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Planejamento
e Políticas Ambientais
Planejamento e Políticas Ambientais
Autor: Prof. Dr. Ronaldo Tavares de Araujo
Como citar este documento: ARAUJO, Ronaldo Tavares. Planejamento e políticas ambientais.
Valinhos: 2015.

Sumário
Apresentação da Disciplina 03
Unidade 1: A Questão Ambiental e os Paradigmas Contrastantes 05
Assista a suas aulas
20
Unidade 2: Planejamento Ambiental: Fator Indutor da Sustentabilidade 28
Assista a suas aulas
48
Unidade 3: Etapas, Estruturas e Instrumentos do Planejamento Ambiental 56
Assista a suas aulas
79
Unidade 4: Temáticas e Temas Usados em Planejamento Ambiental 88
Assista a suas aulas
103
Unidade 5: Indicadores Ambientais e Planejamento 111
Assista a suas aulas
132
Unidade 6: Política e Gestão Ambiental 140
Assista a suas aulas
157
Unidade 7: Política e Planejamento Territorial 165
Assista a suas aulas
186
Unidade 8: Novas Tendências de Planejamento, Política e Sustentabilidade 195
Assista a suas aulas 214
2/222
Apresentação da Disciplina

Desde a antiguidade, a organização do espaço, neste caso entendida como formas de


planejamento, é instintiva para o coletivo humano que se propõe a viver em estado gregário,
sob objetivos e normas comuns.
No processo de gestão ambiental, assim como na nossa vida cotidiana, o planejamento
se torna imprescindível, uma vez que, estamos sempre planejando tudo que fazemos com
vistas a alcançar o resultado almejado. Assim, os assuntos que iremos discutir aqui, embora
contextualizados para à gestão ambiental, poderão ser utilizados em diversos contextos
profissionais e pessoais.
Assim, esta disciplina foi estruturada para atender às necessidades de profissionais de
diversas áreas do conhecimento capazes de unir conhecimentos ambientais complexos para a
tomada de decisões estratégicas dentro das organizações, pois sabemos que no atual mundo
competitivo só vão se sobressair aqueles que estiverem preparados para fazer boas escolhas e é
esta a proposta que essa disciplina traz àqueles que a cursarem.
Neste contexto, é possível afirmar que a questão ambiental neste século se apresenta como
tema central das agendas governamentais e empresariais em escala global e coloca à toda
sociedade o desafio da sustentabilidade.
Este desafio relaciona-se integralmente à manutenção das funções ambientais que os
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ecossistemas proporcionam à humanidade desde sua origem. Observa-se que os “bens
e serviços” proporcionados pelos ecossistemas naturais e seminaturais não têm sido
considerados nas tomadas de decisões sobre o uso da terra, determinando que tanto as
grandes com as pequenas áreas naturais, isoladas entre os sistemas culturais predominantes
na paisagem, sejam relegadas e modificadas na perspectiva de ganhos econômicos a curto
e médio prazo. Nessa perspectiva, o sistema econômico, nas várias tendências políticas, tem
valorizado prioritariamente os aspectos culturais em detrimento dos recursos naturais.
Desta forma, visando assegurar a sustentabilidade local e regional e, portanto, a sobrevivência
e o bem-estar das gerações atuais e futuras, torna-se indispensável elaborar o planejamento
do desenvolvimento local e regional considerando as dimensões da sustentabilidade. Assim,
o procedimento de planejar as ações deve objetivar o aumento do conhecimento sobre a
importância dos sistemas ambientais e conscientizar o homem sobre suas funções, além da
fundamental tarefa de incorporar informações ambientais no processo de planejamento e
tomada de decisão.
Portanto, trazemos para esta disciplina os principais conceitos e aprendizados já desenvolvidos
sobre o tema por importantes especialistas da área que serão apresentados de forma sintética,
prática e pronta para você, aluno, desenvolver as competências necessárias para se tornar um
grande gestor ambiental.
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Unidade 1
A Questão Ambiental e os Paradigmas Contrastantes

Objetivos

1. Identificar como os paradigmas dominantes e


alternativos alteram as questões ambientais.
2. Compreender o contexto histórico de
desenvolvimento e importância das questões
ambientais no Brasil e no mundo.
3. Entender como a gestão ambiental pode ser
considerada um novo paradigma.

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Introdução

Provavelmente você já ouviu falar que a relação do homem com a natureza quase nunca foi
desenvolvida de forma harmoniosa e que o poder e, consequentemente, a responsabilidade
que o homem tem sobre a natureza é que podem responder pelo surgimento dos grandes
problemas ambientais atuais, aqui tratados como questões ambientais, e também como
deverá controlá-los da melhor forma possível, utilizando-se de novos paradigmas, ou seja, uma
nova ética a seu favor.
Entendendo, assim, a ética ambiental como sendo tão ou mais importante quanto a ética
humana, impondo à humanidade grande responsabilidade, neste tempo onde o poder é
extremo. Desta forma, as questões ambientais devem se transformar numa questão ideológica,
buscando explicações e “soluções” nas ciências, filosofia e cultura, considerando que as
modificações naturais atuais ocorrem de forma acelerada pelo forte impacto das modernas
tecnologias.

1. Paradigmas do Desenvolvimento

Neste texto, será utilizada historicamente a Revolução Industrial como o ponto de partida
das grandes alterações de origem antrópica no meio ambiente para assim definir o paradigma
dominante.
6/222 Unidade 1 • A Questão Ambiental e os Paradigmas Contrastantes
Nesta época, de acordo com Possamai
(2010), o antropocentrismo teve
Para saber mais início e assim a figura humana passou
A Revolução Industrial que teve seu início entre a ser o centro de referência de nossos
os séculos XVIII e XIV foi não apenas um surto pensamentos e ações. Este fato causou
de inovações técnicas, mas um reordenamento grande mudança na perspectiva filosófica
nas formas de organização da produção, e cultural que antes era centrada em Deus,
com novos mecanismos de exploração do passando assim a ser centrada no homem.
trabalho e controle social do trabalhador, e Com isso, consolidou-se a ideia de que,
tendo como consequência uma das mudanças com advento e o progresso da razão, o
econômicas mais profundas pela qual passou homem se tornaria cada vez melhor e cada
a espécie humana. Disponível em: <http:// vez mais perfeito.
guiadoestudante.abril.com.br/estudar/
pergunte-professor/saiba-mais-revolucao-
industrial-685882.shtml>. Acesso em: 11 jun.
2015.

7/222 Unidade 1 • A Questão Ambiental e os Paradigmas Contrastantes


econômicas, sociais, políticas e culturais
na humanidade. Nos estados-nações que
Link compõem o eixo da economia mundial,
Assista ao vídeo A História das Coisas. o modelo produção-capital baseia-
se na pilhagem do sistema natural. O
<https://www.youtube.com/ sistema econômico, comandado pela
watch?v=7qFiGMSnNjw>. Acesso em: 11 jun. alta burguesia, imprime o ritmo do
2015. sistema produtivo, operado pela massa
proletariada.

Desta teoria surge a desvalorização de Para o autor, ainda, a forma de “operação


todas as outras espécies do planeta e a deste super sistema” considera a natureza
degradação ambiental, já que a natureza como amplas e inesgotáveis reservas
existe para ser controlada e utilizada por de matéria-prima e energia. Entendem,
nós, seres humanos. também, que o sistema natural é
completamente apto e capaz de assimilar
Com o surgimento da Revolução e processar todas as formas de poluição
Industrial, segundo Almeida, et al. (2008), de correntes das atividades produtivas e
aprofundam-se as transformações urbanas.
8/222 Unidade 1 • A Questão Ambiental e os Paradigmas Contrastantes
Assim, a partir dos escritos a seguir, você, aluno, compreenderá como os sistemas econômicos,
produtivos e, por conseguinte ambientais estão fortemente ligados, podendo, a partir desta
análise, traçar os paradigmas dominantes e alternativos presentes na sociedade até o
momento de identificar a gestão ambiental como um novo paradigma.
O sistema econômico funciona interativamente com o sistema produtivo.

Para saber mais


O sistema econômico capitalista começou a se fortalecer após a Revolução Industrial. Esse sistema
é caracterizado por fortalecer a ideia de individualismo. Uma das principais ideias do capitalismo é
a de que o indivíduo só precisa dele mesmo para crescer e obter sucesso. Adam Smith, que era um
economista escocês e é considerado o pai do capitalismo, defendia o liberalismo econômico, era
contra a intervenção do Estado na economia. Smith acreditava que o homem capitalista tinha a
liberdade econômica e que pelo trabalho e por suas relações sociais poderia obter a riqueza material.
(Disponível em: <http://www.portaleducacao.com.br/administracao/artigos/52469/o-sistema-
economico-capitalista#ixzz3cpihAh4r>). Acesso em: 11 jun. 2015.

9/222 Unidade 1 • A Questão Ambiental e os Paradigmas Contrastantes


Para saber mais
O sistema produtivo (sistema fabril mecanizado), isto é, as fábricas passaram da simples produção
manufaturada para a complexa substituição do trabalho manual por máquinas. Essa substituição
implicou na aceleração da produção de mercadorias, que passaram a ser produzidas em larga escala.
Essa produção em larga escala, por sua vez, exigiu uma demanda cada vez mais alta por matéria-
prima, mão de obra especializada para as fábricas e mercado consumidor. Tal exigência implicou, por
sua vez, também na aceleração dos meios de transporte de pessoas e mercadorias. Era necessário o
encurtamento do tempo que se percorria de uma região à outra para escoar os produtos. (Disponível
em: <http://www.historiadomundo.com.br/idade-moderna/revolucao-industrial.htm>).
Acesso em: 11 jun. 2015.

Há uma retroalimentação positiva, consequentemente o sistema produtivo gera bens, que


são absorvidos e impulsionam o sistema econômico no sentido de gerar capitais que pagam
por esses bens. Por sua vez, o sistema produtivo para atender à demanda, cada vez maior, do
sistema econômico tem requerido e exaurido mais recursos do sistema natural (ecossistemas),
deixando de haver compensação para o funcionamento de recursos básicos gerados pelo
sistema natural.
10/222 Unidade 1 • A Questão Ambiental e os Paradigmas Contrastantes
Para saber mais
sistema natural (ecossistemas), significa o sistema onde se vive, o conjunto de características físicas,
químicas e biológicas que influenciam a existência de uma espécie animal ou vegetal. É uma unidade
natural constituída de parte não viva (água, gases atmosféricos, sais minerais e radiação solar) e de
parcela viva (plantas e animais, incluindo os microrganismos) que interagem ou se relacionam entre si,
formando um sistema estável. Os ecossistemas são divididos em ecossistemas terrestres e ecossistemas
aquáticos. (Disponível em: <http://www.significados.com.br/ecossistema/>). Acesso em: 11 jun.
2015.

Os bens de consumo, produzidos pelo extração de recursos, somam-se ainda


sistema produtivo à custa do sistema mazelas da poluição nas suas mais variadas
natural estabelecem uma linha de formas.
aproximação, onde os sistemas produtivo Assim, é possível que você identifique e
e econômico são compensados por bens e possivelmente concorde com o Almeida et
capital. Ao sistema natural, espoliado pela al (2008), que a otimização da economia de

11/222 Unidade 1 • A Questão Ambiental e os Paradigmas Contrastantes


escala fica na dependência da capacidade Figura 1 - Demonstração da crise estrutural

de apropriação do sistema produtivo. Este (ambiental, energética e econômica)

modelo de desenvolvimento apresenta


problemas na base energética de
sustentação da produção. Estabelecida a
crise energética, o efeito de consecução
afeta o custo da produção de bens e a
circularidade mercadológica dos bens-
capitais. Assim, a crise econômica
retroalimenta então a crise enérgica,
surgindo a crise ambiental desencadeada
a partir da implantação do modelo
econômico vigente, esta crise se incorpora
às outras duas, formando um complexo
interativo com retroalimentação positivo,
no sentido do aumento da crise estrutural,
demonstrada na figura 1.

12/222 Unidade 1 • A Questão Ambiental e os Paradigmas Contrastantes


1.1. As questões ambientais e o Figura 2 - Valores, paradigmas dominante e paradigma alternativo

processo de gestão ambiental


como novo paradigma

A questão ambiental deve, portanto, se


transformar, segundo Almeida et al. (2008),
numa questão ideológica, frequentada
pela ciência, pela política, pela filosofia e
pela cultura, fazendo com que possamos
diagnosticar basicamente dois paradigmas,
sendo um dominante e outro alternativo,
Fonte: Adaptado de: Almeida et al. (2008)
como apresentado na figura 2.
Neste momento, depois desta leitura, você
aluno, pode estar se perguntando: “Mas
afinal o que é um paradigma? E como
a gestão ambiental pode ser tornar um
paradigma”? Vamos fazer a compreensão
em conjunto? Na atualidade, podemos

13/222 Unidade 1 • A Questão Ambiental e os Paradigmas Contrastantes


pontuar a produção e distribuição
igualitária de alimentos, geração de
empregos, redução da pobreza, aumento Link
e diversificação das matrizes energéticas,
Leia o artigo “A posição do ser humano no
abastecimento e disponibilização de água
mundo e a crise ambiental contemporânea”
de qualidade e em quantidade suficiente,
e analise como o paradigma dominante se
a perda da integridade dos ecossistemas,
relaciona com o papel do homem no surgimento
incluindo a perda da biodiversidade
das questões ambientais. Autoria: Fábio Valenti
como problemas fundamentais para
Possamai, 2010. Disponível em: <http://www.
o desenvolvimento humano (ARAUJO,
unesco.org.uy/ci/fileadmin/shs/redbioetica/
2008). Já os paradigmas dominantes na
revista_1/Valenti.pdf>. Acesso em: 11 jun.
sociedade, tendo seu início no período
2015.
da Revolução Industrial, corroboraram
para existência das questões ambientais
globais deste século, tornam obrigatório à Desta forma, para Philippi (2014), o
humanidade pensar e implantar sistemas processo de Gestão Ambiental pode ser
capazes de, ao menos, minimizar os considerado um novo paradigma, pois este
impactos destes paradigmas. se inicia quando se promovem adaptações

14/222 Unidade 1 • A Questão Ambiental e os Paradigmas Contrastantes


ou modificações no ambiente natural, de forma a adequá-lo às necessidades individuais ou
coletivas.

Para saber mais


Gestão ambiental é um sistema de administração empresarial que enfatiza a sustentabilidade. Desta
forma, a gestão ambiental visa ao uso de práticas e métodos administrativos para reduzir ao máximo
o impacto ambiental das atividades econômicas nos recursos da natureza. Disponível em: <http://
www.portaleducacao.com.br/administracao/artigos/15412/gestao-ambiental-definicao-e-
aplicacao-pratica#ixzz3cpnSs8XH> Acesso em: 11 jun. 2015.

Neste aspecto, a maneira de gerir a utilização desses recursos é o fator que pode acentuar ou
minimizar os impactos. Esse processo de gestão fundamenta-se em três variáveis: a diversidade
dos recursos extraídos do ambiente natural, a velocidade de extração desses recursos, que
permite ou não a sua reposição, e a forma de disposição e tratamento dos seus resíduos e

15/222 Unidade 1 • A Questão Ambiental e os Paradigmas Contrastantes


efluentes. Assim, a somatória dessas três variáveis e a maneira de geri-las define o grau de
impacto do ambiente urbano sobre o ambiente natural.

Glossário
Antropocentrismo: ué a filosofia que considera o homem como o centro do universo.
Paradigma: é um termo com origem no grego “paradeigma” que significa modelo, padrão. No sentido
lato corresponde a algo que vai servir de modelo ou exemplo a ser seguido em determinada situação. São as
normas orientadoras de um grupo que estabelecem limites e que determinam como um indivíduo deve agir
dentro desses limites.

16/222 Unidade 1 • A Questão Ambiental e os Paradigmas Contrastantes


?
Questão
para
reflexão
Como você viu, o conceito de paradigma pode ser alterado pela
ação do homem. A existência de paradigmas dominantes e
alternativos em uma sociedade é a clara possibilidade do espaço
para escolhas e responsabilidades do homem frente às principais
questões ambientais existentes na atualidade, possibilitando assim
o surgimento da gestão ambiental como novo paradigma das
relações sociais, produção e natureza. Reflita sobre o conceito de
paradigma e sua relação com a globalização pela leitura do artigo
“O paradigma ambiental na globalização neoliberal: da condição
crítica ao protagonismo de mercado” de autoria de Fernando
Pinto Ribeiro (2012), disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.
php?pid=S1982-45132012000200004&script=sci_arttext>. Acesso
em: 11 jun. 2015, e faça uma pequena resenha de até cinco páginas
e entregue ao professor presencial.
17/222
Considerações Finais

O poder e consequentemente a responsabilidade que a humanidade tem sobre a natu-


reza podem responder ao surgimento dos grandes problemas ambientais atuais (ques-
tões ambientais).

Paradigma deve ser compreendido com padrão, forma, e assim condição de livre arbítrio
de escolha da sociedade, tornando-se dominante ou alternativo.

A gestão ambiental, ao promover adaptações ou modificações no ambiente natural, de


forma a adequá-lo às necessidades individuais ou coletivas, torna-se uma nova forma
de paradigma do qual a sociedade pode se apoderar com vistas a minimizar ou resolver
as questões ambientais.

18/222
Referências

ALMEIDA, J.R.; et al. Política e planejamento ambiental. 3. ed. 2. Reimpressão. Rio de Janeiro:
Thex. 2008. 480p.
ARAUJO, R.T. de. Zoneamento ecológico-econômico do município de Santa Cruz da Conceição –
SP: uma proposta conceitual de planejamento para a sustentabilidade local. São Carlos: UFSCar,
Tese de Doutorado. 2008. 95p.
PHILIPPI JR. A.; ROMERO, M. A.; BRUNA, G.C. Curso de gestão ambiental. 2. ed. Barueri, SP: Ed.
Manole, 2014. 1.250p.
POSSAMAI, F.V. A posição do ser humano no mundo e a crise ambiental contemporânea.
2010. Disponível em: <http://www.unesco.org.uy/ci/fileadmin/shs/redbioetica/revista_1/Valenti.
pdf>. Acesso em: 11 jun. 2015.

19/222 Unidade 1 • A Questão Ambiental e os Paradigmas Contrastantes


Assista a suas aulas

Aula 1 - Tema: A Questão Ambiental e Aula 1 - Tema: A Questão Ambiental e


os Paradigmas Contrastantes – Parte I  os Paradigmas Contrastantes– Parte II.
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/pA-
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ piv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/30c-
06f9c45513fb120da6e7d6a67b4f295d>. f2ee7c9ccb25000747a7c1cbc1a3c>.

20/222
Questão 1
1 - Qual o motivo para as questões ambientais se transformarem numa
questão ideológica?
a) Pelo fato das mudanças ambientais globais estarem mudando de forma natural.
b) Pelo fato das mudanças ambientais globais estarem mudando de forma digital.
c) Pelo fato das mudanças ambientais globais serem inibidas pelo uso da tecnologia.
d) Pelo fato das mudanças ambientais globais serem aceleradas pelo avanço tecnológico
moderno.
e) Pelo fato das mudanças ambientais globais serem causadas pelo avanço científico e
filosófico.

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Questão 2
2 - O antropocentrismo inserido no contexto da Revolução Industrial
pode ser entendido pela:
a) Expressão da figura humana ter passado a ser o centro de referência de nossos
pensamentos e ações.
b) Expressão racional ter passado a ser o centro de referência de nossos pensamentos e
ações.
c) Expressão da indústria ter passado a ser o centro de referência de nossos pensamentos e
ações.
d) Expressão divina ter passado a ser o centro de referência de nossos pensamentos e ações.
e) Expressão ambiental ter passado a ser o centro de referência de nossos pensamentos e
ações.

22/222
Questão 3
3 - Qual os três sistemas que se interagem e podem dar explicação para
o surgimento da crise estrutural?

a) Econômico, Energético e Racional.


b) Racional, Ambiental e Energético.
c) Produtivo, Econômico e Natural.
d) Produtivo, Econômico e Energético.
e) Econômico, Natural e Racional.

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Questão 4
4 - Os seguintes itens: “a produção e distribuição igualitária de alimen-
tos, geração de empregos, redução da pobreza, aumento e diversificação
das matrizes energéticas, abastecimento e disponibilização de água de
qualidade e em quantidade suficiente”, estão relacionados com:
a) Problemas alternativos para o desenvolvimento humano.
b) Problemas fundamentais para o desenvolvimento humano.
c) Paradigmas alternativos da humanidade.
d) Paradigmas dominantes da humanidade.
e) Itens dos sistemas econômicos e produtivos.

24/222
Questão 5
5 - A gestão ambiental é descrita como um novo paradigma para o al-
cance da sustentabilidade. Tendo o conceito de paradigma como orien-
tação da sua resposta assinale a alternativa correta.
a) A gestão ambiental é a ponte entre o antropocentrismo e o geocentrismo.
b) A gestão ambiental se inicia quando se promovem adaptações ou modificações no
ambiente natural, de forma a adequá-lo às necessidades individuais ou coletivas.
c) A gestão ambiental promove a mudança de visão de mundo favorecendo o ser humano
em detrimento do meio ambiente.
d) A gestão ambiental, assim como a definição de paradigma, explica o surgimento da
sustentabilidade.
e) A gestão ambiental favorece o aparecimento dos paradigmas dominantes e alternativos
de sustentabilidade.

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Gabarito

1. Resposta: D. frente aos aspectos da natureza. A figura


humana passou a ser o centro de referência
É notório o fato das alterações no meio de nossos pensamentos e ações; este fato
ambiente ocorridas desde a Revolução causou grande mudança na perspectiva
Industrial serem causadas pelo homem e filosófica e cultural que antes era centrada
acelerada nas últimas décadas pelo avanço em Deus, passando assim a ser centrada no
tecnológico moderno e desta forma, enseja homem.
a necessidade de as questões ambientais
serem tratadas de forma ideológica, ou 3. Resposta: C.
seja, qual a ideia e direção que a sociedade
deseja ter frente aos impactos destes Os sistemas econômicos, produtivos e, por
avanços tecnológicos e os impactos conseguinte ambientais estão fortemente
negativos para o meio ambiente. ligados. A ocorrência de um desarranjo
estrutural em qualquer um destes sistemas,
2. Resposta: A. causa a denominada crise estrutural. Este
modelo de desenvolvimento apresenta
Na época da Revolução Industrial deu-se problemas na base energética de
início à super valoração do ser humano sustentação da produção. Estabelecida a

26/222
Gabarito
crise energética, o efeito de consecução promovendo a igualdade no acesso aos
afeta o custo da produção de bens e a recursos naturais e assim, por sua vez,
circularidade mercadológica dos bens- aos recursos produtivos e econômicos.
capitais. Assim, a crise econômica Portanto, os itens apresentados na questão
retroalimenta então a crise enérgica, compõem necessariamente os problemas
surgindo a crise ambiental desencadeada fundamentais para o desenvolvimento
a partir da implantação do modelo humano.
econômico vigente, esta crise se incorpora
às outras duas, formando um complexo 5. Resposta: B.
interativo com retroalimentação positivo,
no sentido do aumento da crise estrutural. De acordo com Philippi (2014), o processo
de Gestão Ambiental pode ser considerado
4. Resposta: B. um novo paradigma, pois este se inicia
quando se promovem adaptações ou
Para que seja possível a sustentabilidade, modificações no ambiente natural, de
se faz necessário conhecer inicialmente forma a adequá-lo às necessidades
quais os problemas que impede a individuais ou coletivas.
sustentabilidade e resolver estes,

27/222
Unidade 2
Planejamento Ambiental: Fator Indutor da Sustentabilidade

Objetivos

1. Identificar como o debate em torno do modelo


de desenvolvimento mundial no século XX deu
início à preocupação das questões ambientais
e à sustentabilidade no Brasil e no mundo.
2. Compreender o termo sustentabilidade
inserido no contexto do atual século e os
desafios de sua integração junto à sociedade.
3. Entender o planejamento ambiental como
um dos principais instrumentos indutores da
sustentabilidade na sociedade.

28/222
Introdução

Muitas vezes você se depara com algumas


perguntas com respostas difíceis de
Para saber mais
serem encontradas, não é mesmo? Talvez Smog é o termo usado para definir o acúmulo
algumas delas sejam: o ser humano sempre da poluição do ar nas cidades, que forma
se preocupou com o meio ambiente? uma grande neblina de fumaça no ambiente
Porque falamos e nos preocupamos com atmosférico próximo à superfície. A palavra
a sustentabilidade hoje em dia? Tais smog, aliás, é justamente a junção das palavras
respostas, nos obrigam a pesquisar como smoke (fumaça) e fog (neblina). Esse fenômeno
foi o desenvolvimento histórico destas prejudica a qualidade do ar e também diminui a
questões e quais os seus contextos para visibilidade nos ambientes urbanos. Disponível
chegar a tal preocupação nos dias atuais. em: <http://www.mundoeducacao.com/
Portanto, você está convidado a entrar geografia/smog.htm>. Acesso em: 11 jun.
nesta viagem do conhecimento dos 2015.
principais fatos históricos ambientais do
século XX.
Paralelamente nos Estados Unidos, nas
décadas de 1950 e 1960, o planejamento
econômico ganhava importância sob a
visão de crescimento econômico baseado
29/222 Unidade 2 • Planejamento Ambiental: Fator Indutor da Sustentabilidade
no PIB (Produto Interno Bruto), sem da americana Raquel Carson, em 1962,
considerar as questões ambientais e sociais teve importante papel na conscientização
nestes planejamentos. da sociedade em relação aos riscos e
Neste mesmo período, o debate sobre a comprometimento da qualidade do
necessidade de se exigir os estudos de meio ambiente e seus efeitos na saúde
impacto ambiental das grandes obras humana. Carson aborda a magnificação
estatais, tanto no continente europeu biológica de moléculas de inseticidas
quanto no americano tomaram corpo, sintéticos clorados, demonstrando
fazendo com que as universidades que agrotóxicos utilizados nas doses
retomassem a visão holística e integradora recomendadas poderiam se concentrar
do meio, considerando as ações humanas na cadeia alimentar, causando problemas
como parte do processo de avaliação. aos organismos que ocupam níveis mais
Nesta realidade, que se transformava elevados da escala trófica, entre eles o ser
lentamente, é que os princípios de humano (PHILIPPI JR., 2014).
planejamento das cidades e do campo
foram incorporando o quesito “questões
ambientais”.
A publicação do livro Primavera Silenciosa
30/222 Unidade 2 • Planejamento Ambiental: Fator Indutor da Sustentabilidade
aumento da criminalidade e insatisfações
da sociedade. Ganha destaque a ideia
Link de não haver um modelo único de
Assista ao vídeo: desenvolvimento, sendo o melhor aquele
Dia da Terra - Earth Days - Parte 3 de 12 que a própria sociedade decide, com
satisfação de suas necessidades, segundo
<https://www.youtube.com/watch?v=GK- suas condições e sua representatividade
Xyc9Wo3Q> social. Surgiram modelos alternativos de
desenvolvimento, considerando benefícios
Assim, no final da década de 1960 ocorreu desvinculados do aspecto puramente
uma releitura dos fundamentos conceituais econômico – como qualidade de vida
de desenvolvimento, gerada por diversas físico-mental, conforto, higiene, educação
causas histórico-políticas. Os países –, bem como características negativas do
subdesenvolvidos estavam sempre muito chamado “mundo desenvolvido”, como
longe dos padrões do Primeiro Mundo e poluição e degradação ambiental (SANTOS,
a ênfase na mentalidade voltada para o 2007).
consumo provocava consequências graves,
Na visão da mesma autora, aquelas antigas
tais como poluição, desigualdade social,
premissas de planejamento, com base
31/222 Unidade 2 • Planejamento Ambiental: Fator Indutor da Sustentabilidade
em definições econômicas e de caráter preocupações do homem moderno com
setorial, não mais serviam como referência o meio ambiente, incorporando questões
indiscutível. Exigiam-se planejamentos sociais, políticas, ecológicas e econômicas
mais abrangentes, dinâmicos, preocupados com o uso racional dos recursos, deu-se
com avaliações de impacto ambiental. em 1968, com o Clube de Roma.
Não mais se admitia usar como sinônimos:
desenvolvimento econômico e crescimento
econômico, qualidade de vida e padrão de
Para saber mais
vida. Países subdesenvolvidos que haviam O Clube de Roma é uma organização independente,
alcançado um significativo crescimento sem fins lucrativos. A função do Clube de Roma
de seu PIB ainda conservavam um grande é debater as causas principais dos retos e as
número de indivíduos sem acesso aos crises que o mundo enfrenta atualmente: o nosso
serviços sociais básicos (saúde, educação, conceito atual de crescimento, desenvolvimento
nutrição), desvinculando a correlação entre e globalização. Disponível em: <https://www.
crescimento econômico e bem-estar social. portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/
biologia/o-clube-de-roma-1972/20122>.
Em continuidade, Santos (2007) relata
Acesso em: 11 jun. 2015.
que os estudiosos na área ambiental são
unânimes em afirmar que o marco das
32/222 Unidade 2 • Planejamento Ambiental: Fator Indutor da Sustentabilidade
Essa foi uma reunião de diversos países em outros países, com considerações
e de diversas áreas do conhecimento: ambientais. Considerando os vários
biológica, econômica, social, política e marcos históricos referentes a temas de
industrial. Reuniram-se para discutir o interesse ambiental, após o “Limites de
uso dos recursos naturais e o futuro da Crescimento” foram realizadas diversas
humanidade. O relatório final chamado conferências que passaram a discutir a
“Limites de Crescimento” abalou as questão ambiental.
convicções da época sobre o valor do A Conferência das Nações Unidas sobre o
desenvolvimento econômico e a sociedade Meio Ambiente Humano, em Estocolmo,
passou a fazer maior pressão sobre os no ano de 1972, foi considerada a primeira
governos acerca da questão ambiental. grande reunião mundial sobre o tema e
Essa reunião foi o motivo impulsor para se transformou no marco histórico mais
que, em 1969, os EUA elaborassem NEPA conhecido sobre a discussão ambiental
(National Environmental Policy Act), uma até então. Na reunião de Estocolmo
legislação que exigia considerações criou-se o PNUMA (Programa das Nações
ambientais no planejamento e nas Unidas para o Meio Ambiente), com o
decisões sobre projetos de grande escala. objetivo de gerenciar as atividades de
Seguiram-se ao NEPA diversas legislações, proteção ambiental, e o Fundo Voluntário
33/222 Unidade 2 • Planejamento Ambiental: Fator Indutor da Sustentabilidade
para o Meio Ambiente. Destaca-se ao mundo em 1987 o Relatório “Nosso
ainda a consolidação do conceito de eco Futuro Comum” ou Relatório Brundtland,
desenvolvimento, que nos anos seguintes que oficializou o termo desenvolvimento
foi considerado característico de um sustentável. Neste documento foram
modelo ambiental extremista, ensejando apontadas as várias crises globais (como
a construção da nova terminologia energia e camada de ozônio) e destacadas
“desenvolvimento sustentável”, que a extinção de espécies e o esgotamento
seria considerada uma proposta mais de recursos genéticos. Reforçou-se ainda,
conciliadora e que, a partir daí muitos o debate sobre o fenômeno da erosão
governos estimularam suas políticas induzida e a perda de florestas. Estas eram
ambientais em seus respectivos centros, as bases a serem consideradas em futuros
tendo como consequência o início dos planejamentos, já adjetivadas nessa
planejamentos estruturados nesta nova década como ambientais (SANTOS, 2007),
ordem. Já na década de 1980, com a (PHILIPPI JR, 2014).
criação da Comissão Mundial sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD),
coordenada pela Primeira Ministra da
Noruega Gro Brundtland, foi apresentado

34/222 Unidade 2 • Planejamento Ambiental: Fator Indutor da Sustentabilidade


Link
Gro Brundtland é uma diplomata norueguesa, líder internacional na área do
desenvolvimento sustentável e da saúde pública. Primeira mulher a chefiar o governo
da Noruega, voltando a ocupar o cargo em outras duas ocasiões, é enviada especial das
Nações Unidas para Mudanças Climáticas, sendo uma das responsáveis por estabelecer
o diálogo internacional com governos e organizações para o estabelecimento de um
tratado pós-Protocolo de Kyoto. Gro Brundtland integra o The Elders, grupo fundado
por Nelson Mandela, que reúne grandes líderes globais que trabalham em conjunto
pela paz e pelos Direitos Humanos. Disponível em: <http://www.fronteiras.com/
conferencistas/gro-harlem-brundtland>. Acesso em: 11 jun. 2015.

A Conferência Rio-92, vinte anos após o Encontro de Estocolmo, uniu 178 nações para debater
temas voltados à conservação ambiental, à qualidade de vida na Terra e à consolidação
política e técnica do desenvolvimento sustentável. Dos documentos finais produzidos pela
conferência o que mais mereceu destaque mundial foi a Agenda 21, em que, dentre os seus

35/222 Unidade 2 • Planejamento Ambiental: Fator Indutor da Sustentabilidade


quarenta capítulos, o Capítulo 7 faz impacto mundial ainda; a Rio+10 (África
referência particular para o planejamento do Sul) com a integração do saneamento
rural e urbano, recomendando a ambiental nas discussões e Rio+20 (Rio de
avaliação das atividades humanas, do Janeiro), cujos resultados ainda não podem
uso da terra e a orientação desejada ser sentidos na prática (SANTOS, 2007),
dos espaços dentro dos preceitos de (PHILIPPI JR, 2014).
desenvolvimento sustentável, desdobrado
em sustentabilidade econômica, social,
ambiental, política e cultural. Assim, a
nova ordem para o planejamento estava
Link
documentada. Após a Rio-92 foram A Agenda 21 pode ser definida como um
realizados diversos encontros mundiais instrumento de planejamento para a construção
para discussão da sustentabilidade, com de sociedades sustentáveis, em diferentes
destaque para as: Rio+5 (Nova York), bases geográficas, que concilia métodos de
Reunião de Quioto, no Japão, que deu proteção ambiental, justiça social e eficiência
origem ao Tratado de Quioto que visa econômica. Disponível em: <http://www.mma.
diminuir a emissão de gases do efeito gov.br/responsabilidade-socioambiental/
estufa na atmosfera, entretanto com baixo agenda-21>. Acesso em: 11 jun. 2015.

36/222 Unidade 2 • Planejamento Ambiental: Fator Indutor da Sustentabilidade


ideário de desenvolvimento sustentável.

Link 1.1. Reflexos do debate mundial


O Protocolo de Quioto constitui um tratado sobre a prática da sustentabili-
complementar à Convenção-Quadro das Nações dade no Brasil
Unidas sobre Mudança do Clima. Criado em
1997, definiu metas de redução de emissões Neste momento, após compreender o
para os países desenvolvidos, responsáveis contexto histórico em que se desenvolveu
históricos pela mudança atual do clima. o conceito de sustentabilidade no mundo,
Disponível em: <http://www.mma.gov.br/ você pode estar indagando: “Mas e o Brasil
clima/convencao-das-nacoes-unidas/ nessa história? Qual a importância da
protocolo-de-quioto>. Acesso em: 11 jun. sustentabilidade para o país?
2015. Quando o debate mundial sobre as
questões ambientais já estava em pleno
Atualmente, nos países em desenvolvimento, o Brasil vivia seu período
desenvolvimento, a alternativa encontrada de expansão econômica alavancando o seu
nos planejamentos é aplicar um ou alguns parque industrial e como consequência
princípios da Agenda 21 local como o aumentando os níveis de poluentes.
37/222 Unidade 2 • Planejamento Ambiental: Fator Indutor da Sustentabilidade
Somente no início dos anos 1980 que
o Brasil se inseriu neste debate, com a
Política Nacional de Meio Ambiente (Lei
Para saber mais
n° 6.938/81), uma verdadeira “carta de O zoneamento ambiental, como uma ferramenta
intenções” em relação à conservação de planejamento integrado aparece como
do meio, mas que mesmo assim foi a uma solução possível para o ordenamento
responsável pela criação do CONAMA do uso racional dos recursos, garantindo a
(Conselho Nacional de Meio Ambiente) manutenção da biodiversidade, os processos
e do SISNAMA (Sistema Nacional de naturais e serviços ambientais ecossistêmicos.
Meio Ambiente), formulando diretrizes Esta necessidade de ordenamento territorial
de avaliação de impactos, planejamento faz-se necessária frente ao rápido avanço da
e gerenciamento, de zoneamento fronteira agrícola, a intensificação dos processos
ambientais, usando como unidades de de urbanização e industrialização associados à
planejamento as bacias hidrográficas. escassez de recursos orçamentários destinados
ao controle dessas atividades. Disponível em:
<http://www.ibama.gov.br/areas-tematicas/
zoneamento-ambiental>. Acesso em: 11 jun.
2015.

38/222 Unidade 2 • Planejamento Ambiental: Fator Indutor da Sustentabilidade


Foi a primeira vez que, explicitamente, de Recursos Hídricos (Lei n° 9.433/97),
surgiu uma proposta de planejamento já em 1998 foi sancionada a Lei de
ambiental no Brasil, como forma de Crimes Ambientais (Lei n° 9.795/98) e
orientação de ordenamento territorial. A em 1999 por meio da Lei n° 9.795/99,
lei era densa e se baseava em concepções se estabeleceu a Política Nacional de
modernas de avaliação e gerenciamento Educação Ambiental. No ano de 2000,
do espaço. Esse documento inspirou foi promulgada a Lei n° 9.985/00, que
muitos trabalhos voltados a planos de instituiu o Sistema Nacional de Unidades
bacias hidrográficas (SANTOS, 2007). de Conservação da Natureza (SNUC). Em
Na década de 1990, o planejamento 2001, a Lei n° 10.257/01, conhecida como
ambiental foi incorporado aos planos Estatuto das Cidades, estabelece diretrizes
diretores municipais. Foi a partir desses gerais da política urbana, que é uma
trabalhos que se obtiveram as informações política descentralizadora e participativa,
mais contundentes sobre qualidade no sentido de que as comunidades devem
de vida, desenvolvimento sustentável, participar das decisões sobre suas áreas
sociedade e meio ambiente, promovidas de vivência, sua comunidade, bairro ou
pela preocupação com o ser humano. Em município. Verifica-se, portanto, que
1997 foi estabelecida a Política Nacional em todos esses instrumentos legais, as

39/222 Unidade 2 • Planejamento Ambiental: Fator Indutor da Sustentabilidade


questões ambientais estão presentes e são ambientais, está dando os primeiros
conduzidas com caráter essencialmente passos tanto na execução dessas leis, como
democrático, principalmente no que tange no processo de construção teórica sobre
ao desenvolvimento urbano, trazendo a planejamento ambiental, e em contínuo
participação social como fundamental em processo de revisão, nestas últimas quatro
todos os processos de decisão. Em 2007 a décadas.
Lei n° 11.445/07 cria a Política Nacional de
Saneamento Básico, e por fim após 21 anos 1.2. Planejamento Ambiental –
de tramitações no Congresso Nacional, conceitos e práticas a caminho
em 2010, envolvendo embates políticos da sustentabilidade
e econômicos a Lei n° 6.938/10, instituiu
a Política Nacional de Resíduos Sólidos. A partir deste momento, você estudará
Desta forma resumida é que se apresenta os principais conceitos de planejamento
os principais marcos históricos referentes ambiental e as suas formas práticas que
às questões ambientais no Brasil, induzem à sustentabilidade.
demonstrando que, mais do que outros
Desde a antiguidade existem relatos
países, o Brasil embora tenha uma grande
de formas de planejamento, condição
quantidade de leis sobre as questões
presente no instinto humano desde o
40/222 Unidade 2 • Planejamento Ambiental: Fator Indutor da Sustentabilidade
momento em que este se propôs a viver em alternativa de ação proposta, bem como
sociedade, obedecendo normas e objetivos o somatório delas. Se ocorrem previsões
em comum. Como visto anteriormente, a e formulam-se suas probabilidades, a
crescente preocupação da humanidade tomada de decisão também envolve
com as questões ambientais tem seu as incertezas e os riscos. Tanto quanto
início no século XX. Desta forma, para os recursos, as ações propostas devem
que se encaminhassem “soluções” referir-se a um ou mais locais e também
para estas questões, lançou-se mão de devem ser especializadas, qualificadas
instrumentos, em especial o planejamento, e quantificadas. Como costumam
aqui entendido conceitualmente de forma ser indicadas para datas e graus de
simplificada, como um meio sistemático emergência diferentes, elas precisam ser
de determinar o estágio em que você ordenadas por prioridade ao longo do
está, onde deseja chegar e qual o melhor tempo (SANTOS, 2007).
caminho para chegar lá. Se o planejamento A mesma autora cita que o planejamento
implica decidir sobre ações futuras, surgiu, nas três últimas décadas, em razão
previsões e estimativas de cenários futuros do aumento dramático da competição
são essenciais. Devem ser previstas, por terras, água, recursos energéticos e
por exemplo, as consequências de cada biológicos, que gerou a necessidade de
41/222 Unidade 2 • Planejamento Ambiental: Fator Indutor da Sustentabilidade
organizar o uso da terra, de compatibilizar e bens de consumo na construção de
esse uso com a proteção de ambientes moradias e instalações, na disposição
ameaçados e de melhorar a qualidade de e tratamento de resíduos, na criação e
vida das populações. manutenção de sistema de circulação
Visando à sustentabilidade, o e acesso, na criação e manutenção de
planejamento ambiental geralmente espaços verdes, na promoção da educação
considera os critérios a longo prazo, mas e desenvolvimento cultural. Esta tarefa
busca estabelecer também medidas a é bastante complexa e envolve todos os
curto e médio prazos. Este procedimento setores da sociedade.
pretende reorganizar o espaço, Por fim, o planejamento ambiental deve,
paulatinamente, para que não apenas sobretudo, resolver a questão sobre qual
no presente, mas também no futuro, as é a melhor combinação de usos de uma
fontes e meios de recursos sejam usados e área, para satisfazer a necessidade de
manejados de forma a responderem pelas um maior número de pessoas de forma
necessidades da sociedade. sustentada (hoje e no futuro) (ARAUJO,
Para Santos (2007), tais necessidades 2008). Desta forma, o planejamento
conciliam-se na produção e distribuição ambiental deve estar atrelado ao conceito
de alimento, água, matéria-prima, energia de desenvolvimento sustentável, cuja
42/222 Unidade 2 • Planejamento Ambiental: Fator Indutor da Sustentabilidade
definição - consagrada mundialmente - é o “desenvolvimento que atende às necessidades
do presente sem comprometer a possibilidade das futuras gerações de satisfazer as suas
necessidades” (CMMAD, 1988).

Glossário
PIB: é a sigla para Produto Interno Bruto e representa a soma, em valores monetários, de todos os bens e
serviços finais produzidos numa determinada região, durante um período determinado. (Fonte: Disponível
em: <http://www.significados.com.br/pib/>. Acesso em: 11 jun. 2015).
Holístico ou holista: é um adjetivo que classifica alguma coisa relacionada com o holismo, ou seja, que
procura compreender os fenômenos na sua totalidade e globalidade. (Fonte: Disponível em: <http://www.
significados.com.br/holistico/>. Acesso em: 11 jun. 2015).
Paulatinamente: De maneira paulatina; de modo lento; em que há lentidão: começou a caminhar,
paulatinamente, pela casa. (Fonte: Disponível em: <http://www.dicio.com.br/paulatinamente/>. Acesso
em: 11 jun. 2015).

43/222 Unidade 2 • Planejamento Ambiental: Fator Indutor da Sustentabilidade


?
Questão
para
reflexão
Você observou que o século XX foi o precursor do debate mundial
sobre as questões ambientais, que deu origem ao conceito de
desenvolvimento sustentável. Neste cenário, o planejamento
ambiental encontra-se como o principal instrumento de gestão
ambiental indutor da sustentabilidade. Diante disto, leia o artigo
Os “Limites do Crescimento” 40 anos depois: das “profecias
do apocalipse ambiental” ao “futuro comum ecologicamente
sustentável” de autoria Leandro Dias de Oliveira (2012), disponível
em: <http://r1.ufrrj.br/revistaconti/pdfs/1/ART4.pdf>. Acesso em: 11
jun. 2015, e faça a análise da seção do artigo: Comparativo entre as
premissas do “Limites do Crescimento” e o “Relatório Brundtland”
e integre esta análise com os conceitos de planejamento ambiental

44/222
Questão
para
reflexão
?
apresentados e discutidos na Leitura Fundamental, com o objetivo
de mostrar a importância deste instrumento de gestão ambiental
como indutor da sustentabilidade, através da escrita de um
pequeno texto dissertativo e entregue ao professor presencial.

45/222
Considerações Finais

É possível, por meio da compreensão histórica dos fatos, indicar respostas


para o surgimento da preocupação humana frente às questões ambientais e
como a mesma humanidade planeja e planejará suas ações, cada qual no seu
tempo apropriado.
Dentre todas as atribuições dadas ao planejamento ambiental, acredita-se
que uma das mais importantes seja o fato de se pautar, predominantemente,
pelo potencial e pelos limites que o meio apresenta, e não pela demanda
crescente ou pela má gestão político-administrativa.

46/222
Referências

ARAUJO, R.T. de. Zoneamento ecológico-econômico do município de Santa Cruz da Conceição –


SP: uma proposta conceitual de planejamento para a sustentabilidade local. São Carlos: UFSCar,
Tese de Doutorado. 2008. 95p.
CMMAD, Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento. Nosso futuro comum.
Rio de Janeiro: Ed. FGV, 1988. 430 p.
PHILIPPI JR., A.; ROMERO, M. A.; BRUNA, G.C. Curso de gestão ambiental. 2. ed. Barueri, SP: Ed.
Manole, 2014. 1.250p.
SANTOS, R. F. Planejamento ambiental: teoria e prática. 2. ed. v. 1. São Paulo: Oficina de Textos,
2007, 184p.

47/222 Unidade 2 • Planejamento Ambiental: Fator Indutor da Sustentabilidade


Assista a suas aulas

Aula 2 - Tema: Planejamento Ambiental: Aula 2 - Tema: Planejamento Ambiental:


Fator Indutor da Sustentabilidade – Parte I  Fator Indutor da Sustentabilidade – Parte II.
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/
d7a671ebb2b0b1028f707bb8a128e0ef>. 3d62e85e0e5c8f38903b88fbfb1a03bf>.

48/222
Questão 1
1 - Qual a publicação que teve papel fundamental para a difusão na cons-
cientização da sociedade em relação aos riscos e comprometimento da
qualidade do meio ambiente e seus efeitos na saúde humana?
a) Primavera Cautelosa.
b) Primavera Holística.
c) Primavera Silenciosa.
d) Primavera Carson.
e) Primavera Contagiosa.

49/222
Questão 2
2 - O surgimento de um fenômeno climático deu origem aos primeiros de-
bates sobre a contaminação de ambientes naturais vinda das atividades in-
dustriais, após a Segunda Guerra Mundial. Qual foi este fenômeno?
a) Aquecimento Global.
b) Buraco da Camada de Ozônio.
c) Extinção das espécies da fauna.
d) Extinção das espécies da flora.
e) Smog.

50/222
Questão 3
3 - Qual o significado da sigla PNUMA?
a) Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento.
b) Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente.
c) Programa das Nações Unidas para a Sustentabilidade.
d) Programa das Nações Unidas para os Recursos Naturais.
e) Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento Humano.

51/222
Questão 4
4 - Na década de 1990, o planejamento ambiental foi incorporado em qual
política pública de desenvolvimento urbano?
a) Plano de Bacias Hidrográficas.
b) Plano de Unidades de Conservação.
c) Plano de Zoneamento.
d) Plano Plurianual.
e) Plano Diretor.

52/222
Questão 5
5 - Visando à sustentabilidade, o planejamento ambiental geralmente con-
sidera os critérios a longo prazo, mas busca estabelecer também medidas
a curto e médios prazos. Marque a alternativa correta que explica esta afir-
mação.
a) Este procedimento pretende reorganizar o espaço, paulatinamente, para que não apenas
no presente, mas também no futuro, as fontes e meios de recursos sejam usados e manejados
de forma a responderem pelas necessidades da sociedade.
b) O planejamento ambiental considera as informações primárias no estabelecimento de
suas diretrizes.
c) Este procedimento pretende reorganizar o espaço, rapidamente, para que apenas no
presente, e não no futuro, as fontes e meios de recursos sejam usados e manejados de forma a
responderem pelas necessidades da sociedade.
d) O planejamento ambiental considera as informações secundárias no estabelecimento de
suas diretrizes.
e) Este procedimento pretende reorganizar o espaço, paulatinamente, para que apenas no
presente, as fontes e meios de recursos sejam usados e manejados de forma a responderem
pelas necessidades da sociedade.
53/222
Gabarito
1. Resposta: C. Um primeiro grande momento histórico
que merece sua citação foi a criação da
A publicação do livro Primavera Silenciosa Organização Mundial da Saúde (OMS) em
da Americana Raquel Carson, em 1962, 1946, logo após o final da Segunda Grande
teve importante papel na conscientização Guerra e nos anos seguintes, onde o debate
da sociedade em relação aos riscos e se iniciava em torno da contaminação de
comprometimento da qualidade do meio ambientes naturais vinda das atividades
ambiente e seus efeitos na saúde humana. industriais, como o smog em Londres.
Carson aborda a magnificação biológica de
moléculas de inseticidas sintéticos clorados 3. Resposta: B.
demonstrando que agrotóxicos utilizados
nas doses recomendadas poderiam se Na reunião de Estocolmo 1972, criou-se
concentrar na cadeia alimentar, causando o PNUMA (Programa das Nações Unidas
problemas aos organismos que ocupam para o Meio Ambiente), com o objetivo
níveis mais elevados da escala trófica, entre de gerenciar as atividades de proteção
eles o ser humano (PHILIPPI JR, 2014). ambiental, e o Fundo Voluntário para o
Meio Ambiente.
2. Resposta: E.
54/222
Gabarito

4. Resposta: E. estabelecer também medidas a curto e


médio prazos. Este procedimento pretende
Na década de 1990, o planejamento reorganizar o espaço, paulatinamente, para
ambiental foi incorporado aos planos que não apenas no presente, mas também
diretores municipais. Foi a partir desses no futuro, as fontes e meios de recursos
trabalhos que se obtiveram as informações sejam usados e manejados de forma
mais contundentes sobre qualidade a responderem pelas necessidades da
de vida, desenvolvimento sustentável, sociedade. E, tais necessidades conciliam-
sociedade e meio ambiente, promovidas se na produção e distribuição de alimento,
pela preocupação com o ser humano. água, matéria-prima, energia e bens de
consumo na construção de moradias e
5. Resposta: A. instalações, na disposição e tratamento
de resíduos, na criação e manutenção de
Para Santos (2007), visando à sistema de circulação e acesso, na criação
sustentabilidade, o planejamento e manutenção de espaços verdes, na
ambiental geralmente considera os promoção da educação e desenvolvimento
critérios a longo prazo, mas busca cultural.

55/222
Unidade 3
Etapas, Estruturas e Instrumentos do Planejamento Ambiental

Objetivos

1. Identificar, por meio do planejamento


ambiental, o que é essencial e representativo
da realidade.
2. Entender a natureza, as características, a
função e o funcionamento do todo.
3. Estudar as principais etapas, estruturas e
instrumentos de planejamento ambiental com
vistas à construção do próprio planejamento
ambiental pelo aluno.

56/222
Introdução

No dia a dia, muitas vezes você nem percebe, mas está planejando tudo a cada segundo,
a cada passo que é dado na rua. É isto mesmo que você está pensando agora, sempre
planejamos, mesmo que de forma inconsciente. Fazemos isto como forma de sobrevivência
neste mundo contemporâneo onde o que é verdadeiro ou correto já não é mais daqui alguns
momentos, obrigando-nos a cada instante planejar novamente nossas ações e “caminhos”.
Desta forma, você é o convidado especial para o conhecimento das estruturas de organização
e funcionamento do planejamento ambiental, instrumento fundamental nos sistemas de
gestão ambiental que você utilizará no seu curso de pós-graduação e principalmente na vida
profissional.
Para estudar os sistemas ambientais, cujos elementos estão em permanente interação,
exige-se como ferramenta a interação entre várias disciplinas, para que cada uma delas, em
articulação com as demais, apresente resultados e interpretações que levem ao diagnóstico do
sistema estudado. Desta forma, os métodos e técnicas de análise ambiental devem absorver a
interdisciplinaridade como um pressuposto, o que, do ponto de vista dos participantes, exige
profissionais de várias especialidades atuando em conjunto, numa equipe multidisciplinar
(MAGLIO & PHILIPPI JR, 2010).
Embora existam diversas formas e fontes bibliográficas para citar a descrição das etapas de
planejamento ambiental, neste texto utilizou-se as etapas descritas na obra “Construindo o
57/222 Unidade 3 • Etapas, Estruturas e Instrumentos do Planejamento Ambiental
desenvolvimento local sustentável”, de decisões – constituem a fase de elaboração
autoria de Sérgio C. Buarque (2008), que propriamente dita dos planos de
aborda o planejamento ambiental para desenvolvimento local, que definem o que
uma localidade específica, neste caso o será executado, expresso pelo documento
município. ou produto (plano de desenvolvimento).
Entretanto, devem ser definidos nessa fase
1. Estrutura organizacional para os elementos básicos para a execução e o
o planejamento ambiental acompanhamento do plano, que se iniciam,
efetivamente, imediatamente após a sua
O processo de planejamento se divide em aprovação pela sociedade. Na realidade,
quatro etapas sequenciais, interligadas e um dos componentes centrais do plano
continuadas: o conhecimento da realidade, que será, portanto, produzido nessas duas
a tomada de decisões, a execução do etapas, será a formulação de um modelo
plano e, finalmente, o acompanhamento, de gestão, que representa o sistema de
o controle e a avaliação das ações organização da sociedade e dos agentes
(CARVALHO, 1997 apud BUARQUE, 2008). públicos para as duas etapas seguintes: a
As duas primeiras etapas do processo de execução e o acompanhamento do plano.
planejamento – conhecimento e tomada de De forma resumida e sistemática,
58/222 Unidade 3 • Etapas, Estruturas e Instrumentos do Planejamento Ambiental
apresenta-se, a seguir, a sequências das determinantes e as relações da
atividades de elaboração do plano. localidade com seu contexto
a. Conhecimento da realidade: para socioeconômico, ambiental e
tomar decisões fundamentadas e político-institucional (onde está
consistentes, é necessário, antes de situada a localidade?).
tudo, compreender a realidade da • Diagnóstico: O diagnóstico
localidade, deve passar, de alguma consiste na compreensão da
forma e com diferentes níveis de realidade atual da localidade
profundidade e rigor técnico, pelos e dos fatores internos que
seguintes procedimentos sequenciais estão amadurecendo e que
e complementares: podem facilitar ou dificultar o
• Delimitação do objeto: o processo desenvolvimento local. Para se
de trabalho deve se iniciar com perceberem as condições atuais
a delimitação da localidade (ou da localidade, é importante se
comunidade) que se pretende analisar o processo de evolução
planejar: seus limites físico- recente da realidade, que
geográficos e institucionais, as sintetiza a história da localidade
relações estruturais das variáveis e os fatores que explicam o seu
59/222 Unidade 3 • Etapas, Estruturas e Instrumentos do Planejamento Ambiental
desempenho. Para incorporar desenvolvimento local
as concepções contemporâneas (potencialidades). O que a
de desenvolvimento – sociedade não aceita e pretende
desenvolvimento sustentável –, o modificar na realidade? O
diagnóstico deve tratar a realidade que emperra e estrangula o
de forma multidisciplinar, desenvolvimento local? E, quais
procurando observar e confrontar as grandes potencialidades e
os componentes ou dimensões condições da localidade para
econômica, sociocultural, alavancar o desenvolvimento?
ambiental, tecnológica e político- • O diagnóstico deve combinar
institucional. Toda análise e e confrontar o levantamento e
reflexão deve convergir para análise técnica da realidade com
a identificação dos principais a visão da sociedade – fazendo
problemas e potencialidades interagir as diferentes percepções
locais, o que é insatisfatório na dos atores sociais – sobre a
realidade ou está impedindo o situação local, seus principais
desenvolvimento (problemas) problemas e potencialidades
e o que pode facilitar o internas. Deve-se estabelecer
60/222 Unidade 3 • Etapas, Estruturas e Instrumentos do Planejamento Ambiental
uma negociação das duas e para onde ela tenderia a evoluir,
percepções da realidade, bastante destacando as tendências
distintas, mas complementares, prováveis dos processos externos,
cotejando os interesses e desejos ressaltando aqueles de maior
da sociedade com os limites e as impacto sobre a realidade local.
possibilidades técnicas. O prognóstico deve, assim,
• Prognósticos: o prognóstico identificar as oportunidades
busca antecipar possíveis que o contexto abre e oferece
desdobramentos futuros da para o desenvolvimento local,
realidade e, principalmente, do e os fatores externos que
seu contexto externo, informação podem constituir ameaças
importante para dimensionar as ao seu desenvolvimento. As
possibilidades de realização dos alternativas futuras do contexto
desejos da sociedade e, portanto, procuram interpretar para onde
para formulação da estratégia de deve evoluir, provavelmente,
desenvolvimento local. Trata-se, o contexto socioeconômico e
nesse caso, de compreender em político-institucional em que
que condições se situa a localidade está inserida a localidade. É,

61/222 Unidade 3 • Etapas, Estruturas e Instrumentos do Planejamento Ambiental


portanto, uma expressão do promover o desenvolvimento
cruzamento dos determinantes local. Como apresentado a seguir,
externos com os condicionantes as decisões se manifestam por meio
internos, com diferentes hipóteses de um conjunto de fatores que irão
de comportamento futuro. compor o plano de desenvolvimento:
Dependendo dessas hipóteses, • Visão do futuro: a primeira
a localidade pode caminhar definição importante da sociedade
para diferentes alternativas de local diz respeito ao futuro
desenvolvimento futuro, que desejado: aonde se pretende
delimitam as possibilidades chegar com a implementação de
de realização dos desejos da um plano, o que se define por meio
sociedade. de uma descrição qualitativa e
b. Tomada de decisões: Esta etapa quantitativa da realidade futura.
do processo de planejamento A visão do futuro se manifesta em
trata das efetivas escolhas da três subconjuntos diferenciados
sociedade sobre o seu futuro (visão do futuro, objetivos e
e, principalmente, das ações metas). O primeiro apresenta
necessárias e viáveis para se o estado futuro desejado pela

62/222 Unidade 3 • Etapas, Estruturas e Instrumentos do Planejamento Ambiental


sociedade, atemporal e livre de prazo.
restrições, sinalizando para uma • Por outro lado, as metas
imagem objetivo a longo prazo representam a quantificação
que serve de referência para as dos objetivos, explicitando
decisões estratégicas. os resultados quantificáveis
• Considerando a realidade atual pretendidos e que podem ser
e o futuro desejado, podem gerados com a estratégia do plano
ser definidos os objetivos que em determinados prazos.
serão perseguidos pelo plano de • Formulação das opções
desenvolvimento, expressando estratégicas: a estratégia é um
o desenho da situação futura conjunto selecionado de ações
desejada e possível de alcançar convergentes e articuladas
no horizonte do plano (o que se capazes de transformar a
pretende e se pode alcançar e realidade, de modo a construir
aonde se quer chegar no futuro?). o futuro desejado e, portanto,
Na verdade, os objetivos são uma viabilizar os objetivos e as
descrição qualitativa do futuro metas definidas pela sociedade.
desejado para um determinado Assim, as opções estratégicas
63/222 Unidade 3 • Etapas, Estruturas e Instrumentos do Planejamento Ambiental
identificam as ações capazes desagregados – que detalham a
de enfrentar e contornar os estratégia na definição de ações
problemas e estrangulamentos por dimensão para enfrentar
centrais e de explorar as principais os problemas e explorar as
potencialidades locais, de modo potencialidades econômicas,
a aproveitar as oportunidades socioculturais, ambientais,
externas e a permitir a defesa tecnológicas e político-
diante de prováveis ameaças. institucionais.
• Elaboração dos programas e • Como todas as etapas do processo
projetos: o passo seguinte no de planejamento, os programas
processo decisório deve levar à resultam em um processo
formulação das ações concretas combinado de análise técnica,
e operacionais. Dessa forma, formulação política e visão da
a elaboração dos programas e sociedade, incluindo as múltiplas
projetos representa uma síntese e diferenciadas aspirações desta
consistente e integradora dos última, procurando analisar a
processos agregados – formulação sua consistência e viabilidade e
das opções estratégicas – e sua relação com as definições
64/222 Unidade 3 • Etapas, Estruturas e Instrumentos do Planejamento Ambiental
programáticas e técnicas. instrumentos procuram definir,
• Definição dos instrumentos: para portanto, os meios financeiros,
a implementação da estratégia fiscais, organizacionais e
com suas políticas, programas institucionais, legais e políticos
e projetos, devem ser definidos com que se pode e se deve atuar
e viabilizados instrumentos para a efetiva execução das ações
(meios financeiros, legais, locais.
organizacionais, institucionais) • Para definição dos instrumentos
com que se pode e se deve gerais devem ser realizados os
contar para a efetiva execução seguintes procedimentos: (Análise
do plano. Particularmente os dos meios requeridos; Análise
instrumentos financeiros devem dos diversos instrumentos,
ser sistematizados em uma matriz fontes de recursos, programas e
de fontes e usos que distribua os projetos; Análise da pertinência e
recursos nas áreas programáticas, adequação; Análise da viabilidade
organizando os já existentes, financeira).
os que podem ser captados e • Formulação do modelo de
os que devem ser criados. Os gestão: O modelo de gestão
65/222 Unidade 3 • Etapas, Estruturas e Instrumentos do Planejamento Ambiental
é o sistema institucional e a programas, e para avaliação dos
arquitetura organizacional seus resultados.
adequados e necessários para • O sistema deve estruturar e
se implementar a estratégia e distribuir as responsabilidades dos
o plano de desenvolvimento agentes e atores para a execução
local, mobilizando e articulando das diversas tarefas e atividades,
os atores (organizações da expressas, de forma sintética,
sociedade) e agentes (instâncias em uma matriz institucional, que
públicas), com seus diversos distribui as responsabilidades
instrumentos, e assegurando e atividades entre os atores
a participação da sociedade e agentes públicos (incluindo
no processo, para a execução e os indicadores de avaliação e
acompanhamento das ações. acompanhamento), de modo a
• Trata-se da definição da forma comprometer a sociedade numa
como a sociedade e o Estado situação de corresponsabilidade e
(setor público) devem se organizar reforçar o controle social sobre o
para a implementação das ações, processo.
da gestão dos instrumentos e • Por outro lado, deve explicitar
66/222 Unidade 3 • Etapas, Estruturas e Instrumentos do Planejamento Ambiental
os mecanismos e as parceiros, é necessário que passe
instâncias de participação por vários ciclos de discussão
da sociedade e dos atores estruturada com a sociedade, para
sociais no acompanhamento ir construindo a aderência política
e na implementação do dos atores. Para tanto, devem
plano, assegurando o sistema ser implementadas a seguintes
participativo de gestão. subatividades: (Distribuição
• Construção da adesão e de documento preliminar para
sustentabilidade políticas: o as instâncias; Discussões e
conjunto das atividades definidas formulações da sociedade;
para elaboração do plano deve Discussão na instância política
gerar elementos suficientes para mais agregada; construção de uma
compor uma versão do documento agenda de compromissos e revisão
que expresse a estratégia de e produção da versão final).
desenvolvimento sustentável.
Entretanto, para que esse
documento tenha uma base sólida
de sustentação na sociedade e nos
67/222 Unidade 3 • Etapas, Estruturas e Instrumentos do Planejamento Ambiental
2. Instrumentos de planejamen- Ambiental, entre outros, são apresentados
to ambiental como sinônimos de planejamento
ambiental.

O planejamento ambiental pode se


apresentar sob diferentes formas de
expressão. A escolha de um determinado
instrumento deve ocorrer em função dos Link
objetivos, objeto e tema central enfocados. Zoneamentos - elencado como um dos
Deve considerar a adequação de sua instrumentos da Política Nacional do Meio
estrutura e conteúdo, do espaço político- Ambiente (Lei federal nº 6.938/1981), o
territorial visado, do detalhamento previsto termo, posteriormente, quando da edição do
para as proposições e do tempo disponível decreto federal nº 4.297/2002, evolui para
para execução. Em diversos casos, zoneamento ecológico-econômico (ZEE).
trabalhos com Zoneamentos, Estudos Disponível em: <http://www.mma.gov.br/
de Impacto Ambiental, Planos de Bacias gestao-territorial/zoneamento-territorial/
Hidrográficas, Planos Diretores Ambientais, item/8188>. Acesso em: 11 jun. 2015.
Planos de Manejo ou Áreas de Proteção
68/222 Unidade 3 • Etapas, Estruturas e Instrumentos do Planejamento Ambiental
Link
Estudos de Impacto Ambiental - é o conjunto de relatórios técnicos destinados a instruir o processo de
licenciamento. Os relatórios são elaborados por equipe multidisciplinar, habilitada e independente, com
base em Instruções Técnicas (IT´s) específicas. Disponível em: <http://www.inea.rj.gov.br/Portal/
MegaDropDown/Licenciamento/EstudoImpAmbReldeImpactoAmb/index.htm&lang=>.
Acesso em: 11 jun. 2015.

Para saber mais


Planos de Bacias Hidrográficas - O objetivo geral do planejamento em recursos hídricos é garantir
o bem-estar das pessoas em um ambiente ecologicamente sadio, incluindo esperança individual e
coletiva de desenvolvimento sustentável. O objetivo geral de um plano de bacia é a compatibilização
entre oferta e demanda de água, em quantidade e qualidade, para todos os pontos da bacia
hidrográfica. Disponível em: <http://www.agenciapcj.org.br/novo/instrumentos-de-gestao/
plano-de-bacias>. Acesso em: 11 jun. 2015.

69/222 Unidade 3 • Etapas, Estruturas e Instrumentos do Planejamento Ambiental


Para saber mais
Planos Diretores Ambientais – ler o artigo “Política Ambiental Municipal: importância do Plano
Diretor em normatizar a ocupação e expansão urbana no que tange ao desenvolvimento sustentável
e recuperação ambiental”. Disponível em: <http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_
link=revista_artigos_leitura&artigo_id=11872>. Acesso em: 11 jun. 2015.

Para saber mais


Planos de Manejo - O manejo e gestão adequados de uma Unidade de Conservação devem estar
embasados não só no conhecimento dos elementos que conformam o espaço em questão, mas também
numa interpretação da interação destes elementos. Disponível em: <http://www.icmbio.gov.br/
portal/biodiversidade/unidades-de-conservacao/planos-de-manejo.html>. Acesso em: 11 jun.
2015.

70/222 Unidade 3 • Etapas, Estruturas e Instrumentos do Planejamento Ambiental


Essas formas deveriam, na realidade, exemplo é o zoneamento territorial,
ser chamadas de instrumentos do comumente citado como um instrumento
planejamento ambiental, se atuam sobre o do planejamento.
meio natural e atividades produtivas ou se O zoneamento compõe-se das fases de
atuam como caminho e recurso dirigidos inventário e diagnóstico, que resultam na
a alcançar objetivos e metas específicos, definição de áreas que compartimentam os
e, ainda, se estão baseados em sua função diversos sistemas ambientais componentes
ou utilidade e observam as formalidades e do espaço estudado.
limites de suas atribuições particulares.
As zonas supostamente homogêneas
A primeira questão a ser inquirida pelo referem-se às áreas identificadas
planejador é se o instrumento selecionado numa paisagem (por exemplo, bacias
representa um processo de planejamento hidrográficas) passíveis de ser delimitadas
ambiental, com uma estrutura composta no espaço e na escala adotada e que
das fases consideradas imprescindíveis, possuem estrutura e funcionamento
que englobam desde a proposição do semelhantes. São definidas por
objetivo e seleção da área a propostas que agrupamentos das variáveis (componentes,
materializam as alternativas selecionadas fatores e atributos ambientais) que
ou a estratégia adotada. Um simples apresentam alto grau de associação
71/222 Unidade 3 • Etapas, Estruturas e Instrumentos do Planejamento Ambiental
dentro da paisagem. Diferentes zonas Público como instrumento legal, para
homogêneas exibem significativa implementar normas de uso do território
diferenciação entre os grupos de variáveis. nacional. No entanto, o reconhecimento
Em outras palavras devem-se reconhecer dessas áreas, que se restringe a analisar
com clareza as similaridades dos o ambiente e classificar seus atributos,
elementos componentes de um grupo e, é somente um suporte para um
simultaneamente claras definições entre os planejamento ambiental, necessitando
grupos. de complementações metodológicas que
Estas zonas precisam considerar as conduzam a orientações para o uso desses
potencialidades, vocações e fragilidades espaços dentro de cenários temporais.
naturais, identificar os impactos, bem Entre todas as considerações feitas, um
como expressar as relações sociais e aspecto crucial que os planejadores devem
econômicas do território. De forma lembrar é que, seja qual for o instrumento
geral, os zoneamentos ambientais de planejamento ambiental escolhido,
são apresentados na forma de mapas sempre se trabalha com um recorte
temáticos, matrizes ou índices ambientais. da realidade do espaço e, portanto, a
Deve-se destacar que, no Brasil o complexidade e as relações do meio são
zoneamento é muito usado pelo Poder simplificadas e generalizadas. O melhor
72/222 Unidade 3 • Etapas, Estruturas e Instrumentos do Planejamento Ambiental
desempenho está na identificação de
objetivos abrangentes e concretos, do
instrumento correto, das variáveis que
representam mais fielmente as principais
relações existentes e dos problemas
fundamentais no cenário real e futuro do
espaço planejado.

73/222 Unidade 3 • Etapas, Estruturas e Instrumentos do Planejamento Ambiental


Glossário
Sistemática - Ação ou efeito de sistematizar; sistematização. Biologia. Ciência que caracteriza,
sistematiza e/ou classifica os seres vivos. (Fonte: Disponível em: <http://www.dicio.com.br/
sistematica/>. Acesso em: 11 jun. 2015).

Cotejar - Confrontar, comparar. Comparar, pôr em paralelo. (Fonte: Disponível em: <http://
www.dicio.com.br/cotejar/>. Acesso em: 11 jun. 2015).

Atemporal - Que não pode ser controlado pelo tempo; que não se adequa a qualquer tempo;
que não faz parte de um tempo determinado; intemporal: livro atemporal. (Fonte: Disponível
em: <http://www.dicio.com.br/atemporal/>. Acesso em: 11 jun. 2015).
Mobilizar - Dar movimento a, movimentar. (Fonte: Disponível em: <http://www.dicio.com.br/
mobilizar/>. Acesso em: 11 jun. 2015).

Articular - Unir pelas juntas, juntar pelas articulações. Suceder-se numa ordem crescente: as
partes de uma exposição que se articulam bem. (Fonte: Disponível em: <http://www.dicio.com.
br/articular/>. Acesso em: 11 jun. 2015).

Matriz - Lugar onde alguma coisa se gera ou se cria; fonte, manancial. Disposição ordenada
de um conjunto de elementos estatísticos. (Fonte: Disponível em: <http://www.dicio.com.br/
matriz/>. Acesso em: 11 jun. 2015).

74/222 Unidade 3 • Etapas, Estruturas e Instrumentos do Planejamento Ambiental


Glossário
Instância - Qualidade daquilo que é iminente; particularidade do que pode acontecer a
qualquer momento; atributo do que está prestes a... (Fonte: Disponível em: <http://www.dicio.
com.br/instancia/>. Acesso em: 11 jun. 2015).

Enfocado - Que se pôs em foco. Visto conforme uma acepção. (Fonte: Disponível em: <http://
www.dicio.com.br/enfocado/>. Acesso em: 11 jun. 2015).

Imprescindível - que não se pode dispensar ou renunciar. Que não se pode prescindir,
renunciar ou dispensar. (Fonte: Disponível em: <http://www.dicio.com.br/imprescindivel/>.
Acesso em: 11 jun. 2015).
Comumente - De maneira comum, ordinária; de modo vulgar. Em que há frequência ou de
modo habitual. (Fonte: Disponível em: <http://www.dicio.com.br/comumente/>. Acesso em:
11jun. 2015).
Inventário - Listagem detalhada mercadorias, produtos etc. Caracterização pormenorizada de
alguma coisa. (Fonte: Disponível em: <http://www.dicio.com.br/inventario/>. Acesso em: 11 jun.
2015).

75/222 Unidade 3 • Etapas, Estruturas e Instrumentos do Planejamento Ambiental


?
Questão
para
reflexão
Você observou que existem diversos instrumentos de
planejamento ambiental que podem ser utilizados para resolução
das questões ambientais atuais. Provavelmente em conjunto
com o Zoneamento Ecológico-Econômico, os Planos de Manejo
de Unidades de Conservação no Brasil sejam os principais e mais
bem estudados e implementados. Desta forma, acesse o link
do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade:
<http://www.icmbio.gov.br/portal/biodiversidade/unidades-
de-conservacao/planos-de-manejo.html> e aprofunde seus
conhecimentos sobre este instrumento, analisando um dos
diversos planos de manejo de unidades de conservação existentes
no país.

76/222
Considerações Finais

»» Identifica-se que para cumprir suas etapas, o planejamento ambiental,


de forma geral, apresenta-se como um processo, ou seja, é elaborado
em fases que evoluem sucessivamente, sendo o resultado de uma a
base ou os princípios para o desenvolvimento da etapa seguinte.
»» Ao se escolher um instrumento de planejamento ambiental, é
inevitável refletir se o planejamento preocupa-se em administrar o
recurso, ordenar o espaço, executar tarefas, manusear o meio, propor
alternativas, implementar projetos, monitorar, controlar eventos,
controlar doenças, garantir a perenidade do recurso, aproveitar e
explorar o recurso, entre outras ações.

77/222
Referências

BUARQUE, S.C. Construindo o desenvolvimento local sustentável. Rio de Janeiro: Garamond,


2008. 4ed. cap. 5. p. 95-120.
MAGLIO, I.C.; PHILIPPI JR, A. Planejamento ambiental: metodologia e prática de abordagem. In:
PHILIPPI JR, A. Saneamento, saúde e ambiente. 1. ed. 2. reimpressão, Barueri, SP: Ed. Manole.,
2010. p. 663-688.
SANTOS, R. F. Planejamento ambiental: teoria e prática. 2. ed. v. 1. São Paulo: Oficina de
Textos, 2007. 184p.

78/222 Unidade 3 • Etapas, Estruturas e Instrumentos do Planejamento Ambiental


Assista a suas aulas

Aula 3 - Tema: Etapas, Estruturas e Instrumentos Aula 3 - Tema: Etapas, Estruturas e


do Planejamento Ambiental – Parte I  Instrumentos do Planejamento Ambiental –
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ Parte II.
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/
f6c89a775dc2a455190b1e168938b56d>. pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/
8f45ba95934ad63734f1d5e346264c32>.

79/222
Questão 1
1- Quais são as quatro etapas sequenciais, interligadas e continuadas que
integram um planejamento?
a) O conhecimento da realidade, a tomada de decisões, a execução do plano e o
acompanhamento e a coleta de dados primários, secundários e terciários.
b) O controle e a avaliação das ações, a coleta de dados primários, secundários e terciários,
montagem da equipe de trabalho e, a participação da sociedade local.
c) O conhecimento da realidade, a tomada de decisões, a execução do plano e o
acompanhamento e o controle e a avaliação das ações.
d) O controle e a avaliação das ações.
e) A coleta de dados primários, secundários e terciários, a tomada de decisões, montagem
da equipe de trabalho e o desenvolvimento da liderança do planejamento.

80/222
Questão 2
2- A delimitação do objeto e o diagnóstico são procedimentos sequenciais
e complementares de qual etapa do planejamento?
a) Tomada de decisões.
b) Conhecimento da realidade.
c) Avaliação das ações.
d) Execução do plano.
e) Acompanhamento e controle.

81/222
Questão 3
3- Qual o significado da sigla PNUMA?
a) Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento.
b) Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente.
c) Programa das Nações Unidas para a Sustentabilidade.
d) Programa das Nações Unidas para os Recursos Naturais.
e) Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento Humano.

82/222
Questão 4
4- Em geral, qual a forma de apresentação para a sociedade do zoneamen-
to ambiental?
a) Na forma de tabelas.
b) Na forma de quadros.
c) Na forma de gráficos.
d) Na forma de mapas.
e) Na forma de figuras.

83/222
Questão 5
5- Dentre as alternativas abaixo, qual demonstra a maior das limitações de
qualquer dos instrumentos de planejamento ambiental?
a) O fato dos instrumentos de planejamento custarem muito caro.
b) O fato dos instrumentos de planejamento demandarem conhecimento prévio e futuro da
área a ser trabalhada.
c) O fato de ter a obrigação de comissão de avaliação prévia de impacto ambiental.
d) O fato de ser muito demorado o uso de instrumentos em planejamento ambiental.
e) O fato de se trabalhar com um recorte da realidade do espaço e, portanto, a complexidade
e as relações do meio são simplificadas e generalizadas.

84/222
Gabarito
1. Resposta: C. seguintes procedimentos sequenciais e
complementares:
O processo de planejamento se divide em
• Delimitação do objeto: o processo
quatro etapas sequenciais, interligadas e
de trabalho deve se iniciar com
continuadas: o conhecimento da realidade,
a delimitação da localidade (ou
a tomada de decisões, a execução do
comunidade) que se pretende
plano e, finalmente, o acompanhamento,
planejar: seus limites físico-
o controle e a avaliação das ações
geográficos e institucionais, as
(CARVALHO, 1997 apud BUARQUE, 2008).
relações estruturais das variáveis
determinantes e as relações da
2. Resposta: B. localidade com seu contexto
socioeconômico, ambiental e
Conhecimento da realidade: para tomar
político-institucional (onde está
decisões fundamentadas e consistentes,
situada a localidade?).
é necessário, antes de tudo, compreender
a realidade da localidade, deve passar, • Diagnóstico: o diagnóstico consiste
de alguma forma e com diferentes níveis na compreensão da realidade
de profundidade e rigor técnico, pelos atual da localidade e dos fatores

85/222
Gabarito

internos que estão amadurecendo de mapas temáticos, matrizes ou índices


e que podem facilitar ou dificultar o ambientais.
desenvolvimento local.
5. Resposta: E.
3. Resposta: B.
No decorrer da leitura fundamental,
Na reunião de Estocolmo 1972, criou-se comprova-se que um aspecto crucial que
o PNUMA (Programa das Nações Unidas os planejadores devem lembrar é que, seja
para o Meio Ambiente), com o objetivo qual for o instrumento de planejamento
de gerenciar as atividades de proteção ambiental escolhido, sempre se trabalha
ambiental, e o Fundo Voluntário para o com um recorte da realidade do espaço e,
Meio Ambiente. portanto, a complexidade e as relações do
meio são simplificadas e generalizadas. O
4. Resposta: D. melhor desempenho está na identificação
de objetivos abrangentes e concretos, do
De forma geral, os zoneamentos instrumento correto, das variáveis que
ambientais são apresentados na forma representam mais fielmente as principais

86/222
Gabarito
relações existentes e dos problemas
fundamentais no cenário real e futuro do
espaço planejado.

87/222
Unidade 4
Temáticas e Temas Usados em Planejamento Ambiental

Objetivos

1. Identificar por quais temas o planejamento


ambiental deve caminhar em busca da
sustentabilidade.
2. Compreender a necessidade do entendimento
multidisciplinar para construção do planejamento
ambiental.
3. Compreender os elementos mais incipientes
da paisagem até o contexto social de interação
homem-território.

88/222
Introdução

Ao se deparar com a missão de elaborar um planejamento ambiental, você entra em um


universo complexo com diversas abordagens multidisciplinares que muitas vezes podem
lhe causar confusões ou mesmo indecisões, contribuindo para erros estratégicos que
acarretarão falsos diagnósticos, prognósticos, indicadores, monitoramentos e impactarão as
decisões e assim o processo de gestão ambiental. Desta forma, você, a partir deste momento,
compreenderá a necessidade de interpretar o meio em relação à sua composição, estrutura,
processo e função, como um todo contínuo no espaço. Por essa razão, de acordo com Santos
(2007), o diagnóstico procura compreender o meio de forma global, por intermédio do
levantamento de dados ligados a diversas disciplinas. A tendência é apresentar as disciplinas
numa sequência que representa a evolução das transformações e a velocidade de mudança
no espaço estudado. Assim, o inventário principia pelos elementos climáticos e geológicos
e caminha em direção às disciplinas que falam da ação do homem no espaço. Os temas que
abordam as características dos objetivos e das ações humanas fundamentam o debate de
todos os outros temas do planejamento. Afinal, eles revelam a coerência (ou incoerência)
entre a estrutura espacial, dinâmica populacional e condições de vida da população e, ainda,
traduzem o significado social e político do que foi descrito como estado do meio pelos temas
do meio físico e biológico.

89/222 Unidade 4 • Temáticas e Temas Usados em Planejamento Ambiental


1. Interpretação dos níveis de aconselhável que os temas ou indicadores
informação (temas e temáticas) sejam representados no espaço, pois
esta estratégia facilita a interpretação,
Na sistematização da apresentação das integração e manejo das informações
disciplinas, é necessário compreender por meio de documentação cartográfica.
que existem, pelo menos, dois níveis de Podem ser mapeados quaisquer
informação a serem considerados: o das elementos do meio, seja físico, biótico,
temáticas e o dos temas. O tema refere-se social, econômico ou cultural, porém,
a uma determinada matéria que contém a capacidade de representação dos
conceitos e métodos particulares. Cada fenômenos está diretamente limitada
tema é um núcleo próprio de dados que à subjetividade do dado de entrada, à
gera uma composição específica de abrangência no espaço ou ao tipo de
informações. Conceitua-se temática informação. Assim, mapeamentos auxiliam
como um conjunto de temas que, quando a compreensão sobre o meio, mas não
associados, permitem uma análise que é a podem ser entendidos como ferramenta
síntese de uma fração particular do meio única para a tomada de decisão (SANTOS,
(SANTOS, 2007). 2007). Embora não existam definições
estáticas de quais temas/temáticas devem
Em planejamento ambiental é
90/222 Unidade 4 • Temáticas e Temas Usados em Planejamento Ambiental
ser abordados em cada planejamento, visto que esta “escolha” é dada por cada objetivo do
planejamento, de maneira geral os aspectos físicos, biológicos, as pressões exercidas pelas
atividades humanas, sociais e econômicas e as respostas da sociedade a essas pressões são
encontrados de forma recorrente nos planejamentos.
A seguir, você estudará os principais temas e temáticas encontrados nos planejamentos
ambientais em discussão e execução no Brasil e certamente entenderá a obrigatoriedade
do seu estudo de forma transdisciplinar voltado ao trabalho com as mais diversas áreas das
ciências e seus profissionais, elevando sua formação acadêmica e profissional, proporcionando
empregabilidade em funções líderes e de formação de opinião junto à sociedade. Os temas aqui
estudados de acordo com Santos (2007), são:
• Geologia: a maior parte dos planejamentos ambientais apresenta dados referentes à
geologia, quase sempre espacializados em mapas.

O objetivo é fornecer informações litológicas e estruturais do substrato rochoso da


área planejada e subsidiar os estudos relativos à ocorrência de minerais e materiais de
importância econômica.
Os estudos geológicos apresentam as informações mais remotas sobre a formação, a

91/222 Unidade 4 • Temáticas e Temas Usados em Planejamento Ambiental


evolução e a estabilidade terrestre e auxiliam muito na construção dos cenários passados
e atuais. Os planejamentos utilizam dados secundários e, algumas vezes, sistematizam e
ajustam mapas geológicos existentes por meio da interpretação de imagens de sensores
remotos e trabalhos de campo.
No Brasil, o padrão é compilar cartas topográficas e geológicas, ajustando-as com
imagens de radar ou satélite. Os estudos costumam indicar as unidades geológicas, sua
estrutura, estratigrafia, litologia e evolução.
As informações servem para a análise dos tipos e da dinâmica superficial dos terrenos.
Elas subsidiam as interpretações sobre o relevo, solo e processos de erosão, entre outros
dados e permitem ao pesquisador deduzir a permeabilidade do solo, o tipo de vegetação e
a disponibilidade de água superficial e subterrânea e de recursos minerais.

• Clima: o clima, o substrato rochoso e o relevo são os temas de maior hierarquia para
caracterizar e ordenar as paisagens.
O clima busca esclarecer a influência desse elemento na vida, na saúde, na distribuição
e nas atividades humanas da área planejada. Em larga escala temporal, os dados
permitem reconhecer a influência do clima sobre o solo, a fauna e a flora, auxiliando na

92/222 Unidade 4 • Temáticas e Temas Usados em Planejamento Ambiental


compreensão do cenário atual.
O clima deve ser relacionado aos outros temas e, para tanto, são necessários dados de
longo prazo e inúmeras variáveis. A maioria dos trabalhos prende-se a duas variáveis
apresentadas como subtemas: a precipitação e a temperatura.

• Geomorfologia: para estudos integrados da paisagem, os dados de geomorfologia


são considerados imprescindíveis. A análise do relevo permite sintetizar a história das
interações dinâmicas que ocorreram entre o substrato Iitólico, a tectônica e as variações
climáticas.
Associados a outros elementos do meio, os dados de geomorfologia podem auxiliar
na interpretação de fenômenos como inundações e variações climáticas locais, são
informações vitais para avaliar movimentos de massa e instabilidades dos terrenos.
Cada tipo ou forma do relevo está associado a um conjunto fisionômico característico e a
composições especificas de cobertura vegetal e distribuição da fauna, permitindo ampla
correlação.
Os dados geomorfológicos permitem interpretar uma questão indispensável para o
planejamento ambiental: a relação entre as configurações superficiais do terreno, a
93/222 Unidade 4 • Temáticas e Temas Usados em Planejamento Ambiental
distribuição dos núcleos ou aglomerados humanos e dos usos do solo em função das
limitações impostas pelo relevo.

• Solos: o solo é o suporte dos ecossistemas e das atividades humanas sobre a terra, seu
estudo é imprescindível para o planejamento.
Quando se analisa o solo, pode-se deduzir sua potencial idade e fragilidade como
elemento natural, como recurso produtivo, como substrato de atividades construtivas ou
como concentrador de impacto.
O solo é um tema importante para explicar o fenômeno de erosão e assoreamento, cuja
compreensão é primordial ao planejamento. Em área rural, esses fenômenos estão muito
ligados à agricultura, reconhecida por alterar substancialmente o meio, gerando impactos
severos e rompendo o equilíbrio natural.
Para o espaço urbano, a mesma lógica pode ser usada quando se pensa, por exemplo, na
implantação e operação de obras civis, nas quais a característica do material de superfície
pode definir a aptidão (ou restrição) para diferentes usos, como estradas, sistemas de
tratamento, construção de canais, sistemas de drenagem etc.

94/222 Unidade 4 • Temáticas e Temas Usados em Planejamento Ambiental


• Capacidade de uso das terras: o tema derivado capacidade de uso é bastante
desenvolvido em planejamento, pois fornece duas respostas básicas: o potencial de
uso da área (ou o uso adequado, com práticas adequadas, voltadas à conservação e
proteção do recurso) e a ocorrência de inadequação de uso (ou a ocorrência de conflitos
envolvendo o uso atual e o uso recomendável).
Em suma, essa análise norteia muitas tomadas de decisão do ponto de vista da
conservação ambiental, da vocação agropecuária, do risco de erosão, da produtividade,
do controle de impactos ou da indicação de tecnologias adequadas. São usadas
informações sobre as características do clima, do solo, do relevo, da topografia ou da
declividade, que limitam o uso agrícola e/ou impõem risco de degradação da terra.

• Hidrografia: neste tema você normalmente usa a bacia ou microbacia hidrográfica como
unidade de gestão.
A estratégia é analisar as propriedades, a distribuição e a circulação da água, para
interpretar as potencialidades e restrições de uso; mapear inicialmente a hidrografia com
todas as drenagens que compõem a rede hídrica. Os documentos base, são as cartas
topográficas oficiais.

95/222 Unidade 4 • Temáticas e Temas Usados em Planejamento Ambiental


• Vegetação: este tema tem grande potencial como indicador ambiental. É caracterizado
pelo domínio, formações e tipos de cobertura natural, que devem ser espacializados,
quantificados e qualificados de acordo com o seu estado de conservação atual, em
seguida, a identificação da fisionomia, estrutura e composição florística. Essas avaliações,
em datas diferentes, permitem indicar as mudanças, sua direção e velocidade ao longo do
tempo.

• Fauna: utilizado para indicar qualidade ambiental do meio, escolher áreas a serem
protegidas e especificar manejo. É considerado um tema contíguo à flora. O caminho
é reconhecer a estrutura e diversidade da comunidade, composição, abundância,
frequência, distribuição, dominância e a riqueza das espécies; identificar espécies raras,
em risco de extinção, exóticas e migratórias, endemismo e grau de perturbação.

• Uso e ocupação das terras: retrata as atividades humanas que podem significar
pressão e impacto sobre os elementos naturais. É uma ponte essencial para análise de
fontes de poluição e um elo importante entre as informações dos meios biofísicos e
socioeconômico.
Em geral, as formas de uso e ocupação são identificadas (tipos de usos), espacializadas

96/222 Unidade 4 • Temáticas e Temas Usados em Planejamento Ambiental


(mapa de uso), caracterizadas (pela intensidade de uso e indícios de manejo) e
quantificadas (percentual de área ocupada pelo tipo). As informações sobre esse tema
devem descrever não só a situação atual, mas as mudanças recentes e o histórico de
ocupação da área de estudo.

• Temática Dinâmica Populacional, economia e aspectos políticos e institucionais: a


análise do processo de urbanização, suas consequências e a compreensão da estrutura
e dinâmica da população, importantes para o diagnóstico ambiental, dependem da
interpretação de aspectos demográficos, econômicos e políticos institucionais.
Os dados de entradas mais comuns compreendem dois tipos de unidades espaciais:
municipal e por setor censitário. São obtidos a partir de levantamentos como censos,
planilhas, cartogramas ou mapas.

• Temática Condições de Vida: condições de vida é uma expressão designada em


planejamento para explicitar as desigualdades sociais, fornece indícios da dinâmica social
e define os elos entre esses fatos e a qualidade do ambiente natural. Assim, por exemplo,
a ocorrência de doenças infecto-parasitárias, ausência de saneamento básico, más
condições de habitação, precária educação e baixa renda de um segmento da população

97/222 Unidade 4 • Temáticas e Temas Usados em Planejamento Ambiental


são frequentemente ligadas à péssima qualidade de água e à ausência de cobertura
vegetal natural.

Ao finalizar esta leitura, você deve compreende que a ênfase sobre os temas apresentados
de forma resumida tem o objetivo de mostrar a complexidade do planejamento ambiental.
Muitos desses planejamentos tratam as informações de uma forma excessivamente simplista,
restrita às informações secundárias obtidas de censos e mapas. Outros utilizam indicadores
adjetivados sem atentar ao que eles realmente representam, sem conceituar seu significado,
deduzindo de forma rápida e indevida o valor da qualidade das informações obtidas. Desta
forma, você somente terá sucesso no seu planejamento ambiental, por meio de um estudo
muito bem desenvolvido, contendo um diagnóstico também muito bem desenvolvido,
fechando as relações entre estados, pressão e resposta e traduzindo os impactos ambientais.

98/222 Unidade 4 • Temáticas e Temas Usados em Planejamento Ambiental


Glossário
Espacialização - criar uma referência espacial a um objeto ou a um evento. (Fonte: Disponível em:
<http://www.dicionarioinformal.com.br/significado/espacializa%C3%A7%C3%A3o/6373/>. Acesso
em: 17 jun. 2015).
Informações litológicas - são aqueles referentes ao estudo das rochas. (Fonte: Disponível em: <http://
www.dicionarioinformal.com.br/litol%C3%B3gicas/>. Acesso em: 17 jun. 2015).
Substrato - é a base, o fundamento, a essência. (Fonte: Disponível em: <http://www.significados.com.
br/substrato/>. Acesso em: 17 jun. 2015).
Bacia ou microbacia hidrográfica - uma bacia hidrográfica ou bacia de drenagem de um curso
de água é o conjunto de terras que fazem a drenagem da água das precipitações para esse curso de
água e rios menores que desaguam em rios maiores (afluentes). (Fonte: Disponível em: <http://www.
dicionarioinformal.com.br/bacia%20hidrogr%C3%A1fica/>. Acesso em: 17 jun. 2015).

99/222 Unidade 4 • Temáticas e Temas Usados em Planejamento Ambiental


?
Questão
para
reflexão
Você compreendeu a necessidade de se juntar diversos
temas e realizar a temática destes, ou seja, a sua análise e
compreensão de forma transdisciplinar para que a construção
do planejamento ambiental. Em geral, a bacia hidrográfica
ou mesmo a microbacia hidrográfica em escala municipal/
territorial é a principal unidade de gerenciamento ambiental.
Desta forma, acesse o link: <http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs/
index.php/raega/article/viewArticle/18225> e aprofunde
seus conhecimentos a gestão ambiental de microbacias
hidrográficas.

100/222
Considerações Finais

Observa-se que a interdisciplinaridade é obrigatória na análise das temáticas


ambientais;

É possível verificar que até este momento não se tem clareza conceitual e metodológica
acerca do caminho para se unir os temas, de forma a recriar, efetivamente, a paisagem
global e as suas múltiplas relações de estado, pressão e resposta, todavia deve-se
manter o conhecimento especializado original, para preservar a qualidade do trabalho.

101/222
Referências

SANTOS, R. F. Planejamento ambiental: teoria e prática. 2. ed. v. 1, São Paulo: Oficina de Textos,
2007, 184p.

102/222 Unidade 4 • Temáticas e Temas Usados em Planejamento Ambiental


Assista a suas aulas

Aula 4 - Tema: Temáticas e Temas Usados Aula 4 - Tema: Temáticas e Temas Usados
em Planejamento Ambiental – Parte I  em Planejamento Ambiental – Parte II.
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/pA-
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ piv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/c0a-
4610c33965d5686be91475951d2ea8c0>. aa5d56344c7ec357a899edef48c21>.

103/222
Questão 1
1- Qual alternativa apresenta as diferenças entre temas e temáticas refe-
rentes ao planejamento ambiental?

a) O tema refere-se a uma determinada matéria que contém conceitos e métodos


particulares e a temática é um conjunto de temas que, quando associados, permitem uma
análise que é a síntese de uma fração particular do meio.
b) O tema refere-se ao diagnóstico e a temática refere-se ao prognóstico do planejamento
ambiental.
c) O tema refere-se à apresentação dos indicadores por meio de mapas e a temática refere-
se à apresentação dos indicadores por meio de tabelas.
d) O tema refere-se aos dados primários em planejamento ambiental e a temática refere-se
aos dados secundários em planejamento ambiental.
e) O tema refere-se aos fenômenos subjetivos e a temática refere-se aos fenômenos
objetivos no planejamento ambiental.

104/222
Questão 2
2- Um dos temas estudados em planejamentos ambientais é a geologia.
Assim, qual é o objetivo da geologia no planejamento ambiental?
a) Fornecer informações do solo e sua estrutura pedológica.
b) Estudar a influência das rochas no relevo da paisagem.
c) Fornecer informações litológicas e estruturais do solo da área planejada para analisar os
possíveis impactos ambientais provindos do solo.
d) Fornecer informações litológicas e estruturais do substrato rochoso da área planejada e
subsidiar os estudos relativos à ocorrência de minerais e materiais de importância econômica.
e) Estudar a influência das rochas e minerais no relevo da paisagem com vistas à ocorrência
de possíveis impactos ambientais provindos do solo.

105/222
Questão 3
3- Quais são os documentos base para os estudos do tema hidrografia?

a) Cartas geológicas oficiais.


b) Cartas topográficas oficiais.
c) Cartas hidrográficas oficiais.
d) Plano de Bacia Hidrográfica.
e) Plano de Drenagem hidrográfica.

106/222
Questão 4
4- A análise do processo de urbanização, suas consequências e a com-
preensão da estrutura e dinâmica da população, são componentes de
qual temática?
a) Classe de uso do solo.
b) Urbanidade.
c) Dinâmica periférica.
d) Condições de vida.
e) Dinâmica populacional.

107/222
Questão 5
5- A temática condições de vida pode ser caracterizada como sendo uma
temática de vanguarda, ou seja, uma temática nova e que desempenha
importante papel de análise no planejamento ambiental. Desta forma, é
possível afirmar que esta temática se preocupa com:
a) As doenças e o valor salarial da população com vistas às orientações econômicas do
planejamento ambiental.
b) As desigualdades sociais fornecem indícios da dinâmica social e definem os elos entre
esses fatos e a qualidade do ambiente natural.
c) As desigualdades ambientais entre zona rural e urbana associadas ao ganho salarial das
pessoas.
d) O fato das condições sociais das pessoas interferirem no saneamento ambiental e nas
doenças.
e) A dinâmica demográfica sobre a qualidade ambiental da área estudada.

108/222
Gabarito
1. Resposta: A. 2. Resposta: D.

Na sistematização da apresentação das O objetivo de estudar a geologia no


disciplinas, é necessário compreender planejamento ambiental é fornecer
que existem, pelo menos, dois níveis de informações litológicas e estruturais do
informação a serem considerados: o das substrato rochoso da área planejada e
temáticas e o dos temas. O tema refere-se subsidiar os estudos relativos à ocorrência
a uma determinada matéria que contém de minerais e materiais de importância
conceitos e métodos particulares. Cada econômica. De forma geral, o substrato
tema é um núcleo próprio de dados que rochoso e o clima são os primeiros tópicos
gera uma composição específica de a serem tratados em planejamento.
informações. Conceitua-se temática
como um conjunto de temas que, quando 3. Resposta: B.
associados, permitem uma análise que é a
síntese de uma fração particular do meio A estratégia é analisar as propriedades, a
(SANTOS, 2007). distribuição e a circulação da água, para
interpretar as potencialidades e restrições
de uso, mapear inicialmente a hidrografia

109/222
Gabarito
com todas as drenagens que compõem a 5. Resposta: B.
rede hídrica. Os documentos base, são as
cartas topográficas oficiais. Temática Condições de Vida: condições
de vida é uma expressão designada
4. Resposta: E. em planejamento para explicitar as
desigualdades sociais, fornece indícios
Temática Dinâmica Populacional, da dinâmica social e define os elos entre
economia e aspectos políticos e esses fatos e a qualidade do ambiente
institucionais: a análise do processo de natural. Assim, por exemplo, a ocorrência
urbanização, suas consequências e a de doenças infecto-parasitárias, ausência
compreensão da estrutura e dinâmica da de saneamento básico, más condições
população, importantes para o diagnóstico de habitação, precária educação e baixa
ambiental, dependem da interpretação renda de um segmento da população
de aspectos demográficos, econômicos e são frequentemente ligadas à péssima
políticos institucionais. qualidade de água e à ausência de
cobertura vegetal natural.

110/222
Unidade 5
Indicadores Ambientais e Planejamento

Objetivos

1. Estabelecer a relação entre indicadores –


questões ambientais – e sustentabilidade na
elaboração do planejamento ambiental.
2. Identificar as estratégias metodológicas.
3. Analisar a estrutura dos indicadores
ambientais.

111/222
Introdução

Em diversos momentos de sua vida, você observa que as realidades se sucedem ao longo do
tempo e deixam marcas, evidências, retratos de paisagens. Elas, em si, são imutáveis. O que
muda, ao longo do tempo do homem, é a interpretação que ele faz. De acordo com Santos
(2007), as interpretações nada mais são do que a aspiração de se chegar cada vez mais próximo
da verdade, ou seja, da “real realidade”. Para os diversos caminhos da interpretação, pratica-
se a observação e análise dessas marcas, dessas evidências e desses retratos deixados pela
história, fragmentados nos elementos que compõem o meio.
Não há dúvidas de que a informação tem lugar de destaque nos diversos espaços de tomada
de decisão e nas estratégias para definição dos recursos necessários ao desenvolvimento de
comunidades, empresas e regiões (PHILIPPI JR.; MALHEIROS, 2012).
A questão da sustentabilidade está presente em nossa sociedade, representada por um
amplo conjunto de discussões e pela produção de textos e projetos, no âmbito internacional e
local. Esta discussão em volta do uso de indicadores como ferramenta de apoio nos diversos
processos de tomada de decisão, embora de longa experiência, só mais recentemente os
esforços vêm sendo empreendidos na construção e aplicação de indicadores alinhados à
proposta da sustentabilidade. Esse movimento pode ser observado principalmente a partir
da década de 1990, com a própria consolidação do termo sustentabilidade, a assinatura da
Agenda 21 Global e os diversos projetos da Agenda 21 Local (MALHEIROS, COUTINHO &
112/222 Unidade 5 • Indicadores Ambientais e Planejamento
PHLIPPI JR, 2012). social, cultural, econômica, institucional,
entre outras – amplia o desafio da
1. Desafios do uso de indicado- construção de bons indicadores. É nesse
res na avaliação da sustentabili- contexto, de encontrar caminhos que
dade viabilizem interesse e soma de esforços
na construção de bases duradouras para
Os princípios norteadores desses o desenvolvimento, que os indicadores de
documentos de planejamento podem sustentabilidade vêm à tona, com a tarefa
orientar a construção de sistemas de descrever a realidade de forma simples
adequados de medições, os quais são e confiável, orientar a escolha de dados
indispensáveis para operacionalizar para medir os avanços, bem como passar a
o conceito de sustentabilidade, pois mensagem sobre os desafios ambientais,
possibilitam aos tomadores de decisão e à humanos, econômicos, tecnológicos e
sociedade estabelecer objetivos e metas, políticos associados. Portanto, Malheiros,
bem como avaliar o seu desempenho Coutinho & Phlippi Jr. (2012) questionam
em relação a eles. A alta complexidade “o que é um indicador nessa abordagem”,
dos processos de sustentabilidade, nas e em sequência respondem que existem
suas diversas dimensões – ambiental, diversas definições presentes na

113/222 Unidade 5 • Indicadores Ambientais e Planejamento


literatura, mas de forma geral, refere-se um sinal, algo que representa alguma
a uma medida que resume informações coisa para uma pessoa ou um grupo com
importantes sobre determinado fenômeno. referência a algo.
A ideia é que aquilo que está sendo Bakkes et al. (1994 apud MALHEIROS;
efetivamente medido tenha significado COUTINHO; PHLIPPI JR., 2012), destacam
maior do que simplesmente o valor que as diversas definições sobre
associado a essa medição, sempre dentro indicadores e o uso dessa terminologia
da proposta do uso do indicador na apresentam-se muitas vezes confusas,
tomada de decisão. Medir, por exemplo, o sendo usadas de forma inadequada,
volume de um reservatório de água pode misturando os termos indicador,
ter relação com produção de alimentos meta, padrão, limites, dados e outros.
(disponibilidade de água para irrigação), Segundo Winograd e Farrow (2009
abastecimento de água para determinada apud MALHEIROS; COUTINHO; PHLIPPI
comunidade, capacidade de produção JR., 2012), os dados são a base para
de energia, proteção de áreas contra indicadores e informações, e por si só
inundação, tamanho da modificação não podem ser usados para interpretar
ambiental, entre outros. Assim, o que se mudanças ou condições, ou seja, um
observa é a concepção do indicador como dado torna-se um indicador quando

114/222 Unidade 5 • Indicadores Ambientais e Planejamento


sua compreensão ultrapassa o número, do meio, devem responder sobre as
a mensuração, no sentido de adquirir características, propriedades e qualidades
significado através da informação do meio e estar intimamente associados
interpretada. Ao apresentar a parte aos objetivos e ao objeto do planejamento.
conceitual sobre indicadores, Segnestam Bons indicadores devem ter a capacidade
(2002 apud MALHEIROS; COUTINHO; de gerar modelos que representem as
PHLIPPI JR., 2012) define dados como realidades. Para a EPA (Environmental
o componente básico no trabalho com Protection Angecy) (1995 apud SANTOS,
indicadores. E indicadores, os quais são 2007), indicadores medem o avanço em
derivados dos dados, como ferramenta direção a metas e objetivos.
analítica para o estudo de mudanças na
sociedade. A combinação de indicadores, No contexto dos indicadores, os conceitos
forma índices usados com mais frequência de padrão e norma são similares. Eles
em níveis de análise mais agregada, como se referem fundamentalmente a valores
nos âmbitos regionais e nacionais. estabelecidos ou desejados pelas
autoridades governamentais ou obtidos
Os dados de um parâmetro indicador por um consenso social. Esses indicadores
devem vir acompanhados de perguntas são utilizados dentro de um senso
sobre o estado, as pressões e as respostas normativo, um valor técnico de referência.
115/222 Unidade 5 • Indicadores Ambientais e Planejamento
As metas, por outro lado, representam uma intenção, valores específicos a serem alcançados.
Elas, normalmente, são estabelecidas a partir do processo decisório, dentro de uma expectativa
de que seja, de alguma maneira, alcançável. Os processos no sentido do alcance das metas
devem ser observáveis ou mensuráveis como, por exemplo, o Programa das Nações Unidas
para o Desenvolvimento (PNUD) das Metas do Milênio que define oito objetivos e para cada
objetivo define metas (SANTOS, 2007).

Para saber mais


Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) das Metas do Milênio - O Programa das
Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) é a rede de desenvolvimento global da Organização das
Nações Unidas. O PNUD faz parcerias com pessoas em todas as instâncias da sociedade para ajudar na
construção de nações que possam resistir a crises, sustentando e conduzindo um crescimento capaz
de melhorar a qualidade de vida para todos. Presente em mais de 170 países e territórios, o PNUD
oferece uma perspectiva global aliada à visão local do desenvolvimento humano para contribuir com o
empoderamento de vidas e com a construção de nações mais fortes e resilientes. Em 2000, os líderes
mundiais assumiram o compromisso de alcançar os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, um

116/222 Unidade 5 • Indicadores Ambientais e Planejamento


Para saber mais
conjunto de oito metas cujo objetivo é tornar o mundo um lugar mais justo, solidário e melhor para se
viver, incluindo o objetivo maior de reduzir a pobreza extrema pela metade até 2015. O PNUD trabalha
mundialmente para ajudar e coordenar os esforços de cada país no alcance desses objetivos. Disponível
em: <http://www.pnud.org.br/SobrePNUD.aspx>. Acesso em: 2015.

A questão dos indicadores reside ou acompanhar os resultados de uma


essencialmente na escolha da variável, decisão tomada. São indicativos das
ou das variáveis, cujos valores provêm mudanças e condições no ambiente e, se
de medições (variáveis quantitativas) ou bem conduzidos, permitem representar
observações (para variáveis qualitativas) a rede de causalidades presente num
em tempos, lugares, populações, entre determinado meio. Os indicadores são
outras, distintas. empregados para avaliar e comparar
Os indicadores são fundamentais para territórios de diferentes dimensões e de
tomadores de decisão e para a sociedade, diversas complexidades. Podem, assim, ser
pois permitem tanto criar cenários úteis para prognosticar futuros cenários e
sobre o estado do meio, quanto aferir nortear ações preventivas. Portanto, não
se deve jamais esquecer que a principal
117/222 Unidade 5 • Indicadores Ambientais e Planejamento
característica dos indicadores é sua refere. Em planejamento ambiental este
capacidade de quantificar e simplificar a conceito aplica-se a partir de um amplo
informação (SANTOS, 2007). espectro de considerações. Nessa área
Quanto aos números de indicadores a do conhecimento, a qualidade de um
serem utilizados em um planejamento, indicador ambiental deve ser medida por
por maiores que sejam os esforços dos meio de um conjunto de características
pesquisadores da área, não existe um que denotam sua relevância,
consenso a este respeito, todavia o mensurabilidade, confiabilidade, tempo
caminho sugerido é que este número se de resposta ao estímulo, integridade,
relaciona fortemente à escala e ao espaço estabilidade, solidez, relação com as
físico em que se está trabalhando, com prioridades do planejamento, utilidade
uma tendência de que se a escala espacial para o usuário, eficiência e eficácia.
de trabalho for maior, se diminui o número Muitos pesquisadores, tentados a obter o
de indicadores e vice-versa. indicador ideal, seja para planejamentos
ou para medidas do desenvolvimento
É considerado senso comum que um sustentável, enumeram muitos critérios ou
indicador é de qualidade quando tem a características desejáveis que permitam
capacidade de medir, analisar e expressar, avaliar sua qualidade. Especificamente
com fidelidade, o fenômeno ao qual se
118/222 Unidade 5 • Indicadores Ambientais e Planejamento
para planejamento ambiental, de acordo 11. Tradução.
com Santos (2007), estas características 12. Conveniência da escala
devem ser verificadas por um mínimo de cartográfica.
vinte e sete requisitos, a saber:
13. Abrangência geográfica.
1. Fonte de informação. 14. Sensibilidade às mudanças.
2. Forma de coleta e elaboração do 15. Natureza preventiva.
dado.
16. Séries temporais.
3. Atualização da informação em
17. Conectividade.
intervalos regulares.
18. Integrador.
4. Clareza dos procedimentos.
19. Tipo de relação.
5. Objetividade dos procedimentos.
20. Informação prescritiva.
6. Validade científica.
21. Informação descritiva.
7. Valores de referência.
22. Capacidade de linha divisória.
8. Redundância.
23. Disponibilidade.
9. Conformidade temporal.
24. Acessibilidade.
10. Representatividade.
119/222 Unidade 5 • Indicadores Ambientais e Planejamento
25. Custo. relação pode ser estabelecida por meio de
26. Facilidade em informar. estatística, formulação analítica ou cálculo
de razão matemática.
27. Capacidade de atrair atenção.
A proposta de Heinemann et al. (1999 apud
Em planejamento ambiental, as SANTOS, 2007) é mais próxima de nossa
informações obtidas por meio realidade. Esses autores sugerem que a
dos indicadores selecionados, pirâmide seja construída, mas que exista
obrigatoriamente, devem ser no topo somente um indicador simples (e
sistematizadas, ordenadas e agrupadas. não índice) global do sistema, que pode
Cabe aqui então discutir a conceituação ser monitorado a baixo custo. À medida
de índice. Os índices são entendidos, que se forma, a pirâmide revela níveis de
segundo Santos (2007), como o resultado custo cada vez mais altos. Assim, quanto
da combinação de um conjunto de mais se trabalha em níveis menores, mais
parâmetros associados uns aos outros por o trabalho é viável economicamente.
meio de uma relação pré-estabelecida que Qual o limite de decisão para a passagem
dá origem a um novo e único valor. Nessa de nível? Depende da capacidade do
associação são atribuídos valores relativos planejador de avaliar a necessidade de
a cada parâmetro que compõe o índice, e a mudança de patamar, para revelar as
120/222 Unidade 5 • Indicadores Ambientais e Planejamento
características e relações dos fenômenos de questionários – quantitativos e
estudados necessárias ao planejamento. qualitativos). Secundários: obtidos por
Outra limitação do uso de índices no Brasil meio de levantamentos de diversas fontes
é a dificuldade de promover associação (trabalho de pesquisa, cadastros simples
clara entre metas do planejamento e a ou apontamentos).
interpretação do índice selecionado. Uma vez adotado(s) o(s) método(s) de
coleta de dados, é importante a descrição
2. Estratégias metodológicas do seu procedimento, para prevenir
para a estruturação dos indica- limitações de interpretações que advêm de
dores falhas de sua capacidade de representação.
Assim, por exemplo, em um inventário:
Planejamentos ambientais utilizam
dados primários e secundários. Primários: a. os critérios de seleção dos
através de procedimentos metodológicos indicadores;
orientados para responder uma pergunta b. a estratégia para compilação dos
ou testar uma hipótese não respondida dados ou informações (gráficos,
pelas informações ou levantamentos quadros, tabelas);
anteriormente realizados (aplicação c. o tipo e as características da

121/222 Unidade 5 • Indicadores Ambientais e Planejamento


amostragem de campo; pode resultar numa súmula dos preceitos
d. a justificativa do nível de para seleção e organização do banco de
detalhamento adotado; dados.
e. as limitações e impasses ocorridos Após a organização do conjunto de
nos levantamentos; e indicadores a ser utilizados, para Santos
f. as fontes bibliográficas de suporte ao (2007), deve-se fazer a estruturação destes
levantamento (SANTOS, 2007). de acordo com o propósito da medida ou
observação do meio. Podem ser agrupados
No planejamento ambiental deve-se pelas políticas setoriais, pressões ou
organizar os indicadores a partir de um impactos das atividades humanas no
protocolo que comporte em uma coluna ambiente e pelas relações sociais. Podem
as questões-chave do planejamento e, na ainda ser organizados pela natureza da
outra, questões relativas aos indicadores informação (fisiográfica, topográfica,
como: o que avaliar, sua relação com o econômica, cultural, legal) e outras, pelas
problema, origem da informação, em qual questões-chave do planejamento, como
espaço temporal e físico, etc., como se faz impactos econômicos, saúde, valor visual
usualmente em auditorias ambientais. Esta das paisagens, recreação.
é uma forma preliminar de organização que A forma mais usual de organizar os
122/222 Unidade 5 • Indicadores Ambientais e Planejamento
indicadores, principalmente quando o planejamento se fundamenta em princípios de
desenvolvimento sustentável, é por meio da estrutura da OECD (Organização para a
Cooperação Econômica e Desenvolvimento), que recomenda a adoção de 3 grupos de
indicadores:
1. O estado do meio e dos recursos naturais (ar, água, recursos vivos).
2. As pressões das atividades humanas sobre o meio (energia, transporte, indústria,
agricultura).
3. As respostas da sociedade pelo resultado das pressões e condições do estado.

Para saber mais


A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), com sede em Paris, França, é
um organismo composto por 34 membros. A OCDE foi fundada em 14 de dezembro de 1961, sucedendo
a Organização para a Cooperação Econômica Europeia, criada em 16 de abril de 1948. Desde 1º de
junho de 2006, seu Secretário-Geral é o mexicano José Ángel Gurría Treviño. A OCDE atua nos âmbitos
internacional e intergovernamental e reúne os países mais industrializados do mundo e alguns países
emergentes, como México, Chile, Coreia do Sul e Turquia. No âmbito da Organização, os representantes
123/222 Unidade 5 • Indicadores Ambientais e Planejamento
Para saber mais
efetuam o intercâmbio de informações e alinham políticas com o objetivo de potencializar seu
crescimento econômico e colaborar com o desenvolvimento de todos os demais países membros.
Disponível em: <http://www.sain.fazenda.gov.br/sobre-a-sain-1/ocde>. Acesso em: 20 jun. 2015.

O modelo Pressão-Estado-Resposta da OECD (1994/1998) é construído na casualidade: “As


atividades humanas exercem pressão sobre o ambiente, alterando a quantidade e a qualidade
de recursos naturais, ou seja, mudando seu estado.

124/222 Unidade 5 • Indicadores Ambientais e Planejamento


Figura 1 – Modelo Pressão-Estado-Resposta OECD

Fonte: Disponível em: <http://www.fao.org/ag/againfo/programmes/pt/lead/toolbox/Refer/PSRsm.gif>. Acesso em: 20 jun. 2015.

As mudanças afetam a qualidade do ambiente. A sociedade responde a essas mudanças


ambientais com políticas ambientais, econômicas ou setoriais (a resposta da sociedade),
almejando deter, reverter, mitigar ou prevenir os efeitos negativos da pressão do homem sobre

125/222 Unidade 5 • Indicadores Ambientais e Planejamento


o meio. direta.
Para cada fator de casualidade deve haver • Incompletos.
um conjunto específico de indicadores Ao término desta leitura, você assimilou
ambientais que responderão por suas que a questão dos indicadores de
características internas, ou de relação com sustentabilidade devem ser uma
os outros dois fatores vizinhos”. ferramenta presente e constante nos
Deve-se por fim, levar em conta alguns processos decisórios. E, além disso, é
erros comuns a se evitar na escolha de necessário que se construam indicadores
indicadores: de automonitoramento dos sistemas
gestores, numa perspectiva de aprendizado
• Agregação exagerada. contínuo, de melhoria progressiva, que
• Medir o que é mensurável em responda às complexas redes de decisão
detrimento de medir o que é política nos diferentes níveis de atuação.
importante. Visto que, segundo Malheiros, Coutinho
• Depender de falsos modelos. e Philipp Jr. (2012), da mesma forma que
a informação expõe aspectos positivos,
• Falsificação deliberada. é ferramenta importante também no
• Desviar a atenção da experiência rastreamento de pontos frágeis, de
126/222 Unidade 5 • Indicadores Ambientais e Planejamento
problemas, que podem representar vazadouros de receitas e de esforços, inviabilizando o
funcionamento do sistema como um todo, como no caso de cidades e empresas, na gestão de
planos, programas e projetos. Essa demanda da gestão, seja no setor público ou privado, por
informações que ampliem o potencial da decisão, requer, portanto, entender as dificuldades
relativas principalmente às dimensões ambientais e sociais e suas interfaces com os
componentes do desenvolvimento sustentável. Portanto, a construção e a operacionalização
de bons indicadores requerem um estabelecimento de princípios e boas práticas que norteiem
todo o processo, partindo da definição de necessidades e de foco, de engajamento de partes
interessadas, de procedimentos de comunicação e diálogo, e do seu uso na formação e
implementação de políticas públicas.

127/222 Unidade 5 • Indicadores Ambientais e Planejamento


Glossário
Fisiografia - Descrição da natureza, da terra e dos fenômenos naturais. (Fonte: Disponível em:
<http://www.significados.com.br/?s=fisiografia>. Acesso em: 20 jun. 2015).
Mitigar - ato de diminuir a intensidade de algo, fazer com que fique mais brando, calmo ou
relaxado. (Fonte: Disponível em: <http://www.significados.com.br/?s=mitigar>. Acesso em: 20
jun. 2015).

128/222 Unidade 5 • Indicadores Ambientais e Planejamento


?
Questão
para
reflexão
Agora que você compreendeu os conceitos, estruturação e a
importância do uso e aplicação dos indicadores ambientais
como forma de viabilizar a capacidade de integração e
síntese, bem como favorecer horizontes de planejamento
que atendam às demandas atuais e não comprometam as
oportunidades das gerações futuras, faça a leitura do texto
“Indicadores ambientais como sistema de informação”, de
Maria Elisabeth Pereira Kraemer, disponível no link a seguir e
aprofunde seus conhecimentos sobre o uso dos indicadores
ambientais como forma de um sistema de informação social
no ambiente empresarial corporativo moderno. Disponível
em: <http://www.abepro.org.br/biblioteca/ENEGEP2004_
Enegep1002_0087.pdf>. Acesso em: 20 jun. 2015.

129/222
Considerações Finais

Você, futuro gestor ambiental, trabalhando diretamente com indicadores


ambientais, tem à sua frente um amplo conjunto de questões referentes
ao uso adequado dessa ferramenta tão essencial na gestão para a
sustentabilidade.
Neste processo, visto como inovador e de mudança, sob o ponto de
vista temporal histórico, você deve trabalhar em conjunto com demais
profissionais das diversas áreas das ciências para vencer esses obstáculos
políticos, técnicos e tecnológicos, o que significa criar um ambiente de
diálogo e aprendizagem coletiva, bem como dar permanente prioridade a
processos de educação e capacitação para o desenvolvimento sustentável.
Isso significa transformar a forma de olhar e perceber as diferentes
realidades. Novos fatores, portanto, serão colocados na cesta da tomada de
decisão.

130/222
Referências

MALHEIROS, T. F.; COUTINHO, S. M. V.; PHILIPPI, JR. Desafios do uso de indicadores na avaliação
da sustentabilidade. In: PHILIPPI JR., A.; MALHEIROS, T. F. Indicadores de sustentabilidade e
gestão ambiental. Barueri, SP: Ed. Manole. 2012. p. 21-29.
______. Indicadores de sustentabilidade: uma abordagem conceitual. In: PHILIPPI JR, A.;
MALHEIROS, T.F. Indicadores de sustentabilidade e gestão ambiental. Barueri, SP: Ed. Manole.
2012. p. 31-76.
______. Construção de indicadores de sustentabilidade. In: PHILIPPI JR, A.; MALHEIROS, T.F.
indicadores de sustentabilidade e gestão ambiental. Barueri, SP: Ed. Manole. 2012. p. 77-87.
PHILIPPI JR, A. Saneamento, saúde e ambiente. Barueri, SP: Manole. 2005. 842 p.
PHILIPPI JR, A.; MALHEIROS, T.F. Indicadores de sustentabilidade e gestão ambiental. Barueri,
SP: Ed. Manole. 2012. 724p.
SANTOS, R. F. Planejamento ambiental: teoria e prática. 2. ed. v. 1. São Paulo: Oficina de Textos,
2007, 184p.

131/222 Unidade 5 • Indicadores Ambientais e Planejamento


Assista a suas aulas

Aula 5 - Tema: Indicadores Ambientais e Aula 5 - Tema: Indicadores Ambientais e


Planejamento – Parte I  Planejamento – Parte II.
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132/222
Questão 1
1- Quando um dado se torna um indicador?
a) Quando este é analisado sob as perspectivas de análises direta e indireta do mesmo, com
objetivo de diagnosticar os problemas ambientais.
b) Quando este é analisado sob as perspectivas de análises verticais e horizontais do mesmo,
com objetivo de diagnosticar os problemas ambientais.
c) Quando sua compreensão ultrapassa o número, a mensuração, no sentido de adquirir
significado através da informação interpretada.
d) Quando sua compreensão não ultrapassa o número e a mensuração, no sentido de
adquirir significado através da informação interpretada.
e) Quando sua compreensão se concentra na mensuração e conceituação dos problemas
analisados, no sentido de adquirir significado através da informação interpretada.

133/222
Questão 2
2- Qual são as duas variáveis que dão base para o estabelecimento dos
indicadores?
a) Derivadas e Integrais.
b) Positivas e Negativas.
c) Verticais e Horizontais.
d) Quantitativas e Qualitativas.
e) Diretas e Indiretas.

134/222
Questão 3
3- Inseridos no estudo de indicadores e seu uso no planejamento am-
biental, os índices desempenham papel de extrema importância. Desta
forma, os índices aparecem em qual sequência de formulação dos indi-
cadores?
a) Os índices são estabelecidos antes da criação dos indicadores.
b) Os índices são estabelecidos após a criação dos indicadores.
c) Os índices exprimem a realidade dos indicadores.
d) Os índices não exprimem a realidade dos indicadores.
e) Os índices são estabelecidos em conjunto com os indicadores, nem antes, nem depois.

135/222
Questão 4
4- A OECD (Organização para a Cooperação Econômica e Desenvolvi-
mento) recomenda a adoção de três grupos de indicadores. Qual alterna-
tiva apresenta-os de forma correta?
a) Condição, Pressão e Monitoramento.
b) Estado, Condição e Monitoramento.
c) Estado, Condição e Resposta.
d) Condição, Resposta e Monitoramento.
e) Estado, Pressão e Resposta.

136/222
Questão 5
5- Agregação exagerada e medir o que é mensurável em detrimento de
medir o que é importante. Qual o significado destas características para
o estudo de indicadores no planejamento ambiental?
a) São características de indicadores matemáticos e ambiental, respectivamente.
b) São características de indicadores ambiental e matemáticos, respectivamente.
c) São considerados erros comuns a se evitar na escolha de indicadores.
d) São considerados vícios de planejadores ambientais.
e) São características desejáveis nos planejamentos ambientais modernos.

137/222
Gabarito
1. Resposta: C. de medições (variáveis quantitativas) ou
observações (para variáveis qualitativas)
Segundo Winograd & Farrow (2009 em tempos, lugares, populações, entre
apud MALHEIROS, COUTINHO & PHLIPPI outras, distintas.
JR., 2012), os dados são a base para
indicadores e informações, e por si só 3. Resposta: C.
não podem ser usados para interpretar
mudanças ou condições, ou seja, um Em planejamento ambiental, as
dado torna-se um indicador quando informações obtidas por meio
sua compreensão ultrapassa o número, dos indicadores selecionados,
a mensuração, no sentido de adquirir obrigatoriamente, devem ser
significado através da informação sistematizadas, ordenadas e agrupadas.
interpretada. Cabe aqui então discutir a conceituação
de índice. Os índices são entendidos,
2. Resposta: D. segundo Santos (2007), como o resultado
da combinação de um conjunto de
A questão dos indicadores reside parâmetros associados uns aos outros por
essencialmente na escolha da variável meio de uma relação pré-estabelecida que
ou das variáveis, cujos valores provêm dá origem a um novo e único valor. Nessa
138/222
associação são atribuídos valores relativos naturais (ar, água, recursos vivos).
a cada parâmetro que compõe o índice, e a 2. As pressões das atividades humanas
relação pode ser estabelecida por meio de sobre o meio (energia, transporte,
estatística, formulação analítica ou cálculo indústria, agricultura).
de razão matemática.
3. As respostas da sociedade pelo
resultado das pressões e condições
4. Resposta: E. do estado.
A forma mais usual de organizar os
5. Resposta: C.
indicadores, principalmente quando
o planejamento se fundamenta Deve-se por fim, levar em conta alguns
em princípios de desenvolvimento erros comuns a se evitar na escolha de
sustentável, é por meio da estrutura da indicadores:
OECD (Organização para a Cooperação
Econômica e Desenvolvimento) que • Agregação exagerada.
recomenda a adoção de três grupos de • Medir o que é mensurável em
indicadores: detrimento de medir o que é
1. O estado do meio e dos recursos importante.

139/222
Unidade 6
Política e Gestão Ambiental

Objetivos

1. Estudar a relação sociedade, política e


desenvolvimento na concepção histórica e
contemporânea das políticas públicas ambientais.
2. Compreender o processo de transformação das
informações coletadas em políticas públicas como
construção coletiva da sustentabilidade local e
regional.
3. Identificar as principais políticas públicas
existentes no estabelecimento do planejamento e
sustentabilidade local e regional.

140/222
Introdução

Ao se estudar as ciências sociais e ciências políticas sob a ótica da construção histórica


das políticas públicas, você observa que muitos dos principais conceitos das ciências
sociais repousam em polarizações: público e privado, cultura e natureza, comunidade e
sociedade, sociedade e Estado, sendo que esta última se reveste de maior importância para a
compreensão das formações sociais contemporâneas. A teorização sobre a relação Estado e
sociedade constitui um dos pontos mais importantes da ciência política (ZIONI, 2014).
A palavra política, derivada do grego polis (cidade), tem sido empregada ao longo do tempo
para designar o conjunto de atividades exercidas sobre a vida coletiva, assim como as reflexões
sobre essas atividades e a instituição encarregada de sua implementação, o Estado. Atos
políticos podem ser definidos como aqueles que dizem respeito à regulação de determinadas
ações, que proíbem ou permitem à totalidade dos membros de um grupo, ou parte deles, uma
determinada forma de ser. A palavra política, assim, designa não somente atos relacionados
à conquista e à manutenção do poder, mas também uma série de atividades inerentes à vida
coletiva (ZIONI, 2005.
A mesma autora segue a escrita que por poder entende-se a capacidade de, em uma relação
social, um indivíduo ou grupo impor sua vontade a outros e, assim, determinar a forma de
comportamento dos que se submetem a esse indivíduo ou grupo. Ao longo da história, várias
formas de conquista e manutenção do poder foram desenvolvidas no interior de diferentes
141/222 Unidade 6 • Política e Gestão Ambiental
sociedades, visto que essa relação assimétrica se vincula necessariamente a uma desigualdade
social preexistente. Nas sociedades contemporâneas existem, em nível formal, três principais
formas de poder: econômica, ideológica e política.
Em seguida, a autora contextualiza que o poder econômico repousa na capacidade que a
posse dos bens, considerados vitais em determinadas situações, confere a quem os possui,
no sentido de determinar o comportamento alheio. O poder ideológico, por sua vez, consiste
na propriedade que determinados grupos possuem para criar e difundir valores – que lhes
são próprios – para o conjunto da sociedade. O poder político, enfim, consiste na posse dos
instrumentos mediante os quais se pode coagir outros indivíduos.

1. Sociedade, política e desenvolvimento

Nas sociedades antigas, de pouca complexidade tecnológica e/ou posse comunal dos bens
de produção, o poder ideológico representava a estratégia predominante de dominação. Nas
sociedades modernas, de maior complexidade tecnológica e diferenciação social, o poder
econômico passou a impor-se sobre as outras formas; em situações extremas, passou a ocupar
lócus específico dos outros poderes como o Estado (poder político), a arte, a cultura, a ciência, a
educação (poder ideológico).
142/222 Unidade 6 • Política e Gestão Ambiental
Nas sociedades contemporâneas, de desenvolver um sistema de valores que
extremamente complexas, esses três tipos defendam suas visões de mundo, seus
de poderes coexistem e se desenvolvem no interesses, e de pressionar o Estado para
sentido de manter a desigualdade entre as que estes também sejam contemplados em
sociedades. (BOBBIO; BOVERO, 1994 apud suas decisões.
ZIONI, 2005). De acordo com Zioni (2005), essa
Para exercer o consenso nessa percepção da relação Estado-Sociedade
“desigualdade”, o Estado deve convencer escapa totalmente de uma visão
todas as classes sociais sobre a determinista e valoriza o campo da ação
legitimidade de sua atuação. Essa tarefa é política indo, também, ao encontro de
realizada por meio de instituições sociais teorias do campo das ciências sociais,
como o sistema de ensino, a religião, a com enfoques mais contemporâneos
mídia e a indústria cultural. Vale lembrar que privilegiam a noção de ator sobre a
que essa esfera de atuação do Estado, de estruturas. Contribui, também, para
a esfera do consenso, não se limita um primeiro entendimento sobre o que
a promover uma difusão dos valores seriam políticas públicas: ações, projetos,
dominantes para o conjunto da sociedade. regulamentações, diretrizes, leis e normas
As classes populares também são capazes que o Estado desenvolve para administrar
143/222 Unidade 6 • Política e Gestão Ambiental
os diferentes interesses sociais. Diante dessas reflexões a característica
Para a mesma autora, a concepção de essencial do Estado seria a capacidade, o
Estado no Brasil foi sempre bastante papel social e histórico de mediar conflitos
marcada por uma redução estrutural- por meio de políticas que garantam o
funcionalista, concepção esta que acesso do conjunto dos membros de uma
acentuava seu papel para garantir a sociedade aos bens produzidos por ela
reprodução da ordem capitalista, da mesma. Essa representação de Estado-
acumulação de capital. Assim, uma Sociedade contempla o processo de
estrutura de classes definiria não somente construção de cidadania que, de acordo
uma situação de desigualdade, como com diferentes conjunturas, vem se
também determinaria todas as relações estendendo de maneira mais ou menos
políticas, todo processo decisório, fato que, limitada.
invariavelmente, levaria à manutenção de
um status de vantagens para as classes 2. Política e gestão ambiental
dominantes e desvantagens para os
A importância do estudo e compreensão
outros setores. Essas relações implicariam
do meio ambiente em maior profundidade,
na necessidade do uso da força, papel
levando em consideração uma abordagem
assumido integralmente pelo Estado.
144/222 Unidade 6 • Política e Gestão Ambiental
abrangente que seja integrada e sistêmica, de qualidade. E, para a execução
leva a afirmar que política e gestão dessa empreitada, precisa do apoio de
possuem uma relação intrínseca e até conhecimentos técnicos que lhe deem
mesmo ontológica, permitindo concluir possibilidades de controle da qualidade
que, pelo menos em teoria, uma não pode ambiental. Por meio de seus governos,
existir sem a outra. será capaz de elaborar políticas públicas
Isso significa que as políticas ambientais, prevendo intervenções diretas e indiretas,
por sua vez, para serem implementadas quer no ambiente natural, quer no
necessitam de um sistema de gestão construído.
adequado. Em outras palavras, é preciso As políticas públicas ambientais são assim
poder contar com uma gestão integrada consideradas como condição necessária
dos temas pertinentes ao setor, o que se e suficiente para se estabelecer um modus
materializa por meio de políticas públicas vivendi compatível com a capacidade de
que geram planos, programas e projetos. suporte territorial e, por conseguinte, com
De acordo com Philipp Jr. e Bruna (2014), o desenvolvimento autossustentável.
o Estado, como representante das Por isso, costuma-se responsabilizar
comunidades humanas, tem o dever o Estado pelos problemas ambientais
de proporcionar-lhes um ambiente gerados pelas comunidades humanas
145/222 Unidade 6 • Política e Gestão Ambiental
que vislumbram unicamente nesse sua execução destinam-se a atingir seus
Estado o poder de sanear todos os males objetivos. Quando esses objetivos estão
encontrados. Conceitualmente, o fato de relacionados com a proteção do meio
atribuir ao Estado dever de sanear o meio ambiente e são submetidos e aprovados
ambiente, controlando a qualidade do ar, pelos parlamentos, em seus diversos níveis,
da água, do solo, bem como a poluição tem-se a política ambiental.
gerada pelas atividades humanas, de certa Para Philipp Jr. e Bruna (2014), política
maneira não encontra opositores, pode-se pública é, portanto, um conjunto de
mesmo dizer que é uma voz corrente que diretrizes estabelecido pela sociedade,
vem se prolongando ao longo de muitos por meio de sua representação política,
anos (PHILIPP JR.; BRUNA, 2014). em forma de lei, visando à melhoria das
O sistema político congrega um condições de vida dessa sociedade.
conjunto de objetivos que informam As políticas de governo são aquelas que
determinados programas de ação de trazem propostas implementadas pelo
governo e condicionam sua execução. governo e estão diretamente vinculadas à
Como política é o conjunto de diretrizes administração que está exercendo o poder
advindas da sociedade, por meio de seus e que as tem como prioridade de ação
vários grupos, os programas de ação e durante seu mandato. Constituem políticas
146/222 Unidade 6 • Política e Gestão Ambiental
que podem ou não ter continuidade, fixem aqueles objetivos considerados
pois refletem um programa de governo, fundamentais a serem alcançados. Sua
podendo imprimir um aspecto específico, implementação deverá ser feita através de
conforme o grupo que está no poder. políticas governamentais.
Neste momento, podem ser destacadas
oito das principais leis que manifestam
Link políticas públicas nacionais que se
relacionam com questões do meio
Sobre políticas de governo e políticas de Estado:
ambiente:
distinções necessárias. Disponível em: <http://
www.institutomillenium.org.br/artigos/ 1. Política Nacional do Meio Ambiente.
sobre-politicas-de-governo-e-politicas-de- 2. Política Nacional de Saúde.
estado-distincoes-necessarias/>. Acesso em: 3. Política Nacional de Recursos
21 jun. 2015. Hídricos.
4. Política Nacional de Educação
Deve-se levar em conta a necessidade Ambiental.
de políticas nacionais que indiquem os 5. Política Nacional de Desenvolvimento
grandes rumos a serem seguidos e que Urbano.
147/222 Unidade 6 • Política e Gestão Ambiental
6. Política Nacional de Saneamento O tratamento multidisciplinar é, dessa
Ambiental. maneira, um requisito básico para o
7. Política Nacional sobre Mudança do enfrentamento de problemas desse tipo,
Clima. o que exige o trabalho de profissionais de
diferentes formações atuando de forma
8. Política Nacional de Resíduos Sólidos.
articulada e envolvendo a sociedade.
O campo da gestão ambiental é muito Portanto, a visão aqui explicitada é de
extenso. Essa extensão se explica, porque gestão ambiental com uma abordagem
o tema meio ambiente precisa ser integrada, que procura abranger
entendido em sua complexidade como simultaneamente as questões que
um conjunto de fatores que constituem interferem no meio ambiente – natural
o todo. Acontece que a extensão dos ou construído – bem como as interações
problemas costuma não ser conhecida envolvendo diferentes sistemas (PHILIPP
como decorrência das diversas facetas que JR.; BRUNA, 2014).
compõem as questões ambientais, como Há que se ampliar reflexões e estudos sobre
se fossem compartimentos independentes o espaço urbano em seu sentido ecológico.
cuja importância e emergência dependem
do problema a ser resolvido.
148/222 Unidade 6 • Política e Gestão Ambiental
estágio de degradação dos elementos da
Para saber mais natureza, exige urgente atuação da gestão
ambiental.
O espaço urbano brasileiro foi profundamente
A promoção da qualidade de vida,
marcado pelas dinâmicas ocorridas no século
escopo último da gestão ambiental, tem
XX e conta com uma elevada concentração
fortes vínculos com a saúde pública e
populacional em torno das cidades do
o planejamento territorial. Trata-se de
Sudeste. Disponível em: <http://www.
equacionar os problemas da convivência
mundoeducacao.com/geografia/o-espaco-
humana com os seus impactos negativos
urbano-brasileiro.htm>. Acesso em: 21 jun.
sobre a saúde pública e o meio ambiente.
2015.
Daí a importância da gestão ambiental.
O significado etimológico dos dois
Afinal, a cidade é por excelência o ambiente
vocábulos – gestão e ambiental – tem suas
do homem (COIMBRA, 1985 apud PHILIPPI
raízes na língua latina.
JR.: BRUNA, 2014). É nesse ambiente
– ecossistema construído – que são Gestão originou-se de gestioni, que
encontrados os mais graves indicadores exprime o ato de gerir. Gerir é um
de desequilíbrio. Este, provocado pelo verbo incomum no linguajar de cada

149/222 Unidade 6 • Política e Gestão Ambiental


dia, cujo significado é ter gerência ecossistemas naturais e sociais em que se
sobre, administrar, reger, dirigir. Desses insere o homem, individual e socialmente,
sinônimos, o mais usado é o substantivo em um processo de interação entre
derivado: gestão, ou seja, o ato de gerir, de as atividades que exerce, buscando a
administrar. O vocábulo ambiental também preservação dos recursos naturais e das
tem origem na língua-mãe latina. É o características essenciais do entorno,
adjetivo aplicado para referir-se às coisas de acordo com padrões de qualidade. O
do ambiente, tanto ambiente construído, objetivo último é estabelecer, recuperar
quanto ambiente natural (PHILIPP JR.; ou manter o equilíbrio entre natureza e
BRUNA, 2014). homem.
Com base nesses conceitos, gestão Na verdade, pelo que se depreende
ambiental é o ato de gerir o ambiente, isto do conceito de gestão ambiental, sua
é, o ato de administrar, dirigir ou reger as finalidade última é a busca da harmonia
partes construtivas do meio ambiente. entre o homem – aquele ser social – e seu
Para entender a abrangência e o alcance meio ambiente natural ou construído.
dessa definição, Philipp Jr. e Bruna (2014) Em outras palavras, a gestão ambiental
destacam que gestão ambiental é o ato fundamenta sua razão de ser na conquista
de administrar, de dirigir ou reger os de um nível ideal de qualidade de vida,
150/222 Unidade 6 • Política e Gestão Ambiental
para a sociedade e todos os seus membros. todos os temas pertinentes à questão e se
Ora, qualidade de vida é um dos direitos materializa por meio de políticas e planos
fundamentais do homem; por conseguinte, decorrentes. A operacionalização da
é dever do Estado promovê-la por meio gestão é feita pelo gerenciamento voltado
de ações políticas que pressuponham a preocupações de ordem prática do dia a
uma estrutura de leis específicas, tendo dia na execução de programas e projetos
como contrapartida seu cumprimento de ação.
por parte de todos aqueles que formam o Ao término desta leitura, você assimilou
Estado. Políticas públicas envolvem, pois, que a prática do planejamento e gestão
iniciativas de governantes e de governados ambiental se faz por meio da elaboração de
em benefício do bem comum, em um políticas públicas ambientais direcionadas
convívio de cidadãos de ambos os lados à sustentabilidade, ou seja, aquela que cria
(PHILIPP JR.; BRUNA, 2014). condições para existência de equilíbrio
O caminho para uma solução é a gestão entre as ações de governo – nas três
ambiental, pois equivale a conseguir esferas – e as aspirações da sociedade,
uma administração integral e integrada com vistas ao bem comum.
de todos os setores que influenciam a
qualidade ambiental. Contempla, assim,
151/222 Unidade 6 • Política e Gestão Ambiental
Glossário
Polarizações - Concentração da atenção, das atividades, das influências, num mesmo tema
ou pessoa: polarizacão de opinião. (Fonte: Disponível em: <http://www.significados.com.
br/?s=polariza%C3%A7%C3%A3o>. Acesso em: 21 jun. 2015).

Lócus - é uma expressão em latim, que significa “no lugar” ou “no próprio local” e é equivalente
à expressão in situ. (Fonte: Disponível em: <http://www.significados.com.br/?s=l%C3%B3cus>.
Acesso em: 21 jun. 2015).
Ontológica – refere-se à ou característico da ontologia. Contrário ao ôntico - existência
concreta; refere-se ao sujeito em si mesmo, em sua complexidade irrestrita e indispensável.
(Fonte: Disponível em: <http://www.significados.com.br/?s=ontol%C3%B3gico>. Acesso em: 21
jun. 2015).
Modus vivendi - modo de viver. (Fonte: Disponível em: <http://www.dicionariodelatim.com.br/
modus-vivendi/>. Acesso em: 21 jun. 2015).

152/222 Unidade 6 • Política e Gestão Ambiental


Glossário
Faceta - pequena superfície plana de um objeto qualquer: facetas de um diamante. Lado,
aspecto, ângulo apresentado por pessoa ou coisa. (Fonte: Disponível em: <http://www.
significados.com.br/?s=faceta>. Acesso em: 21 jun. 2015).
Etimologia é o estudo gramatical da origem e história das palavras, de onde surgiram e
como evoluíram ao longo dos anos. (Fonte: Disponível em: <http://www.significados.com.
br/?s=etimologia>. Acesso em: 21 jun. 2015).

153/222 Unidade 6 • Política e Gestão Ambiental


?
Questão
para
reflexão
Após a realização da leitura fundamental, você
deve ampliar sua compreensão frente ao processo
de construção de uma política pública. Para tanto,
faça a leitura do texto “As cinco fases das políticas
públicas”, disponível no link: <http://www.politize.com.
br/ciclo-politicas-publicas/> e identifique as etapas
que compõem o chamado ciclo das políticas públicas,
inserindo-as no contexto da elaboração da Agenda 21
Local, ou seja, visando à elaboração de componentes
da Agenda 21 para a sua localidade como uma forma
de política pública ambiental.

154/222
Considerações Finais

No processo de construção de políticas públicas ambientais, você nota a necessidade


de contextualizar o desenvolvimento histórico das sociedades frente as suas escolhas
dos modelos de desenvolvimento econômico e seus impactos na sustentabilidade
destes modelos escolhidos.
O processo de elaboração e prática das políticas públicas ambientais em escala
nacional (já existente para diversas questões ambientais), ou mesmo local, deve se
pautar na escuta dos atores deste processo, ou seja, a política pode e deve nascer
tanto do Estado como da própria sociedade, e você, como gestor ambiental, tem
papel fundamental nesta construção, podendo estabelecer a união entre esses
atores, criando um ambiente de diálogo e aprendizado coletivo, direcionado para a
sustentabilidade local, territorial, regional e global.

155/222
Referências

PHILIPPI JR., A; BRUNA, G.C. Política e gestão ambiental. In: PHILIPPI JR., A. Curso de gestão
ambiental. Barueri, SP: Manole. 2014. P. 707-765.
ZIONI, F. Sociedade, desenvolvimento e saneamento. In: PHILIPPI JR., A. Saneamento, saúde e
ambiente. Barueri, SP: Ed. Manole. 2005. p. 33-55.

156/222 Unidade 6 • Política e Gestão Ambiental


Assista a suas aulas

Aula 6 - Tema: Política e Gestão Ambiental – Aula 6 - Tema: Política e Gestão Ambiental –
Parte I  Parte II.
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1d/55930bab9586b0dc7e7c9397effdb667>. b1dbc929c15c2d2e793249659af2be32>.

157/222
Questão 1
1- Quais as três principais formas de poder nas sociedades contemporâne-
as?
a) Territorial, Econômica e Política.
b) Econômica, Ideológica e Política.
c) Econômica, Política e Militar.
d) Militar, Ideológica e Territorial.
e) Ideológica, Militar e Política.

158/222
Questão 2
2- Qual o motivo de se afirmar que política e gestão possuem uma re-
lação intrínseca e até mesmo ontológica, permitindo concluir que, pelo
menos em teoria, uma não pode existir sem a outra?
a) Porque com a elaboração da política ambiental se faz necessário um sistema de gestão
para organizar a execução das políticas.
b) Porque existe exigência legal desta ligação, ou seja, somente é válido dentro da lei uma
política ambiental se existir a gestão.
c) Visto que a vontade da sociedade é expressa na política, o sistema de gestão ocorre de
forma natural na sua expressão.
d) Visto que sociedade e política andam juntas e assim o sistema de gestão é a
representação social desta junção.
e) Porque é uma obrigação do meio acadêmico e técnico dos planejadores ambientais
modernos.

159/222
Questão 3
3- Qual alternativa demonstra a correta diferença entre política pública e
política de governo?
a) Política pública expressa a vontade de um grupo social apenas e a política de governo
expressa a vontade do governo.
b) Política pública se relaciona com as políticas setoriais temporárias do mandato político do
governante e política de governo se relaciona com as diretrizes de governo nas suas ações.
c) Política pública visa beneficiar apenas o setor público e não o setor privado da economia
de uma sociedade e política de governo visa beneficiar o setor público e o setor privado da
economia de uma sociedade.
d) Política pública distingue os beneficiários pelos mais necessitados socialmente e a política
de governo beneficia a todos sem distinção.
e) Política pública expressa a vontade da sociedade e a política de governo expressa a
vontade do governo.

160/222
Questão 4
4- Por que se faz necessária a gestão ambiental no ambiente urbano?
a) Porque a presença do homem está concentrada no espaço urbano.
b) Porque somente na urbanidade é que os problemas ambientais se fazem presentes.
c) Porque deve-se equacionar no ambiente urbano os problemas da convivência humana
com os seus impactos negativos sobre a saúde pública e o meio ambiente.
d) Por ser considerado um sistema barato de resolução dos problemas ambientais urbanos.
e) Por ser considerado um sistema de rápida resposta frente aos problemas ambientais
urbanos.

161/222
Questão 5
5- Na concepção da política ambiental e assim da gestão ambiental, a
participação social se faz necessária e obrigatória?
a) Não, pois por se tratar de assunto técnico específico, se faz necessário a participação de
técnicos no assunto, apenas.
b) Sim, pois com a participação social se acelera o processo e diminui os custos operacionais
da construção das políticas e gestão ambiental.
c) Não, pois seria impossível no quesito tempo ouvir todos os setores da sociedade na
construção das políticas e gestão ambiental.
d) Sim, pois com a participação da sociedade é que o processo de criação das políticas e,
por conseguinte da gestão ambiental terá validade expressando a vontade social frente aos
problemas apresentados.
e) Depende, pois caso a sociedade não conheça os assuntos a serem estudados e não se
interesse em participar, esta não deve integrar a discussão política e de gestão ambiental, mas
caso a sociedade seja interessada e entendida este é desejável a sua presença.

162/222
Gabarito
1. Resposta: B. gestão integrada dos temas pertinentes
ao setor, o que se materializa por meio
Ao longo da história várias formas de de políticas públicas que geram planos,
conquista e manutenção do poder foram programas e projetos.
desenvolvidas no interior de diferentes
sociedades, visto que essa relação 3. Resposta: E.
assimétrica se vincula necessariamente
a uma desigualdade social preexistente. Para Philipp Jr. e Bruna (2014), política
Nas sociedades contemporâneas existem, pública é, portanto, um conjunto de
em nível formal, três principais formas de diretrizes estabelecido pela sociedade,
poder: econômica, ideológica e política. por meio de sua representação política,
em forma de lei, visando à melhoria das
2. Resposta: A. condições de vida dessa sociedade. As
políticas de governo são aquelas que
Isso significa que as políticas ambientais, trazem propostas implementadas pelo
para serem implementadas, necessitam de governo e estão diretamente vinculadas à
um sistema de gestão adequado. Em outras administração que está exercendo o poder
palavras, é preciso poder contar com uma e que as tem como prioridade de ação

163/222
Gabarito
durante seu mandato. Constituem políticas tem fortes vínculos com a saúde pública
que podem ou não ter continuidade, e o planejamento territorial. Trata-se de
pois refletem um programa de governo, equacionar os problemas da convivência
podendo imprimir um aspecto específico humana com os seus impactos negativos
conforme o grupo que está no poder. sobre a saúde pública e o meio ambiente.
Daí a importância da gestão ambiental.
4. Resposta: C.
5. Resposta: D.
A cidade é por excelência o ambiente do
homem (COIMBRA, 1985 apud PHILIPPI A prática do planejamento e gestão
JR.; BRUNA, 2014). É nesse ambiente ambiental se faz por meio da elaboração de
– ecossistema construído – que são políticas públicas ambientais direcionadas
encontrados os mais graves indicadores à sustentabilidade, ou seja, aquela que cria
de desequilíbrio. Este, provocado pelo condições para existência de equilíbrio
estágio de degradação dos elementos da entre as ações de governo – nas três
natureza, exige urgente atuação da gestão esferas – e as aspirações da sociedade, com
ambiental. A promoção da qualidade de vistas ao bem comum.
vida, escopo último da gestão ambiental,

164/222
Unidade 7
Política e Planejamento Territorial

Objetivos

1. Compreender por meio do processo histórico


brasileiro a forma que foi construído o
planejamento territorial e suas dificuldades de
implantação.
2. Identificar os principais instrumentos de
gestão ambiental do território.
3. Mapear as suas definições e formas para a
implementação da política ambiental do
município.

165/222
Introdução poder público e à coletividade o dever de
defende-lo e preservá-lo para as presentes
Se você, futuro gestor ambiental, consultar e futuras gerações” (BRASIL, 1988).
a Constituição Brasileira, verá que esta
Uma vez que as responsabilidades a
estabelece que a República Federativa do
respeito das questões ambientais estão
Brasil é formada pela união dos Estados
colocadas sobre todos os entes federativos,
e Municípios e do Distrito Federal. Ela
de acordo com Philipp Jr. e Zualauf (1999),
caracteriza ainda a autonomia da União,
cabe aos municípios não só assumir
dos Estados, do Distrito Federal e dos
claramente sua parte como, também,
Municípios ao tratar da organização
estabelecer cooperação e parcerias com a
político-administrativa do Brasil (BRASIL,
União, os Estados, o Distrito Federal e os
1988). Ao mesmo tempo que caracteriza
outros municípios no encaminhamento
autonomia, a Constituição confere
de ações voltadas ao fiel cumprimento
competência aos entes federativos para
dos preceitos constitucionais. Cabe,
“proteger o meio ambiente e combater
por conseguinte, aos municípios
a poluição em qualquer de suas formas”
estruturarem-se para a implementação
(BRASIL, 1988). No seu artigo 225
ou aperfeiçoamento dos seus sistemas
consagra o meio ambiente como “bem
de gestão ambiental em termos técnicos,
de uso comum do povo e essencial à
tecnológicos e operacionais.
sadia qualidade de vida, impondo-se ao

166/222 Unidade 7 • Política e Planejamento Territorial


1. O Planejamento Territorial e envolvendo atividades industriais,
o Estado comerciais, agrícolas, de transporte
com veículos automotores.
Segundo Philipp Jr e Zualauf (1999), c. O controle da qualidade das águas,
para essa estruturação é fundamental envolvendo atividades relacionadas
identificar as atribuições que serão ao seu uso: para abastecimento
assumidas pelo órgão local, entre as público, industrial, produção de
inúmeras possibilidades ou exigências energia, comercial, recreacional,
de intervenção existentes. A título de agrícola e na pecuária.
ilustração, sem pretender esgotar o
d. O controle do uso, ocupação e
conjunto das possíveis e necessárias
qualidade do solo envolvendo
atribuições, são destacadas atividades
atividades imobiliárias, agrícolas,
que chamam a responsabilidade dos
turísticas, industriais, de controle de
municípios:
cheias e de erosão.
a. Parques, área de proteção ambiental, e. O controle de resíduos sólidos
manguezais e mananciais, as áreas domésticos, industriais, comerciais,
verdes. de serviços de saúde, envolvendo
b. O controle da qualidade do ar, todas as atividades e processos de
167/222 Unidade 7 • Política e Planejamento Territorial
acondicionamento ao tratamento administrações públicas e da sociedade
e disposição final; e práticas civil.
de redução, minimização e Naturalmente, a estruturação de um
comportamentais referentes a sistema de gestão ambiental municipal
cuidados sanitários, ocupacionais e passa pela necessidade de efetuar uma
para reaproveitamento. revisão das políticas urbanas até adotadas,
f. O controle de ruído e vibrações, sob o prisma da sustentabilidade. Esta
envolvendo atividades comerciais, revisão possibilitará estudar o modelo de
industriais e serviços. política ambiental urbana mais apropriada
g. O monitoramento e atendimento a para cada município dentro de seu
emergências ambientais. contexto regional (PHILIPP JR.; ZUALAUF,
1999).
Como se pode depreender, a área Este caminho, para os mesmos autores,
ambiental tem envolvimento em todos passa pela imperiosa necessidade de
os setores da atividade humana, o que serem encontrados mecanismos de
exige uma atuação baseada na busca transformação que, pouco a pouco
do entendimento e na construção de aplicados, passam a gerar consciência
parcerias nos mais variados segmentos das ativa e criativa de sustentabilidade
168/222 Unidade 7 • Política e Planejamento Territorial
como forma de melhorar a qualidade de um caráter político (JORGE, 2014).
vida das sociedades urbanas. O mesmo Em continuidade, o mesmo autor descreve
processo, aplicado ao município como um que na história, em nível nacional, a ação
todo, propiciará ao seu gestor atender às do Estado foi fundamental para garantir
sucessivas demandas dos demais cidadãos, a implantação da industrialização,
com base na participação e construção o fenômeno mais importante para a
conjunta das soluções. economia brasileira no século XX. A
O planejamento aqui estudado se refere Revolução de 1930 (Governo Vargas)
a uma atividade vinculada ao Estado, trouxe ao Estado o apoio à consolidação
qualquer que seja o nível territorial em que da burguesia industrial, que passou
ocorra. O planejamento regional ou, em a determinar os rumos da economia
um sentido mais amplo, o planejamento brasileira. Nos anos seguintes a
territorial, é uma atividade vinculada ao industrialização conferiu uma nova
Estado ou Federação, ou eventualmente, fisionomia às cidades, acelerando o
a um consórcio de municípios. Essas processo de urbanização, criando uma
afirmações trazem consigo o conceito população excluída que moldou as
de que todo planejamento, por ser uma periferias urbanas e, principalmente,
atividade do Estado, tem necessariamente expandiu e concentrou a rede urbana,
169/222 Unidade 7 • Política e Planejamento Territorial
com a formação, inclusive das metrópoles pelo município no primeiro centenário da
brasileiras. Assim, o Estado, utilizando os cidade foi: São Paulo não poder parar!
fundos públicos, investiu vigorosamente Historicamente, o planejamento territorial,
durante cinco décadas nos setores de em escala regional, acontece no Brasil em
infraestrutura de transporte, energia, duas grandes vertentes:
comunicações e indústria de base. Deve-
se pontuar que o Brasil não teve políticas 1. Como consequência e
explícitas para o setor urbano até o regime desdobramento de grandes
militar, iniciado em 1964. Os chamados investimentos públicos em
problemas urbanos – habitação, transporte infraestrutura, a exemplo das
e saneamento – somente passaram a hidrelétricas implantada onde havia
ser considerados importantes e críticos recursos hídricos e que terminaram
quando as cidades brasileiras chegaram por levar a ações mais amplas de
a patamares populacionais significativos. deslocamento de populações e a
A questão do crescimento urbano não era projetos de irrigação e de navegação.
vista como problemática, e sim um salutar 2. Como política compensatória do
reflexo do desenvolvimento do país. Em desequilíbrio regional e urbano do
São Paulo, por exemplo, o slogan adotado desenvolvimento brasileiro, que leva

170/222 Unidade 7 • Política e Planejamento Territorial


à concentração espacial (criação da últimos anos, como a grande novidade no
SUDENE e SUDAM). setor, um instrumento capaz de oferecer
suporte às gestões urbanas perante as
Os Estados também apresentam questões de desenvolvimento, das quais
experiências em regionalização, mais a mais importante é atrair investimentos
como um instrumento de racionalização externos (JORGE, 2014).
administrativa que de desenvolvimento
regional. É o exemplo das regiões 2. Instrumentos de gestão am-
administrativas, criadas pelo Governo do biental do território
Estado de São Paulo.
Em inúmeras cidades de porte, novas Para implementar o seu trabalho, o
experiências extremamente importantes gestor ambiental dispõe de instrumentos
na gestão urbana e no planejamento preventivos, proativos ou de reparação
local têm sido implantadas: o orçamento e correção de danos. Alguns deles, como
participativo, a renda mínima, a negação a fiscalização e o licenciamento, já são
do zoneamento como instrumento de implementados há algum tempo. Outros,
segregação social etc. como o monitoramento ambiental,
enquadramento de cursos d’água, e os
O planejamento estratégico aparece, nos
171/222 Unidade 7 • Política e Planejamento Territorial
instrumentos econômicos, são de aplicação mais recente (figura 1) (ALMEIDA et al., 2008).

Figura 1 – Instrumentos de Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Fonte: Adaptado de: Almeida (2008)

Dentre os instrumentos de Gestão, segundo Almeida et al. (2008), destacam-se aqueles


que subsidiam a definição e implementação da política ambiental do município. O governo
municipal é responsável pelo gerenciamento ambiental, cabendo-lhe a concepção, elaboração
172/222 Unidade 7 • Política e Planejamento Territorial
e aplicação de normas de controle e a criação do Conselho Municipal de
urbano. Os seguintes respaldo legais Meio Ambiente, com representação
garantem aos Municípios a implementação dos segmentos da sociedade, para
de política urbanística e ambiental própria: ser o órgão central na condução das
ações previstas, e do Fundo Municipal
• Legislação Ambiental: a lei
de Meio Ambiente, para gerir os
municipal de meio ambiente deve
recursos necessários ao processo de
apresentar as diretrizes gerais para a
gestão.
atuação municipal, em sintonia com
o Plano Diretor, devendo avaliar a • Lei Orgânica: a Lei Orgânica é a
realidade local em termos políticos, Constituição Municipal e define o que
econômicos, sociais e ambientais. O é conveniente, num espaço territorial,
texto legal deverá definir os objetivos o espaço do município, para a
da política ambiental do município, organização social e econômica em
conceituando os temas específicos um município. Ao município, através
e definindo os instrumentos de sua Lei Orgânica, cabe estabelecer
necessários à sua implementação; as formas mais adequadas, diante
deve garantir a participação da de sua realidade geográfica e
comunidade na sua execução e prever econômica, de compatibilizar as suas
173/222 Unidade 7 • Política e Planejamento Territorial
atividades produtivas e sociais com sobre esse espaço e viabilizar os
a proteção e melhoria da qualidade recursos necessários à sua realização
ambiental. e sustentação.
• Plano Diretor: a lei do Plano • Lei de Parcelamento do Solo: a Lei
Diretor, prevista no artigo 182 da de Parcelamento do Solo orienta
Constituição Federal de 1988 e o o processo de expansão urbana,
Estatuto das Cidades de 2001, são os controlando a abertura de novos
instrumentos básicos para a definição loteamentos ou a divisão de áreas,
da política de desenvolvimento tendo em vista que estabelece as
e expansão urbana, devendo condições para a sua regularização,
estabelecer um modelo compatível entre as quais destacam-se a
com a proteção dos recursos proibição do parcelamento em
naturais, em defesa do bem-estar da áreas de preservação permanente,
população. A elaboração do Plano inundáveis ou de risco; a proteção de
Diretor pressupõe o conhecimento reservas naturais para preservação
das deficiências e potencialidades do da fauna e flora, e a reserva de
território municipal e da região, para áreas de lazer e para equipamentos
que se possa priorizar as intervenções públicos. O município pode legislar
174/222 Unidade 7 • Política e Planejamento Territorial
sobre parcelamento do solo, circulação de veículos, a proteção
imputando medidas restritivas e/ou de áreas de interesse ambiental,
regulatórias. Por ser uma atividade e ainda compatibilizar os diversos
potencialmente poluidora, devido usos. O assentamento de atividades
à movimentação de terra e às potencialmente poluidoras, em
implicações decorrentes da própria especial as que provocam poluição
ocupação humana, o parcelamento atmosférica e sonora, em áreas
deve ser submetido ao licenciamento predominantemente residenciais,
ambiental. deve ser regulamentado com vistas
• Lei do Uso e Ocupação do Solo: ao controle ambiental.
a Lei de Uso e Ocupação do Solo • Código de Obras: o Código de
define os usos dos diversos espaços Obras tem como objetivo garantir às
e as condições para a sua ocupação construções, públicas ou privadas,
em áreas urbanas, tendo como condições mínimas de segurança,
referência básica o zoneamento conforto e higiene. Questões
ambiental, que objetiva garantir relativas à saúde e ao meio ambiente
condições adequadas de iluminação, devem constar do Código de Obras:
ventilação, salubridade, melhor tratamento de efluentes industriais
175/222 Unidade 7 • Política e Planejamento Territorial
e domésticos, controle da poluição lançamento de esgotos nos cursos
sonora, instalação de equipamentos d’água etc.
de proteção contra incêndio, normas • Código Tributário: o Código
técnicas para armazenamento de Tributário permite instituir
produtos perecíveis ou tóxicos, incentivos para os cidadãos
dimensionamento de áreas de ou empreendimentos que se
ventilação e iluminação etc. proponham a proteger, conservar
• Código de Posturas: o Código e/ou recuperar o meio ambiente
de Posturas define e regula a municipal, com a adoção de medidas
utilização dos espaços públicos e como a preservação de construções
de uso coletivo. Trata de questões e monumentos de interesse
relacionadas ao controle da poluição histórico, cultural e paisagístico;
sonora, à apreensão de animais, ao a recuperação, manutenção ou
cuidado com as calçadas e passeios construção de praças e jardins
públicos, à disposição de resíduos, públicos; o desenvolvimento de
instalação de placas e cartazes, projetos de educação ambiental; e o
arborização pública, exploração de emprego de tecnologias alternativas
pedreiras e areeiros, à proibição do para uso sustentado dos recursos
176/222 Unidade 7 • Política e Planejamento Territorial
naturais. Os incentivos à proteção do participação da comunidade.
ambiente e do patrimônio cultural • Lei de Limpeza Pública: ao município
induzem a mudanças positivas de compete organizar e disciplinar os
comportamentos relacionados à serviços de coleta e disposição final
questão ambiental. de resíduos. A normatização da
• Lei de Diretrizes Orçamentária: limpeza pública define objetivamente
a Lei de Diretrizes Orçamentárias as responsabilidades dos cidadãos,
é importante para o sucesso das das entidades privadas e dos
políticas municipais, uma vez que governos para a obtenção de níveis
determina a aplicação de recursos adequados de higiene individual e ou
compatíveis com as diretrizes coletiva.
de um Plano Diretor. Para definir • Avaliação de Impacto e
adequadamente as prioridades de Licenciamento Ambiental pelos
aplicação dos recursos, de forma municípios: o município pode
a atender às reais necessidades editar norma legal para condicionar
sociais do município, é fundamental a implantação de atividades que
que, no processo de elaboração provocam degradação ambiental
do orçamento, haja uma efetiva à realização prévia de avaliação
177/222 Unidade 7 • Política e Planejamento Territorial
de impactos (Estudo de Impacto controle ambiental e condicionantes
Ambiental - EIA, Relatório de determinados para a operação) e
Impacto Ambiental - RIMA, Estudo Licença de Operação – LO (autoriza
de Impacto de Vizinhança – EIV, a operação da atividade ou
Licença Prévia – LP (concedida na empreendimento, após a verificação
fase preliminar do planejamento do efetivo cumprimento do que
do empreendimento ou atividade, consta das licenças anteriores, com
aprovando sua localização e as medidas de controle ambiental e
concepção, atestando a viabilidade condicionantes determinados para
ambiental e estabelecendo os operação);
requisitos básicos e condicionantes • Fiscalização Ambiental: a
a serem atendidos nas próximas fiscalização ambiental tem como
fases de sua implementação), fundamento atuar de forma
Licença de Instalação – LI (autoriza educativa, orientando e alertando
a instalação ou atividade, de acordo empreendedores quanto à
com as especificações constantes necessidade de compatibilização do
dos planos, programas e projetos desenvolvimento econômico com a
aprovados, incluindo as medidas de preservação dos recursos naturais,
178/222 Unidade 7 • Política e Planejamento Territorial
objetivando garantir a sua própria práticas educativas voltadas para
existência. a mobilização da comunidade
• Zoneamento Ambiental: além de em ações que visem à melhoria
regulamentar a preservação dos da qualidade do meio ambiente,
recursos naturais, o zoneamento promovendo a transformação
ambiental é o instrumento de gestão cultural).
adequado para dirimir os conflitos • Gerenciamento de Bacias
gerados pelo desenvolvimento Hidrográficas: o gerenciamento de
simultâneo de várias atividades bacia hidrográfica é o instrumento
impactantes numa dada região. que orienta o poder público e
• a sociedade, a longo prazo, na
utilização e monitoramento dos
• Educação, Extensão e Comunicação recursos ambientais – naturais,
Ambiental: a educação ambiental econômicos e socioculturais –, na
formal precisa permear as área de abrangência de uma bacia
disciplinas curriculares das escolas hidrográfica, de forma a promover
públicas e privadas. A educação o desenvolvimento sustentável
ambiental não formal compreende (LANNA, 1995 apud ALMEIDA, 2004).
179/222 Unidade 7 • Política e Planejamento Territorial
• ICMS (Imposto sobre Operações
relativas à Circulação de
Mercadorias e sobre Prestações
Para saber mais
de Serviços de Transporte A possibilidade do estado criar o ICMS
Interestadual e Intermunicipal Ecológico dá-se mediante consideração do
e de Comunicação) ecológico: critério ambiental no momento de calcular a
legislação existente em diversos participação de cada um dos municípios na
estados brasileiros que prevê a repartição dos valores arrecadados, ou seja, o
distribuição dos recursos disponíveis nome “ICMS Ecológico” advém da possibilidade
em diversos setores, em especial nos de estipular critérios ambientais para uma
componentes: saneamento básico e parcela desse ¼ dos 25% a que fazem jus os
unidades de conservação. municípios, conforme previsto na Constituição
Federal. Disponível em: <http://www.
icmsecologico.org.br/site/>. Acesso em:
21/06/ jun. 2015.

180/222 Unidade 7 • Política e Planejamento Territorial


• Saneamento Básico: o objetivo ecossistemas naturais do Estado.
do componente saneamento
básico é incentivar os municípios a A aplicação integrada e combinada dos
implantarem sistemas de tratamento instrumentos de gestão ambiental exige
de esgotos sanitários e disposição mudanças culturais, abrangendo os
final de resíduos sólidos). procedimentos, a consciência e a prática
• Unidades de Conservação: o cotidiana de cada cidadão envolvido com a
objetivo do componente unidades gestão ambiental. O uso dos instrumentos
de conservação é compensar os de forma combinada aproveita melhor suas
municípios que possuem parte de qualidades e leva em conta as limitações
seu território protegida por parques, de cada um deles (ALMEIDA, 2008).
reservas ecológicas, áreas de
proteção ambiental (APA’s), entre
outras. A lei incentiva a criação,
implantação e manutenção dessas
unidades pelos próprios municípios,
contribuindo para descentralizar e
consolidar a política de proteção dos
181/222 Unidade 7 • Política e Planejamento Territorial
Glossário
Depreender - obter entendimento intelectual acerca de; perceber claramente alguma
coisa; compreender: depreender um sentido metafórico. Alcançar a resposta; chegar à
compreensão ou à conclusão de; deduzir. (Fonte: Disponível em: <http://www.significados.com.
br/?s=depreender>. Acesso em: 21 jun. 2015).

Imperioso - autoritário, dominador, arrogante, altivo. Necessário, forçoso, urgente. (Fonte:


Disponível em: <http://michaelis.uol.com.br/busca?r=0&f=0&t=0&palavra=imperioso>. Acesso
em: 21 jun. 2015).
Dirimir - obter o esclarecimento de; resolver: dirimiu todas as dívidas; dirimiu aquela luta.
(Fonte: Disponível em: <http://www.significados.com.br/?s=dirimir>. Acesso em: 21 jun. 2015).

182/222 Unidade 7 • Política e Planejamento Territorial


?
Questão
para
reflexão
Após a realização da leitura fundamental, você agora aprofundará
seus conhecimentos acerca de políticas ambientais voltadas à
noção de território, a partir da leitura dos itens (Histórico do ZEE;
Marcos legais; Diretrizes Metodológicas e Avaliação do ZEE) no
link <http://www.mma.gov.br/gestao-territorial/zoneamento-
territorial> do Programa do Governo Federal de Zoneamento
Ecológico-Econômico (ZEE), instrumento da Política Nacional do
Meio Ambiente que tem sido utilizado pelo poder público com
projetos realizados em diversas escalas de trabalho e em frações
do território nacional. Municípios, estados da federação e órgãos
federais têm executado ZEE’s e avançado na conexão entre os
produtos gerados e os instrumentos de políticas públicas, com o
objetivo de efetivar ações de planejamento ambiental territorial.
183/222
Considerações Finais

É importante afirmar que o planejamento local e regional pressupõe uma


política de âmbito nacional, que é decisiva para o desenvolvimento urbano.
Para que ele se estabeleça, é necessário que o Estado seja recuperado como
entidade responsável pelo desenvolvimento econômico e social das cidades,
por meio de vigorosas políticas sociais que, principalmente, melhorem a
distribuição de renda.
Introduzir o conceito de território na gestão ambiental não é considerado
uma tarefa fácil, pois exigirá de você, futuro gestor ambiental, amplos
conhecimentos deste território, suas potencialidades e fragilidades, assim
como a habilidade de fazer o uso combinado dos instrumentos de gestão
para integrar as políticas públicas ambientais dentro do território. Esta
habilidade sem dúvida nenhuma passa pelo entendimento histórico de
surgimento e desenvolvimento deste território.

184/222
Referências

ALMEIDA, J.R.; et al. Política e planejamento ambiental. 3. ed. 2. Reimpressão. Rio de Janeiro:
Thex, 2008. 480p.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF:
Senado, 1988.
JORGE, W.E. Política e planejamento territorial. In: PHILIPPI JR, A. Curso de gestão ambiental.
Barueri, SP: Manole. 2014. p. 831-852.
PHILIPP JR, A.; ZUALAUF, W. Estruturação dos municípios para a criação e implementação do
sistema de gestão ambiental. In: PHILIPPI JR, A. Municípios e meio ambiente: perspectivas para
a municipalização da gestão ambiental no Brasil. São Paulo: Associação Nacional de Municípios
e Meio Ambiente, 1999. p. 47-56.

185/222 Unidade 7 • Política e Planejamento Territorial


Assista a suas aulas

Aula 7 - Tema: Política e Planejamento Aula 7 - Tema: Política e Planejamento


Territorial – Parte I  Territorial – Parte II.
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/pA-
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ piv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/8d-
ab9ec4283c23c4e39ddbc53639fb6ac5>. 2f29ebe2dd790d89a35a458a4fb09d>.

186/222
Questão 1
1- O planejamento territorial apresentado e discutido na leitura fundamen-
tal desta aula é atribuição de qual ente da sociedade?
a) Constituição.
b) Estado.
c) Empresariado.
d) A própria sociedade.
e) As Forças Armadas.

187/222
Questão 2
2- Qual foi o processo estimulado pelo governo nos anos 1930 e poste-
rior que conferiu uma nova fisionomia às cidades, acelerando o processo
de urbanização?

a) Expansão do setor produtivo agrícola.


b) Expansão do setor produtivo da mineração.
c) Expansão da malha rodoviária.
d) Expansão da industrialização.
e) Expansão da malha ferroviária.

188/222
Questão 3
3 - “Regulação, normatização, educação, comunicação e extensão”, fa-
zem parte de qual tipo de instrumento de política que o gestor ambiental
dispõe para sua implantação?
a) Proativo.
b) Repressivo.
c) Reativo.
d) Dissociativo.
e) Preventivo

189/222
Questão 4
4- Qual a diferença entre a Lei de Parcelamento do Solo e a Lei do Uso e
Ocupação do Solo?

a) A primeira visa definir os usos dos diversos espaços e as condições para a sua ocupação
em áreas urbanas e a segunda orienta o processo de expansão urbana, controlando a abertura
de novos loteamentos ou a divisão de áreas.
b) A primeira orienta o processo de expansão urbana, controlando a abertura de novos
loteamentos ou a divisão de áreas e a segunda visa definir os usos dos diversos espaços e as
condições para a sua ocupação em áreas urbanas.
c) A primeira diz respeito à divisão do solo tanto urbano quanto rural e a segunda diz
respeito ao uso do solo urbano, apenas.
d) A primeira diz respeito à divisão do solo urbano, apenas e a segunda diz respeito ao uso do
solo rural e urbano.
e) A primeira associa a possibilidade de divisão do solo ao valor dos terrenos e ao seu
respectivo zoneamento urbano e a segunda associa a possibilidade do uso e ocupação do solo
para moradias de baixa renda e comércios populares.

190/222
Questão 5
5- Quais as mudanças que a aplicação integrada e combinada dos ins-
trumentos de gestão ambiental exige da sociedade?
a) Mudanças econômicas.
b) Mudanças sociais.
c) Mudanças culturais.
d) Mudanças demográficas.
e) Mudanças ambientais.

191/222
Gabarito
1. Resposta: B. trouxe ao Estado o apoio à consolidação
da burguesia industrial, que passou
O planejamento aqui estudado se refere a determinar os rumos da economia
a uma atividade vinculada ao Estado, brasileira. Nos anos seguintes a
qualquer que seja o nível territorial em que industrialização conferiu uma nova
ocorra. O planejamento regional ou, em fisionomia às cidades, acelerando o
um sentido mais amplo, o planejamento processo de urbanização, criando uma
territorial, é uma atividade vinculada ao população excluída que moldou as
Estado ou Federação, ou eventualmente, periferias urbanas e, principalmente,
a um consórcio de municípios. Essas expandiu e concentrou a rede urbana,
afirmações trazem consigo o conceito com a formação, inclusive das metrópoles
de que todo planejamento, por ser uma brasileiras.
atividade do Estado, tem necessariamente
um caráter político (JORGE, 2014). 3. Resposta: A

2. Resposta: D. De acordo com a figura 1 (ALMEIDA


et al., 2008), exposta e discutida na
A Revolução de 1930 (Governo Vargas) leitura fundamental da aula, para

192/222
Gabarito

implementar o seu trabalho, o gestor 4. Resposta:B


ambiental dispõe de instrumentos
preventivos, proativos ou de reparação São instrumentos legais que os municípios
e correção de danos. Alguns deles, como podem utilizar para implementar política
a fiscalização e o licenciamento já são urbanística e ambiental própria, entre
implementados há algum tempo. Outros, outros: A Lei de Parcelamento do Solo
como o monitoramento ambiental, orienta o processo de expansão urbana,
enquadramento de cursos d’água, e controlando a abertura de novos
os instrumentos econômicos, são de loteamentos ou a divisão de áreas; A Lei de
aplicação mais recente. Esta figura Uso e Ocupação do Solo define os usos dos
apresenta que os itens apresentados no diversos espaços e as condições para a sua
enunciado da questão se relaciona com o ocupação em áreas urbanas.
tipo de instrumentos de política proativo,
visto que neste 5. Resposta: C.

A aplicação integrada e combinada dos


instrumentos de gestão ambiental exige

193/222
Gabarito

mudanças culturais, abrangendo os


procedimentos, a consciência e a prática
cotidiana de cada cidadão envolvido com a
gestão ambiental. O uso dos instrumentos
de forma combinada aproveita melhor suas
qualidades e leva em conta as limitações
de cada um deles (ALMEIDA, 2008).

194/222
Unidade 8
Novas Tendências de Planejamento, Política e Sustentabilidade

Objetivos

1. Estudar as novas tendências do planejamento


ambiental, por meio da incorporação de novos
temas e “olhares” tanto em níveis locais quanto
global.
2. Compreender a governança municipal como
instrumento de estudo e planejamento
ambiental.
3. Compreender a centralização do espaço
geográfico e da paisagem do município
como ente central na gestão ambiental
contemporânea.

195/222
Introdução

Ao se estudar as “questões ambientais”, você, futuro gestor ambiental, se depara com


literalmente um “mundo” de problemas e que muitas vezes não consegue “enxergar” possíveis
“soluções” para estes problemas, não é mesmo? Muitas destas “questões ambientais”
foram apresentadas para você, nesta disciplina, e são de ocorrência essencialmente
urbana, configurando a cidade um verdadeiro ecossistema que contém uma comunidade de
organismos vivos, onde predominam o homem, um meio físico que se vai transformando,
fruto da atividade interna, e um funcionamento à base de trocas de matéria, energia e
informação. Todos os ecossistemas tendem ao aumento da complexidade e a estágios mais
maduros da sucessão. Isso sucede também nos ecossistemas urbanos e assim se comprova
que a complexidade do conjunto da cidade tem tendência a aumentar. Não obstante, também
é comprovável que a complexidade diminui nas que a configurem, pois a homogeneidade
aumenta a causa da zonificação funcional. A cidade, bem como seu sentido ampliado para área
metropolitana, pode ser classificada, na visão ecológica, como um ecossistema incompleto e
heterotrófico. Embora as cidades não ocupem uma área muito grande da superfície terrestre
(apenas de 1 a 5% do mundo inteiro, segundo Odum), elas, porém alteram a natureza dos
rios, campos naturais e cultivados, florestas, além da atmosfera e dos oceanos, por causa dos
ambientes extensos de entrada e de saída que elas demandam (ALMEIDA, 2008).
Ao se utilizar possíveis argumentos extraídos das ciências sociais com o objetivo de
196/222 Unidade 8 • Novas Tendências de Planejamento, Política e Sustentabilidade
aproximar a ideia de sustentabilidade do debate sobre gestão cidadã de políticas, observa-
se que a contemporaneidade representa um momento de grande definição histórica para
a humanidade, diante da consciência crescente de que o impacto da ação humana sobre o
ambiente biofísico, social e psicocultural vem afetando a saúde e mesmo a sobrevivência no
planeta (BRASIL, 1997 apud MANTOVANELI JR., 2012).

1. A cidade como Ecossistema

Os impasses que atualmente vêm caracterizando uma grande crise ecoambiental originam-se
de, e propagam-se por um padrão de conduta humana que marcou a modernidade no campo
da ciência, da moral, da tecnologia e da política. São, ao mesmo tempo, causa e efeito de um
jogo de domínio antropocêntrico sobre o homem e a natureza, em que o darwinismo social,
o materialismo e uma ética menor, como diria Freire (1997 apud MANTOVANELI JR.; 2012),
a ética do lucro, delimitam os parâmetros de desenvolvimento dos países ricos e pobres, ou
subdesenvolvidos.

197/222 Unidade 8 • Novas Tendências de Planejamento, Política e Sustentabilidade


Para saber mais
Darwinismo social - No ano de 1859, um estudioso chamado Charles Darwin
transformou uma longa caminhada de viagens, anotações e análises no livro “A origem
das espécies”. Nas páginas daquela obra revolucionária nascia a teoria evolutiva,
o mais novo progresso galgado pela ciência da época. Negando as justificativas
religiosas vigentes, Darwin apontou que a constituição dos seres vivos é fruto de um
longo e ininterrupto processo de transformação e adaptação ao ambiente. Disponível
em: <http://www.brasilescola.com/historiag/darwinismo-social.htm>. Acesso em: 22
jun. 2015.

1.2. O município e a governança municipal na vanguarda do planejamen-


to e gestão ambiental

Com o crescimento econômico ostensivo que as sociedades modernas têm vivido, concretizado
pela crescente industrialização, urbanização e estilo de vida baseado na produção e consumo
cada vez mais diversificados, cresce também a demanda pelo uso de recursos naturais, gerando
intenso impacto ambiental.
Nas cidades, esse processo ficou mais visível nas últimas décadas, quando a concentração
198/222 Unidade 8 • Novas Tendências de Planejamento, Política e Sustentabilidade
urbana cresceu sobremaneira. No século meio rural. Entre os inúmeros impactos,
XXI, a maioria da população urbana destacam-se os resultantes de uma cultura
continuará a viver em cidades com menos de consumo, não necessariamente baseada
de 500 mil habitantes e em cidades ditas em necessidades reais. Atualmente,
intermediárias, com populações entre metade da população mundial urbana
um e cinco milhões (ONU-Habitat, 2010 consome em média três quartos da energia
apud GIARETTA; FERNANDES; PHILIPPI produzida no planeta e geram três quartos
JR., 2012). A migração para as cidades é dos resíduos.
justificada pelas oportunidades oferecidas No bojo das discussões sobre
nos centros urbanos, como empregos, desenvolvimento sustentável e gestão
educação e saúde, opções de lazer e fluxos ambiental, de acordo com Fernandes
sociais, culturais, econômicos e de poder. e Sampaio (2008 apud GIARETTA;
Por dedução, segundo Rogers (2001 apud FERNANDES; PHILIPPI JR., 2012), as cidades
GIARETTA; FERNANDES; PHILIPPI JR., 2012), constituem espaço fundamental para
é nas cidades que ocorre grande parte uma mudança de paradigma, não só em
dos impactos ambientais das atividades relação ao uso dos recursos naturais,
produtivas, sendo elas também a origem mas na construção da territorialidade e
de muitos impactos que ocorrem no consequentemente nos seus processos de
199/222 Unidade 8 • Novas Tendências de Planejamento, Política e Sustentabilidade
gestão. acerca da realidade e consequente
Em continuidade, os mesmos autores citam engajamento e participação social.
as cidades como o locus desse processo, O município é formado pelos seguintes
porque é onde vive a maior parte da ambientes que permanecem relacionados
população brasileira e, portanto, segundo entre si: urbano, que contempla circulação
boa parcela das correntes teóricas que de pessoas, trabalho, lazer, habitações,
vêm pensando a gestão ambiental, é o saneamento, dentre outros; rural, que
locus também onde se pode construir uma abriga atividades agrícolas e minerais,
ação democrática de gestão apoiada na basicamente o setor primário de produção;
participação social, como sustentação de e primevo, com característica específicas
um processo durável que não se esvai a de cada região, reservas e identidades
cada troca de governo. do ecossistema (PHILIPPI JR., et al, 2004).
Assim, a gestão urbana, que implica Destes, ganha destaque o ambiente
atualmente muito fortemente o desafio urbano, no qual se constitui o espaço de
de equacionar também as questões maior ocupação, abrigando as relações
socioambientais, deve levar em conta o de trabalho e residenciais, permeado,
contexto e a população envolvida nesse portanto, de ações antrópicas.
contexto, considerando seu conhecimento No Brasil, os municípios só ganharam
200/222 Unidade 8 • Novas Tendências de Planejamento, Política e Sustentabilidade
reconhecimento para a adoção de ações bem-estar de seus cidadãos; entretanto,
relevantes à proteção dos recursos para chegar a isto, ele necessita capacitar-
naturais a partir da promulgação da se, preparar-se e enfrentar os conflitos, o
Constituição Federal 1988. A partir da que gera a tomada de posição em relação
Resolução CONAMA 237/97, os municípios a um tema abrangente e pouco conhecido,
passam a ter diretrizes para exercício como é a questão ambiental”. (FRANCO,
de licenciamentos ambientais, tendo 1999, p. 21 apud GIARETTA; FERNANDES;
como obrigatoriedade para esta ação, a PHILIPPI JR., 2012).
implementação de conselhos municipais Para que isso ocorra, esses mesmos
de meio ambiente com caráter deliberativo autores sugerem alguns princípios, a saber:
e participação social, além de possuírem ou
terem à disposição profissional habilitado • Ter um número de servidores
para exercer esta ação (FERNANDES; adequados às necessidades dos
SAMPAIO, 2008 apud GIARETTA; municípios.
FERNANDES; PHILIPPI JR., 2012). • Poder contar com apoio externo
Cada município tem dever e como de universidades, ONG
responsabilidades de promover: “a defesa (Organização Não Governamental),
de seu patrimônio, natural ou cultural e do e instituições que possam trazer
201/222 Unidade 8 • Novas Tendências de Planejamento, Política e Sustentabilidade
saberes privilegiados da cidade para cidades, as sedes dos municípios, é mais
melhor capacitação dos funcionários. reduzido, principalmente naquelas mais
• Evitar superposições e conflitos urbanizadas e que, muitas vezes, possuem
entre equipes, buscando sinergias e áreas urbanas fragmentadas e dispersas.
cooperação institucionais. No ambiente construído das cidades
• Evitar procedimentos longos e ocorrem as relações entre o sistema
burocratizados, substituindo-os natural, formado pelos meios físico e
por caminhos mais curtos, ágeis e biológico, e o sistema antrópico, composto
eficazes. pelo elemento humano e suas atividades,
constituindo o que se chama ecossistema
• Divulgar para todos os níveis de urbano. As necessidades e dinâmicas desse
parceiros e corresponsáveis as ações ecossistema que abriga o ser humano vão
desenvolvidas, suas dinâmicas, além das biológicas, abrangendo também
prazos e justificativa, facilitando o aspectos culturais, sociais e econômicos
conhecimento de todos sobre as (MOTA, 1999 apud JORGE; BRUNA, 2014).
ações realizadas pelo município.
Assim, diz Reissman (1970 apud JORGE;
BRUNA, 2014), a cidade pode ser
Muitas vezes o ambiente natural nas
considerada como um grande invento
202/222 Unidade 8 • Novas Tendências de Planejamento, Política e Sustentabilidade
humano e para tanto precisa organizar futuras. Como cooperar com as condições
esse sistema e viver em área urbana e do meio ambiente produzindo um
ocupar o meio ambiente, ou seja, organizar equilíbrio entre o uso de recursos naturais
sua gestão. Muitos dos problemas dessa sem desgastar o planeta, de modo que as
gestão da cidade hoje são os mesmos de novas gerações ainda possam viver com
antigamente, talvez em escala diferente qualidade ambiental?
devido ao tamanho da comunidade. A No final do século XX, segundo Silva et
água para beber e o tratamento do esgoto al. (2007 apud JORGE; BRUNA, 2014),
sempre foram necessários, mas atualmente buscavam-se modelos de gestão que se
a escala desses serviços é extremamente distanciavam-se dos modelos tradicionais
grande, demandando maior atenção e e autoritários e que pudessem absorver a
melhor tecnologia para o desenvolvimento participação da sociedade e permitir maior
desses serviços. transparência. Assim, em face deste novo
Também, nesse processo ecológico, são paradigma governamental que surgiu, o
utilizados insumos do meio natural e ficam desenvolvimento com bases sustentáveis
os rejeitos e mais insumos são usados e torna os aspectos econômico, social,
mais rejeitos são produzidos, formando ambiental e institucional mais complexo,
um desafio para as gerações atuais e as o que exigiu uma nova forma de gestão,
203/222 Unidade 8 • Novas Tendências de Planejamento, Política e Sustentabilidade
que, por ser compartilhada e democrática, de diferentes origens, como ONGs,
denominou-se de governança. empresários, sociedade civil organizada
A governança é um conceito ou não, e órgãos públicos. Nesse sentido, a
suficientemente amplo para incluir o governança qualifica o uso da autoridade
governo, indivíduos, instituições públicas do Estado. Envolve, portanto, a forma
e privadas para administrar os problemas como o poder é exercido, ou seja, como
e objetivos comuns. Isto pode acontecer é a relação entre o Estado e os grupos
de maneira formal e institucional, mas organizados da sociedade nos processos
pode também ser informal. Em função do de tomada de decisão, de monitoramento
estabelecimento de objetivos comuns, e implementação das políticas públicas
no entanto, raramente é necessária a (ANASTÁCIA; AZEVEDO, 2002 apud JORGE;
utilização de coerção para se implantar BRUNA, 2014).
decisões tomadas nesse tipo de processo. Como a governança necessariamente inclui
Para Gohn (2007 apud JORGE; BRUNA, participação de outros atores que não
2014), a governança local refere-se a apenas o poder público, ela é considerada
um sistema de governo formado por mais ampla que o governo (GONÇALVES,
um universo de parcerias e gestão 2006 apud JORGE; BRUNA, 2014). Essas
compartilhada entre diversos atores questões de governança se destacam
204/222 Unidade 8 • Novas Tendências de Planejamento, Política e Sustentabilidade
principalmente em um período em que impulsionar o desenvolvimento local
as interdependências estão crescendo tem sido o foco de discussão nos últimos
e o desafio da governança passa a gerar tempos. O objetivo, contudo, é mais amplo:
princípios normativos capazes de alterar o um desenvolvimento efetivo, alicerçado
comportamento de grupos, influenciando nas dimensões da sustentabilidade.
comportamentos individuais apropriados. Essas dimensões, elencadas por Sachs
Desse modo, destaca-se, por exemplo, (1993 apud JORGE; BRUNA, 2014), vêm
o limite de uso do solo, tanto urbano sendo revisitadas constantemente nos
quanto rural, introduzindo mecanismos eventos debatedores da temática da
de compartilhamento de custo e de sustentabilidade:
responsabilidades, entre outros. Desse Sustentabilidade ecológico-ambiental:
modo, não mais se aceita um crescimento refere-se à base física do processo de
econômico que ignore os impactos no desenvolvimento e objetiva a conservação
meio ambiente, pois se deve lutar para e uso racional do estoque de recursos
organizar sociedades que partilhem, naturais incorporados às atividades
simultaneamente, o desenvolvimento produtivas e à manutenção da capacidade
econômico, social e ambiental. de carga dos ecossistemas, ou seja, da
A busca por alternativas que possibilitem capacidade do meio ambiente para
205/222 Unidade 8 • Novas Tendências de Planejamento, Política e Sustentabilidade
absorver e recuperar-se das agressões Sustentabilidade demográfica
antrópicas. ou espacial: renovada por teorias
Sustentabilidade econômica: permite neomalthusianas, refere-se à capacidade
a manutenção de um crescimento de suporte do planeta ante o crescimento
econômico cujas variáveis não afetem desenfreado da população e suas
de forma negativa as demais dimensões. consequentes características, como
Constitui-se em um desafio e pivô de ocupação irregular do espaço, migração
grande parte das controvérsias em etc.
torno do conceito de desenvolvimento
sustentável, pois a introdução da ética no
campo da economia faz que o conceito de
Link
sustentabilidade econômica permaneça A Teoria Neomalthusiana defende o
um tanto vago e obscuro. Essa dimensão controle do crescimento populacional
pressuporia a desconstrução do modelo para conter o avanço da miséria nos países
alicerçado no utilitarismo econômico e a subdesenvolvidos. Disponível em: <http://www.
consequente reconstrução de um novo mundoeducacao.com/geografia/teoria-
modelo. neomalthusiana.htm>. Acesso em: 22 jun.
2015.

206/222 Unidade 8 • Novas Tendências de Planejamento, Política e Sustentabilidade


• Sustentabilidade social: tem por participação dos cidadãos nos
objetivo principal a melhoria da processos de desenvolvimento.
qualidade de vida, ou seja, a redução • Sustentabilidade institucional:
de problemas como a pobreza, a projeta no próprio desenho das
desigualdade e a exclusão social. instituições que regulam a sociedade
• Sustentabilidade cultural: refere- e a economia as dimensões sociais e
se à manutenção da diversidade políticas da sustentabilidade em seus
em sentido mais amplo, isto é, à conteúdos macro.
preservação de valores, costumes, No que diz respeito à dimensão
práticas e toda e qualquer institucional do desenvolvimento,
manifestação que represente a observa-se que ela ganha corpo
identidade de um povo, um grupo, na atual conjuntura. Ela prevê que
uma nação, uma região. novas ou redesenhadas arquiteturas
• Sustentabilidade política: está organizacionais sejam implementadas na
ligada ao processo de construção busca de estratégias para a construção
da cidadania, à garantia do pleno de um desenvolvimento socialmente
acesso dos indivíduos aos direitos mais justo, ecologicamente prudente
e garantias fundamentais e à e economicamente eficaz. Evoca-se
207/222 Unidade 8 • Novas Tendências de Planejamento, Política e Sustentabilidade
o desenvolvimento e/ou mudanças comuns sem lhes retirar ou diminuir a
institucionais das organizações do autonomia. Muitos já adotam consórcios
governo da sociedade civil e dos agentes intermunicipais no âmbito da saúde,
produtivos, buscando a criação de novas mas essa atuação conjunta certamente
ou reformulação de antigas formas pode render bons resultados também em
de articulação entre essas esferas outras áreas, como meio ambiente, obras,
(DALLABRIDA; PELLIN, 2012). serviços públicos, turismo e tratamento do
Para estes autores, a criação de consórcios lixo, sobretudo em municípios de pequeno
intermunicipais revela-se uma iniciativa porte.
muito eficaz. Municípios pertencentes Assim, em que pese os consórcios
à mesma região ou microrregião se públicos intermunicipais servirem como
unem e somam forças, compartilham alternativas e ferramentas da União e
estruturas, dividem investimentos e dos estados para repassarem funções e
recursos e diminuem os custos de cada serviços e transferirem responsabilidades
ente para resolver problemas comuns às instâncias municipais e regionais,
que extrapolam as fronteiras de cada cujas competências são dos três entes
município. Parcerias como essas permitem federados, estudos demonstram que, do
que os municípios solucionem problemas ponto de vista das ações dos governos
208/222 Unidade 8 • Novas Tendências de Planejamento, Política e Sustentabilidade
municipais envolvidos, sua criação pode A crescente demanda por serviços
produzir resultados positivos de cinco tipos essenciais – muitos dos quais
(VAZ; CACCIA-BAVA, 2000, p. 28 apud responsabilidades transferidas de outros
DALLABRIDA; PELLIN, 2012): entes, sem a devida contraprestação de
recursos – atrelada à impossibilidade de
• Aumento da capacidade de
atendê-los de forma efetiva, exige que
realização.
as instâncias locais deixem sua zona de
• Maior eficiência do uso dos recursos conforto e sejam obrigadas a encontrar
públicos. alternativas criativas e inovadoras
• Realização de ações inacessíveis a para fazer frente às suas competências
uma única prefeitura. e responsabilidades. A criação de
consórcios intermunicipais constitui-
• Aumento do poder de diálogo,
se em uma dessas alternativas, cuja
pressão e negociação dos municípios.
operacionalização, inclusive, encontra-
• Aumento da transparência das se agora amparada por legislação
decisões públicas. disciplinadora em âmbito nacional.
• Estimulo a uma mudança de cultura. O arranjo institucional caracterizado pelo
consórcio municipal demonstra, portanto,
209/222 Unidade 8 • Novas Tendências de Planejamento, Política e Sustentabilidade
ser uma alternativa viável para a solução de questões locais/regionais. Ela não deve, porém, ser
levada a cabo somente como resposta a uma necessidade premente e inadiável, mas fruto de
um processo de planejamento para a sustentabilidade local.

Glossário
Governança - deriva do termo governo, e pode ter várias interpretações, dependendo do
enfoque. (Fonte: Disponível em: <http://www.significados.com.br/?s=governan%C3%A7a>.
Acesso em: 22 jun. 2015.
Vanguarda - frente, dianteira. (Fonte: Disponível em: <http://www.significados.com.br/
vanguarda/>. Acesso em: 22 jun. 2015).

210/222 Unidade 8 • Novas Tendências de Planejamento, Política e Sustentabilidade


?
Questão
para
reflexão

Após a realização da leitura fundamental, você agora


aprofundará seus conhecimentos acerca do conceito
e prática da sustentabilidade nas cidades, acessando
o site <http://www.cidadessustentaveis.org.br/> e
identificando os diversos exemplos práticos de cidades
sustentáveis e a aplicação do conceito de governança
ambiental municipal, por meio da leitura dos artigos na
seção biblioteca e demais seções disponíveis no site.

211/222
Considerações Finais

Para que se incorpore “novos olhares e vivências” direcionados às


novas tendências do planejamento ambiental para a sustentabilidade
nos territórios e localidades, devemos pensar o desenvolvimento, a
modernização, as mudanças requeridas em nosso tempo para o que se
avizinha, por um caminho “ecocentricamente” (não “egocentricamente”)
virtuoso, mais que exclamações enfáticas, uma abordagem crítica sim, mas
vivencial.
Diante do fato do município se estabelecer, ora como território geopolítico,
ora como territorialidade que constitui o espaço local e, portanto, o
lócus onde a vida se dá e onde se constrói fundamentalmente o senso de
pertencimento e de responsabilidade. Por esse motivo, a temática ambiental
considera que o “local” se constitui o espaço por excelência da gestão
ambiental, que deve ser, sobretudo, fundamentada na participação social, ou
mais especificamente na governança.

212/222
Referências

ALMEIDA, J.R.; et al. Política e planejamento ambiental. 3. ed. 2. Reimpressão. Rio de Janeiro:
Thex, 2008. 480p.
DALLABRIDA, I.S. Gestão consorciada intermunicipal para sustentabilidade. In: PHILIPPI JR., A.
SAMPAIO, C. A. C.; FERNANDES, V. Gestão de natureza pública e sustentabilidade. Barueri, SP:
Manole. 2012. p. 57-89.
GIARETTA, J. B. Z. O município como ente central na gestão ambiental brasileira. In: PHILIPPI JR.,
A. SAMPAIO, C. A. C.; FERNANDES, V. Gestão de natureza pública e sustentabilidade. Barueri,
SP: Manole. 2012. p. 179-208.
JORGE, P. R.; BRUNA, G. C. Governança municipal como ferramenta para o desenvolvimento
sustentável. In: PHILIPPI JR., A.; ROMERO, M. A.; BRUNA, G. C. Curso de gestão ambiental.
Barueri, SP: Manole. 2014. p. 57-89.
MANTOVANELI JR, G. A sustentabilidade como projeto para a cidadania planetária. In: PHILIPPI
JR., A. SAMPAIO, C. A. C.; FERNANDES, V. Gestão de natureza pública e sustentabilidade.
Barueri, SP: Manole. 2012. p. 57-89.
PHILIPPI JR., A. et al. Uma introdução à gestão ambiental. In: PHILIPPI JR, A. et al. (orgs.). Curso
de gestão ambiental. Barueri, SP: Manole. 2004. p. 03-15.

213/222 Unidade 8 • Novas Tendências de Planejamento, Política e Sustentabilidade


Assista a suas aulas

Aula 8 - Tema: Novas Tendências ee Aula 8 - Tema: Novas Tendências ee


Planejamento, Política e Sustentabilidade Planejamento, Política e Sustentabilidade –
– Parte I  Parte II.
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1d/68cc6fb37e25377635957fb1ab1d3420>. 9c46ddc7f87803f698277ca2f458c4>.

214/222
Questão 1
1- Existe uma tendência que relaciona complexidade nos ecossistemas e
seu estágio de amadurecimento e por sequência nos ecossistemas urba-
nos. Qual é esta tendência?
a) Verticalização da complexidade.
b) Manutenção da complexidade.
c) Redução da complexidade.
d) Alteração da complexidade.
e) Aumento da complexidade.

215/222
Questão 2
2- “Não retirar da natureza mais que a sua capacidade de reciclagem e
não lançar nos ecossistemas mais que sua capacidade de absorção” re-
quer mais que conhecimento dos limites da natureza, ou seja, requer:
a) Maiores investimentos em produção limpa e em sistemas de aterros sanitários adequados.
b) Maiores investimentos financeiros em materiais recicláveis.
c) Novos valores de mediação da relação sociedade-natureza, entre espaço individual e
coletivo, entre gerações presentes e futuras.
d) Novos valores de educação ambiental direcionados as gerações atuais, afim de minimizar
os impactos futuros.
e) Maiores investimentos financeiros em educação ambiental direcionados as gerações
atuais, afim de minimizar os impactos futuros.

216/222
Questão 3
3- Quais os três componentes de um município que segundo Philippi Jr.
et al, (2004), permanecem relacionados entre si?

a) Urbano, Rural e Primevo.


b) Urbano, Rural e Topográfico.
c) Rural, Paisagem e Primevo.
d) Rural, Primevo e Topográfico.
e) Primevo, Urbano e Topográfico.

217/222
Questão 4
4 - O que significa nas diversas dimensões da sustentabilidade, a susten-
tabilidade demográfica ou espacial?

a) Está ligada ao próprio desenho das instituições que regulam a sociedade e a economia as
dimensões sociais e políticas da sustentabilidade em seus conteúdos macro.
b) Está ligada ao processo de construção da cidadania, à garantia do pleno acesso dos
indivíduos aos direitos e garantias fundamentais e à participação dos cidadãos nos processos
de desenvolvimento.
c) Refere-se à manutenção da diversidade em sentido mais amplo, isto é, à preservação de
valores, costumes, práticas e toda e qualquer manifestação que represente a identidade de um
povo, um grupo, uma nação, uma região.
d) Refere-se à base física do processo de desenvolvimento e objetiva a conservação e uso
racional do estoque de recursos naturais.
e) Refere-se à capacidade de suporte do planeta ante o crescimento desenfreado da
população e suas consequentes características, como ocupação irregular do espaço, migração
etc.

218/222
Questão 5
5- Qual é a iniciativa apresentada na leitura fundamental como inova-
dora e eficaz segundo diversos autores para o gerenciamento ambiental
territorial pelos municípios?
a) Convênios.
b) Consórcios.
c) Programas e Projetos.
d) Planejamentos.
e) Parcerias.

219/222
Gabarito
1. Resposta: E. relação ao uso dos recursos naturais,
mas na construção da territorialidade e
Todos os ecossistemas tendem ao aumento consequentemente nos seus processos de
da complexidade e a estágios mais gestão.
maduros da sucessão. Isso sucede também
nos ecossistemas urbanos e assim se 3. Resposta: A.
comprova que a complexidade do conjunto
da cidade tem tendência a aumentar. O município é formado pelos seguintes
ambientes que permanecem relacionados
2. Resposta: C. entre si: urbano, que contempla circulação
de pessoas, trabalho, lazer, habitações,
No bojo das discussões sobre saneamento, dentre outros; rural, que
desenvolvimento sustentável e gestão abriga atividades agrícolas e minerais,
ambiental, de acordo com Fernandes basicamente o setor primário de produção;
e Sampaio (2008 apud GIARETTA; e primevo, com característica específicas
FERNANDES; PHILIPPI JR., 2012), as cidades de cada região, reservas e identidades do
constituem espaço fundamental para ecossistema (PHILIPPI JR., et al, 2004).
uma mudança de paradigma, não só em

220/222
Gabarito
4. Resposta: E. ocupação irregular do espaço, migração
etc.
A busca por alternativas que possibilitem
impulsionar o desenvolvimento local 5. Resposta: B.
tem sido o foco de discussão nos últimos
tempos. O objetivo, contudo, é mais amplo: Evoca-se o desenvolvimento e/ou
um desenvolvimento efetivo, alicerçado mudanças institucionais das organizações
nas dimensões da sustentabilidade. do governo da sociedade civil e dos
Essas dimensões, elencadas por Sachs agentes produtivos, buscando a criação
(1993 apud JORGE; BRUNA, 2014), vêm de novas ou reformulação de antigas
sendo revisitadas constantemente nos formas de articulação entre essas esferas
eventos debatedores da temática da (DALLABRIDA; PELLIN, 2012). Para
sustentabilidade: sustentabilidade estes autores, a criação de consórcios
demográfica ou espacial: renovada por intermunicipais revela-se uma iniciativa
teorias neomalthusianas, refere-se à muito eficaz.
capacidade de suporte do planeta ante o
crescimento desenfreado da população e
suas consequentes características, como

221/222

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