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São Paulo
Março/2007
Revisão A
Empresa de Pesquisa Energética – EPE
Avaliação Ambiental integrada - AAI da Bacia do Rio Tocantins e seus Formadores
Relatório P2 – Caracterização da Bacia Hidrográfica do Rio Tocantins
Índice
APRESENTAÇÃO.............................................................................................................1
I. Antecedentes ................................................................................................................3
1.7.3. Ictiofauna 84
3. Caracterização Socioeconômica..................................................................215
6.3. Perspectivas....................................................................................................380
8. BIBLIOGRAFIA ..............................................................................................387
Lista de Tabelas
Tabela 1 - Número de Municípios da Bacia do Rio Tocantins por Estado e por sub-
bacias
Tabela 2 – Principais Características dos Aproveitamentos Hidrelétricos em
Operação e Previstos
Tabela 3 – Potencialidades, Vantagens e Temas/Aspectos Privilegiados da
Caracterização – Foco e Funcionalidade.
Tabela 4 – Fragilidades, Questões e Temas/Aspectos Privilegiados da
Caracterização – Foco e Funcionalidade
Tabela 5 - Características da Bacia do Rio Tocantins
Tabela 6 - Vazões Médias Mensais, Vazões Mínimas e Máximas (m3/s)
Tabela 7 – Características dos Escoamentos de Superfície no rio Tocantins
Tabela 8 - Síntese da Qualidade da Água nos Pontos Amostrados da Bacia do rio
Tocantins
Tabela 9 - Efetivo de Rebanhos na Bacia do rio Tocantins
Tabela 10 – Usinas Hidrelétricas em Operação
Tabela 11 - Disponibilidade Hídrica na Região Hidrográfica
Tabela 12 - Balanço Hídrico
Tabela 13 – Índices de Balanço Hídrico (%)
Tabela 14 – Transporte de Sólidos segundo as Estações Identificadas na Bacia
Tabela 15 - Integração dos dados geológicos e hidrogeológicos em função da
compartimentação das sub-bacias do rio Tocantins
Tabela 16 - Síntese das características dos aqüíferos que ocorrem na Bacia
Hidrográfica do Rio Tocantins
APRESENTAÇÃO
O relatório ora encaminhado é o segundo produto formal no âmbito do Contrato nº EPE-006,
celebrado entre a Empresa de Pesquisa Energética – EPE e o Consórcio CNEC – ARCADIS
Tetraplan, para realizar a Avaliação Ambiental Integrada (AAI) dos Aproveitamentos
Hidrelétricos da Bacia Hidrográfica do Rio Tocantins e seus formadores. O estudo é
considerado prioritário pelo Ministério de Minas e Energia – MME, conforme Convênio nº
013/2004, de 21 de dezembro de 2004, celebrado entre o referido Ministério e a Empresa de
Pesquisa Energética – EPE, para elaboração dos estudos de Avaliação Ambiental Integrada.
De acordo com o exposto no Termo de Referência, tendo em vista avaliar o uso dos solos e
das águas da bacia, bem como os prováveis impactos que a implantação do conjunto dos
aproveitamentos hidrelétricos devem ocasionar na bacia e, assim, dispor-se de elementos
para a proposição de diretrizes que estruturem o planejamento integrado da Bacia a médio e
longo prazo, os trabalhos propostos têm como objetivo geral:
Avaliar a situação ambiental da Bacia do Tocantins, com os empreendimentos
hidrelétricos implantados e os potenciais barramentos, considerando:
(i) seus efeitos cumulativos e sinérgicos sobre os recursos naturais, as populações residentes
e atividades econômicas;
(ii) os usos atuais e potenciais dos recursos hídricos no horizonte atual e futuro de
planejamento de médio e longo prazo, tendo em conta a necessidade de compatibilizar a
geração de energia com a conservação da biodiversidade e manutenção dos fluxos gênicos,
a sociodiversidade e a tendência de desenvolvimento socioeconômico da Bacia Hidrográfica
do Rio Tocantins.
Cabe destacar que a metodologia proposta para desenvolvimento do presente estudo de AAI
tem como um de seus princípios seguir um processo de retroalimentação, ou seja, as quatro
etapas já mencionadas serão elaboradas de maneira integrada e seqüencial e, à medida que
o trabalho evolui e que decorram as análises, pode-se verificar a necessidade de
aperfeiçoamento de produtos já apresentados.
Considerando a grande extensão da bacia, com cerca de 380 mil km2 distribuídos em 224
municípios em quatro estados e agrupados em cinco sub-bacias, com todas as diferenças
advindas das especificidades regionais e territoriais, envolvendo análises de mais de 20
temas, a presente Caracterização gerou um documento extenso, mas que avalia os aspectos
relevantes de cada um destes temas para a área de estudo. Em função disso, o relatório está
organizado em três volumes:
Volume I: Caracterização da Bacia do Tocantins;
Volume II: Atlas do Projeto, composto por três distintos Cadernos de Mapa: Caderno A
(temas apresentados na escala 1:250.000); Caderno B (temas apresentados na escala
1:1.000.000) e Caderno C (reúne basicamente os mapas da caracterização
socioeconômica, em escala 1:4.000.000). Essa diferenciação de escalas decorre do fato
de, dependendo do tema espacializado no mapa, ser necessária a utilização de escalas
específicas para seu correto entendimento e visualização;
Volume III – Anexos.
1
Conforme item 3.2 do “Termo de Referência para o Estudo: Avaliação Ambiental Integrada dos Aproveitamentos Hidrelétricos
na bacia do rio Tocantins”.
Consórcio CNEC - ARCADIS Tetraplan 2
Empresa de Pesquisa Energética – EPE
Avaliação Ambiental integrada - AAI da Bacia do Rio Tocantins e seus Formadores
Relatório P2 – Caracterização da Bacia Hidrográfica do Rio Tocantins
I. Antecedentes
A grande diversidade hidrológica existente nas diferentes regiões do Brasil possibilita maiores
oportunidades de integração do sistema elétrico, por meio de ligações inter-regionais,
permitindo atender as demandas dos centros de consumo em variadas bacias hidrográficas e
otimizando a distribuição e utilização de energia no país. Essas interligações proporcionam
uma disponibilidade de energia superior à que se poderia obter pela operação isolada desse
mesmo conjunto de usinas, o que otimiza o desempenho do sistema global, tornando
fundamental o planejamento integrado da expansão dos sistemas de energia no país.
O Plano Nacional de Energia Elétrica valoriza estudos de longo prazo do setor elétrico,
confrontando horizontes de até 30 anos para: as perspectivas de evolução do mercado de
energia elétrica; as disponibilidades de fontes energéticas primárias para geração, assim
como as tendências de evolução tecnológica e do custo marginal; as necessidades do
processo de desenvolvimento industrial. No caso da geração hidrelétrica, este plano aponta
as bacias hidrográficas prioritárias para a realização de estudos de Inventário Hidrelétrico,
tendo em vista suportar o processo decisório quanto à implantação dos aproveitamentos
hidrelétricos.
O Plano Decenal de Energia Elétrica – PDEE 2006-2015 efetua estudos para subsidiar as
decisões de mais curto prazo, a fim de programar a melhor seqüência de obras para os
primeiros 10 anos do horizonte de longo prazo, valorizando-se custos competitivos, aporte de
energia em locais estratégicos do ponto de vista do sistema interligado, entre outros aspectos
que otimizam a expansão. A priorização das obras indicadas por estes estudos é revista
anualmente em função dos condicionantes de mercado, das avaliações da viabilidade e de
custos marginais de expansão, bem como em função de atrasos de obras e da expectativa
de disponibilidade de recursos financeiros.
É nesse contexto que se insere a presente Avaliação Ambiental Integrada, tendo em vista o
planejamento integrado da Bacia Hidrográfica, considerando-a como um ente único, em que
as sucessivas implantações de aproveitamentos hidrelétricos certamente gerarão impactos e
efeitos que devem ser avaliados de forma acumulada e sinergizada, à luz do seu almejado
desenvolvimento sustentável.
A Bacia do Rio Tocantins possui superfície de 379.774 km2, o que representa 39,4% da
região hidrográfica Tocantins-Araguaia, englobando os Estados do Pará (19,4%), Maranhão
(7,6%), Tocantins (46%), Goiás (26%) e Distrito Federal (1%). Grande parte dessa bacia
encontra-se na região Centro-Oeste do país, onde está a nascente do rio, dirigindo-se para a
região Norte, onde está a foz do rio.
De acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL, a Bacia do Tocantins está
subdividida em cinco sub-bacias, abrangendo 224 municípios, podendo-se resumir essa
informação, apresentada em tabela anexa, na Tabela 1 - Número de Municípios da Bacia do
Rio Tocantins por Estado e por sub-bacias a seguir:
Tabela 1 - Número de Municípios da Bacia do Rio Tocantins por Estado e por sub-
bacias
Estado Total SB 20 SB 21 SB 22 SB 23 SB 29
Goiás 79 51 19 9 0 0
Maranhão 20 0 0 0 20 0
Pará 25 0 0 0 1 24
Tocantins 99 2 11 47 39 0
TOTAL 224 54 30 56 60 24
2
TOTAL (km ) 379.830,25 64.393,77 63.211,35 107.556,19 70.980,25 73.691,31
Uma vez que os limites territoriais das sub-bacias não são coincidentes com os limites
municipais, mas, por outro lado, é na instância do governo municipal que as recomendações
e diretrizes serão recebidas e incorporadas, foi adotado critério territorial com base na divisão
em municípios para delimitação da abrangência da área de estudo, de tal forma que:
Foram excluídos aqueles municípios cuja área inserida na bacia é inferior a 10%. Essa
linha de corte foi estabelecida uma vez que grande parte dos municípios contidos na
área de estudo apresenta densidade demográfica bastante baixa e, portanto, essas
pequenas porções de áreas municipais localizadas na área de estudo representariam
muito pouco frente ao universo do trabalho;
Com relação às sub-bacias, adotou-se como critério considerar localizado em
determinada sub-bacia aqueles municípios cuja sede esteja situada na mesma.
Com base nesses cortes, verifica-se que a maioria dos municípios da Bacia Hidrográfica em
questão pertence ao Estado do Tocantins e, na seqüência, a Goiás. O número de municípios
dos Estados do Pará e do Maranhão que compõem a Bacia é praticamente equivalente em
ambos.
De acordo com a classificação dos cursos do Rio Tocantins em alto, médio e baixo, é
possível identificar de que forma se inserem as sub-bacias na área:
Alto Tocantins: engloba as sub-bacias 20, onde estão seus formadores, e a 21. A sub-
bacia 20 está basicamente em território goiano, envolvendo ainda o Distrito Federal e
dois municípios do Estado do Tocantins, e tendo como principais tributários os rios
Descoberto, das Almas, Tocantinzinho e Maranhão. Já a sub-bacia 21 está parcialmente
inserida nos Estados de Goiás e Tocantins e tem como principal tributário o rio Paranã e
seus afluentes São Domingos e Palma;
Médio Tocantins: engloba as sub-bacias 22 e 23. A sub-bacia 22, correspondente ao
trecho sul do médio Tocantins, situa-se predominantemente em território tocantinense,
envolvendo ainda alguns municípios de Goiás. Tem como principais tributários os rios
Cana Brava, Santa Tereza, Santo Antonio, São Valério, Manuel Alves e seus afluentes
das Balsas, Perdido, do Sono. Já a sub-bacia 23, correspondente ao trecho norte do
médio Tocantins, compreende porção dos Estados de Tocantins e Maranhão, tendo
como principais tributários os rios Manuel Alves Grande, Farinha e Lajeado;
Baixo Tocantins: engloba a sub-bacia 29, onde está a foz do rio Tocantins. Essa sub-
bacia está completamente inserida em território paraense e tem como principais
tributários os rios Parauapebas, Sororó, Cajazeiras e Itacaiúnas.
O Mapa A1, que constitui o chamado Mapa Base, ilustra a área de estudo e a divisão das
sub-bacias e encontra-se no Caderno de Mapas A do Atlas do projeto. Adicionalmente, inclui
a localização dos aproveitamentos hidrelétricos, separando-se os já em operação daqueles
previstos, segundo informações da ANEEL, cujos detalhes são discutidos a seguir.
Potência
Sub-
Cena Situação AHE instalada Rio UF
bacia
MW
Cana Brava 450 Tocantins 20 GO
Luis Eduardo Magalhães 22
902,5 Tocantins TO
(Lajeado)
Peixe Angical 452 Tocantins 21 TO
A - Atual: configuração com Em operação
aproveitamentos, contemplando Serra da Mesa 1.275 Tocantins 20 GO
os empreendimentos em Tucuruí I e II 8.370 Tocantins 29 PA
operação, em instalação e com
estudos de viabilidade Isamu Ikeda (1) 27,6 Balsas Mineiro TO
aprovados e licenças prévias
São Domingos (1) 12 São Domingos GO
obtidas
Em construção 20 TO/G
São Salvador 241 Tocantins
LI concedida O
Com concessão 23
Estreito 1.087 Tocantins TO/MA
LP concedida
B - Médio prazo: considerar o EV em análise pela Mirador 80 Tocantinzinho 20 GO
cenário A adicionando os ANEEL
empreendimentos hidrelétricos Serra Quebrada 1.328 Tocantins 23 TO/MA
em processo de licenciamento PDEE 2006-2015
Tupiratins 620 Tocantins 23 TO
prévio e com estudos de
inventário hidrelétrico EV em elaboração ou Buriti Queimado 142 das Almas 20 GO
aprovados (2015) revisão
Maranhão 125 Maranhão 20 GO
Potência
Sub-
Cena Situação AHE instalada Rio UF
bacia
MW
PDEE 2006-2015 Novo Acordo 160 Sono 22 TO
Tocantins (2) 480 Tocantins 22 TO
C - Longo prazo: considerar o Arraias 93 Palma 21 TO
cenário B com o eventual
potencial hidrelétrico Barra do Palma 58 Palma 21 TO
remanescente (2025) Brejão 75 do Sono 22 TO
Capoeira (3) 13 Urú 21 GO
EV em elaboração ou
revisão Guariba (3) 10,5 do Peixe 21 GO
Heitoraí (3) 9,3 Uru 21 GO
Marabá 2.160 Tocantins 29 PA/MA
Porteiras 86 Maranhão 20 GO
Rialcema (3) 12 do Peixe 21 GO
EIH aprovados pela Cachoeira Velha 81 do Sono 22 TO
ANEEL
Foz do Atalaia 72 Paranã 21 GO
Laguna 36 Maranhão 20 GO
Nova Roma 51 Paraná 21 GO
Paranã 95 Paranã 21 TO
Pau D'Arco 64 Palma 21 TO
Potência
Sub-
Cena Situação AHE instalada Rio UF
bacia
MW
Perdida II 48 do Sono 22 TO
Rio Sono 168 do Sono 22 TO
São Domingos 70 Paranã 21 TO
Tabela 3 – Principais Características das Pequenas Centrais Hidrelétricas – PCHs em Operação e Previstas
2. HISTÓRICO DE OCUPAÇÃO
A Bacia do Tocantins tem sido base de um processo dinâmico de crescimento econômico,
resultante especialmente da expansão da fronteira agropecuária, intensificada a partir dos
anos 60 e 70, quando da implantação das políticas de integração nacional, via ocupação de
terras disponíveis especialmente na região Centro-Oeste e Norte do país, com destaque para
o território amazônico.
O historiador Almeida Prado confirma estes fatos e relata ainda que o fidalgo La Planque
chegou à confluência do rio Tocantins com o rio Araguaia, agregando-se às nações
indígenas. Como neste período o Forte aí existente havia sido tomado pelos portugueses, La
Planque permaneceu na região por treze anos. Almeida Prado ainda escreve: “Os
Tupinambás habitavam a região próxima à cachoeira de Santo Antonio, hoje cidade de
Itaguatins, sendo de presumir que La Planque haja subido mais ainda o rio Tocantins”.
Quase ao mesmo tempo da investida francesa pela foz, foram iniciadas as entradas paulistas
pelas nascentes do Tocantins, seguindo-se até por volta de 1618, com o principal intuito de
capturar índios. Em 1590, uma pequena bandeira atingiu as nascentes do rio Tocantins,
descobrindo metais preciosos.
Durante toda a segunda metade do século XVII, após o fim do saque das missões do sul do
Brasil, os paulistas estavam de volta ao Planalto Central e aos formadores do rio Tocantins,
estimulados pela possibilidade de exploração de minas de ouro e à captura de índios. As
diversas entradas a partir de terras paulistas aparentemente foram paralisadas com a
descoberta de ouro nas Minas Gerais.
A partir desses marcos temporais, os ciclos históricos da economia regional podem ser assim
resumidos:
Exploração de gado - expansão das fazendas de criação dos sertões da Bahia,
Pernambuco, Piauí, a partir do século XVII, prolongando-se até a terceira década do
século XVIII, quando se descobrem as minas de ouro em Natividade, Arraias, Almas,
entre outros;
Mineração de ouro, que se estende até o final do século XVIII;
Novo ciclo da pecuária, a partir do final do século XVIII até o século XIX;
Lavoura de algodão e fumo, sob o incentivo da coroa Portuguesa com a praça de Belém,
a partir da segunda metade do século XVIII;
Borracha de mangabeira (caucho), no início do século XX, resultando na colonização do
Vale do rio Araguaia;
Mineração de cristal de rocha, antes da construção da rodovia Belém - Brasília.
Cabe ressaltar que, na segunda década do século XIX, com o fim da mineração, os
aglomerados urbanos tiveram seu crescimento estagnado ou desapareceram e grande parte
da população abandonou a região. A população remanescente foi para a zona rural e
dedicou-se à criação de gado e agricultura, produzindo apenas algum excedente para
aquisição de gêneros essenciais. A região entrou em processo de estagnação econômica,
resultando em uma paisagem de abandono, despovoamento, pobreza e miséria nas
primeiras décadas do século XIX.
Nesse quadro, a política de ocupação da época passou a valorizar cada vez mais o
povoamento, por via da agricultura e da pecuária e, assim, estimulou o comércio com outras
regiões. Como saída para a crise, as atenções voltaram-se para as possibilidades de ligação
comercial com o litoral, por meio da capitania do Pará, pela navegação dos rios Tocantins e
Araguaia.
Nas primeiras décadas do século XIX, já se apontava a navegação dos rios Tocantins e
Araguaia como alternativa para o desenvolvimento da região, estimulando relações
comerciais mais vantajosas, tanto no norte, como em toda a Capitania, diferente do
tradicionalmente realizado com a Bahia, Minas Gerais e São Paulo. Esse tipo de ocupação,
até a década de 50 do século passado, continuou impondo um padrão de ocupação rarefeito,
com poucos aglomerados urbanos.
Nesse sentido, o decreto nº 43.710/58, assinado pelo presidente Juscelino Kubitschek por
ocasião da construção de Brasília, criou a Comissão Executiva da Rodovia Belém-Brasília
(RODOBRÁS), autarquia subordinada à Superintendência do Plano de Valorização
Econômica da Amazônia (SPVEA), posteriormente SUDAM.
Dentre os efeitos provocados pela Rodovia Belém-Brasília, pode-se apontar que, com o
adensamento dos fluxos migratórios, alterações profundas começaram a ocorrer no modo de
vida dos antigos moradores. As derrubadas indiscriminadas e a expulsão dos “posseiros”
alteraram o cotidiano de vida dos sertanejos que, antes, tinham na caça, na pesca e no
extrativismo vegetal a sua forma de sobrevivência.
Desconhecendo seus direitos de posse e outras garantias legais, o sertanejo migrou para as
novas comunidades que se formaram ao longo da Rodovia Belém-Brasília, procurando
melhores condições de educação, saúde e emprego. Em movimento oposto, o migrante com
mais posses avançava nos sertões para estabelecer a propriedade rural, com atividades e
tecnologias antes desconhecidas nas ribeiras: trator, gado de raça, plantação de soja, entre
outros. Num primeiro momento, os latifúndios ainda improdutivos, mas com título de
Cabe destacar ainda que a porção norte da bacia, em território amazônico, também sofreu a
influência de um processo específico de ocupação. Até meados da década de 60, a porção
amazônica da Bacia permaneceu com reduzida capacidade de sustentação para as
atividades agropecuárias. O elevado custo de transporte e as demais dificuldades para a
exploração econômica (infra-estruturas, mercados consumidores, assistência técnica, entre
outros) inviabilizavam a sua ocupação.
No Pará, o que começou como um garimpo oportunista e desorganizado tornou-se uma área
de mineração na Serra dos Carajás, com escoamento pela Ferrovia Carajás - Porto de Itaqui.
Com a implantação da usina hidrelétrica de Tucuruí, no Pará, de vias terrestres, aeroportos,
redes de telecomunicações e a partir dos mencionados incentivos fiscais concedidos pelo
Banco da Amazônia, o setor privado começou a intensificar o fortalecimento econômico
regional.
Desta feita, o histórico de ocupação permite concluir que a área abrangida pela bacia do rio
Tocantins constitui território em transformação, com modelo de ocupação ainda não esgotado
e, portanto, suscetível a grandes mudanças, não necessariamente lineares.
De outro lado, os recursos hídricos existentes na bacia do rio Tocantins e seus Estados
integrantes fortalecem, no contexto nacional, a função de provedora de energia elétrica.
Este histórico de ocupação diferenciado, ora lento, ora mais veloz e intenso, e as
transformações antevistas constituem uma síntese preliminar, mas que já dá os contornos
II CARACTERIZAÇÃO DA BACIA DO
RIO TOCANTINS
Segundo a política energética nacional, a vocação regional e estratégica da Bacia do Rio
Tocantins está ligada ao seu grande potencial hidroenergético, destinando-se à implantação
de múltiplos empreendimentos de geração de energia hidrelétrica. Nesse contexto, o grande
desafio é compatibilizar, de maneira sustentável, a instalação desses empreendimentos com
os aproveitamentos já existentes, com o menor impacto socioambiental possível.
A Avaliação Ambiental Integrada - AII tem papel fundamental nesse sentido, uma vez que
“visa identificar e avaliar os efeitos sinérgicos e cumulativos resultantes dos impactos
ambientais ocasionados pelo conjunto de aproveitamentos hidrelétricos nas bacias
hidrográficas do país”2, nesse caso específico, a bacia do rio Tocantins.
Quanto à metodologia proposta para esta caracterização, ela envolve duas partes:
2
Conforme item Apresentação do “Termo de Referência para o estudo: Avaliação ambiental integrada dos aproveitamentos
hidrelétricos na bacia do rio Tocantins”.
Consórcio CNEC - ARCADIS Tetraplan 21
Empresa de Pesquisa Energética – EPE
Avaliação Ambiental integrada - AAI da Bacia do Rio Tocantins e seus Formadores
Relatório P2 – Caracterização da Bacia Hidrográfica do Rio Tocantins
Cada uma das análises temáticas contidas na presente caracterização segue esta
metodologia, apresentando seus resultados com base nessas duas partes.
Conforme já salientado, essa análise é feita com um objetivo claro: garantir os conhecimentos
e informações necessários para que se possa segmentar adequadamente a Bacia do Rio
Tocantins em compartimentos com algum grau de homogeneidade ou interdependência para
que se proceda à avaliação dos impactos e conflitos resultantes da implantação de
aproveitamentos hidrelétricos (considerando as cenas atual, médio prazo - 2015 e longo
prazo - 2025) em cada um desses compartimentos (o que se fará no Bloco III – Avaliação
Ambiental Distribuída e Conflitos) e inter-compartimentos, considerando a bacia como um
todo (o que ocorrerá no Bloco IV – Avaliação Ambiental Integrada), buscando definir diretrizes
e recomendações no contexto de um planejamento integrado, tendo em vista a
sustentabilidade da Bacia.
A) Caracterização Geral
A Bacia Hidrográfica do Tocantins abrange toda a região dos rios Tocantins-Araguaia com a
rede hidrográfica secundária afluente. Segundo a codificação da ANA – Agência Nacional de
Águas e do Plano Nacional de Recursos Hídricos – PNRH o código da Bacia é 2. A Bacia é
constituída por 10 sub-bacias, das quais as sub-bacias 20, 21, 22, 23 e 29 integram a Bacia
Consórcio CNEC - ARCADIS Tetraplan 22
Empresa de Pesquisa Energética – EPE
Avaliação Ambiental integrada - AAI da Bacia do Rio Tocantins e seus Formadores
Relatório P2 – Caracterização da Bacia Hidrográfica do Rio Tocantins
O rio Tocantins, formado pelos rios Maranhão e das Almas, nasce no norte do Estado de
Goiás, próximo ao Distrito Federal, e flui em direção ao norte do país por cerca de 2.500 km.
O primeiro trecho, de 1.100 km, corresponde ao Alto Tocantins; o trecho de 900 km para
jusante é denominado Médio Tocantins e, o trecho final, a jusante da foz do rio Araguaia, é
denominado Baixo Tocantins.
Nesse trajeto, o rio Tocantins corta todo o Estado do Tocantins, delimita parcialmente o
território do Maranhão e, após receber o rio Araguaia pela margem esquerda, entra no
Estado do Pará, desaguando nas proximidades da Ilha de Marajó. Seus principais tributários,
até sua confluência com o Araguaia, de montante para jusante são: rios Bagagem,
Tocantinzinho, Paranã, Manoel Alves de Natividade, do Sono, Manoel Alves Grande e
Farinha, pela margem direita e Santa Tereza, pela margem esquerda. O rio Araguaia nasce
em Serra Selada, na fronteira de Goiás e Mato Grosso, escoando também no sentido sul-
norte e sua confluência com o rio Tocantins representa o limite entre o médio e o baixo
Tocantins. No baixo Tocantins, o afluente principal, depois do Araguaia, é o rio Itacaiúnas,
também pela margem esquerda.
A bacia do rio Tocantins, a montante da confluência com o rio Araguaia, é caracterizada por
uma topografia monótona, com altitudes entre 200 e 500 m na maior parte, e superiores a
1.000 m nas cabeceiras. A rede de drenagem é razoavelmente densa. Comparativamente ao
rio Araguaia, as declividades médias são maiores, com poucas áreas alagadiças, o que
concorre para a formação de enchentes de resposta mais rápida.
Cabe destacar também que o transporte sólido é uma antiga preocupação das entidades que
atuam no planejamento e gestão dos recursos hídricos da bacia do rio Tocantins. Nesse
contexto, o monitoramento do transporte sólido começou a ser efetuado no final da década
de 70 e início dos 80, inicialmente pelo Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica -
DNAEE e atualmente pela Agência Nacional de Águas - ANA, em nove locais da bacia,
sendo sete no curso principal do rio Tocantins e nos rios Itacaiúnas e do Sono. Mais
recentemente, foram adicionados três novos pontos de monitoramento pela Tractebel
(Resolução 396).
Sub-
Área de Responsável Operadora Observação
bacia Início de
Código Rio Nome Tipo Município UF Latitude Longitude Altitude Drenagem
Operação
(km2)
20 20.001.000 RIO MARANHÃO FAZENDA CHIBATA D BRASÍLIA DF -15,504 -47,749 792,0 517,0 01/01/1986 CAESB CAESB
20 20.001.090 RIBEIRÃO DA CONTAGEM MONTANTE CAPTAÇÃO EPCT-001 DQ BRASÍLIA DF -15,655 -47,655 5,1 01/01/2001 CAESB CAESB
20 20.001.100 RIBEIRÃO DA CONTAGEM JUSANTE CAPTAÇÃO EPCT-001 DQ BRASÍLIA DF -15,650 -47,881 5,2 01/01/1983 CAESB CAESB
20 20.001.500 RIO DA PALMA BIBOCA FDQ BRASÍLIA DF -15,448 -47,968 01/01/2003 CAESB CAESB
20 20.017.000 RIO MARANHÃO MONTANTE PONTE DF-128 FDQ PLANALTINA GO -15,506 -47,611 947,0 142,0 01/08/2004 ANA CPRM
20 20.050.000 RIO MARANHÃO PONTE QUEBRA LINHA FDQ NIQUELÂNDIA GO -14,978 -48,676 414,1 11.008,0 01/04/1966 ANA FURNAS RESOLUÇÃO/396
RESOLUÇÃO-
20 20.090.000 RIO MARANHÃO AHE PORTEIRAS FDT BARRO ALTO GO -14,856 -48,758 13.670,0 01/05/1995 FURNAS FURNAS
396
20 20.100.000 RIO DAS ALMAS JARAGUÁ FD JARAGUÁ GO -15,720 -49,329 545,4 1.978,0 01/11/1964 ANA FURNAS
20 20.130.000 RIO DAS ALMAS UHE SÃO PATRÍCIO - JUSANTE FDT RIANÁPOLIS GO -15,514 -49,485 01/12/2001 CHESP CHESP RESOLUÇÃO/396
20 20.200.000 RIO URU URUANÃ FD URUANA GO -15,496 -49,691 600,0 3.650,0 01/12/1964 ANA FURNAS
20 20.250.000 RIO DAS ALMAS CERES (POSTO BIQUINHA) FRDT RIALMA GO -15,309 -49,553 10.538,0 01/11/1964 FURNAS FURNAS RESOLUÇÃO/396
20 20.489.100 RIO DAS ALMAS FAZENDA CAJUPIRA FDT HIDROLINA GO -14,800 -49,175 01/01/1997 FURNAS FURNAS RESOLUÇÃO/396
20 20.699.000 RIO BAGAGEM MUQUEM - VAU DA ONÇA FDT NIQUELÂNDIA GO -14,568 -48,159 1.610,0 01/08/1994 FURNAS FURNAS RESOLUÇÃO/396
20 20.899.000 RIO TOCANTINZINHO SÃO LUIZ DO TOCANTINS FDT NIQUELÂNDIA GO -14,240 -48,021 4.474,0 01/09/1994 FURNAS FURNAS RESOLUÇÃO/396
20 20.920.080 RIO TOCANTINS UHE SERRA DA MESA T MINAÇU GO -13,833 -48,301 50.975,0 01/11/2001 FURNAS FURNAS RESOLUÇÃO/396
20 20.950.000 RIO PRETO PONTE RIO PRETO FD CAVALCANTE GO -13,989 -47,928 884,0 01/04/1979 ANA FURNAS
20 20.980.000 RIO PRETO FAZENDA DEMÉTRIO FDS MINAÇU GO -13,703 -48,056 3.702,0 01/05/2001 CEM TRACTEBEL RESOLUÇÃO/396
21 21.040.000 RIO SÃO FELIX TORÓ FDQT CAVALCANTE GO -13,541 -48,001 785,0 01/04/2001 CEM TRACTEBEL RESOLUÇÃO/396
21 21.050.080 RIO TOCANTINS UHE CANA BRAVA FRT MINAÇU GO -13,408 -48,144 57.777,0 01/04/2001 CEM CEM RESOLUÇÃO/396
21 21.050.150 RIO TOCANTINS MIRA X FDST MINAÇU GO -13,362 -48,171 01/04/2001 CEM RTK RESOLUÇÃO/396
SÃO SALVADOR DO
21 21.080.000 RIO TOCANTINS SÃO SALVADOR FD TO -12,743 -48,237 63.522,0 01/11/1977 ANA FURNAS
TOCANTINS
21 21.100.000 RIO CANABRAVA FAZENDA BRECHO FD VILA BOA GO -14,961 -46,781 01/10/2003 LARROSA LARROSA
21 21.220.000 RIO PARANÃ FLORES DE GOIÁS FD FLORES DE GOIÁS GO -14,451 -47,047 7.277,0 01/06/1975 ANA FURNAS
21 21.280.000 RIO CORRENTE UHE MAMBAI - JUSANTE FD MAMBAI GO -14,712 -46,303 01/10/2001 CELG CELG
21 21.300.000 RIO CORRENTE ALVORADA DO NORTE FD ALVORADA DO NORTE GO -14,477 -46,491 4.062,0 01/10/1974 ANA FURNAS
21 21.300.100 RIO CORRENTE ALVORADA DO NORTE PCH FDT ALVORADA DO NORTE GO -14,476 -46,491 500,0 4.062,0 01/06/2002 CELG CELG RESOLUÇÃO/396
21 21.500.000 RIO PARANÃ NOVA ROMA (FAZ.SUCURI) FD NOVA ROMA GO -13,763 -46,838 22.834,0 01/10/1970 ANA FURNAS
21 21.510.000 RIO SÃO MATEUS PONTE SÃO MATEUS FD GUARANI DE GOIÁS GO -13,810 -46,649 895,0 01/10/1974 ANA FURNAS
21 21.551.000 RIO SÃO DOMINGOS UHE SÃO DOMINGOS FDT SÃO DOMINGOS GO -13,388 -46,386 01/06/2002 CELG CELG RESOLUÇÃO/396
21 21.560.000 RIO SÃO DOMINGOS FAZENDA VENEZA FD MONTE ALEGRE DE GOIÁS GO -13,499 -46,780 2.921,0 01/04/1976 ANA FURNAS
21 21.580.000 RIO SÃO VICENTE SÃO VICENTE FD SÃO DOMINGOS GO -13,551 -46,469 415,0 01/10/1974 ANA FURNAS
21 21.600.000 RIO PARANÃ PONTE PARANÃ FDT MONTE ALEGRE DE GOIÁS GO -13,424 -47,132 337,0 29.818,0 01/10/1967 ENERPEIXE FURNAS RESOLUÇÃO/396
21 21.660.000 RIO PARANÃ FAZENDA VISÃO DA SANTANA FDT PARANÃ TO -12,691 -47,783 273,0 40.519,0 01/06/2000 ENERPEIXE FURNAS RESOLUÇÃO/396
21 21.740.000 RIO MOSQUITO UHE MOSQUITO FDT CAMPOS BELOS GO -12,953 -46,371 01/06/2002 CELG CELG RESOLUÇÃO/396
21 21.750.000 RIO MOSQUITO LAVANDEIRA FD AURORA DO TOCANTINS TO -12,793 -46,512 1.220,0 01/10/1974 ANA FURNAS
21 21.760.080 RIO SOBRADO UHE SOBRADO FDT TAGUATINGA TO -12,528 -46,278 474,0 125,0 01/10/1996 CELTINS CELTINS RESOLUÇÃO/396
21 21.770.080 RIBEIRÃO DO ABREU PCH TAGUATINGA FDT TAGUATINGA TO -12,469 -46,443 454,0 139,6 01/05/1999 CELTINS CELTINS RESOLUÇÃO/396
21 21.780.080 RIO PONTE ALTA PCH PONTE ALTA DO BOM JESUS FDT PONTE ALTA DO BOM JESUS TO -12,098 -46,484 464,0 137,7 01/05/1999 CELTINS CELTINS RESOLUÇÃO/396
21 21.780.170 RIO PALMEIRAS PCH AGRO TRAFO 2 - MONTANTE FDT DIANÓPOLIS TO -11,605 -46,523 580,0 997,0 01/09/2002 CELTINS CELTINS RESOLUÇÃO/396
21 21.780.180 RIO PALMEIRAS PCH TRAFO 1 - MONTANTE FDT DIANÓPOLIS TO -11,676 -46,664 586,0 996,9 01/04/1995 CELTINS CELTINS RESOLUÇÃO/396
21 21.780.190 RIO PALMEIRAS PCH AGRO TRAFO 3 - JUSANTE FDT DIANÓPOLIS TO -11,677 -46,673 538,0 997,0 01/09/2002 CELTINS CELTINS RESOLUÇÃO/396
21 21.780.270 RIO PALMEIRAS PCH DIACAL - MONTANTE FDT NOVO JARDIM TO -11,736 -46,752 477,1 136,3 01/09/2002 CELTINS CELTINS RESOLUÇÃO/396
Sub-
Área de Responsável Operadora Observação
bacia Início de
Código Rio Nome Tipo Município UF Latitude Longitude Altitude Drenagem
Operação
(km2)
21 21.780.280 RIO PALMEIRAS PCH DIACAL - JUSANTE FDT NOVO JARDIM TO -11,745 -46,756 438,0 1.363,0 01/10/1994 CELTINS CELTINS RESOLUÇÃO/396
21 21.810.000 RIO PALMEIRAS PCH SÍTIO CAETANA (LARROSA & SANTOS) FD DIANÓPOLIS TO -11,767 -46,762 01/11/2001 LARROSA LARROSA
PCH SÍTIO PORTO FRANCO (LARROSA E
21 21.820.000 RIO PALMEIRAS FD DIANÓPOLIS TO -11,814 -46,785 01/11/2001 LARROSA LARROSA
SANTOS)
21 21.830.000 RIO PALMEIRAS PCH SÍTIO BOA SORTE (LARROSA & SANTOS) FD DIANÓPOLIS TO -11,890 -52,768 01/03/2002 LARROSA LARROSA
PCH SÍTIO LAGOA GRANDE (LARROSA &
21 21.840.000 RIO PALMEIRAS FD TAIPAS DO TOCANTINS TO -12,147 -52,802 01/03/2002 LARROSA LARROSA
SANTOS)
21 21.850.000 RIO PALMA RIO DA PALMA FDT CONCEIÇÃO DO TOCANTINS TO -12,416 -47,199 308,0 12.527,0 01/06/1973 ENERPEIXE FURNAS RESOLUÇÃO/396
21 21.860.000 RIO PALMA FAZENDA NOVA AREIA FDT PARANÃ TO -12,613 -47,760 269,0 17.047,0 01/06/2000 ENERPEIXE FURNAS RESOLUÇÃO/396
22 22.043.000 UHE PEIXE ANGICAL - Barramento T TO -12,236 -48,386 267,0 125.884,0 01/05/2006 RESOLUÇÃO/396
22 22.045.000 RIO TOCANTINS ANGICAL - JUSANTE FDT PEIXE TO -12,228 -48,404 234,0 126.987,0 01/10/2001 INVESTCO INVESTCO RESOLUÇÃO/396
22 22.050.001 RIO TOCANTINS PEIXE FDSQ PEIXE TO -12,023 -48,533 223,9 130.052,0 01/09/1938 ANA FURNAS
22 22.100.000 RIO SANTA TEREZA COLONHA FD PEIXE TO -12,391 -48,711 287,0 8.690,0 01/08/1974 ANA FURNAS
22 22.150.000 RIO SANTA TEREZA JACINTO FD PEIXE TO -11,981 -48,658 13.811,0 01/12/1971 ANA FURNAS RESOLUÇÃO/396
RIO MANUEL ALVES DA PORTO ALEGRE DO
22 22.190.000 PORTO ALEGRE FD TO -11,613 -47,045 1.930,0 01/08/1975 ANA FURNAS
NATIVIDADE TOCANTINS
22 22.200.080 RIO MANOEL ALVINHO PCH DIANÓPOLIS - JUSANTE FDT DIANÓPOLIS TO -11,469 -46,813 516,0 340,0 01/05/1999 CELTINS CELTINS RESOLUÇÃO/396
22 22.220.000 PORTO JERÔNIMO - FAZ. PIRACICABA FD TO -11,759 -47,836 282,0 9.000,0 01/08/1974 SIVAM
22 22.225.080 RIO BAGAGEM PCH BAGAGEM - JUSANTE FDT NATIVIDADE TO -11,372 -47,574 397,0 158,5 01/04/1999 CELTINS CELTINS RESOLUÇÃO/396
RIO MANUEL ALVES DA
22 22.250.000 FAZENDA LOBEIRA FD SÃO VALÉRIO DA NATIVIDADE TO -11,533 -48,289 14.475,0 01/08/1969 ANA FURNAS
NATIVIDADE
22 22.280.000 RIO TOCANTINS IPUEIRAS FD SILVANÓPOLIS TO -11,247 -48,459 01/02/2001 ANA FURNAS RESOLUÇÃO/396
22 22.300.000 RIO TOCANTINS FAZENDA JURUPARI FT PORTO NACIONAL TO -11,152 -48,517 218,0 01/05/2002 INVESTCO INVESTCO RESOLUÇÃO/396
22 22.349.080 RIO TOCANTINS PORTO NACIONAL T GUARAÍ (TUPIRAMA) TO -10,767 -48,400 177.800,0 01/01/2003 ELETRONORTE ELETRONORTE RESOLUÇÃO/396
22 22.351.000 RIO TAQUARUÇU TAQUARUÇU GRANDE FD PALMAS TO -10,250 -48,267 180,0 01/12/2002 NATURATINS NATURATINS
22 22.360.000 RIO DOS MANGUES MANGUES FDT PALMAS TO -10,349 -48,637 202,4 2.275,0 01/12/2000 INVESTCO INVESTCO RESOLUÇÃO/396
22 22.490.500 RIO TOCANTINS UHE LAJEADO - BARRAMENTO FT MIRACEMA DO TOCANTINS TO -9,756 -48,374 214,0 185.518,0 01/09/2001 INVESTCO INVESTCO RESOLUÇÃO/396
22 22.491.000 RIO TOCANTINS UHE LAJEADO - JUSANTE FDT MIRACEMA DO TOCANTINS TO -9,745 -48,363 178,0 185.591,0 01/01/1996 INVESTCO INVESTCO RESOLUÇÃO/396
22 22.492.080 RIO LAJEADO PCH LAJEADO - JUSANTE FDT LAJEADO TO -9,833 -48,292 454,0 499,8 01/05/1999 CELTINS CELTINS RESOLUÇÃO/396
22 22.500.000 RIO TOCANTINS MIRACEMA DO TOCANTINS FDSQ MIRACEMA DO TOCANTINS TO -9,568 -48,379 129,0 186.834,0 01/08/1969 ANA CPRM
22 22.680.000 RIO DO SONO JATOBÁ (FAZENDA BOA NOVA) FDT ITACAJÁ TO -9,991 -47,479 200,0 13.850,0 01/06/1973 ANA CPRM SIVAM
22 22.700.000 RIO DO SONO NOVO ACORDO FD DOIS IRMÃOS DO TOCANTINS TO -9,961 -47,675 180,0 18.500,0 01/12/1971 ANA CPRM
22 22.735.050 RIO DAS BALSAS UHE ISAMU IKEDA 2 - MONTANTE FDT MONTE DO CARMO TO -10,835 -47,768 278,5 8.000,0 01/09/2002 CELTINS CELTINS RESOLUÇÃO/396
22 22.735.060 RIO PONTE ALTA UHE ISAMU IKEDA 3 - MONTANTE FDT MONTE DO CARMO TO -10,752 -47,681 293,2 01/09/2002 CELTINS CELTINS RESOLUÇÃO/396
22 22.735.070 RIO DAS BALSAS UHE ISAMU IKEDA 4 FDT MONTE DO CARMO TO -10,699 -47,795 269,5 8.000,0 01/09/2002 CELTINS CELTINS RESOLUÇÃO/396
22 22.735.080 RIO DAS BALSAS UHE ISAMU IKEDA - FASE 1 E 2 FDT MONTE DO CARMO TO -10,694 -47,792 248,0 8.000,0 01/06/1999 CELTINS CELTINS RESOLUÇÃO/396
22 22.850.000 RIO PERDIDA DOIS IRMÃOS FD ITACAJA TO -9,311 -47,813 210,0 9.543,0 01/07/1973 ANA CPRM
22 22.900.000 RIO DO SONO PORTO REAL FDSQT FIGUEIRÓPOLIS TO -9,307 -47,929 200,0 44.910,0 01/08/1969 ANA CPRM SIVAM
23 23.100.000 RIO TOCANTINS TUPIRATINS FD GURUPI TO -8,392 -48,111 125,0 243.841,0 01/08/1969 ANA CPRM
23 23.150.000 RIO MANOEL ALVES PEQUENO ITACAJA FD CENTENÁRIO TO -8,392 -47,765 2.776,0 01/08/1973 ANA CPRM
23 23.220.000 RIO MANUEL ALVES GRANDE CACHOEIRA MONTE LINDO FD CARMOLÂNDIA TO -7,710 -46,926 4.158,0 01/01/1984 ANA CPRM
23 23.230.000 RIO VERMELHO JACARÉ FD CARMOLÂNDIA TO -7,963 -47,261 5.069,0 01/01/1984 ANA CPRM
23 23.250.000 RIO MANUEL ALVES GRANDE GOIATINS (PIACA) FDT CARMOLÂNDIA TO -7,708 -47,312 9.636,0 01/11/1971 ANA CPRM SIVAM
23 23.251.000 RIO ITAPICURU RIO ITAPECURU FD CAROLINA MA -7,462 -47,392 150,0 1.064,0 01/11/2004 ANA CPRM
23 23.300.000 RIO TOCANTINS CAROLINA FDSQT CAROLINA MA -7,334 -47,481 122,0 276.520,0 01/01/1962 ANA CPRM RESOLUÇÃO/396
23 23.460.000 RIO FARINHA CACHOEIRA DA USINA F CAROLINA MA -7,033 -47,000 250,0 3.000,0 01/07/1961 CEMAR CEMAR
23 23.465.000 RIO FARINHA CACHOEIRA DA PRATA F CAROLINA MA -7,017 -47,133 200,0 01/02/1962 CEMAR CEMAR
Sub-
Área de Responsável Operadora Observação
bacia Início de
Código Rio Nome Tipo Município UF Latitude Longitude Altitude Drenagem
Operação
(km2)
23 23.468.000 RIO FARINHA FAZENDA RIO FARINHA FD ESTREITO MA -6,865 -47,461 01/11/1999 ANA CPRM
23 23.600.000 RIO TOCANTINS TOCANTINÓPOLIS FDSQT LAGOA DO TOCANTINS TO -6,289 -47,392 126,1 290.570,0 01/01/1955 ANA ELETRONORTE RESOLUÇÃO/396
23 23.610.000 RIO LAJEADO RIO ITAUEIRAS FD LAJEADO NOVO MA -6,535 -47,304 150,0 01/08/2004 ANA CPRM
29 29.030.000 RIO TOCANTINS FAZENDA SÃO TOMÉ F MARABÁ PA -5,314 -48,975 76,0 690.521,0 01/09/1980 ANA CPRM
29 29.040.000 RIO TOCANTINS ARARAS FRDT MARABÁ PA -5,350 -48,881 01/11/2005 ELETRONORTE ELETRONORTE
29 29.050.000 RIO TOCANTINS MARABÁ FDSQT MARABÁ PA -5,339 -49,124 69,8 690.920,0 01/10/1971 ANA ELETRONORTE RESOLUÇÃO/396
29 29.061.000 RIO ITACAIÚNAS ACAMPAMENTO CALDEIRÃO FT MARABÁ PA -5,867 -50,483 12.174,0 01/10/1980 ANA CPRM SIVAM
29 29.080.000 RIO PARAUAPEBAS FAZENDA RIO BRANCO FDT MARABÁ PA -5,783 -49,800 9.398,0 01/04/1985 ANA CPRM SIVAM
29 29.100.000 RIO ITACAIÚNAS FAZENDA ALEGRIA FDSQT MARABÁ PA -5,514 -49,221 37.600,0 01/07/1969 ANA ELETRONORTE RESOLUÇÃO/396
29 29.200.000 RIO TOCANTINS ITUPIRANGA FDT ITUPIRANGA PA -5,129 -49,324 65,6 727.900,0 01/07/1969 ANA CPRM SIVAM
29 29.680.080 RIO TOCANTINS UHE TUCURUI - BARRAMENTO FT TUCURUI PA -3,750 -49,683 758.000,0 01/01/1999 ELETRONORTE ELETRONORTE RESOLUÇÃO/396
29 29.680.090 RIO TOCANTINS UHE TUCURUI - JUSANTE FDT TUCURUI PA -3,767 -49,700 758.000,0 01/01/1999 ELETRONORTE ELETRONORTE RESOLUÇÃO/396
29 29.700.000 RIO TOCANTINS TUCURUI FDSQ TUCURUI PA -3,758 -49,665 1,9 742.300,0 01/06/1969 ANA CPRM
29 29.750.000 RIO TOCANTINS NAZARÉ DOS PATOS F TUCURUI PA -3,466 -49,601 745.974,0 01/09/1971 ANA CPRM
Fonte: Agência Nacional de Águas - ANA, 2007
21 012.47.006 RIO DA PALMA T CONCEIÇÃO DO TOCANTINS TO -12,416 -47,199 308,0 01/05/2006 ENERPEIXE FURNAS RESOLUÇÃO/396
21 012.47.007 FAZENDA NOVA AREIA T PARANÃ TO -12,613 -47,759 269,0 01/05/2006 ENERPEIXE FURNAS RESOLUÇÃO/396
21 012.47.008 FAZENDA VISÃO DA SANTANA T PARANÃ TO -12,691 -47,783 273,0 01/05/2006 ENERPEIXE FURNAS RESOLUÇÃO/396
21 012.48.003 PALMEIRÓPOLIS P PALMEIRÓPOLIS TO -13,040 -48,492 01/02/1978 ANA FURNAS
21 013.46.000 SÃO DOMINGOS PR SÃO DOMINGOS GO -13,398 -46,316 01/01/1969 ANA FURNAS
21 013.46.001 NOVA ROMA (FAZ.SUCURI) P NOVA ROMA GO -13,742 -46,878 01/01/1969 ANA FURNAS
21 013.46.002 FAZENDA INGAZEIRO P SÃO DOMINGOS GO -13,568 -46,367 01/01/1969 ANA FURNAS
21 013.46.004 CAMPOS BELOS P CAMPOS BELOS GO -13,036 -46,777 600,0 01/08/1973 ANA FURNAS
21 013.46.005 SÃO VICENTE P CAMPOS BELOS GO -13,634 -46,467 01/10/1974 ANA FURNAS
21 013.46.007 FAZENDA PRAINHA (FAZ.ANTAS) P CORRENTINA BA -13,330 -46,062 824,0 01/06/1981 ANA CPRM
21 013.46.008 UHE SÃO DOMINGOS P SÃO DOMINGOS GO -13,414 -46,364 590,0 01/06/2002 CELG CELG RESOLUÇÃO/396
21 013.47.000 CAVALCANTE P CAVALCANTE GO -13,797 -47,462 01/01/1969 ANA FURNAS
21 013.47.001 PONTE PARANÃ P MONTE ALEGRE DE GOIÁS GO -13,424 -47,132 01/01/1969 ANA FURNAS
21 013.47.002 PONTE PARANÃ T MONTE ALEGRE DE GOIÁS GO -13,425 -47,138 337,0 01/05/2006 ENERPEIXE FURNAS RESOLUÇÃO/396
21 013.48.001 SAMA PR MINAÇU GO -13,533 -48,227 01/07/1964 ANA FURNAS
21 013.48.002 SÃO FELIX PR SÃO FELIX DO TOCANTINS TO -13,533 -48,138 01/05/1970 CEM CEM RESOLUÇÃO/396
21 014.46.002 83332 POSSE PRC POSSE GO -14,084 -46,371 826,0 01/08/1975 INMET INMET
21 014.46.004 SÍTIO D'ABADIA P SITIO D'ABADIA GO -14,804 -46,253 01/01/1984 ANA CPRM
21 014.46.005 POSSE PCT POSSE GO -14,082 -46,363 443,0 01/12/1997 SIMEGO SIMEGO
21 014.46.006 UHE MAMBAI - JUSANTE P MAMBAI GO -14,686 -46,300 01/01/2001 CELG CELG
21 014.46.007 FAZENDA BRECHO P VILA BOA GO -14,961 -46,781 896,0 01/11/2003 LARROSA LARROSA
21 014.47.001 FLORES DE GOIÁS P FLORES DE GOIÁS GO -14,450 -47,046 200,0 01/01/1969 ANA FURNAS
21 014.47.008 FLORES DE GOIÁS PCT FLORES DE GOIÁS GO -14,519 -47,016 437,0 01/12/1997 SIMEGO SIMEGO
21 015.47.001 FAZENDA SANTA SÉ P FORMOSA GO -15,216 -47,157 01/01/1969 ANA FURNAS
21 015.47.003 83379 FORMOSA PRC FORMOSA GO -15,549 -47,338 912,0 01/01/1964 INMET INMET
INPE -
22 008.48.005 MET19 PEDRO AFONSO PRCT PEDRO AFONSO TO -8,968 -48,177 01/06/1997 INPE INPE
22 009.46.003 LIZARDA P COMBINADO TO -9,592 -46,681 620,0 01/04/1973 ANA CPRM
22 009.47.001 MANSINHA P ITACAJA TO -9,458 -47,327 320,0 01/01/1983 ANA CPRM
22 009.48.000 MIRACEMA DO TOCANTINS PR MIRACEMA DO TOCANTINS TO -9,564 -48,388 210,0 01/08/1969 ANA CPRM
22 009.48.001 PORTO REAL P FIGUEIRÓPOLIS TO -9,307 -47,929 200,0 01/09/1969 ANA CPRM SIVAM
22 009.48.003 UHE LAJEADO - JUSANTE PT MIRACEMA DO TOCANTINS TO -9,754 -48,367 178,0 01/05/2002 INVESTCO INVESTCO RESOLUÇÃO/396
22 010.46.001 MATEIROS P MATEIROS TO -10,533 -46,367 01/03/1998 ANA CPRM
22 010.47.000 JATOBÁ (FAZENDA BOA NOVA) P ITACAJA TO -9,991 -47,479 250,0 01/08/1973 ANA CPRM SIVAM
22 010.47.001 NOVO ACORDO P DOIS IRMÃOS DO TOCANTINS TO -9,961 -47,675 300,0 01/12/1971 ANA CPRM
22 010.47.002 PORTO GILÂNDIA P CRISTALÂNDIA TO -10,786 -47,800 300,0 01/08/1969 ANA CPRM
22 010.47.004 PONTE ALTA DO TOCANTINS P GOIATINS (PIACA) TO -10,751 -47,536 300,0 01/01/1984 ANA CPRM
22 010.47.005 UHE ISAMU IKEDA - FASE 1 E 2 P MONTE DO CARMO TO -10,694 -47,792 248,0 01/12/1998 CELTINS CELTINS
22 010.47.006 UHE ISAMU IKEDA - MONTANTE P MONTE DO CARMO TO -10,835 -47,768 277,0 01/09/2002 CELTINS CELTINS
22 010.48.000 FÁTIMA P FÁTIMA TO -10,763 -48,903 340,0 01/11/1971 ANA FURNAS
22 010.48.003 83064 PORTO NACIONAL PRC PORTO NACIONAL TO -10,704 -48,418 270,0 01/01/1915 INMET INMET
22 010.48.004 83063 PORTO NACIONAL PC PORTO NACIONAL TO -10,717 -48,383 265,0 01/08/1966 DEPV DEPV
22 010.48.005 TAQUARUSSU DO PORTO P TAQUARUSSU DO PORTO TO -10,313 -48,159 01/06/1976 ANA CPRM
22 010.48.007 MANGUES PT PALMAS TO -10,345 -48,635 01/04/2002 INVESTCO INVESTCO RESOLUÇÃO/396
22 011.46.000 DIANÓPOLIS PR DIANÓPOLIS TO -11,625 -46,811 01/12/1971 ANA FURNAS
22 011.46.004 PCH DIANÓPOLIS - JUSANTE P DIANÓPOLIS TO -11,466 -46,820 461,3 01/09/2002 CELTINS CELTINS RESOLUÇÃO/396
1.1.3. Clima
A área da bacia hidrográfica do rio Tocantins, conforme mencionado, dispõe de uma rede
reduzida, e espacialmente mal distribuída, de estações meteorológicas, dificultando uma
melhor caracterização das condições climáticas. Os principais pontos de monitoramento
climatológico existentes pertencem ao Instituto Nacional de Meteorologia – INMET, cujos
dados constam da publicação “Normais Climatológicas (1961-1990)”, tendo sido identificadas
28 estações distribuídas pelas cinco sub-bacias. Existem ainda outras 13 estações, operadas
por entidades diversas, como ANEEL e Furnas, também nas cinco sub-bacias, que compõem
a rede meteorológica da Bacia.
A caracterização do clima será feita com base nos dados gerados nessas estações
meteorológicas.
A bacia hidrográfica do rio Tocantins, do ponto de vista climático, situa-se entre duas
importantes regiões de natureza muito diferenciada, a saber:
A região amazônica, sob o domínio do sistema Equatorial Continental Amazônico, cuja
origem dá-se na região aquecida e coberta por vegetação do interior do continente;
O Nordeste Brasileiro, sob o domínio do sistema Equatorial Atlântico, constituído pelos
alísios de sudeste do anticiclone do Atlântico Sul, responsável pelas precipitações
noturnas ao longo do litoral nordestino.
Cabe ressaltar que a ZCIT situa-se numa faixa de domínio oceânico, sendo, portanto,
razoável esperar que exista uma relação direta entre as anomalias da temperatura da
superfície do mar e as precipitações no continente ou, mais especificamente, na bacia do rio
Tocantins.
As frentes frias interiores, após transporem a região do Chaco, rica em umidade e sede
natural de uma ciclogênese, podem penetrar até latitudes inferiores aos 20º Sul, alcançando
a região Centro-Oeste e o extremo sul da região Norte.
Não obstante essa relativa homogeneidade climática, que confere a toda a região um clima
tropical continental alternadamente úmido e seco, os estudos de inventário hidroenergético
desenvolvidos pela Eletronorte identificaram os seguintes setores climáticos para a bacia do
Tocantins, conforme Ilustração 2 – Setores Climáticos da bacia do rio Tocantins:
Cametá
Tucuruí
Setor 4
clima quente e úmido
Marabá
Imperatriz
Carolina
Setor 3
clima de transição de
tropical para equatorial
Porto Nacional
Setor 2
clima tropical continental, Peixe
Taguatinga
embora bastante úmido pela Paranã
proximidade equatorial
Posse
Setor 1
tropical continental úmido, com Goianésia
amenizações parciais na época Pirenópolis
Goiás
quente devido à altitude;
Este setor constitui parte integrante do Planalto Central, com elevadas altitudes junto ao
Espigão Mestre e à Serra Geral de Goiás. Seu limite setentrional encontra-se entre os
paralelos 13º e 14º Sul. O clima predominante é de natureza tropical continental úmido, com
amenizações parciais na época quente devido à altitude, com temperatura anual média de
22,5º C. O setor apresenta baixas amplitudes térmicas anuais, em torno de 3º C.
Em relação à Umidade Relativa do Ar, verifica-se uma média anual de 69% nesse setor,
obviamente observando-se os maiores valores nos meses correspondentes ao período
chuvoso. A pressão atmosférica média anual verificada nesse setor é de 920 hPa, as
menores registradas na bacia.
Setor 2 – Transição ao Médio Tocantins (porções das sub-bacias 20, 21 e 22)
É limitado, ao sul, pelo setor 1 e, o norte, pelo paralelo 11º Sul, aproximadamente na região
da cidade de Porto Nacional. A posição latitudinal deste setor propicia uma influência apenas
indireta da Zona de Convergência Intertropical – ZCIT, o que lhe confere um clima
classificado como tropical continental, embora seja bastante úmido pela proximidade
equatorial, com temperatura média anual de 25ºC. O setor também apresenta baixas
amplitudes térmicas anuais, em torno de 3º C.
Em relação à Umidade Relativa do Ar, verifica-se uma média anual de 70% nesse setor. Já a
pressão atmosférica média anual verificada nesse setor é de 970 hPa.
Setor 3 – Médio Tocantins (porções da sub-bacia 22 e 23)
É limitado ao sul pelo Setor 2 e, ao norte, pelo paralelo 8º Sul, aproximadamente na região da
cidade de Colinas do Tocantins. Por sua posição central na bacia, caracteriza-se como um
clima de transição de tropical para equatorial, com temperatura média anual de 26,1ºC. Da
mesma forma que nos demais setores, a amplitude térmica anual é baixa, inferior a 3ºC.
Em relação à Umidade Relativa do Ar, verifica-se uma média anual de 79% nesse setor, ou
seja, os maiores índices verificados na bacia. A pressão atmosférica média anual verificada
nesse setor é de 998 hPa, as maiores verificadas na bacia.
Em resumo, pode-se constatar que, de forma geral, as temperaturas médias anuais são
bastante uniformes em toda a bacia do rio Tocantins, tendendo a diminuir um pouco a medida
que aumenta a latitude, variando de 26,4º C ao norte até 22,5º C no extremo norte do Estado
de Goiás. As variações sazonais da pluviosidade atuante constituem o fator climático mais
importante na região da bacia do rio Tocantins. Esta sazonalidade é um dos atributos
climáticos característicos de toda a região, condicionando alternadamente uma extrema
carência de água com abundantes excedentes hídricos.
Em termos da insolação, tem uma variação sazonal marcante, com maior número de horas
de sol nos meses de estiagem, já que a circulação atmosférica de macro-escala praticamente
impede a formação de nuvens nos meses de maio a outubro. A Umidade Relativa do Ar
apresenta um comportamento relativamente homogêneo quanto à sua distribuição, variando
de 67 % no Alto Tocantins e chegando a 87% em seu baixo curso.
De acordo com a definição da ANA para a subdivisão de bacias do território brasileiro, a bacia
do rio Tocantins enquadra-se no grupo de mananciais integrantes da Bacia 2, denominada
Região Hidrográfica Araguaia-Tocantins. Esta Região é subdividida em 10 sub-bacias, sendo
O rio Tocantins tem seu desenvolvimento no sentido sul-norte, sendo formado pela conjunção
dos rios das Almas e Maranhão, cujas nascentes ocorrem no Planalto de Goiás, em níveis
superiores a 1.000 m. Apresenta uma extensão aproximada de 2.500 km desde suas
cabeceiras até sua desembocadura na Baía de Marajó.
O trecho denominado Médio Tocantins tem início no paralelo 12º de latitude sul e termina
junto à confluência com o rio Araguaia, abrangendo territórios dos estados do Tocantins,
Maranhão e Pará. Neste trecho, os principais afluentes também se encontram na margem
direita, com destaque para os rios Manuel Alves da Natividade (área de drenagem de 14.933
km2), do Sono (área de drenagem de 45.600 km2), Manuel Alves Grande e Farinha. Pela
margem esquerda, os afluentes são de pequeno porte, com exceção do rio Santo Antônio,
que é de médio porte.
O trecho denominado Baixo Tocantins tem início na confluência do rio Araguaia com o rio
Tocantins e abrange todo o trecho do rio Tocantins até a sua desembocadura na Baía de
Marajó. Os principais afluentes são os rios Araguaia e Itacaiúnas, ambos pela margem
esquerda.
1.3. Vazões
A configuração espacial da rede de drenagem da bacia hidrográfica do rio Tocantins é
bastante assimétrica: no Alto e Médio Tocantins, conforme mencionado, os principais
afluentes são todos na margem direita, à exceção do rio Santa Teresa, que desemboca no rio
Tocantins na região de transição entre o Alto e o Médio Tocantins. Já no Baixo Tocantins, os
afluentes principais são o Araguaia e o Itacaiúnas, ambos na margem esquerda do rio.
Para uma melhor caracterização do regime fluvial do rio Tocantins, foram consideradas
algumas estações fluviométricas da rede, cujas vazões aparecem indicadas no gráfico a
seguir.
30.000,0
25.000,0
20.000,0 Ceres
São Salvador
m³/s
15.000,0
Peixe
10.000,0 Tucurui
5.000,0
0,0
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
Por isso denota-se um forte caráter sazonal que define o regime da vazão do rio Tocantins,
obedecendo as características climáticas que se apresentam em seu curso, que são as do
clima Tropical Continental e Equatorial.
Em 2005, o ONS publicou as vazões médias mensais, mínimas e máximas para todos os
locais onde foram ou estão sendo instaladas usinas hidrelétricas. As vazões publicadas
abrangem um período de 1931 a 2004 e estão disponíveis para as seguintes usinas
hidrelétricas: Serra da Mesa; Cana Brava; São Salvador; Peixe Angical; Lajeado; Estreito; e,
Tucuruí.
Na tabela a seguir são apresentadas as vazões médias mensais, máximas e mínimas, para
esses locais.
Nome da Usina SB Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Anual
Med 1.445,0 1.667,0 1.529,0 1.079,0 575,0 397,0 300,0 233,0 225,0 324,0 577,0 1.066,0 785,0
Serra da Mesa 20 Min 434,0 432,0 554,0 330,0 215,0 145,0 111,0 97,0 99,0 98,0 216,0 340,0 97,0
Max 3.330,0 6.163,0 3.827,0 3.524,0 1.689,0 976,0 717,0 543,0 517,0 847,0 1.556,0 3.823,0 6.163,0
Med 1.616,0 1.857,0 1.705,0 1.203,0 645,0 448,0 341,0 268,0 257,0 370,0 654,0 1.192,0 880,0
Cana Brava 20 Min 466,0 462,0 597,0 395,0 263,0 193,0 146,0 136,0 106,0 102,0 236,0 381,0 102,0
Max 3.771,0 7.012,0 4.247,0 3.875,0 1.876,0 1.073,0 785,0 596,0 563,0 921,0 1.690,0 4.275,0 7.012,0
Med 1.782,0 2.027,0 1.891,0 1.357,0 724,0 492,0 374,0 295,0 282,0 400,0 715,0 1.326,0 972,0
São Salvador 20 Min 542,0 520,0 685,0 491,0 275,0 222,0 181,0 144,0 111,0 107,0 238,0 419,0 107,0
Max 4.106,0 7.377,0 4.828,0 4.250,0 2.132,0 1.165,0 840,0 637,0 606,0 995,0 1.817,0 4.569,0 7.377,0
Med 3.193,0 3.633,0 3.442,0 2.407,0 1.203,0 801,0 620,0 502,0 483,0 660,0 1.229,0 2.376,0 1.712,0
Peixe Angical 21 Min 974,0 989,0 1.487,0 781,0 549,0 404,0 322,0 276,0 250,0 228,0 357,0 718,0 228,0
Max 8.383,0 12.561,0 8.264,0 7.929,0 4.317,0 2.139,0 1.553,0 1.210,0 1.032,0 1.864,0 3.122,0 8.897,0 12.561,0
Med 4.566,0 5.301,0 5.282,0 3.890,0 1.924,0 1.154,0 835,0 645,0 591,0 825,0 1.614,0 3.236,0 2.489,0
Lajeado 22 Min 1.392,0 1.573,0 2.216,0 1.347,0 875,0 532,0 416,0 335,0 286,0 285,0 437,0 982,0 285,0
Max 11.869,0 15.250,0 12.273,0 10.014,0 6.060,0 2.867,0 1.934,0 1.462,0 1.201,0 2.535,0 4.295,0 10.978,0 15.250,0
Med 7.037,0 8.466,0 8.911,0 7.305,0 4.057,0 2.366,0 1.703,0 1.321,0 1.197,0 1.550,0 2.674,0 4.862,0 4.287,0
Estreito 23 Min 2.998,0 2.740,0 4.243,0 2.871,0 1.972,0 1.175,0 955,0 676,0 585,0 609,0 1.041,0 1.466,0 585,0
Max 15.826,0 22.600,0 18.399,0 15.155,0 10.727,0 5.274,0 3.278,0 2.466,0 2.013,0 3.775,0 6.252,0 13.671,0 22.600,0
Med 15.417,0 20.654,0 24.070,0 23.930,0 15.393,0 7.359,0 4.282,0 3.038,0 2.396,0 2.679,0 4.401,0 8.651,0 11.023,0
Tucuruí 29 Min 5.249,0 7.199,0 10.319,0 12.956,0 7.242,0 3.772,0 2.278,0 1.657,0 1.392,0 1.269,0 1.715,0 2.764,0 1.269,0
Max 35.804,0 44.250,0 51.539,0 49.445,0 31.611,0 14.345,0 7.742,0 5.559,0 4.379,0 5.642,0 10.298,0 18.684,0 51.539,0
De forma complementar, vale dizer que as vazões médias podem ser relacionadas com as
respectivas áreas de contribuição, obtendo-se expressões regionais que permitem estimar os
deflúvios naturais ao longo de todo o curso do rio Tocantins. Os gráficos a seguir apresentas
as vazões médias e mínimas naturais do rio Tocantins.
4,0
R2 = 0,9969
3,5
3,0
2,5
4,5 5,0 5,5 Log(área - km 2) 6,0
vazão específica
mínima, l/s/km2
2,5
mínima, m3;s
vazão mensal
1.000 2,0
1,5
500 1,0
0,5
0 0,0
0 200.000 400.000 600.000 800.000
vazão mensal mínima vazão específica mínima área de drenagem , km 2
Uma apreciação geral do potencial hídrico de superfície, baseada nas séries de vazões
médias naturais definidas para alguns locais do rio Tocantins, mostra que:
As contribuições específicas médias ao longo do Tocantins, do alto ao baixo curso, são
decrescentes, com exceção do trecho a jusante do município de Estreito, onde se
observa uma ligeira tendência de crescimento, sobretudo devida à entrada das
contribuições dos rios do Sono e Manoel Alves Grande;
O regime fluvial caracteriza-se por apresentar um período de enchentes entre os meses
de novembro a maio, concentrado no trimestre janeiro a março, e o período de estiagem
entre os meses de junho a outubro, sendo que os menores deflúvios ocorrem no
trimestre de julho a setembro;
As produtividades hídricas nos meses de estiagem, conforme a figura abaixo,
apresentam valores inferiores a 2,0 l/s/km2, decrescendo gradualmente das cabeceiras
(cerca de 1,9 l/s/km2) para jusante. As vazões específicas decrescem para valores da
ordem de 1,5 l/s/km2 próximo à desembocadura do rio do Sono. A partir dessa
confluência a vazão específica tem um acréscimo súbito (para cerca de 2,0 l/s/km2),
voltando a decrescer gradativamente para jusante;
As produtividades hídricas nos meses de chuvas decrescem gradualmente das
cabeceiras até a foz do rio Tocantins, na Baía de Marajó.
Com o início da operação do reservatório da UHE de Serra da Mesa, houve uma modificação
do regime fluvial do rio Tocantins a jusante do aproveitamento, provocando: (i) a atenuação
dos eventos de cheias pelo controle proporcionado pelas comportas e volume de espera
alocado no reservatório; (ii) o aumento das vazões de estiagem devido à capacidade de
regularização de vazões desse reservatório. Todavia a extensão total desta regularização
ainda não foi constatada, já que o reservatório, até meados de 2006, ainda não se encontra
no seu nível máximo operacional.
Os demais reservatórios do Alto e Médio Tocantins operam a fio d´água, não influindo assim
significativamente na regularização do rio Tocantins.
O fornecimento de água nos Estados que compõem a bacia do rio Tocantins é realizado por
quatro empresas: SANEATINS - Companhia de Saneamento do Estado do Tocantins;
SANEAGO – Saneamento de Goiás; CAEMA – Companhia de Águas e Esgotos do
Maranhão; e COSANPA – Companhia de Saneamento do Pará.
O abastecimento domiciliar nas áreas urbanas é suprido na sua maior parte pelas empresas
de saneamento básico, através de captações em mananciais superficiais ou subterrâneos.
Segundo dados da FIBGE, a quantidade de domicílios ligados às redes de abastecimento
público é da ordem de 86,9% (cerca de 80% da população conforme informação anterior),
patamar pouco inferior ao observado no Brasil (89,8%).
Goiano (73,1%). Apesar das melhorias tecnológicas observadas nos últimos anos, há, ainda,
um predomínio da produção semi-extensiva.
Em função da disponibilidade de terras aptas, a agricultura irrigada é uma atividade que, hoje,
representa 66% da demanda total da região hidrográfica, ainda com grande potencial de
expansão. No ano de 1996, a área irrigada na bacia do Tocantins era de 39.857 ha.
1.4.2.1. Navegação
O rio Tocantins, em 715 km, da foz a Imperatriz, no Maranhão, oferece boas condições de
navegabilidade. Há, entretanto, uma descontinuidade no km 280, representada pela não
Consórcio CNEC - ARCADIS Tetraplan 52
Empresa de Pesquisa Energética – EPE
Avaliação Ambiental integrada - AAI da Bacia do Rio Tocantins e seus Formadores
Relatório P2 – Caracterização da Bacia Hidrográfica do Rio Tocantins
conclusão das obras de implantação das eclusas da AHE Tucuruí. O trecho do rio, na
extensão de Abaetetuba (PA) a Tucuruí (PA), é navegável durante todo o ano, para
embarcações com calado de até 2,50 m, sendo que da foz até Cametá (PA) pode ser
utilizado por embarcações marítimas. Em Tucuruí a navegação é interrompida num estirão de
7 km, onde estão sendo realizadas as obras das eclusas de Tucuruí, e do canal de
navegação de 5,50 km que as interliga.
Do lago da barragem de Tucuruí, até a cidade de Marabá, no Pará, numa extensão de 215
km, o rio Tocantins pode ser navegado por embarcações de grande porte, havendo alguma
restrição no trecho a montante de Praia Alta, no km 440, em situações de deplecionamento
mais severo dos níveis daquele lago. No percurso para montante, a navegação pelo rio
Tocantins chega até o porto de Imperatriz (cerca de 180 km), suportando embarcações com
calado de até 1,90 m (operação restrita a cerca de 50% do tempo).
De Imperatriz até Porto Franco (MA), o rio Tocantins não é considerado navegável. Nesse
trecho está prevista a construção, a montante de Imperatriz, da barragem de Serra Quebrada,
a qual deverá ser provida de eclusas, o que permitirá a continuidade da navegação para
montante, até a barragem da usina hidrelétrica Luiz Eduardo Magalhães (AHE Lajeado), onde
já se encontra em construção a eclusa, o que torna viável o acesso da navegação à cidade
de Palmas. Na UHE Peixe Angical também está prevista construção de uma eclusa, faltando
assim somente a eclusa da UHE Tocantins (antiga Ipueiras) para tornar a hidrovia navegável
com comboios de porte desde Belém até a cidade de Paranã.
Sub-bacia Potência
Usina Rio Estado
(MW)
Serra da Mesa 20 Tocantins GO 1.275
Cana Brava 20 Tocantins GO 465
Peixe Angical 21 Tocantins TO 452
Luís Eduardo Magalhães (Lajeado) 22 Tocantins TO 902
Tucuruí 29 Tocantins PA 8.370
TOTAL 11.464
Apesar do baixo índice de atendimento (2%), dos efluentes coletados, uma grande parcela é
encaminhada para tratamento em ETEs (cerca de 74%).
Total da
Região 921.921 1.839 1.373 13.625 14,8 2.517 2,7 59.858
Hidrográfica
% do Brasil 11 --- --- 8 --- 3 --- ---
Fonte: Plano Nacional de Recursos Hídricos – PNRH / Agência Nacional de Águas – ANA.
Notas: P: Precipitação média anual; E: Evapotranspiração real; Q: Vazão média de longo período; q:
Vazão específica; Q95: Vazão com permanência de 95%
Os índices de balanço hídrico foram classificados pela ANA em 2005, conforme Tabela 13 –
Índices de Balanço Hídrico (%) a seguir:
Inferior a 5 Excelente
De 5 a 10 Confortável
De 10 a 20 Preocupante
De 20 a 40 Crítica
Na bacia hidrográfica do rio Tocantins, em termos médios anuais, a relação entre demanda
total e disponibilidade de água não alcança 5%, condição em que a água é considerada um
bem livre, quando considerada a vazão média de longo período acumulada de montante para
jusante. Para a vazão com permanência em 95% do tempo, a situação é confortável no Alto
Tocantins e excelente no Médio e Baixo Tocantins.
Diante deste quadro, atualmente, para o conjunto da bacia, os potenciais conflitos pelo uso
múltiplo da água não se referem às questões quantitativas, podendo ocorrer problemas
pontuais, em nível localizado.
Tucuruí - Jusante
Rio Araguaia
Tupiratins
Carolina
Marabá
Peixe
Rio Tocantins
Itupiranga
Rio do Sono
Para todas as localidades acima, conforme o estudo citado, foram desenvolvidas as curvas-
chave de transporte sólido (relação funcional entre vazão líquida e vazão sólida do curso
d’água). Com as curvas-chave do transporte sólido aplicadas às séries de vazões definidas
para as mesmas localidades (através de dados do monitoramento fluviométrico), foram
determinadas as respectivas séries de dados do transporte sólido. Para as séries de vazões
líquidas e sólidas, resultaram as características apresentadas na Tabela 14 – Transporte de
Sólidos segundo as Estações Identificadas na Bacia.
2 3 2 2
Estações / Localidade Área (km ) m /s l/s/km t/dia t/km .ano mg/l
50.000
40.000
Qss - t/dia
30.000
20.000
10.000
0
1800 1600 1400 1200 1000 800 600 400 200 0
distância a foz - km
Rio Tocantins Tributário
100
Qss - t/km2.ano
80
60
40
20
0
1800 1600 1400 1200 1000 800 600 400 200 0
A descarga sólida específica ao longo do rio Tocantins, conforme gráfico acima, mostra
valores que o classificam como de “baixo” fluxo de sedimentos (valores abaixo de 70
t/km2.ano). Apenas o afluente rio Paranã é enquadrado na categoria “médio” fluxo de
sedimentos.
250
200
Qss - mg/l
150
100
50
0
1800 1600 1400 1200 1000 800 600 400 200 0
Toda a porção central da Bacia Hidrográfica do Rio Tocantins é constituída por unidades do
embasamento cristalino. Este é basicamente composto por rochas ígneas e metamórficas
pertencentes a terrenos Arqueanos e Proterozóicos. Não existem muitas informações sobre o
potencial hidrogeológico desta unidade, mas em linhas gerais, este pode ser considerado
muito baixo.
As unidades da Bacia do São Francisco ocorrem na porção sudeste e leste da região e são
representadas por formações sedimentares pertencentes ao Grupo Bambuí, ocupando uma
área total de 9.660 km2. O predomínio de rochas calcárias e mármores propiciou o
desenvolvimento de processos cársticos intensos e, com isso, a formação de um grande
sistema aqüífero do tipo fraturado. O potencial hídrico desta unidade é considerado bom e
suas águas localmente apresentam dureza muito alta.
Na área de interesse, estão presentes nove sistemas aqüíferos principais distribuídos nas
quatro mencionadas províncias geológicas, sendo que a maioria não é exclusiva da Bacia
Hidrográfica do Rio Tocantins. Apesar de não haver uma correspondência direta entre os
padrões de drenagens superficiais e aqüíferos subterrâneos, a associação de parâmetros
geológicos e hidrogeológicos a partir destas unidades permitem sistematizar os dados de
maneira mais funcional.
Baixo Potencial
Hidrogeológico
Sub- Potencial
Domínio Unidade Geológica Sistema Aqüífero
Bacia Hidrogeológico
Embasamento Terrenos metamórfico e ígneos
20 cristalino pré-cambrianos
- Muito Baixo
Bacia do São
Formações Urucuia, Areado, Poti, Urucuia-Areado, Poti-
22 Francisco e Bacia
Piauí e Cabeças Piauí e Cabeças
Alto
do Parnaíba
Poti-Piauí, Cabeças,
Formações Poti, Piauí, Cabeças,
23 Bacia do Parnaíba
Corda e Itapecuru
Motuca, Corda e Alto
Itapecuru
Bacia do Parnaíba Restrito, em função da
Formações Itapecurus, Barreiras Itapecuru, Barreiras e
29 e Bacia do
e Alter do Chão Alter do Chão
pequena faixa de ocorrência
Amazonas de aqüíferos
Aqüífero Alter do Chão: ocorre em uma pequena área a norte da bacia do rio Tocantins, na
sub-bacia 29. Apresenta cerca de 3,6% de sua recarga nesta região e desenvolveu-se em
rochas sedimentares cretáceas depositadas em sistemas continentais. Esta unidade é
largamente explorada nas grandes cidades do norte do Brasil como Manaus, Belém e
Santarém. Nessas áreas urbanas, por encontrar-se geralmente sob condições livres, ou semi-
confinadas com níveis de água muito rasos, apresenta explotação não racional associada a
altos índices de contaminação. Salvo estas situações, a água deste sistema é considerada
boa para o consumo, apresentando pH de 4,8, total de sólidos dissolvidos comumente
menores que 100 mg/L e teor de dureza de cerca de 0,36 e 28,03 mg/L de CaCO3 (ANA e
MMA, 2005). No local, poços de extração chegam a atingir vazões máximas de até 300 m3/h
(Souza & Verma, 2006).
Aqüífero Barreiras (PA/MA): encontra-se no extremo norte da área, próximo à foz do rio
Tocantins, na Ilha de Marajó, na sub-bacia 29, onde apresenta cerca de 6,4% de sua área de
recarga (Secretaria de Recursos Hídricos, 2005). A unidade ocorre em rochas sedimentares
terciárias pertencentes à formação Barreiras, compostas por arenitos e conglomerados
heterogeneamente distribuídos. Parte do aqüífero ocorre em sedimentos aluviais e eólicos
quaternários inconsolidados, caracterizando depósitos altamente porosos e permeáveis e
ótimos reservatórios. Poços com profundidades entre 25 a 220 m, que extraem água nesta
unidade, comumente produzem vazões de 18 até 135 m3/h (IBGE, 1997). O aqüífero
Barreiras tem grande participação no abastecimento de águas adequadas ao consumo,
principalmente em grandes centros urbanos como Belém.
Aqüífero Itapecuru: está localizado a nordeste da área, nos Estado do Pará e Maranhão,
nas sub-bacias 29 e 23. Apresenta cerca de 5% de sua recarga na área de interesse, a qual
é realizada pela infiltração direta da chuva e pelos rios locais. Do ponto de vista geológico, o
sistema é composto por camadas de arenitos finos argilosos, intercaladas com níveis de
siltitos e argilitos, ocasionalmente apresentando lentes conglomeráticas. Devido à grande
quantidade de litotipos pelíticos, o aqüífero Itapecuru apresenta potencial exploratório de
médio a fraco. Os poços de explotação locados nesta unidade comumente apresentam
profundidades entre 30 e 100 m e vazões oscilando entre 5 e 12 m3/h, excepcionalmente
atingindo 40 m3/h (IBGE, 1997). As águas em sua maioria são carbonatadas-cloretadas, com
predominância de águas tipo sódica (ANA e MMA, 2005). O sistema Itapecuru é o aqüífero
Aqüífero Motuca: ocorre em uma faixa irregular e restrita, localizada a nordeste da área de
interesse, na sub-bacia 23. É uma unidade com aproximadamente 130 m de espessura
associada a seqüências predominantemente pelíticas, composta por pacotes de folhelhos,
siltitos e secundariamente arenitos finos. Estas características justificam o baixo potencial
hidrogeológico deste aqüífero. A restrita extração de água nesta unidade é feita através de
poços manuais de no máximo 20 m, que atingem somente os níveis mais superiores do
lençol (IBGE, 1997).
Aqüífero Cabeças: ocorre no estado de Tocantins em uma estreita faixa contínua a leste, na
sub-bacia 22, apresentando aproximadamente 0,6% de sua recarga na área de interesse.
Apresenta espessuras da ordem de 90 a 120 m e ocorre sob forma livre ou semi-confinada,
localmente a profundidades superiores a 1.500 m. Está desenvolvido em unidades
sedimentares de idade Devoniana da Bacia do Parnaíba, compostas por arenitos finos a
médios, apresentando altos valores de porosidade e permeabilidade. Estas características
conferem-lhe a propriedade de ótimo reservatório para água subterrânea e de melhor
potencial hidrogeológico na Bacia do Parnaíba (IBGE, 1997; Magna, 2001). O aqüífero
Cabeças apresenta águas de boa qualidade, cloretadas mistas e cloretadas magnesianas,
fracamente mineralizadas, normalmente exploradas para uso doméstico e irrigação (ANA-
MMA, 2005).
Aqüífero Poti-Píauí: O aqüífero Poti-Piauí ocorre em uma faixa localizada a leste da Bacia
Hidrográfica do Rio Tocantins, na sub-bacia 22, e apresenta 3,4 % de sua recarga na região
(117.012 km² em área). É constituído pelas formações sedimentares carboníferas Poti e
Píauí, caracterizadas por arenitos finos a médios, intercalados com camadas de folhelhos,
siltitos e ocasionalmente conglomerados (Magna Engenharia, 2001). As formações Poti e
Píaui apresentam espessuras de 200 e 280 m, respectivamente e, do ponto de vista
hidrogeológico, funcionam como uma só unidade (IBGE, 1997). O aqüífero Poti-Piauí é do
tipo poroso e ocorre predominantemente sob condição livre (Secretaria de Recursos Hídricos,
2005), constituindo um sistema com potencial de armazenamento hídrico elevado, cujas
vazões são da ordem de 18 m3/h. Suas águas são consideradas de boa qualidade e são
destinadas principalmente para uso doméstico. Análises químicas realizadas evidenciaram
teores de resíduo seco médio da ordem de 200 mg/L (ANA e MMA, 2005).
Aqüífero Urucuia-Areado: Ocorre na porção leste e apresenta 2,3 % de sua recarga na área
de interesse. A unidade ocorre em rochas sedimentares mesozóicas constituídas por
intercalações de camadas de arenitos finos e argilitos, que foram depositados sobre o Grupo
Consórcio CNEC - ARCADIS Tetraplan 63
Empresa de Pesquisa Energética – EPE
Avaliação Ambiental integrada - AAI da Bacia do Rio Tocantins e seus Formadores
Relatório P2 – Caracterização da Bacia Hidrográfica do Rio Tocantins
Aqüífero Bambuí: ocorre a leste da área, nos Estados de Goiás e Tocantins, na sub-bacia
21, e apresenta recarga de cerca de 3,2% (181.868 Km² em área) na região da Bacia
Hidrográfica do Rio Tocantins (IBGE, 1997). É caracterizado por aqüíferos do tipo fraturado e
cárstico, devido à presença de litotipos calcários e sedimentares metamorfisados,
pertencentes ao Grupo Bambuí. Devido às características de suas rochas, comumente as
águas do sistema Bambuí apresentam elevada dureza e alta porcentagem de particulados
sólidos dissolvidos (ANA e MMA, 2005; Secretaria de Recursos Hídricos, 2005). Os poços de
explotação locados nesta unidade, em geral apresentam vazões da ordem de 14 m³/h e
profundidades médias em torno de 85 m. As águas do sistema Bambuí são utilizadas para a
dessedentação de animais e para consumo humano em pequena escala.
A Tabela 16 - Síntese das características dos aqüíferos que ocorrem na Bacia Hidrográfica do
Rio Tocantins a seguir apresenta uma síntese das características dos aqüíferos que ocorrem
na bacia, com destaque para a disponibilidade hídrica e vazões.
3
Área de Vazões Q (m /h)
Espessura Disponibilidade
Nome Tipo
1 recarga
(m) Hídrica (m /s)
3
(Km )
2 Livre Confinado
Na bacia do rio Tocantins, os principais fatores que alteram a qualidade das águas
superficiais são: a atividade mineradora em garimpos e áreas de extração de areia em
pequenos mananciais, o lançamento de esgotos domésticos, a contaminação por fontes
difusas (agrotóxicos, fertilizantes, sedimentos carreados por ação erosiva em solos mal
manejados, entre outros) e lançamento de efluentes com grande quantidade de matéria
orgânica, de matadouros e frigoríficos.
A poluição de origem doméstica ocorre de maneira localizada, próxima aos principais centros
urbanos. Nesse contexto, as baixas percentagens de coleta e tratamento de esgotos
domésticos fazem com que parcelas expressivas das cargas poluidoras potenciais cheguem
efetivamente até os corpos hídricos. A carga orgânica doméstica remanescente é de 99 ton
DBO/dia na bacia do Tocantins como um todo.
Para o curso do rio Tocantins, além dos fatores causadores de alterações nos padrões de
qualidade da água mencionados anteriormente, ocorrem as alterações provocadas pela
implantação de aproveitamentos hidrelétricos, sobretudo pela formação de lagos artificiais e
pela alteração do regime fluvial para jusante.
alterações a jusante deveram-se à retenção das águas pela manutenção de vazão mínima
(sanitária) para jusante.
Turbidez (UT) 69,80 3,40 <5,00 <5,0 110,00 68,60 13,60 85,50 6,23 60,43 7,00 17,33 2,50 6,75 11,70
9,00
OD (mg/l) 7,20 7,90 7,23 n.d. 7,51 7,79 7,36 7,18 6,30 7,03 7,07 7,66 8,10 7,67 6,51 7,02
pH 8,00 8,30 7,78 7,83 7,15 7,65 7,84 8,60 7,48 7,67 8,05 7,57 7,25 7,43 7,74 7,81
Condutividade
elétrica 81,20 134,00 160,80 95,00 77,00 62,00 75,00 95,00 58,00 81,50 55,43 69,14 43,50 65,83 53,75 57,91
(µS/cm)
Alcalinidade 38,50 71,20 n.d. n.d. 38,00 45,75 59,39 54,87 23,86 39,47 26,16 24,52 20,17 27,20 27,69 23,43
(mgCaCO3/l)
N-Total (mg/l) 0,50 3,83 n.d. n.d. n.d. 0,16 1,56 0,73 n.d. n.d. 0,59 0,42 n.d. n.d. n.d n.d.
Nitrato (mg/l) 0,14 0,06 <0,05 <0,05 0,15 0,046 0,03 0,01 0,115 0,042 0,18 0,08 0,04 0,04 0,012 0,003
Nitrito (mg/l) n.d. n.d. <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 0,00 <0,01 <0,01 <0,01 0,00 n.d. n.d. <0,01 <0,01
Amônia (mg/l) 0,03 0,02 <0,02 n.d. 0,87 0,10 0,01 0,00 0,145 0,049 0,41 0,35 <0,05 n.d. 0,10 0,06
P-Total (mg/l) 0,24 0,02 <0,05 <0,05 n.d. 0,01 0,03 0,01 n.d. n.d. 0,05 0,02 n.d. n.d. 0,025 0,027
Fosfato sol. 0,01 <0,01 n.d. n.d. 0,003 0,004 0,02 0,005 0,020 0,018 0,02 0,01 <0,03 n.d. 0,006 0,003
(mg/l)
Fonte: Hidroweb, ANA, ano.
c = cheia; e = estiagem
Minaçu: média dos valores de 6 pontos de amostragens (julho e janeiro/96). / São Salvador: média dos
valores de 6 pontos de amostragens (2002) / Peixe: média dos valores de 3 pontos de coleta (fev/00) e
de 4 pontos (junho/00). / Lajeado: média dos valores de 6 pontos de coleta (dez/95 e junho/96). /
Ipueiras: média dos valores de 7 pontos de coleta (nov/01 e junho/01). / Tupiratins: média dos valores
de 7 pontos de amostragens (outubro/00 e janeiro/01). / Estreito: média dos valores de 6 pontos de
amostragens (fevereiro e agosto/01). / Imperatriz - Jusante: média dos valores de 8 pontos de
amostragens (abril e junho/00).
Com base nessas informações, avaliou-se, à luz dos dados de Qualidade da Água (item 1.4),
a estrutura das comunidades aquáticas nos ambientes lóticos e lênticos do rio Tocantins e
dos principais afluentes que compõem as Sub-bacias 20, 21, 22, 23 e 29, em análise.
A Sub-bacia 20, que tem como principais cursos d’água os rios Maranhão e Almas,
formadores do rio Tocantins, ocupa a posição mais a montante do sistema aquático em
estudo.
Os trechos do rio Maranhão e Almas são considerados Áreas Prioritárias para conservação
da Biodiversidade Aquática do bioma do cerrado (MMA, 2002).
Contudo, no seu alto curso, o rio Tocantins e afluentes são submetidos a diversos fatores de
intervenção dos recursos hídricos com reflexos no ecossistema aquático. O uso do solo
predominantemente rural, com extensas áreas de pastagem, resultou na supressão da
vegetação incluindo de matas ciliares, favorecendo os processos de erosão das margens e
de assoreamento dos rios, além de promover intensa turbidez das águas nas épocas
chuvosas. Esses fenômenos são intensificados em áreas de mineração.
A condutividade elétrica, que reflete a composição dos íons presentes na água, foi
relativamente baixa nos períodos de maior vazão (em torno de 70 a 80 µS/cm). Já nos meses
de estiagem, os valores foram significativamente mais elevados (130 a 140 µS/cm). A
diminuição dos valores deste parâmetro na época chuvosa para localidades do rio Tocantins,
deve-se, muito provavelmente, à diluição provocada pelas chuvas.
Outro padrão típico do rio Tocantins em seu alto curso está relacionado com as propriedades
físicas da água, como transparência e turbidez. A transparência da água variou de 0,5m
(março) a 2,50m (julho). A turbidez apresenta comportamento inverso ao da transparência,
tendo sido registrada a seguinte variação: mínimo de 2,1 UNT (julho) e máximo de 140,2 UNT
(janeiro).
Com relação ao oxigênio dissolvido, não foi observado um comportamento sazonal definido.
Em geral os valores foram elevados, com exceção de um dos pontos do rio Tocantins, que
apresentou o mínimo de 5,6 mg/L. O valor máximo foi de 8,7 mg/L .
Os valores de pH, assim como nas demais localidades, apresentaram pouca variação
sazonal. Os valores médios da época de chuva e de estiagem foram de 7,78 e 7,83,
respectivamente.
A coleta da época chuvosa contemplou, também, análises dos seguintes elementos: chumbo,
manganês, cromo, zinco, cádmio, cobalto, mercúrio, selênio, lítio e níquel. Os resultados
mostram que o chumbo e o manganês apresentaram, para algumas localidades, resultados
que ultrapassaram o limite estabelecido para a classe 2 do CONAMA. O cádmio, o selênio e
o níquel também ultrapassaram os limites estabelecidos pela classe 2, em todas as
localidades amostradas.
Considera-se, portanto, que os ecossistemas aquáticos nos rios que compõem a Sub-bacia
20 já apresentam algum nível de alteração, porém, não estão severamente comprometidos.
Em relação aos aspectos limnológicos, estudos realizados em meados da década de 90, nos
rios Tocantins e Maranhão, no município de Minaçu, mostram uma alta diversidade de
espécies de organismos aquáticos planctônicos, indicativo de sistemas em equilíbrio
ecológico (IESA, 1996).
Nessa região, teve início em 1996 a operação da UHE Serra da Mesa, cuja barragem, no
município de Minaçu, compõe um lago de 1.784 km2.
Essa espécie de alga, potencialmente tóxica, é típica de ambientes poluídos, causando odor
e sabor à água. Experimentos com comunidades de Cylindrospermopsis raciborskii
demonstraram que o fósforo é um fator limitante para o seu crescimento, pois a alga absorve
prontamente o fósforo e mais lentamente o amônio (Lindmark, 1997 in Castelo Branco, 1991).
Em estudos desenvolvidos no Lago Paranoá, Castelo Branco (op. cit.) concluiu que a
remoção da carga de fósforo constituiria uma das maneiras de controlar o crescimento dessa
espécie.
Nesse período de monitoramento (2001 a 2003), não foram detectadas áreas de proliferação
de macrófitas aquáticas no lago de Serra da Mesa.
No trecho a jusante desse reservatório, o rio Tocantins recebe dois principais afluentes pela
margem direita, rios Preto e São Félix, formadores do reservatório do AHE Cana Brava. Esse
empreendimento, inaugurado em maio de 2002, está localizado entre os municípios de
Minaçu, Colinas do Sul e Cavalcante na região Norte do Estado de Goiás, formando um lago
de 139 km2.
A menor diversidade de espécies foi obtida no rio do Carmo, possivelmente em função dos
altos níveis de turbidez, decorrentes das fortes chuvas que ocorreram na região no período
de coleta. Em termos quantitativos, o rio Bonito apresentou densidade elevada de cianofíceas
(algas azuis) e de clorofíceas (algas verdes), sugerindo nesse curso d’água tendência à
formação de ambientes mesotróficos, uma vez que o grupo de algas cianofíceas é favorecido
pela elevada concentração de nutrientes minerais, em especial sais de fósforo.
Verificou-se que, provavelmente, o rio Preto sofre maior influência do lançamento de esgotos
sanitários provenientes de algumas residências na região e de depósito de lixo nas suas
margens.
Nos levantamentos realizados não há menção sobre macrófitas aquáticas, inferindo-se que
não houve problemas dessa natureza no reservatório do AHE Cana Brava, na época de
amostragem.
O rio Tocantins, nessa porção do seu alto curso, apresenta leito rochoso e várias corredeiras
que contribuem para a oxigenação das águas, propiciando condições adequadas ao
desenvolvimento de organismos aquáticos aeróbicos, em especial para algumas espécies de
peixes. As principais intervenções no ambiente aquático nessa região foram detectadas nos
afluentes, como as margens do rio Traíras, que se se encontravam degradadas e sujeitas aos
processos erosivos. Os demais afluentes apresentaram vegetação marginal relativamente
bem preservada. No período chuvoso, foram registrados baixos valores de oxigênio nos
afluentes desse trecho, com exceção do rio Custódio, possivelmente em função da
quantidade de matéria orgânica carreada para o meio aquático.
Com relação ao zooplâncton, o rio Tocantins apresentou riqueza mais elevada quando
comparado aos tributários, embora no período chuvoso tenha ocorrido uma redução no
número de espécies. As densidades numéricas também foram mais pronunciadas nos pontos
de montante do rio Tocantins, devido provavelmente à contribuição do reservatório do AHE
Cana Brava. Os maiores valores de densidades numéricas de zooplâncton foram obtidos na
época de chuvas, devido provavelmente ao aporte de nutrientes.
Os resultados obtidos nas duas campanhas realizadas nessa região mostram que os rios
analisados apresentam, em geral, condições adequadas para manutenção da fauna aquática.
Contudo, a presença dominante de cianofíceas sugere que esses ambientes estejam sujeitos
à eutrofização.
Sub-bacia 21
A Sub-bacia 21 é estruturada pelo eixo do rio Paranã, contribuinte da margem direita do rio
Tocantins.
O alto curso do rio Paraná apresenta canal bem encaixado com muitas quedas d’água. A
região de ocorrência de várzeas e de planície de inundação no vale do Paranã é tida como
Área Prioritária para Conservação da Biodiversidade Aquática no bioma de cerrado (MMA,
2002).
Com relação aos valores de oxigênio dissolvido do rio Tocantins verificou-se, para o período
de chuvas, valor médio de 7,51 mg/L e, na estiagem, de 7,79 mg/L. Os valores alcalinos de
pH são verificados na época da estiagem (média de 7,65), enquanto na época chuvosa foi
detectado valor abaixo da neutralidade (mínimo de 6,23), uma vez que os dados de
localidades próximas não acompanharam esse comportamento.
Foram detectadas concentrações mais elevadas de nitrogênio na forma amoniacal nas águas
do rio Paraná em relação ao Tocantins, o que se refletiu na composição da comunidade
fitoplanctônica. Durante a estiagem, registrou-se a ocorrência de organismos pertencentes às
classes Chlorophyceae e Zygnemaphyceae Chrysophyceae, Diatomophyceae,
Cyanophyceae; Euglenophyceae e Dinophyceae, com predomínio de clorofíceas, seguida de
diatomáceas. Os gêneros Staurastrum e Scenedesmus apresentaram maior número de
espécies, seguidos por Monoraphidium e Pediastrum, algas comuns que habitam ambientes
de menor correnteza.
O rio Palma e o rio Paranã a montante da foz do rio Palma foram os locais que mantiveram
grande riqueza de espécies de fitoplâncton devido à maior disponibilidade de nutrientes e
também à maior transparência das águas.
Informações limnológicas, obtidas em 2002, nos rios Palmeiras e Palma corroboram essa
avaliação (FUNCATE, 2003).
Nesse sentido, as águas do reservatório da AHE Peixe Angical, cuja operação foi iniciada em
janeiro de 2005, encontram-se mais susceptíveis ao acúmulo de nutrientes minerais. Porém,
esse reservatório, com superfície de 294 km2 e profundidade média da ordem dos 10 m,
apresenta baixo tempo de residência das águas (18 dias), condições consideradas favoráveis
à manutenção da atual qualidade da água e do ecossistema aquático.
Sub-bacia 22
A Sub-bacia 22 é formada pelo rio Tocantins e pelo rio do Sono, seu principal contribuinte da
margem direita. A margem direita do rio do Sono caracteriza-se por receber rios que drenam
a o Parque do Jalapão, mantendo excelentes condições de preservação do ecossistema
aquático.
Não foi verificada uma sazonalidade definida para o oxigênio dissolvido. As concentrações
foram sempre elevadas (em torno de 7,3 mg/L) , em todas as épocas de amostragem, sendo
também elevados os valores percentuais de saturação. Os valores de DBO foram
extremamente baixos (<2,0 mg/L O2).
Os valores de nutrientes foram, em geral, baixos. O nitrogênio foi analisado nas formas de
nitrito, nitrato e amônia e o fósforo, como ortofosfato. Os resultados mostram, com exceção
da amônia, valores compatíveis aos estabelecidos para a classe 2 da Resolução CONAMA
357/2005.
Conforme citação acima, os resultados de qualidade da água mostram que esses rios
apresentam, em geral, boa qualidade, mantendo também comportamento que reflete o
padrão sazonal da região, detectando-se diferenças acentuadas para os parâmetros cor,
turbidez, transparência e sólidos totais em suspensão. Na ausência de chuvas as águas são
mais transparentes e, em função da velocidade reduzida, permitem uma melhor adaptação
do fitoplâncton.
A partir dos resultados das análises efetuadas no rio Tocantins e tributários nesse trecho,
infere-se que o ecossistema aquático se mantém ainda em padrão adequado, porém,
sinalizando potencial para enriquecimento de suas águas com nutrientes minerais. Os
processos erosivos são mais evidenciados na bacia do Manuel Alves Natividade,
possivelmente em função das atividades do garimpo de ouro, cuja exploração ocorreu com
maior intensidade até um passado recente. Nesse sentido, há também a possibilidade de
ocorrência de mercúrio nos sedimentos dos rios dessa região.
Para tanto, foram efetuadas três campanhas para levantamento limnológico em diferentes
épocas do ano (dezembro/95; fevereiro e julho/96), sendo amostrados quatorze pontos, seis
deles no rio Tocantins (Brejinho Nazaré; montante Areias; Porto Nacional; montante
Mangues; Palmas; Lajeado), e o restante nos afluentes e em lagoas marginais: lagoa Pedra
do Santo, e lagoa da Capivara.
O estudo conclui que o reservatório da UHE Lajeado está, de maneira geral, sujeito ao
fenômeno de “floração”. A presença de Cylindrospermopsis raciborskii e Microcystis
aeruginosa demonstra potenciais efeitos à saúde pública, podendo comprometer os usos
múltiplos das águas do lago.
Até o ano de 2003, não haviam sido detectados problemas em relação à macrófitas aquáticas
flutuantes nesse reservatório. O crescimento de Salvinia molesta, observado em Lajeado,
como conseqüência do acúmulo de matéria orgânica resultante da inundação, constitui um
fenômeno comum em reservatórios de regiões tropicais ficando restritos à região rasa onde a
vegetação primária aparece inundada. Outros tipos de macrófitas denominadas enraizadas
ou submersas que se desenvolvem na região litorânea desse reservatório tais como Elodea,
Myriophyllum, Potamogeton, Ceratophyllum, Najas, Chara, servem de abrigo a muitos
organismos do zooplâncton, larvas de peixes fornecendo substrato para desova de peixes e
proteção aos jovens.
As inspeções realizadas, inclusive dois anos após o enchimento da represa, não apontavam
qualquer indicio de crescimento de Pistia stratioides ou Eichchornia crassipes, macrófitas
características de ambientes eutrofizados e que causam problemas relevantes aos usos
múltiplos das águas.
Sub-bacia 23
No que se refere aos valores de oxigênio dissolvido do rio Tocantins verificou-se, para o
período de chuvas, valor médio de 7,07 mg/L e, no final da estiagem, de 7,66 mg/L. Os dados
de oxigênio consumido e de DBO, assim como os de oxigênio consumido, foram baixos
mostrando que o rio Tocantins, neste trecho, não se encontra contaminado por substâncias
de origem orgânica.
Dos nutrientes analisados, a amônia, assim como para as demais localidades a montante,
apresentou valores superiores ao limite estabelecido para a classe 2 do CONAMA. Os
resultados das análises de nutrientes também mostraram um acréscimo nas concentrações
durante a época chuvosa.
A turbidez foi muito baixa na campanha da cheia (média de 17,33 UNT); já na época de
estiagem os valores foram ainda mais baixos (média de 2,50 UNT). Os sólidos totais em
suspensão também não foram expressivos na época chuvosa (média de 38,17 mg/L), valores
estes mais reduzidos que das demais localidades amostradas em épocas correspondentes às
cheias.
A condutividade, assim como para outras localidades do rio Tocantins, teve um acréscimo
nos valores durante a estiagem. Este parâmetro apresentou os valores de 43,5 e 65,83
µS/cm respectivamente nas coletas da cheia e de estiagem.
Outra diferença em relação à parte montante do rio Tocantins refere-se aos resultados da
condutividade. Neste local, a condutividade média do rio Tocantins foi de 53,75µS/cm (abril) e
57,91µS/cm (junho). Embora a tendência de acréscimo de condutividade na estiagem tenha
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Relatório P2 – Caracterização da Bacia Hidrográfica do Rio Tocantins
sido observada, assim como para a maioria das localidades acima estudadas, os valores, em
geral, foram bem inferiores aos detectados no trecho a montante do rio Tocantins. Os valores
decrescentes de condutividade, à medida que se caminha em direção a jusante, podem estar
relacionados com a diluição.
Os valores de nitrato, nitrito e amônia do rio Tocantins, assim como os de fosfato e fósforo
total, foram superiores na campanha da época de chuvas. Este fato, já verificado na maioria
das localidades amostradas a montante, está associado às contribuições do meio
circundante.
O índice de qualidade da água neste estudo revelou, em geral, qualidade aceitável a ótima
para o rio Tocantins.
Para avaliação dos organismos bentônicos, foram efetuadas coletas em diferentes substratos
como rochas, sedimentos e vegetação macrofítica, sendo que a Classe Insecta foi a mais
representativa.
Na Ilha do Campo e Pedral verificou-se alta densidade dos protozoários dos gêneros
Centropyxis e Diflugia, além de quantidades moderadas de larvas do camarão de água doce,
Macrobrachium cf. amazonicum e de uma das espécies de Copepoda tipicamente
amazônica, Notodiaptomus amazonicus. Estas ocorrências identificam o caráter amazônico
dessa fauna de zooplâncton na região de Estreito.
Foram amostrados nos pontos de coleta representantes de insetos das ordens Diptera,
Ephemeroptera, Odonata e Coleoptera, freqüentemente registrados na região do Tocantins
em outros estudos. Espécies da família Chironomidae estiveram presentes em praticamente
em todos os pontos de coleta. As espécies da família Simulidae, na forma larval, foram
coletadas em hábitats de água corrente e fundo rochoso.
O ambiente lótico predomina no rio Tocantins, na Sub-bacia 23. Nas margens do rio e das
ilhas, onde a velocidade da água é menor, ocorre um banco de macrófitas aquáticas, com
predominância da canarana. Essa gramínea macrofítica abriga uma diversidade de grupos de
invertebrados associados, típicos de ambiente de curso lento, sendo de grande importância
na cadeia trófica de muitas espécies de invertebrados bentônicos.
Verificou-se a ocorrência pouco significativa das formas flutuantes dos gêneros Eichhornia e
Salvinia, restrita às áreas de remanso do rio Tocantins, na foz dos rios Cana Brava e Tauá,
apenas na coleta de fevereiro (período de chuvas). Na segunda etapa de coletas, com o
rebaixamento das cotas de inundação com a entrada do período seco, não se registrou a
presença dessas macrófitas aquáticas.
Sub-bacia 29
A Sub-bacia 29 é formada pelo rio Tocantins, após a confluência do rio Araguaia, tendo como
principal afluente da margem esquerda o rio Itacaiúnas, cuja foz situa-se nas imediações da
sede urbana de Marabá, estado do Pará.
A qualidade da água nessa sub-bacia sofreu alterações ao longo dos últimos anos
especialmente em função da UHE Tucuruí. Estudos realizados pela Eletronorte mostram que
se observou o início de um processo de estabilização, a partir de 1990, sendo constatada
uma gradual amenização dos efeitos negativos sobre a qualidade da água, inicialmente
registrados, decorrentes especialmente do elevado aporte interno de nutrientes gerado pela
inundação de vastas áreas densamente florestadas
As estações localizadas a jusante desse barramento até a cidade de Cametá, exibem uma
forte tendência ao restabelecimento e estabilização das características lóticas. No tocante à
área do reservatório, os pontos localizados nas localidades de Pucuruí, Repartimento e
Caraipé destacaram-se por apresentar as condições mais críticas de qualidade da água, com
reduzidos teores de oxigênio e elevada concentração de amônia, decorrentes de um
processo de eutrofização.
Em relação aos teores de oxigênio dissolvido, o reservatório não apresenta áreas de anoxia
nas suas águas de superfície, tanto nas estações da calha central como nas marginais,
localizadas a montante da barragem, com valores de oxigênio dissolvido normalmente
situados acima da concentração de 4,0 mg/L. Com relação às águas de profundidade
intermediária, os padrões de concentração de OD têm se elevado para acima de 4,0 mg/L na
maioria dos meses.
Essas condições limnológicas, típicas de um grande rio da região amazônica, foram sendo
modificadas a partir do fechamento das adufas e conseqüente início do enchimento do
reservatório.
Entretanto, a partir de 1990, constatou-se uma gradual amenização dos efeitos negativos
sobre a qualidade da água, inicialmente registrados. O percentual de área do espelho d’água
ocupada pelas macrófitas recuou de 39% em 1986, para 6% em 2000.
Como principais fatores exógenos que favorecem o fenômeno de eutrofização nos cursos
d’água, merecem destaque na bacia do rio Tocantins: o desmatamento de extensas áreas,
incluindo de matas ciliares, para implementação de pastagem; a ampliação das áreas de
cultivo agrícola, como soja, nas quais são aplicados fertilizantes químicos; lançamento de
esgotos sanitários e industriais nos cursos d’água nas áreas mais urbanizadas.
Algas potencialmente tóxicas
De acordo com Carmichael (1992), vários gêneros e espécies de cianobactérias que formam
florações produzem toxinas. Embora ainda não estejam devidamente esclarecidas as causas
da produção dessas substâncias, têm-se assumido que esses compostos tenham função
protetora contra a herbivoria, como acontece com alguns metabólitos de plantas vasculares.
Os instrumentos legais que tratam sobre o assunto são recentes e visam o monitoramento de
cianobactérias e cianotoxinas em águas destinadas ao consumo humano, bem como à
proteção de comunidades aquáticas e à recreação de contato primário.
De acordo com essa lei, são definidos como cianobactérias os microorganismos procarióticos
autotróficos, também denominados como cianofíceas (algas azuis), capazes de ocorrer em
qualquer manancial superficial especialmente naqueles com elevados níveis de nutrientes
(nitrogênio e fósforo), podendo produzir toxinas com efeitos adversos à saúde. Nesse
sentido, a referida Portaria recomenda análises para cianotoxinas incluindo a determinação
de cilindrospermopsina e saxitoxinas (STX), observando, respectivamente, os valores limites
de 15,0 µg/L e 3,0 µg/L de equivalentes STX/L.
A Resolução CONAMA 357 de 17/03/05 determina para águas de Classe 2, como é o caso
dos rios em estudo, a densidade de cianobactérias em até 50.000 células por mililitro ou 5
mm3/L.
algas nos sistemas lênticos do rio Tocantins sob condições que reúnem: teores elevados de
fósforo no sistema hídrico, maior transparência das águas e temperaturas elevadas.
Macrófitas Aquáticas
Conforme anteriormente citado, os reservatórios que contém biomassa inundada são os mais
propícios ao desenvolvimento desses vegetais, porém, estudos têm indicado amenização do
crescimento de bancos de macrófitas à medida que ocorre a estabilização da matéria
orgânica nos sistemas lênticos.
1.7.3. Ictiofauna
O rio Tocantins é considerado um rio de planalto que corre, em boa parte de seu trecho, num
vale encaixado. A ictiofauna do rio Tocantins, sobretudo dos trechos alto e médio, é menos
abundante que a do rio Araguaia, atribuindo-se este fato à ausência de extensas planícies de
inundação.
descrição foi feita recentemente por Malabarba e Vari (2000), conforme Informativo Ictiológico
nº 11 de 2002.
Nesse contexto, o rio Tocantins, embora ainda não poluído e praticamente livre de espécies
de peixes exóticas, vem paulatinamente sofrendo alterações resultantes, principalmente, das
ações antrópicas. A introdução de espécies exóticas poderá comprometer a fauna nativa e
dificilmente a bacia do rio Tocantins estará livre deste risco. A tilapia, por exemplo, já foi
identificada na região de Serra da Mesa.
1.7.3.2. Metodologia
A caracterização da ictiofauna da bacia do rio Tocantins foi realizada com base em dados
secundários, especialmente aqueles obtidos no âmbito dos estudos associados às usinas
A caracterização da ictiofauna, descrita a seguir, tem como base os dados disponíveis para
os trechos; alto, médio e baixo Tocantins, destacando-se as sub-bacias onde estão inseridas
as localidades estudadas.
Alto Tocantins – Sub-bacias 20 e 21
O alto rio Tocantins engloba as sub-bacias 20 e 21. Os principais rios da sub-bacia 20 são os
rios das Almas e Maranhão, formadores do rio Tocantins. Modificações na região da
confluência dos rios das Almas e Maranhão ocorreram com a formação do reservatório de
Serra da Mesa, cujo enchimento teve início em outubro de 1996. O trecho situado a jusante
de Serra da Mesa também foi alterado pela implantação do reservatório de Cana Brava,
também na sub-bacia 20, que entrou em operação em maio de 2002.
Já os cursos d’água mais importantes da sub-bacia 21 são o rio Paranã e seu tributário o rio
Palma. O rio Paranã é afluente da margem direita do rio Tocantins. Sua foz, hoje, encontra-se
abrangida pelo reservatório de Peixe Angical.
De uma forma geral, esses rios apresentam muitas corredeiras e fundos rochosos, abrigando
uma ictiofauna adaptada a essas condições. Outro aspecto a ser destacado refere-se aos
inúmeros tributários de pequeno porte (riachos), com fauna de peixes, na maioria das vezes,
diferenciada dos sistemas de maior porte e adaptadas às condições intermitentes.
Pelos resultados disponíveis verifica-se que os trechos alto e médio (sub-bacias 20, 21, 22e
23), se comparado ao do baixo Tocantins (sub-bacia 29), apresentam um maior número de
espécies endêmicas. Entretanto, isto pode ser atribuído à maior freqüência de amostragens e
ao menor porte dos ambientes estudados.
Os rios Maranhão e das Almas têm destaque por possibilitarem que algumas espécies de
peixes, atualmente confinadas a montante da barragem de Serra da Mesa, continuem suas
migrações. Assim, possivelmente, algumas populações conseguirão manter-se no
reservatório graças aos trechos lóticos remanescentes. Nota-se que o reservatório conta,
também, com dois outros importantes tributários, rios Tocantinzinho e Bagagem, que também
podem desempenhar função semelhante,
Os dados a seguir são os da sub-bacia 20, notadamente na região de Serra da Mesa. São
apresentados alguns resultados obtidos antes, durante o enchimento e depois da formação
do reservatório, tanto para as localidades situadas na área atualmente alagada, como a
montante e a jusante desta.
A região do atual reservatório de Serra da Mesa conta com cerca de 150 espécies de peixes.
Mesmo não se dispondo de informações que assegurem a estabilidade das comunidades de
peixes no reservatório, os dados mais recentes, quando comparados aos obtidos no período
que antecedeu o barramento, mostram que não houve variação significativa entre o número
de espécies e o número de indivíduos, conforme observado no gráfico a seguir.
120
100
Núm e ro de e s pé cie s
80
60
40
Y = 74,6 + 0,002 X
20
P = 0,106
0
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000
Número de indivíduos
De acordo com o relatório FURNAS/UFRJ (2003), o maior número de peixes capturados foi
atingido na fase de enchimento, com média de 2.960 indivíduos. Esse valor é
significativamente superior à média obtida na fase rio.
Na fase operação, ocorreu uma redução do número médio de indivíduos capturados, (1.675
indivíduos), valor este ainda superior ao da fase rio. Na fase monitoramento, ocorreu um novo
aumento da média de indivíduos capturados (2.260 indivíduos), atingindo patamar
semelhante ao da fase de enchimento.
No trecho do rio Tocantins, a jusante de Serra da Mesa, onde foram realizadas coletas em
duas localidades, os resultados mostram que as alterações no número de peixes capturados
não foram significativas ao longo do período estudado, com exceção dos dados de 2002,
quando houve um aumento significativo de capturas. Esse aumento foi atribuído ao
barramento do rio Tocantins pela represa de Cana Brava, empreendimento situado a jusante
de Serra da Mesa e que provocou aumento do número de peixes coletados. Os dados
referem-se a dois pontos de coleta a jusante: um situado nas imediações da barragem e, o
outro, cerca de 40 km desta.
No que se refere ao número médio de espécies capturadas no decorrer dos estudos verifica-
se que, no geral, houve um aumento significativo na fase de enchimento e uma diminuição
nas fases subseqüentes. Uma possível explicação para a redução do número de espécies
reside na redução da área do reservatório, devido ao uso da água para a geração de energia,
em dois anos de baixa pluviosidade. A ilustração a seguir mostra a variação do número de
espécies capturadas ao longo do estudo. Os pontos de montante considerados foram os rios
Maranhão e o rio das Almas, este último afluente da margem esquerda do rio Maranhão.
Área de Montante
70
Nú m e r o d e e s p é cie s
60
50
40
30
20
10 rio enchimento operação monitoramento
0
d e z /95
fe v/96
ab r /96
ju n /96
ag o /96
o u t/96
d e z /96
fe v/97
ab r /97
ju n /97
ag o /97
o u t/97
d e z /97
fe v/98
ab r /98
ju n /98
ag o /98
o u t/98
d e z /98
fe v/99
ab r /99
ju n /99
ag o /99
o u t/99
d e z /99
fe v/00
ab r /00
ju n /00
ag o /00
o u t/00
d e z /00
fe v/01
ab r /01
ju n /01
ag o /01
o u t/01
d e z /01
fe v/02
ab r /02
ju n /02
ag o /02
o u t/02
d e z /02
Fonte: FURNAS/ UFRJ (2003)
Obs: Os pontos em vermelho indicam o mês de dezembro. A linha pontilhada horizontal indica o valor
médio das 36 campanhas. As linhas pontilhadas verticais separam as Fases.
Quando se analisa a distribuição das médias do número de espécies, observa-se que, para
os pontos situados no reservatório, também houve um aumento durante a etapa do
enchimento, conforme pode ser visto na ilustração a seguir. Observa-se, ainda, que nas fases
subseqüentes houve uma redução do número de espécies, porém o valor detectado não
difere muito da fase rio.
Área do Reservatório
90
Nú m e r o d e e s p é c ie s
80
83
70
70 67
60
60 59
50 56 57
53 49
49 52 50
52
46
40 47 48
30 rio enchimento operação monitoramento 39
20
d e z /9 5
f e v /9 6
a b r /9 6
ju n /9 6
a g o /9 6
o u t/9 6
d e z /9 6
f e v /9 7
a b r /9 7
ju n /9 7
a g o /9 7
o u t/9 7
d e z /9 7
f e v /9 8
a b r /9 8
ju n /9 8
a g o /9 8
o u t/9 8
d e z /9 8
f e v /9 9
a b r /9 9
ju n /9 9
a g o /9 9
o u t/9 9
d e z /9 9
f e v /0 0
a b r /0 0
ju n /0 0
a g o /0 0
o u t/0 0
d e z /0 0
f e v /0 1
a b r /0 1
ju n /0 1
a g o /0 1
o u t/0 1
d e z /0 1
f e v /0 2
a b r /0 2
ju n /0 2
a g o /0 2
o u t/0 2
d e z /0 2
Fonte: FURNAS/ UFRJ (2003)
Obs: Os pontos em vermelho indicam o mês de dezembro. A linha pontilhada horizontal indica o valor
médio das 36 campanhas. As linhas pontilhadas verticais separam as Fases.
60
55
50
45
40
35
30
25 rio enchimento operação monitoramento
20
de z/95
fe v/96
abr /96
jun/96
ago/96
out/96
de z/96
fe v/97
abr /97
jun/97
ago/97
out/97
de z/97
fe v/98
abr /98
jun/98
ago/98
out/98
de z/98
fe v/99
abr /99
jun/99
ago/99
out/99
de z/99
fe v/00
abr /00
jun/00
ago/00
out/00
de z/00
fe v/01
abr /01
jun/01
ago/01
out/01
de z/01
fe v/02
abr /02
jun/02
ago/02
out/02
de z/02
Os resultados das análises do ictioplâncton mostram que as localidades amostradas, nos rios
Maranhão e Bagagem (ambientes com características lóticas a montante) e em Porto
Garimpo, a jusante (cerca de 40 km da barragem), foram as que apresentaram maiores
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Relatório P2 – Caracterização da Bacia Hidrográfica do Rio Tocantins
registros de ovos. Já as lavas foram mais abundantes nas seguintes localidades: rio
Maranhão, rio Almas, principal afluente da margem esquerda do rio Maranhão, e rio
Bagagem.
Nos rios Maranhão e Almas, foram registrados valores elevados de ovos e larvas durante a
fase operação. Provavelmente esses ambientes foram mais favoráveis à reprodução dos
peixes durante essa fase, devido à intensa variação do nível d’água no ambiente represado.
Ainda com relação ao ictioplâncton, verifica-se que as maiores capturas foram registradas à
noite, indicando que os movimentos de deriva dos ovos e o deslocamento das larvas ocorrem
no ciclo diário de 24 h. Os dados mostram, também, que a despeito de o padrão apresentado
pelas larvas ser semelhante ao dos ovos, há uma tendência mais acentuada de movimento
diurno por parte daquelas. A diferenciação entre os períodos diurno e noturno não havia sido
detectada por ocasião das coletas da etapa rio.
O trecho do rio Tocantins abaixo de Serra da Mesa também está atualmente represado pela
barragem de Cana Brava.
Além das amostragens de peixes nessa localidade, foram realizadas entrevistas para
caracterizar a atividade pesqueira. Foram entrevistadospescadores sobre a finalidade da
pesca (pesca comercial, de subsistência ou esportiva). Também foram aplicados
questionários para identificar o tipo de aparelho de pesca utilizado e, ainda, as características
do pescador (ribeirinho, esportivo ou turista).
Foram entrevistados 65 pescadores onde a grande maioria, (87%), era procedente de Minaçu
e, 23,08% tinham a pesca como atividade de subsistência. Nenhum afirmou praticá-la com
finalidades comerciais, embora se saiba que o comércio é exercido na região, porém de
forma incipiente.
As técnicas utilizadas mais citadas foram: anzol (barranco e embarcado), pinda, linhada,
espinhel e redes de espera.
Na conclusão apresentada no relatório da NATURAE consta que este trecho do rio, antes da
formação do reservatório da UHE Cana Brava, já apresentava uma fauna de peixes
depauperada, pelas razões acima mencionadas.
Já o trecho entre a barragem de Cana Brava até as imediações da cidade de São Salvador
apresenta características lóticas. A fauna de peixes deste trecho de rio é, aparentemente,
menos abundante que a do rio Paranã, afluente do rio Tocantins, localizado cerca de 60 km a
jusante da cidade de São Salvador, embora a diversidade seja similar em ambos ambientes.
Esta região foi amostrada em diversos pontos, tanto do rio Tocantins quanto de seus
principais tributários como rios Traíras, Cana Brava e Mucambão, córrego Piabanha e outros.
No que diz respeito às informações da fauna de peixes da sub-bacia 20 tem se dados tanto
ao rio Paranã, nas proximidades da sua foz, como de alguns de seus tributários, como rios
Palma, das Lajes, Areia, São Miguel, vários riachos e, ainda, ambientes lênticos como lagoa
Verde, situada na margem esquerda do rio Paranã.
Esses dados foram obtidos por ocasião dos estudos ambientais de Peixe Angical que dispõe
também de informações do rio Tocantins, no trecho compreendido entre a cidade de São
Salvador e a foz do rio Paraná, ou seja, parte da sub-bacia 21.
Nesta região foram identificadas várias espécies migradoras como, por exemplo: Piaractus
mesopotamicus (caranha), Salminus hilarii (tubarana), Prochilodus nigricans (papa-terra),
Ageneiosus brevifilis (fidalgo), Hemisorubim platyrhynchus (mandubé), Paulicea luetkeni (jaú),
Pinirampus pirinampu (barbado), Pimelodus blochii (mandi-cabeça-de-ferro) e Pseudodoras
niger (cuiú-cuiú), Pseudoplatystoma fasciatum (surubim), Sorubimichthys planiceps (chicote),
Brachyplatystoma filamentosum (filhote) e B. flavicans (dourada).
Em função da presença de espécies migradoras e, também, pelo fato dos rios Paranã e
Palma (importante afluente do Paranã) não serem barrados, foi prevista uma escada para
peixes no projeto da barragem, com o intuito de minimizar os efeitos negativos que
normalmente ocorrem sobre as espécies reofílicas.
Os dados disponíveis do monitoramento que vem sendo efetuado pela Universidade Federal
do Tocantins (UFT), são, conforme já mencionado, da fase anterior ao enchimento e foram
obtidos entre agosto de 2004 e julho de 2005. Procurou-se enfatizar os resultados obtidos no
período compreendido entre outubro e março, tendo em vista ser o mais significativo em
termos de reprodução dos peixes.
As primeiras coletas dessa etapa, efetuadas no período chuvoso, permitiram identificar 112
espécies de peixes, muitas coincidentes com as já identificadas nos levantamentos anteriores
feitos nesta localidade. Foi constatado que tanto o número de espécies quanto o de
indivíduos foram mais expressivos no rio Paranã. O rio Tocantins também apresentou valores
elevados de riqueza e de indivíduos, porém, a jusante da confluência com o Paranã. A
freqüência de espécies em reprodução e a quantidade de fêmeas em atividade reprodutiva
foram igualmente mais elevadas no rio Paranã e no rio Tocantins, abaixo da foz do rio
Paranã. Este fato é um indício de que o rio Paranã seja mais utilizado pelos peixes.
A ilustração a seguir mostra que, em relação aos aspectos reprodutivos, os dados de outubro
e novembro foram mais expressivos, tanto para o número de espécies em reprodução como
para o percentual de indivíduos que apresentavam essa atividade. Já o ictioplâncton
apresentou valores mais significativos posteriormente, especificamente na coleta de janeiro.
Assim, os locais de maior relevância para a desova podem estar situados a montante da área
estudada.
Um importante aspecto a ser ressaltado refere-se às várzeas existentes no rio Paranã. Estes
ambientes são fundamentais para a reprodução de peixes e estão presentes, em grande
extensão, a aproximadamente 200 km a montante da cidade de Paranã.
As coletas seguintes, relativas às amostragens de abril, maio, junho e julho de 2005 mostram,
de uma forma geral, um declínio em relação ao número de espécies e de indivíduos em
reprodução, bem como da densidade de ovos e de larvas.
Segundo o relatório, as famílias com o maior número de espécies foram Characidae, com 78
(32,1% do total), Loricariidae, com 36 (14,8%), Anostomidae, com 15 (6,2%) e Cichlidade e
Curimatidae, com 13 (5,4%). A representação das espécies das demais famílias foi inferior a
5%.
Dentre os indivíduos de pequeno porte, houve uma predominância dos pertencentes à classe
de comprimento de até 4 cm e peso inferior a 100 gramas. Isto indica que os indivíduos
forrageiros constituem um importante estrato da ictiofauna, por servirem de alimento para os
piscívoros de médio e grande porte. A importância destas espécies na cadeia alimentar é
evidenciada pelo fato de no rio Tocantins, mais de 20% das espécies serem piscívoras
(Marques et al., 2002) in UFT (2005b).
Os peixes de grande porte (comprimento maior que 40 cm) tiveram participação de cerca 12.
As espécies mais representativas deste grupo foram: a cachorra verdadeira Hydrolycus
armatus, a caranha Piaractus brachypomus, o cuiú-cuiú Oxydoras niger, o papa-terra
Prochilodus nigricans, o jaú Zungaro zungaro, a pirarara Phractocephalus hemioliopterus, o
pintado Pseudoplatystoma fasciatum, o barbado Pinirampus pirinampu, entre outras. Estas
espécies são as mais apreciadas pelos pescadores.
Ainda de acordo com o relatório da UFT, a análise dos dados das capturas efetuadas com
redes de espera revela um padrão que pode estar relacionado ao deslocamento reprodutivo
dos indivíduos. No final do período de seca, os peixes se acumulam na foz dos tributários
secos ou com pouca vazão, à espera das primeiras chuvas para que possam realizar o
movimento ascendente, com a finalidade de se reproduzirem nas cabeceiras. Neste período,
a captura nos rios de maior porte foi alta, conforme constatado em outubro, período de
transição entre a seca e o início das chuvas. Com o início das chuvas os cardumes começam
a subir os tributários e as capturas nos rios diminuem fato esse observado no período de
dezembro a março. No período de vazante (abril a junho), o nível hidrológico dos tributários
volta a baixar e os peixes retornam para o canal principal do rio, ocorrendo um aumento nas
capturas neste ambiente. Segundo o relatório da UFT esta é uma hipótese, devendo ser
analisada com maior profundidade. Quanto aos padrões de dominância dos ambientes no
período, observa-se que as espécies Caenotropus labyrinthicus, Hypostomus sp7 e Curimata
acutirostris foram dominantes nos rios analisados. A espécie Caenotropus labyrinthicus é
bentófaga (alimenta-se de organismos e detritos que se acumulam no sedimento), enquanto
as outras duas são iliófagas (alimentam-se de detritos, sedimentos e vegetais). Estas
espécies têm porte pequeno ou médio e não são migradoras. A Hypostomus sp7 é uma
espécie caracteristicamente abundante em ambientes rasos de fundo rochoso, como é o
caso de grande parte da região em estudo durante o período de seca, especialmente o rio
Paranã. Estas três espécies constituíram 23% do total capturado nos rios.
A comparação das 20 espécies mais capturadas, por ambiente, revela que somente uma foi
comum aos ambientes de praia e rio (Geophagus altifrons). Já comparando a composição
das espécies mais capturadas nos ambientes de praia e córrego, identificam-se três espécies
comuns (Knodus spC, Creagrutus britskii e Knodus spF). De uma forma geral, há baixa
similaridade entre os diferentes ambientes estudados.
período das chuvas, no entanto, o seu nível varia acentuadamente em curtos intervalos de
tempo. Estas condições parecem ser restritivas para a maioria das espécies de peixes,
especialmente as espécies que apresentam ovos aderentes.
O fato da maior densidade de ictioplâncton ter sido detectada nos rios de maior porte parece
estar de acordo com o padrão reprodutivo das espécies tropicais, segundo o qual os peixes
migram para as cabeceiras dos corpos d´água e desovam no período de enchente, sendo
então os ovos e as larvas levados para as planícies. As planícies podem estar localizadas
nos pequenos corpos d´água ou no canal do rio principal. No trecho estudado os rios correm
encaixados, com escassas áreas de planície, e os pequenos corpos d’água, muito
provavelmente, são restritivos a essa função. Essa situação difere do segmento a jusante,
conforme será visto posteriormente.
Embora não explicitado nos relatórios da UFT, deve ser ressaltado que o rio Paranã, a
montante da área estudada é, conforme já mencionado, caracterizado por áreas de várzeas,
ambientes que continuarão sendo relevantes para a manutenção da fauna de peixes desta
sub-bacia, mesmo considerando o reservatório de Peixe Angical.
O trecho médio do rio Tocantins, compreendido entre a cidade de Peixe até a confluência
com o rio Araguaia, engloba integralmente as sub-bacias 22 e 23. A rede de drenagem é
mais intensa pela margem direita, visto que pela outra margem, o divisor de águas com a
bacia do rio Araguaia é relativamente próximo. Mesmo assim, destaca-se um importante
afluente pela margem esquerda, na parte mais ao sul da sub-bacia 22, que é o rio Santa
Teresa. O rio Santa Teresa e o rio Santo Antonio, este último também afluente da margem
esquerda do rio Tocantins, apresentam planícies de várzea, com inúmeras lagoas marginais,
que constituem ambientes favoráveis para a fauna de peixes. Muitas lagoas, no entanto, não
apresentam conexão com o rio principal ou, quando apresentam, isto ocorre somente em
ocasiões de cheias excepcionais. Em geral, os ambientes de várzea não fazem parte da
paisagem do médio curso do rio Tocantins, tendo em vista a escassez destes ambientes nos
trechos a jusante. Somente nas adjacências da região próxima à confluência com o Araguaia
(sub-bacia 23) é que são notados ambientes com tais características.
Outros afluentes pertencentes à sub-bacia 22, com destaque pelo porte e pela extensão da
área de drenagem e importantes, consequentemente, para a fauna de peixes são: rios São
Valério, Manuel Alves Natividade, Areias, Crixás e Rio do Sono. Já na sub-bacia 23
destacam-se os seguintes: rio Manuel Alves Grande, rio Farinha e rio Lajeado.
Há informações bibliográficas disponíveis para todo o trecho do rio Tocantins, bem como dos
seus principais tributários, na sub-bacia 22. Já a maior disponibilidade de dados
ictiofaunísticos da sub-bacia 23 corresponde ao trecho mais a montante do rio, de Tupirama
Consórcio CNEC - ARCADIS Tetraplan 97
Empresa de Pesquisa Energética – EPE
Avaliação Ambiental integrada - AAI da Bacia do Rio Tocantins e seus Formadores
Relatório P2 – Caracterização da Bacia Hidrográfica do Rio Tocantins
até a região de Imperatriz. Esta sub-bacia dispõe, também, de dados referentes aos recursos
pesqueiros, visto que a pesca comercial é permitida nesta região.
O trecho do rio Tocantins situado entre a barragem de Peixe Angical e o final do remanso do
reservatório de Lajeado tem extensão superior a 100 km e é caracterizado por vários
tributários, dentre os quais o Santa Teresa e o Santo Antonio, conforme já mencionado, têm
importância para a fauna de peixes.
Das 32 famílias registradas, algumas se destacaram pela riqueza de espécies. São elas:
Characidae, Loricariidae, Pimelodidae, Anostomidae e Cichlidae que, juntas, representaram
67,89% das espécies capturadas. Representantes das famílias Parodontidae, Crenuchidae e
Engraulidae foram registrados somente nas capturas com redes de arrasto.
Espécies migradoras de média ou longa distância ocorrem na região. Dentre estas, citam-se:
Salminus hilarii (tubarana), Brycon brevicauda (piabanha), Triportheus albus (sardinha),
Triporteus elongatus (sardinha), Triporteus trifurcatus (sardinha), Myleinae (pacus - 10
espécies), Argonectes robertsi (piau-voador), Hemiodus microlepis (voador), Hemiodus
unimaculatus (piau-pirco), Leporinus (piaus - 10 espécies), Hydrolycus armatus (cachorra-
verdadeira), Hydrolycus tatauaia (cachorra-verdadeira), Psectrogaster amazonica
(branquinha), Raphiodon vulpinus (cachorra-facão), Prochilodus nigricans (curimba),
Ageneiosus brevefilis (fidalgo), Paulicea luetkeni (jaú), Pimelodus blochii (mandi),
Hemisorubim platyrhynchus (jurupoca), Pinirampus pirinampu (barbado), Sorubimichthys
planiceps (surubim-chicote), Pseudoplatystoma fasciatum (pintado), Pseudodoras niger
(baiacu) e Megalodoras irwini (baiacu). As espécies migradoras, Brachyplatystoma
filamentosum (filhote), B. flavicans (dourada) e Phractocephalus hemioliopterus (pirarara) não
foram capturadas durante este estudo, porém, embora raras, já constaram de outros
levantamentos feitos no médio e alto Tocantins.
Assim como para a região a montante as espécies mais representativas foram as de pequeno
porte, com 60% do total amostrado. Este estrato tem um papel importante na cadeia trófica
dos ambientes aquáticos, por constituir a principal fonte de alimento das espécies piscívoras
que, em geral, são de grande porte.
Manuel Alves da Natividade. Já o rendimento em peso foi mais expressivo nos pontos de
coleta do rio Santo Antônio (montante e foz) e no rio São Valério.
Campanha 1 Campanha 2
LOCAL número de espécies número peso número de espécies número peso
n % (CPUE/m2 24h) (CPUE/m2 24h) n % (CPUE/m2 24h) (CPUE/m2 24h)
Rio Tocantins
T-ST 52 38,52 0,60 143,57 52 41,27 4,95 116,16
T-SA 55 40,74 1,28 244,38 43 34,13 0,88 40,58
T-SV 30 22,22 0,27 92,62 21 16,67 0,21 45,89
T-Ip 37 27,41 0,36 52,57 35 27,78 0,63 17,53
T-Fo 37 27,41 0,70 89,59 30 23,81 0,24 8,60
Tributários
STm 39 28,89 0,60 95,70 56 44,44 1,76 90,15
STf 53 39,26 0,77 127,18 38 30,16 0,56 45,47
SAm 48 35,56 2,34 167,80 21 16,67 1,35 80,01
SAf 51 37,78 1,14 239,04 60 47,62 4,10 113,11
SVm 35 25,93 0,65 109,53 23 18,25 0,45 60,23
SVf 44 32,59 0,42 93,39 62 49,21 1,16 51,90
MAm 38 28,15 0,58 62,33 46 36,51 0,86 42,93
MAf 29 21,48 0,38 40,97 26 20,63 0,18 20,69
Fof 56 41,48 0,72 98,46 62 49,21 2,63 89,89
Lagoa
L-AB 33 24,44 1,28 89,81 63 50,00 1,46 138,06
Total 135 126
Os resultados das capturas com rede de espera apontam, ainda, 13 espécies que foram mais
abundantes, tanto no rio principal como nos afluentes e na lagoa. Estas foram: o voador
(Hemiodus microlepis), a branquinha (Psectrogaster amazonica), a piaba (Moenkhausia
dichroura), a sardinha-de-lata (Lycengraulis batesii), a branquinha (Cyphocarax spilurus), o
joão-duro (Caenotropus labyrinthicus), o piau-pirco ou voador (Hemiodus unimaculatus), o
piau-flamengo, (Leporinus tigrinus), a cachorrinha (Roeboides affinis), o cachorrinho
(Galeocharax gulo), o cari (Hypostomus sp), a branquinha (Curimata acutirostris) e a piabinha
(Moenkausia sp9). Estas apresentaram captura superior a 50 indivíduos/m2 rede em pelo
menos um dos ambientes analisados.
O índice de diversidade dos afluentes variou entre 1,21 (rio Santo Antonio, ponto de
montante) e 1,56 (foz dos rios Manuel Alves da Natividade e Santa Teresa). De uma forma
geral, a diversidade dos tributários foi maior nos pontos situados na foz.
No rio Tocantins a maior diversidade foi detectada no ponto próximo à foz do rio Santo
Antonio, e a menor nas proximidades do rio Santa Teresa. Já a única lagoa estudada
apresentou valores baixos de diversidade e de riqueza de espécies.
A maior diversidade foi registrada por ocasião das coletas feitas no mês de outubro. A
explicação para este fato pode estar relacionada ao intenso movimento dos peixes, tendo em
vista que as primeiras chuvas na região já haviam ocorrido. O aumento do volume de água
propicia essa movimentação, pois os peixes se direcionam em busca de alimento, proteção
e/ou locais de reprodução.
De fato, os resultados da análise dos processos reprodutivos mostram uma maior intensidade
em outubro. Nesta ocasião, tanto a freqüência de indivíduos como a de espécies em
maturação e em reprodução foi maior. Já os indivíduos com gônadas esgotadas foram mais
abundantes em fevereiro, sugerindo que a reprodução tenha ocorrido de forma mais intensa
nessa ocasião.
Em geral, a densidade de ictioplâncton dos tributários foi mais elevada nos pontos
amostrados a montante, tendo-se verificado que a diversidade de ambientes e a existência
de planícies de inundação são importantes para a fauna de peixes.
Dos tributários amostrados na fase anterior ao reservatório de Lajeado, o rio Santa Teresa
(localizado a montante, na região de Ipueiras) destacou-se em termos de capturas, seguido
dos rios Crixás e São Valério, este último também da região de Ipueiras. Embora as capturas
tenham sido registradas nos demais tributários, os valores não foram tão expressivos, sendo
que o rio Lajeado e rio do Sono, ambos tributários da margem direita do rio Tocantins, a
jusante do eixo da barragem, apresentaram os valores mais reduzidos.
Além das capturas de peixes o monitoramento feito pela equipe da UFT aborda, ainda, outras
variáveis como, por exemplo, índice de atividade reprodutiva, participação das formas jovens
de peixes em relação ao total capturado, variações no tamanho médio dos exemplares, etc. A
apresentação dessas variáveis será feita conjuntamente com os dados obtidos na fase
reservatório, objetivando comparar as variações ocorridas nas condições originais do rio após
a implantação do empreendimento.
Quanto aos resultados das análises do ictioplâncton da fase rio, tem-se que os ovos
estiveram presentes na maioria dos pontos de coleta do rio Tocantins, com maior abundância
nas seguintes localidades: nas imediações da foz do rio Formiga, no rio Tocantins, próximo à
cidade de Ipueiras e no rio Tocantins – Capivara, local situado acima de Brejinho de Nazaré.
As larvas foram classificadas em dois estágios de evolução (larva 1 e larva 2). A proporção
de larva 1 foi mais expressiva nos locais situados abaixo daqueles com freqüências de ovos
maiores. Isto, de acordo com UFT (2006a), pode ser um indicativo da ocorrência de áreas de
criadouros naturais ao longo da calha do rio Tocantins.
Após a etapa rio, mais especificamente de outubro de 2001 a outubro de 2002, os dados da
UFT são apresentados como sendo relativos ao período de transição e, posteriormente, de
outubro de 2002 até setembro de 2004, como relativos à fase reservatório. A denominação
“transição” justifica-se em função da acomodação das espécies ao novo ambiente..
Os estudos efetuados na região direta e indiretamente afetada por Lajeado, no período entre
outubro de 1999 e setembro de 2004 (compreendendo as fases: rio, transição e reservatório)
resultaram na caracterização de uma ictiofauna bem diversificada. Segundo o relatório da
UFT (2006a) foram identificadas 343 espécies, distribuídas em 42 famílias e 12 ordens.
Do total de espécies, 6,4% foram registradas em todos os biótopos. Isto, de acordo com a
UFT, indica que estas possuem uma ampla distribuição, muito provavelmente relacionada ao
alto potencial de colonização específico ou, ainda, ao fato de apresentarem uma
estratificação das populações. Dentre estas espécies citam-se: o papa-terra (Prochilodus
nigricans), o piau (Leporinus friderici), o pacu (Myleus torquatus), a sardinha (Triportheus
albus), a piaba (Tetragonopterus argenteus), as branquinhas (Curimatella imaculata e
Cyphocharax spilurus), a beiradeira (Brycon spA) e os corrós (Geophagus altifrons,
Retroculus lapidifer e Satanoperca juruparii), entre outras.
Por sua vez, 22,2% apresentaram distribuição restrita a um único biótopo, indicando um
grande número de espécies raras ou acidentais. Este fato, no entanto, é característico de
regiões tropicais.
As espécies com valores altos de persistência e captura são aquelas que têm uma
distribuição espacial e temporal ampla no biótopo e ocorrem em densidades altas. Dentre as
espécies com tais características destacaram-se as seguintes: Auchenipterus nuchalis (filho-
d´égua), Hemiodus unimaculatus (voador) e Rhaphiodon vulpinus (cachorra-facão), presentes
no rio Tocantins, nos tributários e no reservatório, e Hypostomus spE (cari) e Pimelodus
blochii (mandi), com ocorrência na calha do rio Tocantins.
A composição dos indivíduos capturados mostra que a grande maioria, 45,8%, é de pequeno
porte. Os indivíduos de pequeno porte, juntamente com os juvenis das espécies de maior
A Tabela a seguir foi elaborada a partir das informações obtidas do relatório da UFT (2006a),
e tem como objetivo sintetizar os resultados do referido relatório. Os dados contidos nessa
tabela são aqueles relativos ao rio principal, tanto da área diretamente alagada por Lajeado
como a montante e a jusante do local represado. Os valores médios do comprimento padrão,
assim como os valores dos índices de atividade reprodutiva, foram extraídos dos gráficos
contidos no relatório acima citado e são apresentados com valores aproximados. Objetiva-se
a comparação não somente entre as diferentes fases analisadas como, também, entre os
diferentes pontos de amostragem.
Toc. 629 1761 843 3,1 22,6 3,6 20,1 15,8 20,1 - I B 1,2 1,5 1,5
Sta.Teresa
Toc. 399 555 360 3,1 16,8 11,0 19,8 16 23,5 - P I/O 2,1 1,2 1,6
Ipueiras
Toc. n.c. n.c. 270 n.c. n.c 6,3 n.c. n.c. 19,9 n.c. n.c. P/In n.c. n.c. 1,0
Brejinho
Toc.
P. 411 1646 467 9,4 20,1 10,5 16,0 13,0 19,7 I/B P/In/I P/In 2 0,2 0,6
Nacional
Toc. n.c. n.c. 247 n.c. n.c. 21,8 n.c. n.c. 21,1 n.c. n.c. P/In/O n.c. n.c. 0,6
Mangues
Toc.
n.c. n.c. 239 n.c. n.c. 11,3 n.c. n.c. 21,4 n.c. n.c. P/In/O n.c. n.c. 1,1
Sta Luzia
Toc. n.c. n.c. 251 n.c. n.c. 16,4 n.c. n.c. 20,1 n.c. n.c. P/In n.c. n.c. 0,9
Barragem
Toc. Funil 358 846 464 6,9 11,8 14,2 16,8 18 19,8 - - O 1,8 1,1 1,5
Toc.
311 489 n.c. 4,1 4,8 n.c. 17 15,3 n.c. B/I/H B/I/H n.c. 2,1 2,0 n.c.
P. Afonso
I: iliófago; P: piscívoro; In: insetívoro; O: omnívoro; B: bentófago; H: herbívoro; n.c = não coletado
Fonte: UFT (2006).
Como nem todas as localidades foram amostradas nas diferentes etapas, as Figuras 6 e 7
apresentadas a seguir, buscam enfatizar os resultados dos pontos com maior
representatividade a montante e a jusante da barragem, de forma semelhante à análise feita
para o reservatório de Serra da Mesa.
1500
CPUE (N)
2000
1000
a a
1000 500
0 0
1 2 3
1 5 9 13 17 21 25 29 33 37 41 45 49 53 57
60
75
c
54
60
b
RIQUEZA (S)
48
RIQUEZA (S)
45
42
30 a
36
15 30
0 1 2 3
1 5 9 13 17 21 25 29 33 37 41 45 49 53 57
5
3 ,2
4
DIVERSIDADE (H')
a a
DIVERSIDADE (H ')
3 ,0
a
3
2 ,8
2
2 ,6
1
2 ,4
1 2 3
0 a
1 5 9 13 17 21 25 29 33 37 41 45 49 53 57
1,0
0,84 a
EQUITABILIDADE (E)
0,8
0,80 ab
1500
CPUE (N)
2000
1000
a a
1000 500
0 0
1 2 3
1 5 9 13 17 21 25 29 33 37 41 45 49 53 57
60
75
c
54
60
b
RIQUEZA (S)
48
RIQUEZA (S)
45
42
30 a
36
15 30
0 1 2 3
1 5 9 13 17 21 25 29 33 37 41 45 49 53 57
5
3 ,2
4
DIVERSIDADE (H')
a a
DIVERSIDADE (H ')
3 ,0
a
3
2 ,8
2
2 ,6
1
2 ,4
1 2 3
0 a
1 5 9 13 17 21 25 29 33 37 41 45 49 53 57
1,0
0,84 a
EQUITABILIDADE (E)
0,8
0,80 ab
EQUITABIL IDADE (E)
0,6
0,76 b
0,4
0,72
0,2
0,68
0,0 1 2 3
1 5 9 13 17 21 25 29 33 37 41 45 49 53 57
FASES
MESES
A Tabela a seguir também foi elaborada com o intuito de sintetizar algumas informações a
respeito das comunidades de peixes dos tributários.
Após a formação do reservatório, o rio Areias foi aquele com o maior valor de capturas por
unidade de esforço. Este afluente drena diretamente para o reservatório, assim como os rios
Crixás e Lajeadinho, que também apresentaram valores de captura expressivos.
A montante da área inundada houve uma redução nas capturas, em relação às condições
originais, conforme pode ser observado nos resultados dos rios Santa Teresa e São Valério.
O rio Manuel Alves, apesar de também se situar acima da área inundada, apresentou um
acréscimo nas capturas, sendo o valor da fase reservatório o dobro daquele na fase rio.
Houve uma maior participação de jovens nas capturas na fase de transição especialmente
nos Manuel Alves da Natividade, Crixás, Mangues e Lajeadinho, que continuou elevada na
fase reservatório. O aumento de juvenis indica, conforme mencionado, locais de crescimento.
Predomínio Índice
Captura Juvenis Média Comp.
Local Categoria Atividade
2
Ind./1000m /24h % (cm)
Trófica Reprodutiva
Fases Rio Tran Res Rio Tran. Res Rio Tran Res Rio Tran Res Rio Tran Res
ta 836 667 588 5,4 11,1 5,6 18,7 18,2 20,0 - O O 2,3 1,8 1,2
S Teresa
São 454 n.c 343 4,8 n.c 5,9 17,8 n.c 20,1 - n.c P 2,1 n.c 2,0
Valério
Man. 307 n.c 654 4,1 n.c 16,9 18,1 n.c 19,6 - n.c P/O/In 1,9 n.c 0,7
Alves
Crixás 496 1152 528 4,3 10,4 9,6 18,1 18,2 21,0 I I P/In 1,2 1,3 1,3
Areias 305 n.c 1127 4,1 n.c 6,0 18,0 n.c 20,0 In/D n.c P/I 1,8 n.c 0,9
Mangues 325 n.c 390 2,5 n.c 14,8 20,5 n.c 20,5 - n.c P/O 2,1 n.c 1,0
a 272 n.c 383 8,1 n.c 10,6 17,0 n.c 25,5 - n.c P/O 1,9 n.c 1,7
St Luzia
Lajeadinho 224 1290 455 5,0 20,9 18,0 17,5 15 19,7 - B/P 1,5 1,0 1,7
Rio Sono 228 302 n.c 2,8 5,6 n.c 16,1 15,5 n.c - O n.c 2,4 1,5 n.c
I: iliófago; P: piscívoro; In: insetívoro; O: omnívoro; B: bentófago; H: herbívoro; n.c: não coletado
FONTE: UFT (2006).
Assim como para os pontos situados no Tocantins (corpo do reservatório e regiões lóticas a
montante e a jusante de Lajeado, cujos dados já foram apresentados na Tabela anterior),
houve uma alteração na proporção de indivíduos em relação à categoria trófica. Essa se
traduz numa maior participação de piscívoros e omnívoros, após a formação do novo
ambiente.
Apesar das condições fisiográficas favoráveis à fauna de peixes, o rio Santa Teresa, com
suas planícies de inundação e lagoas marginais, não apresentou resultados tão diferenciados
em relação aos demais ambientes amostrados. O mesmo ocorreu em relação ao ictioplâncton
da fase rio, embora na fase reservatório os ovos e larvas tenham sido um pouco mais
expressivos, conforme será visto posteriormente. O índice de atividade reprodutiva dessa
localidade manteve-se praticamente inalterado nas diferentes etapas estudadas. No entanto,
De uma forma geral, verifica-se um aumento no tamanho médio dos exemplares na fase
reservatório, em todas as localidades amostradas, mesmo havendo uma maior participação
de juvenis.
Apesar da identificação de juvenis de tucunarés essa espécie, em geral, não figurou entre as
mais freqüentes do total capturado. Já a piranha Serrasalmius rhombeus, aparece dentre as
mais freqüentes, assim como os voadores (Hemiodus spp), o filho-d’égua (Auchenipterus
nuchalis), a cachorra-facão (Raphiodon vulpinus) a branquinha (Psectrogaster amazonica) a
sardinha-de-lata (Lycengraulis batesii), o cuiú-cuiú (Oxydoras niger), etc. Algumas são
freqüentes tanto antes como após a formação do reservatório.
Os estudos de ovos e larvas de peixes também são importantes por fornecer indicações
sobre os locais de reprodução. Os resultados obtidos nas diferentes fases são apresentados
na Figura a seguir.
A análise da Figura acima indica que tanto os ovos, quanto as larvas estão presentes na
região a montante do reservatório, e têm uma sensível redução na área represada. Na
localidade Funil, situada imediatamente a jusante da barragem, os ovos estão novamente
presentes, embora em concentrações reduzidas.
A esse respeito cabe mencionar que as amostragens foram efetuadas somente na superfície,
ao contrário das coletas feitas na etapa rio onde, em alguns locais, amostras foram obtidas
também na profundidade. Naquela ocasião não foram detectadas variações, fato atribuído à
homogeneidade da coluna vertical, típica de ambientes lóticos. Nesse sentido, teria sido mais
conveniente realizar amostragens em diferentes profundidades nos pontos onde a natureza é
tipicamente lêntica.
Essa mesma sugestão vale para os afluentes que drenam diretamente para o reservatório,
pois grande parte dos pontos, apesar de terem sido deslocados para o segmento superior
após o enchimento, encontra-se em áreas de remanso do reservatório. Apesar disto, não se
pode menosprezar a redução do ictioplâncton, em especial dos afluentes, onde a
comparação entre os valores das diferentes etapas mostra uma redução acentuada nos
valores.
A barragem de Lajeado, assim como a de Peixe Angical, conta com uma escada para a
transposição dos peixes. O monitoramento dessa escada foi iniciado em novembro de 2002 a
partir de coletas quinzenais, com o intuito de avaliar sua eficiência. Os resultados disponíveis
desse monitoramento são do período compreendido entre novembro de 2002 e outubro de
2003 e constam do relatório da UFT (2006b).
Com relação ao tamanho dos peixes, foram registradas 17 espécies de grande porte, com
comprimento superior a 40 cm. Essas espécies eram essencialmente migradoras, de
interesse comercial, como o surubim Pseudoplatystoma fasciatum, o jaú Zungaro zungaro, o
barbado Pinirampus pirinampu, a caranha Piaractus metopotamicus e a cachorra-verdadeira
Hydrolycus armatus. Outras espécies de grande porte não migradoras, porém predadoras,
como o tucunaré Cichla sp, a bicuda Boulengerella cuvieri e a curvina Plagioscion
squamosissimus, também marcaram presença na escada. De acordo com a UFT, estas
espécies utilizam a escada como local de alimentação.
A predação ocorre tanto pela presença de determinadas espécies de peixes como, também,
por quelônios (tracajás e tartarugas) e mamíferos aquáticos (botos). Estes são observados a
jusante, nas proximidades da entrada da escada. A predação, de forma geral, ocorre tanto na
entrada como na saída dessa estrutura e, também, nos tanques de descanso.
O período com maior concentração de peixes na escada foi aquele entre dezembro e maio,
com picos de abundância em dezembro e fevereiro.
Na escada, o número de peixes migradores foi maior que o de não migradores. Já o número
de espécies migradoras foi inferior ao das espécies não migradoras, conforme pode ser visto
na Figura a seguir.
5
3
NMLD
MLD
4
0
NOV DEZ JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT
50
NMLD
NÚMERO DE ESPÉCIES
40 MLD
30
20
10
0
NOV DEZ JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT
O relatório conclui que a escada é seletiva, por apresentar composição das espécies
diferente daquela verificada a jusante. Este fato pode, realmente, implicar conseqüências
negativas, por alterar a forma como as comunidades estão estruturadas, especialmente a
jusante. Por outro lado, muitos processos podem influenciar este resultado, visto que na
escada há permanência de determinadas espécies por períodos mais longos, além do fato
dessa estrutura permitir maior facilidade de captura em relação a jusante, o que pode levar a
resultados com diferenças na proporção de espécies.
Outra crítica em relação a essa estrutura refere-se ao retorno de ovos e larvas. Os dados
mostram um gradiente do ictioplâncton, com forte redução da densidade de ovos e de larvas
que derivam do rio Tocantins e dos tributários, conforme visualizado na Figura 8.
Algumas espécies que efetuam migrações ocorreram na região, tais como: Phractocephalus
hemiliopterus (pirarara), Piaractus cf. mesopotamicus (caranha), Prochilodus nigricans (papa-
terra), Ageneiosus brevifilis (fidalgo), Hemisorubim platyrhynchus (mandubé), Paulicea
luetkeni (jaú), Pinirampus pirinampu (barbado), Pseudoplatystoma fasciatum (surubim),
Pimelodus blochii (mandi-cabeça-de-ferro), Pseudodoras niger (cuiú-cuiú) e Sorubimichthys
planiceps (chicote).
A densidade média de larvas, para todos os pontos amostrados, em outubro foi ligeiramente
superior à média registrada em janeiro. Este resultado indica a ocorrência de reprodução nos
dois períodos analisados, o que pode estar relacionado com a presença de espécies que
apresentam longos períodos reprodutivos e/ou espécies que possuem estratégias
reprodutivas diferenciadas e que se reproduzem com diferentes intensidades ao longo do
período hidrológico.
A classificação por tamanho revelou que 20% das espécies registradas pertencem à
categoria de grande porte. Entre elas, foram encontradas Prochilodus nigricans, Cynodon
gibbus, Raphiodon vulpinus, Boulengerella ocellata, Leporinus affinis, Schizodon vittatum,
Hemisorubim platyrhynchus, Pinirampus pirinampu, Pterodoras granulosus, Oxydoras niger,
Cichla ocellaris e Plagioscion surinamensis.
Dentre as espécies mais comercializadas pela Colônia de Pescadores de Estreito (Z- 35),
citam-se: Colossoma brachypomum (caranha), Semaprochilodus brama (jaraqui) e
Prochilodus nigricans (curimbatá), dentre outras.
Os resultados das coletas da ictiofauna desse trecho do rio Tocantins constam dos estudos
feitos pela THEMAG/BILLINGTON/ALCOA (2000), onde há menção de 198 espécies de
peixes, pertencentes a 32 famílias. Assim, como nas demais localidades amostradas a
montante, as Ordens mais representativas foram Characiformes e Siluriformes, com 52,25%
e 34,34% do total das espécies. A família Characidae foi a que apresentou o maior número
de espécies, principalmente de pequeno porte.
Das espécies apontadas como migradoras pela literatura especializada ocorreram na região
Brycon brevicauda (ladina), Salminus hilarii (tubarana), Prochilodus nigricans (curimbatá),
Semaprochilodus brama (jaraqui), Ageneiosus brevifilis (fidalgo), Paulicea luetkeni (jaú),
Pinirampus pinirampu (barbado), Pseudoplatystoma fasciatum (surubim), Sorubimichthys
planiceps (chicote) e Pseudodoras niger (cuiú-cuiú).
A baixa atividade reprodutiva pode ser atribuída ao fato de não terem sido efetuadas coletas
no período característico das cheias. De acordo com os resultados dos estudos feitos nesta
mesma região, do final da década de 80, ficou evidenciado que o período reprodutivo ocorreu
durante as cheias.
O baixo Tocantins compreende a sub-área 29, onde o principal afluente é o rio Itacaiúnas,
pela margem esquerda. A fauna de peixes dessa região possui uma estreita relação com
outro importante afluente, o rio Araguaia, que não é objeto da presente avaliação. Conforme
já mencionado, possivelmente o Araguaia, com suas extensas planícies de inundação, tenha
destaque para a manutenção da fauna de peixes do rio Tocantins. Há lagoas marginais tanto
a montante como a jusante do reservatório de Tucuruí.
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A região do baixo Tocantins é, sem dúvida, a que mais foi alterada pela implantação do
reservatório de Tucuruí. Os dados da região, antes da implantação do empreendimento,
ocorrido em 1982, são relativos, sobretudo, ao canal do rio principal, que foi amostrado num
percurso de aproximadamente 500 km. Em que pesem as alterações ocorridas, os resultados
atuais, conforme estudos efetuados por Santos (2004), quando comparados aos da etapa
que antecedeu o enchimento, mostram que cerca de 76% das espécies ainda estão
presentes na região. No trecho do rio onde foi implantado o reservatório havia uma forte
corredeira que dificultava, e até mesmo impedia, a migração de algumas espécies de peixes
como, por exemplo, o mapará (Hypophthalmus marginatus).
É importante ressaltar que Efrem e colaboradores fizeram uma análise dos dados
ictiofaunísticos disponíveis para Tucuruí, com base nos estudos realizados entre 1980 e
1984, para a fase de pré-enchimento, e entre 1985 e 1998, para a fase de pós-enchimento,
com informações relativas à ictiofauna do rio Tocantins obtidas das seguintes fontes:
ELETRONORTE/INPA (1981; 1982; 1984; 1985), Santos et al (1984), Merona (1985;
1986/87), Resende (1985), Carvalho & Merona (1986), Leite (1986; 1993), Leite & Bittencourt
(1991), ELETRONORTE (1992; 1999) e Santos & Merona (1996). Os autores salientam que
houve dificuldades na análise destas informações, pois elas apresentavam inconsistências,
lacunas ou mesmo dados contraditórios entre os relatórios, embora fossem referentes a um
mesmo local e uma mesma época.
Com relação aos hábitos alimentares, os levantamentos apontaram que houve uma explosão
demográfica de peixes com hábitos piscívoros no reservatório, especialmente de piranhas
(Serrasalmus spp). Além destas, foi constatado um aumento significativo na população de
tucunarés (Cichla ocellaris e C. temensis), cujo suporte no reservatório foi atribuído aos
peixes iliófagos e perifitiófagos, favorecidos, por sua vez, em função da maior produtividade
do ambiente (ELETRONORTE, 1988; Efrem et al, 2000).
Cabe aqui mencionar a constatação de Santos et al (2004) de que, das 270 espécies de
peixes registradas por Santos et al em 1984, cerca de 76% ainda podiam ser encontradas.
Constata-se este fato pela presença significativa desta espécie nas pescarias experimentais
na região de montante, e pela sua presença nas capturas comerciais naquele trecho.
As questões sobre a pesca em Tucuruí serão relatadas com maiores detalhes quando da
descrição dos Recursos Pesqueiros.
Foi constatada ainda uma redução dos valores de diversidade medidos pelo índice de
Shannon-Weaver, que variava entre 4,2 e 5,1 antes do represamento, e passou a oscilar em
torno de 3,5. Muitas espécies características de zonas de corredeiras desapareceram da
região do lago, bem como aquelas bentônicas, que se afastaram da área pela ausência de
oxigênio nas camadas mais profundas. O número de espécies de peixes antes e após o
represamento também diminuiu, conforme já mostrado anteriormente.
A participação relativa das dez espécies mais freqüentes nas capturas experimentais mudou
entre as fases de pré e pós-enchimento (Figura 15). Na fase anterior ao enchimento, a
branquinha-baião (Curimata cyprinoides) era a espécie mais freqüente. Após o enchimento a
piranha (Serrasalmus geryi) passou a sê-lo.
Das três áreas amostradas (reservatório, montante e jusante), a do reservatório perdeu mais
espécies após o represamento (50), equivalentes a 28%. A região de jusante foi a que menos
perdeu espécies, 18,8% e, também, apresentou o maior número de espécies após o
enchimento (133). De acordo com Efrem et al (2000) possivelmente no trecho de jusante, por
ser aberto à recolonização, a melhora na qualidade da água após o impacto inicial permitiu a
(re) entrada de espécies no sistema do rio Tocantins, a partir de estoques do rio Amazonas.
A pesca como atividade profissional tem maior relevância no médio e baixo Tocantins, (sub-
bacias 23 e 29), sobretudo a partir da região de Carolina/Estreito, onde passa a ser permitida.
Nesta Na cidade de Estreito há, inclusive, uma Colônia de Pescadores (Z-35), que em 1999,
segundo THEMAG/BILLINGTON/ALCOA (2000), contava com cerca de 150 pescadores
associados.
Outra Colônia de Pescadores do médio curso do rio Tocantins é a de Imperatriz (MA). Esta
colônia, a Z-29, possui bom nível de organização e contava, em 1999, com 245 pescadores
filiados.
As informações relativas à pesca do médio rio Tocantins (sub-bacia 23) são aquelas dos
estudos efetuados pelo consultor Miguel Petrere Jr., por ocasião dos levantamentos
ambientais na região de Imperatriz.
Mês Captura ( t )
Novembro 22,29
Dezembro 9,74
Janeiro 4,11
Fevereiro 0,50
Março 28,91
Abril 36,90
Maio 29,54
Mês Captura ( t )
Junho 27,65
Julho 38,74
Agosto 26,90
Setembro 13,91
Outubro 9,84
Total 249,03
Local Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out
Marabá - - - - - 2% - - - - - -
TOTAL 23% 62% - - 74% 63% 40% 37% 46% 35% 28% 10%
Pescado Nov Dez Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Total
Curvina 237 1643 4820 980 2191 1684 113 873 325 12866
Cachorra 45 37 82
Piau-cabeça- 71 71
gorda
Jaraqui 32 32
Com relação aos dados da sub-bacia 29, aqueles relativos à pesca na região de Tucuruí,
antes da implantação do reservatório (1976-1979), mostram que o curimatá, o pacu-
manteiga, a caranha e os grandes bagres - filhote e dourada - dominavam as pescarias no rio
Tocantins (IBGE, 1987, in THEMAG/BILLINGTON/ALCOA, 2000).
De acordo com Efrem et al (2000), houve redução no tamanho das populações das espécies
migradoras, de importância comercial, a jusante de Tucuruí, no segundo ano após o
fechamento, conforme já salientado anteriormente.
O mapará foi um dos que apresentou uma redução nas capturas a jusante e é oportuno
mencionar algumas peculiaridades sobre esse peixe. Pertence ao grupo dos bagres onde a
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maioria é habitante de fundo e tem hábito carnívoro. Os maparás por sua vez, são adaptados
à vida pelágica, ou seja, à meia água e planctófagos. Formam grandes cardumes, sendo
muito importantes na pesca comercial da região amazônica, tocantina e paranaense.
Alimentam-se de fito e zooplâncton, os quais são filtrados na boca através dos rastros
branquiais longos e finos (THEMAG/BILLINGTON/ALCOA, 2000).
Antes da construção da barragem de Tucuruí, Santos et al. (1984) e Merona (1993) relatam
que este peixe era o mais capturado na área que vai da foz do rio Tocantins até a cidade de
Mocajuba (PA). Os adultos, geralmente maduros, eram capturados mais a montante, na
região de Icangui (PA), no período de dezembro a março. Os autores destacam que os
cardumes não ultrapassavam as cachoeiras de Tucuruí, provavelmente, pela incapacidade
da espécie de nadar contra correntezas violentas, e as capturas acima desta área eram
insignificantes. Atualmente o mapará apresenta uma contribuição na pesca a montante da
barragem.
Apesar do aumento das capturas a montante, a análise feita por Efrem et al (2006) mostra
que, na área do reservatório, houve redução de algumas espécies, especialmente as
detritívoras, que antes representavam 40% das capturas e passaram para 15%. Estes
autores salientam ainda a proibição da exploração pesqueira no reservatório, desde após o
enchimento até o final de 1985. Com base nas informações de desembarque de pescado
disponíveis, no entanto, tem-se que a produção pesqueira desta região aumentou
significativamente, entre 1981 e 1998, de 319 t/ano para 3211 t/ano, ou seja, mais de dez
vezes.
Na área do reservatório também houve mudanças na participação relativa das espécies mais
importantes, entre 1988 e 1998. Em 1988 o tucunaré (Cichla sp) era a espécie mais
abundante, com cerca de70% da produção total, caindo para 22% em 1998. Já o mapará
(Hypophtalmus marginatus), praticamente inexistente em 1988, subiu para 37% da produção
em 1998. A pescada (Plagioscion spp) também teve um aumento de participação relativa na
produção, subindo de 17% para aproximadamente 29%, mas permanecendo como a
segunda espécie em importância. Destaca-se que o mapará não é o peixe preferido para o
consumo da população do entorno de Tucuruí. Mesmo assim tem sido alvo da pesca devido
à grande demanda do mercado de Belém (Carmargo et al, 2004).
Nos estudos desenvolvidos pelos autores acima mencionados há menção de que, até o início
dos anos 90, cerca de 6.000 pescadores atuavam no reservatório de Tucuruí, movimentando
R$ 4,2 milhões por ano. Por ocasião dos levantamentos de 1999/2000 a situação ainda era
similar.
Ainda com relação ao pescado na região de influência de Tucuruí, é oportuno citar que não
somente a ictiofauna foi afetada pelo represamento, mas também a população do camarão
Macrobrachium amazonicum, um crustáceo relevante para a pesca do baixo Tocantins.
Estudos efetuados por Collart (1988) indicam que a pesca camaroeira caiu 50% entre 1985 e
1986, sugerindo um recrutamento muito baixo depois da formação do lago.
Durante o Brasiliano, às bordas dos crátons São Francisco e Amazônico evoluíram as faixas
dobradas Brasília e Paraguai-Araguaia, respectivamente, separadas pelo maciço mediano de
Goiás.
Cabe assinalar na porção extremo sudoeste da Bacia do Tocantins, onde se encontra a Sub-
bacia 20, a presença da megaflexura dos Pirineus, que provocou brusca mudança das
direções estruturais da faixa Brasília e de seu embasamento, o que é evidenciado pela forte
inflexão sofrida pela extremidade sul do maciço de Barro Alto.
Além dos trabalhos sistemáticos destacam estudos de impactos ambientais como da Hidrovia
Tocantins (CTE, 1998), Plano de Manejo das APAs do Jalapão (CTE, 2000) e Serra do
Lajeado (CTE, 2003), que oferecem importantes subsídios ao estado atual dos
conhecimentos sobre a bacia. A descrição metodológica completa aparece descrita no Anexo
IV.
Finalmente, ampliando-se o foco sobre a Bacia do rio Tocantins, a análise pedológica nada
mais é do que um estudo mais aproximado da estrutura geológica/geomorfológica da
superfície, considerando-se, sobretudo, a estrutura química do solo que, em última instância,
determina a aptidão agrícola de uma região e também em grande parte a biodiversidade.
Os métodos de trabalhos foram basicamente a compilação direta a partir dos mapas de solos,
dos limites das unidades de solos, que foram digitalizados sobre base cartográfica específica.
Em seguida as várias unidades de mapeamento dos vários mapas foram sistematizadas e
ordenadas conforme normas constantes no Manual Técnico de Pedologia, da Fundação
IBGE (OLIVEIRA, 2005), que considera a terminologia empregada no SiBCS.
Esta região apresenta um relevo bem diferenciado, dada sua estrutura geológica complexa. A
unidade geomorfológica desta Sub-bacia tem como origem o Planalto Goiás-Minas,
representado pelas Unidades Geomorfológicas do Planalto do Distrito Federal, Planalto do
Alto Tocantins-Paranaíba e Chapadas do Alto Rio Maranhão. As Sub-bacias dos rios
Maranhão e Tocantinzinho têm seus cursos de primeira ordem desenvolvidos a partir dos
residuais das Chapadas do Alto Rio Maranhão (800-1.200m) e Planalto do Distrito Federal
(900-1.200m), com topos caracterizados por Superfícies de Aplainamentos Degradada (Pgi) e
Retocada (Pri). Essas superfícies são mantidas em parte pela resistência litológica dos
quartzitos e couraças ferralíticas. Os formadores principais descem os patamares estruturais,
com forte entalhamento dos vales e desenvolvimento de ravinas (tipo badland). A norte dessa
unidade predominam relevos residuais mantidos por rochas quartzíticas. A drenagem
contorna esses residuais e ingressa na Depressão do Alto Tocantins, ainda sendo
interceptadas por outras formações serranas. O rio Tocantinzinho percorre a seção
meridional do Complexo Montanhoso Veadeiros-Araí, com forte grau de incisão da drenagem
em metassedimentos falhados da Formação Arraias.
De forma geral, o solo desta Sub-bacia desenvolveu-se para uma melhor potencialidade
agrícola, o que a coloca num posto importante, também por sua proximidade de grandes
centros urbanos. Nela, há que se considerar que ainda se verificam expressivas áreas de
solos de baixa potencialidade agrícola, como os Cambissolos cascalhentos derivados de
micaxistos e Neossolos Litólicos também derivados de micaxistos e de outros materiais como
arenitos, quartzitos e outros. Em contrapartida, são também expressivas as ocorrências de
chapadas e chapadões com Latossolos Vermelhos Distróficos, muito utilizados com lavouras
comerciais de grãos (foto 1).
Foto 1 – Aspecto de lavoura comercial de grãos (soja) sobre chapadão (Latossolo Vermelho Distrófico
típico,textura argilosa). Próximo a Planaltina – DF
Além dos chapadões com uso de lavouras comerciais, merecem destaque os solos
desenvolvidos a partir da alteração de rochas básicas e ultra-básicas do Complexo Básico –
Ultra-básico de Barro Alto, Niquelândia e Canabrava. Tratam-se de seqüência de ocorrências
de rochas básicas e ultra-básicas diversas, se estendendo em faixa sudoeste-nordeste na
parte central da sub-bacia, que originam solos como Nitossolos Vermelhos Eutroférricos
(antigas Terras Roxas Estruturadas) e Latossolos Vermelhos Distroférricos (antigos
Latossolos Roxos), comuns na região do Vale do São Patrício em Goiás (foto 2), na serra de
Niquelândia-GO (próximo à represa de Serra da Mesa) e nas proximidades de Minaçu-GO, e
de Chernossolos Argilúvicos e Cambissolos Ta Eutróficos associados à alteração de rochas
ultra-básicas (noritos, peridotitos, etc).
Todos correspondem a solos de boa fertilidade natural, portanto passíveis de exploração com
uso de técnicas rudimentares, para exploração com pequenas lavouras, mas que
freqüentemente são explorados com pastagens plantadas.
Foto 3 – Aspecto da paisagem e uso com pastagem plantada, sobre Argissolo Vermelho –Amarelo
eutrófico típico, relevo forte ondulado. Itapuranga – GO
Em suma, esta região apresenta a segunda maior concentração de terras, em seguida à Sub-
bacia 29, consideradas aptas para a utilização com agricultura, quer sob manejo tecnificado e
capitalizado ou não. Em qualquer circunstância a sua porção sudoeste, é a que concentra a
maioria destas terras.
Alguns municípios contêm em seus limites terras serranas com solos férteis, que são aptas
para agricultura não mecanizada, ou seja, terras ricas, porém com limitações fortes por relevo
e pedregosidade (classes (???) 1Ab, 1A(b) ou 1 Abc), e por outro lado, alguns possuem
terras de baixa fertilidade natural (Latossolos) que por ocorrerem em relevo plano, se prestam
à exploração com lavouras tecnificadas e capitalizadas (classe 1bC).
A porção oeste e norte desta sub-bacia se assemelha muito às demais, sendo constituída por
terras em sua maior parte avaliadas com aptidão para pastagens natural ou nativa (classes
4p ou 5n) e/ou áreas de preservação (classe 6).
Sub-Bacia 21
Na porção noroeste da Bacia, de formato triangular, e em sua porção oeste, ocorrem rochas
metassedimentares do Grupo Araxá e do Grupo Araí (formações Arraias e Traíras).
Uma ampla faixa formada pelas bordas sul e leste da Bacia é quase que inteiramente
constituída por rochas pelítico-areno-carbonáticas do Subgrupo Paraopebas e de suas
formações Sete Lagoas e Três Marias, do Grupo Bambuí. Sobre esta faixa ocorre uma
profusão de coberturas detríticas terciário-quaternárias.
As porções extremo sudeste e extremo nordeste da Bacia são constituídas por arenitos da
Formação Urucuia, de idade cretácea.
O rio Palma deixa o Chapadão Ocidental Baiano e ingressa em seus patamares estruturais.
Um pouco mais ao sul, na Bacia do rio São Domingos, os Patamares do Chapadão Ocidental
Baiano encontram-se caracterizados por dois níveis altimétricos, sendo que no mais elevado
são presenciadas gargantas epigênicas desenvolvidas em linhas de falhas, estimuladas por
efeitos epirogenéticos positivos (fenômeno de superimposição). Após percorrer os residuais
pelito-carbonáticos do Subgrupo Paraopeba Indiviso, faz contato com a Depressão do Alto
Tocantins através de patamares cársticos. No domínio da referida depressão, contorna
estruturas serranas como o Complexo Montanhoso Veadeiros-Araí e a Serra de Arraias e da
Canoa. Estas unidades referem-se a dobramentos proterozóicos, cujas diferenças litológicas
e tectônicas proporcionam o desenvolvimento de formas específicas como sinclinais alçadas,
cristas assimétricas (hogbacks e relevo do tipo “apalachiano”), patamares estruturais,
escarpas de falhas e forte grau de entalhamento dos talvegues, prevalecendo formas
dissecadas aguçadas nas vertentes imediatas aos topos pediplanados.
Háplicos. Nas bordas escarpadas dos residuais, a intensa dissecação justifica o domínio dos
Neossolos Litólicos e afloramentos rochosos.
Esta Sub-bacia corresponde à porção sudeste da área drenada pelo rio Tocantins e abrange
terras do sudeste do Estado do Tocantins e nordeste do Estado de Goiás. Em ambos os
Estados, apesar de ocorrências localizadas de solos de potencialidade agrícola considerável
como os Nitossolos Vermelhos Eutróficos associados à presença de calcário do Grupo
Bambuí, a pobreza ou as limitações dos demais solos é fator comum para a maioria dos
mesmos.
Foto 4 – Perfil de Cambissolo Háplico Tb Distrófico típico, originado de micaxisto. Próximo à São
Domingos – GO
Foto 5 – Aspecto da área de Latossolo Vermelho Distrófico típico textura argilosa. Próximo a São João
da Aliança - GO
No que concerne à potencialidade agrícola das terras, pode-se de forma resumida destacar
como terras boas para utilização com agricultura, apenas uma ocorrência contínua na sua
porção centro-sul, em que as mesmas foram avaliadas como classe 1ABC de aptidão, ou
seja, terras com aptidão boa para lavouras climaticamente adaptadas, e também pequenas
ocorrências no extremo sudoeste onde, sobre chapadões, as terras possibilitam a exploração
com lavouras mecanizadas (classe 1bC)
No restante da Bacia as outras terras são avaliadas, ora como de aptidão regular ou restrita
para pastagens nativa ou plantada e ora como inaptas para agricultura, quando devem ser
destinadas à preservação.
Sub-Bacia 22
A borda oeste desse trecho da Bacia, até a latitude 11º, é ocupada quase que inteiramente
por rochas granito-gnáissico-migmatíticas do Complexo Goiano, ocorrendo ainda
metassedimentos dos Grupos Araxá e Estrondo, quartzitos, metaconglomerados e ardósias
do Grupo Santo Antonio, corpos graníticos e tonalíticos da Suíte Intrusiva Ipueiras, o maciço
da unidade Alcalinas do Peixe e duas grandes exposições de coberturas detríticas terciário-
quaternárias.
A porção central e norte da Bacia é ocupada pelas formações carboníferas Poti e Piauí e
pelas formações devonianas Pimenteiras, Cabeças e Longá da Bacia do Parnaíba. Em sua
porção leste, ocorrem ainda arenitos da Formação Itapecuru, de idade cretácea, e
subordinadamente, arenitos da Formação Sambaíba, do Triássico e basaltos da Formação
Orozimbo, de idade jurássica.
direção geral Leste-Oeste. No trajeto, a drenagem passa pelos Patamares da Chapada das
Mangabeiras e Patamares do Chapadão Ocidental Baiano, onde os cursos de primeira ordem
respondem por intensa dissecação do relevo, expondo cornijas estruturais representadas
principalmente pelos arenitos cretáceos da Formação Urucuia. Tendo como nível de base
regional a Depressão do Médio Tocantins, que mais ao sul conecta-se com a Depressão do
Alto Tocantins, a drenagem comandada principalmente pela Sub-bacia do rio Manuel Alves
disseca as estruturas proterozóicas dobradas, correspondentes ao Complexo Montanhoso,
regionalmente caracterizado pelas Unidades Geomorfológicas das serras Malhada Alta, da
Natividade e de Santo Antônio-João Damião. A Depressão do Médio Tocantins, na unidade
hidrográfica em questão, apresenta topos pediplanados em seqüências permo-carboníferas
da Bacia Sedimentar do Parnaíba (formações Pimenteiras, Cabeças e Piauí), enquanto a
Depressão do Alto Tocantins encontra-se pediplanada em estruturas do embasamento
cristalino.
Do ponto de vista pedológico, nesta Sub-bacia, grosso modo, pode-se considerar duas
grandes regiões. A primeira, que se posiciona em sua porção norte, mais especificamente a
norte da cidade de Palmas, e que se estende também para sul, em grande faixa na porção
leste. Nesta porção, as terras têm características semelhantes àquelas da Sub-bacia 23, com
exceção da inexistência de manchas esporádicas de solos de boa potencialidade agrícola, ou
seja, há uma continuidade no padrão de ocorrência dos solos em relação à Sub-bacia 23
Foto 6 – Paisagem da área de Neossolo Quartzarênico Hidromórfico típico, sob Vereda Tropical.
Parque Estadual do Jalapão - TO
A outra porção da Sub-bacia que merece destaque refere-se à extensa faixa de terras
posicionada no lado oeste da mesma, que se inicia à norte aproximadamente na altura da
cidade de Palmas e estende-se para sul até as nascentes do rio Santa Tereza, já em terras
do Estado de Goiás. Nesta parte, os solos dominantes são Latossolos Vermelho-Amarelos
Distróficos de textura argilosa e média, ocorrendo em regime de associação com Plintossolos
Pétricos Concrecionários, e apresentando em seu perfil, muitas vezes, ocorrência de
petroplintita na forma de cangas ou concreções, o que representa uma limitação forte à plena
exploração dos mesmos com agricultura. Por tal razão, foram julgados com aptidão regular
para exploração com pastagem plantada, uso este já consolidado hoje em toda sua extensão.
Com relação à potencialidade agrícola das terras da Sub-bacia como um todo, grosso modo
pode-se destacar grande faixa de terras no sentido norte-sul, a oeste da Sub-bacia. Nesta
faixa, por sua vez, destaca-se uma considerável porção no seu extremo sul, já dentro do
Estado de Goiás, abrangendo terras de vários municípios, mais precisamente a região das
nascentes do rio Santa Tereza, que é constituída de terras avaliadas com aptidão boa para
lavouras mecanizadas com emprego de tecnologia e capital, e que se prestam para grandes
lavouras comerciais (classe 1bC). Vale mencionar pequenas ocorrências deste tipo de terras
mais ao norte desta faixa.
O restante das terras desta faixa não se presta para exploração com lavouras, pelo menos no
que concerne aos solos dominantes, porém se prestam razoavelmente bem ao uso com
pastagens plantadas (classe 4(p)), podendo localizadamente ocorrer pequenas manchas de
melhor potencialidade.
Sub-Bacia 23
Do ponto de vista geomorfológico, este trecho é marcado por sub-bacias secundárias, tanto
na margem esquerda quanto direita do rio Tocantins, evidenciando-se estreitamento de forma
nas imediações da confluência do rio Araguaia, em função da exclusão dessa Bacia no
presente estudo, com tendência de alargamento em direção ao divisor com a Bacia
Hidrográfica do rio Parnaíba.
As nascentes da margem direita do rio Tocantins iniciam seus cursos a partir dos divisores
representados pelo Planalto Dissecado Gurupi-Grajaú (350m), na porção nordeste, e na
seção oriental pelo Chapadão do Alto Parnaíba (em torno de 800m), tendo como sub-
compartimentos as Cabeceiras do Parnaíba (600m) e o Vão da Bacia do Alto Parnaíba (entre
200 e 600m). A partir de então a drenagem busca as áreas depressionárias, representadas
pela Depressão do Médio Tocantins e Depressão de Imperatriz (entre 250 e 350m).
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Relatório P2 – Caracterização da Bacia Hidrográfica do Rio Tocantins
Na Bacia do rio Manuel Alves Grande constata-se a presença dos Patamares de Porto
Franco-Fortaleza dos Nogueiras, com topos pediplanados aos 650m, que também faz contato
com a Depressão do Médio Tocantins através de escarpas. Os tributários da margem
esquerda cortam sedimentos carboníferos das formações Poti e Piauí, e na margem direita
repete as seqüências das Chapadas e Planos do rio Farinha, ou seja, patamares sustentados
por derrames basálticos da Formação Mosquito e arenitos da Formação Sambaíba, os quais
encontram-se assentados nos sedimentos permianos da Formação Pedra de Fogo.
A região abrangida pela Sub-bacia 23, estendendo-se para sul até as proximidades da cidade
de Tupirama, dentro do Estado do Tocantins, constitui definitivamente a porção da Bacia que
reúne a maior quantidade de terras de baixa potencialidade agrícola, embora se verifique
localizadamente solos com boa aptidão agrícola, como é o caso dos Chernossolos
Argilúvicos e Latossolos Vermelho Distroférricos, originados de basaltos da Formação
Mosquito, nas proximidades de Estreito e Porto Franco, no Estado do Maranhão, e
Aguiarnópolis, no Estado do Tocantins.
A região desta Sub-bacia já está em sua quase totalidade dentro do Bioma Cerrado,
conforme IBGE (2004) e, portanto, com solos de baixa fertilidade natural. Neossolos
Quartzarênicos Órticos e Plintossolos Pétricos Concrecionários sob vegetação de Cerrado,
ambos com severas limitações ao aproveitamento com agricultura, são os principais solos
ocorrentes, ocupando a maioria absoluta da área da mesma.
apresentam limitações de ordem física suficientes para limitar o seu aproveitamento, sendo
utilizados basicamente com pastagens plantadas.
Foto 7 – Perfil de Cambissolo Háplico Ta Eutrófico vértico, originado de siltito da Formação Pedra de
Fogo. Filadélfia – TO
Demais solos ocorrentes de maneira expressiva são solos jovens (Neossolos Litólicos),
muitas vezes cascalhentos e pedregosos e, por vezes, ocorrendo em condição de relevo
acidentado, o que faz com que sejam solos ou terras mais apropriadas para preservação da
fauna e flora.
Assim, no que se refere à potencialidade agrícola das terras da Sub-bacia, no contexto geral
verifica-se que a maioria absoluta dos solos apresenta limitações fortíssimas ao
aproveitamento com agricultura, pelo menos para agricultura mecanizada.
O restante da Bacia é constituído por terras sem potencialidade para uso com agricultura,
que foram avaliadas, na melhor das hipóteses, como regulares para pastagem plantada
(classe 4(p)) ou, como na maioria das vezes, regulares para pastagens nativas, com o
aproveitamento das espécies de cerrado (classe 5n). Extensas superfícies são ainda
avaliadas como adequadas apenas à preservação da flora e da fauna (classe 6).
Alguns municípios da porção sul da Sub-bacia têm a totalidade de suas terras julgadas ou
como inaptas para uso agrícola (classe 6) ou indicadas com restrições para pastagens
nativas (classe 5n).
A região do “Bico do Papagaio”, constituída em sua maioria por Latossolos de textura média,
é avaliada em sua maioria como terras regulares para pastagens plantadas (classe 4p), não
suportando usos mais exigentes.
Sub-Bacia 29
A borda leste da Bacia é ocupada por uma ampla faixa de metassedimentos (filitos, clorita
xistos, metarcóseos e metagrauvacas, quartzitos, metassiltitos, metargilitos) do Grupo
Tocantins, que se estreita de sul para norte, ocorrendo ainda na porção norte da Bacia, a
jusante da barragem da UHE Tucuruí, juntamente com depósitos aluviais.
Este conjunto da Bacia do rio Tocantins também apresenta uma relativa complexidade, que
se manifesta no ponto de vista geomorfológico. A seção mais alta da Sub-bacia tem como
divisor de águas as serra de São Félix, Antonhão e Seringa, seccionadas por pediplanação
aos 450m, associadas a metassedimentos dobrados do Supergrupo Andorinhas e corpos
graníticos da Suíte Intrusiva Serra dos Carajás. O contato com a Depressão Itacaiúnas-
Cajazeiras se dá de forma abrupta, envolvendo os maciços residuais. A partir de então o rio
Itacaiúnas secciona a Unidade Geomorfológica Serra dos Carajás, constituída pelos
metassedimentos dos Grupos Rio Fresco e Pojuca. A passagem do rio Itacaiúnas por esta
unidade é caracterizada por extensa garganta epigênica associada a processo de
falhamento, resultante de superimposição. A partir de então entra no domínio da Depressão
Marginal Sul Amazônica até sua confluência com o rio Tocantins, dissecando seqüências
cretáceas da Formação Alter do Chão, correspondentes aos Tabuleiros do Tocantins-Xingu e
Tabuleiros Paraenses. Estes se apresentam com topos pediplanados aos 100m,
A partir de Tucuruí prevalecem as planícies fluviais conectadas aos Leques Aluviais do rio
Tocantins, até a confluência com o rio Amazonas.
Ainda nessa unidade, a margem direita é marcada pelo Patamar Dissecado Capim-Moju, que
se constitui no divisor do baixo curso, a partir do qual as planícies fluviais assumem o domínio
territorial.
Toda a Sub-bacia 29, como ocorre de forma geral nas outras sub-bacias, há também grandes
distinções de solo. Cabe, no entanto, destacar a grande importância dos Argissolos
Vermelho-Amarelos Distróficos, pela sua expressiva ocorrência.
Tratam-se de solos profundos, bem desenvolvidos, de boa drenagem e que se prestam bem
à exploração agrícola, desde que corrigidas as suas exigências de ordem química (calagem e
adubação). Com visto anteriormente, esta região apresenta a maior concentração de terras
consideradas aptas para a utilização com agricultura. São caracterizados como solos de
aptidão agrícola boa para lavouras em sistemas de manejo tecnificado. Apesar de serem
dotados de tal potencial, é comum ocorrerem associados a solos de menor potencialidade e,
muitas vezes, apresentam presença de cascalhos e pedregosidade, além de em algumas
situações ocorrerem em relevos declivosos, fatores estes que limitam o uso de mecanização.
Por esta razão, são atualmente muito utilizados com pastagens plantadas (fotos 8 e 9).
Ainda nesta bacia cabe ressaltar as ocorrências menos expressivas de Latossolos, tanto
Amarelos como Vermelho-Amarelos, que também apresentam boas características físicas e
ocorrem em condição de relevos aplanados, sendo preferidos para agricultura em relação
aos Argissolos, por possibilitarem um melhor desempenho de máquinas agrícolas. São,
portanto, solos considerados com boa aptidão agrícola, quando há emprego de recursos
tecnológicos para correções de ordem química. No que concerne à vulnerabilidade à erosão,
são solos com perfil vertical muito homogêneo e com boa permeabilidade interna, o que
dificulta a ação destruidora das águas superficiais e, por outro lado, torna-os muito propensos
à erosão em profundidade (boçorocas).
Mais precisamente nas partes mais baixas (faixa norte da sub-bacia), nos terraços e planícies
do rio Tocantins, ocorrem expressivas manchas de terras influenciadas por forte
hidromorfismo, o que dificulta ou limita sobremaneira o seu uso com agricultura comercial.
Entretanto, lavouras ribeirinhas sobre os Neossolos Flúvicos que ocorrem nas ilhas e nos
diques marginais à água dos rios são uma constante por toda a região.
A vegetação natural de Floresta que recobre esta Sub-bacia tem experimentado nos últimos
20 anos uma avassaladora destruição, na abertura de novas fronteiras agrícolas (foto 10).
Tais terras são avaliadas como boas para lavouras com uso de manejo tecnificado e
capitalizado (manejo C) e regulares para lavouras empregando-se sistema de manejo
intermediário (classe 1bC de aptidão),; ocupam grande parte da porção sul e central da Sub-
bacia. Excluem-se naturalmente as situações de ocorrência em relevos declivosos e com
pedregosidade, que são indicadas com restrições para uso com pastagens plantadas (classe
4(p)).
Há ainda a se considerar que, por ser uma região no seu todo com cobertura vegetal natural
de Floresta, este fato de certa forma dificulta a introdução de lavouras mecanizadas
imediatamente após a derrubada, pelos elevados custos para a derrubada e destoca. Por tal
razão, é comum se empregar o fogo e fazer a semeadura da brachiaria, que permanece até o
apodrecimento da madeira dos tocos, prática generalizada entre os agricultores de baixo
poder aquisitivo. Este fato de certa forma induz ao crescimento da pecuária de corte em
detrimento da agricultura comercial, que fica restrita aos produtores de maior poder
econômico.
A suscetibilidade dos terrenos aos processos do meio físico constitui fator fundamental para a
compartimentação da Bacia Hidrográfica do rio Tocantins e para o estabelecimento de
critérios de ocupação do solo e seus efeitos no meio ambiente. O mapeamento das áreas
com diferentes graus de suscetibilidade permite a identificação das respostas dos terrenos a
esses processos e a previsão dos problemas decorrentes da implantação de obras de
engenharia. No entanto, observou-se que uma metodologia somente de suscetibilidades no
contexto geológico não seria suficiente. Portanto, uma metodologia para análise de
vulnerabilidade do relevo à erosão, do ponto de vista geomorfológico, também foi
desenvolvida.
Para elaboração dos mapas de suscetibilidades foram assim levados em conta esses fatores,
de modo a se integrar às características dos terrenos com a topografia, dados de precipitação
pluviométrica, regimes fluviais, tipos de ocupação do solo e demais aspectos envolvendo os
meios físico, biótico e socioeconômico. Como exemplo da influência do clima nas
suscetibilidades dos terrenos, na vasta região da Bacia do Tocantins, destacam-se as
coberturas de solos, que no alto curso do rio, onde as chuvas só ocorrem em períodos bem
definidos, têm características distintas daquelas dos terrenos do baixo curso, já sob o clima
amazônico, com chuvas mais bem distribuídas ao longo do ano.
VII. Terrenos com alta suscetibilidade a recalques por adensamento de solos moles,
inundações, assoreamento e erosão fluvial das margens.
Área
Classe de vulnerabilidade
2
Km %
Sub-Bacia 20
No que se refere à erosão por sulcos, ravinas e boçorocas, verifica-se suscetibilidade média
para os grupos Araxá, Paranoá e Subgrupo Paraopebas e suscetibilidade alta para a
Formação Arraias.
Ainda na presente unidade hidrográfica, destacam-se os residuais das Chapadas do Alto Rio
Maranhão e as bordas do Planalto do Distrito Federal, caracterizados por forte incisão dos
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talvegues e intenso processo de erosão remontante nas escarpas estruturais pelos tributários
do mencionado curso.
Sub-Bacia 21
Sub-Bacia 22
Quanto à erosão por sulcos, ravinas e boçorocas verifica-se suscetibilidade alta para as
formações Itapecuru, Cabeças, e suscetibilidade média para as demais formações da Bacia
do Parnaíba. As faixas quartzíticas e metaconglomeráticas do Grupo Santo Antonio são
consideradas de alta suscetibilidade.
No que diz respeito à metodologia adotada pela geomorfologia, nesta Sub-bacia destacam-se
as escarpas que compõem os patamares estruturais da Chapada das Mangabeiras e do
Chapadão Ocidental Baiano, bem como remanescentes desligados das estruturas primárias,
a exemplo da serra do Espírito Santo, na região do Jalapão. Na seção nordeste da área, os
Tabuleiros de Balsas, mantidos por derrames basálticos da Formação Mosquito, são
contornados por escarpas representadas por forte vulnerabilidade à erosão. A norte de Porto
Nacional, os residuais do Planalto Dissecado do Tocantins, representados pela serra do
Lajeado, individualiza-se por forte vulnerabilidade, considerando o domínio de modelados
dissecados aguçados.
Sub-Bacia 23
Sub-Bacia 29
No que se refere a terrenos com possibilidades de recalques por colapso do solo, apontam-
se as áreas de ocorrência do grupo Barreiras na margem direita do reservatório da barragem
de Tucuruí e a jusante desta, ao longo das margens do rio Tocantins, como de menor
possibilidade de ocorrência.
Com base nos dados e estudos mencionados, bem como nos processos existentes no
cadastro do DNPM, foram delimitadas cinco áreas de alta potencialidade mineral, e mais
quatro áreas de média potencialidade, conforme tabela a seguir. A potencialidade de cada
uma destas ocorrências foi confirmada por meio de consulta a dados disponíveis na literatura
e da sua correlação com as respectivas unidades geológicas.
Fonte:
Nesta Sub-bacia ocorre uma área com alto potencial mineral (área 1), e parte de uma área de
médio potencial (área 2).
de minério com 1,45% de Ni, e as do Complexo Barro Alto foram avaliadas em torno de 72,39
Mt de minério com 1,67% de Ni (CPRM, 2003).
A mineralização de ouro, assim como parte da de zinco, associam-se aos Grupos Serra da
Mesa e Serra Dourada, caracterizados por granitos anorogênicos em meio aos quartzitos,
xistos, metaconglomerados e mármores.
Na área 2, classificada como de médio potencial mineral, a qual abrange os rios das Almas,
Atalaia e Cana-Brava, os bens minerais são ouro, cobre, e, subordinadamente, prata. Estes
ocorrem na Formação Traíras e Seqüência Palmeirópolis. A Formação Traíras corresponde à
parte superior do Grupo Araí, e consiste de sedimentos pelíticos, químicos e espessas
camadas de psamitos.
Nesta Sub-bacia ocorre uma área de alta potencialidade mineral, 3, além de parte da área 2,
já descrita acima.
A principal ocorrência mineral desta área é o ouro, com uma grande concentração de
processos no DNPM, localizados no extremo leste. Com distribuição semelhante, porém, com
menor importância, ocorrem depósitos de calcário e magnésio, além de fosfato, cassiterita e
tântalo na região próxima ao limite entre os dois Estados.
de ouro nesses veios variam entre 0,84 a 14,36 ppm, sendo as maiores concentrações
atribuídas aos veios encaixados nos riolitos.
A área 5 situa-se nas redondezas dos Rios do Ouro e Santa Tereza, nos municípios de Santa
Tereza de Goiás, Trombas, Estrela do Norte e Porangatu. As ocorrências de cobre, ouro e
Na área 6, de médio potencial mineral, encontra-se o rio Orixás, e está próxima à cidade de
Porto Nacional. Os títulos aí se referem predominantemente a ouro e níquel, e relacionam-se
ao Grupo Tocantins, integrante do Supergrupo Baixo Araguaia.
Sub-bacia 23
Esta Sub-bacia refere-se à região nos arredores da represa do Rio Tocantins, e dos Rios
Pucuruí, Cajazeiras, Igarapé Vermelho, Sororó, Vermelho, Parauapebas e Itacaiúnas. A área
apresenta uma grande quantidade de títulos, estando eles presentes em toda sua extensão,
principalmente na feição geomorfológica da Serra dos Carajás (áreas 8 e 9). Os títulos de
ouro, ferro, cobre e níquel encontram-se em rochas pertencentes ao Complexo Xingu e
Grupo Grão-Pará, constituindo a principal província mineral do país. A potencialidade mineral
concentra-se, principalmente, nas cidades de Água Azul do Norte, Parauapebas, Canaã dos
Carajás, Marabá, Eldorado dos Carajás e Curionópolis.
A produção atual da jazida de Carajás é da ordem de 54Mt/ano de minério com teor médio de
60,9% Fe. As reservas totais foram estimadas em 18 bilhões t de minério com teores entre 60
e 67%.
2.1.1.3. Sismicidade
Caracterização da Geologia Estrutural e Neotectônica
O presente item tem por objetivo caracterizar e avaliar o potencial sísmico da Bacia
Hidrográfica do rio Tocantins, procurando enfocar de maneira integrada aspectos relativos à
geologia, neotectônica e sismicidade natural e induzida por reservatórios (SIR). De modo
geral, este relatório baseia-se na compilação de dados bibliográficos disponíveis e
informações oriundas de estações de monitoramento sísmico pertencentes ao Observatório
Sismológico da Universidade de Brasília (OBSIS).
A maioria dos tremores que ocorrem no Brasil são sismos rasos com profundidades focais
inferiores a 33 km e que dificilmente excedem a intensidade 4,0 na Escala Gutemberg-Richter
(ER). Não raro, estes eventos atingem somente áreas restritas e próximas à superfície e
somente são sentidos por meio de sismógrafos em estações de monitoramento. A origem dos
sismos na porção interna da placa sul-americana ainda não pode ser definida de maneira
conclusiva, no entanto as hipóteses mais aceitas indicam que tremores estariam vinculados a
processos envolvendo, desde a propagação de esforços oriundos da subducção dos Andes,
variações laterais de densidade litosférica, até o efeito de carga de material intrusivo de alta
densidade na crosta inferior (NUNN & AIRES, 1988).
Desde o final dos anos 70, diversos trabalhos vêm tentando estabelecer a relação entre a
origem da atividade sísmica no Brasil e as grandes zonas de fraqueza crustal regionais. Em
1981, estudos conduzidos pelo Instituto de Pesquisas Tecnológica (IPT), definiram zonas de
maior ocorrência de sismos inseridas dentro das províncias tectônicas brasileiras. Dentro
desta ótica, o clássico trabalho de BERROCAL et al (1984), definiu sete “Regiões
Sismotectônicas” a partir da associação entre dados sísmicos históricos e escopo tectônico
do território brasileiro.
A foz do Rio Tocantins, a sudeste da Ilha de Marajó, está formalmente inserida na Região
Sismotectônica do Amazonas (BERROCAL et al, 1984), mais especificamente na Zona
Sismogênica de Belém (MIOTO, 1993). Apesar de a área abrangida contemplar apenas uma
pequena parte desta província, decidiu-se por incluí-la na descrição, tendo em vista sua
importância para o arcabouço estrutural e sísmico do norte do Brasil.
Nas proximidades da foz do Rio Tocantins, localizada a sudeste da Ilha de Marajó (PA),
existem relatos de sismos de magnitude fraca a moderada, apresentando valores máximos
de 4,8 Mb. Estes eventos ocorreram na região nordeste da Ilha de Marajó e devem estar
relacionados a esforços associados a reajustes isostáticos devido ao acumulo sedimentar na
foz do Rio Amazonas (RODRIGUEZ, 1993).
Segundo MIOTO (1993), a Zona Sismogênica de Belém apresenta uma área retangular com
cerca de 450 por 400 km, sendo delimitada por grandes estruturas regionais, representadas
pelo Arco de Gurupá e por linhas tafrogênicas cretáceas de direção SE. A estruturação da
área corresponde a um complexo de bacias de rifte atulhadas por sedimentos meso-
cenozóicos da Bacia de Marajó e condicionadas por falhamentos transcorrentes e lístricos. A
existência de estruturas com indícios de reativação holocênica e eventos sísmicos
associados, permitem considerar que a Zona Sismogênica de Belém apresenta intensa
mobilidade contemporânea.
Pode-se considerar a região localizada entre os rios Tocantins e Araguaia (da localidade de
Juçara a Natividade), como a área da Bacia mais ativa sismicamente, devido à maior
freqüência de eventos com magnitude moderada (THEMAG, 1987). Em segundo lugar,
destaca-se a região compreendida entre 50 e 120 km da margem esquerda dos rios Araguaia
e Tocantins, a qual inclusive pertence o segundo maior sismo em quantidade de energia
liberada em evento isolado (sismo de Redenção, 4.7 Mb). O evento de 4.8 registrado na Zona
Sísmica de Belém é o tremor de maior magnitude, no entanto, a influência direta desta
província na área de drenagem da Bacia do Rio Tocantins pode ser considerada secundária
em relação às zonas de Porangatu e Itacaiúnas.
Cabe mencionar, ainda, os eventos ocorridos em Tucuruí e que foram confirmados devido à
inexistência de sismos antes da formação da represa e pela posição dos epicentros, que
comumente ocorriam na porção central ou na área marginal do lago. Segundo MIOTO (1993),
a atividade sísmica em Tucuruí estaria diretamente associada ao reajuste de fraturas
orientadas a SW-NE devido ao sobrepeso do reservatório.
Para a análise dos componentes bióticos da área da Bacia Hidrográfica, foram examinados
material cartográfico, imagens de satélite e relatórios técnicos disponíveis, bem como
literatura especializada. Foi realizada compilação de trabalhos sobre a vegetação e fauna de
vertebrados terrestres e de ecossitemas aquáticos na região da Bacia Hidrográfica,
abrangendo publicações de estudos científicos, dissertações e teses, mapeamento de
vegetação, relatórios técnicos relativos a estudos ambientais de empreendimentos
hidrelétricos e estudos no âmbito do Zoneamento Ecológico-Econômico do Estado do
Tocantins (SEPLAN, 2000) e de banco de dados oficiais (SIEG, 2006).
da Mesa, São Salvador, Peixe Angical, Ipueiras, Lajeado, Estreito e Serra Quebrada.
Procedeu-se à revisão da nomenclatura, eliminando-se espécies identificadas em nível de
gênero quando mais de uma estava presente, bem como aquelas que ocorriam em todas as
localidades que, portanto, não contribuem para evidenciar diferenças. Para análises de
similaridade/dissimilaridade, utilizou-se o Índice de Similaridade de Jaccard e algoritmo
UPGMA para construção dos dendrogramas.
3 0,63 a 0,69 µm Região de forte absorção pela vegetação verde. Permite bom contraste entre áreas
ocupadas com vegetação e aquelas sem vegetação (solo exposto, estradas e áreas
urbanas). Permite análise da variação litológica em locais com pouca vegetação. Apresenta
bom contraste entre diferentes tipos de cobertura vegetal (exemplo: campo, cerrado e
floresta). Permite o mapeamento da rede de drenagem através da visualização da mata de
galeria e entalhamento dos cursos dos rios em regiões com pouca cobertura vegetal. É a
banda mais utilizada para delimitar a mancha urbana.
4 0,76 a 0,90 µm Permite o mapeamento de corpos d’água pela forte absorção da energia pela água nesta
região. A vegetação verde, densa e uniforme reflete muito a energia, aparecendo em tom de
cinza claro nas imagens. Apresenta sensibilidade à morfologia do terreno, permitindo a
obtenção de informações sobre a geomorfologia, solos e geologia. Serve para separar as
áreas ocupadas com vegetação das que foram queimadas.
5 1,55 a 1,75 µm Apresenta sensibilidade ao teor de umidade das plantas, servindo para observar estresse na
vegetação, causado por deficiência hídrica. Esta banda sofre perturbações em caso de
ocorrência de chuvas antes da obtenção da imagem pelo satélite.
A classificação das imagens pode ser feita, nos moldes digitais, de forma totalmente
automática ou semi-automática, essa última conhecida como classificação assistida ou
classificação supervisionada.
A classificação assistida, utilizada neste trabalho, foi elaborada a partir de áreas alvo,
devidamente identificadas e classificadas. Essas classificações foram, então, extrapoladas
para toda a área através de estatísticas bayseanas de probabilidade.
Esse resultado passou, ainda em gabinete, por uma série de avaliações técnicas no sentido
de definir se os procedimentos adotados apresentaram resultados satisfatórios, definindo-se
a Confiabilidade do Mapeamento, bem como sua exatidão, podendo, neste momento, ter
início trabalhos de correção de eventuais problemas de classificação.
2.2.2.1. Cerrado
A Bacia Hidrográfica do Tocantins insere-se, em sua maior parte, no Bioma Cerrado, definido
essencialmente pela estacionalidade climática que marca grande parte deste território.
Conforme a conceituação utilizada por AB’SABER (1970), corresponde ao Domínio
Morfoclimático (1970) descrito como “chapadões recobertos por cerrados e penetrados por
florestas de galerias”.
O termo Cerrado é utilizado no Brasil para designar uma formação vegetal internacionalmente
conhecida como savana, sendo expressões de índole fisionômica e não florística ou
ecológica (FERRI et al, 1988). Sob o conceito de Cerrado encontram-se as formações
savânicas e campestres brasileiras, caracterizadas por uma flora em grande parte endêmica,
com forte xeromorfismo. Constituem ambientes abertos, onde a insolação incide até o nível
do solo, favorecendo o componente herbáceo e a fauna heliófila. São estruturalmente mais
simples que as florestas, apresentando dois estratos, um dos quais herbáceo, cuja
expressividade relaciona-se com a densidade do segundo, arbustivo arbóreo.
Outros tipos de formações vegetais fazem parte da paisagem desse bioma. Nas áreas de
afloramentos d’água junto a nascentes, formações com claro predomínio da palmeira buriti
(Mauritia vinifera) compõem as veredas. À medida que o curso d´água se desenvolve e o
dique passa a ser mais bem estruturado, outras espécies florestais passam a ocorrer,
verificando-se um aumento gradual da diversidade específica. Formam-se, assim, as florestas
ripárias, ciliares, de galeria ou de dique, que acompanham os cursos d’água, associadas a
solos mais férteis e úmidos, contrastando com os amplos interflúvios revestidos de cerrados.
Estas florestas desempenham importante função, uma vez que proporcionam abrigo à fauna
umbrófila, favorecendo sua movimentação e dispersão.
evidentes a sul e sudeste e são relacionadas, de modo geral, a solos calcários. Caracterizam
também a franja de contato das formações abertas do bioma Cerrado e das formações
florestais do bioma Amazônia, ocorrendo em manchas disjuntas.
2.2.2.2. Amazônia
O Bioma Amazônico é definido por AB’SABER (1970) como Domínio Morfoclimático das
Terras Baixas Equatoriais. Caracteriza-se, entre outros aspectos, por conter um amplo
gradiente de tipos vegetacionais florestais e, localmente, não florestais, em um padrão
fitogeográfico intrincado ainda não completamente decifrado (CAMPBELL; HAMMOND,
1988).
A Floresta Amazônica pode ser definida como uma coleção de espécies de exigências
ecológicas, aparentemente similares, que ocorrem em combinações, flutuando na
composição de um local para outro (MUNIZ et al 1994). Esse conceito aproxima-se ao de
comunidades contínuas (continuum), onde possivelmente comunidades situadas nos
extremos de uma série contínua sejam floristicamente distintas (MCINTOSH, 1967).
Isso significa que extensas áreas de florestas tropicais contêm variações ao longo de sua
área de ocorrência, determinando derivações de composição, de associações e de estrutura
significativas o suficiente para configurar heterogeneidades e dissimilaridades em uma
cobertura vegetal aparentemente homogênea. Nesse sentido, COLINVAUX et al (1999)
denomina de “complexo florestal” as formações vegetais amazônicas.
forma como este contato ocorre é variável. Quando em mosaico, os elementos das paisagens
intercalam-se, resguardando suas características e formando encraves. Às vezes, porém, a
transição caracteriza-se por um gradiente de fisionomias e de comunidades biológicas,
formando fisionomia própria.
Ressalte-se que a vegetação, além de representar, per si, um fator biológico, representa
também fator estruturador de habitats, dando a tridimensionalidade aos ambientes, bem
como alterando as condições de umidade, temperatura e insolação. Constitui ainda estoque
de nutrientes e desempenha importantes funções ambientais, notadamente na contenção e
estabilidade dos solos.
Estudos nessa Bacia Hidrográfica concentram-se a sul, nas proximidades do Distrito Federal,
e ao longo do rio Tocantins, notadamente na região de Palmas (conforme Ilustração 21 –
Localidades de Coleta e Observação de Flora e Fauna a seguir). A partir dessas informações
O alto curso do rio Tocantins, incluindo a área abarcada pelos formadores deste rio (sub-
bacia 20), assim como os afluentes da margem direita deste trecho (sub-bacia 21), encontra-
se na região nuclear do domínio do Cerrado. Este aspecto tem importância ecológica, pois
implica a ocorrência de paisagens típicas desse domínio ou bioma.
A região próxima à Brasília é bastante estudada, o que decorre em grande medida das
atividades de instituições de pesquisa como a Universidade de Brasília (UnB) e a EMBRAPA,
aliadas à existência de um grande número de Unidades de Conservação (UC), possibilitando
a pesquisa de diversos aspectos da biologia, ecologia de espécies vegetais, manejo e
utilização dessas espécies. De fato, os dados disponíveis em site oficial apontam o
predomínio de coletas de flora no entorno imediato da capital federal (SIEG, 2006).
Embora, de modo geral, esses estudos não tenham sido realizados no território abarcado
pela Bacia Hidrográfica do Tocantins, foram feitos em seu limite imediato e podem ser
considerados representativos para a porção sul deste setor da área de estudo.
RATTER (1980) realizou um dos primeiros estudos sobre a composição florística das
diferentes fisionomias da fazenda Água Limpa (UnB): cerrado lato sensu, campos úmidos,
campos com murundus e matas ciliares e, posteriormente, FELFILI et al (1989) estudaram a
fenologia de espécies arbóreas no mesmo local. Posteriormente, FILGUEIRAS & PEREIRA
(1990) listaram 2.336 espécies de plantas, entre nativas e introduzidas para a flora do Distrito
Federal.
Outros estudos podem ser citados, como PEREIRA et al (1993) encontraram 1.686 espécies
de 154 famílias botânicas em cerrado, matas ripárias, veredas, brejos e campos úmidos na
Reserva Ecológica do IBGE (DF); FELFILI et al (1993) que analisaram a composição e
estrutura da vegetação nas diferentes localidades, identificando 139 espécies; RIBEIRO et al
(1985).que analisaram a estrutura fitossociológica de três fisionomias do cerrado (cerrado
ralo, cerrado típico e cerradão) em área do centro de Pesquisa Agropecuária da EMBRAPA,
Planaltina (DF), identificando 91 espécies lenhosas.
Cita-se ainda, entre outros, o estudo de HERINGER Paula (1989) que realizou o inventário
florestal da mata ripária do riacho Roncador, nos limites da Reserva Ecológica do IBGE
(RECOR), no DF, com vistas a fornecer subsídios para os projetos de manejo sustentável.
Em direção norte, o relevo que caracteriza a Depressão do Tocantins assume formas mais
movimentadas, via de regra revestidas de cerrado (foto 1). Na região onde se encontra a
UHE Serra da Mesa, doze tipos de fitofisionomias, entre formações florestais, savânicas e
campestres, podem ser reconhecidos (WALTER, 1999). O autor diferencia mata ciliar, mais
próxima floristicamente das florestas secas (mesofíticas ou estacionais) e com características
semidecíduas, das florestas de galeria, tipicamente de cerrado. São identificadas matas
ripárias (definidas como matas ciliares) estreitas e em transição gradual para florestas
estacionais (ou matas secas, de acordo com a terminologia utilizada pelo autor). Citam-se,
entre as espécies mais freqüentes, angico (Anadenathera spp.), pau-jangada (Apeiba
tibourbou), tamboril (Enterolobium contortisiliquum), jatobá (Hymenaea courbaril), aroeira
(Myracrodruon urundeuva), entre outras. É comum também a presença de babaçu (Orbignya
phalerata) em locais abertos ou clareiras. Já nas florestas ripárias definidas como de galeria
por sua característica perenifólia, inundáveis e não inundáveis, predominam espécies como
pau-pombo (Tapirira guianensis), jequitibá (Cariniana domestica), ipês (Tabebuia spp.), à
semelhança do observado a norte, onde estas florestas tornam-se novamente expressivas,
conforme apresentado mais adiante.
Foto 1 – Região de Alto Paraíso de Goiás, na sub-bacia 21, evidenciando a influenciado relevo na
organização da cobertura vegetal: presença de cerrados abertos nas encostas convexas, mais
expostas, e de formações florestais nas vertentes côncavas. No fundo do vale, prevalece vegetação
antropizada.
Foto 2 – Região de Alto Paraíso de Goiás, na sub-bacia 21, evidenciando a linha de buritis (Mauritia
flexuosa) formando vereda.
Ao sul e a oeste, esta sub-bacia limita-se com a anterior, podendo-se considerar que as
informações apresentadas para aquela sub-bacia são representativas para o trecho su dessa
sub-bacia. Assim como na sub-bacia 20, prevalecem, nas proximidades do Distrito Federal,
cerrados típicos, aos quais se associam florestas ripárias e veredas.
O cerrado continua sendo a vegetação predominante (foto 3). Condicionada localmente pelas
variações de solo, verifica-se que a vegetação assume fisionomias abertas quando presente
sobre cambissolos, onde afloramentos rochosos bastante freqüentes propiciam a presença
de bromeliáceas e cactáceas. Já as fisionomias densas predominam em latossolos,
apresentando por vezes marcante deciduidade foliar, resultando em fisionomias peculiares e
pouco comuns de cerrado (THEMAG/CELTINS/EDP/FURNAS/ENGEVIX, 2000).
Foto 3 – Região próximo ao município de Peixe, TO, na sub-bacia 21, onde predominam formações de
cerrados (THEMAG/CELTINS/EDP/FURNAS/ENGEVIX, 2000)
Com relação às formações vegetais ripárias, estas são estreitas e restritas, conforme
observado no mapa A6, encontrado no caderno de mapas, à semelhança daquelas descritas
por WALTER (1999), e denominadas matas ciliares. Nas bacias dos rios Palma e Paranã,
essas florestas justafluviais são muito estreitas, por vezes restringindo-se a uma faixa
imediatamente próxima ao rio. As formações de cerrado estão em contato com essas matas
ripárias, formando um gradiente decrescente de biomassa da margem do rio em direção aos
terrenos mais elevados, fora da influência do rio.
No trecho situado nas proximidades da cidade de Peixe, junto ao rio das Almas, formações
vegetais singulares representadas por florestas paludosas estão presentes localmente, além
da vegetação higrófila dos campos úmidos e lagoas, ocorrentes nos terraços, não tendo,
portanto, relação com os rios. Esses ambientes tornam-se mais freqüentes e expressivos a
jusante, já no médio curso, na sub-bacia 22, conforme explicitado mais adiante, bem como no
setor leste da sub-bacia 21. No que se refere às florestas paludosas, amostragens
fitossociológicas indicam baixo número de espécies (24) e baixa diversidade (H´= 2,253), o
que é esperado em ambientes restritivos.
A peculiaridade deste cerrado reside em seu aspecto decíduo no período de estiagem. Esta
característica, observada ao sul do Estado do Tocantins e a leste, pode estar relacionada a
pressões antrópicas, a variações locais de solo e de litologia
(THEMAG/CELTINS/EDP/FURNAS/ENGEVIX, 2000) (Foto 4).
que se apresentam como fisionomias abertas nas vertentes convexas, mais expostas à
insolação e aos processos erosivos.
Em direção às cabeceiras dos rios dessa sub-bacia, o relevo suave com amplos interflúvios e
os solos arenosos favorecem a presença de cerrados abertos. Ao longo dos cursos d´água,
amplas áreas úmidas, provavelmente relacionadas ao lençol freático superficial, condicionam
a ocorrência de extensos campos palustres pontuados de buritis e em contato com florestas
de galeria. Estas, localmente bastantes largas, em algumas situações apresentam-se
naturalmente fragmentadas e formam ambientes úmidos e sombreados que cruzam o cerrado
no sentido aproximadamente transversal da Bacia Hidrográfica (foto 6).
Foto 6 – Fisionomias abertas de cerrado em solos arenosos, campos úmidos e florestas paludosas
presentes na região leste da sub-bacia 21, no Estado do Tocantins
Na divisa com a Bahia, uma forte ruptura de relevo marca o contato com a Chapada ali
existente, formando escarpas íngremes e morros residuais, recobertos por cerrados e
florestas nos grotões e fundos de vales. Floresta estacionais estão presentes em manchas,
como extensão das florestas observadas mais ao sul, e relacionadas com o substrato calcário
presente nesse trecho.
Médio Curso do rio Tocantins – sub-bacias 22 e 23
Sub-bacia 22
Estudos desenvolvidos na região situada entre Ipueiras, que faz parte da sub-bacia 22,
indicam o registro de 783 espécies vegetais. Amostragens fitossociológicas em cerrados
situados a norte desse trecho, nas proximidades do rio Manuel Alves da Natividade, apontam
o pequi (Caryocar brasiliense) como a espécie de maior importância, e pau-terra (Qualea
grandiflora) nos cerrados situados nas proximidades do rio Santa Teresa, coerentemente com
as amostragens realizadas no estudo anteriormente citado.
Foto 7 – Floresta de dique do rio Tocantins nas imediações do rio Manuel Alves da Natividade,
Tocantins (Themag, 2003)
As florestas ripárias que, de acordo com as características locais de substrato, podem ser
paludosas, aluviais (inundáveis) ou de dique, assumem nesse trecho maior expressão,
comparativamente às situadas mais ao sul. Apesar das perturbações de origem antrópica,
mantêm certa continuidade ao longo dos rios e formam faixas estreitas, característica natural
ou reflexo da antropização, em alternância com formações secundárias. Tornam-se mais
largas localmente, quando a planície dos rios dilata-se ou quando se situam junto à foz de
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afluentes como nas proximidades do rio Manuel Alves da Natividade, do São Valério, na
margem direita do rio Tocantins, e nas desembocaduras dos rios Santo Antônio e Santa
Teresa, tributários da margem esquerda.
Pouco mais distantes dos rios, em zonas muitas vezes sujeitas ao encharcamento na época
chuvosa, devido ao afloramento do lençol freático ou à impermeabilidade do solo, são
observadas áreas úmidas e fisionomias abertas de cerrado em suas expressões campestres.
Ao longo das pequenas drenagens ou córregos, estão os buritis, formando às vezes linhas
contínuas indicadoras de pequenas depressões. Estas áreas úmidas são evidenciadas
principalmente no limite dos varjões do rio São Valério.
No sentido norte desta sub-bacia, notadamente no trecho do rio Tocantins entre Porto
Nacional e Palmas, na região central do Estado do Tocantins, as formações florestais ripárias
que compreendem as florestas de dique, florestas paludosas e buritizais (ou veredas),
assumiam sua maior expressividade (THEMAG, 1998). Estas formações, que definiam as
peculiaridades desse trecho, em um contraste marcante entre locais secos e locais úmidos,
dando a identidade deste trecho do rio Tocantins, foram em grande parte suprimidas pela
formação do reservatório da UHE Luis Eduardo Magalhães (UHE Lajeado).
Estudos realizados naquela região (incluindo trechos de afluentes, em cotas situadas acima
da área alagada) indicam, para as formações paludosas, 35 espécies e diversidade (H´) de
2,86, sendo a densidade de 1.241 ind/ha. Entre as dez espécies de maior importância, seis,
a saber, jequitibá (Carinia rubra), mate (Ilex cf.paraguariensis), buriti (Mauritia flexuosa),
(Richeria grandis) e pau-pombo (Tapirira guianensis) foram comuns à amostragem realizada
na região da UHE Peixe Angical, evidenciando grande semelhança entre as formações.
Evidencia-se também maior riqueza e diversidade nas florestas paludosas situadas ao norte,
em relação às presentes mais ao sul, de menor expressividade em termos de área.
Este trecho da Bacia apresenta, a leste, a Serra do Lajeado, que atinge até cerca de 600m de
altitude, e outras pequenas serras que se desenvolvem aproximadamente no sentido norte-
sul. Pequenas Bacias Hidrográficas formam-se na encosta oeste dessa serra, desaguando no
Tocantins (ribeirões Água Fria, Taquaruçu e São João). A peculiaridade desse trecho está na
distribuição da vegetação em um complexo mosaico a partir da encosta da Serra do Lajeado
para as cotas mais baixas, devido às variações de relevo, associadas a essa rede
hidrográfica.
Mais a leste, na região conhecida como Jalapão, o relevo de colinas, a presença de solos
arenosos e de dunas propicia uma paisagem peculiar, onde se alternam extensos areais,
cerrados abertos, áreas úmidas e buritizais, nascentes e lagoas, formando um complexo
mosaico de grande beleza cênica. Áreas representativas dessa paisagem encontram-se
protegidas por Unidades de Conservação, conforme apresentado no item 2.2.6.1 Unidades
de Conservação.
Sub-bacia 23
A sub-bacia 23, que abarca os tributários do médio curso do rio Tocantins, no seu trecho
inferior, caracteriza-se, em grande parte, pelo predomínio de formações de cerrado, ainda
pouco alterados na margem direita, onde fisionomias densas são freqüentes, associadas ao
relevo movimentado.
Essa sub-bacia caracteriza-se também pela transição do bioma Cerrado para o bioma
Amazônia, situado a norte, e que determina a identidade ecológica do baixo curso do rio
Tocantins, correspondente à sub-bacia 29.
Ressalta-se esse aspecto devido à importância das áreas de transição, que podem comportar
elementos de diferentes biomas, e à importância de se compreender a forma de organização
da paisagem e o tipo de contato entre as formações ocorrentes.
A faixa de transição entre os dois biomas, cujas características são contrastantes, é do tipo
mosaico, com manchas de cerrado e de florestas que se alternam, sendo que a floresta
passa progressivamente a ocupar os interflúvios. O babaçual surge como uma formação
bastante homogênea, composta principalmente pela palmeira (Orbignya speciosa), após o
desmatamento e queima da floresta. Lagoas e brejos presentes na área contribuem para uma
maior heterogeneidade da paisagem. Assim, a peculiaridade da paisagem refere-se ao
mosaico de distintas formas de vegetação florestal e de cerrados em situações ecotonais,
bem como formações de transição, como é o caso dos babaçuais, propiciando grande
heterogenidade ambiental (THEMAG/ELETRONORTE, 1989).
Dados de região onde está prevista a implantação da UHE Serra Quebrada indicam 217
espécies, registro obtido no levantamento florístico, realizado no âmbito dos estudos
ambientais deste empreendimento. Já as amostragens fitossociológicas indicam a ocorrência
de espécies características de vegetação secundária principalmente. Note-se que, das
espécies anotadas, açaí (Euterpe oleracea), sumaúma (Ceiba pentandra), munguba (Pachira
aquática), sombreiro (Clitoria fairchildiana), jeniparana, entre outras, são tipicamente
amazônicas, denotando a forte influência da flora desse bioma nas florestas ripárias do rio
Tocantins (ELETRONORTE/ENGEVIX/THEMAG, 2001), bem mais evidente do que o
observado em direção sul.
De acordo com o estudo, espécies que compõem as comunidades com babaçu, seja ele
dominante ou não, são oriundas tanto das florestas ombrófilas amazônicas, que sobem o vale
a partir do rio Amazonas, quanto das florestas estacionais do Brasil Central, que descem dos
platôs em direção ao vale do Tocantins. Predominam, porém, as primeiras.
O baixo curso do rio Tocantins encontra-se no bioma Amazônia, para o qual são definidas 22
ecorregiões. Destas, duas são representadas nesse trecho da Bacia: o interflúvio do
Tocantins-Araguaia-Maranhão, que caracteriza a margem direita do Tocantins e o interflúvio
do Xingu-Tocantins, na margem oposta (CAPOBIANCO et al, 2001).
Os afluentes da margem esquerda do rio Tocantins nesse trecho drenam uma área
originalmente revestida por florestas ombrófilas, atualmente reduzidas a fragmentos de
pequenas extensões, dispersos em meio a áreas de pastagens.
Cita-se, ainda, extensa área protegida da Serra dos Carajás, com alto endemismo de flora
herbácea (MMA/SBF 2002), asssociada aos alforamentos rochosos dos topos.
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Relatório P2 – Caracterização da Bacia Hidrográfica do Rio Tocantins
A análise dos dados de flora obtidos a partir das informações dos EIAs e do ZEE permitiram
compilar 1.166 espécies botânicas. As localidades com maior número de registros foram
Serra da Mesa (SM) e Lajeado (LA), nos municípios de Palmas e Porto Nacional, seguida de
Ipueiras (IP) e Peixe (PE), sendo que a localidade do Bico do Papagaio (PA) apresentou o
menor número de registros, totalizando 95 espécies.
Ressalte-se que esses números podem estar superestimados, uma vez que muitas das
identificações são realizadas in loco ou com material vegetativo. Além disso, não foram
realizadas comparações entre essas espécies, nem sempre representadas por meio de
material testemunho em coleções oficiais.
Não obstante esses limites da análise, foi elaborada a análise de cluster, cujo resultado é
apresentado na figura a seguir.
SQ
UPGMA
BP
LA
PX
MI
IP
SS
SM
0,04 0,2 0,36 0,52 0,68 0,84 1
Jaccard's Coefficient
A resposta da análise onde se verifica baixa similaridade entre as diversas localidades, pode
resultar em parte de variações locais, uma vez que diferentes ambientes foram amostrados
nos vários estudos, com diferentes representatividades. Devem-se considerar, ainda, as
variações existentes ao longo de gradientes de clima, de latitude e de distância, que se
refletem nos conjuntos florísticos, mesmo quando se trata de formações similares.
Da mesma forma que se constata para as florestas, também nos cerrados as variações ao
longo de sua área de ocorrência determinam derivações de composição que respondem por
graduais heterogeneidades e dissimilaridades, embora suas fisionomias aparentem
homogeneidade. O mesmo conceito de continuum, adotado para formações florestais, pode
ser utilizado para as formações de cerrado.
Note-se ainda que a região de Serra da Mesa, intensamente estudada em função dos
programas ambientais associados à implantação da UHE Serra da Mesa, diferencia-se das
demais áreas situadas ao sul. Este fato pode estar vinculado ao esforço amostral, muito
maior nessa localidade que nas demais.
Muitas das espécies botânicas presentes nas formações de cerrado e nas florestais têm
importância econômica e são utilizadas pelas populações locais, seja para produção
madeireira, de alimentos ou de produtos medicinais. Um total de 112 espécies, dentre as
relacionadas para a Bacia do Rio Tocantins, apresenta algum interesse econômico.
Do ponto de vista zoológico, a fauna presente no trecho caracterizado por cerrados da Bacia
Hidrográfica faz parte do conjunto faunístico ocorrente na faixa diagonal de formações
abertas que se estende das Caatingas, a nordeste, até o Chaco, a sudoeste (VANZOLINI,
1963 In: Themag, 1998).
O cerrado recebe influência desse conjunto faunístico amazônico que se dispersa a sul pelas
florestas ripárias, que se interiorizam no bioma Cerrado. Observa-se também que a fauna
fluvial compreende elementos amazônicos, presentes ao longo dos grandes rios, podendo-se
citar o boto (Inia geoffrensis), o tracajá (Podocnemis unifilis), a tartaruga (Podocnemis
expansa), além dos crocodilos.
No que se refere à distribuição das aves, o cerrado é considerado por CRACRAFT (1985)
como um centro de endemismo, enquanto para STOTZ et al. (1996) trata-se de uma Sub-
Região Zoogeográfica que, ao lado da Caatinga e do Chaco, forma a região Zoogeográfica
denominada de “Centro da América do Sul” (Central South America).
No que se refere à biogeografia de lagartos, estudos recentes têm evidenciado que a riqueza
e o endemismo desse grupo de répteis do Cerrado concentram-se nos ambientes abertos,
sendo a fauna destes hábitats a que melhor caracteriza as comunidades de lagartos do
Cerrado (NOGUEIRA, 2006). De acordo com o autor, os padrões de distribuição dessa fauna
determinam diferentes sub-regiões faunísticas, dentre elas, o interflúvio central e do
Tocantins/Araguaia e o Vale do Paranã e Bacia do Parnaíba, que fazem parte da Bacia
Hidrográfica do Tocantins.
Assim como para a herpetofauna, também neste grupo são reconhecidas diferentes regiões
faunísticas. A Bacia do Rio Tocantins integra várias delas: (i) central, abrangendo Goiás e o
Distrito Federal; (ii) nordeste, que abrange o leste de Goiás, Tocantins, norte de Minas Geais
e Oeste da Bahia e sul do Piauí e; (iii) norte, abrangendo Maranhão, Tocantins, norte de
Goiás e leste de Mato Grosso (CARMIGNOTO, 2004).
Uma série de estudos foi realizada na região de Brasília, situada fora do limite sul da Bacia
Hidrográfica, a exemplo do verificado para a vegetação. BORCHERT & HANSEN (1983)
desenvolveram estudos no Parque Nacional de Brasília com objetivo de avaliar o efeito do
fogo e de inundações em populações de roedores. O padrão de distribuição de pequenos
mamíferos em diferentes habitats de Cerrado na Fazenda Água Limpa foi analisado por
ALHO (1981). Também em 1983, PAULA desenvolveu estudos sobre relações espaciais de
pequenos mamíferos em Floresta-galeria no Parque Nacional de Brasília, FONSECA;
REDFORD (1985) analisaram a relação da Floresta-galeria e a diversidade de mamíferos e
FONSECA; REDFORD (1986) identificaram cerca de 60 espécies de roedores e marsupiais,
o que aponta a diversidade potencial de mamíferos desse bioma, resultado em grande parte
da diversidade de ambientes.
Em relação à avifauna, cita-se a lista elaborada por NEGRET et al (1984), onde 420 espécies
estão assinaladas, demonstrando a grande diversidade deste grupo no bioma do Cerrado.
Embora relativamente antiga, esta lista pode ser considerada bastante completa. É suficiente
também para visualizar o quadro ornitológico da região, bem como identificar várias espécies
Afora esses estudos, relacionados, de modo geral, com as Unidades de Conservação (UCs)
situadas no Distrito Federal, importantes registros de fauna foram realizados por ocasião dos
estudos ambientais para licenciamento, conforme se verifica no Banco de Dados do Estado
de Goiás (SIEG, 2006) para as sub-bacias 20 e 21. Cita-se, principalmente, a área de
influência da UHE Serra da Mesa. Um total de 492 espécies foi assinalado, dentre as quais
313 aves, 104 mamíferos, 99 répteis e 43 anfíbios.
Mais a norte, na Chapada dos Veadeiros, algumas espécies endêmicas estão presentes
(Odontophrynus salvatori e Leptodactylus tapeti.), o que determina a prioridade desse trecho
paraa conservação (MMA/SBF 2002).
Outros estudos nessa sub-bacia referem-se à localidade de São Salvador, onde 293 espécies
foram observadas, sendo 14 répteis, 7 anfíbios, 195 representantes de aves e 23 de
mamíferos.
Nos cerrados com um componente arbóreo mais acentuado, estabelece-se uma estruturação
e estratificação relativamente pronunciada, o que faz com que esses difiram dos campos
cerrados. Nessas áreas aparece, então, uma justaposição das espécies descritas acima com
outras que somente são capazes de habitar áreas de vegetação mais densa. Os jacupembas
(Penelope superciliaris) e os mutuns (Crax fasciolata), que embora escassos localmente,
ocupam alguns remanescentes de cerradão em região (REDE/EDP/FURNAS/ENGEVIX,
2001).
Ressalte-se que a avifauna pode ser considerada boa indicadora de qualidade de habitats,
uma vez que diferentes comunidades de aves ocupam distintas formações, refletindo os tipos
de ambientes e o nível de antropização. Nessa região, de acordo com o estudo, espécies
tipicamente florestais não foram observadas, o que pode ser creditado em parte ao processo
de ocupação e, em parte, às características das formações ripárias desse trecho, onde
prevalecem florestas decíduas e estreitas, restritas às margens dos cursos d´água, conforme
descrito anteriormente, no item referente à vegetação.
Pode-se inferir que prevalecem espécies características de ambientes abertos na maior parte
desta sub-bacia, com representantes florestais restritos às formações ripárias.
Sub-bacia 21
As amostragens permitiram identificar 295 espécies, das quais 32 anfíbios, 39 répteis, 186
aves e 38 mamíferos. A relativamente elevada riqueza de espécies de anfíbios pode ser
explicada pela grande heterogeneidade de habitats observados na área, colocados lado a
lado (mata ciliar, mata paludosa, cerrado, campos úmidos, buritizais, lagoas perenes, lagoas
de inundação, etc), notadamente nas proximidades do rio das Almas. Nos buritizais e
banhados ali presentes, foi observada a maior concentração de anfíbios da área estudada,
com representantes de seis espécies de anuros.
Por outro lado, as florestas paludosas, ainda pouco expressivas em relação às localidades
mais ao norte, têm grande importância devido à presença de buritizais, essenciais para
algumas espécies de psitacídeos como Amazona aestiva, A. amazonica e Orthopsittaca
manilata. Banhados e lagoas também comportam algumas espécies especifica de aves,
ressaltando-se o registro de garça-azul (Egretta caerulea)
(THEMAG/CELTINS/EDP/FURNAS/ENGEVIX, 2000).
Com relação aos mamíferos, foram anotadas espécies que habitam apenas ambientes
florestais, como, por exemplo, Marmosa murina, O. megacephalus e Proechimys sp, e
espécies que habitam preferencialmente áreas de vegetação aberta, como Monodelphis
domestica, Calomys sp., Oryzomys gr. subflvaus, Oxymycterus sp. e Thrichomys apereoides.
Entre as formações de áreas abertas, o campo úmido é um habitat que difere muito em
relação à composição de espécies. Portanto, para os pequenos mamíferos, tanto as áreas
florestais quanto as áreas abertas e as áreas úmidas são extremamente importantes, pois
apresentam comunidades totalmente diferentes.
Do conjunto, destacam-se espécies que merecem consideração especial. Uma delas refere-
se ao cervo do pantanal (Blastocerus dichotomus), que ainda ocorre em número reduzido na
região, associado às lagoas de interflúvio presentes nas proximidades do rio Santa Tereza e
Manuel Alves da Natividade.
A localidade mais bem amostrada nessa sub-bacia, contudo, refere-se à área de influência da
UHE Luis Eduardo Magalhães (UHE Lajeado) e da Serra do Lajeado, protegida parcialmente
por Unidades de Conservação, e que tem sido objeto de estudos, assim como o entorno do
reservatório do referido empreendimento hidrelétrico.
Além das informações procedentes da área alagada pelo reservatório da UHE Luis Eduardo
Magalhães, uma série de estudos foi realizada no entorno ou por ocasião dos
monitoramentos previstos para esse empreendimento. BRITO et al (2001) realizaram
levantamento de mamíferos terrestres de médio e grande portes dessa região, tendo
Pequenos mamíferos não voadores foram estudados por PASSAMANI (2001), tendo-se
verificado maior abundância e riqueza de espécies em ambientes florestais. Mais
recentemente, os resultados de coletas sistemáticas ampliaram a lista para 29 espécies
PASSAMANI (2202/2004). MACIEL (2001), por sua vez, investigou as espécies de primatas
dessa região, confirmando a ocorrência das espécies identificadas nos estudos anteriores.
Sub-bacia 23
A fauna presente nos ambientes de cerrado e formações associadas, situados mais ao norte,
na sub-bacia 23, já sob forte influência da faixa que marca o contato com o bioma Amazônia,
foi avaliada de forma expedita por meio de amostragem de aves, na região das Mesas de
Carolina e Estreito (TUBELLIS, 2005). Um total de 155 espécies foi anotado em seis dias de
observações. Destas, oito são endêmicas do bioma Cerrado. Uma delas, chororozinho
(Herpsilochmus longirostris), é associada a ambientes florestais, sendo as demais de
ambientes campestres ou savânicos.
Mais ao norte, onde o contato entre os biomas torna-se mais evidente, estudos realizados
para a avaliação de impactos da UHE Serra Quebrada apontam uma fauna de mamíferos,
aves, répteis e anfíbios relativamente pouco diversificada, em comparação com as
possibilidades esperadas para a região. A causa mais provável por esta baixa diversidade é o
alto grau de antropização observado nas fitofisionomias, mesmo as florestais, nas quais a
retirada seletiva de madeira alterou a estrutura das matas e diminuiu a oferta de
abrigos/alimentos (THEMAG, 2000).
Nessa porção amazônica da Bacia do Rio Tocantins, tem-se estudos realizados nas
proximidades de Tucuruí. Baseado em levantamento bibliográfico e amostragens de campo,
foi apontada a ocorrência comprovada ou provável de 69 espécies de anfíbios na área de
influência da UHE Tucuruí. São 67 anuros, uma salamandra e uma cecília. As famílias mais
diversas são Hylidae (33 espécies) e Leptodactylidae (17). Quanto aos répteis, 150 espécies
podem estar presentes na região, sendo 3 crocodilianos, 9 quelônios, 4 anfisbenas, 41
lagartos e 93 serpentes (ELETRONORTE/ENGEVIX/THEMAG, 2001).
A lista de aves de provável ocorrência nessa área abrange 401 espécies, distribuídas em 61
famílias. Destaca-se a ocorrência de alguns táxons distintos em ambas as margens do rio
Tocantins, característica do bioma Amazônia, onde os grandes rios isolam faunas umbrófilas
dos interflúvios de uma margem e de outra. Os seguintes táxons estão presentes apenas na
margem esquerda: Conopophaga aurita, Cercomacra nigrescens, Knipolegus poecilocercus e
Thryothorus coraya (ELETRONORTE/ENGEVIX/THEMAG, 2001).
No que se refere aos mamíferos, um total de 142 espécies de mamíferos são consideradas
de ocorrência comprovada ou provável. O habitat mais expressivo na área de influência é a
floresta de terra firme, sendo que os poucos remanescentes de várzea revestem-se de
importância, por abrigarem uma fauna associada própria, contribuindo, assim, para a
manutenção da diversidade regional. Nota-se, ainda, uma rápida expansão das áreas
antrópicas, especialmente na margem direita do reservatório e que pode ser exacerbada com
a iminente pavimentação da BR 230, na margem esquerda
(ELETRONORTE/ENGEVIX/THEMAG, 2001.).
Em que pesem os limites inerentes aos estudos desta natureza, optou-se por realizar esta
análise, de caráter exploratório, com o intuito de auxiliar, em alguma medida, na identificação
de variações espaciais.
A localidade com maior número de registros foi Serra da Mesa (SM), com 559 registros,
seguida de Lajeado (LA), com 534 espécies. Ressalte-se que são aproximações e, portanto,
artefatos de amostragem e imprecisões de identificação devem ser considerados,
principalmente para mamíferos de médio e grande porte, usualmente amostrados por meio de
observações diretas e indiretas e, em parte, para aves, também amostradas por meio de
observações. O dendrograma de similaridade, considerando o conjunto de espécies, é
apresentado a seguir:
São Salvador e Ipueiras, quando presentes, mostraram maior similaridade com o grupo
[Peixe, Lajeado]. Estreito, localizado bem ao norte, e Rio do Sono, um afluente do Tocantins
também ao norte, foram as localidades com menor similaridades com as demais.
do topo da cadeia alimentar, acumulam em seus tecidos eventuais toxinas presentes nas
águas.
Assim, embora os indivíduos utilizem os reservatórios, a espécie é particularmente suscetível
à construção de barragens, que promovem a fragmentação das populações, impedem
movimentos e interferem no fluxo genético e alteram a disponibilidade dos recursos tróficos.
Não há informações sobre a distância percorrida pelos indivíduos nos tributários.
Monitoramento de indivíduos da espécie, realizados na região da UHE Serra da Mesa por um
período de 18 meses, apontam boas condições dos exemplares ocorrentes a jusante do
barramento, com movimentos entre essa barragem e a região de Canabrava (SILVA et.al,
1998).
Embora anotada até a altura da UHE Serra da Mesa, boto tucuxi (Sotalia fluviatilis) tem sua
distribuição restrita ao baixo curso, onde as corredeiras que ocorriam na região de Tucuruí
constituíam barreira à dispersão a montante.
Por fim, são apresentadas, no Anexo XII, fichas individuais para cada uma das UCs,
contendo informações adicionais, que proporcionam um conhecimento um pouco mais
aprofundado sobre cada uma delas, apesar das lacunas de informações disponíveis.
2.2.7. Questões
De forma geral, as Unidades de Conservação existentes na Bacia Hidrográfica do rio
Tocantins e Sub-bacia 20 encontram-se distribuídas por toda a sua extensão, contudo,
quando analisadas por sub-bacia, percebe-se a ausência de UCs em determinados espaços
territoriais, de forma que as mesmas representem, inclusive, as diferentes fitofisionomias dos
Biomas Cerrado e Amazônia.
No que diz respeito aos ecossistemas aquáticos, as áreas com prioridade de proteção são as
cabeceiras e as planícies sujeitas a inundação. Para proteger todas as formas de vida
existentes no sistema aquático do Cerrado, uma UC deve abranger ambas as margens do
curso d’água e ter seus limites estabelecidos com base na área de vida das espécies
migradoras.
Segue análise sucinta da distribuição das UCs em cada uma das sub-bacias hidrográficas
que compõem a área de estudo:
Sub-bacia 20
Por outro lado, a região do rio das Almas, importante formador do rio Tocantins, encontra-se
desprovida de proteção por UCs.
Sub-bacia 21
O rio Paranã percorre toda a Sub-bacia 21 e o Corredor Ecológico Paranã – Pirineus, sendo
que tanto suas cabeceiras como o vale encontram-se desprovidos de proteção por UC.
O Corredor Ecológico Jalapão – Serra das Mangabeiras está integralmente inserido na Sub-
bacia 22 e, em conjunto com outras cinco UCs, tem o objetivo de proteger os ecossistemas e
belezas cênicas da região do Jalapão e confluência dos Estados do Tocantins, Maranhão,
Piauí e Bahia.
As APAs da Foz do Santa Tereza e Lago Peixe Angical encontram-se inseridas no Corredor
Ecológico Paranã – Pirineus, em parte dentro da Sub-bacia 22.
Apesar da APA da Foz do Santa Tereza, o rio Santa Tereza tem seu médio e alto curso
(terrenos sujeitos à inundação e cabeceiras), ao sul de Gurupi, desprovido de UC. A porção
leste do Corredor Ecológico Paranã – Pirineus, cortada pelas águas do rio Palma, também
encontra-se desprovida de UCs.
Apenas mais ao norte, os ecossistemas estão representados pelas APAs Lago de Palmas e
Serra do Lajeado, pelo Parque Estadual Serra do Lajeado e pelas Terras Indígenas Funil e
Xerente. Cabe destacar que nenhuma dessas UCs e TIs (Terras Indígenas) abrange ambas
as margens do rio Tocantins.
Sub-bacia 23
Os ecossistemas da Sub-bacia 23 são representados apenas por quatro UCs: três Reservas
Extrativistas e um Monumento Natural. Não há UC de Proteção Integral nesta Sub-bacia.
Os ecossistemas da porção mais central desta Sub-bacia não estão representados em UC,
principalmente, no que diz respeito à margem direita do rio Tocantins, na divisa entre os
Estados do Tocantins e Maranhão, entre as Terras Indígenas Kraolândia, Apinayé e Krikati.
Tal observação é corroborada pelos resultados dos estudos relativos às Áreas Prioritárias
para a Conservação da Biodiversidade do PROBIO. Nesta região, foi indicada como ação
prioritária a criação de uma Unidade de Conservação abrangendo as fitofisionomias de
cerrado existentes no município de Carolina (MA) e os ecossistemas aquáticos e belezas
cênicas relacionados ao rio Farinha.
Como resultado dos workshops dos Biomas Cerrado e Amazônia, as Áreas Prioritárias
denominadas Polígono das Águas – Sudoeste do Maranhão e Carolina – Porto Franco (MA)
até Itacajá (TO) foram consideradas de prioridade extremamente alta e receberam como
principal recomendação a criação de Unidade de Conservação. Seguindo esta
recomendação, foi realizado, em 2005, por Conservation International (CI), Instituto Ecológica
(IE), Ministério do Meio Ambiente (MMA) e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) Relatório Técnico relativo à criação do Parque
Nacional da Chapada das Mangabeiras – Carolina (MA).
A região abrange terras dos municípios maranhenses de Carolina, Estreito e Riachão, assim
como as cabeceiras e o curso de diversos rios tais como o rio Farinha, Itapecuru, Urupuchete,
Corrente e Lajinha e, inclusive, as cachoeiras do rio Farinha. A região ainda abriga sítios
arqueológicos caracterizados pelas pinturas rupestres, que correm risco de
descaracterização, como resultado de atividade turística desordenada.
Estudos preliminares citam para a região 82 espécies de répteis, mais de 350 espécies de
aves e 62 espécies de mamíferos. Nos campos e cerrados ocorrem espécies típicas de
ambientes campestres, tais como a ema (Rhea americana), o veado-campeiro (Ozotoceros
bezoarticus) e o tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla). Já nas áreas de matas,
ocorrem espécies partilhadas com a Floresta Amazônica, como o macaco-da-noite (Aotus
sp.), o mico-de-cheiro (Saimiri scirius) e o tamanduaí (Cyclops didactyla). Também ocorrem
na fauna regional espécies partilhadas com a Caatinga. Tal fenômeno se caracteriza pela
localização do Estado do Maranhão onde ocorre transição entre os Biomas Cerrado,
Amazônia e Caatinga.
Cabe destacar que esta região corre o risco de ser fortemente degradada pelo
desenvolvimento de atividades como turismo desordenado, prática de queimadas e avanço
da fronteira agrícola. Por outro lado, a ocupação humana ainda é rarefeita e os danos
causados pelas atividades atualmente desenvolvidas são de pequena escala, passíveis de
regeneração, não descaracterizando a importância biológica da região.
Sub-bacia 29
Apesar de os limites das UCs e TIs aparentemente estarem sendo respeitados pelo avanço
das atividades agropecuárias, percebe-se que estas áreas legalmente protegidas
apresentam-se como testemunhos isolados de biodiversidade, visto que as áreas
desmatadas avançam até o limite máximo. No seu entorno imediato, a vegetação original
encontra-se reduzida a fragmentos de pequena extensão e pouco significativos em termos de
representatividade. Como exemplo, apresenta-se, a seguir, imagem de satélite com destaque
para a Terra Indígena Parakanã. Os diferentes usos do solo avançam até o limite da referida
TI.
O SNUC não só dá respaldo legal aos Corredores Ecológicos, como também os define em
seu artigo 2o, como: “porções de ecossistemas naturais ou seminaturais, ligando unidades de
conservação, que possibilitam entre elas o fluxo de genes e o movimento da biota, facilitando
a dispersão de espécies e a recolonização de áreas degradadas, bem como a manutenção
de populações que demandam para sua sobrevivência áreas com extensão maior do que
aquela das unidades individuais”. Essa estrutura de mosaicos permite que a diversidade de
tipos de Unidades de Conservação possa ser administrada de forma conjunta, sem deixar de
atender às peculiaridades locais.
Para a região da Bacia Hidrográfica do rio Tocantins e Sub-bacia 20 foram identificados três
Corredores Ecológicos, sendo eles denominados: i) Corredor Ecológico Jalapão - Chapada
das Mangabeiras; ii) Corredor Ecológico Paranã – Pirineus; e, iii) Corredor Ecológico Sul da
Amazônia (IBAMA 2004).
Seguem abaixo as fichas com alguns dados e informações que caracterizam os Corredores
Ecológicos Jalapão - Chapada das Mangabeiras e Paranã – Pirineus. O Mapa B11 -
Corredores Ecológicos, UC’s, TI’s indica a localização de ambos Corredores Ecológicos.
Área: 9.275.000 ha
Objetivos: “manejar os ecossistemas por meio da gestão biorregional, para manter a sua
conectividade e analisar a possibilidade de criação de novas áreas protegidas”.
Caracterização:
Os onze municípios do Tocantins que fazem parte do corredor Jalapão - Chapada das
Mangabeiras são: Lizarda, Rio Sono, Porto Alegre do Tocantins, Mateiros, São Félix do
Tocantins, Novo Acordo, Dianópolis, Rio da Conceição, Almas, e, Lagoa do Tocantins. Os
quatro municípios do Piauí são: Barreiras do Piauí, Gilbués, São Gonçalo da Gurguéia e,
Corrente. O único município baiano é Formosa do Rio Preto e o único maranhense é Alto
Parnaíba.
da biodiversidade por onde os animais possam transitar e procriar em segurança, onde a flora
seja conservada e as belezas cênicas preservadas para as futuras gerações.
Com esta iniciativa, o IBAMA pretende evitar que a região, também conhecida como "oásis
do cerrado", se transforme em um imenso deserto devido à constante erosão, ao turismo e
uso do solo desordenados, que afetam os frágeis ecossistemas também danificados pelo
fogo.
Área: 10.000.000 ha
Sub-bacias: Este Corredor Ecológico abrange uma pequena área da Sub-bacia 20 (sudeste)
e abrange a Sub-bacia 21 integralmente.
Caracterização:
O projeto do Corredor Paranã-Pireneus foi proposto pelo IBAMA e aprovado pela Agência de
Cooperação Internacional Japão – Jica. A Jica aprovou nova proposta de financiamento para
o projeto, por um período de três anos, para aquisição de equipamentos e promoção de
atividades.
De acordo com os estudos do PROBIO (MMA/SBF 1999) a área do Corredor Ecológico foi
considerada Área Prioritária para a Conservação da Biodiversidade do Cerrado, de extrema
importância. Analisando-se as regiões e áreas-núcleo que o compõem, fica fácil entender o
motivo de tal classificação:
Região do Parque Estadual de Terra Ronca e da APA Serra Geral de Goiás;
Região de Mambaí e Posse (APA Nascentes do Rio Vermelho);
Região de Pouso Alto/Chapada dos Veadeiros (PARNA da Chapada dos Veadeiros e
APA de Pouso Alto);
Parque Municipal de Itiquira;
Parque Estadual dos Pirineus;
Região da APA de Santa Tereza;
Vale do Paranã;
Região do Distrito Federal (Estação Ecológica de Águas Emendadas, Parque Nacional
de Brasília e APA do Planalto Central); e,
Todos os governos estaduais e municipais, abrangidos por este corredor, estão integrados ao
projeto e compartilham de workshops e reuniões decisórias realizados no âmbito deste.
Área: 31.646.600 ha
Caracterização:
Sub-bacia 29:
Reserva Extrativista do Extremo Norte do Estado do Tocantins
Reserva Extrativista Mata Grande
Reserva Extrativista do Ciriaco
Terra Indígena Apinayé (parte)
uma separadamente, para uma posterior integração e recorte dentro de cada Bioma. De
forma geral, ao menos parte das Áreas Prioritárias para a Conservação da Biodiversidade,
identificadas para cada uma das áreas temáticas, foi contemplada ao serem definidas as
Áreas Prioritárias para a Conservação da Biodiversidade de cada um dos Biomas tratados.
A delimitação das áreas foi realizada com base na distribuição de elementos da biota,
enfatizando áreas de alta riqueza de espécies, com alto grau de endemismo e presença de
comunidades únicas.
Entre as ações indicadas como prioritárias a serem desenvolvidas nessas Áreas tem-se, de
forma geral: proteção, criação de UCs, recuperação, uso sustentável dos recursos naturais,
inventário (necessidade de estudos), elaboração de plano de manejo e fiscalização.
A identificação das Áreas Prioritárias para a Conservação da Biodiversidade, assim como das
recomendações para cada uma delas é de grande importância para o presente trabalho, visto
que em conjunto com outros aspectos do meio físico e dos ecossistemas terrestres e
aquáticos a serem trabalhados, poderá fornecer subsídios para a identificação de corredores
de fauna e de cobertura vegetal significativos, assim como para a indicação de áreas com
potencial para a criação de Unidades de Conservação de Proteção Integral ou de Uso
Sustentável, colaborando para a elaboração de diretrizes relacionadas à conservação da
biodiversidade do da Bacia Hidrográfica do Tocantins e Sub-Bacia 20.
Ainda que não se viabilize a proteção legal do conjunto de Áreas Prioritárias identificado, é
importante ressaltar que estas constituem importante subsídio que não pode deixar de ser
considerado na análise de prioridades referentes ao sistema de UCs dos Estados integrantes
da Bacia Hidrográfica do Tocantins e Sub-bacia 20.
Por fim, é interessante notar a forma como as Áreas Prioritárias para a Conservação da
Biodiversidade estão distribuídas pela região de estudo. Estas áreas encontram-se
distribuídas, principalmente, do lado direito do rio Tocantins, ao longo do limites estaduais
Goiás – Bahia, Tocantins – Bahia e Tocantins – Maranhão, quase conectadas entre si,
formando corredores. Já na porção do Baixo Tocantins, as Áreas Prioritárias encontram-se
agrupadas ao longo do rio Itacaiúnas (porção alto/médio Itacaiúnas) e entre o reservatório da
UHE Tucuruí e a foz do rio Tocantins.
As únicas Áreas Prioritárias localizadas ao longo do rio Tocantins são aquelas denominadas
Médio-Tocantins, Polígono das Águas – Sudoeste do Maranhão, Carolina – Porto Franco
(MA) até Itacajá (TO), TI Apinayiés, TI Trocará e Baixo Tocantins.
De forma simplificada, pode-se concluir sobre o grau de estabilidade das Áreas Prioritárias
para a Conservação da Biodiversidade, analisando-se a inserção das mesmas em UCs e TIs.
Dentre as Áreas Prioritárias existentes na área de estudo, aquelas sem representatividade
por UC e/ou TI são:
Rio das Almas;
Pirenópolis – minimamente representada pela APA da Serra dos Pirineus;
Vale do Paranã;
Chapada dos Veadeiros e Pouso Alto – minimamente representadas pela APA Pouso
Alto;
Florestas Semidecíduas do Sudeste do Tocantins;
Sul Tocantins – Região Conceição – Manuel Alves; e,
Polígono das Águas – Sudoeste do Maranhão e Carolina – Porto Franco (MA) até Itacajá
(TO) – Áreas Prioritárias com sobreposição - minimamente representadas apenas pela
UC Monumento Natural das Árvores Fossilizadas do Estado do Tocantins.
Nesse contexto, as florestas ripárias do rio Tocantins desempenham importante papel como
via de dispersão de elementos bióticos estacionais a partir do sul, onde florestas estacionais
estão presentes, associadas freqüentemente a solos calcários. Inversamente, elementos
amazônicos, umbrófilos, se dispersam para sul, penetrando na região dos cerrados. Os
estudos realizados até o momento apontam esse papel das florestas ripárias do rio Tocantins
e indicam a influência amazônica até a região central do Estado do Tocantins,
aproximadamente.
Outro aspecto importante, que contribui para a complexidade das paisagens dessa bacia
hidrográfica, refere-se ao contato entre os biomas cerrado e amazônico, de características
contrastantes. O mosaico de florestas e cerrados ao qual se associam extensos babaçuais
que surgem como resultado dos desmatamentos e queimadas, marca essa faixa de transição
no setor norte do Estado do Tocantins, atualmente muito descaracterizada devido à
ocupação antrópica.
Outro aspecto importante a ser considerado diz respeito à transformação dos ecossistemas
naturais para agroecossistemas e pastagens, que tem alterado substancialmente as
paisagens da Bacia Hidrográfica do Tocantins. No baixo curso, onde se situa a sub-bacia 29,
a apropriação dos recursos naturais promoveu a intensa fragmentação da cobertura florestal.
Em que pese essa intensa pressão de ocupação, os estudos apontam ainda uma ponderável
riqueza de espécies nos remanescentes, testemunha da diversidade biológica das formações
amazônicas, cuja maior representatividade está, atualmente, nas Florestas Nacionais
(FLONAs) implantadas nesse setor da bacia.
No trecho caracterizado pelo cerrado, ainda que o manejo pelo fogo e pelo desbaste
favorecessem as fisionomias abertas, a pecuária extensiva, praticada por longo período,
preservou grande parte das formações savânicas. A partir das décadas de 1980/90,
entretanto, o avanço da pecuária intensiva e, principalmente, de grãos, passou a responder
pela conversão dos cerrados para sistemas agropecuários. Este aspecto é mais evidente na
margem esquerda, em grande parte associado ao eixo representado pelo BR-153.
Sendo assim, entende-se que as UCs existentes são insuficientes para garantir a
conservação da biodiversidade e dos recursos hídricos existentes na Bacia Hidrográfica do
rio Tocantins e Sub-bacia 20. São mal distribuídas quanto às categorias de manejo
(proporção das UCs de Uso Sustentável em relação as de Proteção Integral) e são
insuficientes para conservar a heterogeneidade de fitofisionomias, tanto no que diz respeito à
quantidade como ao tamanho das UCs.
Dentre as ações indicadas como prioritárias a serem desenvolvidas nessas Áreas têm-se, de
forma geral: proteção, criação de UCs, recuperação, uso sustentável dos recursos naturais,
inventário (necessidade de estudos), elaboração de plano de manejo e fiscalização.
É interessante enfatizar que aqueles espaços indicados por Sub-bacia, como carentes de
representação por UC, em muito coincidem com as Áreas Prioritárias ainda não
representadas por áreas legalmente protegidas ou mesmo com frações ainda não
representadas dessas Áreas Prioritárias.
Por fim, a identificação das Áreas Prioritárias para a Conservação da Biodiversidade, assim
como as recomendações para cada uma delas é de grande importância para o presente
trabalho, visto que em conjunto com outros aspectos do meio físico e dos ecossistemas
terrestres e aquáticos, poderá fornecer subsídios para a identificação de corredores de fauna
e de cobertura vegetal significativos, assim como para a indicação de áreas com potencial
para a criação de novas Unidades de Conservação de Proteção Integral ou de Uso
Sustentável, colaborando para a elaboração de diretrizes relacionadas à conservação da
biodiversidade do da Bacia Hidrográfica do Tocantins.
Sub-Bacia
Susceptibilidade à
erosão e potencial Geomorfologia Pedologia Fauna Flora Áreas protegidas
mineral
Os ecossistemas da
sub-bacia 29 são
Suscetibilidade: Expressiva
Bioma Amazônico, basicamente
Média Depressão do ocorrência de Fauna característica
originalmente representados por
suscetibilidade à Parauapebas- Argissolos do bioma Amazônia.
revestido por florestas UCs de Uso
Contaminação de Caeté, Serras dos Vermelho- Destacam-se alguns
ombrófilas, Sustentável, sendo a
aqüíferos na Carajás e Amarelos táxons distintos em
atualmente reduzidas Reserva Biológica do
margem direita do Depressão do Distróficos, de ambas as margens
a fragmentos, com Tapirapé a única
rio Tocantins. Itacajunas- aptidão agrícola do rio Tocantins,
remanescentes mais exceção.
Cajazeiras BOA para característica do
Média caracterizam o sul e lavouras em representativos em As atividades
bioma, onde os
suscetibilidade à centro, drenadas sistemas de áreas sob proteção mineradora e
grandes rios isolam
erosão por sulcos, pelo rio Itacaiúnas e manejo legal. agropecuária
faunas umbrófilas dos
ravinas e seus tributários tecnificado, competem com as
Sub-bacia 29 interflúvios. Os Não obstante as
boçorocas na embora áreas prioritárias de
O Patamar seguintes táxons alterações antrópicas,
margem direita do vulneráveis à conservação do Baixo
Dissecado Capim- estão presentes uma diversidade
rio Tocantins. erosão. Muitas Tocantins,
Moju, a leste, é o apenas na margem ponderável pode ser
Erosão no vezes estão esquerda: observada. configurando a
divisor do baixo
horizonte C: Alta associados a necessidade
curso. A partir da Conopophaga aurita, Ao norte, prevalecem
suscetibilidade solos de menor premente do aumento
região de Tucuruí, Cercomacra Formações Pioneiras
para as unidades potencialidade, de UCs de Proteção
inicia-se o Patamar nigrescens, associadas às
Granito da Serra com presença de Integral para a
Dissecado do Knipolegus planícies fluviais e ao
dos Carajás, região cascalhos e e preservação das
Tucuruí e as poecilocercus leque Aluvial do
de Parauapebas. pedregosidade. zonas de recarga e
Planícies Fluviais. Thryothorus coraya. Tocantins. permanência de
corredores
ecológicos,
Consórcio CNEC - ARCADIS Tetraplan 202
Empresa de Pesquisa Energética – EPE
Avaliação Ambiental integrada - AAI da Bacia do Rio Tocantins e seus Formadores
Relatório P2 – Caracterização da Bacia Hidrográfica do Rio Tocantins
Sub-Bacia
Susceptibilidade à
erosão e potencial Geomorfologia Pedologia Fauna Flora Áreas protegidas
mineral
Sub-Bacia
Susceptibilidade à
erosão e potencial Geomorfologia Pedologia Fauna Flora Áreas protegidas
mineral
Essa porção
contempla razoável
Cont. concentração de
Sub-bacia 29 terras com limitações
significativas ao uso
com agricultura.
Contaminação de A partir do Planalto Porção da bacia que Espécies de aves Cerrados a sul e transição Os ecossistemas da Sub-
aqüíferos: Média Dissecado Gurupi- reúne a maior ameaçadas, registradas na de cerrados e formações bacia 23 são
suscetibilidade em áreas Grajaú (divisor a oeste) e quantidade de terras região de Carolina. umbrófilas amazônicas a representados apenas por
de afloramento da dos Chapadões do Alto de baixa Menciona-se novamente o norte, a partir da região de quatro UCs: três Reservas
Formação Sambaíba, Parnaíba, a sudeste, a potencialidade registro de arara-azul- Estreito e Carolina. Extrativistas e um
ocorrentes nas drenagem dirige-se à agrícola. Continuam grande, que nidifica em Mosaico de formações e Monumento Natural. Não
proximidades do rio Depressão do Médio prevalecendo paredões das serras. presença de babaçuais há UC de Proteção Integral
Sub-bacia 23 Tocantins, em ambas as Tocantins e Depressão Neossolos marcam o contato, nesta Sub-bacia.
margens. de Imperatriz, Quartzarênicos atualmente bastante Os ecossistemas da
intercaladas pelas Órticos e Plintossolos descaracterizado pela porção mais central desta
Chapadas e Planos do Pétricos ocupação. Sub-bacia não estão
Rio Farinha. Concrecionários. representados em UC,
principalmente, no que diz
respeito à margem direita
do rio Tocantins,
Sub-Bacia
Susceptibilidade à
erosão e potencial Geomorfologia Pedologia Fauna Flora Áreas protegidas
mineral
Erosão por sulcos, Chernossolos Dentre os primatas, Manchas disjuntas de na divisa entre os Estados
ravinas e boçorocas: Argilúvicos e destacam-se o guariba formações florestais do Tocantins e Maranhão,
Alta suscetibilidade nas Latossolos Vermelho (Alouatta sp), o macaco- estacionais e com entre as Terras Indígenas
formações Sambaíba e Distroférricos, com prego (Cebus apella), e o elementos umbrófilos. Kraolândia, Apinayé e
Pimenteiras, presentes boa aptidão agrícola, macaco-da-noite (Aotus Presença de elementos Krikati.
a sul, centro e norte. nas proximidades de sp), identificado na região amazônicos mostra a Como resultado dos
Alta suscetibilidade à Estreito e Porto de Lajeado (Palmas) por influência das florestas workshops dos Biomas
erosão do Horizonte C: Franco (MA) e ocasião do resgate. Há úmidas, à semelhança do Cerrado e Amazônia, as
localmente, a oeste. Aguiarnópolis (TO). ainda indícios de mosaico existente na Áreas Prioritárias
Área de média A maioria absoluta ocorrência de mão-de-ouro vegetação. denominadas Polígono das
potencialidade mineral à dos solos apresenta (Saimiri sciureus). Águas – Sudoeste do
Cont. argila, turfa, calcário, limitações fortíssimas Maranhão e Carolina –
Sub-bacia 23 gipsita, alumínio e titânio ao aproveitamento Porto Franco (MA) até
em sua porção central, com agricultura, pelo Itacajá (TO) foram
no município de menos para consideradas de prioridade
Carolina. agricultura extremamente alta e
mecanizada. receberam como principal
recomendação a criação
de Unidade de
Conservação, tando em
análise a criação do
Parque Nacional da
Chapada das Mangabeiras
Sub-Bacia
Susceptibilidade à
erosão e potencial Geomorfologia Pedologia Fauna Flora Áreas protegidas
mineral
– Carolina (MA).
Cabe destacar que esta
região corre o risco de ser
fortemente degradada pelo
desenvolvimento de
atividades como turismo
desordenado, prática de
queimadas e avanço da
fronteira agrícola. Por outro
lado, a ocupação humana
Cont. ainda é rarefeita e os
Sub-bacia 23 danos causados pelas
atividades atualmente
desenvolvidas são de
pequena escala, passíveis
de regeneração, não
descaracterizando a
importância biológica da
região. Parte do Corredor
Ecológico Sul da Amazônia
está inserida nessa sub-
bacia.
Sub-Bacia
Susceptibilidade à
erosão e potencial Geomorfologia Pedologia Fauna Flora Áreas protegidas
mineral
Alta suscetibilidade à Identificam-se três A norte da cidade de Fauna característica de Predomínio de cerrados, O Corredor Ecológico
contaminação de grandes Palmas, estendendo- cerrado, ressaltando-se a com pequi (Caryocar Jalapão – Serra das
aqüíferos localmente compartimentos: se, na margem direita, ocorrência de cervo-do- brasiliense) dominando Mangabeiras está
para faixas quartzíticas - as chapadas que para sul (abrangendo pantanal (Blastocerus localmente. integralmente inserido na
do Grupo Santo Antonio constituem o divisor o Parque Estadual do dichotomus) nas lagoas Florestas de dique do rio Sub-bacia 22 e, em
e áreas de afloramento Tocantins-São Jalapão ou “Deserto interfluviais e de arara-azul- Tocantins e tributários conjunto com outras cinco
da Formação Itapecuru; Francisco, do Jalapão”), terras grande. (Manuel Alves da UCs, tem o objetivo de
média em ambas as de baixa Destaca-se, ainda, o Natividade, São Valério, proteger os ecossistemas e
margens do rio - o contato com a potencialidade belezas cênicas da região
Depressão do Médio ou registro de jacaré-açu Santo Antônio e Santa
Tocantins na região de agrícola: Neossolos (Melanosuchus niger) e o Teresa) mais vigorosas e do Jalapão e confluência
Palmas e a jusante. Alto Tocantins é feito de Quartzarênicos dos Estados do Tocantins,
forma gradual, relato incidental de macaco de maior porte, embora
Erosão no horizonte C: Órticos e Plintossolos do gênero Cebus, submetidas à pressão Maranhão, Piauí e Bahia.
presenciando chapadas Pétricos
Sub-bacia 22 alta suscetibilidade para e morros testemunhos provavelmente Cebus antrópica. Especificamente a região
as rochas graníticas e Concrecionários sob albifrons, na região entre dos rios Bagagem e
desligados da estrutura vegetação de Presença de lagoas
Complexo Goiano, a sul principal. Ipueiras e Peixe. distantes da influência dos Manuel Alves da
e centro e alta Cerrado, com severas Natividade, ao sul do
- no domínio da limitações ao Juntamente com a região rios, com vegetação ripária
suscetibilidade na do Distrito Federal, a região passando gradativamente a Corredor Ecológico
margem direita do rio do depressão destacam-se aproveitamento com Jalapão – Serra das
os residuais serranos agricultura. de Palmas e Serra do cerrado. Presença de
Sono. Lajeado é uma das mais florestas paludosas e de Mangabeiras, encontra-se
mantidos por quartzito, No lado oeste, de desprovida de áreas
A leste, nas Chapadas e cujos dobramentos bem estudadas da bacia buritizais nas planícies
Patamares das Palmas para sul, hidrográfica, fluviais. legalmente protegidas.
proterozóicos
Mangabeiras favoreceram o
desenvolvimento
Sub-Bacia
Susceptibilidade à
erosão e potencial Geomorfologia Pedologia Fauna Flora Áreas protegidas
mineral
(formações Itapecuru, de cristas assimétricas. Latossolos Vermelho- o que permitiu constatar Pecuária e grãos nas O mesmo ocorre na região
Cabeças) alta Amarelos Distróficos grande diversidade, proximidades de Porto norte deste Corredor
suscetibilidade à erosão de textura argilosa e notadamente de répteis, na Nacional e Palmas e a Ecológico, onde se
por sulcos, ravinas e média, em associação Depressão do Tocantins. norte, próximo a Pedro encontra o município de
boçorocas. com Plintossolos Afonso. Lizarda.
Área com alto potencial Pétricos Predomínio de cerrados As APAs da Foz do Santa
mineral (ouro, ferro, Concrecionários. abertos e veredas a leste, Tereza e Lago Peixe
níquel, manganês e Localizadamente, em solos arenosos. Angical encontram-se
cobre) na porção petroplintita na forma inseridas no Corredor
central/sudeste da sub- de cangas ou Ecológico Paranã –
bacia, onde estão os concreções. Pirineus, em parte dentro
Cont. rios Manuel Alves, das Apresentam aptidão da Sub-bacia 22.
Balsas e do Peixe. regular para
Sub-bacia 22 exploração com Apesar da APA da Foz do
Potencial mineral alto a pastagem plantada, já Santa Tereza, o rio Santa
sudoeste (municípios de consolidada em toda Tereza tem seu médio e
Santa Tereza de Goiás, sua extensão. alto curso (terrenos sujeitos
Trombas, Estrela do à inundação e cabeceiras),
Norte e Porangatu), com Latossolos de textura ao sul de Gurupi, despro
ocorrências de argilosa e livres de vido de UC. A porção leste
petroplintita, com do Corredor Ecológico
aptidão BOA para Paranã – Pirineus, cortada
lavouras. pelas águas do rio Palma,
também
Sub-Bacia
Susceptibilidade à
erosão e potencial Geomorfologia Pedologia Fauna Flora Áreas protegidas
mineral
cobre, ouro e níquel. tecnificadas, encontra-se desprovida de
Área de médio potencial localizadamente nas UCs.
de ouro e níquel proximidades de Apenas mais ao norte, os
próxima à cidade de Gurupi (TO) ecossistemas estão
Porto Nacional. Porangatu (GO) e na representados pelas APAs
região das nascentes Lago de Palmas e Serra do
do rio Santa Tereza. Lajeado, pelo Parque
Cont. Estadual Serra do Lajeado
Sub-bacia 22 e pelas Terras Indígenas
Funil e Xerente. Cabe
destacar que nenhuma
dessas UCs e TIs (Terras
Indígenas) abrange ambas
as margens do rio
Tocantins.
Sub-Bacia
Susceptibilidade à
erosão e potencial Geomorfologia Pedologia Fauna Flora Áreas protegidas
mineral
Média suscetibilidade à Corresponde às sub- No geral, predominam Fauna característica de O cerrado continua como Toda a Sub-bacia 21
contaminação de bacias dos rios Paranã e terras de baixíssima cerrado, ressaltando-se a vegetação predominante. encontra-se inserida no
aqüíferos na porção Palma, da margem potencialidade ocorrência de anfíbios da Sua peculiaridade reside Corredor Ecológico Paranã
oriental (Subgrupo direita do rio cujas agrícola. caatinga (Elachistocleis em seu aspecto decíduo no – Pirineus. No limite entre
Paraopebas) e Alta para nascentes são, Presença de piauiensis) e da Amazônia período de estiagem. Goiás e Bahia encontram-
a rede de drenagem respectivamente, no Plintossolos Pétricos (Osteocephalus taurinus e Formações vegetais se, mais ao norte, as UCs
desta unidade. Arenitos Chapadão Ocidental Concrecionários, Scinax. gr. Rostratus). ripárias são estreitas. Parque Estadual de Terra
da Formação Urucuia, Baiano e Chapadas de Neossolos Ressalta-se, ainda, o Ronca e APA da Serra
no limite oriental, de alta Paracatu, e no A pecuária prevalece Geral de Goiás e, mais ao
Quartzarênicos e registro de garça-azul associada às fisionomias
suscetibilidade. Chapadão Ocidental Neossolos Litólicos e (Egretta caerulea) e arara- sul, a APA das nascentes
Baiano. abertas de cerrado, de do Rio Vermelho.
Alta suscetibilidade à Cambissolos, via de azul-grande ou arara-preta forma extensiva, ou como
Sub-bacia 21 erosão do Horizonte C a O rio Paranã percorre os regra muito (Anodorhynchus pastos formados com O rio Paranã percorre toda
norte e centro; à erosão Patamares do Chapadão cascalhentos e hyacinthinus). gramíneas exóticas. a Sub-bacia 21 e o
por sulcos e boçorocas Ocidental Baiano pedregosos. Corredor Ecológico Paranã
nos depósitos terciário- formando canions nas Apresentam severas Em direção às cabeceiras – Pirineus, sendo que tanto
quaternários estruturas cársticas e limitações de ordem dos rios da margem direita, suas cabeceiras como o
sobrepostos à ingressando a seguir no física ao uso agrícola. prevalecem cerrados vale encontram-se
Formação Paraopebas; Vão do Paraná e, a partir abertos em solos arenosos. desprovidos de proteção
Chapadões com Ao longo dos cursos
a fundamentos daí, conecta-se com a Latossolos por UC.
cársticos, a sul/sudeste Depressão do Alto d´água, áreas úmidas
Vermelhos, em condicionam campos O Parque Nacional da
e leste. Tocantins. condição Chapada dos Veadeiros e
paludosos com buritis e em
contato com florestas de a APA de Pouso Alto
galeria.
Sub-Bacia
Susceptibilidade à
erosão e potencial Geomorfologia Pedologia Fauna Flora Áreas protegidas
mineral
A principal ocorrência O rio Palma, após favorável à agricultura encontram-se inseridas no
mineral é o ouro, com atravessar os patamares mecanizada em sua Corredor Ecológico Paranã
uma grande estruturais do Chapadão porção sul (São João – Pirineus e estão em parte
concentração de Ocidental Baiano, da Aliança e inseridas nas Sub-bacias
processos no DNPM no contorna estruturas Planaltina). 21 e 22.
extremo leste. Com serranas como o
menor importância Complexo Montanhoso
ocorrem depósitos de Veadeiros-Araí e a Serra
calcário e magnésio, de Arraias e da Canoa,
fosfato, cassiterita e cujas estruturas serranas
Cont. tântalo, também a leste. apresentam
vulnerabilidade à erosão,
Sub-bacia 21 assim como as escarpas
e patamares estruturais
do Chapadão Ocidental
Baiano.
Inserem-se nessa
condição as escarpas
estruturais das
Chapadas de Paracatu,
além dos níveis cársticos
dos
Patamares do Chapadão
Cont. Ocidental Baiano na
Sub-bacia 21 região de Terra Ronca.
Sub-Bacia
Susceptibilidade à
erosão e potencial Geomorfologia Pedologia Fauna Flora Áreas protegidas
mineral
Alta suscetibilidade a Corresponde a seção do Ocorrência expressiva Fauna característica de Região nuclear do domínio Na região do Distrito
erosão em sulcos, alto rio Tocantins, de Argissolos cerrado, salientando-se a do Cerrado e um dos Federal, as APAs do
ravinas e boçorocas a representada pelas sub- Vermelho-Amarelos ocorrência a norte, na setores da Bacia Planalto Central e do
norte/nordeste bacias dos rios Eutróficos no extremo Chapada dos Veadeiros, Hidrográfica do Tocantins Cafuringa e a Estação
(Formação Arraias) e Maranhão e sul da sub-bacia, em de espécies endêmicas com maior número de Ecológica Águas
alta suscetibilidade à Tocantinzinho, tem como relevo suave (Odontophrynus salvatori e estudos. Presença de Emendadas protegem as
erosão do horizonte C origem o Planalto Goiás- ondulado a forte Leptodactylus tapeti). formações savânicas que cabeceiras de alguns dos
no extremo sudoeste. Minas, desenvolvidos a ondulado, utilizados Resultados de resgate na dominam nos interflúvios, formadores do rio
Alto potencial mineral partir dos residuais das para pastagem região de Serra da Mesa, em suas diversas Tocantins, citando-se como
Sub-bacia 20 Chapadas do Alto Rio plantada ou pequenas fisionomias: abertas exemplo o rio Maranhão.
(níquel) na parte central onde um total de 492
da sub-bacia (nas Maranhão e Planalto do lavouras irrigadas de espécies foi assinalado, (campo limpo, campo sujo, Por outro lado, a região do
proximidades dos Distrito Federal. hortícolas e olerícolas, dentre as quais 313 aves, campo cerrado) e densas rio das Almas, importante
municípios de A drenagem contorna quando em vales 104 mamíferos, 99 répteis (Cerrado stricto sensu e formador do rio Tocantins,
Niquelândia e Barro residuais e ingressa na aplanados. e 43 anfíbios. cerradão), sendo as encontra-se desprovida de
Alto). Depressão do Alto formações florestais proteção por UCs.
Tocantins. ripárias relacionadas aos
fundos de vale.
Sub-Bacia
Susceptibilidade à
erosão e potencial Geomorfologia Pedologia Fauna Flora Áreas protegidas
mineral
Subordinadamente sendo interceptadas por Ocorrência de solos Florestas estacionais Parte do Corredor
zinco, ouro, titânio, formações serranas. de baixa semideciduais e deciduais Ecológico Paranã –
ilmenita, calcário, cobre O rio Tocantinzinho potencialidade marcam a paisagem ao Pirineus está inserida
e fosfato. percorre a seção agrícola (Cambissolos sul/sudeste e leste. nessa sub-bacia.
meridional do Complexo cascalhentos e
Montanhoso Veadeiros- Neossolos Litólicos),
Araí, com forte grau de bem como Latossolos
incisão da drenagem em Vermelhos Distróficos
metassedimentos em chapadas e
Cont. chapadões utilizados
falhados da Formação
Sub-bacia 20 Arraias. com lavouras de
grãos.
Inclui ainda o rio das
Almas, que nasce no Nitossolos Vermelhos
Planalto do Alto Eutroférricos e
Tocantins-Paranaíba, Latossolos Vermelhos
separado da bacia do rio Distroférricos, na
Maranhão pelo região do Vale do São
Complexo Barro Alto. Patrício em Goiás, na
serra de Niquelândia.
Sub-Bacia
Susceptibilidade à
erosão e potencial Geomorfologia Pedologia Fauna Flora Áreas protegidas
mineral
O Planalto do Alto próximo à represa de
Tocantins-Paranaíba Serra da Mesa e em
apresenta grande Minaçu.
extensão superficial com Esta região apresenta
predisposição aos a segunda maior
processos erosivos. Alta concentração de
vulnerabilidade também terras, em seguida à
Cont. pode ser evidenciada sub-bacia 29,
nas escarpas das serras consideradas aptas
Sub-bacia 20 Dourada, do Encosto e para agricultura, quer
Branca, associadas a sob manejo
rochas intrusivas tecnificado e
graníticas. capitalizado ou não.
Sua porção sudoeste
é a que concentra a
maioria destas terras.
3. CARACTERIZAÇÃO SOCIOECONÔMICA
A caracterização socioeconômica da Bacia do Tocantins inicia-se com a análise da estrutura
produtiva dominante na Bacia e a avaliação de sua dinâmica econômica, identificando-se
especificidades e regularidades espaciais no âmbito dos Estados, de seus principais
municípios e das sub-bacias. Na seqüência, descreve-se a evolução populacional, densidade
média municipal e, ainda, o comportamento da urbanização nestes mesmos espaços. Com
esse conhecimento acumulado, são examinados: os desdobramentos na rede urbana e a
hierarquia de seus centros urbanos; as condições sociais em termos de sinalizações da renda
monetária e provisão de bens e serviços públicos oferecidos à população residente; o
comportamento das finanças municipais.
Caracterização Socioeconômica
MACROPROCESSOS
MACROPROCESSOS
MACRO–PROCESSOS
DOMINANTES Sustentabilidade
Estrutura Produtiva Econômica
Dominante
Níveis de desempenho /
produtividade
Crescimento Econômico (PIB)
Condições de Vida
Pressão sobre Pressão sobre
as populações Recursos Naturais
tradicionais e Ecossistemas
Sustentabilidade Sustentabilidade
Social Pressão Antrópica
MATRIZ INSTITUCIONAL
Municípios UF VA TOTAL
Em R$ 1.000 % do total
Fonte: IBGE
Elaboração: Consórcio CNEC-ARCADIS Tetraplan
Dos 10 municípios com maior PIB da Bacia, 4 encontram-se no Estado do Pará, 4 estão em
Goiás, 1 no Maranhão e 1 no Tocantins e coincidem, respectivamente, com a Sub-bacia 29, a
Sub-bacia 20, a Sub-bacia 23 e a Sub-bacia 22. Assim, as maiores economias da Bacia
encontram-se em seus extremos norte e sul, verificando-se um “vazio econômico” em sua
parte central, que corresponde, em linhas gerais, aos Estados do Maranhão e do Tocantins, e
às sub-bacias 21, 22 e 23.
Conforme ilustram as tabelas que seguem, os municípios dos Estados do Pará e de Goiás
concentram 75,7% do Valor Agregado total da Bacia e as sub-bacias 20 e 29 são
responsáveis por 68,2% deste.
VA médio por
VA TOTAL
Nº município VA per capita
UF (em milhões de % do total
municípios (em milhões (em mil reais)
reais)
de reais)
Fonte: IBGE
Elaboração: Consórcio CNEC-ARCADIS Tetraplan
VA médio por
VA TOTAL
Nº município VA per capita
Sub-bacia (em milhões de % do total
municípios (em milhões (em mil reais)
reais)
de reais)
(a)
20 53 4.981,1 32,3% 94,0 5,34
Dado que este último possui informações mais detalhadas, disponibilizadas pelo Ministério do
Trabalho e Emprego através da RAIS, será utilizado como base de informações para verificar
como se estrutura a produção na Bacia do Tocantins.
Conforme se observa na tabela que segue, todos os Estados que compõem a Bacia do
Tocantins apresentam predominância dos empregos no setor terciário da economia. No
entanto, os Estados do Pará e de Goiás são os que apresentam menor porcentagem de
empregados no setor de serviços e maiores porcentagens nos outros dois setores.
Fonte: RAIS
Elaboração: Consórcio CNEC-ARCADIS Tetraplan
Fonte: RAIS
Conforme se observa na tabela que segue, quatro atividades econômicas são responsáveis
por 80,9% do total de empregos no setor de serviços na Bacia do Tocantins, e quase metade
destes concentram-se na administração pública. Ou seja, por meio destes resultados, e
conforme observado anteriormente na magnitude dos V.A. municipais, infere-se a existência
de uma grande quantidade de municípios na região com economias de pequeno porte, com
alta dependência do setor público na absorção da mão de obra existente.
Serviços de
alojamento, Administração
Comércio alimentação, Total
Construção civil pública direta e Sub-total 3
varejista reparação, Serviços
manutenção, autárquica
UF etc.
Empregos
Empregos
Empregos
Empregos
Empregos
Empregos
(a) (a) (a) (a) (a)
% % % % %
MA 527 1,6 8.835 27,2 2.531 7,8 11.302 34,8 23.195 71,4 32.497
PA 7.787 14,2 11.909 21,8 2.899 5,3 22.347 40,8 44.942 82,1 54.743
GO 2.978 3,3 22.679 25,2 9.123 10,2 33.029 36,8 67.809 75,5 89.820
TO 7.684 6,5 14.763 12,6 4.231 3,6 75.649 64,4 102.327 87,1 117.504
TOTAL 18.976 6,4 58.189 19,8 18.784 6,4 142.327 48,3 238.273 80,9 294.564
Sub
Bacia 2.905 4,0 18.200 25,1 8.032 11,1 24.270 33,5 53.407 73,8 72.371
20
(a) Porcentagem do total geral do Estado
Fonte: RAIS
Elaboração: Consórcio CNEC-ARCADIS Tetraplan
3 Inclui categorias não mostradas nesta tabela, tais como “serviços industriais de utilidade
pública, comércio atacadista, ensino, serviços médicos e odontológicos, etc.”.
Consórcio CNEC - ARCADIS Tetraplan 220
Empresa de Pesquisa Energética – EPE
Avaliação Ambiental integrada - AAI da Bacia do Rio Tocantins e seus Formadores
Relatório P2 – Caracterização da Bacia Hidrográfica do Rio Tocantins
O setor industrial
Com relação às indústrias, os dados da RAIS mostram que aproximadamente 80% dos
empregados se concentram em 5 ramos da indústria, quais sejam, (1) fabricação de produtos
alimentícios e bebidas, (2) fabricação de produtos de madeira e móveis, (3) fabricação de
produtos químicos, (4) fabricação de produtos minerais não metálicos, (5) metalurgia básica e
fabricação de produtos de metal, excluindo-se máquinas e equipamentos (conforme tabela a
seguir).
Nota-se, portanto, que estas principais atividades industriais estão diretamente relacionadas
às atividades produtivas do setor primário da economia, seja a extração de madeira, seja a
mineração, seja a agricultura ou a pecuária.
Também da tabela abaixo, percebe-se que os municípios do Pará e de Goiás são os que
apresentam maior número de pessoal empregado nas indústrias, respondendo por 29,3% e
51,9% do total de empregos neste setor.
5 Inclui categorias não mostradas nesta tabela, tais como “serviços industriais de utilidade
pública, comércio atacadista, ensino, serviços médicos e odontológicos, etc.”.
Consórcio CNEC - ARCADIS Tetraplan 221
Empresa de Pesquisa Energética – EPE
Avaliação Ambiental integrada - AAI da Bacia do Rio Tocantins e seus Formadores
Relatório P2 – Caracterização da Bacia Hidrográfica do Rio Tocantins
Fabricação Metalurgia
Fabricação
Fabricação Fabricação de básica e
de
de produtos de produtos fabricação Sub- Total
UF produtos 5
alimentícios produtos minerais de Total Indústria
de madeira
e bebidas químicos não produtos
e móveis 4
metálicos de metal
Além disso, os dados da RAIS mostram que as atividades industriais são mal distribuídas na
Bacia do Tocantins. Um único município – Anápolis – é responsável por aproximadamente
25% do total de empregos no setor, ao passo que 5 municípios concentram quase 50% do
total de empregos do setor industrial na Bacia (v. tabela seguinte).
Número de
% do total
empregos
Fonte: RAIS
Elaboração: ARCADIS Tetraplan
Empregos
Empregos
Empregos
Empregos
Empregos
(a) (a) (a) (a) (a)
% % % % %
PA 6.403 74,4 159 1,8 1.920 22,3 114 1,3 8.596 99,9 8.604
GO 10.462 80,8 444 3,4 867 6,7 1.145 8,8 12.918 99,8 12.945
TO 5.308 86,7 353 5,8 52 0,8 372 6,1 6.085 99,4 6.124
TOTAL 23.713 76,6 2.662 8,6 2.856 9,2 1.666 5,4 30.897 99,8 30.971
SUB 7.321 77,2 287 3,0 867 9,1 1007 10,6 9.482 100,0 9.485
20
(a) Porcentagem do total geral do Estado
Fonte: RAIS
Elaboração: ARCADIS Tetraplan
Fica claro, portanto, que apesar de terem históricos de ocupação distintos, tanto a porção
norte da Bacia, quanto a parte sul apresentam estruturas econômicas altamente dependentes
dos recursos naturais.
A maior parte dos municípios, no entanto, apresenta economia de pequeno a médio porte,
voltada para as atividades agropecuárias e com grande número de pessoas ocupadas no
setor de serviços, principalmente na administração pública.
Visto que a economia da região depende em grande medida dos recursos naturais, e que
mesmo os municípios mais industrializados dependem destes, cabe analisar os principais
recursos explorados economicamente na região e onde se localizam espacialmente.
A área plantada total na Bacia do rio Tocantins é de 1,13 milhões de hectares, sendo que a
maior parte se concentra nos Estados de Goiás e Tocantins, que respondem por 42,2% e
33,8% dessa área respectivamente. Este resultado é esperado na medida em que estes são
os dois Estados que possuem maior número de municípios integrando a Bacia do Tocantins,
bem como a maior área dentro da Bacia, conforme se pode observar na tabela que segue. O
Mapa C3 – Área Plantada, no Caderno de Mapas C do Atlas do projeto, apresenta tal
informação espacializada, por município.
Se analisado com relação à área total de cada Estado dentro da Bacia, observa-se que Goiás
é o Estado que apresenta maior porcentagem de área plantada, seguido por Maranhão,
Consórcio CNEC - ARCADIS Tetraplan 224
Empresa de Pesquisa Energética – EPE
Avaliação Ambiental integrada - AAI da Bacia do Rio Tocantins e seus Formadores
Relatório P2 – Caracterização da Bacia Hidrográfica do Rio Tocantins
Tocantins e Pará. Por outro lado, o Pará é o Estado que apresenta a maior área plantada
média por município. Isso ocorre porque os municípios do Pará possuem grandes extensões
territoriais, de forma que, ainda que tenham uma grande área plantada, a mesma não ocupa
grande parte do seu território. O Mapa C4 – Área Plantada com relação ao Tamanho dos
Municípios espacializa tal informação.
Uma diz respeito à magnitude da área plantada em si, em termos absolutos, que mostra a
importância desta área no contexto da Bacia. A outra é a análise da área plantada com
relação ao tamanho do município, que, diferentemente da primeira, mostra a importância da
área plantada para o município.
Dos mapas, percebe-se que a agricultura se distribui na Bacia em quatro regiões, quais
sejam: (1) na porção sul, no Estado de Goiás, coincidindo com a Sub-bacia 20, (2) no estado
do Tocantins, ao redor de Palmas, na Sub-bacia 22, (3) na fronteira do Tocantins com
Maranhão, na região de Campos Lindos - Sub-bacia 23 e (4) no Pará, na Sub-bacia 29. No
entanto, com relação ao tamanho dos municípios (mapa C-4), indicando a importância da
agricultura para aquele território, apenas as 3 primeiras regiões citadas aparecem com
importância. No Pará, conforme se verá mais adiante, a agricultura é menos importante que a
pecuária bovina, atividade que prevalece na região.
Os principais produtos cultivados na região são soja, milho e arroz, conforme indicado no
gráfico a seguir. O gráfico que lhe segue mostra os principais produtos cultivados nas Sub-
bacias.
500.000
450.000
400.000
350.000 Outros
Soja (em grão)
300.000
(Hectares)
Pelo gráfico, fica claro que os grãos vêm efetivamente dominando a região da Bacia como um
todo, com destaque especial para a soja, que é o produto dominante nas Sub-bacias 22 e 23,
com papel importante também na 20, onde divide com o milho o papel de principal produto.
Nas Sub-bacias 21 e 29, a predominância é de milho e arroz. Cabe destacar que a única
Sub-bacia onde a soja não aparece é a 29.
Pecuária
Observa-se na tabela anterior que, apesar do rebanho nos municípios de Goiás (Sub-bacia
20 e parte da 21) ser quase da mesma magnitude do rebanho nos municípios do Pará (Sub-
bacia 29), este último apresenta uma densidade bovina superior, a despeito de seus
municípios possuírem grandes extensões territoriais, e um rebanho médio por município
muito maior que os demais Estados.
Os municípios do Tocantins (Sub-bacia 22 e parte das Sub-bacias 21 e 23), por outro lado,
apesar de apresentarem rebanho bovino significativo, apresentam densidade de animais e
rebanho médio municipal reduzidos. Isso significa que o número elevado do rebanho bovino
total se dá muito mais em função do grande número de municípios do que pela importância
da pecuária propriamente dita. Segundo este raciocínio, os municípios do Maranhão, apesar
de somarem um rebanho total menor que os municípios do Tocantins, têm na pecuária uma
atividade mais importante do que este último.
claramente que as maiores densidades de animais estão nos extremos norte e sudoeste da
Bacia. Neste mapa também se pode observar que existe um vazio na parte leste da Bacia,
onde a pecuária bovina não tem tanta importância.
Extrativismo Vegetal
Apesar de existir extração vegetal de produtos alimentícios, tais como açaí, castanha do Pará
e palmito, e de oleaginosas, como babaçu e pequi, os produtos madeireiros – lenha, carvão
vegetal e madeira em tora – são os que realmente apresentam expressão dentro do conjunto
de extração vegetal na Bacia do Tocantins.
Madeira em
Carvão Lenha
Participação Participação tora Participação
UF vegetal (Metro
no total no total (Metro no total
(Tonelada) cúbico)
cúbico)
Tal como visto no panorama econômico da Bacia, os segmentos dominantes serão aqui
aprofundados em termos de comportamento passado, quantificando-se o ritmo de evolução
com as técnicas sugeridas de forma a sinalizar o comportamento futuro. Com isso, enriquece-
se a construção das perspectivas de comportamento da Bacia.
Enquanto o Valor Agregado Nacional apresentou crescimento real de 28,7% entre 1999 e
2003, a uma média anual de 6,5%, o Valor Agregado dos municípios integrantes da Bacia
Hidrográfica do Rio Tocantins cresceu 23,6% no mesmo período, ou seja, um crescimento
anual médio de 5,4%. Portanto, o crescimento econômico dos municípios da Bacia do
Tocantins foi inferior ao crescimento médio nacional.
do Tocantins e de Goiás, por outro lado, foram os que apresentaram maior crescimento do
Valor Agregado, sendo, inclusive, superior à média da Bacia.
Crescimento
real Crescimento
UF 1999 2000 2001 2002 2003
Anual Médio
1999-2003
De todo o crescimento do Valor Agregado na Bacia entre 1999 e 2003, cujo valor foi de R$
3,1 milhões, ou 23,6%, quatro municípios foram responsáveis por quase 50% e 16 municípios
responderam por 75% do crescimento total, conforme tabela a seguir.
Tabela 42 - Crescimento do Valor Agregado nos municípios que mais contribuíram para
o crescimento da Bacia, 1999 – 2003, em reais constantes de 2003
O crescimento nos Estados da Bacia foi maior entre 1999 e 2001, ocorrendo uma diminuição
nas taxas de crescimento após este período. No total do Brasil, ao contrário, entre 1999 e
2000, verificou-se um decréscimo, com posterior crescimento até 2003. Em se confirmando
esta tendência, seria de se esperar que os municípios da Bacia do Tocantins percam
importância econômica frente à média dos municípios brasileiros e, dentro da Bacia, que os
municípios do Maranhão sejam cada vez menos importantes do ponto de vista econômico.
Agricultura
A evolução assistida pela agricultura nos municípios da Bacia, conforme se pode observar no
gráfico que segue, foi de trajetória decrescente desde 1990 até aproximadamente o final da
década, quando se observa uma retomada do crescimento da área plantada. A exceção
consiste nos municípios do Pará, que não assistiram esse decréscimo na década de 90 e
apresentaram ligeiro crescimento até o início dos anos 2000, quando ocorre, então, uma
estagnação.
600.000
GO Sub 20 TO
500.000 PA MA
400.000
(Hectares)
300.000
200.000
100.000
0
90
91
92
93
94
95
96
97
98
99
00
01
02
03
04
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19
20
20
20
20
20
Fonte: PAM - IBGE
Mais do que isso, tanto no Estado de Goiás como no Tocantins, assim como na Sub-bacia
20, especificamente, a perspectiva é que o crescimento da agricultura ocorra em função do
aumento no plantio da soja. Ao se analisar a evolução dos principais produtos cultivados nos
municípios desses Estados e dessa Sub-bacia, observa-se que o único produto que
apresentou crescimento expressivo de área plantada foi a soja. Não é descabido afirmar,
portanto, que o crescimento da área plantada na Bacia do Tocantins ocorreu quase que
exclusivamente em função da soja, em Goiás e no Tocantins.
Pecuária
Por outro lado, levando-se em conta que a Bacia Hidrográfica do Tocantins conta com 79
municípios do Estado de Goiás, 98 municípios do Estado do Tocantins e apenas 24
municípios do Pará, conclui-se que a pecuária nestes últimos municípios é muito mais
importante que nos demais. Nesta mesma linha de raciocínio, os municípios do Maranhão,
apesar de apresentarem um rebanho bovino pequeno em valores absolutos, apresentam um
rebanho municipal médio superior ao dos municípios do Tocantins e muito próximo ao dos
municípios de Goiás.
Além disso, observando-se as curvas de crescimento nos gráficos que seguem, percebe-se
que o rebanho bovino paraense cresce a taxas muito elevadas. Em menor medida, os
Consórcio CNEC - ARCADIS Tetraplan 231
Empresa de Pesquisa Energética – EPE
Avaliação Ambiental integrada - AAI da Bacia do Rio Tocantins e seus Formadores
Relatório P2 – Caracterização da Bacia Hidrográfica do Rio Tocantins
6.000.000
PA GO TO MA
5.000.000
4.000.000
Efetivo Bovino
3.000.000
2.000.000
1.000.000
0
90
91
92
93
94
95
96
97
98
99
00
01
02
03
04
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19
20
20
20
20
20
600
PA MA TO GO
500
(Base 1990 = 100)
400
300
200
100
0
90
91
92
93
94
95
96
97
98
99
00
01
02
03
04
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19
20
20
20
20
20
Por outro lado, nos municípios de Goiás e do Tocantins pode se esperar um crescimento do
rebanho bovino, porém a taxas inferiores às dos primeiros. Caso a produção de soja continue
crescendo nestes dois Estados às mesmas taxas observadas nos anos recentes, é de se
esperar que o crescimento do rebanho bovino seja a taxas inferiores às observadas nos
gráficos anteriores.
3.1.5. Perspectivas
A economia da Bacia do rio Tocantins, com suas produções intensivas em capital (mineração
e as atividades componentes do denominado agronegócio - grãos e pecuária), é voltada
basicamente aos mercados nacional e internacional. Os produtos podem ser considerados
como mercadorias caracterizadas como commodities, ou seja, aquelas que têm um processo
de formação de preços globalizado e complexo (dado o grande número de produtores e
mercados consumidores) e, neste sentido, os produtores individuais colocam-se como
“tomadores de preços” e/ou ficam na condição de não terem como influenciar os preços que
são formados desse modo descrito.
Tendo isso em conta, adiciona-se que as tendências de demanda dos mercados mundiais
para esses produtos podem ser consideradas crescentes de modo estável a longo prazo,
com poucas oscilações significativas.
Nessa avaliação, deve-se introduzir a questão dos bio-combustíveis, que deverão participar
de modo crescente do mercado de energia nas próximas décadas, tornando as terras
agriculturáveis para essas produções (cana-de-açúcar, mamona, certos grãos etc), que
existem em grandes dimensões na Bacia, ainda mais requisitadas para tais finalidades.
Portanto, esse é um fator adicional que atua do lado da demanda e que deverá estimular
ainda mais tais produções existentes na Bacia, principalmente na sua porção sul, podendo,
portanto, se intensificar também nas Sub-bacias 21, 22, e 23, onde houver condições de solo
adequadas. Em síntese, considerando as vocações produtivas já praticadas na Bacia e as
tendências dos mercados consumidores, é certo que se assistirá a uma crescente ocupação
das áreas ainda disponíveis e uma intensificação do capital aplicado, de modo a incrementar
dentro das unidades produtivas (“intra-muros”) os padrões de produtividade e de qualidade
prevalecentes, considerando-se também as exigências crescentes dos mercados.
Nesse sentido, são utilizados alguns indicadores relativos às finanças municipais como
aproximações para tratar o desempenho das finanças públicas municipais das 223
prefeituras.
Iniciando-se com o campo das receitas, cumpre mencionar que a estrutura das receitas
correntes municipais é formada por:
Receitas decorrentes da arrecadação de tributos municipais: impostos (IPTU, ISSQN,
ITBI), taxas e contribuição de melhoria;
Receitas decorrentes de transferências da União e do Estado, em função basicamente do
tamanho da economia municipal (valor adicionado ou PIB), da extensão territorial e do
Além do mais, considerou-se que para se avaliar as finanças municipais, qualquer que seja o
indicador, é importante trabalhar com uma série temporal, de maneira a eliminarem-se
comportamentos não generalizáveis. Dessa forma, utilizou-se o período entre os anos de
2000 e 2005, ressaltando-se que em alguns desses períodos existem alguns municípios da
área de estudo para os quais não há dados disponíveis.
120000000,00
100000000,00
Sub-bacia 20
80000000,00
Sub-bacia 21
60000000,00 Sub-bacia 22
Sub-bacia 23
40000000,00
Sub-bacia 29
20000000,00
0,00
2000 2001 2002 2003 2004 2005
16000000,00
14000000,00
12000000,00 Sub-bacia 20
10000000,00 Sub-bacia 21
8000000,00 Sub-bacia 22
6000000,00 Sub-bacia 23
4000000,00 Sub-bacia 29
2000000,00
0,00
2000 2001 2002 2003 2004 2005
35000000,00
30000000,00
25000000,00 Sub-bacia 20
Sub-bacia 21
20000000,00
Sub-bacia 22
15000000,00
Sub-bacia 23
10000000,00 Sub-bacia 29
5000000,00
0,00
2000 2001 2002 2003 2004 2005
Considerando-se a relação entre receita tributária e receita total, que permite avaliar a
capacidade dos municípios em gerar receita própria, percebe-se que, no período analisado, é
crescente a participação da receita tributária na total, mas essa relação ainda é considerada
baixa, com taxa inferior a 8% em todas as sub-bacias. O caso mais crítico é verificado na
Sub-bacia 23, onde essa taxa gira em torno de 3%.
0,140
0,120
0,100 Sub-bacia 20
Sub-bacia 21
0,080
Sub-bacia 22
0,060
Sub-bacia 23
0,040 Sub-bacia 29
0,020
0,000
2000 2001 2002 2003 2004 2005
Se for considerado o total de investimento realizado nos anos analisados, percebe-se que há
certa regularidade em termos dos municípios que mais investem, com destaque para Palmas,
Tucuruí, Parauapebas, Imperatriz, Marabá e Anápolis. Essa regularidade, no entanto, não
pode ser verificada quando se avalia a participação dos investimentos no total de despesas
realizadas pelos municípios, havendo uma mudança bastante grande no ranking de ano para
ano. Cabe destacar, no entanto, que os municípios que mais investem, anteriormente
mencionados, não figuraram em nenhum dos anos como aqueles cujos investimentos
representaram grande parte de suas despesas.
0,300
0,250
Sub-bacia 20
0,200
Sub-bacia 21
0,150 Sub-bacia 22
0,100 Sub-bacia 23
Sub-bacia 29
0,050
0,000
2000 2001 2002 2003 2004 2005
Por fim, se avaliado o Investimento per capita, no período analisado, também não se verifica
uma regularidade em termos dos municípios que mais investem, havendo um sensível
revezamento anual no ranking. Em termos das sub-bacias, o gráfico abaixo mostra que, em
geral, verifica-se um certo equilíbrio entre as sub-bacias, com patamares equivalentes, com
apenas dois pontos que fogem desse comportamento.
900,00
800,00
700,00 Sub-bacia 20
600,00
Sub-bacia 21
500,00
Sub-bacia 22
400,00
300,00 Sub-bacia 23
200,00 Sub-bacia 29
100,00
0,00
2000 2001 2002 2003 2004 2005
Os três indicadores referentes a itens da receita, medidos em termos médios para as sub-
bacias, a saber, a Receita total ou Orçamentária; Arrecadação de Imposto sobre Serviços de
Qualquer Natureza – ISS; e a Quota-parte municipal do Imposto sobre circulação de
mercadorias e serviços - QPM-ICMS - evidenciam que a Sub-bacia 29, que contém os
municípios de Marabá (um dos principais centros econômicos regionais paraense depois de
Belém), Parauapebas (onde constata-se a presença da Companhia Vale do Rio Doce) e
Tucuruí (onde se localiza a hidroelétrica de mesmo nome), situa-se num patamar muito acima
das demais sub-bacias. Em outras palavras, dadas suas condições econômicas, ao
possuírem um nível mais elevado de geração de renda ou valores mais elevados de seus
PIBs, possuem em decorrência um patamar mais elevado para os três indicadores
analisados.
Verifica-se também que todas as demais sub-bacias situam-se num patamar inferior ao da
Sub-bacia 29 e apresentaram pequenas oscilações no período com uma tendência
levemente crescente.
Por fim, tem-se o indicador “Receita Tributária/Receita Total” que retrata, conforme apontado,
o quanto as receitas tributárias (aquelas de competência municipal e, portanto, sob sua
administração, capacidade e interesse de arrecadar) participam na formação da receita total
dos municípios.
Esse indicador não se refere ao volume investido, mas ao que a prefeitura consegue
disponibilizar em termos percentuais para investir, após fazer frente às demais despesas, as
de custeio, onde os itens pessoal e pagamentos de serviços de terceiros normalmente
consomem a maior parte dos recursos, dependendo da qualidade da administração pública
municipal em questão.
Verifica-se que a Sub-bacia 29 aparece novamente em primeiro lugar nos anos finais da
série, com a mais alta capacidade de investimento no contexto da Bacia, seguida pela Sub-
bacia 23, que apesar de apresentar dependência de recursos transferidos, aparentemente,
pôde direcioná-los nesses anos para o investimento em proporção maior do que as Sub-
bacias 20, 22.
Por fim, o último indicador, Investimento Per Capita, aquilata também a capacidade de
investimento, mas mensurado por habitante, ou per capita, em que a quantidade investida
(volume de recursos em termos absolutos) e o contingente populacional determinam a
magnitude do indicador. Nos anos finais da série, verifica-se certa homogeneidade de
condições para todas as Sub-bacias.
Esses indicadores são importantes, pois, considerando os impactos que existirão no campo
das receitas para determinados municípios/sub-bacias, haverá sem dúvida alterações
significativas em seu comportamento.
3.2.2. Perspectivas
A expectativa é que o aperfeiçoamento das instituições democráticas do país por si só possa
colaborar para uma melhor qualidade da atuação dos poderes executivos municipais,
figurando o aprimoramento das finanças públicas municipais como item fundamental no
processo. A expectativa é que esse processo se faça presente na Bacia.
Além disso, há que se considerar a atuação de entes públicos, como a Caixa Econômica
Federal e o BNDES, que também mantêm programas de capacitação e melhoria na estrutura
administrativas dos municípios. A atuação desses entes é uma perspectiva que certamente
se impõe no âmbito dos municípios da Bacia.
Dos 223 municípios atualmente existentes na Bacia, 52 foram criados no período entre 1991
e 2000, sendo 7 no Estado do Pará, 5 no Maranhão, 32 no Tocantins e 8 em Goiás.
26% 27%
Sub-bacia 20
Sub-bacia 21
Sub-bacia 22
Sub-bacia 23
8% Sub-bacia 29
23%
16%
Por outro lado, objetivando manter a coerência temporal na análise de um quadro municipal
que tenha sofrido desmembramento territorial e criação de novos municípios, importa
conhecer as sucessivas mudanças ocorridas no quadro político-administrativo, especialmente
a partir da década de 90. Nesse sentido, propõe-se a utilização do conceito de Unidades
Territoriais Comparáveis, de forma a melhor entender o comportamento do crescimento
populacional, tal como especificado no Anexo XV do presente relatório, agrupando, no âmbito
da Bacia do rio Tocantins, 38 unidades territoriais - UT, sendo 8 em Goiás, 6 no Pará, 21 no
Tocantins e 4 no Maranhão, conforme demonstrado no anexo mencionado.
Como se mostrou na descrição do processo histórico, a Bacia vem passando por uma
dinâmica de expansão, fortalecida na década de 70/80, especialmente em função das
políticas de ocupação do território amazônico e devido à expansão da fronteira agrícola,
quando o cerrado passou a ser alternativa privilegiada para a expansão agrícola, valendo-se
das novas técnicas de mecanização e conseqüentes ganhos de produtividade.
Na década de noventa, essa dinâmica se arrefece relativamente e, entre 1991 e 2000, a taxa
de crescimento é 2,1% ao ano, valor próximo a um padrão vegetativo. Considerando os
Estados integrantes da Bacia, essa taxa se repete, pois é equivalente a dos Estados do Pará,
Tocantins e Goiás, e sendo superior à do Estado do Maranhão, que apresentou a menor taxa
de crescimento do período (1,5%).
seguintes, como novo centro da região, especialmente em função de seu papel político-
administrativo.
As considerações anteriores podem ser verificadas através dos dados constantes da tabela
anexa e no Mapa C-8 – Taxa de Crescimento Populacional 1991-2000, que reúne todos os
dados e informações mencionados.
Bacia
Pará 4.950.060 5.510.849 6.192.307 2,2 3,0 2,5
Por outro lado, ressalte-se que 118 municípios e/ou UT’s, 75% do total analisado, apresenta
densidade demográfica abaixo da média da Bacia. Sendo que, destes, 57 municípios
apresentam densidade demográfica abaixo de 5 habitantes por Km ².
Em relação às sub-bacias, corroborando as demais análises feitas até então, observa-se que:
A Sub-bacia 20 apresenta a maior densidade demográfica (13,87 hab/Km²) da área de
estudo, sendo inclusive, superior à média da Bacia, traduzindo sua expressão econômica.
Na seqüência estão as Sub-bacias 29 e 23, com densidade demográfica abaixo do valor
verificado para o total da Bacia, entre 9,59 hab/Km² e 8, 31 hab/Km²;respectivamente.
Por fim, seguem as menores densidades demográficas da região, situadas nas Sub-
bacias 21 e 22, (sendo que nesta última situa-se a área do Jalapão), na ordem de 4
hab/km².
12,13
22,30
sub-bacia 20
sub-bacia 21
sub-bacia 22
15,50 sub-bacia 23
sub-bacia 29
6,43
13,89
* Terra Indígena
Fonte: IBGE – Censo Demográfico 2000/ Órgãos Estaduais de Meio Ambiente/ Instituto
Socioambiental - ISA, 2006.
O grau de urbanização dos municípios (relação entre a população urbana e rural em um dado
município), no ano de 2000, de modo geral, é bastante variável, sendo que a grande maioria
(80%) está abaixo da média nacional (81,6%), fato explicado em grande parte devido aos
municípios da Bacia apresentarem economia de pequeno a médio porte, voltadas para
atividades agropecuárias (ver tabela correspondente no Anexo XV do presente relatório). Em
termos de unidades municipais, pode-se classificar o total dos municípios da Bacia do rio
Tocantins em cinco grupos:
Municípios que apresentaram taxa de urbanização acima da taxa nacional (81,6%),
consideradas, portanto, com “altíssima taxa de urbanização”. Fazem parte deste grupo 44
municípios, distribuídos próximos aos pólos regionais (Palmas, Imperatriz,Distrito Federal)
e, em grande parte na margem esquerda do rio, especialmente nas Sub-bacias 20 e 22;
Municípios que apresentaram “alta taxa de urbanização”, variando entre 64% e 80%.
Esse grupo é composto por 59 municípios espalhados pela área da Bacia, com maior
concentração na Sub-bacia 20;
Municípios que apresentaram “média taxa de urbanização”, variando entre 50,1%, no
município de Sítio Novo do Tocantins (TO) e 63,8%, no município de Novo Jardim (TO).
Esse grupo é composto por 45 municípios que se encontram distribuídos em toda a área
da Bacia, com maior concentração nas Sub-bacias 22 e 23;
3.3.5. Perspectivas
Com base na análise retrospectiva da taxa de crescimento populacional, taxa de contribuição
dos municípios para o crescimento da população total da Bacia e evolução da urbanização
pode-se antever algumas perspectivas do comportamento populacional da Bacia do rio
Tocantins.
Associada ao dinamismo econômico que parte dessa região vem vivenciando desde a
década de 70/80, especialmente em função das políticas de ocupação e consolidação da
pecuária no território amazônico e da expansão da fronteira agrícola, verificam-se
perspectivas de ascensão em relação ao crescimento populacional médio anual da Bacia do
rio Tocantins, porém não generalizada por toda a região. Considerando-se a dinâmica
econômica, pode-se antever um fortalecimento dos contrastes existentes no quadro atual, ou
seja, cada vez mais as Sub-bacias 20, a porção da margem esquerda do rio Tocantins na
Sub-bacia 21 e a Sub-bacia 29 se descolam das demais Sub-bacias, que evoluem
vegetativamente ou perdem contingentes. De forma associada, antecipa-se que a densidade
demográfica e o processo de urbanização devem seguir padrão de comportamento
semelhante.
Por fim, a tendência de aumento da população urbana, embora aponte maior dinamismo
populacional, intensifica a pressão sobre os recursos hídricos, devido à contaminação por
esgotos domésticos, uma vez que esta área apresenta condições de saneamento ambiental
precárias, como consta no item Condições de Vida da População Residente. Tal fenômeno
também faz supor uma pressão sobre a infra-estrutura econômica e prestação de serviços
públicos.
Outra característica observada é que há uma clara regularidade espacial no que tange ao PIB
per capita, situando-se nos extremos norte e sul da Bacia os municípios mais ricos, com
destaque para os pertencentes ao Estado de Goiás (Sub-bacia 20, alto Tocantins)
De acordo com dados do Atlas de Desenvolvimento Humano (2000), do total dos municípios
analisados, verifica-se que:
57 (26%) possuem mais de 90% de pessoas residentes em domicílios com acesso a
energia elétrica;
70 (32%) estão na faixa entre 70 e 89% de domicílios com acesso à energia elétrica;
60 (27%) estão no grupo com variação entre 50 e 69,9% de atendimento a esse serviço;
35 (16%) possuem menos de 50% de seus domicílios com acesso a energia elétrica.
De modo geral, percebe-se que a maioria dos municípios da Bacia do rio Tocantins são
deficientes em infra-estrutura de saneamento básico, principalmente em relação ao
esgotamento sanitário, apresentando amplas diferenças. Os índices são mais críticos no
Maranhão e no Pará e os melhores são encontrados em Brasília e Goiás.
Os dados relativos aos percentuais de domicílios com água encanada revelam baixo
atendimento desse serviço na maioria dos municípios da Bacia, agravando-se a situação nos
municípios menos urbanizados dos Estados do Tocantins e do Pará.
Dos municípios analisados, somente 38 (17%) estão acima da média nacional (80,75% das
pessoas vivendo em domicílios com água encanada), 34 desses municípios pertencem a
Goiás (localizados majoritariamente na Sub-bacia 20), e apenas três são municípios do
Estado do Tocantins (Palmas, Gurupi e Paraíso do Tocantins). Em contrapartida, 119
Consórcio CNEC - ARCADIS Tetraplan 249
Empresa de Pesquisa Energética – EPE
Avaliação Ambiental integrada - AAI da Bacia do Rio Tocantins e seus Formadores
Relatório P2 – Caracterização da Bacia Hidrográfica do Rio Tocantins
municípios (53%) possuem menos de 50% de domicílios com água encanada em seus
territórios, estando inclusos nesse caso os municípios dos Estados do Tocantins, Maranhão e
Pará, excetuando-se, no caso do Maranhão, os municípios de Imperatriz e Estreito e, no caso
do Pará, os municípios de Tucuruí e Parauapebas. Há ainda 32 municípios (6,9%)
distribuídos no baixo Tocantins, onde a cobertura desse serviço é irrisória, não chegando a
atender 20% dos domicílios. (v. tabela anexa e Mapa C13 – Percentual de Pessoas que
Vivem em Domicílios com Água Encanada).
No entanto, a maior parte dos municípios apresenta ainda grande carência quanto ao
abastecimento de água, o que certamente reflete nas baixas condições de vida dessa
população.
Cabe mencionar que no referido período houve a redução dos domicílios atendidos em seis
municípios: Buritirama, Sucupira, Sampaio e Bom Jesus do Tocantins, Limoeiro do Aruju e
São João do Araguaia, todos localizados na área ou nas proximidades da região do “Bico do
Papagaio” (Sub-bacia 23).
Com base nos dados mais recentes (2000), dos municípios analisados, somente 39 (18%)
estão acima da média nacional (que é de 91,16%), 108 (48%) estão na faixa entre 50 e
90,95% dos domicílios, e, por último, 75 (34%) possuem menos de 50% de seus domicílios
com coleta de lixo, concentrando novamente os piores resultados na área ou nas
proximidades do “Bico do Papagaio” (Sub-bacia 23). (ver tabela anexa e Mapa C14 –
Percentual de Pessoas que Vivem em Domicílios Atendidos por Coleta de Lixo). Excluir
Brasília
Os dados mostram uma regularidade espacial, que corrobora os demais indicadores sociais
analisados até então. Considerando as sub-bacias, verificam-se os seguintes resultados:
Sub-bacia 20 - a grande maioria dos municípios (84%) possui mais de 78% de pessoas
que residem em domicílios com coleta de lixo, o restante apresenta uma variação no
atendimento entre 76,88% (Planaltina) e 25,47% (São Salvador do Tocantins);
Sub-bacia 21 - novamente reflete as diferenças entre os Estados, na medida em que se
verifica que os municípios com maior cobertura localizam-se em Goiás e os com pior
cobertura inserem-se em Tocantins, onde há dois municípios com menos de 5% de
pessoas atendidas por esse serviço;
Sub-bacia 22 - Palmas e os municípios de seu entorno possuem mais de 78% de pessoas
que vivem em domicílios com coleta de lixo, localizando-se as piores coberturas desse
serviço na margem direita do rio Tocantins.
Sub-bacia 23 - também possui essa diferenciação entre os municípios da margem
esquerda e direita do rio, o que se explica pelo processo de ocupação e desenvolvimento
desse território, dinamizado pela construção da BR-153. Na referida Sub-bacia, a minoria
dos municípios (25%) atende pelos serviços de coleta de lixo mais de 70% de sua
população. As piores condições concentram-se no “Bico do Papagaio”, onde menos de
20% de sua população é atendida por esse serviço;
Sub-bacia 29 - identificam-se quatro municípios, cujo atendimento é superior a 79%,
sendo que a grande parte (46%) não atinge 50% de atendimento domiciliar. O caso mais
grave encontra-se no município de São João do Araguaia, cujo atendimento é inferior a
5%.
Em relação ao percentual de domicílios servidos por coleta de lixo, houve de modo geral,
entre os anos 1991/2000, uma evolução positiva no serviço para os municípios da Bacia do
rio Tocantins. Contudo, o atendimento desse serviço ainda é bastante insatisfatório, à medida
que a grande maioria dos municípios está muito aquém de atingir a média nacional (91,16%,
ano 2000).
O Mapa C14 – Percentual de Pessoas que Vivem em Domicílios Servidos por Coleta de
Lixo mostra a cobertura deste serviço na Bacia do rio Tocantins. EXCLUIR BRASÍLIA
Percentual de domicílios ligados à rede geral de esgoto ou pluvial
Cabe mencionar que, no período da pesquisa, não foi encontrado no IBGE dado referente à
cobertura da rede de esgoto em 1991, impedindo a análise da dinâmica da evolução.
Em suma, a presença de fossa séptica, embora seja predominante na área de estudo, ainda
se mostra insuficiente para a maioria dos municípios analisados, corroborando a situação
precária vista em todos os itens considerados no saneamento ambiental. Apresentam-se, no
Anexo XV, tabelas com as informações mencionadas.
A taxa de mortalidade infantil na Bacia do rio Tocantins é alta, possuindo em média 56,65
mortes em mil nascidos vivos, estando aquém do desejável em nível nacional. Os dados
obtidos (2000) indicam que os municípios do Estado de Goiás possuem as menores taxas de
mortalidade da área de estudo, variando entre 16,5 e 51,1 mortes de menores de cinco anos
em 1000 nascidos vivos. A taxa de mortalidade dos outros municípios está entre 27,59 e
131,93 mortes por 1000.
Em relação à taxa de mortalidade infantil até cinco anos de idade, houve sensível redução na
maioria dos municípios da Bacia do rio Tocantins no período 1991/2000, resultando em uma
queda média na taxa de 21,33 em mil nascidos vivos no total da Bacia. Somente 7
municípios, sendo 5 pertencentes à Sub-bacia 20 e 2 à Sub-bacia 23, permaneceram com
essa taxa praticamente inalterada no período 1991/2000.
Outra característica observada, a despeito das altas taxas de mortalidade infantil existentes,
refere-se ao avanço positivo desse indicador ocorrido nos municípios do Estado do
Tocantins, especialmente nos localizados nas Sub-bacias 21 e 22, e nos municípios do
Estado do Pará, localizados na Sub-bacia 29, próximos à foz do rio Tocantins.
Observa-se, na tabela a seguir, que a doença de veiculação hídrica com maior número de
registros da Bacia do rio Tocantins e seus formadores é a dengue, tendo-se registrado 794
casos em 2005. O maior número desses registros (540) aconteceu nos municípios do Estado
do Pará, na Sub-bacia 29, destacando a alta ocorrência nos municípios de São Geraldo do
Araguaia (183), São Domingos do Araguaia (124) e Marabá (108).
Quanto aos casos de amebíase, no total dos municípios da Bacia do rio Tocantins, registram-
se 12 casos em 2005, sendo que a metade com registro em Colinas do Tocantins, na Sub-
bacia 23.
Sub 21 19 2 Não há
Os casos de amebíase, no total dos municípios da Bacia do rio Tocantins e seus formadores,
apresentaram redução nos anos considerados. Somente os municípios do Estado de
Tocantins mostraram crescimento entre os anos 2000 e 2005.
De acordo com os resultados obtidos para cada indicador, pode-se dizer que as principais
questões que permeiam as baixas condições de vida das populações aqui referidas são:
A carência de serviços públicos destinados à população devido à dificuldade dos
governos municipais em prover estes serviços, tendo em vista o pequeno porte
econômico característico da grande maioria dos municípios em questão;
A renda em termos monetários (remuneração) mostrou-se uma das questões mais
problemáticas da região, sendo a dimensão do IDH-M que apresentou os piores
resultados, classificando a grande maioria dos municípios na faixa intermediária de
desenvolvimento, e 18% com baixo desenvolvimento humano;
As precárias condições de saneamento ambiental (domicílios sem acesso ao
esgotamento sanitário e coleta de lixo, sem se levar em consideração sua destinação e
tratamento) contribuem negativamente para a saúde da população, criando ambientes
propícios à proliferação de doenças e vetores, pressionando também o sistema público de
saúde municipal, que é em grande parte deficitário, levando a população a se deslocar à
procura de atendimento em outros municípios.
3.4.5. Perspectivas
Com base no panorama atual e na análise da “dinâmica de evolução” realizada para cada um
dos indicadores sociais aqui analisados, verifica-se na última década uma tendência positiva
nos resultados que se referem à educação e saúde, fruto de investimentos em políticas
públicas voltadas para essas questões. Essa melhoria é verificada especialmente nos
municípios do Estado do Tocantins, em parte explicado pelo volume de investimentos
federais decorrentes da recente criação do Estado, o mais jovem do território nacional.
Por fim, outro aspecto pouco promissor diz respeito à renda da população que, como visto na
dinâmica de evolução, foi a dimensão do IDH, que apresentou os piores resultados, com
tendência decrescente em alguns municípios da porção norte da Bacia, especialmente na
região do “Bico do Papagaio”, onde, como se sabe, ainda são recorrentes os conflitos pelo
uso e posse da terra.
Para entender melhor a questão das populações tradicionais, é fundamental entender sua
cultura, que está intimamente ligada às relações de produção e de sobrevivência. O
Professor Antonio Carlos Diegues enumera as seguintes características das culturas
tradicionais:
Dependência e até simbiose com a natureza, os ciclos naturais e os recursos naturais
renováveis a partir do qual se constrói um "modo de vida";
Conhecimento aprofundado da natureza e de seus ciclos, o que reflete na elaboração de
estratégias de uso e de manejo dos recursos naturais. Esse conhecimento é transferido
de geração em geração por via oral;
Noção de território ou espaço onde o grupo se reproduz econômica e socialmente;
Moradia e ocupação desse território por várias gerações, ainda que alguns membros
individuais possam ter-se deslocado para os centros urbanos e voltado para a terra dos
seus antepassados;
Importância das atividades de subsistência, ainda que a produção de mercadorias possa
estar mais ou menos desenvolvida, o que implica numa relação com o mercado;
Reduzida acumulação de capital;
Importância dada à unidade familiar, doméstica ou comunal e às relações de parentesco
ou de compadrio para o exercício das atividades econômicas, sociais e culturais;
Importância de mito e rituais associados à caça, à pesca e a atividades extrativistas;
A tecnologia utilizada é relativamente simples, de impacto limitado sobre o meio
ambiente. Há uma reduzida divisão técnica e social do trabalho, sobressaindo o trabalho
artesanal. Nele, o produtor e sua família dominam o processo de trabalho até o produto
final;
Fraco poder político, que em geral reside nos grupos de poder dos centros urbanos;
Auto-identificação ou identificação pelo outro de pertencimento a uma cultura distinta das
outras.
A partir das disposições constitucionais de 1988, originou-se a base legal para definir a
propriedade e a proteção do Estado quanto à preservação, demarcação, integridade e ao
respeito da territorialidade indígena. Em particular no artigo 231, está prescrita uma variedade
de elementos a respeito da natureza de vínculos de posse, ocupação e domínio. Assim as
terras indígenas são:
Bens da União;
Destinadas à posse permanente por parte dos índios;
São considerados nulos e extintos quaisquer atos jurídicos que afetem esse direito de
posse, exceto relevante interesse público da União;
Somente aos índios cabe usufruir as riquezas do solo, dos rios e dos lagos nelas
existentes;
A exploração dos recursos hídricos, a pesquisa e a lavra das riquezas minerais só
poderão ser efetivadas com a autorização do Congresso Nacional, ouvidas as
comunidades afetadas, ficando-lhes assegurada a participação nos resultados da lavra;
São gravadas de inalienabilidade e indisponibilidade, sendo o direito sobre elas
imprescritível;
Os índios não poderão ser removidos de suas terras, a não ser em casos excepcionais e
temporários, previstos no § 6º do artigo 231.
A legislação que hoje rege a questão indígena busca de alguma forma compensar os
habitantes nativos do território. Um número razoável de entidades não-governamentais e
alguns órgãos e entidades internacionais também caminham lado a lado com o Estado
brasileiro na luta pelo reconhecimento da importância cultural desses povos.
Nesse sentido, a caracterização das Terras Indígenas existentes na região da Bacia do Rio
Tocantins envolve a localização dessas terras e as especificidades etnográficas de seus
povos.
A tabela a seguir apresenta as Terras Indígenas(TIs) localizadas nos municípios dos Estados
de Goiás, Maranhão, Pará e Tocantins, que estão inseridos na Bacia do Rio Tocantins, com a
indicação do respectivo grupo indígena, o número de habitantes, a situação fundiária atual de
suas terras. O Mapa B11 – Unidades de Conservação, Terras Indígenas e Corredores
Ecológicos espacializa tal informação EXCLUIR BRASÍLIA .
Amanayés Amanayé 200 Rondon do Pará PA Decreto Estadual nº 306 de Em identificação 261.000
21/03/45
Portaria 640 de 19/06/98 cria GT
para identificar TI
Krikati Krikati 620 Montes Altos MA Portaria Ministerial 328 de Delimitada. 146.000 LT e Rodovia MA-280
Sítio Novo 07/07/92 declara de posse Implementação de cortam a área
permanente indígena. desocupação e
Amarante do Maranhão
demarcação da TI.
Indenização das
benfeitorias derivadas
de ocupação de boa-fé
Parakanã Parakanã 498 Itupiranga, Jacundá e PA Decreto 248 de 29/10/91 Homologada 351.697 Transferidos da TI
Tucuruí Pucuruí inundada pelo
lago Tucuruí. Rodovia
BR-230 no limite
Mãe Maria Gavião 414 Bom Jesus do Tocantins PA Decreto 93.148 de 20/08/86 Homologada 62.488 Rodovia PA-222, LT e
Parkatejê ferrovia cortam a área.
Hidrelétrica planejada:
Marabá
Xikrin do Kayapó 659 Parauapebas PA Decreto 384 de 24/12/91 Homologada. 439.151 Garimpo não indígena
Xicrin do intermitente.
Cateté Hidrelétrica Planejada:
Cateté
Itacaiúnas I
Trocará Asurini do 302 Tucuruí PA Decreto 87.845 de 22/11/82 Homologada 21.722 Rodovia PA-156 corta
Tocantins a área
Sororó Suruí 289 São Domingos Araguaia PA Decreto 88.648/83 Homologada 26.258 Entrada com ação
Aikewara para ampliar a área da
TI para incluir a área
do polígono dos
castanhais
Apinayé Apinayé 990 Tocantinópolis, TO Decreto s/n de 03/11/97 Homologada 141.904 Rodovia BR-230 corta
Maurilândia, Itaguatins a área. UHE Santo
Antônio planejada
Xerente Xerente 1.624 Tocantínia TO Decreto 97.838 de 16/06/89 Homologada 167.542 Rodovia TO-134 corta
a área
Kraolândia Krahô 1.790 Goiatins e Itacajá TO Decreto 99.062 de 07/03/90 Homologada 302.533,39
A tabela que segue apresenta as TIs distribuídas nas sub-bacias do Rio Tocantins. Observa-
se um maior número de grupos indígenas nas Sub-bacias 29 e 23, com conseqüente
concentração de populações nessas regiões.
Adicionalmente a lista de povos também pode ser alterada devido ao aparecimento de novas
etnias, seja quando se encontram índios "isolados", seja por meio das chamadas "identidades
emergentes". Se esses fatores podem fazer com que a lista aumente, ela também pode
diminuir, já que o risco de extinção de grupos inteiros não está totalmente afastado, como o
que pode ocorrer com o Grupo Avá-Canoeiro da Sub-bacia 20.
Tabela 50 - Terras Indígenas existentes por Sub- bacias Hidrográficas do Rio Tocantins
SB 23 3 Apinayés/Krikati/Kraolândia 3.400
SB 22 2 Funil/Xerente 1.814
SB 20 1 Avá – Canoeiro 10
Fonte: Banco de Dados Arcadis Tetraplan, 2006/ Povos Indígenas no Brasil, 1996-2000. São Paulo:
Instituto Socioambiental, 2000
Cabe ressaltar que, como ainda não há um censo indígena no Brasil, os cômputos globais
têm sido feitos – seja pelas agências governamentais (FUNAI, IBGE), pela Igreja Católica
(CIMI) ou pelo ISA – com base numa colagem de informações heterogêneas: enquanto a
FUNAI trabalha considerando que exista uma população de 450 mil índios em aldeias, o
IBGE constatou, no último censo (2000), que 734 mil pessoas se auto-identificaram como
indígenas no país. O IBGE utiliza o critério de auto-declaração e a FUNAI vale-se do princípio
de reconhecimento recíproco, isto é, ao se auto-declarar de uma determinada etnia, a
comunidade também deve reconhecê-lo como tal.
O processo de regularização das terras dos Avá-Canoeiro do Tocantins teve início em 1985,
quando se interditou, para fins de atração, uma área de 38.000 hectares localizada nos
municípios de Cavalcante e Minaçu (GO). A portaria destinava-se a preservar as áreas de
perambulação dos Avá-Canoeiro ainda arredios e a área então ocupada pelo grupo. Apenas
em 1996 a Terra Indígena Avá-Canoeiro foi declarada como de posse permanente dos
índios. A área encontra-se, no entanto, invadida por um grande número de ocupantes, que
esperam a indenização para se retirarem.
Os Kríkati tiveram suas terras invadidas por fazendas de gado desde o século XIX e só
tiveram seus direitos territoriais plenamente reconhecidos pelo Estado brasileiro em 2004,
depois de décadas de conflitos. Segundo o ISA, a FUNAI iniciou o processo de desocupação,
com o pagamento das benfeitorias, em 1999, porém até o ano de 2004, não havia
conseguido efetivar a extrusão de apenas cerca de 50% das ocupações. Enquanto isso, os
Krĩkati estão recebendo uma terra devastada, com poucas matas, sem caça e sem peixes.
Com extensão de 144.775 hectares, essa TI está localizada nos municípios maranhenses de
Montes Altos e Sítio Novo, a sudoeste do Estado. É banhada por rios e córregos das Bacias
do Tocantins (Lajeado, Arraia, Tapuio, entre outros) e Pindaré/Mearim. Aliás, o primeiro
destes importantes rios do Maranhão tem sua cabeceira dentro da Terra Indígena.
Os Krĩkati habitam hoje em duas aldeias: São José (a maior e mais antiga) e Raiz, fundada
poucos meses depois da conclusão da demarcação física da área, em 1999. Há ainda uma
aldeia (Cocal) composta por indivíduos Guajajara casados com algumas mulheres Krĩkati.
Gaviões
Os índios Gaviões vivem na Terra Indígena Mãe Maria, localizada no município de Bom
Jesus do Tocantins, no sudeste do Estado do Pará. Situada em terras firmes de mata tropical,
apresenta como limites os igarapés Flecheiras e Jacundá, afluentes da margem direita do
curso médio do Tocantins. 0 nome "Gavião" foi atribuído a diferentes grupos Timbira por
viajantes do século passado, que desse modo destacavam seu caráter belicoso.
De acordo com informações do ISA, “na primeira metade do século XX, os Gaviões de Oeste
distribuíam-se em três unidades locais autodenominadas conforme a posição que ocupavam
na Bacia do rio Tocantins. Embora atualmente estejam todas reunidas, a distinção entre as
três unidades permanece marcada. Há, contudo, uma autodenominação comum a todas,
como indica a placa na entrada da aldeia nova, onde se lê "Comunidade Indígena Parkatêjê",
figura de fato criada pelos Gaviões, como expressão da autonomia por eles conquistada em
1976, para fazer face aos novos desdobramentos das relações inter-étnicas”.
A caça constitui também ainda uma importante fonte de subsistência para os Gaviões,
embora seu consumo venha se restringindo às ocasiões cerimoniais, em virtude da escassez
gradativa, provocada pelos grandes desmatamentos nas redondezas. No entanto, veados,
caititus, porcos do mato, tatus, pacas, cutias e macacos (prego e guariba) são animais ainda
abatidos a espingarda, no interior da terra indígena.
A pesca, por sua vez, não é especialmente privilegiada pelos Gaviões. A confecção de
farinha de mandioca à maneira regional — dos tipos "puba" ou "seca" — era, em geral, feita
em grande quantidade por indivíduos de ambos os sexos para o abastecimento de todo o
grupo. Passaram depois a comprá-la dos comerciantes das redondezas, assim como os
outros bens industrializados (óleo, sal, açúcar, café, querosene, sabão, munição).
0 artesanato constitui um dos itens comercializados pelos Gaviões, em geral vendido pelo
próprio artesão aos visitantes da aldeia ou ainda em Marabá. Cabe aos homens mais velhos
a confecção dos itens da cultura material que ainda são utilizados pelos Gaviões, como os
instrumentos musicais — de sopro e de percussão — além dos arcos e flechas usados nos
jogos cerimoniais, por ambos os sexos.
Suruí
Os Suruí não possuem associação indígena. São poucos os que estão alfabetizados e
algumas crianças estudam em São Domingos do Araguaia. Existe uma escola na aldeia, mas
o seu funcionamento tem sido muito irregular. Um enfermeiro indígena mantém em
funcionamento, de forma precária, o posto de saúde. Os casos mais graves são
encaminhados para Marabá, a 100 quilômetros de distância. A situação alimentar deixa a
desejar, embora tenham introduzido o plantio de arroz e a criação de gado vacum. A caça
torna-se cada vez mais difícil, o mesmo acontecendo com a coleta. Durante certo tempo
receberam assistência da Companhia Vale do Rio Doce (alimentos, assistência médica,
implementos agrícolas e até mesmo um trator, atualmente inoperante), por meio do projeto
Carajás que, contudo, não teve continuidade.
Embora ainda tenham uma aldeia, as casas copiam os modelos das moradias regionais,
estando divididas em cômodos. Todos estão vestidos à moda ocidental, possuem objetos
como rádios, aparelhos de som, armas de fogo etc. As redes de dormir artesanais foram
substituídas por redes adquiridas em Marabá, mas ainda fabricam as tipóias feitas de
algodão para o transporte de crianças pelas mães. Os objetos de cerâmica foram substituídos
por peças industrializadas. Os homens não usam mais o cabelo comprido e a prática ritual de
perfuração do lábio inferior torna-se cada vez mais rara. Apesar de tudo, mantêm a utilização
da língua nativa e a prática dos rituais, além de um forte sentimento de identidade étnica.
Kayapó
O território kayapó está situado sobre o planalto do Brasil Central, ao sul do Estado do Pará e
ao norte do Mato Grosso. Nos anos 80 e 90, os Kayapó tornaram-se célebres na mídia
nacional e internacional pela ativa mobilização em favor de direitos políticos, da demarcação
de suas terras, e também pela forma intensa como se relacionam com os mercados locais,
em busca de produtos industrializados. No curso dessa mobilização, rostos como o dos
líderes Ropni (mais conhecido como Raoni) e de Bepkoroti (Paulinho Payakã), tornaram-se
mundialmente famosos, clicados pela imprensa ao lado de artistas, personalidades e grandes
chefes de Estado.
Paralelamente, Raoni havia conquistado auxílio internacional do cantor Sting, que resultou na
criação de organizações não-governamentais de proteção à floresta e aos Kayapó, como a
Rainforest Foundation e sua filial brasileira Fundação Mata Virgem (RABBEN, 1998).
No início dos anos 90, portanto, a associação dos Kayapó com o discurso ambientalista
internacional estava no auge. É possível que, dadas as circunstâncias, os líderes Kayapó
tenham se valido dessa representação para chamar a atenção da opinião pública
internacional acerca dos problemas que os afligiam, sobretudo a situação de suas terras. Mas
a imagem idealizada que parte do movimento ambientalista tinha dos Kayapó impediu de ver
que a defesa que estes faziam da floresta e da natureza não tinha um fim em si mesmo, nem
baseava-se numa suposta pureza silvícola.
No início dos anos 1960, os Parakanã Ocidentais haviam abandonado por completo a
horticultura, vivendo exclusivamente de caça e coleta, e de eventuais roubos de produtos de
roças alheias. Com a 'pacificação', a horticultura foi reintroduzida pelos funcionários da
FUNAI, com conseqüências importantes sobre a mobilidade e dieta do grupo. Essa
reintrodução deu-se na forma de grandes roças coletivas, abertas pelos índios sob a direção
do chefe do Posto, com o auxílio de motosserras e machados de metal. Nas roças, passou-se
a cultivar, também coletivamente, mandioca, milho, banana, arroz e feijão (cará, macaxeira e
batata-doce são plantadas separadamente pelas famílias faucleares).
Xicrin do Cateté
A área dos Xikrin do Cateté é banhada pelos rios Itacaiúnas e Cateté e situa-se em terras
firmes de mata tropical chamada nesta região de mata de cipó, no interior da jurisdição do
município de Parauapebas, mas mais próxima do núcleo urbano de Carajás. É rica em
mogno e castanheiras. Nas clareiras, há grande concentração de babaçu e nas regiões
pantanosas, ao sul, incidência de buriti. A maior aldeia bem como o posto da FUNAI, situa-se
à margem esquerda do rio Cateté, no lugar denominado pelos índios de Pukatingró, onde o
rio faz uma curva ampla, com praia e cachoeira rasa. A partir de 1993, iniciou-se a formação
de uma nova aldeia, em local denominado pelos índios Djudjê-Kô, com solo fértil para as
roças e rico em caça e peixe.
Os Xikrin constroem suas aldeias perto de rio ou igarapé, mas em terreno seco e bem
drenado. O espaço social constitui-se de uma praça central, com um círculo de casas ao
redor, e da mata circundante, com pequenas roças circulares. No centro da aldeia, está
situada a Casa dos Homens, espaço masculino, político, jurídico e ritual.
A configuração atual dos grupos Kayapó resulta de um longo processo de mobilidade social e
espacial, marcado pela constante formação de facções e cisões políticas. As histórias dessas
trajetórias cheias de tensões, conflitos, acusações de feitiçaria e epopéias de líderes, povoam
a memória dos Kayapó atuais, sempre contadas e recontadas dramaticamente e
detalhadamente pelos mais velhos. Após sua cisão do grupo ancestral Apinayé, ocorrida
aproximadamente no começo do século XVIII e após ter atravessado o rio Araguaia, os
Kayapó cindiram-se no final daquele século.
A TI Trocará é atravessada em toda a sua largura pela BR-153 que divide a área em duas
partes. A aldeia e o posto da FUNAI ficam a leste da estrada, na porção banhada pelo Rio
Tocantins. A parte situada a oeste é um retângulo de matas que constituem uma das últimas
florestas virgens de certa proporção na região.
Consórcio CNEC - ARCADIS Tetraplan 267
Empresa de Pesquisa Energética – EPE
Avaliação Ambiental integrada - AAI da Bacia do Rio Tocantins e seus Formadores
Relatório P2 – Caracterização da Bacia Hidrográfica do Rio Tocantins
A TI Trocará está encravada na região do Projeto Grande Carajás, que abrange o Estado do
Maranhão e partes do Pará e Tocantins. Este imenso programa de exploração mínero-
metalúrgica, que vem acompanhado de uma série de obras de infra-estrutura (como a
hidrelétrica de Tucuruí e a ferrovia que liga a Serra dos Carajás à São Luís), vem provocando
mudanças radicais em toda a estrutura socioeconômica da região habitada pelos Asuriní.
O território Asuriní não foi inundado pelo reservatório da UHE Tucuruí. Localizados à jusante
da barragem, os Asuriní sofreram o que se convencionou denominar "efeitos indiretos", ou
seja, as conseqüências das profundas transformações na estrutura socioeconômica da região
e das alterações ambientais resultantes da instalação da obra. Dentre tais transformações
está a instalação de uma série de fazendas na região. A TI Trocará encontra-se totalmente
cercada por fazendas de gado, constituindo-se numa das poucas áreas de mata que ainda
restam no município.
Apesar da pressão contínua sobre o território apinajé, somente em 1993 foi criado o Posto
Indígena de Vigilância Veredão, situado no limite norte, na beira da BR 230, no ponto em que
esta estrada atravessa a área indígena, como forma de fiscalizar a entrada dos veículos e
impedir assentamentos na beira da estrada. Este posto tem também a atribuição de impedir a
prática de atividades predatórias (desde a retirada de madeira, de folha de jaborandi, da caça
e pesca) ilegais.
Atualmente na área Apinajé existem oito escolas, uma para cada aldeia, com uma população
estudantil de 500 alunos aproximadamente.
Os movimentos sociais que atuam na região afirmam que, além de danos ambientais
irreversíveis, muitos dos empreendimentos governamentais na área acarretaram ainda uma
crescente valorização das terras da região. Em relação às populações indígenas,
acrescentam que o impacto positivo, via de regra, desta política tem sido certa atenção e
pressão de órgãos, até então governamentais, envolvidos diretamente no empreendimento
(como a ELETRONORTE e a CVRD, por exemplo) sobre a FUNAI, visando acelerar o
processo de regularização fundiária das terras indígenas afetadas devido às pressões dos
bancos multilaterais, em geral financiadores dos empreendimentos e sensíveis à pressão das
ONGs indigenistas e ambientalistas.
Para os Apinajé ter a BR 230 como limite representa uma ameaça constante à integridade de
seu território e à sua dignidade enquanto povo, dada a dificuldade de se controlar a invasão
de posseiros e entrada de caçadores, madeireiros, coletores; além da ameaça de instalação
dos chamados “bolichos”, pequenas vendas de cachaça e ponto de prostituição.
Xerente
O território Xerente - composto pelas terras indígenas Xerente e Funil - localiza-se no cerrado
do Estado do Tocantins, na banda leste do rio Tocantins, 70 km ao norte da capital, Palmas.
A cidade de Tocantínia, localizada entre as duas terras indígenas, tem sido, ao longo desse
século, palco de tensões entre a população local não-indígena e os Xerente. Desde a
fundação do Estado do Tocantins, em 1989, seu território é foco das atenções regionais (e
nacionais) devido à sua localização estratégica, encontrando-se atualmente rodeado de
projetos de desenvolvimento incentivados pelos governos federal e estadual, em parceria
com a iniciativa privada. Tais projetos contam em sua maioria com o apoio do capital
internacional (particularmente do japonês), interessados na produção de grãos,
principalmente da soja. Como conseqüência, os Xerente têm sido pressionados,
principalmente por parte da administração do governo estadual e dos moradores não-índios
das cidades circunvizinhas, para que aceitem a pavimentação de estradas que cortam seu
território e garantem a acessibilidade regional.
Os Xerente exploravam o cerrado por meio da caça e da coleta, associadas a uma agricultura
de coivara complementar. A amplitude territorial, portanto, foi sempre a condição básica de
constituição e reprodução do grupo. Não é por acaso que a identidade masculina Xerente
está associada diretamente à condição de "bom caçador", "andarilho" e "corredor". As
atividades de caça, pesca e coleta, bem como da agricultura, estão intimamente associadas
ao conhecimento que os Xerente possuem sobre a natureza, suas potencialidades e limites.
Outros itens importantes na dieta básica dos Xerente, como mel, frutos e raízes diversas, são
proporcionados pela coleta, atividade por meio da qual também se obtêm as plantas
medicinais. A pesca, que já foi uma importante fonte de alimentação para os Xerente, e a
caça têm sofrido escassez constante em virtude das pressões sobre os recursos naturais.
Cerca de quinze aldeias Krahô estão associadas à "Càpej — União das Aldeias Indígenas
Krahô". Por sua vez, as aldeias Rio Vermelho, Bacuri e Aldeia Nova fazem parte da Wyty
Cati, uma associação à qual estão afiliadas também aldeias de outros povos Timbira:
Apinayé, Krinkati, Pykobjê e Apanyekra.
A Wyty Cati tem sua sede junto à cidade de Carolina, no Maranhão. Conta com o apoio do
Centro de Trabalho Indigenista (CTI), que colabora na formação de professores indígenas. A
Wyty Cati também está relacionada, junto com algumas associações de produtores rurais do
sul do Maranhão e norte do Tocantins, a um projeto que tem por objetivo explorar
economicamente os recursos do cerrado, dando-lhe ao mesmo tempo proteção. Os
participantes do projeto trabalham na coleta de frutos do cerrado (caju, juçara, bacuri, buriti,
cajá, e futuramente araçá, murici, mangaba e bacaba), cuja polpa é extraída, congelada e
embalada em Carolina, sendo distribuída sob a marca FrutaSã.
O Pará e São Paulo são os Estados que possuem maior número de leis e normas sobre esta
matéria. É no Pará que se registra a iniciativa normativa mais antiga: o Decreto 663, de 20 de
fevereiro de 1992, que dispõe sobre a titulação das terras ocupadas pelas comunidades dos
quilombos. Chama a atenção o fato de que Estados como Bahia e Maranhão (que possuem
uma significativa população quilombola e cujas Constituições Estaduais determinam o
reconhecimento das terras de quilombo) não tenham regulamentado o processo de titulação
das terras de quilombo por meio de leis ou normas.
Cabe ressaltar, que o material sobre o tema é bastante escasso, principalmente o material
etnográfico, tanto nos órgãos oficiais, quanto nas universidades e organizações não-
governamentais, impossibilitando uma caracterização mais precisa dessas comunidades. As
informações são bastante dispersas e pouco sistematizadas e versam ainda sobre um
pequeno número de comunidades, em geral, as mais conhecidas. E ainda, os números que
tentam delimitar o total de comunidades quilombolas variam e, algumas vezes, contradizem-
se.
Estado de Goiás
Estado do Maranhão
Estado do Pará
Estado do Tocantins
SUB BACIA 20
SUB BACIA 21
SUB BACIA 22
SUB BACIA 23
SUB BACIA 29
Anilzinho / Aparecida / Araquembaua / Baião / Bailique Beira /
Bailique Centro / Baixinha / Balieiro / Boa Esperança / Boa
Vista / Campelo / Carará / Cupu / Fé em Deus / França /
Fugidos / Igarapé Preto / Igarapezinho / Joana Peres /
Mangabeira / Nova América / Pachural / Pampulônia / Paritá
Mirim / Pirizal / Poção / Santa Fé / São Benedito / São
Bernardo / Teófilo / Umarizal Beira / Umarizal do Centro /
Calados/ Cardoso / Porto de Oeiras / Prainha / Santa Fé e
Baião (PA) Santo Antonio / Tatituquara /Uxizal / Varzinha / Vila Dutra/
Adicionalmente, recorde-se que a história da escravidão no Pará foi marcada pela resistência
de negros e índios que buscaram a sua liberdade por meio da fuga, da construção dos
quilombos e da participação na Cabanagem. No século XXI, os descendentes dos quilombos
prosseguem na trajetória de luta constante por seus direitos. O alvo principal atualmente é a
titulação das suas terras. Tendo sido no Pará, no município de Oriximiná, que pela primeira
vez uma comunidade quilombola recebeu o título coletivo de suas terras, no ano de 1995.
A discussão política em torno desse tema atingiu novo patamar a partir de 1997, quando foi
aprovada, no município de Lago do Junco, região central do Maranhão, a Lei do Babaçu
Livre. Basicamente, ela garante às quebradeiras de coco do município e às suas famílias o
direito de livre acesso e de uso comunitário dos babaçus (mesmo quando dentro de
propriedades privadas), além de impor restrições significativas à derrubada da palmeira. Essa
iniciativa vem se alastrando e, atualmente, 13 municípios (oito no Maranhão, quatro no
Tocantins e um no Pará) possuem legislação do gênero.
Em 2003, o debate sobre o assunto passou a integrar a agenda política nacional, com a
criação de um projeto de lei que, em resumo, estende a Lei do Babaçu Livre para toda a área
dos babaçuais.
Há quatro reservas extrativistas na região dos babaçuais, todas criadas em 1992. Até o
momento, porém, apenas uma delas (a Reserva Extrativista Quilombo do Flexal, no
Maranhão) tem condições minimamente aceitáveis de regularização fundiária.
O argumento de que a Lei do Babaçu Livre viola o direito de propriedade privada marca
aquele que é, sem dúvida, o ponto mais polêmico dos debates em torno do tema. E foi
justamente com base nessa alegação que a relatoria do projeto no Congresso Nacional, fez
alterações profundas em seu texto original. Segundo esse relatório, ao afirmar que as matas
de babaçu são de usufruto comunitário das populações extrativistas, o projeto praticamente
dá a elas o direito exclusivo sobre tais áreas (“desapropriação indireta”).
Essa categoria de população não tradicional está espalhada ao longo do Rio Tocantins e tem
um modo de vida baseado na pesca, ainda que exerça outras atividades econômicas
complementares como extrativismo vegetal, artesanato e pequena agricultura, sendo possível
que se estabeleça a seguinte estratificação:
concentrados nos canais e lagos que secam, as mulheres (40%) e seus filhos largam o
extrativismo na terra firme para dedicarem-se à pesca.
A pescaria mais original da bacia é a de paredão com cacuri, no baixo Tocantins. Consiste
numa tapagem com 15m de comprimento, 4,0m de altura e com currais em coração, em
ambas as extremidades, fixada ao longo dos barrancos e das ilhas. Os cardumes que migram
rio acima são o principal alvo e existe uma simbiose interessante entre os pescadores e os
botos, que encurralam os cardumes de encontro ao paredão forçando-os a penetrar nos
currais, onde ficam presos. Como recompensa, os pescadores alimentam os botos com
alguns dos peixes capturados. Uma característica desta pesca é que os botos "treinados"
aparentemente reconhecem os donos dos respectivos paredões, com quem são bastante
dóceis. Mas, caso um pescador tente pescar em um paredão alheio, o mesmo animal pode
tornar-se arredio.
Todavia, mesmo nas colônias mais atuantes, "o nível de organização" é bastante precário e
os pescadores permanecem marginalizados, com difícil acesso ao crédito e às facilidades de
estocagem, de informações sobre o preço; de comercialização ou de atendimento médico-
odontológico. Não obstante os exemplos regionais de sucesso, nas reivindicações das
categorias dos mineradores de ouro ou dos realocados de Tucuruí, os pescadores nunca
acreditaram em sua capacidade de organização e sua motivação desaparece rapidamente
com uma boa safra.
Operando em um ambiente com infra-estrutura incipiente e sem apoio institucional que lhes
propicie uma organização efetiva, os pescadores profissionais permanecem presa fácil dos
"patrões de pesca", uma figura central no intrincado sistema de comercialização do pescado
em toda a Amazônia. Os "patrões" financiam a aquisição do material de pesca necessário,
bem como dos alimentos e remédios para as famílias dos pescadores. Tornando-se
endividados, os pescadores necessitam incrementar a eficiência de captura e sustentar um
nível de produção mais elevado, para pagar o empréstimo inicial. Se os pescadores recorrem
ao crédito dos "patrões" para a aquisição de novos gêneros, o endividamento pode arrastá-
los indefinidamente, de tal modo que, a longo prazo, as relações "patrão-pescador" influem
também no nível de pressão sobre os recursos pesqueiros.
Esta situação está contribuindo para a perda da cultura acumulada por gerações de
pescadores, que estão sendo forçados a mudar de atividade, indo trabalhar em garimpos,
madeireiras e em agricultura e pecuária, ou migrando para as cidades.
Nos seus quase 20 anos de existência, além de minério de ferro e manganês, a ferrovia
transporta, anualmente, cerca de 5 milhões de toneladas de produtos como madeira,
cimento, bebidas, veículos, fertilizantes, combustíveis, produtos siderúrgicos e agrícolas,
com destaque para a soja produzida no sul do Maranhão, Piauí, Pará e Mato Grosso;
Ferrovia Norte-Sul: um trecho ferroviário de 226 Km de extensão de linha singela e bitola
de 1,60 m, entre Estreito e Açailândia, no Maranhão, é a única parte implementada da
ferrovia que, uma vez integralmente implantada terá 1.980 km de extensão, permitirá a
conexão ferroviária entre as cidades de Goiânia e Belém do Pará. O mencionado trecho,
em operação comercial desde 1996, conecta a ferrovia à Estrada de Ferro Carajás,
permitindo o acesso ao Porto de Itaqui, em São Luís.
O rio Tocantins é um rio navegável e, em conjunto com os rios Araguaia e das Mortes (não
considerados no âmbito desse estudo), constitui importante alternativa de transporte,
especialmente para a o Estado do Tocantins e o leste do Estado do Mato Grosso, visto que
nessas regiões a infra-estrutura de transporte ferroviário é inexistente e a do transporte
rodoviário é precária.
A Hidrovia do Tocantins deverá ter uma extensão total de 1.152 km: 440 km entre Lajeado
(TO) e Estreito (MA), 429 km entre Imperatriz (MA) e Tucuruí (PA) e 250 km entre Tucuruí e a
foz. Se considerada no conjunto com o Araguaia, com quase mais de 1.900 km navegáveis,
possui um potencial altamente significativo para os fluxos de produção hidroviáveis da região.
Porém, a navegação é ainda incipiente, uma vez que a continuidade da navegação vem
sendo obstruída pela protelação da construção das eclusas que viabilizarão a navegação
pelo rio.
Peixe (TO) e Estreito Navegação regional ano todo descontinuada pela barragem da UHE 700 km
Lajeado6. Profundidades disponíveis: Dez/Jun h>2,5 m e Jul/Nov H>0,9m.
(MA)
Estreito (MA) – Navegação interrompida de Julho a Novembro pela presença da Cachoeira 100 km
de Santo Antonio7
Imperatriz (MA)
Imperatriz (MA) – Navegação regional o ano todo. Profundidades disponíveis: Dez/Jun h>2,5m 221 km
e Jul/Nov h>1,0m
Marabá (PA)
Marabá (PA) – Navegação descontinuada pela barragem de Tucuruí. Profundidades 208 km
disponíveis: Dez/Jun h>2,5m e Jul/Nov h>1,0m
Tucuruí (PA)
6
Em função disso, como afirmado acima, prevê-se a implantação da hidrovia a partir de Lajeado.
7
Portanto, esse trecho também está desconsiderado do projeto da Hidrovia.
Consórcio CNEC - ARCADIS Tetraplan 282
Empresa de Pesquisa Energética – EPE
Avaliação Ambiental integrada - AAI da Bacia do Rio Tocantins e seus Formadores
Relatório P2 – Caracterização da Bacia Hidrográfica do Rio Tocantins
Tucuruí (PA) – Belém Navegação regional o ano todo. Profundidades disponíveis: Dez/Jun h>2,0m 250 km
e Jul/Nov h>0,9m
(PA)
Fonte: AHITAR / Ministério dos Transportes / DNIT (2006).
3.6.1.4. Portos
Em termos portuários, cabe destaque ao Porto de Itaqui, em São Luís do Maranhão que,
apesar de estar fora da área da Bacia, representa uma importante alternativa para a
exportação de produtos da região ou para o transporte dos mesmos por cabotagem.
Administrado pela Empresa Maranhense de Administração Portuária – EMAP, tem como área
de influência os Estados do Maranhão e Tocantins, sudoeste do Pará, norte de Goiás e
nordeste de Mato Grosso. O porto é servido pela Companhia Ferroviária do Nordeste - FCN,
ligado à linha tronco São Luís – Parnaíba, da Superintendência Regional São e à Estrada de
Ferro Carajás (EFC), unindo a região do projeto Grande Carajás, no sudeste do Pará, ao
terminal da Ponta da Madeira, localizado no porto. O canal de acesso marítimo oferece
profundidade natural mínima de 27m e largura aproximada de 1,8km.
Além das instalações do Porto de Itaqui, o complexo portuário possui ainda dois Terminais
Privativos: (i) o de Ponta da Madeira, pertencente à Companhia Vale do Rio Doce - CVRD e
um dos maiores em movimentação de cargas do país, e (ii) o da ALUMAR, localizado no
Estreito dos Coqueiros.
A área abrangida pela Bacia Hidrográfica do Tocantins é servida por quatro aeroportos com
vôos nacionais regulares, operados pela Infraero, além de contar com uma série de campos
de pouso, utilizados apenas por táxi aéreos e empresas privadas. A seguir, apresenta-se uma
breve descrição dos aeroportos regulares.
Aeroporto de Palmas/Tocantins - Brigadeiro Lysias Rodrigues
Operado pela Infraero, o aeroporto ocupa um dos maiores sítios aeroportuários do Brasil e
possui localização privilegiada, próxima à Usina Hidrelétrica de Lajeado. O terminal de
passageiros possui área construída de 12.300 m2 e capacidade para atender até 370 mil
passageiros por ano. A pista de pouso e decolagem possui dimensões com aeronaves do
porte de um boeing 767. São três pistas de táxi aéreo e pátios de aviação geral para dar mais
flexibilidade às operações.
Aeroporto de Marabá
Aeroporto de Carajás
A Infraero administra este aeroporto desde novembro de 1980, tendo sido oficialmente
inaugurado no ano seguinte.A estrutura do terminal de passageiros, inicialmente construído
pela COMARA, foi modificada e ampliada em 1998, recebendo benfeitorias como a
construção de novas áreas de embarque/desembarque, além da ampliação do saguão e
climatização do terminal.
E, por fim, ainda existe uma série de outros aeródromos com vôos nacionais não regulares:
Goiás: Porangatu, Cavalcante, Iaciara, Posse, Niquelândia, Uruaçu, Monte Alegre de
Goiás, Campos Belos, Goianésia, Ceres e Formosa;
Tocantins: Augustinópolis, Tupirama, Miracema do Tocantins, Paraíso do Tocantins, Porto
Nacional, Brejinho de Nazaré, Dianópolis e Paranã.
Os principais trechos do Corredor Norte-Sul que estão inseridos na Bacia do Tocantins são
exatamente aqueles mencionados acima, ou seja:
420 km do rio Tocantins: significando que a hidrovia Araguaia-Tocantins é parte
importante do Corredor, mas que ainda não teve sua viabilização concretizada;
1.500 km da BR–010 (Belém-Brasília): interliga vários pólos urbanos de grande e médio
portes, com os centros regionais. Os municípios na margem direita do rio Tocantins, antes
integrados pela navegação, ficaram isolados pelo novo ramal, fazendo emergir novos
núcleos ao norte do Estado, como é o caso de Araguaína, e reforçando a importância
estratégica de Imperatriz, que passou a contar com o modal rodofluvial;
BR-230: Rodovia Transamazônica, que corta a região no sentido leste-oeste, em
operação no trecho Estreito (MA) a Itaituba (PA);
230 km da Ferrovia Norte-Sul e 600 km da Ferrovia dos Carajás.
Somam-se a esses 1.230 km navegáveis do Rio Araguaia, 580 km do Rio das Mortes em
Mato Grosso e 600 km da Ferrovia Carajás entre Açailândia (MA) e o Porto da Ponta da
Madeira em São Luís (MA), que estão fora da Bacia, mas que são fundamentais na
composição da estrutura do corredor.
É importante enfatizar que parte desse Corredor, no trecho entre Estreito (MA) e São Luís
(MA), pode ser utilizado para o escoamento da produção de grãos das regiões produtoras do
Sul do Maranhão e Piauí.
Em função dos bens e serviços ofertados em cada centro urbano, são delimitadas áreas de
influência diferentes, com um dado alcance territorial, que acabam definindo seu papel na
rede urbana, desde centros de âmbito nacional, até regional, zonal, sub-zonal e local, em
contraposição aos outros centros de uma dada área ou região, compondo uma organização
hierarquizada desses centros. Quanto maior e mais variado for o número de funções de nível
superior, maior o nível hierárquico atingido pelo centro urbano.
Consórcio CNEC - ARCADIS Tetraplan 285
Empresa de Pesquisa Energética – EPE
Avaliação Ambiental integrada - AAI da Bacia do Rio Tocantins e seus Formadores
Relatório P2 – Caracterização da Bacia Hidrográfica do Rio Tocantins
A análise da rede urbana e a hierarquia funcional dos centros urbanos da Bacia do rio
Tocantins permite referenciar a distribuição espacial das aglomerações urbanas e o padrão
de polarização diferenciado destas áreas. Esses resultados são descritos com base no
estudo Caracterização e Tendências da Rede Urbana do Brasil (IPEA, 2002).
No referido estudo do IPEA (2002), os centros urbanos integrantes da rede urbana foram
classificados e, conseqüentemente, determinada sua respectiva posição na hierarquia
funcional. As categorias espaciais identificadas no referido estudo foram:
Metrópoles Globais, Constituem aglomerações urbanas que se desenvolveram a partir de um núcleo constituído pela
capital do Estado. Tais centros exercem fortes funções polarizadoras, além da articulação
Nacionais e Regionais
espacial de aglomerações, sempre com algum grau de contigüidade, muitas vezes ao longo dos
eixos viários.
Centros Regionais Estrato intermediário da rede urbana. Algumas aglomerações urbanas são compostas de centros
que, em alguns casos, dividem as funções polarizadoras com subcentros da própria aglomeração.
A maioria das aglomerações urbanas nucleadas por centros regionais possui contigüidade
espacial, formando um conjunto de cidades articuladas.
Centros Locais e Estratos inferiores da rede urbana. Apresentam baixa ou baixíssima centralidade em relação aos
demais municípios em seu entorno, sendo normalmente polarizados pelos centros adjacentes.
Municípios
Subordinados
Fonte: IPEA, 2002
Como se comentou, a origem da rede urbana na Bacia do Tocantins está estritamente ligada
ao sistema de transporte rodoviário regional, que também foi base para a expansão da
fronteira agrícola e da pecuária em direção aos Estados do Tocantins, Maranhão e Pará. As
terras foram sendo incorporadas ao processo produtivo de forma extensiva, uma vez que foi
viabilizado o acesso da região aos mercados consumidores, por meio da implantação e
expansão da malha rodoviária.
Por outro lado, do ponto de vista da organização urbana, esses eixos rodoviários implantados
a partir de Brasília consolidaram a cidade de Goiânia como principal pólo de atratividade do
território goiano e mato-grossense. Já as ligações com Belém fortaleceram os processos de
polarização dessa cidade em relação aos municípios dos Estados do Pará e do Maranhão.
Gradativamente, a cidade de Imperatriz, no Maranhão, consolidou-se como pólo regional,
juntamente com Marabá e Araguaína.
Uma vez que o estudo utilizado é do ano de 2002, considerando em sua metodologia dados
de variados anos, cabe ser analisado especialmente o fato de Palmas ainda aparecer como
um centro com nível de polarização Médio para Fraco. O Estado do Tocantins é a mais nova
unidade da Federação, tendo sido criado em 1989 a partir da emancipação do norte do
Estado de Goiás. A cidade de Palmas, sua capital, foi criada especialmente para atender a
essa função administrativa, em detrimento de outros núcleos urbanos que já existiam na
região e que já desempenhavam um papel importante nesse contexto regional.
(MA) e Marabá (PA), tendo mantido sua posição nesse contexto com relação ao ano de 2000.
No período considerado, Palmas apresentou a maior taxa de crescimento anual dentre todos
os municípios, tendo atingido 8,11%.
Se considerada a variável PIB total, Palmas possuía em 2003 o 8º maior PIB dentre os
municípios considerados, perdendo apenas para as capitais estaduais (Brasília, Goiânia e
Belém), para os centros sub-regionais de Anápolis e Marabá e para os municípios de Tucuruí
e Parauapebas, que abrigam respectivamente a UHE Tucuruí e exploração da Companhia
Vale do Rio Doce, grandes geradores de receita e de compensações financeiras aos
municípios. Com relação ao ano de 2000, as primeiras posições praticamente não se
alteraram, mas Palmas subiu uma posição, ocupando o lugar de Imperatriz. Por outro lado,
avaliando-se a taxa de crescimento anual no período, Palmas apresentou a 3ª maior taxa.
Assim, fica claro que Palmas já figura, em termos regionais, no bloco dos municípios com as
maiores concentrações populacionais e maiores PIBs, sendo ainda mais relevante o fato de
que vem apresentando as maiores taxas de crescimento no período considerado, o que
significa que vem reforçando ainda mais sua importância. Em termos estaduais, Palmas é o
município mais populoso, que apresentou a maior taxa de crescimento populacional anual,
com o maior PIB estadual e a 2ª maior taxa de crescimento do PIB. Assim, sugere-se uma
pequena revisão, considerando-se Palmas no grupo de municípios que figuram como sub-
centros regionais, com nível de polarização Forte.
Belém Marabá
Tucuruí Cametá
Parauape-
bas
Brasília Formosa
Campos
Belos
Posse
Dianópolis
Goiânia Goiás
Itaberaí
Porangatu
LEGENDA
Xinguara
Máximo
Muito Forte Paraíso do
Tocantins
Forte
Forte para Médio Porto
Gurupi
Nacional
Médio
Médio para Fraco Palmas Miracema
do Tocantins
Fraco
Colinas do
Fora da bacia Araguaína
Tocantins
Adequação
Consórcio Tocanti-
nópolis
Pedro
Guaraí
Afonso
Anápolis Ceres
Goianésia
Imperatriz
Nesse sentido, é possível verificar que a rede se articula em três “circuitos” fundamentais,
polarizados pelas capitais estaduais (Goiânia e Belém) e pelo Distrito Federal - Brasília
(externas à região), articulados entre si por “sub-circuitos” intermediários, conforme mapas
C24 – Rede Urbana Hierarquizada e C25 – Níveis de Polarização e Figura acima.
O primeiro “circuito” é o que se articula com base em Brasília, o segundo tem como pólo
principal o município de Goiânia e o terceiro, no município de Belém. Assim, fica claramente
estabelecida a existência de um “circuito” que articula os municípios situados no Estado do
Pará e outros dois, aqueles que fazem parte dos demais Estados (Goiás, Tocantins e
Maranhão). Percebe-se também a existência de sub-circuitos, com destaque àquele ao redor
de Araguaína, município que não está contido na área de estudo.
Cabe destacar que os municípios que apresentam nível de centralidade “Fraco” ou “Muito
Fraco”, no outro extremo da análise e categoria na qual se insere a grande maioria dos
municípios da Bacia (algo como 208 pequenos centros locais) desempenham basicamente
papel de composição da retaguarda econômica dos centros principais da região.
As análises feitas também permitem observar que os núcleos que tiveram papel importante
por ocasião da construção e operação das UHEs apresentam comportamento diferenciado
entre 2000 e 2004, como se mostra a seguir:
UHE Tucuruí (PA): municípios de Tucuruí, Itupiranga e Jacundá, sedes principais dos
movimentos decorrentes da construção da Usina entre 1974 e 1984, portanto com tempo
hábil para internalizar os efeitos ocorridos. Itupiranga e Jacundá são municípios
subordinados, não aparecendo com destaque na rede urbana. Já se acredita, por outro
lado, que Tucuruí, dada a taxa de crescimento anual do PIB de 21% entre 2000 e 2004,
bem acima da média da Bacia, deva ter fortalecido suas funções urbanas na organização
regional;
UHE Cana Brava (GO): Minaçu, Cavalcante e Colinas do Sul, sedes dos movimentos
decorrentes da construção da Usina entre 1999 e 2002, ainda vêm sofrendo
transformação, sem tempo hábil para internalizar os efeitos ocorridos. Nenhum dos
núcleos urbanos desses municípios se insere com papel diferenciado na rede urbana,
aparecem com funções de âmbito local e, portanto, subordinados. Entende-se que
Minaçu vem se fortalecendo na hierarquia funcional, considerando-se um dos municípios
mais dinâmicos do Estado, impulsionado fortemente pela mineração, geração de energia
elétrica e, mais recentemente, pelo turismo, atividade que ganha fôlego e cresce
rapidamente. Mas também avança no setor agrícola, com a exploração de culturas
alternativas como mandioca, abacaxi ,e com a entrada da cana-de-açúcar;
UHE Serra da Mesa (GO): Uruaçu, Campinorte, Colinaçu, Cavalcante, Minaçu e
Campinaçu, sedes dos movimentos decorrentes da construção da Usina, que teve o
enchimento do reservatório ocorrido em 1997. Avaliando-se o crescimento dos municípios
no período, à exceção de Minaçu, não vem registrando dinamismo, permanecendo como
centros subordinados, desempenhando funções locais na rede urbana;
UHE Lajeado (TO): Miracema, Lajeado, Palmas, Porto Nacional, Brejinho de Nazaré e
Ipueiras, sedes dos movimentos decorrentes da construção da Usina, cuja operação teve
início em 2001, portanto ainda em transformação, com alguns efeitos ainda sendo
internalizados. Nesse caso, ressalta-se Palmas, que ao acumular dois efeitos (capital
estadual e efeitos da Usina), se impõe como centro com papel destacado na rede urbana.
Igualmente Porto Nacional, com crescimento anual do PIB de 7%, sugere sinais de
funções urbanas com maior hierarquia, podendo atingir funções de âmbito zonal,
descolando-se do comportamento típico de centro local subordinado. Os demais não
acumularam efeitos significativos de modo a ascender funcionalmente na rede urbana.
Nesse contexto, identificam-se duas principais questões que podem ser destacadas em
termos do sistema de transportes:
A ausência de uma infra-estrutura de transportes não rodoviários conectando a parte sul
da Bacia ao Porto de Itaqui, localizado na extremidade norte, configurando-se em
importante gargalo e elo faltante na logística de transporte da região, especialmente
devido as seguintes fatos:
− Estudos logísticos indicam que haveria uma significativa redução nos custos do
transporte da safra agrícola das regiões de Goiás e do leste do Mato Grosso, para
exportação, caso houvesse uma alternativa ferroviária ou hidroviária para seu
escoamento até o porto de Itaqui. Adicionalmente, o deslocamento do transporte
dessa safra em direção ao norte contribuiria para descongestionar o uso das infra-
estruturas de transporte da região sudeste, cujos portos são mais facilmente
alcançados tendo em vista o sistema atualmente implantado;
− Especialmente para o Estado de Tocantins, a existência de uma alternativa de
transporte confiável e de baixo custo até o Porto de Itaqui aumentaria a
competitividade de sua produção agrícola, o que certamente teria um importante efeito
indutor no desenvolvimento dessa região;
− A implantação da Ferrovia Norte-Sul viabilizaria uma importante ligação entre o Sul e
o Norte do país, possibilitando que o transporte de carga entre esses dois extremos se
desse a um custo mais baixo e em menores distâncias, quando comparado às
alternativas de transporte por rodovia ou pelo sistema ferroviário existente.
A Hidrovia Araguaia-Tocantins desempenha um papel importante no sistema de
transportes da região, dada essa fragilidade do sistema acima mencionada, reduzindo
enormemente os custos de frete. Sua operação a plena capacidade requer a adequação
de alguns dos seus trechos para a navegação ao longo de todo o ano, bem como
investimentos para permitir a integração multimodal da hidrovia. Entre esses
investimentos, pode-se destacar a construção de terminais de carga e terminais
multimodais.
Por fim, cabe enfatizar que os rumos de desenvolvimento estão altamente condicionados à
implantação de infra-estruturas – especialmente daquelas relativas ao transporte. E, no
contexto da Bacia, região com grande produção especialmente na área agropecuária, a
implantação de uma estrutura intermodal de transporte certamente será a base para o
incremento do desenvolvimento da região.
Com esse padrão, a rede urbana é frágil, pouco articulada. Enquanto a porção mais ao sul da
Bacia apresenta uma rede urbana consolidada, refletida também em uma estrutura rodoviária
relativamente densa, boa parte da área restante, notadamente sua área central, encontra-se
nas primeiras etapas do processo de ocupação, observado quer pela criação de novas
cidades, quer pelo coeficiente de ocupação das terras. Nesse sentido, a Bacia reúne porções
na dinâmica de crescimento nos estágios mais diversos, dos quais a rede urbana é um claro
sintoma, provocando dificuldades aos relacionamentos e fluxos internos.
Os principais centros urbanos, polarizadores, figuram entre aqueles que apresentaram taxas
positivas de crescimento demográfico no período, como Marabá, Anápolis, Paraíso do
Tocantins, Gurupi, Formosa, entre outros. Por outro lado, alguns desses centros começam a
perder população no período analisado, podendo significar uma perda de sua importância
regional, como Tocantinópolis e Tucuruí.
Em decorrência do que foi mencionado, pode-se avaliar que uma das principais questões que
envolve a rede urbana é sua fragmentação: marcada por forte polarização em torno
especialmente de três pólos principais, a esmagadora maioria dos municípios contidos na
Bacia são municípios subordinados, ou seja, que têm uma relação de dependência muito
grande com os municípios polarizadores, refletindo-se em condições de vida inadequadas e
sobrecarga das infra-estruturas e dos serviços dessas localidades que se caracterizam como
centros fornecedores desses serviços.
Certamente pode-se vislumbrar uma pressão dos setores produtivos para a viabilização das
infra-estruturas que viabilizem e barateiem o escoamento de suas produções, devendo
provavelmente haver uma intensificação dos investimentos para alavancar as obras
necessárias, o que, consequentemente, deve provocar a atração de certo contingente
populacional e outros novos investimentos privados, dando início a um novo ciclo de
expansão. Com isso, provavelmente novos pólos urbanos devem surgir, alterando-se a
configuração da rede atualmente existente e, provavelmente, tornando-a menos fragmentada
e possibilitando à população acesso mais fácil aos serviços e infra-estrutura básica.
Desse período, o alto e médio superior cursos da Bacia guardam inúmeros vestígios
materiais de mineração, em geral sob a forma de sítios arqueológicos históricos.
O médio curso da bacia tem sua história relacionada com a decadência do ciclo do ouro na
região central de Goiás, que levou inicialmente à procura de novos locais para extração do
ouro e, com o fim do ciclo, à busca de novas terras para a agropecuária.
Neste momento, um outro movimento de ocupação do território, vindo dessa vez do litoral
nordestino, a leste, soma-se às pressões da ocupação vinda do sudeste. Este movimento
atinge o curso médio inferior da bacia e o baixo curso.
O patrimônio histórico da região abrangida pelo médio e baixo cursos do Tocantins é menos
conhecido, divulgado e protegido do que o da região compreendida nos trechos dos cursos
alto e médio superior, devido à importância desses últimos no processo de formação territorial
nacional.
11
12
10
10
7
8
4 3 3
0
SB 20 SB 21 SB 22 SB 23 SB 29
Por categoria, os bens edificados nos diversos municípios são apresentados no quadro a
seguir, bem como breves descrições por município no Anexo XVIII do presente relatório.
Conjuntos Monumentos
Sub-bacias/ Cemitérios
urbanos/ Residências/Escolas Igrejas e Povoados civis/praças/ Marcos
e casas SÉCULO
Municípios centros /Casario urbano Capelas rurais/étnicos edifícios diversos
rurais
históricos públicos
SB 20
Anápolis XIX
Ceres XX
Goianésia (GO) XX
Mossâmedes XIX
SB 21
Conjuntos Monumentos
Sub-bacias/ Cemitérios
urbanos/ Residências/Escolas Igrejas e Povoados civis/praças/ Marcos
e casas SÉCULO
Municípios centros /Casario urbano Capelas rurais/étnicos edifícios diversos
rurais
históricos públicos
Taguatinga (TO) XX
SB 22
Brejinho de Nazaré
(TO) XIX?
Ipueiras (TO) XX
Monte do Carmo
(TO) XIX
Palmas (TO) XX
X
Conjuntos Monumentos
Sub-bacias/ Cemitérios
urbanos/ Residências/Escolas Igrejas e Povoados civis/praças/ Marcos
e casas SÉCULO
Municípios centros /Casario urbano Capelas rurais/étnicos edifícios diversos
rurais
históricos públicos
SB 23
Tocantinópolis (TO) XX
SB 29
Baião (PA) XX
Marabá (PA) XX
Uma rápida análise a respeito dos bens de interesse histórico da Bacia do Tocantins torna
evidente a superioridade numérica da Sub-bacia 20, onde se concentra não apenas a maioria
dos bens reconhecidos como de interesse histórico, como também aqueles que gozam de
proteção legal, conforme se pode observar no quadro abaixo.
Outro fato evidente é que, o tombamento voltou-se preferencialmente aos bens edificados
remanescentes dos períodos históricos mais antigos, quando se iniciou e consolidou
efetivamente o domínio da Bacia pela sociedade colonial (século XVIII) e nacional (século
XIX).
Entre os bens edificados reconhecidos como históricos, mas não tombados, encontram-se
aqueles de interesse local, ou seja, marcos da história dos municípios. Como vários dos
municípios são relativamente recentes, bens da primeira metade do século XX passam a ser
reconhecidos como de interesse histórico local.
Para melhor esclarecer as razões do interesse histórico atribuído aos bens edificados,
transcrevem-se, aqui, as palavras de José Carlos Ribeiro de Almeida:
Os bens de interesse histórico da Bacia do Tocantins são perfeitos exemplos das palavras
acima, testemunhando os momentos que marcaram a história da bacia, as técnicas, os
recursos disponíveis e os sucessivos modos de vida dos indivíduos, das comunidades e das
sociedades que para ali se dirigiram, ali se instalaram e fincaram raízes ou dali se retiraram.
3.7.1.4. Questões
3.7.1.5. Perspectivas
Desta forma, não é apenas a infra-estrutura material necessária para que os bens do
patrimônio cultural imaterial persistam que deve ser preservada, mas também as redes
sociais que permitem a sua transmissão aos contemporâneos e às gerações futuras e a sua
reprodução.
“Não temos conhecimento de um povo que não tenha nomes, idiomas ou culturas em
que alguma forma de distinção entre o eu e o outro, nós e eles, não seja estabelecida”
(Calhoun C, 1994, p. 9).
As rubricas acima abarcam, de fato, toda a gama de manifestações que integram qualquer
patrimônio cultural imaterial, sendo, em geral, suficientes para descrevê-los.
No entanto, uma vez que esta caracterização destinar-se à análise integrada dos bens
culturais imateriais da Bacia do Rio Tocantins, onde se implementarão empreendimentos
hidrelétricos, nela devem merecer atenção especial os aspectos da cultura imaterial que têm
a ver com a relação entre os usos, representações, expressões, conhecimentos e técnicas
que constituem o patrimônio cultural imaterial e a infra-estrutura material sobre a qual se
apóiam, isto é, as fontes de matéria-prima e os locais relacionados aos bens que o integram.
Assim sendo, o patrimônio cultural imaterial da Bacia do Rio Tocantins será considerado,
nesta caracterização, segundo os seguintes tópicos, que dizem respeito mais de perto às
questões acima sumariamente discutidas:
Eventos festivos;
Artesanato (materiais e produtos);
Artesanato (feiras);
Crenças e devoções populares (locais associados).
Por último, merece menção a parte o município de Goiás (GO), cujo patrimônio cultural, tanto
material quanto imaterial, é extremamente diversificado e importante, incluindo, além de bens
tombados, já destacados no item anterior, e das referências feitas adiante, manifestações
únicas, como a Procissão do Fogaréu, que ocorre durante a Semana Santa, a Dança dos
Tapuios e uma realização original da Festa do Divino.
A formação cultural das regiões que integram a sub-bacia 22 deu-se em períodos históricos
diferentes. Devido a isto, ao lado de um evidente predomínio de manifestações culturais
tradicionais e da grande influência religiosa, nos municípios ribeirinhos, encontram-se centros
de formação recente, como Palmas e as cidades formadas durante a construção da Belém-
Brasília, nos quais a cultura tradicional cede largamente espaço à predominantemente
urbana e de massa.
Na região mais tradicional desta sub-bacia a importância cultural dos rios é bastante
pronunciada, relacionando-se a manifestações de religiosidade e crença populares e a
atividades de lazer, como as praias fluviais.
O centro cultural regional é a cidade de Marabá, sendo bastante efetiva a atuação da sua
Casa de Cultura. As especificidades da sub-bacia aparecem descritas no Anexo.
3.7.2.6. Questões
Nesta rubrica, cabe mencionar o caso da sub-bacia 29, em sua parcela localizada no sudeste
do Pará, e os impactos ali sofridos pelo patrimônio cultural imaterial, causados pelos fortes
aportes populacionais que demandaram a região, atraídos pelos grandes projetos que ali se
implantaram.
Ademais, a pobreza e a escassez de recursos que lhe possam ser destinados, de que a sub-
bacia 23 é exemplo extremo, respectivamente, limita a fruição e a circulação dos bens que
integram o patrimônio cultural imaterial e inibe a instalação e a manutenção de espaços
culturais.
3.7.2.7. Perspectivas
Infelizmente, para uma área tão grande, as informações disponíveis são insuficientes e pouco
equilibradas. Portanto, identificar essas deficiências também será um objetivo da presente
caracterização, de modo a tornar mais transparente, a todos os atores envolvidos, onde se
encontram as vulnerabilidades do conhecimento sobre o passado regional.
Para facilitar a sistematização e interpretação dos dados, os sítios com ocupações distintas
(por exemplo: uma ocupação pré-cerâmica à qual se sobrepôs uma ocupação mais recente,
cerâmica) foram contados duas vezes; ou seja, foram considerados como dois sítios (poucos
foram os casos em que essa superposição era conhecida). A mesma coisa se fez com sítios
com evidências culturais não necessariamente relacionadas (por exemplo: um abrigo sob
rocha com vestígios cerâmicos e com pinturas rupestres). No entanto, procurou-se depois
agrupar os sítios decompostos, para verificar se esses vestígios tendiam a se ocorrer no
mesmo espaço significativas vezes, o que poderia apontar para uma relação entre eles.
534
600
398
500
400
200 87
100
0
SB 20 SB 29 SB 21 SB 22 SB 23
O gráfico acima mostra que a maioria dos sítios arqueológicos conhecidos se encontra na
sub-bacia 20 (534 sítios), seguido pela sub-bacia 29 (398 sítios). A sub-bacia com menor
número de sítios arqueológicos conhecidos é a sub-bacia 23 (87 sítios).
109
48%
116
52%
Como o número de municípios difere muito de uma sub-bacia para outra, procurou-se
verificar a relação entre número de sítios e número de municípios, conforme gráfico abaixo.
100%
90% 7
80% 26 16 30
37
70%
60%
50%
40% 17
30% 28 15 26
20% 23
10%
0%
SB 20 SB 21 SB 22 SB 23 SB 29
100%
13 12
80%
279
60%
87 398
163 163
40%
255
20%
0%
SB 20 SB 21 SB 22 SB 23 SB 29
PH H
Os sítios mais antigos foram encontrados, até o presente momento, no Baixo Tocantins (Sub-
bacia 29) e no Médio Tocantins (Sub-bacia 22), mas parecem não ter relação entre si. As
indústrias líticas que caracterizam os sítios arqueológicos apresentam grandes diferenças
tecno-tipológicas. Em ambas as regiões, no entanto, a ocupação humana se iniciou por volta
de 12.000 anos antes do Presente. Tudo indica que se tratavam de sociedades forrageiras,
que exploravam uma grande diversidade de ambientes.
É no Baixo Tocantins (sub-bacia 29) que os mais antigos sítios cerâmicos foram encontrados,
até o momento. Os sítios arqueológicos mais antigos apresentam características de tradições
amazônicas típicas.
No Médio Tocantins, essa transição é representada pela Tradição Una, cujos sítios mais
antigos surgiram por volta de 2.500 anos antes do Presente.
No Médio e no Baixo Tocantins, surgem as grandes aldeias Aratu, que dominam a região até
a penetração dos ceramistas da Tradição Uru, de origem amazônica. A Tradição Tupiguarani
margeia timidamente as áreas dessas tradições.
A penetração do colonizador na Bacia do Tocantins se deu do alto para o médio cursos, com
as bandeiras escravistas e de prospecção mineral, e de leste para oeste, na direção do baixo
curso, com o avanço da pecuária para o interior do país, uma vez que a cultura canavieira
dominara o litoral, conforme figura a seguir.
Neste processo, foram de tal modo pressionadas as tribos indígenas que ocupavam a Bacia
do Tocantins, que sua configuração territorial sofreu alterações, houve um abrupto
decréscimo populacional e hábitos tradicionais foram abalados. Portanto, as tribos
historicamente registradas, em períodos distintos, já se encontravam alteradas em relação à
sua realidade antes do contato.
Na figura, observa-se que a Bacia do Tocantins se encontrava ocupada por tribos da família
lingüística Jê e circundada por tribos da família lingüística Tupi-Guarani.
Este é o cenário em que o colonizador europeu penetrou na Bacia, de sul para norte e de
leste para oeste, se assentou nas diversas sub-bacias constituintes da Bacia do Tocantins e
finalmente estabeleceu seu domínio frente às tribos indígenas, antigas senhoras desse
imenso território.
Os estudos feitos para as UHEs Serra da Mesa e Cana Brava foram os mais ricos em
informações sobre os vestígios materiais desse cenário, no qual predominam, como sítios
arqueológicos, os vestígios ligados à atividade mineradora, em função da qual se
desenvolveu o processo de colonização.
A diversidade de sítios é grande, mas o conhecimento produzido sobre eles, salvo honrosas
exceções, é pouco elucidativo. As pesquisas com melhores resultados científicos sem dúvida
são as relacionadas à sub-bacia 20 (onde se concentra a maioria dos municípios do Estado
de Goiás).
Indígenas históricos 2
Históricos em abrigo 2
Pré-colonial a céu aberto 4
Gravura rupestre em abrigo 11
Oficinas de polimento a céu aberto 16
Pré-colonial em abrigo 21
24
Gravura rupestre a céu aberto
Líticos em abrigo 43
Os sítios mais comuns são os sítios cerâmicos a céu aberto (associados ao cenários das
sociedades indígenas horticultoras produtoras de cerâmica). A predominância desta categoria
de sítios se deve ao fato de que as ocupações das sociedades ceramistas ocorreram mais
recentemente e seus remanescentes materiais se encontram muitas vezes aflorados na
superfície do solo; portanto, mais facilmente identificáveis. Quando se somam os sítios
cerâmicos a céu aberto com os cerâmicos em abrigos sob rocha, vemos que, juntos, eles
somam 753 sítios, o que corresponde a 55% dos sítios arqueológicos conhecidos.
No entanto, o fato de eles se encontrarem em geral aflorados, também torna essa categoria
de sítio uma das mais vulneráveis às ações antrópicas. Os sítios líticos a céu aberto às vezes
se encontram aflorados e outras vezes profundamente enterrados (caso dos sítios líticos
antigos do município de Breu Branco, sub-bacia 29). Quando enterrados, sua probabilidade
de preservação é muito mais alta que quando superficiais, quando sua vulnerabilidade cresce
exponencialmente.
O número de sítios arqueológicos em abrigos sob rocha também é alto (294 sítios, ou 21,5%
do total), quando se considera que eles dependem de suportes rochosos para se formarem e
estes estão menos disponíveis que a imensidão do território descoberto da Bacia do
Tocantins.
O alto número de sítios em abrigos rochosos se deve ao fato de muitas das pesquisas
arqueológicas terem sido intencionalmente direcionadas a eles, seja por razões acadêmicas
(caso das pesquisas na sub-bacia 21 e na Serra das Andorinhas, sub-bacia 29) ou por razões
preventivas, como as ocorridas nas serras do Complexo Minerador de Carajás (sub-bacia
29).
Alguns sítios arqueológicos estão diretamente ligados ao Rio Tocantins. Entre eles,
destacam-se os sítios arqueológicos em ilhas fluviais; as oficinas de polimentos nas margens
do rio e sítios cerâmicos na sub-bacia 23, onde as pesquisas realizadas para a UHE Estreito
detectaram uma agricultura de vazante em período pré-colonial.
Quanto à implantação dos sítios arqueológicos, eles são encontrados nos mais diversos
compartimentos topográficos: planícies; altas, médias e baixas vertentes; topos; chapadas,
etc. Como grande parte dos sítios não apresenta registro sobre sua implantação no relevo,
não se sistematizou essa informação. No entanto, a análise dos que apresentaram o dado
confirma uma ocupação dos diferentes compartimentos topográficos. Sítios de atividades
específicas e acampamentos de curta duração ou de ocupação sazonal são os que
apresentam maior diversidade locacional. Já as aldeias de longa duração (correspondentes a
sítios de maiores dimensões e com cultura material mais densa e diversificada, compatível
com a diversidade das atividades cotidianas) ocorrem preferencialmente nas proximidades de
cursos d’água, mas a salvo das inundações, o que exclui as planícies como local desse tipo
de assentamento.
Oficinas de polimento ocorrem onde existem afloramentos rochosos aptos a funcionar como
polidores; assim como sítios de atividades específicas de lascamento da pedra ocorrem em
locais onde a matéria-prima encontra-se próxima.
As pinturas rupestres aparecem apenas em abrigos sob rocha, o que lhes dá a proteção
necessária à sua preservação, importante para qualquer sistema simbólico, que
necessariamente passa pela intencionalidade de sua visão pelos grupos que compartilham o
sistema entre si. As gravuras rupestres, por sua vez, mais resistentes, usaram como suporte
não apenas os paredões dos abrigos rochosos, mas matacões aflorados no solo e até no
leito do rio.
3.7.3.6. Perspectivas
Em outras palavras, trata-se de uma caracterização síntese integrada, tendo por base os
municípios integrantes da Bacia do rio Tocantins, verificando-se regularidades espaciais de
comportamento que possam sinalizar a formação de sub-espaços com comportamentos
semelhantes.
Conforme o IBGE, os “indicadores são constituídos por uma ou mais variáveis que, quando
associadas, são capazes de revelar significados mais amplos sobre os fenômenos a que se
refiram”. É exatamente com esse entendimento que os indicadores elaborados foram
construídos para os 223 municípios e/ou unidades territoriais comparáveis, buscando,
inclusive, refletir processos e tendências, ao longo do tempo, por meio da interação de
variáveis representativas de estoque e de fluxos.
Esses três procedimentos da metodologia podem ser melhor entendidos pela visualização da
Figura a seguir apresentada.
Variável 1
DIMENSÃO 1 Variável 3
Índice 2 Indicador 2
Variável 4
COMPONENTE 2
DIMENSÃO n
COMPONENTE n
Índice n Indicador n
Variável n
Essas componentes foram expressas por índices representativos dos valores municipais,
revelando, de modo sintético, aspectos determinantes da economia local. Mais que isso,
quando georreferenciadas, permitiram a identificação de áreas (grupos de municípios
contíguos territorialmente) com comportamento semelhante, segundo os resultados obtidos.
DIMENSÃO
Índice de Formalização do Empregos Formais RAIS (2004)
ECONÔMICA Mercado de Trabalho
Formalização do População Total IBGE, Contagem
mercado de trabalho da População
(2004).
Índice de Produtividade das Quota-Parte do ICMS MF, FINBRA
Atividades Econômicas População Total (2003)
Produtividade geral IBGE, Contagem
da População
(2004).
Índice do Porte da PIB Total Municipal IPEADATA, PIB
Porte Economia Local (2003).
Por fim, na porção extremo norte, na sub-bacia 29, há uma maior diversificação de situações,
com quase todos os casos-tipo de sustentabilidade econômica, evidenciando-se que o
complexo minerário e o da pecuária/frigoríficos acabam levando a variados resultados de
desempenho das economias locais.
Uma vez entendido o padrão espacial da sustentabilidade das economias locais, pode-se
observar algumas correlações com a dinâmica populacional, lembrando-se que a variável
população constitui síntese apropriada para sinalizar diferentes trajetórias de evolução de um
município. Sendo assim, buscou-se, por meio do indicador de crescimento demográfico,
revelar a importância de cada município na explicação do crescimento total da área da Bacia
do Tocantins.
A aplicação do índice de Gini sobre a variável renda per-capita do IDH-M permitiu identificar
oito grupos de municípios com qualificações análogas em Educação e Saúde. Do ponto de
vista social, tem-se, portanto, oito casos-tipo, como se vê na legenda do Mapa C19 –
Indicador Municipal de Sustentabilidade Social no Caderno de Mapas C. EXCLUIR
BRASÍLIA.
De maneira geral, verifica-se que os municípios com melhor qualidade institucional estão
distribuídos pela sub-bacia 20 e porção oeste da sub-bacia 22, variando entre Muito Forte e
Médio. No restante da bacia (sub-bacias 21, 23 e 29), não se observam claramente
regularidades espaciais, revelando que o grau de governança municipal e a gestão financeira
não se associam diretamente às melhores situações econômicas e produtivas. O Mapa C23 –
Indicador Municipal de Sustentabilidade Institucional, integrante do Caderno de Mapa C,
mostra a distribuição territorial dos casos-tipo.EXCLUIR BRASÍLIA
COMPARTIMENTOS,
SEGUNDO PROCESSOS
DOMINANTES DE PREDOMINIO DE QUALIFICAÇAO DA
EVOLUÇÃO PRESENÇA DE CENTROS OUTROS
CASOS-TIPO SUSTENTABILIDADE
SÓCIOECONOMICQ SUB-BACIAS URBANOS DESTACADOS NA INDICADORES DE POTENCIALIDADE QUESTÕES
ECONÔMICO E SOCIAL, AMBIENTAL E
REDE URBANA QUALIFICAÇÃO
(predomínio de casos-tipo DEMOGRÁFICO INSTITUCIONAL
municipais de
sustentabilidade)
- RUMO À - SB 20 Economias com alta Municípios com os melhores casos de - Principais Centros Urbanos: Alguns centros industriais, - Posição espacial relativa com - Demanda de água para
produtividade agrícola (grãos e condições de vida, mais na SB 20 do Anápolis,Ceres, Formosa, Goiás, Gurupi, com destaque aos vantagens locacionais; irrigação e dessedentação
SUSTENTABILIDADE - Franja na porção
cana-de-açúcar) afirmação do que na franja oeste da SB 22; Inhumas, Miracema do associados à apropriação de com crescimento
ECONÔMICA, COM PERDA oeste da SB 22 - Notável potencial hídrico com
(margem esquerda processo de agromodernização Casos diferenciados de pressão Tocantins,Palmas,Paraíso do Tocantins, recursos naturais (mineração diferentes usos; relativamente maior com
POPULACIONAL DADA A do rio Tocantins) e e perda populacional (expulsão antrópica, desde aqueles com Porangatu, Porto Nacional, Uruaçu. e agronegócios) relação a outros usos;
agrícola), poucos municípios - Biodiversidade com
MODERNIZAÇÃO NO - Extremo sul da SB apropriação dos recursos naturais com oportunidades variadas de - Desmatamento x
com massa populacional
CAMPO, COMBINADA COM: 21 crescente
equacionamento, até alguns ainda exploração dos ecossistemas; exploração agrícola e
poucos explorados; pecuária;
- OS MAIS BEM SUCEDIDOS - Reservas Minerais (SB 20);
Casos dominantes qualidade - Contaminação da água e
CASOS EM TERMOS institucional com situação institucional - Atividades produtivas com alto do solo por agrotóxicos;
SOCIAIS, PRESSÃO forte efeito multiplicador de emprego
(grãos, pecuária, mineração); - Desmatamento;
ANTROPICA - Contaminação por
DIVERSIFICADA E - Presença da Capital Federal
mercúrio devido aos
QUALIDADE INSTITUCIONAL garimpos de ouro;
FORTALECIDA - Fragilidade no controle do
uso e ocupação das áreas
protegidas;
- Rede urbana
fragmentada. Poucos
centros regionais e muitos
locais
- DIVERSIFICAÇÃO DE - SB 29 Economias com alta Municípios com variados casos de - Centro Sub-Regional 2 : Marabá. Presença signifIcativa de - Posição espacial relativa com - Demanda de água para
produtividade na exploração condições sociais (desde os Mais Bem Frigoríficos de Médio e vantagens locacionais; irrigação e dessedentação
CASOS DE pecuária (altas densidades Sucedidos até os Desprovidos); de
- Principais Centros Urbanos: Cametá,
Grande Porte em Marabá com crescimento
SUSTENTABILIDADE Parauapebas, Tucuruí. - Notável potencial hídrico com
bovinas) e pouquíssimos casos pressão antrópica, desde os Cenários Indústrias do Complexo diferentes usos; relativamente maior com
ECONÔMICA, de Produtividade a Desejar. em Construção até o Pressão Minerário (CVRD) relação a outros usos;
Antrópica sem Equacionamento; - Biodiversidade com
- EVOLUÇÃO Dinâmica demográfica oportunidades variadas de - Desmatamento x
fortemente reagente à Casos variados de qualidade exploração agrícola e
DEMOGRÁFICA expansão, com presença institucional
exploração dos ecossistemas;
pecuária;
CRESCENTE, COMBINADA dominante de casos de maior - Reservas Minerais;
- Contaminação da água e
COM: crescimento populacional - Atividades produtivas com alto do solo por agrotóxicos;
efeito multiplicador de emprego
- VARIADOS CASOS DE (grãos, pecuária, mineração) - Desmatamento;
CONDIÇOES SOCIAIS, - Contaminação por
PRESSÃO ANTRÓPICA E mercúrio devido aos
QUALIDADE INSTITUCIONAL garimpos de ouro;
- Fragilidade no controle do
uso e ocupação das áreas
protegidas;
- Rede urbana
fragmentada. Poucos
centros regionais e muitos
locais
- PREDOMINÂNCIA DE SB parcial 21 e 22 Economias com baixa Municípios com dominância de casos - Centro Sub-Regional 1 : Imperatriz Predomina em toda sua - Posição espacial relativa com - Contaminação da água e
sustentabilidade econômica, das piores condições sociais (Carência extensão, municípios com vantagens locacionais; do solo por agrotóxicos;
CASOS DE BAIXA SB abrangência total
com forte domínio de casos de Total e Desprovidos); com baixa
- Centro Sub-Regional 2 : Araguaína
Indústrias de pouca
SUSTENTABILIDADE SB 23 - Principais Centros Urbanos: Araguatins, - Notável potencial hídrico com - Fragilidade no controle do
produtividade a desejar e pressão antrópica orientada fortemente expressão diferentes usos; uso e ocupação das áreas
ECONÔMICA economias inertes (poucos caso para os casos denominados Pouco Colinas do Tocantins,
Dianópolis,Guaraí,Posse, Campos Belos, - Biodiversidade com protegidas;
de pecuária melhor sucedida) e Explorados e casos de qualidade
- EVOLUÇÃO decorrentes casos de Massa institucional variando de médio a muito Tocantinópolis. oportunidades variadas de - Rede urbana
DEMOGRÁFICA Declinante e poucos fraca exploração dos ecossistemas; fragmentada. Poucos
DECLINANTE COMBINADA municípios com massa - Atrativos turísticos centros regionais e muitos
populacional crescente locais
COM
- DOMINÂNCIA DE CASOS
DAS PIORES CONDIÇOES
Consórcio CNEC - ARCADIS Tetraplan 327
Empresa de Pesquisa Energética – EPE
Avaliação Ambiental integrada - AAI da Bacia do Rio Tocantins e seus Formadores
Relatório P2 – Caracterização da Bacia Hidrográfica do Rio Tocantins
COMPARTIMENTOS,
SEGUNDO PROCESSOS
DOMINANTES DE PREDOMINIO DE QUALIFICAÇAO DA
EVOLUÇÃO PRESENÇA DE CENTROS OUTROS
CASOS-TIPO SUSTENTABILIDADE
SÓCIOECONOMICQ SUB-BACIAS URBANOS DESTACADOS NA INDICADORES DE POTENCIALIDADE QUESTÕES
ECONÔMICO E SOCIAL, AMBIENTAL E
REDE URBANA QUALIFICAÇÃO
(predomínio de casos-tipo DEMOGRÁFICO INSTITUCIONAL
municipais de
sustentabilidade)
SOCIAIS, BAIXA PRESSÃO
ANTRÓPICA E QUALIDADE
INSTITUCIONAL DE MÉDIA A
MUITO FRACA
Desse modo, a avaliação institucional destes Estados sob o foco do que se convencionou
conceituar como “forças de governança”, ou seja, entes institucionais que têm influência
determinante, política e/ou social, num certo território, para dar institucionalidade ao
tratamento de uma dada questão, no caso a realização da Avaliação Ambiental Integrada
(AAI) da Bacia Hidrográfica do rio Tocantins, e questões de natureza social, é uma tarefa de
muita complexidade.
O termo “governança” foi introduzido no debate público internacional pelo Banco Mundial ,
que deu ao conceito um caráter prescritivo. Outras agências multilaterais, como o Fundo
Monetário Internacional, passaram a legitimar suas orientações por esse conceito estratégico
que envolve a participação de variados atores sociais (ONGs, associações, mercado), que
compartilham da capacidade governativa do Estado, na identificação dos problemas da
sociedade, na formulação de políticas públicas e na sua implementação (DINIZ,1997).
Para tanto, foram levantadas organizações sociais de natureza pública e privada, incluindo-se
organizações não-governamentais, movimentos sociais e entidades de classe, que atuam na
área ambiental e em outras áreas, tais como: energética, planejamento, educação,
movimento étnico, desenvolvimento social e econômico, entre outros, que pudessem ter
relação funcional com o estudo proposto.
Faz-se importante salientar que também foram feitas consultas junto aos diversos conselhos
– Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, Conselhos Estaduais de Meio Ambiente
e Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos, para levantamento dos órgãos e organismos
que os integram, por razões indicativas de representatividade e força de atuação local e
regional. Outras fontes importantes foram consideradas na pesquisa: Assembléias
Legislativas, Ministério Público, Universidades e associações representativas.
São previstos neste diploma legal alguns mecanismos institucionais para a efetiva
implantação dessa política, destacando-se, entre eles, o Sistema Nacional de Gerenciamento
de Recursos Hídricos, criado por essa lei e que está assim estruturado:
V - Agências de Água.
Outro instrumento jurídico importante é a lei federal 6938/81, que estabelece as bases da
Política Nacional de Meio Ambiente, principalmente no que tange ao cumprimento das
diretrizes do Sistema Nacional de Meio Ambiente – SISNAMA, o qual apresenta um sistema
de cooperação nas ações adotadas pelos três níveis de governo de forma integrada.
De acordo com essa lei, “os órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios, bem como as fundações instituídas pelo Poder Público, responsáveis pela
proteção e melhoria da qualidade ambiental, constituirão o SISNAMA”, assim estruturado:
III – Órgão Central: o Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia
Legal;
continuidade das ações estabelecidas para a área ambiental por meio do cumprimento de
políticas claras e condizentes com a sua própria realidade local e no âmbito de sua atuação.
Cabe também mencionar os Sistemas Estaduais de Meio Ambiente, com destaque para o
papel dos Estados na gestão do meio ambiente, por intermédio dos Conselhos Estaduais de
Meio Ambiente, cujas atribuições se assemelham às desempenhadas pelo órgão nacional
pautado no interesse geral, porém voltados para as especificidades em nível estadual, além
de apoiar pesquisas científicas na área ambiental, a promoção de atividades educativas e o
estímulo a participação da comunidade no processo de preservação, melhoria e recuperação
da qualidade ambiental.
O panorama com que nos deparamos na Administração tanto Estadual quanto Municipal,
este último devendo atuar na defesa do interesse local, revela um acúmulo de tarefas que
precisam ser cumpridas. As perspectivas demandam uma nova forma de enfrentar os
problemas, portanto uma mudança de paradigmas, fundamental para uma nova estratégia de
desenvolvimento sustentável.
A situação requer um novo olhar e para tanto, faz-se necessária uma discussão sobre o
conceito de gestão ambiental, aqui entendida como processo político-administrativo que
incube ao Poder Público, com a participação da sociedade civil organizada, formular,
implementar e avaliar políticas ambientais expressas em planos, programas e projetos, no
sentido de assegurar a qualidade ambiental como fundamento de qualidade de vida dos
cidadãos (COIMBRA 2000).
Atualmente não se concebe propor uma idéia, plano ou ação sem se considerar a gestão
participativa, onde os diversos atores sociais, setor público, privado, organizações não
governamentais, entre outras, participam ativamente das discussões e decisões, através de
negociações sistêmicas, sempre em busca de um consenso e/ou alinhamento, respeitando-
se os diferentes olhares sob a mesma questão.
Ainda no âmbito federal, no que diz respeito aos órgãos públicos, destaca-se o Instituto
Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA, a Fundação Nacional de Saúde –
FUNASA, a Agência Nacional de Águas - ANA, o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis – IBAMA, a Fundação Nacional do Índio – FUNAI, e a
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA.
No que tange ao Estado do Pará, nos anos 90, o governo definiu como diretriz de atuação
“Desenvolver sem Devastar”, sinalizando a intenção de enfrentar o desafio do
desenvolvimento sustentável nas suas diversas dimensões.
Cabe destacar a ação do Ministério Público do Estado do Tocantins – MPE, por meio da
Promotoria do Meio Ambiente, órgão essencial à fiscalização e defesa dos interesses difusos
e coletivos, por meio de suas instâncias especializadas, e as atividades da Polícia Ambiental
do Estado do Tocantins - CIPAMA, vinculada à Polícia Militar do Estado do Tocantins.
Não se pode deixar de mencionar o fato do Estado do Tocantins ser relativamente recente, o
que de certa forma reflete seu quadro institucional atual e reforça a possibilidade de
mudanças e novas perspectivas do seu modelo de gestão ambiental.
Estado de Goiás
A Agência Goiana de Meio Ambiente foi criada pela lei 13.550/99 e regulamentada pelo
decreto 5.142/99, consistindo em uma entidade autárquica estadual, vinculada à Secretaria
do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos, órgão responsável pela execução da política de
proteção, conservação e produção de pesquisas para a utilização racional dos recursos
naturais do Estado de Goiás.
Acresce informar a existência da Agência Goiana de Águas, nos termos da lei 14.475/03,
órgão vinculado à Secretaria do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos.
Além disso, o Estado conta com o Conselho Estadual do Meio Ambiente – CEMAM, que tem
por finalidade deliberar sobre normas regulamentares e técnicas, padrões e outras medidas
de caráter operacional para a preservação e a conservação do meio ambiente e dos recursos
ambientais. Conta ainda com o Conselho Estadual de Recursos Hídricos.
O Fundo Especial – FEMA foi criado pela lei 12.603/95 e regulamentado pela lei
complementar 20/96, que estabelece diretrizes para o controle, gestão e fiscalização do
Fundo, visa atender programas, projetos e atividades no sentido de elevar a qualidade
ambiental do Estado de Goiás. O FEMA conta com apoio técnico e administrativo da
Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos e suas atividades são acompanhadas pelo
CEMAM.
De acordo com pesquisa realizada pelo Ministério do Meio Ambiente – MMA em conjunto
com o Programa Nacional do Meio Ambiente II – PNMA II, no ano de 2001, intitulado
Diagnóstico da Gestão Ambiental nas Unidades da Federação – Estado de Goiás, as
principais dificuldades encontradas no que tange à articulação institucional deste Estado,
“referem-se à falta de pessoal especializado e de infra-estrutura operacional. A maioria das
pessoas acumula funções e dificilmente estão disponíveis para articulações em nível mais
abrangente, ou seja, fora do órgão. Esse é, enfim, um problema institucional”.
decreto 24.643/34, que o antecedeu. A lei 9.433/97, que instituiu a Política Nacional de
Recursos Hídricos manteve o princípio de que os usos devem respeitar a classificação dos
corpos hídricos e a qualidade das águas, bem como devem ser assegurados os usos
múltiplos de um mesmo corpo de água. A Resolução CONAMA 357/05 (alterada pela
Resolução 370/06), que revogou a Resolução CONAMA 20/86, dispõe sobre a classificação
dos corpos de água e dá as diretrizes ambientais para o seu enquadramento.
Além disso, ao disciplinar o uso dos recursos hídricos, a lei 9.433/97 retomou o conceito
constitucional de que a água é um bem público. Por outro lado, consubstancia um recurso
limitado, dotado de valor econômico. Em função de ser limitado, deve-se assegurar seu uso
múltiplo, priorizando-se o consumo humano e a dessedentação de animais. Assume-se,
como unidade de gestão, a bacia hidrográfica, o que remonta a legislação anterior e, por
conta do uso múltiplo e o respeito aos interesses locais e regionais, assegura-se a gestão
descentralizada.
A regulação do uso dos recursos hídricos objetiva preservar sua disponibilidade,
promovendo-se, portanto, o uso racional sem desconsiderar a atividade econômica de forma
sustentável.
Além de descentralizada, a gestão dos recursos hídricos deve assumir a integração com a
gestão ambiental, com o uso do solo e a articulação com outros segmentos, como os
usuários.
Como instrumentos da política são definidos os Planos de Recursos Hídricos, o
enquadramento dos corpos de água em classes conforme os usos preponderantes, a outorga
dos direitos de uso, a cobrança pelo uso e o Sistema de Informações sobre Recursos
Hídricos.
Os Planos, por bacia, Estado e para o país, devem conter diagnóstico da situação atual,
análise de alternativas de crescimento demográfico, evolução de atividades produtivas e
modificações dos padrões de ocupação do solo, balanço entre disponibilidade e demanda
identificando-se os conflitos, metas de racionalização do uso, projetos para atendimento das
metas, priorização de outorgas, diretrizes e critérios para cobrança, medidas de proteção.
Convém destacar que recentemente o Conselho Nacional de Recursos Hídricos, por meio da
Resolução CNRH 58/06, aprovou o Plano Nacional, que já se encontra em vigor e é
composto de 4 volumes, quais sejam: I – Panorama e Estado dos Recursos Hídricos do
Brasil, II – Águas para o Futuro: Cenários para 2020, III – Diretrizes; IV – Programas
Nacionais e Metas.
A outorga de direito de uso de recursos hídricos será abordada detalhadamente adiante.
Quanto ao Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos, o mesmo consiste em
um banco de informações de livre acesso sobre a situação qualitativa e quantitativa dos
recursos hídricos nacionais, contendo dados atualizados sobre disponibilidade e demanda,
bem como subsídios para elaboração dos Planos de Recursos Hídricos.
A lei prevê ainda que União e Estados atuem cada qual no seu âmbito de competência no
que diz respeito à política de recursos hídricos, promovendo a integração entre as políticas
federal e estadual, bem como a integração com outras políticas (saneamento, gestão
ambiental, etc). Para tanto, é previsto o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos
Hídricos (SINGREH), integrado pelo Conselho Nacional e os Estaduais de Recursos Hídricos,
a Agência Nacional de Águas, os Comitês de Bacias Hidrográficas, as Agências de Água e
outros órgãos que se relacionem com a gestão de recursos hídricos em âmbito federal e
estadual.
O Conselho Nacional de Recursos Hídricos tem representação governamental e da
sociedade civil, definida nos termos da lei, sendo-lhe atribuídas, entre outras competências:
(i) a articulação do planejamento de recursos hídricos com os planejamentos nacional,
regional, estaduais e dos setores usuários; (ii) arbitrar, em última instância administrativa, os
conflitos existentes entre Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos; (iii) deliberar sobre os
projetos de aproveitamento de recursos hídricos cujas repercussões extrapolem o âmbito dos
Estados em que serão implantados; (iv) deliberar sobre as questões que lhe tenham sido
encaminhadas pelos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos ou pelos Comitês de Bacia
Hidrográfica; (v) analisar propostas de alteração da legislação relativa a recursos hídricos e à
Política Nacional de Recursos Hídricos; (vi) estabelecer diretrizes complementares para
implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos, aplicação de seus instrumentos e
atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos; (vii) aprovar
propostas de instituição dos Comitês de Bacia Hidrográfica e estabelecer critérios gerais para
a elaboração de seus regimentos; (viii) acompanhar a execução e aprovar o Plano Nacional
de Recursos Hídricos e determinar as providências necessárias ao cumprimento de suas
metas; (ix) estabelecer critérios gerais para a outorga de direitos de uso de recursos hídricos
e para a cobrança por seu uso.
Os Comitês de Bacia Hidrográfica atuam no âmbito da bacia correspondente de forma similar
à atuação do Conselho Nacional em âmbito federal, de modo a estabelecer uma hierarquia
em que as ações e deliberações do Conselho têm caráter geral e os Comitês têm inserção
específica na bacia correspondente.
Os Comitês de Bacia Hidrográfica têm por atribuição: (i) promover o debate das questões
relacionadas a recursos hídricos e articular a atuação das entidades intervenientes; (ii)
arbitrar, em primeira instância administrativa, os conflitos relacionados aos recursos hídricos;
(iii) aprovar o Plano de Recursos Hídricos da bacia; (iv) acompanhar a execução do Plano de
Recursos Hídricos da bacia e sugerir as providências necessárias ao cumprimento de suas
metas; (v) propor ao Conselho Nacional e aos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos as
acumulações, derivações, captações e lançamentos de pouca expressão, para efeito de
isenção da obrigatoriedade de outorga de direitos de uso de recursos hídricos, de acordo
com os domínios destes; (vi) estabelecer os mecanismos de cobrança pelo uso de recursos
hídricos e sugerir os valores a serem cobrados; (vii) estabelecer critérios e promover o rateio
de custo das obras de uso múltiplo, de interesse comum ou coletivo.
As Agências de Água, nos termos da lei, art. 41, exercem a função de secretaria executiva
dos Comitês de Bacia Hidrográfica, tendo a mesma área de atuação que estes, competindo-
lhes, entre outras obrigações: (i) manter balanço atualizado da disponibilidade de recursos
hídricos em sua área de atuação; (ii) manter o cadastro de usuários de recursos hídricos; (iii)
efetuar, mediante delegação do outorgante, a cobrança pelo uso de recursos hídricos; (iv)
analisar e emitir pareceres sobre os projetos e obras a serem financiados com recursos
gerados pela cobrança pelo uso de Recursos Hídricos e encaminhá-los à instituição
financeira responsável pela administração desses recursos; (v) acompanhar a administração
financeira dos recursos arrecadados com a cobrança pelo uso de recursos hídricos em sua
área de atuação; (vi) gerir o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos em sua área
de atuação; (vii) promover os estudos necessários para a gestão dos recursos hídricos em
sua área de atuação; (viii) elaborar o Plano de Recursos Hídricos para apreciação do
No Pará destaca-se a lei estadual 5.887/95, que institui a Política Estadual do Meio Ambiente
do Estado. Há disposições legais dedicadas exclusivamente à infra-estrutura energética, que
podem ser sintetizadas nos seguintes aspectos:
1) Os aproveitamentos hidrelétricos deverão assegurar o uso múltiplo da água, em especial a
necessária ao abastecimento público, à irrigação e ao lazer, bem como a reprodução das
espécies da fauna aquática e terrestre;
2) As barragens dos aproveitamentos hidrelétricos deverão assegurar a navegabilidade dos
cursos d´água potencialmente navegáveis;
3) Os concessionários do aproveitamento hidrelétrico ficam obrigados a fomentar o manejo
integrado de solos e águas nas áreas de contribuição direta dos reservatórios das usinas
hidrelétricas, sob orientação do órgão ambiental;
4) No planejamento e na execução de projetos de aproveitamento hidrelétricos, deverão ser
privilegiadas alternativas que minimizem a remoção e inundação de núcleos populacionais,
reservas indígenas, remanescentes florestais nativos e associações vegetais relevantes;
5) A execução de projetos de aproveitamento hidrelétricos deverá ser precedida e
acompanhada de medidas que assegurem a proteção de espécies raras, vulneráveis ou em
perigo de extinção, da fauna e da flora, bem como das áreas representativas dos
ecossistemas a serem afetados;
6) Os reservatórios das usinas hidrelétricas deverão ser dotados de faixa marginal de
proteção, constante de floresta, plantada com essências nativas;
7) Nas áreas a serem inundadas pelos projetos de aproveitamento hidrelétricos deverão ser
tomadas medidas que evitem ou atenuem alterações negativas na qualidade da água e
propiciem o pleno aproveitamento da biomassa vegetal afetada;
8) Os padrões operacionais das usinas hidrelétricas deverão ser fixados de forma a evitar ou
minimizar os impactos ambientais negativos;
9) Os padrões de emissões da qualidade de água dos reservatórios das usinas hidrelétricas
deverão ser, obrigatoriamente, sujeitos a automonitoramento;
10) É vedada a instalação de unidades geradoras de energia de qualquer natureza em locais
de ocorrência de falhas geológicas que possam colocar em risco a estabilidade destas
unidades.
Tocantins
No Estado do Tocantins, a Portaria Naturatins 06/01 menciona o uso de recursos hídricos
para fins de aproveitamento de potenciais hidrelétricos, a fim de sujeitar referido uso à
concessão de outorga.
Maranhão
No Maranhão, a Política Estadual do Meio Ambiente, lei estadual 5.405/92, dispõe:
1) O proprietário ou concessionário de represas ou cursos d'água, além de outras disposições
legais, é obrigado a tomar medidas de proteção à fauna. No caso de construção de
barragens, tais medidas deverão ser adotadas quer no período de instalação, fechamento de
comportas ou operações de rotina.
2) Do produto da cobrança pela utilização de recursos hídricos será destinada uma parte
percentualmente definida, na forma da lei, com o objetivo de assegurar a proteção das águas
mediante sua aplicação para defesa e desenvolvimento dos demais recursos naturais e
controle de poluição, observadas as peculiaridades das respectivas bacias hidrográficas.
A Política Estadual de Recursos Hídricos, lei estadual 8.149/04, sobre o assunto em questão
apenas estabelece que a outorga e a utilização de recursos hídricos para fins de geração de
energia elétrica estará subordinada ao Plano Nacional de Recursos Hídricos, aprovado na
forma do disposto na Lei Federal nº 9.433, de 08 de janeiro de 1997, e obedecida a disciplina
da legislação setorial especifica.
Goiás
A Política Florestal (lei 12.596/95) identifica como APP as mesmas áreas definidas no Código
Florestal.
Pará
No Pará, conforme a lei estadual 5.879/94, as áreas agrícolas degradadas que forem
recuperadas e não apresentarem condições de aproveitamento serão consideradas APP
perpetuamente.
Tocantins
Maranhão
A Política Estadual de Meio Ambiente (lei 5.405/92) discrimina como APP, além do que prevê
o Código Florestal: os buritizeiros e juçareiras; os manguezais; os olhos d’água, nascentes,
mananciais e vegetações ciliares; as cavidades naturais subterrâneas, as paisagens
notáveis, as áreas estuarinas, as Palmáceas nativas, os recifes e corais.
Unidades de Conservação
De acordo com o que dispõe a lei federal 9985/2000 – Sistema Nacional de Unidades de
Conservação – SNUC, Unidades de Conservação são os espaços territoriais e respectivos
recursos (incluídos espaço aéreo e subsolo que interfiram na estabilidade da área), com
características naturais relevantes e limites definidos, instituídos pelo Poder Público, sob
regime especial de administração, visando à preservação ambiental.
em: área de proteção ambiental (APA); área de relevante interesse ecológico; floresta
nacional; reserva extrativista; reserva de fauna; reserva de desenvolvimento
sustentável; reserva particular do patrimônio natural.
À exceção de APA e Reserva Particular do Patrimônio Natural, as UCs devem possuir zona
de amortecimento e, quando couber, corredores ecológicos, com delimitação definida pelo
Poder Público.
Goiás
Nos termos da lei 14.247/02 (que instituiu o SEUC), as UCs são classificadas em:
− UCs de uso indireto, nas quais não é permitida a exploração de quaisquer recursos
naturais. São áreas de domínio público e abrangem as reservas biológicas, estações
ecológicas, parques estaduais e municipais;
− UCs de uso direto, nas quais é permitido o uso, mediante manejo múltiplo e
sustentável. Podem ser de domínio público ou particular e abrangem as florestas
estaduais e municipais, bem como as áreas de proteção ambiental (APAs)
A lei autoriza o Poder Executivo a criar unidades de conservação representativas do bioma
cerrado.
Pará
No Pará, a lei estadual 5.887/95 (Política Estadual do Meio Ambiente) classifica as UCs e
define o respectivo uso da seguinte forma:
− Unidades de Proteção Integral - proteção e preservação total, com o mínimo de
alterações e uso indireto dos recursos;
− Unidades de Manejo Provisório – uso indireto sustentável por parte das
comunidades tradicionais;
− Unidades de Manejo Sustentável – uso direto dos recursos em regime de manejo
sustentado.
Tocantins
A divisão das Unidades de Conservação em grupos e categorias, consoante a lei 1.560/05,
segue a mesma definição da lei federal 9.985/00 (SNUC).
Maranhão
A Política Estadual de Meio Ambiente (lei 5.405/92) caracteriza como áreas de relevante
interesse ecológico (ARIEs), as áreas onde se situem palmeiras de babaçu, os aririzeiros e as
bacabeiras.
Reservas Legais
Considerando principalmente a MP 2166-67/2001, que alterou o Código Florestal quanto às
disposições relacionadas ao tema, as florestas e outras vegetações nativas, exceto as
localizadas em APP ou em regime específico podem ser suprimidas, mantendo-se área de
reserva legal.
Reserva legal é a área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, excetuada a
de preservação permanente, necessária ao uso sustentável dos recursos naturais, à
Consórcio CNEC - ARCADIS Tetraplan 349
Empresa de Pesquisa Energética – EPE
Avaliação Ambiental integrada - AAI da Bacia do Rio Tocantins e seus Formadores
Relatório P2 – Caracterização da Bacia Hidrográfica do Rio Tocantins
Goiás
A Constituição do Estado prevê, para os imóveis rurais, reserva legal de 20% de sua área
total com cobertura vegetal nativa, vedada a redução e o remanejamento, mesmo no caso de
parcelamento do imóvel.
A Política Florestal (lei 12.596/95) prevê que nas propriedades rurais com área entre 20 e
50ha poderão ser computados no percentual de 20% da reserva legal, além da cobertura
florestal de qualquer natureza, os maciços de porte arbóreo (frutíferos e ornamentais), onde
não será permitido o corte raso.
Pará
No Pará, a lei estadual 6462/02 estabelece que:
Tocantins
A Política Florestal (lei 771/95) estabelece que a localização da reserva legal deverá ser
aprovada pelo Naturatins ou outra instituição habilitada, levando-se em conta a função social
da propriedade, o plano da bacia hidrográfica, o plano diretor municipal, o zoneamento
ecológico-econômico e o zoneamento agrícola, a proximidade com outras áreas reserva
legal, APP ou outras áreas protegidas.
Os zoneamentos ecológico-econômico e agrícola podem: (i) reduzir as áreas de reserva
legal, objetivando a recomposição para até 50% da propriedade, excluídas as APPs,
ecótonos, corredores ecológicos, entre outras áreas protegidas; (ii) ampliar as áreas de
reserva legal em até 50% dos índices legais.
A lei admite ainda considerar as APPs no cômputo da reserva legal, desde que não implique
conversão dessas áreas de APP para uso alternativo do solo, ou quando a soma da
vegetação nativa em APP e reserva legal exceder 80% da propriedade rural.
Maranhão
No Maranhão, a Política Estadual do Meio Ambiente (lei 5.405/92) estabelece que em cada
imóvel rural com área igual ou superior ao respectivo módulo regional deverá ser reservada
área mínima equivalente a 50% da propriedade para plantação e manutenção de reserva
legal.
A critério da autoridade competente, as APPs poderão estar inseridas no cômputo da reserva
legal, desde que a cobertura vegetal das áreas de APP seja nativa.
O zoneamento ambiental pode prever alterações nos limites percentuais da reserva legal.
Goiás
A Política Florestal de Goiás (lei 12.596/95), além do Código Florestal, considera APP:
− as áreas ao redor das lagoas ou reservatórios naturais ou artificiais, desde que seu
nível mais alto, medido horizontalmente, em faixa marginal cuja largura mínima seja
de: (i) 30m para áreas urbanas; (ii) 100m para área rural, exceto os corpos de água
com até 20ha da superfície, cuja faixa marginal seja de 50m
− em linha, em faixa marginal além do leito maior sazonal, medido horizontalmente, de
acordo com a inundação do rio e, na ausência desta, de conformidade com a largura
Consórcio CNEC - ARCADIS Tetraplan 351
Empresa de Pesquisa Energética – EPE
Avaliação Ambiental integrada - AAI da Bacia do Rio Tocantins e seus Formadores
Relatório P2 – Caracterização da Bacia Hidrográfica do Rio Tocantins
Pará
Tocantins
A Política Florestal do Tocantins (lei 771/95), além do que prevê o Código Florestal, considera
APP as áreas situadas:
− ao redor da lagoas, lagos ou reservatórios naturais ou artificiais, desde seu nível mais
alto medido horizontalmente, em faixa marginal, cuja largura mínima seja de: (i) 40m
para áreas urbanas; (ii) 100m para áreas rurais, exceto corpos de água com 20ha de
superfície, cuja faixa marginal seja de 50m;
− em ilha, em faixa marginal além do leito maior sazonal, medido horizontalmente, de
acordo com inundação do rio e, na ausência desta, de conformidade com a largura
mínima de preservação permanente da vegetação ripária exigida para o rio em
questão.
A lei veda ainda o desmatamento: (i) a menos de 500m de distância das margens dos rios
Tocantins, Araguaia e Javaés; (ii) a menos de 200m das margens dos rios Formoso, Manoel
Alves, Paranã, Almas, Sono e outros de igual porte, assim como os lagos, lagoas, pântanos e
grandes represas; (iii) a menos de 50m das margens dos demais cursos d'água, perenes ou
não.
Maranhão
A Constituição do Estado estabelece que as áreas das nascentes dos rios Parnaíba, Farinha,
Itapecuruzinho, Pindaré, Mearim, Corda, Grajaú, Turiaçu e os campos naturais inundáveis
das Baixadas Ocidental e Oriental Maranhenses serão limitadas em lei como reservas
ecológicas, com uso e destinação regulados por lei.
Delimita como Áreas APP: (i) as nascentes dos rios; (ii) a Lagoa da Jansen; (iii) faixa de, no
mínimo, 50m em cada margem dos mananciais e rios. (iv) as nascentes dos rios e as faixas
de proteção de águas superficiais.
Nos termos do que dispõe o Código Florestal supressões totais ou parciais em APP só serão
permitidas nos casos de utilidade pública ou interesse social comprovados em processo
administrativo, quando inexistir alternativa locacional ao empreendimento, mediante
autorização do órgão ambiental estadual e também do órgão federal.
A Resolução CONAMA 369/06 amplia as hipóteses de utilidade pública e interesse social que
podem ensejar intervenções e modificações em APP.
Nos casos de baixo impacto ambiental, definidos em regulamento, poderá ocorrer supressão
de vegetação, desde que autorizada pelo órgão ambiental.
Quanto às restrições totais, florestas em áreas de inclinação entre 25º e 45º não podem ser
derrubadas, sendo permitida apenas a extração de toros em uso racional. Podem ser
considerados APP também as áreas onde se localizam exemplares arbóreos declarados
imunes ao corte pelo Poder Público, em função de sua raridade ou beleza, bem como
qualquer vegetação ameaçada de extinção.
O acesso de pessoas e animais nas APPs para obtenção de água é permitido desde que a
longo prazo não precise ser suprimida ou comprometa a regeneração da vegetação nativa.
Goiás
A exploração das espécies aroeira, braúna, gonçalo alves, ipê, angico e amburana ou
cerejeira somente será autorizada em Plano de Manejo Sustentado ou Plano de Exploração,
acompanhados de Estudo Prévio de Avaliação de Impacto Ambiental, e na forma das normas
a serem baixadas pelo Conselho Estadual do Meio Ambiente.
As autorizações para desmatamento através de corte raso, para uso alternativo do solo em
áreas de grande relevância ambiental, a juízo do órgão de controle ambiental competente, ou
superiores a 500 ha poderão ser concedidas somente depois de apresentação e aprovação
de EIA/RIMA.
A expedição de autorização para uso alternativo do solo, expedida pela Agência Goiana de
Meio Ambiente, depende da efetiva comprovação prévia da conservação de APPs, da
averbação e conservação das áreas de reserva legal, bem como da conservação da
biodiversidade de ambas as áreas, comprováveis por imagem de satélite, datadas de no
máximo 30 dias antes do pedido de licença.
Pará
− A lei estadual 6.194/99 proíbe a extração de espécies arbustivas e arbóreas dos
mangues.
− A lei estadual 6462/02 proíbe o corte e a comercialização de castanheiras e
seringueiras em florestas nativas, primitivas ou regeneradas.
− A lei estadual 5.887/95 dispõe:
o As APPs destinam-se a proteção de ecossistemas, pesquisa e educação
ambiental, manutenção de comunidades tradicionais, lazer, cultura e turismo
ecológico, controle de erosão e assoreamento, permitida a ocupação e o manejo
conforme critérios do Poder Público, mantidos os atributos e características da
área;
o O plano de manejo das áreas de domínio público poderá contemplar atividades
privadas indispensáveis aos objetivos dessas áreas mediante autorização ou
permissão, onerosa ou não;
o As áreas de domínio privado inseridas em APPs estarão sujeitas a regime jurídico
especial, vedadas as ações incompatíveis com os objetivos inerentes à proteção
do espaço territorial;
o As comunidades indígenas poderão ser inseridas nas áreas protegidas,
respeitadas as determinações legais de preservação.
Tocantins
A Política Florestal do Estado (lei 771/950) estabelece que a execução de qualquer tipo de
desmatamento necessário ao uso alternativo do solo depende de autorização do Naturatins,
bem como o aproveitamento de material lenhoso e outros produtos florestais.
Maranhão
Unidades de Conservação
Nas Unidades de Conservação são proibidas quaisquer alterações ou uso em desacordo com
os respectivos objetivos (conforme o grupo e a categoria), planos de manejo e regulamentos,
que abrangem também as zonas de amortecimento e os corredores ecológicos. A lei
9.985/00 (que instituiu o SNUC) prevê para cada categoria de UC as finalidades a que se
destina, as restrições de intervenção e as possibilidades de alguma exploração dos recursos
naturais, notadamente para consumo por comunidades tradicionais nelas fixadas, quando
possível.
A criação de UCs depende de ato do Poder Público e de estudos ambientais que justifiquem
sua criação e prevejam prazos e medidas para adequação do uso territorial às restrições
legais dessa categoria de área. A desafetação ou exclusão da condição de UC depende de
lei.
Nas áreas de reserva da Biosfera, públicas ou privadas, a ocupação do solo é possível nas
zonas de transição, de forma planejada, definida em processo participativo (decreto 4339/02 -
Política Nacional da Biodiversidade).
A execução de obras de engenharia que possam afetar as estações ecológicas deve ser
precedida obrigatoriamente de audiência no CONAMA.
É importante destacar a previsão contida no artigo 36 da lei 9.985/00 que, para os casos de
licenciamento ambiental de empreendimentos de significativo impacto ambiental, obriga o
empreendedor a apoiar a implantação e manutenção de UC do grupo de proteção integral,
em montante não inferior a 0,5% dos custos totais da implantação do empreendimento. O
percentual da compensação é definido pelo órgão licenciador, com base no grau de impacto
a ser causado. A definição da UC também é feita pelo órgão ambiental, exceto nos casos em
que o empreendimento afeta diretamente uma determinada UC.
A Resolução CONAMA 371/06, que estabelece diretrizes para o cálculo, cobrança, aplicação,
aprovação e controle dos recursos advindos da compensação ambiental acima mencionada,
estabelece em seu artigo 16 que o valor da compensação fica fixado em 0,5% até que o
órgão ambiental publique metodologia para cálculo do grau de impacto.
Goiás
Nesse mesmo sentido a lei 14.247/02 (que instituiu o SEUC) também prevê que o órgão ou a
empresa, público ou privado, responsável pela geração e distribuição de energia elétrica ou
captação, tratamento e distribuição de água deve contribuir financeiramente para a proteção
e implantação de uma UC, de acordo com o disposto em regulamentação específica.
No mais, esse diploma legal também estabelece que as áreas de UC são consideradas zona
rural e que as zona de amortecimento, uma vez definidas formalmente, não podem ser
transformadas em zona urbana.
Até que seja elaborado o plano de manejo, todas as atividades e obras desenvolvidas nas
UCs de proteção integral devem se limitar àquelas destinadas a garantir a integridade dos
recursos que a unidade objetiva proteger, assegurando-se às populações tradicionais
residentes na área as condições e os meios necessários para a satisfação de suas
necessidades materiais, sociais e culturais.
Pará
Tocantins
A lei 1560/05 prevê utilização dos recursos naturais apenas das UCs que tenham plano de
manejo aprovados e pelas populações usuárias das áreas de reservas de desenvolvimento
sustentável e de reserva extrativista por meio de contrato de permissão de uso ou de
concessão.
Maranhão
A Política Estadual de Meio Ambiente (lei 5.405/92) estabelece que os critérios de uso,
ocupação e manejo das áreas protegidas devem restringir qualquer ação ou atividade que
comprometa direta ou indiretamente seus atributos e características naturais.
O plano de manejo das áreas de domínio público poderá contemplar atividades privadas
somente mediante permissão ou autorização, onerosa ou não, desde que estritamente
indispensáveis aos objetivos colimados para essas áreas.
A lei prevê a instituição de regime especial de uso para as áreas de domínio privado incluídas
nos espaços protegidos.
Florestas Públicas
Nas florestas públicas cuja gestão foi concedida pelo Poder Público a particular nos termos
da Lei 11.284/06 (Gestão de Florestas Públicas), admite-se o uso conforme Plano de Manejo
Florestal Sustentável – PMFS e a partir da obtenção das Licenças Prévia e de Operação,
precedidas de RAP ou EIA.
O Plano de Manejo Florestal Sustentável (PMFS) deve prever reserva absoluta, equivalente a
5% do total da área concedida (excluídas as APPs), para conservação da biodiversidade e
avaliação/monitoramento dos impactos do manejo, sobre a qual não poderá ocorrer nenhuma
atividade econômica.
As áreas não destinadas a concessão poderão ser utilizadas em conformidade com suas
vocações naturais e com o zoneamento ecológico-econômico.
Reserva Legal
A vegetação da reserva legal não pode ser suprimida, podendo apenas ser utilizada sob
regime de manejo florestal sustentável, previamente aprovado pelos órgãos ambientais, de
acordo com princípios e critérios técnicos e científicos estabelecidos em regulamento. Para
garantir a preservação da área inclusive no caso de transmissão ou sucessão, a área da
reserva legal deve ser averbada à margem de registro imobiliário, quando se tratar de
propriedade, ou em Termo de Compromisso com o órgão ambiental, quando se tratar de
posse.
Goiás
A Legislação em vigor admite a exploração para fins domésticos das áreas de reserva legal,
mediante autorização da Agência Ambiental.
Pará
No Pará, a lei estadual 6462/02, além de reforçar os termos do Código Florestal, possibilita o
uso das reservas legais previsto em plano de manejo e exclui, sob qualquer forma, a
exploração madeireira.
O recente decreto estadual 2141/06, que prevê a recomposição de reserva legal através de
repovoamento florestal e agroflorestal, permite a exploração econômica na área de 37,5% da
reserva legal, deduzindo-se desse percentual as APPs que excederem os 62,5% do restante
da reserva legal. Este permissivo é válido para reserva legal devidamente registrada
(averbação ou termo de compromisso).
Tocantins
Consórcio CNEC - ARCADIS Tetraplan 358
Empresa de Pesquisa Energética – EPE
Avaliação Ambiental integrada - AAI da Bacia do Rio Tocantins e seus Formadores
Relatório P2 – Caracterização da Bacia Hidrográfica do Rio Tocantins
A Política Florestal (lei 771/95) veda a supressão de vegetação em área de reserva legal,
admitindo apenas a utilização sob regime de manejo florestal sustentável e de acordo com
critérios previstos em lei.
Maranhão
No Maranhão, a Política Estadual do Meio Ambiente (lei 5.405/92) estabelece que, nas áreas
de reserva legal, o manejo das florestas implantadas fora das APPs não poderá ser feito com
corte raso e deverá ser compatível com a sua preservação, nos termos da licença ambiental
correspondente.
Quando a vegetação nativa for inferior aos percentuais previstos para reserva legal, podem
ser adotadas isolada ou conjuntamente, a critério do órgão ambiental, as seguintes
alternativas:
recompor a reserva legal mediante o plantio, a cada 3 anos, de no mínimo 1/10 da área
total necessária à sua complementação, com espécies nativas, conforme definição do
órgão ambiental competente;
conduzir a regeneração natural da reserva legal;
compensar a reserva legal por outra área equivalente em importância ecológica e
extensão, pertencente ao mesmo ecossistema e na mesma microbacia (ou em áreas
próximas), conforme critérios definidos em regulamento próprio.
Caso ocorra doação ao órgão ambiental de área localizada em Parque Nacional ou Estadual,
Floresta Nacional, Reserva Extrativista, Reserva Biológica ou Estação Ecológica pendente de
regularização fundiária, localizada na mesma microbacia (ou em áreas próximas), conforme
critérios estabelecidos em regulamento, o proprietário poderá ser desonerado dessas
medidas alternativas pelo prazo de 30 anos.
Goiás
No que diz respeito à realocação de reserva legal, a Portaria 15/01 da Agência Ambiental de
Goiás estabelece que se trata de um procedimento excepcional e somente será aprovada se
comprovado ganho ambiental, ou seja, se a área escolhida possuir tipologias vegetais
superiores às da reserva já averbada.
Já a Portaria 14/01, que dispõe sobre a compensação de reserva legal, estabelece que a
nova área deve possuir importância ecológica equivalente à área original. Para possibilitar a
compensação, a propriedade matriz deve cumprir os requisitos especificados nessa portaria,
como: ter suas APPs íntegras ou em recomposição; não possuir vegetação nativa superior a
20% da área total; adotar práticas conservacionistas e não manter nenhuma forma de
degradação; manter produtividade superior ou igual à média regional conforme dados do
IBGE.. A lei proíbe ainda a exploração florestal na propriedade matriz.
A nova área de reserva legal deverá corresponder a (i) 25% da área da matriz se estiver na
mesma micro-região; (ii) 30% da área da matriz se estiver apenas na mesma bacia
hidrográfica. Além disso. deve ser nativa e não antropizada, , sendo computadas
independentemente das áreas de reserva legal já existentes na matriz, deve ser averbada e
deve ter cobertura florestal nativa nos percentuais definidos na portaria. Proíbe a exploração
florestal de vegetação nativa na propriedade matriz
Pará
Tocantins
A Política Florestal (lei 771/95) determina que a recomposição da reserva legal deve ser feita
mediante plantio ou regeneração conduzida, em cada ano, de pelo menos 1/30 da área total
para completar a referida reserva. O Poder Público pode vedar totalmente o uso da área
enquanto estiver ocorrendo a recomposição.
compensação por: (i) outra área de terreno rural na mesma bacia hidrográfica; (ii) doação
ao Estado de área localizada em UC de Proteção Integral, o que desonera o proprietário
por 30 anos; (iii) servidão florestal, com renúncia a supressão ou aproveitamento da
vegetação nativa por 5 anos, entre outros requisitos definidos na lei.
As leis federais 4.947/66, 5.868/72, 10.267/01, bem como os decretos 72.106/73 4.449/02,
dispõem sobre o Cadastro Nacional de Imóveis Rurais, que consiste em um banco de
informações sobre os imóveis rurais, incluindo propriedades, posses, parcerias,
arrendamentos e terras públicas, sendo que todos os detentores de algum título de posse,
exploração ou propriedade sobre imóvel rural têm obrigação de prestar informações a esse
cadastro, sob pena de multa e outras penalidades de ordem tributária.
Nos termos da lei, esse Cadastro é gerenciado pelo INCRA e pela Receita Federal, devendo
ser produzido e compartilhado pelos órgãos federais, estaduais e municipais que produzam
ou utilizem informações sobre o meio rural brasileiro.
Desse estudo depreendeu-se que, embora o universo de imóveis não cadastrados seja
pequeno em relação aos cadastrados, a área dos imóveis irregulares é bastante significativa.
No Norte, 0,2% dos imóveis suspeitos de grilagem abrangem 26% da área dessa região, com
destaque para o Estado do Pará, onde 0,3% dos imóveis são responsáveis por 34% da área
suspeita de grilagem. O relatório final da CPI , de 29/08/2001, aponta que no Pará as terras
rurais irregulares correspondem a mais de 30 milhões de hectares.
Nesse mesmo estudo, constatou-se que a região Norte possui 6% do total de imóveis
cadastrados, abrangendo 22% da área. No que diz respeito à grilagem essas proporções
são, respectivamente 33% dos imóveis e 53% da área, considerando-se o território nacional.
Denomina-se grilagem a obtenção de posse ou de propriedade por meio ilícito, com a
falsificação de documentos e o emprego de violência. Nesse processo, esse tipo de atividade
envolve, na maioria das vezes, a ação e conivência de grandes proprietários de terras,
madeireiros, criadores de gado, especuladores imobiliários, políticos, empresas e da
desorganização dos órgãos públicos, o que possibilita inclusive as recorrentes fraudes e
corrupção.
Os aspectos mais relevantes relacionados à grilagem de terras, identificados pelo estudo em
questão, e também com base em dados do Ministério do Desenvolvimento Agrário, referem-
se a:
(i) sobreposição de terras griladas entre si, em função de multiplicidade de documentos falsos
sobre uma mesma área;
(ii) sobreposição de áreas griladas com terras públicas, reservas florestais e reservas
indígenas, excetuando-se os casos em que reservas indígenas foram demarcadas pela
FUNAI posteriormente ao registro da propriedade;
(iii) grilagem apenas “no papel”, consistente no uso de documentação falsa sobre terra fictícia
em transações financeiras, como obtenção de empréstimos bancários, financiamentos de
projetos, abatimento dívidas previdenciárias mediante a dação em pagamento de imóveis
rurais (Iei 9711/98);
Para efeito desse estudo, foram considerados os programas do PPA Federal e Estaduais.
Considerando o universo do Programa, as áreas de investimento do PPA destacadas neste
estudo abrangem empreendimentos estruturais específicos que possam ter ou vir a ter
interferência sobre a Bacia do rio Tocantins.
A seguir, são apresentados os principais planos, programas e projetos contidos nos PPAs
estaduais:
O Plano Plurianual 2004-2007 do Distrito Federal propõe uma série de planos e programas,
dentre os quais cabe mencionar aqueles voltados ao desenvolvimento da agropecuária, ao
desenvolvimento regional, ao incremento na infra-estrutura e à preservação do meio
ambiente, dentre outros. A descrição desses planos e programas aparece no Anexo XXIII do
presente relatório.
O Plano Plurianual 2004-2007 de Tocantins propõe uma série de planos e programas, dentre
os quais cabe mencionar aqueles voltados ao desenvolvimento da agropecuária, ao
incremento da infra-estrutura, à proteção do meio ambiente e dos recursos hídricos, entre
outros. A descrição desses planos e programas aparece no Anexo XXIII do presente relatório.
PPA – ESTADO DE GOIÁS
Segundo consta no escopo do PPA 2004-2007 Goiás Século XXI - “Avançar Mais”, seu
principal objetivo é a inserção de Goiás na economia nacional e internacional para garantir
seu crescimento em termos de progresso econômico, social e de qualidade de vida.
Para a elaboração deste PPA o Estado foi dividido em 7 regiões administrativas. No âmbito
do presente estudo, foram selecionados os programas relativos às regiões 2 - Nordeste
(Posse) e 5 - Norte (Goianésia), parte das regiões 1 - Entorno do DF (Formosa) e 6 -
Noroeste (Jussara). A descrição dos planos e programas selecionados, também privilegiando
aqueles voltados ao desenvolvimento da agropecuária, ao desenvolvimento regional, ao
incremento da infra-estrutura, à preservação do meio ambiente, dentre outros, aparecem
descritos no Anexo XX do presente relatório.
Aqueles programas que foram considerados mais relevantes para este estudo são listados no
Anexo XXIII do presente relatório.
Em termos das diretrizes contidas no ZEE que se aplicam ao território da Bacia, destaca-se
que são estabelecidos diversos objetivos de uso das terras no baixo curso do rio Tocantins,
tanto de preservação, quanto de exploração.
Uma pequena porção da Bacia encontra-se na Zona de Conservação, representada tanto por
Unidades de Conservação (UCs) quanto por Terras Indígenas (TIs). No entanto, a maior
parte de seu território destina-se à consolidação e à expansão de atividades produtivas,
incluídas na Zona de Consolidação e Expansão de Atividades Produtivas.
Esta faixa de consolidação e de expansão foi delimitada nas áreas identificadas como de
maior ocupação e está em conformidade tanto com as propostas para a região incluídas no
Povoamento Adensado do Programa da Amazônia Sustentável (PAS), bem como com as
macro-estratégias do ZEE, entre elas, a consolidação da fronteira produtiva já aberta.
políticas, planos e programas governamentais, bem como com as diretrizes para avaliação
ambiental de grandes projetos adotadas pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento
(BID).
A Bacia dos rios Tocantins e Araguaia foi definida, pela ANA, como uma das bacias
prioritárias para implementação dos dispositivos da nova política do setor de recursos
hídricos, para a qual, em função dos múltiplos empreendimentos em execução e projetados e
dos potenciais conflitos socioambientais que apresenta, será elaborado um Plano de Bacia
com caráter estratégico, que permita estabelecer diretrizes para a compatibilização do uso
múltiplo dos recursos hídricos (abastecimento humano, geração de energia, navegação,
irrigação, etc.) com as demais políticas setoriais que tenham interferência sobre os recursos
hídricos e com a preservação ambiental.
De acordo com o Termo de Referência para contratação dos estudos, os principais objetivos
do Plano são:
Diagnosticar potencialidades hídricas e demandas de usos dos recursos hídricos;
Definir plano de investimentos para as ações de recursos hídricos, levando-se em conta
as condições físicas, ambientais e socioeconômicas de cada bacia;
Definir e hierarquizar as sub-bacias prioritárias para o detalhamento de novos estudos ou
planos específicos;
Identificar conflitos entre ações e atividades desenvolvidas pelos setores usuários de
água e medidas necessárias à conservação ambiental, possibilitando a compatibilização
e mediação de conflitos.
local que até então era considerado impróprio para a agricultura. O projeto vem se
desenvolvendo desde então com atuação em diversos Estados brasileiros onde se encontra
o bioma Cerrado.
A meta projetada visa incorporar 350.000 (trezentos e cinqüenta mil) hectares ao processo
produtivo, nos distintos projetos constitutivos do Programa.
Fonte: http://www.to.gov.br/seagro/
6.1.6.1. Análise dos Sistemas Regionais - Subsistema Norte e Subsistema Centro Sul
Ciclo 2006-2015 – EPE
Fonte: Estudos do Plano Decenal da Expansão do Setor Elétrico – Subsistema Norte – ciclo 2006/2015
Adicionalmente, o estudo aponta, para cada Estado da região Norte, recomendações para a
melhoria da distribuição de energia elétrica a fim de atender as demandas atuais e futuras
que são apontadas pelo estudo.
Estado do Tocantins
− A realização de estudos específicos para verificar a necessidade de expansão da
transformação nas subestações de fronteira da Rede Básica (RBF), Miracema e
Colinas;
− Construir mais duas linhas de transmissão: entre os municípios de Colina e Goiantins,
com previsão de transmissão de 183 kv até o ano de 2008, e entre Araguatins e
Augustinópolis, com previsão de transmissão de 69 kv até o ano de 2008;
− Existe também a previsão de construção de duas subestações, uma no município de
Araguatins até o ano de 2008 e outra no município de Goiantins até o ano de 2009.
Foram consideradas também as obras referentes à integração das grandes usinas do rio
Madeira, com entrada em operação prevista para 2011 e o CHE Belo Monte para 2013, de
acordo com os estudos: “Sistema de Transmissão Associado aos Aproveitamentos
Hidrelétricos de Jirau e Santo Antônio” - Nota Técnica DPT.T.016.2004 - dezembro/2004 –
FURNAS e “Análise Preliminar do Sistema de Conexão e Sistemas Receptores da Regiões
Sudeste/Centro-oeste e Norte/Nordeste para a 1o Etapa do CHE Belo Monte (5500 MW)” -
CCPE/CTET.050.2002, respectivamente.
Fonte: Estudos do Plano Decenal da Expansão do Setor Elétrico – Subsistema Norte – ciclo 2006/2015
A projeção em longo prazo do consumo de energia elétrica tem impactos sobre as decisões a
serem tomadas pelo Setor Elétrico Brasileiro. Para este estudo foram definidos 4 cenários
alternativos, levando em conta tanto aspectos macroeconômicos como aspectos relacionados
ao mercado de energia elétrica:
Cenário A: o Brasil apresenta crescimento econômico moderado, porém em ascensão no
final do período;
Cenário B: o crescimento do país é moderado com trajetória ascendente;
Cenário C: o crescimento do país é moderado;
Cenário D: o crescimento econômico é baixo.
A configuração do sistema elétrico brasileiro com projeção para 2011 é ilustrada na figura a
seguir:
6.1.8. Transposição das Águas do Rio Tocantins para o Rio São Francisco
Como forma de solucionar, ou pelo menos minimizar os impactos socioeconômicos dos
períodos de maior estiagem sobre o nordeste setentrional do Brasil, a atual equipe de
Governo anunciou a execução do projeto básico de transposição do São Francisco e o
inseriu em seu planejamento plurianual (2000-2003).
Três fontes para o aumento da disponibilidade hídrica foram consideradas: (i) gerenciamento
otimizado da oferta disponível nas bacias hidrográficas dos mais importantes tributários
localizados na região do semi-árido; (ii) regularização dos principais tributários e da calha
principal do São Francisco (objeto do presente Estudo Técnico); e (iii) duas alternativas de
transposição da Bacia do rio Paraná (Vertedor de Furnas, Bebedouro do Paranaíba e Túnel
São Marcos) e uma alternativa de transposição de água do rio Tocantins (Projeto Doador).
Por meio do estudo realizado em 2001, vazões excedentes das Bacias do Paraná e
Tocantins seriam importadas para a Bacia do São Francisco onde estão previstas obras de
armazenamento e regularização em seus afluentes.
Iniciou-se então, no âmbito do Governo Federal, uma série de estudos que vieram a
contemplar a alternativa proposta pelo Governo do Estado do Tocantins. Estes estudos,
coordenados pela FUNCATE - Fundação de Ciências, Aplicações Tecnologia encontram-se
sistematizados em um relatório de análise de pré-viabilidade.
A região do Jalapão localiza-se, em sua totalidade, dentro dos limites da Bacia Hidrográfica
do rio Tocantins.
Apresenta uma área total de 53.340,90 km2, englobando 15 municípios: Barra de Ouro,
Campos Lindos, Centenário, Goiatins, Itacajá, Itapiratins, Lagoa do Tocantins, Lizarda,
Mateiros, Novo Acordo, Ponte Alta de Tocantins, Recursolândia, Rio Sono, Santa Tereza de
Tocantins e São Félix do Tocantins.
O estudo apresenta a região do Jalapão como aquela com melhor custo-benefício para a
captação das águas de transposição, considerando-se um horizonte de 40 anos. Os
Setor Municípios ou UF
localidades
A agricultura irrigada vem crescendo na região conforme pode se observar na tabela a seguir:
Javaés (Lagoa TO
Rios Urubu, Formoso e
22.000 22.000 Arroz
da Confusão) Javaés
Total 89.323
Fonte: ONA S.A. Engenharia, 1997 in: Diagnóstico do fluxo de sedimentos em suspensão na Bacia
Araguaia-Tocantins / Jorge Enoch Furquim Werneck Lima... [et al.] – Planaltina, DF: Embrapa
Cerrados, Brasília, DF : ANEEL : ANA, 2004.
Dentre esses, cabe destacar especificamente aqueles que estão inseridos na área de estudo,
ou seja, na Bacia do rio Tocantins.
Projeto Javaés - Lagoa da Confusão
O rio Tocantins banha toda a porção oeste do município e constitui a maior fonte natural de
recursos hídricos para a implantação de projetos de irrigação no município. Além do rio
Tocantins, um dos seus principais afluentes, o rio do Sono, é utilizado no projeto que viabiliza
as plantações de soja no município.
Por outro lado, como já se ressaltou ao longo desse estudo, a posição espacial relativa da
Bacia, que traz em si vantagens locacionais especialmente do ponto de vista das conexões
internas do país e de escoamento da produção (interna e externamente), faz com que os
projetos de transporte e logística também sejam constantes nessa região. Certamente cabe
mencionar os projetos inseridos no Portfolio dos Estudos dos Eixos de Integração e
Desenvolvimento Nacional, com destaque para a Ferrovia Norte-Sul e para a Hidrovia
Araguaia-Tocantins. Essas duas estruturas do sistema de transporte são essenciais na
composição da matriz logística regional.
Consórcio CNEC - ARCADIS Tetraplan 379
Empresa de Pesquisa Energética – EPE
Avaliação Ambiental integrada - AAI da Bacia do Rio Tocantins e seus Formadores
Relatório P2 – Caracterização da Bacia Hidrográfica do Rio Tocantins
Especial menção deve ser feita à Hidrovia, já que sua instalação tem estreita relação com os
usos atualmente verificados na Bacia, especialmente com a implantação de hidrelétricas.
Atualmente, como mencionado no item acerca do Sistema de Transportes e Rede Urbana
Regional, atualmente a hidrovia apresenta impedimentos que inviabilizam a navegação em
alguns trechos e que são de duas naturezas: (i) de ordem natural, como corredeiras ou (ii)
decorrentes da implantação de usinas hidrelétricas sem as eclusas. Essa é uma das
questões-chave e que tem gerado muita polêmica envolvendo o setor de energia e
transportes.
Outro projeto bastante polêmico e que tem total interface com o uso das águas é o Estudo de
Transposição das águas do rio Tocantins para o Rio São Francisco. No entanto, de acordo
com as discussões que foram mantidas e estudos desenvolvidos, a probabilidade dessa
alternativa ser a selecionada é bastante baixa.
Por fim, cabe mencionar que uma das principais questões que envolvem a Bacia é a
ausência de um Plano Diretor de Bacia, nos moldes do preconizado pelo Plano Nacional de
Recursos Hídricos, onde estariam estabelecidas as condições para utilização de suas águas,
de maneira integrada. A ANA contratou os estudos para desenvolvimento desse Plano, que
deve culminar com a criação de um Comitê da Bacia Hidrográfica, órgão que seria o
responsável pela implementação das ações contidas no plano e pela regulação de seu uso.
6.3. Perspectivas
Uma vez que a Bacia do Tocantins, juntamente com o Araguaia, vem sendo considerada
como prioritária pela ANA em função de suas vocações econômicas e dos potenciais conflitos
de uso da água, esforços vêm sendo desenvolvidos no sentido de dotar a bacia de um plano
estratégico de recursos hídricos o que, certamente, no futuro, dará as bases para a criação
do Comitê da Bacia Hidrográfica dos rios Araguaia e Tocantins, ente fundamental para o
controle do uso das águas.
Fica claro, por outro lado, que alguns usos das águas também serão intensificados, como é o
caso da irrigação, já que a expansão da fronteira agrícola deve continuar ocorrendo, com
intensificação das plantações de grãos especialmente no cerrado. Essa é uma das atividades
mais intensivas no consumo de água, sendo fundamental que sejam estabelecidas normas
para que esse uso não seja conflitante com os demais verificados na Bacia. Certamente esse
será um dos aspectos abordados no Plano Estratégico da Bacia, em desenvolvimento.
O turismo é outra atividade econômica que certamente ganhará impulso na região nos
próximos anos, haja visto o grande contingente de atrativos turísticos naturais que podem se
converter em produtos e os projetos propostos em âmbito estadual para sua intensificação. A
intensificação do turismo, especialmente se conjugado aos recursos hídricos, é outro uso que
pode gerar conflitos se não for bem regulado.
Por outro lado, como visto no item sobre Dinâmica Demográfica, há cidades contidas na
Bacia que apresentam dinâmicas de crescimento aceleradas, o que implicará certamente em
problemas se o planejamento da infra-estrutura não acompanhar esse ritmo de crescimento.
As condições de saneamento ambiental são precárias em grande parte da Bacia, daí o fato
de em todos os Estados haver previsão de investimentos especialmente quanto à instalação
das redes de abastecimento d´água e de coleta de esgoto, o que também pode gerar
conflitos de uso da água.
Por fim, a grande vocação hidrelétrica da Bacia implica em diversos projetos do setor elétrico
para ampliação da matriz energética na região, como apresentado no item que dispõe sobre
Aproveitamentos Hidrelétricos. Assim, entende-se que a principal transformação da Bacia
será decorrente da implantação desses projetos, daí a importância dessa Avaliação
Ambiental Integrada, considerando não somente o conjunto de aproveitamentos a ser
implementado, mas também todos os principais projetos de relevância identificados no
presente capítulo.
Este contrato foi ampliado, através de um termo aditivo, em dezembro de 1973, tendo como
interveniente a ELETRONORTE – Centrais Elétricas do Norte do Brasil S.A., encarregada do
desenvolvimento dos estudos a nível de inventário, bem como da definição dos
aproveitamento hidrelétricos objeto de estudos mais aprofundados, em nível de viabilidade.
Desse modo, a área dos estudos foi ampliada, incluindo-se o Baixo Tocantins até a UHE
Tucuruí, o Baixo Araguaia e o rio Itacaiúnas.
Os estudos finais desta fase, concluíram pela seleção de uma divisão de quedas com os
seguintes aproveitamentos:
Carolina, com reservatório na cota 197,50 m e restituição na cota 144,60 m, compatível
com a UHE Santo Antônio definida na fase anterior;
Porto Nacional, com reservatório na cota 237,00 m e restituição na cota 197,50 m;
Peixe, com reservatório na cota 300,30 m e restituição na cota 237,00 m; e
São Félix, com reservatório na cota 440,00 m e restituição na cota 300,30 m.
FURNAS, ao assumir os estudos, optou por uma completa revisão dos trabalhos já feitos pela
CIVAT e pela ELETRONORTE. A revisão dos estudos de inventário existentes levam a
seleção de um esquema com três projetos no rio Tocantins e dois no seu afluente Paranã,
indicando ainda a UHE Serra da Mesa como o melhor empreendimento desta divisão de
queda:
UHE Serra da Mesa com reservatório na cota 460,00 m no rio Tocantins.
UHE Cana Brava com reservatório na cota 333,00 m no rio Tocantins.
UHE Peixe Sta. Cruz com reservatório na cota 287,00 m no rio Tocantins.
UHE Foz do Bezerra com reservatório na cota 410,00 m no rio Paranã.
UHE São Domingos com reservatório na cota 327,00 m no rio Paranã.
A região da bacia do rio Tocantins, compreendendo o Médio Tocantins foi reinventariada pela
ELETRONORTE entre os anos de 1983 e 1987, tendo-se identificado um desnível do rio de
135,00 m, possibilitando a instalação de uma potência total de 6.314 MW, abrangendo os
reservatório do rio Tocantins e dos seus principais afluentes. Assim neste inventário foram
previstos os seguintes aproveitamentos hidrelétricos:
Serra Quebrada, com NA máximo do reservatório na cota 132,00 m e restituição na cota
104,00 m.
Estreito, com NA máximo do reservatório na cota 158,00 m e restituição na cota 133,10
m.
Tupiratins, com NA máximo do reservatório na cota 183,00 e restituição na cota 158,00
m.
Lajeado Montante, com NA máximo do reservatório na cota 212,00 m e restituição na
cota 184,50 m.
Ipueiras, com NA máximo do reservatório na cota 239,00 m e restituição na cota 213,00
m.
Entre 1995 e 1996 foram realizados os estudos de viabilidade da UHE Lajeado pela
CELTINS. O eixo foi deslocado 5 km para jusante, ganhando-se neste eixo cerca de 6 m de
queda. Em agosto de 1997 o Ministério de Minas e Energia lançou o edital de licitação da
UHE Lajeado saindo vencedora a INVESTCO. A construção da UHE Lajeado foi iniciada em
julho de 1998 e em fevereiro de 2002 foi concluído o enchimento do reservatório.
Os estudos foram submetidos a ANEEL em junho de 2000 com a seguinte divisão de queda
no rio Tocantins:
UHE Ipueiras com o NA máximo do reservatório na cota 235,00 m.
UHE Peixe com o NA máximo do reservatório na cota 263,00 m, ao invés da cota 287,00
m dos estudos anteriores.
UHE São Salvador, com o NA máximo do reservatório na cota 287,00 m.
Nos rios Paranã e Barra do Palma foram indicados nesses estudos, os aproveitamentos de
Paranã e Barra do Palma, ambos com NA máximo na cota 287,00 m.
Ao mesmo tempo a INVESTCO fez uma reavaliação da divisão de queda do trecho Lajeado-
Estreito, com o rebaixamento do NA máximo do reservatório da UHE Tupiratins para a cota
178,00 m ao invés de 183,00. Este rebaixamento visa evitar o remanejamento total de
algumas cidades como Pedro Afonso e diminuir o impacto sobre Miracema do Tocantins e
Tocantinópolis. O NA máximo do reservatório da UHE Estreito também foi rebaixado em 2,00
m pra a cota 156,00 m, visando minimizar a influência sobre as cidades de Carolina e
Filadélfia. A ANEEL aprovou estes estudos em maio de 2001.
Os estudos de viabilidade da UHE Peixe Angical foram iniciados em 2000 e aprovados pela
ANEEL em março de 2001. Em junho de 2001 foi outorgada pela União à Enerpeixe S.A. a
concessão para exploração da UHE Peixe Angical e em meados de 2002 foi iniciada sua
construção. A entrada em operação comercial foi em abril de 2006.
Na mesma época foram feitos os estudos de viabilidade das UHE’s São Salvador e Estreito,
os quais foram outorgados pela União em abril/2002 e novembro/2002 respectivamente. A
UHE São Salvador já iniciou a construção enquanto a UHE Estreito ainda aguarda a Licença
de Instalação.
Também foram realizados os estudos de viabilidade das UHE’s Tupiratins e Ipueiras entre
2001 e 2003. Todavia a UHE Tupiratins não teve concluído seu EIA/RIMA uma vez que seu
reservatório afeta diretamente a reserva indígena Xerente.
Com relação e UHE Ipueiras, os estudos foram concluídos em 2005, todavia o IBAMA negou
a Licença Prévia em função da área do reservatório e em função dos prejuízos a ictiofauna.
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Realizado pela Conservation International (CI), Instituto Ecológica (IE), Ministério do Meio
Ambiente (MMA) e pelo IBAMA-DIREC. Disponível em <http://www.ecologica.org.br>. Acesso
realizado em 29/08/06.