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Dissertação de Mestrado
Rio de Janeiro
Maio de 2008
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Vivian Alves de Assis
Ficha catalográfica
94 f. ; 29 cm
CDD 340
Aos meus pais e irmã,
pelo amor, confiança e incentivo
Agradecimento
Aos colegas da turma de mestrado mais polêmica que já se ouviu falar: João
Pedro, Pedro, Marcelo, Orlando, Rodrigo, pelos conselhos e debates; Ana Luisa,
Joana pela amizade e aprendizado; Teresa, Flávia pela identidade acadêmica e
pessoal.
Palavras-chave
Keywords
1. Introdução 9
6. Bibliografia 89
1
Introdução
Gaston Bachelard
1
BACHELARD, G., A formação do espírito científico: contribuição para a psicanálise do
conhecimento, p. 10.
2
WARAT, L. A., Do postulado da pureza metódica ao princípio da heteronímia significativa. In:
WARAT, L. A., Epistemologia e ensino do direito: o sonho acabou, p. 236.
3
PANTOJA, L. M. X. P., Fragmentos amorosos de um discurso jurídico – ou fragmento jurídico
de um discurso amoroso. In: WARAT, L. A., Epistemologia e ensino do direito: o sonho acabou,
p. 12.
10
4
Este conceito foi desenvolvido por Warat e será esclarecido adiante.
5
WARAT, L. A., A pureza do poder: uma análise critica da teoria jurídica. Florianópolis: Ed. da
UFSC, 1983.
6
WARAT, L. A., Introdução. In: MONDARDO, D., 20 ANOS Rebeldes: o Direito à luz da
proposta filosófico- pedagógica de L.A. Warat, p.11.
7
Barthes utiliza esta expressão na sua Aula inaugural da cadeira de Semiologia Literária do
Colégio de França para expressar suas dúvidas acerca das razões que levaram a este tradicional
colégio onde reinava a ciência, o rigor e a invenção disciplinada a recebê-lo. Cf. BARTHES, R.,
Aula, p.8.
8
Ibid., p. 12.
9
BARTHES, R., A câmara clara: nota sobre fotografia, p. 32.
10
Em busca efetuada na Plataforma Lattes do CNPq consta que Luis Alberto Warat publicou 53
artigos em periódicos e 39 livros, sem considerar as inúmeras orientações de dissertações e teses
ao longo de sua carreira acadêmica. Disponível em:
http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/index.jsp. Acesso em: 15 abr. 2008, 14:30.
11
Antonio Carlos Wolkmer analisa a obra de Warat no mesmo sentido: “Por se tratar de um
pensador em constante processo de criação e recriação de suas idéias, torna-se deveras complexo
demarcar com precisão, em Luis Alberto Warat, não só a extensão de seus horizontes teóricos
11
como, sobretudo, o início e o término dos diferentes momentos de sua produção epistêmica.”
WOLKMER, A. C., Introdução ao Pensamento Jurídico Crítico, p. 116.
12
ECO, U., Interpretação e Superinterpretação, p. 93.
13
A interpretação sustentável é aquela realizada por um leitor sensível e responsável que respeita o
pano de fundo cultural e lingüístico do autor lido. Cf. Ibid.
14
Gaston Bachelard distingue a história do pensamento científico em três etapas: a primeira é
denominada de estado pré-científico (antiguidade clássica até o século XVIII); a segunda
representa o estado científico (fim do século XVIII ao início do século XX); a terceira seria a era
do novo espírito científico (início em 1905). O marco desta nova era para o pensamento científico
seria a Teoria da Relatividade de Einstein. Cf. BACHELARD, G., A formação do espírito
científico: contribuição para a psicanálise do conhecimento, p. 9.
15
WARAT, L. A., O lugar da fala: digna voz da majestade. In: FALCÃO, J.(Org)., Pesquisa
científica e direito, p. 82.
16
Entre os juristas brasileiros que desenvolvem um pensamento crítico podem ser citados: Antonio
Carlos Wolkmer, Gisele Cittadino, Maria Guadalupe Piragibe da Fonseca, Leonel Severo da
Rocha, José Maria Gómez, Carlos Alberto Plastino, José Eduardo Faria, José Alcebíades de
12
Oliveira Júnior, Horácio Wanderlei Rodrigues, Roberto Lyra Filho, Luis Fernando Coelho, Luis
Edson Fachin, Ovídio Araújo Baptista da Silva, Edmundo Lima de Arruda Júnior, Joaquim Falcão,
Lédio Rosa de Andrade, o próprio Luis Alberto Warat, entre outros. Estes nomes foram
selecionados entre autores que possuem obras na área, participantes da ALMED ou que possuem
grupos de pesquisa sobre o tema, cadastrados no CNPq. Disponível em:
http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/. Acesso em: 15 abr. 2008, 15:30.
17
BARTHES, R., Aula, p. 46.
18
WARAT, L. A., Por quem as sereias cantam: Informe sobre Ecocidadania, gênero e Direito.
In: Territórios desconhecidos: a procura surrealista pelos lugares do abandono do sentido e da
reconstrução da subjetividade, p. 532.
19
Id., El jardim de los senderos que se bifurcam. In: WARAT, L. A. Epistemologia e ensino do
direito: o sonho acabou, p. 469.
20
Id., Saber crítico e senso comum teórico dos juristas. In: WARAT, L. A. Epistemologia e
ensino do direito: o sonho acabou, p. 27.
13
21
STRECK, L. L., A revelação das “obviedades”do sentido comum e sentido( in)comum das
“obviedades” reveladas. In: OLIVEIRA JUNIOR, J. A., O poder das metáforas: homenagem aos
35 anos de docência de Luis Alberto Warat, p.53.
22
WARAT, L. A., O lugar da fala: digna voz da majestade. In: FALCÃO, J. (Org), Pesquisa
científica e direito, p. 83.
23
“O contexto de um elemento X qualquer é, em princípio tudo o que cerca este
elemento.”CHARAUDEAU, P.; MANGUENEAU, D., Dicionário de análise do discurso, p.127.
14
24
Segundo a lógica pedagógica de Warat de não submissão na relação entre professor e aluno, o
primeiro não forma discípulos, mas cúmplices. Cf. MONDARDO, Dilsa. , 20 ANOS Rebeldes: o
Direito à luz da proposta filosófico- pedagógica de L.A. Warat , p. 13.
25
WARAT, L. A. O mestre: sua luz e sombras. In: OLIVEIRA JUNIOR, J. A., O poder das
metáforas: homenagem aos 35 anos de docência de Luis Alberto Warat, p. 13.
26
Lenio Streck fala em “caminar” ao se referir a Warat, ao meu ver, como forma de demonstrar
seu afinco em compreender o autor que fala castelhano. STRECK, L. L., A revelação das”
obviedades” do sentido comum e o sentido (in)comum das “obviedades” reveladas. . In:
OLIVEIRA JUNIOR, J. A., O poder das metáforas: homenagem aos 35 anos de docência de Luis
Alberto Warat, p. 53.
15
2.1
O esgotamento da modernidade hegemônica
1
A chave de sentido se presta a iluminar o processo interpretativo de uma norma ou conceito. Cf.
CAVALLAZZI, R. L., O Estatuto epistemológico do Direito Urbanístico brasileiro:
Possibilidades e obstáculos na Tutela do Direito à Cidade. In: COUTINHO, R.; BONIZZATO, L.
(Coord.). Direito da Cidade: Novas Concepções sobre as Relações Jurídicas no Espaço Social
Urbano, p. 63.
2
“(...) dialética é um vocábulo formado pelo prefixo dia (que indica reciprocidade ou intercâmbio)
e pelo verbo legein ou pelo substantivo logos (o que significa que a palavra dialética tem como
origem a palavra diálogo). Como nota Foulquié, o termo logos tanto significa “palavra” ou
“discurso” como significa razão.” KONDER, L., A derrota da dialética: a recepção das idéias de
Marx no Brasil até o começo dos anos trinta, p.1.
3
“ (...) aspectos essenciais do conceito hegeliano de dialética, isto é, da dialética como
reconhecimento da instabilidade e da contrariedade intrínsecas do real.”Cf. Ibid., p. 4.
4
GUETTI, P., A legitimidade do direito nos horizontes da modernidade/pós-modernidade. In:
Revista Direito, Estado e Sociedade, nº 25, p.93.
5
“Segundo Hegel, a realidade é intrinsecamente contraditória e existe em permanente
transformação; e o modo de pensar que nos permite conhecê-la não pode deixar de ser, ele mesmo,
dinâmico.” KONDER, L., op. cit., p. 4.
6
“No século XV, numerosos autores demonstraram a coerência e a originalidade revolucionária
desse novo conhecimento ontológico imanente.” “No século XVII, o conceito de modernidade
como crise estava definitivamente consolidado.” NEGRI, A.; HARDT, M., Império, p. 89 e 95.
7
“O plano de imanência é aquele no qual os poderes de singularidade são realizados e aquele no
qual a verdade da nova humanidade é determinada histórica, técnica e politicamente.”In: Ibid., p.
91.
8
GUIMARAES, F., O poder constituinte na perspectiva de Antonio Negri: um conceito muito
além da modernidade hegemônica, p. 81-83.
18
cidades e da história e inventores dos céus”9, com isso, o homem assume papel
central na produção de conhecimento.
As referidas alternativas de modernidade refletem o processo de
secularização das doutrinas teológicas, pois tinham em comum a substituição da
referência divina, como autoridade transcendente, por uma concepção de poder
que faz referência ao humano, entretanto apresentavam propostas opostas de visão
de mundo.
O novo conhecimento imanente, surgido nas origens da modernidade, é
considerado revolucionário por trazer para a Terra e aos homens os “poderes de
criação”10 que pertenciam aos céus.
Na disputa silenciosa entre a modernidade imanente e a modernidade
transcendente, esta modernidade reguladora e contra-revolucionária que surgiu
como resposta repressiva às imanentes afirmações de liberdade humana tornou-se
hegemônica.
O desafio deste projeto contra-revolucionário era resolver a crise da
modernidade, que se arrastava nos séculos do Iluminismo, dominando a idéia de
imanência sem reproduzir a transcendência absoluta medieval para conter,
disciplinar, os sujeitos formalmente livres.11
Este retorno da transcendência procurou administrar as forças do impulso
imanente para uma direção mais segura, sem retornar ao estado anterior de
transcendência medieval.12
O ponto principal de divergência é o que cada proposta de modernidade
compreende como fundamentação do poder. De fato, os adeptos da modernidade
hegemônica propõem uma fundamentação transcendental, na qual ocorre a
alienação de potência13 pela figura fictícia do Contrato Social.
Desta feita, a modernidade transcendente buscou equacionar a crise da
modernidade, ao tornar-se hegemônica ao recorrer a um dualismo funcional
9
NEGRI, A.; HARDT, M., Império, p. 89.
10
Ibid., p. 90.
11
Ibid., p.96.
12
GUETTI, P., A legitimidade do direito nos horizontes da modernidade/pós-modernidade. In:
Revista Direito, Estado e Sociedade, nº 25,p.93.
13
Cf. Verbete sobre Baruch Spinoza elaborado por Antonio Negri: “ A potentia, figura geral do
Ser, sustentando a concepção do conatus como impulso de todo o ser para a produção de si e do
mundo, exprime-se então como cupiditas e investe de maneira constitutiva no mundo das paixões
e das relações históricas”. In: CHATELET, F.; DUHAMEL, O.; PISIER, E. Dicionário de obras
políticas, p. 1132 e 1133.
19
14
NEGRI, A.; HARDT, M., Império, p.96.
15
Ibid.
16
GUIMARAES, F., O poder constituinte na perspectiva de Antonio Negri: um conceito muito
além da modernidade hegemônica, p. 42.
17
BAUMAN, Z., Modernidade e ambivalência, p. 15.
18
Ibid., p. 12.
19
NEGRI, A.; HARDT, M., op.cit., p. 97 e 98.
20
René Descartes surge no mesmo século em que Galileu e Bacon traçam suas teorias que visam
consolidar o método indutivo. O referido autor desenvolve o método dedutivo em seu livro
Discurso sobre o método, se afasta assim do processo indutivo. Ao explicitar o método dedutivo,
Descartes postula quatro regras: a da evidência, a da análise, a da síntese e da enumeração. As
referidas regras estão explicitadas no segundo trecho: “O primeiro era o de nunca aceitar algo
como verdadeiro que eu não conhecesse claramente como tal; (...) O segundo, o de repartir cada
uma das dificuldades que eu analisasse em tantas parcelas quantas fossem possíveis e necessárias a
fim de melhor solucioná-las. O terceiro, o de conduzir por ordem meus pensamentos, iniciando
pelos objetos mais simples e mais fáceis de conhecer, para elevar-me, pouco a pouco, como
galgando degraus, até o conhecimento dos mais compostos, e presumindo até mesmo uma ordem
entre os que não se precedem naturalmente uns aos outros. E o último o de efetuar em toda parte
relações metódicas tão completas e revisões tão gerais nas quais eu tivesse a certeza de nada
omitir.” DESCARTES, R., Discurso do método; As paixões da alma; Meditações, p. 49-50.
20
21
NEGRI, A.; HARDT, M., Império, p. 97.
22
Cf. POGREBINSCHI, T. ; PLASTINO, C. A., A obediência em Thomas Hobbes, p. 1-5.
23
Ao interpretarmos o Leviatã, principal obra de Hobbes, optamos por adotar uma interpretação
diversa da oficial, ou em uma linguagem waratiana uma interpretação diferente da adotada pelo
senso comum teórico.
24
O filtro dos fenômenos, a reflexão do intelecto como única forma de conhecimento humano e o
esquematismo da razão. NEGRI, A. ; HARDT, M., op. cit., p.96.
25
CUNHA, J. R. F., Modernidade e Ciência: Algumas Posições Epistemológicas. In: Revista
Direito, Estado e Sociedade, nº 16, p. 92.
21
26
NEGRI, A.; HARDT, M., Império, p.98 e 99.
27
KANT, Immanuel. Crítica da Razão Pura. Trad Valério Roden e Udo Baldur Mosburger. São
Paulo: Editora Nova Cultural, 1999.
28
CUNHA, J. R. F.,op. cit, p. 113.
29
Ibid., p. 122.
30
BAUMAN, Z., Modernidade e ambivalência, p. 10.
31
Ibid., p. 9.
32
A Biblioteca de Babel é um conto do escritor argentino Jorge Luis Borges que representa a idéia
metafísica de plenitude, pois promete abranger todos os livros em suas galerias hexagonais.
BORGES, J. L., Ficções (1944), 2007.
33
A idéia utilizar o conto Biblioteca de Babel como metáfora à condição moderna partiu de Warat
em entrevista em que se adotou a técnica de entrevista semi-estruturada, a partir de roteiro aberto.
Com isso, buscou-se a narrativa o mais natural possível mediante o incentivo das lembranças da
trajetória acadêmica do pesquisado, além do autor tratar de temas que pretende desenvolver em
futuras obras.
34
BAUMAN, Z., op. cit. , p. 11.
35
A referida angústia do homem moderno está presente no seguinte trecho do conto A Biblioteca
de Babel: “ A certeza de que alguma prateleira em algum hexágono encerrava livros preciosos e de
que estes livros preciosos eram inacessíveis, pareceu quase intolerável”. In: BORGES, Jorge Luis.
Ficções (1944), p. 75.
36
Oficina Arte e Direito ministrada por Luis Alberto Warat e Martha Gama no Congresso: 180
anos do ensino do direito no Brasil e a democratização do acesso à justiça realizado pela ABEDI
na Universidade Nacional de Brasília em Novembro de 2007.
22
o mesmo vive uma ilusão de plenitude que supre sua situação de desamparo e
incertezas.
Com esta metáfora, Warat visa criticar os pesquisadores afetados pelo
paradigma da modernidade, que se colocam como “sábios” privilegiando as
formas abstratas de seus pensamentos à própria experiência.
Para continuarmos no campo das metáforas como forma de esclarecimento
sobre a insuficiência da perspectiva moderna, utilizaremos a obra A paixão
segundo G.H., de Clarice Lispector,37 para demonstrar o sentimento de desilusão
perante o ambíguo vivido contemporaneamente que é o reflexo do medo de não
pertencer mais a um sistema, a uma organização instituída, medo de se entregar ao
devir que faz o homem se interrogar: “ mas por que não me deixo guiar pelo que
for acontecendo?”. 38
A busca incessante por um sistema ilusório que estabeleça uma fuga das
ambigüidades pode ser compreendida ainda no seguinte trecho do livro: “ É difícil
perder- se. É tão difícil que provavelmente arrumarei depressa um modo de me
achar, mesmo que achar-me seja de novo a mentira de que vivo.” 39
Ainda no campo metafórico, Warat auxilia a compreensão do paradigma
moderno ao apresentar a metáfora advinda da tradição bíblica40 — que representa
a época pré-moderna — em que homens querem construir uma Torre de Babel
para alcançarem o Céu e acabam sendo punidos por Deus com a criação da
diferença de línguas, mas que precisam de uma língua única, um pensamento
único, verdades únicas, para continuarem a construção da torre.
De forma análoga, Warat fala ainda da segunda Torre de Babel para se
referir à proposta moderna, que no campo do direito, seria a torre do
normativismo jurídico, que precisa cumprir a tarefa da ordem e da razão abstrata
para ser erguida e possui as mesmas pretensões onipotentes da primeira torre, que
era erguida a partir da referência divina transcendental.
37
O fascínio pela obra de Clarice Lispector advém da leitura de textos de Warat em que o mesmo
coloca suas impressões sobre a obra da autora, que considera ser a “grande alquimista de las
palabras sus sentidos y sus silêncios”. Cf. WARAT, L. A., Materialismo Mágico XV. Disponível
em: http://luisalbertowarat.blogspot.com/. Acesso em: 15 abr. 2008, 17:20.
38
LISPECTOR, C., A paixão segundo G.H, p. 13.
39
Ibid., p. 12.
40
Entrevista ao autor Luis Alberto Warat, em que se adotou a técnica de entrevista semi-
estruturada, a partir de roteiro aberto. Com isso, buscou-se a narrativa o mais natural possível
mediante o incentivo das lembranças da trajetória acadêmica do pesquisado, além do autor tratar
de temas que pretende desenvolver em futuras obras.
23
41
BAUMAN, Z., Modernidade Líquida, p. 9.
42
WARAT, L. A., Pálpitos Epistemológicos para el siglo XXI (segunda vuelta). In: WARAT, L.
A.,Epistemologia e ensino do direito: o sonho acabou, p.16.
43
BAUMAN, Z., op. cit., p. 16.
44
Ibid., p. 9.
45
Ibid.
46
BOURDIEU, P., Coisas Ditas, p. 100.
24
47
WARAT, L. A., Por quem cantam as sereias: Informe sobre Ecocidadania, Gênero e Direito.
In: WARAT, L. A., Territórios desconhecidos: a procura surrealista pelos lugares do abandono
do sentido e da reconstrução da subjetividade, p. 422.
48
Ibid.,p 422.
49
BAUMAN, Z., Modernidade e ambivalência, p. 12.
50
Oficina Arte e Direito ministrada por Luis Alberto Warat e Martha Gama no Congresso: 180
anos do ensino do direito no Brasil e a democratização do acesso à justiça realizado pela ABEDI
na Universidade Nacional de Brasília em Novembro de 2007.
51
No seguinte trecho, Warat explicita o esforço de juristas que pretendem a fuga do referido
“paraíso conceitual”: “Os migrantes do paraíso conceitualizador do mundo jurídico, uma vez
renunciado ao esforço histórico, quase bíblico, do entendimento do Direito como dado natural –
retificado e homogeneizado, começam a nos mostrar novas condições de entendimento baseado no
caráter histórico contingente e medular do Direito nas sociedades capitalistas, qualquer que fosse a
sua face.”In: WARAT, L. A., Educação, Direitos Humanos, Cidadania e Exclusão Social:
Fundamentos preliminares para uma tentativa de refundação. p. 26.
52
Entrevista ao autor Luis Alberto Warat, em que se adotou a técnica de entrevista semi-
estruturada, a partir de roteiro aberto. Com isso, buscou-se a narrativa o mais natural possível
mediante o incentivo das lembranças da trajetória acadêmica do pesquisado, além do autor tratar
de temas que pretende desenvolver em futuras obras.
25
53
Sobre a relação entre a razão e a sensibilidade Warat ensina que: “A razão é só uma forma de
pensamento a sensibilidade é outra. É preciso sempre ir além do princípio da razão para acalmar
um pouco a insatisfação derivada do já definitivamente estabelecido.” In: WARAT, L. A.,
Educação, Direitos Humanos, Cidadania e Exclusão Social: Fundamentos preliminares para uma
tentativa de refundação, p. 35.
54
Ibid., p. 3.
55
ALVES, R., Filosofia da ciência: introdução ao jogo e suas regras, p. 39.
56
Não existe um consenso quanto à designação mais adequada para as mudanças políticas, sociais
e epistemológicas que vivemos hoje. Teóricos como Boaventura, Freakestone, Bauman, Lyotard e
Baudrillard falam respectivamente em “pós-modernidade”, “pós-modernismo”, “modernidade
líquida”, “condição pós-moderna”, “regime do simulacro”.
26
57
Veremos adiante que Warat trata o momento atual como transmoderno.
58
WARAT, L. A., A Ciência Jurídica e seus dois maridos. In: WARAT, L. A., Territórios
desconhecidos: a procura surrealista pelos lugares do abandono do sentido e da reconstrução da
subjetividade, p. 86.
59
BAUMAN, Z., Modernidade e ambivalência, p. 16.
60
BAUDRILLARD, J., Senhas, p. 56 e 57.
61
WARAT, L. A.,op. cit., p. 86.
62
O outro sentido seria a transmodernidade propriamente dita, que neste trabalho denomina-se
transurrealismo, um novo olhar proposto por Warat.
63
Id., Por quem cantam as sereias: Informe sobre Ecocidadania, Gênero e Direito. In: WARAT,
L. A., Territórios desconhecidos: a procura surrealista pelos lugares do abandono do sentido e da
reconstrução da subjetividade, p. 422.
27
64
SANTOS, B. S., Introdução a uma ciência pós-moderna, p. 11.
65
“As crises de crescimento (...) têm lugar ao nível de matriz disciplinar de um dado ramo da
ciência, isto é, revelam-se na insatisfação perante métodos ou conceitos básicos até então usados
sem qualquer contestação na disciplina, insatisfação que, aliás, decorre da existência, ainda que
por vezes apenas pressentida, de alternativas viáveis.”In: Ibid., p. 17.
66
Ibid.
67
Ibid., p. 36.
68
Ibid.
69
“Nossa hipótese de trabalho é a de que o saber, muda de estatuto ao mesmo tempo que as
sociedades entram na idade dita pós-industrial e as culturas na idade dita pós-moderna.” Cf.
LYOTARD, J., A condição pós-moderna, p. 3.
28
em 1979, que estabelece como marco inicial desta condição por volta dos anos 50
— não coincidentemente no pós-guerra — chamada ainda de “era pós-industrial”.
Na condição pós-moderna seria identificável a crise da ciência e da
verdade, que implicaria em uma mudança da própria ciência, produzindo reflexos
na universidade como produtora da ciência. Neste momento, iniciou-se a
invalidação do enquadramento metafísico da ciência moderna, que acarretou em
uma crise dos dogmas produzidos pela mesma e das suas pretensões
universalizantes e atemporais.70
O pós-moderno, segundo Lyotard, seria a condição da cultura nesta nova
71
era de vocação cibernético-informática e informacional. Na presente análise,
adota-se o entendimento que apenas neste sentido pode-se falar que o momento
contemporâneo é pós-moderno, pois o mesmo não se consolidou como visão de
mundo dominante, nem pode ser percebido como uma crise.
O posicionamento ora assumido se coaduna ao de Antonio Negri e Hardt
que não se preocupam com designações para o período em que vivemos, mas
reconhecem que, apesar de ainda compartilhar muitos elementos da modernidade
hegemônica, é significativa a mudança em relação ao passado recente.72
Tanto Warat, quanto Negri e Hardt entendem a pós-modernidade como a
modernidade disfarçada de si mesmo, já que a “modernidade continua aberta e
viva hoje”.73 Nas palavras de Warat: “a pós-modernidade não é outra coisa senão
a modernidade em sua fase simulada.”74
Segundo Warat, o que mudou foi o sentimento de vazio advindo da
percepção dos excessos cometidos pela concepção moderna, já Antonio Negri e
Hardt desenvolvem uma abordagem política deste fenômeno consideram que a
mudança pode ser percebida pela dissolução da sociedade civil.75
Bauman também trata o período atual de uma forma próxima à ora
apresentada quando fala de “modernidade líquida”76, como a fluidez atual
70
BARBOSA, W. V., Tempos pós-modernos. In: Ibid., viii.
71
BARBOSA, W. V., Tempos pós-modernos. In: Ibid., viii e ix.
72
NEGRI, A.; HARDT, M., O trabalho de Dioniso: Para a crítica ao Estado pós-moderno, p. 31.
73
Ibid., p 34.
74
WARAT, L., A. A condição transmoderna do desencanto com a cultura jurídica. In: WARAT,
L. A., Epistemologia e ensino do direito: o sonho acabou, p. 37.
75
Ibid.
76
“ Os líquidos, uma variedade dos fluidos, devem essas notáveis qualidades ao fato de que suas
“moléculas são num arranjo ordenado que atinge apenas poucos diâmetros moleculares.”Cf.
BAUMAN, Z., Modernidade Líquida, p. 7.
29
2.2
Modernidade imanente e o transurrealismo: sistemas ilusórios
criativos
77
Ibid., p. 15.
78
KONDER, L., A derrota da dialética : a recepção das idéias de Marx no Brasil, até o começo
dos anos trinta, p.22.
79
Ibid.
80
Prefereu-se utilizar a nomenclatura “transurrealismo” para falar das propostas de Warat pela
primeira vez em um paper apresentado em um painel do Congresso da ABEDI realizado em
Brasília em novembro de 2007, assistido por Warat. Esta opção foi aprovada por Warat que
utilizou esta designação apenas uma vez em seu blog. Em seu texto ou fragmento, como prefere,
designa sua proposta como uma “ (...) reformulación del surrealismo, o bien los fundamentos para
que se pueda, actualmente ir armando un neosurrealismo, possurrealismo,o transurrealismo del
siglo XXI”. (grifo nosso) Cf. em WARAT, L. A., Materialismo mágico XI. Acesso em:
http://luisalbertowarat.blogspot.com/ , 29/09/2007, 14:05.
30
81
KUHN, T., A estrutura das revoluções científicas, p. 221.
82
Ibid., p 220.
83
ALVES, R., Filosofia da ciência: introdução ao jogo e suas regras, p.198-197.
84
“(...) a “ciência normal” significa a pesquisa firmemente baseada em uma ou mais realizações
científicas passadas da ciência. Estas realizações são reconhecidas durante algum tempo por
alguma comunidade científica específica como proporcionando os fundamentos para sua prática
posterior.” KUHN, T., op. cit., p. 29.
85
ALVES, R., op.cit, p. 199.
86
CHAUI, M., Convite à filosofia, p. 224.
31
87
FREUD, S., O Futuro de uma Ilusão. In: FREUD, S., Cinco lições de psicanálise; A história do
movimento psicanalítico; O futuro de uma ilusão; O mal-estar na civilização; Esboço de
psicanálise, p.108.
88
Ibid.
89
DELEUZE, G.; GUATTARI, F., O que é filosofia?, p. 79.
90
A modernidade transcendente é sinônimo da modernidade hegemônica que corresponde ao que
vários autores designam como paradigma moderno.
91
Entrevista ao autor Luis Alberto Warat, em que se adotou a técnica de entrevista semi-
estruturada, a partir de roteiro aberto. Com isso, buscou-se a narrativa o mais natural possível
mediante o incentivo das lembranças da trajetória acadêmica do pesquisado, além do autor tratar
de temas que pretende desenvolver em futuras obras.
32
“... lógica que implica diretamente a ação, ou seja, que insere o momento da
práxis na epistemologia e, portanto, a ética e política nos processos cognitivos.”
94
(grifo nosso)
92
HESSEN, J., Teoria do Conhecimento, p. 51.
93
ALVES, R., op. cit.,p. 21.
94
NEGRI,A., Cinco lições sobre Império, p. 10.
95
WARAT, L. A., Metáforas para a ciência, a arte e a subjetividade. In: WARAT, L. A.,
Territórios desconhecidos: a procura surrealista pelos lugares do abandono do sentido e da
reconstrução da subjetividade, p. 538.
96
Ibid.
97
Ibid.
98
WARAT, L. A., O lugar da fala: digna voz da majestade. In: FALCÃO, Joaquim (Org).
Pesquisa científica e direito, p 82.
33
99
SANTOS, B. S., Introdução a uma ciência pós-moderna, p.49.
100
Ibid., p.48.
101
HARDT, M.; NEGRI, A., Império, p. 92.
102
WARAT, L. A. Ciência Jurídica e seus dois maridos. Santa Cruz do Sul: FISC, 1985.
103
KONDER, L., As artes da palavra: Elementos para uma poética marxista. São Paulo:
Boitempo, 2005.
104
WARAT, L. A., Derecho al Derecho. In: WARAT, L. A., Territórios desconhecidos: a
procura surrealista pelos lugares do abandono do sentido e da reconstrução da subjetividade, p.
27.
105
Id., Ciência Jurídica e seus dois maridos, p. 21.
34
106
WARAT, L. A., Amor tomado pelo amor: crônica de uma paixão desmedida,p. 28.
107
Id., Ciência Jurídica e seus dois maridos. In: WARAT, L. A., Territórios desconhecidos: a
procura surrealista pelos lugares do abandono do sentido e da reconstrução da subjetividade,
p.71.
108
Ibid., p. 72
109
Cf. item 1.1. da presente análise.
110
WARAT, L. A., Ciência Jurídica e seus dois maridos. In: WARAT, L. A., Territórios
desconhecidos: a procura surrealista pelos lugares do abandono do sentido e da reconstrução da
subjetividade,, p.70
111
BAUDRILLARD, J., Senhas, p. 24.
112
Entre eles a Palestra ministrada pelo autor na Pós-Graduação em Urbanismo da UFRJ sobre
Materialismo Mágico, em 17 de outubro de 2007.
113
JAPIASSÚ, H.; MARCONDES, D., Dicionário Básico de Filosofia, p.73.
35
114
Ibid., p. 73.
115
Ibid., p. 14.
116
Ibid., p. 14
117
WARAT, L. A., Ciência Jurídica e seus dois maridos, p.26
118
Antes que surjam críticas de “Teodoros” guiados por uma “cultura-detergente”, que exige um
pensamento sem sujeira, cabe esclarecer que adultério é empregado pelo autor como “mobilidade
e marginalidade que contêm o novo.” In: Ibid., p. 16.
119
WARAT, L. A. Ciência Jurídica e seus dois maridos, p. 76.
120
Ibid., p.78.
121
ALVES, R., op. cit., p. 41.
36
122
Ibid., p. 41.
123
WARAT, L. A., A Ciência Jurídica e seus dois maridos. In: WARAT, L. A., Territórios
desconhecidos: a procura surrealista pelos lugares do abandono do sentido e da reconstrução da
subjetividade, p.84.
124
Apesar do referido autor ser um filósofo “que malandramente, faz de conta que nada propõe.”
Porém, quem mergulha na leitura desafiadora e surpreendente de sua obra, identifica rapidamente
a clareza e riqueza de suas propostas.MONDARDO, Dilsa. 20 ANOS Rebeldes: o Direito à luz da
proposta filosófico- pedagógica de L.A. Warat, p. 12.
125
Apesar de Warat ter se dedicado com afinco ao campo de estudos da epistemologia e pedagogia
do direito, em seus últimos escritos o mesmo demonstra uma desconfiança pelo controle
epistemológico e nas possibilidades de ensinar. Este entendimento pode ser comprovado pelo
título de um dos volumes da coletânea de suas obras: Epistemologia e ensino do direito: o sonho
acabou. Cf. WARAT, L. A., Epistemologia e ensino do direito: o sonho acabou. Florianópolis:
Fundação Boiteux, 2004.
126
“A dialética, como modo de pensar, no sentido proposto por Marx, precisa estar sempre
disposta a questionar a si mesma, a se reformular em seus próprios fundamentos, para não se
37
desligar do fluxo da história.” KONDER, L., A derrota da dialética : a recepção das idéias de
Marx no Brasil, até o começo dos anos trinta, p. 13.
127
WARAT, Luis Alberto. Introdução In: MONDARDO, D., 20 ANOS Rebeldes: o Direito à luz
da proposta filosófico- pedagógica de L.A. Warat, p. 18.
128
DAGOGNET, F., Sobre una segunda ruptura. In: WUNENBURGER, J. (coord.). Bachelard y
la epistemología francesa, p. 13.
129
Ibid., p. 13.
130
MONDARDO, D., op. cit, p. 81.
131
“(...) de Bakthin tomei emprestada sua idéia de carnavalização e a projetei ao plano
epistemológico(...)”.WARAT, L. A., Introdução.In: Ibid.., p. 18.
132
Ibid., p. 90.
133
WARAT, L. A., Por quem cantam as sereias: Informa sobre Ecocidadania, Gênero e Direito.
In: WARAT, L. A., Territórios desconhecidos: a procura surrealista pelos lugares do abandono
do sentido e da reconstrução da subjetividade, p. 472.
38
do autor para chegar ao surrealismo.134 Esta relação é assumida pelo próprio autor
na seguinte passagem:
134
Adiante será explicitado o que Warat compreende como surrealismo.
135
MONDARDO, Dilsa. , 20 ANOS Rebeldes: o Direito à luz da proposta filosófico- pedagógica
de L.A. Warat , p.18.
136
WARAT, L. A., Por quem cantam as sereias: Informa sobre Ecocidadania, Gênero e Direito.
In: WARAT, L. A., Territórios desconhecidos: a procura surrealista pelos lugares do abandono
do sentido e da reconstrução da subjetividade, p. 439.
137
Palestra ministrada por Luis Alberto Warat na Pós-Graduação em Urbanismo da UFRJ sobre
Materialismo Mágico, em 17 de outubro de 2007.
138
Neste modelo moderno de pedagogia, o aluno se transforma em um número na pauta, na
carteirinha, na nota e o professor se preocupa em exibir seu conhecimento, ao invés de estar
comprometido com o real aprendizado. As idéias transmitidas tão são tão intoxicantes quanto um
yogurte vencido. Aulas virtuais vendidas no mercado acadêmico, com o mesmo efeito das vídeo-
conferências. Palestra ministrada por Luis Alberto Warat no PROURB da UFRJ sobre
Materialismo Mágico, em 17 de outubro de 2007.
139
O autista não deve aqui ser compreendido como o diagnóstico psicológico daquele indivíduo
que possui um excesso de sensibilidade que o retira da sociabilidade, apenas pretende-se enfatizar
o aspecto da ausência de escuta do outro. In: Ibid.
140
Ibid.
39
141
Palestra ministrada por Luis Alberto Warat na Faculdade Nacional de Direito da UFRJ para o
2º Seminário Internacional Direito e Cinema: visões sobre o direito e a ditadura, em 5 de
Outubro de 2006.
142
WARAT, L. A., Por quem cantam as sereias: Informe sobre Ecocidadania, Gênero e Direito.
In: WARAT, L. A., Territórios desconhecidos: a procura surrealista pelos lugares do abandono
do sentido e da reconstrução da subjetividade.,p. 432.
143
WARAT, L. A., Materialismo mágico IX e X.
144
Ibid.
145
Id., Manifesto do surrealismo jurídico, 1988.
146
Cf. BRETON, A., Manifestes du surréalisme. Paris: Gallimard Publication, 1924.
147
WARAT, L. A., Materialismo mágico II.
40
148
Ibid.
149
Ibid.
150
Id., Materialismo mágico III.
151
Ibid.
152
Entrevista ao autor Luis Alberto Warat em que se adotou a técnica de entrevista semi-
estruturada, a partir de roteiro aberto. Com isso, buscou-se a narrativa o mais natural possível
mediante o incentivo das lembranças da trajetória acadêmica do pesquisado, além do autor tratar
de temas que pretende desenvolver em futuras obras.
153
Expressão criada por Warat em um diálogo com uma aluna bahiana, se apresenta como um
movimento cultural para o século XXI. Esta proposta foi apresentada através de fragmentos em
uma coluna virtual. In: Id., Materialismo mágico I.
154
Id., Materialismo mágico XI.
155
Id., Crisis de la democracia y crisis de la modernidad. In: WARAT, L. A., Epistemologia e
ensino do direito: o sonho acabou, p. 316.
156
O materialismo mágico representa ainda uma proposta de um neo-surrealismo como
movimento jurídico-político encabeçado por Warat sob a denominação de Arte e Direito, que
41
possui um canal de TV disponível na Internet para a reflexão e diálogo sobre o tema. Este é um
espaço de fuga para o que Warat designa como “pinguinização” dos profissionais do direito.
Disponível em: http://arteedireito.tv/ . Acesso em: 18 out. 2007, 13:40.
157
Id., Materialismo mágico I.
158
Esta idéia contraria a referência “(...)ao pensamento do filósofo que perde o tempo tratando de
ser erudito, especialista em algum outro filósofo (...)”. In: Id., Crisis de la democracia y crisis de
la modernidad. In: WARAT, L. A., Epistemologia e ensino do direito: o sonho acabou, p. 316.
159
WARAT, L. A., Materialismo mágico III.
160
ARTAUD, A.,O teatro e seu duplo, p. 151.
161
Ibid., p. 153.
162
WARAT, L. A., Metáforas para a ciência, a arte e a subjetividade. In: WARAT, L. A.
Territórios desconhecidos: a procura surrealista pelos lugares do abandono do sentido e da
reconstrução da subjetividade, p. 534.
42
163
Ibid., p. 534.
164
WARAT, L. A., Derecho al Derecho. In: WARAT, L. A. Territórios desconhecidos: a procura
surrealista pelos lugares do abandono do sentido e da reconstrução da subjetividade, p. 27.
165
Ibidem.
166
OLIVEIRA JUNIOR, J. A., O poder das metáforas: homenagem aos 35 anos de docência de
Luis Alberto Warat.
167
Id., Apresentação. In: OLIVEIRA JUNIOR, José Alcebíades de. O poder das metáforas:
homenagem aos 35 anos de docência de Luis Alberto Warat.
43
168
WARAT, L. A.. Introdução. In: MONDARDO, D., 20 ANOS Rebeldes: o Direito à luz da
proposta filosófico- pedagógica de L.A. Warat, p. 18.
169
Como dissemos anteriormente o romance tem um papel importante na não submissão à ordem.
170
KUNDERA, M., A insustentável leveza do ser. São Paulo: Companhia das Letras, 1999.
171
Ibid.
3
Resgatando Kelsen: para uma crítica qualificada
3.1
Kelsen em defesa da juridicidade
1
KELSEN, H., ¿Qué es la teoría Pura del Derecho ?, p. 9.
2
WARAT, L. A., A pureza do poder: uma análise critica da teoria jurídica, p. 13.
3
Adrian Sgarbi observa que a “Teoria Pura do Direito” não é apenas um nome de um livro, mas
um projeto de que visa a elevação do direito à posição de ciência . O esforço para a consolidação
deste projeto está presente nas seguintes obras: ‘Problemas Fundamentais de Direito Público”,
‘Teoria Pura do Direito” e suas edições até a de 1960, “teoria Geral das Normas”, livro editado
postumamente. In: SGARBI, A., Hans Kelsen: ensaios Introdutórios (2001-2005), p.1.
4
ROCHA, L. S., Epistemologia Jurídica e Democracia, p. 65.
5
“La teoría pura del derecho es positivismo jurídico, es simplesmente la teoría del positivismo
jurídico (...).”In: KELSEN, H., op. cit., p. 31.
45
6
BOBBIO, N., O positivismo jurídico: Lições de filosofia do direito, p. 131-133.
7
SGARBI, A., Teoria do direito: primeiras lições. Rio de Janeiro: Editora Lúmen Júris, 2007, p.
716,717.
8
Id., O positivismo jurídico: Lições de filosofia do direito, p. 225.
9
Cf. RUIZ, Alicia E. C. Aspectos ideológicos del discurso jurídico (desde una crítica del
derecho). In: MARÍ, E. E.; CÁRCOVA, C. M. (org.), Materiales para una crítica del derecho, p.
111.
46
10
CALSAMIGLIA, A., En defensa de Kelsen. In: Working Papers- Instituit de Ciències
Polítiques i Socials, n. 19, Barcelona:, 1997.
11
Ibid., p. 6 e 7.
12
Kelsen considera que uma teoria do direito possui o defeito do sincretismo metodológico
quando utiliza métodos que não sejam estritamente jurídicos. Cf. Ibid., p. 10 e 11.
13
WARAT, L. A., A pureza do poder: uma análise critica da teoria jurídica, p. 30.
14
KELSEN, H., Teoria Pura do Direito, p. 1-2.
15
Id., A pureza do poder: uma análise critica da teoria jurídica, p. 28.
47
Para uma melhor compreensão, deve-se expor que Kant em sua Crítica da
Razão Pura distingue duas modalidades de conhecimento: os conhecimentos
empíricos, que são captados a partir da experiência sensível; e os conhecimentos
puros ou a priori, baseados apenas na estrutura interna da razão, independente da
experiência individual.16
Estes dois tipos de conhecimentos se exprimiriam a partir de juízos
analíticos ou explicativos e juízos sintéticos ou ampliativos. Apenas os juízos
sintéticos seriam fonte do conhecimento, pois os predicados acrescentariam dados
novos ao conceito do sujeito. De fato, a questão fundamental a ser respondida por
Kant seria sobre a possibilidade de existência dos juízos sintéticos a priori.17
Kelsen utiliza parcialmente o método transcendental ou crítico de Kant,
para desenvolver a Teoria Pura do Direito como epistemologia do saber no campo
jurídico, já que prescinde dos juízos sintéticos a priori que pressupõem sempre
um dado sensível. O autor escapa, assim, da principal problemática do método
transcendental, ao reduzir o conhecimento do direito à dimensão deontológica das
normas positivas.18
A Teoria Pura do Direito kelseniana utiliza ainda a estratégia da cisão
entre o ser (plano ontológico) e dever-ser (plano deontológico) kantiana.19 Com
isso, a referida teoria se limita à análise do plano deontológico em que se
encontram as normas e seu enfoque técnico jurídico, eliminando a facticidade
como objeto de análise.20
Distingue-se, portanto, a problemática da validade em dois domínios: o
prático ou operativo e o teórico ou epistemológico. O plano prático estaria
comprometido com a política jurídica e estaria excluído das preocupações da
ciência normativa do direito, que se limitaria à esfera epistemológica. 21
Na realidade, o princípio metodológico da pureza adotado por Kelsen
possui influências diretas do neokantismo de Marburgo, por acreditar que o
16
“(...) se há um tal conhecimento independente da experiência e mesmo de todas as impressões e
sentidos. Tais conhecimentos denominam-se a priori e distinguem-se dos empíricos, que possuem
suas fontes a posteriori, ou seja na experiência.” In: KANT, I., Crítica da Razão Pura, p.53.
17
CHAUI, M., Convite à Filosofia, p. 199.
18
WARAT, L. A., Los pressupuestos kantianos y neokantinos de la teoria pura del derecho. In:
WARAT, L. A., Epistemologia e ensino do direito: o sonho acabou, p. 246.
19
GUIMARAES, Francisco de. Op. cit., p. 113.
20
Id., Sobre la dogmática jurídica. In: WARAT, L. A., Epistemologia e ensino do direito: o
sonho acabou, p. 156.
21
Id., La norma fundamental kelseniana como critério de significacion. In: WARAT, L. A.,
Epistemologia e ensino do direito: o sonho acabou., p. 269.
48
22
WARAT, L. A., Los pressupuestos kantianos y neokantinos de la teoria pura del derecho. In:
WARAT, L. A.., Epistemologia e ensino do direito: o sonho acabou, p. 243.
23
HESSEN, J., Teoria do Conhecimento, p. 67.
24
Id., Filosofia do direito: uma introdução crítica. In: WARAT, L. A., Epistemologia e ensino do
direito: o sonho acabou, p. 73.
25
WARAT, L. A., A pureza do poder: uma análise critica da teoria jurídica, p. 28.
49
o positivismo lógico, assim, a Teoria Pura seria a síntese das duas posturas
apresentadas26
A Teoria Pura do Direito desenvolve a função ontológica da Filosofia do
Direito.27 Desta forma, ela procura responder sobre a essência do direito, ao se
ocupar de uma teoria do conhecimento jurídico. Neste sentido, se torna inafastável
uma análise epistemológica para a compreensão dos reflexos da referida teoria.
Warat divide o processo histórico da dogmática28 tradicional, identificada
como a tentativa de construir uma teoria sistemática do direito que não envolva
juízos de valor29na aplicação de seu método jurídico-técnico em três etapas. A
primeira etapa pode ser denominada como exegética30, na qual ocorre a
conceitualização dos textos legais, ou seja, visa o estabelecimento de um conteúdo
exato para a lei.31
Nesta instância metodológica a dogmática identifica-se com a lógica
jurídica, que percebe o conceito da seguinte forma:“El concepto sería entonces,
una categoría conceptual estable, indiscutible, con significación cerrada.”32
A segunda etapa representa a fase dogmatização jurídica propriamente
dita, em que são fixados os dogmas jurídicos e os princípios gerais, que
semiologicamente falando, podem ser considerados como esteriótipos — fórmulas
ocas — que introduzem critérios axiológicos de forma mascarada para que o
ordenamento jurídico obtenha a completude tão sonhada.
O positivismo kelseniano está inserido na terceira fase da dogmática
jurídica33, correspondente à sistematização, que culmina com uma Teoria Geral do
Direito ou uma dogmática geral.
26
Id., Los pressupuestos kantianos y neokantinos de la teoria pura del derecho. In: WARAT, L.
A., Epistemologia e ensino do direito: o sonho acabou, p. 241.
27
Bobbio fala de três funções para a Filosofia do Direito: deontológica, ontológica e
fenomenológica. Cf. WARAT, L. A., Filosofia do direito: uma introdução crítica. In: WARAT, L.
A., Epistemologia e ensino do direito: o sonho acabou, p. 66.
28
A palavra dogmática vem de dokein que significa doutrinar, ensinar. As questões dogmáticas
são regidas pelo “princípio da inegabilidade dos pontos de partida”. In: FERRAZ JÚNIOR, T. S.,
Introdução ao Estudo do Direito: técnica, decisão, dominação, p. 41-48.
29
WARAT, L. A., Sobre la dogmática jurídica. In: WARAT, L. A., Epistemologia e ensino do
direito: o sonho acabou, p. 153.
30
A Escola da exegese francesa é uma doutrina subjetivista de interpretação, que se centra na
vontade do legislador (mens legislatoris), para compreender o sentido da lei bastariam análises
lingüísticas e métodos lógicos. Argumentavam que a interpretação não poderia ficar a mercê dos
intérpretes. V. FERRAZ JÚNIOR, T. S., op. cit, p. 267-269.
31
WARAT, L. A., Sobre la dogmática jurídica. In: WARAT, L. A., Epistemologia e ensino do
direito: o sonho acabou, p.154.
32
Ibid., p. 155.
33
Ibid., p. 156.
50
34
WARAT, L. A., A pureza do poder: uma análise critica da teoria jurídica.,p. 33.
35
Ibid., p. 38.
36
Ibid., p. 15.
37
LARENZ, K., Metodologia da ciência do direito, p. 85.
38
Id., A partir de Kelsen. In: WARAT, L. A., Epistemologia e ensino do direito: o sonho acabou,
p. 226.
39
KELSEN, H., ¿Qué es la teoría Pura del Derecho ?, p. 8-9.
40
CALSAMIGLIA A., En defensa de Kelsen.,, p. 16.
41
KELSEN, H., op. cit., p.13.
51
42
KELSEN, H., ¿Qué es la teoría Pura del Derecho ?, p.12 -13.
43
WARAT, L. A., A pureza do poder: uma análise critica da teoria jurídica., p. 13.
44
Ibid., p. 21.
45
CALSAMIGLIA, A., En defensa de Kelsen., p. 18.
46
Id.,Filosofia do Direito: uma introdução crítica. In: WARAT, L. A., Epistemologia e ensino do
direito: o sonho acabou, p. 51.
47
A noção de objetividade adotada por Kelsen compreende a racionalidade inscrita no próprio
real.O real estaria limitado aos enunciados considerados verdadeiros pela comunidade científica
jurídica In: WARAT, L. A. A pureza do poder: uma análise critica da teoria jurídica, p. 23.
48
CALSAMIGLIA, A., op. cit., p. 14.
49
ALVES, R., Filosofia da ciência: introdução ao jogo e suas regras,p.10.
52
50
Ibid.,p. 11 e 12.
51
WARAT, L. A., A pureza do poder: uma análise critica da teoria jurídica, p.13.
52
ROSA e SILVA, Karen Simões. Das Duas Transformações: Por uma análise metateórica (ou
metamorfósica) de Kelsen., p. 11.
53
CALSAMIGLIA, A., En defensa de Kelsen., p. 9 e 10.
54
Id., Os Quadrinhos Puros do Direito. In: WARAT, L. A., Territórios desconhecidos: a procura
surrealista pelos lugares do abandono do sentido e da reconstrução da subjetividade, p. 563-583.
55
KELSEN, H., ¿Qué es la teoría Pura del Derecho ?,p. 30.
56
SGARBI, Adrian. Hans Kelsen (Ensaios Introdutórios), p. 17.
53
3.2
Crítica waratiana ao postulado da pureza metodológica
57
SGARBI, Adrian. Hans Kelsen (Ensaios Introdutórios), p. 2.
58
KELSEN, H., Teoria pura do direito,, XIV. Este também é o entendimento de Karl Larenz: “(...)
la Teoría Pura del Derecho es como teoría, sugestiva en alto grado, pero escaso su rendimento para
la práctica.” LARENZ, K. Metodologia de la ciencia de lo derecho, p. 84.
54
“ seus efeitos ideológicos e políticos não provêm, isoladamente, dos valores que
Kelsen propõe para a construção de uma Ciência do Direito em sentido estrito,
senão pelos efeitos de seu discurso como guia e representação da práxis
jurídica.”62
59
WARAT, L. A., A pureza do poder: uma análise critica da teoria jurídica,p. 13.
60
Id., A partir de Kelsen. In: WARAT, L. A., Epistemologia e ensino do direito: o sonho acabou,
p. 225
61
WARAT, L. A., op.cit., p. 26.
62
Id., Saber crítico e senso comum teórico dos juristas. In: Epistemologia e ensino do direito: o
sonho acabou, p. 30.
55
63
WARAT, L. A. Mitos e teorias na interpretação da lei. Porto Alegre: Síntese, 1979, p.19.
64
Id., Epistemologia e ensino do direito: o sonho acabou, , p. 31.
65
Id., O lugar da fala: digna voz da majestade. In: (Org) FALCÃO, Joaquim. Pesquisa científica e
direito. Recife: Ed. Massangana, 1983, p. 83.
66
KELSEN, H. Teoria pura do direito, p. 10.
67
O termo ideologia possui diversas definições desenvolvidas por autores como Althusser, Arendt,
Marx e Engels entre outros, daí a importância de delimitar o conteúdo deste termo para
desenvolvermos a presente análise.
68
BARTHES, R., O prazer do texto, p. 41.
56
juristas como guia para a atividade dos profissionais do direito. Neste sentido,
ambos autores apontam para “a subversão de toda ideologia”. 69
Além da ideologia se caracterizar como um pensamento hegemônico, a
mesma tem a função de ocultar obviedades e manter o status quo, o que resta
claro a partir da definição de ideologia que oferecida por Marilena Chauí, segundo
a qual“ ideologia é ideário histórico, social e político que oculta a realidade, e
que esse ocultamento é uma forma de assegurar e manter a exploração
econômica, a desigualdade social e a dominação política”70.
Ressalta-se, que desde dos fins dos anos 70 e início dos anos 80, houve um
desprestígio desta categoria no mundo acadêmico, principalmente contra as
significações de ideologia como um “sistema”, abalada pelas idéias da
heterogeneidade e intradiscurso no ordenamento das formações ideológicas e
discursivas.71
O próprio Warat, nos anos 90, desprestigia o uso deste conceito nas
análises contemporâneas, pois, segundo o mesmo, este termo somente poderia ser
empregado se houvesse paixão, solidariedade e princípios idealizados que não
identificamos na sociedade atual.72
Na presente análise, a delimitação do significado da ideologia aos
pensamentos hegemônicos que visam ocultar obviedades para manter o status
quo, servindo aos processos mitológicos, oferece outra conotação a esta categoria
de análise.
Assim, a ideologia pode ser percebida como uma instância fálica da
linguagem, ou seja, uma organização simbólica que se auto-representa como um
fetiche. Isto gera nos receptores dos discursos um furacão de expectativas fálicas
como, por exemplo, comportamentos infalíveis73, “o êxito sem dificuldades, o
triunfo sem batalhas nem conflitos”74.
O próprio Warat, reconhece que vivemos em uma “modernidade
simulada”75,que instaura a reprodução, a repetição. Nesta linha de pensamento, a
69
BARTHES, R., O prazer do texto, p. 41.
70
CHAUI, M., O que é ideologia.
71
CHARAUDEAU, P,; MANGUENEAU, D. Dicionário de análise do discurso, p. 268.
72
WARAT, L. A.,A condição transmoderna do desencanto com a cultura jurídica. WARAT, L.
A., Epistemologia e ensino do direito: o sonho acabou, p 43.
73
Id.., Amor tomado pelo amor: crônica de uma paixão desmedida ,p. 38.
74
Ibid., p. 39.
75
Id., A condição transmoderna do desencanto com a cultura moderna. In: WARAT, L. A.,
Epistemologia e ensino do direito: o sonho acabou, p. 44.
57
pureza metodológica e sua repercussão no senso comum teórico dos juristas que
serve como um mecanismo de controle da modernidade, e, portanto, representa
uma ideologia das formas jurídicas, hoje pode ser analisada como uma repetição
de uma crença metodológica que se fixou no imaginário jurídico.
A partir desta perspectiva, Warat desenvolve uma crítica ao princípio
metodológico vertebral da Teoria Pura do Direito utilizando uma abordagem
semiológica do campo jurídico que se presta a demonstrar que todo signo tem um
significado, que só pode ser explicitado a partir de um contexto e de suas
interações político-institucionais.
Warat questiona ainda diretamente a crença kelseniana de que se possa
reconstruir um sistema de conceitos controlados logicamente, que esteja liberado
das articulações ideológicas76, pois para ele sobre o pretexto de racionalização dos
dados e da cientificidade se confirmam valores77, que compõem o conjunto de
crenças e representações que configuram o senso comum teórico dos juristas.
Desta forma Warat critica a pretensão de Kelsen em fundar uma teoria
jurídica apolítica e descompromissada, além dos resultados da interpretação do
saber jurídico kelseniano não atingirem a neutralidade pretendida, mas a
legitimação ideológica da ordem social78.Warat constata que a Teoria Pura cria
uma ilusão da posse de um discurso objetivo, fazendo-se crer no funcionamento
anônimo e imparcial do direito79.
Neste momento, cabe fazer uma digressão sobre o que Kelsen entendia
como interpretação realizada pelos cientistas do direito a partir do postulado da
pureza metodológica, para pontuar de forma mais clara as críticas ora formuladas.
Segundo Kelsen o ato interpretativo pode ser desenvolvido por dois grupos
de sujeitos: os órgãos de aplicação normativa; e os particulares, este grupo inclui
os juristas e os destinatários da norma. O primeiro grupo desenvolve uma
interpretação autêntica; o segundo uma interpretação não-autêntica.80
Os juristas, para que pratiquem ciência, devem adotar uma postura
descritiva frente ao conjunto normativo, revelando o campo de possibilidades
semânticas da norma, apresentando, assim, a “moldura interpretativa”. Não
76
WARAT, L. A., A pureza do poder: uma análise critica da teoria jurídica., p. 20.
77
Id., Mitos e teorias na interpretação da lei, p. 137.
78
Id., A pureza do poder: uma análise critica da teoria jurídica. op. cit., p. 14.
79
Ibid., p. 21 e 22.
80
SGARBI, A., Teoria do direito: primeiras lições, p. 445.
58
comporta ao cientista jurídico a escolha de um dos sentidos, esta seria uma função
de uma interpretação política.81
As proposições jurídicas descreveriam que, em determinadas condições,
um ato é lícito ou ilícito, o que permitiria a antecipação do que é aplicável aos
acontecimentos.82 Esta idéia de que bastaria estabelecer as possibilidades
combinatórias da linguagem técnica, pressupõe um controle da linguagem.
Segundo Kelsen, a linguagem dos cientistas do direito é uma linguagem
descritiva, uma atividade de conhecimento que não exclui qualquer possibilidade
semântica.83
Adrian Sgarbi, ao explicar o papel da Ciência Jurídica, esclarece que é
tarefa desta produzir significação a partir do texto legal:
81
Ibid,p. 446.
82
SGARBI, A., Hans Kelsen: Ensaios Introdutório (2001-2005), p. 24 e 25.
83
Id., Teoria do direito: primeiras lições, p. 448.
84
SGARBI, A., Hans Kelsen: Ensaios Introdutório (2001-2005), p. 26.
85
KELSEN, H., Teoria Pura do Direito, p. 397.
86
Ibid., p. 395.
87
Ibid., p. 396.
88
Ibid., p. 395.
59
89
WARAT, L. A., Filosofia do direito: uma introdução crítica. In: WARAT, L. A., Epistemologia
e ensino do direito: o sonho acabou,op.cit. p. 52.
90
Ibid.
91
Ressalta-se que quando falamos de topoi nos referimos à Tópica-retórica a partir do trabalho de
Theodor Viehweg em que os topois são “lugares comuns revelados pela experiência, aptos a
resolverem problemas vinculados a círculos problemáticos concretos. A objetividade e
neutralidade das proposições jurídicas é captada pelo senso comum teórico dos juristas, criando a
idéia de que o discurso dos cientistas jurídicos é “puro”, despolitizado. Cf. Id. Mitos e teoria da
interpretação, p. 86.
92
CHAUI, M., Convite à filosofia, p. 235.
93
KELSEN, H., ¿Qué es la teoría Pura del Derecho ?, p. 29.
94
WARAT, L. A., A pureza do poder: uma análise critica da teoria jurídica., p.38 ou 29.
60
95
Ibid., p.30
96
Id., A partir de Kelsen..In: WARAT, L. A., Epistemologia e ensino do direito: o sonho
acabou,op.cit. p. 229.
97
Id., Do postulado da pureza metódica ao princípio da heteronomia significativa..In: WARAT,
L. A., Epistemologia e ensino do direito: o sonho acabou, p. 236.
98
Id., Saber crítico e senso comum. In: WARAT, L. A., Epistemologia e ensino do direito: o
sonho acabou, p. 29.
99
BACHELARD, G., A epistemologia, p. 147.
100
SANTOS, B. S., Introdução a uma ciência pós-moderna, p. 31.
61
101
Ibid.
102
WARAT, L. A., A pureza do poder: uma análise critica da teoria jurídica., p. 21.
103
Ibid., p. 236 e 237.
104
Podemos citar também o texto “Los presupuestos kantianos e neokantianos de la teoria pura del
derecho.” In: WARAT, L. A., Epistemologia e ensino do direito: o sonho acabou, p. 241.
105
Id., Do postulado da pureza metódica ao princípio da heteronomia significativa. WARAT, L.
A., Epistemologia e ensino do direito: o sonho acabou, p. 235.
62
106
Ibid., p. 238.
107
WARAT, L. A., Los presupuestos kantianos e neokantianos de la teoria pura del derecho. In:
WARAT, L. A., Epistemologia e ensino do direito: o sonho acabou,op.cit., p. 253 e 254.
108
Id., Do postulado da pureza metódica ao princípio da heteronomia significativa.. In: WARAT,
L. A., Epistemologia e ensino do direito: o sonho acabou, p. 238-239.
4
A dimensão mítica da pureza metodológica como
obstáculo epistemológico
4.1.
O Processo de mitificação da pureza metodológica
1
WARAT, L. A., La filosofia lingüística y el discuso de la ciência social. In: Revista CCJ da
UFSC. n. 1.
2
Antonio Carlos Wolkmer estabelece uma periodização do pensamento waratiano, a partir de um
diálogo com o Prof. Horácio W. Rodrigues, em três momentos significativos: “a Semiologia
Analítica (formação); a Semiologia Política (temporalidade inovadora e afirmação) e a Semiologia
dos Desejos (amadurecimento).” In: WOLKMER, A. C., Introdução ao Pensamento Jurídico
Crítico, p. 117.
64
3
Roland Barthes desenvolve o referido conceito, adotado neste estudo, em seu livro intitulado
como Mitologias.
4
BARTHES, R. Mitologias, p. 199.
5
Ibid., p.201.
6
Ibid., p.221.
7
Ibid., p.220.
8
Ibid., p. 5.
9
WARAT, L. A., Mitos e teorias na interpretação da lei., p.128.
10
Ibid., p.129.
11
BARTHES, R., Mitologias, p. 201.
65
12
BARTHES, R., Mitologias, p. 203.
13
Ibid., p. 203.
14
Ibid., p. 202.
15
ROCHA, L. S., A problemática jurídica: uma introdução transdisciplinar, p. 18.
16
Segundo Saussure o signo total é a combinação do conceito (significado) e da imagem acústica
(significante). Além disso, considera que o significante e o significado estão unidos por um laço
arbitrário, o que torna o próprio signo arbitrário. SAUSSURE, Ferdinande. Curso de Lingüística
Geral, p. 81.
17
WARAT, L. A., O direito e sua linguagem, p.25.
18
ROCHA, L.S., Epistemologia Jurídica e Democracia, p. 67.
66
Barthes revisita sua teoria sobre o mito assumindo-a como uma questão
translingüística incorporada na prática que possui uma relação dialética com o
imaginário, que é o campo de atuação do senso comum teórico dos juristas.
O senso comum teórico dos juristas produz significados no momento da
propagação da pureza metodológica, se configura como metalinguagem, uma fala
sobre este postulado. O mito como segunda língua que fala da primeira, também é
uma metalinguagem,20 com isso propõe-se que o senso comum teórico dos juristas
produz uma fala mítica sobre o postulado da pureza metodológica.
A análise gera, portanto, uma reflexão sobre a metalinguagem, logo tem o
foco no senso comum teórico dos juristas ao invés de se ocupar com a pretensão
da interpretação autêntica, ou ao menos sustentável do postulado da pureza que
representa a linguagem-objeto deste estudo. Neste sentido, cabe o ensinamento de
Roland Barthes sobre a tarefa do semiólogo para definir a tarefa de revelação dos
mitos como uma perspectiva de análise mais ampla sobre o signo global:
19
BARTHES, R., Elementos de Semiologia, p.96.
20
Id., Mitologias, p. 206
21
Ibid., p. 206.
22
Ibid., p. 238.
23
Ibid., p. 238
67
24
O postulado da pureza metodológica estabeleceu uma proposta epistemológica para a Ciência do
Direito, que implica em uma visão objetiva, rigorosa e metódica da dogmática jurídica. Desta
forma se configura como uma “ciência das ciências jurídicas”. Cf. WARAT, L. A., Filosofia do
direito: uma introdução crítica. In: WARAT, L. A., Epistemologia e ensino do direito: o sonho
acabou, p. 74.
25
Id., Do postulado da pureza metódica ao princípio da heteronímia significativa. In: WARAT, L.
A. Epistemologia e ensino do direito: o sonho acabou, p. 237.
68
26
WARAT, L. A., Do postulado da pureza metódica ao princípio da heteronímia significativa..
In: WARAT, L. A., Epistemologia e ensino do direito: o sonho acabou., p. 238.
27
Ibid.., p. 238.
28
Id., A pureza do poder: uma análise critica da teoria jurídica, p. 55
29
CAVALLAZZI, R. L., O Jurista e as Ideologias. In: Revista de Teoria Jurídica - Práticas
Sociais – NIDS. Vol. 1, p.89.
30
As problemáticas inseridas na Teoria Pura do Direito visavam constituir um sistema conceitual
que fornecesse normas metodológicas e categorias gerais para a produção de um saber dogmático
geral. WARAT, L. A., A partir de Kelsen. WARAT, L. A., Epistemologia e ensino do direito: o
sonho acabou, p. 226.
31
Ibid.., p. 226.
69
32
Segundo Bobbio, o jusnaturalismo aposta no direito natural que seria obtido através da razão, já
que advém da natureza das coisas. O direito natural é universal, imutável e pode ser percebido a
priori. O jusnaturalismo constitui um ramo da história da filosofia acerca do caráter real do direito
e da sociedade se configurando como filosofia social.Neste sentido, é importante a visão de
Wieacker ao ressaltar que apesar do jusnaturalismo assumir com freqüência um caráter de
movimento de resistência, está relação não é necessária pois o mesmo é por natureza um método
do conhecimento do direito.Cf. BOBBIO, N., O positivismo jurídico: Lições de filosofia do
direito, p. 22.WIEACKER, F., História do Direito Privado Moderno, p. 280
33
WARAT, L. A., A pureza do poder: uma análise critica da teoria jurídica., p.21.
34
ALVES, R., Filosofia da ciência: introdução ao jogo e suas regras, p. 12.
35
Cf. SAUSSURE, F., Curso de Lingüística Geral , 2004.
36
BARTHES, R., Mitologias, p.205.
37
Ibid., p. 199.
38
Ibid.,p.206.
70
39
SAUSSURE, F., Curso de Lingüística Geral, p. 81.
40
Id., Elementos de Semiologia,. p. 43.
41
BARTHES, R., Elementos de Semiologia,. p. 46-51
42
Id., Mitologias, p. 206.
43
Ibid., p. 206 207.
44
Ibid., p. 208.
45
Ibid., p. 209.
46
Ibid., p. 209 .
71
metodológico que, por muitos autores, foi entendida como pureza do próprio
direito.47
Além disso, um dos motivos da incompreensão do projeto da Teoria Pura
do Direito seria o fato de Kelsen ter como alvo a mentalidade jusnaturalista, que
prevalecia entre os professores universitários que transmitiram a Teoria Pura do
Direito. Assim o pensamento de Kelsen foi passado aos alunos de forma
equivocada, diabolizada, pois segundo os “jus-professores” 48 o autor buscava a
separação entre o direito e a moral.49
O mito, como fala despolitizada, traz a pureza metodológica como critério
que despolitiza a Ciência Jurídica, para uma despolitização da práxis e
conseqüente a-historicidade. Barthes define política, neste caso, em um sentido
amplo “como conjunto das relações humanas na sua estrutura real, social, no
poder de construção do mundo”.50
O significado do primeiro sistema semiológico, no caso em questão,
advém da importância e repercussão da Teoria Pura do Direito na produção e
consolidação de uma ciência jurídica em sentido estrito. O referido conceito
(significado) é afastado para que surja uma significação que implique na pureza
na práxis em que o “operador do direito” se abriga no paraíso conceitual.
A perpetuação da pureza metodológica no senso comum teórico dos
juristas, como sistema semiológico dominante é impositivo na prática jurídica,
aliás, este caráter impositivo é uma das funções de um mito.51
A captura da pureza metodológica pelo senso comum teórico dos juristas
originou o plano do mito, que tornou o conteúdo dado por Kelsen a este postulado
em um significante - forma do mito - permitindo surgir uma significação que
legitima a purificação da prática jurídica, que se manifesta no âmbito
interpretativo, para que o operador assuma a função de mero técnico,52 “operador
do direito” e não um produtor de significados, ou seja, um intérprete.
47
SGARBI, A., Hans Kelsen: Ensaios Introdutório (2001-2005), p. 2.
48
WARAT, L. A., Os quadrinhos puros do direito. In: WARAT, L. A., Territórios
desconhecidos: a procura surrealista pelos lugares do abandono do sentido e da reconstrução da
subjetividade, p. 570.
49
Como dito anteriormente, o argumento que Kelsen pretendia desvincular o direito da moral é
falso, já que seu objeto de estudo, sua preocupação é com as possibilidades de instituição de uma
Ciência do Direito e não com o direito diretamente. Cf.Ibid., p. 571.
50
BARTHES, R., Mitologias, p. 235
51
Ibid., p. 208.
52
Como se fosse possível a neutralidade da técnica jurídica.
72
53
Roland Barthes desenvolve uma crítica ideológica a linguagem da cultura de massa, entre elas a
publicidade que, segundo o autor, mascara as verdadeiras funções do produto atribuindo-lhe
significados ilusórios. Barthes exemplifica este uso ilusório da imagem com o produto OMO, que
se utiliza da idéia de profundidade e da espuma em sua maciça publicidade. A profundidade da
limpeza e o luxo da espuma mascaram a função abrasiva do detergente. BARTHES, R.,
Mitologias, p. 39-41.
54
NÖRTH, W., A Semiótica no Século XX, p. 151.
55
BARTHES, R., Mitologias, p. 209.
56
Os operadores do direito são estes seres que habitam o paraíso conceitual de conceitos unívocos.
57
WARAT, L. A., Mitos e teorias na interpretação da lei, p. 19.
58
Ibid., p. 11.
73
59
Ibid., p. 20.
60
BARTHES, R., Mitologias, p. 221.
61
WARAT, L. A., Mitos e teorias na interpretação da lei. op. cit., p.21.
62
A idéia utilizar o eco das sereias como metáfora que critica o normativismo partiu de Warat em
entrevista em que se adotou a técnica de entrevista semi-estruturada, a partir de roteiro aberto.
Com isso, buscou-se a narrativa o mais natural possível mediante o incentivo das lembranças da
trajetória acadêmica do pesquisado, além do autor tratar de temas que pretende desenvolver em
futuras obras.
63
ROCHA, L. S. Epistemologia Jurídica e Democracia, p 67.
74
A ciência do direito, proposta por Kelsen, ao ser uma fala sobre as normas
jurídicas - linguagem-objeto - se configura também como metalinguagem64, que
visa somente descrever a norma jurídica, situando-se, apenas, no nível semântico
e sintático do signo (norma jurídica).
Nesta perspectiva a pureza metodológica apresenta uma dimensão mítica
por não perceber que a atividade do jurista constitui necessariamente espaços
políticos que produzem significados que se conformam a uma ideologia, ou seja,
por exclui o plano pragmático na análise dos signos.65
Nesta abordagem, se pretende demonstrar no processo de despolitização
como pano de fundo a “resistência apaixonada a qualquer sistema redutor.”66 O
sistema redutor ora analisado é o modelo reducionista das significações jurídicas,
que funciona como suporte ideológico – também chamado de “epistemologia dos
conceitos”67- resultante da mitificação da pureza metodológica.
Ao se adotar o pressuposto apresentado por Roland Barthes de que todo
discurso está envolvido pelo poder, independentemente do lugar da fala,68 é
possível observar como o saber científico do direito sofre inevitavelmente as
influências do contexto social no momento de produção das significações
jurídicas.69
Com isso, deve-se reconhecer a dimensão do poder não somente na prática
jurídica, mas reconhecê-la na atividade da ciência jurídica que se expressa na “luta
ideológica pelas significações”70. Partindo do pressuposto de Roland Barthes,
apresentado acima, pode-se falar do poder como uma condição de sentido das
proposições científicas.
Delineada desta forma a semiologia, como um instrumento epistemológico
para a análise das significações, torna-se adequada, portanto, para uma
“epistemologia das significações”.71
64
Ibid., p 93.
65
WARAT, L. A., A pureza do poder: uma análise critica da teoria jurídica, p. 35
66
BARTHES, R., A câmara clara: nota sobre fotografia , p. 30.
67
WARAT, L. A. O lugar da fala: digna voz da majestade. In: (Org) FALCÃO, Joaquim.
Pesquisa científica e direito.,p. 82.
68
BARTHES, R., Aula, p.10.
69
WARAT, L. A., A pureza do poder: uma análise critica da teoria jurídica., p. 20 .
70
Ibid., p. 23.
71
Id., O lugar da fala: digna voz da majestade. In: (Org) FALCÃO, Joaquim. Pesquisa científica
e direito, p.83.
75
4.2
A pureza metodológica: obstáculo epistemológico na perspectiva de
um pensamento crítico
72
BACHELARD, G. A epistemologia, p.147.
73
Ibid., p. 147.
74
Ibid., p. 148.
76
75
BACHELARD, G., A epistemologia, p. 147.
76
Id., O novo espírito científico, p.33.
77
Ibid., p.16.
78
WARAT, L. A., Ciência Jurídica e seus dois maridos. Santa Cruz do Sul: FISC, 1985.
79
Esta luz representa os novos pensamentos na obra de Bachelard.
80
Id., Territórios desconhecidos: a procura surrealista pelos lugares do abandono do sentido e da
reconstrução da subjetividade,, p. 70.
81
BACHELARD, G., A epistemologia., p. 148.
82
WARAT, L. A. Ciência Jurídica e seus dois maridos, p. 20.
77
“Há em Warat uma radical insatisfação perante a própria obra. Ele se ultrapassa
constantemente, redimensionando mais do que negando o que ficou para trás,
83
BACHELARD, G., O novo espírito científico, p. 147 e 148.
84
Idem
85
WARAT, Luis Alberto. Epistemologia e ensino do direito: o sonho acabou,op.cit., p. 108.
86
BACHELARD, G., op. cit., p. 151
87
Ibid., p. 150
88
Ibid.,. p. 148.
78
89
MARQUES NETTO, A. R., Apresentação. WARAT, L. A., Amor tomado pelo amor: crônica
de uma paixão desmedida.
90
WARAT, L. A., Mitos e teorias na interpretação da lei, p. 22.
91
Ibid., p. 22.
92
Id., Epistemologia e ensino do direito: o sonho acabou,op.cit., p. 106.
93
O rejuvenescimento é uma proposta epistemológica bachelardiana para o pesquisador científico.
94
KONDER, L., O que é dialética, p. 83-84.
95
BARTHES, R., Aula, p. 43.
96
KRONZONAS, D. E. Warat y yo. In: OLIVEIRA JUNIOR, J. A., O poder das metáforas:
homenagem aos 35 anos de docência de Luis Alberto Warat. p. 11.
97
KONDER, L. O que é dialética., p.86.
79
98
WARAT, L. A., Epistemologia e ensino do direito: o sonho acabou, p 13.
99
Em busca realizada no banco de dados de grupos de pesquisa do CNPq foram detectados 15
grupos a partir da palavra-chave “transdisciplinar”. Disponível em:
http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/. Acesso em: 03 abr. 2008, 13hs e 30min.
100
WARAT, L. A., Territórios desconhecidos: a procura surrealista pelos lugares do abandono
do sentido e da reconstrução da subjetividade, p. 530.
101
CHAUI, M., Convite à Filosofia, p. 18.
80
102
MIAILLE, M., Introdução Crítica ao Direito, p. 37.
103
BARTHES, R. Mitologias, p 234 e 235.
104
SANTOS, B. S., A gramática do tempo: para uma nova cultura política, p. 55.
105
SANTOS, B. S., Introdução a uma ciência pós-moderna. Rio de Janeiro: Graal,1989, p. 31.
106
Ibid., p. 36 e 37.
107
Ibid., p. 37.
108
“Uma sociedade democrática, com desigualdades sociais pouco acentuadas e com um sistema
educativo generalizado e orientado por uma pedagogia de emancipação e solidariedade por certo
“produzirá” um senso comum diferente do de uma sociedade autoritária, mais desigual e
ignorante.” SANTOS, B. S. Introdução a uma ciência pós-moderna., p. 38.
81
109
BACHELARD, G. A formação do espírito científico: contribuição para a psicanálise do
conhecimento, p. 18.
110
SANTOS, B. S., Introdução a uma ciência pós-moderna, p. 42, 43 e 71.
111
WARAT, L. A., Epistemologia e ensino do direito: o sonho acabou, p. 45.
82
Sendo assim, a ruptura que uma proposta crítica para o campo jurídico
deve realizar é com a ideologia cientificista que entende o saber fora da história,
compreendendo o mundo sem ambigüidades e incoerências. As ambigüidades e
complexidades na produção significativa do direito devem ser reveladas, para
tornar viável a busca de soluções mais adequadas no campo jurídico.
Na perspectiva da superação do obstáculo epistemológico da dimensão
mítica da pureza metodológica no imaginário jurídico não se pode ignorar os
trabalhos de autores que refletem sobre o campo jurídico a partir de um
pensamento crítico.
Neste sentido, a obra A introdução ao pensamento jurídico crítico de
Antonio Carlos Wolkmer é um marco para o entendimento da propagação desta
postura entre os juristas. Wolkmer divide a crítica jurídica em quarto grandes
eixos epistemológicos: Critical Legal Studies (movimento norte-americano com
influência na cultura anglo-americana); Association Critique du Droit (origem na
França com influência na América Latina); Uso Alternativo do Direito (origem na
Itália com penetração na Espanha, possui adeptos europeus e latino-americanos);
Enfoques epistemológicos de pluralismo crítico.112Entre os enfoques
epistemológicos de pluralismo crítico, Wolkmer cita:
112
WOLKMER, A. C., Introdução ao Pensamento Jurídico Crítico, p. 37.
113
Ibid.
114
WARAT, L. A., Filosofia do direito: uma introdução crítica. In: WARAT, L. A..,
Epistemologia e ensino do direito: o sonho acabou, p. 78-80.
83
115
Ibid. , p. 78-80.
116
WARAT, L. A., A Produção Crítica do Saber Jurídico. In: PLASTINO, C. A. (Org.), Crítica
do direito e do Estado, p. 18.
117
Id., Filosofia do direito: uma introdução crítica. In: WARAT, L. A.., Epistemologia e ensino
do direito: o sonho acabou , p. 78-80.
118
Id., A condição transmoderna do desencanto da cultura jurídica.In: WARAT, L. A.,
Epistemologia e ensino do direito: o sonho acabou, p. 41-42.
84
119
PLASTINO, C. A. Apresentação. In: PLASTINO, C. A. (Org.). Crítica do direito e do Estado,
p. 9.
5
À guisa de conclusão: rumo a perspectivas no campo
jurídico que revelem dimensões críticas na construção de
objetos de conhecimento
BARTHES, Roland. Aula. 10ª ed. São Paulo: Ed. Cultrix, 2002.
BORGES, Jorge Luis. Ficções (1944). São Paulo: Companhia das Letras, 2007.
CHAUI, Marilena. O que é ideologia. 2ª ed. Coleção primeiros passos n. 13. São
Paulo: Ed. Brasiliense, 2001.
KANT, Immanuel. Crítica da Razão Pura. Trad Valério Roden e Udo Baldur
Mosburger. São Paulo: Editora Nova Cultural, 1999.
KELSEN, Hans. Teoria pura do direito. 2a ed. - São Paulo : Martins Fontes,
2006.
ROSA e SILVA, Karen Simões. Das Duas Transformações: Por uma análise
metateórica (ou metamorfósica) de Kelsen. Dissertação de Mestrado. Rio de
Janeiro: PUC, Departamento de Direito, 2007.
SAUSSURE, Ferdinande. Curso de Lingüística Geral. 26ª ed. São Paulo: Ed.
Cultrix , 2004, p. 81.
WARAT, Luis Alberto. Amor tomado pelo amor: crônica de uma paixão
desmedida. São Paulo: Ed. Acadêmica, 1990.
Sites pesquisados
Entrevista
Palestras e Congressos
Oficina Arte e Direito ministrada por Luis Alberto Warat e Martha Gama no
Congresso: 180 anos do ensino do direito no Brasil e a democratização do acesso
à justiça realizado pela ABEDI na Universidade Nacional de Brasília em
Novembro de 2007.