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PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO
SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DE RORAIMA

Processo N° 0005628-87.2015.4.01.4200 - 4ª VARA - BOA VISTA


Nº de registro e-CVD 00149.2018.00044200.1.00611/00128

SENTENÇA TIPO D (Resolução CJF nº 535, de 18.12.2006)


13101 – PROCESSO COMUM
PROCESSO Nº: 5628-87.2015.4.01.4200
AUTOR: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
RÉUS: EUGENIA GLAUCY MOURA FERREIRA E OUTROS

SENTENÇA
I

O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL ofereceu denúncia perante o Tribunal


Regional Federal da 1ª Região em face de SAMIR DE CASTRO HATEM, JOÃO BATISTA
CARVALHO DE AGUIAR, AUGUSTO CESAR ALMEIDA DE JESUS, ELDER LUCAR
TAVORA DE AGUIAR, CARLA CARLON VALIERA, ALCEMIR DE OLIVEIRA, ÉLIDA
FAUSTINO ALMEIDA, MARIA DE LOURDES DA SILVA ANDRADE NETA, TAMACHI
GOMES NAKAZAKI, CATHERINE PEREIRA DEAN RAMOS, ANNA PAULA VIEIRA DE
SIQUEIRA E SILVA, JOÃO MONTEIRO DA SILVA FILHO, LIDAÍ ALVES DE ALENCAR,
ROOSEVELT PONTES DA SILVA JÚNIOR, MIZAEL NERES ARAUJO, MACLISON
LEANDRO CARVALHO DAS CHAGAS, HAIRTON LEVEL SALOMÃO, SANDRA SUELY
RAIOL QUEIROZ, LEIDE DAIANA DE LIMA RIBEIRO, ELAINE CRISTINA RAPOSO DE
SEIXAS, EMERSON RENNER LIMA, LARISSA LOPES GEMUS, WANDA CAVALCANTE
LOTAS, MIGUEL ÂNGELO TEIXEIRA BRANDÃO D'ELIA, JOSENILSON FERREIRA
NUNES, MOISÉS ARAÚJO FILHO, MARIA DO SOCORRO RESENDE DA SILVA CRUZ,
ANCILENE SILVA DE ARAÚJO, MARISTELA GOMES DE MOURA, EUGÊNIA GLAUCY
MOURA FERREIRA e RODOLFO PEREIRA, pelo suposto cometimento de crimes
praticados em processos licitatórios mediante favorecimento de empresas, ocasionando
prejuízo ao erário federal.
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O feito foi desmembrado para que os denunciados que não possuíam foro por
prerrogativa de função fossem processados na Seção Judiciária de Roraima, continuando
o processo perante o e. TRF-1 somente em relação aos denunciados SAMIR DE
CASTRO HATEM e EUGÊNIA GLAUCY MOURA FERREIRA.

Decisão de fl. 5.158 determinou a remessa dos autos à Seção Judiciária do


Estado de Roraima, ante a informação de que os acusados não possuíam mais o foro por
prerrogativa de função.

Às fls. 5167/5207, o Ministério Público Federal ofereceu aditamento à


denúncia, ratificando parcialmente a peça acusatória apenas em relação ao crime do art.
288 do CP, formulado contra EUGÊNIA GLAUCY MOURA e SAMIR DE CASTRO HATEM,
além de imputar novos crimes licitatórios e contra a Administração Pública a SAMIR DE
CASTRO HATEM, bem como incluir no polo passivo do feito os acusados MARIA
GERCINA DO NASCIMENTO, KÉDIMA GONÇALVES BELUOMINI, ANTÔNIO
LEOCÁDIO VASCONCELOS FILHO, ALBERTO DO CARMO DA COSTA E KARINA LÍGIA
DE MENEZES LINS, imputando-lhes a prática do crime de quadrilha, além de crimes
licitatórios e contra a Administração Pública.

O MPF narra que os denunciados EUGÊNIA GLAUCY MOURA, SAMIR DE


CASTRO HATEM, ANTÔNIO LEOCÁDIO VASCONCELOS FILHO, MARIA GERCINA DO
NASCIMENTO, KÉDIMA GONÇALVES BELUOMINI, ALBERTO DO CARMO DA COSTA e
KARINA LÍGIA DE MENEZES LINS instalaram uma organização criminosa no âmbito da
SESAU/RR com a finalidade de cometer um número indeterminado de crimes em
detrimento do Erário Federal.

Relata que SAMIR DE CASTRO HATEM, durante sua gestão diante da


SESAU/RR (28/01/2009 a 26/10/2009), foi o principal agente viabilizador do esquema
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criminoso, perpetuando as fraudes que se iniciaram na gestão de EUGÊNIA GLAUCY


MOURA.

Aduz que, logo após o acusado assumir como Secretário de Saúde, encetou
conluio com JOÃO BATISTA CARVALHO DE AGUIAR, sócio da empresa CARDAN
IMPORTAÇÃO EXPORTAÇÃO COMÉRCIO SERVIÇO E REPRESENTAÇÃO LTDA, a fim
de que a empresa permanecesse sendo beneficiada no âmbito da SESAU/RR com o
direcionamento de licitações para a aquisição de medicamentos.

Narra que SAMIR passou a exigir o Certificado de Boas Práticas de


Armazenamento e Distribuição de Medicamentos (CBPDA), o que favoreceu a empresa
CARDAN nas licitações, pois, na época dos fatos, a empresa era a única detentora do
certificado no Estado de Roraima.

Afirma que a denunciada MARIA GERCINA DO NASCIMENTO, na qualidade


de Assessora Jurídica, chancelava a exigência indevida do CBPDA, emitindo pareceres
com a finalidade de conferir ares de legalidade às fraudes cometidas pela quadrilha.

Sustenta que o denunciado ANTÔNIO LEOCÁDIO VASCONCELOS FILHO,


atuando como Secretário de Saúde da SESAU/RR, continuando o esquema para
beneficiar a CARDAN, efetuou pagamentos, permitindo a quitação de produtos adquiridos
da empresa sem licitação, com base apenas em meras requisições diretas e com valores
superfaturados.

Por fim, aduz que a denunciada KÉDIMA GONÇALVES BELUOMINI, no cargo


de farmacêutica e Gerente do Núcleo de Medicamentos Básicos e Hospitalares da
SESAU/RR, emitia documentos favoráveis à entrega de medicamentos pela CARDAN em
quantitativos menores que os faturados e pagos, bem como assinava pareceres
favoráveis à troca de marcas de medicamentos por outras mais baratas, sem a devida
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contrapartida.

A denúncia foi recebida em 29/10/2015 (fls. 5209/5213 do Volume XXVII).

Citados, os réus KARINA LIGIA DE MENEZES LINS, MARIA GERCINA DO


NASCIMENTO, ANTÔNIO LEOCÁDIO VASCONCELOS FILHO e SAMIR DE CASTRO
HATEM apresentaram defesa preliminar, respectivamente, às fls. 5234/5236, 5237/5427,
5432/5538 e 5541/5566 dos Volumes XXVII e XXVIII.

Cópia da Decisão às fls. 5610/5613 do Volume XXVIII que rejeitou a Exceção


de Incompetência.

À fl. 5627 (Volume XXVIII), consta certidão de transcurso in albis para os


acusados KÉDIMA GONÇALVES BELUOMINI (citada por edital à fl.5622), EUGÊNIA
GLAUCY MOURA FERREIRA (citada por mandado à fl.5224) e ALBERTO DO CARMO
DA COSTA (citado por mandado à f. 5579) apresentarem resposta à acusação.

Os acusados KÉDIMA GONÇALVES BELUOMINI, EUGÊNIA GLAUCY MOURA


FERREIRA e ALBERTO DO CARMO DA COSTA, por meio da Defensoria Pública da
União, apresentaram defesa preliminar às fls. 5633/5647 (Volume XXIX).

Afastadas as hipóteses de absolvição sumária, foi determinado o


desmembramento do feito em relação à acusada KÉDIMA GONÇALVES BELUOMINI,
porquanto citada por edital, não compareceu aos autos nem constituiu procurador,
conforme Decisão inserta às fls. 5752/5756 do Volume XXIX, mesma ocasião em que foi
designada audiência de instrução e julgamento.

O Conselho Federal da ordem dos Advogados do Brasil – CFOAB, às fls.


5909/5930 (Volume XXX), peticionou requerendo o ingresso no feito na condição de
assistente da acusada MARIA GERCINA DO NASCIMENTO, o que foi indeferido à fl.

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5931(Volume XXX) por falta de previsão legal.

Em audiência de instrução e julgamento, realizada no dia 26/10/2017 (termo –


fls. 5867 do Volume XXX), foram ouvidas as testemunhas de acusação MARCOS VITOR
CARVALHO DE SOUZA e CLÁUDIO RAFAEL MENDES COSTA, bem como as
testemunhas de defesa SHEILA APARECIDA HORTMAN, FRANCISCO ANACLETO DA
SILVA, CLAUDETE DA SILVA, MARIA DIZANETE DE SOUZA MATIAS e SÁVIO DE
ALMEIDA ALCOFORADO FILHO.

Posteriormente, em audiência de continuação realizada em 17/01/2018 (termo


– fls. 5938 do Volume XXX), foi realizada a oitiva das testemunhas ROBERTA NOGUEIRA
CALANDRINI DE AZEVEDO e JOSIMAR LINS PEREIRA FILHO. Após, procedeu-se ao
interrogatório dos acusados EUGÊNIA GLAUCY MOURA, MARIA GERCINA DO
NASCIMENTO, SAMIR DE CASTRO HATEM e ANTÔNIO LEOCÁDIO VASCONCELOS
FILHO ALBERTO DO CARMO DA COSTA.

A testemunha de acusação MARCOS VITOR CARVALHO DE SOUZA, servidor


do Tribunal de Contas do Estado, explicou que participou da primeira fase da auditoria,
relacionada aos Pregões ns. 001/2009 e 002/2009.

Afirmou que foi identificado superfaturamento, em razão de contratação por


valores acima de preço de mercado, além da não entrega de materiais em alguns casos.

Explicou que a conclusão de superfaturamento teve como base a tabela de


preços da CMED, que fixa o preço máximo de aquisição de medicamentos pelos órgãos
públicos.

Em relação a não entrega de medicamentos, assinalou que algumas Notas


Fiscais foram utilizadas para o pagamento de materiais/medicamentos que haviam sido
entregues anteriormente, sem licitação, por meio de simples requisições realizados por
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servidores da SESAU à CARDAN.

Asseverou que também havia solicitação de permuta de medicamentos, com a


utilização de uma planilha anexa.

Assentou que foi feito o levantamento de notas de entrada da CARDAN, por


meio do que concluíram que a empresa não tinha estoque suficiente para atender ao que
estava descritos nas Notas Fiscais.

Assinalou que encontraram requisições usadas para a entrega de material sem


licitação tantos nos documentos apreendidos na SESAU quanto na CARDAN, e que os da
empresa estavam dentro de uma pasta chamada “requisições sem processo”.

Esclareceu que a tabela CMED considera o ICMS de cada estado, mas não
soube informar detalhes de como é feita a composição de custos da tabela.

Consignou que o acusado SAMIR autorizou alguns termos de referência e


homologou os processos licitatórios.

A testemunha de acusação CLÁUDIO RAFAEL MENDES COSTA afirmou que,


durante a auditoria documental em que participou, foram identificadas várias
irregularidades, dentre as quais: montagem de processo licitatórios, direcionamento
através de clausulas restritivas, substituição de medicamentos, solicitação de
medicamentos sem procedimento licitatório prévio, pagamento de Notas Fiscais a maior,
entregue de Notas Fiscais com medicamentos não correspondentes ao que foi
efetivamente entregue.

Ressaltou que o procedimento a licitação por meio de pregão presencial foi


feita sem nenhuma justificativa e que a exigência do CBPDA não encontra respaldo na
legislação.

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Registrou que tais irregularidades foram respaldadas por toda a estrutura da


SESAU, desde a assessoria jurídica até a homologação pelo Secretário.

Consignou que foram identificadas requisições de medicamentos/materiais que


não encontravam respaldo em procedimentos licitatórios prévios, por meio de autorização
informal e pagos por trocas realizadas em Notas Fiscais posteriores.

Assinalou que foram apreendidos documentos internos na CARDAN que


listavam medicamentos que deveriam ser cobrados, bem como documentos na SESAU
que indicavam que precisaria de um ajuste com licitações a serem realizadas no futuro.

Quanto ao superfaturamento, explicou que a pesquisa de preços da licitação


não refletia as condições de mercado (tabela CMED).

Destacou que foi demonstrado, através de algumas licitações que tiveram


propostas de outras empresas posteriormente desabilitadas, que havia a possibilidade de
os medicamentos terem sido comprados por preços menores.

Registrou que havia um ajuste prévio na SESAU para perpetrar as


irregularidades, conclusão que chegou através da análise documentos e depoimentos
prestados à Polícia Federal,

As testemunhas de defesa SHEILA APARECIDA HORTMAM e MARIA


DIZANETE DE SOUZA MATIAS não trouxeram informações relevantes concernentes aos
fatos imputados aos acusados.

A testemunha de defesa FRANCISCO ANACLETO DA SILVA afirmou que havia


o comitê gestor que se reunia toda quarta-feira para tratar de todas as dificuldades e
informações em relação aos trabalhos desempenhados, com registro em ata.

Consignou que nunca viu, nas citadas reuniões, o acusado SAMIR DE


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CASTRO HATEM negociar com alguma empresa para antecipar entrega de materiais e
medicamentos.

A testemunha de defesa CLAUDETE DA SILVA afirmou que o acusado SAMIR


DE CASTRO HATEM, assim que assumiu a gestão da SESAU-RR, reorganizou a
estrutura da Secretaria, por meio de uma reanálise de toda a estrutura, e não apenas dos
processos licitatórios.

Assinalou que o acusado criou um colegiado gestor, formado pelos


coordenadores, que perdurou durante toda a sua gestão, no qual discutiam os problemas
da semana e decidiam de forma colegiada.

Asseverou que a SESAU-RR passou a exigir o CBPDA no fornecimento de


todos os insumos farmacêuticos, visto que tinha que obedecer não apenas a Lei 8.666/93,
mas também as normativas da ANVISA.

A testemunha de defesa SÁLVIO DE ALMEIDA ALCOFORADO FILHO afirmou


que, quando o acusado LEOCÁDIO assumiu a Secretaria, fez o reconhecimento de
dívidas do ano anterior, com o devido parecer da controladoria.

Em audiência de continuação (fl. 5935 do vol. XXX), a testemunha de defesa


ROBERTA NOGUEIRA CALANDRINI DE AZEVEDO afirmou que o acusado SAMIR DE
CASTRO HATEM, quando assumiu a Secretaria, criou um comitê gestor, tendo a
depoente participado da segunda reunião realizada pelo então secretário, negando que,
na oportunidade, o acusado teria dito que, durante os próximos seis meses, toda
medicação seria fornecida diretamente pela CARDAN, independente de licitação.

A testemunha de defesa JOSIMAR LINS PEREIRA FILHO não trouxe


informações relevantes relativas aos fatos imputados aos acusados.

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Em seu interrogatório, o acusado SAMIR DE CASTRO HATEM sustentou que,


à época, foi convidado pelo Governador do Estado de Roraima para desenvolver um
trabalho eminentemente técnico.

Para isso, pontuou que convocou todos os técnicos e fez a coleta das
informações da situação em que se encontrava a Secretaria de Saúde, ocasião em que
emitiu uma orientação para que suspendessem todos os processos que não fossem vitais
para o funcionamento da Secretaria.

Alegou que não houve, com essa ação, o favorecimento de qualquer empresa
fornecedora.

Argumentou que o Ministério da Saúde, em 2008, expediu uma determinação


para que as Secretarias de todo o Brasil exigissem o CBPDA, que, no seu entendimento,
visava preservar a qualidade do medicamento, sobretudo, em regiões quentes como a
nossa.

Aduz que foi realizado um treinamento com a área técnica, que então solicitou
para a comissão de licitação exigir o CBPDA nos pregões.

Afirmou que várias empresas possuíam o CBPDA, e não apenas a CARDAN.

Consignou que o próprio Tribunal de Contas aprovou as suas contas em 2009,


o que significaria que a análise feita pelos auditores da CGU foi falha, tendo em vista que
foi embasada em documentos, três anos após os fatos, sem ouvir ninguém.

Negou ter autorizado a aquisição de medicamentos por simples requisição,


afirmando que não tinha conhecimento que essa prática estivesse ocorrendo.

Assinalou que as licitações ficaram suspensas por período inferior a 1 (um)


mês.
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Negou ter viabilizado o pagamento de itens sem licitações, por meio de notas
fiscais de outras mercadorias objetos de processo licitatório diverso.

Assentou que não se recorda da dispensa indevida de licitação atinente à nota


nº 2719, negando ter autorizado qualquer ato ao arrepio da lei.

A acusada EUGÊNIA GLAUCY MOURA negou que tenha liderado a formação


de quadrilha.

A acusada MARIA GERCINA DO NASCIMENTO afirmou que não imaginava


que a exigência do CBPDA poderia direcionar os pregões em favor da empresa CARDAN
e que não teria como saber quem tinha o certificado, a não ser quem atua na área.

Pontuou que havia ordem para que processos de medicamento tivessem maior
celeridade.

ANTÔNIO LEOCÁDIO VASCONCELOS FILHO, em seu interrogatório, afirmou


que não participou de nenhum dos processos licitatórios objetos da presente ação penal.

Relatou que procedeu ao pagamento de 60 (sessenta) notas fiscais atestadas


positivamente por vários servidores da Secretaria de Saúde.

Assinalou que os pagamentos foram autorizados, antes de instaurado o


procedimento investigatório no TCE/RR, e que nenhum órgão de controle externo
recomendou que não fossem efetuados os pagamentos em favor da CARDAN.

Alegou que deu prioridade ao pagamento em virtude de compromisso do


Estado com o Banco do Brasil, e não com a CARDAN.

O acusado ALBERTO DO CARMO DA COSTA aduziu que desconhece


qualquer recebimento de mercadorias sem processo licitatório,e que essa conferência era
realizada pelo farmacêutico que era seu superior hierárquico.
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A acusada KARINA LÍGIA DE MENEZES LINS negou ter conhecimento de


qualquer montagem no pregão 143/2009.

Em memoriais finais (fls. 6093/6125 do v. XXXI), o MPF/RR requereu a


condenação do réu SAMIR DE CASTRO HATEM no tocante ao direcionamento de
licitações em favor da empresa CARDAN, ao argumento de que foi comprovada a
conduta dolosa no sentido de restringir o caráter competitivo dos certames, ao exigir o
Certificado de Boas Práticas de Armazenamento e Distribuição de Medicamentos
(CBPDA) como requisito para participar das licitações (art. 90 da Lei nº 8.666/93).

Em relação ao crime de dispensa indevida de licitação (art. 89, caput, da Lei nº


8.666/93), requereu a condenação do réu SAMIR DE CASTRO HATEM , sob o argumento
de que concorreu para a aquisição de mercadorias da empresa CARDAN com base em
meras requisições, sem prévio procedimento licitatório, que seriam pagas por meio de
notas fiscais emitidas posteriormente pela empresa, com referência a outras mercadorias
objeto de algum procedimento licitatório.

No tocante ao crime do art. 96, IV, da Lei nº 8.666/93, sustenta que o


denunciado SAMIR DE CASTRO HATEM, mesmo com a entrega de apenas parte das
mercadorias discriminadas nas notas fiscais nº 2425, 2644, 2728 e 4646 referentes aos
pregões n.º 01/2009 e nº 02/2009, emitidas pela CARDAN, autorizou o pagamento
integral dos referidos documentos fiscais, dando azo à consumação da fraude.

Requereu a condenação de SAMIR DE CASTRO HATEM e ANTÔNIO


LEOCÁDIO VASCONCELOS FILHO no tocante à dispensa indevida de licitação atinente
às notas fiscais nº 9318, 9772 e 12128 (art. 89, caput, da Lei 8.666/83), sustentando que
a Secretaria de Estado da Saúde de Roraima recebeu com base em simples requisições
de servidores da referida pasta, materiais médico-hospitalares diretamente da CARDAN,
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Processo N° 0005628-87.2015.4.01.4200 - 4ª VARA - BOA VISTA


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para, posteriormente, o pagamento desses materiais serem efetivados, procedimento que


denota montagem (Pregão nº 06/2009).

Pugna pela condenação de ANTÔNIO LEOCÁDIO VASCONCELOS FILHO no


tocante à substituições indevidas de mercadorias (art. 96, inciso IV, da Lei 8.666/83), ao
argumento de que o acusado concorreu para a substituição de materiais de marca mais
cara por outra mais baratas, após solicitação da CARDAN, sem a devida contrapartida ao
Erário.

Requereu a condenação dos acusados SAMIR DE CASTRO HATEM e


ANTÔNIO LEOCÁDIO VASCONCELOS FILHO no crime do art. 96, inciso, I da Lei
8.666/83, porquanto teriam concorrido para a aquisição de mercadorias superfaturadas
fornecidas pela CARDAN (Notas Fiscais nº 2425, 2644 e 2728), causando um prejuízo
aos cofres públicos da ordem de R$ 280.091,77 (duzentos e oitenta mil, noventa e um
reais e setenta e sete centavos).

Em relação ao superfaturamento do pregão nº 143/2009 e à Nota Fiscal nº


2.719, requereu a condenação dos réus SAMIR DE CASTRO HATEM e ANTÔNIO
LEOCÁDIO VASCONCELOS FILHO pelo crime de peculato, na medida em que os
acusados, na qualidade de Secretários da SESAU/RR, concorreram para o desvio, em
proveito da CARDAN, de verbas federais das quais tinham a posse em razão do cargo.

Por outro lado, requereu a absolvição dos denunciados EUGÊNIA GLAUCY


MOURA FERREURA, SAMIR DE CASTRO HATEM, MARIA GERCINA DO NASCIMENTO
e ANTÔNIO LEOCÁDIO VASCONCELOS FILHO pelo crime de quadrilha (art. 288 do
Código Penal), ao argumento de que não há prova suficiente para demonstrar que os
denunciados tenham se associado de forma permanente e estável a outras pessoas,
notadamente aos servidores da SESAU, para a prática de crimes licitatórios ou crimes
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contra a Administração Pública.

Em relação ao crime de dispensa indevida de licitação (art. 89, caput, da Lei nº


8.666/93), imputado aos réus KARINA LÍGIA DE MENEZES LINS e ALBERTO DO
CARMO DA SILVA, e de direcionamento de licitações (art. 90 da Lei 8.666/83) imputado a
MARIA GERCINA DO NASCIMENTO, asseverou que, do conjunto probatório, não se
verificou elementos de provas hábeis a demonstrar, de forma segura, que os denunciados
tiveram dolo de praticar os tipos penais.

A defesa de MARIA GERCINA DO NASCIMENTO e KARINA LÍGIA MENEZES


LINS, em memoriais finais (fls. 6143/6154 e 6155/6165, Volume XXXI), sustentou que as
acusadas apenas agiram conforme preconizava suas atribuições à época.

Em memoriais finais (fls. 6166/6174, Volume XXXI), a acusada MARIA


EUGÊNIA GLAUCY MOURA pugna pela total improcedência dos pedidos iniciais em
razão da falta de tipicidade, bem como pela ausência de provas quanto à ocorrência dos
fatos alegados.

O acusado ANTÔNIO LEOCÁDIO VASCONCELOS FILHO apresentou


memoriais finais (fls. 6175/6183, Volume XXXI), por meio dos quais suscita,
preliminarmente, a inépcia da denúncia. No mérito, alega que não pode ser
responsabilizado por qualquer crime previsto na Lei 8.666/93, tendo em vista que os
processos licitatórios ocorreram bem antes da sua gestão na SESAU/RR.

No tocante ao crime de superfaturamento, sustenta que não se verifica a


subsunção entre o fato imputado ao acusado e crime de fraude (art. 96, I e IV da Lei
8.666/93), ante a ausência de má-fé.

Quanto à imputação pelo crime de peculato, alega que a única participação do


acusado foi efetuar o pagamento das notas nº 9772 e 12128, objetos de reconhecimento
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de dívida da gestão anterior.

O acusado ALBERTO DO CARMO DA COSTA, por meio da Defensoria Pública


da União, apresentou memoriais finais (fls. 6187/6192 Volume XXXI) requerendo a
absolvição por ausência de provas da autoria delitiva.

Às fls. 6212/6452 Volume XXXIII, o acusado SAMIR DE CASTRO HATEM


apresentou memoriais finais, por meio dos quais suscitou, preliminarmente, a nulidade
dos atos investigatórios, considerando que o Ministério Público Estadual tinha
conhecimento prévio de que as suspeitas pairavam sobre autoridades com prerrogativa
de foro, e mesmo assim solicitou diversas medidas a um Juízo de 1º grau,
manifestamente incompetente.

Assinalou ainda que relatório do MP de Contas, produzido unilateralmente pelo


Ministério Público, ofende o princípio do contraditório e que a fase do art. 402 do CPP foi
suprimida em audiência, ofendendo ao devido processo legal, além de cercear sua
defesa.

No mérito, quanto ao crime de direcionamento de licitações (art. 90 da Lei


8.666/93), alega que atendeu à determinação do Ministério da Saúde quanto à exigência
do CBPDA, e que todas as decisões eram tomadas por um colegiado (Comitê Gestor,
criado em 01/02/2009).

Quanto à dispensa indevida de licitação atinente à nota 2719 (art. 89, caput, da
Lei 8.666/93), argumenta que apenas realizou o pagamento de uma nota fiscal que
acreditava estar dentro da legalidade, mormente porque pagou com pareceres favoráveis
da controladoria e procuradoria jurídica.

Em relação à dispensa indevida de licitação atinente às Notas Fiscais de ns.


9318, 9772 e 12128 (art. 89, caput, da Lei 8.666/93), alega que o MPF atribui ao acusado
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conduta delituosa sem, contudo, demonstrar um acervo probatório hábil à condenação.

Quanto à montagem do pregão presencial nº 143/2009 (art. 89, caput, da Lei


8.666/93), assinala que o MPF trabalha com apenas indícios, sem demonstrar prova
capaz de ensejar condenação criminal.

Já em relação aos pagamentos de mercadorias não entregues (art. 96, IV da


Lei 8.666/93), argumenta que pagou pelas notas fiscais devidamente atestadas sem
ressalva por servidoras da SESAU/RR, e que o MPF tenta correlacionar a conduta das
servidoras que atestaram o recebimento integral das mercadorias e o pagamento feito por
SAMIR.

Quanto à imputação de ter concorrido para diversos superfaturamentos, alega


que não existe nenhuma prova de que o acusado tenha determinado ou, de alguma
forma, anuído dolosamente com eventuais elevações arbitrárias de preços.

Argumentou ainda que o relatório produzido pelos auditores que embasaram a


presente ação penal é nulo em sua integralidade, em razão de total ausência de justa
metodologia para a comparação das referências empregadas.

É o relatório. Decido.

II
Preliminares
Inicialmente, quanto ao pedido de retratação de fls. 6084/6090 (Volume XXXI),
mantenho a Decisão de fl. 5931 pelos seus próprios fundamentos.

Em relação à preliminar de nulidade dos atos investigatórios, conhecimento


prévio da existência de foro privilegiado, bem como da competência da Justiça Federal,
suscitada em memoriais pelas defesas de SAMIR DE CASTRO HATEM, ressalto que a
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matéria já foi objeto de análise (fls.5752/5756– Volume XXIX), estando, portanto,


preclusa.

Outrossim, não há que se há falar em supressão do art. 402 do Código de


Processo Penal, porquanto da simples leitura do artigo, é possível concluir que a defesa
poderá requerer diligências ao final da audiência, se as circunstâncias ou fatos apurados
na instrução assim fizerem necessários.

Como se depreende da ata da audiência (fls. 5935 – Volume XXX), nada foi
pedido pela defesa, não cabendo, portanto, ao magistrado intimar a defesa para requerer
diligências.

De igual modo, também não há que se falar em inépcia da inicial acusatória, tal
como ventilado por ANTÔNIO LEOCÁDIO VASCONCELOS FILHO, tendo em vista que a
denúncia ofertada pelo Órgão Ministérial preenche os requisitos legais previstos pelo art.
41 do Código de Processo Penal, na medida em que expõe o fato criminoso com a
enumeração nos autos dos indícios de autoria e materialidade delitiva do crime imputado
ao acusado.
Da materialidade e autoria
O processo foi pautado pelos parâmetros legais, não havendo quaisquer
irregularidades a serem sanadas, razão pela qual passo a analisar as teses apresentadas.

No mérito, cuida-se de denúncia calcada na Representação Criminal nº


0012871-43.2013.4.01.4200, com base no Relatório de Análises elaborado pela
Controladoria Geral da União, em conjunto com o Tribunal de Contas do Estado de
Roraima, com o fito de investigar desvio de recursos públicos no âmbito da Secretaria de
Saúde do Estado de Roraima, por meio de fraude em licitações e favorecimento de
empresas.
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Da imputação pelo delito do art. 288 do Código Penal (QUADRILHA) – EUGÊNIA


GLAUCY MOURA, SAMIR DE CASTRO HATEM, MARIA GERCINA DO NASCIMENTO,
e ANTÔNIO LEOCÁDIO VASCONCELOS FILHO
Da análise do arcabouço probatório que instruiu a ação penal e de tudo que se
descortinou durante a instrução processual, evidencia-se que não há provas suficientes
para configuração do delito em análise.

Isto porque o tipo penal em tela exige a associação permanente e estável de


pessoas com o fim de cometer crimes, sendo imprescindível o dolo de se associar com
estabilidade e permanência, o que não restou comprovado nos autos.

Assim, encerrada a instrução processual, a outra conclusão não é possível


chegar senão a de que a prova colhida é insuficiente para a condenação, porquanto
inexiste lastro probatório sólido para a formação do convencimento desse Juízo quanto à
autoria, o que enseja a absolvição dos acusados EUGÊNIA GLAUCY MOURA, SAMIR DE
CASTRO HATEM, MARIA GERCINA DO NASCIMENTO e ANTÔNIO LEOCÁDIO
VASCONCELOS FILHO, com fundamento no princípio do in dubio pro reo.
Da imputação pelo delito do art. 90, da Lei nº 8.666/93 (DIRECIONAMENTO DE
LICITAÇÕES) – DENUNCIADOS SAMIR DE CASTRO HATEM e GERCINA DO
NASCIMENTO
Da análise do arcabouço probatório e das provas produzidas durante a
instrução processual, em especial dos Termos de Referências referentes aos pregões nsº
01/2009, 02/2009, 05/2009 e 06/2009 (fls. 20, 261/263 e 415/418 da Notícia de Fato nº
1.32.000.000547/2015-31 e fl. 532/533 do Apenso III), bem como dos resultados dos
referidos pregões, restou caracterizada a materialidade delitiva.

O delito do art. 90 da Lei n° 8.666/83 é crime formal ou de consumação


antecipada que se perfaz com o ajuste ou combinação direcionada à frustração do caráter

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competitivo de procedimento licitatório.

O tipo penal especial em referência está assim descrito em lei:

Art. 90. Frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combinação ou qualquer outro


expediente, o caráter competitivo do procedimento licitatório, com o intuito
de obter, para si ou para outrem, vantagem decorrente da adjudicação do
objeto da licitação:
Pena- detenção, de 2 (dois)a 4 (quatro) anos, e multa.
A restrição ao caráter competitivo da licitação é confirmada no relatório da CGU
(fls. 13/14 do Apenso XV), por meio do qual se constata que a empresa CARDAN era a
única detentora do referido certificado, no Estado de Roraima, à época dos certames
licitatórios.

Com efeito, não há dúvida de que a exigência do Certificado de Boas Práticas


de Armazenamento e Distribuição de Medicamentos (CBPDA) restringiu o caráter
competitivo dos pregões ns. 1/2009, 2/2009, 5/2009 e 6/2009.

A referida exigência incidiu somente após o acusado SAMIR HATEM


determinar o adiamento por prazo indeterminado dos certames por meio dos memorandos
SESAU/GAB/MEMO ns. 015/2009 (fl. 19 da Notícia de Fato nº 1.32.000.000547/2015-31),
016/2009 (fl. 527 do Apenso III, 019/2009 (fl. 258 da Notícia de Fato nº
1.32.000.000547/2015-31) e 020/2009 (fl. 414 da Notícia de Fato nº
1.32.000.000547/2015-31).

Após o referido adiamento, foram expedidos os novos Termos de Referência,


autorizados pelo acusado SAMIR HATEM, desta vez com a exigência do CBPDA (fls. 20,
261/263 e 415/418 da Notícia de Fato nº 1.32.000.000547/2015-31 e fl. 532/533 do
Apenso III), o que permitiu o direcionamento dos pregões em favor da empresa CARDAN.

A existência do ajuste prévio com o intuito de direcionar o certame em favor da


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CARDA é corroborada pelo interrogatório em fase inquisitorial da farmacêutica


CATHERINE (fls. 130/135 do Apenso XIII), por meio do qual a depoente relata que teve
conhecimento de uma reunião entre o proprietário da empresa CARDAN e o novo
Secretário, SAMIR HATEM, após a posse deste no cargo.

No mesmo depoimento, afirmou ainda que, após a citada reunião, o então


secretário reuniu-se com ela e demais chefes dos hospitais e unidades, ocasião em que
informou que somente a empresa CARDAN entregaria os medicamentos e materiais
médico-hospitalares.

De igual modo, a testemunha de acusação CLÁUDIO RAFAEL MENDES


COSTA corroborou a denúncia, quando afirmou, em Juízo, que o procedimento licitatório
foi instruído de forma presencial, sendo que a legislação determina que a preferência é a
forma eletrônica e, no caso de impossibilidade, deve haver justificativa, o que não existiu.

Ademais, a testemunha confirmou que a empresa CARDAN era a única


detentora do CBPDA no estado de Roraima à época dos fatos, destacando que tais
irregularidades foram respaldadas por toda a estrutura da SESAU, desde a assessoria
jurídica até a homologação do processo pelo então Secretário SAMIR.

A testemunha ainda ressaltou que, após assumir a pasta da Saúde, o


Secretário SAMIR avocou para si e suspendeu os processos licitatórios em trâmite e, em
seguida, foram incluídas nas licitações as cláusulas restritivas de competitividade, relato
que está em harmonia com o depoimento da testemunha CLAUDETE DA SILVA.

Outrossim, não há que se falar que o Ministério da Saúde e a ANVISA façam


exigência do referido certificado das empresas que licitarem com o setor público, como
alegado pela defesa da acusada.

Isso porque a Portaria nº 2.814/1998, em seu art. 5º, exige o Certificado de


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Boas Práticas de Fabricação e Controle de Linha de Produção, e não o Certificado de


Boas Práticas de Armazenamento e Distribuição de Medicamentos (CBPDA).

Por sua vez, a RDC nº 30/2013, da ANVISA, apenas dispõe sobre os


procedimentos para a concessão do CBPDA, e não a exigência do certificado em
licitações públicas.

Desse modo, o sopesamento global das provas colhidas na instrução evidencia


que o acusado SAMIR HATEM, mediante combinação prévia, em continuidade delitiva,
concorreu para fraudar procedimentos licitatórios (Pregões Presenciais ns°. 1/2009,
2/2009, 5/2009 e 6/2009), viabilizando o direcionamento e contratação de sociedade
empresária especializada (CARDAN) no fornecimento de medicamentos e materiais
médico-hospitalares, conduta que se amolda ao delito previsto do art. 90 da Lei n°.
8.666/93.

Acerca da acusada MARIA GERCINA DO NASCIMENTO, o MPF sustentou


que, mesmo ciente da ilegalidade, a acusada emitiu pareceres de aprovação das minutas
e anexos dos Pregões ns. 01/2009, 02/2009, 05/2009 e 06/2009 (fls. 50V/51v, 282/283 e
436v/438 da Notícia de Fato nº 1.32.000.000547/2015-31), destacando que, na mesma
data dos referidos pareceres, os editais foram assinados.
Por sua vez, a acusada negou associação com quem quer que fosse para
fraudar licitação, bem como sustentou que, como assessora jurídica, apenas emitia
pareceres meramente opinativos, não vinculantes e sem caráter decisório.
Analisando os pareceres jurídicos de fls. 50V/51v, 282/283 e 436v/438 da
Notícia de Fato nº 1.32.000.000547/2015-31) verifica-se que, de fato, a acusada MARIA
GERCINA não se pronunciou em defesa da suposta cláusula restritiva de concorrência
(exigência do Certificado de Boas Práticas de Armazenamento e Distribuição de

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Medicamentos). As manifestações limitaram-se à análise de aspectos formais.


Não obstante, à luz do art. 38, § único da Lei n°. 8.666/93 1, há a exigência de
que a assessoria jurídica dos órgãos da Administração Pública examine previamente
minutas de licitação como forma de exercer um controle jurídico da validade dos atos
jurídicos já praticados e de outros previstos para o futuro.
Nas palavras de Marçal Justen Filho 2, “o parecer jurídico é relevante
precisamente porque não traduz uma atuação subordinada ao princípio da hierarquia. O
assessor jurídico está subordinado hierarquicamente à autoridade superior, mas não no
tocante ao conteúdo de sua convicção jurídica. O conteúdo da manifestação deve refletir
a convicção profissional do assessor jurídico relativamente à lei, à moralidade e a
conveniência dos atos administrativos”.
De fato, o parecer jurídico é ato de controle da legalidade e conveniência da
atividade administrativa licitatória e contratual que, segundo a doutrina citada, possui duas
finalidades jurídicas, quais sejam: impedir que uma atuação defeituosa seja consumada (o
assessor jurídico tem o dever de identificar os defeitos de legalidade e avaliar o
cumprimento das exigências formais) e desincentivar a prática de atos irregulares,
precipitados, não satisfatórios.
O mencionado administrativista3 acrescenta que “ao examinar e aprovar os atos
da licitação, a assessoria jurídica assume responsabilidade pessoal solidária pelo que vier

1 Art. 38, Parágrafo único, Lei n°. 8666/93: “As minutas de editais de licitação, bem como as dos contratos,
acordos, convênios ou ajustes devem ser previamente examinadas e aprovadas por assessoria jurídica da
Administração”. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)

2 JUSTEN FILHO, Marçal. Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos, Revista dos Tribunais, SP,
2017, p. 816.

3 JUSTEN FILHO, Marçal. Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos, Revista dos Tribunais, SP,
2017, p. 819.

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a ser praticado, no limite do desempenho das funções técnico-jurídicas. Como todo e


qualquer profissional, o advogado responde pela correção técnica dos seus atos. Não
existe situação de irresponsabilidade profissional para o assessor jurídico”.
O assessor jurídico, portanto, possui o dever de conhecimento, de informação
e atualização, de forma a conhecer as diversas alternativas admitidas como aceitáveis
pelos órgãos de aplicação do direito, bem como de prever decorrências e consequências
das alternativas disponíveis. Não há atuação satisfatória se o assessor jurídico afirmar a
validade de uma solução reputada como defeituosa.
A exigência do Certificado de Boas Práticas de Armazenamento e Distribuição
de Medicamentos (CBPDA) nos pregões em regência, notoriamente, apresenta-se como
cláusula restritiva de concorrência que, à luz do art. 3°, § 1°, I da Lei n°. 8666/93 4, vai de
encontro ao princípio da competitividade, distorcendo, portanto, a isonomia de tratamento
que deveria ser assegurado a todas as sociedades empresárias do ramo que
dispusessem do mencionado certificado.
Referido vício de legalidade do edital, conforme aludido acima, deveria ter sido
previamente examinado pela acusada, de maneira que o fato de não ter se manifestado,
em parecer, acerca da mencionada cláusula do edital não a exime de responsabilidade,
haja vista que, em razão das atribuições da função consultiva, assumiu o risco da
produção do resultado, qual seja, prejuízo ao Erário decorrente contratação viciada.
Registre-se que, independentemente do momento em que elaborado o parecer,
caberia à servidora parecerista analisar a legalidade do edital.

4 Art. 3°, § 1°, I: “I - admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de convocação, cláusulas ou condições que
comprometam, restrinjam ou frustrem o seu caráter competitivo, inclusive nos casos de sociedades
cooperativas, e estabeleçam preferências ou distinções em razão da naturalidade, da sede ou domicílio dos
licitantes ou de qualquer outra circunstância impertinente ou irrelevante para o específico objeto do contrato,
ressalvado o disposto nos §§ 5 o a 12 deste artigo e no art. 3o da Lei no 8.248, de 23 de outubro de
1991”; (Redação dada pela Lei nº 12.349, de 2010)
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Desse modo, ao emitir parecer sem reconhecer a cláusula restritiva ao caráter


competitivo das licitações, a acusada, ao menos com dolo eventual, contribuiu para
fraudar o processo licitatório, com o direcionamento dos pregões nº 01/2009, 02/2009,
05/2009 e 06/2009 à empresa CARDAN, conduta que se amolda ao delito previsto no art.
90 da Lei de Licitações.
Da imputação pelo delito do art. 89, da Lei nº 8.666/93 (dispensa indevida de
licitação) – DENUNCIADOS SAMIR DE CASTRO HATEM, ANTONIO LEOCÁDIO
VASCONCELOS FILHO, ALBERTO DO CARMO DA COSTA e KARINA LÍGIA DE
MENEZES LINS
O MPF alega que o crime de dispensa de licitação consumou-se nas ocasiões
em que a empresa CARDAN forneceu medicamentos e materiais médico-hospitalares, de
forma direta e antecipada, sem licitação, por meio de meras requisições (fls. 2594/2671
do Apenso XIV), como ocorrido na “montagem” do pregão nº 143/2009.

Em outros casos, a fraude operava-se mediante a “permuta” de materiais


adquiridos sem cobertura contratual com materiais constantes em licitações já realizadas
(NFs 2.719, 9.318, 9.772 e 12.128).

Para viabilizar o pagamento desses itens, os denunciados teriam utilizado


notas fiscais, posteriormente emitidas pela CARDAN, com referência a outras
mercadorias, objeto de algum outro procedimento licitatório.

Em síntese, o “modus operandi” consistia na permuta das mercadorias


licitadas, pelas mercadorias entregues anteriormente.

O delito imputado aos acusados está disposto no art. 89, da Lei nº 8.666/93, in
verbis:

Art. 89. Dispensar ou inexigir licitação fora das hipóteses previstas em lei, ou
deixar de observar as formalidades pertinentes à dispensa ou à inexigibilidade:

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Pena - detenção, de 3 (três) a 5 (cinco) anos, e multa.


Parágrafo único. Na mesma pena incorre aquele que, tendo comprovadamente
concorrido para a consumação da ilegalidade, beneficiou-se da dispensa ou
inexigibilidade ilegal, para celebrar contrato com o Poder Público.

Da análise do dispositivo, conclui-se que se trata de crime formal, que se


consuma com a prática do ato administrativo de dispensa ou declaração de inexigibilidade
(BALTAZAR, 2017).

No caso concreto, não houve a prática do ato administrativo de dispensa de


licitação pelos acusados quando do pagamento das mercadorias descritas, razão pela
qual entendo que a conduta narrada não se subsume ao art. 89 da Lei nº 8.666/93.

Com efeito, reputa-se atípica a conduta dos acusados em relação


especificamente ao crime previsto em comento.
Da imputação pelo delito do art. 312 do Código Penal (Nota Fiscal nº 2.719 (Pregão
nº 01/2009) e Notas Fiscais do Pregão nº 143/2009)– DENUNCIADOS SAMIR DE
CASTRO HATEM e ANTONIO LEOCÁDIO VASCONCELOS FILHO
Pela mesma conduta descrita no tópico anterior, o MPF sustentou na denúncia
que os valores destinados à quitação da Nota Fiscal nº 2.719 (Pregão nº 01/2009) e 9.318
(pregão nº 143/2009), além de caracterizar o crime do art. 89 da Lei nº 8.666/93, também
configurou o crime do art. 312 do Código Penal, haja vista que houve superfaturamento
dos produtos adquiridos, em benefício da empresa CARDAN, o que seria comprovado por
planilhas comparativas elaboradas pela CGU.

Na espécie, a materialidade do delito restou demonstrada pelo Relatório da


Controladoria Geral da União (fls. 47/48 do Apenso XV – Nota Fiscal nº 2.719 e
fls.170/171 do Apenso XV – Notas Fiscais do Pregão nº 143/2009), por meio do qual ficou
evidenciado que os preços contratados com a empresa CARDAN estavam
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superfaturados, o que, com o efetivo desembolso pela Administração, resultou em real


prejuízo aos cofres públicos.

As testemunhas MARCOS VITOR CARVALHO DE SOUZA e CLÁUDIO


RAFAEL MENDES COSTA corroboram a ocorrência do superfaturamento nos pregões, ao
afirmarem que as licitações foram baseadas em pesquisas de preços com valores acima
dos estabelecidos na tabela CMED.

A testemunha CLAUDIO RAFAEL destacou ainda que foi demonstrado, através


de algumas licitações que tiveram propostas de outras empresas posteriormente
desabilitadas, a possibilidade de compra dos medicamentos por preços menores dos
licitados.

Portanto, a autoria delitiva, em relação aos acusados, restou demonstrada


pelas provas colhidas ao longo da instrução, bem como pela vasta prova documental
produzida.

Ressalte-se que o crime de peculato consuma-se quando o servidor público


apropria-se ou desvia, qualquer bem público ou particular, de que tem a posse em razão
do cargo.

A jurisprudência do e. Superior Tribunal de Justiça é no sentido de que o crime


de peculato consuma-se tão somente pelo uso indevido de recursos, em proveito próprio
ou alheio, em prol de interesses estranhos à Administração, independentemente de
comprovação de destino, beneficiário ou prejuízo.

Colaciona-se acórdão pertinente:

PENAL. AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.


DISPENSA INDEVIDA DE LICITAÇÃO. COMPROVAÇÃO DO DELITO.
REEXAME FÁTICO. SÚMULA 7/STJ. ART. 1º, II, DO DECRETO-LEI N.
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201/1967. UTILIZAÇÃO INDEVIDA DE RECURSOS PÚBLICOS.


PROVEITO PRÓPRIO OU ALHEIO. REEXAME DE PROVAS. AFASTADO
O DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL. DESCLASSIFICAÇÃO DE PECULATO
DE USO PARA PECULATO. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO.
SÚMULA 211/STJ. 1. É descabido o argumento de que deveria ser
mencionado o exato destino dos recursos federais desviados e a pessoa
que se teria beneficiado, bem como a existência do efetivo prejuízo ao
Erário, porquanto, pelas provas colhidas, a instância ordinária entendeu
que os fatos supracitados foram suficientes para a configuração do delito e
o reexame da matéria encontra o óbice da Súmula 7/STJ. 2. A condenação
se deu em face da conclusão do julgador de ter o agravante utilizado, de
forma indevida e em proveito próprio ou alheio, os recursos do convênio
indicado e em benefício de interesses estranhos à Administração Pública.
(grifei) 3. Agravo regimental improvido. EMEN:
(AGARESP 201402228848, SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, STJ - SEXTA
TURMA, DJE DATA:05/11/2015 .DTPB.)
Em relação ao acusado SAMIR DE CASTRO HATEM, as provas que instruem a
ação penal evidenciam, como já exposto (vide tópico “Da imputação pelo delito do art. 90,
da Lei nº 8.666/93”), que o acusado foi o principal agente viabilizador do esquema
criminoso instalado na SESAU-RR, em benefício da empresa CARDAN, porquanto, de
todos os secretários de saúde aqui denunciados, foi quem ordenou o adiamento, por
prazo indeterminado, dos certames, bem como foi quem emitiu a ordem para que a
empresa CARDAN fosse a única responsável pela entrega de medicamentos e materiais
médico-hospitalares, entre outras ações voltadas para concretização das ilicitudes objeto
da ação penal.

Ademais, em relação à nota fiscal 2.719, o acusado ainda foi o responsável por
autorizar o pagamento à empresa CARDAN (fl. 128V da Notícia de Fato n.
1.32.000.000547/2015-3.

Em relação ao acusado ANTÔNIO LEOCÁDIO VASCONCELOS FILHO, a


autoria delitiva também restou evidenciada, na medida em que, por meio de ação dolosa,
autorizou o pagamento da Nota Fiscal nº 2.719, em 18/04/2011 (fl. 981 da Notícia de Fato
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n. 01.32.000.000547/2015-31), atuando de forma decisiva para que se concretizasse o


desvio de verba pública.

Cumpre assinalar que referido pagamento foi autorizado pelo denunciado


ANTÔNIO LEOCÁDIO VASCONCELOS FILHO no dia 18 de abril de 2011, ou seja, em
data posterior à deflagração da denominada “Operação Mácula”, fato ocorrido dia 16 de
março do mesmo ano.

Não convence a assertiva do acusado ANTÔNIO LEOCÁDIO, no sentido de


que apenas autorizou pagamentos, sem participar de processos licitatórios, assim como
não é aceitável a alegação de que não recebeu recomendação de órgão de controle para
deixar de efetuar pagamentos em favor da CARDAN.

Não convence porque era pleno conhecedor da deflagração da ação policial


que desencadeou a presente ação penal, fato foi noticiado em todos os meios de
comunicação.

Quanto à escusa de que não foi recomendado por órgão de controle, registre-
se que não precisava nem agir como homem médio para adotar cautelas necessárias
antes de autorizar o pagamento de mais de milhão de reais (1.313.121,95). Ao contrário,
bastaria ser minimamente prudente para autorizar o pagamento de quantia tão elevada,
sobretudo após tomar conhecimento de que diversas pessoas, inclusive o proprietário da
empresa favorecida com a ordem de pagamento (CARDAN), haviam sido presas por
desvio de verba da âmbito da secretaria de saúde do Estado de Roraima.

O dolo da conduta do acusado fica mais evidente se levado em consideração


que se trata de pessoa com vasta experiência política, eis que já atuou como Secretário
em diversas pastas e em diferentes governos do Estado de Roraima.

Assim, dadas as circunstâncias do caso concreto, se houve percepção


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equivocada da realidade, foi por acreditar que não poderia ser punido pelas
consequências de sua ação que resultou em prejuízo de mais de meio milhão aos cofres
públicos, consistente em prontamente autorizar o pagamento da Nota Fiscal nº 2.719, em
18/04/2011 (fl. 981 da Notícia de Fato n. 01.32.000.000547/2015-31), repita-se, mais de
um mês após a deflagração da denominada “Operação Mácula”.

Portanto, os denunciados SAMIR (duas vezes) e LEOCÁDIO (uma vez),


valendo-se das facilidades que lhes proporcionavam os cargos de Secretário Estadual de
Saúde, concorreram para que a empresa CARDAN recebesse por medicamentos
fornecidos com preços acima da prática de mercado, em prejuízo aos cofres públicos,
conduta que se amolda ao delito do art. 312, §1º, do CPB.
Da imputação pelo delito do art. 299 do CP – SAMIR HATEM e KARINA LÍGIA
O MPF aduz ainda, na denúncia, que os acusados SAMIR HATEM E KARINA
LÍGIA, ao concorrerem para a montagem do pregão nº 143/2009, inseriram informações
falsas no processo administrativismo de n. 20001.11891/09-90, com a finalidade de
simular a ocorrência de uma licitação que não existiu, motivo pelo qual estariam incursos
no crime previsto no art. 299 do Código Penal.

Entretanto, pela montagem do referido Pregão, o acusado SAMIR HATEM já


respondeu pelo crime de peculato, de modo que a inserção de informação falsa no
processo administrativo deve ser considerada meio para consumar o referido crime.

Desse modo, identificado que a inserção de informações falsas tinha por


finalidade desviar recursos públicos, o crime mais grave (peculato) absorve o crime meio.

Nesse sentido, segue precedente do e. Tribunal Regional Federal da 3ª


Região:

PENAL. PROCESSO PENAL. APELAÇÃO. PECULATO TENTADO E


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CONSUMADO EM CONTINUIDADE DELITIVA. ART. 312, § 1º, DO CP.


COMUNICABILIDADE DAS CIRCUNSTÂNCIAS PESSOAIS
ELEMENTARES DO TIPO PENAL. ART. 30 DO CP. USO DE
DOCUMENTO FALSO. FINALIDADE PRECÍPUA DE COMETER
FRAUDES. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO.
MATERIALIDADE E AUTORIA DELITIVA COMPROVADAS. DOSIMETRIA
DA PENA. PENA-BASE. AFASTAMENTO DE CIRCUNSTÂNCIAS
VALORADAS INDEVIDAMENTE COMO DESABONADORAS. 1. (...). 5.
Aplica-se o princípio da consunção ao uso de documentos falsos utilizados
especificamente com a finalidade de levar a cabo o crime de peculato,
tendo esgotada sua potencialidade lesiva após lograr-se o seu objetivo. 6.
A resistência dos corréus para a restituição do produto do crime não
autoriza a valoração negativa de personalidade e conduta social dos
agentes, na medida em que implicaria necessariamente produção de prova
contra si. 7. Descabe também a valoração negativa do comportamento da
vítima, pois não se pode considerar a CEF como sujeito passivo
"particularmente frágil", eis que dispõe de recursos para o combate a
fraudes e ferramentas de controle típicos das grandes instituições
bancárias. (TRF-3 - ACR: 6870 SP 0006870-54.2009.4.03.6102, Relator:
DESEMBARGADOR FEDERAL COTRIM GUIMARÃES, Data de
Julgamento: 21/01/2014, SEGUNDA TURMA).

Com efeito, entendo não demonstrada a autoria em relação à denunciada


KARINA LÍGIA.

Nesse caso, diferentemente dos vícios apontados nos pregões nº 01/2009,


02/2009, 05/2009 e 06/2009, que demonstraram a autoria da acusada, e também
parecerista, MARIA GERCINA em relação ao direcionamento das licitações em favor da
CARDAN, entendo que não há provas de que a acusada KARINA LÍGIA tinha
conhecimento da “montagem” do Pregão nº 143/2009, o que seria necessário para a
incidência do crime tipificado do art. 299 do Código Penal.

Portanto, o Ministério Público Federal não se desincumbiu de comprovar a


incidência do tipo penal descrito em epígrafe, o que enseja a absolvição (in dubio pro reo).

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Da imputação pelo delito do art. 96, I, da Lei nº 8.666/93 (superfaturamento dos


pregões) – SAMIR E LEOCADIO
Pela mesma conduta descrita no tópico “Da imputação pelo delito do art. 89, da
Lei nº 8.666/93 (dispensa indevida de licitação)”, o MPF sustenta que os denunciados
SAMIR e LEOCÁDIO – este exclusivamente em relação ao Pregão nº 06/2009, atuando
como Secretários de Saúde da SESAU/RR, continuando o esquema para beneficiar a
CARDAN, fraudaram os contratos decorrentes dos Pregões ns. 01/2009, 02/2009 e
06/2009, mediante a elevação arbitrária de preços.

A denúncia imputa aos acusados o tipo penal previsto no art. 96, I, da Lei nº
8.666/93, abaixo transcrito.

Art. 96. Fraudar, em prejuízo da Fazenda Pública, licitação instaurada para


aquisição ou venda de bens ou mercadorias, ou contrato dela decorrente:
I - elevando arbitrariamente os preços;
[...]

A materialidade do delito restou demonstrada, bem como detalhada nos termos


do relatório de análise do CGU no Apenso XV, por meio do qual é possível constatar o
superfaturamento dos produtos adquiridos pelos pregões de ns. 01/2009, 02/2009 e
06/2009.

De igual modo, as testemunhas MARCOS VITOR CARVALHO DE SOUZA e


CLÁUDIO RAFAEL MENDES COSTA corroboram a ocorrência do superfaturamento nos
pregões, ao afirmarem que as licitações foram baseadas em pesquisas de preços com
valores acima dos estabelecidos na tabela CMED.

Como já mencionado, a testemunha CLAUDIO RAFAEL destacou ainda que foi


demonstrado, através de algumas licitações que tiveram propostas de outras empresas

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posteriormente desabilitadas, a possibilidade de compra dos medicamentos por preços


menores dos licitados.

Em relação a SAMIR, as provas que instruem o feito demonstram, como já


amplamente exposto (vide tópico “Da imputação pelo delito do art. 90, da Lei nº
8.666/93”), que este acusado foi um dos agentes viabilizadores do esquema criminoso
instalado na SESAU-RR, em benefício da empresa CARDAN.

Repita-se, dos secretários de saúde aqui denunciados, foi quem ordenou o


adiamento, por prazo indeterminado, dos certames, bem como foi quem emitiu a ordem
para que a empresa CARDAN fosse a única responsável pela entrega de medicamentos e
materiais médico-hospitalares, entre outras ações voltadas para concretização das
ilicitudes objeto da ação penal, tal como descrito acima.

Ora, demonstrado que foi uns dos responsáveis pelo arquitetura criminosa
instalada na Secretaria da Saúde em benefício da CARDAN, bem como a materialidade
do delito previsto no art. 96, I, da Lei nº 8.666/93, a autoria em relação ao acusado é
inconteste, mormente quando foi o responsável por homologar os Pregões ns. 01/2009,
02/2009 e 06/2009 (fls. 96/101, 138/144 e 518 da Notícia de Fato nº
1.32.000.000547/2015-31).

Por sua vez, em relação a LEOCÁDIO, ainda que tenha assumido o cargo de
Secretário de Saúde de Roraima em data posterior à deflagração dos processos
licitatórios em cotejo (fl. 5464 do vol. XXVIII), considerando a vasta experiência que tem,
decorrente de ter atuado como Secretário em diversas pastas e em diferentes governos
do estado de Roraima, o dolo e autoria fazem-se presentes, tendo em vista que o
denunciado autorizou o pagamento das Notas Fiscais ns. 9.318 e 8.914 (fls. 2909/2910 do
Apenso XV), em data posterior à deflagração da Operação Mácula, ocorrida em
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16/03/2011, permitindo, assim, êxito na ação criminosa.

Portanto, os denunciados SAMIR (três vezes) e LEOCÁDIO (uma vez),


valendo-se das facilidades que lhes proporcionavam os cargos Secretário Estadual de
Saúde, concorreram para que a empresa CARDAN recebesse por medicamentos
fornecidos com preços acima da prática de mercado, por meio de fraudes aos contratos
decorrentes dos Pregões ns. 01/2009, 02/2009 e 06/2009, conduta que se amolda ao
delito do art. 96, I, da Lei nº 8.666/93.
Da imputação pelo delito do art. 96, IV, da Lei nº 8.666/93 (pagamento por
mercadorias não entregues) – DENUNCIADO SAMIR HATEM
Em síntese, o MPF sustenta que as mercadorias relacionadas nas Notas
Fiscais nsº 2425, 2644, 2728 (fls. 118, 132 e 124 da Notícia de Fato nº
1.32.000.000547/2015-31) e nº 4646 (fls. 170/171 da Notícia de Fato nº
1.32.000.000547/2015-31) foram entregues somente parcialmente pela empresa
CARDAN ao Estado de Roraima.

A materialidade do delito restou demonstrada e detalhada nos termos do


relatório da CGU às fls. 41/44 do Apenso XV, bem como evidenciada pelas referidas
Notas Fiscais.

No Relatório de Análises da CGU, realizado após a apreensão de documentos


na sede da empresa CARDAN, ficou constatado que referida pessoa jurídica não possuía
estoque de medicamentos (notas fiscais de aquisição) em escala suficiente para fornecer
à SESAU as quantidades descritas nas Notas Fiscais nsº 2425, 2644, 2728 e 4646, razão
pela qual a única conclusão que se pode chegar é a de que a quantidade realmente
fornecida pela empresa, ao Governo do Estado de Roraima, foi menor do que a indicada
nas Notas Fiscais mencionadas.

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Ainda, a testemunha MARCOS VITOR registrou que, após levantamento nas


notas fiscais de entrada adquiridas pela CARDAN à época, concluiu que a empresa não
tinha estoque suficiente para atender ao que estava descritos nas Notas Fiscais de
fornecimento à SESAU.

Por sua vez, a autoria restou demonstrada em relação ao denunciado SAMIR,


tendo em vista que, ao autorizar o pagamento das notas fiscais, sabedor de que os
documentos não eram devidamente atestados, ao menos assumiu o risco (dolo eventual)
de cometer o delito em tela.

A conclusão de que o acusado tinha consciência de que as notas não eram


devidamente atestadas pode ser depreendida dos depoimentos ANNA PAULA VIEIRA
SIQUEIRA SILVA (fl. 2502 do Apenso XIII), ROOSEVELT PONTES DA SILVA JUNIOR (fls.
2508/2510 do Apenso XIII) e LIDAÍ ALVES DE ALENCAR (fls. 2505/2507 do Apenso XIII),
realizados em sede policial.

Assim, do conjunto probatório, vê-se que restou demonstrado que o acusado


SAMIR, de modo livre e consciente, em continuidade delitiva por duas vezes, assumiu o
risco e concorreu para fraudar o Pregão nº 01/2009 e nº 02/2009, ao autorizar o
pagamento das Notas Fiscais nsº 2425, 2644, 2728 e nº 4646, com recebimento a menor
de mercadorias, conduta que se amolda ao delito previsto do art. 96, IV da Lei n°.
8.666/93.
Da imputação pelo delito do art. 96, IV, da Lei nº 8.666/93 (substituições indevidas
de marca de mercadorias) – DENUNCIADO ANTÔNIO LEOCÁDIO
Em síntese, o MPF aduz que o acusado concorreu para que houvesse fraude
no Pregão nº 006/2009, ao autorizar o pagamento de mercadorias recebidas com marcas
em desacordo com o que fora licitado pelo Pregão nº 06/2009, causando um prejuízo ao

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Erário da ordem de R$ 48.527,79 (quarenta e oito mil quinhentos e vinte e sete reais e
setenta e nove centavos).

Novamente, transcrevo o art. 96, IV, da Lei nº 8.666/93:

Art. 96. Fraudar, em prejuízo da Fazenda Pública, licitação instaurada para


aquisição ou venda de bens ou mercadorias, ou contrato dela decorrente:
IV - alterando substância, qualidade ou quantidade da mercadoria
fornecida.

Vê-se que se trata de tipo penal misto alternativo, pelo qual há tipicidade
quando ocorre qualquer uma das condutas ali descritas.

A materialidade do delito restou demonstrada, bem como detalhada nos termos


do relatório da CGU às fls. 128/129 do Apenso XV, bem como pelas Notas Fiscais ns.
8914, 7722, 7889, 8055, 8234, 8900, 9263, 9550, 7039, 7358, 7585, 9307, 6311, 6773,
6978, 6124, 6773, 9318, 9416, 6984, 6118 e 7062.

Nesse ponto, a testemunha MARCOS VITOR, em Juízo, assinalou que


algumas Notas Fiscais foram utilizadas para o pagamento de materiais/medicamentos
que haviam sido entregues anteriormente, sem licitação, por meio de simples requisições
realizados por servidores da SESAU à CARDAN.

a testemunha pontuou que encontraram requisições usadas para a entrega de


material sem licitação tantos nos documentos apreendidos na SESAU quanto na
CARDAN, e que os da empresa estavam dentro de uma pasta chamada “requisições sem
processo”.

No mesmo sentido foi o depoimento em Juízo da testemunha CLÁUDIO


RAFAEL, ao assentar que foram identificadas requisições de medicamentos/materiais que
não encontravam respaldo em procedimentos licitatórios prévios, por meio de autorização
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informal e pagos por trocas realizadas em Notas Fiscais posteriores.

Desse modo, considerando as suas circunstâncias pessoais deste acusado,


dado a sua vasta experiência como Secretário e, portanto, como ordenador de despesas,
como já detalhado acima, o dolo e autoria fazem-se presentes tendo em vista que
autorizou o pagamento das referidas Notas Fiscais em 26/05/2011 (ordem bancária
20601.001.11.00494-1), em data posterior à deflagração da Operação Mácula, ocorrida
em 16/03/2011, permitindo assim a consumação do crime em comento, o que evidencia
ao menos o dolo eventual de concorrer para a substituição de mercadorias por outras de
valores inferiores ao que fora licitado.

Desse modo, está comprovado que o acusado ANTÔNIO LEOCÁDIO


VASCONCELOS FILHO, de modo livre e consciente concorreu para fraudar o Pregão nº
06/2009, ao autorizar o pagamento das Notas Fiscais ns. 8914, 7722, 7889, 8055, 8234,
8900, 9263, 9550, 7039, 7358, 7585, 9307, 6311, 6773, 6978, 6124, 6773, 9318, 9416,
6984, 6118 e 7062, com entrega de mercadorias com qualidade diversa da licitada, em
prejuízo ao Erário, conduta que se amolda ao delito previsto do art. 96, IV da Lei n°.
8.666/93.
Do valor da reparação dos danos (art. 387, IV do CPP)
Na inicial acusatória o MPF requereu, a título de valor mínimo de reparação, o
montante de R$ 9.626.465,54, quantia paga à empresa CARDAN.
Com efeito, diferentemente da tese sustentada pelo MPF, entendo que o valor
em questão deve envolver o prejuízo efetivamente apurado nos autos, a saber: a) R$
93.331,96, em razão de superfaturamento de medicamentos adquiridos sem respaldo
licitatório (fl. 48 do Apenso XV); b) R$ 636.954,76, em razão de superfaturamento de
medicamentos adquiridos por meio da montagem do Pregão nº 143/2009 (fl. 171 do
Apenso XV); c) R$ 280.091,77 (fl. 46 do Apenso XV), em razão do superfaturamento
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ocorrido no Pregão nº 01/2009; d) R$ 199.550,00 (fls. 70/71 do Apenso XV), em razão do


superfaturamento ocorrido no Pregão nº 02/2009; e) R$ 22.147,07 (fl. 134 do Apenso XV),
em razão do superfaturamento ocorrido no Pregão nº 06/2009; f) R$ 43.060,70 (fl. 124 do
Apenso XV), em razão da substituição de mercadorias por outras de valores inferiores; g)
R$ 281.246,94 (fl. 42 do Apenso XV), em razão do pagamento por mercadorias não
entregues, totalizando assim R$ 1.556.383,20 (um milhão, quinhentos e cinquenta e
seis mil e trezentos e oitenta e três reais e vinte centavos).
Por outro lado, considerando que há graus de responsabilidade penal
diferenciados, há necessidade de apurar o valor da reparação a ser suportado por cada
um dos denunciados por estes delitos.
Assim, deverá o Ministério Público Federal se valer da ação apropriada para a
reparação dos danos causados.
Por fim, determino a perda do cargo público, função pública ou mandato eletivo
eventualmente exercido pelos acusados SAMIR DE CASTRO HATEM e ANTÔNIO
LEOCÁDIO VASCONCELOS FILHO, eis que valendo-se das facilidades proporcionadas
pelo cargo de secretário de saúde, praticaram os delitos descritos acima.
No ponto, mostra-se necessário destacar que a utilização dos cargos de
secretário de saúde, para as práticas delitivas objetos da condenação, denota, além de
menoscabo à relevante função pública desempenhada, vilipêndio aos mais basilares
princípios administrativos a que estavam submetidos, conduta inconciliável com o
princípio republicano e com a probidade exigíveis de quem exerce função desta grandeza.
Assim, evidenciada a falta de aptidão para administrar e gerir dinheiro público,
decreto a perda do cargo público, função pública ou mandato eletivo eventualmente
exercido pelos acusados SAMIR DE CASTRO HATEM e ANTÔNIO LEOCÁDIO
VASCONCELOS FILHO, o que faço com fulcro no art. 92, do Código Penal.
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III

Ante o exposto, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE a pretensão


punitiva estatal deduzida na denúncia para:

a) Condenar SAMIR DE CASTRO HATEM nas penas: do art.


90 c/c art. 84, §2º, da Lei 8.666/93, por quatro vezes, na forma
do art. 71, do CP; art. 96, IV c/c art. 84, §2º da lei 8.666/93, por
duas vezes, na forma do art. 71, do CP; art. 96, I c/c art. 84, §2º
da lei 8.666/93, por três vezes, na forma do art. 71, do CP; do
art. 312 c/c 327, §2º, do CP, por duas vezes, na forma do art. 71,
do CP, além da perda do cargo/função públicos.

Absolvê-lo, com base no art. 386, VII e III, do CPP, do crime


tipificado no art. 288, do CP e no art. 89, caput, c/c art. 84, §2º
da lei 8.666/93.

b) Condenar ANTÔNIO LEOCÁDIO VASCONCELOS FILHO


nas penas: do art. 96, I c/c art. 84, §2º da lei 8.666/93; art. 96, IV
c/c art. 84, §2º da lei 8.666/93; art. 312 c/c 327, §2º, do CP;
além da perda do cargo/função públicos.

Absolvê-lo, com base no art. 386, VII e III, do CPP, do crime


tipificado no art. 288, do CP e no art. 89, caput, c/c art. 84, §2º
da lei 8.666/93.

c) Condenar MARIA GERCINA DO NASCIMENTO na pena do


art. 90, c/c art. 84, §2º, da Lei 8.666/93, por quatro vezes, na
forma do art. 71, do CP.

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Absolvê-la, com base no art. 386, VII, do CPP, do crime


tipificado no art. 288, do CP.

d) Absolver, com base no art. 386, VII, a acusada EUGÊNCIA


GLAUCY MOURA FERREIRA da imputação do crime previsto
no art. 288 do CP.

e) Absolver, com base no art. 386, III, o acusado ALBERTO DO


CARMO COSTA da imputação do crime previsto no art. 89,
caput, da Lei nº 8.666/93.

f) Absolver, com base no art. 386, III e VII, a acusada KARINA


LÍGIA DE MENEZES LINS da imputação dos crimes previstos
no art. 89, caput, da Lei nº 8.666/93 e do crime previsto no art.
299 do CP.

Passo à dosimetria da pena em estrita observância ao critério trifásico previsto


no art. 68, caput, do Código Penal.

DO SENTENCIADO SAMIR DE CASTRO HATEM

Do crime do art. 312 do Código Penal

A reprovabilidade social/juízo de reprovação da conduta do apenado


(culpabilidade) é elevadíssima, considerando que concorreu para que fossem desviadas
verbas públicas destinadas à saúde, serviço público essencial.

O réu é primário e não há elementos nos autos que levem a crer ser portador
de maus antecedentes.

Não há registro desabonador de sua conduta social.

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Inexistem dados acerca da personalidade do agente.

O motivo da ação não é nada altruístico. Ao contrário, está voltado à prática


perniciosa e equivocada de compreender que o dinheiro público não tem proprietário e
que, portanto, qualquer um dele pode apropriar-se, o que é de todo reprovável.

As circunstâncias e as consequências do crime também são negativas, haja


vista que a prática delituosa em questão deixa mais desassistida a grande parcela da
população usuária do SUS.

Assim, com base em tais vetores, fixo a pena-base do delito em 04 (quatro)


anos de reclusão.

Na segunda fase de aplicação da pena não existem circunstâncias agravantes


e atenuantes, razão pela qual mantenho a pena em 04 (quatro) anos de reclusão nesta
etapa.

Não terceira etapa, não verifico causa de diminuição, contudo reconheço a


causa de aumento de pena decorrente da continuidade delitiva (art. 71, do CP) e a
prevista do art. 327, § 2° do CP (Secretário de Saúde de Roraima), pelo que,
respectivamente, majoro a pena em 1/6 e, em seguida, em 1/3, tornando-a definitiva em
06 (seis) anos e 02 (dois) reclusão.

Pelas mesmas razões aduzidas quando da fixação da pena, condeno o réu ao


pagamento de 100 (cem) dias-multa, fixando o dia-multa no valor de 1/10 (um décimo) do
salário-mínimo vigente à época do fato criminoso.
Do crime do art. 90 da Lei n°. 8.666/93 (fraude ao caráter competitivo da licitação)
A reprovabilidade social/juízo de reprovação da conduta do apenado
(culpabilidade) é acentuada, tendo em vista que a fraude se deu no âmbito da saúde,

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serviço público essencial.

Inexistem registros quanto aos antecedentes criminais ou notícia de


condenação com trânsito em julgado por outro crime, devendo ser considerado primário, o
que autoriza afirmar que não há elementos nos autos que levem a crer ser portador de
maus antecedentes.

Não há elementos nos autos que permitam aferir seu comportamento no


ambiente familiar, profissional ou social, de modo que deixo de valorar sua conduta
social.

Carecem os autos de informações acerca da personalidade do agente, razão


pela qual deixo de valorá-la.

O porquê do comportamento criminoso, isto é, os motivos da ação delituosa


não se destacam negativamente.

As circunstâncias são normais à espécie.

As consequências destacam-se negativamente, haja vista que a prática


delituosa em questão deixa mais desassistida a grande parcela da população usuária do
SUS.

Nenhum registro há que se fazer quanto ao comportamento da vítima.


Portanto, com base em tais vetores, fixo a pena-base em 03 (três) anos de
detenção.
Na segunda fase de aplicação da pena, inexistem atenuantes ou agravantes,
razão pela qual mantenho a pena intermediária em 03 (três) anos de detenção.

Na terceira etapa do critério trifásico, não verifico causa de diminuição, contudo


reconheço a causa de aumento de pena decorrente da continuidade delitiva (art. 71, do
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Processo N° 0005628-87.2015.4.01.4200 - 4ª VARA - BOA VISTA


Nº de registro e-CVD 00149.2018.00044200.1.00611/00128

CP) e a prevista do art. 327, § 2° do CP (Secretário de Saúde de Roraima), pelo que,


respectivamente, majoro a pena em 1/4 e, em seguida, em 1/3, tornando-a definitiva em
05 (cinco) anos de detenção.

Pelas mesmas razões aduzidas quando da fixação da pena, condeno o


sentenciado ao pagamento de 100 (cem) dias-multa, sendo o dia-multa no valor de 1/10
(um décimo) do salário-mínimo vigente à época do fato criminoso.

Do crime do art. art. 96, IV da Lei n°. 8.666/93 (recebimento de mercadorias a menor)

A reprovabilidade social/juízo de reprovação da conduta do apenado


(culpabilidade) é acentuada, tendo em vista que a fraude se deu no âmbito da saúde,
serviço público essencial.

Inexistem registros quanto aos antecedentes criminais ou notícia de


condenação com trânsito em julgado por outro crime, devendo ser considerado primário, o
que autoriza afirmar que não há elementos nos autos que levem a crer ser portador de
maus antecedentes.

Não há elementos nos autos que permitam aferir seu comportamento no


ambiente familiar, profissional ou social, de modo que deixo de valorar sua conduta
social.

Carecem os autos de informações acerca da personalidade do agente, razão


pela qual deixo de valorá-la.

O porquê do comportamento criminoso, isto é, os motivos da ação delituosa


não se destacam negativamente.

As circunstâncias são normais à espécie.

As consequências destacam-se negativamente, haja vista que ilicitude


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Nº de registro e-CVD 00149.2018.00044200.1.00611/00128

envolvendo verba da saúde deixa ainda mais desassistida a população brasileira usuária
do SUS.

Nenhum registro há que se fazer quanto ao comportamento da vítima.

Portanto, com base em tais vetores, fixo a pena-base em 04 (quatro) anos de


detenção.

Na segunda fase de aplicação da pena, inexistem atenuantes ou agravantes,


razão pela qual mantenho a pena intermediária em 04 (quatro) anos de detenção.

Na terceira etapa do critério trifásico, não verifico causa de diminuição, contudo


reconheço a continuidade delitiva e a causa de aumento prevista no art. 327, § 2° do CP
(Secretário de Saúde de Roraima), pelo que, respectivamente, majoro a pena em 1/6 e,
em seguida, em 1/3, tornando-a definitiva em 06 (seis) anos, 02 (dois) meses e 20
(vinte) dias de detenção.

Pelas mesmas razões aduzidas quando da fixação da pena, condeno o


sentenciado ao pagamento de 100 (cem) dias-multa, sendo o dia-multa no valor de 1/10
(um décimo) do salário-mínimo vigente à época do fato criminoso.

Do crime do art. 96, I da Lei n°. 8.666/93 (superfaturamento)

A reprovabilidade social/juízo de reprovação da conduta do apenado


(culpabilidade) é acentuada, tendo em vista que a fraude se deu no âmbito saúde, serviço
público essencial.

Inexistem registros quanto aos antecedentes criminais ou notícia de


condenação com trânsito em julgado por outro crime, devendo ser considerado primário, o
que autoriza afirmar que não há elementos nos autos que levem a crer ser portador de
maus antecedentes.
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Nº de registro e-CVD 00149.2018.00044200.1.00611/00128

Não há elementos nos autos que permitam aferir seu comportamento no


ambiente familiar, profissional ou social, de modo que deixo de valorar sua conduta
social.

Carecem os autos de informações acerca da personalidade do agente, razão


pela qual deixo de valorá-la.

O porquê do comportamento criminoso, isto é, os motivos da ação delituosa


não se destacam negativamente.

As circunstâncias são normais à espécie.

As consequências destacam-se negativamente, haja vista que ilicitude


envolvendo verba da saúde deixa ainda mais desassistida a população brasileira usuária
do SUS.

Nenhum registro há que se fazer quanto ao comportamento da vítima.

Portanto, com base em tais vetores, fixo a pena-base em 04 (quatro) anos de


detenção.

Na segunda fase de aplicação da pena, inexistem atenuantes ou agravantes,


razão pela qual mantenho a pena intermediária em 04 (quatro) anos de detenção.

Na terceira etapa do critério trifásico, não verifico causa de diminuição, contudo


reconheço a continuidade delitiva e a causa de aumento prevista no art. 327, § 2°, do CP
(Secretário de Saúde de Roraima), pelo que, respectivamente, majoro em 1/5 e, em
seguida, em 1/3, tornando definitiva a pena em 06 (seis) anos, 04 (quatro) meses e 24
(vinte e quatro) dias de detenção.

Pelas mesmas razões aduzidas quando da fixação da pena, condeno a


sentenciada ao pagamento de 100 (cem) dias-multa, sendo o dia-multa no valor de 1/10
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Nº de registro e-CVD 00149.2018.00044200.1.00611/00128

(um décimo) do salário-mínimo vigente à época do fato criminoso.

Por derradeiro, aplica-se ao caso a regra do concurso material (art. 69 do CP),


quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes,
idênticos ou não.

Em sendo aplicável ao caso a regra do concurso material (art. 69, do CP), fica
o réu condenado, definitivamente, à pena de 06 (seis) anos e 02 (dois) meses de
reclusão e 17 (dezessete) anos, 07 (sete) meses e 14 (quatorze) dias de detenção,
bem como ao pagamento de 400 (quatrocentos) dias-multa, sendo o dia-multa no valor
de 1/10 (um décimo) do salário-mínimo vigente à época do fato criminoso.

Quanto ao regime de cumprimento da pena, aplica-se, nos termos do art. 33 do


CP, o regime semi-aberto, o que demonstra ser suficiente para a prevenção e
reprovação do crime praticado no caso em tela.

Deixo de substituir a pena privativa de liberdade, uma vez que não satisfeitos
os requisitos do art. 44 do Código Penal, haja vista que a pena fixada é superior a 04
anos.

DA SENTENCIADA MARIA GERCINA DO NASCIMENTO


Do crime do art. 90 da Lei n°. 8.666/93 (fraude ao caráter competitivo da licitação)
A reprovabilidade social/juízo de reprovação da conduta da apenada
(culpabilidade) é acentuada, tendo em vista que a fraude se deu no âmbito da saúde,
serviço público essencial.

Inexistem registros quanto aos antecedentes criminais ou notícia de


condenação com trânsito em julgado por outro crime, devendo ser considerada primária, o
que autoriza afirmar que não há elementos nos autos que levem a crer ser portadora de

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Nº de registro e-CVD 00149.2018.00044200.1.00611/00128

maus antecedentes.

Não há elementos nos autos que permitam aferir seu comportamento no


ambiente familiar, profissional ou social, de modo que deixo de valorar sua conduta
social.

Carecem os autos de informações acerca da personalidade da agente, razão


pela qual deixo de valorá-la.

O porquê do comportamento criminoso, isto é, os motivos da ação delituosa


não se destacam negativamente.

As circunstâncias são normais à espécie.

As consequências destacam-se negativamente, haja vista que a prática


delituosa em questão deixa mais desassistida a grande parcela da população usuária do
SUS.

Nenhum registro há que se fazer quanto ao comportamento da vítima.


Portanto, com base em tais vetores, fixo a pena-base em 03 (três) anos de
detenção.
Na segunda fase de aplicação da pena, inexistem atenuantes ou agravantes,
razão pela qual mantenho a pena intermediária em 03 (três) anos de detenção.

Na terceira etapa do critério trifásico, não verifico causa de diminuição, contudo


reconheço a causa de aumento de pena decorrente da continuidade delitiva (art. 71, do
CP) e a prevista do art. 327, § 2° do CP (Assessora Jurídica), pelo que, respectivamente,
majoro a pena em 1/4 e, em seguida, em 1/3, tornando-a definitiva em 05 (cinco) anos
de detenção.

Pelas mesmas razões aduzidas quando da fixação da pena, condeno a


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Nº de registro e-CVD 00149.2018.00044200.1.00611/00128

sentenciada ao pagamento de 100 (cem) dias-multa, sendo o dia-multa no valor de 1/10


(um décimo) do salário-mínimo vigente à época do fato criminoso.

Quanto ao regime de cumprimento da pena, aplica-se, nos termos do art. 33 do


CP, o regime semi-aberto, o que demonstra ser suficiente para a prevenção e
reprovação do crime praticado no caso em tela.

Deixo de substituir a pena privativa de liberdade, uma vez que não satisfeitos
os requisitos do art. 44 do Código Penal, haja vista que a pena fixada é superior a 04
anos.

DO SENTENCIADO ANTÔNIO LEOCÁDIO VASCONCELOS FILHO

Do crime do art. 312 do Código Penal

A reprovabilidade social/juízo de reprovação da conduta do apenado


(culpabilidade) é elevadíssima, considerando que concorreu para que fossem desviadas
verbas públicas destinadas à saúde, serviço público essencial.

O réu é primário e não há elementos nos autos que levem a crer ser portador
de maus antecedentes.

Não há registro desabonador de sua conduta social.

Inexistem dados acerca da personalidade do agente.

O motivo da ação não é nada altruístico. Ao contrário, está voltado à prática


perniciosa e equivocada de compreender que o dinheiro público não tem proprietário e
que, portanto, qualquer um dele pode apropriar-se, o que é de todo reprovável.

As circunstâncias e as consequências do crime também são negativas, haja


vista que a prática delituosa em questão deixa mais desassistida a grande parcela da

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população usuária do SUS.

Assim, com base em tais vetores, fixo a pena-base do delito em 04 (quatro)


anos de reclusão.

Na segunda fase de aplicação da pena não existem circunstâncias agravantes


e atenuantes, razão pela qual mantenho a pena em 04 (quatro) anos de reclusão nesta
etapa.

Não terceira etapa, não verifico causa de diminuição, contudo reconheço a


causa de aumento prevista do art. 327, § 2° do CP (Secretário de Saúde de Roraima),
pelo que majoro a pena em 1/3, tornando-a definitiva em 05 (cinco) anos reclusão.

Pelas mesmas razões aduzidas quando da fixação da pena, condeno o réu ao


pagamento de 100 (cem) dias-multa, fixando o dia-multa no valor de 1/10 (um décimo) do
salário-mínimo vigente à época do fato criminoso.

Do crime do art. art. 96, IV da Lei n°. 8.666/93 (recebimento de mercadorias a menor)

A reprovabilidade social/juízo de reprovação da conduta do apenado


(culpabilidade) é acentuada, tendo em vista que a fraude se deu no âmbito da saúde,
serviço público essencial.

Inexistem registros quanto aos antecedentes criminais ou notícia de


condenação com trânsito em julgado por outro crime, devendo ser considerado primário, o
que autoriza afirmar que não há elementos nos autos que levem a crer ser portador de
maus antecedentes.

Não há elementos nos autos que permitam aferir seu comportamento no


ambiente familiar, profissional ou social, de modo que deixo de valorar sua conduta
social.
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Nº de registro e-CVD 00149.2018.00044200.1.00611/00128

Carecem os autos de informações acerca da personalidade do agente, razão


pela qual deixo de valorá-la.

O porquê do comportamento criminoso, isto é, os motivos da ação delituosa


não se destacam negativamente.

As circunstâncias são normais à espécie.

As consequências destacam-se negativamente, haja vista que ilicitude


envolvendo verba da saúde deixa ainda mais desassistida a população brasileira usuária
do SUS.

Nenhum registro há que se fazer quanto ao comportamento da vítima.

Portanto, com base em tais vetores, fixo a pena-base em 04 (quatro) anos de


detenção.

Na segunda fase de aplicação da pena, inexistem atenuantes ou agravantes,


razão pela qual mantenho a pena intermediária em 04 (quatro) anos de detenção.

Na terceira etapa do critério trifásico, não verifico causa de diminuição, contudo


reconheço a causa de aumento prevista no art. 327, § 2° do CP (Secretário de Saúde de
Roraima), pelo que majoro a pena em 1/3, tornando-a definitiva em 05 (cinco) anos de
detenção.

Pelas mesmas razões aduzidas quando da fixação da pena, condeno o


sentenciado ao pagamento de 100 (cem) dias-multa, sendo o dia-multa no valor de 1/10
(um décimo) do salário-mínimo vigente à época do fato criminoso.

Do crime do art. 96, I da Lei n°. 8.666/93 (superfaturamento)

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(culpabilidade) é acentuada, tendo em vista que a fraude se deu no âmbito saúde, serviço
público essencial.

Inexistem registros quanto aos antecedentes criminais ou notícia de


condenação com trânsito em julgado por outro crime, devendo ser considerado primário, o
que autoriza afirmar que não há elementos nos autos que levem a crer ser portador de
maus antecedentes.

Não há elementos nos autos que permitam aferir seu comportamento no


ambiente familiar, profissional ou social, de modo que deixo de valorar sua conduta
social.

Carecem os autos de informações acerca da personalidade do agente, razão


pela qual deixo de valorá-la.

O porquê do comportamento criminoso, isto é, os motivos da ação delituosa


não se destacam negativamente.

As circunstâncias são normais à espécie.

As consequências destacam-se negativamente, haja vista que ilicitude


envolvendo verba da saúde deixa ainda mais desassistida a população brasileira usuária
do SUS.

Nenhum registro há que se fazer quanto ao comportamento da vítima.

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Nº de registro e-CVD 00149.2018.00044200.1.00611/00128

Na terceira etapa do critério trifásico, não verifico causa de diminuição, contudo


reconheço a causa de aumento prevista no art. 327, § 2°, do CP (Secretário de Saúde de
Roraima), pelo que majoro a pena intermediária em 1/3, tornando definitiva a pena em 05
(cinco) anos de detenção.

Pelas mesmas razões aduzidas quando da fixação da pena, condeno a


sentenciada ao pagamento de 100 (cem) dias-multa, sendo o dia-multa no valor de 1/10
(um décimo) do salário-mínimo vigente à época do fato criminoso.

Por derradeiro, aplica-se ao caso a regra do concurso material (art. 69 do CP),


quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes,
idênticos ou não.

Em sendo aplicável ao caso a regra do concurso material (art. 69, do CP), fica
o réu condenado, definitivamente, à pena de 05 (cinco) anos de reclusão e 10 (dez)
anos de detenção, bem como ao pagamento de 300 (trezentos) dias-multa, sendo o
dia-multa no valor de 1/10 (um décimo) do salário-mínimo vigente à época do fato
criminoso.

Quanto ao regime de cumprimento da pena, aplica-se, nos termos do art. 33 do


CP, o regime semi-aberto, o que demonstra ser suficiente para a prevenção e
reprovação do crime praticado no caso em tela.

Deixo de substituir a pena privativa de liberdade, uma vez que não satisfeitos
os requisitos do art. 44 do Código Penal, haja vista que a pena fixada é superior a 04
anos.

Condeno os réus ao pagamento das custas processuais, em conformidade ao


disposto no artigo 804 do Código de Processo Penal.

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Havendo interposição de recurso, proceda-se a intimação da parte contrária


para apresentação das contrarrazões. Após, proceda-se à remessa dos autos ao E.
Tribunal Regional Federal da 1ª região, com as homenagens de estilo.

Confirmada a condenação pelo e. Tribunal Regional Federal da 1ª Região, na


hipótese de interposição de recurso, intimem-se as condenadas para dar início ao
cumprimento da pena.

Após o trânsito em julgado, determino a realização das seguintes providências:

a) Lançar o nome dos sentenciados no rol de culpados;

b) Comunicar a condenação ao Tribunal Regional Eleitoral (art. 15, III, da


Constituição Federal) e à Polícia Federal;

c) Registre-se no SINIC/SR/DPF;

d) Encaminhar os autos à Contadoria Judicial e, após manifestação desta,


intimar os condenados para efetuarem o pagamento das penas de multa e custas
processuais.

e) Oficie-se ao Governo do Estado de Roraima para o cumprimento das penas


de perda dos cargos público aplicada

Sentença registrada eletronicamente.

Ciência ao MPF.

Publique-se.

Boa Vista/RR, 10 de dezembro de 2018.

LUZIA FARIAS DA SILVA MENDONÇA


Juíza Federal
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