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XXIII Domingo do Tempo Comum – B

I. Esta profecia de Isaías aconteceu no contexto do Exílio do Povo na Babilónia. A Boa


Notícia da Consolação de Israel brota da certeza da Fidelidade de Deus, do qual o
Profeta diz que “fará vingança ao Seu Povo”, ou seja, reconduzi-lo-á pelo caminho da
Libertação.
Na cultura bíblica, a Libertação estava associada à cura de doenças graves, porque
estas eram consideradas como consequência de possessões de espíritos impuros ou
castigo pelos pecados. Por isso, Isaías proclama a acção libertadora de Deus como
manifestação maravilhosa do Seu Poder sobre todos os “poderes” e do Seu Perdão
sobre todos os pecados!

Jesus de Nazaré viria a ser a Revelação e Realização máxima deste “Poder Perdoador”
de Deus que se manifesta biblicamente na acção de curar… É essa a mensagem dos
“milagres” nos evangelhos. Não são a proclamação de Jesus como curandeiro, mas
como Libertador de Deus!

II. Na semana passada o evangelho falava-nos da tensão entre Jesus e os fariseus por
causa das suas tradições judaicas vazias, e da dificuldade que isso trazia no
acolhimento da Boa Notícia do Mestre. Logo a seguir, aparece-nos este pedaço de
evangelho, e não é por acaso que Marcos nos diz por onde Jesus andava: Tiro e Sidónia
são duas grandes cidades pagãs a Norte de Israel, e a Decápole é uma extensa região
pagã formada também por dez grandes cidades (em grego, deca-polis: dez cidades).
O que o evangelista está simbolicamente a dizer é que Jesus está a formar um Novo
Povo de Deus, sempre representado com o número 12. Israel era o Povo das doze
tribos, e agora Jesus dilata o Povo de Deus a uma dimensão universal, pelo símbolo das
doze cidades pagãs. Por isso Jesus diz ao surdo, símbolo de todos os pagãos: “Abre-te!”.
E toca-lhe os ouvidos para ouvir e a língua para falar. Isto significa que a Palavra de
Deus começa a ser escutada e acolhida para além das fronteiras de Israel, e um Novo
Povo se forma pelo anúncio do Reino de Deus.

Nunca encontramos Jesus sentado numa secretária a escrever “mensagens espirituais”,


nem numa poltrona à espera dos que viessem ter com ele para lhes ensinar as mais
recentes doutrinas… Jesus está sempre A CAMINHO! Ele, “o Rosto visível de Deus”
sempre a Caminho, o não-instalado e não-pretensioso…

A este Jesus Caminhante “trouxeram um surdo que falava com dificuldade para que lhe
impusesse as mãos”. Mas Jesus não fez o que lhe pediram! Não lhe impôs as mãos.
Retirou-o antes da multidão, abriu-lhe os ouvidos e soltou-lhe a prisão da língua. Jesus
é a revelação de um DEUS SEMPRE MAIS do que nós somos capazes de pedir, imaginar
ou merecer. Um Deus que nos surpreende porque não coincide connosco!
Deus é Amor, e o Amor é “sempre mais”, senão deixaria de ser Amor. Porque Deus é
Amor, DEUS É SURPREENDENTE. Não se deixa vencer em generosidade, e toma sempre
a iniciativa de superar a nossa capacidade de pedir, imaginar ou merecer o Seu Amor
por nós. Por isso, engrandece-nos, dá largas à nossa Vida e amplia-nos o Coração.
E, acima de tudo, liberta-nos de todos os entraves a sermos verdadeiramente o que
estamos chamados a ser, tal como libertou o surdo com quem se encontrou em Jesus.

A primeira libertação não é ainda da surdez ou da prisão da língua, mas sim da


multidão! É a primeira “doença” que nos costuma afectar… Esta multidão não é tanto
um conjunto de pessoas que nos apertam de todos os lados e nos roubam a
possibilidade de escolher para onde queremos ir, o que queremos ouvir e dizer. Essa é
símbolo de uma multidão mais interior, a do Coração que não é livre, um Coração
barulhento, em rebuliço, sempre apressado para nenhures, quase sempre intranquilo,
cheio de coisas urgentes para resolver e distraído das importantes…

Jesus liberta-nos desta multidão na medida em que nos deixamos “afastar com ele da
multidão”, e conduz-nos à intimidade consigo. Sim, é de intimidade que este encontro
agora fala. Se reparares, agora tudo está sereno… já não há multidão, já não há
caminho, já não há cidades… dois rostos apenas, na profundidade de um encontro
transformador: Jesus toca, faz silêncio, levanta os olhos, suspira e sussurra uma só
palavra: “Effathá”

“Abre-te”, abre-te à Palavra nova que se diz e escuta na intimidade. “Abre-te”, abre-te à
Palavra que te liberta de toda a surdez do Coração. As palavras da multidão
ensurdecem! A Palavra de Jesus liberta e recria! “Abre-te”, abre-te à Palavra que porá
na tua língua palavras novas que não se deixam aprisionar nem te engasgam enquanto
falas. As palavras da multidão prendem! A Palavra de Jesus solta a prisão de todas as
línguas e recria os Homens no diálogo e na comunhão entre si.
Na intimidade com Jesus, libertos da multidão, abrem-se os nossos ouvidos à Palavra
de Deus, e percebemos que ela coincide com o melhor de nós próprios e o melhor da
Vida. Um Deus que é Amor não pode senão amar-nos e querer-nos Felizes! Então,
soltamo-nos de muitas prisões, as da língua e todas as outras em que nos vamos
deixando prender todos os dias em que andamos distraídos, e começamos a “falar
correctamente”.
O que é “falar correctamente”? É dizer o que deve ser dito, anunciar o que se escuta,
fazer da boca eco do Coração, tornar-se Palavra Viva e fonte de Vida para todos os de
Coração atento e disponível.
A intimidade com Jesus torna-nos seus DISCÍPULOS, os que abrimos os ouvidos para
escutar a sua Palavra, e torna-nos seus APÓSTOLOS, os que nos livramos de todas as
prisões da língua para anunciar a sua Palavra e dar testemunho da sua acção: “Ele faz
tudo bem feito!”

III. A fidelidade a este Encontro, a esta Palavra e a esta Cura na Intimidade joga-se nas
opções e iniciativas quotidianas. É isto que nos relembra a Carta de Tiago na segunda
leitura. Os discípulos do Cristo não-pretensioso de Deus devem ser seus continuadores
verdadeiros na atitude de simplicidade e fraternidade que derrota todas as barreiras
criadas pelos preconceitos. Até dentro da Igreja ainda devemos aprender bem tudo
isto… Aprender que neste Corpo Histórico de Cristo há diferença de funções, missões,
carismas e serviços, mas não podemos nunca permitir diferenças de dignidade!!!

Sérgio Miguel

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