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DESENVOLVIMENTO A PARTIR DA RELAÇÃO CENTRO-PERIFERIA

O PENSAMENTO DA CEPAL: DETERIORAÇÃO DOS TERMOS DE TROCA, RELAÇÃO CENTRO X


PERIFERIA E HETEROGENEIDADE ESTRUTURAL

FLAVIO ALVES DA SILVA ¹

RESUMO: Este trabalho consiste em apresentar um relato das principais contribuições de


Raúl Prebisch no contexto das teorias do desenvolvimento econômico e, desse modo,
mostrar como o autor explica o subdesenvolvimento da América Latina, especialmente na
questão em torno dos modelos de centro-periferia, deterioração dos termos de troca e
heterogeneidade estrutural dentro do contexto histórico, na qual buscava decifrar a história
e os problemas do desenvolvimento econômico.

Palavras-chaves: Desenvolvimento econômico; centro-periferia; termos de troca;


heterogeneidade estrutural.

RESUMEN: Este trabajo consiste em presentar um relato de las principales contribuiciones


de Raúl Prebisch em el contexto de las teorias del desarrollo económico y, de esse modo,
mostrar como el autor explica el subdesarrollo de América Latina, especialmente em la
cuestión em torno a los modelos de centro-periferia, términos de intercambio y
heterogeneidade estructural dentro del contexto histórico, em la cual buscaba descifrar la
historia y los problemas del desarrollo económico.

Palabras-clave: Desarrollo económico; centro-periferia; términos de intercambio;


heterogeneidade estructural.

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¹ Graduando em Ciências Econômicas - Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
1. INTRODUÇÃO

1.1 Contexto

O subdesenvolvimento é nos dias de hoje, uma das características mais explícitas


e alarmantes das economias da maioria dos países capitalistas. Tal situação serve como
motivação para o estudo de teorias econômicas que se preocupam com o desenvolvimento
econômico dos países subdesenvolvidos, atualmente conhecidos como “em
desenvolvimento”.
Com o fim da Segunda Guerra Mundial, o equilíbrio de forças entre os países do
mundo sofreu profundas mudanças. Antigas colônias deram início a seus movimentos de
independência ao mesmo tempo em que suas metrópoles europeias se encontravam
enfraquecidas pela guerra. De um lado, a ascensão da URSS e a disseminação do comunismo
fizeram crescer a importância geopolítica dos países subdesenvolvidos como possíveis áreas
de influência, no contexto da Guerra Fria. Os países subdesenvolvidos aproveitaram dessa
disputa entre as duas superpotências – EUA e URSS – através de atração de investimentos e
de ajuda econômica para o seu desenvolvimento.
Foi nesse ambiente de reestruturação política e de indignação social no pós-guerra
que o mundo ocidental voltou sua atenção para a questão do desenvolvimento econômico dos
países subdesenvolvidos e a colocou como agenda principal. Em um primeiro momento, a
tarefa de pensar o subdesenvolvimento desses países ficou a cargo da ONU (Organização das
Nações Unidas) e de outros órgãos internacionais, mas anos depois, a partir de 1949, ela se
alastrou pela academia econômica e passou a fazer parte da agenda de pesquisas de muitos
economistas, tanto de países desenvolvidos como de países subdesenvolvidos, abrindo espaço
para a construção e consolidação do pensamento acerca do desenvolvimento econômico.
No pós-guerra, com a criação da Comissão Econômica para América Latina e o
Caribe (CEPAL) as discussões relacionadas ao subdesenvolvimento recebem centralidade,
concentrando por grande parte das camadas sociais uma ideologia que objetiva a superação do
subdesenvolvimento: o desenvolvimentismo. Nesse período, Prebisch e Furtado foram os
expoentes do desenvolvimentismo dentro da CEPAL, Prebisch questionava incisivamente as
teorias do comércio internacional prevalecentes da época, inferindo que o comércio
internacional, sob as rédeas da divisão internacional do trabalho, atuava dividindo o mundo
em dois extremos, no que tange o nível de renda e produtividade, havia uma divisão centro-
periferia (PREBISCH, 2011).
Nesse sentido, o retorno às teses da CEPAL tornou-se um exercício quase
obrigatório para aqueles que propõe estudar e compreender os problemas atuais da América
Latina, os quais tem sido responsável por terem colocado em xeque os fundamentos que,
nascidos dessa organização, orientaram governos latino-americanos na condução do
desenvolvimento de suas economias a partir dos anos 50. Rever essas teses é, no sentido
metafórico, realizar uma espécie de desenterro dos paradigmas que serviram de guia
doutrinário para o modelo de industrialização focado na substituição de importações, ora em
profunda crise estrutural e de legitimidade.

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1.2 Objetivo Geral
O objetivo desse trabalho é fazer um retorno à teoria do desenvolvimento
econômico da CEPAL tendo como autor central Raúl Prebisch.

1.3 Objetivos específicos


Os objetivos específicos foram traçados de acordo com os elencados nos
documentos e bibliografias pesquisadas: termos de troca, centro-periferia e heterogeneidade
estrutural.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

A concepção dos referenciais teóricos utilizados nessa pesquisa teve como


referência as principais ideias do economista os textos O desenvolvimento econômico da
América Latina e alguns de seus principais problemas. Tal documento serviu de Introdução
ao Estudo Econômico da América Latina, e que ficou conhecido como o “Manifesto latino-
americano” (A. Hirschman, 1965 [1958]), ou “Manifesto dos periféricos” (C. Furtado,
2014), ou simplesmente, “Manifesto de Havana” (Dosman, 2011); Cinco etapas de mi
pensamento sobre el desarrollo; Dinâmica do desenvolvimento latino-americano e outros
textos como complemento como o de Adolfo Gurrieri, a Obra de Prebisch na CEPAL e de
Octavio Rodriguez o Pensamento da CEPAL.

3. METODOLOGIA

Como metodologia de pesquisa, o presente texto utilizou primordialmente a


pesquisa bibliográfica e documental. A partir do objetivo geral, as fontes de pesquisa foram
elencadas. A etapa seguinte constituiu-se da verificação dos referenciais teóricos que
subsidiaram o discurso dos documentos analisados.

4. RAÚL PREBISCH E SUA TRAJETÓRIA PROFISSIONAL

O economista Raúl Federico Prebisch Linares (1901-1986) nasceu em Tucumán,


Argentina, e cursou o ensino superior na Universidade de Buenos Aires. Sua trajetória
profissional foi repleta de desafios. Dentre os cargos ligados à equipe econômica argentina,
consta a passagem pelo Subsecretariado das Finanças entre 1930 e 1932 e no Banco Central
Argentino nessa mesma década. Na CEPAL (Comissão Econômica para a América Latina e o
Caribe) ocupou o cargo de Secretário Executivo entre 1948 e 1962. Entre sua saída do Banco
Central Argentino e a admissão na CEPAL, dedicou-se à pesquisa acadêmico e à investigação
teórica dos problemas que se apresentava na época em que trabalhava na administração
pública. Os cargos executivos permitiram a Prebisch um conhecimento do funcionamento do
mundo econômico, na qual possibilitou uma elaboração teórica ajustada a realidade latino-
americana. Foi o principal intérprete das transformações econômicas que ocorreram na
América Latina a partir da crise dos anos 1930. Possuindo uma formação acadêmica
neoclássica e fortemente influenciada pelas ideias keynesianas, passou a estudar o
desenvolvimento econômico dos países latino-americanos sem que, não obstante, ficassem
limitadas a esse arcabouço teórico. No entanto, seu “sistema centro-periferia” (na qual incluía
a “industrialização por substituição de importações”), influenciou vigorosamente o
pensamento da nova geração de economistas latino-americanos na década de 1950, onde

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Maria Conceição Tavares, Celso Furtado, dentre outros, utilizaram os instrumentos teóricos
criados por Prebisch nas suas interpretações.
Seu principal trabalho El desarrollo económico de la América Latina y algunos
de sus principales problemas, publicado em 1949, marca o surgimento do
desenvolvimentismo, um modelo de análise histórico-estrutural e de um programa cujo
horizonte era a de superar a condição de subdesenvolvimento. Esta obra inaugurou os
primeiros esforços da CEPAL, no sentido de entender os problemas econômicos que
assolavam o continente latino-americano. Ele contestava a doutrina econômica dominante da
época da liberdade do comércio baseada na proporção dos fatores disponíveis e do ajuste
automático do câmbio por meio desse mecanismo. Defendia uma seletividade nas importações
por parte dos países produtores de primários como forma de desenvolver a indústria nacional.
Vinculada institucionalmente à ONU (Organização das Nações Unidas), a CEPAL era
o ambiente para discussão de ideias e formulação de desenvolvimento econômico para a
região. Dentre as ideias, a principal e que dava suporte a todas as outras, era a de dividir os
países do mundo em dois tipos: 1) países centrais, industrializados e hegemônicos e; 2) países
periféricos, agrícolas e dependentes. Nesse arcabouço teórico, o conceito que ficou muito
conhecido foi o da deterioração dos termos de troca entre os países periféricos e centrais.

5. RAÚL PREBISCH E SUA HISTÓRIA NA CEPAL

A história de Raúl Prebisch e a da CEPAL como instituição estão estreitamente


vinculadas. Prebisch entrou na CEPAL pouco após a sua criação, em 1948 e, ao redigir, em
1949, o que posteriormente ficaria conhecido como o Manifesto da CEPAL, viria a marcar a
pauta da reflexão teórica das décadas seguintes e lideraria o trabalho de alguns dos intelectuais
latino-americanos mais brilhantes da época, os quais havia conseguido atrair para a instituição.
Em 1962, quando passou a presidir a Conferência das Nações Unidas sobre
Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), mais que um afastamento, foi a conquista de um
campo que permitiria uma maior propagação das ideias e das políticas que vinham sendo
formuladas e promovidas a partir da CEPAL. Ao fim da década de 1960, retorna à CEPAL
para dirigir o atual Instituto Latino-Americano e do Caribe de Planejamento Econômico e
Social (ILPES) e, em seguida, cria e dirige a Revista da CEPAL, espaço por meio do qual
retoma a reflexão teórica até sua morte, em 1986.
Prebisch entrou na CEPAL em 1949, pouco após a sua criação, em 1948, e, desse
momento até sua morte, em 1986, a relação entre a instituição e a pessoa foi bastante estreita:
Prebisch se identificava inteiramente com a CEPAL e esta com as ideias dele e de um grupo
de colaboradores muito próximos. Foi ele quem redigiu o documento seminal “O
desenvolvimento econômico da América Latina e seus principais problemas”, o qual,
posteriormente, ficou conhecido como o Manifesto da CEPAL e assentou as bases do enfoque
centrado nas particularidades do desenvolvimento dos países da periferia do sistema mundial,
especializados na produção de matérias-primas e alimentos.
Prebisch concebeu a CEPAL como um centro para a pesquisa e a formulação de
políticas de desenvolvimento para a América Latina, profundamente arraigado nas
problemáticas específicas da região, um lugar que pudesse acolher intelectuais e estadistas que
não encontrassem espaço adequado para se inserirem em universidades e outros centros de
estudo da região e dos países industrializados.

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Prebisch esteve à frente da CEPAL no seu início e ao longo de mais de uma década
de intensa atividade, bastante vigor intelectual e grande empenho de energia nas propostas de
políticas. Durante esse período, a CEPAL estabeleceu uma sólida posição como referência na
região e, até mesmo, fora dela. Suas ideias tiveram uma notável influência sobre as políticas
aplicadas em vários países latino-americanos, embora sempre de maneira bastante diversa e
determinada pelas condições econômicas, sociais, políticas e culturais específicas de cada
caso. Também foi considerável o efeito que a CEPAL provocou na formação de recursos
humanos para a gestão pública e para a implementação dos sistemas estatísticos e de
planejamento nacionais.
Prebisch e a CEPAL também se envolveram ativamente nos diversos processos de
construção de instituições supranacionais, em especial nas iniciativas levadas a cabo para
promover a integração econômica regional. Em uma primeira etapa, a CEPAL deu mais ênfase
aos problemas das relações externas e à inserção internacional da região, para pouco depois
concentrar-se intensamente na necessidade de alcançar a integração latino-americana e, assim,
superar a estreiteza dos mercados internos e fortalecer politicamente a região. Contudo, já na
década de 1960, a análise dos problemas estruturais, econômicos e sociais internos de
diferentes matizes foi ganhando terreno nas suas preocupações, estudos e políticas.
Ao ausentar-se temporariamente da CEPAL, em 1963, para assumir a presidência
da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), Prebisch,
mais que do isolar-se, conquistou um campo que permitiria uma maior propagação e promoção
das ideias e das políticas em gestação na CEPAL. Além disso, pode-se argumentar que a
própria criação da UNCTAD foi possível, em grande parte, graças ao trabalho empreendido
pela CEPAL nos anos anteriores.
Após sua passagem pela UNCTAD, Prebisch retornou à CEPAL para encarregar-
se, com grande energia, da direção do agora chamado Instituto Latino-Americano e do Caribe
de Planejamento Econômico e Social (ILPES), organismo de pesquisa e capacitação que faz
parte da CEPAL. Ademais manteve seu vínculo como assessor da CEPAL.
Em 1976, criou a Revista da CEPAL, da qual foi editor até sua morte. Essa
publicação serve até os dias de hoje como fórum acadêmico para o debate de ideias geradas
na CEPAL e a disseminação dos trabalhos de pesquisadores sobre enfoques, estratégias e
políticas que contribuam para o desenvolvimento com igualdade na região.

6. PREBISCH, A CEPAL E O MÉTODO HISTÓRICO-ESTRUTURAL

As ideias de Prebisch e, de modo geral, da CEPAL fizeram parte de uma ampla


gama de correntes de pensamento que reconhecem que os desafios do desenvolvimento
dependem da forma como se estruturam as relações econômicas, sociais e políticas nas
diferentes sociedades, as quais, por sua vez, integram um sistema mundial hierarquizado e
desigual.
O ponto de partida do método histórico-estrutural é a noção de que os países menos
desenvolvidos e os desenvolvidos enfrentam problemas qualitativamente distintos e que a
formulação de políticas e o fortalecimento das capacidades do Estado são condições
determinantes para que os países menos avançados possam se transformar e atingir níveis de
desenvolvimento mais altos.

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O método histórico-estrutural destaca a importância do contexto histórico para
entender o funcionamento da economia e da sociedade. Nesse contexto, argumenta-se que,
embora a ciência econômica e social deva buscar estabelecer leis gerais, também é preciso
reconhecer que uma teoria geral encontra grandes obstáculos ao tentar explicar circunstâncias
históricas em constante evolução. Como a economia é uma ciência social e as estruturas
econômicas e sociais são tão variáveis, são reduzidas as possibilidades de elaborar teorias
válidas para todo tempo e lugar.
Por outro lado, o método considera um enfoque próximo ao que se poderia
identificar como a economia política clássica, um contexto em que os aspectos sociais e
politicos desempenham um papel determinante para o funcionamento da economia, o que leva
a enfoques que hoje seriam chamados de interdisciplinares. Ademais, o método histórico-
estrutural parte da ideia de que os próprios pesquisadores são sujeitos sociais que ao procurar
analisar a sua realidade, se veem sobrecarregados pelo peso da sua subjetividade, o que exige
um esforço ainda maior em termos de análise crítica.
O método histórico-estrutural ressalta, por outro lado, a relevância das estruturas
econômicas e sociais e a existência de sistemas econômicos e sociais com hierarquias e
funções diferenciadas. Também destaca que o processo de desenvolvimento socioeconômico
consiste em um conjunto de transformações estruturais e que ele pode ser freado caso não seja
possível transformer as estruturas, mesmo que exista um processo de acumulação de fatores
produtivos.
Prebisch e a CEPAL abordaram um tipo privilegiado de estrutura, o da economia
internacional, caracterizada pelas relações entre centro e periferia, com distintos papéis, níveis
de Desenvolvimento relativo e configurações sociais, econômicas e culturais distintos. Não se
trata apenas de captar as diferenças entre dosi tipos de economia, mas sim de encará-las como
parte de um todo interdependente que tem sua propria dinâmica.
A ênfase nas estruturas internacionais não diminui a importância do estudo e da
consideração das estruturas nacionais. Portanto, Prebisch e a CEPAL analisaram a estrutura
agrária, a composição do sistema produtivo interno, as formas particulares dos mercados de
fatores e de bens, as capacidades do Estado e a sua burocracia, e as estruturas demográficas,
entre tantos outros aspectos.

7. A ORIGEM DA CONCEPÇÃO CENTRO-PERIFERIA

Em 1948, ano em que a Organização das Nações Unidas estabeleceu


formalmente, no mês de fevereiro, a criação da CEPAL - Comissão Econômica para a
América-Latina, o economista norte americano, Paul Samuelson, publicou, em junho, no
conceituado periódico Economic Journal, um artigo com o título International Trade and
Equalization of Factor Prices. Poder-se-ia questionar sobre a relevância desses dois
acontecimentos para o objetivo deste trabalho. No entanto, um olhar pouco mais cuidadoso
revelaria que foi a partir desse artigo que Samuelson inseriria seu nome no teorema de
Heckscher e Ohlin e a corrente neoclássica da economia receberia mais um importante
aporte teórico em sua defesa inconteste do livre comércio entre as nações, pautado nas
vantagens da divisão internacional do trabalho e na especialização baseada na dotação de
fatores. Samuelson, na verdade, estendia o modelo que o economista sueco Eli Heckscher
havia elaborado em 1919, portanto mais de um século após David Ricardo exaltar a
importância da liberdade das trocas entre as nações em seus Princípios de Economia. Assim,

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de 1817 a 1949, poucos ousaram contrariar a boa e velha doutrina econômica pautada na
divisão internacional do trabalho.
Se na pré-história da ciência econômica, no alvorecer das críticas ao
mercantilismo, William Petty e Dudley North, ambos no final do século XVII, e David
Hume, já no século XVIII, celebravam as vantagens das trocas de produtos entre as nações,
a efetiva sistematização de uma teoria liberal do comércio internacional toma corpo com a
tese das vantagens comparativas apresentadas por David Ricardo, a partir de sua crítica aos
primeiros desenvolvimentos propostos por Adam Smith. Essencialmente baseado na teoria
do valor- trabalho, Ricardo (1982, p. 100 et seq.) propõe que o determinante das vantagens
do comércio entre dois países assentava-se na produtividade do trabalho. Assim, cada país
especializar-se-ia naquele bem cuja produção utilizasse relativamente a menor quantidade
de trabalho humano por unidade produzida.
Durante todo o século XIX e início do século XX, a tese ricardiana compôs o
núcleo daquilo que poderia ser chamado de uma teoria clássica do comércio entre os países,
evidenciando a vantagem de uma divisão internacional do trabalho e das trocas com base na
menor quantidade relativa de trabalho. Nesses termos

um país dotado de grandes vantagens em maquinaria e capacidade técnica


e que consiga, portanto produzir certas mercadorias com muito menos
trabalho que seus vizinhos, poderá importar em troca dessas mercadorias
parte dos cereais necessários a seu consumo mesmo que sua terra seja mais
fértil e nela os cereais puderem ser cultivados com menos trabalho que no
país do qual são importados (RICARDO, 1982, p. 105).

Para David Ricardo, mais importante que a qualidade da dotação dos fatores
produtivos era a produtividade do trabalho. Somente em 1919 é que Eli Heckscher trataria
de ampliar o modelo ricardiano (GONÇALVES, 1997, p. 5) e lançar as bases de uma teoria
neoclássica do comércio exterior. Para Heckscher, era importante que a expressão ‘fator de
produção’ levasse em conta a qualidade dos fatores terra, trabalho e capital. Em 1933, um
de seus alunos, Bertil Ohlin, reformulou seu modelo. A partir daí, a doutrina que sustentava
teoricamente a liberdade do comércio internacional passou a ser conhecida como Teorema
de Heckscher-Ohlin. Em lugar da produtividade do trabalho de Ricardo, a “boa ciência”
passa a justificar a vantagem do comércio internacional com base na dotação dos fatores
produtivos mais abundantes em um país. Assim, a partir de um estudo que considerava dois
países, produzindo dois bens por meio da combinação de dois fatores de produção, a corrente
teórica dominante recomendava que países com mais capital, comparativamente aos outros
fatores, produziriam e exportariam bens intensivos em capital. Países ricos em trabalho se
dedicariam a produzir e exportar os bens intensivos nesse fator de produção.
No final da década de 1940, Samuelson propôs, no artigo acima mencionado,
que a utilização do fator mais abundante levava a um aumento do seu custo, barateando os
demais, o que aconteceria em escala mundial para cada um dos fatores. Sendo assim, a
especialização trazia ainda a vantagem adicional de uma suposta equalização dos preços dos
fatores, redistribuindo a renda mundial entre os países por meio do comércio. Associado ao
teorema de Heckscher e Ohlin, ele desenvolve o teorema da equalização dos custos dos
recursos, que passa a ser denominado de Teorema de Hekscher-Ohlin-Samuelson. A defesa
neoclássica das vantagens das trocas internacionais ganhava mais um importante aporte.
Quando Raúl Prebisch lançou, em 1949, seu “manifesto latino-americano”,
inaugurando os primeiros esforços da CEPAL no sentido de entender os problemas
econômicos que assolavam esse subcontinente, ele contestava a doutrina econômica
dominante da liberdade do comércio baseada na proporção dos fatores disponíveis e do ajuste
automático do câmbio por meio desse mecanismo. Em seu lugar, propunha uma seletividade

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nas importações por parte dos países produtores de primários como forma de desenvolver a
indústria nacional. Caso levada à cabo por um grande número de países, tal proposta poderia
gerar prejuízos aos interesses dos grandes produtores de manufaturados.
A ideia contida no texto seminal de Prebisch, segundo Gurrieri, além de original
estabelecia novas “bases do trabalho científico” que, a partir dali, seria “levado adiante de
modo socialmente organizado e institucionalizado” (GURRIERI, 2011, p. 15). De fato,
quando a Cepal surgiu, tinha ares de vanguarda e, como tal, dentro e fora dos limites
acadêmicos, tornou-se herética e maldita. Apesar da crítica à doutrina econômica tradicional
não estar entre os objetivos das Nações Unidas com a criação dessa Comissão, esse “viés” de
interpretação do subdesenvolvimento como consequência da débil industrialização dos países
produtores e exportadores de alimentos e matérias-primas passou a receber a denominação de
concepção cepalina. Tal olhar atento para os problemas econômicos dos países
subdesenvolvidos, do qual resultavam propostas práticas de política econômica, era inovador
e assustou aqueles que preferiam a continuidade à mudança. É o que disse Celso Furtado:

quando li o primeiro trabalho preparado por Prebisch – que passou a


ser referido como o Manifesto – pensei comigo: ‘temos agora a
alavanca de que estávamos precisando para demover as grandes
resistências que enfrentamos no Brasil (FURTADO, 1998, p. 18).

Assim, o pensador brasileiro tratou de traduzir o texto que foi publicado no Brasil
antes de circular como documento oficial das Nações Unidas (ibidem, p. 19). Furtado havia
conseguido que o documento fosse inserido na Revista Brasileira de Economia, comandada
por Eugênio Gudin, professor da Escola de Economia da Fundação Getúlio Vargas que, de
acordo com Furtado, era o “mestre do liberalismo tupiniquim”. Após tomar conhecimento do
conteúdo do texto, Gudin convidou “uma série de sumidades do pensamento conservador
mundial para vir ao Brasil restaurar a ‘boa doutrina’. Para Furtado, tanto esforço só poderia
significar a presença de “ideias novas (e perigosas) na praça”. Tratava-se, portanto de “limpar
o ambiente intelectual dos miasmas cepalinos” (op. cit., loc. cit.).
Bielschowsky (2000, p. 18) considera os três textos inaugurais de Prebisch na
Cepal, como a “trilogia” fundante da “teoria estruturalista do subdesenvolvimento da
América-Latina”, por já conter as principais teses da análise estruturalista cepalina75, a saber:
i) a especialização inadequada e baixa diversidade produtiva; ii) a deterioração dos termos de
troca; iii) a forma inadequada de inserção na economia internacional; iv) os desequilíbrios
externos e a inflação estrutural; v) a heterogeneidade intersetorial e a oferta ilimitada de mão-
de-obra, esta última capaz de baixar a renda do trabalho ao nível de subsistência; vi) a estrutura
do Estado e das instituições que não privilegiavam o investimento e o progresso técnico.

7.1 OS MECANISMOS DESFAVORÁVEIS DE COMÉRCIO

A condição de periferia surge de uma formação histórica que combina o


parasitismo ibérico com a exploração organizada pelo Império Britânico mediante um
comércio mundialmente controlado. Pode-se falar de colonização indireta, um estilo que foi
aperfeiçoado pelos norte-americanos. O parasitismo colonial se baseou no uso de trabalho
indígena para obtenção de minerais preciosos e usando a escravidão para produzir
mercadorias mundiais.

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O parasitismo deu lugar à criação de elites nacionais alienadas sempre a serviço
de poderes externos. Nesse ambiente favorável a exploração britânica se organizou para usar
– direta e indiretamente – trabalho para produzir matérias primas para indústria,
transformando a periferia em espaço auxiliar de expandir e controlar o mercado europeu. O
sistema da exploração britânica alcançou seu apogeu com a integração dos sistemas de infra-
estrutura que foi fundamental para aprofundar o aproveitamento dos sistemas periféricos. A
Grã Bretanha colocou-se como núcleo fabril central de um sistema que mobilizava grandes
quantidades de materiais e necessitava vender seus produtos. Com elevados coeficientes de
importação e de exportação o sistema britânico transferia impulsos de demanda para as suas
diferentes periferias em um jogo de desigualdades administradas. Há diversas explicações
do ocaso desse império, mas cabe entender que se trata de uma combinação de fatores
políticos, econômicos, tecnológicos e de escala de mercado que se anunciavam desde o fim
do século XIX e se consolidaram após a primeira guerra mundial. A substituição do Império
Britânico pelo poderio ascendente dos Estados Unidos teve conseqüências nefastas para o
comércio mundial, em primeiro lugar por seus baixos coeficientes de exportação e de
importação e em segundo lugar por ser uma potência que concorre com suas próprias áreas
de controle econômico. Com os Estados Unidos o sistema mundial do capital torna-se mais
excludente e passa a subordinar as economias periféricas a condições inferiorizadas de
trabalho. Crescem os fluxos de comércio bilateral e aumenta a dependência frente ao
mercado norte-americano.
Mas é preciso retirar a teoria do comércio desigual de sua aparente imobilidade.
O comércio se transforma junto com as transformações do sistema sócio-produtivo. As
pesquisas realizadas no ambiente do ILPES na década de 1970 apontavam às fontes
históricas do desenvolvimento do comércio internacional que indicavam a necessidade de
outra teoria da organicidade do processo econômico.

7.2 O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO DA AMÉRICA LATINA E


ALGUNS DE SEUS PRINCIPAIS PROBLEMAS

Na introdução de seu trabalho, Prebisch faz um resumo de todos os pontos a


serem abordados. Logo de início, é feita a constatação que, de fato, daria a motivação para
o desenvolvimento das ideias acerca do processo de industrialização da América Latina. Já
na primeira linha, o autor diz que:

Na América Latina, a realidade vem destruindo o antigo sistema da divisão


internacional do trabalho...Nesse esquema, cabia a América Latina, como
parte da periferia do sistema econômico mundial o papel específico de
produzir alimentos e matérias-primas para os grandes centros
industriais...Duas guerras mundiais, no intervalo de uma geração, com uma
profunda crise econômica entre elas, demonstraram aos países da América
Latina suas possibilidades, ensinando-lhes de maneira decisiva o caminho
da atividade industrial. (PREBISCH 1949/2000, P.71).

Nessa citação está explicitada a visão que Prebisch tem da economia mundial,
qual seja, de uma clara separação entre países centrais e países periféricos participando de
uma única economia inter-relacionada. O autor vai chamar atenção para o fato de que os
países periféricos estariam industrializando e, assim, indo contra a doutrina/modelo da
divisão internacional do trabalho da teoria econômica tradicional. Parece bem razoável,
então, supor, que ele considera essa doutrina/modelo, no mínimo, inapropriada para explicar
o processo de industrialização dos países da América Latina.
Prebisch, entretanto, faz questão de frisar em seu texto que não discorda da
validade teórica da teoria econômica tradicional, ele aceita a ideia dos benefícios advindos
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da divisão internacional do trabalho. Segundo essa teoria, o fruto do progresso técnico tende
a se espalhar por todos os países participantes do comércio internacional, seja sob a forma
de redução dos preços dos produtos, seja pelo aumento da renda dos trabalhadores e/ou
empresários. O problema em aplicar essa teoria para o caso dos países da periferia seria,
justamente, considerá-los como iguais aos do centro. De acordo com o autor, essa teoria
funcionaria muito bem para os países centrais, porém, ao incluirmos os países periféricos na
divisão internacional do trabalho, o que se percebe é que os benefícios dessa divisão e os
ganhos de produtividade oriundas dela não chegariam aos periféricos. Esse fato poderia ser
comprovado pela constatação da diferença dos padrões de vida das massas desses dois tipos
de países. A solução encontrada pelo autor, para o caso dos países periféricos, seria a
industrialização, como forma de captar os frutos do progresso técnico e, dessa forma,
aumentar o padrão de vida das massas.
Segundo Prebisch, o processo de industrialização da América Latina
necessitaria de importações de bens de capital, principalmente vindas dos Estados Unidos.
A maneira pelo qual os países latino-americanos conseguiriam dólares para pagar essas
importações seria através da exportação de produtos primários exatamente para os Estados
Unidos. Seria necessário, então, aumentar a produtividade dos produtos de exportação e, ao
mesmo tempo, contar com o crescimento do coeficiente de importações dos Estados Unidos.
Nesse aspecto, o comércio exterior seria fundamental para os países periféricos, na medida
em que contribuiria para o aumento da produtividade dos seus produtos de exportação, o
que traria mais dólares para importar bens de capital fundamentais ao processo de
industrialização. É importante notar que Prebisch qualifica as exportações de produtos
primários como um meio para se obter recursos para a industrialização e consequente
desenvolvimento dos países, não como motor desse desenvolvimento. Destaca, também, a
importância dos Estados Unidos reduzirem ao máximo o desemprego em sua economia a
fim de aumentar o coeficiente de suas importações.
Da mesma forma que as importações de bens de capital, Prebisch identifica
os investimentos estrangeiros como fundamentais à industrialização. Mais do que isso, o
problema relacionado aos investimentos estrangeiros estaria na mesma raiz do problema das
importações de capital, como já foi dito, a escassez de dólares. Isso porque o serviço desses
empréstimos teria de ser pagos com moeda estrangeira, na maior parte dos casos justamente
em dólar. A sugestão do autor seria a de que se direcionassem os investimentos estrangeiros
para atividades produtivas que reduzissem as importações dos países periféricos e, dessa
forma, liberassem dólares para o pagamento dos serviços financeiros. Prebisch, de
passagem, chama atenção para a necessidade de se redefinir as regras do sistema financeiro
internacional, a fim de que se promovesse o desenvolvimento econômico nos países da
periferia.
Isso não significa, entretanto, que Prebisch não acreditasse na boa política
monetária ortodoxa. Segundo ele, os países latino-americanos, ao não seguirem à risca essa
política e aumentarem demasiadamente o meio circulante em suas economias, levaram a
inflação no extremo. A consequência dessa inflação, levando-se em conta também o elevado
nível de emprego que ela provoca, foi uma redistribuição de renda que aumentou as
importações e pressionou a balança de pagamentos dos países periféricos, sem que tivesse
sido atendida a demanda de bens de capital necessária ao desenvolvimento econômico. Mais
uma vez tem-se o problema da escassez de dólares. O autor salienta que apesar de não haver
dúvida quanto à insuficiência da poupança espontânea dos países periféricos para o processo
de capitalização, o artifício da inflação como promotor dessa formação de capital seria bem
incerto. Isso porque certas modalidades de consumo de bens de importados, estimulados
pela inflação, tenderiam a tomar o lugar da importação dos bens de capital, e aí está a crítica
do autor à importação de bens supérfluos.

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Essa crítica está direcionada, diretamente, aos setores da coletividade,
excluindo-se as massas trabalhadores, que tentam imitar o estilo de vida e o padrão de
consumo dos países centrais. Seria justamente a poupança desses setores da coletividade
que, juntamente com os investimentos estrangeiros, deveria conduzir a um primeiro esforço
de capitalização que aumentasse a produtividade do trabalho. Esse aumento de
produtividade se daria, por sua vez, em um primeiro momento, com a transferência da mão-
de-obra redundante na produção primária, dos subempregados urbanos e da mão-de-obra
feminina para as novas indústrias. O capital investido nessas novas indústrias teria que
obedecer a um critério de eficácia bem rigoroso, segundo Prebisch. Isso porque tinha em
mente um processo de industrialização para a América Latina que aumentasse o bem-estar
geral das massas, de forma eficiente, e não simplesmente substituísse as importações dos
países centrais, visando a autossuficiência a qualquer custo. Uma industrialização eficiente
teria limites, segundo o autor; um desses limites seria atingindo quando a produção industrial
passasse a ser menos produtiva do que a primária; outro seria quando a indústria local
repetisse a produção estrangeira, mais eficiente.
Por fim, sempre com o objetivo de obter um aumento da renda das massas,
Prebisch enuncia em seu último tema a ser tratado em seu texto. Ele defende a adoção de
políticas anticíclicas para conter a propagação dos períodos de crise dos países centrais para
os países periféricos. O intuito seria não comprometer a formação de capital nos países da
periferia quando suas receitas provenientes do exterior rareassem.
Antes de dar início à investigação sistemática dos problemas relativos à
industrialização da América Latina, Prebisch retoma a questão da ótica pela qual deveria ser
feita essa investigação fazendo uma observação importante, que sintetiza sua concepção de
ciência econômica e explica muito do seu esforço de trabalho junto à CEPAL. Em suas
próprias palavras:

São bem conhecidas as dificuldades que se opõem a uma tarefa dessa


natureza na América Latina. Talvez a principal delas seja o número exíguo
de economistas capazes de penetrar, com um discernimento original, nos
fenômenos concretos latino americanos. Por uma série de razões, não se
consegue suprir a carência deles com a formação metódica de um número
adequado de jovens de alta qualificação intelectual. Enviá-los às grandes
universidades da Europa e dos Estados Unidos já representam um
progresso considerável, mas não o suficiente, pois uma das falhas mais
visíveis de que padece a teoria econômica geral, contemplada a partir da
periferia, é seu falso sentido de universalidade.
Dificilmente se poderia pretender, na verdade, que os economistas dos
grandes países, empenhados em gravíssimos problemas próprios, viessem
a dedicar a sua atenção preferencialmente ao estudo dos nossos. Compete
primordialmente aos próprios economistas latino-americanos o
conhecimento da realidade econômica da América Latina. Somente se
viermos a explicá-la racionalmente e com objetividade científica é que será
possível obtermos fórmulas eficazes de ação prática.
Nem por isso se deve entender, todavia, que esse propósito seja movido
por um particularismo excludente. Pelo contrário, só será possível realizá-
lo mediante um sólido conhecimento das teorias elaboradas nos grandes
países, com sua difusão de verdades comuns. Não se deve confundir o
conhecimento ponderado do que é do outro com uma submissão mental às
ideias alheias, submissão esta de que estamos muito lentamente
aprendendo a nos livrar. (PREBISCH, 2000, p. 80).

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8. HETEROGENEIDADE ESTRUTURAL

A heterogeneidade estrutural que caracteriza a periferia é definida como uma


situação em que existem grandes diferenças na produtividade do trabalho entre os setores da
economia e dentro cada setor. Essas diferenças são suficientemente marcadas para segmentar
o sistema setor produtivo e do mercado de trabalho em estratos cujas condições tecnológicas
e de remuneração fortemente assimétrica (Pinto, 1976; Sunkel, 1978) 4
No entanto, diferenças de produtividade entre intra-setoriais não são uma
característica exclusiva da periferia, mas também são observadas no centro (Dosi et al, 2010).
Na verdade, o próprio processo de concorrência via inovação consiste, precisamente, na
criação dessas diferenças. Posições oligopolistas em ramos de conhecimento intensivo são
alcançadas meios de barreiras à entrada associados a diferenças nas capacidades tecnológicas
das empresas (alguns inovam e aprendem mais rapidamente que outros). Além disso, como o
progresso técnico não avança na mesma velocidade em todos os setores da economia (por
exemplo, tem um ritmo mais intenso indústria eletrônica do que na indústria têxtil), as
diferenças de produtividade surgem uma economia complexa e diversificada.
Enquanto isso, o que distingue a periferia das economias do centro é que as
diferenças produtividade entre os estratos é muito maior no primeiro grupo de países do que
no segundo. Além disso, camadas de produtividade muito baixa absorvem uma parte
substancial do emprego total na periferia, refletindo a modernização parcial e imperfeita do
seu sistema produtivo. A evidência sugere que em periferia, os segmentos de menor
produtividade mostram menor peso no PIB e maior emprego total do que nas economias
avançadas (CEPAL, 2012, p.227).
As razões que explicam porque o progresso técnico não se espalha na periferia com
igual intensidade que no centro são, sem dúvida, uma parte central do TED, em que se
transforma mais tarde.

8.1 PRINCIPAIS PONTOS DA TEORIA ESTRUTURALISTA DE


DESENVOLVIMENTO (TED) SOBRE TECNOLOGIA E HETEROGENEIDADE

Podem ser resumidos da seguinte forma:

i) A disseminação do progresso técnico em escala global é altamente desigual,


penetrando mais profunda e uniformemente no centro do que na periferia;

ii) Inovação e difusão de tecnologia está associada à transformação da estrutura


produtivo. À medida que novos setores são implantados, a estrutura se torna mais complexa e
diversificada, abrangendo setores e atividades de maior conhecimento;

iii) Como o progresso técnico só é disseminado localmente na periferia, sua


estrutura produtiva é truncada. Existem poucos setores de alta produtividade e estes absorvem
uma pequena parte da oferta de emprego disponível;

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iv) Diferenciais de produtividade são mais intensos entre os setores modernos na
periferia do que no centro. E há também uma grande diferença na produtividade entre
modernos (que têm maior dotação de capital e conhecimento) e os de subsistência na periferia;

v) Como a periferia mantém uma parte importante de seu emprego em atividades


de subsistência, isso deprime seus níveis médios de renda em comparação com os do centro;
inversamente, no centro não há setor de subsistência de dimensões importante;

vi) Pontos i) a iii) explica a natureza especializada da estrutura da periferia em


frente ao centro diversificado, enquanto os pontos iv) a vi) ajudam a entender que
heterogeneidade é típica da condição periférica (Rodríguez, 1980).

Centro e periferia não são compartimentos isolados, mas interagem ao longo do


tempo. Esta interação ajuda a definir a intensidade da aprendizagem tecnológica, assim como
os padrões de especialização e crescimento de longo prazo nos dois polos do sistema. Em
outras palavras, as estruturas do centro e da periferia emergem e se reproduzem através de
suas dinâmicas conjuntas, precisa ser explicado. Isso leva a uma questão fundamental: até que
ponto essa dinâmica poderia contribuem para o fato de que as diferenças na renda per capita
foram reduzidas ao longo do tempo (convergência renda)? Como favorecer uma difusão mais
rápida e uniforme do progresso técnico para a periferia, encurtando o fosso tecnológico com
o centro (convergência com a fronteira tecnológica ou recuperação)? Se assim for, a periferia
deixaria de ser especializada e heterogênea para se tornar diversificada e homogênea ao longo
do tempo, e haveria um processo de convergência (de estruturas, tecnologia e renda) com o
centro, essa maior homogeneidade não significa produtividade uniforme entre setores. A
condição periférica seria apenas um estado de transição, como de alguma forma está implícito
no conceito de convergência usado na teoria convencional, em que o livre acesso à tecnologia
e os retornos decrescentes das taxas de garantia de capital maior acumulação nas economias
atrasadas do que nas economias centrais.
A literatura empírica sugere que tal convergência não ocorre, pelo menos não de
funcionamento espontâneo das forças de mercado. Se o sistema for deixado livre para seu
próprio forças, a tendência prevalente será a divergência.

9. DETERIORAÇÃO DOS TERMOS DE TROCA


Prebisch passa, então, a analisar de forma minuciosa as consequências do
progresso para os países da periferia. A primeira constatação feita por ele é a de que o
progresso técnico parece ter operado de forma mais acentuada nos países centrais do que
nos periféricos, e essa afirmação está baseada em um relatório da ONU (1949) sobre as
relações de preços, entre 1876 e 1947. De acordo com os clássicos benefícios da divisão
internacional do trabalho, isso implicaria uma diminuição dos preços dos bens
industrializados em relação aos bens primários, de modo a distribuir os frutos desse
progresso técnico entre todos os participantes do comércio internacional; e se assim fosse, a
industrialização dos países periféricos acarretaria uma ineficiência produtiva para eles. No
entanto, argumenta Prebisch apoiado em dados do mesmo relatório da ONU (1949), o
movimento foi o contrário; ou seja, os preços dos produtos industrializados aumentaram em
relação aos dos produtos primários, no período citado.

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A explicação dada por Prebisch para tal fenômeno é a de que, em primeiro lugar,
os preços, de um modo geral, não baixaram de acordo com o progresso técnico; e isso
significa que os ganhos de produtividade foram apropriados pelos empresários e pelos
fatores produtivos através da elevação de suas respectivas rendas. Em segundo lugar, esse
crescimento de renda foi maior nos países centrais do que nos países periféricos,
proporcionalmente aos seus respectivos aumentos de produtividade. Consequentemente, os
países centrais conseguiram preservar seus ganhos de produtividade, através do aumento de
sua renda, e ainda conseguiram captar os ganhos de produtividade dos países periféricos.
O mecanismo de perpetuação do movimento de queda nos termos de troca entre
os países periféricos e os países centrais – em prejuízo dos primeiros – e o consequente
maior aumento da renda média por trabalhador nos últimos teria, segundo o autor, como
motor central os ciclos econômicos. Esses ciclos refletiriam os excessos de demanda (na
fase ascendente) e de oferta (na fase descendente) da produção nos países centrais e se
propagariam para os países periféricos da seguinte maneira: o excesso de demanda por
produtos industriais finais, nos países centrais, estimularia um aumento de seus preços e,
consequentemente, um aumento do lucro dos empresários. Esse lucro, por sua vez, seria
transferido para os países periféricos mediante aumento da demanda e dos preços dos
produtos primários, que superaria o próprio aumento de preço dos produtos finais.
Entretanto, na fase descendente do ciclo, quando a oferta de produtos industriais finais fosse
maior do que sua demanda, nos países centrais, ocorreria exatamente o contrário e os preços
primários cairiam mais do que os preços finais. Esse movimento se reproduziria de maneira
que os preços finais iriam se distanciando constantemente dos preços primários – em
detrimento destes – através dos ciclos.
O motivo apresentado por Prebisch, da ocorrência desse fenômeno é que, na
fase ascendente do ciclo, parte dos lucros dos empresários dos países centrais se
transformariam aumento salarial de seus trabalhadores. Já na fase descendente, esses salários
conseguiriam se manter no mesmo nível da fase ascendente, e assim também se sucederia
com os lucros. Essa capacidade de manutenção de renda dos trabalhadores dos países
centrais só se daria, neste esquema, porque eles estariam organizados e conseguiriam
sustentar o preço de sua mão-de-obra, através de seu monopólio. Os empresários também
conseguiriam manter seus lucros pois seriam monopolistas dos produtos industriais finais.
A consequência desse controle de preços, nos países centrais, seria a contração da renda na
periferia sob a forma de salários e/ou lucros. Isso porque nos países periféricos tal controle
de preços não ocorreria, já que as massas trabalhadoras seriam desorganizadas e produtores
incapazes de manter seus preços no mercado internacional.
A deterioração dos termos de intercâmbio significa que, se os volumes
exportados se mantivessem estáveis, sua capacidade de compra de bens e serviços do
exterior, ou seja, a capacidade de importar, diminuiria com o decorrer do tempo.
Essas ideias são conhecidas na literatura como a hipótese Prebisch-Singer, uma
vez que Raúl Prebisch e Hans Singer desenvolveram ideias muito semelhantes
simultaneamente.
Essa hipótese encontra um primeiro respaldo fundamentalmente empírico:
desde o final da Primeira Guerra Mundial, mas especialmente na década de 1930. Essa
tendência continuou até o fim do Século XX, quando os preços relativos dos bens primários
começaram a subir.
Prebisch interpretou essas tendências de acordo com um conjunto de
argumentos teóricos. Um deles trata de como é distribuída a renda e como são distribuídos
os frutos do progresso técnico nos países com estruturas econômicas e sociais diferentes. Os
preços dos produtos de exportação do centro e da periferia são formados com base em níveis
salariais muito díspares, gerando níveis elevados de desigualdade e baixos salários na

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periferia. Outro componente é que os bens primários mostram uma baixa elasticidade-renda
da demanda, isto é, a demanda por bens desse tipo aumenta, na margem, menos do que a
renda. Isso faria com que os países em desenvolvimento enfrentassem uma crescente
concorrência entre eles próprios pelos mercados, a qual seria resolvida por meio da redução
de preços, o que é possível não apenas pelo aumento da produtividade, mas também pela
dificuldade para apropriar-se internamente desses aumentos da produtividade mediante o
aumento de salários e a captação por parte do Estado. Somam-se a esse argumento das
elasticidades os efeitos do progresso técnico sobre a substituição de bens naturais por bens
artificiais e sintéticos, que contribuíram para a redução da demanda de bens como os têxteis,
os nitratos, a borracha natural, etc.
Outro componente do raciocínio de Prebisch sobre os termos de intercâmbio
está relacionado a um tema palpitante e que atraiu o seu interesse: o da grande amplitude
dos ciclos econômicos nos países da periferia. A ideia básica é que, nos momentos de forte
expansão da economia mundial, a demanda por matérias-primas e alimentos dispara,
gerando, no curto prazo, um expressivo aumento dos preços.
Contudo, nos momentos em que os ciclos econômicos se invertem, os preços
desses bens caem bastante, sem que haja mecanismos institucionais que possam frear essa
queda, pelas razões sociais mencionadas acima. Essas flutuações podem esconder as
tendências subjacentes, porém, ao fim e ao cabo de cada ciclo, a deterioração é cada vez
maior.

9.1 A HIPÓTESE DE PREBISCH-SINGER SOBRE A TENDÊNCIA A


DETERIORAR-SE DOS TERMOS DE TROCA A LONGO PRAZO

Prebisch analisou a questão da deterioração dos termos de troca porque acreditava


que isso era um fator que determinou a inserção de países periféricos na economia mundial e
limitaram seu desenvolvimento econômico se optassem pelo crescimento a partir de uma
exportação primária.
É assim que um dos aspectos mais famosos e controversos do pensamento de Raúl
Prebisch está relacionado com a hipótese da tendência secular à deterioração dos termos de
troca entre matérias-primas e alimentos, por um lado, e bens industrializados, por outro. Dado
a especialização dos países em desenvolvimento na produção de matérias-primas e alimentos,
a tendência para a deterioração dos preços desses bens levaria à deterioração de seus termos
de troca.
A deterioração dos termos de troca significa que, se os volumes exportados por
esses países, sua capacidade de adquirir bens e serviços no exterior, isto é, sua capacidade de
importação, diminuirá com o tempo.
Essas ideias são conhecidas na literatura como a hipótese de Prebisch-Singer, uma
vez que autores, simultaneamente, formularam ideias muito semelhantes.
Esta hipótese tem um primeiro sustento do tipo basicamente empírico. Como pode
ser visto no gráfico 1, desde o final da primeira guerra mundial, mas especialmente na década
de 1930, período em que Prebisch estava ligado à gestão econômica, os preços reais dos
produtos primários sofreram uma queda considerável. Como mostrado no gráfico 2, apesar da
recuperação permanente demonstrada pelo volume de exportações após da queda acentuada
registrada no início da década de 1930, a capacidade de importação continuou a diminuir
seriamente devido à deterioração dos termos de troca.

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Prebisch interpretou essas tendências de acordo com um conjunto de raciocínios
teóricos. Em primeiro lugar, seu pensamento é construído em torno da análise do modo como
distribuir renda, assim como os frutos do progresso técnico, em países com diferentes
estruturas econômicas e sociais. Nos países centrais, caracterizado por uma estrutura produtiva
relativamente homogênea e produtividade maior que a dos países da periferia, o Estado, os
empregadores e os trabalhadores têm força suficiente como apropriar-se de uma parte
importante do valor agregado produzido.
Os assalariados, em particular, através de seus sindicatos e do estado de bem-estar
social, alcançam obter uma boa parte do produto. Pelo contrário, os países da periferia são
caracterizados por têm estruturas produtivas muito heterogêneas, com alguns enclaves de alta
produtividade, mas geradores de pouco emprego, e um setor muito considerável de baixa
produtividade e subemprego. A própria fraqueza do Estado e dos trabalhadores, que têm pouca

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formação e baixo nível de organização, combinado com o alto crescimento populacional,
condições em que os níveis salariais permanecem muito baixos, em termos relativos. Desta
forma, os preços dos produtos de exportação do centro e da periferia são eles constroem com
base em níveis salariais muito diferentes.
No entanto, em termos teóricos, embora se reconheça que os países desenvolvidos
estruturas econômicas mais avançadas, nas quais há maiores aumentos de produtividade, a
teoria convencional levaria a supor que os preços dos produtos cairiam mais do que os dos
países periféricos. Esta tendência não seria notada devido precisamente ao fato de que
diferentes sociedades mostram diferentes capacidades de apropriação dos frutos do progresso
técnico e isso afeta a estrutura dos preços.
Estas características estruturais são combinadas, por sua vez, com outras
peculiaridades dos diferentes bens. Bens primários mostram baixa elasticidade de demanda,
isto é, a demanda por este tipo de bens aumenta, em porcentagem, menos que a renda. Isso
levaria os países em desenvolvimento a enfrentar uma crescente concorrência entre eles pelos
mercados, o que seria resolvido através da redução de preços, o que se torna possível não só
pelo aumento da produtividade, mas pela dificuldade em se apropriar internamente deste
aumento através do aumento de salários e da captura pelo Estado. A este argumento de
elasticidades são adicionados os efeitos do progresso técnico na substituição de bens naturais
por bens artificiais e sintéticos, o que contribuiu para a redução de demanda por bens como
têxteis, nitratos e borracha natural, entre outros.
Outro elemento do raciocínio de Prebisch sobre os termos de troca está
relacionado com um outro tema e que atraiu o seu interesse: é sobre a grande amplitude dos
ciclos econômicas nos países da periferia. A ideia básica é que em tempos de alta expansão da
economia mundial a demanda por matérias-primas e alimentos aumenta abruptamente e no
curto prazo provoca um aumento acentuado dos preços, mas no momento em que os ciclos
econômicos se invertem, os preços desses bens notadamente, sem que existem mecanismos
institucionais que possam impedir esse declínio, pois razões sociais mencionadas acima. Essas
flutuações podem esconder as tendências de fundo, mas no final de cada ciclo, a deterioração
é progressivamente maior.
As principais conclusões que Prebisch tirou da verificação dessas tendências
referem-se à necessidade urgente de os países em desenvolvimento ou periféricos de
transformar seu padrão de especialização produtiva e inserção internacional. Em momentos
em que países mais desenvolvidos basearam sua predominância em uma profunda
industrialização de suas estruturas produtivas, um processo que acompanhou as rápidas
mudanças tecnológicas, persistência nos países periféricos de um padrão de especialização
produtiva baseado no extração e produção de recursos naturais foi visto como um caminho
que levou à perda permanente de posições relativas no cenário internacional.
Ao contrário do que a teoria do comércio convencional pregou, a exploração de
vantagens comparativas não levaram a processos de aprofundamento do desenvolvimento,
mas a especialização perversa que andava de mãos dadas com a manutenção das estruturas
sociais arcaico. Como essas mudanças não ocorreriam espontaneamente seguindo os sinais de
mercados imperfeitos, era necessária uma participação vigorosa do Estado para promover uma
industrialização voltada para a reintegração dinâmica na economia internacional, que se deveu
em parte a uma intensificação da integração dos mercados dos países

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10. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Buscou-se mostrar neste texto, as características principais de Prebisch (1949)
que fazem com que o clássico texto seja inserido no arcabouço teórico das teorias do
desenvolvimento econômico. Dado o contexto histórico do pós-Segunda Guerra Mundial,
no qual o desenvolvimento econômico dos países subdesenvolvidos estava na ordem do dia,
o texto de Prebisch se destaca pela sua originalidade na criação de uma escola de pensamento
econômico latino-americana que se propôs a estudar o desenvolvimento sob a perspectiva
local, e não dos países centrais. Se, por um lado, o autor não contesta a validade teórica das
vantagens da clássica divisão internacional do trabalho, ele, indubitavelmente, rejeita a
teoria econômica tradicional para analisar o processo de desenvolvimento econômico
(industrialização) da América Latina. Isso porque sua concepção da economia mundial
divide os países em centrais (industrializados e hegemônicos) e periféricos (agrícolas e
dependentes), impondo-lhes uma relação desigual que impossibilita a aplicação do modelo
e da doutrina da teoria clássica em sua análise. De uma outra forma, Prebisch rejeita a ideia
de que os frutos do progresso técnico pudessem ser divididos igualmente entre todos os
países participantes do comércio internacional justamente por esse comércio não representar
uma relação entre países iguais. A consequência dessa relação desigual seria o processo de
deterioração dos termos de troca entre os países periféricos e centrais, em curso desde as
décadas anteriores; e a prova da má repartição dos frutos do progresso técnico seria a
condição de vida das massas nos países periféricos.
Assim sendo, torna-se interessante voltar à polêmica esboçada neste trabalho
sobre a relevância das teorias do desenvolvimento econômico na análise das economias
subdesenvolvidas, nos dias de hoje.

11. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA


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