiras está integralmente inserido na Sub-
bacia 22 e, em conjunto com outras cinco UCs, tem o objetivo de proteger os ecossistemas e
belezas cênicas da região do Jalapão e confluência dos Estados do Tocantins, Maranhão,
Piauí e Bahia.

Especificamente a região dos rios Bagagem e Manuel Alves da Natividade, ao sul do


Corredor Ecológico Jalapão – Serra das Mangabeiras, encontra-se desprovida de áreas
legalmente protegidas. O mesmo ocorre na região norte deste Corredor Ecológico, onde se
encontra o município de Lizarda.

As APAs da Foz do Santa Tereza e Lago Peixe Angical encontram-se inseridas no Corredor
Ecológico Paranã – Pirineus, em parte dentro da Sub-bacia 22.

Apesar da APA da Foz do Santa Tereza, o rio Santa Tereza tem seu médio e alto curso
(terrenos sujeitos à inundação e cabeceiras), ao sul de Gurupi, desprovido de UC. A porção
leste do Corredor Ecológico Paranã – Pirineus, cortada pelas águas do rio Palma, também
encontra-se desprovida de UCs.

Apenas mais ao norte, os ecossistemas estão representados pelas APAs Lago de Palmas e
Serra do Lajeado, pelo Parque Estadual Serra do Lajeado e pelas Terras Indígenas Funil e
Xerente. Cabe destacar que nenhuma dessas UCs e TIs (Terras Indígenas) abrange ambas
as margens do rio Tocantins.

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 Sub-bacia 23

Os ecossistemas da Sub-bacia 23 são representados apenas por quatro UCs: três Reservas
Extrativistas e um Monumento Natural. Não há UC de Proteção Integral nesta Sub-bacia.

Os ecossistemas da porção mais central desta Sub-bacia não estão representados em UC,
principalmente, no que diz respeito à margem direita do rio Tocantins, na divisa entre os
Estados do Tocantins e Maranhão, entre as Terras Indígenas Kraolândia, Apinayé e Krikati.

Tal observação é corroborada pelos resultados dos estudos relativos às Áreas Prioritárias
para a Conservação da Biodiversidade do PROBIO. Nesta região, foi indicada como ação
prioritária a criação de uma Unidade de Conservação abrangendo as fitofisionomias de
cerrado existentes no município de Carolina (MA) e os ecossistemas aquáticos e belezas
cênicas relacionados ao rio Farinha.

Como resultado dos workshops dos Biomas Cerrado e Amazônia, as Áreas Prioritárias
denominadas Polígono das Águas – Sudoeste do Maranhão e Carolina – Porto Franco (MA)
até Itacajá (TO) foram consideradas de prioridade extremamente alta e receberam como
principal recomendação a criação de Unidade de Conservação. Seguindo esta
recomendação, foi realizado, em 2005, por Conservation International (CI), Instituto Ecológica
(IE), Ministério do Meio Ambiente (MMA) e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) Relatório Técnico relativo à criação do Parque
Nacional da Chapada das Mangabeiras – Carolina (MA).

Conforme o Relatório Técnico supramencionado, o relevo da região se caracteriza pela


presença de elevados morros testemunhos escarpados, esculpidos pela ação da erosão
eólica e hídrica sobre o arenito, localmente denominados serras ou mesas, correspondentes
às Chapadas Intermediárias associadas à Chapada Alta das Mangabeiras. Com o processo
erosivo dos arenitos formaram-se grandes áreas de deposição de solo arenoso associadas
às áreas rebaixadas de planícies ligadas ao rio Tocantins.

A região abrange terras dos municípios maranhenses de Carolina, Estreito e Riachão, assim
como as cabeceiras e o curso de diversos rios tais como o rio Farinha, Itapecuru, Urupuchete,
Corrente e Lajinha e, inclusive, as cachoeiras do rio Farinha. A região ainda abriga sítios
arqueológicos caracterizados pelas pinturas rupestres, que correm risco de
descaracterização, como resultado de atividade turística desordenada.

A vegetação da área corresponde à do Bioma Cerrado, caracterizada pela distribuição em


mosaico de diversas fitofisionomias de aspecto savânico e florestal, muitas vezes distribuídos
lado a lado na paisagem, de acordo com diferenças sutis na fertilidade do solo,
disponibilidade de água e presença de afloramentos de rocha. Nas áreas de solo arenoso
ocorrem fisionomias de campo cerrado, campo sujo e cerrados abertos. Ao longo dos cursos
d’água ocorrem matas de galeria, que substituem as veredas presentes nas cabeceiras. Em
locais de solo mais rico existem grandes manchas de matas semideciduais, onde se
destacam espécies típicas de cerradões, como o carvoeiro (Sclerolobium sp.) e a pimenta-de-
macaco (Xylopia sp.). Nos paredões rochosos ocorrem bromélias, canelas-de-ema (Vellozia
spp.) e cactáceas, criando ambientes semelhantes aos encontrados em certas regiões do
semi-árido.

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Estudos preliminares citam para a região 82 espécies de répteis, mais de 350 espécies de
aves e 62 espécies de mamíferos. Nos campos e cerrados ocorrem espécies típicas de
ambientes campestres, tais como a ema (Rhea americana), o veado-campeiro (Ozotoceros
bezoarticus) e o tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla). Já nas áreas de matas,
ocorrem espécies partilhadas com a Floresta Amazônica, como o macaco-da-noite (Aotus
sp.), o mico-de-cheiro (Saimiri scirius) e o tamanduaí (Cyclops didactyla). Também ocorrem
na fauna regional espécies partilhadas com a Caatinga. Tal fenômeno se caracteriza pela
localização do Estado do Maranhão onde ocorre transição entre os Biomas Cerrado,
Amazônia e Caatinga.

Cabe destacar que esta região corre o risco de ser fortemente degradada pelo
desenvolvimento de atividades como turismo desordenado, prática de queimadas e avanço
da fronteira agrícola. Por outro lado, a ocupação humana ainda é rarefeita e os danos
causados pelas atividades atualmente desenvolvidas são de pequena escala, passíveis de
regeneração, não descaracterizando a importância biológica da região.
 Sub-bacia 29

Os ecossistemas da Sub-bacia 29 são basicamente representados por UCs de Uso


Sustentável (Florestas Nacionais, Áreas de Proteção Ambiental, Reservas de
Desenvolvimento Sustentável), sendo a Reserva Biológica do Tapirapé a única exceção.

A Sub-bacia 29 caracteriza-se pela intensificação e expansão das fronteiras das atividades


pecuárias. Os municípios do sudeste do Pará caracterizam-se pelo baixo percentual de áreas
ainda florestadas (menos de 20% do território municipal, excluindo-se as áreas legalmente
protegidas), indicando a inobservância do Código Florestal pelos proprietários rurais, quanto
a Reserva Legal e as Áreas de Preservação Permanente.

As atividades mineradoras e agropecuárias competem com as áreas prioritárias de


conservação do Baixo Tocantins, configurando a necessidade do aumento de Unidades de
Conservação de Proteção Integral. Estas são fundamentais para possibilitar a preservação
das zonas de recarga e permanência de corredores ecológicos, cada vez mais fragmentados
pelos avanços das fronteiras agrícolas, construção de reservatórios e crescimento de centros
urbanos (Plano Nacional de Recursos Hídricos - 2005).

Apesar de os limites das UCs e TIs aparentemente estarem sendo respeitados pelo avanço
das atividades agropecuárias, percebe-se que estas áreas legalmente protegidas
apresentam-se como testemunhos isolados de biodiversidade, visto que as áreas
desmatadas avançam até o limite máximo. No seu entorno imediato, a vegetação original
encontra-se reduzida a fragmentos de pequena extensão e pouco significativos em termos de
representatividade. Como exemplo, apresenta-se, a seguir, imagem de satélite com destaque
para a Terra Indígena Parakanã. Os diferentes usos do solo avançam até o limite da referida
TI.

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Ilustração 23 - Detalhe da Terra Indígena Parakanã

As conseqüências para a biodiversidade em situações como essa podem ser episódios


localizados de extinção de espécies da flora e da fauna associada, devido à redução e
fragmentação dos remanescentes de vegetação nativa, intensificação dos efeitos de borda
(inclusive sobre as UCs e TIs) e redução da conectividade entre fragmentos.

2.2.8. Corredores Ecológicos


Os Corredores Ecológicos têm o objetivo de unir e aumentar a proteção das Unidades de
Conservação e das Terras Indígenas, por meio de incremento das ações de vigilância,
fiscalização, monitoramento e controle. Implantados estrategicamente, os corredores e Zonas
de Amortecimento das UCs, podem mudar fundamentalmente o papel ecológico das áreas
protegidas (MMA 2004).

O SNUC não só dá respaldo legal aos Corredores Ecológicos, como também os define em
seu artigo 2o, como: “porções de ecossistemas naturais ou seminaturais, ligando unidades de
conservação, que possibilitam entre elas o fluxo de genes e o movimento da biota, facilitando
a dispersão de espécies e a recolonização de áreas degradadas, bem como a manutenção
de populações que demandam para sua sobrevivência áreas com extensão maior do que
aquela das unidades individuais”. Essa estrutura de mosaicos permite que a diversidade de
tipos de Unidades de Conservação possa ser administrada de forma conjunta, sem deixar de
atender às peculiaridades locais.

O desafio é interligar os fragmentos existentes dentro de um Corredor Ecológico. Além das


Unidades de Conservação e das Terras Indígenas, é preciso considerar outras áreas

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legalmente protegidas pelo Código Florestal (Lei no 4.771/65), também de grande


importância para a conservação dos recursos naturais: as Reservas Legais e as Áreas de
Preservação Permanente (matas ciliares, topos e encostas de morros).

O planejamento de um Corredor Ecológico é realizado de forma participativa e


descentralizada, buscando promover mudanças comportamentais dos atores sociais
envolvidos (governamentais, não governamentais e privados) e de criar oportunidades de
negócios e de incentivo às atividades que agreguem a conservação ambiental aos projetos
de desenvolvimento.

Para a região da Bacia Hidrográfica do rio Tocantins e Sub-bacia 20 foram identificados três
Corredores Ecológicos, sendo eles denominados: i) Corredor Ecológico Jalapão - Chapada
das Mangabeiras; ii) Corredor Ecológico Paranã – Pirineus; e, iii) Corredor Ecológico Sul da
Amazônia (IBAMA 2004).

Os Corredores Ecológicos Araguaia/Bananal e Ecótones sul-Amazônicos (IBAMA 2004)


apresentam sobreposição entre si e estão localizados a oeste da a área de estudo, pelo seu
limite oeste, englobando a Bacia Hidrográfica do rio Araguaia.

Seguem abaixo as fichas com alguns dados e informações que caracterizam os Corredores
Ecológicos Jalapão - Chapada das Mangabeiras e Paranã – Pirineus. O Mapa B11 -
Corredores Ecológicos, UC’s, TI’s indica a localização de ambos Corredores Ecológicos.

2.2.8.1. Corredor Jalapão – Chapada das Mangabeiras

Estados: Tocantins, Bahia, Piauí e Maranhão

Área: 9.275.000 ha

Objetivos: “manejar os ecossistemas por meio da gestão biorregional, para manter a sua
conectividade e analisar a possibilidade de criação de novas áreas protegidas”.

Caracterização:

Situado na confluência dos Estados do Tocantins, Bahia, Piauí e Maranhão, o projeto


Corredor Ecológico Jalapão – Chapada das Mangabeiras vem sendo implementado pelo
IBAMA, pela ONG Conservation International – CI e pelos governos estaduais e municipais
envolvidos. Grupos de referência serão criados em cada um destes municípios para
acompanhar a implantação dos projetos de sustentabilidade da região com base no
planejamento biorregional.

Os onze municípios do Tocantins que fazem parte do corredor Jalapão - Chapada das
Mangabeiras são: Lizarda, Rio Sono, Porto Alegre do Tocantins, Mateiros, São Félix do
Tocantins, Novo Acordo, Dianópolis, Rio da Conceição, Almas, e, Lagoa do Tocantins. Os
quatro municípios do Piauí são: Barreiras do Piauí, Gilbués, São Gonçalo da Gurguéia e,
Corrente. O único município baiano é Formosa do Rio Preto e o único maranhense é Alto
Parnaíba.

O Corredor Ecológico Jalapão - Chapada das Mangabeiras conecta cinco Unidades de


Conservação: a Estação Ecológica Serra Geral do Tocantins; o Parque Nacional Nascentes
do Parnaíba; a APA da Serra da Tabatinga; a APA do Jalapão; e, o Parque Estadual do
Jalapão. Pretende-se que essas UCs, em conjunto, formem um grande corredor de proteção
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da biodiversidade por onde os animais possam transitar e procriar em segurança, onde a flora
seja conservada e as belezas cênicas preservadas para as futuras gerações.

Os ecossistemas abrangidos pelo corredor apresentam grande importância ecológica, tendo


esta região sido considerada pelo PROBIO (MMA/SBF 1999) Área Prioritária para a
Conservação da Biodiversidade do Cerrado, de extrema importância. O corredor abrange as
nascentes dos rios Parnaíba e Tocantins e apresenta composição de rochas sedimentares,
que vêm sofrendo intenso processo erosivo, correndo sério risco de desertificação.

Com esta iniciativa, o IBAMA pretende evitar que a região, também conhecida como "oásis
do cerrado", se transforme em um imenso deserto devido à constante erosão, ao turismo e
uso do solo desordenados, que afetam os frágeis ecossistemas também danificados pelo
fogo.

2.2.8.2. Corredor Paranã - Pireneus

Estados: Goiás, Tocantins e Distrito Federal

Área: 10.000.000 ha

Objetivos: “contribuir para a efetiva conservação da diversidade biológica do cerrado,


adotando técnicas de biologia da conservação e estratégias de planejamento e gestão
socioambiental de forma compartilhada”.

Sub-bacias: Este Corredor Ecológico abrange uma pequena área da Sub-bacia 20 (sudeste)
e abrange a Sub-bacia 21 integralmente.

Caracterização:

O projeto do Corredor Paranã-Pireneus foi proposto pelo IBAMA e aprovado pela Agência de
Cooperação Internacional Japão – Jica. A Jica aprovou nova proposta de financiamento para
o projeto, por um período de três anos, para aquisição de equipamentos e promoção de
atividades.

De acordo com os estudos do PROBIO (MMA/SBF 1999) a área do Corredor Ecológico foi
considerada Área Prioritária para a Conservação da Biodiversidade do Cerrado, de extrema
importância. Analisando-se as regiões e áreas-núcleo que o compõem, fica fácil entender o
motivo de tal classificação:
 Região do Parque Estadual de Terra Ronca e da APA Serra Geral de Goiás;
 Região de Mambaí e Posse (APA Nascentes do Rio Vermelho);
 Região de Pouso Alto/Chapada dos Veadeiros (PARNA da Chapada dos Veadeiros e
APA de Pouso Alto);
 Parque Municipal de Itiquira;
 Parque Estadual dos Pirineus;
 Região da APA de Santa Tereza;
 Vale do Paranã;
 Região do Distrito Federal (Estação Ecológica de Águas Emendadas, Parque Nacional
de Brasília e APA do Planalto Central); e,

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 Reserva da Biosfera do Cerrado.

Todos os governos estaduais e municipais, abrangidos por este corredor, estão integrados ao
projeto e compartilham de workshops e reuniões decisórias realizados no âmbito deste.

2.2.8.3. Corredor Ecológico Sul da Amazônia

Estados: Amazonas, Pará, Tocantins e Maranhão

Área: 31.646.600 ha

Objetivos: “fortalecer a gestão participativa, visando o planejamento, monitoramento e


controle de ações para conservar a biodiversidade biológica; aumentar a representatividade
das áreas conservadas (...), por meio do estabelecimento e expansão das áreas protegidas,
priorizando a conectividade entre elas; reduzir a pressão do desmatamento em áreas
conservadas e contribuir para a proteção e uso sustentado da diversidade biológica em
Terras Indígenas”.

Sub-bacias: este Corredor Ecológico abrange, em parte, a Sub-bacia 23 e o extremo norte da


Sub-bacia 29.

Caracterização:

O Projeto Corredores Ecológicos – MMA/PPG7 foi proposto pelo Programa Piloto de


Proteção das Florestas Tropicais – PPG7 e negociado entre o Ministério do Meio Ambiente,
IBAMA e Banco Mundial. O Corredor Ecológico Sul da Amazônia é apenas um dos sete
corredores desse projeto.

O Corredor Ecológico Sul da Amazônia abrange as seguintes Unidades de Conservação,


localizadas respectivamente na Sub-bacia 23 e Sub-bacia 29:
 Sub-bacia 23:
 Reserva Biológica do Tapirapé
 Floresta Nacional Itacaiúnas (parte)
 Floresta Nacional de Carajás (parte)
 Floresta Nacional Tapirapé-Aquiri
 APA do Igarapé Gelado
 Área de Proteção Ambiental do Lago de Tucuruí
 Reserva de Desenvolvimento Sustentável Pucuruí-Ararão
 Reserva de Desenvolvimento Sustentável Alcobaça
 Terra Indígena Xikrin do Catete (parte)
 Terra Indígena Paracanã (parte)
 Terra Indígena Sororó (parte)
 Terra Indígena Nova Jacundá
 Terra Indígena Mãe Maria

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 Sub-bacia 29:
 Reserva Extrativista do Extremo Norte do Estado do Tocantins
 Reserva Extrativista Mata Grande
 Reserva Extrativista do Ciriaco
 Terra Indígena Apinayé (parte)

O Projeto Corredores Ecológicos – MMA/PPG7 propõe estabelecer estrutura de gestão


descentralizada e participativa, onde cada um dos agentes envolvidos será considerado co-
gestor e co-executor, sendo que as instituições diretamente envolvidas na sua execução são:
MMA, IBAMA, FUNAI, órgão estaduais de meio ambiente e as prefeituras municipais.

A estrutura de gestão também deve incluir associações, movimentos sociais e ONGs.

O Projeto Corredores Ecológicos – MMA/PPG7 também prevê o desenvolvimento de ações


de coordenação, planejamento e monitoramento do corredor; criação, planejamento e
monitoramento das Unidades de Conservação, das áreas de interstício; e, proteção da
biodiversidade existente nas Terras Indígenas.

2.2.9. Áreas Prioritárias para a Conservação da Biodiversidade


As Áreas Prioritárias para a Conservação da Biodiversidade foram geradas dentro de uma
Estratégia Nacional de Diversidade Biológica, no âmbito do Ministério do Meio Ambiente, que
criou o Projeto de Conservação e Utilização Sustentável da Diversidade Biológica Brasileira –
PROBIO, estruturado especialmente para traçar estratégias regionais de conservação da
biodiversidade para os principais ecossistemas brasileiros.

O PROBIO apoiou a realização de workshops de consultas regionais divididos por bioma, de


acordo com os componentes biogeográficos do PRONABIO, sendo eles: Amazônia, Cerrado
e Pantanal, Mata Atlântica e Campos Sulinos, Caatinga e Zonas Costeira e Marinha.

Esses workshops regionais envolveram especialistas, tomadores de decisões e organizações


não governamentais, com o objetivo de sistematizar o conhecimento sobre esses biomas, de
forma que seus resultados passassem a nortear a política do Ministério do Meio Ambiente
para a conservação e o manejo sustentável da biodiversidade brasileira.

As Áreas Prioritárias para a Conservação da Biodiversidade foram classificadas de acordo


com sua relevância/importância para a conservação da biodiversidade, tal como se segue:
 Extremamente alta;
 Muito alta;
 Alta; e,
 Insuficientemente conhecida.

Dos workshops realizados, dois deles – Amazônia Brasileira e Cerrado e Pantanal –


abrangem a região da Bacia Hidrográfica do rio Tocantins e Sub-bacia 20.

O processo de identificação de Áreas Prioritárias para a Conservação da Biodiversidade tanto


do Cerrado, como da Amazônia foi baseado nas seguintes áreas temáticas: vegetação e
flora, invertebrados, biota aquática, répteis e anfíbios, aves e mamíferos, analisadas uma a

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uma separadamente, para uma posterior integração e recorte dentro de cada Bioma. De
forma geral, ao menos parte das Áreas Prioritárias para a Conservação da Biodiversidade,
identificadas para cada uma das áreas temáticas, foi contemplada ao serem definidas as
Áreas Prioritárias para a Conservação da Biodiversidade de cada um dos Biomas tratados.

A delimitação das áreas foi realizada com base na distribuição de elementos da biota,
enfatizando áreas de alta riqueza de espécies, com alto grau de endemismo e presença de
comunidades únicas.

A lista das Áreas Prioritárias para a Conservação da Biodiversidade do Cerrado e da


Amazônia brasileira, presentes na Bacia Hidrográfica do Tocantins e se seus formadores, e o
Mapa B12 – Áreas Prioritárias, são apresentados no Anexo XIII.

2.2.10. Síntese / Conclusão


Dentre as 30 Áreas Prioritárias para a Conservação da Biodiversidade identificadas para a
região da Bacia Hidrográfica do Tocantins e Sub-bacia 20, 24 delas encontram-se na
categoria de extremamente alta importância; 5 na categoria de muito alta importância; e,
apenas 1 na categoria insuficientemente conhecida, denominada Sul Tocantins – Região
Conceição/Manuel Alves.

Entre as ações indicadas como prioritárias a serem desenvolvidas nessas Áreas tem-se, de
forma geral: proteção, criação de UCs, recuperação, uso sustentável dos recursos naturais,
inventário (necessidade de estudos), elaboração de plano de manejo e fiscalização.

A identificação das Áreas Prioritárias para a Conservação da Biodiversidade, assim como das
recomendações para cada uma delas é de grande importância para o presente trabalho, visto
que em conjunto com outros aspectos do meio físico e dos ecossistemas terrestres e
aquáticos a serem trabalhados, poderá fornecer subsídios para a identificação de corredores
de fauna e de cobertura vegetal significativos, assim como para a indicação de áreas com
potencial para a criação de Unidades de Conservação de Proteção Integral ou de Uso
Sustentável, colaborando para a elaboração de diretrizes relacionadas à conservação da
biodiversidade do da Bacia Hidrográfica do Tocantins e Sub-Bacia 20.

Ainda que não se viabilize a proteção legal do conjunto de Áreas Prioritárias identificado, é
importante ressaltar que estas constituem importante subsídio que não pode deixar de ser
considerado na análise de prioridades referentes ao sistema de UCs dos Estados integrantes
da Bacia Hidrográfica do Tocantins e Sub-bacia 20.

Por fim, é interessante notar a forma como as Áreas Prioritárias para a Conservação da
Biodiversidade estão distribuídas pela região de estudo. Estas áreas encontram-se
distribuídas, principalmente, do lado direito do rio Tocantins, ao longo do limites estaduais
Goiás – Bahia, Tocantins – Bahia e Tocantins – Maranhão, quase conectadas entre si,
formando corredores. Já na porção do Baixo Tocantins, as Áreas Prioritárias encontram-se
agrupadas ao longo do rio Itacaiúnas (porção alto/médio Itacaiúnas) e entre o reservatório da
UHE Tucuruí e a foz do rio Tocantins.

As únicas Áreas Prioritárias localizadas ao longo do rio Tocantins são aquelas denominadas
Médio-Tocantins, Polígono das Águas – Sudoeste do Maranhão, Carolina – Porto Franco
(MA) até Itacajá (TO), TI Apinayiés, TI Trocará e Baixo Tocantins.

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De forma simplificada, pode-se concluir sobre o grau de estabilidade das Áreas Prioritárias
para a Conservação da Biodiversidade, analisando-se a inserção das mesmas em UCs e TIs.
Dentre as Áreas Prioritárias existentes na área de estudo, aquelas sem representatividade
por UC e/ou TI são:
 Rio das Almas;
 Pirenópolis – minimamente representada pela APA da Serra dos Pirineus;
 Vale do Paranã;
 Chapada dos Veadeiros e Pouso Alto – minimamente representadas pela APA Pouso
Alto;
 Florestas Semidecíduas do Sudeste do Tocantins;
 Sul Tocantins – Região Conceição – Manuel Alves; e,
 Polígono das Águas – Sudoeste do Maranhão e Carolina – Porto Franco (MA) até Itacajá
(TO) – Áreas Prioritárias com sobreposição - minimamente representadas apenas pela
UC Monumento Natural das Árvores Fossilizadas do Estado do Tocantins.

2.2.11. Aspectos Relevantes


O rio Tocantins tem as nascentes de seus formadores na área nuclear do Bioma Cerrado e a
maior parte do território que compõe sua bacia de drenagem encontra-se nesse bioma, até
penetrar, já no baixo curso, no setor amazônico da bacia hidrográfica, onde prevalecem
florestas ombrófilas.

Nesse contexto, as florestas ripárias do rio Tocantins desempenham importante papel como
via de dispersão de elementos bióticos estacionais a partir do sul, onde florestas estacionais
estão presentes, associadas freqüentemente a solos calcários. Inversamente, elementos
amazônicos, umbrófilos, se dispersam para sul, penetrando na região dos cerrados. Os
estudos realizados até o momento apontam esse papel das florestas ripárias do rio Tocantins
e indicam a influência amazônica até a região central do Estado do Tocantins,
aproximadamente.

Outro aspecto importante, que contribui para a complexidade das paisagens dessa bacia
hidrográfica, refere-se ao contato entre os biomas cerrado e amazônico, de características
contrastantes. O mosaico de florestas e cerrados ao qual se associam extensos babaçuais
que surgem como resultado dos desmatamentos e queimadas, marca essa faixa de transição
no setor norte do Estado do Tocantins, atualmente muito descaracterizada devido à
ocupação antrópica.

Note-se, ainda, a influência do bioma Caatinga, principalmente a sudeste, em


correspondência às formações deciduais ali presentes, e a nordeste, já no contato com as
formações amazônicas.

Ao sul dessa faixa de transição, prevalecem os cerrados interfluviais, pontuados localmente


por manchas de florestas estacionais e cortados pelas formações ripárias florestais e,
localmente, varjões. Embora com diferentes extensões, esses elementos têm equivalente
importância ecológica, pois representam distintos ecossistemas que comportam flora e fauna
específicas, contribuindo, portanto, para a diversidade da paisagem.

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A aparente homogeneidade dos cerrados é amenizada pela alternância de fisionomias mais


abertas e mais densas. Do ponto de vista florístico e zoológico verifica-se, ainda, um
gradiente no sentido sul - norte dos conjuntos de espécies, sugerindo que derivações de
composição de flora e de fauna determinam graduais heterogeneidades e dissimilaridades
dentro do espaço em análise, relacionadas com sua grande extensão.

Nessas circunstâncias, ações conservacionistas devem compreender vários setores da bacia


hidrográfica, de maneira a abarcar toda a heterogenidade das formações que se pretende
preservar. A análise do sistema de Unidades de Conservação, contudo, aponta lacunas
importantes seja na distribuição das áreas sob proteção legal, seja na efetividade destas.

Outro aspecto importante a ser considerado diz respeito à transformação dos ecossistemas
naturais para agroecossistemas e pastagens, que tem alterado substancialmente as
paisagens da Bacia Hidrográfica do Tocantins. No baixo curso, onde se situa a sub-bacia 29,
a apropriação dos recursos naturais promoveu a intensa fragmentação da cobertura florestal.
Em que pese essa intensa pressão de ocupação, os estudos apontam ainda uma ponderável
riqueza de espécies nos remanescentes, testemunha da diversidade biológica das formações
amazônicas, cuja maior representatividade está, atualmente, nas Florestas Nacionais
(FLONAs) implantadas nesse setor da bacia.

No trecho caracterizado pelo cerrado, ainda que o manejo pelo fogo e pelo desbaste
favorecessem as fisionomias abertas, a pecuária extensiva, praticada por longo período,
preservou grande parte das formações savânicas. A partir das décadas de 1980/90,
entretanto, o avanço da pecuária intensiva e, principalmente, de grãos, passou a responder
pela conversão dos cerrados para sistemas agropecuários. Este aspecto é mais evidente na
margem esquerda, em grande parte associado ao eixo representado pelo BR-153.

Finalmente, as florestas ripárias do rio Tocantins e, em grande medida, de seus afluentes de


maior porte, representam o elemento de conectividade mais importante entre as formações
florestais presentes a sul e a norte. Da mesma forma, o rio Tocantins funciona como corredor
de dispersão de cetáceos, cuja distribuição chega atém a região de Serra da Mesa, já no alto
curso do rio, em área nuclear do bioma Cerrado.

De forma geral, as Unidades de Conservação existentes na Bacia Hidrográfica do rio


Tocantins e Sub-bacia 20 encontram-se distribuídas por toda a sua extensão, contudo,
quando analisadas por Sub-bacia percebe-se a ausência de UCs em determinados espaços
territoriais, de forma que as mesmas representem, inclusive, as diferentes fitofisionomias dos
Biomas Cerrado e Amazônia.

Sendo assim, entende-se que as UCs existentes são insuficientes para garantir a
conservação da biodiversidade e dos recursos hídricos existentes na Bacia Hidrográfica do
rio Tocantins e Sub-bacia 20. São mal distribuídas quanto às categorias de manejo
(proporção das UCs de Uso Sustentável em relação as de Proteção Integral) e são
insuficientes para conservar a heterogeneidade de fitofisionomias, tanto no que diz respeito à
quantidade como ao tamanho das UCs.

Dentre as 30 (trinta) Áreas Prioritárias para a Conservação da Biodiversidade identificadas


para a região da Bacia Hidrográfica do Tocantins e Sub-bacia 20, 24 delas encontram-se na
categoria de extremamente alta importância; 5 na categoria de muito alta importância; e,
apenas 1 na categoria insuficientemente conhecida.

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Dentre as ações indicadas como prioritárias a serem desenvolvidas nessas Áreas têm-se, de
forma geral: proteção, criação de UCs, recuperação, uso sustentável dos recursos naturais,
inventário (necessidade de estudos), elaboração de plano de manejo e fiscalização.

Analisando-se a distribuição das Áreas Prioritárias para a Conservação da Biodiversidade em


conjunto com as UCs, verifica-se que 23 das Áreas Prioritárias encontram-se em parte
representadas por UCs e/ou Terras Indígenas, enquanto, 7 Áreas Prioritárias não são
representadas por áreas legalmente protegidas.

É interessante enfatizar que aqueles espaços indicados por Sub-bacia, como carentes de
representação por UC, em muito coincidem com as Áreas Prioritárias ainda não
representadas por áreas legalmente protegidas ou mesmo com frações ainda não
representadas dessas Áreas Prioritárias.

Por fim, a identificação das Áreas Prioritárias para a Conservação da Biodiversidade, assim
como as recomendações para cada uma delas é de grande importância para o presente
trabalho, visto que em conjunto com outros aspectos do meio físico e dos ecossistemas
terrestres e aquáticos, poderá fornecer subsídios para a identificação de corredores de fauna
e de cobertura vegetal significativos, assim como para a indicação de áreas com potencial
para a criação de novas Unidades de Conservação de Proteção Integral ou de Uso
Sustentável, colaborando para a elaboração de diretrizes relacionadas à conservação da
biodiversidade do da Bacia Hidrográfica do Tocantins.

2.3. Síntese da Caracterização do Meio Físico e dos Ecossistemas Terrestres


A tabela a seguir apresenta uma síntese, por sub-bacia, das principais características da
bacia do rio Tocantins, em termos do meio físico e dos ecossistemas terrestres.

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Tabela 27 - Síntese da Caracterização do Meio Físico e dos Ecossistemas Terrestres

Meio Físico Ecossistemas Terrestres

Sub-Bacia
Susceptibilidade à
erosão e potencial Geomorfologia Pedologia Fauna Flora Áreas protegidas
mineral

Os ecossistemas da
sub-bacia 29 são
Suscetibilidade: Expressiva
Bioma Amazônico, basicamente
Média Depressão do ocorrência de Fauna característica
originalmente representados por
suscetibilidade à Parauapebas- Argissolos do bioma Amazônia.
revestido por florestas UCs de Uso
Contaminação de Caeté, Serras dos Vermelho- Destacam-se alguns
ombrófilas, Sustentável, sendo a
aqüíferos na Carajás e Amarelos táxons distintos em
atualmente reduzidas Reserva Biológica do
margem direita do Depressão do Distróficos, de ambas as margens
a fragmentos, com Tapirapé a única
rio Tocantins. Itacajunas- aptidão agrícola do rio Tocantins,
remanescentes mais exceção.
Cajazeiras BOA para característica do
Média caracterizam o sul e lavouras em representativos em As atividades
bioma, onde os
suscetibilidade à centro, drenadas sistemas de áreas sob proteção mineradora e
grandes rios isolam
erosão por sulcos, pelo rio Itacaiúnas e manejo legal. agropecuária
faunas umbrófilas dos
ravinas e seus tributários tecnificado, competem com as
Sub-bacia 29 interflúvios. Os Não obstante as
boçorocas na embora áreas prioritárias de
O Patamar seguintes táxons alterações antrópicas,
margem direita do vulneráveis à conservação do Baixo
Dissecado Capim- estão presentes uma diversidade
rio Tocantins. erosão. Muitas Tocantins,
Moju, a leste, é o apenas na margem ponderável pode ser
Erosão no vezes estão esquerda: observada. configurando a
divisor do baixo
horizonte C: Alta associados a necessidade
curso. A partir da Conopophaga aurita, Ao norte, prevalecem
suscetibilidade solos de menor premente do aumento
região de Tucuruí, Cercomacra Formações Pioneiras
para as unidades potencialidade, de UCs de Proteção
inicia-se o Patamar nigrescens, associadas às
Granito da Serra com presença de Integral para a
Dissecado do Knipolegus planícies fluviais e ao
dos Carajás, região cascalhos e e preservação das
Tucuruí e as poecilocercus leque Aluvial do
de Parauapebas. pedregosidade. zonas de recarga e
Planícies Fluviais. Thryothorus coraya. Tocantins. permanência de
corredores
ecológicos,
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Meio Físico Ecossistemas Terrestres

Sub-Bacia
Susceptibilidade à
erosão e potencial Geomorfologia Pedologia Fauna Flora Áreas protegidas
mineral

Grande Terras BOAS cada vez mais


potencialidade para lavouras fragmentados pelos
mineral com uso de avanços das
concentrada, manejo fronteiras agrícolas,
principalmente, nas tecnificado e construção de
cidades de Água capitalizado e reservatórios e
Azul do Norte, regulares para crescimento de
Parauapebas, lavouras centros urbanos
Canaã dos empregando-se (Plano Nacional de
Carajás, Marabá, sistema de Recursos Hídricos -
Eldorado dos manejo 2005).
Carajás e intermediário As conseqüências
Curionópolis, (classe 1bC de para a biodiversidade
principalmente na aptidão) ocupam em situações como
feição grande parte da essa podem ser
geomorfológica da porção sul e episódios localizados
Cont. Serra dos Carajás. central da sub- de extinção de
Sub-bacia 29 bacia. Nos espécies da flora e da
terraços e fauna associada,
planícies do rio devido à redução e
Tocantins, fragmentação dos
lavouras remanescentes de
ribeirinhas sobre vegetação nativa,
os Neossolos intensificação dos
Flúvicos ocorrem efeitos de borda
nas ilhas e nos (inclusive sobre as
diques marginais UCs e TIs) e redução
à água dos rios. da conectividade
entre fragmentos.
Parte do Tetraplan
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Ecológico Sul da
Amazônia está
inserida nessa sub-
bacia.
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Meio Físico Ecossistemas Terrestres

Sub-Bacia
Susceptibilidade à
erosão e potencial Geomorfologia Pedologia Fauna Flora Áreas protegidas
mineral
Essa porção
contempla razoável
Cont. concentração de
Sub-bacia 29 terras com limitações
significativas ao uso
com agricultura.
Contaminação de A partir do Planalto Porção da bacia que Espécies de aves Cerrados a sul e transição Os ecossistemas da Sub-
aqüíferos: Média Dissecado Gurupi- reúne a maior ameaçadas, registradas na de cerrados e formações bacia 23 são
suscetibilidade em áreas Grajaú (divisor a oeste) e quantidade de terras região de Carolina. umbrófilas amazônicas a representados apenas por
de afloramento da dos Chapadões do Alto de baixa Menciona-se novamente o norte, a partir da região de quatro UCs: três Reservas
Formação Sambaíba, Parnaíba, a sudeste, a potencialidade registro de arara-azul- Estreito e Carolina. Extrativistas e um
ocorrentes nas drenagem dirige-se à agrícola. Continuam grande, que nidifica em Mosaico de formações e Monumento Natural. Não
proximidades do rio Depressão do Médio prevalecendo paredões das serras. presença de babaçuais há UC de Proteção Integral
Sub-bacia 23 Tocantins, em ambas as Tocantins e Depressão Neossolos marcam o contato, nesta Sub-bacia.
margens. de Imperatriz, Quartzarênicos atualmente bastante Os ecossistemas da
intercaladas pelas Órticos e Plintossolos descaracterizado pela porção mais central desta
Chapadas e Planos do Pétricos ocupação. Sub-bacia não estão
Rio Farinha. Concrecionários. representados em UC,
principalmente, no que diz
respeito à margem direita
do rio Tocantins,

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Meio Físico Ecossistemas Terrestres

Sub-Bacia
Susceptibilidade à
erosão e potencial Geomorfologia Pedologia Fauna Flora Áreas protegidas
mineral
Erosão por sulcos, Chernossolos Dentre os primatas, Manchas disjuntas de na divisa entre os Estados
ravinas e boçorocas: Argilúvicos e destacam-se o guariba formações florestais do Tocantins e Maranhão,
Alta suscetibilidade nas Latossolos Vermelho (Alouatta sp), o macaco- estacionais e com entre as Terras Indígenas
formações Sambaíba e Distroférricos, com prego (Cebus apella), e o elementos umbrófilos. Kraolândia, Apinayé e
Pimenteiras, presentes boa aptidão agrícola, macaco-da-noite (Aotus Presença de elementos Krikati.
a sul, centro e norte. nas proximidades de sp), identificado na região amazônicos mostra a Como resultado dos
Alta suscetibilidade à Estreito e Porto de Lajeado (Palmas) por influência das florestas workshops dos Biomas
erosão do Horizonte C: Franco (MA) e ocasião do resgate. Há úmidas, à semelhança do Cerrado e Amazônia, as
localmente, a oeste. Aguiarnópolis (TO). ainda indícios de mosaico existente na Áreas Prioritárias
Área de média A maioria absoluta ocorrência de mão-de-ouro vegetação. denominadas Polígono das
potencialidade mineral à dos solos apresenta (Saimiri sciureus). Águas – Sudoeste do
Cont. argila, turfa, calcário, limitações fortíssimas Maranhão e Carolina –
Sub-bacia 23 gipsita, alumínio e titânio ao aproveitamento Porto Franco (MA) até
em sua porção central, com agricultura, pelo Itacajá (TO) foram
no município de menos para consideradas de prioridade
Carolina. agricultura extremamente alta e
mecanizada. receberam como principal
recomendação a criação
de Unidade de
Conservação, tando em
análise a criação do
Parque Nacional da
Chapada das Mangabeiras

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Meio Físico Ecossistemas Terrestres

Sub-Bacia
Susceptibilidade à
erosão e potencial Geomorfologia Pedologia Fauna Flora Áreas protegidas
mineral
– Carolina (MA).
Cabe destacar que esta
região corre o risco de ser
fortemente degradada pelo
desenvolvimento de
atividades como turismo
desordenado, prática de
queimadas e avanço da
fronteira agrícola. Por outro
lado, a ocupação humana
Cont. ainda é rarefeita e os
Sub-bacia 23 danos causados pelas
atividades atualmente
desenvolvidas são de
pequena escala, passíveis
de regeneração, não
descaracterizando a
importância biológica da
região. Parte do Corredor
Ecológico Sul da Amazônia
está inserida nessa sub-
bacia.

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Meio Físico Ecossistemas Terrestres

Sub-Bacia
Susceptibilidade à
erosão e potencial Geomorfologia Pedologia Fauna Flora Áreas protegidas
mineral
Alta suscetibilidade à Identificam-se três A norte da cidade de Fauna característica de Predomínio de cerrados, O Corredor Ecológico
contaminação de grandes Palmas, estendendo- cerrado, ressaltando-se a com pequi (Caryocar Jalapão – Serra das
aqüíferos localmente compartimentos: se, na margem direita, ocorrência de cervo-do- brasiliense) dominando Mangabeiras está
para faixas quartzíticas - as chapadas que para sul (abrangendo pantanal (Blastocerus localmente. integralmente inserido na
do Grupo Santo Antonio constituem o divisor o Parque Estadual do dichotomus) nas lagoas Florestas de dique do rio Sub-bacia 22 e, em
e áreas de afloramento Tocantins-São Jalapão ou “Deserto interfluviais e de arara-azul- Tocantins e tributários conjunto com outras cinco
da Formação Itapecuru; Francisco, do Jalapão”), terras grande. (Manuel Alves da UCs, tem o objetivo de
média em ambas as de baixa Destaca-se, ainda, o Natividade, São Valério, proteger os ecossistemas e
margens do rio - o contato com a potencialidade belezas cênicas da região
Depressão do Médio ou registro de jacaré-açu Santo Antônio e Santa
Tocantins na região de agrícola: Neossolos (Melanosuchus niger) e o Teresa) mais vigorosas e do Jalapão e confluência
Palmas e a jusante. Alto Tocantins é feito de Quartzarênicos dos Estados do Tocantins,
forma gradual, relato incidental de macaco de maior porte, embora
Erosão no horizonte C: Órticos e Plintossolos do gênero Cebus, submetidas à pressão Maranhão, Piauí e Bahia.
presenciando chapadas Pétricos
Sub-bacia 22 alta suscetibilidade para e morros testemunhos provavelmente Cebus antrópica. Especificamente a região
as rochas graníticas e Concrecionários sob albifrons, na região entre dos rios Bagagem e
desligados da estrutura vegetação de Presença de lagoas
Complexo Goiano, a sul principal. Ipueiras e Peixe. distantes da influência dos Manuel Alves da
e centro e alta Cerrado, com severas Natividade, ao sul do
- no domínio da limitações ao Juntamente com a região rios, com vegetação ripária
suscetibilidade na do Distrito Federal, a região passando gradativamente a Corredor Ecológico
margem direita do rio do depressão destacam-se aproveitamento com Jalapão – Serra das
os residuais serranos agricultura. de Palmas e Serra do cerrado. Presença de
Sono. Lajeado é uma das mais florestas paludosas e de Mangabeiras, encontra-se
mantidos por quartzito, No lado oeste, de desprovida de áreas
A leste, nas Chapadas e cujos dobramentos bem estudadas da bacia buritizais nas planícies
Patamares das Palmas para sul, hidrográfica, fluviais. legalmente protegidas.
proterozóicos
Mangabeiras favoreceram o
desenvolvimento

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Meio Físico Ecossistemas Terrestres

Sub-Bacia
Susceptibilidade à
erosão e potencial Geomorfologia Pedologia Fauna Flora Áreas protegidas
mineral
(formações Itapecuru, de cristas assimétricas. Latossolos Vermelho- o que permitiu constatar Pecuária e grãos nas O mesmo ocorre na região
Cabeças) alta Amarelos Distróficos grande diversidade, proximidades de Porto norte deste Corredor
suscetibilidade à erosão de textura argilosa e notadamente de répteis, na Nacional e Palmas e a Ecológico, onde se
por sulcos, ravinas e média, em associação Depressão do Tocantins. norte, próximo a Pedro encontra o município de
boçorocas. com Plintossolos Afonso. Lizarda.
Área com alto potencial Pétricos Predomínio de cerrados As APAs da Foz do Santa
mineral (ouro, ferro, Concrecionários. abertos e veredas a leste, Tereza e Lago Peixe
níquel, manganês e Localizadamente, em solos arenosos. Angical encontram-se
cobre) na porção petroplintita na forma inseridas no Corredor
central/sudeste da sub- de cangas ou Ecológico Paranã –
bacia, onde estão os concreções. Pirineus, em parte dentro
Cont. rios Manuel Alves, das Apresentam aptidão da Sub-bacia 22.
Balsas e do Peixe. regular para
Sub-bacia 22 exploração com Apesar da APA da Foz do
Potencial mineral alto a pastagem plantada, já Santa Tereza, o rio Santa
sudoeste (municípios de consolidada em toda Tereza tem seu médio e
Santa Tereza de Goiás, sua extensão. alto curso (terrenos sujeitos
Trombas, Estrela do à inundação e cabeceiras),
Norte e Porangatu), com Latossolos de textura ao sul de Gurupi, despro
ocorrências de argilosa e livres de vido de UC. A porção leste
petroplintita, com do Corredor Ecológico
aptidão BOA para Paranã – Pirineus, cortada
lavouras. pelas águas do rio Palma,
também

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Meio Físico Ecossistemas Terrestres

Sub-Bacia
Susceptibilidade à
erosão e potencial Geomorfologia Pedologia Fauna Flora Áreas protegidas
mineral
cobre, ouro e níquel. tecnificadas, encontra-se desprovida de
Área de médio potencial localizadamente nas UCs.
de ouro e níquel proximidades de Apenas mais ao norte, os
próxima à cidade de Gurupi (TO) ecossistemas estão
Porto Nacional. Porangatu (GO) e na representados pelas APAs
região das nascentes Lago de Palmas e Serra do
do rio Santa Tereza. Lajeado, pelo Parque
Cont. Estadual Serra do Lajeado
Sub-bacia 22 e pelas Terras Indígenas
Funil e Xerente. Cabe
destacar que nenhuma
dessas UCs e TIs (Terras
Indígenas) abrange ambas
as margens do rio
Tocantins.

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Meio Físico Ecossistemas Terrestres

Sub-Bacia
Susceptibilidade à
erosão e potencial Geomorfologia Pedologia Fauna Flora Áreas protegidas
mineral
Média suscetibilidade à Corresponde às sub- No geral, predominam Fauna característica de O cerrado continua como Toda a Sub-bacia 21
contaminação de bacias dos rios Paranã e terras de baixíssima cerrado, ressaltando-se a vegetação predominante. encontra-se inserida no
aqüíferos na porção Palma, da margem potencialidade ocorrência de anfíbios da Sua peculiaridade reside Corredor Ecológico Paranã
oriental (Subgrupo direita do rio cujas agrícola. caatinga (Elachistocleis em seu aspecto decíduo no – Pirineus. No limite entre
Paraopebas) e Alta para nascentes são, Presença de piauiensis) e da Amazônia período de estiagem. Goiás e Bahia encontram-
a rede de drenagem respectivamente, no Plintossolos Pétricos (Osteocephalus taurinus e Formações vegetais se, mais ao norte, as UCs
desta unidade. Arenitos Chapadão Ocidental Concrecionários, Scinax. gr. Rostratus). ripárias são estreitas. Parque Estadual de Terra
da Formação Urucuia, Baiano e Chapadas de Neossolos Ressalta-se, ainda, o Ronca e APA da Serra
no limite oriental, de alta Paracatu, e no A pecuária prevalece Geral de Goiás e, mais ao
Quartzarênicos e registro de garça-azul associada às fisionomias
suscetibilidade. Chapadão Ocidental Neossolos Litólicos e (Egretta caerulea) e arara- sul, a APA das nascentes
Baiano. abertas de cerrado, de do Rio Vermelho.
Alta suscetibilidade à Cambissolos, via de azul-grande ou arara-preta forma extensiva, ou como
Sub-bacia 21 erosão do Horizonte C a O rio Paranã percorre os regra muito (Anodorhynchus pastos formados com O rio Paranã percorre toda
norte e centro; à erosão Patamares do Chapadão cascalhentos e hyacinthinus). gramíneas exóticas. a Sub-bacia 21 e o
por sulcos e boçorocas Ocidental Baiano pedregosos. Corredor Ecológico Paranã
nos depósitos terciário- formando canions nas Apresentam severas Em direção às cabeceiras – Pirineus, sendo que tanto
quaternários estruturas cársticas e limitações de ordem dos rios da margem direita, suas cabeceiras como o
sobrepostos à ingressando a seguir no física ao uso agrícola. prevalecem cerrados vale encontram-se
Formação Paraopebas; Vão do Paraná e, a partir abertos em solos arenosos. desprovidos de proteção
Chapadões com Ao longo dos cursos
a fundamentos daí, conecta-se com a Latossolos por UC.
cársticos, a sul/sudeste Depressão do Alto d´água, áreas úmidas
Vermelhos, em condicionam campos O Parque Nacional da
e leste. Tocantins. condição Chapada dos Veadeiros e
paludosos com buritis e em
contato com florestas de a APA de Pouso Alto
galeria.

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Meio Físico Ecossistemas Terrestres

Sub-Bacia
Susceptibilidade à
erosão e potencial Geomorfologia Pedologia Fauna Flora Áreas protegidas
mineral
A principal ocorrência O rio Palma, após favorável à agricultura encontram-se inseridas no
mineral é o ouro, com atravessar os patamares mecanizada em sua Corredor Ecológico Paranã
uma grande estruturais do Chapadão porção sul (São João – Pirineus e estão em parte
concentração de Ocidental Baiano, da Aliança e inseridas nas Sub-bacias
processos no DNPM no contorna estruturas Planaltina). 21 e 22.
extremo leste. Com serranas como o
menor importância Complexo Montanhoso
ocorrem depósitos de Veadeiros-Araí e a Serra
calcário e magnésio, de Arraias e da Canoa,
fosfato, cassiterita e cujas estruturas serranas
Cont. tântalo, também a leste. apresentam
vulnerabilidade à erosão,
Sub-bacia 21 assim como as escarpas
e patamares estruturais
do Chapadão Ocidental
Baiano.
Inserem-se nessa
condição as escarpas
estruturais das
Chapadas de Paracatu,
além dos níveis cársticos
dos
Patamares do Chapadão
Cont. Ocidental Baiano na
Sub-bacia 21 região de Terra Ronca.

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Meio Físico Ecossistemas Terrestres

Sub-Bacia
Susceptibilidade à
erosão e potencial Geomorfologia Pedologia Fauna Flora Áreas protegidas
mineral
Alta suscetibilidade a Corresponde a seção do Ocorrência expressiva Fauna característica de Região nuclear do domínio Na região do Distrito
erosão em sulcos, alto rio Tocantins, de Argissolos cerrado, salientando-se a do Cerrado e um dos Federal, as APAs do
ravinas e boçorocas a representada pelas sub- Vermelho-Amarelos ocorrência a norte, na setores da Bacia Planalto Central e do
norte/nordeste bacias dos rios Eutróficos no extremo Chapada dos Veadeiros, Hidrográfica do Tocantins Cafuringa e a Estação
(Formação Arraias) e Maranhão e sul da sub-bacia, em de espécies endêmicas com maior número de Ecológica Águas
alta suscetibilidade à Tocantinzinho, tem como relevo suave (Odontophrynus salvatori e estudos. Presença de Emendadas protegem as
erosão do horizonte C origem o Planalto Goiás- ondulado a forte Leptodactylus tapeti). formações savânicas que cabeceiras de alguns dos
no extremo sudoeste. Minas, desenvolvidos a ondulado, utilizados Resultados de resgate na dominam nos interflúvios, formadores do rio
Alto potencial mineral partir dos residuais das para pastagem região de Serra da Mesa, em suas diversas Tocantins, citando-se como
Sub-bacia 20 Chapadas do Alto Rio plantada ou pequenas fisionomias: abertas exemplo o rio Maranhão.
(níquel) na parte central onde um total de 492
da sub-bacia (nas Maranhão e Planalto do lavouras irrigadas de espécies foi assinalado, (campo limpo, campo sujo, Por outro lado, a região do
proximidades dos Distrito Federal. hortícolas e olerícolas, dentre as quais 313 aves, campo cerrado) e densas rio das Almas, importante
municípios de A drenagem contorna quando em vales 104 mamíferos, 99 répteis (Cerrado stricto sensu e formador do rio Tocantins,
Niquelândia e Barro residuais e ingressa na aplanados. e 43 anfíbios. cerradão), sendo as encontra-se desprovida de
Alto). Depressão do Alto formações florestais proteção por UCs.
Tocantins. ripárias relacionadas aos
fundos de vale.

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Meio Físico Ecossistemas Terrestres

Sub-Bacia
Susceptibilidade à
erosão e potencial Geomorfologia Pedologia Fauna Flora Áreas protegidas
mineral
Subordinadamente sendo interceptadas por Ocorrência de solos Florestas estacionais Parte do Corredor
zinco, ouro, titânio, formações serranas. de baixa semideciduais e deciduais Ecológico Paranã –
ilmenita, calcário, cobre O rio Tocantinzinho potencialidade marcam a paisagem ao Pirineus está inserida
e fosfato. percorre a seção agrícola (Cambissolos sul/sudeste e leste. nessa sub-bacia.
meridional do Complexo cascalhentos e
Montanhoso Veadeiros- Neossolos Litólicos),
Araí, com forte grau de bem como Latossolos
incisão da drenagem em Vermelhos Distróficos
metassedimentos em chapadas e
Cont. chapadões utilizados
falhados da Formação
Sub-bacia 20 Arraias. com lavouras de
grãos.
Inclui ainda o rio das
Almas, que nasce no Nitossolos Vermelhos
Planalto do Alto Eutroférricos e
Tocantins-Paranaíba, Latossolos Vermelhos
separado da bacia do rio Distroférricos, na
Maranhão pelo região do Vale do São
Complexo Barro Alto. Patrício em Goiás, na
serra de Niquelândia.

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Meio Físico Ecossistemas Terrestres

Sub-Bacia
Susceptibilidade à
erosão e potencial Geomorfologia Pedologia Fauna Flora Áreas protegidas
mineral
O Planalto do Alto próximo à represa de
Tocantins-Paranaíba Serra da Mesa e em
apresenta grande Minaçu.
extensão superficial com Esta região apresenta
predisposição aos a segunda maior
processos erosivos. Alta concentração de
vulnerabilidade também terras, em seguida à
Cont. pode ser evidenciada sub-bacia 29,
nas escarpas das serras consideradas aptas
Sub-bacia 20 Dourada, do Encosto e para agricultura, quer
Branca, associadas a sob manejo
rochas intrusivas tecnificado e
graníticas. capitalizado ou não.
Sua porção sudoeste
é a que concentra a
maioria destas terras.

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3. CARACTERIZAÇÃO SOCIOECONÔMICA
A caracterização socioeconômica da Bacia do Tocantins inicia-se com a análise da estrutura
produtiva dominante na Bacia e a avaliação de sua dinâmica econômica, identificando-se
especificidades e regularidades espaciais no âmbito dos Estados, de seus principais
municípios e das sub-bacias. Na seqüência, descreve-se a evolução populacional, densidade
média municipal e, ainda, o comportamento da urbanização nestes mesmos espaços. Com
esse conhecimento acumulado, são examinados: os desdobramentos na rede urbana e a
hierarquia de seus centros urbanos; as condições sociais em termos de sinalizações da renda
monetária e provisão de bens e serviços públicos oferecidos à população residente; o
comportamento das finanças municipais.

Nesse contexto econômico-demográfico, dadas suas especificidades socioculturais, também


são caracterizadas as populações tradicionais, sejam as indígenas, as comunidades de
quilombolas, quebradeiras de coco babaçu e pescadores artesanais. Por fim, foi enfocada a
matriz institucional para se identificar seus principais entes e como configuram uma
determinada governança, apta a dar sustentabilidade aos processos socioeconômicos.

Essa seqüência das análises do Meio Socioeconômico valoriza mecanismos básicos de


qualquer macro-processo de evolução regional, no caso representado pelos mecanismos
dominantes na Bacia do Rio Tocantins.

Do ponto de vista das análises espaciais, considerando a extensão da Bacia e a necessidade


de se avaliar os inúmeros municípios, recorreu-se ao seu enquadramento em dois cortes: um
identificando-se os municípios de acordo com as quatro unidades da federação, destacando
municípios com comportamentos diferenciados, e um outro adotando-se as sub-bacias.

Objetivando obter uma compreensão, especificamente, das unidades da federação como


entes instituicionais participantes da governança da Bacia, a tabela a seguir reúne algumas
variáveis que expressam suas importâncias relativas no contexto da Bacia. Observa-se que
os Estados do Pará e Maranhão, ainda que detenham parcelas territoriais menos importantes
e também um número inferior de municípios na Bacia, são relevantes em termos econômicos
e demográficos.

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Tabela 28 - Algumas Variáveis de Importância na Bacia do Tocantins

População VA TOTAL (em


Nº municípios Extensão Territorial
Residente milhões de reais)
UF
2
N° % Km % N° % N° %

PA 25 11,2% 73.477 19,4% 883.998 16,2% 5.578,00 9,9%

GO 79 35,3% 102.818 27,1% 1.214.984 22,3% 6.104,50 10,9%

TO 99 44,2% 172.779 45,6% 825.671 15,1% 2.607,00 4,6%

MA 20 8,9% 29.223 7,7% 478.591 8,8% 1.134,30 2,0%

Total 223 100,0% 378.297 100,0% 3.403.244 100,0% 15.424,10 100,0%

Elaboração: ARCADIS Tetraplan

Com o conhecimento desse quadro e, tendo em vista a avaliação integrada da


Caracterização Socioeconômica da Bacia, sintetizam-se seus resultados em um dado padrão
territorial, recorrendo-se ao uso de Indicadores de Sustentabilidade Municipal das dimensões
econômica, demográfica, social, ambiental, em termos de pressão antrópica e, por fim,
institucional. A figura a seguir mostra as relações do macro-processo mencionado.

Ilustração 24 - Macro-Processo da Caracterização Socioeconômica

Caracterização Socioeconômica
MACROPROCESSOS
MACROPROCESSOS
MACRO–PROCESSOS
DOMINANTES Sustentabilidade
Estrutura Produtiva Econômica
Dominante
Níveis de desempenho /
produtividade
Crescimento Econômico (PIB)

Receita Orçamentária Evolução Populacional


Rede Urbana e
Uso e Ocupação
Oferta de Bens e Densidade Demográfica do Solo dominante
Hierarquia dos Centros
Serviços e Urbanização

Condições de Vida
Pressão sobre Pressão sobre
as populações Recursos Naturais
tradicionais e Ecossistemas

Sustentabilidade Sustentabilidade
Social Pressão Antrópica

MATRIZ INSTITUCIONAL

Elaboração: Consórcio CNEC-ARCADIS Tetraplan

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3.1. Caracterização Econômica


3.1.1. Magnitudes econômicas – Valor Agregado
O Valor Agregado médio de todos os municípios da Bacia do Rio Tocantins entre 2001 e
2003 somou R$ 15,4 bilhões, dos quais 51% concentram-se em apenas 10 dos 223
municípios, que são aqueles apresentados em ordem decrescente na tabela abaixo.
Adicionam-se a estes outros 30 municípios, e tem-se que 40 municípios concentram mais de
76% do valor agregado da Bacia. Ou seja, verifica-se uma concentração de renda entre os
municípios da Bacia do Tocantins. A tabela completa, contendo informação sobre os 223
municípios, é apresentada no Anexo XIV do presente relatório, como todas as demais tabelas
referenciadas no presente capítulo.

Tabela 29 - Valor Agregado dos Dez Principais Municípios e da Bacia do Tocantins


(média de 2001 a 2003, a preços constantes de 2003)

Municípios UF VA TOTAL

Em R$ 1.000 % do total

Xinguara PA 257.785 1,7%

Formosa GO 277.207 1,8%

Niquelândia GO 290.973 1,9%

Minaçu GO 530.836 3,4%

Imperatriz MA 599.218 3,9%

Palmas TO 790.531 5,1%

Marabá PA 886.324 5,7%

Parauapebas PA 1.090.856 7,1%

Tucuruí PA 1.386.827 9,0%

Anápolis GO 1.712.504 11,1%

TOTAL DA BACIA 15.423.869 100%

Fonte: IBGE
Elaboração: Consórcio CNEC-ARCADIS Tetraplan

Dos 10 municípios com maior PIB da Bacia, 4 encontram-se no Estado do Pará, 4 estão em
Goiás, 1 no Maranhão e 1 no Tocantins e coincidem, respectivamente, com a Sub-bacia 29, a
Sub-bacia 20, a Sub-bacia 23 e a Sub-bacia 22. Assim, as maiores economias da Bacia
encontram-se em seus extremos norte e sul, verificando-se um “vazio econômico” em sua
parte central, que corresponde, em linhas gerais, aos Estados do Maranhão e do Tocantins, e
às sub-bacias 21, 22 e 23.

Conforme ilustram as tabelas que seguem, os municípios dos Estados do Pará e de Goiás
concentram 75,7% do Valor Agregado total da Bacia e as sub-bacias 20 e 29 são
responsáveis por 68,2% deste.

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Tabela 30 - Valor Agregado da Bacia do Tocantins, dividido por Unidades da Federação


(média de 2001 a 2003, a preços constantes de 2003)

VA médio por
VA TOTAL
Nº município VA per capita
UF (em milhões de % do total
municípios (em milhões (em mil reais)
reais)
de reais)

PA 25 5.578,0 36,2% 223,1 6,31

GO 79 6.104,5 39,6% 77,3 5,02

TO 99 2.607,0 16,9% 26,3 3,16

MA 20 1.134,3 7,4% 56,7 2,37

Total 223 15.423,9 100,0% 69,2 4,53

Fonte: IBGE
Elaboração: Consórcio CNEC-ARCADIS Tetraplan

Tabela 31 - Valor Agregado da Bacia do Tocantins, dividido pelas Sub-bacias (média de


2001 a 2003, a preços constantes de 2003)

VA médio por
VA TOTAL
Nº município VA per capita
Sub-bacia (em milhões de % do total
municípios (em milhões (em mil reais)
reais)
de reais)

(a)
20 53 4.981,1 32,3% 94,0 5,34

21 30 973,1 6,3% 32,4 3,52

22 56 2.221,9 14,4% 39,7 3,94

23 60 1.713,9 11,1% 28,6 2,28

29 24 5.533,9 35,9% 230,6 6,30

Total 223 15.423,9 100,0% 69,2 4,53

(a) Excluindo Brasília.


Fonte: IBGE/ Elaboração: Consórcio CNEC-ARCADIS Tetraplan

Resumidamente, pode-se dizer que as principais economias da Bacia do Tocantins


encontram-se nas Sub-bacias 20 e 29. Na primeira, cabe destaque para os municípios de
Anápolis, Niquelândia e Minaçu que, juntos, são responsáveis por 51% do V.A da Sub-bacia
20. Na segunda, quatro municípios aparecem com importância no contexto da Bacia: Marabá,
Parauapebas, Xinguara e Tucuruí. Já as Sub-bacias 21, 22 e 23 não apresentam muitos
municípios com grandes economias, cabendo destaque, na Sub-bacia 21 o município de
Formosa, na Sub-bacia 22 o município de Palmas e na Sub-bacia 23 o município de
Imperatriz.

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3.1.2. Caracterização Geral da Estrutura Produtiva Dominante e Padrões


Territoriais

3.1.2.1. Estrutura Produtiva Dominante

A análise da estrutura produtiva dominante na Bacia Hidrográfica do Tocantins pode ser


realizada com base nas informações de geração de renda – isto é, do valor agregado – ou,
alternativamente, com base nas informações dos setores de alocação do pessoal
empregado.

Dado que este último possui informações mais detalhadas, disponibilizadas pelo Ministério do
Trabalho e Emprego através da RAIS, será utilizado como base de informações para verificar
como se estrutura a produção na Bacia do Tocantins.

Conforme se observa na tabela que segue, todos os Estados que compõem a Bacia do
Tocantins apresentam predominância dos empregos no setor terciário da economia. No
entanto, os Estados do Pará e de Goiás são os que apresentam menor porcentagem de
empregados no setor de serviços e maiores porcentagens nos outros dois setores.

Tabela 32 - Número de Pessoas Empregadas por Setor de Atividade - 2004, segundo a


Bacia do Tocantins e Estados Integrantes

Estados Setor Primário Setor Secundário Setor Terciário Total

GO 14.916 12% 23.416 18% 89.820 70% 128.152

MA 2.554 7% 3.183 8% 32.497 85% 38.234

PA 9.178 12% 13.929 18% 54.743 70% 77.850

TO 7.075 5% 4.265 3% 117.504 91% 128.844

TOTAL 33.723 9% 44.793 12% 294.564 79% 373.080

Fonte: RAIS
Elaboração: Consórcio CNEC-ARCADIS Tetraplan

O mesmo ocorre ao se agrupar os municípios por Sub-bacias, verificando-se que as Sub-


bacias 20 e 29 são as que apresentam menos trabalhadores no setor terciário (v. tabela
seguinte).

Tabela 33 - Número de Pessoas Empregadas por Setor de Atividade - 2004, segundo as


sub-bacias

Sub-bacia Setor Primário Setor Secundário Setor Terciário TOTAL

SB 20 11.245 11% 22.360 21% 72.689 68% 106.294

SB 21 3.169 14% 712 3% 18.691 83% 22.572

SB 22 5.402 5% 3.615 3% 104.717 92% 113.734

SB 23 4.764 9% 4.506 8% 43.917 83% 53.187

SB 29 9.143 12% 13.600 18% 54.550 71% 77.293

TOTAL 33.723 9% 44.793 12% 294.564 79% 373.080

Fonte: RAIS

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 Os serviços

Internamente ao chamado setor de serviços, existem algumas atividades que movimentam a


economia em maior medida do que outras. Uma alta participação das atividades de
construção civil, como se observa no Pará, por exemplo, indica a dinamização da economia e
da demografia local. Alta porcentagem do emprego do setor serviços nas atividades de
“administração pública direta e autárquica”, por outro lado, indica poucas possibilidades de
empregos locais e grande dependência do setor público para empregar a população..

Conforme se observa na tabela que segue, quatro atividades econômicas são responsáveis
por 80,9% do total de empregos no setor de serviços na Bacia do Tocantins, e quase metade
destes concentram-se na administração pública. Ou seja, por meio destes resultados, e
conforme observado anteriormente na magnitude dos V.A. municipais, infere-se a existência
de uma grande quantidade de municípios na região com economias de pequeno porte, com
alta dependência do setor público na absorção da mão de obra existente.

Tabela 34 - Número de Pessoas Empregado nas Principais Atividades de Serviços –


2004

Serviços de
alojamento, Administração
Comércio alimentação, Total
Construção civil pública direta e Sub-total 3
varejista reparação, Serviços
manutenção, autárquica
UF etc.
Empregos

Empregos

Empregos

Empregos

Empregos

Empregos
(a) (a) (a) (a) (a)
% % % % %

MA 527 1,6 8.835 27,2 2.531 7,8 11.302 34,8 23.195 71,4 32.497

PA 7.787 14,2 11.909 21,8 2.899 5,3 22.347 40,8 44.942 82,1 54.743

GO 2.978 3,3 22.679 25,2 9.123 10,2 33.029 36,8 67.809 75,5 89.820

TO 7.684 6,5 14.763 12,6 4.231 3,6 75.649 64,4 102.327 87,1 117.504

TOTAL 18.976 6,4 58.189 19,8 18.784 6,4 142.327 48,3 238.273 80,9 294.564

Sub
Bacia 2.905 4,0 18.200 25,1 8.032 11,1 24.270 33,5 53.407 73,8 72.371
20
(a) Porcentagem do total geral do Estado
Fonte: RAIS
Elaboração: Consórcio CNEC-ARCADIS Tetraplan

3 Inclui categorias não mostradas nesta tabela, tais como “serviços industriais de utilidade
pública, comércio atacadista, ensino, serviços médicos e odontológicos, etc.”.
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 O setor industrial

Com relação às indústrias, os dados da RAIS mostram que aproximadamente 80% dos
empregados se concentram em 5 ramos da indústria, quais sejam, (1) fabricação de produtos
alimentícios e bebidas, (2) fabricação de produtos de madeira e móveis, (3) fabricação de
produtos químicos, (4) fabricação de produtos minerais não metálicos, (5) metalurgia básica e
fabricação de produtos de metal, excluindo-se máquinas e equipamentos (conforme tabela a
seguir).

De acordo com as definições da Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE),


percebe-se que a agroindústria faz parte da categoria “fabricação de alimentos” e que grande
parte da “fabricação de produtos químicos” visa atender o setor produtivo agropecuário, já
que incorpora a fabricação de fertilizantes, fungicidas, inseticidas, defensivos agrícolas, entre
outros.

Nota-se, portanto, que estas principais atividades industriais estão diretamente relacionadas
às atividades produtivas do setor primário da economia, seja a extração de madeira, seja a
mineração, seja a agricultura ou a pecuária.

Também da tabela abaixo, percebe-se que os municípios do Pará e de Goiás são os que
apresentam maior número de pessoal empregado nas indústrias, respondendo por 29,3% e
51,9% do total de empregos neste setor.

Tabela 35 - Pessoal empregado nas principais atividades industriais – 2004


Fabricação Metalurgia
Fabricação
Fabricação Fabricação de básica e
de
de produtos de produtos fabricação Sub- Total
UF produtos 5
alimentícios produtos minerais de Total Indústria
de madeira
e bebidas químicos não produtos
e móveis 4
metálicos de metal
Empregos 813 1.138 111 885 78 3.025 4.111
MA
%(a) 19,8% 27,7% 2,7% 21,5% 1,9% 73,6%

Empregos 3.269 6.617 717 690 2.630 13.923 14.183


PA (a)
% 23,0% 46,7% 5,1% 4,9% 18,5% 98,2%

Empregos 2.081 213 294 1.127 298 4.013 4.985


TO
%(a) 41,7% 4,3% 5,9% 22,6% 6,0% 80,5%

Empregos 7.290 1.126 5.040 2.243 1.878 17.577 25.185


GO (a)
% 28,9% 4,5% 20,0% 8,9% 7,5% 69,8%

4 Excluindo máquinas e equipamentos.

5 Inclui categorias não mostradas nesta tabela, tais como “serviços industriais de utilidade
pública, comércio atacadista, ensino, serviços médicos e odontológicos, etc.”.
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Fabricação Metalurgia
Fabricação
Fabricação Fabricação de básica e
de
de produtos de produtos fabricação Sub- Total
UF produtos 5
alimentícios produtos minerais de Total Indústria
de madeira
e bebidas químicos não produtos
e móveis 4
metálicos de metal

Empregos 13.453 9.094 6.162 4.945 4.884 38.538 48.485


Total
(a)
% 27,7% 18,8% 12,7% 10,2% 10,1% 79,5%

SUB Empregos 6.719 1.033 5.035 1.857 1.824 16.468 23.794


20 % (a)
28,2% 4,3% 21,2% 7,8% 7,7% 69,2%

(a) Porcentagem do total geral do Estado


Fonte: RAIS
Elaboração: ARCADIS Tetraplan

Além disso, os dados da RAIS mostram que as atividades industriais são mal distribuídas na
Bacia do Tocantins. Um único município – Anápolis – é responsável por aproximadamente
25% do total de empregos no setor, ao passo que 5 municípios concentram quase 50% do
total de empregos do setor industrial na Bacia (v. tabela seguinte).

Tabela 36 – Emprego no Setor Industrial dos Dez Principais Municípios da Bacia do


Tocantins (2004)

Municípios UF EMPREGOS NO SETOR INDUSTRIAL

Número de
% do total
empregos

Tucuruí PA 1.151 2,4%

Palmas TO 1.167 2,4%

Xinguara PA 1.255 2,6%

Breu Branco PA 1.282 2,6%

Jacundá PA 1.992 4,1%

Jaraguá GO 2.227 4,6%

Goianésia GO 2.354 4,9%

Imperatriz MA 2.485 5,1%

Marabá PA 4.524 9,3%

Anápolis GO 12.459 25,7%


TOTAL DA BACIA 48.485 100%

Fonte: RAIS
Elaboração: ARCADIS Tetraplan

 Agropecuária, silvicultura e extração mineral

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Conforme se pode observar na tabela a seguir, as atividades do setor primário da economia


são dominadas pela agricultura e pecuária, que respondem por 76,6% de todo o pessoal
empregado neste setor na Bacia do Rio Tocantins.

As quatro categorias de atividades ilustradas na tabela – agricultura e pecuária, silvicultura e


exploração florestal, extração de minerais metálicos e extração de minerais não metálicos –
respondem por 99,8% dos empregos no setor primário da economia. O restante do pessoal
empregado no setor primário está distribuído em “extração de carvão mineral” e “pesca e
aqüicultura”.

Tabela 37 - Pessoal empregado nas principais atividades primárias 2004

Silvicultura e Extração de Extração de Total


Agricultura
Exploração Minerais Minerais Não Sub-total Setor
e Pecuária
Florestal Metálicos Metálicos Primário
UF
Empregos

Empregos

Empregos

Empregos

Empregos

Empregos
(a) (a) (a) (a) (a)
% % % % %

MA 1.540 46,7 1.706 51,7 17 0,5 35 1,1 3.298 100,0 3.298

PA 6.403 74,4 159 1,8 1.920 22,3 114 1,3 8.596 99,9 8.604

GO 10.462 80,8 444 3,4 867 6,7 1.145 8,8 12.918 99,8 12.945

TO 5.308 86,7 353 5,8 52 0,8 372 6,1 6.085 99,4 6.124

TOTAL 23.713 76,6 2.662 8,6 2.856 9,2 1.666 5,4 30.897 99,8 30.971

SUB 7.321 77,2 287 3,0 867 9,1 1007 10,6 9.482 100,0 9.485
20
(a) Porcentagem do total geral do Estado
Fonte: RAIS
Elaboração: ARCADIS Tetraplan

Fica claro, portanto, que apesar de terem históricos de ocupação distintos, tanto a porção
norte da Bacia, quanto a parte sul apresentam estruturas econômicas altamente dependentes
dos recursos naturais.

As maiores economias da Bacia concentram-se em seus extremos norte e sul, e coincidem


em grande medida com os municípios que apresentam um setor industrial relativamente
desenvolvido, baseado, principalmente, na indústria de transformação dos minerais, na
agroindústria ou na fabricação de produtos madeireiros. A maior parte destes municípios
situa-se nos Estados do Pará ou de Goiás (ou, alternativamente, nas Sub-bacias 29 e 20),
que são também os Estados que apresentam os maiores valores agregados per capita.

Os municípios de Palmas, no Tocantins, Imperatriz, no Maranhão, e Anápolis, em Goiás,


apresentam economias vigorosas no contexto da Bacia – respectivamente a quinta, a sexta e
a primeira economia – e bastante diversificadas. São municípios relativamente grandes, que
desempenham o papel de pólos regionais, atendendo aos demais municípios da região.

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Os municípios que apresentam extração mineral em seus territórios são também de


economia mediana a grande no contexto da Bacia, mas isso ocorre em grande medida
porque nestes municípios também existe uma indústria de transformação associada às
atividades extrativas. Estes são os casos, por exemplo, de Parauapebas e Niquelândia.

A maior parte dos municípios, no entanto, apresenta economia de pequeno a médio porte,
voltada para as atividades agropecuárias e com grande número de pessoas ocupadas no
setor de serviços, principalmente na administração pública.

Resumidamente, por sub-bacia, pode-se dizer que as Sub-bacias 20 e 29 são as que


concentram o maior número de indústrias significativas, que estão estritamente associadas à
exploração dos recursos naturais. A Sub-bacia 21 não apresenta nenhuma indústria de
relevância no contexto regional e as Sub-bacias 22 e 23 apresentam um setor industrial
significativo coincidente com seus pólos sub-regionais – respectivamente Palmas e
Imperatriz.

Visto que a economia da região depende em grande medida dos recursos naturais, e que
mesmo os municípios mais industrializados dependem destes, cabe analisar os principais
recursos explorados economicamente na região e onde se localizam espacialmente.

3.1.2.2. Padrão Territorial


 Agricultura

A área plantada total na Bacia do rio Tocantins é de 1,13 milhões de hectares, sendo que a
maior parte se concentra nos Estados de Goiás e Tocantins, que respondem por 42,2% e
33,8% dessa área respectivamente. Este resultado é esperado na medida em que estes são
os dois Estados que possuem maior número de municípios integrando a Bacia do Tocantins,
bem como a maior área dentro da Bacia, conforme se pode observar na tabela que segue. O
Mapa C3 – Área Plantada, no Caderno de Mapas C do Atlas do projeto, apresenta tal
informação espacializada, por município.

Tabela 38 - Área plantada total e porcentagem do município ocupado com agricultura –


2004

Área total dos


Porcentagem Área
Área municípios
Participação Número de do município plantada
UF Plantada que integram
no total (a) municípios ocupado com média dos
(ha.) a Bacia
agricultura municípios
(ha.)

GO 476.560 42,2% 10.817.431 79 4,4% 6.032


MA 97.181 8,6% 3.245.916 20 3,0% 4.859
PA 175.225 15,5% 8.672.799 25 2,0% 7.009

TO 381.593 33,8% 16.851.652 99 2,3% 3.854


TOTAL 1.130.559 100,0% 39.587.799 223 2,9% 5.070

SUB 20 393.346 34,8% 6.321.917 51 6,2% 7.713


Fonte: PAM - IBGE
(a) Exclui as áreas de UCs e TIs.

Se analisado com relação à área total de cada Estado dentro da Bacia, observa-se que Goiás
é o Estado que apresenta maior porcentagem de área plantada, seguido por Maranhão,
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Tocantins e Pará. Por outro lado, o Pará é o Estado que apresenta a maior área plantada
média por município. Isso ocorre porque os municípios do Pará possuem grandes extensões
territoriais, de forma que, ainda que tenham uma grande área plantada, a mesma não ocupa
grande parte do seu território. O Mapa C4 – Área Plantada com relação ao Tamanho dos
Municípios espacializa tal informação.

Cabem, portanto, dois tipos de análise para a compreensão da distribuição espacial da


agricultura na Bacia do Tocantins:

Uma diz respeito à magnitude da área plantada em si, em termos absolutos, que mostra a
importância desta área no contexto da Bacia. A outra é a análise da área plantada com
relação ao tamanho do município, que, diferentemente da primeira, mostra a importância da
área plantada para o município.

O Mapa C-3 mostra a distribuição da agricultura na Bacia do Tocantins levando em


consideração os valores absolutos de área plantada. O Mapa C-4 mostra a distribuição da
agricultura levando em consideração a área plantada e o tamanho dos municípios, sendo
este último computado sem as áreas de unidades de conservação e de terras indígenas, já
que são áreas de uso restrito, sobre as quais incide legislação específica.

Dos mapas, percebe-se que a agricultura se distribui na Bacia em quatro regiões, quais
sejam: (1) na porção sul, no Estado de Goiás, coincidindo com a Sub-bacia 20, (2) no estado
do Tocantins, ao redor de Palmas, na Sub-bacia 22, (3) na fronteira do Tocantins com
Maranhão, na região de Campos Lindos - Sub-bacia 23 e (4) no Pará, na Sub-bacia 29. No
entanto, com relação ao tamanho dos municípios (mapa C-4), indicando a importância da
agricultura para aquele território, apenas as 3 primeiras regiões citadas aparecem com
importância. No Pará, conforme se verá mais adiante, a agricultura é menos importante que a
pecuária bovina, atividade que prevalece na região.

Os principais produtos cultivados na região são soja, milho e arroz, conforme indicado no
gráfico a seguir. O gráfico que lhe segue mostra os principais produtos cultivados nas Sub-
bacias.

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Ilustração 25 - Principais produtos cultivados e respectivas porcentagens na Bacia do


Tocantins (2004)

Soja (em grão)

Milho (em grão) 24%


19%
Arroz (em casca)
Cana-de-açúcar

Feijão (em grão)


6%
Mandioca 35% 4%
Sorgo granífero (em grão) 4%
4%
Banana
2%
Outros
2%

Fonte: PAM - IBGE


Elaboração: Consórcio CNEC-ARCADIS Tetraplan

Ilustração 26 - Principais produtos plantados por Estado da Bacia do Tocantins (2004)

500.000
450.000
400.000
350.000 Outros
Soja (em grão)
300.000
(Hectares)

Milho (em grão)


250.000
Mandioca
200.000 Cana-de-açúcar
150.000 Arroz (em casca)
100.000
50.000
0
SB 20 SB 21 SB 22 SB 23 SB 29

Fonte: PAM - IBGE


Elaboração: Consórcio CNEC-ARCADIS Tetraplan

Pelo gráfico, fica claro que os grãos vêm efetivamente dominando a região da Bacia como um
todo, com destaque especial para a soja, que é o produto dominante nas Sub-bacias 22 e 23,
com papel importante também na 20, onde divide com o milho o papel de principal produto.
Nas Sub-bacias 21 e 29, a predominância é de milho e arroz. Cabe destacar que a única
Sub-bacia onde a soja não aparece é a 29.

Outro fato constatável é a entrada da cana-de-açúcar no contexto da região, aparecendo na


Sub-bacia 20 com alguma importância e também na Sub-bacia 21.

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 Pecuária

Assim como a agricultura, a pecuária deve ser analisada de duas maneiras:


− O rebanho total dos municípios, em termos absolutos (representado no Mapa C5 –
Efetivo Bovino);
− O rebanho municipal em termos relativos ao tamanho do território (representado no
Mapa C6 – Densidade de Gado).

Conforme referido anteriormente, os municípios do Estado do Pará são os que concentram o


maior rebanho bovino. No entanto, Goiás e Tocantins também apresentam um grande
rebanho devido, entre outros fatores, ao fato de serem os Estados com maior número de
municípios e maior extensão territorial na Bacia do Tocantins (ver tabela a seguir).

Tabela 39 - Rebanho bovino total e densidade de gado nos Estados da Bacia do


Tocantins (2004)

Área total dos


Rebanho
municípios Densidade Rebanho
bovino Participação Número de
UF que integram bovina médio dos
(número de no total (a) municípios
a Bacia (animais/ha.) municípios
animais)
(ha.)

GO 5.425.690 33,1% 10.817.431 79 0,50 68.680


MA 1.191.219 7,3% 3.245.916 20 0,37 59.561
PA 5.564.337 34,0% 8.672.799 25 0,64 222.573
TO 4.206.261 25,7% 16.851.652 99 0,25 42.487
TOTAL 16.387.507 100,0% 39.587.799 223 0,41 73.487
SUB 20 3.303.859 20,2% 6.321.917 51 0,52 64.782
Fonte: PPM - IBGE
(a) Exclui as áreas de UCs e TIs.

Observa-se na tabela anterior que, apesar do rebanho nos municípios de Goiás (Sub-bacia
20 e parte da 21) ser quase da mesma magnitude do rebanho nos municípios do Pará (Sub-
bacia 29), este último apresenta uma densidade bovina superior, a despeito de seus
municípios possuírem grandes extensões territoriais, e um rebanho médio por município
muito maior que os demais Estados.

Os municípios do Tocantins (Sub-bacia 22 e parte das Sub-bacias 21 e 23), por outro lado,
apesar de apresentarem rebanho bovino significativo, apresentam densidade de animais e
rebanho médio municipal reduzidos. Isso significa que o número elevado do rebanho bovino
total se dá muito mais em função do grande número de municípios do que pela importância
da pecuária propriamente dita. Segundo este raciocínio, os municípios do Maranhão, apesar
de somarem um rebanho total menor que os municípios do Tocantins, têm na pecuária uma
atividade mais importante do que este último.

O Mapa C-5 mostra a distribuição espacial do rebanho bovino na Bacia do Tocantins em


termos absolutos. Neste mapa é facilmente observável a força da pecuária no Pará, dado o
grande rebanho bovino, bem como a importância dos municípios de Goiás e do Tocantins. O
mapa seguinte, que mostra o rebanho bovino relativizado pelo tamanho do território, mostra

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claramente que as maiores densidades de animais estão nos extremos norte e sudoeste da
Bacia. Neste mapa também se pode observar que existe um vazio na parte leste da Bacia,
onde a pecuária bovina não tem tanta importância.
 Extrativismo Vegetal

Apesar de existir extração vegetal de produtos alimentícios, tais como açaí, castanha do Pará
e palmito, e de oleaginosas, como babaçu e pequi, os produtos madeireiros – lenha, carvão
vegetal e madeira em tora – são os que realmente apresentam expressão dentro do conjunto
de extração vegetal na Bacia do Tocantins.

Enquanto a produção de carvão vegetal concentra-se nos municípios de Goiás, a produção


de madeira em tora está concentrada nos municípios do Pará. Já a produção de lenha é
distribuída de forma mais igualitária entre os municípios da Bacia, com predominância nos
municípios do Pará (Sub-bacia 29), conforme tabela a seguir.

Tabela 40 - Quantidade extraída dos principais produtos de extração vegetal (2004)

Madeira em
Carvão Lenha
Participação Participação tora Participação
UF vegetal (Metro
no total no total (Metro no total
(Tonelada) cúbico)
cúbico)

GO 199.450 86,1% 333.008 16,9% 18.589 1,1%

MA 24.494 10,6% 250.310 12,7% 17.331 1,1%

PA 2.061 0,9% 774.376 39,2% 1.537.376 95,1%

TO 5.751 2,5% 616.997 31,2% 43.158 2,7%

Total 231.756 100,0% 1.974.691 100,0% 1.616.454 100,0%

SUB 7.557 3,3% 180.264 9,1% 7.969 0,5%


20
Fonte: PEV – IBGE

3.1.3. Dinâmica de Evolução dos Segmentos Dominantes

3.1.3.1. Evolução do Valor Agregado

Tal como visto no panorama econômico da Bacia, os segmentos dominantes serão aqui
aprofundados em termos de comportamento passado, quantificando-se o ritmo de evolução
com as técnicas sugeridas de forma a sinalizar o comportamento futuro. Com isso, enriquece-
se a construção das perspectivas de comportamento da Bacia.

Enquanto o Valor Agregado Nacional apresentou crescimento real de 28,7% entre 1999 e
2003, a uma média anual de 6,5%, o Valor Agregado dos municípios integrantes da Bacia
Hidrográfica do Rio Tocantins cresceu 23,6% no mesmo período, ou seja, um crescimento
anual médio de 5,4%. Portanto, o crescimento econômico dos municípios da Bacia do
Tocantins foi inferior ao crescimento médio nacional.

No contexto da Bacia, os municípios do Maranhão foram os que apresentaram menor


crescimento econômico, 5,6%, conforme se pode observar na tabela a seguir. Os municípios

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do Tocantins e de Goiás, por outro lado, foram os que apresentaram maior crescimento do
Valor Agregado, sendo, inclusive, superior à média da Bacia.

Nenhum dos Estados da Bacia do Tocantins, considerando somente os municípios que a


integram, superaram o crescimento médio nacional. Da mesma forma, os municípios que
integram a Sub-bacia 20 apresentaram crescimento inferior aos apresentados tanto por Goiás
como por Tocantins, sinalizando que os municípios destes Estados que estão fora da Sub-
Bacia 20 tiveram crescimento superior.

Tabela 41 - Evolução do Valor Agregado nos municípios da Bacia do Tocantins, por


Unidade da Federação, 1999 – 2003

Crescimento
real Crescimento
UF 1999 2000 2001 2002 2003
Anual Médio
1999-2003

MA 1.102.960 1.138.583 1.106.501 1.131.691 1.164.711 5,6% 1,4%

PA 4.697.938 4.989.066 5.656.420 5.120.683 5.776.105 22,9% 5,3%

GO 5.134.794 5.774.938 6.029.530 5.810.581 6.473.458 26,1% 6,0%

TO 2.127.322 2.352.397 2.721.120 2.550.222 2.730.586 28,4% 6,4%

TOTAL 13.063.014 14.254.984 15.513.571 14.613.177 16.144.859 23,6% 5,4%

SUB 4.216.846 4.670.671 4.919.625 4.740.753 5.153.585 22,2% 5,1%


20
Fonte: IBGE

De todo o crescimento do Valor Agregado na Bacia entre 1999 e 2003, cujo valor foi de R$
3,1 milhões, ou 23,6%, quatro municípios foram responsáveis por quase 50% e 16 municípios
responderam por 75% do crescimento total, conforme tabela a seguir.

Tabela 42 - Crescimento do Valor Agregado nos municípios que mais contribuíram para
o crescimento da Bacia, 1999 – 2003, em reais constantes de 2003

1999 2003 Crescimento Crescimento Crescimento Contribuição


Município Absoluto Total médio anual ao
(R$ (R$
1000) 1000) (R$ 1000) 1999-2003 1999-2003 crescimento

Tucuruí 784.591 1.537.033 752.442 95,9% 18,3% 24,4%

Palmas 425.332 790.304 364.972 85,8% 16,8% 11,8%

Anápolis 1.567.798 1.820.958 253.160 16,1% 3,8% 8,2%

Marabá 787.994 935.525 147.531 18,7% 4,4% 4,8%

Cavalcante 50.475 167.866 117.392 232,6% 35,0% 3,8%

Niquelândia 235.159 329.617 94.458 40,2% 8,8% 3,1%

Peixe 25.440 115.209 89.769 352,9% 45,9% 2,9%

Canaã dos 73.994 161.225 87.230 117,9% 21,5% 2,8%


Carajás
Paraíso do 92.593 173.605 81.012 87,5% 17,0% 2,6%
Tocantins
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Relatório P2 – Caracterização da Bacia Hidrográfica do Rio Tocantins

Itaberaí 133.964 196.192 62.228 46,5% 10,0% 2,0%

Breu Branco 149.838 208.512 58.675 39,2% 8,6% 1,9%

Porangatu 146.338 195.304 48.966 33,5% 7,5% 1,6%

Minaçu 403.098 448.557 45.459 11,3% 2,7% 1,5%

Novo 158.403 203.399 44.996 28,4% 6,5% 1,5%


Repartimento
Formosa 251.324 295.216 43.891 17,5% 4,1% 1,4%

Água Azul do 109.534 152.227 42.693 39,0% 8,6% 1,4%


Norte
TOTAL 13.063.014 16.144.859 3.081.846 23,6% 5,4% 24,4%
BACIA
Fonte: IBGE

O crescimento nos Estados da Bacia foi maior entre 1999 e 2001, ocorrendo uma diminuição
nas taxas de crescimento após este período. No total do Brasil, ao contrário, entre 1999 e
2000, verificou-se um decréscimo, com posterior crescimento até 2003. Em se confirmando
esta tendência, seria de se esperar que os municípios da Bacia do Tocantins percam
importância econômica frente à média dos municípios brasileiros e, dentro da Bacia, que os
municípios do Maranhão sejam cada vez menos importantes do ponto de vista econômico.
 Agricultura

A evolução assistida pela agricultura nos municípios da Bacia, conforme se pode observar no
gráfico que segue, foi de trajetória decrescente desde 1990 até aproximadamente o final da
década, quando se observa uma retomada do crescimento da área plantada. A exceção
consiste nos municípios do Pará, que não assistiram esse decréscimo na década de 90 e
apresentaram ligeiro crescimento até o início dos anos 2000, quando ocorre, então, uma
estagnação.

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Relatório P2 – Caracterização da Bacia Hidrográfica do Rio Tocantins

Ilustração 27 - Crescimento da área plantada nos municípios da Bacia do Tocantins,


1990-2004 (em hectares)

600.000
GO Sub 20 TO
500.000 PA MA

400.000
(Hectares)

300.000

200.000

100.000

0
90

91

92

93

94

95

96

97

98

99

00

01

02

03

04
19

19

19

19

19

19

19

19

19

19

20

20

20

20

20
Fonte: PAM - IBGE

Atualmente, as áreas plantadas nos municípios de Goiás (e na Sub-bacia 20


especificamente), assim como os do Maranhão, são inferiores às que possuíam em 1990.
Não obstante, enquanto no Maranhão e no Pará a perspectiva não é de grande crescimento
da agricultura nos próximos anos, nos Estados de Goiás e do Tocantins isso é o que se
espera.

Mais do que isso, tanto no Estado de Goiás como no Tocantins, assim como na Sub-bacia
20, especificamente, a perspectiva é que o crescimento da agricultura ocorra em função do
aumento no plantio da soja. Ao se analisar a evolução dos principais produtos cultivados nos
municípios desses Estados e dessa Sub-bacia, observa-se que o único produto que
apresentou crescimento expressivo de área plantada foi a soja. Não é descabido afirmar,
portanto, que o crescimento da área plantada na Bacia do Tocantins ocorreu quase que
exclusivamente em função da soja, em Goiás e no Tocantins.
 Pecuária

Conforme já mencionado anteriormente, os rebanhos bovinos dos municípios de Goiás e do


Pará possuem atualmente proporção semelhante. Também se observa no gráfico a seguir
que o rebanho dos municípios do Tocantins é significativo e apresenta trajetória de
crescimento.

Por outro lado, levando-se em conta que a Bacia Hidrográfica do Tocantins conta com 79
municípios do Estado de Goiás, 98 municípios do Estado do Tocantins e apenas 24
municípios do Pará, conclui-se que a pecuária nestes últimos municípios é muito mais
importante que nos demais. Nesta mesma linha de raciocínio, os municípios do Maranhão,
apesar de apresentarem um rebanho bovino pequeno em valores absolutos, apresentam um
rebanho municipal médio superior ao dos municípios do Tocantins e muito próximo ao dos
municípios de Goiás.

Além disso, observando-se as curvas de crescimento nos gráficos que seguem, percebe-se
que o rebanho bovino paraense cresce a taxas muito elevadas. Em menor medida, os
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municípios do Maranhão também seguem trajetória de crescimento, principalmente a partir do


ano 2000.

Ilustração 28 - Evolução do rebanho bovino nos municípios da Bacia do Tocantins, por


Unidade da Federação, em número de animais, 1990 – 2004

6.000.000
PA GO TO MA
5.000.000

4.000.000
Efetivo Bovino

3.000.000

2.000.000

1.000.000

0
90

91

92

93

94

95

96

97

98

99

00

01

02

03

04
19

19

19

19

19

19

19

19

19

19

20

20

20

20

20

Fonte: PPM - IBGE

Ilustração 29 - Evolução do rebanho bovino nos municípios da Bacia do Tocantins, por


Unidade da Federação, 1990 – 2004 (base 1990 = 100)

600

PA MA TO GO
500
(Base 1990 = 100)

400

300

200

100

0
90

91

92

93

94

95

96

97

98

99

00

01

02

03

04
19

19

19

19

19

19

19

19

19

19

20

20

20

20

20

Fonte: PPM - IBGE

A perspectiva para a pecuária na região da Bacia do Tocantins é de franco crescimento. Este


deve ocorrer principalmente nos municípios do Pará e também nos municípios do Maranhão,
que são muito próximos ao Pará e passam pela mesma dinâmica destes.

Por outro lado, nos municípios de Goiás e do Tocantins pode se esperar um crescimento do
rebanho bovino, porém a taxas inferiores às dos primeiros. Caso a produção de soja continue
crescendo nestes dois Estados às mesmas taxas observadas nos anos recentes, é de se

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esperar que o crescimento do rebanho bovino seja a taxas inferiores às observadas nos
gráficos anteriores.

3.1.4. Principais Questões


Tendo em vista o Panorama Econômico da bacia, podem ser destacadas as seguintes
principais questões:
 Economia regional concentrada em poucos setores, principalmente na Sub-bacia 29,
onde predomina o complexo pecuária/frigorífico e o minerário. Embora possuam demanda
futura promissora, conforme discutido abaixo, tais produções tem se caracterizado por
promoverem um baixo desdobramento regional, pensando em termos de uma matriz de
insumo de produto regional, ou seja, são setores que se aproximam de enclaves
produtivos;
 As atividades produtivas da Bacia caracterizam-se por serem muito intensivas na
exploração dos recursos naturais, pressionando sua ambiência. Neste sentido, (i) a
ausência de mecanismos institucionais, como um zoneamento territorial efetivo da Bacia;
(ii) a não atuação dos entes públicos por meio de instrumentos econômicos (impor custos
crescentes aos agentes que mais degradam ou poluam as condições ambientais – eco-
impostos); (iii) a baixa eficácia das políticas de comando e controle: fiscalização, controle
de entradas e saídas de madeiras, animais silvestres e outros, aplicação intensiva das
multas e penas previstas, visando um maior cumprimento das legislações em vigor, são
todos fatores que poderão agravar as condições de sustentabilidade dos ecossistemas
da Bacia, repercutindo inclusive, sobre a qualidade dos serviços ambientais que são
cooperativos para os padrões de produtividade do agro-negócio. Ou seja, podem
degradar-se a médio prazo as condições do solo, da água e do clima que são
responsáveis pelos bons resultados do agronegócio, incrementado-se seus custos
produtivos;
 Expansão da produção de grãos sobre o cerrado, mesmo tendo em conta os altos custos
logísticos para o escoamento dessas produções, principalmente na Sub-bacia 20;
 Permanência de grandes extensões de território com predominância de uma economia de
subsistência, baseadas em grande medida na pecuária extensiva, sem maiores condições
de prosperar em termos de produtividade, renda e condições de vida;
 Atenção para a necessidade de se garantir as condições para uma adequada exploração
turística da região do Jalapão, na Sub-bacia 22.

3.1.5. Perspectivas
A economia da Bacia do rio Tocantins, com suas produções intensivas em capital (mineração
e as atividades componentes do denominado agronegócio - grãos e pecuária), é voltada
basicamente aos mercados nacional e internacional. Os produtos podem ser considerados
como mercadorias caracterizadas como commodities, ou seja, aquelas que têm um processo
de formação de preços globalizado e complexo (dado o grande número de produtores e
mercados consumidores) e, neste sentido, os produtores individuais colocam-se como
“tomadores de preços” e/ou ficam na condição de não terem como influenciar os preços que
são formados desse modo descrito.

Tendo isso em conta, adiciona-se que as tendências de demanda dos mercados mundiais
para esses produtos podem ser consideradas crescentes de modo estável a longo prazo,
com poucas oscilações significativas.

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Nessa avaliação, deve-se introduzir a questão dos bio-combustíveis, que deverão participar
de modo crescente do mercado de energia nas próximas décadas, tornando as terras
agriculturáveis para essas produções (cana-de-açúcar, mamona, certos grãos etc), que
existem em grandes dimensões na Bacia, ainda mais requisitadas para tais finalidades.

Portanto, esse é um fator adicional que atua do lado da demanda e que deverá estimular
ainda mais tais produções existentes na Bacia, principalmente na sua porção sul, podendo,
portanto, se intensificar também nas Sub-bacias 21, 22, e 23, onde houver condições de solo
adequadas. Em síntese, considerando as vocações produtivas já praticadas na Bacia e as
tendências dos mercados consumidores, é certo que se assistirá a uma crescente ocupação
das áreas ainda disponíveis e uma intensificação do capital aplicado, de modo a incrementar
dentro das unidades produtivas (“intra-muros”) os padrões de produtividade e de qualidade
prevalecentes, considerando-se também as exigências crescentes dos mercados.

Cabe ressaltar que, dentre os padrões de exigência dos mercados consumidores,


principalmente dos países europeus e da América do Norte, figura crescentemente a questão
da sustentabilidade das produções, o que abrange a não derrubada de florestas nativas, a
não presença de trabalho infantil, entre outros. Portanto, essas questões deverão ser bem
cuidadas pela sociedade brasileira, no sentido de que tais produções atendam a esses
requisitos, enfatizando-se, contudo, que tais demandas são, em primeiro plano, da sociedade
brasileira e de suas legislações.

Por fim, conforme apontado no item “Principais Questões”, a sustentabilidade ambiental da


Bacia poderá se tornar viável na medida em que os instrumentos de controle e fiscalização
ambiental (zoneamento, monitoramento, estudos, procedimentos fiscalizatórios e de
punibilidade, incentivos fiscais) se intensificarem nas próximas décadas, bem como os
mecanismos institucionais, tais como a formação dos comitês de bacia, a atuação das ONGs,
educação ambiental, conscientização dos produtores para atuarem de forma cooperada,
visando assegurar a sobrevivências dos ecossistemas e seus ciclos biológicos.

3.2. Finanças Públicas Municipais


No tocante à dimensão econômico-financeira da administração municipal dos municípios
componentes da Bacia do rio Tocantins, importa analisar aspectos da receita e da despesa
dos municípios, em sua espacialidade municipal, organizada por unidade da federação e sub-
bacias, de maneira a se entender alguma forma de padrão territorial.

Nesse sentido, são utilizados alguns indicadores relativos às finanças municipais como
aproximações para tratar o desempenho das finanças públicas municipais das 223
prefeituras.

Iniciando-se com o campo das receitas, cumpre mencionar que a estrutura das receitas
correntes municipais é formada por:
 Receitas decorrentes da arrecadação de tributos municipais: impostos (IPTU, ISSQN,
ITBI), taxas e contribuição de melhoria;
 Receitas decorrentes de transferências da União e do Estado, em função basicamente do
tamanho da economia municipal (valor adicionado ou PIB), da extensão territorial e do

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contingente populacional. Destacam-se também as transferências no campo da educação


(FUNDEF) e saúde (SUS).

Os indicadores básicos para avaliá-las são:


 O comportamento da receita total do município;
 O comportamento de dois itens da receita sobre os quais interessa ter uma visão mais
específica: do ISS, no campo das receitas tributárias, e o da Cota-parte municipal do
ICMS, no campo das transferências, a mais importante transferência estadual;
 E, um último indicador, que relaciona a participação das receitas tributárias em relação à
receita total do município. Quanto maior for esse percentual de participação, mais atuante
terá sido a prefeitura na obtenção de recursos a partir dos tributos sob a sua competência
arrecadadora; ou, visto de outra forma, menor terá sido a dependência do executivo
municipal em função dos recursos provindos das receitas de transferência.

No campo da despesa, o mais importante é averiguar a capacidade de investimento que os


municípios possuem e, nesse sentido, utilizaram-se dois indicadores complementares: o
investimento per capita e a participação da despesa de investimento na despesa total.

Além do mais, considerou-se que para se avaliar as finanças municipais, qualquer que seja o
indicador, é importante trabalhar com uma série temporal, de maneira a eliminarem-se
comportamentos não generalizáveis. Dessa forma, utilizou-se o período entre os anos de
2000 e 2005, ressaltando-se que em alguns desses períodos existem alguns municípios da
área de estudo para os quais não há dados disponíveis.

Em termos da Receita Orçamentária Média, no período analisado, verifica-se que os


municípios com as maiores arrecadações, com alguma variação no ranking anual, são
Palmas, Anápolis, Imperatriz, Marabá, Parauapebas, Tucuruí e Minaçu, que coincidem com
os municípios de economia mais fortalecida, em geral com atividades industriais ou de
mineração, bem como os centros sub-regionais da Bacia. Nos últimos dois anos analisados,
começam a figurar nesse grupo também os municípios de Cametá e Formosa. Se essa
informação for analisada em termos das Sub-bacias, conforme gráfico a seguir, percebe-se
uma certa tendência nesse comportamento, com um pico em 2004, bastante acentuado no
caso da Sub-bacia 29, e queda no ano de 2005.

Ilustração 30 – Receita Orçamentária Média das Sub-bacias

120000000,00

100000000,00
Sub-bacia 20
80000000,00
Sub-bacia 21
60000000,00 Sub-bacia 22
Sub-bacia 23
40000000,00
Sub-bacia 29
20000000,00

0,00
2000 2001 2002 2003 2004 2005

Elaboração: Consórcio CNEC-ARCADIS Tetraplan

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Em termos da arrecadação de ISS, no período analisado, os municípios com maior destaque


coincidem com aqueles que tiveram as maiores arrecadações em termos das receitas totais,
mas não necessariamente coincidindo em termos da posição relativa ocupada no ranking.
Nos primeiros três anos analisados, o município de Tucuruí aparecia como o de maior
arrecadação de ISS na Bacia, posição que passou a ser ocupada pelo município de
Parauapebas nos últimos três anos. Os municípios de Palmas, Anápolis, Marabá e Imperatriz
revezam-se quanto à posição ocupada nesse ranking de arrecadação de ISS.

Se essa informação for considerada em termos das sub-bacias, comportamento semelhante


ao verificado na Arrecadação total ocorre também com esse indicador.

Ilustração 31 – Arrecadação ISS

16000000,00
14000000,00
12000000,00 Sub-bacia 20
10000000,00 Sub-bacia 21
8000000,00 Sub-bacia 22
6000000,00 Sub-bacia 23
4000000,00 Sub-bacia 29

2000000,00
0,00
2000 2001 2002 2003 2004 2005

Elaboração: Consórcio CNEC-ARCADIS Tetraplan

Em relação à cota-parte de ICMS, nos dois primeiros anos analisados, o município de


Anápolis apresentava a maior arrecadação, posição ocupada pelo município de Parauapebas
nos últimos quatro anos. Os demais municípios que aparecem com destaque são Marabá,
Palmas, Tucuruí, Minaçu, Imperatriz e Gurupi. A informação para as sub-bacias aparece
espacializada no gráfico a seguir.

Ilustração 32 – Cota-Parte ICMS

35000000,00
30000000,00
25000000,00 Sub-bacia 20
Sub-bacia 21
20000000,00
Sub-bacia 22
15000000,00
Sub-bacia 23
10000000,00 Sub-bacia 29
5000000,00
0,00
2000 2001 2002 2003 2004 2005

Elaboração: Consórcio CNEC-ARCADIS Tetraplan

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Considerando-se a relação entre receita tributária e receita total, que permite avaliar a
capacidade dos municípios em gerar receita própria, percebe-se que, no período analisado, é
crescente a participação da receita tributária na total, mas essa relação ainda é considerada
baixa, com taxa inferior a 8% em todas as sub-bacias. O caso mais crítico é verificado na
Sub-bacia 23, onde essa taxa gira em torno de 3%.

Ilustração 33 – Receita Tributária / Receita Total (%)

0,140
0,120
0,100 Sub-bacia 20
Sub-bacia 21
0,080
Sub-bacia 22
0,060
Sub-bacia 23
0,040 Sub-bacia 29
0,020
0,000
2000 2001 2002 2003 2004 2005

Elaboração: Consórcio CNEC-ARCADIS Tetraplan

Se for considerado o total de investimento realizado nos anos analisados, percebe-se que há
certa regularidade em termos dos municípios que mais investem, com destaque para Palmas,
Tucuruí, Parauapebas, Imperatriz, Marabá e Anápolis. Essa regularidade, no entanto, não
pode ser verificada quando se avalia a participação dos investimentos no total de despesas
realizadas pelos municípios, havendo uma mudança bastante grande no ranking de ano para
ano. Cabe destacar, no entanto, que os municípios que mais investem, anteriormente
mencionados, não figuraram em nenhum dos anos como aqueles cujos investimentos
representaram grande parte de suas despesas.

O gráfico a seguir ilustra essa relação em termos das sub-bacias.

Ilustração 34 – Investimentos/Despesa Total

0,300

0,250
Sub-bacia 20
0,200
Sub-bacia 21
0,150 Sub-bacia 22

0,100 Sub-bacia 23
Sub-bacia 29
0,050

0,000
2000 2001 2002 2003 2004 2005

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Elaboração: Consórcio CNEC-ARCADIS Tetraplan

Por fim, se avaliado o Investimento per capita, no período analisado, também não se verifica
uma regularidade em termos dos municípios que mais investem, havendo um sensível
revezamento anual no ranking. Em termos das sub-bacias, o gráfico abaixo mostra que, em
geral, verifica-se um certo equilíbrio entre as sub-bacias, com patamares equivalentes, com
apenas dois pontos que fogem desse comportamento.

Ilustração 35 – Investimentos / Habitantes

900,00
800,00
700,00 Sub-bacia 20
600,00
Sub-bacia 21
500,00
Sub-bacia 22
400,00
300,00 Sub-bacia 23
200,00 Sub-bacia 29
100,00
0,00
2000 2001 2002 2003 2004 2005

Elaboração: Consórcio CNEC-ARCADIS Tetraplan

Os três indicadores referentes a itens da receita, medidos em termos médios para as sub-
bacias, a saber, a Receita total ou Orçamentária; Arrecadação de Imposto sobre Serviços de
Qualquer Natureza – ISS; e a Quota-parte municipal do Imposto sobre circulação de
mercadorias e serviços - QPM-ICMS - evidenciam que a Sub-bacia 29, que contém os
municípios de Marabá (um dos principais centros econômicos regionais paraense depois de
Belém), Parauapebas (onde constata-se a presença da Companhia Vale do Rio Doce) e
Tucuruí (onde se localiza a hidroelétrica de mesmo nome), situa-se num patamar muito acima
das demais sub-bacias. Em outras palavras, dadas suas condições econômicas, ao
possuírem um nível mais elevado de geração de renda ou valores mais elevados de seus
PIBs, possuem em decorrência um patamar mais elevado para os três indicadores
analisados.

Quanto à evolução no tempo, ressalta-se a expansão com significativa oscilação registrada


na Sub-bacia 29.

Verifica-se também que todas as demais sub-bacias situam-se num patamar inferior ao da
Sub-bacia 29 e apresentaram pequenas oscilações no período com uma tendência
levemente crescente.

Por fim, tem-se o indicador “Receita Tributária/Receita Total” que retrata, conforme apontado,
o quanto as receitas tributárias (aquelas de competência municipal e, portanto, sob sua
administração, capacidade e interesse de arrecadar) participam na formação da receita total
dos municípios.

Concorrem para formar este coeficiente no campo da receita tributária os mesmos


componentes assinalados sobre a receita total, ou seja, principalmente a base econômica
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local (que se expressa na quantidade de profissionais prestadores de serviço em função do


potencial de arrecadação de ISS, taxas etc), que também se associa ao volume populacional
e à extensão territorial (quantidade de imóveis que pagam IPTU, ITBI etc). E, em adição, com
grande importância, tem-se o “fator” capacidade administrativa da prefeitura (organização,
cadastros, fiscais, etc.) e a sua disposição efetiva para arrecadar recursos por meio dos
impostos (IPTU, ISS, ITBI) e taxas sob sua competência.

Posto isso, verifica-se uma maior diferenciação de situações/condições das sub-bacias


analisadas e, novamente, os municípios da Sub-bacia 29 apresentam os melhores
resultados.

Na seqüência se situam aqueles municípios das Sub-bacias 22 e 20, ficando os da Sub-bacia


23 na maior dependência das transferências federais e estaduais e/ou com a menor
capacidade de arrecadação própria.

Adentrando o campo das despesas, o indicador “Investimento/Despesa Total” avalia a


capacidade que o município tem de investir, ou seja, de criar nova capacidade produtiva dos
serviços e construção de infra-estruturas que estão sob sua competência, como o ensino
fundamental, postos de saúde, urbanização, estradas vicinais, etc.

Esse indicador não se refere ao volume investido, mas ao que a prefeitura consegue
disponibilizar em termos percentuais para investir, após fazer frente às demais despesas, as
de custeio, onde os itens pessoal e pagamentos de serviços de terceiros normalmente
consomem a maior parte dos recursos, dependendo da qualidade da administração pública
municipal em questão.

Verifica-se que a Sub-bacia 29 aparece novamente em primeiro lugar nos anos finais da
série, com a mais alta capacidade de investimento no contexto da Bacia, seguida pela Sub-
bacia 23, que apesar de apresentar dependência de recursos transferidos, aparentemente,
pôde direcioná-los nesses anos para o investimento em proporção maior do que as Sub-
bacias 20, 22.

Por fim, o último indicador, Investimento Per Capita, aquilata também a capacidade de
investimento, mas mensurado por habitante, ou per capita, em que a quantidade investida
(volume de recursos em termos absolutos) e o contingente populacional determinam a
magnitude do indicador. Nos anos finais da série, verifica-se certa homogeneidade de
condições para todas as Sub-bacias.

Esses indicadores são importantes, pois, considerando os impactos que existirão no campo
das receitas para determinados municípios/sub-bacias, haverá sem dúvida alterações
significativas em seu comportamento.

3.2.1. Principais Questões


A qualidade de vida das populações, que pode ser avaliada por indicadores do tipo IDH
(Índice de Desenvolvimento Humano), está vinculada basicamente às condições de renda, de
educação e de saúde. Sabe-se que principalmente os dois últimos quesitos dependem em
grande medida da capacidade do poder público em oferecer equipamentos e serviços para o
atendimento dessas finalidades. Por esse motivo, importa a avaliação de suas finanças
públicas; municípios com baixa capacidade de arrecadação de tributos e com baixa
capacidade de investimento normalmente têm baixo desempenho para prestar tais serviços
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na quantidade e qualidade desejadas por suas populações. Disso decorre a importância


desta avaliação e dos resultados a que se chegou, sendo que as Sub-bacias 20, 22 e 23
apresentaram os piores indicadores no contexto da capacidade de arrecadação local e, no
campo da capacidade de investimento, as sub-bacias 20, 21 e 22 estão em pior condição.

3.2.2. Perspectivas
A expectativa é que o aperfeiçoamento das instituições democráticas do país por si só possa
colaborar para uma melhor qualidade da atuação dos poderes executivos municipais,
figurando o aprimoramento das finanças públicas municipais como item fundamental no
processo. A expectativa é que esse processo se faça presente na Bacia.

Além disso, há que se considerar a atuação de entes públicos, como a Caixa Econômica
Federal e o BNDES, que também mantêm programas de capacitação e melhoria na estrutura
administrativas dos municípios. A atuação desses entes é uma perspectiva que certamente
se impõe no âmbito dos municípios da Bacia.

3.3. Caracterização do Comportamento Populacional


Após abordar a dinâmica econômica dos municípios da Bacia, neste item analisa-se o
comportamento demográfico da população residente, relacionando-o com as economias
locais, considerando-se que os principais fenômenos demográficos da área são
conseqüências dos movimentos da estrutura produtiva, associada principalmente à produção
dominante, representada pelo trinômio agricultura – pecuária – mineração.

Nessas circunstâncias, a caracterização demográfica da Bacia inicia-se com o entendimento


das mudanças político-administrativas que ocorreram na área, tendo em vista obter unidades
territoriais comparáveis temporalmente para, em seguida, relacionar uma seqüência de
fenômenos que compreendem: a dinâmica de crescimento das unidades territoriais,
trabalhando-se com ritmos de evolução e verificando-se também a contribuição de
crescimento populacional de cada município/unidade em relação à Bacia, seguida pela da
análise densidade demográfica e do processo de urbanização.

Dos 223 municípios atualmente existentes na Bacia, 52 foram criados no período entre 1991
e 2000, sendo 7 no Estado do Pará, 5 no Maranhão, 32 no Tocantins e 8 em Goiás.

Verifica-se que, nessa bacia, reside um contingente populacional de 3.403.244 habitantes, de


acordo com os dados do Censo Demográfico do IBGE, para o ano 2000, correspondente a
cerca de 2% da população brasileira. Desse total, 35% insere-se no Estado de Goiás, 27% no
Estado do Pará, 24% no Estado do Tocantins e, os demais, 14% no Maranhão.

Em termos de acomodação populacional segundo sub-bacias, verifica-se que a grande parte


da população (53%) localizam-se distribuídos entre a Sub-bacia 20 com 27% do total e a
Sub-bacia 29 com 26% do total da população da Bacia do rio Tocantins. Na seqüência tem
23% na Sub-bacia 23, e o restante da população distribui-se em 16% na Sub-bacia 22 e, por
fim, 8% na Sub-bacia 21, como demonstra o gráfico a seguir e o Mapa C-7 – População
Total, no Caderno de Mapas C do Atlas do projeto.

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Ilustração 36 - Distribuição espacial da população por sub-bacia

26% 27%
Sub-bacia 20
Sub-bacia 21
Sub-bacia 22
Sub-bacia 23
8% Sub-bacia 29

23%
16%

Fonte: IBGE Censo Demográfico, 2000.

3.3.1. Dinâmica do Crescimento Populacional


A análise de crescimento populacional considera o período de 1991 a 2000, prazo suficiente
para captar nuances da dinâmica demográfica que, quando associadas a especificidades da
base econômica local, subsidiam o entendimento de processos socioeconômicos e sua
espacialidade no âmbito da Bacia.

Por outro lado, objetivando manter a coerência temporal na análise de um quadro municipal
que tenha sofrido desmembramento territorial e criação de novos municípios, importa
conhecer as sucessivas mudanças ocorridas no quadro político-administrativo, especialmente
a partir da década de 90. Nesse sentido, propõe-se a utilização do conceito de Unidades
Territoriais Comparáveis, de forma a melhor entender o comportamento do crescimento
populacional, tal como especificado no Anexo XV do presente relatório, agrupando, no âmbito
da Bacia do rio Tocantins, 38 unidades territoriais - UT, sendo 8 em Goiás, 6 no Pará, 21 no
Tocantins e 4 no Maranhão, conforme demonstrado no anexo mencionado.

Como se mostrou na descrição do processo histórico, a Bacia vem passando por uma
dinâmica de expansão, fortalecida na década de 70/80, especialmente em função das
políticas de ocupação do território amazônico e devido à expansão da fronteira agrícola,
quando o cerrado passou a ser alternativa privilegiada para a expansão agrícola, valendo-se
das novas técnicas de mecanização e conseqüentes ganhos de produtividade.

Na década de noventa, essa dinâmica se arrefece relativamente e, entre 1991 e 2000, a taxa
de crescimento é 2,1% ao ano, valor próximo a um padrão vegetativo. Considerando os
Estados integrantes da Bacia, essa taxa se repete, pois é equivalente a dos Estados do Pará,
Tocantins e Goiás, e sendo superior à do Estado do Maranhão, que apresentou a menor taxa
de crescimento do período (1,5%).

Em termos municipais, avaliando-se o período abrangente (1991-2000), cabe destacar o


município de Palmas, que apresentou a maior taxa de crescimento (21,2% a.a), explicada
pela criação da capital do Estado do Tocantins em 1988, passando então a figurar, nos anos
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seguintes, como novo centro da região, especialmente em função de seu papel político-
administrativo.

Na seqüência, insere-se um grupo de municípios e/ou UT’s que apresentaram crescimento


considerado explosivo, variando entre 12,6% a.a no município de Breu Branco e 7,8% na UT
PARÁ 2 (que engloba os municípios de Parauapebas, Água Azul do Norte e Canaã dos
Carajás), certamente ligado à intensificação das atividades da Companhia Vale do Rio Doce
na Serra de Carajás.

Verifica-se também que 15 municípios e/ou UT’s registraram taxa de crescimento


populacional muito significativa, situada entre 7,3% a.a (Teresina de Goiás) e 3,1% a.a (São
João da Aliança). Considerada a massa crescente, observam-se mais 49 municípios, com
variação entre 3,0% a.a (Padre Bernardo) e 1,1% a.a em (Crixás do Tocantins).Outro grupo
pode ser identificado, observando-se 31 municípios e/ou UT’s com taxas de crescimento
inferior a 1% a.a, mantendo sua população praticamente estabilizada, e outros 53 municípios/
e/ou UT’s com perdas de contingentes populacionais residentes.

Em relação às sub-bacias, conforme demonstra tabela a seguir, no período de 1991-1996, a


maior taxa de crescimento ocorre nas sub-bacias 22 e 29 (3,5% a.a), superior à taxa de
crescimento da Bacia do rio Tocantins. As sub-bacias 20 (1,3% a.a), 21 (1% a.a), e 23 (0,8
a.a.) apresentam crescimento em torno de 1% a.a. Do mesmo modo, no período seguinte
(1996-2000), todas as sub-bacias apresentaram incremento em suas taxas de crescimento
demográfico anual.

As considerações anteriores podem ser verificadas através dos dados constantes da tabela
anexa e no Mapa C-8 – Taxa de Crescimento Populacional 1991-2000, que reúne todos os
dados e informações mencionados.

Tabela 43 - Evolução Populacional da Bacia do rio Tocantins

Sub-bacias População Total Taxa de Crescimento Populacional Anual (%)


(n_)

1991 1996 2000 1991-1996 1996-2000 1991-2000

SUB 20 821.566 876.635 932.017 1,3 1,5 1,4

SUB 21 244.425 256.927 273.722 1,0 1,6 1,3

SUB 22 388.072 460.396 527.863 3,5 3,5 3,5

SUB 23 730.919 759.636 795.071 0,8 1,1 0,9

SUB 29 634.269 752.626 874.571 3,5 3,8 3,6

Total da 4.420.345 4.928.166 5.454.390 2,0 2,3 2,1

Bacia
Pará 4.950.060 5.510.849 6.192.307 2,2 3,0 2,5

Tocantins 919.863 1.048.642 1.157.098 2,6 2,6 2,6

Goiás 4.018.903 4.514.967 5.003.228 2,2 2,0 2,0

Maranhão 4.930.253 5.222.183 5.222.183 1,1 1,5 1,5

Fonte: IBGE – Censos Demográficos 1991, 1996 e 2000.

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3.3.2. Densidade Demográfica


A distribuição populacional descrita, relacionada à extensão territorial municipal, revela
especificidades do processo de ocupação da Bacia. Dada sua vasta extensão, a Bacia
apresenta densidade demográfica significativamente reduzida, situando-se num patamar
baixo de 11,56 hab/km², abaixo da média brasileira (21 hab/km²). Entre as unidades da
federação integrante da Bacia, no entanto, esse índice é bastante diferenciado: Maranhão (17
hab/km²), Goiás (17, hab/km²), Pará – (5 hab/km²) e, Tocantins – (4 hab/km²).

Em termos municipais, cabe destacar quatro municípios onde a densidade demográfica é


bastante diferente da realidade encontrada na Bacia, Anápolis (308,75 hab/km²), Gurupi
(279,09 hab/km²), Imperatriz (149,90 hab/Km²) e Ceres (102,68 hab/km²). Além desses,
outros 49 municípios possuem densidade demográfica superior ou igual à da Bacia,
destacando-se Palmas, a capital do Tocantins, com 60,61 hab/km².

Por outro lado, ressalte-se que 118 municípios e/ou UT’s, 75% do total analisado, apresenta
densidade demográfica abaixo da média da Bacia. Sendo que, destes, 57 municípios
apresentam densidade demográfica abaixo de 5 habitantes por Km ².

Em relação às sub-bacias, corroborando as demais análises feitas até então, observa-se que:
 A Sub-bacia 20 apresenta a maior densidade demográfica (13,87 hab/Km²) da área de
estudo, sendo inclusive, superior à média da Bacia, traduzindo sua expressão econômica.
 Na seqüência estão as Sub-bacias 29 e 23, com densidade demográfica abaixo do valor
verificado para o total da Bacia, entre 9,59 hab/Km² e 8, 31 hab/Km²;respectivamente.
 Por fim, seguem as menores densidades demográficas da região, situadas nas Sub-
bacias 21 e 22, (sendo que nesta última situa-se a área do Jalapão), na ordem de 4
hab/km².

O gráfico apresenta essa distribuição.

Ilustração 37 - Densidade Demográfica Média por sub-bacia

12,13

22,30
sub-bacia 20
sub-bacia 21
sub-bacia 22
15,50 sub-bacia 23
sub-bacia 29
6,43

13,89

Fonte: IBGE, 2000


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Mesmo excluindo as terras indígenas e as unidades de conservação, que ocupam grande


parte do território da Bacia, a densidade demográfica ainda permanece muito reduzida. Este
fenômeno pode ser explicado, em parte, pela concentração da população em poucas porções
do território, geralmente nas áreas urbanas. Em alguns municípios, cujos percentuais de
áreas protegidas varia de 20% a 70% sobre o total de seu território, percebe-se um aumento
significativo da densidade, conforme demonstra tabela a seguir.

Tabela 44 - Municípios com Maior Densidade Demográfica, excluindo-se as Áreas


Protegidas – 2000

Município Densidade Demográfica Densidade Demográfica


(excluindo Área Protegida)

Buritinópolis 7,4 21,32

Montes Altos 6,66 15,86*

Carrasco Bonito 21,06 37,60

Planaltina 28,37 46,51

* Terra Indígena
Fonte: IBGE – Censo Demográfico 2000/ Órgãos Estaduais de Meio Ambiente/ Instituto
Socioambiental - ISA, 2006.

3.3.3. Grau de Urbanização e sua Evolução


A avaliação do grau de urbanização é analisada em termos de seu valor no ano de 2000,
seguida da verificação do comportamento no período 1991-2000.

O grau de urbanização dos municípios (relação entre a população urbana e rural em um dado
município), no ano de 2000, de modo geral, é bastante variável, sendo que a grande maioria
(80%) está abaixo da média nacional (81,6%), fato explicado em grande parte devido aos
municípios da Bacia apresentarem economia de pequeno a médio porte, voltadas para
atividades agropecuárias (ver tabela correspondente no Anexo XV do presente relatório). Em
termos de unidades municipais, pode-se classificar o total dos municípios da Bacia do rio
Tocantins em cinco grupos:
 Municípios que apresentaram taxa de urbanização acima da taxa nacional (81,6%),
consideradas, portanto, com “altíssima taxa de urbanização”. Fazem parte deste grupo 44
municípios, distribuídos próximos aos pólos regionais (Palmas, Imperatriz,Distrito Federal)
e, em grande parte na margem esquerda do rio, especialmente nas Sub-bacias 20 e 22;
 Municípios que apresentaram “alta taxa de urbanização”, variando entre 64% e 80%.
Esse grupo é composto por 59 municípios espalhados pela área da Bacia, com maior
concentração na Sub-bacia 20;
 Municípios que apresentaram “média taxa de urbanização”, variando entre 50,1%, no
município de Sítio Novo do Tocantins (TO) e 63,8%, no município de Novo Jardim (TO).
Esse grupo é composto por 45 municípios que se encontram distribuídos em toda a área
da Bacia, com maior concentração nas Sub-bacias 22 e 23;

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 Municípios que apresentaram “baixa taxa de urbanização”, com população rural


equivalente ou maior que a urbana, variando entre 12,8% e 50%. Esse grupo é composto
por 74 municípios. É importante mencionar que os municípios com as menores taxas de
urbanização, estão, via de regra, localizados na Sub-bacia 29.

Em termos de sub-bacia, a tabela a seguir sintetiza suas taxas de urbanização nesse


contexto espacial.

Tabela 45 - Distribuição das taxas de urbanização municipais, por sub-bacia

Intervalos da Sub-bacia 20 Sub-bacia 21 Sub-bacia 22 Sub-bacia 23 Sub-bacia 29


Taxa de
Urbanização

Igual ou 21% 19% 27% 18% 17%


superior a 80%
64% a 80% 38% 23% 30% 15% 22%

50% a 64% 25% 23% 18% 21% 9%

Abaixo de 50% 17% 35% 25% 46% 52%

Total 100% 100% 100% 100% 100%

Fonte: IBGE, Censo Demográfico, 2000.

O Mapa C-10 mostra a Taxa de Urbanização na bacia do Tocantins no ano 2000.

Em termos do comportamento entre os anos de 1991 e 2000, a Bacia passou por um


processo de urbanização, que pode ser expresso tanto em termos de aumento da taxa de
urbanização geral, passando de 61% em 1991 para 73% em 2000, quanto em termos de
aumento do número de municípios e/ou unidades territoriais comparáveis com população
predominantemente urbana, que passou de 70 em 1991 para 115 em 2000, representando
72% do universo pesquisado. (ver tabela anexa).

3.3.4. Principais Questões


De acordo com os resultados obtidos na caracterização geral sobre o comportamento
populacional da Bacia do rio Tocantins e seus formadores, a principal questão demográfica
que se pode destacar é a alta concentração populacional em alguns poucos municípios e a
existência de grandes vazios demográficos, tal como se mostrou na análise da densidade
demográfica. Essa distribuição territorial contribui para aumentar o custo de oferta adequada,
dificultando a provisão de bens e serviços à população residente.

De um lado verifica-se municípios com maior concentração, onde se destacam Anápolis,


Imperatriz, Marabá, Palmas e Parauapebas e, por outro, grandes extensões com distribuição
populacional rarefeita, estendendo-se pelas Sub-bacias 21, 22 e 23, ou seja, nota-se um
vazio demográfico na porção central da Bacia, onde se destaca a região do Jalapão.

Do mesmo modo, analisa-se a dinâmica e o grau de urbanização dos municípios inseridos na


Bacia do rio Tocantins, caracterizando-se a área de estudo pelo baixo dinamismo e pelo grau
de urbanização abaixo do percentual nacional existente na maior parte dos seus municípios,
principalmente naqueles localizados nas Sub-bacias 21 e 23, em contraste com os municípios
localizados na Sub-bacia 20, onde se concentram municípios mais dinâmicos e com alta taxa

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de urbanização. Sendo assim, dominam populações de procedência rural com crescimento


estagnado, ou perdas de contingentes residentes.

Em síntese, a região é marcada pela diferença existente entre os municípios localizados na


Sub-bacia 20, onde se localiza o maior contingente populacional da Bacia e a maioria dos
municípios são dinâmicos e urbanizados. Em menor escala, destacam-se os municípios da
Sub-bacia 29, e os localizados na margem esquerda do rio Tocantins, na Sub-bacia 21, em
contraste com a grande maioria dos municípios localizados na região do cerrado da Bacia,
onde há predominância de municípios poucos dinâmicos e com urbanização não
consolidada, excetuando-se os considerados pólos regionais.

3.3.5. Perspectivas
Com base na análise retrospectiva da taxa de crescimento populacional, taxa de contribuição
dos municípios para o crescimento da população total da Bacia e evolução da urbanização
pode-se antever algumas perspectivas do comportamento populacional da Bacia do rio
Tocantins.

Associada ao dinamismo econômico que parte dessa região vem vivenciando desde a
década de 70/80, especialmente em função das políticas de ocupação e consolidação da
pecuária no território amazônico e da expansão da fronteira agrícola, verificam-se
perspectivas de ascensão em relação ao crescimento populacional médio anual da Bacia do
rio Tocantins, porém não generalizada por toda a região. Considerando-se a dinâmica
econômica, pode-se antever um fortalecimento dos contrastes existentes no quadro atual, ou
seja, cada vez mais as Sub-bacias 20, a porção da margem esquerda do rio Tocantins na
Sub-bacia 21 e a Sub-bacia 29 se descolam das demais Sub-bacias, que evoluem
vegetativamente ou perdem contingentes. De forma associada, antecipa-se que a densidade
demográfica e o processo de urbanização devem seguir padrão de comportamento
semelhante.

Por fim, a tendência de aumento da população urbana, embora aponte maior dinamismo
populacional, intensifica a pressão sobre os recursos hídricos, devido à contaminação por
esgotos domésticos, uma vez que esta área apresenta condições de saneamento ambiental
precárias, como consta no item Condições de Vida da População Residente. Tal fenômeno
também faz supor uma pressão sobre a infra-estrutura econômica e prestação de serviços
públicos.

3.4. Caracterização das Condições de Vida da População Residente


na Bacia do Tocantins
Para caracterizar e avaliar as condições de vida da população aí residente, utiliza-se duplo
enfoque: (i) um primeiro, via renda monetária das famílias, analisada por meio de alguma
forma de remuneração existente; e, (ii) um segundo, por meio da provisão de bens e serviços
pelo setor público (renda não-monetária), discriminada pelo acesso a serviços básicos, como
energia elétrica e saneamento ambiental, e pelas condições de saúde (com destaque às
doenças de veiculação hídrica) e educação, tendo como base o Índice de Desenvolvimento
Humano - IDH.

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3.4.1. Índice de Desenvolvimento Humano – IDH e sua evolução


O Índice de Desenvolvimento Humano - IDH, elaborado pelo Programa das Nações Unidas
para o Desenvolvimento – PNUD é derivado do conceito do Desenvolvimento Humano
Sustentável - DHS, que considera o desenvolvimento um fenômeno multidimensional. Um
dos objetivos com sua criação era criar um contraponto a um outro indicador bastante
utilizado, o PIB per Capita, que considera apenas a dimensão econômica do
desenvolvimento. O IDH é, portanto, uma medida síntese do desenvolvimento e considera
três dimensões básicas: a longevidade, a educação e a renda.

Já o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal - IDH-M permite uma análise


contextualizada da realidade, com a relativização entre os municípios do país. De acordo
com esta metodologia desenvolvida, são consideradas de:
 Baixo desenvolvimento humano as localidades com IDH-M inferior a 0,500;
 Médio desenvolvimento humano aquelas com IDH-M entre 0,500 e 0,799; e,
 Alto desenvolvimento humano aquelas com IDH-M igual ou superior a 0,800.

 Situação do IDH-M em 2000

Os municípios da Bacia do rio Tocantins e seus formadores inserem-se majoritariamente na


faixa daqueles com médio desenvolvimento humano, sendo que somente Palmas apresenta
alto índice de desenvolvimento humano municipal. Há, no entanto, grande variação nos
valores desses índices, à medida que o maior índice é 0,793, no município de Gurupi, em
Tocantins, e o menor é 0,547, em Buritirana, no Maranhão, conforme ilustra o Mapa C11 –
IDH-M no Caderno de Mapas C do Atlas do projeto.

Em termos de sub-bacia, registra-se que as melhores condições de vida concentram-se na


porção sul da área de estudo, mais especificamente na Sub-bacia 20, onde se concentram
algumas das economias mais fortalecidas. Já as condições de vida mais adversas
encontram-se na Sub-bacia 23, composta por municípios com economias frágeis,
caracterizadas por uma agricultura em grande parte de subsistência, ocorrendo somente ao
norte uma concentração de terras destinadas à agricultura intensiva. Assim, essa Sub-bacia
apresenta o maior percentual (23%) de municípios com índice na ordem de 0,5, ou seja,
baixo desenvolvimento humano. A tabela a seguir ilustra essa realidade por sub-bacia.

Tabela 46 - Grau de variação do IDH-M, por sub-bacia

Sub-bacias Grau de Variação


Sub-bacia 20 Maior índice: Anápolis (0,788)
Menor índice: São Salvador do Tocantins (0,628)
Sub-bacia 21 Maior índice: Formosa (0,750)
Menor índice: Lavandeira (0,597)
Sub-bacia 22 Maior índice: Palmas (0,800)
Menor índice: Lagoa do Tocantins (0,574)
Sub-bacia 23 Maior índice: Colinas do Tocantins (0,739)
Menor índice: Buritirana (0,547)
Sub-bacia 29 Maior índice: Tucuruí (0,755)

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Menor índice: São João do Araguaia (0,582)

Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano, 2000.


Elaboração: Consórcio CNEC – ARCADIS Tetraplan

Em termos do comportamento no período de 1991 e 2000, o IDH-M, proxy das condições


sociais locais, apresentou ligeiro crescimento em todos os municípios da Bacia do rio
Tocantins. Porém, os municípios que apresentaram as maiores variações positivas no índice
localizam-se na Sub-bacia 23, onde, como visto acima, estão as piores condições de vida da
população residente, segundo o IDH-M. Nesse sentido, qualquer melhoria passa ser
significativa.

3.4.2. Padrão de Renda Monetária


Uma vez apresentado o quadro geral síntese das condições sociais, os resultados do PIB
municipal, relativizados pela população residente, complementam essa avaliação,
evidenciando a distribuição territorial das riquezas pela população. Os resultados obtidos
mostram diferenciais de padrão de desenvolvimento, apresentando amplas variações, à
medida que o maior patamar de riqueza aponta o valor de R$ 19.361,00 em Tucuruí (Pará,
Sub-bacia 29), em detrimento dos R$ 989,00 verificados em Praia Norte (Tocantins, Sub-
bacia 23).

Corroborando com a análise da dinâmica econômica, onde a maioria dos municípios


caracteriza-se por possuir economias frágeis, os dados sobre o PIB per capita mostram que,
em 2003, somente 6% dos municípios possuíam valores acima da média nacional (R$
6.296,98 – IBGE 2003) (ver tabela anexa).

Outra característica observada é que há uma clara regularidade espacial no que tange ao PIB
per capita, situando-se nos extremos norte e sul da Bacia os municípios mais ricos, com
destaque para os pertencentes ao Estado de Goiás (Sub-bacia 20, alto Tocantins)

3.4.3. Provisão de Bens e Serviços (renda não monetária)


Complementarmente, aos indicadores de renda monetária, a provisão à população de bens e
serviços básicos conclui o entendimento sobre um determinado quadro das condições de
vida da população residente na Bacia, como se mostra a seguir.

3.4.3.1. Acesso a Energia Elétrica

De acordo com dados do Atlas de Desenvolvimento Humano (2000), do total dos municípios
analisados, verifica-se que:
 57 (26%) possuem mais de 90% de pessoas residentes em domicílios com acesso a
energia elétrica;
 70 (32%) estão na faixa entre 70 e 89% de domicílios com acesso à energia elétrica;
 60 (27%) estão no grupo com variação entre 50 e 69,9% de atendimento a esse serviço;
 35 (16%) possuem menos de 50% de seus domicílios com acesso a energia elétrica.

Em termos de sub-bacia, a Sub-bacia 20 apresenta melhores resultados, onde a grande


maioria dos municípios (87%) possui mais de 80% de pessoas residentes em domicílios com
acesso a energia elétrica.

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A Sub-bacia 21 possui uma variação no atendimento desse serviço de 67,73% em


Damianópolis e 28,67% em Paranã. A variação desse serviço na Sub-bacia 22 é significativa,
onde o melhor atendimento dá-se no município de Palmas (98%), e o pior no município de
Chapada da Natividade (33,47%).

O mesmo grau de disparidade nota-se nas Sub-bacias 23 e 29. Na Sub-bacia 23 o maior


atendimento dá-se no município de Imperatriz (99,25%), pólo regional do sudoeste
maranhense, em contraste com os 22,77% de pessoas residentes em domicílios com energia
elétrica. Na Sub-bacia 29, por sua vez, o município de Tucuruí possui 96,64% das pessoas
residindo em domicílios com acesso à energia elétrica em contraste com os 33,89% de
atendimento em Água Azul do Norte.

Em termos de evolução, houve de modo geral, no período de 1991 a 2000, um aumento


considerável, na maioria dos municípios da Bacia do rio Tocantins, posto que em 1991, 124
(56%) municípios, possuíam menos de 50% de energia elétrica em seus domicílios,
diminuindo para 35 em 2000, significando, então, 16% do universo pesquisado. Dentre, esses
municípios, destaca-se Palmas, onde o percentual de pessoas que residiam em domicílio
com acesso a rede de energia elétrica era de 39,42%, passando para 97,13% em 2000.

3.4.3.2. Condições do Saneamento Ambiental

De forma a caracterizar as condições de Saneamento Ambiental dos municípios da Bacia do


rio Tocantins, foram levantados e analisados dados do Atlas de Desenvolvimento Humano e
do IBGE. Os aspectos analisados são:
 Saneamento básico, refletido nos percentuais de pessoas que vivem em domicílios com
água encanada e percentual de domicílios ligados à rede geral de esgoto ou rede pluvial,
destacando também o percentual de domicílios com fossa séptica;
 Destinação de resíduos sólidos (percentual de pessoas que vivem em domicílios servidos
por coleta de lixo).

De modo geral, percebe-se que a maioria dos municípios da Bacia do rio Tocantins são
deficientes em infra-estrutura de saneamento básico, principalmente em relação ao
esgotamento sanitário, apresentando amplas diferenças. Os índices são mais críticos no
Maranhão e no Pará e os melhores são encontrados em Brasília e Goiás.

A incipiência encontrada na cobertura dos serviços de saneamento ambiental, detalhada na


seqüência, está intrinsecamente associada às baixas condições de vida da população,
especialmente no que se refere à saúde, agravando-se ainda mais o quadro quando o
sistema de saúde também é insuficiente, o que acontece na grande maioria dos casos aqui
analisados.
 Percentual de pessoas que vivem em domicílios com água encanada

Os dados relativos aos percentuais de domicílios com água encanada revelam baixo
atendimento desse serviço na maioria dos municípios da Bacia, agravando-se a situação nos
municípios menos urbanizados dos Estados do Tocantins e do Pará.

Dos municípios analisados, somente 38 (17%) estão acima da média nacional (80,75% das
pessoas vivendo em domicílios com água encanada), 34 desses municípios pertencem a
Goiás (localizados majoritariamente na Sub-bacia 20), e apenas três são municípios do
Estado do Tocantins (Palmas, Gurupi e Paraíso do Tocantins). Em contrapartida, 119
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municípios (53%) possuem menos de 50% de domicílios com água encanada em seus
territórios, estando inclusos nesse caso os municípios dos Estados do Tocantins, Maranhão e
Pará, excetuando-se, no caso do Maranhão, os municípios de Imperatriz e Estreito e, no caso
do Pará, os municípios de Tucuruí e Parauapebas. Há ainda 32 municípios (6,9%)
distribuídos no baixo Tocantins, onde a cobertura desse serviço é irrisória, não chegando a
atender 20% dos domicílios. (v. tabela anexa e Mapa C13 – Percentual de Pessoas que
Vivem em Domicílios com Água Encanada).

Considerando-se esses resultados por sub-bacia, observa-se que:


 Sub-bacia 20 - as maiores coberturas desse serviço concentram-se nessa porção da
Bacia, com 32 (63%) dos seus municípios com cobertura acima da média nacional e 17
(33%) atendendo no mínimo 50% da população;
 Sub-bacia 21 - possui somente um município (Formosa) onde a cobertura desse serviço
está acima da média nacional e 17 (57%) município que atendem mais de 50% de sua
população, sendo estes localizados majoritariamente no Estado de Goiás;
 Sub-bacia 22 - caracteriza-se pela diferenças existentes entre os municípios da margem
direita e esquerda do rio, sendo que os localizados na margem esquerda, nas imediações
de Palmas, possuem, via de regra, as maiores coberturas e, os da margem direita, as
piores condições;
 Sub-bacias 23 e 29 - são as que concentram os municípios com as mais baixas
coberturas desse serviço em relação à Bacia como um todo. Destaca-se nesse cenário
precário apenas o município de Imperatriz, no Maranhão, onde 72,74% das pessoas
vivem em domicílios com água encanada.

No entanto, a maior parte dos municípios apresenta ainda grande carência quanto ao
abastecimento de água, o que certamente reflete nas baixas condições de vida dessa
população.

Cabe mencionar que no referido período houve a redução dos domicílios atendidos em seis
municípios: Buritirama, Sucupira, Sampaio e Bom Jesus do Tocantins, Limoeiro do Aruju e
São João do Araguaia, todos localizados na área ou nas proximidades da região do “Bico do
Papagaio” (Sub-bacia 23).

O Mapa C 13 – Percentual de Pessoas que Vivem em Domicílios com Água Encanada


espacializa essa informação. – excluir brasília

 Percentual de pessoas que vivem em domicílios servidos por coleta de lixo

Com base nos dados mais recentes (2000), dos municípios analisados, somente 39 (18%)
estão acima da média nacional (que é de 91,16%), 108 (48%) estão na faixa entre 50 e
90,95% dos domicílios, e, por último, 75 (34%) possuem menos de 50% de seus domicílios
com coleta de lixo, concentrando novamente os piores resultados na área ou nas
proximidades do “Bico do Papagaio” (Sub-bacia 23). (ver tabela anexa e Mapa C14 –
Percentual de Pessoas que Vivem em Domicílios Atendidos por Coleta de Lixo). Excluir
Brasília

Os dados mostram uma regularidade espacial, que corrobora os demais indicadores sociais
analisados até então. Considerando as sub-bacias, verificam-se os seguintes resultados:

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 Sub-bacia 20 - a grande maioria dos municípios (84%) possui mais de 78% de pessoas
que residem em domicílios com coleta de lixo, o restante apresenta uma variação no
atendimento entre 76,88% (Planaltina) e 25,47% (São Salvador do Tocantins);
 Sub-bacia 21 - novamente reflete as diferenças entre os Estados, na medida em que se
verifica que os municípios com maior cobertura localizam-se em Goiás e os com pior
cobertura inserem-se em Tocantins, onde há dois municípios com menos de 5% de
pessoas atendidas por esse serviço;
 Sub-bacia 22 - Palmas e os municípios de seu entorno possuem mais de 78% de pessoas
que vivem em domicílios com coleta de lixo, localizando-se as piores coberturas desse
serviço na margem direita do rio Tocantins.
 Sub-bacia 23 - também possui essa diferenciação entre os municípios da margem
esquerda e direita do rio, o que se explica pelo processo de ocupação e desenvolvimento
desse território, dinamizado pela construção da BR-153. Na referida Sub-bacia, a minoria
dos municípios (25%) atende pelos serviços de coleta de lixo mais de 70% de sua
população. As piores condições concentram-se no “Bico do Papagaio”, onde menos de
20% de sua população é atendida por esse serviço;
 Sub-bacia 29 - identificam-se quatro municípios, cujo atendimento é superior a 79%,
sendo que a grande parte (46%) não atinge 50% de atendimento domiciliar. O caso mais
grave encontra-se no município de São João do Araguaia, cujo atendimento é inferior a
5%.

Em relação ao percentual de domicílios servidos por coleta de lixo, houve de modo geral,
entre os anos 1991/2000, uma evolução positiva no serviço para os municípios da Bacia do
rio Tocantins. Contudo, o atendimento desse serviço ainda é bastante insatisfatório, à medida
que a grande maioria dos municípios está muito aquém de atingir a média nacional (91,16%,
ano 2000).

O Mapa C14 – Percentual de Pessoas que Vivem em Domicílios Servidos por Coleta de
Lixo mostra a cobertura deste serviço na Bacia do rio Tocantins. EXCLUIR BRASÍLIA
 Percentual de domicílios ligados à rede geral de esgoto ou pluvial

Em relação ao esgotamento sanitário, a situação encontrada é incipiente em todos os


municípios integrantes da Bacia do rio Tocantins, sendo que dos 222 municípios, 121 (55%)
não atingem 1% de domicílios ligados à rede de esgoto, 69 (31%) não possuem registros
sobre a existência desse serviço, cinco (2%) atendem entre 13% a 20% dos seus domicílios.
Somente quatro municípios da área total da bacia destacam-se por possuir mais de 20% de
cobertura desse serviço, são eles: Anápolis (46,45%), Goianésia (30,82%) e Imperatriz
(23,80%) (ver tabela anexa e Mapa C15 – Percentual de Domicílios Ligados à Rede Geral
de Esgoto ou Pluvial).EXCLUIR BRASÍLIA

No âmbito das sub-bacias, a situação é semelhante às demais variáveis analisadas:


 Sub-bacia 20 - possui uma situação melhor do que as demais, mas mesmo assim possui
em sua área 85% dos municípios com menos de 10% de cobertura no referido serviço.
Nesse cenário destacam-se Anápolis, Goianésia e Niquelândia, que atendem mais de
20% de sua população, como já mencionado anteriormente;
 Nas demais Bacias, são poucos os municípios que se destacam, de acordo com o
percentual de pessoas residentes em domicílios ligados à rede geral ou pluvial, sendo
eles: Palmas (17%) na Sub-bacia 22, Imperatriz (23,80%) na Sub-bacia 23 e
Parauapebas (17,53%).
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Cabe mencionar que, no período da pesquisa, não foi encontrado no IBGE dado referente à
cobertura da rede de esgoto em 1991, impedindo a análise da dinâmica da evolução.

Em complementação, quanto à análise referente ao aspecto de esgotamento sanitário,


verifica-se que nos municípios da área da Bacia do rio Tocantins, é mais significativo o
percentual de domicílios com fossa séptica, que atingem os seguintes patamares nos
municípios pesquisados:
 1%, ou seja, três municípios (Fátima e São Valério da Natividade, na Sub-bacia 22, e São
João do Paraíso, Sub-bacia 23), com mais de 80% de fossa séptica em seus domicílios;
 4%, referente a 10 municípios, com percentual de uso domiciliar de fossa séptica entre
55,9% em Talismã (Sub-bacia 22) e 75% em Goiatins (Sub-bacia 23);
 14%, relativo a 31 municípios, com percentual de uso domiciliar de fossa séptica entre
20,92% em Sítio D’abadia (Sub-bacia 21) e 48,84% em Palmas (Sub-bacia 22);
 10%, referente a 22 municípios, com percentual de uso domiciliar de fossa séptica,
variando entre 10,91% em Itacajá (Sub-bacia 23) e 20% em Nova América (Sub-bacia
20);
 11% dos municípios (25) com percentual que varia entre 5,16% em Guaraíta e 9,52% em
Heitoraí, ambos localizados na Sub-bacia 20;
 A maioria dos municípios (56%) com percentual inferior a 5%, distribuídos entre as cinco
sub-bacias.

Em termos espaciais, a maior ocorrência desses casos se dá na porção centro-norte da


Bacia, mais especificamente, nas Sub-bacias 22 e 23, por outro lado, na porção sul, a
ocorrência do uso de fossa séptica, é menor, porém, significativa para alguns municípios,
como: São Patrício (30%) e Itaguari (21,88%).

Em suma, a presença de fossa séptica, embora seja predominante na área de estudo, ainda
se mostra insuficiente para a maioria dos municípios analisados, corroborando a situação
precária vista em todos os itens considerados no saneamento ambiental. Apresentam-se, no
Anexo XV, tabelas com as informações mencionadas.

3.4.3.3. Condições de Saúde

Em termos de saúde, foram utilizados como indicadores a taxa de mortalidade de crianças


até 5 anos de idade e o IDH Longevidade (esperança de vida ao nascer), representativos
para a montagem de um panorama das condições da bacia.

A taxa de mortalidade infantil na Bacia do rio Tocantins é alta, possuindo em média 56,65
mortes em mil nascidos vivos, estando aquém do desejável em nível nacional. Os dados
obtidos (2000) indicam que os municípios do Estado de Goiás possuem as menores taxas de
mortalidade da área de estudo, variando entre 16,5 e 51,1 mortes de menores de cinco anos
em 1000 nascidos vivos. A taxa de mortalidade dos outros municípios está entre 27,59 e
131,93 mortes por 1000.

As diferenças regionais evidenciadas anteriormente (ver tabela anexa) refletem-se na


situação encontrada em termos de sub-bacias, apontando para a Sub-bacia 20 e a margem
esquerda da Sub-bacia 21 uma concentração de municípios com os melhores indicadores de
toda a Bacia. Na seqüência, destacam-se os municípios da Sub-bacia 29. Os piores

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resultados encontram-se novamente na Sub-bacia 23, mais especificamente na região do


“Bico do Papagaio”.

Os dados relativos ao IDH-M Longevidade também revelam uma realidade insatisfatória,


segundo o qual os municípios classificam-se majoritariamente com médio desenvolvimento
humano, variando entre 0,784 e 0,504. Somente dois municípios (Campinorte e Campinaçu),
ambos pertencentes à Sub-bacia 20, classificam-se com alto desenvolvimento humano no
que se refere à longevidade. O Mapa C16 – IDH-M Longevidade espacializa as condições
existentes por município. EXCLUIR BRASÍLIA

Verifica-se, novamente que:


 a Sub-bacia 20 apresenta os melhores índices da área de estudo, sendo a única que
possui municípios classificados com alto desenvolvimento humano, variando seus índices
entre 0,806 e 0,636;
 as demais Sub-bacias possuem todos os seus municípios na faixa intermediária de
desenvolvimento humano no que se refere à longevidade;
 as Sub-bacias 21 e 22 registram percentuais da ordem de 30%;
 a Sub-bacia 23 é a que apresenta os piores índices, tendo somente 7% de seus
municípios com índice na ordem de 0,7;
 a Sub-bacia 29 destaca-se dentre as demais por possuir a maioria dos seus municípios
(61%) com índices na ordem de 0,7, tendendo para a classificação de alto
desenvolvimento humano.

Em relação à taxa de mortalidade infantil até cinco anos de idade, houve sensível redução na
maioria dos municípios da Bacia do rio Tocantins no período 1991/2000, resultando em uma
queda média na taxa de 21,33 em mil nascidos vivos no total da Bacia. Somente 7
municípios, sendo 5 pertencentes à Sub-bacia 20 e 2 à Sub-bacia 23, permaneceram com
essa taxa praticamente inalterada no período 1991/2000.

Outra característica observada, a despeito das altas taxas de mortalidade infantil existentes,
refere-se ao avanço positivo desse indicador ocorrido nos municípios do Estado do
Tocantins, especialmente nos localizados nas Sub-bacias 21 e 22, e nos municípios do
Estado do Pará, localizados na Sub-bacia 29, próximos à foz do rio Tocantins.

As taxas que se referem ao IDHM - Longevidade apresentam, no período 1991/2000, leve


crescimento nos municípios da Bacia do rio Tocantins e da Sub-bacia 20, chegando a alterar,
segundo classificação do PNUD, o patamar de médio para alto desenvolvimento humano em
dois municípios inseridos na Sub-bacia 20 (Campinorte e Campinaçu), e o patamar de baixo
para médio em 21 municípios, todos pertencentes à região norte/nordeste, conforme pode-se
observar no Mapa C 16 – IDHM Longevidade. EXCLUIR BRASÍLIA

3.4.3.4. Doenças de Veiculação Hídrica

A partir dos dados do DATASUS sobre a ocorrência de doenças de veiculação hídrica,


verifica-se que, de acordo com as formas de contaminação (por vetores, por meio de ingestão
e contato com água contaminada), as principais doenças a serem analisadas, em termos do
número de ocorrências, são a dengue, a amebíase e esquistossomose, respectivamente.

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Ressalta-se que os dados sobre a ocorrência de doenças de veiculação hídrica são


sistematizados por local de internação, o que significa que não se sabe ao certo o local onde
foi contraída a doença, mas sim o local onde o doente foi atendido.

Observa-se, na tabela a seguir, que a doença de veiculação hídrica com maior número de
registros da Bacia do rio Tocantins e seus formadores é a dengue, tendo-se registrado 794
casos em 2005. O maior número desses registros (540) aconteceu nos municípios do Estado
do Pará, na Sub-bacia 29, destacando a alta ocorrência nos municípios de São Geraldo do
Araguaia (183), São Domingos do Araguaia (124) e Marabá (108).

Quanto aos casos de amebíase, no total dos municípios da Bacia do rio Tocantins, registram-
se 12 casos em 2005, sendo que a metade com registro em Colinas do Tocantins, na Sub-
bacia 23.

Não foram identificados casos de ocorrência de esquistossomose no total dos municípios da


Bacia, o que não significa que não haja casos de contagio desta doença, mas que não houve
registro em nenhum serviço público da área estudada.

Tabela 47 - Registro de casos de doença de veiculação hídrica, por local de internação

Sub-bacias Dengue Amebíase Esquistossomose

Sub 20 24 Não há Não há

Sub 21 19 2 Não há

Sub 22 66 Não há Não há

Sub 23 137 6 Não há

Sub 29 548 4 Não há

Total 794 12 Não há

Fonte: Datasus, 2005

Em termos da evolução das ocorrências dessas doenças, observa-se que as ocorrências de


casos de dengue evoluíram de forma crescente nos anos analisados (1998, 2000 e 2005),
atingindo seu pico máximo de 794 casos em 2005, como mencionado acima.

Os casos de amebíase, no total dos municípios da Bacia do rio Tocantins e seus formadores,
apresentaram redução nos anos considerados. Somente os municípios do Estado de
Tocantins mostraram crescimento entre os anos 2000 e 2005.

3.4.3.5. Condições de Educação

Os resultados obtidos para o panorama educacional no que se refere à taxa de analfabetismo


da população com mais de 15 anos revelam situação amplamente indesejável na Bacia do rio
Tocantins, possuindo em termos médios, 23% da população com mais de 15 anos ainda
analfabetas. A situação agrava-se ainda mais nos municípios do Tocantins e do Maranhão,
refletindo, mais uma vez, as diferenças de condições e acessibilidade aos serviços públicos
existentes nos estados brasileiros.

Dos municípios analisados, somente 9 municípios possuem taxas de analfabetismo para


população maior de 15 anos abaixo da média nacional (13,6%), demonstrando condições
mais adequadas, conforme apresenta a tabela a seguir:
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Tabela 48 - Municípios com Taxa de Analfabetismo da População acima de 15 anos


abaixo da taxa nacional

Sub-bacia Municípios % de analfabetos

SB 20 Rialma (GO) 11,73

SB 20 Ceres (GO) 11,91

SB 21 Formosa (GO) 13,45

SB 22 Lajeado (TO) 13,01

SB 22 Palmas (TO) 6,33

SB 22 Gurupi (TO) 9,42

SB 22 Paraíso do Tocantins (TO) 10,34

SB 23 Palmeiras do Tocantins (TO) 10,34

SB 29 Tucuruí (PA) 11,26

Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano, 2000

Em relação às sub-bacias, os diferenciais da taxa de analfabetismo da população, no ano


2000, são reduzidos, variando entre 18,3% e 27,4%, sendo a Sub-bacia 23 a que apresenta
as piores condições de educação.

Em termos da evolução desses indicadores, analisando-se a taxa de analfabetismo da


população com mais de 15 anos, no período entre 1991 e 2000, observa-se uma mudança
significativa no panorama educacional, à medida que todos os municípios da área de estudo
diminuíram o percentual de analfabetos em seus territórios, configurando-se em 2000 uma
situação comparativamente melhor, porém ainda insatisfatória. Em 1991, 206 municípios
(93%) possuíam mais de 20% de sua população acima de 15 anos analfabeta, sendo que,
destes, 143 (67%) ultrapassavam a taxa de 30%. Já em 2000, esse número diminuiu para
136 (61%), sendo que destes 37 (16%) possuíam taxa superior a 30%, conforme demonstram
as ilustrações seguintes.

De maneira geral, verifica-se que na última década houve um aumento no acesso da


população ao sistema educacional, seguindo uma tendência nacional, quando os indicadores
sociais apresentaram taxas positivas de crescimento no período 1991/2000. De qualquer
forma, mesmo assim, as condições sociais permanecem, na maioria dos casos, precárias. As
diferenças nas formas de ocupação dos territórios, conjugadas à implantação de políticas de
investimentos governamentais, federais e estaduais pouco uniformes nos Estados em estudo,
configuraram uma realidade marcada pela nítida diferença de condições de vida e
acessibilidade a serviços pela população residente nos municípios da porção sul e da porção
mais ao centro/norte da Bacia.

3.4.4. Principais Questões


A partir da caracterização geral e atual das condições de vida da população residente, que
contemplou aspectos da renda monetária e não monetária (bens e serviços públicos,
envolvendo saúde, saneamento ambiental e educação), verificou-se a baixa qualidade de
vida da população residente, frente aos diversos indicadores analisados, principalmente na
porção norte da área de estudo.

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De acordo com os resultados obtidos para cada indicador, pode-se dizer que as principais
questões que permeiam as baixas condições de vida das populações aqui referidas são:
 A carência de serviços públicos destinados à população devido à dificuldade dos
governos municipais em prover estes serviços, tendo em vista o pequeno porte
econômico característico da grande maioria dos municípios em questão;
 A renda em termos monetários (remuneração) mostrou-se uma das questões mais
problemáticas da região, sendo a dimensão do IDH-M que apresentou os piores
resultados, classificando a grande maioria dos municípios na faixa intermediária de
desenvolvimento, e 18% com baixo desenvolvimento humano;
 As precárias condições de saneamento ambiental (domicílios sem acesso ao
esgotamento sanitário e coleta de lixo, sem se levar em consideração sua destinação e
tratamento) contribuem negativamente para a saúde da população, criando ambientes
propícios à proliferação de doenças e vetores, pressionando também o sistema público de
saúde municipal, que é em grande parte deficitário, levando a população a se deslocar à
procura de atendimento em outros municípios.

3.4.5. Perspectivas
Com base no panorama atual e na análise da “dinâmica de evolução” realizada para cada um
dos indicadores sociais aqui analisados, verifica-se na última década uma tendência positiva
nos resultados que se referem à educação e saúde, fruto de investimentos em políticas
públicas voltadas para essas questões. Essa melhoria é verificada especialmente nos
municípios do Estado do Tocantins, em parte explicado pelo volume de investimentos
federais decorrentes da recente criação do Estado, o mais jovem do território nacional.

Se considerados como referência os objetivos para o ano de 2015 estabelecidos pela


“Cúpula do Milênio”, que envolve garantir a todas as crianças e adolescentes pelo menos o
ensino fundamental e reduzir em dois terços a taxa de mortalidade de crianças menores de
cinco anos, entre outros, pode-se perceber que os municípios da Bacia ainda têm um longo
caminho até atingir esse patamar desejado.

Mesmo considerando-se a realidade nacional, ainda se faz necessário um maciço


investimento para que a região da Bacia figure entre aquelas com condições de vida pelo
menos condizentes à uma região que vem apresentando crescimento econômico. Um dos
pontos mais críticos é a região do “Bico do Papagaio”, extremamente carente e necessitada
de políticas públicas continuadas, que propiciem perspectivas para atingir ao menos a média
brasileira.

Ao contrário do que se verifica na evolução dos indicadores de educação e saúde, os


resultados relativos ao saneamento ambiental apontaram que, além de incipiente na grande
maioria dos municípios da Bacia do rio Tocantins, as maiores taxas de crescimento, em
termos de cobertura, foram nos municípios da porção sul da Bacia, onde já se encontravam
as melhores condições sociais. Isto, aliado aos altos custos para investimentos nesse setor,
configura uma realidade futura pouco promissora, o que continuará interferindo
negativamente na qualidade de vida da população.

Por fim, outro aspecto pouco promissor diz respeito à renda da população que, como visto na
dinâmica de evolução, foi a dimensão do IDH, que apresentou os piores resultados, com
tendência decrescente em alguns municípios da porção norte da Bacia, especialmente na

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região do “Bico do Papagaio”, onde, como se sabe, ainda são recorrentes os conflitos pelo
uso e posse da terra.

3.5. Populações Tradicionais


No presente estudo consideram-se populações tradicionais aquelas que estão
essencialmente ligadas à preservação de valores, tradições, cultura e que são capazes de
utilizar e, ao mesmo tempo, preservar os recursos naturais de que dispõem. Essas
comunidades utilizam-se de tecnologias de baixo impacto ambiental, como o extrativismo, a
pesca e a lavoura de pequena escala, num processo de interação do homem com o uso
sustentável dos recursos naturais. Adicionalmente, considera-se que as populações
tradicionais são dinâmicas, estão em constante mudança, em sintonia com as alterações que
ocorrem na região e que chegam até elas. Essas mudanças não descaracterizam o
tradicional, desde que sejam preservados os principais valores que fazem dela uma
população conservadora do meio ambiente.

Para entender melhor a questão das populações tradicionais, é fundamental entender sua
cultura, que está intimamente ligada às relações de produção e de sobrevivência. O
Professor Antonio Carlos Diegues enumera as seguintes características das culturas
tradicionais:
 Dependência e até simbiose com a natureza, os ciclos naturais e os recursos naturais
renováveis a partir do qual se constrói um "modo de vida";
 Conhecimento aprofundado da natureza e de seus ciclos, o que reflete na elaboração de
estratégias de uso e de manejo dos recursos naturais. Esse conhecimento é transferido
de geração em geração por via oral;
 Noção de território ou espaço onde o grupo se reproduz econômica e socialmente;
 Moradia e ocupação desse território por várias gerações, ainda que alguns membros
individuais possam ter-se deslocado para os centros urbanos e voltado para a terra dos
seus antepassados;
 Importância das atividades de subsistência, ainda que a produção de mercadorias possa
estar mais ou menos desenvolvida, o que implica numa relação com o mercado;
 Reduzida acumulação de capital;
 Importância dada à unidade familiar, doméstica ou comunal e às relações de parentesco
ou de compadrio para o exercício das atividades econômicas, sociais e culturais;
 Importância de mito e rituais associados à caça, à pesca e a atividades extrativistas;
 A tecnologia utilizada é relativamente simples, de impacto limitado sobre o meio
ambiente. Há uma reduzida divisão técnica e social do trabalho, sobressaindo o trabalho
artesanal. Nele, o produtor e sua família dominam o processo de trabalho até o produto
final;
 Fraco poder político, que em geral reside nos grupos de poder dos centros urbanos;
 Auto-identificação ou identificação pelo outro de pertencimento a uma cultura distinta das
outras.

Na área que compreende a Bacia do Rio Tocantins, as informações secundárias disponíveis


apontam para a existência de populações indígenas, quilombolas, pescadores, populações
ribeirinhas e quebradeiras de coco babaçu como importantes agentes sociais presentes na

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região. A seguir, estão sistematizados os dados obtidos para as populações indígenas e


quilombolas, sendo que, a despeito da significância das outras populações tradicionais
citadas, não se dispõe de informações quantitativas sobre as mesmas. Neste último caso, os
relatos são pouco sistemáticos e o que chega ao conhecimento público são notícias sobre
campanhas de conscientização e mobilização, empreendidas por organizações não-
governamentais e movimentos sociais, em busca do reconhecimento do que pleiteiam como
seus direitos, notadamente no que tange à questão da regularização fundiária das terras que
ocupam e acesso aos recursos naturais.

3.5.1. Terras e Populações Indígenas


Todas as Constituições do Brasil, após o advento da República, ressalvada a omissão da
Constituição de 1891, reconheceram aos índios direitos sobre os territórios por eles
habitados. Muito embora o direito de recorte fundiário tenha raízes mais antigas e avançadas
no ordenamento constitucional, de outra parte, até a Constituição de 1988, o arcabouço
jurídico sobre os direitos civis para esses povos não tinha o mesmo espírito avançado.

Duas inovações conceituais importantes em relação a Constituições anteriores, ao Código


Civil de 1916 e ao chamado Estatuto do Índio ficaram notadamente marcadas na Constituição
de 1988. A primeira, abandonando a idéia de que os índios teriam que assimilar a sociedade
brasileira e a expectativa de transitoriedade de sua cultura, organização social, usos e
costumes. A segunda, e a mais relevante, por envolver interesse de posse e domínio de
terras, foi a definição dos direitos dos índios sobre suas terras como direito originário. Por
essa definição o Estado Brasileiro reconheceu o direito indígena à terra de forma
inquestionável.

3.5.1.1. Terras Indígenas

A partir das disposições constitucionais de 1988, originou-se a base legal para definir a
propriedade e a proteção do Estado quanto à preservação, demarcação, integridade e ao
respeito da territorialidade indígena. Em particular no artigo 231, está prescrita uma variedade
de elementos a respeito da natureza de vínculos de posse, ocupação e domínio. Assim as
terras indígenas são:
 Bens da União;
 Destinadas à posse permanente por parte dos índios;
 São considerados nulos e extintos quaisquer atos jurídicos que afetem esse direito de
posse, exceto relevante interesse público da União;
 Somente aos índios cabe usufruir as riquezas do solo, dos rios e dos lagos nelas
existentes;
 A exploração dos recursos hídricos, a pesquisa e a lavra das riquezas minerais só
poderão ser efetivadas com a autorização do Congresso Nacional, ouvidas as
comunidades afetadas, ficando-lhes assegurada a participação nos resultados da lavra;
 São gravadas de inalienabilidade e indisponibilidade, sendo o direito sobre elas
imprescritível;
 Os índios não poderão ser removidos de suas terras, a não ser em casos excepcionais e
temporários, previstos no § 6º do artigo 231.

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A legislação que hoje rege a questão indígena busca de alguma forma compensar os
habitantes nativos do território. Um número razoável de entidades não-governamentais e
alguns órgãos e entidades internacionais também caminham lado a lado com o Estado
brasileiro na luta pelo reconhecimento da importância cultural desses povos.

Nesse sentido, a caracterização das Terras Indígenas existentes na região da Bacia do Rio
Tocantins envolve a localização dessas terras e as especificidades etnográficas de seus
povos.

A tabela a seguir apresenta as Terras Indígenas(TIs) localizadas nos municípios dos Estados
de Goiás, Maranhão, Pará e Tocantins, que estão inseridos na Bacia do Rio Tocantins, com a
indicação do respectivo grupo indígena, o número de habitantes, a situação fundiária atual de
suas terras. O Mapa B11 – Unidades de Conservação, Terras Indígenas e Corredores
Ecológicos espacializa tal informação EXCLUIR BRASÍLIA .

Foram identificadas 12 TIs na área da Bacia do Tocantins, com população estimada em


7.600 habitantes. Desses, 2.362 índios estão localizados em TIs na porção do Estado do
Pará contida na Bacia. A maior parte, no entanto, concentra-se no Estado do Tocantins, onde
se encontram quase 4.600 indígenas distribuídos em quatro TIs. As porções dos Estados do
Maranhão e Goiás contidas na Bacia também apresentam um terra indígena cada.

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Tabela 49 - Terras Indígenas existentes na região da Bacia Hidrográfica do Tocantins


Terra Grupo Nº de Municípios UF Base Legal Situação Área (ha) OBS
Indígena Indígena hab abrangidos Fundiária Atual

Amanayés Amanayé 200 Rondon do Pará PA Decreto Estadual nº 306 de Em identificação 261.000
21/03/45
Portaria 640 de 19/06/98 cria GT
para identificar TI

Avá- Avá-Canoeiro 6 a 10 Minaçu GO Portaria Ministerial 598 de Delimitada 38.000 Concessionária da


02/10/96 declara posse UHE Serra da Mesa
Canoeiro Cavalcante
permanente indígena deve creditar 2% ao
mês do valor a ser
distribuído a título de
royalties
Realização de
levantamento fundiário

Krikati Krikati 620 Montes Altos MA Portaria Ministerial 328 de Delimitada. 146.000 LT e Rodovia MA-280
Sítio Novo 07/07/92 declara de posse Implementação de cortam a área
permanente indígena. desocupação e
Amarante do Maranhão
demarcação da TI.
Indenização das
benfeitorias derivadas
de ocupação de boa-fé

Parakanã Parakanã 498 Itupiranga, Jacundá e PA Decreto 248 de 29/10/91 Homologada 351.697 Transferidos da TI
Tucuruí Pucuruí inundada pelo
lago Tucuruí. Rodovia
BR-230 no limite

Mãe Maria Gavião 414 Bom Jesus do Tocantins PA Decreto 93.148 de 20/08/86 Homologada 62.488 Rodovia PA-222, LT e
Parkatejê ferrovia cortam a área.
Hidrelétrica planejada:
Marabá

Xikrin do Kayapó 659 Parauapebas PA Decreto 384 de 24/12/91 Homologada. 439.151 Garimpo não indígena
Xicrin do intermitente.
Cateté Hidrelétrica Planejada:
Cateté
Itacaiúnas I

Trocará Asurini do 302 Tucuruí PA Decreto 87.845 de 22/11/82 Homologada 21.722 Rodovia PA-156 corta
Tocantins a área

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Terra Grupo Nº de Municípios UF Base Legal Situação Área (ha) OBS


Indígena Indígena hab abrangidos Fundiária Atual

Sororó Suruí 289 São Domingos Araguaia PA Decreto 88.648/83 Homologada 26.258 Entrada com ação
Aikewara para ampliar a área da
TI para incluir a área
do polígono dos
castanhais

Apinayé Apinayé 990 Tocantinópolis, TO Decreto s/n de 03/11/97 Homologada 141.904 Rodovia BR-230 corta
Maurilândia, Itaguatins a área. UHE Santo
Antônio planejada

Xerente Xerente 1.624 Tocantínia TO Decreto 97.838 de 16/06/89 Homologada 167.542 Rodovia TO-134 corta
a área

Kraolândia Krahô 1.790 Goiatins e Itacajá TO Decreto 99.062 de 07/03/90 Homologada 302.533,39

Funil Xerente 190 Tocantínia TO Decreto 269 de 29/10/91 Homologada 15.703


(Xerente)
Fonte: Banco de Dados Arcadis Tetraplan, 2006/ Povos Indígenas no Brasil, 1996-2000. São Paulo: Instituto Socioambiental, 2000.

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A tabela que segue apresenta as TIs distribuídas nas sub-bacias do Rio Tocantins. Observa-
se um maior número de grupos indígenas nas Sub-bacias 29 e 23, com conseqüente
concentração de populações nessas regiões.

Destaque-se que a despeito de quaisquer inferências sobre a significância numérica desses


grupos ou ainda a proximidade territorial em que os mesmos encontram-se localizados, esses
povos abrigam expressivas diferenças quanto às suas tradições, costumes e
comportamentos. Isso porque a história dos grupos inclui processos de fusão e divisão;
conseqüentemente, estabelecer os critérios do que diferencia um "povo" de uma
"comunidade" ou de um "subgrupo" é algo arbitrário e nem sempre consensual.

Adicionalmente a lista de povos também pode ser alterada devido ao aparecimento de novas
etnias, seja quando se encontram índios "isolados", seja por meio das chamadas "identidades
emergentes". Se esses fatores podem fazer com que a lista aumente, ela também pode
diminuir, já que o risco de extinção de grupos inteiros não está totalmente afastado, como o
que pode ocorrer com o Grupo Avá-Canoeiro da Sub-bacia 20.

Tabela 50 - Terras Indígenas existentes por Sub- bacias Hidrográficas do Rio Tocantins

Sub-Bacias Nº de Terras Indígenas Nome das Terras Indígenas População


estimada

SB 29 6 Mãe Maria/ Parakanã/Trocará/Sororó/Xikrin do 2.362


Cateté/ Amanayés

SB 23 3 Apinayés/Krikati/Kraolândia 3.400

SB 22 2 Funil/Xerente 1.814

SB 20 1 Avá – Canoeiro 10

Fonte: Banco de Dados Arcadis Tetraplan, 2006/ Povos Indígenas no Brasil, 1996-2000. São Paulo:
Instituto Socioambiental, 2000

Cabe ressaltar que, como ainda não há um censo indígena no Brasil, os cômputos globais
têm sido feitos – seja pelas agências governamentais (FUNAI, IBGE), pela Igreja Católica
(CIMI) ou pelo ISA – com base numa colagem de informações heterogêneas: enquanto a
FUNAI trabalha considerando que exista uma população de 450 mil índios em aldeias, o
IBGE constatou, no último censo (2000), que 734 mil pessoas se auto-identificaram como
indígenas no país. O IBGE utiliza o critério de auto-declaração e a FUNAI vale-se do princípio
de reconhecimento recíproco, isto é, ao se auto-declarar de uma determinada etnia, a
comunidade também deve reconhecê-lo como tal.

3.5.2. Características principais dos povos indígenas


Na região que compreende a área de estudo, as informações disponíveis apontam para a
existência de populações indígenas dos povos Amanayé, Avá-Canoeiro, Krahô, Xerente,
Krikati, Apinayé, Xerente, Parakanã, Gavião Parkatejê, Kayapó, Xicrin do Catete, Asurini do
Tocantins e Suruí Aikewara. A população indígena estimada para a Bacia do Rio Tocantins e
seus afluentes é de aproximadamente 7.586 habitantes.

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Destacam-se a seguir algumas informações relacionadas às populações indígenas


localizadas na área de estudo. Essas informações foram obtidas por meio de publicações e
boletins eletrônicos do Instituto Socioambiental (ISA), organização não-governamental,
fundada em 1994, que se dedica ao estudo de questões sociais e ambientais, com particular
atenção às populações indígenas.
 Avá – Canoeiro

O processo de regularização das terras dos Avá-Canoeiro do Tocantins teve início em 1985,
quando se interditou, para fins de atração, uma área de 38.000 hectares localizada nos
municípios de Cavalcante e Minaçu (GO). A portaria destinava-se a preservar as áreas de
perambulação dos Avá-Canoeiro ainda arredios e a área então ocupada pelo grupo. Apenas
em 1996 a Terra Indígena Avá-Canoeiro foi declarada como de posse permanente dos
índios. A área encontra-se, no entanto, invadida por um grande número de ocupantes, que
esperam a indenização para se retirarem.

De uma maneira geral, a população Avá-Canoeiro, que ao todo provavelmente nunca


ultrapassou 300 pessoas, sofreu a maior queda no seu número entre 1960 e 1970, quando foi
encurralada pelo processo de ocupação dos Estados de Goiás e Tocantins. A sobrevivência
desse pequeno grupo, de cerca de 10 pessoas, ainda é duvidosa, mas historicamente, os
bandos Avá-Canoeiro conseguiram sobreviver isoladamente mesmo com contingentes
populacionais menores.

Os grupos já contatados vivem em meio a condições precárias de saúde e alimentação, além


de ainda enfrentarem o problema da escassez de parceiros para sua continuidade física e
social.
 Kríkati

Os Kríkati tiveram suas terras invadidas por fazendas de gado desde o século XIX e só
tiveram seus direitos territoriais plenamente reconhecidos pelo Estado brasileiro em 2004,
depois de décadas de conflitos. Segundo o ISA, a FUNAI iniciou o processo de desocupação,
com o pagamento das benfeitorias, em 1999, porém até o ano de 2004, não havia
conseguido efetivar a extrusão de apenas cerca de 50% das ocupações. Enquanto isso, os
Krĩkati estão recebendo uma terra devastada, com poucas matas, sem caça e sem peixes.

Com extensão de 144.775 hectares, essa TI está localizada nos municípios maranhenses de
Montes Altos e Sítio Novo, a sudoeste do Estado. É banhada por rios e córregos das Bacias
do Tocantins (Lajeado, Arraia, Tapuio, entre outros) e Pindaré/Mearim. Aliás, o primeiro
destes importantes rios do Maranhão tem sua cabeceira dentro da Terra Indígena.

Os Krĩkati habitam hoje em duas aldeias: São José (a maior e mais antiga) e Raiz, fundada
poucos meses depois da conclusão da demarcação física da área, em 1999. Há ainda uma
aldeia (Cocal) composta por indivíduos Guajajara casados com algumas mulheres Krĩkati.
 Gaviões

Os índios Gaviões vivem na Terra Indígena Mãe Maria, localizada no município de Bom
Jesus do Tocantins, no sudeste do Estado do Pará. Situada em terras firmes de mata tropical,
apresenta como limites os igarapés Flecheiras e Jacundá, afluentes da margem direita do
curso médio do Tocantins. 0 nome "Gavião" foi atribuído a diferentes grupos Timbira por
viajantes do século passado, que desse modo destacavam seu caráter belicoso.

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De acordo com informações do ISA, “na primeira metade do século XX, os Gaviões de Oeste
distribuíam-se em três unidades locais autodenominadas conforme a posição que ocupavam
na Bacia do rio Tocantins. Embora atualmente estejam todas reunidas, a distinção entre as
três unidades permanece marcada. Há, contudo, uma autodenominação comum a todas,
como indica a placa na entrada da aldeia nova, onde se lê "Comunidade Indígena Parkatêjê",
figura de fato criada pelos Gaviões, como expressão da autonomia por eles conquistada em
1976, para fazer face aos novos desdobramentos das relações inter-étnicas”.

A agricultura ocupa um papel de destaque como fonte de subsistência para os Gaviões. Os


homens passaram a cultivar arroz em grandes extensões (de 10 a 15 alqueires), derrubadas
e plantadas sob o sistema de coivara, e cuja produção destina-se ao consumo da
comunidade. Posteriormente, extensões ainda maiores (de 30 alqueires) vieram a ser
plantadas. A produção destas roças destina-se, eventualmente, à comercialização e há
preocupações com o fato de que os Gaviões não vêm reciclando as antigas capoeiras, mas
realizando novas derrubadas para o posterior plantio de pastagens, de acordo com um
padrão que se observa ao longo da rodovia.

A caça constitui também ainda uma importante fonte de subsistência para os Gaviões,
embora seu consumo venha se restringindo às ocasiões cerimoniais, em virtude da escassez
gradativa, provocada pelos grandes desmatamentos nas redondezas. No entanto, veados,
caititus, porcos do mato, tatus, pacas, cutias e macacos (prego e guariba) são animais ainda
abatidos a espingarda, no interior da terra indígena.

Tradicionalmente, a coleta de frutos silvestres — bacaba, açaí, inajá, macaúba e babaçu,


além do ingá, do cupuaçu e da castanha-do-pará — também constituía uma tarefa
principalmente feminina e de grande importância como fonte de subsistência, sendo hoje
executada por ambos os sexos.

A pesca, por sua vez, não é especialmente privilegiada pelos Gaviões. A confecção de
farinha de mandioca à maneira regional — dos tipos "puba" ou "seca" — era, em geral, feita
em grande quantidade por indivíduos de ambos os sexos para o abastecimento de todo o
grupo. Passaram depois a comprá-la dos comerciantes das redondezas, assim como os
outros bens industrializados (óleo, sal, açúcar, café, querosene, sabão, munição).

0 artesanato constitui um dos itens comercializados pelos Gaviões, em geral vendido pelo
próprio artesão aos visitantes da aldeia ou ainda em Marabá. Cabe aos homens mais velhos
a confecção dos itens da cultura material que ainda são utilizados pelos Gaviões, como os
instrumentos musicais — de sopro e de percussão — além dos arcos e flechas usados nos
jogos cerimoniais, por ambos os sexos.
 Suruí

Os índios Suruí foram inicialmente localizados à margem do pequeno igarapé conhecido


como Grotão dos Caboclos, afluente do rio Sororozinho, por sua vez afluente do Sororó,
tributário do Itacaiúnas. O território Suruí está situado no sudeste do Pará no município de
São João do Araguaia, a cerca de 100 quilômetros da cidade de Marabá. Situavam-se
originariamente em uma região de mata tropical, mas nos últimos 30 anos a floresta foi
destruída para dar lugar a pastagens, o que resta dela está situado dentro do território
indígena.

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No passado, a agricultura consistia em sua principal atividade econômica. Faziam grandes


roças, onde plantavam várias espécies de mandioca, bananas, inhame, batata doce, milho,
pimenta, algodão e fumo. A atividade de caça era bastante privilegiada em uma região em
que eram abundantes as antas, veados, queixadas, catitus, pacas, tatus, macacos e cotias.
Entre as aves preferiam os mutuns e jacus, mas em caso de necessidade consumiam
também arara e várias espécies de papagaio. A pesca era uma atividade pouco importante,
desde que viviam afastados dos grandes rios. A coleta complementava a busca por
alimentos. Nos dias de hoje, a dieta alimentar foi modificada, pela diminuição da caça, e pela
introdução de uma pecuária pobre e do cultivo de arroz.

Os Suruí não possuem associação indígena. São poucos os que estão alfabetizados e
algumas crianças estudam em São Domingos do Araguaia. Existe uma escola na aldeia, mas
o seu funcionamento tem sido muito irregular. Um enfermeiro indígena mantém em
funcionamento, de forma precária, o posto de saúde. Os casos mais graves são
encaminhados para Marabá, a 100 quilômetros de distância. A situação alimentar deixa a
desejar, embora tenham introduzido o plantio de arroz e a criação de gado vacum. A caça
torna-se cada vez mais difícil, o mesmo acontecendo com a coleta. Durante certo tempo
receberam assistência da Companhia Vale do Rio Doce (alimentos, assistência médica,
implementos agrícolas e até mesmo um trator, atualmente inoperante), por meio do projeto
Carajás que, contudo, não teve continuidade.

Embora ainda tenham uma aldeia, as casas copiam os modelos das moradias regionais,
estando divididas em cômodos. Todos estão vestidos à moda ocidental, possuem objetos
como rádios, aparelhos de som, armas de fogo etc. As redes de dormir artesanais foram
substituídas por redes adquiridas em Marabá, mas ainda fabricam as tipóias feitas de
algodão para o transporte de crianças pelas mães. Os objetos de cerâmica foram substituídos
por peças industrializadas. Os homens não usam mais o cabelo comprido e a prática ritual de
perfuração do lábio inferior torna-se cada vez mais rara. Apesar de tudo, mantêm a utilização
da língua nativa e a prática dos rituais, além de um forte sentimento de identidade étnica.
 Kayapó

O território kayapó está situado sobre o planalto do Brasil Central, ao sul do Estado do Pará e
ao norte do Mato Grosso. Nos anos 80 e 90, os Kayapó tornaram-se célebres na mídia
nacional e internacional pela ativa mobilização em favor de direitos políticos, da demarcação
de suas terras, e também pela forma intensa como se relacionam com os mercados locais,
em busca de produtos industrializados. No curso dessa mobilização, rostos como o dos
líderes Ropni (mais conhecido como Raoni) e de Bepkoroti (Paulinho Payakã), tornaram-se
mundialmente famosos, clicados pela imprensa ao lado de artistas, personalidades e grandes
chefes de Estado.

Paralelamente, Raoni havia conquistado auxílio internacional do cantor Sting, que resultou na
criação de organizações não-governamentais de proteção à floresta e aos Kayapó, como a
Rainforest Foundation e sua filial brasileira Fundação Mata Virgem (RABBEN, 1998).

No início dos anos 90, portanto, a associação dos Kayapó com o discurso ambientalista
internacional estava no auge. É possível que, dadas as circunstâncias, os líderes Kayapó
tenham se valido dessa representação para chamar a atenção da opinião pública
internacional acerca dos problemas que os afligiam, sobretudo a situação de suas terras. Mas
a imagem idealizada que parte do movimento ambientalista tinha dos Kayapó impediu de ver

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que a defesa que estes faziam da floresta e da natureza não tinha um fim em si mesmo, nem
baseava-se numa suposta pureza silvícola.

As notícias das relações comerciais dos índios, somadas à exploração ideologizada do


episódio, fizeram com que os Kayapó passassem de heróis ecológicos a verdadeiros vilões
da Amazônia. A acusação a Payakan caiu como uma luva aos inimigos da causa indígena,
em meio à Rio-92, grande conferência das Nações Unidas sobre meio-ambiente e
desenvolvimento. FREIRE (2001) mostra como a imprensa brasileira procurou demolir a
versão ecológica dos Kayapó, para substituí-la por outra, em que apareciam como ricos
capitalistas, latifundiários, privilegiados, "acaboclados", vivendo todos os piores vícios da
civilização, envolvidos em atividades altamente predatórias como o garimpo e a exploração
de madeira.
 Parakanã

Os Parakanã são habitantes tradicionais do interflúvio Pacajá-Tocantins. Falam uma língua


tupi-guarani pertencente ao mesmo subconjunto do Tapirapé, Avá (Canoeiro), Asurini e Suruí
do Tocantins, Guajajara e Tembé. São tipicamente índios de terra firme, não canoeiros, e
exímios caçadores de mamíferos terrestres. Praticam uma horticultura de coivara pouco
diversificada, tendo como cultivar básico a mandioca amarga. Dividem-se em dois grandes
blocos populacionais, Oriental e Ocidental, que se originaram de uma cisão ocorrida em finais
do século XIX. Os orientais foram reduzidos à administração estatal em 1971, durante a
construção da Transamazônica; os grupos ocidentais foram contatados em diversos
episódios e localidades entre 1976 e 1984.

A Terra Indígena Parakanã localiza-se nos municípios de Repartimento, Jacundá e


Itupiranga, no Pará. Com uma extensão de 351 mil hectares, encontra-se demarcada e com
sua situação jurídica regularizada. Desde 1980, recebe a assistência do "Programa
Parakanã", fruto de um convênio entre a Fundação Nacional do Índio (FUNAI) e a Eletronorte.

No início dos anos 1960, os Parakanã Ocidentais haviam abandonado por completo a
horticultura, vivendo exclusivamente de caça e coleta, e de eventuais roubos de produtos de
roças alheias. Com a 'pacificação', a horticultura foi reintroduzida pelos funcionários da
FUNAI, com conseqüências importantes sobre a mobilidade e dieta do grupo. Essa
reintrodução deu-se na forma de grandes roças coletivas, abertas pelos índios sob a direção
do chefe do Posto, com o auxílio de motosserras e machados de metal. Nas roças, passou-se
a cultivar, também coletivamente, mandioca, milho, banana, arroz e feijão (cará, macaxeira e
batata-doce são plantadas separadamente pelas famílias faucleares).

As mulheres, ao contrário do que ocorria no passado, deixaram de participar do plantio e de


algumas colheitas. A retomada da agricultura levou a uma redefinição da divisão sexual do
trabalho. Se, com freqüência, a adoção de novas culturas - e em particular da mandioca
brava, devido ao tempo de seu processamento - tem repercussões importantes sobre o
trabalho feminino (BECKERMAN s/d:82), no caso dos Parakanã Ocidentais, o impacto mais
expressivo deu-se sobre os homens. Eles não apenas assumiram a maior parte das tarefas
agrícolas, como passaram a participar ativamente do processamento da mandioca.

Os Parakanã são caçadores especializados em animais terrestres. Antes do contato,


desprezavam a maior parte da fauna aquática e arborícola, que são as mais densas da
floresta tropical. Dentre as mais de 70 espécies de aves que distingüem, apenas duas eram
predadas: o mutum e o jacu.
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 Xicrin do Cateté

Atualmente no Estado do Pará, os Xikrin vivem em duas Terras Indígenas, ambas


homologadas e registradas, TI Cateté e TI Trincheira Bacajá, somente a primeira situada na
Bacia.

A área dos Xikrin do Cateté é banhada pelos rios Itacaiúnas e Cateté e situa-se em terras
firmes de mata tropical chamada nesta região de mata de cipó, no interior da jurisdição do
município de Parauapebas, mas mais próxima do núcleo urbano de Carajás. É rica em
mogno e castanheiras. Nas clareiras, há grande concentração de babaçu e nas regiões
pantanosas, ao sul, incidência de buriti. A maior aldeia bem como o posto da FUNAI, situa-se
à margem esquerda do rio Cateté, no lugar denominado pelos índios de Pukatingró, onde o
rio faz uma curva ampla, com praia e cachoeira rasa. A partir de 1993, iniciou-se a formação
de uma nova aldeia, em local denominado pelos índios Djudjê-Kô, com solo fértil para as
roças e rico em caça e peixe.

Os Xikrin constroem suas aldeias perto de rio ou igarapé, mas em terreno seco e bem
drenado. O espaço social constitui-se de uma praça central, com um círculo de casas ao
redor, e da mata circundante, com pequenas roças circulares. No centro da aldeia, está
situada a Casa dos Homens, espaço masculino, político, jurídico e ritual.

A configuração atual dos grupos Kayapó resulta de um longo processo de mobilidade social e
espacial, marcado pela constante formação de facções e cisões políticas. As histórias dessas
trajetórias cheias de tensões, conflitos, acusações de feitiçaria e epopéias de líderes, povoam
a memória dos Kayapó atuais, sempre contadas e recontadas dramaticamente e
detalhadamente pelos mais velhos. Após sua cisão do grupo ancestral Apinayé, ocorrida
aproximadamente no começo do século XVIII e após ter atravessado o rio Araguaia, os
Kayapó cindiram-se no final daquele século.

O grupo original permaneceu ocupando a região do Pau d´Arco, afluente do Araguaia e o


grupo denominado Pore-kru, ancestral dos atuais Xikrin, rumou em direção ao norte, para a
região do rio Parauapebas e Itacaiúnas. Mais tarde, esse grupo cindiu-se em dois: os
Kokorekré que ficaram na região do rio Parauapebas e os Put-Karôt, que se deslocaram para
a região do rio Cateté, no Alto Itacaiúnas. Os Kokorekre (Kokorekré), que começaram a
estabelecer relações de troca com os regionais que subiam o Parauapebas, também foram
vitimados por doenças, além de sofrer por volta de 1910, uma pesada matança por parte de
uma expedição punitiva de regionais.

 Trocará / Asuriní do Tocantins

Atualmente vivem na Terra Indígena Trocará, a 24 quilômetros ao norte da sede do município


de Tucuruí (PA), no qual está situada. Esta Terra Indígena, com 21.722 hectares, teve sua
demarcação administrativa homologada em 1982.

A TI Trocará é atravessada em toda a sua largura pela BR-153 que divide a área em duas
partes. A aldeia e o posto da FUNAI ficam a leste da estrada, na porção banhada pelo Rio
Tocantins. A parte situada a oeste é um retângulo de matas que constituem uma das últimas
florestas virgens de certa proporção na região.
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A TI Trocará está encravada na região do Projeto Grande Carajás, que abrange o Estado do
Maranhão e partes do Pará e Tocantins. Este imenso programa de exploração mínero-
metalúrgica, que vem acompanhado de uma série de obras de infra-estrutura (como a
hidrelétrica de Tucuruí e a ferrovia que liga a Serra dos Carajás à São Luís), vem provocando
mudanças radicais em toda a estrutura socioeconômica da região habitada pelos Asuriní.

O território Asuriní não foi inundado pelo reservatório da UHE Tucuruí. Localizados à jusante
da barragem, os Asuriní sofreram o que se convencionou denominar "efeitos indiretos", ou
seja, as conseqüências das profundas transformações na estrutura socioeconômica da região
e das alterações ambientais resultantes da instalação da obra. Dentre tais transformações
está a instalação de uma série de fazendas na região. A TI Trocará encontra-se totalmente
cercada por fazendas de gado, constituindo-se numa das poucas áreas de mata que ainda
restam no município.

O desmatamento ao redor da reserva indígena trouxe conseqüências para a fauna do


território Asuriní. Assim, os índios queixam-se de que muitas espécies já não podem mais ser
encontradas e que está cada vez mais difícil conseguir caça. Outro efeito indireto da
ocupação acelerada da região foi um grande aumento na incidência de malária entre os
Asuriní.
 Apinayé

Os Apinayé estão classificados como Timbira Ocidentais e caracterizam-se por uma


sofisticada organização social composta por vários sistemas de metades cerimoniais e
aldeias relativamente populosas. Na segunda metade do século XX, porém, sofreram uma
grande depopulação e desestruturação social, quando seu território foi invadido por centenas
de famílias de migrantes e tiveram suas terras cortadas por estradas, como a Belém-Brasília
e a Transamazônica. O traçado desta influenciou a exclusão de uma parcela de seu território
tradicional na demarcação oficial de sua terra, a qual eles vêm buscando recuperar.

Apesar da pressão contínua sobre o território apinajé, somente em 1993 foi criado o Posto
Indígena de Vigilância Veredão, situado no limite norte, na beira da BR 230, no ponto em que
esta estrada atravessa a área indígena, como forma de fiscalizar a entrada dos veículos e
impedir assentamentos na beira da estrada. Este posto tem também a atribuição de impedir a
prática de atividades predatórias (desde a retirada de madeira, de folha de jaborandi, da caça
e pesca) ilegais.

Atualmente na área Apinajé existem oito escolas, uma para cada aldeia, com uma população
estudantil de 500 alunos aproximadamente.

Os movimentos sociais que atuam na região afirmam que, além de danos ambientais
irreversíveis, muitos dos empreendimentos governamentais na área acarretaram ainda uma
crescente valorização das terras da região. Em relação às populações indígenas,
acrescentam que o impacto positivo, via de regra, desta política tem sido certa atenção e
pressão de órgãos, até então governamentais, envolvidos diretamente no empreendimento
(como a ELETRONORTE e a CVRD, por exemplo) sobre a FUNAI, visando acelerar o
processo de regularização fundiária das terras indígenas afetadas devido às pressões dos
bancos multilaterais, em geral financiadores dos empreendimentos e sensíveis à pressão das
ONGs indigenistas e ambientalistas.

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Para os Apinajé ter a BR 230 como limite representa uma ameaça constante à integridade de
seu território e à sua dignidade enquanto povo, dada a dificuldade de se controlar a invasão
de posseiros e entrada de caçadores, madeireiros, coletores; além da ameaça de instalação
dos chamados “bolichos”, pequenas vendas de cachaça e ponto de prostituição.
 Xerente

O território Xerente - composto pelas terras indígenas Xerente e Funil - localiza-se no cerrado
do Estado do Tocantins, na banda leste do rio Tocantins, 70 km ao norte da capital, Palmas.
A cidade de Tocantínia, localizada entre as duas terras indígenas, tem sido, ao longo desse
século, palco de tensões entre a população local não-indígena e os Xerente. Desde a
fundação do Estado do Tocantins, em 1989, seu território é foco das atenções regionais (e
nacionais) devido à sua localização estratégica, encontrando-se atualmente rodeado de
projetos de desenvolvimento incentivados pelos governos federal e estadual, em parceria
com a iniciativa privada. Tais projetos contam em sua maioria com o apoio do capital
internacional (particularmente do japonês), interessados na produção de grãos,
principalmente da soja. Como conseqüência, os Xerente têm sido pressionados,
principalmente por parte da administração do governo estadual e dos moradores não-índios
das cidades circunvizinhas, para que aceitem a pavimentação de estradas que cortam seu
território e garantem a acessibilidade regional.

Os Xerente exploravam o cerrado por meio da caça e da coleta, associadas a uma agricultura
de coivara complementar. A amplitude territorial, portanto, foi sempre a condição básica de
constituição e reprodução do grupo. Não é por acaso que a identidade masculina Xerente
está associada diretamente à condição de "bom caçador", "andarilho" e "corredor". As
atividades de caça, pesca e coleta, bem como da agricultura, estão intimamente associadas
ao conhecimento que os Xerente possuem sobre a natureza, suas potencialidades e limites.

Outros itens importantes na dieta básica dos Xerente, como mel, frutos e raízes diversas, são
proporcionados pela coleta, atividade por meio da qual também se obtêm as plantas
medicinais. A pesca, que já foi uma importante fonte de alimentação para os Xerente, e a
caça têm sofrido escassez constante em virtude das pressões sobre os recursos naturais.

Em contrapartida, os Xerente têm buscado outras fontes de renda. A confecção e a venda de


artesanato - cestaria, bordunas, arcos e flechas, colares, etc - apesar de muito desvalorizada
pelos regionais, é uma das principais atividades desenvolvidas pelo grupo, já que a matéria-
prima utilizada (fibras de buriti, sementes de capim-navalha, palhas de coco, etc) é acessível
a toda população.
 Krahô

Os Krahô vivem no nordeste do Estado do Tocantins, na Terra Indígena Kraolândia


(homologada pelo Decreto nº 99.062, de 7-3-90), com 302.533 ha, situada nos municípios de
Goiatins e Itacajá. Fica entre os rios Manoel Alves Grande e Manoel Alves Pequeno,
afluentes da margem direita do Tocantins. O cerrado predomina, cortado por estreitas
florestas que acompanham os cursos d’água. É mais larga a floresta que acompanha o rio
Vermelho, que faz o limite nordeste do território indígena.

Cerca de quinze aldeias Krahô estão associadas à "Càpej — União das Aldeias Indígenas
Krahô". Por sua vez, as aldeias Rio Vermelho, Bacuri e Aldeia Nova fazem parte da Wyty

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Cati, uma associação à qual estão afiliadas também aldeias de outros povos Timbira:
Apinayé, Krinkati, Pykobjê e Apanyekra.

A Wyty Cati tem sua sede junto à cidade de Carolina, no Maranhão. Conta com o apoio do
Centro de Trabalho Indigenista (CTI), que colabora na formação de professores indígenas. A
Wyty Cati também está relacionada, junto com algumas associações de produtores rurais do
sul do Maranhão e norte do Tocantins, a um projeto que tem por objetivo explorar
economicamente os recursos do cerrado, dando-lhe ao mesmo tempo proteção. Os
participantes do projeto trabalham na coleta de frutos do cerrado (caju, juçara, bacuri, buriti,
cajá, e futuramente araçá, murici, mangaba e bacaba), cuja polpa é extraída, congelada e
embalada em Carolina, sendo distribuída sob a marca FrutaSã.

3.5.3. Comunidades Remanescentes de Antigos Quilombos


O reconhecimento dos direitos dos quilombolas pela legislação brasileira é relativamente
recente. A primeira iniciativa neste sentido deu-se na Constituição Federal de 1988, que
assegurou a este segmento da sociedade brasileira o direito à propriedade de suas terras.

As comunidades quilombolas são grupos étnicos, predominantemente constituídos pela


população negra rural ou urbana, que se autodefinem a partir das relações com a terra, o
parentesco, o território, a ancestralidade, as tradições e práticas culturais próprias. Para
cumprir o artigo 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição de
1988 que diz que “aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam
ocupando suas terras é reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os
títulos respectivos”, melhorar suas condições de vida e resgatar a cidadania dessas
comunidades, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) implementa
ações de regularização fundiária dos territórios quilombolas.

O Pará e São Paulo são os Estados que possuem maior número de leis e normas sobre esta
matéria. É no Pará que se registra a iniciativa normativa mais antiga: o Decreto 663, de 20 de
fevereiro de 1992, que dispõe sobre a titulação das terras ocupadas pelas comunidades dos
quilombos. Chama a atenção o fato de que Estados como Bahia e Maranhão (que possuem
uma significativa população quilombola e cujas Constituições Estaduais determinam o
reconhecimento das terras de quilombo) não tenham regulamentado o processo de titulação
das terras de quilombo por meio de leis ou normas.

A literatura sobre o tema explicita que as comunidades quilombolas são o resultado da


reunião de escravos fugidos na época da escravatura e/ou alforriados durante a decadência
ou após o seu término, para a criação de comunidades de negros livres.

Representam um processo de valorização e preservação da cultura negra, pois é no território


que eles mantêm as tradições que seus antepassados trouxeram do continente africano, no
que diz respeito à agricultura, medicina, religião, artesanato, dialetos, culinária, relação
comunitária com o uso da terra, técnicas de arquitetura, dentre outras manifestações.

O que define o quilombo é o movimento de transição da condição de escravo para a de


camponês livre. De maneira que a classificação de comunidade como quilombola não se
baseia em provas de um passado de rebelião e isolamento, mas depende antes de tudo de
como aquele grupo se compreende, se define.

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Existem critérios considerados importantes por especialistas para a identificação de


comunidades quilombolas. Um grupo de pesquisadores da ABA-FORD (Associação Brasileira
de Antropologia e Fundação Ford), considera os seguintes critérios importantes para que a
comunidade seja caracterizada como um grupo de remanescentes de quilombo: (i) a
ocorrência de processos de produção autônoma; (ii) a capacidade de organização política;
(iii) os critérios ecológicos e de preservação dos recursos naturais; (iv) o grau de conflito e
antagonismo com a sociedade nacional; e, (v) a existência de formas de uso comum ou
combinação de domínios privados e públicos (Unicamp, 2004).

3.5.3.1. Distribuição da população quilombola

Cabe ressaltar, que o material sobre o tema é bastante escasso, principalmente o material
etnográfico, tanto nos órgãos oficiais, quanto nas universidades e organizações não-
governamentais, impossibilitando uma caracterização mais precisa dessas comunidades. As
informações são bastante dispersas e pouco sistematizadas e versam ainda sobre um
pequeno número de comunidades, em geral, as mais conhecidas. E ainda, os números que
tentam delimitar o total de comunidades quilombolas variam e, algumas vezes, contradizem-
se.

Para o levantamento das comunidades remanescentes de antigos quilombos existentes na


região da bacia do rio Tocantins foram utilizadas as seguintes fontes:
 a listagem oficial da Fundação Cultural Palmares de 2000;
 a listagem oficial da Fundação Cultural Palmares de 1997, georreferenciada no trabalho
do pesquisador Rafael dos Anjos (DOS ANJOS, 2000) e atualizada em 2005;
 Comissão Pró-Índio de São Paulo, uma organização não-governamental, fundada em
1978, que tem como beneficiários os povos indígenas e as comunidades remanescentes
de quilombos do Brasil e vem realizando desde 2005 o monitoramento dos processos de
regularização fundiária de terras de quilombo no Brasil; e
 o Centro de Cultura Negra do Maranhão.

Que pesem os dados desencontrados que quantificam essas populações, ao menos é


possível visualizar espacialmente suas distribuição no território brasileiro, mas até o presente
momento não foram encontradas informações sobre as especificidades etnográficas dessas
populações.

Os resultados apresentados nas tabelas que seguem e no Mapa C18 - Quilombos, no


Caderno de Mapas C do Atlas do projeto, e o Anexo XVII, identificam os municípios dos
Estados de Goiás, Maranhão, Pará e Tocantins, com ocorrência de comunidades
remanescentes de antigos quilombos:

Tabela 51 - Municípios com ocorrência de Comunidades Remanescentes de Antigos


Quilombos

Nome do Município Comunidades Remanescentes de Antigos


Quilombos

Estado de Goiás

Alto Paraíso de Goiás (GO) Do Vão Do Rio Ocão

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Nome do Município Comunidades Remanescentes de Antigos


Quilombos

Barro Alto (GO) Barro Alto

Colinas do Sul (GO) Grupo Coletores (Kalunga)

Itaberaí (GO) Do Brumado

Jaraguá (GO) De Lavrinhas

Minacu Grupo Coletores (Kalunga)

Santa Rita do Novo Destino (GO) Pombal

Cavalcante (GO) Kalunga/ Engenho II

Flores de Goiás (GO) Forte / Amendoim / Flores

Iaciara (GO) Extrema

Monte Alegre de Goiás (GO) Kalunga

Nova Roma (GO) Magalhães

Posse (GO) Baco-Pari / Olhos d'Água / Três Bocas

São Domingos (GO) São Domingos Galheiros

Teresina de Goiás (GO)

Estado do Maranhão

Imperatriz (MA) Buritirama/ Mandi dos Pretos

Estado do Pará

Abel Figueiredo (PA) São Pedro da Água Branca


Anilzinho / Aparecida / Araquembaua / Baião / Bailique Beira /
Bailique Centro / Baixinha / Balieiro / Boa Esperança / Boa
Vista / Campelo / Carará / Cupu / Fé em Deus / França /
Fugidos / Igarapé Preto / Igarapezinho / Joana Peres /
Mangabeira / Nova América / Pachural / Pampulônia / Paritá
Mirim / Pirizal / Poção / Santa Fé / São Benedito / São
Bernardo / Teófilo / Umarizal Beira / Umarizal do Centro /
Calados/ Cardoso / Porto de Oeiras / Prainha / Santa Fé e
Baião (PA) Santo Antonio / Tatituquara /Uxizal / Varzinha / Vila Dutra/

Bom Jesus do Tocantins (PA) Casca Seca


Biribatuba / Boa Vista do Alto Trombetas / Carapajó /
Curuçambaba / Jabuti-Apedú / Jaituba / Joana Coéli / Juaba /
Laguinho / Mapu / Maracu do Carmo / Mola / Pacujaí / Porto do
Campo / Porto Seguro / Rio Tabatinga / Tomásia / Vila do
Cametá (PA) Carmo / Itabatinga / Mina Alegre / Mupi / Porto Alegre / Tapucu
Vilza Vizania/ Itabatinga/ Mangabeira / Porto Grande / São
Mocajuba (PA) Benedito do Vizeu / Tambay Acu / Uxizal

Estado do Tocantins

Arraias (TO) Chapada dos Negros / Lagoa da Pedra / Mimoso (Kalunga) /


Rio das Pedras

Dianópolis (TO) Lajeado

Mateiros (TO) Mumbuca / Mucumbo

Novo Acordo (TO) Fazenda Aroeira

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Nome do Município Comunidades Remanescentes de Antigos


Quilombos

Palmeirópolis (TO) São Valvador

Paranã (TO) Mocambo / Retiro

Peixe (TO) Miradouro

Santa Rosa do Tocantins (TO) Sucavão / Manganos

Santa Tereza do Tocantins (TO) Barra do Aroeira

Fonte: ANJOS, R. S. A. Territórios das Comunidades Quilombolas do Brasil – Segunda Configuração


Espacial. Brasília: Mapas Editora & Consultoria, 2005.

Das 33 ocorrências de quilombolas mapeadas no Estado de Goiás, no ano de 2005, 20


encontram-se localizadas em 15 municípios pertencentes à Bacia do rio Tocantins. Das 734
ocorrências de quilombolas mapeadas no Estado do Maranhão, no ano de 2005, somente 2
encontram-se localizadas num único município pertencente à Bacia.

Das 403 ocorrências de quilombolas mapeadas no Estado de Goiás, no ano de 2005, 75


encontram-se localizadas em cinco municípios pertencentes a Bacia do Tocantins e, das 16
ocorrências de quilombolas mapeadas no Estado de Goiás, no ano de 2005, 15 encontram-
se localizadas em nove municípios pertencentes a Bacia do Tocantins. A tabela a seguir
espacializa as comunidades quilombolas identificadas por sub-bacia.

Tabela 52 - Distribuição espacial das comunidades quilombolas por sub-bacias

Nome do Município Comunidades Remanescentes de Antigos


Quilombos

SUB BACIA 20

Alto Paraíso de Goiás (GO) Do Vão Do Rio Ocão


Barro Alto (GO) Barro Alto
Colinas do Sul (GO) Grupo Coletores (Kalunga)
Itaberaí (GO) Do Brumado
Jaraguá (GO) De Lavrinhas
Minacu (GO) Grupo Coletores (Kalunga)
Santa Rita do Novo Destino (GO) Pombal
Palmeiropolis (TO) São Valvador

SUB BACIA 21

Cavalcante (GO) Kalunga/ Engenho II

Flores de Goiás (GO) Forte / Amendoim / Flores

Iaciara (GO) Extrema

Monte Alegre de Goiás (GO) Kalunga

Nova Roma (GO) Magalhães

Posse (GO) Baco-Pari / Olhos d'Água / Três Bocas

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Nome do Município Comunidades Remanescentes de Antigos


Quilombos

São Domingos (GO) São Domingos Galheiros

Teresina de Goiás (GO) Kalunga


Chapada dos Negros / Lagoa da Pedra / Mimoso (Kalunga) /
Arraias (TO) Rio das Pedras

Paraná (TO) Mocambo / Retiro

Peixe (TO) Miradouro

SUB BACIA 22

Dianópolis (TO) Lajeado

Mateiros (TO) Mumbuca / Mucumbo

Novo Acordo (TO) Fazenda Aroeira

Santa Rosa do Tocantins (TO) Sucavão / Manganos

Santa Tereza do Tocantins (TO) Barra do Aroeira

SUB BACIA 23

Imperatriz (MA) Buritirama/ Mandi dos Pretos

Abel Figueiredo (PA) São Pedro da Água Branca

SUB BACIA 29
Anilzinho / Aparecida / Araquembaua / Baião / Bailique Beira /
Bailique Centro / Baixinha / Balieiro / Boa Esperança / Boa
Vista / Campelo / Carará / Cupu / Fé em Deus / França /
Fugidos / Igarapé Preto / Igarapezinho / Joana Peres /
Mangabeira / Nova América / Pachural / Pampulônia / Paritá
Mirim / Pirizal / Poção / Santa Fé / São Benedito / São
Bernardo / Teófilo / Umarizal Beira / Umarizal do Centro /
Calados/ Cardoso / Porto de Oeiras / Prainha / Santa Fé e
Baião (PA) Santo Antonio / Tatituquara /Uxizal / Varzinha / Vila Dutra/

Bom Jesus do Tocantins (PA) Casca Seca


Biribatuba / Boa Vista do Alto Trombetas / Carapajó /
Curuçambaba / Jabuti-Apedú / Jaituba / Joana Coéli / Juaba /
Laguinho / Mapu / Maracu do Carmo / Mola / Pacujaí / Porto do
Campo / Porto Seguro / Rio Tabatinga / Tomásia / Vila do
Cameta (PA) Carmo / Itabatinga / Mina Alegre / Mupi / Porto Alegre / Tapucu
Vilza Vizania/ Itabatinga/ Mangabeira / Porto Grande / São
Mocajuba (PA) Benedito do Vizeu / Tambay Acu / Uxizal

Fonte: ANJOS, R. S. A. Territórios das Comunidades Quilombolas do Brasil – Segunda Configuração


Espacial. Brasília: Mapas Editora & Consultoria, 2005.

Há incidência de territórios quilombolas em todas as sub-bacias do Rio Tocantins, podendo


se observar uma maior concentração de comunidades na Sub-bacia 29, ainda que, por outro
lado, nas Sub-bacias 20 e 21 encontram-se o maior número de municípios com ocorrência de
comunidades quilombolas. Destaque-se que, conforme já indicado anteriormente, é possível
visualizar a distribuição espacial das mesmas, mas não existem dados sistematizados que as
quantifiquem em cada um desses municípios. As estimativas de população quilombola são
geralmente apresentadas de maneira global, ou seja, para o total dos Estados brasileiros.

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Na Sub-bacia 20 foram localizadas 8 comunidades quilombolas, 7 delas em 7 municípios de


Goiás e somente uma em Palmeirópolis – TO e na Sub-bacia 21 o total de comunidades
quilombolas identificadas foi de 20, com representação em 8 e 3 municípios, de Goiás e
Tocantins, respectivamente.

Nas regiões que compreendem as Sub-bacias 20 e 21, os mineradores, agricultores e as


práticas pastoris constituem-se atividades econômicas fundamentais da população
quilombola. Ou seja, as informações disponíveis seguem no sentido de que, a maioria das
comunidades negras rurais dessas sub-bacias vivem da produção básica agrária, plantando
arroz, feijão, milho, entre outros, e algumas criam gado. Os problemas são diversos, mas a
falta da educação é um dos maiores, já que muitas dessas comunidades ficam distantes dos
grandes centros. Além da falta de saneamento, saúde, energia, transporte, e principalmente
da liberação das terras para que eles possam produzir.

Nas Sub-bacias 23 e 29, esses territórios étnicos apóiam-se na prática da agricultura e do


extrativismo. A Sub-bacia 29 tem todos os seus municípios pertencentes ao Pará, sendo que
este é o terceiro Estado com maior quantidade de comunidades de quilombos, muito
provavelmente, pela presença da ascendência africana nos ciclos da borracha, cacau e café.
É também o que concentra o maior número de terras tituladas.

Adicionalmente, recorde-se que a história da escravidão no Pará foi marcada pela resistência
de negros e índios que buscaram a sua liberdade por meio da fuga, da construção dos
quilombos e da participação na Cabanagem. No século XXI, os descendentes dos quilombos
prosseguem na trajetória de luta constante por seus direitos. O alvo principal atualmente é a
titulação das suas terras. Tendo sido no Pará, no município de Oriximiná, que pela primeira
vez uma comunidade quilombola recebeu o título coletivo de suas terras, no ano de 1995.

3.5.4. Quebradeiras de coco babaçu


Mesmo que não se tenha precisão de informações sobre as quebradeiras de coco babaçu e
ainda, se do ponto de vista espacial, essas comunidades tradicionais não estão localizadas
em termos municipais, optou-se pela incorporação neste diagnóstico dos poucos dados
disponíveis. Esta decisão ancora-se no fato da região dos babaçuais localizar-se na faixa de
território que compreende a transição do cerrado para a floresta Amazônica, ou seja, os
babaçuais abrangem uma área de cerca de 18,5 milhões de hectares (algo equivalente a
75% do Estado de São Paulo), e inclui terras de várias unidades da federação,
principalmente do Maranhão, Pará, Piauí e Tocantins. Nesses locais, para milhares de
famílias, o babaçu é quase um sinônimo de sobrevivência. Da folha dessa palmeira, que
pode chegar a 20 metros de altura e tem inflorescência em cachos, faz-se telhado para as
casas, cestas e outros objetos artesanais; do caule, adubo e estrutura de construções; da
casca do coco produz-se carvão para fazer o fogo, e, do seu mesocarpo, o mingau usado na
nutrição infantil; da amêndoa obtêm-se óleo, empregado sobretudo na alimentação mas
também como combustível e lubrificante, e na fabricação de sabão.

Trata-se de uma atividade tradicionalmente feminina, e indissociável do modo de vida de


diversas comunidades da região, onde, diz-se, toda mulher foi, é ou será um dia quebradeira
de coco. Apesar de não haver dados oficiais, calcula-se que, no Brasil, entre 300 mil e 400
mil extrativistas sobrevivam dessa atividade. Para se ter uma idéia, é um número não muito
distante ao total de índios aldeados que, segundo a Fundação Nacional do Índio (FUNAI),
vivem atualmente no Brasil.
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Conforme informações divulgadas pela organização não-governamental Repórter Brasil, são


muitos os depoimentos das mulheres que viviam dessa atividade no início da década de 70,
sem maiores dificuldades de acesso aos babaçuais. A partir de 1975, houve mudanças no
cenário de ocupação e os relatos apontam para histórias de terrenos que foram cercados e
de mulheres que se viram impedidas de coletar o coco do babaçu. Nesse contexto, surgiram
formas de exploração do trabalho, como, por exemplo, a “quebra de meia” (em que
quebradeiras de coco precisam ceder ao dono da terra metade das amêndoas) e o “barracão”
(em que elas são obrigadas a entregar tudo nas mãos do proprietário, de acordo com as
condições financeiras impostas por ele).

A partir da década de 1980, as dificuldades enfrentadas impulsionaram o aparecimento de


organizações em defesa dessas mulheres. Atualmente, o Movimento Interestadual das
Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB), está presente em quatro Estados brasileiros
(Maranhão, Pará, Piauí e Tocantins). A entidade tem como principal bandeira aquela que,
historicamente, é a grande reivindicação das quebradeiras de coco: o direito de livre acesso
aos babaçuais.

A discussão política em torno desse tema atingiu novo patamar a partir de 1997, quando foi
aprovada, no município de Lago do Junco, região central do Maranhão, a Lei do Babaçu
Livre. Basicamente, ela garante às quebradeiras de coco do município e às suas famílias o
direito de livre acesso e de uso comunitário dos babaçus (mesmo quando dentro de
propriedades privadas), além de impor restrições significativas à derrubada da palmeira. Essa
iniciativa vem se alastrando e, atualmente, 13 municípios (oito no Maranhão, quatro no
Tocantins e um no Pará) possuem legislação do gênero.

Em 2003, o debate sobre o assunto passou a integrar a agenda política nacional, com a
criação de um projeto de lei que, em resumo, estende a Lei do Babaçu Livre para toda a área
dos babaçuais.

Entre proprietários de terra da região, são comuns reclamações de que as quebradeiras de


coco estariam cortando cercas com o objetivo de fazer um caminho mais curto até os
babaçuais. Muitas vezes também estariam deixando a casca do coco espalhada pelo chão,
provocando ferimentos nos casos dos animais. Além disso, a realização de “caieiras” –
método artesanal para a fabricação do carvão a partir da queima da casca do coco – dentro
das propriedades é criticada sob a alegação de que traz risco de incêndios.

A expansão da fronteira agrícola e, principalmente, da atividade pecuária tem gerado um


aumento significativo do desmatamento e dos conflitos de interesse relacionados à utilização
dos babaçuais. Diversas áreas estão sendo devastadas para dar lugar ao pasto, situação que
provoca tensões inclusive em unidades de conservação oficialmente reconhecidas, como as
reservas extrativistas do Ciriaco e Mata Grande, além do Parque Estadual do Mirador, todos
no Maranhão. No início de 2005, uma ação da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e
Recursos Naturais (SEMA) do Maranhão resultou na retirada de 9 mil cabeças de gado de
dentro do parque.

Há quatro reservas extrativistas na região dos babaçuais, todas criadas em 1992. Até o
momento, porém, apenas uma delas (a Reserva Extrativista Quilombo do Flexal, no
Maranhão) tem condições minimamente aceitáveis de regularização fundiária.

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O argumento de que a Lei do Babaçu Livre viola o direito de propriedade privada marca
aquele que é, sem dúvida, o ponto mais polêmico dos debates em torno do tema. E foi
justamente com base nessa alegação que a relatoria do projeto no Congresso Nacional, fez
alterações profundas em seu texto original. Segundo esse relatório, ao afirmar que as matas
de babaçu são de usufruto comunitário das populações extrativistas, o projeto praticamente
dá a elas o direito exclusivo sobre tais áreas (“desapropriação indireta”).

Joaquim Shiraishi Neto, professor do Programa de Pós-Graduação em Direito Ambiental da


Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e pesquisador do tema, questiona a suposta
ênfase dada à propriedade privada em detrimento dos interesses coletivos nessa discussão.
“A Constituição reconhece o país como formado por uma sociedade pluriétnica, identificando
inclusive alguns grupos com realidades e direitos específicos”, explica ele. “Pelo princípio de
igualdade, o Estado também tem de reconhecer as quebradeiras de coco e as formas de
reprodução social desse grupo.”

Em dezembro de 2004, foi criada pelo governo federal a Comissão Nacional de


Desenvolvimento Sustentável das Comunidades Tradicionais, que, entre outras
incumbências, deve sugerir critérios para a regulamentação das atividades de
agroextrativismo próprias dessas populações específicas. As quebradeiras de coco são uma
das 15 identidades étnicas com assento na comissão, juntamente com outras como, por
exemplo, índios, quilombolas, ciganos e seringueiros.

3.5.5. Pescadores artesanais e/ou populações ribeirinhas


Os estudos que tratam da atividade pesqueira na bacia do rio Tocantins, tais como relatórios
sobre diretrizes ambientais para o setor pesqueiro, do Ministério do Meio Ambiente, os EIAs-
RIMAS dos empreendimentos desenvolvidos ao longo da Bacia, estudos de organizações
não-governamentais que se dedicam à defesa dos direitos dessas populações tradicionais,
como o Movimento Nacional dos Pescadores (MONAPE), entre outras fontes de informação,
apontam para a existência de algumas categorias de pescadores ao longo da bacia do rio
Tocantins, ainda que não se disponha de dados que quantifiquem e precisem a localização
dos mesmos.

Na verdade, é ainda mais difícil a classificação e localização de comunidades tradicionais


como a dos pescadores artesanais, em função de que os indígenas e quilombolas têm seus
territórios assegurados pela Constituição.

Essa categoria de população não tradicional está espalhada ao longo do Rio Tocantins e tem
um modo de vida baseado na pesca, ainda que exerça outras atividades econômicas
complementares como extrativismo vegetal, artesanato e pequena agricultura, sendo possível
que se estabeleça a seguinte estratificação:

3.5.6. Pescadores de Subsistência


São os moradores ribeirinhos que se dedicam à pesca em tempo parcial, que também
cultivam a várzea para subsistência e para a obtenção de iscas. Estão perfeitamente
adaptados ao ciclo anual de enchentes e secas do rio, de acordo com o qual mudam de
atividade. Os ribeirinhos preferem pescar durante as cheias, quando a várzea não pode ser
cultivada. Durante a seca, dedicam-se mais às plantações de melão, banana, milho, feijão e
mandioca. Como nesta época os peixes são mais facilmente capturáveis, por estarem

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concentrados nos canais e lagos que secam, as mulheres (40%) e seus filhos largam o
extrativismo na terra firme para dedicarem-se à pesca.

Pescam sozinhos ou em duplas, em pequenas canoas, utilizando linhas de mão, tarrafas e


pequenas malhadeiras, visando as espécies preferenciais. Também é comum o uso de
armadilhas, currais e tapagens, cujas formas variam ao longo da bacia.

A pescaria mais original da bacia é a de paredão com cacuri, no baixo Tocantins. Consiste
numa tapagem com 15m de comprimento, 4,0m de altura e com currais em coração, em
ambas as extremidades, fixada ao longo dos barrancos e das ilhas. Os cardumes que migram
rio acima são o principal alvo e existe uma simbiose interessante entre os pescadores e os
botos, que encurralam os cardumes de encontro ao paredão forçando-os a penetrar nos
currais, onde ficam presos. Como recompensa, os pescadores alimentam os botos com
alguns dos peixes capturados. Uma característica desta pesca é que os botos "treinados"
aparentemente reconhecem os donos dos respectivos paredões, com quem são bastante
dóceis. Mas, caso um pescador tente pescar em um paredão alheio, o mesmo animal pode
tornar-se arredio.

3.5.7. Pescadores Profissionais Locais


Os pescadores profissionais não são mais camponeses e estão radicados nos centros
urbanos de médio-grande porte da região. Utilizam barcos a motor para cobrir grandes
distâncias. Pescam mais eficientemente nos canais dos rios e afluentes, visando a captura de
cardumes migradores, por meio de redes de arrasto, tarrafas, caceias, malhadeiras e anzóis;
ou nas lagoas marginais, visando as espécies sedentárias, com aparelhos mais tradicionais
(pequenas malhadeiras, espinhel, caniço, arpão e zagaias).

Trabalham em equipe, com diferentes funções e remunerações correspondentes. As capturas


são desembarcadas nos mercados das cidades e, em geral, financiadas por intermediários,
aos quais estão reservados os direitos de venda do pescado.

Há importantes colônias de pescadores nas principais cidades dos Estados do Pará e


Maranhão. Nos Estados de Goiás, Mato Grosso e Tocantins, onde as pescarias profissionais
são desencorajadas, os pescadores não são colonizados ou buscam filiação nos Estados
vizinhos.

3.5.8. Pescadores Profissionais Barrageiros


Os pescadores barrageiros chegaram na região Amazônica atraídos pela construção de
reservatórios na região. Constituem um grupo nômade, com grande experiência em pescarias
nos açudes do Nordeste do Brasil, e que se dispersa pelo país em busca de represas
produtivas. Costumam se instalar em acampamentos provisórios, nas margens ou ilhas das
represas e empregar grandes malhadeiras (600 metros) para explorar os recursos
disponíveis, até que sua produtividade decline. No reservatório de Tucuruí, alguns se
associaram aos ribeirinhos locais e vendem sua produção para caminhões frigoríficos, que
chegam de outras regiões do país.

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3.5.9. Organização dos Pescadores e Comercialização


Quanto à organização e comercialização, a pesca na bacia Tocantins é bastante
estratificada. De um modo geral, verifica-se certa tendência à organização da pesca e
comercialização pesqueira ao longo do rio Tocantins, das cabeceiras e médio curso (onde
predominam, respectivamente, a pesca esportiva e a de subsistência) em direção à foz
(dominada por pescadores profissionais colonizados).

Todavia, mesmo nas colônias mais atuantes, "o nível de organização" é bastante precário e
os pescadores permanecem marginalizados, com difícil acesso ao crédito e às facilidades de
estocagem, de informações sobre o preço; de comercialização ou de atendimento médico-
odontológico. Não obstante os exemplos regionais de sucesso, nas reivindicações das
categorias dos mineradores de ouro ou dos realocados de Tucuruí, os pescadores nunca
acreditaram em sua capacidade de organização e sua motivação desaparece rapidamente
com uma boa safra.

Além da organização precária das Colônias de Pesca, a situação da pesca na bacia


complica-se ainda mais por um processo injusto de comercialização, onde os pescadores
permanecem dependentes dos "patrões de pesca" para desenvolver sua atividade.

Operando em um ambiente com infra-estrutura incipiente e sem apoio institucional que lhes
propicie uma organização efetiva, os pescadores profissionais permanecem presa fácil dos
"patrões de pesca", uma figura central no intrincado sistema de comercialização do pescado
em toda a Amazônia. Os "patrões" financiam a aquisição do material de pesca necessário,
bem como dos alimentos e remédios para as famílias dos pescadores. Tornando-se
endividados, os pescadores necessitam incrementar a eficiência de captura e sustentar um
nível de produção mais elevado, para pagar o empréstimo inicial. Se os pescadores recorrem
ao crédito dos "patrões" para a aquisição de novos gêneros, o endividamento pode arrastá-
los indefinidamente, de tal modo que, a longo prazo, as relações "patrão-pescador" influem
também no nível de pressão sobre os recursos pesqueiros.

De um modo geral, a pesca no Rio Tocantins é bastante complexa. As operações


profissionais e a comercialização do pescado são coibidas nos Estados de Goiás, Tocantins
e Mato Grosso. A fiscalização nestes Estados é impiedosa e a atividade tem sido
desestimulada pelas autoridades dos Estados vizinhos. Por outro lado, a pesca esportiva
compete com os profissionais e ribeirinhos pelos mesmos estoques e utiliza virtualmente os
mesmos aparelhos. O caráter de clandestinidade responde pela falta de dados confiáveis
para a pesca em praticamente toda a Bacia do Tocantins.

Esta situação está contribuindo para a perda da cultura acumulada por gerações de
pescadores, que estão sendo forçados a mudar de atividade, indo trabalhar em garimpos,
madeireiras e em agricultura e pecuária, ou migrando para as cidades.

3.6. Caracterização do Sistema de Transportes e da Rede Urbana


Regional da Bacia do Tocantins
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3.6.1. Caracterização do Sistema de Transportes


A análise do sistema de transportes, especialmente no que tange à malha rodoviária regional
e à navegação pelo rio Tocantins, é essencial quando se fala da Bacia do Tocantins, pois
está diretamente ligada à origem e evolução da formação de sua rede urbana. Por outro lado,
a acessibilidade que o sistema proporcionou ao longo do processo de ocupação também foi
uma das principais responsáveis pela expansão da fronteira agrícola e da pecuária rumo ao
Norte do país, pelos Estados do Tocantins, Pará e Maranhão, uma vez que viabilizou o
acesso da produção aos mercados consumidores.

Atualmente, a infra-estrutura de transportes da região é constituída basicamente pela


estrutura rodoviária da ligação Belém-Brasília (BR-153, BR-226 e BR-010) e sua ramificação
que permite alcançar São Luís (BR-222), fruto do processo de integração nacional que se
iniciou com a construção de Brasília, e pela Estrada de Ferro Carajás (EFC), que liga o
Complexo Mineral de Carajás ao Terminal de Ponta da Madeira em São Luís. A Hidrovia
Araguaia-Tocantins também passou, mais recentemente, a representar uma alternativa de
transporte, mas ainda com muitos limites, retomando seu papel histórico quando a
navegação pelo rio estimulou uma nucleação urbana ribeirinha.

Além do papel intra-regional, a infra-estrutura de transportes na Bacia e suas extensões


viabilizam o transporte de passageiros e cargas na própria região e entre regiões, em
variadas direções, dada sua localização privilegiada na porção central do país, com destaque
para fluxos convergindo para as regiões Norte e Sudoeste / Sudeste.

A infra-estrutura de transportes da Bacia do Tocantins, conforme Mapa B14 – Sistema de


Transportes, está estruturada sobre os seguintes modos: rodoviário, ferroviário e hidroviário,
conformando uma matriz de transporte, ainda em formação, com gargalos e elos faltantes. A
seguir apresenta-se uma caracterização de seus principais modos. EXCLUIR BRASÍLIA

3.6.1.1. Sistema Rodoviário

A malha rodoviária da região da Bacia do Tocantins é relativamente densa, especialmente ao


sul - nas proximidades das cidades de Goiânia e Brasília. Ao norte, verifica-se um maior
adensamento ao redor do município de São Luis do Maranhão, não inserido na área de
estudo, mas que desempenha um papel importante na matriz de transportes devido
especialmente à presença do Porto de Itaqui.

Esse padrão de adensamento de oferta reflete, em parte, as demandas de deslocamento das


maiores densidades econômicas nas extremidades sul e norte da região hidrográfica do
Araguaia-Tocantins. Em parte, também, reflete e ao mesmo tempo condiciona a dominância
das demandas de transporte da porção sul com as regiões Sudoeste, Sul e Sudeste do país,
assim como da porção norte com as regiões Norte/Nordeste.

As rodovias BR-153, BR-226 e BR-010 formam o principal corredor rodoviário


(Belém/Brasília) de integração produtiva e articulação comercial da Bacia. As outras vias
principais conectam:
 Região Centro-Sul da Bacia com São Luís, no Maranhão, composta por trechos comuns
da Rodovia Belém-Brasília:
− Trecho de 129 km da BR-060, com 105 km de pista simples e 24 km de pista dupla
pavimentada, ligando Brasília a Anápolis (GO);

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− Trecho da BR-153, em pista simples pavimentada, ligando Anápolis a Wanderlândia


(TO);
− Trecho de 72 km da BR-226, em pista simples pavimentada, ligando Wanderlândia a
Estreito (MA);
− Trecho de 194 km da BR-010, em pista simples pavimentada, ligando Estreito a
Açailândia (MA), passando por Imperatriz. É a partir dessa, que a região conecta-se a
São Luís (MA).
 Porção Centro-Sul da Bacia com a Região Centro-oeste (Mato Grosso):
− BR-060, que parte de Brasília, passando por Goiânia, Rio Verde e conectando-se com
a BR-364, que segue, de um lado, para o Mato Grosso e, no outro sentido, com Minas
Gerais e São Paulo, onde vira SP-326;
 Ligação de Brasília (DF) a Goiânia (GO), passando por Anápolis, composta por trecho da
BR-060, em obras de duplicação;
 Ligação de Anápolis (GO) à região Sudeste, composta por trecho da GO-330, que corre
paralela à Ferrovia Centro-Atlântica e conecta-se, próximo à Catalão, com a BR-050;

3.6.1.2. Sistema Ferroviário

As principais estruturas ferroviárias que cortam a área da Bacia são:


 Estrada de Ferro Carajás - EFC: operada pela Companhia Vale do Rio Doce – CVRD,
possui 892 km em linha singela e bitola de 1,60 m. Conecta a Província Mineral de
Carajás, no Pará, ao principal porto marítimo da região, em São Luís do Maranhão. É
considerada uma das ferrovias com melhores índices de produtividade do mundo.

Conecta-se à Companhia Ferroviária do Nordeste - CFN, Ferrovia Norte-Sul, Terminal


Marítimo de Ponta da Madeira (São Luís - MA), Porto de Itaqui (São Luís - MA). A
ferrovia oferece ainda serviço de transporte de carga conteinerizada na Região Norte do
Brasil, nas rotas São Luís/MA – Marabá/PA – Imperatriz/MA.

Nos seus quase 20 anos de existência, além de minério de ferro e manganês, a ferrovia
transporta, anualmente, cerca de 5 milhões de toneladas de produtos como madeira,
cimento, bebidas, veículos, fertilizantes, combustíveis, produtos siderúrgicos e agrícolas,
com destaque para a soja produzida no sul do Maranhão, Piauí, Pará e Mato Grosso;
 Ferrovia Norte-Sul: um trecho ferroviário de 226 Km de extensão de linha singela e bitola
de 1,60 m, entre Estreito e Açailândia, no Maranhão, é a única parte implementada da
ferrovia que, uma vez integralmente implantada terá 1.980 km de extensão, permitirá a
conexão ferroviária entre as cidades de Goiânia e Belém do Pará. O mencionado trecho,
em operação comercial desde 1996, conecta a ferrovia à Estrada de Ferro Carajás,
permitindo o acesso ao Porto de Itaqui, em São Luís.

No Estado do Tocantins, já foi concluído o trecho Aguiarnópolis-Darcinópolis, com 38 km


de extensão. O trecho seguinte, Darcinópolis-Babaçulândia – que tem a extensão de 58
km, está em fase de lançamento da superestrutura ferroviária (colocação de dormentes,
trilhos e brita). Já no Estado de Goiás, onde a Ferrovia Norte-Sul terá 427 km de
extensão, está sendo construído o trecho Anápolis-Ouro Verde de Goiás, com 40 km.

Foi projetada para promover a integração nacional, minimizando custos de transporte de


longa distância e interligando as regiões Norte e Nordeste às regiões Sul e Sudeste,
através das conexões com 5 mil km de ferrovias privadas.
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 Ferrovia Centro-Atlântica - FCA: ao sul da Bacia, conecta Goiânia, Brasília e Anápolis,


os principais pólos urbanos da região, à região Sudoeste do país. Detentora da maior
malha ferroviária do país, com 7.080 km de extensão, a FCA é o principal e mais eficiente
eixo de conexão entre as regiões Nordeste e Sudeste do país. Atravessa mais de 250
municípios brasileiros em oito Estados: Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro,
Bahia, Sergipe, Goiás, Distrito Federal e São Paulo.

A ferrovia tem como principais mercadorias transportadas: açúcar, adubos e fertilizantes,


derivados de petróleo e álcool, produtos siderúrgicos, soja e farelo de soja, fosfato, ferro-
gusa, contêineres e carga geral.

3.6.1.3. Sistema Hidroviário

O rio Tocantins é um rio navegável e, em conjunto com os rios Araguaia e das Mortes (não
considerados no âmbito desse estudo), constitui importante alternativa de transporte,
especialmente para a o Estado do Tocantins e o leste do Estado do Mato Grosso, visto que
nessas regiões a infra-estrutura de transporte ferroviário é inexistente e a do transporte
rodoviário é precária.

A Hidrovia do Tocantins deverá ter uma extensão total de 1.152 km: 440 km entre Lajeado
(TO) e Estreito (MA), 429 km entre Imperatriz (MA) e Tucuruí (PA) e 250 km entre Tucuruí e a
foz. Se considerada no conjunto com o Araguaia, com quase mais de 1.900 km navegáveis,
possui um potencial altamente significativo para os fluxos de produção hidroviáveis da região.
Porém, a navegação é ainda incipiente, uma vez que a continuidade da navegação vem
sendo obstruída pela protelação da construção das eclusas que viabilizarão a navegação
pelo rio.

De acordo com a Administração das Hidrovias do Tocantins e Araguaia – AHITAR, o rio


Tocantins apresenta as seguintes características atualmente:

Tabela 53 – Características Atuais das Hidroviass do Tocantins e Araguaia

Trecho Características Atuais Extensão

Peixe (TO) e Estreito Navegação regional ano todo descontinuada pela barragem da UHE 700 km
Lajeado6. Profundidades disponíveis: Dez/Jun h>2,5 m e Jul/Nov H>0,9m.
(MA)
Estreito (MA) – Navegação interrompida de Julho a Novembro pela presença da Cachoeira 100 km
de Santo Antonio7
Imperatriz (MA)
Imperatriz (MA) – Navegação regional o ano todo. Profundidades disponíveis: Dez/Jun h>2,5m 221 km
e Jul/Nov h>1,0m
Marabá (PA)
Marabá (PA) – Navegação descontinuada pela barragem de Tucuruí. Profundidades 208 km
disponíveis: Dez/Jun h>2,5m e Jul/Nov h>1,0m
Tucuruí (PA)

6
Em função disso, como afirmado acima, prevê-se a implantação da hidrovia a partir de Lajeado.

7
Portanto, esse trecho também está desconsiderado do projeto da Hidrovia.
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Tucuruí (PA) – Belém Navegação regional o ano todo. Profundidades disponíveis: Dez/Jun h>2,0m 250 km
e Jul/Nov h>0,9m
(PA)
Fonte: AHITAR / Ministério dos Transportes / DNIT (2006).

3.6.1.4. Portos

Em termos portuários, cabe destaque ao Porto de Itaqui, em São Luís do Maranhão que,
apesar de estar fora da área da Bacia, representa uma importante alternativa para a
exportação de produtos da região ou para o transporte dos mesmos por cabotagem.

Administrado pela Empresa Maranhense de Administração Portuária – EMAP, tem como área
de influência os Estados do Maranhão e Tocantins, sudoeste do Pará, norte de Goiás e
nordeste de Mato Grosso. O porto é servido pela Companhia Ferroviária do Nordeste - FCN,
ligado à linha tronco São Luís – Parnaíba, da Superintendência Regional São e à Estrada de
Ferro Carajás (EFC), unindo a região do projeto Grande Carajás, no sudeste do Pará, ao
terminal da Ponta da Madeira, localizado no porto. O canal de acesso marítimo oferece
profundidade natural mínima de 27m e largura aproximada de 1,8km.

Além das instalações do Porto de Itaqui, o complexo portuário possui ainda dois Terminais
Privativos: (i) o de Ponta da Madeira, pertencente à Companhia Vale do Rio Doce - CVRD e
um dos maiores em movimentação de cargas do país, e (ii) o da ALUMAR, localizado no
Estreito dos Coqueiros.

O porto de Itaqui movimentou, no cais público, 12.041.063t de cargas e, fora do cais,


46.510.609t, que responderam, respectivamente, por 21% e 79% do movimento total do
porto, 58.551.672t. Dentre as principais cargas transportadas no cais público estão: minério
de ferro, minério de manganês, ferro-gusa, soja, alumínio e derivados de petróleo. Fora do
cais, ou seja, nos terminais de uso privativo, as principais cargas foram minério de ferro,
alumina, minério de manganês, dentre outras.

3.6.1.5. Sistema Aeroportuário

A área abrangida pela Bacia Hidrográfica do Tocantins é servida por quatro aeroportos com
vôos nacionais regulares, operados pela Infraero, além de contar com uma série de campos
de pouso, utilizados apenas por táxi aéreos e empresas privadas. A seguir, apresenta-se uma
breve descrição dos aeroportos regulares.
 Aeroporto de Palmas/Tocantins - Brigadeiro Lysias Rodrigues

Operado pela Infraero, o aeroporto ocupa um dos maiores sítios aeroportuários do Brasil e
possui localização privilegiada, próxima à Usina Hidrelétrica de Lajeado. O terminal de
passageiros possui área construída de 12.300 m2 e capacidade para atender até 370 mil
passageiros por ano. A pista de pouso e decolagem possui dimensões com aeronaves do
porte de um boeing 767. São três pistas de táxi aéreo e pátios de aviação geral para dar mais
flexibilidade às operações.
 Aeroporto de Marabá

Operado pela Infraero, o Aeroporto de Marabá situa-se à margem esquerda do Rio


Itacaiúnas. É limitado ao norte por terrenos de terceiros, a leste pelo Bairro do Amapá, ao sul
pela BR-230 (Rodovia Transamazônica).

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 Aeroporto de Carajás

Operado pela Infraero, situa-se no município de Parauapebas, sudeste do Pará. A uma


altitude de 621m, distante 12 km do núcleo habitacional de Carajás e 18 km do centro da
cidade de Parauapebas, o Aeroporto de Carajás funciona apenas de segunda à sexta-feira,
em horário comercial.
 Aeroporto de Imperatriz - Prefeito Renato Moreira

A Infraero administra este aeroporto desde novembro de 1980, tendo sido oficialmente
inaugurado no ano seguinte.A estrutura do terminal de passageiros, inicialmente construído
pela COMARA, foi modificada e ampliada em 1998, recebendo benfeitorias como a
construção de novas áreas de embarque/desembarque, além da ampliação do saguão e
climatização do terminal.

A tabela abaixo apresenta as principais características dos mencionados aeroportos, quanto


à sua movimentação no ano de 2005 em termos de número de aeronaves, carga aérea e
passageiros movimentados.

Tabela 54 - Movimentação nos Aeroportos Comerciais na Bacia do Tocantins em 2005

Aeroporto Aeronaves Carga Aérea Passageiros

Palmas 10.328 1.224.587 215.333

Marabá 5.827 1.474.846 87.153

Parauapebas 3.572 150.600 30.051

Imperatriz 5.174 648.535 69.908

Fonte: Infraero, 2005

Cabe mencionar ainda a existência dos seguintes aeroportos/aeródromos com vôos


regulares:
 Tucuruí (PA): Construído pela Eletronorte e administrado pelo Departamento de Aviação
Civil - DAC, o aeroporto da cidade tem uma pista de 2.000 m de comprimento e 45 m de
largura, permitindo o pouso e a decolagem de aeronaves de pequeno e grande porte.
 Ourilândia do Norte (PA): servido por vôos regulares para os seguintes destinos: Belém,
Carajás, Conceição do Araguaia, Marabá, Redenção, Santana do Araguaia e São Félix do
Xingu.
 Gurupi (TO): o município localiza-se na região sul do Estado do Tocantins, à beira da
Belém-Brasília, distante cerca de 250 km de Palmas;
 Minaçu (GO): o município conta com duas principais fontes de renda, a extração de
amianto, sediando a maior mina do minério no Brasil, e a geração de energia elétrica, já
que na cidade encontram-se as usinas de Serra da Mesa e Cana Brava.

E, por fim, ainda existe uma série de outros aeródromos com vôos nacionais não regulares:
 Goiás: Porangatu, Cavalcante, Iaciara, Posse, Niquelândia, Uruaçu, Monte Alegre de
Goiás, Campos Belos, Goianésia, Ceres e Formosa;
 Tocantins: Augustinópolis, Tupirama, Miracema do Tocantins, Paraíso do Tocantins, Porto
Nacional, Brejinho de Nazaré, Dianópolis e Paranã.

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3.6.1.6. O papel da região na logística de escoamento da produção

A Bacia do Tocantins está inserida na área de influência do Corredor Centro-Norte, cujo


contorno geográfico delimita parte dos Estados do Maranhão, Goiás, Tocantins, Mato Grosso,
Piauí e Pará, onde se localizam áreas produtoras de grãos, madeiras e minérios e de
exploração da pecuária que, juntamente com os derivados de petróleo, representam as
principais cargas movimentadas na região. Esse corredor canaliza os fluxos de cargas
destinadas tanto à exportação, via Porto de Itaqui e Ponta da Madeira (no Maranhão), quanto
ao abastecimento dos mercados internos.

Os principais trechos do Corredor Norte-Sul que estão inseridos na Bacia do Tocantins são
exatamente aqueles mencionados acima, ou seja:
 420 km do rio Tocantins: significando que a hidrovia Araguaia-Tocantins é parte
importante do Corredor, mas que ainda não teve sua viabilização concretizada;
 1.500 km da BR–010 (Belém-Brasília): interliga vários pólos urbanos de grande e médio
portes, com os centros regionais. Os municípios na margem direita do rio Tocantins, antes
integrados pela navegação, ficaram isolados pelo novo ramal, fazendo emergir novos
núcleos ao norte do Estado, como é o caso de Araguaína, e reforçando a importância
estratégica de Imperatriz, que passou a contar com o modal rodofluvial;
 BR-230: Rodovia Transamazônica, que corta a região no sentido leste-oeste, em
operação no trecho Estreito (MA) a Itaituba (PA);
 230 km da Ferrovia Norte-Sul e 600 km da Ferrovia dos Carajás.

Somam-se a esses 1.230 km navegáveis do Rio Araguaia, 580 km do Rio das Mortes em
Mato Grosso e 600 km da Ferrovia Carajás entre Açailândia (MA) e o Porto da Ponta da
Madeira em São Luís (MA), que estão fora da Bacia, mas que são fundamentais na
composição da estrutura do corredor.

É importante enfatizar que parte desse Corredor, no trecho entre Estreito (MA) e São Luís
(MA), pode ser utilizado para o escoamento da produção de grãos das regiões produtoras do
Sul do Maranhão e Piauí.

3.6.2. Identificação da Hierarquia Funcional Urbana


Com o sistema modal existente, em que a intermodalidade apenas começa a se manisfestar
nas logísticas predominantes na Bacia, a rede de cidade vem se organizando com padrões
de polarização ainda concentrados.

A rede de cidades possui papel fundamental na estruturação e organização do espaço de


uma região. Os centros urbanos possuem um conjunto de relações de interdependência entre
si e também com relação às regiões em que se inserem. Essas relações concretizam-se e
são geradas tendo por base a matriz de transporte, no caso multi-modal, com padrão de
adensamento, impondo fluxos com convergências para seus principais núcleos urbanos.

Em função dos bens e serviços ofertados em cada centro urbano, são delimitadas áreas de
influência diferentes, com um dado alcance territorial, que acabam definindo seu papel na
rede urbana, desde centros de âmbito nacional, até regional, zonal, sub-zonal e local, em
contraposição aos outros centros de uma dada área ou região, compondo uma organização
hierarquizada desses centros. Quanto maior e mais variado for o número de funções de nível
superior, maior o nível hierárquico atingido pelo centro urbano.
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A análise da rede urbana e a hierarquia funcional dos centros urbanos da Bacia do rio
Tocantins permite referenciar a distribuição espacial das aglomerações urbanas e o padrão
de polarização diferenciado destas áreas. Esses resultados são descritos com base no
estudo Caracterização e Tendências da Rede Urbana do Brasil (IPEA, 2002).

Entende-se que o conhecimento do sistema de interdependência entre os centros urbanos


predominante na região, sob forma de papéis ou funções na rede urbana regional, é útil para
contribuir na delimitação dos compartimentos para realização da Avaliação Ambiental
Distribuída que, conforme proposto no Programa de Trabalho, permite contrapor os
resultados de interdependência com os de homogeneidade.

No referido estudo do IPEA (2002), os centros urbanos integrantes da rede urbana foram
classificados e, conseqüentemente, determinada sua respectiva posição na hierarquia
funcional. As categorias espaciais identificadas no referido estudo foram:

Tabela 55 - Características Gerais dos Centros Urbanos Brasileiros

Centro Urbano Caracterização

Metrópoles Globais, Constituem aglomerações urbanas que se desenvolveram a partir de um núcleo constituído pela
capital do Estado. Tais centros exercem fortes funções polarizadoras, além da articulação
Nacionais e Regionais
espacial de aglomerações, sempre com algum grau de contigüidade, muitas vezes ao longo dos
eixos viários.

Centros Regionais Estrato intermediário da rede urbana. Algumas aglomerações urbanas são compostas de centros
que, em alguns casos, dividem as funções polarizadoras com subcentros da própria aglomeração.
A maioria das aglomerações urbanas nucleadas por centros regionais possui contigüidade
espacial, formando um conjunto de cidades articuladas.

Centros sub-regionais Polarizam apenas os municípios de seu entorno.

Centros Locais e Estratos inferiores da rede urbana. Apresentam baixa ou baixíssima centralidade em relação aos
demais municípios em seu entorno, sendo normalmente polarizados pelos centros adjacentes.
Municípios
Subordinados
Fonte: IPEA, 2002

Simultaneamente também se caracterizaram os municípios, classificando-os segundo seus


respectivos “níveis de centralidade”, que variam de Muito Fraco a um nível Máximo. O nível
de centralidade representa o caminho preferencial da população na busca de atendimento de
suas necessidades de bens e consumo.

Na Bacia do rio Tocantins, os municípios de maior “nível de centralidade” encontram-se no


nível que varia de Muito Forte a Muito Fraco, com forte predominância do nível Muito Fraco,
conforme se observa no quadro a seguir.

Tabela 56 - Níveis de centralidade das cidades da Bacia do Tocantins

Níveis de Centralidade Padrões de Cidades Número de Cidades na Região

Muito Forte Predominantemente Submetropolitano 1

Forte Centros Sub-Regionais 2

Forte para Médio Predominantemente de Centro Sub- 2


regional

Médio Tendendo a Centro Sub-regional 4

Médio para fraco Predominantemente de Centro de Zona 11

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Níveis de Centralidade Padrões de Cidades Número de Cidades na Região


(ou Centro Local)

Fraco Tendendo a Centro de Zona (ou Centro 6


Local)

Muito Fraco Municípios Subordinados 202

Fonte: IPEA, 2002

De posse desses resultados, é possível especular a respeito das alterações regionais


provocadas pela modernização da agricultura, a partir da década de 80, tendo a agropecuária
como o seu principal impulsionador. Essas alterações manifestam-se, com maior ou menor
intensidade, na economia regional e, principalmente, em sua dinâmica de evolução no
contexto do Cerrado, tendo provocado rearranjos da rede urbana que se superpõe à antiga
formação.

Como se comentou, a origem da rede urbana na Bacia do Tocantins está estritamente ligada
ao sistema de transporte rodoviário regional, que também foi base para a expansão da
fronteira agrícola e da pecuária em direção aos Estados do Tocantins, Maranhão e Pará. As
terras foram sendo incorporadas ao processo produtivo de forma extensiva, uma vez que foi
viabilizado o acesso da região aos mercados consumidores, por meio da implantação e
expansão da malha rodoviária.

Por outro lado, do ponto de vista da organização urbana, esses eixos rodoviários implantados
a partir de Brasília consolidaram a cidade de Goiânia como principal pólo de atratividade do
território goiano e mato-grossense. Já as ligações com Belém fortaleceram os processos de
polarização dessa cidade em relação aos municípios dos Estados do Pará e do Maranhão.
Gradativamente, a cidade de Imperatriz, no Maranhão, consolidou-se como pólo regional,
juntamente com Marabá e Araguaína.

Em nível regional, os municípios da área de estudo se integram também à dinâmica


socioeconômica de pólos externos à região, como Belém (PA), Goiânia (GO) e Araguaína
(GO).

Uma vez que o estudo utilizado é do ano de 2002, considerando em sua metodologia dados
de variados anos, cabe ser analisado especialmente o fato de Palmas ainda aparecer como
um centro com nível de polarização Médio para Fraco. O Estado do Tocantins é a mais nova
unidade da Federação, tendo sido criado em 1989 a partir da emancipação do norte do
Estado de Goiás. A cidade de Palmas, sua capital, foi criada especialmente para atender a
essa função administrativa, em detrimento de outros núcleos urbanos que já existiam na
região e que já desempenhavam um papel importante nesse contexto regional.

Sem se propor a reconstrução do estudo de referência, mas apenas numa tentativa de


atualização, analisa-se brevemente dois indicadores da importância relativa de uma dada
cidade, sua população total e o Produto Interno Bruto – PIB total, podendo-se assim avaliar
diversas possibilidades de novos centros, decadência ou recrudescimento de outros e,
especialmente, o caso de Palmas.

Considerando-se o conjunto de municípios, Palmas é o 7º município mais populoso,


perdendo apenas para os municípios-pólo já consolidados na rede urbana: Brasília, as
capitais estaduais (Goiânia e Belém) e os centros sub-regionais de Anápolis (GO), Imperatriz

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(MA) e Marabá (PA), tendo mantido sua posição nesse contexto com relação ao ano de 2000.
No período considerado, Palmas apresentou a maior taxa de crescimento anual dentre todos
os municípios, tendo atingido 8,11%.

Se considerada a variável PIB total, Palmas possuía em 2003 o 8º maior PIB dentre os
municípios considerados, perdendo apenas para as capitais estaduais (Brasília, Goiânia e
Belém), para os centros sub-regionais de Anápolis e Marabá e para os municípios de Tucuruí
e Parauapebas, que abrigam respectivamente a UHE Tucuruí e exploração da Companhia
Vale do Rio Doce, grandes geradores de receita e de compensações financeiras aos
municípios. Com relação ao ano de 2000, as primeiras posições praticamente não se
alteraram, mas Palmas subiu uma posição, ocupando o lugar de Imperatriz. Por outro lado,
avaliando-se a taxa de crescimento anual no período, Palmas apresentou a 3ª maior taxa.

Assim, fica claro que Palmas já figura, em termos regionais, no bloco dos municípios com as
maiores concentrações populacionais e maiores PIBs, sendo ainda mais relevante o fato de
que vem apresentando as maiores taxas de crescimento no período considerado, o que
significa que vem reforçando ainda mais sua importância. Em termos estaduais, Palmas é o
município mais populoso, que apresentou a maior taxa de crescimento populacional anual,
com o maior PIB estadual e a 2ª maior taxa de crescimento do PIB. Assim, sugere-se uma
pequena revisão, considerando-se Palmas no grupo de municípios que figuram como sub-
centros regionais, com nível de polarização Forte.

A constatação desses múltiplos níveis de centralidade ajuda a compor um panorama


dinâmico e matizado da região. A rede urbana na Bacia do Tocantins, com esse ajuste em
relação a Palmas, é ilustrada na figura a seguir:

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Ilustração 38 - Rede Urbana na Bacia do rio Tocantins

Belém Marabá

Tucuruí Cametá

Parauape-
bas

Brasília Formosa

Campos
Belos

Posse
Dianópolis

Goiânia Goiás

Itaberaí

Porangatu

LEGENDA
Xinguara
Máximo
Muito Forte Paraíso do
Tocantins
Forte
Forte para Médio Porto
Gurupi
Nacional
Médio
Médio para Fraco Palmas Miracema
do Tocantins
Fraco
Colinas do
Fora da bacia Araguaína
Tocantins
Adequação
Consórcio Tocanti-
nópolis
Pedro
Guaraí
Afonso

Anápolis Ceres

Goianésia
Imperatriz

De acordo com as articulações interurbanas detectadas (IPEA, 2002), observa-se que a


polarização urbana na região obedece a um padrão polifocal – isto é, múltiplas centralidades,
em diversos níveis de polarização e interconexão, operam na região.

Nesse sentido, é possível verificar que a rede se articula em três “circuitos” fundamentais,
polarizados pelas capitais estaduais (Goiânia e Belém) e pelo Distrito Federal - Brasília
(externas à região), articulados entre si por “sub-circuitos” intermediários, conforme mapas
C24 – Rede Urbana Hierarquizada e C25 – Níveis de Polarização e Figura acima.

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O primeiro “circuito” é o que se articula com base em Brasília, o segundo tem como pólo
principal o município de Goiânia e o terceiro, no município de Belém. Assim, fica claramente
estabelecida a existência de um “circuito” que articula os municípios situados no Estado do
Pará e outros dois, aqueles que fazem parte dos demais Estados (Goiás, Tocantins e
Maranhão). Percebe-se também a existência de sub-circuitos, com destaque àquele ao redor
de Araguaína, município que não está contido na área de estudo.

Cabe destacar que os municípios que apresentam nível de centralidade “Fraco” ou “Muito
Fraco”, no outro extremo da análise e categoria na qual se insere a grande maioria dos
municípios da Bacia (algo como 208 pequenos centros locais) desempenham basicamente
papel de composição da retaguarda econômica dos centros principais da região.

As análises feitas também permitem observar que os núcleos que tiveram papel importante
por ocasião da construção e operação das UHEs apresentam comportamento diferenciado
entre 2000 e 2004, como se mostra a seguir:
 UHE Tucuruí (PA): municípios de Tucuruí, Itupiranga e Jacundá, sedes principais dos
movimentos decorrentes da construção da Usina entre 1974 e 1984, portanto com tempo
hábil para internalizar os efeitos ocorridos. Itupiranga e Jacundá são municípios
subordinados, não aparecendo com destaque na rede urbana. Já se acredita, por outro
lado, que Tucuruí, dada a taxa de crescimento anual do PIB de 21% entre 2000 e 2004,
bem acima da média da Bacia, deva ter fortalecido suas funções urbanas na organização
regional;
 UHE Cana Brava (GO): Minaçu, Cavalcante e Colinas do Sul, sedes dos movimentos
decorrentes da construção da Usina entre 1999 e 2002, ainda vêm sofrendo
transformação, sem tempo hábil para internalizar os efeitos ocorridos. Nenhum dos
núcleos urbanos desses municípios se insere com papel diferenciado na rede urbana,
aparecem com funções de âmbito local e, portanto, subordinados. Entende-se que
Minaçu vem se fortalecendo na hierarquia funcional, considerando-se um dos municípios
mais dinâmicos do Estado, impulsionado fortemente pela mineração, geração de energia
elétrica e, mais recentemente, pelo turismo, atividade que ganha fôlego e cresce
rapidamente. Mas também avança no setor agrícola, com a exploração de culturas
alternativas como mandioca, abacaxi ,e com a entrada da cana-de-açúcar;
 UHE Serra da Mesa (GO): Uruaçu, Campinorte, Colinaçu, Cavalcante, Minaçu e
Campinaçu, sedes dos movimentos decorrentes da construção da Usina, que teve o
enchimento do reservatório ocorrido em 1997. Avaliando-se o crescimento dos municípios
no período, à exceção de Minaçu, não vem registrando dinamismo, permanecendo como
centros subordinados, desempenhando funções locais na rede urbana;
 UHE Lajeado (TO): Miracema, Lajeado, Palmas, Porto Nacional, Brejinho de Nazaré e
Ipueiras, sedes dos movimentos decorrentes da construção da Usina, cuja operação teve
início em 2001, portanto ainda em transformação, com alguns efeitos ainda sendo
internalizados. Nesse caso, ressalta-se Palmas, que ao acumular dois efeitos (capital
estadual e efeitos da Usina), se impõe como centro com papel destacado na rede urbana.
Igualmente Porto Nacional, com crescimento anual do PIB de 7%, sugere sinais de
funções urbanas com maior hierarquia, podendo atingir funções de âmbito zonal,
descolando-se do comportamento típico de centro local subordinado. Os demais não
acumularam efeitos significativos de modo a ascender funcionalmente na rede urbana.

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3.6.3. Principais Questões


Em um ambiente de produção altamente globalizado, orientado para mercados externos, os
pólos produtores devem se ligar aos mercados externos e, portanto, a logística passa a ter
um papel fundamental no contexto econômico e de desenvolvimento nacional. Ou seja, os
eixos de circulação e as estruturas de transportes buscam a inter-relação com os espaços
internos, mas especialmente voltam-se à comunicação com o exterior.

Nesse contexto, identificam-se duas principais questões que podem ser destacadas em
termos do sistema de transportes:
 A ausência de uma infra-estrutura de transportes não rodoviários conectando a parte sul
da Bacia ao Porto de Itaqui, localizado na extremidade norte, configurando-se em
importante gargalo e elo faltante na logística de transporte da região, especialmente
devido as seguintes fatos:
− Estudos logísticos indicam que haveria uma significativa redução nos custos do
transporte da safra agrícola das regiões de Goiás e do leste do Mato Grosso, para
exportação, caso houvesse uma alternativa ferroviária ou hidroviária para seu
escoamento até o porto de Itaqui. Adicionalmente, o deslocamento do transporte
dessa safra em direção ao norte contribuiria para descongestionar o uso das infra-
estruturas de transporte da região sudeste, cujos portos são mais facilmente
alcançados tendo em vista o sistema atualmente implantado;
− Especialmente para o Estado de Tocantins, a existência de uma alternativa de
transporte confiável e de baixo custo até o Porto de Itaqui aumentaria a
competitividade de sua produção agrícola, o que certamente teria um importante efeito
indutor no desenvolvimento dessa região;
− A implantação da Ferrovia Norte-Sul viabilizaria uma importante ligação entre o Sul e
o Norte do país, possibilitando que o transporte de carga entre esses dois extremos se
desse a um custo mais baixo e em menores distâncias, quando comparado às
alternativas de transporte por rodovia ou pelo sistema ferroviário existente.
 A Hidrovia Araguaia-Tocantins desempenha um papel importante no sistema de
transportes da região, dada essa fragilidade do sistema acima mencionada, reduzindo
enormemente os custos de frete. Sua operação a plena capacidade requer a adequação
de alguns dos seus trechos para a navegação ao longo de todo o ano, bem como
investimentos para permitir a integração multimodal da hidrovia. Entre esses
investimentos, pode-se destacar a construção de terminais de carga e terminais
multimodais.

Por fim, cabe enfatizar que os rumos de desenvolvimento estão altamente condicionados à
implantação de infra-estruturas – especialmente daquelas relativas ao transporte. E, no
contexto da Bacia, região com grande produção especialmente na área agropecuária, a
implantação de uma estrutura intermodal de transporte certamente será a base para o
incremento do desenvolvimento da região.

De maneira associada à oferta da matriz de transporte e considerando a extensão do


território abrangido pela Bacia, há algumas implicações/questões na espacialidade regional e
rede urbana, bastante heterogênea e que condicionam a existência de diversos subespaços
com características distintas.

Com esse padrão, a rede urbana é frágil, pouco articulada. Enquanto a porção mais ao sul da
Bacia apresenta uma rede urbana consolidada, refletida também em uma estrutura rodoviária

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relativamente densa, boa parte da área restante, notadamente sua área central, encontra-se
nas primeiras etapas do processo de ocupação, observado quer pela criação de novas
cidades, quer pelo coeficiente de ocupação das terras. Nesse sentido, a Bacia reúne porções
na dinâmica de crescimento nos estágios mais diversos, dos quais a rede urbana é um claro
sintoma, provocando dificuldades aos relacionamentos e fluxos internos.

Os principais centros urbanos, polarizadores, figuram entre aqueles que apresentaram taxas
positivas de crescimento demográfico no período, como Marabá, Anápolis, Paraíso do
Tocantins, Gurupi, Formosa, entre outros. Por outro lado, alguns desses centros começam a
perder população no período analisado, podendo significar uma perda de sua importância
regional, como Tocantinópolis e Tucuruí.

Em decorrência do que foi mencionado, pode-se avaliar que uma das principais questões que
envolve a rede urbana é sua fragmentação: marcada por forte polarização em torno
especialmente de três pólos principais, a esmagadora maioria dos municípios contidos na
Bacia são municípios subordinados, ou seja, que têm uma relação de dependência muito
grande com os municípios polarizadores, refletindo-se em condições de vida inadequadas e
sobrecarga das infra-estruturas e dos serviços dessas localidades que se caracterizam como
centros fornecedores desses serviços.

3.6.4. Perspectivas do Sistema de Transportes e da Rede Urbana Regional


A rede urbana na região abrangida pela Bacia, conforme mencionado, teve sua configuração
fortemente influenciada pela implantação do sistema de transporte, estabelecendo-se as
lógicas das relações entre seus componentes com base especialmente em aspectos de
acessibilidade.

Como se viu na Caracterização Econômica, a região vem presenciando um avanço da


fronteira agropecuária e certos municípios despontam como referências na agricultura e na
pecuária em termos de produtividade, tecnologias e resultados obtidos, passando a ocupar
lugar de destaque na produção nacional, muitas vezes tendo essa produção como destino o
mercado internacional.

Certamente pode-se vislumbrar uma pressão dos setores produtivos para a viabilização das
infra-estruturas que viabilizem e barateiem o escoamento de suas produções, devendo
provavelmente haver uma intensificação dos investimentos para alavancar as obras
necessárias, o que, consequentemente, deve provocar a atração de certo contingente
populacional e outros novos investimentos privados, dando início a um novo ciclo de
expansão. Com isso, provavelmente novos pólos urbanos devem surgir, alterando-se a
configuração da rede atualmente existente e, provavelmente, tornando-a menos fragmentada
e possibilitando à população acesso mais fácil aos serviços e infra-estrutura básica.

Nesse sentido, a hidrovia Araguaia-Tocantins e a Ferrovia Norte-Sul devem assumir uma


posição de fundamental importância nessa nova logística que se configura, valorizando-se a
importância das eclusas, fazendo parte dos diversos empreendimentos elétricos a serem
construídos.

3.7. Caracterização do Patrimônio Histórico, Cultural e Arqueológico

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3.7.1. Caracterização do Patrimônio Histórico


O patrimônio histórico da Bacia do Tocantins liga-se ao seu processo de ocupação e à
formação dos Estados e municípios que nela se incluem. A penetração colonial mais antiga
se dá no século XVII, pelo baixo Tocantins, no período do bandeirantismo. No século XVIII,
intensificam-se as bandeiras de exploração mineral. Formam-se vários arraiais e vilas e a
desestruturação das tribos indígenas é devastadora.

Desse período, o alto e médio superior cursos da Bacia guardam inúmeros vestígios
materiais de mineração, em geral sob a forma de sítios arqueológicos históricos.

O médio curso da bacia tem sua história relacionada com a decadência do ciclo do ouro na
região central de Goiás, que levou inicialmente à procura de novos locais para extração do
ouro e, com o fim do ciclo, à busca de novas terras para a agropecuária.

Neste momento, um outro movimento de ocupação do território, vindo dessa vez do litoral
nordestino, a leste, soma-se às pressões da ocupação vinda do sudeste. Este movimento
atinge o curso médio inferior da bacia e o baixo curso.

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Ilustração 39 – Correntes migratórias que atingem o médio inferior e o baixo cursos do


Tocantins, ainda no período colonial

O patrimônio histórico da região abrangida pelo médio e baixo cursos do Tocantins é menos
conhecido, divulgado e protegido do que o da região compreendida nos trechos dos cursos
alto e médio superior, devido à importância desses últimos no processo de formação territorial
nacional.

3.7.1.1. Métodos para Caracterização do Patrimônio Histórico

A caracterização do patrimônio histórico da Bacia do Tocantins e suas sub-bacias


constituintes, levantaram-se dados na bibliografia especializada, no Arquivo Central do
IPHAN (disponível na Internet), nos órgãos de proteção ao patrimônio histórico dos Estados
de Goiás (Diretoria do Patrimônio Histórico da Agência Goiana de Cultura-AGEPE),
Maranhão (Departamento do Patrimônio Histórico, Arqueológico e Paisagístico-DPHAP),
Tocantins (Coordenação do Patrimônio Histórico e Cultural da Secretaria de Cultura) e Pará
(Departamento do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural-DPHAC). Consultaram-se,
também, os estudos voltados ao licenciamento ambiental de empreendimentos hidrelétricos
na Bacia do Tocantins, mas, em geral, foram raros os que se preocuparam com o patrimônio
histórico edificado local (o melhor exemplo sendo o levantamento feito para o AHE Ipueiras).
No caso das UHEs Serra da Mesa e Cana Brava, houve um grande esforço para levantar os
bens históricos, mas com ênfase no patrimônio arqueológico histórico. Por isso, esses dados
foram inseridos na caracterização do patrimônio arqueológico da Bacia.

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De posse dos dados, organizaram-se os dados por sub-bacia e procurou-se verificar a


relação entre os bens históricos identificados e o processo histórico vivido por cada sub-
bacia.

3.7.1.2. Bens edificados de interesse histórico levantados

Foram identificados bens de interesse histórico em apenas 34 municípios da área de estudo.


No entanto, é importante não perder de vista que bens edificados de interesse histórico local
precisarão de levantamentos de campo direcionados com tal objetivo.

Por sub-bacia, assim se distribuem os municípios onde os bens edificados de interesse


histórico foram identificados:

Ilustração 40 - Municípios com Bens Histórico Identificados, por sub-bacia

11
12
10
10

7
8

4 3 3

0
SB 20 SB 21 SB 22 SB 23 SB 29

Elaboração: Consórcio CNEC – ARCADIS Tetraplan

Por categoria, os bens edificados nos diversos municípios são apresentados no quadro a
seguir, bem como breves descrições por município no Anexo XVIII do presente relatório.

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Tabela 57 - Bens Edificados na bacia do rio Tocantins

Conjuntos Monumentos
Sub-bacias/ Cemitérios
urbanos/ Residências/Escolas Igrejas e Povoados civis/praças/ Marcos
e casas SÉCULO
Municípios centros /Casario urbano Capelas rurais/étnicos edifícios diversos
rurais
históricos públicos

SB 20

Anápolis XIX

Ceres XX

Goianésia (GO) XX

Goiás (GO) XVIII

Itaberaí (GO) XIX

Mossâmedes XIX

Jaraguá (GO) XVIII/XIX

Niquelândia (GO) XVIII/XIX


Padre Bernardo
(GO) XX

Pilar de Goiás (GO) XVIII

Pirenópolis (GO) XVIII

SB 21

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Conjuntos Monumentos
Sub-bacias/ Cemitérios
urbanos/ Residências/Escolas Igrejas e Povoados civis/praças/ Marcos
e casas SÉCULO
Municípios centros /Casario urbano Capelas rurais/étnicos edifícios diversos
rurais
históricos públicos

Cavalcante (GO) XVIII/XIX?


Flores de Goiás
(GO) XVIII

Formosa (GO) XIX


Monte Alegre de
Goiás (GO) XIX?

Posse (GO) XIX

São Domingos (GO) XVIII

Taguatinga (TO) XX

SB 22

Almas (TO) XIX

Brejinho de Nazaré
(TO) XIX?

Dianópolis (TO) XIX/XX

Ipueiras (TO) XX
Monte do Carmo
(TO) XIX

Natividade (TO) XVIII/XIX

Palmas (TO) XX
X

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Conjuntos Monumentos
Sub-bacias/ Cemitérios
urbanos/ Residências/Escolas Igrejas e Povoados civis/praças/ Marcos
e casas SÉCULO
Municípios centros /Casario urbano Capelas rurais/étnicos edifícios diversos
rurais
históricos públicos

Porto Nacional (TO) XIX


Santa Rosa do
Tocantins (TO) XIX/XX
São Valério da
Natividade (TO) XIX/XX?

SB 23

Carolina (MA) XVIII/XIX

Pedro Afonso (TO) XIX

Tocantinópolis (TO) XX

SB 29

Baião (PA) XX

Cametá (PA) XVIII/XIX

Marabá (PA) XX

Elaboração: Consórcio CNEC - ARCADIS Tetraplan.

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3.7.1.3. Considerações finais

Uma rápida análise a respeito dos bens de interesse histórico da Bacia do Tocantins torna
evidente a superioridade numérica da Sub-bacia 20, onde se concentra não apenas a maioria
dos bens reconhecidos como de interesse histórico, como também aqueles que gozam de
proteção legal, conforme se pode observar no quadro abaixo.

Tabela 58 - Municípios com bens tombados, por sub-bacia

Sub-bacia Município Século


Goiás (GO) XVIII
Jaraguá (GO) XVIII/XIX

SB 20 Niquelândia (GO) XVIII/XIX


Pilar de Goiás (GO) XVIII
Pirenópolis (GO) XVIII

SB 22 Natividade (TO) XVIII/XIX

SB 23 Carolina (MA) XVIII/XIX

Outro fato evidente é que, o tombamento voltou-se preferencialmente aos bens edificados
remanescentes dos períodos históricos mais antigos, quando se iniciou e consolidou
efetivamente o domínio da Bacia pela sociedade colonial (século XVIII) e nacional (século
XIX).

Entre os bens edificados reconhecidos como históricos, mas não tombados, encontram-se
aqueles de interesse local, ou seja, marcos da história dos municípios. Como vários dos
municípios são relativamente recentes, bens da primeira metade do século XX passam a ser
reconhecidos como de interesse histórico local.

Para melhor esclarecer as razões do interesse histórico atribuído aos bens edificados,
transcrevem-se, aqui, as palavras de José Carlos Ribeiro de Almeida:

“Os edifícios são a expressão mais clara de um povo em determinado momento


histórico e são exemplos da sua forma de viver, da técnica disponível e de
manifestação artística. Por constituírem criações mais duráveis do que as outras
manifestações culturais, muitas vezes abrigando ou incorporando outras artes como a
escultura, a pintura, o mobiliário e manifestações de caráter popular, as edificações
constituem a grande maioria dos bens tombados, mesmo aqueles que o são apenas
pelo seu significado histórico.”.

Os bens de interesse histórico da Bacia do Tocantins são perfeitos exemplos das palavras
acima, testemunhando os momentos que marcaram a história da bacia, as técnicas, os
recursos disponíveis e os sucessivos modos de vida dos indivíduos, das comunidades e das
sociedades que para ali se dirigiram, ali se instalaram e fincaram raízes ou dali se retiraram.

Quando se inter-relacionam os bens históricos com o processo de formação histórica


regional, torna-se clara e importância da navegação do rio Tocantins na expansão colonial,
servindo de conexão entre diferentes e distantes regiões.

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As sedes municipais e demais aglomerados urbanos localizados às margens do rio


testemunham a história regional, cujo elo comum é a navegação pelo Tocantins. De forma
mais ou menos preservada, os sítios urbanos ligados ao rio, como Porto Nacional, têm sua
identidade indissoluvelmente ligada ao rio Tocantins, em função do qual se criaram e se
desenvolveram.

3.7.1.4. Questões

Dentre os problemas sentidos para a caracterização do patrimônio histórico edificado da


Bacia do Tocantins, destaca-se a dificuldade de obtenção de dados sobre os bens de
interesse histórico das sub-bacias 23 e 29. A falta de informações sobre os municípios
relativamente recentes dessas sub-bacias pode ser creditado à escassez de atitudes e ações
voltadas à valorização e preservação da memória local, o que talvez se explique pelo fato de
muitos dos municípios dessas bacias terem sido formados por migrantes de diversas origens,
que ainda não criaram um substrato cultural comum, nem são incentivados a identificar e
valorizar sua memória comum.

É preciso delinear melhor os processos históricos de interesse micro-regional e local, difíceis


de serem levantados com informações secundárias para áreas onde a identidade histórica
não é claramente percebida, nem seus marcos identificados. Apenas pesquisas de campo,
dirigidas às localidades existentes nas sub-bacias constituintes da Bacia do Tocantins
permitirão um melhor delineamento da memória local e de seus marcos materiais.

3.7.1.5. Perspectivas

Caso não sejam incentivadas atitudes e ações de valorização e preservação do patrimônio


histórico de interesse local, é alta a probabilidade de que eles desapareçam sem nem mesmo
terem sido percebidos, o que têm repercussão negativa na constituição das identidades
culturais locais.

3.7.2. Caracterização do Patrimônio Cultural


“Entende-se por “patrimônio cultural imaterial” os usos, representações, expressões,
conhecimentos e técnicas – juntamente com os instrumentos, objetos, artefatos e
espaços culturais que lhe são inerentes – que as comunidades, os grupos e, em
alguns casos, os indivíduos reconhecem como parte integrante do seu patrimônio
cultural.

Este patrimônio cultural imaterial, que se transmite de geração a geração, é recriado


constantemente pelas comunidades e grupos, em função do seu entorno, sua
interação com a natureza e sua história, infundindo-lhes um sentimento de identidade
e continuidade e contribuindo, assim, para promover o respeito à diversidade cultural
e à criatividade humana” (Convenção para a salvaguarda do patrimônio cultural
imaterial, Artigo 2º, § 1, trad. do autor).

Na definição acima, importa aqui dar relevo, às apontadas transmissibilidade e


reprodutibilidade criativa do patrimônio cultural imaterial, bem como à sua relação com a
identidade e a continuidade de comunidades e grupos.

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No que diz respeito à transmissibilidade e reprodutibilidade criativa do patrimônio cultural


imaterial, deve-se ressaltar que os bens que o constituem, apesar da sua singularidade,
estão em constante evolução, precisamente por terem de ser continuamente aprendidos e
recriados para que possam manter-se vivos.

Desta forma, não é apenas a infra-estrutura material necessária para que os bens do
patrimônio cultural imaterial persistam que deve ser preservada, mas também as redes
sociais que permitem a sua transmissão aos contemporâneos e às gerações futuras e a sua
reprodução.

Quanto à relação entre o patrimônio cultural imaterial e as identidades coletivas, Craig


Calhoun assim se expressa:

“Não temos conhecimento de um povo que não tenha nomes, idiomas ou culturas em
que alguma forma de distinção entre o eu e o outro, nós e eles, não seja estabelecida”
(Calhoun C, 1994, p. 9).

Assim sendo, as identidades de povos, comunidades e grupos apóiam-se na sua distinção


em relação a outros povos, comunidades e grupos, tendo os seus respectivos patrimônios
culturais imateriais importância fundamental na afirmação e na continuidade daquela
diferenciação.

Adicionalmente, o patrimônio cultural imaterial atrai visitantes e cria múltiplas oportunidades


de ocupação e geração de renda geradas pelas demandas oriundas da preparação de
eventos festivos; pelos efeitos da participação em feiras e exposições; pelo fornecimento de
materiais e serviços, etc.

A Convenção para a salvaguarda do patrimônio cultural imaterial considera que o patrimônio


cultural imaterial manifesta-se como:
 Tradições e expressões orais, incluindo o idioma como veículo do patrimônio cultural
imaterial;
 Apresentações;
 Usos sociais, rituais e eventos festivos;
 Conhecimentos e práticas em relação à natureza e o universo;
 Artesanato tradicional (convenção para a salvaguarda do patrimônio cultural imaterial,
Artigo 2º, § 2, trad. do autor).

As rubricas acima abarcam, de fato, toda a gama de manifestações que integram qualquer
patrimônio cultural imaterial, sendo, em geral, suficientes para descrevê-los.

No entanto, uma vez que esta caracterização destinar-se à análise integrada dos bens
culturais imateriais da Bacia do Rio Tocantins, onde se implementarão empreendimentos
hidrelétricos, nela devem merecer atenção especial os aspectos da cultura imaterial que têm
a ver com a relação entre os usos, representações, expressões, conhecimentos e técnicas
que constituem o patrimônio cultural imaterial e a infra-estrutura material sobre a qual se
apóiam, isto é, as fontes de matéria-prima e os locais relacionados aos bens que o integram.

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Ademais, deve-se dar relevo às condições que permitem a sua transmissibilidade e


reprodutibilidade criativa, quais sejam, as redes sociais e os espaços culturais que viabilizam
o seu conhecimento e fruição.

Assim sendo, o patrimônio cultural imaterial da Bacia do Rio Tocantins será considerado,
nesta caracterização, segundo os seguintes tópicos, que dizem respeito mais de perto às
questões acima sumariamente discutidas:
 Eventos festivos;
 Artesanato (materiais e produtos);
 Artesanato (feiras);
 Crenças e devoções populares (locais associados).

Em vista da metodologia geral adotada para a execução da Análise Integrada da Bacia do


Rio Tocantins, os tópicos acima serão distribuídos pelas sub-bacias que compõem a Bacia do
Rio Tocantins.

3.7.2.1. Caracterização da Sub-Bacia 20

O patrimônio cultural imaterial da sub-bacia é bastante tradicional, incluindo, principalmente,


as festividades comuns a todo o território brasileiro, com algumas variações locais
significativas; um artesanato original e sempre presente, muitas vezes fazendo-se a partir de
materiais colhidos em meios naturais e, em alguns casos, especialmente nos centros
maiores, com materiais reciclados; uma culinária que inclui temperos e receitas singulares,
como, de fato, é a típica de Goiás.

Destacam-se, ainda, as oportunidades de exposição e consumo dos bens do patrimônio


imaterial, geradas pelas feiras de artesanato e meios de divulgação existentes nos grandes
centros que se localizam na sub-bacia, como Anápolis (GO), bem como pelos eventos de
criação local, recente ou formatados em outras regiões, muitos ainda não suficientemente
sedimentados para integrar o patrimônio cultural imaterial, que acontecem em vários
municípios da sub-bacia.

Por último, merece menção a parte o município de Goiás (GO), cujo patrimônio cultural, tanto
material quanto imaterial, é extremamente diversificado e importante, incluindo, além de bens
tombados, já destacados no item anterior, e das referências feitas adiante, manifestações
únicas, como a Procissão do Fogaréu, que ocorre durante a Semana Santa, a Dança dos
Tapuios e uma realização original da Festa do Divino.

As especificidades desse patrimônio aparecem descritas no Anexo XIX do presente relatório.

3.7.2.2. Caracterização da Sub-Bacia 21

A sub-bacia 21 é muito semelhante, no que diz respeito à cultura imaterial, à anteriormente


caracterizada, exceto pela inexistência de centros maiores e pelo fato de, em sua parcela
meridional, começar a se fazer sentir, embora ainda de modo bastante tênue, a influência do
Norte/Nordeste: em Arraias (TO), encena-se o Bumba meu Boi, por exemplo. Na sub-bacia
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21 tampouco existe município algum de importância equivalente ao de Goiás (GO), localizado


na sub-bacia 20, no que diz respeito ao patrimônio cultural imaterial.

As manifestações culturais da sub-bacia 21 são, na maioria dos casos, ligadas a tradições


religiosas ou à agropecuária, registrando-se ali algum artesanato baseado no couro. Nesta
sub-bacia registram-se remanescentes de quilombos (Kalunga), bastante preservados do
ponto de vista cultural. As especificidades dessas manifestações aparecem descritas no
Anexo.

3.7.2.3. Caracterização da Sub-Bacia 22

A formação cultural das regiões que integram a sub-bacia 22 deu-se em períodos históricos
diferentes. Devido a isto, ao lado de um evidente predomínio de manifestações culturais
tradicionais e da grande influência religiosa, nos municípios ribeirinhos, encontram-se centros
de formação recente, como Palmas e as cidades formadas durante a construção da Belém-
Brasília, nos quais a cultura tradicional cede largamente espaço à predominantemente
urbana e de massa.

Na região mais tradicional desta sub-bacia a importância cultural dos rios é bastante
pronunciada, relacionando-se a manifestações de religiosidade e crença populares e a
atividades de lazer, como as praias fluviais.

Malgrado isto, a sub-bacia 22 guarda muitas semelhanças, especialmente nas festividades e


no artesanato, com a 20 e com a 21, sendo que, a exemplo do que ocorre nesta última, não
há centros de maior porte e ocorrem influências do Norte/Nordeste, com o Bumba meu Boi,
em Miranorte (TO) e Tocantínia (TO), e danças ao som do tambor, em Almas (TO), Ponte
Alta do Tocantins (TO) e Tocantínia (TO). Na sub-bacia 22 há grupos isolados de negros, que
podem ser remanescentes de quilombos. As especificidades da sub-bacia aparecem
descritas no Anexo.

3.7.2.4. Caracterização da Sub-Bacia 23

A cultura imaterial da região é fortemente influenciada pela maranhense e pela herança


indígena, aparecendo, além do Bumba meu Boi, o terecô, nas festividades, e a
predominância de materiais colhidos diretamente na natureza, no artesanato. As
especificidades da sub-bacia aparecem descritas no Anexo.

3.7.2.5. Caracterização da Sub-Bacia 29

A sub-bacia 29 localiza-se no sudeste e leste do Estado do Pará. Trata-se de região


semelhante á da sub-bacia 23, no que diz respeito à influência indígena, principalmente de
grupos Kayapó e Tupi, mas menos carente e mais caracteristicamente nortista, onde o
Bumba meu Boi recebe o nome de Boi Bumbá e a gastronomia é singular.

A porção sudeste da sub-bacia, no entanto, devido aos muitos projetos de desenvolvimento


que ali foram implantados, recebeu, em curto espaço de tempo, estoques populacionais
vindos de todas as partes do País, o que ocasionou algumas perdas para a cultura imaterial
local, em proveito de padrões ligados à cultura e ao consumo de massa, mais facilmente
adotados pelos desenraizados, que só lentamente vai voltando a definir-se.

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O centro cultural regional é a cidade de Marabá, sendo bastante efetiva a atuação da sua
Casa de Cultura. As especificidades da sub-bacia aparecem descritas no Anexo.

3.7.2.6. Questões

A primeira questão relevante refere-se à relação entre os usos, representações, expressões,


conhecimentos e técnicas que constituem o patrimônio cultural imaterial e a infra-estrutura
material sobre a qual se apóiam, isto é, as fontes de matéria-prima e os locais relacionados
aos bens que o integram.

Deste ponto de vista, observa-se que:


 Na sub-bacia 20, a manifestação cultural imaterial mais frágil é o artesanato feito a partir
de materiais oriundos da natureza, sendo exemplo flagrante disto o artesanato feito com a
"Pedra de Pirenópolis", pois a pedra em tela é procurada, também, pela indústria da
construção civil. Em todas as outras sub-bacias esta questão também é relevante.
 Na sub-bacia 21, além da fragilidade do artesanato ligado a materiais naturais, identificou-
se ao menos uma manifestação que se liga diretamente a um rio, que pode ser afetado
por empreendimentos hidrelétricos: a Festa do Divino de Paranã (TO), que ocorre com
uma procissão fluvial. Nada impede que, em verificações de campo, outras manifestações
semelhantes sejam encontradas.
 Na sub-bacia 22, repetem-se as questões do artesanato que aproveita materiais colhidos
em meios naturais, acrescida do que se utiliza de modelos arqueológicos, em Lajeado
(TO), bem como a das manifestações ligadas a rios que podem ser afetados: a título de
exemplo, a Romaria do Bonfim ocorre às margens do rio Manoel Alves.
 Na sub-bacia 23, o fenômeno religioso que ocorre na Ilha Santa, no rio Tocantins, em
Tocantinópolis, é mais um exemplo, a ser somado aos acima apontados, de manifestação
ligada a um rio. A penúria da região é outra fonte de fragilidades para a cultura imaterial,
uma vez que manifestações culturais são empobrecidas, ou mesmo abandonadas, devido
à mera falta de recursos para levá-las a cabo. Cabe aqui, também, mencionar a questão
da fragilidade do artesanato baseado em matérias recolhidos em meios naturais,
agravado pelo caráter eminentemente utilitário do artesanato da sub-bacia.
 Na sub-bacia 29, a culinária típica baseia-se em produtos da mata e dos rios, o que a
torna vulnerável a impactos que atinjam aqueles meios. Esta questão, aliás, aplica-se,
embora com menor intensidade, às culinárias das outras sub-bacias, no que diz respeito
ao pequi, por exemplo. De resto, repetem-se, aqui, as questões ligadas ao artesanato e
às manifestações ligadas aos rios, às quais se fez referência acima.

A segunda questão relevante diz respeito às condições que permitem a transmissibilidade e


reprodutibilidade criativa da cultura imaterial, quais sejam, as redes sociais e os espaços
culturais que viabilizam o seu conhecimento e fruição.

Nesta rubrica, cabe mencionar o caso da sub-bacia 29, em sua parcela localizada no sudeste
do Pará, e os impactos ali sofridos pelo patrimônio cultural imaterial, causados pelos fortes
aportes populacionais que demandaram a região, atraídos pelos grandes projetos que ali se
implantaram.

As virtudes integradoras e geradoras de capital social da cultura imaterial, em tais condições,


entram em crise acentuada, sendo a cultura imaterial suplantada, em geral, pela cultura de
massa que, embora tenha outros importantes papéis a desempenhar nos processos sociais e
econômicos, jamais a substitui.
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Também os reassentamentos, quebrando as redes sociais que viabilizam as manifestações


culturais, prejudicam a sua realização, quando não as extinguem de vez, pela falta de quem
as produza e de quem delas participe.

Ademais, a pobreza e a escassez de recursos que lhe possam ser destinados, de que a sub-
bacia 23 é exemplo extremo, respectivamente, limita a fruição e a circulação dos bens que
integram o patrimônio cultural imaterial e inibe a instalação e a manutenção de espaços
culturais.

3.7.2.7. Perspectivas

Os impactos negativos da implantação de empreendimentos sobre a cultura imaterial


relacionam-se, principalmente, a movimentos populacionais (migrações, reassentamentos,
etc.) e a interferências em locais onde ocorrem manifestações culturais e/ou dos quais estas
últimas dependem para peregrinações, apresentações, exposições, obtenção dos materiais
de que necessitam para realizar-se, entre outros.

Assim sendo, a implantação de empreendimentos que podem impactar a cultura imaterial


negativamente das formas apontadas acima, como é o caso dos hidrelétricos, deve ser
precedida de levantamentos criteriosos das manifestações culturais que ocorrem em suas
áreas de influência, a fim de que sejam formulados e desenvolvidos programas destinados a
garantir e estimular a sua preservação e livre desenvolvimento.

A Bacia do Tocantins possui um patrimônio cultural imaterial bastante diversificado, incluindo


manifestações tradicionais e modernas da cultura brasileira, de remanescentes de quilombos
e de comunidades indígenas, que podem e devem ser preservadas (e incentivadas) pela
adoção dos cuidados mencionados no parágrafo anterior, por ocasião da instalação de
empreendimentos, como os hidrelétricos, que, usualmente, trazem os impactos negativos
referidos acima sobre a cultura imaterial das regiões nas quais são implantados.

3.7.3. Caracterização do Patrimônio Arqueológico


O rio Tocantins representou um importante eixo de migração e contatos entre distintas
sociedades indígenas no período pré-colonial. Sua ocupação humana data de mais de dez
milênios, período em que diversas etnias, com características sócio-culturais distintas, ali
penetraram, se assentaram, exploraram os recursos naturais disponíveis, se deslocaram e
entraram em relação umas com as outras, num processo dinâmico interrompido pela
conquista européia. A conquista do território da bacia do Tocantins pela sociedade colonial
interferiu de forma violenta na vida das sociedades indígenas que ali se encontravam,
provocando violentos decréscimos populacionais, movimentos migratórios em cadeia e
alterações culturais abruptas. De todo esse processo, a bacia guarda remanescentes
materiais, os quais constituem o patrimônio arqueológico regional.

O patrimônio arqueológico é formado por sítios arqueológicos, do período pré-colonial (ou


pré-histórico) e do período histórico (colonial e pós-colonial). Muitos desses sítios constituem
testemunhos únicos do passado regional. Identificá-los e impedir que se percam é a única
maneira de incorporá-los à Memória Nacional. Por isso, são considerados bens da União pela
Constituição Federal e protegidos por Lei específica (Lei 3.924/1961).

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Nenhum empreendimento pode ser implantado sem considerar os sítios arqueológicos. Da


impossibilidade de preservar todos os remanescentes do passado regional decorre a
necessidade de se traçar estratégias para identificar os sítios arqueológicos e hierarquizá-los
por critérios de significância, científica, étnica, cultural, etc. A Avaliação Ambiental Integrada,
ao permitir a visão da bacia como um todo, torna-se um instrumento privilegiado de
planejamento para orientar e compatibilizar as ações de proteção ao patrimônio arqueológico
com a implantação dos empreendimentos projetados para a Bacia, evitando que ações
particulares de proteção, direcionadas apenas para projetos individuais, transformem o
passado regional numa colcha de retalhos, onde o todo se perde em detalhes às vezes bem,
às vezes mal costurados.

Infelizmente, para uma área tão grande, as informações disponíveis são insuficientes e pouco
equilibradas. Portanto, identificar essas deficiências também será um objetivo da presente
caracterização, de modo a tornar mais transparente, a todos os atores envolvidos, onde se
encontram as vulnerabilidades do conhecimento sobre o passado regional.

3.7.3.1. Métodos para Caracterização

Para levantar os sítios arqueológicos conhecidos da área de estudo, consultaram-se as


seguintes fontes: Cadastro Nacional de Sítios Arqueológicos do IPHAN; publicações
especializadas; teses e dissertações acadêmicas e relatórios de projetos de levantamento e
resgate arqueológico de empreendimentos diversos licenciados nos mais diversos trechos da
bacia. Todas as fontes que efetivamente forneceram alguns dados encontram-se
relacionadas na bibliografia.

Para caracterizar o patrimônio arqueológico da Bacia do Tocantins e de suas sub-bacias


constituintes, os dados secundários levantados foram sistematizados por categorias e essas
categorias associadas a cenários cronológicos amplos.

As categorias identificadas foram as seguintes:


 Lítico a céu aberto;
 Lítico em abrigo sob rocha;
 Cerâmico a céu aberto;
 Cerâmico em abrigo sob rocha;
 Pré-colonial a céu aberto;
 Pré-colonial em abrigo sob rocha;
 Oficina de Polimento;
 Gravura rupestre a céu aberto;
 Gravura rupestre em abrigo sob rocha;
 Pintura rupestre em abrigo sob rocha;
 Histórico a céu aberto;
 Histórico em abrigo sob rocha;
 Indígena histórico.

Algumas observações sobre as categorias acima se fazem necessárias:

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 Entraram na categoria de sítios pré-coloniais aqueles em que as fontes não identificaram


se se tratavam de sítios cerâmicos ou líticos;
 Quanto à categoria de sítios cerâmicos, ela engloba todos os sítios em que a cerâmica
está presente (inclusive aqueles identificados nas fontes como “lito-cerâmicos”);
 Sítios líticos foram considerados aqueles em que ocorrem apenas artefatos líticos
lascados.

Para facilitar a sistematização e interpretação dos dados, os sítios com ocupações distintas
(por exemplo: uma ocupação pré-cerâmica à qual se sobrepôs uma ocupação mais recente,
cerâmica) foram contados duas vezes; ou seja, foram considerados como dois sítios (poucos
foram os casos em que essa superposição era conhecida). A mesma coisa se fez com sítios
com evidências culturais não necessariamente relacionadas (por exemplo: um abrigo sob
rocha com vestígios cerâmicos e com pinturas rupestres). No entanto, procurou-se depois
agrupar os sítios decompostos, para verificar se esses vestígios tendiam a se ocorrer no
mesmo espaço significativas vezes, o que poderia apontar para uma relação entre eles.

Depois, as categorias identificadas de sítios arqueológicos foram apresentadas por sub-


bacia, buscando-se, à medida do possível, verificar se os diversos cenários estavam
consistentemente representados em cada sub-bacia e quais as maiores lacunas verificadas
em cada uma. Procurou-se avaliar criticamente as fontes e os dados, à medida que estes iam
sendo apresentados.

Finalmente, procurou-se avaliar comparativamente as informações das sub-bacias, de modo


a apontar as semelhanças que as aproximam e as singularidades que as distinguem.

3.7.3.2. Sítios arqueológicos levantados nas fontes consultadas

As fontes consultadas levaram ao levantamento de 1370 sítios arqueológicos na Bacia do


Tocantins, assim distribuídos pelas cinco sub-bacias da área de estudo: VER NO ANEXO SE
TEM SÍTIO ARQUEOLÓGICO EM BRASÍLIA CONTABILIZADO NA SUB-20

Ilustração 41 - Número de Sítios Arqueológicos Conhecidos, por Sub-Bacia

534
600

398
500

400

300 176 175

200 87

100

0
SB 20 SB 29 SB 21 SB 22 SB 23

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O gráfico acima mostra que a maioria dos sítios arqueológicos conhecidos se encontra na
sub-bacia 20 (534 sítios), seguido pela sub-bacia 29 (398 sítios). A sub-bacia com menor
número de sítios arqueológicos conhecidos é a sub-bacia 23 (87 sítios).

Procurou-se, também, saber quantos municípios dispunham de ao menos uma informação


sobre sítios arqueológicos, o que mostrou o preocupante resultado de que mais de 50% dos
municípios não tem nenhum sítio arqueológico registrado. Como todo o território nacional foi
ocupado numa ou noutra época, a falta de sítios registrados indica a falta de pesquisa
arqueológica e não a ausência de sítios arqueológicos no município.

Ilustração 42 - Municípios com Informação Arqueológica X Municípios sem Informação


Arqueológica

109
48%
116
52%

Municípios com informação Municípios sem informação


Elaboração: Consórcio CNEC – ARCADIS Tetraplan

Como o número de municípios difere muito de uma sub-bacia para outra, procurou-se
verificar a relação entre número de sítios e número de municípios, conforme gráfico abaixo.

Ilustração 43 - Municípios com e sem informação arqueológica, por sub-bacia

100%
90% 7
80% 26 16 30
37
70%
60%
50%
40% 17
30% 28 15 26
20% 23

10%
0%
SB 20 SB 21 SB 22 SB 23 SB 29

Municípios com informação Municípios sem informação

Elaboração: Consórcio CNEC – ARCADIS Tetraplan

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Analisando-se o gráfico acima, nota-se que:


 a sub-bacia 29, a segunda em número de sítios arqueológicos conhecidos, é aquela em
que maior número de municípios conta com algum tipo de informação arqueológica
(70,8%);
 a sub-bacia 23, que tem o menor número de sítios arqueológicos conhecidos também é
aquela em que é maior o número de municípios sem nenhum tipo de informação
arqueológica (61,6%).

Procurou-se, também, comparar a quantidade de sítios pré-históricos conhecidos em relação


aos históricos, por sub-bacia, com o seguinte resultado:

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Ilustração 44 - Sítios pré-históricos e históricos, por sub-bacia

100%
13 12

80%
279

60%
87 398
163 163
40%

255
20%

0%
SB 20 SB 21 SB 22 SB 23 SB 29

PH H

Elaboração: Consórcio CNEC – ARCADIS Tetraplan

Chama a atenção, no gráfico anterior, a grande quantidade de sítios históricos conhecidos na


sub-bacia 20, que corresponde a mais de 50% do total (52,2%), o que é absolutamente
discrepante em relação às demais sub-bacias, sendo que duas delas nem mesmo têm
registro de sítios arqueológicos históricos (sub-bacias 23 e 29). A explicação se encontra no
fato de que na sub-bacia 20 se encontra a UHE Serra da Mesa, pra a qual Furnas contratou
uma equipe especializada em arqueologia histórica para levantar e identificar sítios
arqueológicos. O resultado demonstrou que os sítios arqueológicos históricos em geral não
aparecem ou aparecem de forma muito modesta nas demais sub-bacias porque o olhar dos
pesquisadores que fazem as pesquisas arqueológicas no Brasil está voltado
predominantemente para a pré-história, o que acaba levando à não procura e não registro
dos sítios arqueológicos históricos.

A descrição dos sítios arqueológicos por sub-bacia encontra-se no Anexo XX do presente


relatório.

3.7.3.3. Cenários arqueológicos da Bacia do Tocantins

Alguns cenários cronológicos podem ser esboçados, a saber:


 Domínio da Bacia do Tocantins por sociedades caçadoras-coletoras produtoras de
artefatos de pedras produzidos pela técnica de lascamento – 12.000 a 3.000 anos.

Os sítios mais antigos foram encontrados, até o presente momento, no Baixo Tocantins (Sub-
bacia 29) e no Médio Tocantins (Sub-bacia 22), mas parecem não ter relação entre si. As
indústrias líticas que caracterizam os sítios arqueológicos apresentam grandes diferenças
tecno-tipológicas. Em ambas as regiões, no entanto, a ocupação humana se iniciou por volta
de 12.000 anos antes do Presente. Tudo indica que se tratavam de sociedades forrageiras,
que exploravam uma grande diversidade de ambientes.

As sociedades caçadoras-coletoras se expandiram territorialmente e passaram por mudanças


adaptativas ainda não elucidadas, dominando o cenário pré-histórico até a chegada de
sociedades agricultoras, produtoras de cerâmica.

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 Período de transição, com retração das sociedades caçadoras-coletoras e


penetração e expansão de sociedades agricultoras, produtoras de cerâmica – 3.000
a 1.500 anos anos antes do Presente.

É no Baixo Tocantins (sub-bacia 29) que os mais antigos sítios cerâmicos foram encontrados,
até o momento. Os sítios arqueológicos mais antigos apresentam características de tradições
amazônicas típicas.

No Médio Tocantins, essa transição é representada pela Tradição Una, cujos sítios mais
antigos surgiram por volta de 2.500 anos antes do Presente.

 Domínio da Bacia do Tocantins por sociedades agricultoras, produtoras de vasilhas


de cerâmica – de 1.500 anos antes do Presente até a conquista européia.

No Baixo Tocantins (sub-bacia 29), surgem os primeiros sítios arqueológicos com


características da Tradição Tupiguarani, enquanto perduram as tradições características da
Amazônia.

No Médio e no Baixo Tocantins, surgem as grandes aldeias Aratu, que dominam a região até
a penetração dos ceramistas da Tradição Uru, de origem amazônica. A Tradição Tupiguarani
margeia timidamente as áreas dessas tradições.

 Domínio da Bacia do Tocantins pelas tribos indígenas historicamente registradas –


de 1.500 até o controle da região pela sociedade colonial e nacional

A penetração do colonizador na Bacia do Tocantins se deu do alto para o médio cursos, com
as bandeiras escravistas e de prospecção mineral, e de leste para oeste, na direção do baixo
curso, com o avanço da pecuária para o interior do país, uma vez que a cultura canavieira
dominara o litoral, conforme figura a seguir.

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Ilustração 45 - Eixos usados pelo colonizador europeu em direção à Bacia do Tocantins

Neste processo, foram de tal modo pressionadas as tribos indígenas que ocupavam a Bacia
do Tocantins, que sua configuração territorial sofreu alterações, houve um abrupto
decréscimo populacional e hábitos tradicionais foram abalados. Portanto, as tribos
historicamente registradas, em períodos distintos, já se encontravam alteradas em relação à
sua realidade antes do contato.

Em 1944, Nimuendajú elaborou um mapa etno-histórico do Brasil, onde procurou localizar as


diversas tribos indígenas do Brasil por ocasião de seu primeiro contato com o colonizador. As
tribos que ele representa na Bacia do Tocantins são as constantes da figura 2.

Na figura, observa-se que a Bacia do Tocantins se encontrava ocupada por tribos da família
lingüística Jê e circundada por tribos da família lingüística Tupi-Guarani.

Portanto, na Bacia do Tocantins certamente ocorrem sítios arqueológicos ligados a essas


tribos. Uma comprovação deste fato é o reconhecimento de sítios arqueológicos atribuídos
aos Avá-canoeiros na sub-bacia 20.

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Ilustração 46 - Tribos indígenas na Bacia do Tocantins por ocasião do primeiro contato


com a sociedade colonial ou nacional

Fonte: Nimuendajú (1944), in IBGE, 1981.


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 Domínio da Bacia do Tocantins pela sociedade colonial e nacional – início do


século XVII até a atualidade

Este é o cenário em que o colonizador europeu penetrou na Bacia, de sul para norte e de
leste para oeste, se assentou nas diversas sub-bacias constituintes da Bacia do Tocantins e
finalmente estabeleceu seu domínio frente às tribos indígenas, antigas senhoras desse
imenso território.

Testemunham esse cenário os sítios arqueológicos históricos identificados pelas pesquisas,


os quais são diversificados, correspondendo às estruturas remanescentes da diversidade dos
assentamentos, das atividades cotidianas e dos ciclos econômicos: lavras, fazendas,
cemitérios, núcleos urbanos, portos e presídios.

Os estudos feitos para as UHEs Serra da Mesa e Cana Brava foram os mais ricos em
informações sobre os vestígios materiais desse cenário, no qual predominam, como sítios
arqueológicos, os vestígios ligados à atividade mineradora, em função da qual se
desenvolveu o processo de colonização.

3.7.3.4. Considerações finais

A Bacia do Tocantins apresenta um alto potencial arqueológico, em todas as suas sub-bacias


constituintes. Embora um grande número de sítios arqueológicos já se encontre registrado na
Bacia (1365 CONFIRMAR DADO, POIS NO INÍCIO DO TEXTO FALAM EM 1370, pelas
fontes consultadas), grandes são ainda os vazios espaciais onde nenhum sítio arqueológico é
conhecido. Além disso, as fontes existentes versam mais sobre quantidades que qualidades:
pouco se produziu de conhecimento efetivo sobre a pré-história dessa imensa região.

A diversidade de sítios é grande, mas o conhecimento produzido sobre eles, salvo honrosas
exceções, é pouco elucidativo. As pesquisas com melhores resultados científicos sem dúvida
são as relacionadas à sub-bacia 20 (onde se concentra a maioria dos municípios do Estado
de Goiás).

Quanto às categorias de sítios arqueológicos para toda a Bacia do Tocantins, a situação é a


abaixo apresentada:

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Ilustração 47 - Totalidade dos Sítios Arqueológicos Conhecidos, por Categoria

Indígenas históricos 2
Históricos em abrigo 2
Pré-colonial a céu aberto 4
Gravura rupestre em abrigo 11
Oficinas de polimento a céu aberto 16
Pré-colonial em abrigo 21
24
Gravura rupestre a céu aberto
Líticos em abrigo 43

Pintura rupestre em abrigo 57


Líticos a céu aberto 132
Cerâmicos em abrigo 181
Históricos a céu aberto 300
Cerâmicos a céu aberto 572

0 100 200 300 400 500 600


Elaboração: Consórcio CNEC – ARCADIS Tetraplan

Os sítios mais comuns são os sítios cerâmicos a céu aberto (associados ao cenários das
sociedades indígenas horticultoras produtoras de cerâmica). A predominância desta categoria
de sítios se deve ao fato de que as ocupações das sociedades ceramistas ocorreram mais
recentemente e seus remanescentes materiais se encontram muitas vezes aflorados na
superfície do solo; portanto, mais facilmente identificáveis. Quando se somam os sítios
cerâmicos a céu aberto com os cerâmicos em abrigos sob rocha, vemos que, juntos, eles
somam 753 sítios, o que corresponde a 55% dos sítios arqueológicos conhecidos.

No entanto, o fato de eles se encontrarem em geral aflorados, também torna essa categoria
de sítio uma das mais vulneráveis às ações antrópicas. Os sítios líticos a céu aberto às vezes
se encontram aflorados e outras vezes profundamente enterrados (caso dos sítios líticos
antigos do município de Breu Branco, sub-bacia 29). Quando enterrados, sua probabilidade
de preservação é muito mais alta que quando superficiais, quando sua vulnerabilidade cresce
exponencialmente.

O número de sítios arqueológicos em abrigos sob rocha também é alto (294 sítios, ou 21,5%
do total), quando se considera que eles dependem de suportes rochosos para se formarem e
estes estão menos disponíveis que a imensidão do território descoberto da Bacia do
Tocantins.

O alto número de sítios em abrigos rochosos se deve ao fato de muitas das pesquisas
arqueológicas terem sido intencionalmente direcionadas a eles, seja por razões acadêmicas
(caso das pesquisas na sub-bacia 21 e na Serra das Andorinhas, sub-bacia 29) ou por razões
preventivas, como as ocorridas nas serras do Complexo Minerador de Carajás (sub-bacia
29).

Alguns sítios arqueológicos estão diretamente ligados ao Rio Tocantins. Entre eles,
destacam-se os sítios arqueológicos em ilhas fluviais; as oficinas de polimentos nas margens
do rio e sítios cerâmicos na sub-bacia 23, onde as pesquisas realizadas para a UHE Estreito
detectaram uma agricultura de vazante em período pré-colonial.

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Quanto à implantação dos sítios arqueológicos, eles são encontrados nos mais diversos
compartimentos topográficos: planícies; altas, médias e baixas vertentes; topos; chapadas,
etc. Como grande parte dos sítios não apresenta registro sobre sua implantação no relevo,
não se sistematizou essa informação. No entanto, a análise dos que apresentaram o dado
confirma uma ocupação dos diferentes compartimentos topográficos. Sítios de atividades
específicas e acampamentos de curta duração ou de ocupação sazonal são os que
apresentam maior diversidade locacional. Já as aldeias de longa duração (correspondentes a
sítios de maiores dimensões e com cultura material mais densa e diversificada, compatível
com a diversidade das atividades cotidianas) ocorrem preferencialmente nas proximidades de
cursos d’água, mas a salvo das inundações, o que exclui as planícies como local desse tipo
de assentamento.

Oficinas de polimento ocorrem onde existem afloramentos rochosos aptos a funcionar como
polidores; assim como sítios de atividades específicas de lascamento da pedra ocorrem em
locais onde a matéria-prima encontra-se próxima.

As pinturas rupestres aparecem apenas em abrigos sob rocha, o que lhes dá a proteção
necessária à sua preservação, importante para qualquer sistema simbólico, que
necessariamente passa pela intencionalidade de sua visão pelos grupos que compartilham o
sistema entre si. As gravuras rupestres, por sua vez, mais resistentes, usaram como suporte
não apenas os paredões dos abrigos rochosos, mas matacões aflorados no solo e até no
leito do rio.

3.7.3.5. Principais Questões

As informações arqueológicas sobre os grandes cenários traçados no item 4 são


extremamente fragmentárias e desequilibradas. Foram levantados e sistematizados os dados
de 1.370 sítios arqueológicos na Bacia do Tocantins, mas as informações sobre eles são em
geral de péssima qualidade, restringindo-se, no mais das vezes, a informar se o sítio é lítico,
cerâmico ou de arte rupestre (gravura ou pintura).

Com raras e honrosas exceções, as informações, no aspecto qualitativo, não permitem


nenhuma incorporação de conhecimento significativo sobre como se formaram, se
desenvolveram e se inter-relacionaram as diversas sociedades indígenas que ocuparam o
território nacional por pelo menos dez milênios, até sua desestruturação pela conquista
européia.

3.7.3.6. Perspectivas

As perspectivas, em função do problema acima mencionado, são de que uma perda


patrimonial irreversível se configure se não houver diretrizes rígidas para os estudos
arqueológicos na Bacia do Tocantins. A baixa qualidade das informações permite
prognosticar severos danos à Memória Nacional se não houver pressão para uma melhoria
dos estudos arqueológicos voltados ao licenciamento de empreendimentos que destroem
fisicamente grande número de sítios arqueológicos, como os aproveitamentos hidrelétricos.
Uma vez que a produção de conhecimento é a única maneira de mitigar a inevitável
destruição de sítios arqueológicos, urge que bons e rigorosos termos de referência sejam

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elaborados para os estudos arqueológicos feitos para o licenciamento ambiental de


aproveitamentos hidrelétricos na Bacia do Tocantins.

3.8. Indicadores Municipais de Sustentabilidade


3.8.1. Conceituação
Formular indicadores-síntese de sustentabilidade em âmbito municipal é um grande desafio
técnico pois, a partir de algumas sinalizações, deve-se captar localmente fenômenos mais
amplos, ligados a diversas de suas dimensões – econômica, social, ambiental, institucional e
demográfica, entre outras.

Nesse sentido, a análise espacializada desses indicadores, utilizando-se o recorte municipal


nas dimensões apontadas, possibilita uma primeira aproximação territorial do fenômeno da
sustentabilidade, identificando-se regularidades territoriais em seu comportamento no âmbito
da Bacia Hidrográfica do Rio Tocantins.

Finalizando-se o capítulo da Caracterização Socioeconômica da bacia (cujas variáveis


utilizadas são semelhantes às utilizadas nesses Indicadores), dispõe-se de uma síntese, pré-
revelando eventuais compartimentações territoriais, úteis para a elaboração da Avaliação
Ambiental Distribuída, objeto do próximo Produto contratado pela EPE.

Em outras palavras, trata-se de uma caracterização síntese integrada, tendo por base os
municípios integrantes da Bacia do rio Tocantins, verificando-se regularidades espaciais de
comportamento que possam sinalizar a formação de sub-espaços com comportamentos
semelhantes.

Com esse entendimento, esses indicadores, sistematizados em recorte municipal nas


dimensões ambiental, econômica, social, institucional e demográfica, são denominados de
Indicadores Municipais de Sustentabilidade - IMS, numa tentativa de captar a evolução dos
fenômenos de sustentabilidade localmente.

Conforme o IBGE, os “indicadores são constituídos por uma ou mais variáveis que, quando
associadas, são capazes de revelar significados mais amplos sobre os fenômenos a que se
refiram”. É exatamente com esse entendimento que os indicadores elaborados foram
construídos para os 223 municípios e/ou unidades territoriais comparáveis, buscando,
inclusive, refletir processos e tendências, ao longo do tempo, por meio da interação de
variáveis representativas de estoque e de fluxos.

Nesse contexto, foi selecionada uma família de Indicadores Municipais de Sustentabilidade -


IMS para cada uma das dimensões consideradas, sendo a maioria de natureza estática, com
exceção da dimensão que capta o comportamento demográfico, ao trabalhar com a evolução
populacional recente entre 2000 e 2004.

Os indicadores municipais de sustentabilidade, nas dimensões consideradas, tiveram a


seguinte formulação em termos de variáveis de apoio:
 Dimensão Econômica – os indicadores buscam refletir o desempenho das economias
municipais mediante expressão convencional dos níveis de produtividade da
agropecuária; capacidade de geração de empregos formais e produto per capita
municipal em termos do valor agregado fiscal;

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 Dimensão Demográfica – os indicadores buscam captar a dinâmica dos movimentos


demográficos conforme a interação apropriada entre as taxas de crescimento da
população municipal e sua importância no universo considerado. Em outros termos,
infere-se a dinâmica desses movimentos em função da contribuição de um dado
município ao crescimento da Bacia Hidrográfica do Tocantins em um determinado período
de tempo;
 Dimensão Social - os indicadores buscam expressar as condições de vida da população
residente com duplo enfoque: nível de renda e perfil de distribuição; e renda não
monetária, considerando-se as condições de educação e de saúde que o setor público
oferece à população residente;
 Dimensão Ambiental - Pressão Antrópica – combinação de várias formas de pressão
antrópica, considerando-se um grupo ligado ao uso das terras e, outro, às atividades
urbanas. Buscou-se, também, no caso de saneamento ambiental, representar a resultante
do esforço das políticas públicas expressa nas condições da coleta e disposição de
resíduos sólidos urbanos, assim como pela coleta e tratamento de efluentes;
 Dimensão Institucional – os indicadores buscam captar o grau de participação da
população no encaminhamento dos problemas da comunidade (conselhos municipais,
entre outros órgãos comunitários); a capacidade financeira e gerencial das prefeituras.

Em resumo, os seguintes passos foram adotados nessa construção:


 O primeiro passo consistiu na pesquisa e levantamento das variáveis selecionadas,
resultando na série de dados brutos a serem utilizados segundo a malha municipal do
IBGE de 2001. Nesse caso, a preferência foi dada aos indicadores com dados/fontes
mais atuais possíveis, de preferência entre os anos de 2000 e 2004, visando
compatibilizar, também, as variáveis co-relacionadas.
 Na seqüência, num segundo passo, essas variáveis, após processamentos estatísticos e
de consistência, passaram a compor as funções específicas de cada um dos indicadores
das diversas dimensões consideradas. Os resultados obtidos determinaram o valor do
indicador para cada um dos municípios envolvidos nas respectivas dimensões,
devidamente padronizados sob forma de índices. Os índices refletem assim, uma
relativização dos indicadores municipais em relação ao universo dos municípios da Bacia,
mostrando a realidade de um dado município no contexto do universo.
 No terceiro passo, os índices são agrupados, adotando-se a média aritmética como
critério para definição dos chamados componentes.

Esses três procedimentos da metodologia podem ser melhor entendidos pela visualização da
Figura a seguir apresentada.

Ilustração 48 – Esquema de elaboração dos indicadores municipais de sustentabilidade


nas diversas dimensões

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Relatório P2 – Caracterização da Bacia Hidrográfica do Rio Tocantins

Variável 1

COMPONENTE 1 Índice 1 Indicador 1


Variável 2

DIMENSÃO 1 Variável 3
Índice 2 Indicador 2
Variável 4
COMPONENTE 2

Índice 3 Indicador 3 Variável 5

DIMENSÃO n

COMPONENTE n

Índice n Indicador n
Variável n

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 Na seqüência, buscou-se estabelecer relações entre os diversos componentes, a fim de
se construir casos-tipos municipais (em faixas denominadas Alta, Média, Baixa, Muito
Baixa), ou seja, grupos de municípios com características semelhantes, mediante o uso
de da técnica de “cluster analysis”.
 Em um quarto procedimento, os resultados obtidos passaram por um laboratório de
estudo, reunindo-se especialistas da equipe técnica tendo em vista identificar a
predominância de situações (grupos com maior quantidade de municípios), extraindo-se
assim os casos-tipos de Sustentabilidade para as suas diversas dimensões, recebendo
cada qual uma denominação abrangente que traduzisse sua característica principal.

3.8.2. Construção dos Indicadores Municipais de Sustentabilidade


A construção dos IMSs inicia-se com a dimensão econômica seguida da demográfica, tal
como se mostrou na figura apresentada na abertura do capítulo de Caracterização
Socioeconômica. Em seguida, dados esses resultados espacializados, observaram-se sua
relações e regularidades territoriais com as dimensões social e a pressão antrópica. Por fim,
verificou-se se a qualidade institucional dos municípios mantém alguma correlação espacial
com os demais casos-tipo de sustentabilidade, obtendo-se dessa forma um entendimento
integrado da sustentabilidade da Bacia.

3.8.2.1. Indicadores Municipais de Sustentabilidade - IMS para a Dimensão Econômica

Na construção dos Indicadores de Sustentabilidade para a Dimensão Econômica levou-se em


conta:
 o desempenho da agropecuária em termos dos patamares de produtividade;
 a formalização do mercado de trabalho, no sentido de sua capacidade de gerar
empregos;
 a produtividade geral da economia municipal (produtividade sistêmica); e ainda,
 o porte econômico medido pelo PIB Total Municipal (ver quadro a seguir).

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Essas componentes foram expressas por índices representativos dos valores municipais,
revelando, de modo sintético, aspectos determinantes da economia local. Mais que isso,
quando georreferenciadas, permitiram a identificação de áreas (grupos de municípios
contíguos territorialmente) com comportamento semelhante, segundo os resultados obtidos.

Tabela 59 - Composição dos Indicadores da Dimensão Econômica

COMPONENTE INDICADOR/ ÍNDICE VARIÁVEIS FONTE


Índice de Produtividade Valor da Produção IBGE. PAM –
Agrícola Área Planta Pesquisa Agrícola
Municipal
Desempenho da
agropecuária Índice de Produtividade da Total do Efetivo dos Rebanhos IBGE. PPM –
pecuária em Equivalente Bovino Pesquisa da
Pecuária Municipal

DIMENSÃO
Índice de Formalização do Empregos Formais RAIS (2004)
ECONÔMICA Mercado de Trabalho
Formalização do População Total IBGE, Contagem
mercado de trabalho da População
(2004).
Índice de Produtividade das Quota-Parte do ICMS MF, FINBRA
Atividades Econômicas População Total (2003)
Produtividade geral IBGE, Contagem
da População
(2004).
Índice do Porte da PIB Total Municipal IPEADATA, PIB
Porte Economia Local (2003).

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 Casos-Tipo da Situação Municipal – Resultados Obtidos

Com a aplicação de algoritmos específicos, a combinação de componentes, como índices de


produtividade agrícola e da pecuária, capacidade de gerar emprego, permitiram identificar
grupos de municípios com características similares, reunidos em um total de seis casos-tipo,
cujas regularidades territoriais podem ser visualizadas no Mapa C21 – Indicador Municipal
de Sustentabilidade Econômica, integrante do Caderno de Mapas C do Atlas do projeto.
EXCLUIR BRASÍLIA

De maneira geral, verifica-se, na bacia como um todo, que as melhores situações de


desempenho econômico municipal (casos-tipo denominados Producente, Excelência
Agropecuária e Centro Agropecuário) estão distribuídos na porção sul da Bacia, com maior
presença na sub-bacia 20 e no oeste da sub-bacia 22, na margem esquerda do rio Tocantins
e ainda alguns casos de excelência agropecuária no extremo sul da sub-bacia 21. Desse
modo, a produção de grãos e da cana-de-açúcar nessas regiões vem se dando com bons
níveis de produtividade agrícola e criação de empregos formais e economias locais,
sinalizando-se boa produtividade sistêmica.

Em grande parte da Bacia, no entanto, em toda sua extensão central, abrangendo


parcialmente as sub-bacias 21 e 22 e totalmente a 23, observa-se a presença dos piores
casos-tipo – Produtividade a Desejar e Economia Inerte – poucos casos de economias com
papel de Centro Agropecuário onde, como se viu, predominam economias locais frágeis,
orientadas para exploração da pecuária extensiva com baixíssima densidade de gado e

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agricultura de subsistência dirigida para o mercado local e casos isolados de aproveitamento


turístico, associados à presença dos atrativos turísticos no Jalapão e ainda a presença de
Palmas.

Por fim, na porção extremo norte, na sub-bacia 29, há uma maior diversificação de situações,
com quase todos os casos-tipo de sustentabilidade econômica, evidenciando-se que o
complexo minerário e o da pecuária/frigoríficos acabam levando a variados resultados de
desempenho das economias locais.

3.8.2.2. Indicadores Municipais de Sustentabilidade - IMS para a Dimensão


Demográfica

Uma vez entendido o padrão espacial da sustentabilidade das economias locais, pode-se
observar algumas correlações com a dinâmica populacional, lembrando-se que a variável
população constitui síntese apropriada para sinalizar diferentes trajetórias de evolução de um
município. Sendo assim, buscou-se, por meio do indicador de crescimento demográfico,
revelar a importância de cada município na explicação do crescimento total da área da Bacia
do Tocantins.

Tabela 60 - Composição dos Indicadores da Dimensão Demográfica

INDICADOR/ VARIÁVEIS FONTE


COMPONENTE
ÍNDICE
IBGE, Censo Demográfico
Crescimento Taxa de Crescimento
DIMENSÃO População Total Municipal e Contagem da População
Demográfico Demográfico Anual (%)
2001-2004.
DEMOGRÁFICA
Contribuição à Taxa de Contribuição do População Total Municipal IBGE, Censo Demográfico
Dinâmica de município ao e Contagem da População
Crescimento Crescimento 2001-2004.
Populacional Demográfico na Bacia
(SHIFT SHARE - %)

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 Casos-Tipo da Situação Municipal – Resultados Obtidos

As diferentes combinações entre os componentes crescimento demográfico e contribuição


relativa ao crescimento da Bacia como um todo, devidamente agrupadas pela aplicação de
algoritmo específico, implicam a formação de cinco casos-tipo de Municípios: Grandes e
Dinâmicos; Pequenos Explosivos; Massa Crescente; Maioria Silenciosa e Massa Declinante.
São, portanto, cinco os grupos de municípios com características demográficas semelhantes.

Comparativamente à situação municipal da Sustentabilidade Econômica, verifica-se que,


onde predomina maior vazio econômico (parcialmente nas sub-bacias 21, 22 e integralmente
na sub-bacia 23), há também um grande número de municípios classificados como Maioria
Silenciosa (apenas com crescimento vegetativo) e Massa Declinante (perda líquida de
população residente).

Contrariamente, porém, na sub-bacia 20, onde se destacam economias mais vigorosas, a


dinâmica populacional parece ter reagido inversamente, pois aí também se registram caso-
tipo com decréscimos populacionais, sinalizando-se movimentos de migração rural

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expressiva, dado o processo de modernização no campo, que principalmente a presença da


exploração de grãos tem imposto à grande parte dos municípios.

Na sub-bacia 29 registram-se indicadores demográficos mais dinâmicos, muito


provavelmente associados à expansão da mineração e de frigoríficos de grande e médio
porte. Maiores detalhes podem ser vistos no Mapa C20 – Indicador Municipal de
Sustentabilidade Dinâmica Demográfica, integrante do Caderno de Mapa C. EXCLUIR
BRASÍLIA.

3.8.2.3. Indicadores Municipais de Sustentabilidade - IMS para a Dimensão Social

O indicador da sustentabilidade municipal relativo à Dimensão Social, reproduz-se os


resultados do IDH-M (IPEA/PNUD), acompanhados de uma qualificação adicional sobre a
variável renda per capita, associando-lhe o Índice de Gini. Com isso, reformularam-se os
resultados originais do IDH-M, à medida que o indicador de renda foi penalizado ou
favorecido, segundo os níveis de distribuição de renda prevalecentes, como se vê no quadro
a seguir:

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Tabela 61 - Composição dos Indicadores da Dimensão Social

INDICADOR / VARIÁVEIS FONTE


COMPONENTE
ÍNDICE
Índice de Índice de Educação do IDH Índice de Desenvolvimento
DIMENSÃO Desenvolvimento Humano Municipal – IDHM,
SOCIAL Educação
Humano – Educação elaborado pelo IPEA/PNUD
(2000).
Índice de Índice de Longevidade do
Saúde Desenvolvimento IDH
Humano - Longevidade
Índice de Índice de Renda do IDH
Renda Desenvolvimento Índice de Gini
Humano - Renda

Elaboração: Consórcio CNEC – ARCADIS Tetraplan


 Casos-Tipo da Situação Municipal – Resultados Obtidos

A aplicação do índice de Gini sobre a variável renda per-capita do IDH-M permitiu identificar
oito grupos de municípios com qualificações análogas em Educação e Saúde. Do ponto de
vista social, tem-se, portanto, oito casos-tipo, como se vê na legenda do Mapa C19 –
Indicador Municipal de Sustentabilidade Social no Caderno de Mapas C. EXCLUIR
BRASÍLIA.

As regularidades espaciais para a dimensão social da sustentabilidade mostram forte


associação ao comportamento do desempenho das economias municipais, ou seja, as
economias classificadas como Produtividade a Desejar e Inertes (piores casos) coincidem,
em grande parte, com a dos municípios com piores condições sociais, casos-tipo
denominados Desprovidos e Carência Total (distribuídos com maior significância nas nos
municípios mais pobres das sub-bacias 21, 22 e 23).

Inversamente, a sub-bacia 20 e porção oeste da sub-bacia 22 (margem esquerda do rio


Tocantins) e, ainda, no extremo sul da sub-bacia 21, por onde se distribuem as melhores
economias municipais em termos de sua sustentabilidade, são também aquelas onde se
registram casos-tipo denominados Mais Bem Sucedidos, Promissores e Cenário Mediano do
ponto de vista das condições sociais.

Na sub-bacia 29, em que se registram casos diversificados de situações econômicas,


identifica-se também variadas condições sociais, com grande diversidade.

3.8.2.4. Indicadores Municipais de Sustentabilidade - IMS para a Dimensão Ambiental


– Pressão Antrópica

A sustentabilidade, na perspectiva da pressão antrópica (quanto maior a pressão antrópica,


menor a sustentabilidade em termos da dimensão ambiental), foi captada por meio de
componentes com indicadores específicos que sinalizam os níveis de pressão exercidos por:
atividades agropecuárias, impondo um dado tipo de uso das terras e pela urbanização e
atividades industriais e,ainda, o grau de resposta da oferta de infra-estrutura de saneamento
ambiental sobre o meio urbano e as sub-bacias hidrográficas subjacentes. No quadro a
seguir, são relacionadas as variáveis utilizadas para medir tal indicador e respectivas fontes
de informação:

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Tabela 62 - Composição dos Indicadores da Dimensão Ambiental - Pressão Antrópica

COMPONENTE INDICADORES / VARIÁVEIS FONTE


ÍNDICE
Taxa de Exploração Área Plantada IBGE, PAM – Pesquisa
Agrícola Extensão Territorial (2001) Agrícola Municipal (média
de 2002, 2003 e 2004).
Taxa de Exploração da Rebanho em Equivalente IBGE, PPM – Pesquisa da
Pecuária Bovino Pecuária Municipal (média
PRESSÃO
Extensão Territorial (2001) de 2002, 2003 e 2004).
ANTRÓPICA - IPA
USO DAS TERRAS
Taxa de Exploração do Produção em m3 de Madeira IBGE, PEVS – Pesquisa do
Extrativismo Vegetal e Equivalente - Madeira em Extrativismo Vegetal e
Silvicultura Tora, Lenha e Carvão Silvicultura (média de 2002,
Extensão Territorial (2001) 2003 e 2004).

Índice de Pressão População Urbana IBGE, Contagem da


Populacional Urbana População (2004).
PRESSÃO
Índice de Pressão Empregos Formais na RAIS (2004).
ANTRÓPICA - IPA
Industrial Urbana Indústria de Transformação
URBANA
DIMENSÃO
Índice de Pressão Frota Veicular em Veículos DENATRAN (2004).
AMBIENTAL Veicular Urbana Equivalentes
Índice de Coleta e Percentual de Domicílios IBGE, Pesquisa de
Tratamento de Esgoto Ligados a Rede Geral e/ou Saneamento Básico (2000).
com Fossa Séptica
Percentual de Esgoto
Coletado com Algum tipo de
Tratamento 2000
Volume de Esgoto Coletado
Total (m3/s)
RESPOSTA À Volume de Esgoto Coletado
PRESSÃO com Algum Tipo de
ANTRÓPICA - Tratamento (m3/s)
IRPA
SANEAMENTO Índice de Coleta e Percentual de Domicílios IBGE, Pesquisa de
Tratamento de Lixo com Coleta de Lixo Saneamento Básico (2000).
Percentual de Lixo com
Disposição Adequada
Percentual de Lixo com
Disposição Parcialmente
Adequada
Percentual de Lixo com
Disposição Inadequada

Elaboração: Consórcio CNEC – ARCADIS Tetraplan


 Casos-Tipo da Situação Municipal – Resultados Obtidos

Tal como na situação da dimensão social, há também correlação em termos de desempenho


econômico e pressão antrópica, ou seja, na sub-bacia 20 e porção oeste da sub-bacia
22(margem esquerda do rio Tocantins), tanto quanto as economias se desenvolvem com
ganhos de produtividade sistêmica, tanto quanto se eleva a pressão sobre os recursos
naturais, proliferando os piores caso de pressão antrópica.

Ao contrário em grande parte da sub-bacias 21 e quase que totalmente nas sub-bacias 22 e


23 predominam, fortemente, casos de baixa pressão antrópica e pouco explorados (leia-se
melhor sustentabilidade ambiental) coincidentes com os casos-tipo denominados de
Economias Inertes e Produtividade a Desejar. O Mapa C22 – Indicador Municipal de

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Relatório P2 – Caracterização da Bacia Hidrográfica do Rio Tocantins

Sustentabilidade Ambiental – Pressão Antrópica do Caderno de Mapas C mostra essas


situações para a dimensão ambiental. EXCLUIR BRASÍLIA.

3.8.2.5. Indicadores Municipais de Sustentabilidade - IMS para a Dimensão


Institucional

Por fim, buscou-se avaliar a sustentabilidade em termos institucionais a partir de indicadores


que qualificam a atuação institucional do município, ou seja, sua capacidade de governança,
financeira e de gestão, como se vê no quadro a seguir:

Tabela 63 - Composição dos Indicadores da Dimensão Institucional

INDICADORES / VARIÁVEIS FONTE


DIMENSÃO COMPONENTE
ÍNDICE
Existência de conselhos Índices extraídos da
Conselhos instalados revisão do Estudo dos
Eixos Nacionais de
Conselhos Paritários Integração e
Conselhos deliberativos Desenvolvimento –
Índice de Governança
Conselhos que administram Ministério do
fundos Planejamento (2002).
Existência de consórcios
DIMENSÃO Qualidade
INSTITUCIONAL institucional
Índice de Capacidade Receita corrente x dívida Prefeituras Municipais
Financeira Poupança real per capita
IPTU ano da planta
IPTU Adimplência
Índice de Capacidade
Gestâo Instrumentos de Gestão
Instrumentos de
Planejamento

Elaboração: Consórcio CNEC – ARCADIS Tetraplan


 Casos-Tipo da Situação Municipal – Resultados Obtidos

Considerando-se que para formular a Dimensão Institucional utilizou-se somente um único


componente – Qualidade Municipal - não foi necessária a utilização de algoritmos. Nesse
caso, empregou-se a análise multivariada (análise de cluster) para a divisão de cinco classes,
variando entre Muito Forte e Muito Fraco. Extraíram-se, então, as tipologias necessárias para
o agrupamento dos municípios.

De maneira geral, verifica-se que os municípios com melhor qualidade institucional estão
distribuídos pela sub-bacia 20 e porção oeste da sub-bacia 22, variando entre Muito Forte e
Médio. No restante da bacia (sub-bacias 21, 23 e 29), não se observam claramente
regularidades espaciais, revelando que o grau de governança municipal e a gestão financeira
não se associam diretamente às melhores situações econômicas e produtivas. O Mapa C23 –
Indicador Municipal de Sustentabilidade Institucional, integrante do Caderno de Mapa C,
mostra a distribuição territorial dos casos-tipo.EXCLUIR BRASÍLIA

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Relatório P2 – Caracterização da Bacia Hidrográfica do Rio Tocantins

3.8.3. Síntese das Compartimentação Socioeconômica segundo Sub-


Bacias Hidrográficas
Os diversos resultados parciais das dimensões da sustentabilidade municipal possibilitaram
observar regularidades espaciais no comportamento territorial da Bacia do rio Tocantins, por
meio de um mapeamento georreferenciado (ver Caderno de Mapa C), privilegiando-se uma
dada seqüência da análise, tal como explicitado no início da Caracterização Socioeconômica.

Ou seja, os resultados dos casos-tipo da dimensão de sustentabilidade econômica,


combinados com a dinâmica demográfica, criam uma primeira compartimentação que depois,
sucessivamente, pode ser qualificada com os resultados dos demais indicadores de
sustentabilidade: social, ambiental e institucional, acrescentando-se outros resultados como
os da rede urbana e sua hierarquia de centros urbanos. Obtém, assim, uma sinalização das
principais transformações socioeconômicas rural e urbana e algum tipo de padrão territorial
de evolução.

Mais ainda, pode-se reconhecer uma compatibilidade com as potencialidades e questões,


algumas dispersas pelas sub-bacias, outras, ao contrário, concentrando-se em um ou outro
sub-espaço, o qual é denominado de compartimento.

Os resultados segundo as sub-bacias, revelando uma determinada compartimentação, são


expostos na seqüência, sob forma:
 de quadros sínteses, em que nas colunas se apresentam resultados que dão a identidade
a cada compartimento; e,
 de uma Ilustração que sinaliza sua espacialização, ainda de forma preliminar, no âmbito
da Bacia.

Esses resultados permitem adiantar que a dinâmica dos processos econômicos,


demográficos e socioambientais não se atrelam diretamente à formação das sub-bacias,
compondo sub-áreas diferenciadas territorialmente. Tal diferenciação manifesta-se em todas
as cinco sub-bacias.

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COMPARTIMENTOS,
SEGUNDO PROCESSOS
DOMINANTES DE PREDOMINIO DE QUALIFICAÇAO DA
EVOLUÇÃO PRESENÇA DE CENTROS OUTROS
CASOS-TIPO SUSTENTABILIDADE
SÓCIOECONOMICQ SUB-BACIAS URBANOS DESTACADOS NA INDICADORES DE POTENCIALIDADE QUESTÕES
ECONÔMICO E SOCIAL, AMBIENTAL E
REDE URBANA QUALIFICAÇÃO
(predomínio de casos-tipo DEMOGRÁFICO INSTITUCIONAL
municipais de
sustentabilidade)

- RUMO À - SB 20 Economias com alta Municípios com os melhores casos de - Principais Centros Urbanos: Alguns centros industriais, - Posição espacial relativa com - Demanda de água para
produtividade agrícola (grãos e condições de vida, mais na SB 20 do Anápolis,Ceres, Formosa, Goiás, Gurupi, com destaque aos vantagens locacionais; irrigação e dessedentação
SUSTENTABILIDADE - Franja na porção
cana-de-açúcar) afirmação do que na franja oeste da SB 22; Inhumas, Miracema do associados à apropriação de com crescimento
ECONÔMICA, COM PERDA oeste da SB 22 - Notável potencial hídrico com
(margem esquerda processo de agromodernização Casos diferenciados de pressão Tocantins,Palmas,Paraíso do Tocantins, recursos naturais (mineração diferentes usos; relativamente maior com
POPULACIONAL DADA A do rio Tocantins) e e perda populacional (expulsão antrópica, desde aqueles com Porangatu, Porto Nacional, Uruaçu. e agronegócios) relação a outros usos;
agrícola), poucos municípios - Biodiversidade com
MODERNIZAÇÃO NO - Extremo sul da SB apropriação dos recursos naturais com oportunidades variadas de - Desmatamento x
com massa populacional
CAMPO, COMBINADA COM: 21 crescente
equacionamento, até alguns ainda exploração dos ecossistemas; exploração agrícola e
poucos explorados; pecuária;
- OS MAIS BEM SUCEDIDOS - Reservas Minerais (SB 20);
Casos dominantes qualidade - Contaminação da água e
CASOS EM TERMOS institucional com situação institucional - Atividades produtivas com alto do solo por agrotóxicos;
SOCIAIS, PRESSÃO forte efeito multiplicador de emprego
(grãos, pecuária, mineração); - Desmatamento;
ANTROPICA - Contaminação por
DIVERSIFICADA E - Presença da Capital Federal
mercúrio devido aos
QUALIDADE INSTITUCIONAL garimpos de ouro;
FORTALECIDA - Fragilidade no controle do
uso e ocupação das áreas
protegidas;
- Rede urbana
fragmentada. Poucos
centros regionais e muitos
locais

- DIVERSIFICAÇÃO DE - SB 29 Economias com alta Municípios com variados casos de - Centro Sub-Regional 2 : Marabá. Presença signifIcativa de - Posição espacial relativa com - Demanda de água para
produtividade na exploração condições sociais (desde os Mais Bem Frigoríficos de Médio e vantagens locacionais; irrigação e dessedentação
CASOS DE pecuária (altas densidades Sucedidos até os Desprovidos); de
- Principais Centros Urbanos: Cametá,
Grande Porte em Marabá com crescimento
SUSTENTABILIDADE Parauapebas, Tucuruí. - Notável potencial hídrico com
bovinas) e pouquíssimos casos pressão antrópica, desde os Cenários Indústrias do Complexo diferentes usos; relativamente maior com
ECONÔMICA, de Produtividade a Desejar. em Construção até o Pressão Minerário (CVRD) relação a outros usos;
Antrópica sem Equacionamento; - Biodiversidade com
- EVOLUÇÃO Dinâmica demográfica oportunidades variadas de - Desmatamento x
fortemente reagente à Casos variados de qualidade exploração agrícola e
DEMOGRÁFICA expansão, com presença institucional
exploração dos ecossistemas;
pecuária;
CRESCENTE, COMBINADA dominante de casos de maior - Reservas Minerais;
- Contaminação da água e
COM: crescimento populacional - Atividades produtivas com alto do solo por agrotóxicos;
efeito multiplicador de emprego
- VARIADOS CASOS DE (grãos, pecuária, mineração) - Desmatamento;
CONDIÇOES SOCIAIS, - Contaminação por
PRESSÃO ANTRÓPICA E mercúrio devido aos
QUALIDADE INSTITUCIONAL garimpos de ouro;
- Fragilidade no controle do
uso e ocupação das áreas
protegidas;
- Rede urbana
fragmentada. Poucos
centros regionais e muitos
locais

- PREDOMINÂNCIA DE SB parcial 21 e 22 Economias com baixa Municípios com dominância de casos - Centro Sub-Regional 1 : Imperatriz Predomina em toda sua - Posição espacial relativa com - Contaminação da água e
sustentabilidade econômica, das piores condições sociais (Carência extensão, municípios com vantagens locacionais; do solo por agrotóxicos;
CASOS DE BAIXA SB abrangência total
com forte domínio de casos de Total e Desprovidos); com baixa
- Centro Sub-Regional 2 : Araguaína
Indústrias de pouca
SUSTENTABILIDADE SB 23 - Principais Centros Urbanos: Araguatins, - Notável potencial hídrico com - Fragilidade no controle do
produtividade a desejar e pressão antrópica orientada fortemente expressão diferentes usos; uso e ocupação das áreas
ECONÔMICA economias inertes (poucos caso para os casos denominados Pouco Colinas do Tocantins,
Dianópolis,Guaraí,Posse, Campos Belos, - Biodiversidade com protegidas;
de pecuária melhor sucedida) e Explorados e casos de qualidade
- EVOLUÇÃO decorrentes casos de Massa institucional variando de médio a muito Tocantinópolis. oportunidades variadas de - Rede urbana
DEMOGRÁFICA Declinante e poucos fraca exploração dos ecossistemas; fragmentada. Poucos
DECLINANTE COMBINADA municípios com massa - Atrativos turísticos centros regionais e muitos
populacional crescente locais
COM
- DOMINÂNCIA DE CASOS
DAS PIORES CONDIÇOES
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COMPARTIMENTOS,
SEGUNDO PROCESSOS
DOMINANTES DE PREDOMINIO DE QUALIFICAÇAO DA
EVOLUÇÃO PRESENÇA DE CENTROS OUTROS
CASOS-TIPO SUSTENTABILIDADE
SÓCIOECONOMICQ SUB-BACIAS URBANOS DESTACADOS NA INDICADORES DE POTENCIALIDADE QUESTÕES
ECONÔMICO E SOCIAL, AMBIENTAL E
REDE URBANA QUALIFICAÇÃO
(predomínio de casos-tipo DEMOGRÁFICO INSTITUCIONAL
municipais de
sustentabilidade)
SOCIAIS, BAIXA PRESSÃO
ANTRÓPICA E QUALIDADE
INSTITUCIONAL DE MÉDIA A
MUITO FRACA

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4. LEVANTAMENTO E AVALIAÇÃO DA MATRIZ


INSTITUCIONAL
4.1. Avaliação da Matriz Institucional Atuante – Força da Governança
A diversidade cultural, política, econômica, ambiental e territorial da área de estudo, que
abrange municípios dos estados do Pará, Maranhão, Tocantins e Goiás, associadas ao modo
de ocupação do território e aos modelos de desenvolvimento praticados nas últimas décadas,
explicam em grande parte a complexidade das relações ali existentes que, muitas vezes, têm
se refletido em conflitos e tensões sociais, e em outros momentos, em associações entre o
público e o privado, o governamental e o não-governamental.

Desse modo, a avaliação institucional destes Estados sob o foco do que se convencionou
conceituar como “forças de governança”, ou seja, entes institucionais que têm influência
determinante, política e/ou social, num certo território, para dar institucionalidade ao
tratamento de uma dada questão, no caso a realização da Avaliação Ambiental Integrada
(AAI) da Bacia Hidrográfica do rio Tocantins, e questões de natureza social, é uma tarefa de
muita complexidade.

O termo “governança” foi introduzido no debate público internacional pelo Banco Mundial ,
que deu ao conceito um caráter prescritivo. Outras agências multilaterais, como o Fundo
Monetário Internacional, passaram a legitimar suas orientações por esse conceito estratégico
que envolve a participação de variados atores sociais (ONGs, associações, mercado), que
compartilham da capacidade governativa do Estado, na identificação dos problemas da
sociedade, na formulação de políticas públicas e na sua implementação (DINIZ,1997).

Desse modo, a força da governança é um tema de complexa avaliação, cuja chance de


sucesso depende de um trabalho conjunto entre os níveis municipal, estadual e federal e uma
colaboração eficiente entre organizações governamentais e instituições do setor privado e da
sociedade civil (notadamente as organizações não-governamentais), apontando e efetivando
ações para induzir modelos de desenvolvimento econômico com sustentatibilidade ambiental,
social e institucional, particularmente vinculadas à questão dos recursos hídricos e do setor
energético.

Considerado o exposto, retoma-se uma breve descrição evidenciando-se como a matriz


institucional foi sendo formada para, em seguida, tratar da identificação dos principais entes
institucionais presentes na região e, por fim, realizar uma análise da força de governança dos
mesmos.

4.2. Enfoque Metodológico para Construção da Matriz Institucional


O principal propósito da construção da matriz institucional é identificar os principais entes
institucionais, nos estados do Pará, Maranhão, Tocantins e Goiás, objetivando subsidiar a
realização da Avaliação Ambiental Integrada (AAI) da Bacia Hidrográfica do rio Tocantins.

Para tanto, foram levantadas organizações sociais de natureza pública e privada, incluindo-se
organizações não-governamentais, movimentos sociais e entidades de classe, que atuam na
área ambiental e em outras áreas, tais como: energética, planejamento, educação,

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movimento étnico, desenvolvimento social e econômico, entre outros, que pudessem ter
relação funcional com o estudo proposto.

A construção da matriz foi realizada primeiramente com o levantamento de dados


secundários, com ênfase nas entidades ambientalistas e sociais, por meio de consulta em
sites (world wide web – internet) dos órgãos oficiais dos governos federal, estadual e
municipal e de redes reconhecidas. A pesquisa abrangeu também um levantamento oficial de
informações disponíveis no site da Associação Brasileira de Organizações Não-
Governamentais – ABONG, para identificação das organizações sociais cadastradas nos
estados estudados.

Diante da importância do papel desempenhado pelas redes, para a mobilização e a


articulação da sociedade civil, foram identificadas neste levantamento, a Revista de
Informação do Terceiro Setor, a Rede Brasileira de Educação Ambiental, a Rede de
Informações para o Terceiro Setor – RITS, entre outras.

Outra fonte de dados consultada foi o Cadastro Nacional de Entidades Ambientalistas –


CNEA, criado pela Resolução CONAMA 06/89, que foi instituído com o objetivo de manter um
banco de dados com o registro das entidades ambientalistas não governamentais atuantes
no país, cuja finalidade principal seja a defesa do meio ambiente.

A composição da Comissão Nacional de Desenvolvimento Sustentável de Povos e


Comunidades Tradicionais, recém-criada e instalada no dia 2 de agosto de 2006, composta
por representantes açorianos, babaçueiros, caboclos, caiçaras, caipiras, campeiros,
jangadeiros, pantaneiros, pescadores artesanais, praieiros, sertanejos e varjeiros,
extrativistas, ribeirinhos, marisqueiros, povos indígenas e quilombolas, também foi
considerada no levantamento.

Faz-se importante salientar que também foram feitas consultas junto aos diversos conselhos
– Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, Conselhos Estaduais de Meio Ambiente
e Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos, para levantamento dos órgãos e organismos
que os integram, por razões indicativas de representatividade e força de atuação local e
regional. Outras fontes importantes foram consideradas na pesquisa: Assembléias
Legislativas, Ministério Público, Universidades e associações representativas.

Para complementar a pesquisa, foram realizados contatos telefônicos com algumas


instituições, no intuito de esclarecer algumas dúvidas e obter informações que não estavam
disponíveis nos sites. Outro aspecto de extrema relevância foi a orientação técnica de
profissionais da consultoria com vivência prática específica na região de estudo,
principalmente nos Estados do Pará e Tocantins.

As principais informações sobre esses entes encontram-se resumidas no Anexo XXI do


presente relatório.

4.3. Gestão Ambiental – Mecanismos Institucionais


A lei 9.433/97 instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos, com seguintes objetivos:
assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em padrões de
qualidade adequados aos respectivos usos; a utilização racional e integrada dos recursos
hídricos, incluindo o transporte aquaviário, com vistas ao desenvolvimento sustentável; e a

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Relatório P2 – Caracterização da Bacia Hidrográfica do Rio Tocantins

prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos de origem natural ou decorrentes


do uso inadequado dos recursos naturais.

São previstos neste diploma legal alguns mecanismos institucionais para a efetiva
implantação dessa política, destacando-se, entre eles, o Sistema Nacional de Gerenciamento
de Recursos Hídricos, criado por essa lei e que está assim estruturado:

I - Conselho Nacional de Recursos Hídricos - CNRH;

II - Conselhos de Recursos Hídricos dos Estados e do Distrito Federal;

III - Comitês de Bacia Hidrográfica;

IV - órgãos dos poderes públicos federal, estaduais e municipais cujas competências se


relacionem com a gestão de recursos hídricos;

V - Agências de Água.

Outro instrumento jurídico importante é a lei federal 6938/81, que estabelece as bases da
Política Nacional de Meio Ambiente, principalmente no que tange ao cumprimento das
diretrizes do Sistema Nacional de Meio Ambiente – SISNAMA, o qual apresenta um sistema
de cooperação nas ações adotadas pelos três níveis de governo de forma integrada.

De acordo com essa lei, “os órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios, bem como as fundações instituídas pelo Poder Público, responsáveis pela
proteção e melhoria da qualidade ambiental, constituirão o SISNAMA”, assim estruturado:

I – Órgão Superior: o Conselho de Governo;

II – Órgão Consultivo e Deliberativo: o Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA;

III – Órgão Central: o Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia
Legal;

IV – Órgão Executor: o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais


Renováveis - IBAMA, com a finalidade de executar e fazer executar, como órgão federal, a
política e diretrizes governamentais fixadas para o meio ambiente;

V – Órgãos Setoriais: os órgãos ou entidades integrantes da Administração Direta e Indireta,


bem como as Fundações instituídas pelo Poder Público, cujas atividades estejam associadas
às de proteção da qualidade ambiental ou aquelas de disciplinamento de uso dos recursos
ambientais;

VI – Órgãos Seccionais: os órgãos ou entidades estaduais responsáveis pela execução de


programas, projetos e pelo controle e fiscalização de atividades capazes de provocar a
degradação ambiental;

VII – Órgãos Locais: os órgãos ou entidades municipais, responsáveis pelo controle e


fiscalização de atividades, nas suas respectivas jurisdições”

Cabe destacar a função social do Conselho Nacional de Meio Ambiente e do Conselho


Nacional de Recursos Hídricos, enquanto espaço de discussão aberto e participativo, onde
aos representantes da sociedade civil organizada é assegurado o direito de intervir pela

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Relatório P2 – Caracterização da Bacia Hidrográfica do Rio Tocantins

continuidade das ações estabelecidas para a área ambiental por meio do cumprimento de
políticas claras e condizentes com a sua própria realidade local e no âmbito de sua atuação.

Cabe também mencionar os Sistemas Estaduais de Meio Ambiente, com destaque para o
papel dos Estados na gestão do meio ambiente, por intermédio dos Conselhos Estaduais de
Meio Ambiente, cujas atribuições se assemelham às desempenhadas pelo órgão nacional
pautado no interesse geral, porém voltados para as especificidades em nível estadual, além
de apoiar pesquisas científicas na área ambiental, a promoção de atividades educativas e o
estímulo a participação da comunidade no processo de preservação, melhoria e recuperação
da qualidade ambiental.

O panorama com que nos deparamos na Administração tanto Estadual quanto Municipal,
este último devendo atuar na defesa do interesse local, revela um acúmulo de tarefas que
precisam ser cumpridas. As perspectivas demandam uma nova forma de enfrentar os
problemas, portanto uma mudança de paradigmas, fundamental para uma nova estratégia de
desenvolvimento sustentável.

A situação requer um novo olhar e para tanto, faz-se necessária uma discussão sobre o
conceito de gestão ambiental, aqui entendida como processo político-administrativo que
incube ao Poder Público, com a participação da sociedade civil organizada, formular,
implementar e avaliar políticas ambientais expressas em planos, programas e projetos, no
sentido de assegurar a qualidade ambiental como fundamento de qualidade de vida dos
cidadãos (COIMBRA 2000).

Atualmente não se concebe propor uma idéia, plano ou ação sem se considerar a gestão
participativa, onde os diversos atores sociais, setor público, privado, organizações não
governamentais, entre outras, participam ativamente das discussões e decisões, através de
negociações sistêmicas, sempre em busca de um consenso e/ou alinhamento, respeitando-
se os diferentes olhares sob a mesma questão.

No sentido de compreender a complexidade e a dinâmica de atuação dos diversos atores


sociais que fazem parte da matriz institucional que vem se desenvolvendo na região,
apresenta-se uma figura ilustrativa do processo de incorporação do tema ambientalismo
pelos chamados setores estratégicos brasileiros, em alinhamento com o que se pode
observar também nos Estados do Pará, Maranhão, Tocantins e Goiás. Esta ilustração foi
elaborada em 1997, pelo Instituto de Estudos da Religião - ISER, Secretaria de Qualidade
dos Assentamentos Humanos e Ministério do Meio Ambiente, e disseminado na publicação
denominada: “O que o brasileiro pensa do meio ambiente e do desenvolvimento sustentável”.

Ilustração 49 – Processo de Incorporação do Ambientalismo pelos Setores


Estratégicos Brasileiros

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4.4. Órgãos Federais e Estaduais de Meio Ambiente


Primeiramente, cabe salientar algumas instituições dos movimentos sociais, de abrangência
federal e/ou regional, que atuam com grande força de governança na região, direcionadas à
busca de melhor qualidade de vida em consonância com os postulados do desenvolvimento
sustentável, como por exemplo, o Grupo de Trabalho Amazônico - GTA, a Fundação Agrária
Tocantins Araguaia – FATA, o Conselho Nacional dos Seringueiros – CNS, a Federação de
Órgãos para Assistência Social e Educacional – FASE, o Fórum da Amazônia Regional –
FAOR, a Comissão Pastoral da Terra – CPT, o Movimento dos Atingidos por Barragens –
MAB, dentre diversas outras.

Merece destaque a atuação, na região, do Conagua Alto Tocantins - Consórcio Intermunicipal


de Usuários de Recursos Hídricos para Gestão Ambiental da Bacia Hidrográfica do Alto
Tocantins, “constituído para promover o uso eficiente dos recursos naturais da região, em
especial a água e combater a degradação ambiental” (www.brasiloeste.com.br). Atualmente
está empenhando esforços no sentido de trabalhar pela criação do Comitê de Bacia, visto a
ausência de Comitês na Bacia Hidrográfica do Tocantins.

Ainda no âmbito federal, no que diz respeito aos órgãos públicos, destaca-se o Instituto
Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA, a Fundação Nacional de Saúde –
FUNASA, a Agência Nacional de Águas - ANA, o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis – IBAMA, a Fundação Nacional do Índio – FUNAI, e a
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA.

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Considerando-se a importância de negociações e articulações políticas, intra-institucionais


das várias áreas da Administração Pública e interinstitucional das diversas esferas do
governo, dentro do contexto da Avaliação Ambiental Integrada (AAI) dos Aproveitamentos
Hidrelétricos da Bacia Hidrográfica do rio Tocantins e seus formadores, as instâncias
responsáveis por este processo são:
 Ministério do Meio Ambiente – MMA; considerando-se dentro desta estrutura o
envolvimento da Agência Nacional de Águas – ANA, o Conselho Nacional de Recursos
Hídricos, os Comitês de Bacia Hidrográfica, o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e
Recursos Naturais Renováveis – IBAMA e o Conselho Nacional de Meio Ambiente -
CONAMA.
 Ministério de Minas e Energia – MME, com destaque para a Agência Nacional de Energia
Elétrica – ANEEL e a Empresa de Pesquisa Energética – EPE

Quanto à tutela e defesa dos interesses difusos, ressalta-se a participação do Ministério


Público – MP, em suas instâncias especializadas, e da Advocacia Geral da União - AGU.
 Estado do Pará

No que tange ao Estado do Pará, nos anos 90, o governo definiu como diretriz de atuação
“Desenvolver sem Devastar”, sinalizando a intenção de enfrentar o desafio do
desenvolvimento sustentável nas suas diversas dimensões.

Nesse contexto é que se insere a Secretaria Executiva de Ciência, Tecnologia e Meio


Ambiente – SECTAM/PA, criada pela lei 5.457/88 e encarregada, entre outras atribuições, da
execução do Plano Estadual do Meio Ambiente, elaborado em 1996. Cabe destacar a
atuação do Conselho Estadual de Meio Ambiente – COEMA, órgão colegiado, com funções
deliberativas e consultivas, voltado para as questões ambientais, pois o referido Conselho
subsidia, com suas decisões, a execução das atividades-fim da SECTAM quanto ao meio
ambiente. O Fundo Estadual de Meio Ambiente foi criado em 1995.

Diante desta realidade, estão inseridas algumas organizações que desempenham


significativo papel na região do Pará, como a FETAGRI – Federação dos Trabalhadores da
Agricultura, MST - Movimento dos Sem Terra, CPT - Comissão Pastoral da Terra, Sindicato
dos Produtores Rurais, IMAZON, COPSERVIÇOS, Federação da Agricultura - FUNDEPEC,
entre outras.

A ADEPARA – Agencia de Desenvolvimento do Pará, autarquia criada em 2003, para dar


suporte à Secretaria de Estado da Agricultura, é um exemplo interessante de interação entre
os setores público e privado. Esta autarquia cresceu tanto em representação e
representatividade que, atualmente, é maior do que a Secretaria de Estado da Agricultura em
dotação orçamentária, número de funcionários e representação nos municípios, possuindo
200 postos de atendimento em 110 municípios do Pará.
 Estado do Maranhão

A lei estadual 5.405/92 instituiu o Código de Proteção do Meio Ambiente do Estado do


Maranhão e criou o Sistema Estadual de Meio Ambiente – SISEMA, para a administração da
qualidade ambiental, proteção, controle, desenvolvimento e uso adequado dos recursos
naturais do Estado e concretização da Política Estadual do Meio Ambiente.

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A responsabilidade da implementação deste Sistema de Meio Ambiente é da Secretaria de


Meio Ambiente e Recursos Naturais – SEMA. Faz parte desta estrutura o Conselho Estadual
de Meio - CONSEMA, órgão formado por representantes dos Poderes Públicos Estadual e
Municipal e das organizações não-governamentais (ongs) que atuam na área ambiental,
criado para contribuir com o desenvolvimento sustentável do Estado, com as seguintes
atribuições:
 Estabelecer as diretrizes da política de defesa, preservação e melhoria do meio
ambiente, aprovar os programas setoriais e compatibilizá-los com as normas
constitucionais atinentes;
 Aprovar as normas necessárias à regulamentação e implementação da política de
defesa, preservação e melhoria do meio ambiente;
 Decidir, em grau de recurso, ou por iniciativa própria, projetos governamentais e privados
sobre as implicações ecológicas e de impactos ambientais deles decorrentes;
 Decidir, em grau de recurso administrativo, sobre licenças indeferidas e penalidades
impostas pela SEMA;
 Recomendar, mediante representação da SEMA, a perda e restrição de incentivos,
benefícios fiscais, creditícios e outros, concedidos pelos poderes públicos;
 Normalizar procedimentos para declaração de áreas críticas saturadas ou em vias de
saturação;
 Estabelecer normas de proteção aos recursos hídricos em todo o território estadual;
 Deliberar sobre quaisquer matérias de interesse do CONSEMA.

Cabe destacar a existência do Fundo Estadual de Meio Ambiente – FEMA, vinculado à


Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, e gerenciado pelo Conselho
Estadual de Meio Ambiente, tendo por objetivo financiar planos, programas, projetos,
pesquisas e atividades que visem o uso racional e sustentado de recursos naturais, bem
como auxiliar o controle, fiscalização e recuperação do meio ambiente.

O Conselho Estadual de Recursos Hídricos - CONERH, regulamentado pelo decreto


21.821/05, é o órgão superior, colegiado deliberativo e normativo do Sistema Estadual de
Gerenciamento de Recursos Hídricos. Fazem parte da composição deste Conselho: seis
representantes do Poder Público Estadual; um representante do Poder Público Federal; seis
representantes do Poder Público Municipal; seis representantes dos usuários; seis
representantes das associações e entidades da sociedade civil legalmente constituídas,
ligadas aos recursos hídricos.
 Estado do Tocantins

Em relação à estrutura institucional do Estado do Tocantins, a Secretaria de Estado do


Planejamento e Meio Ambiente – SEPLAN é o órgão normativo da Administração Direta do
Governo, que apóia as atividades do Instituto Natureza do Tocantins - NATURATINS,
autarquia do governo, responsável pelo controle, fiscalização, monitoramento e licenciamento
de atividades geradoras de poluição, com a preocupação fundamental de preservar,
conservar a fauna, a flora, bem como recuperar a qualidade das águas, do ar e do solo. O
NATURATINS tem por finalidade descentralizar as atividades de execução da política
ambiental, desta forma, vem implantando Agências Regionais nas regiões administrativas do
Estado, existindo atualmente dez agências em todo o território tocantinense. O Estado conta

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com a atuação de um Conselho Estadual do Meio Ambiente - COEMA, formado por


representantes de secretarias estaduais, Procuradoria Geral do Estado, NATURATINS,
IBAMA, Federação da Agricultura do Estado do Tocantins, Ministério Público Estadual,
Assembléia Legislativa, Instituições Universitárias representantes de associações
conservacionistas não-governamentais e a Associação dos Prefeitos. Conta também com um
Fundo Estadual de Meio Ambiente.

O decreto 1.743/03 dispõe sobre o Conselho Estadual de Recursos Hídricos, órgão de


caráter consultivo e deliberativo, vinculado à Secretaria do Planejamento e Meio Ambiente –
SEPLAN, que tem por intuito, promover a articulação do planejamento de recursos hídricos
com os planejamentos regionais, municipais e dos setores usuários; arbitrar em última
instância administrativa os conflitos existentes entre Comitês de Bacia Hidrográfica, dentre
diversos outros.

Cabe destacar a ação do Ministério Público do Estado do Tocantins – MPE, por meio da
Promotoria do Meio Ambiente, órgão essencial à fiscalização e defesa dos interesses difusos
e coletivos, por meio de suas instâncias especializadas, e as atividades da Polícia Ambiental
do Estado do Tocantins - CIPAMA, vinculada à Polícia Militar do Estado do Tocantins.

Não se pode deixar de mencionar o fato do Estado do Tocantins ser relativamente recente, o
que de certa forma reflete seu quadro institucional atual e reforça a possibilidade de
mudanças e novas perspectivas do seu modelo de gestão ambiental.
 Estado de Goiás

No Estado de Goiás, compete a Secretaria do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos –


SEMARH, instituída pela lei 12.603/95, com alterações introduzidas pela lei 13.456/99, e,
posteriormente, pela lei 14.383/02, formular, coordenar, articular e executar a política
estadual de gestão e proteção dos recursos ambientais e de gerenciamento dos recursos
hídricos. É também responsável pela formulação e coordenação da Política Estadual de Meio
Ambiente, de recursos hídricos, florestas e biodiversidade, competindo-lhe ainda coordenar e
elaborar o zoneamento agro-ecológico-econômico do Estado. Também está sob
responsabilidade desta Secretaria a elaboração do Plano Estadual de Recursos Hídricos,
bem como administrar a oferta e outorga de uso, para todos os fins, dos recursos hídricos
(águas superficiais e subterrâneas) de domínio do Estado de Goiás, garantindo o seu uso
múltiplo de forma racional e integrada.

A Agência Goiana de Meio Ambiente foi criada pela lei 13.550/99 e regulamentada pelo
decreto 5.142/99, consistindo em uma entidade autárquica estadual, vinculada à Secretaria
do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos, órgão responsável pela execução da política de
proteção, conservação e produção de pesquisas para a utilização racional dos recursos
naturais do Estado de Goiás.

Acresce informar a existência da Agência Goiana de Águas, nos termos da lei 14.475/03,
órgão vinculado à Secretaria do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos.

Além disso, o Estado conta com o Conselho Estadual do Meio Ambiente – CEMAM, que tem
por finalidade deliberar sobre normas regulamentares e técnicas, padrões e outras medidas
de caráter operacional para a preservação e a conservação do meio ambiente e dos recursos
ambientais. Conta ainda com o Conselho Estadual de Recursos Hídricos.

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O Fundo Especial – FEMA foi criado pela lei 12.603/95 e regulamentado pela lei
complementar 20/96, que estabelece diretrizes para o controle, gestão e fiscalização do
Fundo, visa atender programas, projetos e atividades no sentido de elevar a qualidade
ambiental do Estado de Goiás. O FEMA conta com apoio técnico e administrativo da
Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos e suas atividades são acompanhadas pelo
CEMAM.

Conforme exposto na lei 13.123/97, o Estado prevê um sistema integrado de gerenciamento


de recursos hídricos e apresenta uma Política Estadual de Recursos Hídricos, com o objetivo
assegurar que a água, recurso natural essencial à vida, ao desenvolvimento econômico e ao
bem estar social, possa ser controlada e utilizada, em quantidade e em padrões de qualidade
satisfatórios, por seus usuários atuais e pelas gerações futuras, em todo território do Estado
de Goiás. Faz parte da estrutura do sistema o Conselho Estadual de Recursos Hídricos e os
Comitês de Bacia Hidrográfica.

De acordo com pesquisa realizada pelo Ministério do Meio Ambiente – MMA em conjunto
com o Programa Nacional do Meio Ambiente II – PNMA II, no ano de 2001, intitulado
Diagnóstico da Gestão Ambiental nas Unidades da Federação – Estado de Goiás, as
principais dificuldades encontradas no que tange à articulação institucional deste Estado,
“referem-se à falta de pessoal especializado e de infra-estrutura operacional. A maioria das
pessoas acumula funções e dificilmente estão disponíveis para articulações em nível mais
abrangente, ou seja, fora do órgão. Esse é, enfim, um problema institucional”.

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5. LEVANTAMENTO E AVALIAÇÃO DA LEGISLAÇÃO


APLICÁVEL
5.1. Levantamento da Legislação Aplicável
Apresenta-se a seguir o elenco dos principais diplomas normativos que se aplicam às
questões objeto do presente estudo ambiental, acompanhados de breve histórico sobre seu
teor, ora abordando determinado diploma legal de forma abrangente - quando a maioria ou a
totalidade dos dispositivos tem pertinência com os temas enfocados -, ora destacando um ou
alguns aspectos fundamentais.

O levantamento e a sistematização da legislação pautou-se basicamente por 3 critérios


metodológicos: (i) sistematização por competência, dividindo-se a legislação em federal e
estadual (referente aos Estados de Goiás, Maranhão, Pará e Tocantins); (ii) sistematização
por hierarquia normativa, considerando-se, dentro da divisão da legislação em federal e
estadual, as disposições das Constituições Federal e dos Estados, das leis ordinárias, dos
decretos e dos atos infra-legais (resoluções, portarias, instruções normativas, expedidas
pelos Conselhos de Meio Ambiente, de Recursos Hídricos, IBAMA, Ministério do Meio
Ambiente, Agências Reguladoras, entre outros); (iii) sistematização por temas de interesse,
quais sejam: competência em matéria ambiental, competência em matéria de geração de
energia, regulação do setor energético, proteção e uso dos recursos hídricos, aspectos
institucionais e relacionados ao controle e fiscalização ambiental, áreas especialmente
protegidas, proteção à fauna, patrimônio histórico e cultural, comunidades indígenas,
quilombolas e outras comunidades tradicionais.

A Legislação Aplicável é apresentada no Anexo XXII do presente relatório.

5.2. Análise da Legislação em Vigor e Identificação de Conflitos Legais

5.2.1. Aspectos legais relacionados ao uso dos recursos hídricos


No que diz respeito ao domínio, a Constituição Federal classifica os recursos hídricos de
forma geral como bens de domínio público, pertencentes à União, nos termos do artigo 20,
incisos I a VI, merecendo destaque o inciso III, que menciona os rios e correntes de água que
banhem mais de um Estado e aqueles que estejam situados em terrenos de seu domínio. O
inciso VIII deste mesmo dispositivo classifica também os potenciais de energia hidráulica
como bens da União. Pertencem aos Estados as águas superficiais ou subterrâneas,
fluentes, emergentes em depósito, ressalvadas as decorrentes de obras da União, conforme
o inciso I do artigo 26 da Constituição.
Dada a natureza jurídica dos recursos hídricos, qualificados como bens públicos e, mais
especificamente, bens públicos ambientais, disso decorre sua indisponibilidade pelo Poder
Público, que também deve tutelar os interesses difusos (entendidos como os interesses de
toda a coletividade, sem que se possa identificar ou individualizar este ou aquele legítimo
interessado) referentes ao uso, exploração e preservação dos mesmos.
Anteriormente à Constituição de 1988, a legislação já avançava sob essa ótica, tendo como
ponto de partida a classificação das águas de domínio público e a regulação do uso conforme
os interesses públicos e privados, nos termos do Código de Águas (decreto-lei 852/38) e do
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decreto 24.643/34, que o antecedeu. A lei 9.433/97, que instituiu a Política Nacional de
Recursos Hídricos manteve o princípio de que os usos devem respeitar a classificação dos
corpos hídricos e a qualidade das águas, bem como devem ser assegurados os usos
múltiplos de um mesmo corpo de água. A Resolução CONAMA 357/05 (alterada pela
Resolução 370/06), que revogou a Resolução CONAMA 20/86, dispõe sobre a classificação
dos corpos de água e dá as diretrizes ambientais para o seu enquadramento.
Além disso, ao disciplinar o uso dos recursos hídricos, a lei 9.433/97 retomou o conceito
constitucional de que a água é um bem público. Por outro lado, consubstancia um recurso
limitado, dotado de valor econômico. Em função de ser limitado, deve-se assegurar seu uso
múltiplo, priorizando-se o consumo humano e a dessedentação de animais. Assume-se,
como unidade de gestão, a bacia hidrográfica, o que remonta a legislação anterior e, por
conta do uso múltiplo e o respeito aos interesses locais e regionais, assegura-se a gestão
descentralizada.
A regulação do uso dos recursos hídricos objetiva preservar sua disponibilidade,
promovendo-se, portanto, o uso racional sem desconsiderar a atividade econômica de forma
sustentável.
Além de descentralizada, a gestão dos recursos hídricos deve assumir a integração com a
gestão ambiental, com o uso do solo e a articulação com outros segmentos, como os
usuários.
Como instrumentos da política são definidos os Planos de Recursos Hídricos, o
enquadramento dos corpos de água em classes conforme os usos preponderantes, a outorga
dos direitos de uso, a cobrança pelo uso e o Sistema de Informações sobre Recursos
Hídricos.
Os Planos, por bacia, Estado e para o país, devem conter diagnóstico da situação atual,
análise de alternativas de crescimento demográfico, evolução de atividades produtivas e
modificações dos padrões de ocupação do solo, balanço entre disponibilidade e demanda
identificando-se os conflitos, metas de racionalização do uso, projetos para atendimento das
metas, priorização de outorgas, diretrizes e critérios para cobrança, medidas de proteção.
Convém destacar que recentemente o Conselho Nacional de Recursos Hídricos, por meio da
Resolução CNRH 58/06, aprovou o Plano Nacional, que já se encontra em vigor e é
composto de 4 volumes, quais sejam: I – Panorama e Estado dos Recursos Hídricos do
Brasil, II – Águas para o Futuro: Cenários para 2020, III – Diretrizes; IV – Programas
Nacionais e Metas.
A outorga de direito de uso de recursos hídricos será abordada detalhadamente adiante.
Quanto ao Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos, o mesmo consiste em
um banco de informações de livre acesso sobre a situação qualitativa e quantitativa dos
recursos hídricos nacionais, contendo dados atualizados sobre disponibilidade e demanda,
bem como subsídios para elaboração dos Planos de Recursos Hídricos.
A lei prevê ainda que União e Estados atuem cada qual no seu âmbito de competência no
que diz respeito à política de recursos hídricos, promovendo a integração entre as políticas
federal e estadual, bem como a integração com outras políticas (saneamento, gestão
ambiental, etc). Para tanto, é previsto o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos
Hídricos (SINGREH), integrado pelo Conselho Nacional e os Estaduais de Recursos Hídricos,
a Agência Nacional de Águas, os Comitês de Bacias Hidrográficas, as Agências de Água e

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outros órgãos que se relacionem com a gestão de recursos hídricos em âmbito federal e
estadual.
O Conselho Nacional de Recursos Hídricos tem representação governamental e da
sociedade civil, definida nos termos da lei, sendo-lhe atribuídas, entre outras competências:
(i) a articulação do planejamento de recursos hídricos com os planejamentos nacional,
regional, estaduais e dos setores usuários; (ii) arbitrar, em última instância administrativa, os
conflitos existentes entre Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos; (iii) deliberar sobre os
projetos de aproveitamento de recursos hídricos cujas repercussões extrapolem o âmbito dos
Estados em que serão implantados; (iv) deliberar sobre as questões que lhe tenham sido
encaminhadas pelos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos ou pelos Comitês de Bacia
Hidrográfica; (v) analisar propostas de alteração da legislação relativa a recursos hídricos e à
Política Nacional de Recursos Hídricos; (vi) estabelecer diretrizes complementares para
implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos, aplicação de seus instrumentos e
atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos; (vii) aprovar
propostas de instituição dos Comitês de Bacia Hidrográfica e estabelecer critérios gerais para
a elaboração de seus regimentos; (viii) acompanhar a execução e aprovar o Plano Nacional
de Recursos Hídricos e determinar as providências necessárias ao cumprimento de suas
metas; (ix) estabelecer critérios gerais para a outorga de direitos de uso de recursos hídricos
e para a cobrança por seu uso.
Os Comitês de Bacia Hidrográfica atuam no âmbito da bacia correspondente de forma similar
à atuação do Conselho Nacional em âmbito federal, de modo a estabelecer uma hierarquia
em que as ações e deliberações do Conselho têm caráter geral e os Comitês têm inserção
específica na bacia correspondente.
Os Comitês de Bacia Hidrográfica têm por atribuição: (i) promover o debate das questões
relacionadas a recursos hídricos e articular a atuação das entidades intervenientes; (ii)
arbitrar, em primeira instância administrativa, os conflitos relacionados aos recursos hídricos;
(iii) aprovar o Plano de Recursos Hídricos da bacia; (iv) acompanhar a execução do Plano de
Recursos Hídricos da bacia e sugerir as providências necessárias ao cumprimento de suas
metas; (v) propor ao Conselho Nacional e aos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos as
acumulações, derivações, captações e lançamentos de pouca expressão, para efeito de
isenção da obrigatoriedade de outorga de direitos de uso de recursos hídricos, de acordo
com os domínios destes; (vi) estabelecer os mecanismos de cobrança pelo uso de recursos
hídricos e sugerir os valores a serem cobrados; (vii) estabelecer critérios e promover o rateio
de custo das obras de uso múltiplo, de interesse comum ou coletivo.
As Agências de Água, nos termos da lei, art. 41, exercem a função de secretaria executiva
dos Comitês de Bacia Hidrográfica, tendo a mesma área de atuação que estes, competindo-
lhes, entre outras obrigações: (i) manter balanço atualizado da disponibilidade de recursos
hídricos em sua área de atuação; (ii) manter o cadastro de usuários de recursos hídricos; (iii)
efetuar, mediante delegação do outorgante, a cobrança pelo uso de recursos hídricos; (iv)
analisar e emitir pareceres sobre os projetos e obras a serem financiados com recursos
gerados pela cobrança pelo uso de Recursos Hídricos e encaminhá-los à instituição
financeira responsável pela administração desses recursos; (v) acompanhar a administração
financeira dos recursos arrecadados com a cobrança pelo uso de recursos hídricos em sua
área de atuação; (vi) gerir o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos em sua área
de atuação; (vii) promover os estudos necessários para a gestão dos recursos hídricos em
sua área de atuação; (viii) elaborar o Plano de Recursos Hídricos para apreciação do

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respectivo Comitê de Bacia Hidrográfica; (iv) propor ao respectivo ou respectivos Comitês de


Bacia Hidrográfica: a) o enquadramento dos corpos de água nas classes de uso, para
encaminhamento ao respectivo Conselho Nacional ou Conselhos Estaduais de Recursos
Hídricos, de acordo com o domínio destes; b) os valores a serem cobrados pelo uso de
recursos hídricos; c) o plano de aplicação dos recursos arrecadados com a cobrança pelo uso
de recursos hídricos; d) o rateio de custo das obras de uso múltiplo, de interesse comum ou
coletivo. Enquanto não estiverem implementados, sua função pode ser delegada às
organizações sem fins lucrativos previstas em lei.
A Secretaria Executiva do Conselho Nacional de Recursos Hídricos será exercida pelo órgão
integrante da estrutura do Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da
Amazônia Legal, responsável pela gestão dos recursos hídricos.
Por fim, a Agência Nacional de Águas – ANA, criada pela lei federal 9.984/00, tem por função
principal a implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos, promovendo a
articulação dos planejamentos nacional, regionais, estaduais e dos setores usuários
integrantes do SINGREH.
Entre outras funções, compete à ANA: (i) supervisionar, controlar e avaliar as ações e
atividades decorrentes do cumprimento da legislação federal pertinente aos recursos hídricos;
(ii) disciplinar, em caráter normativo, a implementação, a operacionalização, o controle e a
avaliação dos instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos; (iii) outorgar, por
intermédio de autorização, o direito de uso de recursos hídricos em corpos de água de
domínio da União; (iv) fiscalizar os usos de recursos hídricos nos corpos de água de domínio
da União; (v) estimular e apoiar as iniciativas voltadas para a criação de Comitês de Bacia
Hidrográfica; (vi) implementar, em articulação com os Comitês de Bacia Hidrográfica, a
cobrança pelo uso de recursos hídricos de domínio da União; (vii) organizar, implantar e gerir
o Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos; (viii) prestar apoio aos Estados
na criação de órgãos gestores de recursos hídricos.
A ANA pode delegar funções de sua competência às Agências de Água ou de Bacia
Hidrográfica.

5.2.1.1. Outorga de uso dos recursos hídricos


O uso e a exploração de recursos hídricos dependem de outorga de uso concedida pelo
Poder Público Federal, representado pela ANA – Agência Nacional de Águas, conforme
competência legal, ou, quando esta delegar, pelos Estados ou Distrito Federal.
A outorga de uso dos recursos hídricos visa controlar e possibilitar a acessibilidade aos
mesmos, sem implicar alienação do bem público.
O prazo máximo de vigência da outorga é de 35 anos, renovável, desde que em
conformidade com os Planos de Recursos Hídricos e com as deliberações dos Comitês de
Bacias Hidrográficas, conjugado com o porte, a natureza e a relevância sócio-econômica do
empreendimento. A lei 9.433/97 também prevê a possibilidade de suspensão parcial ou total
da outorga nos casos de calamidade, ou como medida de prevenção a degradação
ambiental, ou quando concorrer uso de interesse coletivo - que deve ser sempre priorizado -
para o qual não exista alternativa, ou ainda quando for necessário manter as características
de navegabilidade do curso de água, bem como nas hipóteses de ausência do uso previsto
por 3 anos consecutivos ou descumprimento dos termos da outorga.

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No que diz respeito às outorgas para as concessionárias de energia hidrelétrica, os prazos


devem coincidir com os prazos de vigência dos contratos de concessão respectivos (art. 5º,
§4º, lei 9.984/00). A ANA também tem competência para emitir outorga preventiva, cuja
finalidade é declarar a disponibilidade de água para o uso pretendido, o que não confere o
direito de uso, mas possibilita o planejamento dos empreendimentos, tendo em vista que o
uso fica reservado para esse fim (art. 6º, lei 9.984/00).
Está condicionado a outorga qualquer uso que altere o regime, a quantidade e a qualidade da
água, inclusive o aproveitamento dos potenciais hidrelétricos (art. 12, inciso IV) sendo que,
neste caso, o uso também deve se subordinar ao Plano Nacional de Recursos Hídricos (art.
12, §2º). São igualmente previstos casos em que a outorga será dispensada, tidos como
casos de uso insignificante ou mínimo.
A outorga não implica finalidade exclusiva de uso, ao contrário, deve-se preservar o uso
múltiplo das águas, que consiste em um dos princípios da Política Nacional de Recursos
Hídricos expressamente previstos em lei. Bem por isso, a outorga somente será concedida se
a atividade pretendida for compatível com o uso preponderante em que se classifica o curso
de água, devendo ser priorizado o uso para consumo humano e para a dessedentação de
animais.
Ademais os usos sujeitos a outorga poderão ser cobrados, sendo os valores revertidos para a
mesma bacia hidrográfica, aplicados em estudos, programas ou projetos para preservação e
conservação dos potenciais hídricos.

5.2.1.2. Aproveitamento dos recursos hídricos para geração de energia elétrica –


legislação federal
No que diz respeito especificamente à geração de energia elétrica a partir dos potenciais
hídricos, verifica-se a integração entre os setores regulatórios de recursos hídricos e de
energia elétrica.
Sob esse aspecto, a ANA, nos termos da lei 9.984/00, além de conceder outorga para uso de
recursos hídricos em corpos de água de domínio da União, também tem competência para
definir e fiscalizar as condições de operação de reservatórios por agentes públicos e
privados, visando garantir o uso múltiplo dos recursos hídricos, conforme estabelecido nos
planos de recursos hídricos das respectivas bacias hidrográficas.
O §3º do artigo 4º da lei 9.984/00 estabelece que a definição das condições de operação dos
reservatórios de aproveitamentos hidrelétricos deve ser feita em articulação com o Operador
Nacional do Sistema Elétrico – ONS.
Nos termos do artigo 25 desse mesmo diploma legal, as atividades de operação e
manutenção de reservatórios, canais e adutoras de domínio da União, excetuada a infra-
estrutura componente do Sistema Interligado Brasileiro, operado pelo Operador Nacional do
Sistema Elétrico – ONS fica descentralizada para a ANA.
Ainda sobre a emissão de outorga, a ANA emite outorga preventiva para declarar a
disponibilidade de água para o uso pretendido. Para promover licitação para concessão de
uso de potencial de energia hidráulica em corpo de água da União, a ANEEL deve obter junto
à ANA a declaração de reserva de disponibilidade hídrica (art. 7º, lei 9.984/00). Quando o
corpo de água for de domínio estadual, a declaração em questão será obtida em articulação
com a entidade gestora dos respectivos recursos hídricos. A declaração converte-se

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automaticamente em outorga de direito de uso em favor da empresa que receber a


concessão da ANEEL.
A ANEEL tem por finalidade regular e fiscalizar a produção, transmissão, distribuição e
comercialização de energia elétrica.
A lei federal 9.074/95 atribui competência à ANEEL para declarar de utilidade pública visando
desapropriação ou instituição de servidão administrativa das áreas necessárias à implantação
de instalações de concessionários.
Conforme a lei 9.427/96, que criou a ANEEL, cabe à mesma: (i) implementar as políticas e
diretrizes do governo federal para a exploração de energia elétrica e o aproveitamento dos
potenciais hidráulicos; (ii) promover a licitação para concessão para aproveitamento de
potenciais hidráulicos e para de uso do potencial de energia hidráulica; (iii) assinar os
contratos decorrentes, regular e fiscalizar sua execução; (iv) declarar a utilidade pública
visando desapropriação ou instituição de servidão administrativa das áreas necessárias à
implantação das instalações de concessionários.
Neste contexto, cabe destacar as atribuições da EPE – Empresa de Pesquisa Energética,
criada pela lei 10.857/04, que tem por finalidade prestar serviços na área de estudos e
pesquisas destinadas a subsidiar o planejamento do setor energético, tais como energia
elétrica, entre outros.
À EPE compete, entre outras atribuições: (i) realizar estudos e projeções da matriz energética
brasileira, (ii) identificar e quantificar os potenciais de recursos energéticos, (iii) realizar
estudos para a determinação dos aproveitamentos ótimos dos potenciais hidráulicos; (iv)
obter a licença prévia ambiental e a declaração de disponibilidade hídrica necessárias às
licitações envolvendo empreendimentos de geração hidrelétrica e de transmissão de energia
elétrica, selecionados pela EPE; (v) desenvolver estudos de impacto social, viabilidade
técnico-econômica e socioambiental para os empreendimentos de energia elétrica e de
fontes renováveis.
Há ainda que se considerar que os estudos e pesquisas feitos pela EPE subsidiam as ações
do Ministério de Minas e Energia no que se refere à política energética nacional.

5.2.1.3. Aproveitamento de recursos hídricos para geração de energia elétrica –


legislação estadual
No que tange à legislação estadual sobre o tema, a análise às leis de cada um dos Estados
que compõem a Bacia em estudo segue e endossa a legislação federal, apresentando
algumas especificidades e um grau de detalhe maior, sobretudo nos Estados do Pará e de
Goiás. No Maranhão os diplomas legais em matéria ambiental apresentam muito poucas
disposições acerca da geração hidrelétrica e temas correlatos; a lei que institui a Política
Estadual de Recursos Hídricos é recente, do ano de 2004, e o Conselho Estadual de
Recursos Hídricos foi criado em 2005. No Estado do Tocantins observa-se algo semelhante,
destacando-se, neste caso, tratar-se de uma organização administrativa e legal ainda em
estruturação.
 Goiás
Em Goiás, a lei 13.123/97, que instituiu a Política Estadual de Recursos Hídricos de Goiás,
previu:

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1) Compensação aos municípios afetados por áreas inundadas resultantes da implantação de


reservatórios e por restrições impostas pelas leis de proteção de recursos hídricos e
ambientais;
2) O desenvolvimento de programas permanentes de conservação e proteção dos
mananciais de abastecimento público, com especial atenção para a bacia hidrográfica do Rio
Meia Ponte e daqueles com potencial para utilização futura;
3) Os municípios com áreas inundadas por reservatórios ou afetados por seus impactos ou
aqueles que vierem a sofrer restrições por força da instituição, pelo Estado, de lei de proteção
de mananciais, de áreas de proteção ambiental ou outros espaços territoriais especialmente
protegidos, terão programas de desenvolvimento promovidos pelo Estado, formulados e
vinculados ao uso múltiplo dos reservatórios ou ao desenvolvimento regional integrado ou à
proteção ambiental.
4) O produto da participação ou a compensação financeira do Estado, no resultado da
exploração de potenciais hidroenergéticos em seu território será aplicado, prioritariamente,
nos programas de desenvolvimento, sob as condições estabelecidas em lei específica e em
regulamento;
5) O Estado deverá se articular com a União, Estados vizinhos e Municípios, visando o
aproveitamento e controle dos recursos hídricos em seu território, inclusive para fins de
geração de energia elétrica, levando em conta, principalmente: (i) a utilização múltipla dos
recursos hídricos, especialmente para fins de abastecimento urbano, irrigação, navegação,
aqüicultura, turismo, recreação, esportes, lazer e mineração; (ii) o controle de cheias, a
prevenção de inundações, a drenagem e a correta utilização das várzeas; (iii) a proteção da
flora e fauna aquáticas e do meio ambiente;
6) A implantação de qualquer empreendimento que demande a utilização de recursos
hídricos, superficiais e/ou subterrâneos, a execução de obras ou serviços que alterem seu
regime, qualidade ou quantidade, dependerá de prévia manifestação, autorização ou licença
dos órgãos e entidades competentes, definidos pelo art. 132 da Constituição Estadual;
7) Ressalvados os casos de competência privativa da União, as águas públicas de domínio
do Estado de Goiás somente poderão ser derivadas após cadastramento e outorga da
respectiva concessão, autorização ou permissão expedida pela Secretaria Estadual do Meio
Ambiente e dos Recursos Hídricos;
8) A cobrança pelo uso de recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica será
regulada pela legislação federal específica;
9) A concessão ou autorização de obras de regularização de vazão, com potencial de
aproveitamento múltiplo, deverá ser precedida de negociação sobre o rateio de custos entre
os beneficiários, inclusive as de aproveitamento hidrelétrico, mediante articulação com a
União;
Nos termos da lei estadual 14.475/03, que criou a Agência Goiana de Águas, a mesma tem
competência para a fiscalização do cumprimento das outorgas de uso de recursos hídricos.
Conforme a Portaria 130/99 da Secretaria do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da
Habitação de Goiás, a utilização de recursos hídricos considerada de utilidade pública
depende de concessão de direito de uso. A Secretaria poderá determinar que os outorgados
instalem e operem estações e equipamentos hidrométricos, promovam estudos de caráter

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hidrológicos, ou a reembolsem dos respectivos custos, ficando obrigados a encaminhar-lhe


os dados observados e medidos, na forma preconizada no ato de outorga e de conformidade
com as normas e procedimentos estabelecidos.
Ainda quanto à outorga de concessão, a Resolução 09/04 do Conselho Estadual de Recursos
Hídricos, que regulamenta o Sistema de Outorga de Águas de domínio do Estado de Goiás,
estabelece que:
1) O uso para fins de aproveitamento hidrelétrico está sujeito a outorga;
2) A acumulação de águas em barramentos para fins de geração de energia elétrica será
outorgada pelo prazo idêntico ao estipulado na concessão de exploração do potencial
hidroelétrico pelo órgão responsável;
3) A vazão adotada como referência para a outorga do direito de uso das águas de domínio
do Estado de Goiás é a vazão com garantia de permanência em 95% (noventa e cinco por
cento) do tempo (Q95), considerando a bacia de contribuição no ponto de captação, onde
esta informação estiver disponível;
4) A vazão máxima outorgável corresponde a 70% da vazão de referência definida no item
anterior;
5) Nos casos que não existirem as informações hidrológicas necessárias ao cálculo da vazão
de referência adotada, será utilizada como vazão de referência a menor vazão medida no
local, realizada preferencialmente no período de estiagem e com equipamentos de precisão,
sendo que para a vazão medida fora do período de estiagem adotar-se á um coeficiente de
redução com base em séries históricas fluviométricas da bacia hidrográfica.
6) A outorga será expedida pela Secretaria através de portaria específica, mediante
requerimento do interessado, instruído com projetos, estudos e demais documentos e
informações pertinentes ao assunto, conforme regulamento da SEMARH. As concessões e
autorizações são intransferíveis e por prazo determinado, ressalvados os direitos de terceiros;
7) Na análise dos requerimentos de outorga serão considerados: (i) o interesse público dos
projetos; (ii) os investimentos do poder público, principalmente nos setores de saneamento e
abastecimento; (iii) o Plano Estadual de Recursos Hídricos e o respectivo Plano de Bacia
Hidrográfica; (iv) as tecnologias e sistemas mais econômicos no uso de água; (v) os usos
múltiplos e integrados de recursos hídricos; (vi) os potenciais usos futuros, com reflexos
socioeconômicos em cada bacia hidrográfica;
8) O Poder Outorgante poderá emitir outorga preventiva de uso dos recursos hídricos, nos
termos da legislação federal, com prazo máximo fixado de acordo com a complexidade do
planejamento do empreendimento, limitando-se ao máximo de 3 anos;
9) O ato administrativo de outorga não exime o outorgado do cumprimento da legislação
ambiental pertinente ou das exigências feitas por outros órgãos e entidades competentes;
10) As outorgas a montante das captações de água para abastecimento público, deverão
executar medidas de proteção aos respectivos mananciais e afluentes, tais como: respeito às
áreas de preservação permanente, topos de morros, nascentes e margens dos cursos
hídricos, afastamento de fontes poluidoras aos limites mínimos de 200m, implantação de
medidas de conservação de solos (terraceamentos, murundus e outras), bacias de efluentes
agropecuários e/ou industriais.
 Pará
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No Pará destaca-se a lei estadual 5.887/95, que institui a Política Estadual do Meio Ambiente
do Estado. Há disposições legais dedicadas exclusivamente à infra-estrutura energética, que
podem ser sintetizadas nos seguintes aspectos:
1) Os aproveitamentos hidrelétricos deverão assegurar o uso múltiplo da água, em especial a
necessária ao abastecimento público, à irrigação e ao lazer, bem como a reprodução das
espécies da fauna aquática e terrestre;
2) As barragens dos aproveitamentos hidrelétricos deverão assegurar a navegabilidade dos
cursos d´água potencialmente navegáveis;
3) Os concessionários do aproveitamento hidrelétrico ficam obrigados a fomentar o manejo
integrado de solos e águas nas áreas de contribuição direta dos reservatórios das usinas
hidrelétricas, sob orientação do órgão ambiental;
4) No planejamento e na execução de projetos de aproveitamento hidrelétricos, deverão ser
privilegiadas alternativas que minimizem a remoção e inundação de núcleos populacionais,
reservas indígenas, remanescentes florestais nativos e associações vegetais relevantes;
5) A execução de projetos de aproveitamento hidrelétricos deverá ser precedida e
acompanhada de medidas que assegurem a proteção de espécies raras, vulneráveis ou em
perigo de extinção, da fauna e da flora, bem como das áreas representativas dos
ecossistemas a serem afetados;
6) Os reservatórios das usinas hidrelétricas deverão ser dotados de faixa marginal de
proteção, constante de floresta, plantada com essências nativas;
7) Nas áreas a serem inundadas pelos projetos de aproveitamento hidrelétricos deverão ser
tomadas medidas que evitem ou atenuem alterações negativas na qualidade da água e
propiciem o pleno aproveitamento da biomassa vegetal afetada;
8) Os padrões operacionais das usinas hidrelétricas deverão ser fixados de forma a evitar ou
minimizar os impactos ambientais negativos;
9) Os padrões de emissões da qualidade de água dos reservatórios das usinas hidrelétricas
deverão ser, obrigatoriamente, sujeitos a automonitoramento;
10) É vedada a instalação de unidades geradoras de energia de qualquer natureza em locais
de ocorrência de falhas geológicas que possam colocar em risco a estabilidade destas
unidades.
 Tocantins
No Estado do Tocantins, a Portaria Naturatins 06/01 menciona o uso de recursos hídricos
para fins de aproveitamento de potenciais hidrelétricos, a fim de sujeitar referido uso à
concessão de outorga.
 Maranhão
No Maranhão, a Política Estadual do Meio Ambiente, lei estadual 5.405/92, dispõe:
1) O proprietário ou concessionário de represas ou cursos d'água, além de outras disposições
legais, é obrigado a tomar medidas de proteção à fauna. No caso de construção de
barragens, tais medidas deverão ser adotadas quer no período de instalação, fechamento de
comportas ou operações de rotina.

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2) Do produto da cobrança pela utilização de recursos hídricos será destinada uma parte
percentualmente definida, na forma da lei, com o objetivo de assegurar a proteção das águas
mediante sua aplicação para defesa e desenvolvimento dos demais recursos naturais e
controle de poluição, observadas as peculiaridades das respectivas bacias hidrográficas.
A Política Estadual de Recursos Hídricos, lei estadual 8.149/04, sobre o assunto em questão
apenas estabelece que a outorga e a utilização de recursos hídricos para fins de geração de
energia elétrica estará subordinada ao Plano Nacional de Recursos Hídricos, aprovado na
forma do disposto na Lei Federal nº 9.433, de 08 de janeiro de 1997, e obedecida a disciplina
da legislação setorial especifica.

5.2.2. Aspectos legais relacionados ao uso e ocupação territorial


Uma vez abordado o uso dos recursos hídricos, outro aspecto a ser considerado é a
intervenção nos espaços territoriais, ressaltando-se as áreas especialmente protegidas pela
legislação ambiental. São consideradas fundamentalmente as áreas de preservação
permanente, as unidades de conservação e as reservas legais.
A legislação federal identifica e define as áreas em questão, visando sempre a conservação
da biodiversidade dos ecossistemas associados a esses espaços, a perpetuação das
espécies e a preservação ou manutenção dos atributos naturais característicos. As
disposições normativas regulam o uso e a intervenção nessas áreas, prevendo limitações de
uso e as circunstâncias que possibilitam alterações locais, bem como mecanismos de
controle, gestão e fiscalização incidente sobre as mesmas, pelo Poder Público.
Importa dizer que as normas estaduais que regulam o assunto têm caráter complementar em
relação à legislação federal no que concerne à definição e à caracterização dos espaços
protegidos e, em termos de regulação do uso ou intervenção e de medidas de controle, são
mais restritivas, consoante os princípios de direito ambiental.

5.2.2.1. Definição e Limites das Áreas Especialmente Protegidas


 Áreas de Preservação Permanente
O Código Florestal oferece, no artigo 2º, listagem exaustiva dos espaços territoriais
considerados Áreas de Preservação Permanente, identificando os limites de abrangência das
áreas a serem preservadas: (i) ao longo de rios e no entorno de outros cursos de água, de
acordo com as larguras das faixas marginais discriminadas; (ii) nos relevos e encostas,
conforme as declividades e altitudes previstas na lei, bem como as áreas de entorno destes;
(iii) nas áreas de mangue, dunas, restingas; (iv) as florestas situadas em terras indígenas.
De forma mais genérica, o Código Florestal também discrimina como APPs dependentes de
ato do Poder Público as formas de vegetação destinadas a: (i) atenuar a erosão das terras;
(ii) formar faixas de proteção ao longo de rodovias e ferrovias; (iii) auxiliar a defesa nacional a
critério das autoridades militares; (iv) proteger sítios de excepcional beleza ou de valor
científico ou histórico; (v) asilar exemplares da fauna ou flora ameaçados de extinção; (vi)
manter o ambiente necessário à vida das populações silvícolas; (vii) assegurar condições de
bem-estar público.
A resolução CONAMA 303/02, complementando o Código Florestal, define como APP, além
das áreas já previstas naquele diploma legal, as áreas que delimita em porções de relevo,
conforme as alturas e confrontações que define (topos, linhas de cumeada, determinadas
altitudes ou ainda entre morros).
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Em se tratando de áreas e aglomerações urbanas ou ainda regiões metropolitanas, o Código


Florestal reputa serem válidas as disposições dos planos diretores e das leis de uso do solo,
respeitados os limites das APPs acima mencionadas.

Goiás

A Política Florestal (lei 12.596/95) identifica como APP as mesmas áreas definidas no Código
Florestal.

Pará

No Pará, conforme a lei estadual 5.879/94, as áreas agrícolas degradadas que forem
recuperadas e não apresentarem condições de aproveitamento serão consideradas APP
perpetuamente.

Tocantins

A Política Florestal do Tocantins (lei 771/95) prevê as mesmas delimitações de APPs do


Código Florestal, sendo mais específica que este no que tange às delimitações de áreas no
entorno ou faixa marginal de cursos hídricos.

Em acréscimo, a Constituição do Estado torna obrigatória a preservação das áreas de


vegetação natural e de produção de frutos nativos, especialmente de babaçu, buriti, pequi,
jatobá, araticum e de outros indispensáveis à sobrevivência da fauna e das populações que
deles se utilizam.

Maranhão

A Política Estadual de Meio Ambiente (lei 5.405/92) discrimina como APP, além do que prevê
o Código Florestal: os buritizeiros e juçareiras; os manguezais; os olhos d’água, nascentes,
mananciais e vegetações ciliares; as cavidades naturais subterrâneas, as paisagens
notáveis, as áreas estuarinas, as Palmáceas nativas, os recifes e corais.

O zoneamento ambiental pode prever limites diferentes para as APPs.

 Unidades de Conservação

De acordo com o que dispõe a lei federal 9985/2000 – Sistema Nacional de Unidades de
Conservação – SNUC, Unidades de Conservação são os espaços territoriais e respectivos
recursos (incluídos espaço aéreo e subsolo que interfiram na estabilidade da área), com
características naturais relevantes e limites definidos, instituídos pelo Poder Público, sob
regime especial de administração, visando à preservação ambiental.

As UCs dividem-se em:


− Unidades de Proteção Integral, nas quais é permitido o uso indireto dos recursos.
Subdividem-se em: estação ecológica; reserva biológica; parque nacional; monumento
natural; refúgio de vida silvestre.
− Unidades de Uso Sustentável, onde é permitido o uso direto de recursos, geralmente
por populações tradicionais, conforme planos de manejo específicos. Subdividem-se

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em: área de proteção ambiental (APA); área de relevante interesse ecológico; floresta
nacional; reserva extrativista; reserva de fauna; reserva de desenvolvimento
sustentável; reserva particular do patrimônio natural.

À exceção de APA e Reserva Particular do Patrimônio Natural, as UCs devem possuir zona
de amortecimento e, quando couber, corredores ecológicos, com delimitação definida pelo
Poder Público.

Goiás

Nos termos da lei 14.247/02 (que instituiu o SEUC), as UCs são classificadas em:
− UCs de uso indireto, nas quais não é permitida a exploração de quaisquer recursos
naturais. São áreas de domínio público e abrangem as reservas biológicas, estações
ecológicas, parques estaduais e municipais;
− UCs de uso direto, nas quais é permitido o uso, mediante manejo múltiplo e
sustentável. Podem ser de domínio público ou particular e abrangem as florestas
estaduais e municipais, bem como as áreas de proteção ambiental (APAs)
A lei autoriza o Poder Executivo a criar unidades de conservação representativas do bioma
cerrado.

Pará
No Pará, a lei estadual 5.887/95 (Política Estadual do Meio Ambiente) classifica as UCs e
define o respectivo uso da seguinte forma:
− Unidades de Proteção Integral - proteção e preservação total, com o mínimo de
alterações e uso indireto dos recursos;
− Unidades de Manejo Provisório – uso indireto sustentável por parte das
comunidades tradicionais;
− Unidades de Manejo Sustentável – uso direto dos recursos em regime de manejo
sustentado.

Tocantins
A divisão das Unidades de Conservação em grupos e categorias, consoante a lei 1.560/05,
segue a mesma definição da lei federal 9.985/00 (SNUC).

Maranhão
A Política Estadual de Meio Ambiente (lei 5.405/92) caracteriza como áreas de relevante
interesse ecológico (ARIEs), as áreas onde se situem palmeiras de babaçu, os aririzeiros e as
bacabeiras.

 Reservas Legais
Considerando principalmente a MP 2166-67/2001, que alterou o Código Florestal quanto às
disposições relacionadas ao tema, as florestas e outras vegetações nativas, exceto as
localizadas em APP ou em regime específico podem ser suprimidas, mantendo-se área de
reserva legal.
Reserva legal é a área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, excetuada a
de preservação permanente, necessária ao uso sustentável dos recursos naturais, à
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conservação e reabilitação dos processos ecológicos, à conservação da biodiversidade e ao


abrigo e proteção de fauna e flora nativas, nos limites de:

− 80% da propriedade rural situada em área de floresta localizada na Amazônia Legal;


− 35% da propriedade rural situada em área de cerrado localizada na Amazônia Legal,
sendo no mínimo 20% na propriedade e 15% na forma de compensação em outra
área, desde que esteja localizada na mesma microbacia;
− 20% na propriedade rural situada em área de floresta ou outras formas de vegetação
nativa localizada nas demais regiões do País;
− 20% na propriedade rural em área de campos gerais localizada em qualquer região
do País.
Se a APP exceder 80% da área da propriedade rural na Amazônia Legal ou 25% da pequena
propriedade, poderá ser computada para o cálculo da reserva legal, vedada a conversão
dessa área de preservação permanente para regime de uso alternativo do solo.

Goiás
A Constituição do Estado prevê, para os imóveis rurais, reserva legal de 20% de sua área
total com cobertura vegetal nativa, vedada a redução e o remanejamento, mesmo no caso de
parcelamento do imóvel.
A Política Florestal (lei 12.596/95) prevê que nas propriedades rurais com área entre 20 e
50ha poderão ser computados no percentual de 20% da reserva legal, além da cobertura
florestal de qualquer natureza, os maciços de porte arbóreo (frutíferos e ornamentais), onde
não será permitido o corte raso.

Pará
No Pará, a lei estadual 6462/02 estabelece que:

− As APPs e demais formas de vegetação nativa serão incluídas no cômputo da


reserva legal, quando representarem percentual significativo da área total da
propriedade;

Tocantins
A Política Florestal (lei 771/95) estabelece que a localização da reserva legal deverá ser
aprovada pelo Naturatins ou outra instituição habilitada, levando-se em conta a função social
da propriedade, o plano da bacia hidrográfica, o plano diretor municipal, o zoneamento
ecológico-econômico e o zoneamento agrícola, a proximidade com outras áreas reserva
legal, APP ou outras áreas protegidas.
Os zoneamentos ecológico-econômico e agrícola podem: (i) reduzir as áreas de reserva
legal, objetivando a recomposição para até 50% da propriedade, excluídas as APPs,
ecótonos, corredores ecológicos, entre outras áreas protegidas; (ii) ampliar as áreas de
reserva legal em até 50% dos índices legais.
A lei admite ainda considerar as APPs no cômputo da reserva legal, desde que não implique
conversão dessas áreas de APP para uso alternativo do solo, ou quando a soma da
vegetação nativa em APP e reserva legal exceder 80% da propriedade rural.

Maranhão

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No Maranhão, a Política Estadual do Meio Ambiente (lei 5.405/92) estabelece que em cada
imóvel rural com área igual ou superior ao respectivo módulo regional deverá ser reservada
área mínima equivalente a 50% da propriedade para plantação e manutenção de reserva
legal.
A critério da autoridade competente, as APPs poderão estar inseridas no cômputo da reserva
legal, desde que a cobertura vegetal das áreas de APP seja nativa.
O zoneamento ambiental pode prever alterações nos limites percentuais da reserva legal.

5.2.2.2. APPs ao longo de Cursos de Águas e no Entorno de Reservatórios


Considerando o objeto deste estudo, que se relaciona ao aproveitamento de recursos
hídricos, destaque-se do Código Florestal as APPs que de alguma forma se relacionam aos
cursos de água e reservatórios. Nesse sentido são consideradas APPs as áreas:
 ao longo de rios ou cursos d'água desde o seu nível mais alto em faixa marginal, na
largura mínima de:
− de 30m para cursos d'água com menos de 10m de largura;
− de 50m para cursos d'água de 10m a 50m de largura;
− de 100m para cursos d'água de 50m a 200m de largura;
− de 200m para cursos d'água de 200m a 600m de largura;
− de 500m para cursos d'água de largura superior a 600m
 ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d'água naturais ou artificiais;
 nas nascentes, ainda que intermitentes, e nos chamados "olhos d'água", qualquer que
seja a sua situação topográfica, num raio mínimo de 50m de largura;
A Resolução CONAMA 302/02, além de dispor sobre critérios, parâmetros e regime de uso
do entorno de reservatórios artificiais, define como APP a área no entorno de reservatórios
artificiais na faixa mínima de:
 30m nas áreas urbanas consolidadas e 100m nas áreas rurais, podendo ser alterado,
respeitado o mínimo de 30m, os critérios do licenciamento e do plano da bacia onde se
insere o reservatório (exceto para reservatórios de abastecimento público e áreas de
floresta ombrófila densa).
 15m para reservatórios artificiais de geração de energia elétrica com até 10 ha, sem
prejuízo de compensação ambiental, podendo ser alterado conforme critérios do
licenciamento e do plano da bacia onde se insere o reservatório;
 15m para reservatórios artificiais não utilizados para abastecimento público ou geração
de energia elétrica, com até 20 ha, em área rural.

Goiás
A Política Florestal de Goiás (lei 12.596/95), além do Código Florestal, considera APP:
− as áreas ao redor das lagoas ou reservatórios naturais ou artificiais, desde que seu
nível mais alto, medido horizontalmente, em faixa marginal cuja largura mínima seja
de: (i) 30m para áreas urbanas; (ii) 100m para área rural, exceto os corpos de água
com até 20ha da superfície, cuja faixa marginal seja de 50m
− em linha, em faixa marginal além do leito maior sazonal, medido horizontalmente, de
acordo com a inundação do rio e, na ausência desta, de conformidade com a largura
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mínima de preservação permanente da vegetação ripária exigida para o rio em


questão;
Nos termos da Constituição Estadual, fica proibido o desmatamento até a distância de 20m
das margens dos rios, córregos e cursos d'água.

Pará

O Estado do Pará adota a mesma definição e limites da legislação federal.

Tocantins

A Política Florestal do Tocantins (lei 771/95), além do que prevê o Código Florestal, considera
APP as áreas situadas:
− ao redor da lagoas, lagos ou reservatórios naturais ou artificiais, desde seu nível mais
alto medido horizontalmente, em faixa marginal, cuja largura mínima seja de: (i) 40m
para áreas urbanas; (ii) 100m para áreas rurais, exceto corpos de água com 20ha de
superfície, cuja faixa marginal seja de 50m;
− em ilha, em faixa marginal além do leito maior sazonal, medido horizontalmente, de
acordo com inundação do rio e, na ausência desta, de conformidade com a largura
mínima de preservação permanente da vegetação ripária exigida para o rio em
questão.

A lei veda ainda o desmatamento: (i) a menos de 500m de distância das margens dos rios
Tocantins, Araguaia e Javaés; (ii) a menos de 200m das margens dos rios Formoso, Manoel
Alves, Paranã, Almas, Sono e outros de igual porte, assim como os lagos, lagoas, pântanos e
grandes represas; (iii) a menos de 50m das margens dos demais cursos d'água, perenes ou
não.

Maranhão

O Estado do Maranhão adota a mesma definição da legislação federal.

A Constituição do Estado estabelece que as áreas das nascentes dos rios Parnaíba, Farinha,
Itapecuruzinho, Pindaré, Mearim, Corda, Grajaú, Turiaçu e os campos naturais inundáveis
das Baixadas Ocidental e Oriental Maranhenses serão limitadas em lei como reservas
ecológicas, com uso e destinação regulados por lei.

Delimita como Áreas APP: (i) as nascentes dos rios; (ii) a Lagoa da Jansen; (iii) faixa de, no
mínimo, 50m em cada margem dos mananciais e rios. (iv) as nascentes dos rios e as faixas
de proteção de águas superficiais.

Considerada ainda obrigação do Estado promover programa de reflorestametno das


nascentes e das margens dos rios, lagoas e lagos.

5.2.2.3. Hipóteses de Intervenção e de Restrição de Uso em Áreas Especialmente


Protegidas (APPs, UCs, Reservas Legais)
 Áreas de Preservação Permanente e Outras Formas de Vegetação Nativa

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Nos termos do que dispõe o Código Florestal supressões totais ou parciais em APP só serão
permitidas nos casos de utilidade pública ou interesse social comprovados em processo
administrativo, quando inexistir alternativa locacional ao empreendimento, mediante
autorização do órgão ambiental estadual e também do órgão federal.

Configuram utilidade pública: 1) atividades de segurança nacional e proteção sanitária; 2)


obras essenciais de infra-estrutura destinadas aos serviços públicos de transporte,
saneamento e energia; 3) demais obras, planos, atividades ou projetos previstos em
resolução do Conselho Nacional de Meio Ambiente - CONAMA;

Caracterizam interesse social: 1) atividades imprescindíveis à proteção da integridade da


vegetação nativa, tais como: prevenção, combate e controle do fogo, controle da erosão,
erradicação de invasoras e proteção de plantios com espécies nativas, conforme resolução
do CONAMA; 2) atividades de manejo agroflorestal sustentável praticadas na pequena
propriedade ou posse rural familiar, que não descaracterizem a cobertura vegetal e não
prejudiquem a função ambiental da área; 3) demais obras, planos, atividades ou projetos
definidos em resolução do CONAMA.

A Resolução CONAMA 369/06 amplia as hipóteses de utilidade pública e interesse social que
podem ensejar intervenções e modificações em APP.

Nos casos de baixo impacto ambiental, definidos em regulamento, poderá ocorrer supressão
de vegetação, desde que autorizada pelo órgão ambiental.

A supressão de vegetação em APP, quando autorizada (interesse social, utilidade pública ou


baixo impacto ambiental), está condicionada à prévia definição de medidas mitigadoras e
compensatórias pelo órgão ambiental, como estabelece o Código Florestal e as Resoluções
do CONAMA, inclusive a mencionada Resolução 369/06.

Quanto às restrições totais, florestas em áreas de inclinação entre 25º e 45º não podem ser
derrubadas, sendo permitida apenas a extração de toros em uso racional. Podem ser
considerados APP também as áreas onde se localizam exemplares arbóreos declarados
imunes ao corte pelo Poder Público, em função de sua raridade ou beleza, bem como
qualquer vegetação ameaçada de extinção.

Na região da Bacia Amazônica, a exploração de florestas primitivas só poderá ocorrer


mediante planos técnicos de condução e manejo estabelecidos pelo Poder Público.

O acesso de pessoas e animais nas APPs para obtenção de água é permitido desde que a
longo prazo não precise ser suprimida ou comprometa a regeneração da vegetação nativa.

Goiás

A Política Florestal do Estado (lei 12.596/95) estabelece que a utilização de vegetação de


preservação permanente só será permitida no caso de: (i) obras, atividades, planos e projetos
de utilidade pública ou interesse social, precedidas de aprovação e estudo de avaliação de
impacto ambiental; (ii) na extração de espécies isoladas, a partir de laudo vistoria que
comprove risco ou perigo iminente, ou para fins científicos aprovados pelo órgão ambiental.

Qualquer exploração de vegetação nativa e formações sucessoras depende de prévia


aprovação do órgão ambiental e da adoção de técnicas de condução, exploração, reposição
florestal e manejo sustentado, compatíveis com o respectivo ecossistema.
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A exploração de florestas nativas primárias ou em estágio médio ou avançado de


regeneração, suscetíveis de corte somente poderá ser feita na forma de Plano de Manejo
Sustentado ou Plano de Exploração aprovado e licenciado pela autoridade de controle
ambiental competente, que poderá exigir a elaboração prévia de um Estudo de Impacto
Ambiental.

A exploração das espécies aroeira, braúna, gonçalo alves, ipê, angico e amburana ou
cerejeira somente será autorizada em Plano de Manejo Sustentado ou Plano de Exploração,
acompanhados de Estudo Prévio de Avaliação de Impacto Ambiental, e na forma das normas
a serem baixadas pelo Conselho Estadual do Meio Ambiente.

As autorizações para exploração do cerrado somente serão concedidas depois de


assegurada a preservação das espécies raras ou ameaçadas de extinção, conforme dispuser
especialmente o regulamento desta lei.

As autorizações para desmatamento através de corte raso, para uso alternativo do solo em
áreas de grande relevância ambiental, a juízo do órgão de controle ambiental competente, ou
superiores a 500 ha poderão ser concedidas somente depois de apresentação e aprovação
de EIA/RIMA.

A autorização para desmatamento fica condiciionada à regularidade da propriedade quanto


às áreas de reserva legal (averbação ou assinatura de Termo de Compromisso).

A expedição de autorização para uso alternativo do solo, expedida pela Agência Goiana de
Meio Ambiente, depende da efetiva comprovação prévia da conservação de APPs, da
averbação e conservação das áreas de reserva legal, bem como da conservação da
biodiversidade de ambas as áreas, comprováveis por imagem de satélite, datadas de no
máximo 30 dias antes do pedido de licença.

Pará
− A lei estadual 6.194/99 proíbe a extração de espécies arbustivas e arbóreas dos
mangues.
− A lei estadual 6462/02 proíbe o corte e a comercialização de castanheiras e
seringueiras em florestas nativas, primitivas ou regeneradas.
− A lei estadual 5.887/95 dispõe:
o As APPs destinam-se a proteção de ecossistemas, pesquisa e educação
ambiental, manutenção de comunidades tradicionais, lazer, cultura e turismo
ecológico, controle de erosão e assoreamento, permitida a ocupação e o manejo
conforme critérios do Poder Público, mantidos os atributos e características da
área;
o O plano de manejo das áreas de domínio público poderá contemplar atividades
privadas indispensáveis aos objetivos dessas áreas mediante autorização ou
permissão, onerosa ou não;
o As áreas de domínio privado inseridas em APPs estarão sujeitas a regime jurídico
especial, vedadas as ações incompatíveis com os objetivos inerentes à proteção
do espaço territorial;
o As comunidades indígenas poderão ser inseridas nas áreas protegidas,
respeitadas as determinações legais de preservação.

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Tocantins

A Política Florestal do Estado (lei 771/950) estabelece que a execução de qualquer tipo de
desmatamento necessário ao uso alternativo do solo depende de autorização do Naturatins,
bem como o aproveitamento de material lenhoso e outros produtos florestais.

Dispõe ainda que a exploração de florestas nativas primárias ou em estágio médio ou


avançado de regeneração, consideradas suscetíveis de corte pela lei, depende de plano
específico que objetive prover o manejo sustentado de espécies e ecossistemas locais.

Maranhão

No Maranhão, a Política Estadual do Meio Ambiente (lei 5.405/92) estabelece que:


− A supressão de APP depende licença especial, no caso de obras de relevante
interesse social, devidamente comprovado, bem como da apresentação aprovação de
EIA/RIMA;
− A exploração de vegetação nativa além de APP e em estágios médio e avançado de
regeneração será permitida apenas sob regime de manejo sustentado e conforme
critérios do órgão ambiental, mediante apresentação de EIA/RIMA e quando restar
comprovado o interesse social, bem como da demarcação e declaração de reserva
legal equivalente a 50% da área.
− Nas áreas de vegetação nativa em estágios iniciais de regeneração permite-se o corte
raso conforme critérios definidos em lei.
− Na hipótese do zoneamento ambiental ter alterado os limites de APP ou de reserva
legal, a vegetação primitiva em estágio médio ou avançado de regeneração poderá
ser suprimida proporcionalmente às alterações;
− Não é permitido o corte de vegetação nativa em estágios médios e avançados de
regeneração situada em área de inclinação entre 25 e 45 graus, exceto nos casos de
manejo florestal sustentado.
− A flora nativa de propriedade particular, contígua a APPs, reserva legal, unidade de
conservação e outras sujeitas a regime especial fica subordinada às disposições que
vigorarem para estas, enquanto não demarcadas.

 Unidades de Conservação

Nas Unidades de Conservação são proibidas quaisquer alterações ou uso em desacordo com
os respectivos objetivos (conforme o grupo e a categoria), planos de manejo e regulamentos,
que abrangem também as zonas de amortecimento e os corredores ecológicos. A lei
9.985/00 (que instituiu o SNUC) prevê para cada categoria de UC as finalidades a que se
destina, as restrições de intervenção e as possibilidades de alguma exploração dos recursos
naturais, notadamente para consumo por comunidades tradicionais nelas fixadas, quando
possível.

Esse diploma legal também privilegia a constituição de mosaicos de Unidades de


Conservação, interligados por corredores ecológicos, a fim de permitir também o fluxo da
biota.

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A criação de UCs depende de ato do Poder Público e de estudos ambientais que justifiquem
sua criação e prevejam prazos e medidas para adequação do uso territorial às restrições
legais dessa categoria de área. A desafetação ou exclusão da condição de UC depende de
lei.

O decreto 99.274/90 subordina às normas do CONAMA as atividades desenvolvidas no raio


de 10 km no entorno de UCs que possam afetar a biota. A Resolução CONAMA 13/90 atribui
ao órgão responsável pela UC em conjunto com os órgãos licenciadores e de meio ambiente
a definição dessas atividades.

Nas áreas de reserva da Biosfera, públicas ou privadas, a ocupação do solo é possível nas
zonas de transição, de forma planejada, definida em processo participativo (decreto 4339/02 -
Política Nacional da Biodiversidade).

A implantação de infra-estrutura urbana (energia, água, esgoto) em UC e zonas de


amortecimento do grupo de Proteção Integral, quando admitida, depende de prévia
aprovação do órgão responsável por sua administração, estudos de impacto ambiental e
outras exigências legais.

A execução de obras de engenharia que possam afetar as estações ecológicas deve ser
precedida obrigatoriamente de audiência no CONAMA.

É importante destacar a previsão contida no artigo 36 da lei 9.985/00 que, para os casos de
licenciamento ambiental de empreendimentos de significativo impacto ambiental, obriga o
empreendedor a apoiar a implantação e manutenção de UC do grupo de proteção integral,
em montante não inferior a 0,5% dos custos totais da implantação do empreendimento. O
percentual da compensação é definido pelo órgão licenciador, com base no grau de impacto
a ser causado. A definição da UC também é feita pelo órgão ambiental, exceto nos casos em
que o empreendimento afeta diretamente uma determinada UC.

A Resolução CONAMA 371/06, que estabelece diretrizes para o cálculo, cobrança, aplicação,
aprovação e controle dos recursos advindos da compensação ambiental acima mencionada,
estabelece em seu artigo 16 que o valor da compensação fica fixado em 0,5% até que o
órgão ambiental publique metodologia para cálculo do grau de impacto.

Goiás

Nesse mesmo sentido a lei 14.247/02 (que instituiu o SEUC) também prevê que o órgão ou a
empresa, público ou privado, responsável pela geração e distribuição de energia elétrica ou
captação, tratamento e distribuição de água deve contribuir financeiramente para a proteção
e implantação de uma UC, de acordo com o disposto em regulamentação específica.

No mais, esse diploma legal também estabelece que as áreas de UC são consideradas zona
rural e que as zona de amortecimento, uma vez definidas formalmente, não podem ser
transformadas em zona urbana.

Até que seja elaborado o plano de manejo, todas as atividades e obras desenvolvidas nas
UCs de proteção integral devem se limitar àquelas destinadas a garantir a integridade dos
recursos que a unidade objetiva proteger, assegurando-se às populações tradicionais
residentes na área as condições e os meios necessários para a satisfação de suas
necessidades materiais, sociais e culturais.

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A supressão ou alteração das unidades de conservação de uso indireto, inclusive as já


existentes, somente terá validade se feita através de lei específica.

Pará

No Pará, a lei estadual 6462/02 (Política Estadual de Florestas), além de corroborar os


dispositivos federais: (i) proíbe a exploração madeireira nas UCs e (ii) possibilita o uso de
florestas de domínio privado não-sujeitas à preservação permanente, mantendo-se as
reservas legais conforme zoneamento ecológico-econômico e outras restrições.

No Pará, a lei estadual 5.887/95 permite atividades privadas em florestas mediante


concessão ou autorização, de forma onerosa ou não.

A resolução COEMA 33/05 atribui competência à SECTAM para conceder autorização


onerosa ao particular que tenha plano de manejo aprovado pelo IBAMA para explorar
recursos florestais. A autorização, única para cada pessoa jurídica e com prazo máximo de 1
ano, é restrita à área objeto de exploração e não poderá exceder 2,5 ha.

A lei estadual 6462/02 (Política Estadual de Florestas) estabelece:

1) A pessoa física ou jurídica que explore, utilize, transforme ou consuma matéria-prima


florestal é obrigada a promover, mediante licenciamento e preferencialmente no mesmo
Município, a reposição florestal, em propriedade sua ou da qual tenha posse, ou por meio de
participação em projetos comunitários ou cooperativos de reflorestamento.

2) São isentos de reposição florestal os usos: de matéria-prima florestal não vinculada à


reposição obrigatória ou que seja objeto de plano de manejo; de resíduos de
exploração/industrialização florestal; de matéria-prima de projetos alternativos que atendam
interesse público ou social.

Tocantins

A lei 1560/05 prevê utilização dos recursos naturais apenas das UCs que tenham plano de
manejo aprovados e pelas populações usuárias das áreas de reservas de desenvolvimento
sustentável e de reserva extrativista por meio de contrato de permissão de uso ou de
concessão.

Maranhão

A Política Estadual de Meio Ambiente (lei 5.405/92) estabelece que os critérios de uso,
ocupação e manejo das áreas protegidas devem restringir qualquer ação ou atividade que
comprometa direta ou indiretamente seus atributos e características naturais.

O plano de manejo das áreas de domínio público poderá contemplar atividades privadas
somente mediante permissão ou autorização, onerosa ou não, desde que estritamente
indispensáveis aos objetivos colimados para essas áreas.

As áreas declaradas de utilidades pública para desapropriação, objetivando a implantação de


UCs também serão consideradas espaços territoriais especialmente protegidos, vedada
qualquer atividade que as comprometam, devendo o órgão ambiental disciplinar o uso e a
ocupação respectivos.

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A lei prevê a instituição de regime especial de uso para as áreas de domínio privado incluídas
nos espaços protegidos.

 Florestas Públicas

Nas florestas públicas cuja gestão foi concedida pelo Poder Público a particular nos termos
da Lei 11.284/06 (Gestão de Florestas Públicas), admite-se o uso conforme Plano de Manejo
Florestal Sustentável – PMFS e a partir da obtenção das Licenças Prévia e de Operação,
precedidas de RAP ou EIA.

O Plano de Manejo Florestal Sustentável (PMFS) deve prever reserva absoluta, equivalente a
5% do total da área concedida (excluídas as APPs), para conservação da biodiversidade e
avaliação/monitoramento dos impactos do manejo, sobre a qual não poderá ocorrer nenhuma
atividade econômica.

As áreas não destinadas a concessão poderão ser utilizadas em conformidade com suas
vocações naturais e com o zoneamento ecológico-econômico.

 Reserva Legal

A vegetação da reserva legal não pode ser suprimida, podendo apenas ser utilizada sob
regime de manejo florestal sustentável, previamente aprovado pelos órgãos ambientais, de
acordo com princípios e critérios técnicos e científicos estabelecidos em regulamento. Para
garantir a preservação da área inclusive no caso de transmissão ou sucessão, a área da
reserva legal deve ser averbada à margem de registro imobiliário, quando se tratar de
propriedade, ou em Termo de Compromisso com o órgão ambiental, quando se tratar de
posse.

Goiás

Conforme a Política Florestal (lei 12.596/95), a utilização da cobertura florestal da reserva


legal somente poderá se efetivar nos termos do Plano de Manejo Florestal Sustentado,
devidamente aprovado, pela autoridade de controle ambiental competente.

A Legislação em vigor admite a exploração para fins domésticos das áreas de reserva legal,
mediante autorização da Agência Ambiental.

Pará

No Pará, a lei estadual 6462/02, além de reforçar os termos do Código Florestal, possibilita o
uso das reservas legais previsto em plano de manejo e exclui, sob qualquer forma, a
exploração madeireira.

O recente decreto estadual 2141/06, que prevê a recomposição de reserva legal através de
repovoamento florestal e agroflorestal, permite a exploração econômica na área de 37,5% da
reserva legal, deduzindo-se desse percentual as APPs que excederem os 62,5% do restante
da reserva legal. Este permissivo é válido para reserva legal devidamente registrada
(averbação ou termo de compromisso).

Tocantins
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A Política Florestal (lei 771/95) veda a supressão de vegetação em área de reserva legal,
admitindo apenas a utilização sob regime de manejo florestal sustentável e de acordo com
critérios previstos em lei.

Maranhão

No Maranhão, a Política Estadual do Meio Ambiente (lei 5.405/92) estabelece que, nas áreas
de reserva legal, o manejo das florestas implantadas fora das APPs não poderá ser feito com
corte raso e deverá ser compatível com a sua preservação, nos termos da licença ambiental
correspondente.

5.2.2.4. Compensação, Realocação e Recuperação de Reservas Legais

O Código Florestal, fundamentalmente a Medida Provisória 2.166-67/01, previu medidas


alternativas para compensar ou realocar reservas legais, bem como para recuperar as áreas
de reserva legal degradadas.

Quando a vegetação nativa for inferior aos percentuais previstos para reserva legal, podem
ser adotadas isolada ou conjuntamente, a critério do órgão ambiental, as seguintes
alternativas:
 recompor a reserva legal mediante o plantio, a cada 3 anos, de no mínimo 1/10 da área
total necessária à sua complementação, com espécies nativas, conforme definição do
órgão ambiental competente;
 conduzir a regeneração natural da reserva legal;
 compensar a reserva legal por outra área equivalente em importância ecológica e
extensão, pertencente ao mesmo ecossistema e na mesma microbacia (ou em áreas
próximas), conforme critérios definidos em regulamento próprio.

O proprietário ou possuidor que, a partir da vigência da MP 1.736-31, de 14/12/98, suprimiu


total ou parcialmente florestas ou demais formas de vegetação nativa situadas no interior de
sua propriedade ou posse, sem as autorizações exigidas por lei, não pode fazer uso destas
alternativas.

Caso ocorra doação ao órgão ambiental de área localizada em Parque Nacional ou Estadual,
Floresta Nacional, Reserva Extrativista, Reserva Biológica ou Estação Ecológica pendente de
regularização fundiária, localizada na mesma microbacia (ou em áreas próximas), conforme
critérios estabelecidos em regulamento, o proprietário poderá ser desonerado dessas
medidas alternativas pelo prazo de 30 anos.

Desde que haja indicação no zoneamento ecológico-econômico, o Poder Executivo, ouvidos


o CONAMA e os Ministérios do Meio Ambiente e da Agricultura e Abastecimento, para fins de
recomposição da reserva legal, pode reduzir sua área para 50% da propriedade, excluídas as
áreas especialmente protegidas (APP, UC, corredores ecológicos, ecótonos, etc). Pode
também ampliar os limites da reserva legal em até 50% dos índices acima mencionados.

Goiás

A recomposição da reserva legal, tornada obrigatória pelo art. 99 da Lei nº 8.171, de 17 de


janeiro de 1991, deve ser feita na forma de plantio em cada ano de, pelo menos, 1/30 da área
total, até a completa recomposição.
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No que diz respeito à realocação de reserva legal, a Portaria 15/01 da Agência Ambiental de
Goiás estabelece que se trata de um procedimento excepcional e somente será aprovada se
comprovado ganho ambiental, ou seja, se a área escolhida possuir tipologias vegetais
superiores às da reserva já averbada.

Já a Portaria 14/01, que dispõe sobre a compensação de reserva legal, estabelece que a
nova área deve possuir importância ecológica equivalente à área original. Para possibilitar a
compensação, a propriedade matriz deve cumprir os requisitos especificados nessa portaria,
como: ter suas APPs íntegras ou em recomposição; não possuir vegetação nativa superior a
20% da área total; adotar práticas conservacionistas e não manter nenhuma forma de
degradação; manter produtividade superior ou igual à média regional conforme dados do
IBGE.. A lei proíbe ainda a exploração florestal na propriedade matriz.

A nova área de reserva legal deverá corresponder a (i) 25% da área da matriz se estiver na
mesma micro-região; (ii) 30% da área da matriz se estiver apenas na mesma bacia
hidrográfica. Além disso. deve ser nativa e não antropizada, , sendo computadas
independentemente das áreas de reserva legal já existentes na matriz, deve ser averbada e
deve ter cobertura florestal nativa nos percentuais definidos na portaria. Proíbe a exploração
florestal de vegetação nativa na propriedade matriz

Pará

No Pará, a lei estadual 6462/02 estabelece que:


 O proprietário do imóvel poderá, com anuência do órgão ambiental, alterar a destinação
da área averbada a título de reserva legal, mantendo os limites das APPs e os
percentuais fixados na lei federal para a reserva florestal legal realocada ou
compensada.
 A lei estadual 6745/05 permite a compensação da reserva legal por outra área,
respeitadas as disposições legais.

Tocantins

A Política Florestal (lei 771/95) determina que a recomposição da reserva legal deve ser feita
mediante plantio ou regeneração conduzida, em cada ano, de pelo menos 1/30 da área total
para completar a referida reserva. O Poder Público pode vedar totalmente o uso da área
enquanto estiver ocorrendo a recomposição.

Para manutenção ou compensação da área de reserva legal em pequena propriedade rural


familiar podem ser computados os plantios de árvores frutíferas ornamentais, espécies
exóticas cultivadas em sistema intercalar ou em consórcios com espécies nativas.

A lei estadual 1.445/04 dispõe sobre instrumentos de compensação e modos de


recomposição de áreas de reserva legal. Prevê como alternativas para as áreas de reserva
legal em desacordo com a lei:
 regeneração natural, conforme laudo técnico de viabilidade e autorização do Naturatins;
 recomposição através do plantio de espécies nativas;

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 compensação por: (i) outra área de terreno rural na mesma bacia hidrográfica; (ii) doação
ao Estado de área localizada em UC de Proteção Integral, o que desonera o proprietário
por 30 anos; (iii) servidão florestal, com renúncia a supressão ou aproveitamento da
vegetação nativa por 5 anos, entre outros requisitos definidos na lei.

5.2.3. Aspectos legais relacionados à ocupação irregular de terras


O principal aspecto a ser abordado sobre esta questão refere-se à ocupação irregular da
zona rural, que abrange os processos de grilagem de terras.

As leis federais 4.947/66, 5.868/72, 10.267/01, bem como os decretos 72.106/73 4.449/02,
dispõem sobre o Cadastro Nacional de Imóveis Rurais, que consiste em um banco de
informações sobre os imóveis rurais, incluindo propriedades, posses, parcerias,
arrendamentos e terras públicas, sendo que todos os detentores de algum título de posse,
exploração ou propriedade sobre imóvel rural têm obrigação de prestar informações a esse
cadastro, sob pena de multa e outras penalidades de ordem tributária.

Nos termos da lei, esse Cadastro é gerenciado pelo INCRA e pela Receita Federal, devendo
ser produzido e compartilhado pelos órgãos federais, estaduais e municipais que produzam
ou utilizem informações sobre o meio rural brasileiro.

A partir da regularidade das informações sobre o imóvel, o INCRA deve expedir um


Certificado (CCIR) que, acompanhado da prova de quitação do ITR (Imposto Territorial Rural)
dos 5 últimos exercícios, comprova a regularidade do imóvel rural.

A sistemática apontada pela mencionada legislação impõe aos registros imobiliários a


obrigação de encaminhar ao INCRA mensalmente modificações referentes a titularidade,
parcelamento, desmembramento, loteamento, retificação de área, reserva legal, etc,
obrigação que também se estende aos proprietários em relação aos registros imobiliários,
cabendo ao INCRA encaminhar mensalmente os códigos dos imóveis cadastrados. Dessa
forma, a escritura e o CCIR constituiriam os documentos hábeis a informar a propriedade e a
regularidade da área.

5.2.3.1. Irregularidades de Procedimento e Grilagem de Terras


Na realidade as previsões legais relatadas nem sempre caracterizam a prática recorrente da
duplicação de informações, falsificação de documentos e apropriação indevida de terras
públicas e áreas que deveriam ser especialmente protegidas.
Além do avanço ilegal da exploração de recursos naturais (sobretudo de madeira) e da
pecuária, consolidando a grilagem como adiante será exposto, soma-se a ineficiência da
estrutura administrativa e de gestão dos órgãos públicos envolvidos, com destaque para o
georreferenciamento de áreas e a efetividade do cadastro das propriedades.
Por outro lado, algumas ações do Estado para conter os conflitos que envolvem a questão
fundiária podem ser enumeradas: (i) o zoneamento ecológico-econômico como ferramenta
para auxiliar a formulação de políticas públicas que visem diminuir o conflito no campo; (ii)a
recente lei federal de Gestão de Florestas Públicas, de 2006, que busca proteger
comunidades tradicionais e espaços protegidos; (iii) as iniciativas e parcerias entre o INCRA e
outras entidades para identificar e demarcar as terras da União, mapeando irregularidades na

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ocupação e regularizando casos de ocupação de áreas públicas por meio da formalização de


títulos de posse, por exemplo.
No que diz respeito às tentativas de cadastro, em 1997 o INCRA objetivou unificar os
registros cadastrais em âmbito federal, estadual e municipal, mas não obteve resultados, em
decorrência da insubsistência dos dados disponíveis. Em 1999, a Portaria 596 propôs o
recadastramento de todos os imóveis com área superior a 10 mil hectares no território
nacional. Os processos deveriam ser precedidos de levantamento da cadeia dominial até a
origem, de exame de regularidade e legitimidade de área e do georreferenciamento, sob
pena de perda do registro no INCRA, o que inviabilizaria financiamentos. Em decorrência
dessa Portaria, editou-se outra, a 558, que determinava o cancelamento do registro no
INCRA dos imóveis que não atenderam a portaria anterior. Em dezembro de 2000, o INCRA
sistematizou todos os dados decorrentes dessas medidas e promoveu o cancelamento de
registros de 70 milhões de hectares em todo o país.
Em 2001, o governo federal editou a lei 10.276/01 que previa além do Cadastro Unificado, o
georreferenciamento obrigatório e a atribuição de um código identificador para cada
propriedade. A lei foi regulamentada em outubro de 2002 pelo decreto federal 4.449, que
estabeleceu um cronograma para efetivação das medidas previstas, variando de 1 a 3 anos
conforme o tamanho. Os cartórios de registro imobiliário apresentaram vários
questionamentos em relação aos procedimentos previstos no decreto, levando o INCRA, em
novembro/2003 a editar as Instruções Normativas 12 e 13, além da Portaria 1101, detalhando
referidos procedimentos, sem prorrogar os prazos da lei. Dessa forma, os imóveis que não
cumpriram as disposições legais ficaram suscetíveis de terem seus cadastros cancelados
pelo governo federal.
Em dezembro de 2004, o INCRA editou a Portaria 10, estabelecendo procedimentos para
imóveis rurais com situação jurídica de posse por simples ocupação localizados em 314
municípios da Amazônia Legal. A Portaria estabelece que as novas inclusões ou alterações
de imóveis rurais dependem obrigatoriamente da apresentação de planta e memorial
descritivo georreferenciado hábil a identificar possível superposição terras públicas,
condicionando a emissão do CCIR a essa exigência, sob pena da suspensão do registro
existente, o que inviabiliza obtenção de créditos. As unidades do INCRA ficaram proibidas de
expedir declaração de posse ou similar para áreas superiores a 100 ha, para fins de
regularização fundiária, plano de manejo, desmatamento e financiamentos. A portaria
estabeleceu prazos até janeiro de 2005. Um dos primeiros efeitos da medida foi o
cancelamento de 33 Planos de Manejo Florestal suscitadno a manifestação de madeireiros e
fazendeiros que bloquearam estradas e exigiram a revogação da portaria, bem como a
legalização de suas áreas.
Em fevereiro de 2005, o governo se reuniu com os manifestantes, não suspendeu a Portaria,
mas deixou de aplicar as punições, na tentativa de buscar uma solução conciliatória, sem
efeito, entretanto.
Quanto às dimensões da questão, dados do ano de 2000 revelam que, no Brasil, 9% dos
proprietários eram donos de 82% das terras agricultáveis, contando que 409,5 milhões de
hectares correspondiam a latifúndios e 114,6 milhões de hectares a terras públicas.
Estudos estatísticos do próprio INCRA sobre o perfil dos proprietários de áreas de até 10.000
ha que não atenderam às exigências da portaria citada anteriormente demonstram que a
região Norte é responsável por mais da metade da área grilada do país.

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Desse estudo depreendeu-se que, embora o universo de imóveis não cadastrados seja
pequeno em relação aos cadastrados, a área dos imóveis irregulares é bastante significativa.
No Norte, 0,2% dos imóveis suspeitos de grilagem abrangem 26% da área dessa região, com
destaque para o Estado do Pará, onde 0,3% dos imóveis são responsáveis por 34% da área
suspeita de grilagem. O relatório final da CPI , de 29/08/2001, aponta que no Pará as terras
rurais irregulares correspondem a mais de 30 milhões de hectares.
Nesse mesmo estudo, constatou-se que a região Norte possui 6% do total de imóveis
cadastrados, abrangendo 22% da área. No que diz respeito à grilagem essas proporções
são, respectivamente 33% dos imóveis e 53% da área, considerando-se o território nacional.
Denomina-se grilagem a obtenção de posse ou de propriedade por meio ilícito, com a
falsificação de documentos e o emprego de violência. Nesse processo, esse tipo de atividade
envolve, na maioria das vezes, a ação e conivência de grandes proprietários de terras,
madeireiros, criadores de gado, especuladores imobiliários, políticos, empresas e da
desorganização dos órgãos públicos, o que possibilita inclusive as recorrentes fraudes e
corrupção.
Os aspectos mais relevantes relacionados à grilagem de terras, identificados pelo estudo em
questão, e também com base em dados do Ministério do Desenvolvimento Agrário, referem-
se a:

(i) sobreposição de terras griladas entre si, em função de multiplicidade de documentos falsos
sobre uma mesma área;

(ii) sobreposição de áreas griladas com terras públicas, reservas florestais e reservas
indígenas, excetuando-se os casos em que reservas indígenas foram demarcadas pela
FUNAI posteriormente ao registro da propriedade;

(iii) grilagem apenas “no papel”, consistente no uso de documentação falsa sobre terra fictícia
em transações financeiras, como obtenção de empréstimos bancários, financiamentos de
projetos, abatimento dívidas previdenciárias mediante a dação em pagamento de imóveis
rurais (Iei 9711/98);

(iv) terras griladas em áreas não propícias a assentamentos de reforma agrária;

(v) inconsistências no Cadastro de Imóveis Rurais do INCRA. Foram constatadas


inconsistências cadastrais que implicam redução da área suspeita de grilagem efetivamente
existente. No Pará, foram detectados também alguns casos em que há suspeita de
duplicação de cadastro e dois casos em que a área total cadastrada parece ter sido
decuplicada, possivelmente em razão de erro na entrada de dados. Erros bastante comuns
referem-se a endereço, CPF ou CGC, nome de proprietários ou detentores.

Do ponto de vista sócio-econômico, as denúncias sobre conflito de terras e grilagens


envolvem trabalho escravo, expulsão de comunidades indígenas e tradicionais de suas áreas
legalmente garantidas, entre outros tipos de violência e crimes.

Para solucionar o problema, diversas iniciativas já foram propostas e reivindicadas inclusive


pelo segmento não governamental de atuação local e também nacional. Há também algumas
propostas de lei pendentes de aprovação, podendo ser citadas:
 Proposta de Emenda Constitucional nº 438/2001 - prevê a expropriação de terras onde
forem encontrados trabalhadores submetidos a condições análogas à de escravo;
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 Propostas de Emenda Constitucional nºs 304/2004 e 374/3005 - dispõem sobre


prestação dos serviços notariais e de registro por órgãos públicos (federalização dos
cartórios);
 Projeto de Lei nº 2022/1996 - dispõe sobre as vedações à formalização de contratos com
órgãos e entidades da administração pública e à participação em licitações às empresas
que, direta ou indiretamente, utilizem trabalho escravo na produção de bens e serviços.
 Resolução do Conselho Monetário Nacional - proíbe a concessão de créditos de
instituições financeiras públicas e privadas a empresas e fazendeiros que utilizam
trabalho escravo, tendo por base a lista elaborada pelo Ministério do Trabalho e
Emprego.
 efetivar e agilizar investigações administrativas e criminais, bem como ações judiciais,
sobre as denúncias, assassinatos e todos os crimes que envolvam conflitos de terra, com
atuação conjunta da Polícia Civil, Federal, Ministério Público e Poder Judiciário.
 dotar a estrutura administrativa de órgãos e funcionários, especialmente com: (i) a
criação de Procuradorias da República e Defensorias Públicas da União nos municípios
onde os conflitos são acentuados; (ii) ampliação das Varas de Trabalho do Pará e no
interior do Estado; (iii) disponibilização permanente e exclusiva de agentes e delegados
federais para ações de combate ao trabalho escravo nos municípios afetados.
 implantar o Sistema Público de Registro de Terras, fazendo valer a disposição legal de
que cada declaração deverá ser acompanhada de memorial descritivo, coordenadas dos
vértices definidores de limites dos imóveis rurais, georreferenciados no Sistema
Geodésico Brasileiro, previsto na Lei 10.267 e regulamentado pelo Decreto 4.449;
 criar reservas extrativistas e demais áreas de proteção ambiental que garantam a vida
digna das comunidades tradicionais, suprindo essas unidades de fiscalização e conselho
gestor que garanta a efetividade dos planos de manejo e conservação;
 fortalecer e estruturar as unidades do IBAMA, garantindo eficácia às ações de
fiscalização e combate ao desmatamento ilegal e às ações de implementação das
unidades de conservação criadas.
 Proceder à regularização fundiária das posses sobre pequenas propriedades.

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6. LEVANTAMENTO E AVALIAÇÃO DE PLANOS, PROGRAMAS


E PROJETOS

6.1. Identificação e Levantamento


A intenção de se proceder à identificação e levantamento de planos, programas e projetos
co-localizados insere-se no contexto desta AAI no sentido de identificar iniciativas de
desenvolvimento previstas que possam ter ou vir a ter interferência sobre a Bacia, em
situações atuais e futuras. De forma a buscar as informações que efetivamente sejam
importantes, tendo em vista especialmente os possíveis conflitos de uso dos recursos
naturais, com destaque para os recursos hídricos, foram consultados os seguintes
documentos principais:
 Os Planos Plurianuais - PPAs do Governo Federal, do Distrito Federal e dos Estados do
Tocantins, Goiás, Pará e Maranhão;
 O Macrozoneamento do Pará;
 O Plano Estratégico de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica dos rios Tocantins e
Araguaia;
 O Programa de Revitalização da Região Hidrográfica Araguaia-Tocantins;
 Os Estudos do Plano Decenal de Expansão do Setor Elétrico Estudos da Expansão da
Transmissão - Análise dos Sistemas Regionais - Subsistema Norte e Subsistema Centro-
Sul Ciclo 2006-2015 – EPE;
 O Plano Decenal de Expansão (2003-2012) – Eletrobrás;
 O Estudo de Atualização do Portfolio de Oportunidades de Investimento do Estudo dos
Eixos Nacionais de Integração e Desenvolvimento;
 O Estudo de Transposição das Águas do rio Tocantins para o Rio São Francisco;
 Projetos de Arranjos Produtivos Locais – APLs;
 O Projeto PRODECER;
 Projetos de Irrigação.

6.1.1. PPAs – Planos Plurianuais


O PPA (Plano Plurianual), instituído pela Constituição Federal de 1988, consiste de um
documento que define as prioridades e estratégias governamentais, atuando como um
instrumento fundamental para a viabilização do processo de planejamento, estabelecendo as
diretrizes, os objetivos e as metas da administração pública, de forma regionalizada.

Esse instrumento foca-se na otimização e racionalização do gasto público, garantindo a


integração das ações, eliminando as sobreposições, preenchendo lacunas, aliviando
demandas saturadas e administrando conflitos decorrentes da atuação de cada esfera de
governo.

Para efeito desse estudo, foram considerados os programas do PPA Federal e Estaduais.
Considerando o universo do Programa, as áreas de investimento do PPA destacadas neste

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estudo abrangem empreendimentos estruturais específicos que possam ter ou vir a ter
interferência sobre a Bacia do rio Tocantins.

A seguir, são apresentadas as políticas, planos e programas que compõem os PPAs.

6.1.1.1. PPA Federal

Dentre os planos, programas e projetos contidos no Plano Plurianual do Governo Federal,


foram destacados aqueles voltados ao incentivo à agricultura e pecuária, à preservação do
meio ambiente, aos setores energético e de transporte. Foram entendidos como aqueles que
podem gerar transformações efetivas na área de estudo uma vez implementados e, portanto,
que podem criar cumulatividades e sinergias entre si, gerando impactos e efeitos. A descrição
desses planos aparecem no Anexo XXIII do presente relatório.

6.1.1.2. PPA Estadual

A seguir, são apresentados os principais planos, programas e projetos contidos nos PPAs
estaduais:

 PPA - DISTRITO FEDERAL

O Plano Plurianual 2004-2007 do Distrito Federal propõe uma série de planos e programas,
dentre os quais cabe mencionar aqueles voltados ao desenvolvimento da agropecuária, ao
desenvolvimento regional, ao incremento na infra-estrutura e à preservação do meio
ambiente, dentre outros. A descrição desses planos e programas aparece no Anexo XXIII do
presente relatório.

 PPA - ESTADO DO TOCANTINS

O Plano Plurianual 2004-2007 de Tocantins propõe uma série de planos e programas, dentre
os quais cabe mencionar aqueles voltados ao desenvolvimento da agropecuária, ao
incremento da infra-estrutura, à proteção do meio ambiente e dos recursos hídricos, entre
outros. A descrição desses planos e programas aparece no Anexo XXIII do presente relatório.
 PPA – ESTADO DE GOIÁS

Segundo consta no escopo do PPA 2004-2007 Goiás Século XXI - “Avançar Mais”, seu
principal objetivo é a inserção de Goiás na economia nacional e internacional para garantir
seu crescimento em termos de progresso econômico, social e de qualidade de vida.

Para a elaboração deste PPA o Estado foi dividido em 7 regiões administrativas. No âmbito
do presente estudo, foram selecionados os programas relativos às regiões 2 - Nordeste
(Posse) e 5 - Norte (Goianésia), parte das regiões 1 - Entorno do DF (Formosa) e 6 -
Noroeste (Jussara). A descrição dos planos e programas selecionados, também privilegiando
aqueles voltados ao desenvolvimento da agropecuária, ao desenvolvimento regional, ao
incremento da infra-estrutura, à preservação do meio ambiente, dentre outros, aparecem
descritos no Anexo XX do presente relatório.

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 PPA - ESTADO DO PARÁ

A seguir são apresentados os programas previstos no PPA do Pará - 2004 - 2007,


pertinentes a este estudo. A descrição dos planos e programas selecionados, também
privilegiando aqueles voltados ao desenvolvimento da agropecuária, ao desenvolvimento
regional, ao incremento da infra-estrutura, à preservação do meio ambiente, dentre outros,
aparecem descritos no Anexo XX do presente relatório.

 PPA – ESTADO DO MARANHÃO

O PPA 2004- 2007 “Um Maranhão Humano e Desenvolvido” considerou o Estado do


Maranhão dividido em 19 regiões administrativas. Foram selecionadas para este estudo 2
regiões administrativas, a do Tocantins e a Pré-Amazônica – Açailândia, inseridas nos limites
da Bacia do Tocantins.

Aqueles programas que foram considerados mais relevantes para este estudo são listados no
Anexo XXIII do presente relatório.

6.1.2. Macrozoneamento do Estado do Pará


O ZZE do Estado do Pará tem por objetivos “subsidiar as macro políticas voltadas para
melhor ocupação do território paraense de forma a promover o desenvolvimento econômico e
social em bases sustentáveis, preservar e conservar a biodiversidade, disciplinar a
implantação de planos, programas e projetos de interesse estratégico dos setores públicos e
privados e, especialmente, definir as áreas prioritárias para a realização do Zoneamento
Ecológico-Econômico - ZEE em escalas detalhadas” (SECTAM/PA 2006).

Em termos das diretrizes contidas no ZEE que se aplicam ao território da Bacia, destaca-se
que são estabelecidos diversos objetivos de uso das terras no baixo curso do rio Tocantins,
tanto de preservação, quanto de exploração.

Uma pequena porção da Bacia encontra-se na Zona de Conservação, representada tanto por
Unidades de Conservação (UCs) quanto por Terras Indígenas (TIs). No entanto, a maior
parte de seu território destina-se à consolidação e à expansão de atividades produtivas,
incluídas na Zona de Consolidação e Expansão de Atividades Produtivas.

Esta faixa de consolidação e de expansão foi delimitada nas áreas identificadas como de
maior ocupação e está em conformidade tanto com as propostas para a região incluídas no
Povoamento Adensado do Programa da Amazônia Sustentável (PAS), bem como com as
macro-estratégias do ZEE, entre elas, a consolidação da fronteira produtiva já aberta.

6.1.3. Plano Estratégico de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica dos


rios Araguaia e Tocantins
Contratado pela Agência Nacional de Águas – ANA, o plano estratégico está atualmente em
desenvolvimento. Além de estar em consonância com as diretrizes da ANA, fundadas nos
dispositivos da Lei Federal nº. 9.433/97, que instituiu a Política Nacional de Recursos
Hídricos, o Plano introduz em sua metodologia de elaboração o enfoque de Avaliação
Ambiental Estratégica - AAE da utilização dos recursos hídricos, em conformidade com as
mais recentes orientações do Ministério do Meio Ambiente para a avaliação ambiental de
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políticas, planos e programas governamentais, bem como com as diretrizes para avaliação
ambiental de grandes projetos adotadas pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento
(BID).

A Bacia dos rios Tocantins e Araguaia foi definida, pela ANA, como uma das bacias
prioritárias para implementação dos dispositivos da nova política do setor de recursos
hídricos, para a qual, em função dos múltiplos empreendimentos em execução e projetados e
dos potenciais conflitos socioambientais que apresenta, será elaborado um Plano de Bacia
com caráter estratégico, que permita estabelecer diretrizes para a compatibilização do uso
múltiplo dos recursos hídricos (abastecimento humano, geração de energia, navegação,
irrigação, etc.) com as demais políticas setoriais que tenham interferência sobre os recursos
hídricos e com a preservação ambiental.

De acordo com o Termo de Referência para contratação dos estudos, os principais objetivos
do Plano são:
 Diagnosticar potencialidades hídricas e demandas de usos dos recursos hídricos;
 Definir plano de investimentos para as ações de recursos hídricos, levando-se em conta
as condições físicas, ambientais e socioeconômicas de cada bacia;
 Definir e hierarquizar as sub-bacias prioritárias para o detalhamento de novos estudos ou
planos específicos;
 Identificar conflitos entre ações e atividades desenvolvidas pelos setores usuários de
água e medidas necessárias à conservação ambiental, possibilitando a compatibilização
e mediação de conflitos.

Os estudos foram contratados em dezembro de 2005 e a previsão de conclusão é para maio


de 2007.

6.1.4. Programa de Revitalização da Região Hidrográfica Araguaia-


Tocantins
Desenvolvido pela Secretaria de Planejamento de Goiás, compreende o processo de
recuperação, conservação e preservação ambiental da Bacia, por meio de ações integradas
e permanentes que promovam o uso sustentável dos recursos naturais, a melhoria das
condições socioambientais, o aumento da quantidade e a melhoria da qualidade da água
para usos múltiplos. O programa será desenvolvido conjuntamente entre o Estado de Goiás e
do Mato Grosso.

Os principais objetivos do programa são, a partir da elaboração de um diagnóstico da Bacia


que revele sua situação socioambiental e cenário institucional, formular o Programa de
Revitalização, com base em amplas consultas populares e construindo as bases para a
criação do Comitê da Bacia Hidrográfica Araguaia-Tocantins. Para tanto, está prevista a
promoção de integração interinstitucional, envolvendo representantes dos demais Estados
que contêm a Bacia, ou seja, Maranhão, Pará e Tocantins.

6.1.5. 7.1.5 Projeto PRODECER


O PRODECER - Programa de Cooperação Nipo-Brasileiro para o Desenvolvimento dos
Cerrados foi idealizado em 1974. Os anos de 1974 a 1977 foram de entendimentos, acordos
e amadurecimento do projeto, para, em 1978, dar início concreto às atividades no Cerrado,

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local que até então era considerado impróprio para a agricultura. O projeto vem se
desenvolvendo desde então com atuação em diversos Estados brasileiros onde se encontra
o bioma Cerrado.

O PRODECER objetiva estimular a implantação de agricultura moderna e eficiente para o


desenvolvimento da região do Cerrado, com visão empresarial ,mediante o assentamento de
agricultores sem terra, organizados em cooperativas e em unidades de produção de médio
porte, com a utilização de processo produtivo embasado em enfoque holístico de
sustentabilidade. Tem como coordenador político-institucional o Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento (MAPA) e executora a Companhia de Promoção Agrícola
(CAMPO), sendo financiado pelos Governos do Brasil e do Japão (JICA/OECF) e bancos
privados japoneses, desprovido de formas de subvenção e/ou doação.

O público beneficiário constitui-se de médios produtores rurais, com tendências associativas,


capacidade de adoção tecnológica, tanto de produção quanto gerencial, espírito
empreendedor e inovador, com condições de conduzir os projetos específicos à consecução
dos objetivos estabelecidos para o Programa.

A meta projetada visa incorporar 350.000 (trezentos e cinqüenta mil) hectares ao processo
produtivo, nos distintos projetos constitutivos do Programa.

Os Acordos de Projetos encerraram-se em 29/03/01, enquanto os Acordos de Empréstimos


têm seu cronograma de amortização previsto para o PRODECER II até 2005 e para o
PRODECER III até 2014. Por esta razão, a ação de Financiamento para a Expansão Agrícola
do Cerrado extinguiu-se na mesma data, permanecendo a de Prestação de Assistência
Técnica aos Beneficiários.

Ilustração 50 - Área de Atuação do Projeto PRODECER

Fonte: http://www.to.gov.br/seagro/

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6.1.6. Estudos do Plano Decenal de Expansão do Setor Elétrico Estudos da


Expansão da Transmissão (2006-2015) - EPE

6.1.6.1. Análise dos Sistemas Regionais - Subsistema Norte e Subsistema Centro Sul
Ciclo 2006-2015 – EPE

O Plano Decenal de Expansão de Energia Elétrica, elaborado pela Empresa de Pesquisa


Energética – EPE, de atualização anual, consiste no instrumento oficial de divulgação das
previsões de demanda e oferta de eletricidade.

O sistema de transmissão da região Norte atende os Estados do Pará, Maranhão e Tocantins


e às cargas industriais eletrointensivas no Estado do Pará, em Belém e região de Carajás, e
no Maranhão, em São Luís. Esse sistema é suprido quase que integralmente pela energia
gerada na UHE Tucuruí e, durante o período seco, importa energia das regiões
Sudeste/Centro-oeste e Sul por meio da Interligação Norte-Sul. No período úmido, os
excedentes de energia da região Norte são exportados tanto para a região Nordeste
(Interligação Norte - Nordeste) como para as regiões Sudeste/Centro-oeste e Sul.

Para o ciclo de planejamento 2006-2015, está prevista ampliação do subsistema Norte,


conforme ilustra a tabela a seguir.

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Tabela 64 - Plano de Referência para a região Norte – 2006-2015

PLANO DE GERAÇÃO – REGIÃO NORTE

Data de Início da Motorização Potência Instalada Final (MW)


Usina

TUCURUI II Ago-05 8325

ESTREITO Jul-09 1087

PEIXE ANGICAL Jun-09 452

SÂO SALVADOR Out-10 241

IPUEIRAS Ago-11 480

UTE GN Manaus 1 Jan-12 700

MARABÁ Jan-12 2160

SERRA QUEBRADA Ago-12 1328

UTE GN Manaus 2 Jan-13 300

BELO MONTE Jan-13 5500

TUPIRATINS Mar-13 620

Fonte: Estudos do Plano Decenal da Expansão do Setor Elétrico – Subsistema Norte – ciclo 2006/2015

Adicionalmente, o estudo aponta, para cada Estado da região Norte, recomendações para a
melhoria da distribuição de energia elétrica a fim de atender as demandas atuais e futuras
que são apontadas pelo estudo.

As recomendações relevantes à região de estudo são apresentadas a seguir:


 Estado do Pará
− Reavaliação da expansão para atendimento à região de Carajás devido à previsão de
aumento da carga;
 Estado do Maranhão
− O seccionamento dos circuitos C1 e C2 da LT 500 kV Presidente Dutra – São Luís II ,
em Miranda, com a implantação da transformação 500/230 kV - 300 MVA nesta
subestação, solução estrutural para o atendimento ao Estado do Maranhão, a serem
implementados imediatamente;
− A elaboração de um estudo específico para a implantação do ponto de suprimento
230/138/69kV em Balsas, com vistas ao atendimento satisfatório à região sul do
Maranhão, como forma de solucionar o atendimento ao sistema radial singelo Porto
Franco;

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 Estado do Tocantins
− A realização de estudos específicos para verificar a necessidade de expansão da
transformação nas subestações de fronteira da Rede Básica (RBF), Miracema e
Colinas;
− Construir mais duas linhas de transmissão: entre os municípios de Colina e Goiantins,
com previsão de transmissão de 183 kv até o ano de 2008, e entre Araguatins e
Augustinópolis, com previsão de transmissão de 69 kv até o ano de 2008;
− Existe também a previsão de construção de duas subestações, uma no município de
Araguatins até o ano de 2008 e outra no município de Goiantins até o ano de 2009.

Para traçar um panorama de como ficarão as possíveis interligações entre os sub-temas


regionais, foi considerada a interligação Tucuruí – Macapá – Manaus a partir de 2012,
contemplando o atendimento à região amazônica (Manaus, Amapá e as cidades situadas à
margem esquerda do rio Amazonas), conforme o estudo CCPE/CTET.

Foram consideradas também as obras referentes à integração das grandes usinas do rio
Madeira, com entrada em operação prevista para 2011 e o CHE Belo Monte para 2013, de
acordo com os estudos: “Sistema de Transmissão Associado aos Aproveitamentos
Hidrelétricos de Jirau e Santo Antônio” - Nota Técnica DPT.T.016.2004 - dezembro/2004 –
FURNAS e “Análise Preliminar do Sistema de Conexão e Sistemas Receptores da Regiões
Sudeste/Centro-oeste e Norte/Nordeste para a 1o Etapa do CHE Belo Monte (5500 MW)” -
CCPE/CTET.050.2002, respectivamente.

A Figura a seguir mostra os possíveis corredores de transmissão entre estas usinas.

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Ilustração 51 - Possíveis Corredores Nacionais de Transmissão de Energia Elétrica

Fonte: Estudos do Plano Decenal da Expansão do Setor Elétrico – Subsistema Norte – ciclo 2006/2015

6.1.6.2. Plano Decenal de Expansão (2003-2012) – ELETROBRÁS

A projeção em longo prazo do consumo de energia elétrica tem impactos sobre as decisões a
serem tomadas pelo Setor Elétrico Brasileiro. Para este estudo foram definidos 4 cenários
alternativos, levando em conta tanto aspectos macroeconômicos como aspectos relacionados
ao mercado de energia elétrica:
 Cenário A: o Brasil apresenta crescimento econômico moderado, porém em ascensão no
final do período;
 Cenário B: o crescimento do país é moderado com trajetória ascendente;
 Cenário C: o crescimento do país é moderado;
 Cenário D: o crescimento econômico é baixo.

A configuração do sistema elétrico brasileiro com projeção para 2011 é ilustrada na figura a
seguir:

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Ilustração 52 - Principais Linhas de Transmissão – Configuração 2011

Fonte: Plano Decenal de Expansão 2003-2012, CCPE - Rio de Janeiro 2002

6.1.7. Estudo de Atualização do Portfolio de Oportunidades de Investimento


do Estudo dos Eixos Nacionais de Integração e Desenvolvimento
O Estudo dos Eixos Nacionais de Integração e Desenvolvimento foi desenvolvido em 1997
por iniciativa do Ministério do Planejamento e do Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social – BNDES, cujos principais objetivos eram:
 Integração nacional e internacional;
 Aumento da competitividade sistêmica da economia;
 Redução das disparidades regionais e sociais.

A intenção era auxiliar o governo federal em seu planejamento estratégico, a partir de um


levantamento detalhado das realidades regionais e da identificação das potencialidades e das
fragilidades e obstáculos ao crescimento do país. Com base nessa caracterização, foi
possível montar um Portfolio de Oportunidades de Investimentos Públicos ou Privados para o
período 2000-2007. Foram criados então oito eixos, dentre eles o do Araguaia-Tocantins, que
contém a área da Bacia do Tocantins ora em estudo.

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Em 2003, o Ministério do Planejamento contratou os Estudos de Atualização do Portfolio de


Oportunidades de Investimento do Estudo dos Eixos, vislumbrando então um cenário de
2020, com projetos previstos para o horizonte 2004-2011. Os principais projetos contidos
nesse portfolio estão descritos no Anexo XXIII do presente relatório.

6.1.8. Transposição das Águas do Rio Tocantins para o Rio São Francisco
Como forma de solucionar, ou pelo menos minimizar os impactos socioeconômicos dos
períodos de maior estiagem sobre o nordeste setentrional do Brasil, a atual equipe de
Governo anunciou a execução do projeto básico de transposição do São Francisco e o
inseriu em seu planejamento plurianual (2000-2003).

O Projeto Semi-árido, que tem por finalidade dar sustentabilidade ao desenvolvimento


agrícola como forma de geração de emprego e renda, desenvolveu estudo para reavaliar as
disponibilidades hídricas da Bacia do rio São Francisco, tendo em vista atender a perímetros
irrigados implantados e programados, beneficiando também a navegação, o controle de
cheias e o controle ambiental, principalmente na foz.

Três fontes para o aumento da disponibilidade hídrica foram consideradas: (i) gerenciamento
otimizado da oferta disponível nas bacias hidrográficas dos mais importantes tributários
localizados na região do semi-árido; (ii) regularização dos principais tributários e da calha
principal do São Francisco (objeto do presente Estudo Técnico); e (iii) duas alternativas de
transposição da Bacia do rio Paraná (Vertedor de Furnas, Bebedouro do Paranaíba e Túnel
São Marcos) e uma alternativa de transposição de água do rio Tocantins (Projeto Doador).

Por meio do estudo realizado em 2001, vazões excedentes das Bacias do Paraná e
Tocantins seriam importadas para a Bacia do São Francisco onde estão previstas obras de
armazenamento e regularização em seus afluentes.

Iniciou-se então, no âmbito do Governo Federal, uma série de estudos que vieram a
contemplar a alternativa proposta pelo Governo do Estado do Tocantins. Estes estudos,
coordenados pela FUNCATE - Fundação de Ciências, Aplicações Tecnologia encontram-se
sistematizados em um relatório de análise de pré-viabilidade.

O relatório, tendo abordado diversos cenários e alternativas possíveis à transposição do rio


Tocantins, apontou a região do Jalapão como a melhor alternativa para a captação das águas
e a “sela” geográfica da lagoa do Veredão, ou Três Rios, como o melhor ponto de
transposição para a Bahia, ao longo da Serra das Mangabeiras.

A região do Jalapão localiza-se, em sua totalidade, dentro dos limites da Bacia Hidrográfica
do rio Tocantins.

Apresenta uma área total de 53.340,90 km2, englobando 15 municípios: Barra de Ouro,
Campos Lindos, Centenário, Goiatins, Itacajá, Itapiratins, Lagoa do Tocantins, Lizarda,
Mateiros, Novo Acordo, Ponte Alta de Tocantins, Recursolândia, Rio Sono, Santa Tereza de
Tocantins e São Félix do Tocantins.

O estudo apresenta a região do Jalapão como aquela com melhor custo-benefício para a
captação das águas de transposição, considerando-se um horizonte de 40 anos. Os

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principais benefícios estão relacionados à possibilidade de uso da água na agricultura


irrigada do oeste baiano e à cobrança pelo uso da água transportada.

Por outro lado, os custos considerados envolvem:


 A perda no bem estar das comunidades residentes na região doadora (representado pela
perda em sua atividade socioeconômica – artesanato de capim dourado);
 O custo-oportunidade de não conservação de recursos naturais;
 Perdas de água por evaporação nos reservatórios da transposição;
 Perdas de geração energética à jusante do empreendimento (em termos de potenciais
de geração).

Lagoa dos Três Rios – Município de Ponte Alta – TO


Foto: Rebeca Krtisch/AE

A recomendação da Proposta de Transposição do Projeto Doador do governo federal é de se


transpor uma vazão máxima de até 70 m3/s para reforço à Bacia do São Francisco. Justifica
informando que a região do Jalapão, onde se situa a alta Bacia do Rio do Sono, e
especificamente, a Lagoa dos Três Rios, local escolhido topograficamente para transpor o
divisor de águas Tocantins-São Francisco, deve sofrer a menor interferência possível, dadas
suas características naturais de preservação, havendo, inclusive, que se restaurar seu
equilíbrio natural de escoamento.

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Ilustração 53 - Tocantins: Região da Transposição (contorno vermelho)

Fonte: Projeto Doador – Palmas: SEPLAN, 2000

6.1.9. Arranjos Produtivos Locais – APLs


De acordo com o SEBRAE, “Arranjos produtivos são aglomerações de empresas localizadas
em um mesmo território, que apresentam especialização produtiva e mantêm algum vínculo
de articulação, interação, cooperação e aprendizagem entre si e com outros atores locais tais
como governo, associações empresariais, instituições de crédito, ensino e pesquisa”.

Em outras palavras, constitui-se um APL quando se tem um número significativo de


empresas aglomeradas e atuando em torno de uma atividade produtiva principal. Nesse
sentido, é preciso considerar a dinâmica do território em que essas empresas inserem-se,
levando em conta o número de postos de trabalho, faturamento, mercado, potencial de
crescimento, diversificação, entre outros aspectos.

Assim, o Arranjo Produtivo Local compreende um determinado território (porção municipal,


conjunto de municípios, bacias hidrográficas, entre outros) nos quais seja possível identificar
sinais de identidade coletiva (sociais, culturais, econômicos, políticos, ambientais ou
históricos).

Um dos grandes desafios de um APL é ter a capacidade de buscar convergência quanto às


expectativas de desenvolvimento, de estabelecer parcerias e compromissos para manter e
especializar os investimentos de cada um dos atores no próprio território, e de promover ou
ser passível de uma integração econômica e social no âmbito local.

Na área de estudo, foram identificados os seguintes Arranjos Produtivos Locais – APLs:

Tabela 65 - APLs na Região da Bacia do Tocantins

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Setor Municípios ou UF
localidades

Turismo (Ecológico) Alto Paraíso

Turismo (Histórico) Cidade de Goiás

Turismo (Ecológico) Pirenópolis GOIÁS

Confecções (Jeans) Jaraguá e Goianésia

Fármacos (Genéricos) Anápolis

Artesanato (Flores do cerrado, Fibras naturais, Papel Distrito Federal DISTRITO


FEDERAL
artesanal, Tecelagem, Pedra sabão, Cerâmica, Bijuterias,
Madeira, Rendas e bordados, Brinquedos.)

Madeira e Móveis (Confecções-Móveis) Imperatriz MARANHÃO

Madeira e Móveis (Madeira) Marabá


PARÁ

Leite e Derivados (laticínios) Marabá


Fonte: SEBRAE, 2006.

6.1.10. Projetos de Irrigação


Segundo relatório elaborado pela EMBRAPA, em 2002, a Bacia Araguaia-Tocantins
apresenta grande potencialidade para a agricultura e a pecuária. Hoje, destacam-se os
cultivos de arroz, milho e soja. Segundo dados da safra 2001/2002, apenas no Estado do
Tocantins, foram plantados 135.285 ha de arroz em casca, 64.360 ha de milho e 104.780 ha
de soja, com produção de 320.047, 119.817 e 206.316 toneladas, respectivamente.

A agricultura irrigada vem crescendo na região conforme pode se observar na tabela a seguir:

Tabela 66 - Projetos de irrigação na Bacia Araguaia-Tocantins

Área total Área irrigada Principais


Projeto Estado Manancial
(ha) (ha) culturas

Rio Formoso TO Rio Formoso 33.000 28.000 Arroz/soja

Javaés (Lagoa TO
Rios Urubu, Formoso e
22.000 22.000 Arroz
da Confusão) Javaés

Pedro Afonso TO Rio do Sono 40.000 20.000 Soja

Luís Alves GO Rio Araguaia 15.000 2.200 Milho/soja

Diversos - Rio Araguaia - 5.883 Diversos

Diversos - Rio Tocantins - 11.240 Diversos

Total 89.323

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Fonte: ONA S.A. Engenharia, 1997 in: Diagnóstico do fluxo de sedimentos em suspensão na Bacia
Araguaia-Tocantins / Jorge Enoch Furquim Werneck Lima... [et al.] – Planaltina, DF: Embrapa
Cerrados, Brasília, DF : ANEEL : ANA, 2004.

Dentre esses, cabe destacar especificamente aqueles que estão inseridos na área de estudo,
ou seja, na Bacia do rio Tocantins.
 Projeto Javaés - Lagoa da Confusão

No município de Lagoa da Confusão predomina a produção de grãos, particularmente de


arroz e, mais recentemente, de soja, a principal atividade econômica do Município, que
possui uma enorme extensão de várzea irrigável e abundante quantidade de água para
irrigação. A altitude da área está em torno de 200 m e o relevo tem inclinação menor que
0,05%, o que favorece as inundações periódicas, dando origem a solos mal drenados.
Portanto, a irrigação é fundamental para a viabilidade das atividades agrícolas.
 Projeto de Desenvolvimento Hidroagrícola de Pedro Afonso

O rio Tocantins banha toda a porção oeste do município e constitui a maior fonte natural de
recursos hídricos para a implantação de projetos de irrigação no município. Além do rio
Tocantins, um dos seus principais afluentes, o rio do Sono, é utilizado no projeto que viabiliza
as plantações de soja no município.

6.2. Principais Questões


Os planos, programas e projetos identificados e analisados para a Bacia do Tocantins
confirmam a clara vocação econômica da área de estudo e todos os esforços que vêm sendo
implementados, tanto pelo governo federal quanto pelos governos estaduais, para elevar a
região a um patamar de desenvolvimento diferenciado e, ao mesmo tempo, a preocupação
com a preservação do meio ambiente e dos ecossistemas aí existentes.

Os projetos de desenvolvimento da agricultura, com linhas de crédito específicas para o


fortalecimento do pequeno produtor, incentivando-o na utilização de modernas tecnologias e
práticas sustentáveis, vem apoiados em projetos de irrigação, que viabilizam especialmente a
utilização das pouco férteis terras do cerrado para o plantio. A expansão da fronteira agrícola,
especialmente com os grãos, com destaque para a soja, faz da irrigação um dos principais
usos dos recursos hídricos, com grande potencial de conflito tanto no uso das águas quanto
do solo, acelerando o processo de desmatamento já corrente na região.

Daí se explicam também os constantes programas constantes nos PPAs de preservação do


meio ambiente, com incentivo à criação de áreas protegidas, entre outros, buscando frear
esse processo. O cerrado vem sendo extremamente impactado pela agricultura e, o bioma
floresta amazônica, especialmente pela pecuária, com destaque para o sudeste paraense.

Por outro lado, como já se ressaltou ao longo desse estudo, a posição espacial relativa da
Bacia, que traz em si vantagens locacionais especialmente do ponto de vista das conexões
internas do país e de escoamento da produção (interna e externamente), faz com que os
projetos de transporte e logística também sejam constantes nessa região. Certamente cabe
mencionar os projetos inseridos no Portfolio dos Estudos dos Eixos de Integração e
Desenvolvimento Nacional, com destaque para a Ferrovia Norte-Sul e para a Hidrovia
Araguaia-Tocantins. Essas duas estruturas do sistema de transporte são essenciais na
composição da matriz logística regional.
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Especial menção deve ser feita à Hidrovia, já que sua instalação tem estreita relação com os
usos atualmente verificados na Bacia, especialmente com a implantação de hidrelétricas.
Atualmente, como mencionado no item acerca do Sistema de Transportes e Rede Urbana
Regional, atualmente a hidrovia apresenta impedimentos que inviabilizam a navegação em
alguns trechos e que são de duas naturezas: (i) de ordem natural, como corredeiras ou (ii)
decorrentes da implantação de usinas hidrelétricas sem as eclusas. Essa é uma das
questões-chave e que tem gerado muita polêmica envolvendo o setor de energia e
transportes.

Os demais projetos de infra-estrutura econômica, como portos, rodovias, os de energia, são


outros indícios de que a região vem tomando as providências necessárias para promover o
seu desenvolvimento e a atração de novos investimentos.

Outro projeto bastante polêmico e que tem total interface com o uso das águas é o Estudo de
Transposição das águas do rio Tocantins para o Rio São Francisco. No entanto, de acordo
com as discussões que foram mantidas e estudos desenvolvidos, a probabilidade dessa
alternativa ser a selecionada é bastante baixa.

Os macrozoneamentos estaduais ou outros planos de desenvolvimento representam, por um


lado, um avanço do ponto de vista da regulação do uso dos territórios mas, por outro lado,
um aspecto dificultador, haja visto que abrangem apenas parte dos territórios da Bacia e não
são feitos de maneira conjugada no contexto regional, podendo haver discrepâncias nas
condições estabelecidas.

Por fim, cabe mencionar que uma das principais questões que envolvem a Bacia é a
ausência de um Plano Diretor de Bacia, nos moldes do preconizado pelo Plano Nacional de
Recursos Hídricos, onde estariam estabelecidas as condições para utilização de suas águas,
de maneira integrada. A ANA contratou os estudos para desenvolvimento desse Plano, que
deve culminar com a criação de um Comitê da Bacia Hidrográfica, órgão que seria o
responsável pela implementação das ações contidas no plano e pela regulação de seu uso.

6.3. Perspectivas
Uma vez que a Bacia do Tocantins, juntamente com o Araguaia, vem sendo considerada
como prioritária pela ANA em função de suas vocações econômicas e dos potenciais conflitos
de uso da água, esforços vêm sendo desenvolvidos no sentido de dotar a bacia de um plano
estratégico de recursos hídricos o que, certamente, no futuro, dará as bases para a criação
do Comitê da Bacia Hidrográfica dos rios Araguaia e Tocantins, ente fundamental para o
controle do uso das águas.

Fica claro, por outro lado, que alguns usos das águas também serão intensificados, como é o
caso da irrigação, já que a expansão da fronteira agrícola deve continuar ocorrendo, com
intensificação das plantações de grãos especialmente no cerrado. Essa é uma das atividades
mais intensivas no consumo de água, sendo fundamental que sejam estabelecidas normas
para que esse uso não seja conflitante com os demais verificados na Bacia. Certamente esse
será um dos aspectos abordados no Plano Estratégico da Bacia, em desenvolvimento.

O turismo é outra atividade econômica que certamente ganhará impulso na região nos
próximos anos, haja visto o grande contingente de atrativos turísticos naturais que podem se
converter em produtos e os projetos propostos em âmbito estadual para sua intensificação. A

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intensificação do turismo, especialmente se conjugado aos recursos hídricos, é outro uso que
pode gerar conflitos se não for bem regulado.

Por outro lado, como visto no item sobre Dinâmica Demográfica, há cidades contidas na
Bacia que apresentam dinâmicas de crescimento aceleradas, o que implicará certamente em
problemas se o planejamento da infra-estrutura não acompanhar esse ritmo de crescimento.
As condições de saneamento ambiental são precárias em grande parte da Bacia, daí o fato
de em todos os Estados haver previsão de investimentos especialmente quanto à instalação
das redes de abastecimento d´água e de coleta de esgoto, o que também pode gerar
conflitos de uso da água.

O papel da Bacia no escoamento da produção regional e nacional e sua inserção no Corredor


Norte-Sul, conforme mencionado no item sobre Sistema de Transportes e Rede Urbana
Regional, permite antever que a região será palco de grandes transformações em termos de
sua ocupação, com o incremento da infra-estrutura logística e de transportes, o que
certamente também impactará sua rede urbana. A tendência é que continuem a surgir outros
projetos que complementem esse sistema, e que os projetos atualmente em planejamento ou
discussão sejam implementados, como é o caso da Hidrovia Araguaia-Tocantins.

Por fim, a grande vocação hidrelétrica da Bacia implica em diversos projetos do setor elétrico
para ampliação da matriz energética na região, como apresentado no item que dispõe sobre
Aproveitamentos Hidrelétricos. Assim, entende-se que a principal transformação da Bacia
será decorrente da implantação desses projetos, daí a importância dessa Avaliação
Ambiental Integrada, considerando não somente o conjunto de aproveitamentos a ser
implementado, mas também todos os principais projetos de relevância identificados no
presente capítulo.

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7. HISTÓRICO DOS ESTUDOS DE APROVEITAMENTOS


HIDRELÉTRICOS DA BACIA DO RIO TOCANTINS.
7.1. Estudos Pioneiros da CELG e da CIVAT na Década de 60
A bacia do rio Tocantins tem sido objeto de diversos estudos, a partir da década de sessenta,
orientados inicialmente para uma definição das potencialidades existentes com referência a
recursos minerais, potencial agrícola, navegação, hidroeletricidade e atividades industriais
ligadas às atividades extrativas.

Os primeiros estudos específicos voltados para o aproveitamento do potencial


hidroenergético do Alto Tocantins foram desenvolvidos sob a orientação das Centrais
Elétricas de Goiás – CELG e foram concentrados na definição de um aproveitamento próximo
à foz do ribeirão São Félix, que lhe deu o nome. O projeto foi desenvolvido até o nível de
execução de ensaios em modelo hidráulico reduzido.

Na mesma época, em 1964, foram contratados com o “Bureau of Reclamation of United


States Department of the Interior” através da “Agency for International Development – United
States Department of State”, os estudos de levantamento das potencialidades para fins de
aproveitamento múltiplo das bacias dos rios Araguaia e Tocantins, sob a supervisão da
Comissão Interestadual dos Vales do Araguaia – Tocantins – CIVAT. Nesses estudos foi
incluído um inventário hidrelétrico das duas bacias, considerando o aproveitamento de São
Félix, como definido pela CELG.

7.2. Estudos da ELETROBRÁS e Subsidiárias realizados nos Anos 70


A partir do início dos anos 70, após a extinção da CIVAT, a ELETROBRÁS iniciou o
levantamento sistemático em nível de inventário, dos recursos hidroenergéticos de toda a
bacia do rio Tocantins.

Os estudos de inventário do baixo Tocantins foram desenvolvidos no âmbito dos estudos de


inventário da bacia do rio Tocantins, tendo feito parte da ampliação do escopo original dos
trabalhos, juntamente com as bacias dos rios Itacaiúnas e baixo Araguaia, baseados na
necessidade de se procurar um aproveitamento hidrelétrico de maior potência para
atendimento dos mercados representados pelo pólo de Belém e pelos complexos
eletrometalúrgicos da região que, desde então, já se delineavam (ELETROBRÁS, 1971).

Os estudos iniciais de análise da divisão de quedas conduziram à seleção de 3 trechos, ao


longo do curso principal do rio Tocantins, denominados por A – Alto Tocantins, B – Médio
Tocantins e C – Baixo Tocantins. O trecho do Baixo Tocantins foi contemplado com uma
única alternativa de divisão de queda, com aproveitamentos nos eixos Tucuruí e Santo
Antônio, tendo essas duas usinas, entre outras a montante, sido selecionadas para serem
estudadas em nível de viabilidade.

Os estudos de viabilidade da UHE Tucuruí (ELETROBRÁS, 1974) resultaram em um


barramento 7 km a montante da cidade de Tucuruí, com o nível normal do reservatório na
cota 70,00 m, com as estruturas de concreto localizadas na margem esquerda, não
interferindo assim diretamente no núcleo urbano de Tucuruí.

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A construção da 1ª etapa da UHE Tucuruí foi iniciada em 1975 e concluída no início da


década de 80.

Em julho de 1973 a ELETROBRÁS contratou a ENGEVIX Estudos e Projetos de Engenharia


S.A. e a ECOTEC – Economia e Engenharia Industrial S.A. para a realização de estudos
hidroenergéticos no curso do rio Tocantins e de seus principais afluentes, desde sua
cabeceira até a confluência com o rio Araguaia.

Este contrato foi ampliado, através de um termo aditivo, em dezembro de 1973, tendo como
interveniente a ELETRONORTE – Centrais Elétricas do Norte do Brasil S.A., encarregada do
desenvolvimento dos estudos a nível de inventário, bem como da definição dos
aproveitamento hidrelétricos objeto de estudos mais aprofundados, em nível de viabilidade.
Desse modo, a área dos estudos foi ampliada, incluindo-se o Baixo Tocantins até a UHE
Tucuruí, o Baixo Araguaia e o rio Itacaiúnas.

Os estudos finais desta fase, concluíram pela seleção de uma divisão de quedas com os
seguintes aproveitamentos:
 Carolina, com reservatório na cota 197,50 m e restituição na cota 144,60 m, compatível
com a UHE Santo Antônio definida na fase anterior;
 Porto Nacional, com reservatório na cota 237,00 m e restituição na cota 197,50 m;
 Peixe, com reservatório na cota 300,30 m e restituição na cota 237,00 m; e
 São Félix, com reservatório na cota 440,00 m e restituição na cota 300,30 m.

7.3. Estudos realizados por FURNAS e pela ELETRONORTE na década de 80


Pela Portaria nº 2130 do MME, de 15 de outubro de 1979, FURNAS Centrais Elétricas S.A.
foi autorizada a estudar o aproveitamento dos recursos hidráulicos de um trecho do rio
Tocantins, compreendido entre a confluência dos rios das Almas e Maranhão e o ponto
situado a 10 km a jusante do foz do ribeirão São Félix. Pelo Decreto nº 84.589 de 24 de
março de 1980, a área de atuação de FURNAS foi ampliada até o paralelo 12º S, situado na
cidade de Peixe. Em 6 de maio de 1981, através do Decreto nº 85.983 foi outorgada a
FURNAS a concessão para o aproveitamento da energia hidráulica do trecho da bacia do rio
Tocantins ao sul do paralelo 12º S.

FURNAS, ao assumir os estudos, optou por uma completa revisão dos trabalhos já feitos pela
CIVAT e pela ELETRONORTE. A revisão dos estudos de inventário existentes levam a
seleção de um esquema com três projetos no rio Tocantins e dois no seu afluente Paranã,
indicando ainda a UHE Serra da Mesa como o melhor empreendimento desta divisão de
queda:
 UHE Serra da Mesa com reservatório na cota 460,00 m no rio Tocantins.
 UHE Cana Brava com reservatório na cota 333,00 m no rio Tocantins.
 UHE Peixe Sta. Cruz com reservatório na cota 287,00 m no rio Tocantins.
 UHE Foz do Bezerra com reservatório na cota 410,00 m no rio Paranã.
 UHE São Domingos com reservatório na cota 327,00 m no rio Paranã.

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FURNAS desenvolveu os Estudos de Viabilidade da UHE Serra da Mesa, iniciando sua


construção em novembro de 1986. Em outubro de 1996 foi iniciado o enchimento do
reservatório e em 1998 a usina entrou em operação comercial.

A região da bacia do rio Tocantins, compreendendo o Médio Tocantins foi reinventariada pela
ELETRONORTE entre os anos de 1983 e 1987, tendo-se identificado um desnível do rio de
135,00 m, possibilitando a instalação de uma potência total de 6.314 MW, abrangendo os
reservatório do rio Tocantins e dos seus principais afluentes. Assim neste inventário foram
previstos os seguintes aproveitamentos hidrelétricos:
 Serra Quebrada, com NA máximo do reservatório na cota 132,00 m e restituição na cota
104,00 m.
 Estreito, com NA máximo do reservatório na cota 158,00 m e restituição na cota 133,10
m.
 Tupiratins, com NA máximo do reservatório na cota 183,00 e restituição na cota 158,00
m.
 Lajeado Montante, com NA máximo do reservatório na cota 212,00 m e restituição na
cota 184,50 m.
 Ipueiras, com NA máximo do reservatório na cota 239,00 m e restituição na cota 213,00
m.

O trecho remanescente do rio Tocantins, localizado entre as cidades de Imperatriz e o


remanso da UHE Tucuruí foi estudado pela ELETRONORTE em 1986, resultando o
aproveitamento de Marabá, com NA máximo do reservatório na cota 100,00 m.

7.4. Estudos realizados na década de 90


No início da década de 90 a ELETRONORTE realizou os Estudos de Viabilidade da UHE
Serra Quebrada, tendo alterado a cota do seu reservatório para o nível 134,00 m. O
EIA/RIMA deste aproveitamento ainda não foi concluído, uma vez que o reservatório de Serra
da Mesa afeta terras indígenas.

Ainda em 1991 a ELETRONORTE elaborou um estudo complementar na região do Médio


Tocantins, rebaixando a cota do reservatório de Ipueiras da cota 239,00 m para 236,00 m,
visando minimizar os problemas ambientais que ocorriam com o nível mais alto na cidade de
Peixe.

Entre 1995 e 1996 foram realizados os estudos de viabilidade da UHE Lajeado pela
CELTINS. O eixo foi deslocado 5 km para jusante, ganhando-se neste eixo cerca de 6 m de
queda. Em agosto de 1997 o Ministério de Minas e Energia lançou o edital de licitação da
UHE Lajeado saindo vencedora a INVESTCO. A construção da UHE Lajeado foi iniciada em
julho de 1998 e em fevereiro de 2002 foi concluído o enchimento do reservatório.

Ao mesmo tempo a Companhia Energética Mercosul – CEM (TRACTEBEL) ganhou a


licitação para a UHE Cana Brava cuja construção foi iniciada no final de 1998 e concluída em
maio de 2002.

Em meados da década de 90, a CELTINS elaborou os estudos de inventário do rio do Sono,


afluente da margem direita do rio Tocantins, com a seguinte divisão de queda:
 UHE Cachoeira da Velha com NA máximo do reservatório na cota 325,00 m.
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 UHE Brejão com NA máximo do reservatório na cota 271,00 m.


 UHE Novo Acordo com NA máximo do reservatório na cota 239,00 m.
 UHE Rio Sono com NA máximo do reservatório na cota 200,00 m; e ainda
 UHE Perdida II no rio Perdida com NA máximo do reservatório na cota 204,00 m.

Os estudos foram aprovados pela ANEEL em outubro de 1998.

7.5. Estudos realizados a partir de 2000


Na virada do século, tendo em vista a crescente importância dos aspectos ambientais na
implantação de usinas hidrelétricas, as empresas CELTINS/ EDP/ FURNAS/ ENGEVIX/
THEMAG realizaram estudos para viabilizar o aproveitamento do potencial hidroenergético do
rio Tocantins no trecho compreendido entre os aproveitamentos de Cana Brava e Lajeado,
ambos em construção, reestruturando a divisão de queda com barramentos de menor altura,
possibilitando, assim, uma redução substancial nos impactos ambientais, destacando-se área
inundada, relocação de áreas urbanas, interferência com rodovias e pontes recém
construídas pelo recém-criado Estado do Tocantins.

Os estudos foram submetidos a ANEEL em junho de 2000 com a seguinte divisão de queda
no rio Tocantins:
 UHE Ipueiras com o NA máximo do reservatório na cota 235,00 m.
 UHE Peixe com o NA máximo do reservatório na cota 263,00 m, ao invés da cota 287,00
m dos estudos anteriores.
 UHE São Salvador, com o NA máximo do reservatório na cota 287,00 m.

Nos rios Paranã e Barra do Palma foram indicados nesses estudos, os aproveitamentos de
Paranã e Barra do Palma, ambos com NA máximo na cota 287,00 m.

Os Estudos de Reavaliação da Divisão de Queda entre Cana-Brava e Lajeado foram


aprovados em novembro de 2000 pela ANEEL.

Ao mesmo tempo a INVESTCO fez uma reavaliação da divisão de queda do trecho Lajeado-
Estreito, com o rebaixamento do NA máximo do reservatório da UHE Tupiratins para a cota
178,00 m ao invés de 183,00. Este rebaixamento visa evitar o remanejamento total de
algumas cidades como Pedro Afonso e diminuir o impacto sobre Miracema do Tocantins e
Tocantinópolis. O NA máximo do reservatório da UHE Estreito também foi rebaixado em 2,00
m pra a cota 156,00 m, visando minimizar a influência sobre as cidades de Carolina e
Filadélfia. A ANEEL aprovou estes estudos em maio de 2001.

Os estudos de viabilidade da UHE Peixe Angical foram iniciados em 2000 e aprovados pela
ANEEL em março de 2001. Em junho de 2001 foi outorgada pela União à Enerpeixe S.A. a
concessão para exploração da UHE Peixe Angical e em meados de 2002 foi iniciada sua
construção. A entrada em operação comercial foi em abril de 2006.

Na mesma época foram feitos os estudos de viabilidade das UHE’s São Salvador e Estreito,
os quais foram outorgados pela União em abril/2002 e novembro/2002 respectivamente. A
UHE São Salvador já iniciou a construção enquanto a UHE Estreito ainda aguarda a Licença
de Instalação.

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Também foram realizados os estudos de viabilidade das UHE’s Tupiratins e Ipueiras entre
2001 e 2003. Todavia a UHE Tupiratins não teve concluído seu EIA/RIMA uma vez que seu
reservatório afeta diretamente a reserva indígena Xerente.

Com relação e UHE Ipueiras, os estudos foram concluídos em 2005, todavia o IBAMA negou
a Licença Prévia em função da área do reservatório e em função dos prejuízos a ictiofauna.

7.6. Resumo dos Estudos relativos a aproveitamentos Hidrelétricos realizados na


bacia do rio Tocantins
Na década de 70 o inventário elaborado para a Bacia do Médio Rio Tocantins previa a
construção de 3 usinas hidrelétricas com uma área de reservatório total de 7.564 km², além
de Tucuruí e Santo Antonio no Baixo Tocantins e Serra da Mesa e Cana Brava no Alto
Tocantins.

A crescente preocupação com o meio ambiente ensejou duas revisões do inventário do


Médio Tocantins: a primeira realizada na década de 80, com a redução da área destinada a
reservatório para 4.548 km² e a segunda, entre os anos de 1999 e 2000, com a redução para
3.382 km², ou seja, a área prevista para formar reservatórios na Bacia do Médio Tocantins
entre Cana Brava e Estreito hoje é 55% menor do que a prevista na década de 70. Para
proporcionar essa redução, as três usinas inicialmente previstas na década de 70 passaram a
cinco na década de 80 e a oito no início de 2000.

O Mapa B15 – Sistema de Energia encontra-se no Caderno de Mapas B do Atlas do projeto.

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