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O método etnográfico

O método etnográfico surgiu dentro da Antropologia do século XX como uma crítica a


Antropologia do século XIX que tinha uma visão etnocêntrica. Os estudos antropológicos
do século XIX baseavam-se na teoria de que a história da humanidade poderia ser
explicada pela evolução ou não evolução dos povos. Para eles alguns povos haviam
passado por três estágios evoluindo da condição de ´´selvageria`` ou ´´barbárie`` para
uma condição de ´´civilização``, mas outros não, ficando assim nos estados anteriores.
Para contribuir com esta ideia dos estágios os antropólogos então começaram a analisar
os povos primitivos e estes se tornaram de certa forma um museu vivo que refletia a ideia
de como nós fomos um dia antes de nos tornarmos civilizados. Mas estas análises feitas
pelos antropólogos eram feitas em seus gabinetes através de documentos de expedições,
relatos missionários ou de viajantes e nunca tinham um contato real com os ditos
´´primitivos``.
No final do século XIX este cenário começou a mudar já que os antropólogos começaram
a participar de algumas expedições científicas que depois foram se tornando frequentes.
Em uma dessas expedições estava Bronislaw Malinowski, doutorando que revolucionou a
maneira de pesquisar com seu método de observação participante. Malinowski viveu três
anos em Trobriand por conta da Primeira Guerra e no tempo em que passou ali aprendeu
a língua nativa, socializou e participou dos eventos convivendo realmente no dia a dia
daquele povo. Este período de sua vida ficou registrado no livro ´´Os Argonautas do
Pacífico Ocidental`` e nele estava também a primeira explanação do que é o método
etnográfico. Este consiste em viver entre os nativos por um longo tempo. Ele acreditava
que só o trabalho de campo desta forma permitiria o ponto de vista do nativo e dando voz
a estes povos a antropologia foi se tornando menos etnocêntrica.
Na introdução de seu livro mencionado acima, Malinowski, fala sobre os princípios do
método. O primeiro deles diz respeito ao investigador que deve se guiar por objetivos
verdadeiramente científicos e conhecer as normas e critérios da etnografia moderna; o
segundo é viver efetivamente entre os nativos num contato o mais estreito o possível e se
manter afastado dos homens brancos; e o terceiro e último diz para o antropólogo recorrer
a alguns métodos especiais de recolha, manipulação e registro de suas provas. Segundo
ele, o pesquisador deve estar atualizado e se inspirar nos conhecimentos e pesquisas
recentes, pois estar bem informado não quer dizer estar carregado de ideias
preconcebidas.
Esta experiência de viver com o único propósito de observar a vida nativa e até mesmo
participar dela, é composta de fases. A primeira é como dito acima, ter uma bagagem
teórica e informações sobre o povo escolhido para o estudo; a segunda é o ato de viver
um longo período entre os nativos e a terceira fase se traduz na volta para casa, na
organização e escrita de tudo o que foi capturado enquanto se estava no trabalho de
campo. O objetivo final do etnógrafo, nas palavras de Malinowski, é compreender o ponto
de vista do nativo, sua relação com a vida e perceber sua visão de seu mundo.
Podemos nomear essas três fases de: a formação, o trabalho de campo e a escrita. A
formação teórica é, como dito acima, o conhecimento indispensável, necessário para ir a
campo. Ir ao mesmo sem possuir tal formação é considerado um equívoco, pois é através
da familiaridade com a bibliografia do tema que o antropólogo adquire a capacidade de
levantar questões pertinentes para a realização da pesquisa. É também a partir da leitura
de inúmeros textos etnográficos que o antropólogo obtém um “olhar devidamente
sensibilizado pela teoria disponível” e seu ouvido se torna “preparado para eliminar todos
os ruídos” (CARDOSO, 1998, p. 19, 21). Portanto, é por meio da formação que
aprendemos a enxergar pessoas (com nomes, posições, detentoras de palavra, de saber)
e não apenas objetos de estudo. Aprendemos que:

“o mundo não se divide em devotos e supersticiosos; que há esculturas nas selvas


e pinturas nos desertos; que a ordem política é possível sem o poder
centralizado /.../ que vemos a vida dos outros através das lentes que nós próprios
polimos e que os outros nos vêem através das deles” (GEERTZ, 2001, p. 66).

Já o trabalho de campo pode ser uma etapa confusa, pois o campo não oferece dados,
mas sim informações que se transforarão em dados através do processo reflexivo que
deve ser realizado pelo antropólogo após sua coleta.

“Fazer etnografia é como tentar ler (no sentido de ‘construir uma leitura de’) um
manuscrito estranho, desbotado, cheio de elipses, incoerências, emendas suspeitas
e comentários tendenciosos...” (GEERTZ, 1989, p.20).

Então, podemos observar a existência de dois momentos em campo. No primeiro, o


pesquisador registra informações a partir do ver e do ouvir, porém não se trata de ouvir
apenas o que queremos, mas ouvir o que nossos interlocutores têm a dizer. Isso é feito
através de uma relação dialógica, que só é possível ser estabelecida quando o
antropólogo se encontra na posição de observador-participante, onde se cria uma
familiaridade com os nativos e sua cultura, concebendo uma condição indispensável para
um verdadeiro diálogo. Assim, em um primeiro momento o que o antropólogo faz é uma
coleta de descrições, descrevendo tudo em riscos detalhes, transcrevendo depoimentos e
anotando todo e qualquer acontecimento, pois não se sabe o que é realmente essencial
ou o que é irrelevante.
É após esse período de confusão que vem a segunda fase do trabalho de campo, o da
“sacada”, onde o antropólogo começa a colocar todas as informações coletadas até então
em ordem, a refletir sobre as mesmas e decidir quais informações irão se converter em
material significativo para a pesquisa. No entanto, é importante entender que essa
“sacada” só pode advir depois de certo tempo. O trabalho de campo não pode ser feito
em apenas algumas horas, dias ou finais de semana. É necessário tempo para que o
antropólogo consiga relativizar sua cultura e perceber a coerência na cultura do “outro”.
Após dar uma ordem para as informações coletadas no estágio anterior chegamos à
escrita, terceira fase do fazer etnográfico, que consiste basicamente em pôr as coisas em
ordem de forma que possibilite a leitura por parte de um público que não esteve em
campo. Esta é a fase descrita por muitos como sendo a mais difícil, pois a etnografia é
uma experiência do “outro” para captar, compreender e depois interpretar sua alteridade,
enquanto a narrativa etnográfica é a transformação dessa experiência, depoimentos,
transcrições, fitas, fotos, diário de campo, lembranças, sensações etc., em escrita, o que
exige um mínimo de coerência e linearidade. É essa diferença ou distância entre
experiência e texto que nos ajuda a entender a citação:

“como pessoas tão interessantes, que fazem coisas tão interessantes podem
escrever coisas tão chatas?” (ROSALDO, 2000: 61)

Além disso, é de suma importância que o antropólogo não confunda sua fala com a do
nativo, pois por mais perto que tenha chegado deste, simplesmente, não é um nativo. O
“eu” não é o “outro”, mas o “eu” do antropólogo não é tampouco daquele pesquisador que
iniciou o trabalho de campo, visto que é natural que qualquer ser humano passe por
mudanças de acordo com as experiências vividas ao longo do tempo.

“É preciso pensar em que espaço se move o etnólogo que está engajado numa
pesquisa de campo e refletir sobre as ambivalências de um estado existencial onde
não se está nem numa sociedade nem na outra, e no entanto está-se enfiado até o
pescoço em uma e outra.” (DA MATTA, 1981, p. 153,4)

FIM
BIBLIOGRAFIA

URIARTE, Urpi Montoya. O que é fazer etnografia para os antropólogos. Disponível


em:<https://journals.openedition.org/pontourbe/300>. Acesso em: 09 dez. 2018.

ALVES, Leonardo M. A antropologia vai a campo: Malinowski. Disponível


em:<https://ensaiosenotas.com/2016/08/14/a-antropologia-vai-a-campo-malinowski/>.
Acesso em: 09 dez. 2018.

MALINOWSKI, Bronislaw. Introdução: Tema, método e objetivo desta pesquisa. In:


MALINOWSKI, Bronislaw. Os Argonautas do Pacífico Ocidental. 2 ed. São Paulo: Abril
Cultural, 1978. p. 17-34.

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