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Eduardo Cambi
Pós-doutor em direito pela Università degli Studi di Pavia. Doutor e Mestre em Direito
pela UFPR. Professor da Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP) e da
Universidade Paranaense (Unipar). Coordenador estadual do Movimento Paraná Sem
Corrupção. Coordenador Estadual da Comissão de Prevenção e Controle Social da Rede
de Controle da Gestão Pública do Paraná. Membro do Grupo de Trabalho da Educação da
Comissão de Direitos Fundamentais do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP).
Diretor financeiro da Fundação Escola do Ministério Público do Estado do Paraná
(Fempar). Assessor da Procuradoria-Geral de Justiça do Paraná. Promotor de Justiça no
Estado do Paraná. eduardocambi@hotmail.com
Keywords: Judicial precedents - Duty of reasons for decisions - New Procedure Civil
Code - Unit of Brazilian law.
Sumário:
1. Introdução
O Novo Código de Processo Civil torna mais rigoroso o dever de motivação das decisões
judiciais, ao afirmar que são nulas as decisões que se limitarem a invocar precedentes
sem identificar, positivamente, seus fundamentos determinantes (ratio decidendi) nem
demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos (art. 489, § 1.º,
V) ou, negativamente, deixarem de seguir precedente invocado pela parte sem
comprovar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do
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entendimento (art. 489, § 1.º, VI).
No Brasil, tanto o STF quanto o STF precisam ser compreendidos como Corte de
Precedentes, responsáveis pela unidade do Direito Constitucional e Federal.
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A hierarquia normativa da Constituição estabelece a formação do Direito em graus,
que serve para evitar a prática de atos normativos contrários ao ordenamento
constitucional e, com isso, assegurar a própria preservação da Lei Fundamental como
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ordem superior.
Há, contudo, uma constante aproximação desses dois sistemas, não obstante as
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diferenças históricas, teóricas e práticas entre eles. Afinal, leis escritas foram sendo
editadas com maior frequência no sistema do common law, bem como os juízes do civil
law têm usado cada vez mais os precedentes judiciais. Assim, a contraposição entre leis
escritas e precedentes judiciais não serve mais para dividir os modelos jurídicos em dois:
o da civil law e da common law.
O magistrado de primeiro grau integra o sistema de justiça, mas não possui autoridade
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para fixar precedentes. O juiz não deve proferir decisões divergentes sobre as mesmas
questões jurídicas, pois admitir que o Judiciário produza decisões diferentes a respeito
de situações idênticas contribui para o caos, para o descrédito da prestação jurisdicional
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Casuísmos judiciários e precedentes judiciais
No Brasil, a força vinculante dos precedentes é mitigada, quando o próprio STF e o STJ
deixam de respeitar e seguir, com rigor, suas próprias decisões. Também por isso os
precedentes na realidade brasileira foram, ao menos até o advento das mudanças
trazidas pela EC 45/2004, considerados meramente persuasivos, ao invés de
vinculativos.
Tal situação conduz ao fenômeno das decisões jurídicas ad hoc, que parte da
compreensão meramente casuística da Constituição e das leis federais, marcada pelo
subjetivismo do intérprete e, ao fim e ao cabo, compromete a confiança no próprio
Direito como mecanismo de regulação e harmonização do convívio social.
O casuísmo judiciário pode ser verificado em diversas situações, como nas decisões em
que os magistrados aplicam princípios, sem nenhum rigor científico, bem como quando
criam eles mesmos novos princípios, a partir da abertura interpretativa trazida pela
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Constituição Federal de 1988 (pan-principiologismo). Os casuísmos judiciários
produzem julgamentos conforme a consciência do juiz, o que prejudica o caráter geral e
universal do Direito, além de contrariar a razão de ser do próprio Estado Democrático de
Direito.
O casuísmo judiciário deve ser combatido, pois cabe ao juiz assegurar a unidade do
Direito e promover a justiça social. Aliás, não se deve tolerar o ativismo tosco, pelo qual
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o juiz estaria livre para julgar conforme seu senso de justiça. Pregar que o magistrado,
em nome da ampla liberdade judicial, possa ignorar a Constituição ou as leis, os
precedentes que buscaram interpretá-las e os ensinamentos doutrinários que os
aclararam abriria um enorme espaço para a tirania do Poder Judiciário.
Com isso, a jurisprudência no Brasil perde sua força persuasiva como fonte do direito,
pois nem sempre consegue assegurar a estabilidade das relações jurídicas nem,
tampouco, nortear a orientação a ser observada pelos cidadãos no seu dia a dia, mas
também pelas instâncias judiciais inferiores em casos sucessivos.
4. Jurisprudência e precedentes judiciais
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A diferença entre princípios e regras não tem significado prático, quando se
desrespeitam as normas.
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Casuísmos judiciários e precedentes judiciais
Os cidadãos têm o dever de obedecer às leis, mas também o direito de seguir sua
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consciência sempre que elas entrarem em conflito com tal dever. O livre arbítrio
movimenta a sociedade e pode fazer o Direito evoluir. Acreditar que as leis agradam a
todos é uma utopia. A sociedade, por envolver a satisfação de interesses contraditórios,
impede que a obediência ao Direito seja pautada na fragilidade da opinião pública.
As normas jurídicas devem ser cumpridas, porque são dotadas de coerção, não por
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serem regras ou princípios. O cumprimento às normas é indispensável para possibilitar
a convivência social, já que representa a promessa da maioria com as minorias de que
sua dignidade e igualdade serão respeitadas. Se o Estado não leva os direitos a sério,
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não pode impor que os cidadãos cumpram as leis ou os precedentes judiciais.
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Ninguém deve se sobrepor ao Direito, porque, em uma sociedade baseada na
isonomia, todos são obrigados a observá-lo, indistintamente. A obrigatoriedade é ínsita à
própria lei e não depende de expressa decisão judicial para ser observada por todos.
Tanto o STF quanto o STJ devem ser compreendidos como Cortes de Precedentes,
porque são responsáveis por outorgar o sentido da Constituição e das leis
infraconstitucionais, e, com isso, reduzir a equivocidade dos enunciados linguísticos em
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que o Direito comumente é permeado.
A democracia possui requisitos morais que não podem ser alcançados por meio de
simples procedimento majoritário, mas pela resposta certa sobre direitos fundamentais,
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sendo menos relevante saber qual foi o procedimento utilizado.
Com efeito, saber quem deve decidir não é mera questão de hermenêutica
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constitucional, mas de desenho institucional.
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Casuísmos judiciários e precedentes judiciais
Além disso, na correta motivação das decisões judicias, está a essência da atividade das
Cortes Superiores e a razão de ser dos precedentes judiciais.
A motivação completa exige a justificação interna (vale dizer, a correta subsunção entre
o fato e a norma; ou melhor, a correspondência lógica entre as premissas de direito e a
de fato), bem como a justificação externa (isto é, o juiz deve fornecer argumentos
racionais a respeito de como valorou as provas ou como usou de inferências lógicas para
chegar às conclusões concernentes à causa).
A justificação interna deve fazer com que a escolha seja coerente com os fundamentos
jurídicos aplicados; por isso, os motivos não podem ser contraditórios, vagos nem
imprecisos.
Por isso, o art. 489, § 1.º, I e II, do NCPC afirma serem nulas as decisões judiciais que
se limitam à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua
relação com a causa ou a questão decidida, assim como é nula a decisão que emprega
conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua incidência no
caso concreto. A motivação deve ter condições de ser replicável para os casos futuros
idênticos ou semelhantes, isto é, tem de ser idônea para servir como precedente judicial.
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Casuísmos judiciários e precedentes judiciais
É pelo dever de motivação das decisões judiciais que elas se tornam universalizáveis e
institucionalizadas, ou seja, passíveis de serem considerados precedentes a serem
aplicados pelas demais instâncias judiciais nos casos sucessivos.
Tanto o STF quanto o STJ não podem ser compreendidos como Cortes de correção. Não
constituem terceira ou quarta instância. Por isso, a atuação desses Tribunais não deve se
basear na tutela dos direitos subjetivos nem estar centrada no interesse particular ou
com a justiça do caso concreto, mas se preocupar com a unidade do direito objetivo
federal ou constitucional.
Pela fidelidade ao precedente judicial a ordem jurídica ganha coerência, torna-se mais
segura e capaz de promover o respeito à igualdade de todos perante o Direito,
predicados sem os quais nenhum sistema jurídico pode ser reconhecido como legítimo.
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obter dictum. A ratio decidendi é a regra de direito que foi utilizada como fundamento
direto da decisão sobre os fatos específicos do caso, em que se fixou a
decisão-paradigma. Já os obiter dictum são todas as afirmações e argumentações
contidas na motivação da decisão que, embora sendo úteis para a compreensão dos
seus motivos, não integram o fundamento jurídico do precedente. Somente a ratio
decidendi pode ter eficácia de precedente, enquanto os obiter dictum não condicionam a
decisão anterior e, portanto, não podem ser invocados como precedentes nos casos
sucessivos.
É evidente que as Cortes Superiores podem alterar sua compreensão sobre o Direito e
até mesmo modificarem seus precedentes. O que não se admite é que tais Cortes
variem seus posicionamentos a todo tempo, sem maior rigor hermenêutico, de forma
casuística ou mesmo de modo arbitrário. É isso que gera instabilidade e pode tornar o
sistema de precedentes, em países de tradição da civil law, semelhante ao da
jurisprudência majoritária, ou seja, desacreditado por não proporcionar a devida e
adequada segurança jurídica.
Como os precedentes judiciais são vinculantes, quando não são observados em todos os
níveis hierárquicos da estrutura do Poder Judiciário, a unidade dos Direitos
Constitucional e Federal deixa de se impor, em desfavor da isonomia e segurança
jurídicas.
5. A obtenção de respostas corretas/adequadas à Constituição e a necessidade de
superação das decisões ad hoc
A aplicação dos princípios jurídicos não pode gerar a falsa noção de que eles devem
prevalecer a qualquer custo, mas se submeterem a critérios racionais para solucionar os
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casos concretos, inclusive para resolver colisões entre direitos fundamentais.
Quando os juízes aplicam os princípios de acordo com a sua consciência, para legitimar
decisões pragmáticas, o Direito não é levado a sério.
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Casuísmos judiciários e precedentes judiciais
Atente-se, contudo, que a força dos precedentes não decorre apenas das Cortes
Superiores. Afinal, o que estabelece que uma decisão serve ou não de precedente, não é
o precedente em si, mas a decisão do segundo juiz ou órgão judicial de seguir ou não o
precedente. A força dos precedentes se fundamenta na analogia entre o caso decidido
pela Corte Superior e o que está colocado para julgamento pelo juiz ou pelas Cortes de
correção. Se o fato a ser decido é semelhante ao que foi julgado pela Corte Superior, o
juiz deverá julgar da mesma maneira.
Porém, os órgãos judiciais que integram as instâncias ordinárias podem afirmar que os
fatos, objeto do julgamento, são diferentes daqueles analisados pela Corte Superior para
fixar os precedentes. Cabe fazer a distinção, sem descuidar que raramente um caso
concreto é absolutamente igual ao outro; o importante é que as circunstâncias fáticas
gerais sejam semelhantes, ainda que possam haver aspectos secundários diferentes.
São tais semelhanças e diferenças que integram o exame do distinguishing, tarefa
hermenêutica imprescindível para determinar a observância dos precedentes judiciais.
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Logo, pela técnica do distinguishing, realiza-se a distinção entre um caso e outro,
normalmente entre o caso em julgamento e o precedente invocado por uma das partes
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para abonar ou rejeitar uma tese sustentada no bojo do processo. Da constatação de
que fatos diferentes merecem julgamentos diversos, evidencia-se a necessidade do
exame cauteloso dos fatos e fundamentos relevantes pelo julgador.
A fixação dos precedentes judiciais e a sua observância nos casos sucessivos exige
rigorosa motivação e atento estudo das semelhanças e das diferenças entre as questões
fáticas e jurídicas que culminaram na deliberação da decisão-paradigma. Não basta
reproduzir o conteúdo das ementas sem um profundo exame da íntegra da
decisão-paradigma. Localizar os fundamentos determinantes (ratio decidendi) e
descartar os fundamentos periféricos do precedente (obiter dictum) é tarefa
argumentativa complexa que exigirá a reformulação tanto da doutrina quanto da
jurisprudência brasileiras.
Com efeito, estudar e distinguir a ratio decidendi das obiter dictum é tarefa fundamental
seja para a elaboração seja para a observância dos precedentes judiciais. Não basta,
pois, conhecer e reproduzir a jurisprudência majoritária. É preciso aprofundar a cognição
das questões fáticas e jurídicas que determinaram a formação do precedente, para que a
pretendida efetivação da isonomia e da segurança jurídicas buscadas pela Constituição
Federal e pelo NCPC seja alcançada.
dever de motivação das decisões, presente no art. 489, § 1.º, V e VI, do NCPC, não for
levado, rigorosamente, a sério.
O sucesso do sistema de precedentes no Brasil deve ocorrer de cima para baixo, a partir
da vinculação das Cortes Superiores aos seus próprios precedentes. Não se pode admitir
mudanças repentinas, injustificadas, casuísticas ou mesmo arbitrárias dessas Cortes.
Paralelamente a isso, é preciso repensar a função dos recursos especial e extraordinário,
para que as Cortes Superiores, no Brasil, deixem de julgar milhares de processos por
ano, para poderem se dedicar à função precípua de fixação de precedentes judiciais e,
portanto, de governo da orientação jurídica a ser seguida pelo Judiciário brasileiro.
Sem isso, corre-se sério risco do sistema de precedentes, ressaltado pelo Novo Código
de Processo Civil, ser a reprodução da fraca eficácia de persuasão da jurisprudência
majoritária, que, devido às constantes alterações pelas próprias Cortes Superiores e a
não observância devida pelas demais instâncias judiciais, não traz a segurança jurídica
necessária para vincular o julgamento dos casos sucessivos (caos da jurisprudência).
Como consequência, não se promove a desejada racionalização, igualdade de
tratamento, previsibilidade, estabilidade e unidade ao Direito brasileiro.
7. Referências bibliográficas
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3. ADPF 54, Tribunal Pleno, j. 12.04.2012, rel. Min. Marco Aurélio, acórdão eletrônico
DJe 30.04.2013.
4. ADPF 132, Tribunal Pleno, j. 05.05.2011, rel. Min. Ayres Britto, DJe 14.10.2011.
5. ADIn 3.999, Tribunal Pleno, j. 12.11.2008, rel. Min. Joaquim Barbosa, DJe
17.04.2009.
7. SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais: uma teoria geral dos
direitos fundamentais na perspectiva constitucional. 11. ed. Porto Alegre: Livraria do
Advogado, 2012. p. 78-140.
8. LASSALE, Ferdinand. O que é uma Constituição Política. Trad. Manoel Soares. São
Paulo: Global Editora, 1987. p. 19.
10. KELSEN, Hans. Teoria pura do direito. Trad. João Baptista Machado. 6. ed. São
Paulo: Martins Fontes, 1998. p. 244-249.
13. BULOS, Uadi Lammêgo. Curso de direito constitucional. 5. ed. São Paulo: Saraiva,
2010. p. 1276-1277.
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Casuísmos judiciários e precedentes judiciais
18. COLE, Charles D. Stare decisis na cultura jurídica dos Estados Unidos. O sistema de
precedente vinculante do common law. Trad. Maria Cristina Zucchi. RT 752/11-21.
19. Lenio Luiz Streck explica que podem ser encontrados alguns “princípios” criados
pelos operadores do Direito no Brasil dentre eles os seguintes: (i) princípio da pureza;
(ii) princípio da simetria; (iii) princípio da não surpresa; (iv) princípio da confiança; (v)
princípio protetor no direito do trabalho; (vi) princípio da tipicidade fechada; (vii)
princípio da confiança no juiz da causa; (viii) princípio da benignidade; (ix) princípio da
paternidade responsável; (x) princípio da situação excepcional consolidada; (xi) princípio
constitucional da indenizabilidade irrestrita; (xii) princípio da jurisdição equivalente; (xiii)
princípio da felicidade; (xiv) princípio da amorosidade. Cfr. Compreender Direito II:
como o senso comum pode nos enganar. São Paulo: Ed. RT, 2014. p. 107-111.
21. NEVES, Marcelo. Entre Hidra e Hércules: princípios e regras constitucionais como
diferença paradoxal do sistema jurídico. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2013.
p. 95.
22. DWORKIN, Ronald. Levando os direitos a sério. Tradução e notas de Nelson Boeira.
São Paulo: Martins Fontes, 2002. p. 288.
23. “Sem que se distingam quais os princípios e regras que estão sendo satisfeitos, as
normas como padrões de comportamento são seguidas seja por hábito, seja por terem
sido internalizadas ou por haver identificação do agente com os seus valores, ou são
respeitadas por um cálculo racional de custos e benefícios orientado pelo peso da sanção
em caso de descumprimento” (NEVES, Marcelo. Op. cit., p. 95).
26. MARINONI, Luiz Guilherme. O STJ como corte de precedentes. São Paulo: Ed. RT,
2013. p. 113-118; MITIDIERO, Daniel. Cortes superiores e cortes supremas: do controle
à interpretação da jurisprudência ao precedente. São Paulo: Ed. RT, 2013. p. 78.
28. Idem, p. 2.
29. Idem, p. 6.
33. TARUFFO, Michele. Cinco lecciones mexicanas: memoria del taller de drecho
processual. Cidade do México: Escuela Judicial Electoral, 2003. p. 40.
36. TARUFFO, Michele. Precedente jurisprudência. Trad. Arruda Alvim, Teresa Arruda
Alvim Wambier e André Luis Monteiro. RePro 199/139-155.
37. Idem, ibidem; MACÊDO, Luca Buril de. Precedentes judiciais e o direito processual
civil. Salvador: JusPodivm, 2015. p. 307-342.
38. “(…) a mobilidade e a abrangência dos princípios constitucionais não excluem que os
conflitos externos sejam reproduzidos internamente, de tal maneira que, com um
mesmo princípio, frequentemente, podem ser fundamentadas decisões antagônicas. A
isso se relaciona o perigo do abuso de princípios, que decorre da probabilidade de que,
em certos contextos, eles sirvam retoricamente para encobrir manipulações que
bloqueiam autoconsistência constitucional da respectiva ordem jurídica” (NEVES,
Marcelo, op. cit., p. 129). Em seguida, Marcelo Neves afirma que a “inflação de
argumentos principialistas implica a perda da importância dos princípios constitucionais
como critério de solução de casos” (idem, p. 135).
39. “(…) uma ‘ponderação sem limites’ do ponto de vista da jurisdição constitucional tem
efeitos devastadores para a relação de autonomia e condicionamento recíproco entre
política e direito no Estado constitucional. Ela leva, a mesmo tempo, a uma judicialização
da política e a uma politização do judiciário” (idem, p. 194).
40. “As normas que impõem o uso dos critérios da adequação e da necessidade, normas
que exigem a racionalidade pragmática de meios e fins em relação à aplicação dos
direitos fundamentais, podem ser vistas claramente como regras. Ela serve
imediatamente à solução da controvérsia, apresentando-se como razão definitiva para
que se decida se a medida de restrição a direitos fundamentais é adequada e necessária
ao fim que dispõe a realizar. (…) É claro que, se a medida foi desproporcional em sentido
estrito, impõe-se a declaração da respectiva inconstitucionalidade” (idem, p. 110-111).
42. DUXBURY, Neil. The nature and authority of precedent. Cambridge: Cambridge
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Casuísmos judiciários e precedentes judiciais
45. “(…) a ofensa à Constituição por parte do Poder Judiciário sempre é mais grave do
que qualquer outra desferida por qualquer dos outros Poderes, porque é ao Judiciário
que cabe a sua guarda” (STRECK, Lenio Luiz. Compreender Direito I: desvelando as
obviedades do discurso jurídico. São Paulo: Ed. RT, 2013. p. 164).
46. STRECK, Lenio Luiz. Lições de crítica hermenêutica do Direito. Porto Alegre: Livraria
do Advogado, 2014. p. 65.
48. “(…) a interpretação de um precedente, para que dele se extraia a holding ou a ratio
decidendi, é uma tarefa tão (ou mais!) complexa do que interpretar a lei” (ARRUDA
ALVIM WAMBIER, Teresa. Precedentes e evolução do direito. Direito jurisprudencial. São
Paulo: Ed. RT, 2012. p. 52).
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