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OLFATOMETRIA DE CAMPO COMO FERRAMENTA DE

AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL RELATIVO AO ODOR

André Luciano Malheiros1


Débora Lia Perazzoli1
Jacqueline Ariele Schraier1,2
Helder Rafael Nocko 1

1
EnvEx Engenharia e Consultoria. R. Dr. Jorge Meyer Filho, 93, Curitiba - PR
2
UFPR, Programa de Mestrado em Meio Ambiente Urbano e Industrial – PPGMAUI,
Centro Politécnico, Curitiba - PR

RESUMO
A legislação ambiental brasileira estabelece que para atividades geradoras de
substâncias odoríferas, o odor não pode ser percebido na comunidade do entorno, podendo
ainda exigir implantação de medidas de controle e o monitoramento da extensão da pluma de
odor. Porém, a legislação não estabelece métodos a serem usados nem estipula critérios de
avaliação para os resultados, o que limita sua aplicação e fiscalização. Assim sendo, este
artigo expõe o método da olfatometria de campo, utilizado internacionalmente para
monitoramento do odor em receptores próximos a fontes emissoras. É apresentada sua
aplicação em um programa de monitoramento de odor de longo prazo no entorno de uma
indústria. Devido à inexistência de padrões legais relacionados ao odor no Brasil, foram
desenvolvidos critérios baseados em referências internacionais para definir três Níveis de
Avaliação de Odor: Nível Desejável (< 7 D/T), Nível Tolerável (7 a 30 D/T) e Nível de
Incômodo (> 30 D/T). Esta ferramenta tem grande potencial para auxiliar na avaliação clara e
objetiva do impacto de atividades emissoras de odor sobre o entorno, bem como na avaliação
da eficácia das medidas de controle adotadas.
Palavras-chave: monitoramento de odor; olfatometria de campo; avaliação de
impacto do odor.
ABSTRACT
The Brazilian environmental legislation establishes that, for environmental licensing
of odor emitting activities, its odor must not be perceived outside the industry’s boundaries.
Installation of odor abatement techniques might be required, as well as odor monitoring to
determine the plume’s extent. Yet, legislation does not establish which methods should be
used, neither which are the criteria for evaluation of odor monitoring results. Thus, the law’s
enforcement and control is limited. .Therefore, this article displays the field olfactometry
method, internationally used for odor monitoring in receptors located close to odor sources.
This work shows the application of this method in a long-term odor monitoring program
around an industrial. Due to the inexistence of Brazilian legal odor standards, international
reference criteria were developed do define three Assessment Odor Levels: Desirable Level
(< 7 D/T), Tolerable Level (7 to 30 D/T) and Annoyance Level (> 30 D/T). This tool has great
potential to aid the clear and objective odor impact assessment in the surrounding areas of
odor emitting activities. It can also help in the efficiency analysis of odor control technologies
in the reduction of environmental impact.
Keywords: Odor monitoring, field olfactometry, odor impact assessment.

1. INTRODUÇÃO
O odor pode ser considerado um tipo de poluição atmosférica, apesar de não ser objeto
de legislação específica no Brasil que estipule padrões de emissão ou de qualidade do ar como
os existentes para poluentes tradicionais (por exemplo, materiais particulados, óxidos de
nitrogênio e enxofre, etc.), os quais são regulados a nível nacional pelas Resoluções
CONAMA nº 03/1990, nº 382/2006 e nº 436/2011.
Na esfera estadual, a legislação também é vaga no assunto. Em São Paulo, o artigo 33
do Decreto n.º 8.468, de 8 de setembro de 1976 proíbe a emissão de substâncias odoríferas na
atmosfera, em quantidades que possam ser perceptíveis fora dos limites da área de
propriedade da fonte emissora. Esta constatação pode ser efetuada por técnicos credenciados
da CETESB ou em comparação aos limites de percepção de odor listados neste artigo.
Entretanto, nenhum método de amostragem ou análise é estabelecido por esta legislação.
No caso do estado do Paraná, a Resolução SEMA nº 016/2014, em seu artigo 12,
estabelece que as atividades geradoras de substâncias odoríferas devem seguir boas práticas
de minimização de odores, e ser implantadas a uma distância suficiente para evitar o
incômodo aos núcleos populacionais. Caso estas ações não sejam suficientes, pode ser exigida
a implantação de medidas de controle adicionais e, caso a pluma atinja áreas residenciais, o
monitoramento da extensão da pluma de odor.
Ou seja, esta legislação faz menção ao monitoramento de odor no entorno de
empreendimentos como uma ferramenta de gestão e controle, apesar de não estipular um
método para sua avaliação, nem estabelecer forma quantitativa quais os níveis de odor
aceitáveis. Portanto, a aplicação e fiscalização desta diretriz legal se tornam limitada pela
ausência destas definições.
Apesar da ausência de padrões legais na legislação ambiental brasileira, na União
Europeia e em outros países como os EUA, os estados e municípios tem estabelecido
legislação específica, inclusive estipulando valores limite para odor ambiente, cuja avaliação é
feita por meio do método de olfatometria de campo (EPSTEIN & FREEDMAN, 2004).
Desta forma, este artigo apresenta a aplicação deste método em um estudo de caso de
uma indústria no estado do Paraná, em cujo entorno foi realizado o monitoramento de odor de
longo prazo com a olfatometria de campo, a fim de acompanhar a eficácia das medidas de
controle de emissão de odor adotadas no interior da indústria. Este estudo culminou no
desenvolvimento do Índice Ponderado de Odor (IPO), que associa a concentração do odor
com sua frequência de ocorrência, tornando-se uma ferramenta para realizar a avaliação do
impacto relacionado ao odor no entorno desta indústria, auxiliando desta forma a tomada de
decisão dos órgãos ambientais competentes.

2. METODOLOGIA
Neste capítulo são abordados a Área de Estudo e Plano de Monitoramento de Odor, os
Métodos e Materiais utilizados, e a técnica de avaliação dos resultados.
2.1 Área de Estudo e Plano de Monitoramento de Odor
A área de estudo refere-se a uma indústria que gera emissões odoríferas, e em cujo
entorno há uma área residencial na qual a população ocasionalmente reclamava com relação
ao odor. O órgão de meio ambiente solicitou à indústria a realização de um amplo estudo de
diagnóstico e avaliação do impacto relacionado ao odor. Este estudo foi realizado pela
empresa EnvEx Engenharia e Consultoria, e englobou monitoramento com olfatometria de
campo, modelagem de dispersão atmosférica, proposição de medidas de controle de odor e
respectivo cronograma, além de um plano de monitoramento de odor, a ser executado para
permitir a avaliação da eficácia das medidas adotadas.
O nome e local da indústria objeto do estudo são omitidos por sigilo, o que não
prejudica o desenvolvimento do trabalho e análise dos resultados.
O plano de monitoramento é resumido na Tabela 1. Este plano pode servir de modelo
ou referência para outros planos de monitoramento a serem aplicados para outros
empreendimentos.
TABELA 1. RESUMO DO PLANO DE AUTOMONITORAMENTO DE ODOR.
Plano de Monitoramento de Odor
Parâmetros a serem • Concentração de Odor;
monitorados • Parâmetros meteorológicos (no mínimo, velocidade e direção do vento).
• Concentração de Odor: Olfatometria com o olfatômetro de campo;
Metodologias
• Meteorologia: Estação meteorológica com medições a cada 1 minuto.
Frequência de monitoramento Campanhas mensais (pelo menos 1 dia por mês).
Pontos de monitoramento Seis pontos na comunidade externa ao empreendimento. Vide Figura 1.
• Nível de Incômodo: Intensidade de Odor no entorno > 30 D/T;
Critérios de Avaliação do
• Nível Tolerável: Intensidade de Odor no entorno entre 7 e 30 D/T;
Resultado*
• Nível Desejável: Intensidade de Odor no entorno < 7 D/T.
*Mais detalhes sobre o desenvolvimento destes critérios de avaliação são apresentados no item 2.3.
FONTE: Os Autores (2018).

Definiram-se seis pontos de monitoramento, alocados na comunidade com maior


potencial de impacto relacionado às emissões odoríferas do empreendimento, baseando-se na
análise da direção predominante do vento e localização da pluma de odor resultante do estudo
de modelagem de dispersão (Figura 1).
Ao longo do período de execução deste plano de monitoramento, as medições foram
realizadas em diferentes períodos do dia, em diferentes dias da semana e sob diversas
condições meteorológicas. O objetivo foi obter amostras representativas dos diferentes
fatores que podem afetar a dispersão da pluma de odor e, consequentemente, influenciar a
percepção do odor pela população do entorno.
FIGURA 1. LOCALIZAÇÃO DOS PONTOS DE MONITORAMENTO DE ODOR NO ENTORNO
DO EMPREENDIMENTO.
FONTE: Os Autores (2018).

2.2 Métodos e Materiais utilizados


O odor presente no ambiente em geral resulta de uma complexa mistura de
substâncias, cujo efeito é sinérgico; portanto, a análise química quantitativa de substâncias
isoladas não reflete a sensação percebida pelo olfato humano. Por isso, métodos sensoriais são
recomendados por permitir avaliar o incômodo real percebido pelo ser humano (CAPELLI et
al., 2013). Dentre os métodos sensoriais que podem ser aplicados ao monitoramento de odor,
destacam-se dois principais.
O primeiro é a olfatometria dinâmica, própria para determinação da taxa de emissão de
odor em fontes (cuja concentração é elevada), que é normatizada nos Estados Unidos pela
norma ASTM E679-04, e na Europa, pela norma EN13725/2003 (CAPELLI, SIRONI & DEL
ROSSO, 2013).
A intensidade/concentração do odor em UO/m³ é geralmente determinada pelo método
da olfatometria dinâmica de laboratório, que é o mais usado para amostragem direta de fontes
de odor, cujas concentrações são muito elevadas, mas em geral não é aplicável para odor no ar
ambiente (CAPELLI et al., 2008). Por isso, esta é normalmente a unidade empregada em
estudos de modelagem de dispersão para avaliar as fontes de emissão de odor e concentração
resultante.
O segundo método é a olfatometria de campo, própria para avaliação da imissão,
caracterizando as concentrações que são percebidas no receptor, que são mais baixas devido à
diluição (MCGUINLEY &. MCGUINLEY, 2006; CAPELLI et al., 2008).
A olfatometria de campo foi a metodologia utilizada neste estudo para o
monitoramento de odor. O olfatômetro de campo empregado é mostrado na Figura 2.

FIGURA 2. OLFATÔMETRO DE CAMPO UTILIZADO NO MONITORAMENTO.


FONTE: Os Autores (2018).

O princípio de funcionamento é a mistura, em razões volumétricas discretas, de ar


ambiente contendo odores, com ar filtrado livre de odores. Estas razões volumétricas discretas
são chamadas de “Dilution-to-Threshold” ratios, ou Taxas de Diluição. Esta mistura é
conseguida por meio de fluxos de ar provenientes de duas diferentes entradas: 1) Fluxo de ar
através dos filtros compostos por vários meios filtrantes para remoção do odor; e 2) Fluxo de
ar através de um dos orifícios do disco D/T (Dilution-to-Threshold). A posição rotacional do
D/T determina o tamanho do orifício e, consequentemente, o volume de ar com odor que entra
pelo orifício escolhido (ST. CROIX SENSORY, 2004).
Neste estudo, a intensidade do odor ambiente (no entorno) foi determinada usando a
olfatometria de campo, que emprega a unidade D/T (Dilution-to-Threshold, ou taxa de
diluição). As definições das unidades D/T (olfatometria de campo) e OU/m³ (olfatometria
dinâmica) são bastante parecidas, conforme mostrado pelas Equações (1) e (2) que se seguem:

𝐷 𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑑𝑒 𝑎𝑟 𝑓𝑖𝑙𝑡𝑟𝑎𝑑𝑜 (𝑠𝑒𝑚 𝑜𝑑𝑜𝑟) 𝑉𝑓𝑖𝑙𝑡𝑟𝑎𝑑𝑜


𝐶𝑜𝑑𝑜𝑟 [ ] = = (1)
𝑇 𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑑𝑒 𝑎𝑟 𝑐𝑜𝑚 𝑜𝑑𝑜𝑟 𝑉𝑜𝑑𝑜𝑟

𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑎𝑟 𝑉𝑓𝑖𝑙𝑡𝑟𝑎𝑑𝑜 + 𝑉𝑜𝑑𝑜𝑟 𝑉𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙


𝐶𝑜𝑑𝑜𝑟 [𝑂𝑈. 𝑚−3 ] = = = (2)
𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑑𝑒 𝑎𝑟 𝑐𝑜𝑚 𝑜𝑑𝑜𝑟 𝑉𝑜𝑑𝑜𝑟 𝑉𝑜𝑑𝑜𝑟

Desta forma, é possível comparar as unidades de concentração de odor D/T e UO/m³


da seguinte forma:

𝐷
𝐶𝑜𝑑𝑜𝑟 [𝑂𝑈. 𝑚−3 ] = 𝐶𝑜𝑑𝑜𝑟 [ ] + 1 (3)
𝑇

O olfatômetro de campo utilizado neste trabalho possui orifícios no disco D/T que
medem as seguintes razões de diluição: 60, 30, 15, 7, 4, e 2, conforme mostra a Figura 2. Um
odor detectado utilizando o orifício 60 pode ser de intensidade maior ou igual a 60, já que este
é o limite superior de quantificação do equipamento nesta configuração. Utilizando-se um
disco D/T diferente, pode-se obter uma escala capaz de quantificar o odor com concentração
mais alta, contemplando taxas de diluição de 60, 100, 200, 300, 400 e 500.
Simultaneamente ao monitoramento de odor, foi realizada ainda a medição dos
principais parâmetros meteorológicos (direção e velocidade do vento, temperatura e umidade
do ar, pressão atmosférica, entre outros) com estação meteorológica portátil. A estação foi
configurada para registrar dados em intervalos de 1 minuto.
2.3 Avaliação dos resultados
A avaliação dos resultados obtidos no monitoramento de odor requer a existência de
padrões aprovados em legislação, semelhantemente aos padrões de qualidade do ar da
Resolução CONAMA 003/1990. Como não existe tal legislação nacional, foi feita uma
pesquisa nos documentos legais internacionais, e em referências especializadas na literatura
internacional, a fim de desenvolver critérios a serem aplicados neste estudo de caso.
Easter et al. (2009) indica que o critério de avaliação dos impactos dos odores é de que
em um período de 3 minutos, o limiar da detecção de pico dos odores deve se manter em 99%
dos casos abaixo de 7 D/T. Ainda, McGuinley (2000) classifica a concentração do odor igual
ou acima de 7 D/T como questionável, o que pode ocasionar reclamações da comunidade.
Assim sendo, o nível recomendado desejável a fim de minimizar a possibilidade de
ocorrência de reclamações por parte da comunidade é tal que a concentração do odor nos
pontos de monitoramento no entorno seja menor que 7 D/T. Entretanto, devido a variações no
processo produtivo e principalmente às condições meteorológicas, a manutenção do odor
neste nível desejado nem sempre é possível. Por esta razão, define-se uma faixa de
intensidade de odor tolerável, entre 7 e 30 D/T. A definição desta faixa se baseia em estudos e
experimentos realizados por Huey et al. (1960), que mostraram que a partir de 31 D/T os
odores são considerados seriamente incômodos, se persistirem por um longo período.
Desta forma, os resultados do monitoramento de odor foram avaliados com base nos
seguintes critérios de avaliação, denominados de Níveis de Avaliação de Odor:
• Nível Desejável: Intensidade de Odor no entorno < 7 D/T;
• Nível Tolerável: Intensidade de Odor no entorno entre 7 e 30 D/T;
• Nível de Incômodo: Intensidade de Odor no entorno > 30 D/T.
Além da definição dos três níveis de odor mencionados, foi criada também uma
ferramenta matemática denominada Índice Ponderado de Odor. Seu princípio é semelhante ao
utilizado, por exemplo, no Índice de Qualidade do Ar (IQA), praticado pelas agências de
proteção ambiental, que relaciona as concentrações de poluentes na atmosfera a uma
classificação da qualidade do ar em classes: Boa, Moderada, Inadequada, Má, dentre outras,
em comparação com os padrões primário e secundário e com os níveis de atenção, alerta e
emergência da Resolução CONAMA nº 03/1990 (IAP, 2013).
Por sua vez, os autores criaram para fins de teste o Índice Ponderado de Odor (IPO) é
calculado considerando duas variáveis: 1) a concentração de odor (Coi) e 2) a frequência de
ocorrência de cada classe de concentração de odor (Foi). O cálculo é feito pelo produto destas
variáveis para cada classe de concentração de odor possível de medir com o olfatômetro de
campo (i = < 2, 2, 4, 7, 15, 30 até i= 60), seguido do somatório, conforme a Equação 4:
𝐶𝑜𝑖 × 𝐹𝑜𝑖
𝐼𝑃𝑂 = ∑ (4)
100
𝑖
O valor mínimo é igual a 1 e refere-se a 100% da frequência de ocorrência de
intensidade de odor igual a < 2 D/T. O valor máximo possível deste índice é 60, que se refere
a 100% da frequência de ocorrência de intensidade de odor igual ou acima de 60 D/T. Logo,
quanto mais próximo a 1, menor o registro de ocorrências de odor com intensidades acima do
Nível Desejável no entorno do empreendimento. Com o avanço dos monitoramentos e
aumento do número de amostras, pretende-se aprimorar um índice de análise que permita
interpretar quantitativamente o impacto sobre a qualidade do ar a partir de substâncias
odoríferas.
A seguir são apresentados os resultados obtidos com a referida metodologia.

3. RESULTADOS
A Tabela 2 apresenta um resumo dos resultados obtidos no 2º semestre de 2017,
contemplando a quantidade de medições de cada classe de concentração de odor, bem como a
frequência de ocorrência (%) de cada classe em relação ao total de medições realizadas.
Tabela 2. Resultados do moniotramento de odor realizado no 2º semestre de 2017.

Máx. Conc. odor Nº observações em cada classe de intensidade odor (D/T)


Número de
Ponto relacionado à
medições
indústria <2 2 4 7 15 30 60
P01 6 <2 6 0 0 0 0 0 0
P02 6 7 2 1 0 3 0 0 0
P03 6 <2 6 0 0 0 0 0 0
P04 6 15 2 0 0 2 2 0 0
P05 6 15 3 1 1 0 1 0 0
P06 6 4 4 0 0 2 0 0 0
Total 36 - 23 2 1 7 3 0 0

Frequência de ocorrência (%) 63,9 5,6 2,8 19,4 8,3 0,0 0,0
FONTE: Os Autores (2018).

No 2º semestre de 2017, os resultados do monitoramento de odor mostraram que a


concentração de odor esteve dentro do Nível Desejável (abaixo de 7 D/T) em 72,2% das
medições. Em 27,8% das medições os resultados classificaram-se como Nível Tolerável
(entre 7 D/T e 30 D/T). Não foi registrada nenhuma concentração de odor classificada como
Nível de Incômodo (> 30 D/T).

A elevada frequência de resultados de concentração de odor enquadrada como


desejável se deve tanto à ocorrência de condições meteorológicas favoráveis durante o
monitoramento, quanto à implementação das ações de controle de odor por parte da empresa
(instalação de lavadores de gases, queima de ar de processo na caldeira, melhorias na ETE,
dentre outras).

O Quadro 1 mostra o cálculo do Índice Ponderado de Odor a partir das variáveis


concentração de odor e frequência de ocorrência de cada classe de concentração de odor,
conforme Equação 2 do item 2.3. São apresentados três períodos distintos:

1) Abril de 2016, quando se realizou uma campanha intensiva antes da adoção das
medidas de controle (época de realização do estudo de diagnóstico);

2) 1º semestre de 2017, após a implantação de algumas medidas de controle de odor


proposta no diagnóstico;
3) 2º Semestre de 2017, após a implantação da maioria das medidas de controle de
odor proposta no diagnóstico.

QUADRO 1 - ÍNDICE PONDERADO DE ODOR (IPO) EM TRÊS PERÍODOS: ABRIL/2016, 1º


SEMESTRE/2017 E 2º SEMESTRE/2017.
Período Abril/2016 1º Semestre/2017 2º Semestre/2017
Concentração Frequência Frequência Frequência
Índice IPO Índice IPO Índice IPO
(D/T) (%) (%) (%)
<2 56,5 0,6 72,2 0,7 63,9 0,6
2 0,0 0,0 0,0 0,0 5,6 0,1
4 17,4 0,7 11,1 0,4 2,8 0,1
7 0,0 0,0 2,8 0,2 19,4 1,4
15 13,0 2,0 8,3 1,2 8,3 1,2
30 13,0 3,9 5,6 1,7 0,0 0,0
60 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
TOTAL 100% 7,1 100% 4,3 100% 3,5
FONTE: Os Autores (2018).

Analisando os valores apresentados no Quadro 1, nota-se que houve uma diminuição


de aproximadamente 51% no valor do índice IPO, de 7,1 em abril de 2016 para 3,5 no
segundo semestre de 2017. Quando comparado ao primeiro semestre de 2017, observa-se que
houve uma redução de aproximadamente 19%. Logo, conclui-se que houve diminuição na
frequência de ocorrência de odor com intensidades mais elevadas e um aumento no registro
da frequência de odores com intensidades mais baixas, o que indica uma redução no impacto
do empreendimento no entorno, após a implementação das medidas de controle de odor.
Em resumo, a partir da comparação dos resultados obtidos nestes três períodos, nota-se
melhoria na qualidade do ar no entorno da empresa, no que tange ao odor emitido pelo
empreendimento. A fim de auxiliar na avaliação da redução do impacto relacionado ao odor
nesta área, a Figura 3 apresenta de forma gráfica a comparação entre os resultados obtidos nos
períodos de abril de 2016, 1º e 2º semestre de 2017.
FIGURA 3. FREQUÊNCIA DE OCORRÊNCIA DE CADA CLASSE DE ODOR NO PERÍODO DE
ABRIL/2016 (ANTES DA IMPLANTAÇÃO DAS AÇÕES DE CONTROLE), 1º SEMESTRE E 2º
SEMESTRE DE 2017 (DURANTE E APÓS A IMPLANTAÇÃO DAS MEDIDAS DE
CONTROLE).
FONTE: Os Autores (2018)

No monitoramento realizado no segundo semestre de 2017 observou-se que em 72,2%


das medições no entorno, as concentrações de odor atenderam o critério de classificação como
Nível Desejável (< 7 D/T). Em comparação com abril de 2016 e o primeiro semestre de 2017,
nota-se que houve uma redução significativa no número de registros de concentração igual a
30 D/T, sendo que no segundo semestre de 2017 esse número foi igual à zero (não ocorreram
registros desta classe). Destaca-se que em nenhum dos períodos foi registrada concentração de
odor superior a 30 D/T, ou seja, os resultados dos monitoramentos realizados no entorno não
atingiram o Nível de Incômodo (> 30 D/T).

Foi observado também que houve um aumento no registro de resultados


correspondentes a 7 D/T, passando de 2,8% no primeiro semestre de 2017 para 19,4% no
segundo semestre do mesmo ano. Contudo, esse resultado ainda encontra-se dentro da faixa
de Nível Tolerável.

Por outro lado, a classe de odor não perceptível (menor do que 2 D/T) foi mais
frequente em 2017, tendo ocorrido em 72,2% e 63,9% das medições, respectivamente para o
1º e 2º semestre/2017, contra 56,5% de ocorrência na campanha prévia de abril/2016. Isto
mostra que, como o passar do tempo, o odor perceptível foi se tornando menos frequente
durante o monitoramento, o que corrobora para a conclusão de que houve redução do impacto
sobre a população do entorno.

4. CONCLUSÕES/RECOMENDAÇÕES
Neste trabalho, o problema identificado foi a limitação da legislação ambiental
brasileira, no que se refere à ausência de definição de método a ser aplicado para o
monitoramento da pluma de odor, bem como para avaliação dos resultados deste
monitoramento.
Em vista desta limitação, este trabalho apresentou o princípio de funcionamento do
método da olfatometria de campo, empregado internacionalmente para monitoramento do
impacto relacionado ao odor sobre receptores próximos às fontes emissoras de odor. Em
seguida, foi mostrada a aplicação da metodologia olfatometria de campo em um programa de
monitoramento de odor de longo prazo no entorno de uma indústria emissora de odor.
Devido à inexistência de padrões de qualidade do ar oficiais relacionados ao odor no
Brasil, foram usados critérios de referência internacionais para definir três faixas de
concentração de odor (Níveis de Avaliação de Odor), denominadas de Nível Desejável (< 7
D/T), Nível Tolerável (entre 7 e 30 D/T) e Nível de Incômodo (> 30 D/T).
Por fim, recomenda-se que os órgãos ambientais competentes solicitem a adoção do
método da olfatometria de campo na elaboração de planos de monitoramento de odor no
entorno de atividades emissoras deste tipo de poluente. De igual forma, recomenda-se o uso
dos Níveis de Avaliação supracitados como critérios de avaliação do impacto relacionado ao
odor no entorno de empreendimentos. Esta ferramenta tem um grande potencial para auxiliar
na tomada de decisão dos órgãos ambientais quanto à eficácia de medidas de controle de odor
adotadas pelos empreendedores.
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