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Seus feitos em criança eram excepcionais; com a idade de três anos foi-lhe ensinado o alfabeto grego e longas listas de palavras
gregas com os seus equivalentes em inglês. Com a idade de oito anos tinha lido as fábulas de Esopo, a Anabasis de Xenofonte, toda a
obra de Heródoto, e tinha conhecimento de Lúcio, Diógenes Laércio, Isócrates e seis diálogos de Platão (ver a sua autobiografia).
Também tinha lido muito sobre ahistória da Inglaterra.
Um registro contemporâneo dos estudos de Mill dos oito aos treze anos de idade foi publicado por Bain, que sugere que a
autobiografia está longe de exagerar o volume de trabalhos. Com a idade de oito começou com o latim, Euclides e álgebra e foi
nomeado tutor dos membros mais jovens da família. As suas principais leituras eram ainda em história, mas ele leu também os
autores em latim e grego lidos normalmente nas escolas e universidades do seu tempo. Com dezoito anos, descreveu a si mesmo
como uma "máquina lógica" e, aos 21, sofreu umadepressão profunda. Ele levou muitos anos para recuperar aautoestima.
A obra de seu pai, História da Índia, foi publicada em 1818, após o qual, com a idade de doze anos, John iniciou um estudo intenso
de lógica, lendo os tratados de lógica de Aristóteles no original. Nos anos seguintes foi introduzido na economia política e estudou
Adam Smith e David Ricardo com seu pai - tendo acabado por completar a teoria econômica dosfatores de produção destes.
Mill trabalhou na Companhia Inglesa das Índias Orientais, lidando com a correspondência rotineira referente à atuação do governo
inglês na Índia. Aos 25 anos, apaixonou-se porHarriet Taylor, uma mulher linda e inteligente, porém casada, que veio exercer grande
influência no trabalho de Mill. Cerca de vinte anos depois, quando seu marido faleceu, Harriet Taylor se casou com John Stuart Mill.
Ele se referia a ela como "dádiva-mor da minha existência" e ficou inconsolável quando ela morreu sete anos depois.
Mill ficou horrorizado com o fato de as mulheres serem privadas dos direitos financeiros ou das propriedades e comparou a saga
feminina à de outros grupos de desprovidos. Condenava a ideia da submissão sexual da esposa ao desejo do marido, contra a própria
vontade, e a proibição do divórcio com base na incompatibilidade de gênios. Sua concepção de casamento era baseada na parceria
entre pessoas com os mesmos direitos, e não na relação mestre-escravo. Tal concepção de casamento é atestada por seu próprio
casamento com Harriet Taylor, escrevendo pouco tempo antes uma declaração em que critica fortemente a lei do casamento e garante
[4]
a Taylor total liberdade de ação e sobre seus próprios pertences.
Devido aos seus trabalhos abordando diversos tópicos, John Stuart Mill tornou-se contribuinte influente no que logo se transformou
formalmente na nova ciência da psicologia. Ele combatia a visão mecanicista de seu pai, James Mill, ou seja, a visão da mente
passiva que reage mediante o estímulo externo. Para John Stuart Mill, a mente exercia um papel ativo na associação de ideias.
Stuart Mill desenvolveu, em seu livroA System of Logic, os cinco métodos de indução que viriam a ser conhecidos comoOs Métodos
de Mill.
Obra
Stuart Mill escreveu inúmeras obras ao longo da sua vida. Destacam-se aqui apenas algumas que são consideradas mais marcantes:
No livro segundo, denominado Distribuição, Mill diz que esta é uma questão das instituições humanas somente. Diz ele que “A
distribuição da riqueza, portanto, depende das leis e costumes da sociedade. As regras pelas quais ela é determinada são feitas pelas
opiniões e sentimentos que as partes dirigentes estabelecem e são muito diferentes em épocas e países diversos; e poderia ser ainda
mais diferente se a Humanidade assim escolhesse”. O terceiro livro trata da troca e a lógica pela qual Mill percebe o mundo
econômico é a seguinte: a riqueza é produzida segundo leis naturais; a seguir, ela é distribuída segundo leis convencionadas;
finalmente, é trocada, também segundo leis convencionadas e consistentes com as leis da distribuição. A troca se dá no mercado; os
bens são trocados por valores equivalentes. Daí a questão do valor ser básica para a compreensão do processo de troca. Já o quarto
trata da influência do progresso da sociedade sobre a produção e a distribuição, aonde, para Mill, a impossibilidade de se evitar, em
última instância, o que ele denominou de estado estacionário, não deveria ser vista com pessimismo. O estado estacionário seria, por
definição, o da Economia que se reproduz sem ampliação. Segundo Mill, isso poderia ser bom, pois seria consistente como “o melhor
estado para a natureza humana,(…) no qual embora ninguém seja pobre, ninguém deseja ficar mais rico, nem tem razões em temer
ser passado para trás, em virtude do esforço de outros para ir em frente”. Por fim, a influência do governo é tratado no livro cinco.
Simplificando a posição de Mill, podemos dizer que a interferência do governo tem aspectos bons e aspectos ruins; portanto, a
interferência deve ocorrer de forma a maximizar os aspectos bons e a minimizar os aspectos ruins. Um critério fundamental de “bom”
e “ruim” é o efeito sobre a “liberdade do indivíduo”; se esta é restringida, é ruim; se ampliada, é bom. Ele era crítico da concentração
de renda sem o devido trabalho.[6]
Stuart Mill diz que o despotismo é uma forma de governo aceitável em sociedades que são “atrasadas”, porque nelas se observam
barreiras para o progresso espontâneo. O déspota, porém, deve estar revestido de bons interesses.
Embora esse princípio pareça simples, há várias complicações. Por exemplo, Mill explicita que em “dano” podemos incluir atos de
omissão ou de comissão. A questão sobre o que podemos considerar uma ação de autoestima e que ações, se de omissão ou comissão,
constituem relações danosas sujeitas à regulação continua a exercitar os intérpretes desse filósofo.
N’A Liberdade, Mill trata, também, de defender a liberdade de expressão. Ele argumenta que a liberdade de discurso é uma condição
necessária para o progresso intelectual e social. Diz ele que permitir que uma pessoa expresse publicamente uma opinião falsa é
produtivo por dois motivos: primeiro, os indivíduos são propensos a abandonar crenças errôneas se eles se envolvem em uma
discussão aberta de ideias; segundo, ao forçar os outros indivíduos a reexaminar e reafirmar suas crenças no processo do debate, estas
são protegidas da depauperação em um mero dogma.
Sobre a liberdade social e a tirania da maioria, Mill acreditava que a luta entre Liberdade e Autoridade é uma das características mais
salientes na história da humanidade. Para ele, a liberdade na antiguidade era uma “competição entre sujeitos - ou algumas classes de
sujeitos - e o governo”. Mill definiu a liberdade social como uma proteção da “tirania dos governantes políticos”. Ele nos introduz a
uma gama de tiranias, incluindo a tirania social e a tirania da maioria (noção extraída Da democracia na América de Alexis de
Tocqueville).
Liberdade social se trata de impor limites ao governante, assim ele não seria capaz de usar seu poder para satisfazer suas próprias
vontades e tomar decisões que podem causar dano a sociedade. Mill destaca as limitações como podendo ser exercidas de duas
formas basicamente: as imunidades civis e por garantias institucionais. As imunidades políticas consistiam numa série de direitos e
liberdades políticas conferidas aos cidadãos e as garantias institucionais seriam órgãos estatais que zelassem pelo povo, assim como
limitasse algumas decisões do governante a aprovação popular
.
Entretanto limitar o poder do governo não é o suficiente. “A sociedade pode executar e executa os próprios mandatos; e, se ela
expede mandatos errôneos ao invés de certos, ou mandatos relativos a coisas nas quais não deve intrometer-se, pratica uma tirania
social mais terrível que muitas outras formas de opressão política, desde que, embora não apoiada ordinariamente nas mesmas
penalidades extremas que estas últimas, deixa, entretanto, menos meios de fuga que elas, penetrando muito mais profundamente nas
particularidades da vida e escravizando a própria alma.”
Cria que os homens da sua época não poderiam saber qual era a natureza da mulher porque ela estava empacotada na maneira em que
fora criada – induzida a agir como se fosse fraca, emotiva e dócil. Sugeriu que um experimento deveria ser feito para que se
descobrisse o que as mulheres podiam ou não fazer
.
Ele ataca, também, as leis do casamento, que ele compara à escravização da mulher, “não restam escravos legais, com exceção das
senhoras em cada casa”.
O trabalho de Mill é claramente utilitarista e ele argumenta usando três considerações: o bem maior imediato, o enriquecimento da
sociedade e o desenvolvimento individual. Ele defende uma reforma na legislação do casamento, pois este é reduzido a um acordo
comercial. Junto com outras propostas, apoia a mudança das leis de herança, que permitiriam as mulheres a manter suas próprias
propriedades e trabalharem fora de casa, ganhando independência e estabilidade financeira.
Mill é um ferrenho defensor do sufrágio para mulheres. Segundo ele, elas representam metade da população e tem o direito de votar,
já que as políticas públicas as afetam também.
O modo como Mill interpretou certos assuntos variou com o tempo, mas há uma forte coerência em sua abordagem sob o ponto de
vista do utilitarismo e o bem da sociedade. Por exemplo, cria que nada deveria ser tachado como “errado” só porque assim parece ou
porque ninguém o fez no passado. Ao considerarmos nossas políticas, dizia ele, nós devemos procurar a maior felicidade do maior
número de pessoas.
Com relação ao progresso da sociedade, Mill advogava que o bem maior é entendido, num sentido muito amplo, como sendo a
evolução moral e intelectual da sociedade. Dizia que sociedades diferentes se encontravam em diferentes estágios de
desenvolvimento ou civilização e, por isso, soluções diferentes seriam requeridas para cada uma delas. O que importa é como nós as
encorajaríamos a avançar mais. Nós podemos dizer o mesmo sobre individuais. Mill tem uma ideia bastante específica do progresso
individual, (1) Empregando faculdades superiores, (2) desenvolvimento moral, as pessoas colocam o estreito interesse por trás delas.
Escreveu que nós somos independentes, capazes de mudança e de sermos racionais. Dizia que a liberdade individual é a melhor rota
para o desenvolvimento moral. Conforme nós nos desenvolvemos, somos capazes de nos autogovernarmos, tomarmos nossas
próprias decisões e não dependermos do que os outros nos dizem para fazer. Democracia, para Mill, era uma forma de liberdade
individual – tanto para homens quanto para mulheres. Isso significa dizer que, desde que nós não causemos danos aos outros, nós
deveríamos ser livres para expressar nossa natureza e experimentar com as nossas vidas. O governo representativo, na visão de Mill,
é uma maneira útil para nos fazer pensar sobre o bem comum.
A publicação póstuma Três Ensaios sobre Religião (1874), sobre "Natureza", a "Utilidade da Religião" e o "Teísmo", criticou os
tradicionais pontos de vista religiosos e formulou uma alternativa sobre a aparência da Religião da Humanidade. Junto com a crítica
dos efeitos morais da religião - que ele compartilhou com os Benthamistas, Mill também criticou a preguiça intelectual que permitiu
a crença em um Deus onipotente e benevolente. Cria, do mesmo modo que seu pai, que o mundo como nós conhecemos não poderia
ter surgido de tal Deus, caso contrário não existiria o mal desenfreado que cerca a vida de cada um de nós. Dizia que ou o poder de
Deus é limitado ou Ele não é todo benevolente.
Além de atacar os argumentos relativos à essência de Deus, Mill questiona com uma série de argumentos a Sua existência, incluindo
argumentos a priori. Ele conclui, usando o argumento tradicional – derivado de Aristóteles – que as únicas provas legítimas de que
Deus é um a posteriori e responsável provável da concepção do universo, são as características complexas do mundo, pouco
prováveis de terem surgido ao acaso, portanto, deve ter havido um designer. Mill reconhece que Darwin, em 1859, possa ter
fornecido uma explicação totalmente naturalista, mas ele acreditava que era muito cedo para julgar o sucesso de Darwin.
Inspirado por Comte, Mill considera uma alternativa a religião tradicional a Religião da Humanidade, na qual uma humanidade
idealizada se torna um objeto de reverência e as características moralmente úteis da religião tradicional são supostamente purificadas
e acentuadas. A humanidade se torna uma fonte de inspiração ao ser colocado imaginativamente dentro do drama da história humana,
que tem um destino ou ponto, ou seja, a vitória do bem sobre o mal. Como Mill coloca, a história deveria ser vista como "o
desdobramento de um grande épico ou ação dramática" que termina “na felicidade ou miséria, na elevação ou degradação da raça
humana.” “É um conflito constante entre o bem e poderes do mal, dos quais cada ato feito por qualquer um de nós, insignificantes
como somos, constitui um dos incidentes.” Quando começamos a nos ver como os participantes desse drama maniqueísta,
combatendo ao lado de Sócrates, Newton e Jesus para assegurar a vitória final do bem sobre o mal, nos tornamos capazes de uma
maior simpatia e um sentido enobrecido do significado de nossas próprias vidas. A Religião da Humanidade, assim, age como um
instrumento da cultura humana.
Referências
1. Ralph Raico (27 de janeiro de 2018).Mises Institute, ed. «John Stuart Mill and the New Liberalism»(https://mises.or
g/library/john-stuart-mill-and-new-liberalism)
2. Macleod, Christopher (2017).«John Stuart Mill» (https://plato.stanford.edu/archives/spr2017/entries/mill/) .
Metaphysics Research Lab, Stanford University . The Stanford Encyclopedia of Philosophy
3. «John Stuart Mill and the 1866 petition»(https://www.parliament.uk/about/living-heritage/transformingsociety/election
svoting/womenvote/parliamentary-collections/1866-suf frage-petition/john-stuart-mill/). UK Parliament (em inglês).
Consultado em 29 de setembro de 2017
4. «MILL, John Stuart: Declaração sobre o Casamento (ST ATEMENT ON MARRIAGE)»(https://www.academia.edu/s/8
c03628c82?source=work). Academia.edu. Consultado em 2 de maio de 2016
5. John Stuart Mill (http://www.findagrave.com/cgi-bin/fg.cgi?page=gr&GRid=8534586)(em inglês) no Find a Grave
6. Incorporating the Rentier Sectors into a Financial Model(http://wer.worldeconomicsassociation.org/files/WER-Vol1-N
o1-Article1-Hudson-and-Bezemer.pdf)
Ver também
Charles Sanders Peirce
Francis Hutcheson
Jeremy Bentham
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