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SIMULADO 4

COMENTÁRIOS

1
Direito Administrativo

Em relação ao tema atos administrativos, julgue as seguintes


assertivas.

1. Cicrana, servidora pública municipal e chefe de determinada


repartição, aplicou penalidade de suspensão ao servidor Fulano em razão
de falta cometida. Antes do cumprimento da sanção, Cicrana descobriu
que Fulano não cometeu a infração, vez que praticada por outro servidor.
Nesse caso, o ato administrativo deve ser revogado, competindo à própria
Administração Pública assim o fazer.
ERRADO.

Comentários:
A doutrina administrativista, com base na lei que regula a ação
popular (Lei 4.717/65), costuma apontar cinco assim chamados requisitos
ou elementos dos atos administrativos: competência, finalidade,
forma, motivo e objeto.

Trata-se de REQUISITOS DE VALIDADE, pois o ato que desatenda


a um deles será, em regra, um ato nulo (nos casos de vício nos elementos
competência ou forma, dependendo do vício, o ato poderá ser apenas
anulável, vale dizer, potencialmente apto a ser convalidado).

O vício, trazido no caso prático, foi no OBJETO do ato administrativo.

O objeto do ato administrativo identifica-se com o seu conteúdo, por


meio do qual a administração manifesta sua vontade, ou atesta
simplesmente situações preexistentes. Pode-se dizer que o objeto do ato
administrativo é a própria alteração no mundo jurídico que o ato provoca,
é o efeito jurídico imediato que o ato produz.

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O conteúdo do ato analisado é viciado, pois penalizou um agente por
um ato que outro agente cometeu, não se podendo falar em revogação, mas
sim em anulação.

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2. Tenório é servidor público municipal e chefe de determinada repartição


pública. Tenório indeferiu as férias pleiteadas por um de seus
subordinados, o servidor Terêncio, alegando escassez de pessoal na
repartição. No entanto, Terêncio comprovou, que há excesso de
servidores na repartição pública. No caso narrado, há vício de motivo no
ato administrativo.
CERTO.

Comentários:
A data de concessão de férias do servidor é analisada pela
Administração Pública de forma discricionária, pois é no interesse da
Administração.

Entretanto, uma vez lançada uma motivação por Tenório, o ato


vincula-se a essa e, sendo inverídica, torna-se eivado de vício, segundo a
teoria dos motivos determinantes.

A denominada TEORIA DOS MOTIVOS DETERMINANTES consiste


em, simplesmente, explicitar que a administração pública está sujeita ao
controle administrativo e judicial (portanto, controle de legalidade ou
legitimidade) relativo à existência e à pertinência dos motivos – fático e
legal – que ela declarou como causa determinante da prática de um ato.

Caso seja comprovada a não ocorrência da situação declarada, ou a


inadequação entre a situação ocorrida (pressuposto de fato) e o motivo
descrito na lei (pressuposto de direito), o ato será nulo.

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3. Ato regra são os que criam situações particulares, concretas e
pessoais, produzidas quanto a formação e efeitos pela vontade das partes.
ERRADO.

Comentários:

O texto do enunciado refere-se aos atos subjetivos, e não ato regra,


que cria SITUAÇÕES GERAIS E ABSTRATAS. Para Leon Duguit e CABM,
os atos jurídicos tripartem-se nas seguintes categorias:

a) ATO REGRA: os que criam situações gerais, abstratas e


impessoais e por isso mesmo a qualquer tempo modificáveis pela
vontade de quem os produziu, sem que se possa opor direito
adquirido a persistência destas regras. Ex. regulamento.
b) ATOS SUBJETIVOS: os que criam situações particulares,
concretas e pessoais, produzidas quanto a formação e efeitos
pela vontade das partes, sendo imodificáveis pela vontade de
uma só delas e gerando, então, direitos assegurados a
persistência do que dispuserem. Ex. o contrato.
c) ATOS-CONDIÇÃO: os que alguém pratica incluindo-se,
isoladamente ou mediante acordo com outrem, debaixo das
situações criadas pelos atos-regras, pelo que se sujeitam as
eventuais alterações unilaterais delas. Ex. acordo na concessão
do serviço público.

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4. Dentre os elementos dos atos administrativos, a doutrina é pacífica ao


afirmar que a competência admite sempre convalidação, pela autoridade
hierarquicamente superior, por atos praticados por seus subordinados.
ERRADO.

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Comentários:

O termo “sempre” torna a questão errada. Isso porque, embora, de


fato, o vício de competência admita, COMO REGRA, a CONVALIDAÇÃO, há
casos em que NÃO se permite: caso se trate de competência
EXCLUSIVA do agente público.

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5. Um fiscal sanitário de determinado município constatou que um


supermercado não atendia, na comercialização de alimentos, aos padrões
mínimos de higiene exigidos pelas normas de vigilância sanitária,
havendo no local, inclusive, alimentos com prazo de validade expirado. O
fiscal, então, apreendeu toda mercadoria irregular. Neste caso agiu sob a
égide do atributo da coercibilidade.
ERRADO.

Comentários:

Por assim agir, com base no poder de polícia administrativa, o fiscal


pautou-se no atributo da autoexecutoriedade e não coercibilidade, pois
executou diretamente um ato de polícia, sem a participação do poder
judiciário. As bases do atributo da autoexecutoriedade são: legalidade e
urgência.

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6. Em relação ao ato administrativo, caducidade significa a extinção do


ato, que se tornou incompatível com a nova legislação.
CERTO.

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Comentários:

Em relação ao ato administrativo, caducidade significa a extinção do


ato, que se tornou incompatível com a nova legislação. Ex.: uma
autorização de uso da calçada conferida a um restaurante. Advém uma
legislação que afirma que nenhuma calçada pode ser utilizada por
estabelecimentos comerciais. A autorização antes concedida caduca,
sendo extinta.
CUIDADO!! Essa expressão “caducidade” também aparece nos
estudos dos contratos de concessão (Lei 8.987/1995), sendo uma
forma de extinção do contrato de concessão que tem por
pressuposto o inadimplemento do concessionário.

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7. O vício consistente na falta de motivação de portaria de remoção ex


officio de servidor público pode ser convalidado, de forma excepcional,
mediante a exposição, em momento posterior, dos motivos idôneos e
preexistentes que foram a razão determinante para a prática do ato,
ainda que estes tenham sido apresentados apenas nas informações
prestadas pela autoridade coatora em mandado de segurança impetrado
pelo servidor removido.
CERTO.
Comentários:

DIREITO ADMINISTRATIVO. MOTIVAÇÃO POSTERIOR DO ATO DE


REMOÇÃO EX OFFICIO DE SERVIDOR.
O vício consistente na falta de motivação de portaria de remoção
ex officio de servidor público pode ser convalidado, DE FORMA
EXCEPCIONAL, mediante a exposição, em momento posterior, dos
motivos idôneos e preexistentes que foram a razão determinante

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para a prática do ato, ainda que estes tenham sido apresentados
apenas nas informações prestadas pela autoridade coatora em
mandado de segurança impetrado pelo servidor removido. De fato,
a remoção de servidor público por interesse da Administração Pública deve
ser motivada, sob pena de nulidade. Entretanto, consoante entendimento
doutrinário, nos casos em que a lei não exija motivação, não se pode
descartar alguma hipótese excepcional em que seja possível à
Administração demonstrar de maneira inquestionável que: o motivo
extemporaneamente alegado preexistia; que era idôneo para
justificar o ato; e que o motivo foi a razão determinante da prática
do ato. Se esses três fatores concorrem, há de se entender que o ato
se convalida com a motivação ulterior. Precedentes citados: REsp
1.331.224-MG, Segunda Turma, DJe 26/2/13; MS 11.862-DF, Primeira
Seção, DJe 25/5/09. AgRg no RMS 40.427-DF, Rel. Min. Arnaldo
Esteves Lima, julgado em 3/9/2013 (Informativo nº 0529).

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Em relação aos temas servidores públicos, administração pública,


licitação e responsabilidade, julgue as seguintes assertivas.

8. A administração pública tem o direito de proceder ao desconto dos dias


de paralisação decorrentes do exercício do direito de greve pelos
servidores públicos, em virtude da suspensão do vínculo funcional que
dela decorrer.
CERTO.

Comentários:
Trata-se de julgado do STF sob regime de repercussão geral (RE
693456/RJ, julgado em 27/10/2016 – info 845).
Lembrando que:

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◦ O STF entendeu ser permitida a compensação em caso de acordo
entre as partes, quando então, não haverá desconto.

◦ O desconto será, contudo, incabível se ficar demonstrado que a


greve foi provocada por conduta ilícita do Poder Público.
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9. Nos casos de greve em serviço público, a Administração tem o direito


de descontar os dias parados e não compensados, podendo-se fazer por
meio de desconto em folha de pagamento por parcela única, haja vista o
princípio do enriquecimento sem causa.

ERRADO.

Comentários:

De fato, como visto na questão anterior, a Administração Pública tem


o direito de descontar os dias não trabalhados em decorrência de greve de
servidor. Entretanto, em julgado recente, o STF entendeu não se mostrar
razoável a possibilidade de desconto em parcela única sobre a
remuneração do servidor dos dias parados e não compensados
provenientes do exercício do direito de greve. (RMS 49.339-SP, julgado em
6/10/2016 – info. 592)

10. O município detém competência para legislar sobre o Regime Próprio


de Previdência Social, portanto, é constitucional lei municipal que
estende o direito ao auxílio-alimentação aos servidores públicos
municipais inativos.
ERRADO.

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Comentários:

A primeira premissa, de fato, está correta, qual seja: O município


detém competência para legislar sobre o Regime Próprio de Previdência
Social. O disposto no art. 40, § 4º, exige “leis complementares” para a
regulamentação das aposentadorias especiais em cada ente federado.
Contudo, a segunda premissa encontra-se errada, pois viola o teor da
súmula vinculante 55:

Súmula vinculante 55: O direito ao auxílio-alimentação


não se estende aos servidores inativos.
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11. A aposentadoria compulsória se aplica para os servidores públicos


lato sensu, seja efetivo ou comissionado, haja vista o princípio da
impessoalidade.
ERRADO.

Comentários:

Segundo o STF: Os servidores ocupantes de cargo exclusivamente


em comissão não se submetem à regra da aposentadoria compulsória
prevista no art. 40, §1º, II, da CF/88. Este dispositivo atinge apenas os
ocupantes de cargo de provimento EFETIVO. Por conta disso, não existe
qualquer idade limite para fins de nomeação a cargo em comissão. (STF.
Plenário. RE 786.540, julgado em 15/12/2016 – info 851 – Repercussão
geral)

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12. Determinado município previu que os servidores públicos
aposentados e pensionistas que fossem portadores de doenças
incapacitantes seriam isentos de pagar contribuição previdenciária.
Segundo o entendimento jurisprudencial, referida legislação conflita com
a Constituição Federal.
CERTO.

Comentários:

O STF afirmou em caso semelhante que essa previsão normativa


conflita com o §21 do art. 40 da CF/88, considerando que a Constituição
previu que os servidores públicos aposentados e pensionistas que sejam
portadores de doenças incapacitantes devem pagar contribuição
previdenciária se o valor dos proventos por eles recebidos superar o dobro
do teto do RGPS (dobro do maior valor de aposentadoria do INSS). Assim,
a norma da lei estadual deve receber interpretação conforme para que
respeite essa previsão do art. 40, §21, da CF. (STF, ADI 3477/RN – info
776)

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13. Em determinado Município, foi realizada a contratação de escritório


de advocacia para a defesa de matérias corriqueiras deste em juízo, sem
processo de licitação e sem motivação idônea. Diante disso, independente
de comprovação de enriquecimento ilícito do administrador público ou da
caracterização de prejuízo ao Erário, a referida conduta configura ato de
improbidade administrativa.
CERTO.

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Comentários:

A conduta de contratar diretamente serviços técnicos sem demonstrar


a singularidade do objeto contratado e a notória especialização, e com
cláusula de remuneração abusiva fere o dever do administrador de agir na
estrita legalidade e moralidade que norteiam a Administração Pública,
amoldando-se ao ato de improbidade administrativa tipificado no art. 11
da Lei de Improbidade.

É desnecessário perquirir acerca da comprovação de enriquecimento


ilícito do administrador público ou da caracterização de prejuízo ao Erário.

O dolo está configurado pela manifesta vontade de realizar conduta


contrária ao dever de legalidade, corroborada pelos sucessivos
aditamentos contratuais, pois é inequívoca a obrigatoriedade de
formalização de processo para justificar a contratação de serviços pela
Administração Pública sem o procedimento licitatório (hipóteses de
dispensa ou inexigibilidade de licitação).

(STJ. 2ª Turma. REsp 1444874/MG, julgado em 03/02/2015)


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14. A prática de assédio moral por prefeito em face de servidor público,


embora configure uma provocação no local de trabalho imoral, não
encaixa-se estritamente como um ato de improbidade administrativa.
ERRADO.

Comentários:

O assédio moral, mais do que provocações no local de trabalho -


sarcasmo, crítica, zombaria e trote -, é campanha de terror psicológico pela
rejeição.

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A prática de assédio moral enquadra-se na conduta prevista no art.
11, caput, da Lei n.° 8.429/92, em razão do evidente abuso de poder,
desvio de finalidade e malferimento à impessoalidade, ao agir
deliberadamente em prejuízo de alguém. (STJ. 2ª Turma. REsp
1286466/RS, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em 03/09/2013).

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15. João Nobre, 61 anos de idade e 35 anos de contribuição, sendo 10


anos de efetivo exercício no serviço público, 5 no cargo efetivo final, deu
entrada, em 10/02/2016, na sua aposentadoria no Município o qual é
servidor. Na data do dia 29/03/2017, o Município ainda não havia
processado e analisado o requerimento de aposentadoria, sem nenhum
motivo plausível. Por essas razões, João Nobre ingressou com ação de
indenização. Entretanto, não há que se falar, no caso, em direito à
indenização haja vista que, mesmo existindo trabalho, houve o
pagamento da remuneração por parte da Administração Pública
Municipal, sendo vedado o enriquecimento sem causa.
ERRADO.

Comentários:

Errado pois, nos termos da jurisprudência, a demora


INJUSTIFICADA da Administração Pública em analisar o pedido de
aposentadoria do servidor público gera o dever de indenizá-lo,
considerando que, por causa disso, ele foi obrigado a continuar exercendo
suas funções por mais tempo do que o necessário. (STJ, 1ª Turma, AGInt
no AREsp 483.398/PR, julgado em 11/10/2016)

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16. Nos termos do estatuto dos servidores públicos municipais de
Fortaleza/CE, promoção é a passagem de uma referência para a seguinte,
dentro a mesma classe, obedecidos os critérios de merecimento e
antiguidade.
ERRADO.

Comentários:
Nos termos da Lei Municipal nº 6.794/1990, o desenvolvimento do
servidor municipal na carreira poderá ocorrer por PROMOÇÃO ou por
PROGRESSÃO, dentre outras modalidades.

O conceito lançado na assertiva é de PROGRESSÃO, na verdade.


Veja da referida Lei:

Art. 25 – PROGRESSÃO é a passagem do servidor de uma


referência para a seguinte, DENTRO DA MESMA CLASSE,
obedecidos os critérios de merecimento ou antiguidade. (aqui
há mudança de referência dentro da mesma classe)

Art. 26 – PROMOÇÃO é a passagem do servidor de uma


CLASSE para a IMEDIATAMENTE SUPERIOR, dentro da
mesma carreira, obedecidos os critérios de merecimento ou
antiguidade. (aqui há mudança de classe)

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17. - Nos termos do estatuto dos servidores públicos municipais de


Fortaleza/CE depois de 02 (dois) anos de efetivo exercício, o servidor
poderá obter autorização de afastamento para o trato de interesse
particular, por um período não superior a 10 (dez) anos, consecutivos ou
não.
CERTO.

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Comentários:

Trata-se de uma das hipóteses de Afastamentos do serviço público


(art. 82, inc. II, Lei Municipal nº 6.794/1990). A questão trouxe exatamente
o texto legal do art. 83:

Art. 83 - Depois de 02 (dois) anos de efetivo exercício, o


servidor poderá obter autorização de afastamento para o trato
de interesse particular, por um período não superior a 10
(dez) anos, consecutivos ou NÃO.

CUIDADO! Pois estamos habituados com o Estatuto dos Servidores


Públicos Federais, que traz um prazo menor: 3 anos CONSECUTIVOS.
Já na Lei local, fala-se em NÃO superior a 10 ano, CONSECUTIVOS
ou NÃO.

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18. Suponha que o Município de Fortaleza/CE entenda possuir


competência para legislar sobre licitação e contratos, e, a partir desse
entendimento, venha a editar uma Lei que exija uma nova certidão para
fins de habilitação em certame licitatório: Certidão Negativa de Violação
aos Direitos do Consumidor. Essa situação hipotética seria
constitucional, haja vista que, segundo o STF, os municípios possuem
competência para legislar sobre licitações e contratos.
ERRADO.

Comentários:
Em um caso semelhante, abordando a esfera estadual (que pode ser
aplicado também à esfera municipal), o STF entendeu ser
inconstitucional lei estadual que exija Certidão negativa de
Violação aos Direitos do Consumidor dos interessados em

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participar de licitações e em celebrar contratos com órgãos e
entidades estaduais. Esta lei é inconstitucional porque compete
PRIVATIVAMENTE à União legislar sobre normas gerais de licitação e
contratos (art. 22, XXVII, da CF/88). STF. Plenário. ADI 3.735/MS, Rel.
Min. Teori Zavascki, julgado em 8/9/2016 (Info 838).

Sobre o tema Intervenção do Estado na Propriedade:

19. A jurisprudência do STJ consolidou-se no sentido de que é possível


a desistência da desapropriação, a qualquer tempo, mesmo após o
trânsito em julgado, desde que ainda não tenha havido o pagamento
integral do preço e o imóvel possa ser devolvido sem alteração substancial
que impeça que seja utilizado como antes.

CERTO.

20. No caso de desistência da desapropriação, o Ente Público responsável


detém o ônus de demonstrar que o bem encontra-se sem alteração
substancial, ou seja, viável de ser recebido pelo particular desapropriado.

ERRADO.

Comentários dos itens 19 e 20:

As questões abordam a temática: desapropriação e o prazo para


desistência.
Sobre o tema, a jurisprudência do STJ consolidou-se no sentido de
que É POSSÍVEL A DESISTÊNCIA DA DESAPROPRIAÇÃO, a qualquer
tempo, mesmo após o trânsito em julgado, desde que ainda NÃO tenha
havido o pagamento integral do preço e o imóvel possa ser devolvido sem

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alteração substancial que impeça que seja utilizado como antes. Daí a
assertiva 19 encontra-se correta.
O raciocínio é o de que, se a desapropriação se faz por utilidade
pública ou interesse social, uma vez que o imóvel já não se mostre
indispensável para o atingimento dessas finalidades, deve ser, em regra,
possível a desistência da desapropriação, com a ressalva do direito do
atingido à ação de perdas e danos.
A partir do julgamento do REsp 38.966/SP, surgiu uma hipótese de
impossibilidade de desistência da desapropriação. Se for demonstrado que
não há condição de o bem ser devolvido no estado em que recebido ou com
danos de pouca monta, não se admitirá a desistência.
A questão consiste em determinar a quem incube o ônus da prova
da impossibilidade de restauração do imóvel ao estado anterior a fim de
obstar o exercício do direito de desistência da desapropriação.
Pois bem, em manifestação recente: 06/12/2016, o STJ entendeu
ser o ônus do expropriado, justamente pelo fato de que a REGRA é
possibilidade de desistência. ". Obrigar o poder público a ficar com um bem
de que não precisa certamente não atende nenhuma dessas finalidades,
mas apenas o interesse particular do expropriado. Da mesma forma,
inverter o ônus da prova em detrimento do ente público viola a cláusula do
devido processo legal, estabelecida no art. 5º, LIV, da Constituição. (REsp
1.368.773-MS, julgado em 06/12/2016, Info. 596)
Nesse ponto, por ser a desistência a regra, contra ela pode ser
alegado fato impeditivo, cujo ônus é do expropriado a prova de sua
existência. Trata-se de aplicação da tradicional regra que vinha
consagrada no art. 333, II, do CPC/1973. Ela, aliás, vem repetida no art.
373 do CPC/2015.

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21. Na desapropriação por utilidade pública, visando a realização de uma
obra, aquela poderá abranger a área contígua necessária ao
desenvolvimento da obra a que se destina, e as zonas que se valorizarem
extraordinariamente, em consequência da realização do serviço.

CERTO.

Comentários:

DESAPROPRIAÇÃO POR ZONA. Na hipótese de desapropriação


para a realização de uma obra, a legislação prevê a possibilidade de ser
desapropriada uma área maior do que aquela que será inicialmente
ocupada pela obra, a fim de assegurar que, no futuro, haja o
desenvolvimento dessa mesma obra, ou simplesmente para alienação
futura de áreas próximas a obra que, por sua causa, sofrerão valorização
extraordinária. Decreto Lei 3.365/41, art. 4º:

Art. 4o A desapropriação poderá abranger a área contígua


necessária ao desenvolvimento da obra a que se destina, e as
zonas que se valorizarem extraordinariamente, em
consequência da realização do serviço. Em qualquer caso, a
declaração de utilidade pública deverá compreendê-las,
mencionando-se quais as indispensáveis à continuação da
obra e as que se destinam à revenda.
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22. A desapropriação urbanística refere-se ao imóvel localizado na área


urbana que não atende a respectiva função social, sendo, a indenização,
não prévia e em títulos da dívida pública. Apenas os Municípios que
possuam plano diretor podem se valer dessa modalidade de

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desapropriação, bem como o Distrito Federal, quando do exercício da
competência municipal.
CERTO.

Comentários:

O art. 182, § 4.º, III, da CRFB e a Lei 10.257/2001 (Estatuto da


Cidade) tratam da desapropriação urbanística.

Art. 182, § 4.º, III - desapropriação com pagamento mediante


títulos da dívida pública de emissão previamente aprovada
pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos,
em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor
real da indenização e os juros legais.

A desapropriação urbanística refere-se ao imóvel localizado na área


urbana que não atende a respectiva função social (imóvel não edificado,
subutilizado ou não utilizado).

Além da Lei federal (Lei 10.257/2001 – Estatuto da Cidade), exige-


se a promulgação de “lei específica para área incluída no plano diretor”
que determinará o parcelamento, a edificação ou a utilização do bem,
devendo fixar as condições e os prazos para implementação desta
obrigação (art. 5.º do Estatuto da Cidade).

Apenas os Municípios que possuem plano diretor podem se valer


dessa modalidade de desapropriação (art. 41, III, do Estatuto da Cidade).
A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às
exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano
diretor, aprovado por lei municipal (art. 39 do Estatuto da Cidade).

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Trata-se de desapropriação que só pode ser utilizada pelos
Municípios e pelo Distrito Federal, quando do exercício da competência
municipal.

Ademais, é importante frisar que essa desapropriação sancionatória


possui caráter subsidiário, pois o art. 182, § 4.º, da CRFB estabelece uma
ordem sucessiva de medidas e de sanções que deve ser observada pelo
Poder Público:

Primeiro: notificação do proprietário para parcelamento,


edificação ou utilização compulsórios (art. 182, § 4.º, I, da CRFB e arts.
5.º e 6.º do Estatuto da Cidade).

Segundo: fixação do IPTU progressivo no tempo, caso seja


desatendido o prazo da notificação. Nesse caso, a alíquota somente poderá
ser majorada por até cinco anos consecutivos, respeitada a alíquota
máxima de quinze por cento (art. 182, § 4.º, II, da CRFB e art. 7.º do
Estatuto da Cidade).

Terceiro: desapropriação do imóvel, com pagamento em títulos


da dívida pública, previamente aprovados pelo Senado, resgatáveis em
até dez anos, em prestações anuais, iguais e sucessivas, assegurados o
valor real da indenização e os juros legais de seis por cento ao ano (art.
182, § 4.º, III, da CRFB e art. 8.º, § 1.º, do Estatuto da Cidade).

A indenização, portanto, não será prévia, nem em dinheiro, mas,


sim, em títulos da dívida pública.
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23. O direito de extensão reflete a possibilidade de ser desapropriada,


pelo Ente Público, uma área maior do que aquela que será inicialmente
ocupada pela obra, a fim de assegurar que, no futuro, haja o
desenvolvimento dessa mesma obra.
ERRADO.

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Comentários:

O direito de extensão é o direito de o PROPRIETÁRIO exigir que a


desapropriação parcial se transforme em total quando a parte
remanescente, de forma isolada, não possuir valoração ou utilidade
econômica razoável. Evita-se, dessa forma, que o proprietário, na
prática, perca a integralidade da propriedade com o recebimento de
indenização parcial.

Resumindo: O direito de extensão surge no caso de


desapropriação parcial, quando a parte não expropriada do bem fica
prática ou efetivamente inútil, sem valor econômico, ou de difícil
utilização.

O direito de extensão deve ser manifestado pelo expropriado durante


as fases administrativa ou judicial do procedimento de desapropriação.
Não se admite o pedido após o término da desapropriação.

Atenção!!! Não confundir direito de extensão com desapropriação


por zona.

IMPORTANTE!!! DESAPROPRIAÇÃO POR ZONA. Na hipótese


de desapropriação para a realização de uma obra, a legislação prevê a
possibilidade de ser desapropriada uma área maior do que aquela que
será inicialmente ocupada pela obra, a fim de assegurar que, no futuro,
haja o desenvolvimento dessa mesma obra, ou simplesmente para
alienação futura de áreas próximas a obra que, por sua causa, sofrerão
valorização extraordinária. Decreto Lei 3.365/41 art. 4º.

24. Fulano teve sua casa tombada pelo Município de Fortaleza. Um ano
depois, alienou-a para Ciclano, seu amigo que, mesmo ciente do
tombamento, quis adquirir a propriedade. Nessa hipótese apresentada, a

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alienação é considerada inexistente perante o Município de Fortaleza,
haja vista que não foi respeitado o direito de preferência do referido ente
público na alienação, em igualdade de condições.
ERRADO.

Comentários:

Até pouco tempo, um dos direitos do Poder Público, de fato, era o de


preferência, em igualdade de condições, na alienação do bem público
tombado.
Entretanto, o NCPC revogou os dispositivos do DL 25/1937 que tratava
de tal instituto, vide:

CAPÍTULO IV
DO DIREITO DE PREFERÊNCIA

Art. 22. Em face da alienação onerosa de bens


tombados, pertencentes a pessôas naturais ou a pessôas
jurídicas de direito privado, a União, os Estados e os
municípios terão, nesta ordem, o direito de preferência.
(Revogado pela Lei n º 13.105, de 2015) (Vigência)
§ 1º Tal alienação não será permitida, sem que
prèviamente sejam os bens oferecidos, pelo mesmo preço, à
União, bem como ao Estado e ao município em que se
encontrarem. O proprietário deverá notificar os titulares do
direito de preferência a usá-lo, dentro de trinta dias, sob pena
de perdê-lo. (Revogado pela Lei n º 13.105, de 2015) (Vigência)
§ 2º É nula alienação realizada com violação do
disposto no parágrafo anterior, ficando qualquer dos titulares
do direito de preferência habilitado a sequestrar a coisa e a
impôr a multa de vinte por cento do seu valor ao transmitente
e ao adquirente, que serão por ela solidariamente
responsáveis. A nulidade será pronunciada, na forma da lei,
pelo juiz que conceder o sequestro, o qual só será levantado
depois de paga a multa e se qualquer dos titulares do direito

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de preferência não tiver adquirido a coisa no prazo de trinta
dias. (Revogado pela Lei n º 13.105, de 2015) (Vigência)
§ 3º O direito de preferência não inibe o proprietário de
gravar livremente a coisa tombada, de penhor, anticrese ou
hipoteca. (Revogado pela Lei n º 13.105, de 2015) (Vigência)
§ 4º Nenhuma venda judicial de bens tombados se
poderá realizar sem que, prèviamente, os titulares do direito
de preferência sejam disso notificados judicialmente, não
podendo os editais de praça ser expedidos, sob pena de
nulidade, antes de feita a notificação. (Revogado pela Lei n º
13.105, de 2015) (Vigência)
§ 5º Aos titulares do direito de preferência assistirá o
direito de remissão, se dela não lançarem mão, até a
assinatura do auto de arrematação ou até a sentença de
adjudicação, as pessôas que, na forma da lei, tiverem a
faculdade de remir. (Revogado pela Lei n º 13.105, de 2015)
(Vigência)
§ 6º O direito de remissão por parte da União, bem como
do Estado e do município em que os bens se encontrarem,
poderá ser exercido, dentro de cinco dias a partir da
assinatura do auto do arrematação ou da sentença de
adjudicação, não se podendo extraír a carta, enquanto não se
esgotar êste prazo, salvo se o arrematante ou o adjudicante
for qualquer dos titulares do direito de preferência. (Revogado
pela Lei n º 13.105, de 2015) (Vigência)

25. As limitações administrativas são determinações de caráter geral por


meio das quais o poder público impõe a determinados proprietários
obrigações de caráter negativo, mas não positivo, que condicionam a
propriedade ao atendimento de sua função social.

ERRADO.

22
Comentários:
Segundo a versão tradicional da doutrina, a limitação administrativa
limita a atuação do particular e traz precipuamente obrigações de não
fazer.

Ocorre que hoje alguns autores admitem que a limitação


administrativa, além das obrigações negativas tradicionais, também
imponha obrigações POSITIVAS (José dos Santos Carvalho Filho e o
Rafael Oliveira). Ex.: Estatuto da Cidade – Lei 10.257/2001 – traz
obrigações positivas ao proprietário de imóvel urbano como a edificação e
o parcelamento, sob pena de incidir em sanções. Outro ex. é a legislação
que impõe a instalação de extintores de incêndio em prédios – obrigação
positiva.

Rafael concorda com José dos Santos Carvalho Filho, de que há


obrigações positivas, negativas e também de tolerar (quando o particular
deve tolerar a fiscalização estatal).

DI PIETRO (2015)1: Quanto ao conteúdo das limitações administrativas,


no mais das vezes corresponde a urna obrigação de não fazer. Ocorre, no
entanto, que, examinando-se os casos concretos, verifica-se que em muitos
deles, embora haja obrigação negativa de não colocar em risco a
segurança, a saúde, a tranquilidade pública, na realidade a obtenção
desses fins depende de prestação positiva por parte do proprietário. Citem-
se, por exemplo, as obrigações de adotar medidas de segurança contra
incêndio ou medidas impostas por autoridades sanitárias, ou, ainda, a
obrigatoriedade de demolir um prédio que ameaça ruína. Embora
impliquem prestações positivas por parte do proprietário, tais imposições
são também limitações administrativas à propriedade, porque a afetam em
um de seus traços fundamentais - o seu caráter de direito absoluto -
concebido corno poder de usar e desfrutar da coisa da maneira que melhor
aprouver a seu titular.

1 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 28. ed. São Paulo: Atlas, 2015.

23
Bom saber: Em prova relativamente recente da Defensoria Pública
da União (2015), para o cargo de Defensor, CESPE consignou o seguinte
enunciado, o qual entendeu por INCORRETO:

“As limitações administrativas são determinações de caráter geral


por meio das quais o poder público impõe a determinados proprietários
obrigações de caráter negativo, mas não positivo, que condicionam a
propriedade ao atendimento de sua função social.”

26. Um município pode desapropriar bens de uma pessoa administrativa


vinculada à União, desde que haja prévia autorização do Presidente da
República, concedida mediante decreto.

CERTO.

Comentários:

Como regra, as pessoas administrativas vinculadas a um ente


federado, integrantes de sua administração indireta, sujeitam-se
às mesmas regras a este aplicáveis, no que concerne à
desapropriação dos bens dele por outros entes federados.

O art. 2.º, § 3.º, do Decreto-lei 3.365/1941 dispõe que a


desapropriação das ações, cotas e direitos representativos do capital das
pessoas jurídicas, que dependem de autorização da União para
funcionarem, somente pode ser implementada com a prévia autorização,
por decreto, do Presidente da República. Com maior razão, a autorização
do chefe do Executivo será necessária para desapropriação de bens das
entidades que integram a Administração Indireta. Nesse sentido: José dos
Santos Carvalho Filho, STJ e STF.

24
Conforme entendimento do STF e do STJ, um município ou um
estado PODE desapropriar bens de uma PESSOA ADMINISTRATIVA
VINCULADA À UNIÃO, desde que haja PRÉVIA AUTORIZAÇÃO DO
PRESIDENTE DA REPÚBLICA, concedida mediante DECRETO.

Esse entendimento pode ser estendido, ou seja, um decreto estadual


pode autorizar um município situado no respectivo território a desapropriar
bens de pessoas administrativas vinculadas ao estado, integrantes de sua
administração indireta.

Atenção!!! É importante anotar que os administrativistas e a


jurisprudência prelecionam que também os bens de uma PESSOA
PRIVADA (não integrante da administração pública) que seja delegatária
de um serviço público de titularidade de um ente federado “maior” têm a
sua desapropriação por um ente “menor” vedada, salvo se o ente “maior”
autorizar, mediante decreto, a desapropriação. Destaque-se que, nessa
hipótese, a limitação só alcança os bens da pessoa privada delegatária –
concessionária, permissionária ou detentora de autorização do serviço
público – que sejam efetivamente empregados na prestação do serviço
público.

______________________________________________________________________

Sobre o tema Administração Pública:

27. Consideram-se estatais as empresas nascidas sob o regime de direito


privado, cuja maioria do controle acionário é assumida pelo Estado.
ERRADO.

Comentários:

Não basta a aquisição da maioria do controle acionário para que


uma empresa seja considerada uma estatal. Deve respeitar-se o art. 37,

25
inc. XIX, da CF, ou seja, a criação deve ser oriunda de autorização
legislativa, com posterior registro dos atos no Cartório competente.

XIX – somente por lei específica poderá ser criada autarquia e


autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de
economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar,
neste último caso, definir as áreas de sua atuação; (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

Não bastasse isso, a utilização do termo genérico “estatais” envolve


tanto EMPRESAS PÚBLICAS como SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA e,
no caso das primeiras, deve haver a integralidade do capital social sob o
domínio público: União, Estados, Distrito Federal ou Municípios.

______________________________________________________________________

28. O controle societário das estatais, em sua integralidade, no caso das


empresas públicas, ou maioria, no caso das sociedades de economia
mista, deve permanecer com Administração Pública, direta ou indireta.
ERRADO.

Comentários:

Nas empresas públicas o capital social é integralmente detido pela


União, Estados, DF ou Municípios – Administração Pública direta, não se
admitindo o controle por parte da administração indireta – o que é
permitido somente às sociedades de economia mista:

Art. 3o. Lei n. 13.303/2016- Empresa pública é a


entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado,
com criação autorizada por lei e com patrimônio próprio, cujo

26
capital social é integralmente detido pela União, pelos
Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios.
Parágrafo único. Desde que a maioria do capital votante
permaneça em propriedade da União, do Estado, do Distrito
Federal ou do Município, será admitida, no capital da empresa
pública, a participação de outras pessoas jurídicas de direito
público interno, bem como de entidades da administração
indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios.

______________________________________________________________________

Assinale as seguintes assertivas, em relação à organização


administrativa municipal.

29. Cabe mandado de segurança contra multa decorrente de contrato


firmado a partir de prévio procedimento licitatório, imposta por empresa
estatal.
ERRADO.

Comentários:

Não cabe mandado de segurança contra atos de gestão:

ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA.


EMPRESA PÚBLICA. CONTRATO FIRMADO A PARTIR DE
PRÉVIO PROCEDIMENTO LICITATÓRIO PARA
ADEQUAÇÃO DE REDE ELÉTRICA DE AGÊNCIA
BANCÁRIA. APLICAÇÃO DE MULTA CONTRATUAL. ATO
DE GESTÃO. DESCABIMENTO DE MANDADO DE
SEGURANÇA.

27
1. A imposição de multa decorrente de contrato
ainda que de cunho administrativo não é ato de
autoridade, posto inegável ato de gestão
contratual. Precedentes jurisprudenciais: AGRG RESP
1107565, RESP 420.914, RESP 577.396.

2. Os atos de gestão não possuem o requisito da


supremacia, por isso são meros atos da
administração e não atos administrativos, sendo
que a Administração e o Particular encontram-se
em igualdade de condições, em que o ato praticado
não se submete aos princípios da atividade
administrativa, tampouco exercido no exercício de
função pública, não se vislumbrando ato de
autoridade.

3. Sob este enfoque preconiza a doutrina que: Atos de


gestão são os que a Administração pratica sem
usar de sua supremacia sobre os destinatários. Tal
ocorre nos atos puramente de administração dos
bens e serviços públicos e nos negociais com os
particulares, que não exigem coerção sobre os
interessados. (in Direito Administrativo Brasileiro, 31ª
Edição, pág. 166, Hely Lopes Meirelles).

4. In casu, versa mandado de segurança impetrado por


empresa privada em face da Caixa Econômica Federal
visando anular ato do Presidente da Comissão de
Licitação que, nos autos do contrato para prestação de
serviços de adequação da rede elétrica de agência
bancária aplicou a penalidade de multa por atraso da
obra.

28
5. Deveras, apurar infração contratual e sua extensão é
incabível em sede de writ, via na qual se exige prova
prima facie evidente.

6. A novel Lei do Mando de Segurança nº 12.026/2009


sedimentou o entendimento jurisprudencial do
descabimento do mandado de segurança contra ato de
gestão, em seu art. 1º, par. 2º, in verbis: "Não cabe
mandado de segurança contra os atos de gestão
comercial praticados pelos administradores de empresas
públicas, de sociedade de economia mista e de
concessionária de serviço público." 7. Consectariamente,
a Caixa Econômica Federal mesmo com natureza jurídica
de empresa pública que, integrante da Administração
Indireta do Estado, ao fixar multa em contrato
administrativo pratica ato de gestão não passível de
impugnação via mandado de segurança, mercê de não
se caracterizar ato de autoridade.

8. Recurso Especial desprovido. (REsp 1078342/PR, Rel.


Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em
09/02/2010, DJe 15/03/2010) (grifos nossos)

______________________________________________________________________

30. A Câmara possui legitimidade ativa para ajuizar ação contra a União
pedindo que esta libere repasse do Fundo de Participação dos Municípios
(FPM) a ela devidos.
ERRADO.

29
Comentários:

Para se aferir se a Câmara de vereadores tem legitimação ativa, é


necessário analisar se a pretensão deduzida em juízo está, ou não,
relacionada a interesse e prerrogativas institucionais do órgão.
Para o STJ, uma ação pedindo a liberação de FPM é uma pretensão
de interesse apenas patrimonial do Município, e que, portanto, não está
relacionada com a defesa de prerrogativa institucional da Câmara
Municipal.
PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. SUPOSTA
OFENSA AO ART. 535 DO CPC. INEXISTÊNCIA DE VÍCIO NO
ACÓRDÃO RECORRIDO. MANDADO DE SEGURANÇA
IMPETRADO POR CÂMARA MUNICIPAL PARA DISCUTIR
RETENÇÃO DE VALORES DO FPM. ILEGITIMIDADE ATIVA.

1. Não havendo no acórdão recorrido omissão, obscuridade ou


contradição, não fica caracterizada ofensa ao art. 535 do CPC.

2. A Câmara Municipal não possui personalidade jurídica,


mas apenas personalidade judiciária, a qual lhe autoriza
apenas atuar em juízo para defender os seus interesses
estritamente institucionais, ou seja, aqueles relacionados ao
funcionamento, autonomia e independência do órgão, não se
enquadrando, nesse rol, o interesse patrimonial do ente
municipal.

Nesse sentido: REsp 1.164.017/PI, 1ª Seção, Rel. Min. Castro


Meira, DJe de 6.4.2010.

3. Recurso especial não provido.

(REsp 1429322/AL, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL


MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 20/02/2014, DJe
28/02/2014)

30
Direito Constitucional

Julgue os itens subsequentes sobre o processo legislativo,


considerando as normas da Constituição Federal:

31. É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria relativa a


direitos políticos, mas não o é em relação a partidos políticos.

ERRADO. Item em desconformidade com o art. Art. 62: “Em caso de


relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas
provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao
Congresso Nacional. § 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre
matéria: I - relativa a: a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos,
partidos políticos e direito eleitoral;”

______________________________________________________________________

32. É vedada a reedição, na mesma sessão legislativa, de medida


provisória que tenha sido rejeitada ou que tenha perdido sua eficácia por
decurso de prazo. Esta regra também se aplica às propostas de emendas
constitucionais.

CERTO. Item em conformidade com o art. 60, § 5º: “A matéria constante


de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser
objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa” e com o art. 62 §
10: “É vedada a reedição, na mesma sessão legislativa, de medida
provisória que tenha sido rejeitada ou que tenha perdido sua eficácia por
decurso de prazo”.

______________________________________________________________________

31
Ainda sobre processo legislativo, considere que o Congresso Nacional
aprove uma série de projetos de leis com significativa importância
para o país, mas que vão de encontro aos interesses do governo
federal.

33. Nesse caso, se o Presidente da República, se assim desejar, poderá


vetá-los, total ou parcialmente, no prazo de quinze dias úteis, sendo certo
que o veto parcial não poderá incidir apenas sobre algumas palavras dos
dispositivos vetados.

CERTO. Item em conformidade com o art. 66: “§ 1º Se o Presidente da


República considerar o projeto, no todo ou em parte, inconstitucional ou
contrário ao interesse público, vetá-lo-á total ou parcialmente, no prazo de
quinze dias úteis, contados da data do recebimento, e comunicará, dentro
de quarenta e oito horas, ao Presidente do Senado Federal os motivos do
veto. § 2º O veto parcial somente abrangerá texto integral de artigo, de
parágrafo, de inciso ou de alínea.”

______________________________________________________________________

34. Nessa situação, se o Presidente da República os vetar, o parlamento


poderá rejeitar o veto, em sessão unicameral, por maioria absoluta dos
Deputados e Senadores, em escrutínio aberto

ERRADO. O item em desconformidade com o art. 66, §4º, CF/88: “§ 4º O


veto será apreciado em sessão CONJUNTA, dentro de trinta dias a contar
de seu recebimento, só podendo ser rejeitado pelo voto da maioria absoluta
dos Deputados e Senadores”. Com a EC 76/2013 o escrutínio, de fato,
passou a ser aberto e não mais secreto.

______________________________________________________________________

32
Sobre a organização dos Poderes e o estatuto dos congressistas,
julgue os itens subsecutivos, conforme a jurisprudência dos
tribunais superiores:

35. A Câmara dos Deputados tem a prerrogativa de admitir ou rejeitar


acusação contra parlamentar por crimes ocorridos após a diplomação,
devendo-se instaurar o competente processo penal no STF apenas após
aprovação de dois terços dos seus membros.

ERRADO. Item em desconformidade com o art. 57, § 3º: “Recebida a


denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido após a
diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva,
que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da
maioria de seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento
da ação”. Este é o novo quadro normativo vigente na CF/88, já que a regra
referida no item foi há certo tempo revogada.

______________________________________________________________________

36. As imunidades dos parlamentares subsistirão durante o estado de


sítio, mas podem ser suspensas em razão do cometimento de atos
incompatíveis com a execução da medida cometidos fora do Congresso
Nacional.

CERTO. Item em conformidade com o art. 53, § 8º: “As imunidades de


Deputados ou Senadores subsistirão durante o estado de sítio, só podendo
ser suspensas mediante o voto de dois terços dos membros da Casa
respectiva, nos casos de atos praticados fora do recinto do Congresso
Nacional, que sejam incompatíveis com a execução da medida”.

______________________________________________________________________

33
37. A imunidade formal, que restringe a prisão cautelar aos casos de
flagrante de crime inafiançável, alcança a prisão civil por dívida e por
crimes praticados antes da diplomação.

CERTO. A imunidade parlamentar formal, também chamada de freedom


from arrest, está prevista no art. 53, § 2º, da CF: “§2º Desde a expedição
do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos,
salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão
remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo
voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão”.

Pedro Lenza adverte que “os parlamentares passam a ter imunidade


formal para a prisão a partir do momento em que são diplomados pela
Justiça Eleitoral, portanto, antes de tomarem posse (que seria o ato público
e oficial mediante o qual o Senador ou Deputado se investiria no mandato
parlamentar).”

Em relação ao alcance da garantia à prisão civil por dívida, afirma


Pedro Lenza que, por essa imunidade, os parlamentares “não poderão ser
presos, seja a prisão penal (englobando aí a prisão temporária, em
flagrante delito de crime afiançável, por pronúncia, preventiva...) ou a
prisão civil (nos termos do art. 5.º, LXVII).” O STF também já decidiu
assim, argumentando basicamente que, se a imunidade formal alcança a
prisão pelo cometimento de crime (salvo o flagrante em crime inafiançável),
com muito mais propriedade deve albergar também a prisão civil por dívida
de alimentos, para cuja cobrança existem outros meios muito menos
gravosos que possibilitam o mesmo resultado prático, tais como o desconto
em folha de pagamento/contracheque, penhora etc.

Já em relação aos crimes praticados ANTES da diplomação,


CUIDADO! O texto constitucional garante a imunidade formal para os
parlamentares APÓS a diplomação, ou seja, a prerrogativa “nasce” a partir
desse momento. Isso não significa restringir, contudo, o momento do

34
cometimento do crime, sobre o qual a CF é silente. Assim, para o STF, a
imunidade formal, uma vez “nascida”, com a diplomação, garante o
parlamentar contra prisões cautelares por crimes cometidos antes ou após
o momento referido.

É pertinente a anotação do item no Vade Mecum.

______________________________________________________________________

38. A sessão legislativa não pode ser interrompida sem a aprovação do


projeto de Lei Orçamentária Anual (LOA).

ERRADO. Item em desconformidade com o art. 57, § 2º: “A sessão


legislativa não será interrompida sem a aprovação do projeto de LEI DE
DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS.” Portanto, o texto se refere à LDO; não à
LOA.

______________________________________________________________________

39. O Presidente da República ficará suspenso de suas funções, nos


crimes de responsabilidade, por até cento e oitenta dias, após a
instauração do processo no Senado Federal. Finalizado o referido prazo,
cessará o afastamento do Presidente, extinguindo-se o processo.

ERRADO. Item em desconformidade com o art. 85, § 1º: “O Presidente


ficará suspenso de suas funções: II - nos crimes de responsabilidade, após
a instauração do processo pelo Senado Federal. § 2º Se, decorrido o prazo
de cento e oitenta dias, o julgamento não estiver concluído, cessará o
afastamento do Presidente, sem prejuízo do regular prosseguimento do
processo.”

______________________________________________________________________

35
40. A edição de Súmula Vinculante pelo STF poderá ser processada de
ofício ou por provocação.

CERTO. Item em conformidade com o art. 103-A.: “O Supremo Tribunal


Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois
terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria
constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na
imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do
Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas
federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou
cancelamento, na forma estabelecida em lei.”

______________________________________________________________________

Em relação aos direitos individuais e sociais e políticos, julgue os


itens abaixo, conforme a CF/88 e a doutrina majoritária:

41. As associações somente poderão ter suas atividades suspensas por


decisão judicial transitada em julgado.

ERRADO. Item em desconformidade com o art. 5º, XIX: “as associações só


poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades
suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em
julgado;”

______________________________________________________________________

42. O brasileiro nato pode sofrer extradição ativa.

CERTO. A extradição ativa refere-se à hipótese em que é o Brasil o país


requerente da extradição. Assim, é possível que um brasileiro nato sofra
extradição, desde que na modalidade ativa, pois o Brasil pode requerer a
outro país que o seu nacional cumpra pena aqui. Obs.: A 1ª turma do STF,
recentemente, no processo de Extradição 1.462, decidiu ser possível a
extradição passiva de brasileiro nato. Todavia, contrapondo o que vem

36
sendo veiculado na imprensa, o voto vencedor fundamentou-se na perda
da nacionalidade da brasileira por ter ela se naturalizada norte-
americana. Assim, tecnicamente, não houve extradição de brasileiro nato,
já que esta condição teria sido perdida. Para saber mais, clique aqui.

______________________________________________________________________

43. A responsabilidade civil do Estado por erro judiciário está consagrada


na CF/88 apenas para fatos ocorridos seara penal.

ERRADO. Nos termos do art. 5, LXXV, da CF/88 “o Estado indenizará o


condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso além do tempo
fixado na sentença”. Não há, pois, limitação à seara penal, embora esta
seja a hipótese mais recorrente.

______________________________________________________________________

44. O salário mínimo é um direito social, cuja norma consagradora é


apontada pela doutrina como hipótese de omissão inconstitucional
parcial propriamente dita.

CERTO. O salário mínimo constitucional promete satisfazer diversos bens


da vida, como saúde, educação, lazer e etc. Ocorre que na prática isso não
é viável, sendo a norma ressentida de força normativa, pois em
dissonância com a realidade social.

A doutrina, por isso, afirma que a norma é inconstitucional por


omissão parcial propriamente dita, pois a norma é, a bem da verdade,
insuficiente.

37
Relembre os conceitos de omissão normativa inconstitucional:

OMISSÕES NORMATIVAS

TOTAL: PARCIAL:

Ocorre quando não houver o Propriamente dita: Relativa:


cumprimento constitucional do
Ocorre quando a lei Surge quando a lei
dever de legislar. Em outras
existe, mas regula de existe e outorga
palavras, inexiste lei ou ato
forma deficiente o texto benefício a
normativo regulando a hipótese
constitucional. O ato determinada
constitucional pendente de
inconstitucional é, categoria, mas deixa
regulação.
portanto, positivo. Não é de concedê-lo a outra,
Ex.: ausência de regulamentação um vazio jurídico, como que deveria ter sido
do art. 37, VII, que consagra o na omissão total. contemplada.
direito de greve dos servidores
Ex.: leis que fixam o
públicos.
salário mínimo existem,
mas não cumprem
suficientemente a norma
do art. 7º, IV, CF/88.

Obs.: No caso de omissão parcial relativa, o STF tem aplicado sua Súmula 339,
aduzindo que “não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa,
aumentar vencimentos de servidores públicos sob o fundamento de isonomia”.
ATENÇÃO: súmula muito usada nas defesas da Fazenda Pública!

38
45. É obrigatória a participação de sindicato nas convenções coletivas de
trabalho, mas não o é nos acordos coletivos.

ERRADO. Item em desconformidade com o art. 8º, VI: “É obrigatória a


participação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho”, que
abrange as duas espécies.

______________________________________________________________________

Sobre direitos políticos, julgue os itens subsequentes:

46. Considere que Zé do Povão seja Deputado Federal pelo Estado do


Ceará. Nessa situação, caso Zé do Povão pretenda disputar eleição para
cargos de chefia do Poder Executivo, como, por exemplo, Governador do
Estado do Ceará, deverá renunciar ao mandato parlamentar até seis
meses antes do pleito.

ERRADO. Item em desconformidade com o art. 14, § 6º: “Para concorrerem


a outros cargos, o Presidente da República, os Governadores de Estado e
do Distrito Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos
mandatos até seis meses antes do pleito”. Portanto, a norma alcança
apenas chefes do Executivo.

______________________________________________________________________

47. Considere que Chico Popular seja prefeito de João Pessoa/PB e que
seu tio, Pedro Alvarenga, pretenda suceder-lhe na próxima eleição. Nessa
situação a pretensão de Pedro é inviável, pois é considerado inelegível no
território de jurisdição do seu sobrinho.

ERRADO. Item em desconformidade com o art. 14, § 7º: “São inelegíveis,


no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos
ou afins, até o SEGUNDO grau ou por adoção, do Presidente da República,
de Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou
de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito,

39
salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição”. O tio
mantém relação de parentesco de TERCEIRO GRAU em linha colateral.

______________________________________________________________________

Considerando as disposições constitucionais sobre ordem social,


julgue os seguintes itens:

48. As receitas dos Estados, do DF e dos Municípios destinadas à


seguridade social não integram o orçamento da União.

CERTO. Item em conformidade com o art. 195, § 1º: “As receitas dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios destinadas à seguridade
social constarão dos respectivos orçamentos, NÃO integrando o orçamento
da União.”

______________________________________________________________________

49. As contribuições sociais para a seguridade social se submetem ao


princípio da anterioridade nonagesimal, não se lhes aplicando, por outro
lado, a regra da anterioridade do exercício.

CERTO. Item em conformidade com o art. 195, § 6º: “As contribuições


sociais de que trata este artigo só poderão ser exigidas após decorridos
noventa dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou
modificado, não se lhes aplicando o disposto no art. 150, III, "b"”, que se
refere à sobredita regra da anterioridade do exercício.

______________________________________________________________________

50. É permitida, em regra, a participação de empresas estrangeiras na


assistência à saúde no Brasil, ressalvadas as exceções previstas em lei.

ERRADO. Item em desconformidade com o art. 199, § 3º: “É vedada a


participação direta ou indireta de empresas ou capitais estrangeiros na
assistência à saúde no País, salvo nos casos previstos em lei.”

40
______________________________________________________________________

51. É possível a participação de empresas privadas no sistema único de


saúde, mediante contrato de direito público ou convênio, desde que não
possuam finalidade lucrativa.

ERRADO. Item em desconformidade com o art. 199, § 1º: “As instituições


privadas poderão participar de forma complementar do sistema único de
saúde, segundo diretrizes deste, mediante contrato de direito público ou
convênio, tendo preferência as entidades filantrópicas e as sem fins
lucrativos.”. Veja, portanto, que o dispositivo apenas consagra uma
preferência para as empresas sem fins lucrativos, sem vedar a
participação daquelas destinadas ao lucro.

______________________________________________________________________

52. A publicação de veículo impresso de comunicação independe de


licença de autoridade.

CERTO. Item em conformidade com o art. 220, § 6º: “A publicação de


veículo impresso de comunicação independe de licença de autoridade.”

______________________________________________________________________

53. Brasileiros naturalizados não podem ser proprietários de empresa


jornalística e de radiodifusão sonora e de sons e imagens.

ERRADO. Item em desconformidade com o art. 222: “A propriedade de


empresa jornalística e de radiodifusão sonora e de sons e imagens é
privativa de brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, ou de
pessoas jurídicas constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sede
no País.”

______________________________________________________________________

41
54. As terras indígenas não podem ser usucapidas.

CERTO. Item em conformidade com o art. 231 § 4º: “As terras de que trata
este artigo são inalienáveis e indisponíveis, e os direitos sobre elas,
imprescritíveis”.

______________________________________________________________________

55. Os índios detêm o usufruto exclusivo das riquezas do solo, do


subsolo, dos rios e dos lagos existentes nas terras por eles
tradicionalmente ocupadas.

ERRADO. Item em desconformidade com o art. 231 [...] § 2º “As terras


tradicionalmente ocupadas pelos índios destinam-se a sua posse
permanente, cabendo-lhes o usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos
rios e dos lagos nelas existentes.”. O subsolo, portanto, não está albergado
pela norma constitucional.

______________________________________________________________________

Sobre poder constituinte e direitos fundamentais, julgue os


seguintes itens:

56. É possível que o poder constituinte reformador altere a forma de


governo de república para monarquia, pois aquela não se insere dentre o
catálogo de cláusulas pétreas.

ERRADO: Conquanto a forma de governo “república” não esteja inserida


no rol de cláusulas pétreas, foi decidida sua instauração por meio de
plebiscito no ano de 1993. Dessa forma, emenda constitucional tendente a
aboli-la violaria o princípio da soberania popular, manifestado por meio do
referido elemento de decisão política. Afirma-se que tal alteração somente
seria possível se houvesse novo plebiscito.

______________________________________________________________________

42
57. Pela teoria da dupla revisão, não é possível que o poder constituinte
de reforma altere a titularidade do poder constituinte originário, mas é
possível que modifique a sua própria titularidade.

ERRADO: A teoria da dupla revisão não é admitida no Brasil, exatamente


porque existem limitações implícitas à reforma constitucional, sendo elas a
impossibilidade de alteração da titularidade do poder constituinte
originário, do poder constituinte derivado e das regras que compõem o
procedimento de reforma, dentre as quais o rol de cláusulas pétreas.

______________________________________________________________________

58. É possível que o poder constituinte de reforma amplie o rol de direitos


fundamentais, mas estes novos direitos não serão considerados
cláusulas pétreas.

CERTO: De acordo com Gilmar Mendes, a impossibilidade de se ampliar o


rol de cláusulas pétreas justifica-se na exclusividade do poder constituinte
originário para fazê-lo. Segundo o autor, embora seja possível consagrar-
se novos direitos fundamentais, tais direitos não poderiam ser
considerados eternos, sob pena de se violar a vontade do constituinte
originário.

______________________________________________________________________

59. Os direitos fundamentais podem ser restringidos, desde que a norma


restritiva esteja consagrada também no texto constitucional.

ERRADO: O item relaciona-se à teoria dos “limites dos limites”, que se


refere à limitação das restrições aos direitos fundamentais. De fato, esses
direitos podem ser restringidos, desde que não seja tolhido o seu núcleo-
duro e haja norma, ainda que infraconstitucional, nesse sentido. Pontue-
se que a praxe é a limitação de direitos fundamentais por meio de normas
legais, tal como ocorre com a restrição ao direito de greve, direito de
exercício profissional, direito aos remédios constitucionais e etc.

43
______________________________________________________________________

60. Os direitos fundamentais podem ser analisados sob duas


perspectivas: a objetiva e a subjetiva. Pela primeira, tais direitos espraiam
sua normatividade por todo o ordenamento jurídico, sendo a base
axiológica de um Estado Democrático de Direito. Pela segunda, fazem
nascer pretensões do indivíduo em face do Estado ou de particulares.

CERTO: As perspectivas objetiva e subjetiva dos direitos fundamentais


são muito cobradas. Portanto, atenção! A primeira refere-se à concepção
dos direitos fundamentais como vetores de ordenação jurídica. Assim, o
Poder Legislativo resta vinculado à observância de tais direitos. Por outra
via, a segunda perspectiva sugere a criação de posições subjetivas em face
do Estado (eficácia vertical) ou mesmo de particulares (eficácia horizontal),
tal como ocorre, por exemplo, com o direito individual à inviolabilidade
domiciliar.

44
Direito Civil

Em Direito Civil, julgue as assertivas que seguem:

61. Segundo o STJ, pessoa jurídica de direito público pode reclamar


indenização por danos morais, em decorrência de violação à sua honra
ou à sua imagem.

ERRADO.

Comentários:

Eis o entendimento do STJ a respeito dos danos morais sofridos por pessoa
jurídica de direito público:

DIREITO CIVIL-CONSTITUCIONAL.
RESPONSABILIDADE CIVIL. INFORMAÇÕES
VEICULADAS EM REDE DE RÁDIO E TELEVISÃO.
AÇÃO INDENIZATÓRIA POR DANO MORAL AJUIZADA
POR MUNICÍPIO CONTRA O PARTICULAR.
IMPOSSIBILIDADE. DIREITOS FUNDAMENTAIS.
PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO.
RECONHECIMENTO LIMITADO.

1. A tese relativa à indenização pelo dano moral


decorrente de ofensa à honra, imagem, violação da
vida privada e intimidade das pessoas somente foi
acolhida às expressas no ordenamento jurídico
brasileiro com a Constituição Federal de 1988 (artigo
5º, incisos V e X), que o alçou ao seleto catálogo de
direitos fundamentais. Com efeito, por essa ótica de
abordagem, a indagação acerca da aptidão de
alguém sofrer dano moral passa

45
necessariamente pela investigação da
possibilidade teórica de titularização de direitos
fundamentais, especificamente daqueles a que
fazem referência os incisos V e X do art. 5º da
Constituição Federal.

2. A inspiração imediata da positivação de


direitos fundamentais resulta precipuamente da
necessidade de proteção da esfera individual da
pessoa humana contra ataques tradicionalmente
praticados pelo Estado. É bem por isso que a
doutrina vem entendendo, de longa data, que os
direitos fundamentais assumem "posição de definitivo
realce na sociedade quando se inverte a tradicional
relação entre Estado e indivíduo e se reconhece que o
indivíduo tem, primeiro, direitos, e, depois, deveres
perante o Estado, e que os direitos que o Estado tem
em relação ao indivíduo se ordenam ao objetivo de
melhor cuidar das necessidades dos cidadãos"
(MENDES, Gilmar Ferreira [et. al.]. Curso de direito
constitucional. São Paulo: Saraiva, 2007, p. 222-223).

3. Em razão disso, de modo geral, a doutrina e


jurisprudência nacionais só têm reconhecido às
pessoas jurídicas de direito público direitos
fundamentais de caráter processual ou
relacionados à proteção constitucional da
autonomia, prerrogativas ou competência de
entidades e órgãos públicos, ou seja, direitos
oponíveis ao próprio Estado e não ao particular.
Porém, ao que se pôde pesquisar, em se tratando de
direitos fundamentais de natureza material

46
pretensamente oponíveis contra particulares, a
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal nunca
referendou a tese de titularização por pessoa jurídica
de direito público. Na verdade, há julgados que
sugerem exatamente o contrário, como os que deram
origem à Súmula n. 654, assim redigida: "A garantia
da irretroatividade da lei, prevista no art. 5º, XXXVI,
da Constituição da República, não é invocável pela
entidade estatal que a tenha editado". 4. Assim, o
reconhecimento de direitos fundamentais – ou
faculdades análogas a eles – a pessoas jurídicas
de direito público não pode jamais conduzir à
subversão da própria essência desses direitos,
que é o feixe de faculdades e garantias
exercitáveis principalmente contra o Estado, sob
pena de confusão ou de paradoxo consistente em
se ter, na mesma pessoa, idêntica posição
jurídica de titular ativo e passivo, de credor e, a
um só tempo, devedor de direitos fundamentais,
incongruência essa já identificada pela jurisprudência
do Tribunal Constitucional Alemão (BVerfGE 15, 256
[262]; 21, 362. Apud. SAMPAIO, José Adércio Leite.
Teoria da Constituição e dos direitos fundamentais.
Belo Horizonte: Del Rey, 2013 p. 639).

5. No caso em exame, o reconhecimento da


possibilidade teórica de o município pleitear
indenização por dano moral contra o particular
constitui a completa subversão da essência dos
direitos fundamentais, não se mostrando
presente nenhum elemento justificador do pleito,

47
como aqueles apontados pela doutrina e
relacionados à defesa de suas prerrogativas,
competência ou alusivos a garantias
constitucionais do processo. Antes, o caso é
emblemático e revela todos os riscos de se franquear
ao Estado a via da ação indenizatória.

6. Pretende-se a responsabilidade de rede de rádio e


televisão local por informações veiculadas em sua
programação que, como alega o autor, teriam atingido
a honra e a imagem da própria Municipalidade. Tal
pretensão representa real ameaça a centros nervosos
do Estado Democrático de Direito, como a imprensa
livre e independente, ameaça que poderia voltar-se
contra outros personagens igualmente essenciais à
democracia.

7. A Súmula n. 227/STJ constitui solução


pragmática à recomposição de danos de ordem
material de difícil liquidação – em regra,
microdanos – potencialmente resultantes do
abalo à honra objetiva da pessoa jurídica. Cuida-
se, com efeito, de resguardar a credibilidade
mercadológica ou a reputação negocial da
empresa, que poderiam ser paulatinamente
fragmentadas por violações a sua imagem, o que,
ao fim e ao cabo, conduziria a uma perda
pecuniária na atividade empresarial. Porém, esse
cenário não se verifica no caso de suposta
violação à imagem ou à honra – se existente – de
pessoa jurídica de direito público.

8. Recurso especial não provido.


48
______________________________________________________________________

62. A usucapião pode ser arguida em matéria de defesa.

CERTO.

Comentários:

O enunciado corresponde à Súmula 237 do STF: O usucapião pode ser


arguido em defesa.

______________________________________________________________________

63. É inconstitucional a multa instituída pelo Estado, como sanção pelo


retardamento do início ou da ultimação do inventário.

ERRADO.

Comentários:

O enunciado contraria a Súmula 542 do STF: Não é inconstitucional a


multa instituída pelo Estado-membro, como sanção pelo retardamento do
início ou da ultimação do inventário.

______________________________________________________________________

64. O prazo prescricional para cobrança das cotas condominiais é de 5


(cinco) anos, contados do dia seguinte do vencimento da prestação.

CERTO.

Comentários:

Segue o entendimento do STJ a respeito da matéria:

A questão controvertida consiste em saber, na vigência


do CC/2002, o prazo prescricional para a cobrança de

49
dívidas condominiais ordinárias e extraordinárias. À
luz do CC/2002, não cabe a aplicação do prazo
geral e residual do art. 205, pois o art. 206, § 5º,
I, ao dispor que prescreve em 5 (cinco) anos "a
pretensão de cobrança de dívidas líquidas
constantes de instrumento público ou
particular", amolda-se ao caso. Nesse passo, o
novo CPC, ao estabelecer, no art. 784, X, que são
títulos executivos extrajudiciais o crédito
referente às contribuições ordinárias ou
extraordinárias de condomínio, previstas na
respectiva convenção ou aprovadas em
assembleia geral, desde que documentalmente
comprovadas, corrobora o entendimento firmado
no âmbito do STJ de que se cuida de obrigação
líquida. É dizer, conforme iterativos julgados das
duas turmas de Direito Privado do STJ, "[a] pretensão
de cobrança de cotas condominiais, por serem líquidas
desde sua definição em assembleia geral de
condôminos, bem como lastreadas em documentos
físicos, adequa-se com perfeição à previsão do art.
206, § 5º, inc. I, do CC/02, razão pela qual se aplica o
prazo prescricional quinquenal". (AgRg no REsp
1.454.743-PR, Quarta Turma, DJe 26/11/2014).
Consoante os precedentes que se formaram nesta
Corte Superior, o art. 206, § 5º, inc. I, do CC/02, com
clareza, exige "apenas" que a dívida seja líquida,
constante de instrumento particular ou público, que,
pois, demonstre-a. E não, necessariamente, que tenha
sido contraída em um desses instrumentos. O fato de
o dever de pagar taxa condominial decorrer da lei, e

50
não de negócio jurídico, é impertinente para a solução
da questão, pois, como visto, o dispositivo não
estabelece esse critério. A taxa condominial é débito
previamente deliberado em assembleia geral -
constante e definido, pois, na respectiva ata, que,
consoante propugnam a doutrina e a jurisprudência,
tem de instruir a exordial da ação para a comprovação
do débito cobrado e a garantia do contraditório ao
devedor. Ademais, o prazo para a perda da pretensão
– tema de direito material – não deve ser definido pelo
instrumento processual utilizado pelo condomínio. Por
ocasião do julgamento do REsp 1.101.412-SP (sob o
rito do art. 543-C do CPC/1973), sufragando a mesma
tese consubstanciada na Súmula 503/STJ, foi
expressamente ressalvado que é fora de dúvida que
não é o tipo de ação – de conhecimento em sua pureza
ou monitória – utilizada pelo credor, que define o prazo
prescricional para a perda da pretensão. Nesse
sentido, menciona-se recente precedente da Quarta
Turma do STJ (AgInt no REsp 1.452.757-SP, Quarta
Turma, DJe 18/10/2016).

______________________________________________________________________

65. O incapaz responde pelos prejuízos que causar, desde que a


indenização não prive do necessário o incapaz ou as pessoas que dele
dependam.

ERRADO.

Comentários:

A questão cobra o teor do Artigo 928 do Código Civil. Observe que a


responsabilidade do incapaz apenas é possível se não couber
51
responsabilização dos seus responsáveis em primeiro lugar, no que reside
o erro da questão.

Art. 928. O incapaz responde pelos prejuízos que


causar, se as pessoas por ele responsáveis não
tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de
meios suficientes.

Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo,


que deverá ser equitativa, não terá lugar se privar do
necessário o incapaz ou as pessoas que dele
dependem.

______________________________________________________________________

66. Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer
o seu ofício ou profissão, ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, a
indenização, além das despesas do tratamento e lucros cessantes até ao
fim da convalescença, incluirá pensão correspondente à importância do
trabalho para que se inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu,
podendo ser convertida em pagamento único, se viável ao ofensor.

ERRADO.

Comentários:

O enunciado contraria o artigo 950 do Código Civil, uma vez que a escolha
de receber em pensionamento mensal ou pagamento único é da vítima, não
do ofensor.

Art. 950. Se da ofensa resultar defeito pelo qual o


ofendido não possa exercer o seu ofício ou profissão,
ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, a
indenização, além das despesas do tratamento e

52
lucros cessantes até ao fim da convalescença, incluirá
pensão correspondente à importância do trabalho para
que se inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu.

Parágrafo único. O prejudicado, se preferir, poderá


exigir que a indenização seja arbitrada e paga de
uma só vez.

______________________________________________________________________

67. A obrigação de dar coisa incerta rege-se pelas disposições aplicáveis


às obrigações de dar coisa certa, quando a escolha couber ao devedor e
for cientificado o credor da escolha.

CERTO.

Comentários:

Artigo 245 do Código Civil: Cientificado da escolha o credor, vigorará o


disposto na Seção antecedente [das obrigações de dar coisa certa.

______________________________________________________________________

68. As obrigações serão exigíveis imediatamente quando não houver sido


ajustada época para o pagamento, salvo disposição legal em contrário.

CERTO.

Comentários:

Artigo 331 do Código Civil: Salvo disposição legal em contrário, não tendo
sido ajustada época para o pagamento, pode o credor exigi-lo
imediatamente.

______________________________________________________________________

53
69. Pelo inadimplemento das obrigações respondem todos os bens do
devedor que estejam vinculados ao pagamento da dívida.

ERRADO.

Comentários:

A primeira parte da questão está correta, nos termos do artigo 391 do


Código Civil:

Art. 391. Pelo inadimplemento das obrigações


respondem todos os bens do devedor.

Contudo, a responsabilidade não se limita aos bens vinculados ao


pagamento da dívida.

______________________________________________________________________

70. Se parcial for a evicção, poderá o evicto optar entre a rescisão do


contrato e a restituição da parte do preço correspondente ao desfalque
sofrido.

ERRADO.

Comentários:

É preciso que a evicção parcial seja considerável, para que haja as opções
mencionadas no enunciado.

Art. 455. Se parcial, mas considerável, for a evicção,


poderá o evicto optar entre a rescisão do contrato e a
restituição da parte do preço correspondente ao
desfalque sofrido. Se não for considerável, caberá
somente direito a indenização.

______________________________________________________________________

54
71. O ato jurídico em sentido estrito pode ser definido como um fato
jurídico consistente na manifestação de vontade, cujos efeitos jurídicos
são predeterminados em lei, a exemplo do reconhecimento da
paternidade.

CERTO.

Comentários:

Assim explica Flávio Tartuce:

ATO JURÍDICO STRICTO SENSU – configura-se quando


houver objetivo de mera realização da vontade do
titular de um determinado direito, não havendo a
criação de instituto jurídico próprio para regular
direitos e deveres, muito menos a composição de
vontade entre as partes envolvidas. No ato jurídico
stricto sensu os efeitos da manifestação de vontade
estão predeterminados pela lei. Para Marcos
Bernardes de Mello, destacado intérprete da obra de
Pontes de Miranda, o ato jurídico stricto sensu é um
“fato jurídico que tem por elemento nuclear do suporte
fático a manifestação ou declaração unilateral de
vontade cujos efeitos jurídicos são prefixados pelas
normas jurídicas e invariáveis, não cabendo às
pessoas qualquer poder de escolha da categoria
jurídica ou de estruturação do conteúdo das relações
respectivas”.

Podem ser citados como exemplos de atos jurídicos


stricto sensu a ocupação de um imóvel, o pagamento
de uma obrigação e o reconhecimento de um filho. A
respeito dos atos jurídicos em sentido estrito, o art. 185
do atual Código Civil enuncia a aplicação das mesmas
55
regras do negócio jurídico, no que couber. Ilustrando,
as regras relativas às teorias das nulidades ou dos
defeitos do negócio jurídico subsumem-se ao ato
jurídico stricto sensu.

______________________________________________________________________

72. Os negócios jurídicos impessoais são infungíveis do tocante ao


sujeito.

ERRADO.

Comentários:

Quanto à pessoa, o negócio jurídico pode ser pessoal ou impessoal. O


negócio jurídico pessoal é infungível no tocante ao sujeito, como explica
Flávio Tartuce:

Negócios jurídicos impessoais – não dependem de


qualquer condição especial dos envolvidos, podendo a
prestação ser cumprida tanto pelo obrigado quanto por
um terceiro (v.g., compra e venda). Negócios jurídicos
personalíssimos ou intuitu personae – dependentes de
uma condição especial de um dos negociantes,
havendo uma obrigação infungível. Exemplo:
contratação de um pintor com arte única para fazer um
quadro.

______________________________________________________________________

73. Nos contratos, o prazo se presume em proveito do devedor, salvo se


do teor do instrumento, ou das circunstâncias, resultar que se
estabeleceu a benefício do credor, ou de ambos os contratantes.

CERTO.

56
Comentários:

Assim dispõe o art. 133 do Código Civil: Nos testamentos, presume-se o


prazo em favor do herdeiro, e, nos contratos, em proveito do devedor, salvo,
quanto a esses, se do teor do instrumento, ou das circunstâncias, resultar
que se estabeleceu a benefício do credor, ou de ambos os contratantes.

74. Nos termos do Código Civil, se a coisa expropriada para fins de


necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, não tiver o
destino para que se desapropriou, ou não for utilizada em obras ou
serviços públicos, caberá ao expropriado direito de preferência, pelo preço
atual da coisa.

CERTO.

Comentários:

Apesar de o dispositivo referir-se ao direito administrativo, consta


expressamente do Código Civil:

Art. 519. Se a coisa expropriada para fins de


necessidade ou utilidade pública, ou por interesse
social, não tiver o destino para que se desapropriou, ou
não for utilizada em obras ou serviços públicos, caberá
ao expropriado direito de preferência, pelo preço atual
da coisa.

______________________________________________________________________

57
75. A herança vacante será destinada ao Município onde se encontram
os bens, ao Distrito Federal ou à União, no caso de bens localizados em
Territórios. Contudo, não se aplica ao Estado o princípio da saisini, pois
a transferência dos bens ao ente público se dá no momento da declaração
de vacância, não da abertura da sucessão.

CERTO

Comentários:

O Código Civil dispõe sobre a herança jacente e sobre a herança vacante:

Art. 1.819. Falecendo alguém sem deixar testamento


nem herdeiro legítimo notoriamente conhecido, os bens
da herança, depois de arrecadados, ficarão sob a
guarda e administração de um curador, até a sua
entrega ao sucessor devidamente habilitado ou à
declaração de sua vacância.

Art. 1.823. Quando todos os chamados a suceder


renunciarem à herança, será esta desde logo
declarada vacante.

Art. 1.844. Não sobrevivendo cônjuge, ou companheiro,


nem parente algum sucessível, ou tendo eles
renunciado a herança, esta se devolve ao Município ou
ao Distrito Federal, se localizada nas respectivas
circunscrições, ou à União, quando situada em
território federal.

Vide o entendimento do STJ a respeito da aplicação do princípio de saisini


quanto à herança vacante:

Agravo Regimental no Recurso Especial. Civil.

58
Sucessão. Herança jacente. Estado/Município.
Princípio da saisine ao ente público. Inaplicabilidade.
Momento da vacância que não se confunde com o da
abertura da sucessão ou da morte do de cujus.
Declaração de vacância após a vigência da Lei
8.049/1990. Legitimidade para suceder do Município.
Recurso improvido. 1. O agravante não trouxe qualquer
subsídio capaz de afastar os fundamentos da decisão
agravada. 2. Não se aplica o princípio da saisine ao
ente público para a sucessão do bem jacente, pois o
momento da vacância não se confunde com o da
abertura da sucessão ou da morte do de cujus. 3. O
Município é o sucessor dos bens jacentes, pois a
declaração judicial da vacância ocorreu após a
vigência da Lei 8.049/1990. 4. Agravo regimental
improvido” (STJ, AgRg no REsp 1.099.256/RJ, 3.ª
Turma, Rel. Min. Massami Uyeda, j. 17.03.2009, DJe
27.03.2009).

[…] é entendimento consolidado neste Superior


Tribunal de Justiça que os bens jacentes são
transferidos ao ente público no momento da declaração
da vacância, não se aplicando, desta forma, o princípio
da saisine” (STJ, AgRg no Ag 851.228/RJ, Rel. Min.
Sidnei Beneti, 3.ª Turma, j. 23.09.2008,

59
Direito Processual Civil

Sobre Mandado de Segurança, responda aos itens seguintes:

76. Conforme os Tribunais Superiores, é possível que o impetrante


desista do Mandado de Segurança após já ter sido prolatada sentença de
mérito, exceto quando já houver sido proferida decisão de mérito, objeto
de sucessivos recursos, o que evidencia o caráter abusivo da desistência.

CERTO.

Comentários:

A possibilidade de desistência do mandado de segurança, mesmo despois


de proferida decisão de mérito, é assente na jurisprudência do STJ e STF:

EMENTA RECURSO EXTRAORDINÁRIO.


REPERCUSSÃO GERAL ADMITIDA. PROCESSO CIVIL.
MANDADO DE SEGURANÇA. PEDIDO DE
DESISTÊNCIA DEDUZIDO APÓS A PROLAÇÃO DE
SENTENÇA. ADMISSIBILIDADE. “É lícito ao impetrante
desistir da ação de mandado de segurança,
independentemente de aquiescência da autoridade
apontada como coatora ou da entidade estatal
interessada ou, ainda, quando for o caso, dos
litisconsortes passivos necessários” (MS 26.890-
AgR/DF, Pleno, Ministro Celso de Mello, DJe de
23.10.2009), “a qualquer momento antes do término do
julgamento” (MS 24.584-AgR/DF, Pleno, Ministro
Ricardo Lewandowski, DJe de 20.6.2008), “mesmo
após eventual sentença concessiva do ‘writ’
constitucional, (…) não se aplicando, em tal hipótese, a
norma inscrita no art. 267, § 4º, do CPC” (RE 255.837-

60
AgR/PR, 2ª Turma, Ministro Celso de Mello, DJe de
27.11.2009). Jurisprudência desta Suprema Corte
reiterada em repercussão geral (Tema 530 -
Desistência em mandado de segurança, sem
aquiescência da parte contrária, após prolação de
sentença de mérito, ainda que favorável ao
impetrante). Recurso extraordinário provido. (RE
669367, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Relator(a) p/
Acórdão: Min. ROSA WEBER, Tribunal Pleno, julgado
em 02/05/2013, ACÓRDÃO ELETRÔNICO
REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-213 DIVULG 29-
10-2014 PUBLIC 30-10-2014)

1. O Supremo Tribunal Federal, nos autos do Recurso


Extraordinário 669367, julgado em 02/05/2013,
reconhecida a repercussão geral, definiu que é
plenamente admissível a desistência unilateral do
mandado de segurança, pelo impetrante, sem
anuência do impetrado, mesmo após a prolação da
sentença de mérito.

2. Indeferir o pedido de desistência do mandamus


para supostamente preservar interesses do Estado
contra o próprio destinatário da garantia constitucional
configura patente desvirtuamento do instituto, haja
vista que o mandado de segurança é instrumento
previsto na Constituição Federal para resguardar o
particular de ato ilegal perpetrado por agente público.

3. Recurso especial provido.STJ. 2ª Turma. REsp


1.405.532-SP, Rel. Min. Eliana Calmon, Julgado em
10/12/2013. Info 533).

61
Há, contudo, uma exceção consignada pelo STF:

Não é cabível a desistência de mandado de segurança,


nas hipóteses em que se discute a exigibilidade de
concurso público para delegação de serventias
extrajudiciais, quando na espécie já houver sido
proferida decisão de mérito, objeto de sucessivos
recursos. Com base nessa orientação, a Segunda
Turma, em julgamento conjunto, resolveu questão de
ordem suscitada pelo Ministro Teori Zavascki (relator)
e deliberou não homologar pedidos de desistência
formulados em mandados de segurança que
impugnavam atos proferidos pelo CNJ, nos quais
foram considerados irregulares os provimentos —
decorrentes de permuta, e, portanto, sem concurso
público — de serventias extrajudiciais, em ofensa ao
art. 236, § 3º, da CF. A Turma destacou que a
jurisprudência do STF seria pacífica quanto à
necessidade de realização de concurso público para o
provimento das serventias extrajudiciais. No caso em
apreciação na questão de ordem — desistências
formuladas em mandados de segurança quando em
apreciação agravos regimentais a impugnar decisões
proferidas em sede de embargos de declaração
interpostos em face de decisões monocráticas de
mérito sobre a referida matéria —, o STF estaria a
apreciar ações originárias, sendo, portanto, a última
instância sobre o caso. Essas desistências não se
dariam simplesmente porque se estaria de acordo com
os atos do CNJ. Tudo levaria a crer que teriam como
finalidade secundária levar essa matéria em ação

62
ordinária perante a justiça comum, perpetuando a
controvérsia. No mérito, superada a questão quanto à
continuidade de apreciação dos mandados de
segurança, a Turma negou provimento a agravos
regimentais neles interpostos, reiterado o quanto
decidido no MS 28.440 ED-AgR (DJe de 7.2.2014) e no
MS 30.180 AgR (DJe de 21.11.2014).
______________________________________________________________________

77. Desde a vigência do NCPC, o prazo para impetração do Mandado de


Segurança conta-se em dias úteis.

ERRADO.

Comentários:

A contagem em dias úteis aplica-se apenas aos prazos processuais. O


prazo para impetração do MS tem natureza decadencial e, por isso,
continua sendo contado em dias corridos apesar do NCPC.
______________________________________________________________________

78. Haverá remessa necessária de decisão concessiva da segurança no


Mandado de Segurança, ainda que o mandamus seja impetrado contra
pessoa jurídica de direito privado.
CERTO.

Comentários:

Artigo 14, §1º, da Lei 12.016: Art. 14. Da sentença, denegando ou


concedendo o mandado, cabe apelação. § 1º Concedida a segurança, a
sentença estará sujeita obrigatoriamente ao duplo grau de jurisdição.

Cumpre consignar a doutrina de Leonardo Carneiro:


Concedida a segurança, ainda que se trate de
sentença contra empresa pública ou sociedade de

63
economia mista, haverá a remessa necessária. Numa
demanda de procedimento comum, não há remessa
necessária de sentença proferida contra um ente
privado, mas no mandado de segurança, proferida
sentença de procedência, independentemente da
condição da parte demandada, haverá remessa
necessária.

______________________________________________________________________

79. A Câmara Municipal de Fortaleza não tem legitimidade para ajuizar


pedido de suspensão de segurança, já que se trata de ente
despersonalizado.
ERRADO.

Comentários:

Assim dispõe a obra Fazenda Pública em Juízo:

Conforme já se acentuou no subitem 14.4.1 supra, há


entes despersonalizados, tais como uma Câmara de
Vereadores, uma Secretaria de Estado ou de
Município, um Tribunal de Contas, um Tribunal de
Justiça, que podem impetrar mandado de segurança.
Da mesma forma que podem impetrar mandado de
segurança. Podem igualmente ajuizar pedido de
suspensão ao presidente do tribunal. A legitimidade
desses órgãos decorre da circunstância de a decisão
que se pretende suspender interferir diretamente na
sua atividade ou afetar diretamente alguma de suas
prerrogativas institucionais, ou, ainda, em casos de
conflito interno entre órgãos da pessoa jurídica de
direito público.

64
______________________________________________________________________

80. Da decisão do Presidente do Tribunal em pedido de suspensão cabe


agravo interno, que deve ser interposto no prazo legal de 15 (quinze) dias.
CERTO.

Comentários:

O agravo interno no caso de pedido de suspensão de segurança é regido


pelo Art. 4º, §3º, da Lei 8437/1992:

Art. 4° Compete ao presidente do tribunal, ao qual


couber o conhecimento do respectivo recurso,
suspender, em despacho fundamentado, a execução
da liminar nas ações movidas contra o Poder Público
ou seus agentes, a requerimento do Ministério Público
ou da pessoa jurídica de direito público interessada,
em caso de manifesto interesse público ou de flagrante
ilegitimidade, e para evitar grave lesão à ordem, à
saúde, à segurança e à economia públicas.

§ 3o Do despacho que conceder ou negar a suspensão,


caberá agravo, no prazo de cinco dias, que será levado
a julgamento na sessão seguinte a sua interposição.

Contudo, tal dispositivo foi revogado pelo NCPC, conforme artigos


seguintes:

Art. 1.021. Contra decisão proferida pelo relator


caberá agravo interno para o respectivo órgão
colegiado, observadas, quanto ao processamento, as
regras do regimento interno do tribunal.

[...]

65
§ 2o O agravo será dirigido ao relator, que intimará o
agravado para manifestar-se sobre o recurso no prazo
de 15 (quinze) dias, ao final do qual, não havendo
retratação, o relator levá-lo-á a julgamento pelo órgão
colegiado, com inclusão em pauta.

Art. 1.070. É de 15 (quinze) dias o prazo para a


interposição de qualquer agravo, previsto em lei ou em
regimento interno de tribunal, contra decisão de relator
ou outra decisão unipessoal proferida em tribunal.

Artigos 1021, §2º, 1070 do CPC., cancelamento da


súmula 506 do STF.
______________________________________________________________________

81. O efeito translativo dos recursos é entendido como a possibilidade de


o Tribunal conhecer determinadas matérias de ofício no julgamento do
recurso, em razão de expressa previsão legal ou natureza de ordem
pública das matérias.
CERTO.

Comentários:

Assim aduz Daniel Amorim Assumpção:

Por efeito translativo entende-se a possibilidade de


o tribunal conhecer determinadas matérias de ofício
no julgamento do recurso. Tradicionalmente
associado às matérias de ordem pública
(processuais e materiais), também se aplica o
princípio ora analisado àquelas matérias que,
apesar de não serem propriamente de ordem
pública, contam com expressa previsão legal no
sentido de poderem ser conhecidas de ofício pelo

66
juiz. É o caso, por exemplo, da prescrição, que,
apesar de não ser uma matéria de ordem pública –
afinal, pode ser objeto de renúncia nos termos do
art. 191 do CC -, pode ser conhecida de ofício no
julgamento de recurso em razão da previsão contida
nos arts. 332, §1º e 487, parágrafo único, ambos do
Novo CPC.

______________________________________________________________________

82. Nos termos do CPC, a mediação é técnica de solução consensual de


conflitos, usada preferencialmente nos casos em que não houver vínculo
anterior entre as partes, podendo o mediador sugerir soluções para o
litígio.
ERRADO.

Comentários:

A questão traz o conceito de conciliação:

Art. 165. Os tribunais criarão centros judiciários de


solução consensual de conflitos, responsáveis pela
realização de sessões e audiências de conciliação e
mediação e pelo desenvolvimento de programas
destinados a auxiliar, orientar e estimular a
autocomposição.

[...]

§ 2o O conciliador, que atuará preferencialmente nos


casos em que não houver vínculo anterior entre as
partes, poderá sugerir soluções para o litígio, sendo
vedada a utilização de qualquer tipo de

67
constrangimento ou intimidação para que as partes
conciliem.

§ 3o O mediador, que atuará preferencialmente nos


casos em que houver vínculo anterior entre as partes,
auxiliará aos interessados a compreender as questões
e os interesses em conflito, de modo que eles possam,
pelo restabelecimento da comunicação, identificar, por
si próprios, soluções consensuais que gerem benefícios
mútuos.
______________________________________________________________________

83. Atento à instrumentalidade do processo, o NCPC permite


expressamente às partes que litigam sobre direitos disponíveis a
realização de negócios processuais típicos ou atípicos, de forma a
adequar o processo às especificidades do direito material envolvido. Tal
disposição é aplicável à Fazenda Pública, desde que não haja ofensa ao
interesse público.
CERTO.

Comentários:

Assim dispõe o CPC:

Art. 190. Versando o processo sobre direitos que


admitam autocomposição, é lícito às partes
plenamente capazes estipular mudanças no
procedimento para ajustá-lo às especificidades da
causa e convencionar sobre os seus ônus, poderes,
faculdades e deveres processuais, antes ou durante o
processo.

Parágrafo único. De ofício ou a requerimento, o juiz


controlará a validade das convenções previstas neste

68
artigo, recusando-lhes aplicação somente nos casos de
nulidade ou de inserção abusiva em contrato de
adesão ou em que alguma parte se encontre em
manifesta situação de vulnerabilidade.

Art. 191. De comum acordo, o juiz e as partes podem


fixar calendário para a prática dos atos processuais,
quando for o caso.

§ 1o O calendário vincula as partes e o juiz, e os prazos


nele previstos somente serão modificados em casos
excepcionais, devidamente justificados.

§ 2o Dispensa-se a intimação das partes para a


prática de ato processual ou a realização de audiência
cujas datas tiverem sido designadas no calendário.

Art. 313. Suspende-se o processo:

[…]

II - pela convenção das partes;

O Fórum Permanente de Processualistas Civis, por sua vez, publicou o


Enunciado 256, nos seguintes termos:

(art. 190) A Fazenda Pública pode celebrar negócio


jurídico processual. (Grupo: Negócios Processuais)

______________________________________________________________________

69
84. A reclamação pode ser utilizada como instrumento para rever o
entendimento proferido numa Ação Declaratória de Constitucionalidade,
se houver significativa mudança das circunstâncias fáticas ou relevante
alteração das concepções jurídicas dominantes.
CERTO.

Comentários:

O entendimento da assertiva foi posto no julgamento da Reclamação 4374:

Benefício assistencial de prestação continuada ao


idoso e ao deficiente. Art. 203, V, da Constituição. A
Lei de Organização da Assistência Social (LOAS), ao
regulamentar o art. 203, V, da Constituição da
República, estabeleceu critérios para que o benefício
mensal de um salário mínimo fosse concedido aos
portadores de deficiência e aos idosos que
comprovassem não possuir meios de prover a própria
manutenção ou de tê-la provida por sua família. 2. Art.
20, § 3º da Lei 8.742/1993 e a declaração de
constitucionalidade da norma pelo Supremo Tribunal
Federal na ADI 1.232. Dispõe o art. 20, § 3º, da Lei
8.742/93 que “considera-se incapaz de prover a
manutenção da pessoa portadora de deficiência ou
idosa a família cuja renda mensal per capita seja
inferior a 1/4 (um quarto) do salário mínimo”. O
requisito financeiro estabelecido pela lei teve sua
constitucionalidade contestada, ao fundamento de que
permitiria que situações de patente miserabilidade
social fossem consideradas fora do alcance do
benefício assistencial previsto constitucionalmente. Ao
apreciar a Ação Direta de Inconstitucionalidade

70
1.232-1/DF, o Supremo Tribunal Federal declarou
a constitucionalidade do art. 20, § 3º, da LOAS.
3. Reclamação como instrumento de
(re)interpretação da decisão proferida em
controle de constitucionalidade abstrato.
Preliminarmente, arguido o prejuízo da reclamação, em
virtude do prévio julgamento dos recursos
extraordinários 580.963 e 567.985, o Tribunal, por
maioria de votos, conheceu da reclamação. O STF, no
exercício da competência geral de fiscalizar a
compatibilidade formal e material de qualquer ato
normativo com a Constituição, pode declarar a
inconstitucionalidade, incidentalmente, de normas
tidas como fundamento da decisão ou do ato que é
impugnado na reclamação. Isso decorre da própria
competência atribuída ao STF para exercer o
denominado controle difuso da constitucionalidade
das leis e dos atos normativos. A oportunidade de
reapreciação das decisões tomadas em sede de
controle abstrato de normas tende a surgir com mais
naturalidade e de forma mais recorrente no âmbito das
reclamações. É no juízo hermenêutico típico da
reclamação – no “balançar de olhos” entre objeto
e parâmetro da reclamação – que surgirá com
maior nitidez a oportunidade para evolução
interpretativa no controle de
constitucionalidade. Com base na alegação de
afronta a determinada decisão do STF, o
Tribunal poderá reapreciar e redefinir o
conteúdo e o alcance de sua própria decisão. E,
inclusive, poderá ir além, superando total ou

71
parcialmente a decisão-parâmetro da
reclamação, se entender que, em virtude de
evolução hermenêutica, tal decisão não se
coaduna mais com a interpretação atual da
Constituição. 4. Decisões judiciais contrárias aos
critérios objetivos preestabelecidos e Processo de
inconstitucionalização dos critérios definidos pela Lei
8.742/1993. A decisão do Supremo Tribunal Federal,
entretanto, não pôs termo à controvérsia quanto à
aplicação em concreto do critério da renda familiar per
capita estabelecido pela LOAS. Como a lei permaneceu
inalterada, elaboraram-se maneiras de contornar o
critério objetivo e único estipulado pela LOAS e avaliar
o real estado de miserabilidade social das famílias
com entes idosos ou deficientes. Paralelamente, foram
editadas leis que estabeleceram critérios mais
elásticos para concessão de outros benefícios
assistenciais, tais como: a Lei 10.836/2004, que criou
o Bolsa Família; a Lei 10.689/2003, que instituiu o
Programa Nacional de Acesso à Alimentação; a Lei
10.219/01, que criou o Bolsa Escola; a Lei 9.533/97,
que autoriza o Poder Executivo a conceder apoio
financeiro a municípios que instituírem programas de
garantia de renda mínima associados a ações
socioeducativas. O Supremo Tribunal Federal, em
decisões monocráticas, passou a rever anteriores
posicionamentos acerca da intransponibilidade do
critérios objetivos. Verificou-se a ocorrência do
processo de inconstitucionalização decorrente de
notórias mudanças fáticas (políticas, econômicas e
sociais) e jurídicas (sucessivas modificações

72
legislativas dos patamares econômicos utilizados como
critérios de concessão de outros benefícios
assistenciais por parte do Estado brasileiro). 5.
Declaração de inconstitucionalidade parcial, sem
pronúncia de nulidade, do art. 20, § 3º, da Lei
8.742/1993. 6. Reclamação constitucional julgada
improcedente. (Rcl 4374, Relator(a): Min. GILMAR
MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 18/04/2013,
ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-173 DIVULG 03-09-2013
PUBLIC 04-09-2013)

______________________________________________________________________

85. Nos termos do CPC, para postular em juízo, é preciso ter interesse,
legitimidade e possibilidade jurídica do pedido, as condições da ação.
ERRADO.

Comentários:

O artigo 17 do CPC inovou em relação ao código anterior, ao retirar a


possibilidade jurídica do pedido como condição da ação.

Art. 17. Para postular em juízo é necessário ter


interesse e legitimidade.

Discute-se qual o tipo de decisão que declara a impossibilidade jurídica do


pedido. Alguns doutrinadores entendem que se trata de uma extinção sem
julgamento de mérito, por falta de interesse de agir. Outros aduzem que se
trata de uma decisão de improcedência.

______________________________________________________________________

73
86. Segundo o STJ, sendo alegada a impenhorabilidade de uma
propriedade rural no curso do processo de execução, cabe ao executado
comprovar que a propriedade é pequena e que há exploração familiar da
terra.

ERRADO.

Comentários:

Atenção aos julgados veiculados às vésperas da prova, que costumam ser


cobrados pela CESPE.

A principal questão está em definir a quem pertence


o ônus da prova em relação aos requisitos da pequena
propriedade rural, para fins de impenhorabilidade.
Com relação à impenhorabilidade da pequena propriedade
rural, a proteção ganhou status Constitucional, tendo-se
estabelecido, no capítulo voltado aos direitos fundamentais,
que a referida propriedade, "assim definida em lei, desde
que trabalhada pela família, não será objeto de penhora
para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade
produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu
desenvolvimento" (art. 5°, XXVI). A Lei n. 8.009/90 e o
ordenamento processual pátrio (CPC/1973, art. 649, VIII; e
CPC/2015, art. 833, VIII), também trataram da questão.
Nessa ordem de ideias, exige a norma constitucional e a
infralegal dois requisitos para negar constrição à pequena
propriedade rural: i) que a área seja qualificada como
pequena, nos termos legais; e ii) que a propriedade seja
trabalhada pela família. O STJ pacificou o entendimento,
com relação ao ônus da prova e ao bem de família, que "cabe
ao devedor o ônus da prova do preenchimento dos
requisitos necessários, para enquadramento do imóvel

74
penhorado na proteção concedida pela Lei n. 8.009/90 ao
bem de família, quando sua configuração não se acha, de
pronto, plenamente caracterizada nos autos". Em recente
julgado da Quarta Turma, definiu-se que, para fins de
proteção do bem de família previsto na Lei n. 8.009/90,
basta o início de prova de que o imóvel é voltado para a
família, sendo, depois disso, encargo do credor eventual
descaracterização. De fato, para fins de hermenêutica,
sempre se deve ter em mente que a impenhorabilidade do
bem de família é irrenunciável, sendo princípio de ordem
pública, com escopo de proteção da entidade familiar, à luz
do direito fundamental à moradia. A regra é a
impenhorabilidade, devendo suas exceções serem
interpretadas restritivamente, haja vista que a norma
é voltada para a proteção da família e não do
patrimônio do devedor. Partindo dessa premissa,
assim como ocorre na proteção do imóvel urbano, deve
ser ônus do executado - agricultor - apenas a
comprovação de que o seu imóvel se enquadra nas
dimensões da pequena propriedade rural. No entanto,
no tocante à exigência da prova de que a referida
propriedade é trabalhada pela família, a melhor
exegese parece ser a de conferir uma presunção de
que esta, enquadrando-se como diminuta, nos termos
da lei, será explorada pelo ente familiar, sendo
decorrência natural do que normalmente se espera
que aconteça no mundo real, inclusive, das regras de
experiência (NCPC, art. 375). Isto porque o próprio
microssistema de direito agrário (Estatuto da Terra; Lei n.
8.629/1993, entre outros diplomas) entrelaça os conceitos
de pequena propriedade, módulo rural e propriedade

75
familiar, havendo uma espécie de presunção de que o
pequeno imóvel rural se destinará à exploração direta pelo
agricultor e sua família, haja vista que será voltado para
garantir sua subsistência. Ademais, não é razoável se
exigir um minus do proprietário urbano (que tem
proteção legal) - na qual basta o início de prova de que
o imóvel é voltado para a residência -, em relação ao
proprietário rural, hipossuficiente e vulnerável (com
proteção constitucional), que, além da prova da
pequena propriedade rural, teria um plus a
demonstrar, ainda, que esta é trabalhada pela
família. REsp 1.408.152-PR, Rel. Min. Luis Felipe
Salomão, por unanimidade, julgado em 1/12/2016, DJe
2/2/2017.

______________________________________________________________________

Sobre recursos, julgue os seguintes itens:

87. O pedido de concessão de efeito suspensivo a recurso extraordinário


ou a recurso especial poderá ser formulado por requerimento dirigido ao
tribunal superior respectivo, no período compreendido entre a
interposição do recurso e sua distribuição, ficando o relator designado
para seu exame prevento para julgá-lo; ao presidente ou vice-presidente
do tribunal local, no caso de o recurso ter sido sobrestado.

ERRADO.

Comentários:

A assertiva cobra a redação do artigo 1.029, §5º, do CPC, que foi alterado
durante a vacatio legis do CPC.

76
Art. 1.029.

[...]

§ 5o O pedido de concessão de efeito suspensivo a


recurso extraordinário ou a recurso especial poderá ser
formulado por requerimento dirigido:

I – ao tribunal superior respectivo, no período


compreendido entre a publicação da decisão de
admissão do recurso e sua distribuição, ficando o
relator designado para seu exame prevento para julgá-
lo; (Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016)
(Vigência)

II - ao relator, se já distribuído o recurso;

III – ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal


recorrido, no período compreendido entre a
interposição do recurso e a publicação da decisão de
admissão do recurso, assim como no caso de o recurso
ter sido sobrestado, nos termos do art. 1.037.

______________________________________________________________________

88. Admitido o recurso extraordinário ou o recurso especial por um


fundamento, devolve-se ao tribunal superior o conhecimento dos demais
fundamentos para a solução do capítulo impugnado.

CERTO.

Comentários:

A questão tem solução expressa no CPC, apesar da discussão doutrinária


a respeito.
77
Art. 1.034. Admitido o recurso extraordinário ou o
recurso especial, o Supremo Tribunal Federal ou o
Superior Tribunal de Justiça julgará o processo,
aplicando o direito.

Parágrafo único. Admitido o recurso extraordinário ou


o recurso especial por um fundamento, devolve-se ao
tribunal superior o conhecimento dos demais
fundamentos para a solução do capítulo impugnado.
______________________________________________________________________

89. Não é cabível a interposição de embargos de divergência contra


acórdãos proferidos pela Corte Especial do STJ e pelo Tribunal Pleno do
STF.

CERTO.

Comentários:

O art. 1.043, “caput”, do CPC prevê o cabimento dos embargos de


divergência contra decisões dos órgãos fracionários do STF e do STJ.

Art. 1.043. É embargável o acórdão de órgão


fracionário que:

[...]

______________________________________________________________________

90. Conforme o NCPC, a formação de coisa julgada da questão prejudicial


depende do ajuizamento de uma ação declaratória incidental.

ERRADO.

78
Comentários:

A assertiva trata do regime do CPC/1973. No NCPC, art. 503 estabelece:

Art. 503. A decisão que julgar total ou parcialmente o


mérito tem força de lei nos limites da questão principal
expressamente decidida.

§ 1o O disposto no caput aplica-se à resolução de


questão prejudicial, decidida expressa e
incidentemente no processo, se:

I - dessa resolução depender o julgamento do mérito;

II - a seu respeito tiver havido contraditório prévio e


efetivo, não se aplicando no caso de revelia;

III - o juízo tiver competência em razão da matéria e da


pessoa para resolvê-la como questão principal.

§ 2o A hipótese do § 1o não se aplica se no processo


houver restrições probatórias ou limitações à cognição
que impeçam o aprofundamento da análise da questão
prejudicial.
______________________________________________________________________

91. O incidente de desconsideração da personalidade jurídica é cabível


apenas nos processos de conhecimento.

ERRADO.

Comentários:

O referido incidente é cabível nos processos de conhecimento e de


execução:

79
Art. 134. O incidente de desconsideração é cabível em
todas as fases do processo de conhecimento, no
cumprimento de sentença e na execução fundada em
título executivo extrajudicial.

[...]

______________________________________________________________________

92. Acolhido o pedido de desconsideração, a alienação ou a oneração de


bens, havida em fraude de execução, será desconstituída.

ERRADO.

Comentários:

Acolhido o pedido de desconsideração, a alienação continua válida, mas é


ineficaz no tocante ao requerente:

Art. 137. Acolhido o pedido de desconsideração, a


alienação ou a oneração de bens, havida em fraude de
execução, será ineficaz em relação ao requerente.
______________________________________________________________________

93. Sendo evidente o direito do autor, o juiz proferirá decisão inaudita


altera parte, determinando a expedição de mandado de pagamento, de
entrega de coisa ou para execução de obrigação de fazer ou de não fazer,
concedendo ao réu prazo de 15 (quinze) dias para o cumprimento e o
pagamento de honorários advocatícios de cinco por cento do valor
atribuído à causa.

CERTO.

80
Comentários:

A assertiva trata da ação monitória, conciliando os artigos 701 e 9º, III, do


CPC.

Art. 9º. Não se proferirá decisão contra uma das partes


sem que ela seja previamente ouvida.

Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica:

[...]

III - à decisão prevista no art. 701.

Art. 701. Sendo evidente o direito do autor, o juiz


deferirá a expedição de mandado de pagamento, de
entrega de coisa ou para execução de obrigação de
fazer ou de não fazer, concedendo ao réu prazo de 15
(quinze) dias para o cumprimento e o pagamento de
honorários advocatícios de cinco por cento do valor
atribuído à causa.

[...]

______________________________________________________________________

94. Havendo violação do direito, a ação meramente declaratória deve ser


extinta sem julgamento de mérito, ante a falta de interesse de agir.

ERRADO.

81
Comentários:

A assertiva trata do direito à certeza jurídica como bem da vida tutelável.


Afinal, se é possível à parte ajuizar ação com pretensão condenatória, por
óbvio, também é possível requerer pretensão declaratória, pois quem pode
o mais pode o menos.

Art. 20. É admissível a ação meramente declaratória,


ainda que tenha ocorrido a violação do direito.

______________________________________________________________________

95. O prazo para pagamento sem incidência da multa de 10%, no âmbito


do cumprimento de sentença, é de 30 (trinta) dias para devedor assistido
pela Defensoria Pública, contados da intimação para pagamento.

CERTO.

Comentários:

Assim dispõe o CPC:

Art. 523. No caso de condenação em quantia certa, ou


já fixada em liquidação, e no caso de decisão sobre
parcela incontroversa, o cumprimento definitivo da
sentença far-se-á a requerimento do exequente, sendo
o executado intimado para pagar o débito, no prazo de
15 (quinze) dias, acrescido de custas, se houver.

[…]

O STJ, por sua vez, assim entendia quanto ao dispositivo correlato no


CPC/1973, em interpretação que se mantém com a vigência do NCPC:

82
RECURSO ESPECIAL - CUMPRIMENTO DE SENTENÇA -
DEVEDOR REPRESENTADO POR DEFENSOR PÚBLICO -
ADIMPLEMENTO PARCIAL DA OBRIGAÇÃO DECORRIDOS
DEZENOVE DIAS - APLICAÇÃO DA MULTA PREVISTA NO
ARTIGO 475-J DO CPC/73 - TRIBUNAL A QUO QUE
INDEFERIU A PRERROGATIVA DO ART. 5º, §5º DA LEI
1.060/50 AO CASO - INSURGÊNCIA DO RÉU.

Hipótese: Cinge-se a controvérsia a decidir se deve ser


contado em dobro o prazo para o cumprimento voluntário de
sentença no caso de réu assistido pela Defensoria Pública.

1. O adimplemento parcial da obrigação implica imposição


da multa prevista no 475-J do CPC/73 sobre o valor
remanescente. Precedentes.

2. A intimação para o cumprimento da sentença gera


ônus para o representante da parte vencida, que
deverá comunicá-la do desfecho desfavorável da
demanda e alertá-la de que a ausência de
cumprimento voluntário implica imposição de sanção
processual.

3. Conforme a jurisprudência do STJ, a prerrogativa


da contagem em dobro dos prazos visa a compensar
as peculiares condições enfrentadas pelos
profissionais que atuam nos serviços de assistência
judiciária do Estado, que "enfrentam deficiências de
material, pessoal e grande volume de processos "
(REsp 1.106.213/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi. Terceira
Turma. julgado em 25/10/2011)

83
4. Em caso análogo, no qual se discutia o cumprimento, pela
parte, de decisão judicial sobre purgação da mora, esta
Corte superior decidiu ser cabível a contagem em dobro dos
prazos para parte assistida pela Defensoria Pública. (REsp
249.788/RJ, Rel. Ministro FERNANDO GONÇALVES,
SEXTA TURMA, julgado em 22/08/2000, DJ 11/09/2000)

5. Na hipótese de parte beneficiária da assistência


judiciária integral e gratuita, a prerrogativa da
contagem em dobro dos prazos, prevista no artigo 5º,
§5º, da Lei 1.060/50, aplica-se também ao lapso
temporal previsto no art. 475-J do CPC/73,
correspondente ao art. 523 caput e §1º do CPC/15,
sendo, portanto, tempestivo o cumprimento de
sentença, ainda que parcial, quando realizado em
menos de 30 (trinta) dias.

6. Recurso provido para afastar a incidência da multa


prevista no art. 475-J sobre a parcela da dívida depositada
no prazo calculado conforme a prerrogativa prevista no
artigo 5º, §5º da Lei 1.060/50. RECURSO ESPECIAL Nº
1.261.856 - DF (2011/0140046-4)
______________________________________________________________________

96. A adjudicação é forma preferencial de pagamento ao credor, devendo


ser assegurada ao legitimado que oferecer preço não inferior ao da
avaliação. Assim, a alienação do bem penhorado somente ocorrerá se não
efetivada a adjudicação.

CERTO.

84
Comentários:

Eis a redação do CPC a respeito:

Art. 825. A expropriação consiste em:

I – adjudicação;

[…]

Art. 876. É lícito ao exequente, oferecendo preço não


inferior ao da avaliação, requerer que lhe sejam
adjudicados os bens penhorados.

[…]

Art. 880. Não efetivada a adjudicação, o exequente


poderá requerer a alienação por sua própria iniciativa
ou por intermédio de corretor ou leiloeiro público
credenciado perante o órgão judiciário.

[...]

Por fim, interpreta o STJ:

PROCESSO CIVIL. INVENTÁRIO. PENHORA. PEDIDO


DE ADJUDICAÇÃO FORMULADO PELA HERDEIRA.
POSSIBILIDADE. FORMA PREFERENCIAL DE
PAGAMENTO AO CREDOR. TERMO FINAL PARA
REQUERIMENTO. EFETIVAÇÃO DA HASTA PÚBLICA.

1. Nos termos do art. 647, I, do CPC de 1973, incluído


pela Lei 11.382/06, a adjudicação é forma
85
preferencial de pagamento ao credor, devendo
ser assegurada ao legitimado que oferecer preço
não inferior ao da avaliação. 2. À falta de previsão
legal quanto ao limite temporal para o exercício do
direito à adjudicação, esta pode ser requerida após
resolvidas as questões relativas à avaliação do bem e
antes de realizada a hasta pública. 3. Ainda que
expedidos os editais de hasta pública, nada impede a
adjudicação por qualquer um dos legitimados, situação
em que o adjudicante arcará com as despesas dos atos
que se tornarem desnecessários em razão de sua
opção tardia. 4. Recurso especial provido. RECURSO
ESPECIAL Nº 1.505.399 - RS (2013/0383722-8)
______________________________________________________________________

97. É possível compartilhar as provas colhidas em sede de investigação


criminal para serem utilizadas, como prova emprestada, em inquérito
civil público e em outras ações decorrentes do fato investigado, desde que
as provas não tenham sido obtidas por meio da quebra dos sigilos
financeiro, fiscal e telefônico.

ERRADO.

Comentários:

A assertiva contraria o entendimento do STF:

INQUÉRITO – DETENTOR DE PRERROGATIVA DE


FORO – INDÍCIOS. Surgindo indícios de detentor de
prerrogativa de foro estar envolvido em fato criminoso,
cumpre à autoridade judicial remeter o inquérito ao
Supremo – precedente: Inquérito nº 2.842, relator
ministro Ricardo Lewandowski –, sob pena de haver o

86
arquivamento ante a ilicitude dos elementos colhidos.
(STF - Inq: 3305 RS, Relator: Min. MARCO AURÉLIO,
Data de Julgamento: 12/08/2014, Primeira Turma,
Data de Publicação: ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-192
DIVULG 01-10-2014 PUBLIC 02-10-2014).
______________________________________________________________________

98. As entidades associativas possuem legitimidade extraordinária para


representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente, desde que
autorizados pelo estatuto da associação.

ERRADO.

Comentários:

A legitimidade extraordinária tratada na questão deriva do art. 5º, XXI, da


CF:

Art. 5º. [...]

XXI - as entidades associativas, quando


expressamente autorizadas, têm legitimidade para
representar seus filiados judicial ou
extrajudicialmente;

[...]

Contudo, a autorização mencionada deve ser feita de forma expressa, não


bastando a autorização genérica constante do estatuto da associação:

REPRESENTAÇÃO – ASSOCIADOS – ARTIGO 5º,


INCISO XXI, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. ALCANCE.
O disposto no artigo 5º, inciso XXI, da Carta da
República encerra representação específica, não
87
alcançando previsão genérica do estatuto da
associação a revelar a defesa dos interesses dos
associados. TÍTULO EXECUTIVO JUDICIAL –
ASSOCIAÇÃO – BENEFICIÁRIOS. As balizas
subjetivas do título judicial, formalizado em ação
proposta por associação, é definida pela representação
no processo de conhecimento, presente a
autorização expressa dos associados e a lista
destes juntada à inicial. (RE 573232, Relator(a):
Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Relator(a) p/ Acórdão:
Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em
14/05/2014, REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-
182 DIVULG 18-09-2014 PUBLIC 19-09-2014 EMENT
VOL-02743-01 PP-00001)
______________________________________________________________________

99. Não é cabível a reclamação em caso de fundado risco de que uma


decisão judicial ou ato administrativo venha a desrespeitar decisão do
Tribunal.

CERTO.

Comentários:

Não cabe reclamação preventiva, conforme entendimento do STF: RCL


25310.

EMENTA: RECLAMAÇÃO. NATUREZA JURÍDICA.


CRIAÇÃO PRETORIANA (RTJ 112/504). FUNÇÃO
PROCESSUAL. DESTINAÇÃO CONSTITUCIONAL (RTJ
149/354-355 – RTJ 187/150-152, v.g.). DOUTRINA.
PRECEDENTES. ALEGAÇÃO, NA ESPÉCIE, DE

88
DESRESPEITO A DECISÃO DO SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL CONCESSIVA DE MANDADO DE
SEGURANÇA REVESTIDA DA AUTORIDADE DA COISA
JULGADA MATERIAL. SITUAÇÃO DE OFENSA QUE
NÃO SE PRESUME. POSSIBILIDADE DE
CARACTERIZAÇÃO DO CRIME DE DESOBEDIÊNCIA
(LEI Nº 12.016/2009, ART. 26), QUANDO
DESCUMPRIDO JULGADO QUE DEFERE O “WRIT”
MANDAMENTAL. NECESSIDADE DE EXISTÊNCIA
FORMAL, PARA EFEITO DE RECLAMAÇÃO, DO ATO
TRANSGRESSOR DAS DECISÕES DO SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL. NÃO DEMONSTRAÇÃO, NO
CASO, PELO RECLAMANTE, MEDIANTE PROVA
LITERAL JURIDICAMENTE IDÔNEA, DA OCORRÊNCIA
CONCRETA E ATUAL DE ATO OFENSIVO A DECISÃO
EMANADA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. ÔNUS
PROCESSUAL QUE INCUMBE A QUEM ALEGA (O
RECLAMANTE, NA ESPÉCIE). A RECLAMAÇÃO FAZ
INSTAURAR PROCESSO DE PERFIL MARCADAMENTE
DOCUMENTAL. INEXISTÊNCIA, EM NOSSO SISTEMA
PROCESSUAL, DE RECLAMAÇÃO REVESTIDA DE
CARÁTER PREVENTIVO. PRECEDENTES
ESPECÍFICOS SOBRE ESSA QUESTÃO.
RECLAMAÇÃO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO.
DECISÃO: Trata-se de reclamação, com pedido de
tutela de urgência, formulada com o objetivo de manter
ou de restabelecer, integral e imediatamente, “o
pagamento do percentual de 84,32% do Plano Collor
aos professores ativos, inativos e pensionistas da
Universidade Federal do Ceará beneficiados pela
decorrência da coisa julgada também consolidada na

89
Reclamação Trabalhista n. 1066/90, da 5ª Vara do
Trabalho de Fortaleza/CE, conforme determinado
através da decisão monocrática e acórdãos proferidos
no MS 26.086, da lavra do Exmo. Sr. Ministro Celso de
Mello”. A parte ora reclamante alega que a União
Federal e o Tribunal de Contas da União estariam
desrespeitando a ordem mandamental fundada em
título judicial definitivo, consubstanciada em acórdão
transitado em julgado proferido no MS 26.086/DF, de
que fui Relator, que invalidou deliberações
administrativas emanadas do TCU. Sendo esse o
contexto, passo a examinar a admissibilidade, na
espécie, da presente reclamação. E, ao fazê-lo, entendo
essencial estabelecer algumas premissas que reputo
indissociáveis da análise do pleito deduzido nesta
sede processual. Sabemos todos que a reclamação,
qualquer que seja a natureza que se lhe atribua – ação
(PONTES DE MIRANDA, “Comentários ao Código de
Processo Civil”, tomo V/384, Forense), recurso ou
sucedâneo recursal (MOACYR AMARAL SANTOS, RTJ
56/546-548; ALCIDES DE MENDONÇA LIMA, “O Poder
Judiciário e a Nova Constituição”, p. 80, 1989, Aide),
remédio incomum (OROSIMBO NONATO, “apud”
Cordeiro de Mello, “O Processo no Supremo Tribunal
Federal”, vol. 1/280), incidente processual (MONIZ DE
ARAGÃO, “A Correição Parcial”, p. 110, 1969), medida
de direito processual constitucional (JOSÉ FREDERICO
MARQUES, “Manual de Direito Processual Civil”, vol.
3º, 2ª parte, p. 199, item n. 653, 9ª ed., 1987, Saraiva)
ou medida processual de caráter excepcional (RTJ
112/518-522, Rel. Min. DJACI FALCÃO) –, configura

90
instrumento de extração constitucional, não obstante a
origem pretoriana de sua criação (RTJ 112/504),
destinado a viabilizar, na concretização de sua dupla
função de ordem político-jurídica, a preservação da
competência do Supremo Tribunal Federal, de um lado,
e a garantia da autoridade de suas decisões, de outro
(CF, art. 102, I, “l”), consoante tem enfatizado a
jurisprudência desta Corte Suprema (RTJ 134/1033,
Rel. Min. CELSO DE MELLO, v.g.). Vê-se, portanto, que
uma das funções processuais da reclamação consiste
em garantir a autoridade das decisões proferidas pelo
Supremo Tribunal Federal. Esse instrumento formal de
tutela, “que nasceu de uma construção pretoriana”
(RTJ 112/504), busca, em essência, fazer prevalecer,
no plano da hierarquia judiciária, o efetivo respeito aos
pronunciamentos jurisdicionais emanados desta
Suprema Corte (RTJ 149/354-355, Rel. Min. CELSO
DE MELLO): “Reclamação e preservação da autoridade
das decisões do Supremo Tribunal Federal. O eventual
descumprimento, por juízes ou Tribunais, de decisões
emanadas do Supremo Tribunal Federal,
especialmente quando proferidas com efeito vinculante
(CF, art. 102, § 2º), ainda que em sede de medida
cautelar, torna legítima a utilização do instrumento
constitucional da reclamação, cuja específica função
processual – além de impedir a usurpação da
competência da Corte Suprema – também consiste em
fazer prevalecer e em resguardar a integridade e a
eficácia subordinante dos comandos que emergem de
seus atos decisórios. Precedentes. Doutrina.” (RTJ
179/995-996, Rel. Min. CELSO DE MELLO, Pleno) A

91
destinação constitucional da via reclamatória, portanto
– segundo acentua, em autorizado magistério, JOSÉ
FREDERICO MARQUES (“Instituições de Direito
Processual Civil”, vol. IV/393, 2ª ed., Forense) –, além
de vincular esse meio processual à preservação da
competência global do Supremo Tribunal Federal,
prende-se ao objetivo específico de salvaguardar a
extensão e os efeitos dos julgados desta Suprema
Corte. Esse saudoso e eminente jurista, ao justificar a
necessidade da reclamação – enquanto meio
processual vocacionado à imediata restauração do
“imperium” inerente à decisão desrespeitada –,
assinala, em tom de grave advertência, a própria razão
de ser desse especial instrumento de defesa da
autoridade decisória dos pronunciamentos do
Supremo Tribunal Federal (“Manual de Direito
Processual Civil”, vol. 3/199-200, item n. 653, 9ª ed.,
1987, Saraiva): “O Supremo Tribunal, sob pena de se
comprometerem as elevadas funções que a
Constituição lhe conferiu, não pode ter seus julgados
desobedecidos (por meios diretos ou oblíquos), ou
vulnerada sua competência. Trata-se (…) de medida de
Direito Processual Constitucional, porquanto tem como
‘causa finalis’ assegurar os poderes e prerrogativas
que ao Supremo Tribunal foram dados pela
Constituição da República.” (grifei) Mostra-se
irrecusável concluir, desse modo, que o
descumprimento de decisões proferidas pelo Supremo
Tribunal Federal autoriza a utilização da via
reclamatória, vocacionada, em sua específica função
processual, a resguardar e a fazer prevalecer, no que

92
concerne à Suprema Corte, a integridade, a autoridade
e a eficácia dos comandos que emergem de seus atos
decisórios, na linha do magistério jurisprudencial
consagrado por este Tribunal (RTJ 187/150-152, Rel.
Min. CELSO DE MELLO, v.g.). Para que se legitime, no
entanto, o acesso à via reclamatória, impõe-se a
demonstração da efetiva configuração de desrespeito
a julgamento emanado do Supremo Tribunal Federal,
o que não se registrou na hipótese em apreço,
especialmente se se considerar o fato de que a parte
reclamante não produziu, nestes autos, prova
juridicamente idônea que pudesse demonstrar, de
modo inequívoco e revestido de liquidez, a ocorrência,
por parte dos ora reclamados, de transgressão à
ordem mandamental. Na realidade, tenho para mim
que não ficou demonstrada, na espécie, a existência
formal de qualquer ato concreto cuja prática, pelos ora
reclamados, legitimasse a utilização da presente ação
reclamatória. Isso significa, portanto, que a pretensão
deduzida pela parte ora reclamante revela-se
inacolhível, considerada a diretriz jurisprudencial que
o Supremo Tribunal Federal consagrou na apreciação
da questão processual em debate (Rcl 2.912/RJ, Rel.
Min. JOAQUIM BARBOSA – Rcl 3.988/AM, Rel. Min.
CEZAR PELUSO – Rcl 4.058/BA, Rel. Min. CEZAR
PELUSO – Rcl 15.569/RS, Rel. Min. CELSO DE MELLO
– Rcl 18.696-MC/MS, Rel. Min. CELSO DE MELLO,
v.g.), valendo referir, entre esses julgados, ante a
pertinência de seu conteúdo, fragmento da decisão que
o eminente Ministro GILMAR MENDES proferiu no
âmbito da Rcl 14.966/MS, de que foi Relator: “A

93
Constituição da República, em seu art. 102, I, ‘l’, é
clara ao dispor que compete a esta Corte processar e
julgar, originariamente, ‘a reclamação para a
preservação de sua competência e garantia da
autoridade de suas decisões’. É certo que o
ajuizamento da reclamação pressupõe a existência de
um ato que usurpe a competência do STF ou que viole
a autoridade de alguma de suas decisões que possua
efeito vinculante. Assim, não há que se falar em
reclamação preventiva. Nesses termos, verifico que a
presente reclamação é manifestamente incabível, por
não existir, até o presente momento, notícia da
existência de decisão proferida pelo Juízo da 2ª Vara
do Trabalho de Campo Grande – MS ou pelo Tribunal
Regional do Trabalho da 24ª Região, que afronte a
competência desta Corte ou à garantia de suas
decisões.” (grifei) Em outro precedente, o eminente
Ministro CEZAR PELUSO, Relator, proferiu juízo
negativo de cognoscibilidade na Rcl 3.988/AM,
advertindo, corretamente, que “A admissibilidade da
reclamação pressupõe a existência de ato concreto do
qual resulte afronta à competência do Supremo
Tribunal Federal ou à garantia de suas decisões. O
remédio constitucional não tem caráter preventivo, de
modo que não serve para inibir exercício da função
jurisdicional, sobretudo quando não se lhe pode prever
o teor de decisão” (grifei). Não posso supor, sem que
exista prova literal juridicamente idônea reveladora de
fatos impregnados da necessária liquidez – e
considerando, sobretudo, a circunstância de que a
reclamação faz instaurar processo de caráter

94
marcadamente documental –, que a União Federal e o
E. Tribunal de Contas da União tenham desrespeitado
decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal
revestida da autoridade da coisa julgada, pois, como
não se deve ignorar, “Constitui crime de
desobediência, nos termos do art. 330 do Decreto-Lei
no 2.848, de 7 de dezembro de 1940, o não
cumprimento das decisões proferidas em mandado de
segurança, sem prejuízo das sanções administrativas
e da aplicação da Lei no 1.079, de 10 de abril de 1950,
quando cabíveis” (Lei nº 12.016/2009, art. 26 – grifei).
Nem se diga que a presente reclamação teria sido
ajuizada com o objetivo de prevenir eventual
descumprimento da decisão invocada como
parâmetro de confronto, eis que, como se sabe,
inexiste, em nosso sistema processual, a figura
da reclamação preventiva, consoante
precedentemente assinalado (Rcl 3.988/AM, Rel. Min.
CEZAR PELUSO – Rcl 14.966/MS, Rel. Min. GILMAR
MENDES, v.g.). Talvez essa tenha sido a razão pela
qual a entidade sindical ora reclamante, por
intermédio dos mesmos ilustres Advogados que
subscrevem a presente reclamação, formulou, em
16/09/2016, nos autos do MS 26.387-AgR/DF, Rel.
Min. LUIZ FUX, “pedido de tutela provisória cautelar
incidental para concessão de efeito suspensivo” a
determinado agravo interno que interpôs em referido
processo mandamental. Em conclusão, não se acham
presentes, na espécie, as situações legitimadoras da
utilização do instrumento reclamatório. Sendo assim, e
pelas razões expostas, nego seguimento à presente

95
reclamação (CPC/15, art. 932, VIII, c/c o RISTF, art.
21, § 1º), restando prejudicado, em consequência, o
exame do pedido de tutela de urgência. Arquivem-se os
presentes autos. Publique-se. Brasília, 03 de outubro
de 2016. Ministro CELSO DE MELLO Relator. (Rcl
25310 MC, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, julgado
em 03/10/2016, publicado em PROCESSO
ELETRÔNICO DJe-212 DIVULG 04/10/2016 PUBLIC
05/10/2016)
______________________________________________________________________

100. É inadmissível a reclamação proposta para garantir a observância


de acórdão de recurso extraordinário com repercussão geral reconhecida
ou de acórdão proferido em julgamento de recursos extraordinário ou
especial repetitivos, quando não esgotadas as instâncias ordinárias, o
que é entendido pelo STF como a necessidade de esgotar todos os
recursos cabíveis nas instâncias antecedentes.

CERTO.

Comentários:

Vejamos as disposições do CPC a respeito:

Art. 988. […]

§ 5º É inadmissível a reclamação:

[...]

II – proposta para garantir a observância de acórdão


de recurso extraordinário com repercussão geral
reconhecida ou de acórdão proferido em julgamento de
recursos extraordinário ou especial repetitivos, quando
não esgotadas as instâncias ordinárias.

96
Vejamos a interpretação do STF. Observe-se que a decisão abaixo consigna
o acerto da decisão do TRF ao inadmitir a reclamação, ante a falta de
exaurimento das instâncias ordinárias. Assim, o STF entende que caberia
ainda recurso ao STJ ou ao STF, conforme o caso, antes de ser cabível a
reclamação.

Decisão: 1. Trata-se de embargos de declaração


contra decisão que negou seguimento ao pedido
em reclamação contra acórdão do Tribunal
Regional Eleitoral do Rio de Janeiro – que teria
desrespeitado o decidido no RE 658.026/MG (Rel.
Min. Dias Toffoli, DJe de 31/10/2014), julgado sob
o rito da repercussão geral –, uma vez que não
houve o esgotamento das instâncias ordinárias
exigido pelo inciso II do § 5º do art. 988 do
CPC/2015. O embargante alega que houve
omissões na decisão embargada, pois: (a) além de
invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer
outra decisão, não enfrenta todos os argumentos
deduzidos no processo capazes de infirmar a
conclusão adotada pelo órgão prolator; (b) houve
exaurimento dos recursos ordinários cabíveis no
Tribunal de origem, estando superado o entendimento
da Rcl 10.793/SP; (c) há conexão ou continência do
presente caso com a Rcl 24.687, por isso ambas as
reclamações devem ser analisadas pelo mesmo
relator. 2. Inicialmente, cumpre assentar que a
decisão embargada é clara e suficientemente
fundamentada no sentido de que não cabe
reclamação com fundamento no art. 988, § 5º, II,
do CPC/2015 quando não há esgotamento das

97
instâncias ordinárias, por isso foi negado
seguimento ao pedido. Assim, não se sustentam as
primeiras alegações de omissão apresentadas pelo
embargante. Quanto ao mais, tem razão o embargante
quanto à ausência de manifestação sobre o pedido de
distribuição a um único relator das Reclamações
24.686 (ora examinada) e 24.687, tendo em vista
eventual relação de conexão ou continência entre os
casos. Sobre a questão, se alguma providência é
cabível, o será no âmbito da Rcl 24.687 (que ainda
aguarda informações e parecer da Procuradoria-Geral
da República), considerando que na presente
reclamação já foi proferida decisão negando
seguimento ao pedido. 3. Diante do exposto, acolho em
parte os embargos de declaração, sem efeitos
modificativos. Publique-se. Intime-se. Brasília, 13 de
setembro de 2016. Ministro Teori Zavascki Relator
Documento assinado digitalmente. (Rcl 24686 ED,
Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI, julgado em
13/09/2016, publicado em PROCESSO ELETRÔNICO
DJe-199 DIVULG 16/09/2016 PUBLIC 19/09/2016)

______________________________________________________________________

101. A pequena propriedade rural, trabalhada pela família, é


impenhorável, ainda que dada pelos proprietários em garantia
hipotecária para financiamento da atividade produtiva.

CERTO.

98
Comentários:

O enunciado corresponde ao entendimento do STJ a respeito.

RECURSO ESPECIAL. PEQUENA PROPRIEDADE


RURAL. GARANTIA HIPOTECÁRIA. CÉDULA DE
CRÉDITO RURAL. FINANCIAMENTO DA ATIVIDADE
PRODUTIVA. IMPENHORABILIDADE. ARTS. 649, VIII,
DO CPC, E 5º, XXVI, DA CF/88. PROVIMENTO.

1. A pequena propriedade rural, trabalhada pela


família, é impenhorável, ainda que dada pelos
proprietários em garantia hipotecária para
financiamento da atividade produtiva. Artigos 649,
VIII, do Código de Processo Civil, e 5º, XXVI, da
Constituição Federal.

2. Recurso provido para afastar a penhora. RECURSO


ESPECIAL Nº 1.368.404 - SP (2012/0070718-0).
RELATORA : MINISTRA MARIA ISABEL GALLOTTI.
______________________________________________________________________

102. Ação civil pública proposta pelo Ministério Público Estadual para
pleitear que o Município proíba máquinas agrícolas e veículos pesados de
trafegarem em perímetro urbano e torne transitável o anel viário da região
configura interferência indevida no Poder Executivo.

ERRADO.

Comentários:

O STJ já admitiu ACP ajuizada pelo Ministério Público Estadual com o


mesmo objeto:

99
ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO CIVIL
PÚBLICA.AUSÊNCIA DE NEGATIVA DE PRESTAÇÃO
JURISDICIONAL. ADMISSIBILIDADE DE
PREQUESTIONAMENTO IMPLÍCITO. OBRIGAÇÃO DE
FAZER. PROVIDÊNCIAS PRÁTICAS PARA IMPEDIR O
TRÂNSITO DE MÁQUINAS AGRÍCOLAS E VEÍCULOS
PESADOS EM PERÍMETRO URBANO. MATÉRIA DE
RELEVANTE INTERESSE LOCAL. ADEQUAÇÃO DA
VIA ELEITA.

HISTÓRICO DA DEMANDA

1. O Ministério Público do Estado de Goiás


manejou Ação Civil Pública contra o Município de
Maurilândia-GO. Objetiva que essa unidade da
Federação seja condenada na obrigação de fazer
consistente em impedir que máquinas
agrícolas/veículos pesados trafeguem no seu
perímetro urbano, além de tornar transitável o
anel viário da região. 2. Segundo os autos noticiam,
as investigações ministeriais a respeito do problema se
iniciaram a partir de abaixo-assinado subscrito por
2.094 (dois mil e noventa e quatro) cidadãos residentes
naquele Município, o que representa um universo de
mais de 15% da população local, consoante pesquisa
efetivada no sítio oficial do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística - IBGE. (12.513 habitantes no
ano de 2013) 3. A petição inicial indica que o intenso
trânsito de caminhões e máquinas agrícolas no
perímetro urbano tem causado inúmeros acidentes
fatais, além de problemas de saúde decorrentes de
poeira e poluição sonora, por exemplo. 4. O Tribunal

100
de Justiça a quo entendeu que é incabível a
ingerência do Poder Judiciário em questões
afetas às políticas públicas, uma vez que o Poder
Público Municipal tem liberdade para eleger as
obras prioritárias de seu governo, sob pena de
ofensa à discricionariedade do administrador e
ao princípio da Separação dos Poderes.

VIOLAÇÃO AO ART. 535 DO CPC/1973

5. O STJ admite o prequestionamento implícito nas


hipóteses em que os pontos debatidos no Recurso
Especial foram decididos no acórdão recorrido, sem
explícita indicação dos artigos de lei que fundamentam
a decisão. Violação ao art. 535, II, do CPC/1973 não
existente.

ADEQUAÇÃO DA AÇÃO CIVIL PÚBLICA

6. O STJ tem orientação no sentido de que "Ao


Poder Judiciário não é vedado debater o mérito
administrativo. Se a Administração deixar de se
valer da regulação para promover políticas
públicas, proteger hipossuficientes, garantir a
otimização do funcionamento do serviço
concedido ou mesmo assegurar o 'funcionamento
em condições de excelência tanto para o
fornecedor/produtor como principalmente para o
consumidor/usuário', haverá vício ou flagrante
ilegalidade a justificar a intervenção judicial"
(REsp 1.176.552/PR, Rel. Ministro Herman Benjamin,
Segunda Turma, julgado em 22/2/2011, DJe
14/9/2011). 7. Na mesma direção, no sentido da

101
adequação da Ação Civil Pública como meio próprio de
se buscar a implementação de políticas públicas com
relevante repercussão social: REsp 1.367.549/MG,
Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe
8/9/2014; AgRg no AREsp 50.151/RJ, Rel. Ministro
Benedito Gonçalves, Primeira Turma, DJe
16/10/2013; REsp 743.678/SP, Rel. Ministro Mauro
Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 28/9/2009;
REsp 1.041.197/MS, Rel. Ministro Humberto Martins,
Segunda Turma, DJe 16/9/2009; REsp 429.570/GO,
Segunda Turma, Rel. Ministra Eliana Calmon, DJ
22/3/2004; REsp 725.257/MG, Rel. Ministro José
Delgado, Primeira Turma, DJ 14/5/2007. 8. O inciso
I do art. 1º e o art. 3º da Lei 7.347/1985 são
claros em afirmar que a Ação Civil Pública é meio
processual adequado para discutir temas afetos
à ordem urbanística e obter provimento
jurisdicional condenatório de obrigação de
fazer. Assim, a ação deve prosseguir. 9. No
mérito, poderão ser discutidas todas as questões
existentes, uma vez que, obviamente, elas não se
resumem a saber se a obra é necessária ou não,
havendo questões outras como saber se o pequeno
Município dispõe de recursos suficientes para
fazer a obra, se não haveria necessidades ainda
mais prementes da população ou se não haveria
forma alternativa de solucionar o problema.

CONCLUSÃO

10. Recurso Especial parcialmente conhecido e,


nesta extensão, provido, para afastar a carência

102
de ação e determinar o prosseguimento da Ação
Civil Pública.RECURSO ESPECIAL Nº 1.294.451 - GO
(2011/0069820-0). RELATOR : MINISTRO HERMAN
BENJAMIN
______________________________________________________________________

103. Após o trânsito em julgado de decisão que julga improcedente ação


coletiva proposta em defesa de direitos individuais homogêneos,
independentemente do motivo que tenha fundamentado a rejeição do
pedido, não é possível a propositura de nova demanda com o mesmo
objeto por outro legitimado coletivo, ainda que em outro Estado da
federação.

CERTO.

Comentários:

É possível a propositura de nova ação individual, pelos interessados que


não tiverem intervindo no processo como litisconsortes. Por sua vez, não é
possível o ajuizamento de outra ação coletiva. Vejamos:

RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL.


PROCESSO COLETIVO. DIREITOS INDIVIDUAIS
HOMOGÊNEOS. MEDICAMENTO "VIOXX". ALEGAÇÃO
DE DEFEITO DO PRODUTO. AÇÃO COLETIVA
JULGADA IMPROCEDENTE. TRÂNSITO EM JULGADO.
REPETIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. INTELIGÊNCIA DOS
ARTIGOS 81, INCISO III, E 103, INCISO III E § 2º, DO
CDC. RESGUARDO DO DIREITO INDIVIDUAL DOS
ATINGIDOS PELO EVENTO DANOSO. DOUTRINA.

1. Cinge-se a controvérsia a definir se, após o


trânsito em julgado de decisão que julga
improcedente ação coletiva para a defesa de

103
direitos individuais homogêneos, é possível a
repetição da demanda coletiva com o mesmo
objeto por outro legitimado em diferente estado
da federação. 2. A apuração da extensão dos efeitos
da sentença transitada em julgado proferida em ação
coletiva para a defesa de direitos individuais
homogêneos passa pela interpretação conjugada dos
artigos 81, inciso III, e 103, inciso III e § 2º, do Código
de Defesa do Consumidor. 3. Nas ações coletivas
intentadas para a proteção de interesses ou
direitos individuais homogêneos, a sentença fará
coisa julgada erga omnes apenas no caso de
procedência do pedido. No caso de
improcedência, os interessados que não tiverem
intervindo no processo como litisconsortes
poderão propor ação de indenização a título
individual. 4. Não é possível a propositura de
nova ação coletiva, mas são resguardados os
direitos individuais dos atingidos pelo evento
danoso. 5. Em 2004, foi proposta, na 4ª Vara
Empresarial da Comarca do Rio de Janeiro/RJ, pela
Associação Fluminense do Consumidor e Trabalhador
– AFCONT, ação coletiva com o mesmo objeto e contra
as mesmas rés da ação que deu origem ao presente
recurso especial. Com o trânsito em julgado da
sentença de improcedência ali proferida, ocorrido em
2009, não há espaço para prosseguir demanda
coletiva posterior ajuizada por outra associação com o
mesmo desiderato. 6. Recurso especial não
provido.RECURSO ESPECIAL Nº 1.302.596 – SP

104
(2012/0004496-3) RELATOR : MINISTRO PAULO DE
TARSO SANSEVERINO
______________________________________________________________________

104. Quando a lei prescrever determinada forma sob pena de nulidade,


a decretação desta não pode ser requerida pela parte que lhe deu causa.
Ainda, o juiz considerará válido o ato se, realizado de outro modo, lhe
alcançar a finalidade.

CERTO.

Comentários:

O enunciado concilia os artigos 276 e 277 do CPC:

Art. 276. Quando a lei prescrever determinada forma


sob pena de nulidade, a decretação desta não pode ser
requerida pela parte que lhe deu causa.

Art. 277. Quando a lei prescrever determinada forma,


o juiz considerará válido o ato se, realizado de outro
modo, lhe alcançar a finalidade.

______________________________________________________________________

105. No caso de improcedência liminar do pedido, ausente o juízo de


retratação a ser exercido em 5 (cinco) dias a partir da interposição da
apelação, o juiz intimará o réu para apresentar contrarrazões, no prazo
de 15 (quinze) dias.

ERRADO.

105
Comentários:

Na hipótese de improcedência liminar do pedido, havendo interposição de


apelação, é necessário citar o réu, uma vez que ele ainda não integrou a
demanda.

Art. 332. Nas causas que dispensem a fase


instrutória, o juiz, independentemente da citação do
réu, julgará liminarmente improcedente o pedido que
contrariar:

[...]

§ 3o Interposta a apelação, o juiz poderá retratar-se


em 5 (cinco) dias.

§ 4o Se houver retratação, o juiz determinará o


prosseguimento do processo, com a citação do réu, e,
se não houver retratação, determinará a citação do réu
para apresentar contrarrazões, no prazo de 15 (quinze)
dias.

106
Direito do Trabalho e Processual do Trabalho

Sobre a disciplina de Direito do Trabalho, julgue as seguintes


assertivas:

106. O art. 7º, XXIX, da Constituição Federal é norma de aplicação


imediata, razão pela qual não prospera a tese de que a prescrição
quinquenal nele prevista é inaplicável enquanto não regulamentada a
estabilidade no emprego de que trata o art. 7º, I, da CF.

CERTO.

Comentários:

Prescrição quinquenal. Art. 7º, XXIX, da CF. Aplicabilidade imediata.


Desnecessidade de regulamentação do art. 7º, I, da CF. O art. 7º, XXIX, da
Constituição Federal é norma de aplicação imediata, razão pela qual não
prospera a tese de que a prescrição quinquenal nele prevista é inaplicável
enquanto não regulamentada a estabilidade no emprego de que trata o art.
7º, I, da CF. Sob esse entendimento, a SBDI-II, por unanimidade, conheceu
do recurso ordinário e, no mérito, negou-lhe provimento, mantendo,
portanto, a decisão que julgara procedente a pretensão de corte rescisório
dirigida à sentença em que se deixou de declarar a prescrição quinquenal
ao fundamento de que, enquanto não assegurada a plena eficácia do
sistema de garantia contra a despedida arbitrária, a vigência do contrato
de emprego constitui óbice ao fluxo do prazo prescricional. TST-RO-10012-
64.2013.5.12.0000, SBDI-II, rel. Min. Luiz Philippe Vieira de Mello Filho,
21.2.2017 (INFO 153)

107
107. A Orientação Jurisprudencial nº 383 da SBDI-I, ao garantir aos
trabalhadores irregularmente contratados, mediante empresa interposta,
as mesmas verbas trabalhistas asseguradas aos empregados do tomador
de serviços, exige a identidade de funções, e não de tarefas.
CERTO.

Comentários:

Terceirização. Isonomia salarial entre empregados da empresa


prestadora de serviços e os da tomadora de serviços. Orientação
Jurisprudencial nº 383 da SBDI-I. Exigência de identidade de funções e
não de tarefas. A Orientação Jurisprudencial nº 383 da SBDI-I, ao garantir
aos trabalhadores irregularmente contratados, mediante empresa
interposta, as mesmas verbas trabalhistas asseguradas aos empregados
do tomador de serviços, exige a identidade de funções, e não de tarefas.
Dessa forma, dá-se efetividade ao princípio constitucional da isonomia e
evita-se que a terceirização de serviços seja utilizada como prática
discriminatória. No caso, a Celg Distribuição S.A. possui em seu quadro de
pessoal eletricistas contratados mediante concurso público e também
eletricistas de empresas terceirizadas, todos eles trabalhando como
eletricistas e prestando serviços ligados à sua atividade fim e em seu
benefício, razão pela qual o fato de o TRT ter registrado que os empregados
da tomadora realizavam tarefas mais especializadas que os empregados
da prestadora de serviço não afastam o direito à isonomia salarial. Sob
esse entendimento, a SBDI-I, por maioria, conheceu dos embargos, no
tópico, por contrariedade à Orientação Jurisprudencial nº 383 da SBDI-I,
e, no mérito, deu-lhes provimento para restabelecer a decisão do Regional
quanto à condenação das reclamadas ao pagamento de diferenças
salariais e reflexos decorrentes da isonomia do reclamante com os
eletricistas empregados da Celg Distribuição S.A. Vencidos os Ministros
Guilherme Augusto Caputo Bastos, relator, e Márcio Eurico Vitral Amaro.

108
TST-E-RR-11623-36.2013.5.18.0016, Informativo TST - nº 150 Período: 22
de novembro a 12 de dezembro de 2016 3 SBDI-I, rel. Min. Guilherme
Augusto Caputo Bastos, red. p/ acórdão Min. José Roberto Freire Pimenta,
1º.12.2016

______________________________________________________________________

108. Não se aplica ao Ente Público, quando contrata empregado pelo


regime da CLT, o teor da súmula 291 do TST, que assegura, ao
empregado, o pagamento da indenização pela supressão de horas extras.
ERRADO.

Comentários:
O TST enfrentou, em precedentes, o debate sobre sua aplicação à
Administração Pública, tendo firmado o entendimento da ausência de óbice
à aplicação da Súmula 291 à Administração Pública, cite-se:

“Horas extras. Supressão. Esta Corte Superior tem entendido


que quando o ente público contrata o empregado pelo regime
da CLT equipara-se à pessoa jurídica de direito privado,
conforme inteligência do art. 173, § 1.º, inciso II, da
Constituição Federal, o que assegura, ao empregado, o
pagamento da indenização pela supressão de horas extras a
que alude a Súmula n.º 291 do TST. Na hipótese, constatada,
a supressão, pelo reclamado, do serviço suplementar prestado
com habitualidade, durante pelo menos 1 (um) ano, a
reclamante tem assegurado o direito à indenização
correspondente ao valor de 1 (um) mês das horas suprimidas
para cada ano ou fração igual ou superior a seis meses de
prestação de serviço acima da jornada normal, na forma do
mencionado verbete sumular (...)” (TST-RR 146700-

109
47.2003.5.15.0017, 3.ª T., Rel. Min. Horácio Senna Pires,
DEJT 28.06.2010).

INCLUSIVE, aplica-se a suspensão temporária de realização de


horas extras por ato da Administração pública:

“Horas Extras. Habitualidade. Pagamento suspenso


transitoriamente por força do Decreto n.º 29.019/2008 do
Distrito Federal. Indenização devida. Súmula n.º 291 do TST.
A suspensão transitória de serviço suplementar prestado com
habitualidade, por força do Decreto n.º 29.019/2008 do
Distrito Federal, assegura ao empregado o direito à
indenização correspondente ao valor de um mês das horas
suprimidas, total ou parcialmente, para cada ano ou fração
igual ou superior a seis meses de prestação de serviço acima
da jornada normal, a que se refere a Súmula n.º 291 do TST.
(TST-E-RR-2706-06.2010.5.10.0000, SBDI-I, Rel. Min. Ives
Gandra Martins Filho, Red. p/ acórdão Min. Aloysio Corrêa da
Veiga, 20.09.2012).

______________________________________________________________________

109. Ainda que desvirtuada a finalidade do contrato de estágio celebrado


na vigência da Constituição Federal de 1988, é inviável o reconhecimento
do vínculo empregatício com ente da Administração Pública direta ou
indireta, por força do art. 37, II, da CF/1988, bem como o deferimento de
indenização pecuniária de natureza trabalhista.
ERRADO.

110
Comentários:

EMPREGATÍCIO COM A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA


ou INDIRETA. PERÍODO POSTERIOR À CONSTITUIÇÃO
FEDERAL DE 1988. IMPOSSIBILIDADE (DJ 20, 21 e
23.05.2008)
Ainda que desvirtuada a finalidade do contrato de estágio
celebrado na vigência da Constituição Federal de 1988, é
inviável o reconhecimento do vínculo empregatício com ente da
Administração Pública direta ou indireta, por força do art. 37,
II, da CF/1988, bem como o deferimento de indenização
pecuniária, EXCETO em relação às parcelas previstas na
Súmula nº 363 do TST, se requeridas.

Os efeitos desta nulidade estão previstos na Súmula 363 do TST que


entende pela garantia dos seguintes direitos: (1) contraprestação
pactuada, em relação ao número de horas trabalhadas; (2) devendo-se
observar o valor do salário mínimo/hora; (3) depósitos do FGTS.

______________________________________________________________________

110. Segundo a atual jurisprudência do TST, no caso da contratação de


trabalhador pela Administração Pública sem concurso público, não há
direito à anotação de CTPS, quando anulado o contrato.

CERTO.

111
Comentários:

Prevalece no TST o entendimento no sentido da ausência do direito


à anotação de CTPS, vez que, se o contrato é nulo, não poderia subsistir o
referido efeito.
Assim, segundo a atual jurisprudência do TST, no caso da
contratação de trabalhador pela Administração Pública sem concurso
público, não há direito à anotação de CTPS.

TST - RECURSO DE REVISTA RR 2737620135220101 (TST)


Data de publicação: 18/12/2015
Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO. CONTRATO NULO.
AUSÊNCIA DE CONCURSO PÚBLICO. EFEITOS. ANOTAÇÃO
NA CTPS. IMPOSSIBILIDADE. (…) CONTRATO NULO.
AUSÊNCIA DE CONCURSO PÚBLICO. EFEITOS. ANOTAÇÃO
NA CTPS. IMPOSSIBILIDADE. De acordo com a Súmula nº 363
do TST, nos casos de contratação irregular de servidor por
ente da Administração, sem prévia aprovação em concurso
público, é devido apenas o pagamento da contraprestação
pactuada, em relação ao número de horas trabalhadas,
respeitado o valor da hora do salário-mínimo, e dos valores
referentes aos depósitos do FGTS. Recurso de revista
conhecido e provido.

TST - RECURSO DE REVISTA RR 5550820125070024


(TST) Data de publicação: 06/03/2015

Ementa: RECURSO DE REVISTA 1 – CONTRATO NULO.


AUSÊNCIA DE CONCURSO PÚBLICO. EFEITOS. ANOTAÇÃO
DA CTPS. IMPOSSIBILIDADE. A decisão que, embora
reconheça a nulidade do contrato de trabalho por

112
ausência de concurso público, defere outras verbas pleiteadas
que não sejam os depósitos correspondentes ao FGTS e à
contraprestação pactuada, em relação ao número de horas
trabalhadas, contraria o entendimento consolidado na
Súmula 363 desta Corte. Ressalva de entendimento pessoal
desta relatora. Recurso de revista conhecido e provido.

111. A existência de quadro de carreira no âmbito da empresa afasta o


direito de equiparação.
ERRADO.

Comentários:

Segundo o art. 461, §2º, da CLT: 2º - Os dispositivos deste artigo


não prevalecerão quando o empregador tiver pessoal organizado em
quadro de carreira, HIPÓTESE EM QUE AS PROMOÇÕES DEVERÃO
OBEDECER AOS CRITÉRIOS DE ANTIGÜIDADE E MERECIMENTO.
(Redação dada pela Lei nº 1.723, de 8.11.1952)

O TST, por sua vez, interpretou referido dispositivo legal da seguinte


forma: Súmula 6, inc. I - Para os fins previstos no § 2º do art. 461 da CLT,
só é válido o quadro de pessoal organizado em carreira quando
homologado pelo Ministério do Trabalho, excluindo-se, apenas, dessa
exigência o quadro de carreira das entidades de direito público da
administração direta, autárquica e fundacional aprovado por ato
administrativo da autoridade competente.

– existência de quadro de carreira: o quadro de carreira,


teoricamente, já contempla critérios justos de tratamento remuneratório
diferenciado. Para tanto, deve ASSEGURAR PROMOÇÃO ALTERNADA, por
merecimento e antiguidade. Conforme a tese da Súmula 6, I, do TST, é

113
preciso que o quadro de carreira tenha sido homologado pelo Ministério do
Trabalho, ficando tal ato de homologação dispensado no caso da
Administração Direta, Autárquica e Fundacional.
Além disso, conforme a OJ 418 da SBDI-1 do TST4, se o quadro de
carreira não conta com previsão de alternância quanto aos critérios de
antiguidade e merecimento, mesmo sendo previsto em acordo ou
convenção coletiva de trabalho, NÃO EXCLUI A EQUIPARAÇÃO
SALARIAL.
Portanto, não basta só a presença de quadro de carreira, devendo
este, além de ser homologado pelo Ministério do Trabalho, prever critério
de alternâncias de antiguidade e merecimento.

______________________________________________________________________

112. Suponha que haja uma terceirização de uma atividade-meio no


Município de Fantasia. João, prestador de serviço não recebe há 4 meses
da empresa prestadora de mão de obra. Com base nisso, ajuizou uma
ação em face da referida empresa e do Município de Fantasia
comprovando o inadimplemento da primeira e omissão da segunda.
Nesse caso, incumbe a Administração Pública o ônus de comprovar a
inexistência de omissão para afastar a responsabilidade subsidiária.
ERRADO.

Comentários:

Em decisões recentes, TST vem adotando o entendimento de que não


deve ser reconhecida a responsabilidade subsidiária com base na
distribuição do ônus da prova em desfavor do ente público, cujos atos
gozam da presunção de legalidade e de legitimidade:

I – AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA.


ACÓRDÃO DO TRT PROFERIDO APÓS A ATUAL REDAÇÃO DA

114
SÚMULA Nº 331 DO TST. ENTE PÚBLICO.
RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO TOMADOR DE
SERVIÇOS RECONHECIDA PELA CORTE REGIONAL COM
BASE NA DISTRIBUIÇÃO DO ÔNUS DA PROVA EM
DESFAVOR DO RECLAMADO. VEDAÇÃO CONFORME
ENTENDIMENTO DO STF. 1 – Aconselhável o provimento do
agravo de instrumento para melhor exame do recurso de
revista, por provável violação do art. 71, § 1º, da Lei nº
8.666/93. 2 – De acordo com a Súmula nº 331, V, do TST e a
ADC nº 16 do STF, é vedado o reconhecimento da
responsabilidade subsidiária do ente público com base no
mero inadimplemento do empregador no cumprimento das
obrigações trabalhistas, e deve haver prova da culpa in
eligendo ou in vigilando do tomador de serviços. 3 – Também
de acordo com o entendimento do STF, em diversas
reclamações constitucionais, não deve ser reconhecida a
responsabilidade subsidiária com base na distribuição do
ônus da prova em desfavor do ente público, cujos atos gozam
da presunção de legalidade e de legitimidade. Por disciplina
judiciária, essa diretriz passou a ser seguida pela Sexta
Turma do TST , a partir da Sessão de Julgamento de
25/3/2015. 4 – Agravo de instrumento a que se dá
provimento. II – RECURSO DE REVISTA. ACÓRDÃO DO TRT
PROFERIDO APÓS A ATUAL REDAÇÃO DA SÚMULA Nº
331 DO TST. ENTE PÚBLICO. RESPONSABILIDADE
SUBSIDIÁRIA DO TOMADOR DE SERVIÇOS
RECONHECIDA PELA CORTE REGIONAL COM BASE NA
DISTRIBUIÇÃO DO ÔNUS DA PROVA EM DESFAVOR DO
RECLAMADO. VEDAÇÃO CONFORME ENTENDIMENTO DO
STF. 1 – De acordo com a Súmula Nº 331, V, do TST e a ADC
nº 16 do STF, é vedado o reconhecimento da responsabilidade

115
subsidiária do ente público com base no mero inadimplemento
do empregador no cumprimento das obrigações trabalhistas,
e deve haver prova da culpa in eligendo ou in vigilando do
tomador de serviços. 2 – Também de acordo com o
entendimento do STF, em diversas reclamações
constitucionais, não deve ser reconhecida a
responsabilidade subsidiária com base na distribuição
do ônus da prova em desfavor do ente público, cujos atos
gozam da presunção de legalidade e de legitimidade.
Por disciplina judiciária, essa diretriz passou a ser seguida
pela Sexta Turma do TST , a partir da Sessão de Julgamento
de 25/3/2015. 3- Recurso de revista a que se dá provimento.
(TST, RR 534600-64.2006.5.07.0032. Relator: Kátia
Magalhães Arruda, Data de Julgamento: 20/05/2015, 6ª
Turma)

IMPORTANTE!! O Plenário do Supremo Tribunal Federal concluiu, no dia


30/03/2017, o julgamento do Recurso Extraordinário (RE) 760931, com
REPERCUSSÃO GERAL reconhecida, que discute a responsabilidade
subsidiária da administração pública por encargos trabalhistas gerados
pelo inadimplemento de empresa terceirizada. Com o voto do ministro
Alexandre de Moraes, o recurso da União foi parcialmente provido,
confirmando-se o entendimento, adotado na Ação de Declaração de
Constitucionalidade (ADC) 16, que veda a responsabilização automática
da administração pública, só cabendo sua condenação se houver prova
inequívoca de sua conduta omissiva ou comissiva na fiscalização
dos contratos.
No voto-desempate proferido na sessão desta quinta-feira, o ministro
Alexandre de Moraes ressaltou logo que é preciso estancar de uma vez por
todas as controvérsias existentes a partir da tendência de que o ônus da
prova deve recair sempre sobre a administração pública. Ele criticou a

116
possibilidade de a administração responder por verbas trabalhistas
somente por presunção, tendo sempre de haver elementos concretos de
prova de falhas na fiscalização.

______________________________________________________________________

113. Se a causa de pedir dos adicionais for distinta, o empregado faz jus
à cumulação do adicional de periculosidade com o adicional de
insalubridade.
ERRADO.

Comentários:

Durante muitos anos, o TST defendeu a tese de que os referidos


adicionais eram inacumuláveis, com base no art. 193, § 2º, da CLT (“O
empregado poderá optar pelo adicional de insalubridade que porventura
lhe seja devido”). No entanto, no ano de 2015, a 7ª Turma do TST,
flexibilizando o entendimento consolidado no Tribunal, decidiu que se a
causa de pedir dos adicionais for distinta, o empregado faz jus à
cumulação. Ademais, o órgão colegiado entendeu que o aludido art. 193, §
2º, da CLT, não havia sido recepcionado pela CF/88, já que o Texto
Constitucional, ao assegurar o direito a tais adicionais, não faz ressalva
no que tange à acumulação.
Com a reviravolta na jurisprudência, a Subseção I Especializada em
Dissídios Individuais (SDI-1) se manifestou sobre o tema na última quinta-
feira, dia 13/10/2016, decidindo “por unanimidade, conhecer do recurso
de embargos, por divergência jurisprudencial e, no mérito, por maioria, dar-
lhe provimento para EXCLUIR DA CONDENAÇÃO A POSSIBILIDADE DE
ACÚMULO DOS DOIS ADICIONAIS” (Processo nº 1072-
72.2011.5.02.0384). Nessa recente decisão, a SDI-1 entendeu que,
independente dos fatos geradores serem diferentes, não se pode acumular
os dois adicionais, seguindo a linha da antiga jurisprudência da Corte.

117
Em resumo, temos o seguinte: OS ADICIONAIS DE INSALUBRIDADE
E DE PERICULOSIDADE NÃO PODEM SER CUMULADOS, cabendo ao
empregador fazer a opção por qual adicional irá receber. Não custa lembrar
que o percentual do adicional de insalubridade é 10%, 20% ou 40%; já o de
periculosidade é de 30%.

_____________________________________________________________________

114. É inconstitucional exigir de empregados não sindicalizados


a contribuição assistencial, por acordo, convenção coletiva ou sentença
normativa.
CERTO.

Comentários:

O Supremo Tribunal Federal (STF) reafirmou, em repercussão geral,


que é inconstitucional exigir de empregados não sindicalizados
a contribuição assistencial, por acordo, convenção coletiva ou sentença
normativa.
Gilmar Mendes, ao analisar o processo, afirmou que para melhor
entender a controvérsia seria “imperioso” fazer a distinção entre a
contribuição sindical e a contribuição assistencial, também conhecida como
taxa assistencial. A contribuição sindical é prevista na Constituição e
instituída na CLT em prol dos interesses das categorias profissionais, com
caráter tributário.
A taxa assistencial, por outro lado, é destinada a custear as
atividades assistenciais do sindicato, principalmente no curso de
negociações coletivas, e não tem natureza tributária.
“A questão encontra-se, inclusive, pacificada pela jurisprudência
deste Supremo Tribunal, no sentido de que somente a contribuição sindical
prevista especificamente na CLT, por ter caráter tributário, é exigível de
toda a categoria, independentemente de filiação”, explicou Gilmar Mendes.

118
Recurso Extraordinário. Repercussão Geral. 2. Acordos e
convenções coletivas de trabalho. Imposição de contribuições
assistenciais compulsórias descontadas de empregados não
filiados ao sindicato respectivo. Impossibilidade. Natureza
não tributária da contribuição. Violação ao princípio da
legalidade tributária. Precedentes. 3. Recurso extraordinário
não provido. Reafirmação de jurisprudência da Corte. Recurso
Extraordinário com Agravo (ARE 1018459), JULGADO EM
03/02/2017.
______________________________________________________________________

115. A circunstância de a relação de emprego ter sido reconhecida


apenas em juízo não tem o condão de afastar a incidência da multa
prevista no art. 477, §8º, da CLT. A referida multa não será devida apenas
quando, comprovadamente, o empregado der causa à mora no
pagamento das verbas rescisórias.
CERTO.

Comentários:

Teor exato da Súmula 462 do TST:

Súmula nº 462 do TST

MULTA DO ART. 477, § 8º, DA CLT. INCIDÊNCIA.


RECONHECIMENTO JUDICIAL DA RELAÇÃO DE EMPREGO
(Republicada em razão de erro material) - DEJT divulgado em 30.06.2016
A circunstância de a relação de emprego ter sido reconhecida apenas
em juízo não tem o condão de afastar a incidência da multa prevista no
art. 477, §8º, da CLT. A referida multa não será devida apenas quando,

119
comprovadamente, o empregado der causa à mora no pagamento das
verbas rescisórias.

______________________________________________________________________

A respeito do Direito Processual do trabalho:

116. É necessário o prequestionamento como pressuposto de


admissibilidade em recurso de natureza extraordinária, ainda que se trate
de incompetência absoluta.
CERTO.

Comentários:
Por ter natureza cogente, a competência ABSOLUTA pode ser
declarada de ofício pelo juiz, bem como por provocação das partes.
Ademais, pode ser alegada a qualquer tempo e grau de jurisdição, salvo
quando exigir o prequestionamento (instâncias superiores).

TST, OJ 62, SDI-1. PREQUESTIONAMENTO.


PRESSUPOSTO DE ADMISSIBILIDADE EM APELO DE
NATUREZA EXTRAORDINÁRIA. NECESSIDADE, AINDA
QUE SE TRATE DE INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA
(republicada em decorrência de erro material) - DEJT
divulgado em 23, 24 e 25.11.2010

É necessário o prequestionamento como pressuposto de admissibilidade


em recurso de natureza extraordinária, ainda que se trate de
incompetência absoluta.
______________________________________________________________________
117. Determinada categoria profissional específica filiada ao sindicato
dos servidores públicos do município X pretende constituir, no mesmo
município, um sindicato próprio e específico para representá-la
exclusivamente. Para por em prática sua pretensão, realizou pedido

120
administrativo de registro sindical, o qual foi negado pelo Ministério do
Trabalho, que entendeu ser o pleito inconstitucional. O juízo competente
para julgar eventual ação ajuizada contra a União pelo autor do pedido
administrativo para requerer tanto a nulidade do ato que indeferiu seu
pedido quanto o registro sindical será a Justiça do Trabalho.
ERRADO.

Comentários:

O juízo competente para processar e julgar pedido de registro


sindical de servidores públicos perante órgão federal é a justiça federal. O
STJ, adotando a corrente reducionista, firmou entendimento de que,
quando a discussão trata da obtenção de registro sindical cujo pedido fora
indeferido administrativamente, não envolve demanda inerente à relação
de trabalho ou representação sindical ou entre sindicatos, o que afasta o
caráter trabalhista da demanda e a competência da justiça do trabalho
(art. 114, I, da CF).
STJ: CC 144122, relator ministro Mauro Campbell Marques, Data
da Publicação 10/2/2016; CC 126372/PA, CONFLITO DE COMPETENCIA
2013/0004302-3, ministro Humberto Martins, Primeira Seção, DJe
21/3/2013; Precedente no mesmo sentido: AgRg no CC 30953/AM, rel.
min. Humberto Martins, rel. p/ Acórdão min. Teori Albino Zavascki,
Primeira Seção, julgado em 11/10/2006, DJ 4/12/2006. TST: RR-438046-
1999; RR-1682-58.2010.5.02.0066; RR-1789-72.2010.5.02.0076; Ag-
AIRR-1646-8.2012.5.02.0075; RR- 310-84.2011.5.01.0028.

______________________________________________________________________
118. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar ações ajuizadas
por empregados em face de empregadores relativas ao cadastramento no
Programa de Integração Social (PIS).

CERTO.

121
Comentários:

Tem decido o TST que cabe a Justiça do trabalho às ações referentes


ao cadastramento do PIS, ao fornecimento de guias do seguro-
desemprego, ao quadro de carreira e ao meio ambiente do trabalho
(higiene e segurança).

Súmula 300, TST: COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO


TRABALHO. CADASTRAMENTO NO PIS.
Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar ações
ajuizadas por empregados em face de empregadores relativas
ao cadastramento no Programa de Integração Social (PIS).

119. A extinção da sentença proferida em ação de cumprimento, quando


decorrente da perda da eficácia da sentença normativa que a ensejou,
não implica violação da coisa julgada. Essa modalidade de ação é
ajuizada visando ao cumprimento de cláusula de acordo coletivo.

CERTO.

Comentários:

Não ofende a coisa julgada decisão extintiva de ação de


cumprimento de sentença normativa, na hipótese em que o dissídio coletivo
tiver sido extinto sem julgamento de mérito. A extinção da sentença
proferida em ação de cumprimento, quando decorrente da perda da
eficácia da sentença normativa que a ensejou, não implica violação da
coisa julgada. Essa modalidade de ação é ajuizada visando ao
cumprimento de cláusula de acordo coletivo. STF. Plenário. RE 428154/PR,
Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Roberto Barroso, julgado
em 7/5/2015 (Info 784).

122
______________________________________________________________________

120. A competência na Justiça do Trabalho é determinada pela


localidade onde o empregado, reclamante ou reclamado, prestar serviços
ao empregador, exceto se tiver sido contratado noutro local ou no
estrangeiro.
ERRADO.

______________________________________________________________________

121. Quando for parte de dissídio agente ou viajante comercial, a


competência será da junta da localidade em que a empresa tenha agência
ou filial e a esta o empregado esteja subordinado e, na falta, será
competente a junta da localização em que o empregado tenha domicílio
ou a localidade mais próxima.

CERTO.

Comentários 120 e 121:

A competência territorial delimita a base geográfica da jurisdição.


Essa modalidade de competência é relativa, ou seja, requer
provocação da parte interessada, a ser alegada em PRELIMINAR DE
CONTESTAÇÃO (art. 64, caput, NCPC), sob pena tornar competente o
juiz que anteriormente era incompetente (prorrogação de competência).
REGRA: A competência territorial é o LOCAL DA PRESTAÇÃO DE
SERVIÇOS. Caso o serviço tenha sido em mais de um lugar, será
competente o último local (corrente majoritária).

CLT, Art. 651. A competência das Juntas de Conciliação e


Julgamento é determinada pela localidade onde o empregado,
reclamante ou reclamado, PRESTAR SERVIÇOS AO

123
EMPREGADOR, ainda que tenha sido contratado noutro
local ou no estrangeiro.

As exceções à regra geral da competência territorial (local da


prestação dos serviços) estão disciplinadas nos parágrafos do art.
651 da CLT:

§ 1º - Quando for parte de dissídio AGENTE ou


VIAJANTE COMERCIAL, a competência será da Junta da
localidade em que a empresa tenha agência ou filial e
a esta o empregado esteja subordinado e, na falta, será
competente a Junta da localização em que o empregado
tenha domicílio ou a localidade mais próxima. (Redação
dada pela Lei nº 9.851, de 27.10.1999) (Vide Constituição
Federal de 1988)
§ 2º - A competência das Juntas de Conciliação e
Julgamento, estabelecida neste artigo, estende-se aos
dissídios ocorridos em agência ou filial no estrangeiro,
desde que o empregado seja brasileiro e não haja convenção
internacional dispondo em contrário. (Vide Constituição
Federal de 1988)
§ 3º - Em se tratando de empregador que promova
realização de atividades FORA do lugar do contrato de
trabalho, é assegurado ao empregado apresentar
reclamação no foro da celebração do contrato ou no da
prestação dos respectivos serviços.

RESUMINDO:

• Regra: LOCAL DA PRETAÇÃO DE SERVIÇOS (caput);

124
• Exceção 1: AGENTE ou VIAJANTE COMERCIAL;

• Exceção 2: EMPREGADO BRASILEIRO QUE TRABALHA NO


EXTERIOR;
Exceção 3: Empregador que promove a prestação dos serviços fora do lugar
da celebração do contrato.

______________________________________________________________________

122. Imagine uma lesão que tenha ocorrido nas cidades de Juazeiro (BA)
e Petrolina (PE), ligadas por uma ponte (aproximadamente 800 metros)
que atravessa o Rio São Francisco. Imagine que o MPT queira ajuizar uma
Ação Civil Pública. Nesse caso, embora elas sejam vinculadas a TRT's
diferentes (5ª e 6ª região, respectivamente), não se justifica definir como
competente as Varas do Trabalho de Salvador ou Recife, que não
possuem nenhuma relação com a lesão, sendo mais adequada a
competência de um dos juízos das Varas do Trabalho envolvidas, ou seja,
Juazeiro ou Petrolina.
CERTO.

Comentários:

Segundo Élisson Miessa, tratando-se de ação civil pública, a


competência territorial é definida de modo diverso. Nesse caso, deve-se
observar a extensão do dano, que pode ser de 4 tipos:

1. DANO LOCAL: ocorrido dentro da circunscrição da Vara do


Trabalho;
2. DANO REGIONAL: atinge localidades com Varas do Trabalho
diversas dentro de um estado ou TRT e Varas do Trabalho
limítrofes, ainda que em estados ou TRT's diferentes;

125
3. DANO SUPRARREGIONAL: ocorrido dentro de uma mesma região
do País;
4. DANO NACIONAL: atinge mais de uma região do País ou a maioria
dos estados.

Definida a extensão do dano, passa-se a estabelecer o juízo


competente, conforme dispões a OJ 130 da SDI-II do TST:

130. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. COMPETÊNCIA. LOCAL DO DANO.


LEI Nº 7.347/1985, ART. 2º. CÓDIGO DE DEFESA DO
CONSUMIDOR, ART. 93 (redação alterada na sessão do Tribunal
Pleno realizada em 14.09.2012) – Res. 186/2012, DEJT divulgado
em 25, 26 e 27.09.2012

I – A competência para a Ação Civil Pública fixa-se pela EXTENSÃO


DO DANO.

II – Em caso de dano de abrangência REGIONAL, que atinja cidades


sujeitas à jurisdição de mais de uma Vara do Trabalho, a
competência será de qualquer das varas das localidades atingidas,
ainda que vinculadas a Tribunais Regionais do Trabalho distintos.

III – Em caso de dano de abrangência SUPRARREGIONAL ou


NACIONAL, há competência concorrente para a Ação Civil Pública
das varas do trabalho das SEDES dos Tribunais Regionais do
Trabalho.

IV – ESTARÁ PREVENTO O JUÍZO A QUE A PRIMEIRA AÇÃO


HOUVER SIDO DISTRIBUÍDA.

______________________________________________________________________

123. Em dissídio individual, está sujeita ao reexame necessário, mesmo


na vigência da Constituição Federal de 1988, decisão contrária à Fazenda
Pública Municipal, salvo quando a condenação não ultrapassar o valor

126
correspondente a 200 (cem) salários mínimos para todos os demais
Municípios e respectivas autarquias e fundações de direito público.
ERRADO.

124. Não se sujeita ao duplo grau de jurisdição a decisão fundada em: a)


súmula ou orientação jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho;
b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Tribunal
Superior do Trabalho em julgamento de recursos repetitivos; c)
entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas
ou de assunção de competência; d) entendimento coincidente com
orientação vinculante firmada no âmbito administrativo do próprio ente
público, consolidada em manifestação, parecer ou súmula
administrativa.

CERTO.

Comentários:

Cuidado!! Com o NCPC houve alteração da súmula 303 do TST,


trazendo limites específicos de valores para não submissão da decisão
trabalhista ao reexame necessário, sendo peculiar a cada ente federativo.
Em relação aos municípios o limite é 100 salários mínimos e não 200.

Outrossim, não se aplica, de fato, o reexame necessário nas


hipóteses evidenciadas pela assertiva 124, destaque para os novos
institutos: incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção
de competência. Vide teor da súmula:

Súmula nº 303 do TST

FAZENDA PÚBLICA. REEXAME NECESSÁRIO (nova redação


em decorrência do CPC de 2015) - Res. 211/2016, DEJT
divulgado em 24, 25 e 26.08.2016

127
I - Em dissídio individual, está sujeita ao reexame
necessário, mesmo na vigência da Constituição Federal de
1988, decisão contrária à Fazenda Pública, salvo quando a
condenação não ultrapassar o valor correspondente a: a)
1.000 (mil) salários mínimos para a União e as respectivas
autarquias e fundações de direito público; b) 500
(quinhentos) salários mínimos para os Estados, o Distrito
Federal, as respectivas autarquias e fundações de direito
público e os Municípios
que constituam capitais dos Estados; c) 100 (cem) salários
mínimos para todos os demais Municípios e respectivas
autarquias e fundações de direito público.
II – Também não se sujeita ao duplo grau de jurisdição a
decisão fundada em:
a) súmula ou orientação jurisprudencial do Tribunal Superior
do Trabalho;
b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo
Tribunal Superior do Trabalho em julgamento de recursos
repetitivos;
c) entendimento firmado em incidente de resolução de
demandas repetitivas ou de assunção de competência;
d) entendimento coincidente com orientação vinculante
firmada no âmbito administrativo do próprio ente público,
consolidada em manifestação, parecer ou súmula
administrativa.
III - Em ação rescisória, a decisão proferida pelo Tribunal
Regional do Trabalho está sujeita ao duplo grau de
jurisdição obrigatório quando desfavorável ao ente público,
exceto nas hipóteses dos incisos anteriores. (ex-OJ nº 71 da
SBDI-1 - inserida em 03.06.1996)
IV - Em mandado de segurança, somente cabe reexame

128
necessário se, na relação processual, figurar pessoa jurídica
de direito público como parte prejudicada pela concessão da
ordem. Tal situação não ocorre na hipótese de figurar no feito
como impetrante e terceiro interessado pessoa de direito
privado, ressalvada a hipótese de matéria administrativa.
(ex-OJs nºs 72 e 73 da SBDI-1 – inseridas, respectivamente,
em 25.11.1996 e 03.06.1996).

______________________________________________________________________

125. Nas causas sujeitas ao procedimento sumaríssimo, somente será


admitido recurso de revista por contrariedade a súmula e orientação
jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho ou a súmula vinculante
do Supremo Tribunal Federal e por violação direta da Constituição
Federal.

ERRADO.

Comentários:

O rito sumaríssimo é aquele cuja ação tem seu valor compreendido


entre 2 e 40 salários-mínimos. Lembre-se que quando o valor da causa for
até 2 salários-mínimos o rito é sumário e não cabe recurso, salvo o
extraordinário no caso de matéria constitucional.

Art. 896 § 9o Nas causas sujeitas ao procedimento sumaríssimo,


somente será admitido recurso de revista por contrariedade a
súmula de jurisprudência uniforme do Tribunal Superior do Trabalho
ou a súmula vinculante do Supremo Tribunal Federal e por violação
direta da Constituição Federal. (Incluído pela Lei nº 13.015, de 2014)

Pois bem, 3 são as hipóteses que se admite o recurso de revista no


rito sumaríssimo:

129
▪ Contrariedade à Súmula do TST;

▪ Contrariedade à Súmula vinculante;

▪ Violação direta à CF.

Não cabe recurso de revista no rito sumaríssimo quando a decisão


for contrária a Orientação Jurisprudencial do TST.

Súmula 442, TST: PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO. RECURSO DE


REVISTA FUNDAMENTADO EM CONTRARIEDADE A ORIENTAÇÃO
JURISPRUDENCIAL. INADMISSIBILIDADE. ART. 896, §6º, DA CLT,
ACRESCENTADO PELA LEI Nº 9.957, DE 12.01.2000. Nas causas
sujeitas ao procedimento sumaríssimo, a admissibilidade de recurso
de revista está limitada à demonstração de violação direta à
dispositivo da Constituição Federal ou contrariedade a Súmula do
Tribunal Superior do Trabalho, não se admitindo o recurso por
contrariedade a Orientação Jurisprudencial deste Tribunal (Livro II,
Título II, Capítulo III, do RITST), ante a ausência de previsão no art.
896, §6º, da CLT.

A questão está errada, pois não cabe Recurso de Revista, no


procedimento sumaríssimo, quando houver contrariedade de orientação
jurisprudencial, só frente a contrariedade de SÚMULA DO TST, SV do STF
e Violação direta à CF.

130
Direito Financeiro

Considerando as disposições constitucionais pertinentes ao


orçamento público, julgue os itens abaixo.

126. A lei de diretrizes orçamentárias estabelece, de forma regionalizada,


as diretrizes, objetivos e metas da administração pública federal para as
despesas de capital e outras delas decorrentes.

ERRADO.

Comentários:

Essa questão é uma pegadinha comum em concursos públicos.

Na verdade, trata-se do conceito de plano plurianual (CF, art. 165,


§1º), mas como é utilizado o termo “diretrizes”, muitos candidatos acabam
por se confundir, julgando a assertiva como correta.

Veja a distinção da PPA e da LDO:

Art. 165.

§ 1º A lei que instituir o plano plurianual estabelecerá, de forma


regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas da administração
pública federal para as despesas de capital e outras delas
decorrentes e para as relativas aos programas de duração
continuada.

§ 2º A lei de diretrizes orçamentárias compreenderá as metas e


prioridades da administração pública federal, incluindo as
despesas de capital para o exercício financeiro subsequente,
orientará a elaboração da lei orçamentária anual, disporá sobre as
alterações na legislação tributária e estabelecerá a política de
aplicação das agências financeiras oficiais de fomento.

131
______________________________________________________________________

127. Ao Chefe do Poder Executivo é vedado, em qualquer hipótese, o


remanejamento de recursos de uma categoria de programação para outra
ou de um órgão para outro sem prévia autorização legislativa.

ERRADO.

Comentários:

Segundo o art. 167, inciso VI, da CF, “(…) são vedados: (…) VI - a
transposição, o remanejamento ou a transferência de recursos de uma
categoria de programação para outra ou de um órgão para outro, sem
prévia autorização legislativa;”.

A exceção foi instituída pela Emenda Constitucional nº 85 de 2015,


que incluiu o §5º ao art. 167 com a seguinte redação: “§ 5º A transposição,
o remanejamento ou a transferência de recursos de uma categoria de
programação para outra poderão ser admitidos, no âmbito das
atividades de ciência, tecnologia e inovação, com o objetivo de
viabilizar os resultados de projetos restritos a essas funções, mediante
ato do Poder Executivo, sem necessidade da prévia autorização
legislativa prevista no inciso VI deste artigo.”

Desse modo, a expressão “em qualquer hipótese” tornou a questão


errada, tendo em vista a exceção acima transcrita.

______________________________________________________________________

128. É inconstitucional a lei municipal que cria programa de incentivo


às atividades esportivas mediante concessão de benefício fiscal às
empresas contribuintes de IPTU que patrocinem ou façam investimentos
em favor de atletas.

CERTO.

132
Comentários:

No julgamento da ADI 1.750, o STF entendeu que o ato normativo


permitia a vinculação de receita de imposto, vedada pelo art. 167, inciso
IV, da CF: “Art. 167. São vedados: (…) IV - a vinculação de receita de
impostos a órgão, fundo ou despesa, ressalvadas a repartição do produto
da arrecadação dos impostos a que se referem os arts. 158 e 159, a
destinação de recursos para as ações e serviços públicos de saúde, para
manutenção e desenvolvimento do ensino e para realização de atividades
da administração tributária, como determinado, respectivamente, pelos
arts. 198, § 2º, 212 e 37, XXII, e a prestação de garantias às operações de
crédito por antecipação de receita, previstas no art. 165, § 8º, bem como o
disposto no § 4º deste artigo;”.

______________________________________________________________________

129. A abertura de créditos adicionais depende da existência de recursos


disponíveis para ocorrer a despesa. Exemplo dessa disponibilidade de
recursos é o excesso de arrecadação, que é o saldo positivo das diferenças
acumuladas mês a mês entre a arrecadação prevista e a realizada,
considerando-se, ainda, a tendência do exercício.

ERRADO.

Comentários:

O aluno deve saber que os créditos adicionais são compostos pelos


créditos suplementares, especiais e extraordinários.

Nesse sentido, encontra-se a Lei n. 4.320/64, in verbis:

Art. 40. São créditos adicionais, as autorizações de despesa não


computadas ou insuficientemente dotadas na Lei de Orçamento.

133
Art. 41. Os créditos adicionais classificam-se em:

I - suplementares, os destinados a refôrço de dotação


orçamentária;

II - especiais, os destinados a despesas para as quais não haja


dotação orçamentária específica;

III - extraordinários, os destinados a despesas urgentes e


imprevistas, em caso de guerra, comoção intestina ou calamidade
pública.

Acerca dos créditos suplementares e especiais, a lei dispõe:

Art. 42. Os créditos suplementares e especiais serão autorizados


por lei e abertos por decreto executivo.

Art. 43. A abertura dos créditos suplementares e especiais


depende da existência de recursos disponíveis para ocorrer
a despesa e será precedida de exposição justificativa.

§ 1º Consideram-se recursos para o fim deste artigo, desde que não


comprometidos:

II - os provenientes de excesso de arrecadação;

§ 3º Entende-se por excesso de arrecadação, para os fins deste


artigo, o saldo positivo das diferenças acumuladas mês a mês entre
a arrecadação prevista e a realizada, considerando-se, ainda, a
tendência do exercício.

Logo, no que toca a tais créditos adicionais, a assertiva está


correta. Todavia, há de ser lembrado que a abertura do crédito
extraordinário dispensa a indicação do recurso financeiro.

Desse modo, a questão torna-se errada.

134
Sobre o tema ainda, é válido lembrar o que se segue:

§ 4° Para o fim de apurar os recursos utilizáveis, provenientes de


excesso de arrecadação, deduzir-se-á a importância dos créditos
extraordinários abertos no exercício.

Art. 44. Os créditos extraordinários serão abertos por decreto do


Poder Executivo, que deles dará imediato conhecimento ao Poder
Legislativo.

______________________________________________________________________

130. A concessão de qualquer vantagem ou aumento de remuneração, a


criação de cargos, empregos e funções ou alteração de estrutura de
carreiras, bem como a admissão ou contratação de pessoal, a qualquer
título, pelos órgãos e entidades da administração direta ou indireta só
poderão ser feitas se houver prévia dotação orçamentária e autorização
na lei de diretrizes orçamentárias. Do cumprimento de tais exigências,
estão ressalvadas as empresas públicas e sociedades de economia mista.

ERRADO.

Comentários:

A Constituição Federal, em seu artigo 169, dispõe que:

Art. 169. A despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos


Estados, do Distrito Federal e dos Municípios não poderá exceder
os limites estabelecidos em lei complementar.

§ 1º A concessão de qualquer vantagem ou aumento de


remuneração, a criação de cargos, empregos e funções ou alteração
de estrutura de carreiras, bem como a admissão ou contratação de
pessoal, a qualquer título, pelos órgãos e entidades da
administração direta ou indireta, inclusive fundações

135
instituídas e mantidas pelo poder público, só poderão ser
feitas:

I - se houver prévia dotação orçamentária suficiente para


atender às projeções de despesa de pessoal e aos acréscimos dela
decorrentes;

II - se houver autorização específica na lei de diretrizes


orçamentárias, ressalvadas as empresas públicas e as
sociedades de economia mista.

Desse modo, percebe-se que as Empresas Públicas e Sociedades


de Economia Mista necessitam de prévia dotação orçamentária, mas não
dependem de autorização na lei de diretrizes orçamentárias.

À luz da legislação e da doutrina em matéria de responsabilidade


fiscal, julgue os itens a seguir.

131. A concessão de benefício de natureza tributária que implique


renúncia de receita pode vir acompanhada de medidas de compensação.
Neste caso, os benefícios fiscais somente poderão entrar em vigor após a
implementação destas medidas.

CERTO.

Comentários:

A matéria está disciplinada no art. 14, caput, incisos I e II, e §2º,


da LRF.

De fato, a criação de medidas compensatórias é uma das opções


previstas na lei, para fins de renúncia de receita.

136
Desse modo, a primeira frase está correta, pois é possível e não
mandatório que a renúncia de receita se opere por meio de medidas
compensatórias.

De acordo com o dispositivo, no caso de a renúncia de receita vir


acompanhada de medidas de compensação, tais medidas deverão ser
implementadas antes da concessão de incentivos.

______________________________________________________________________

132. O aumento de despesas decorrente do reajustamento de


remuneração de pessoal de que trata o inciso X do art. 37 da CF prescinde
de estimativa de impacto financeiro e de demonstração da origem dos
recursos para seu custeio.

CERTO.

Comentários:

De acordo com o art. 17, §6º, da LRF, a estimativa de impacto financeiro e


a demonstração de origem de recursos para custeio não se aplicam as
despesas destinadas ao serviço da dívida, nem ao reajuste de que trata o
art. 37, inciso X, da CF.

Veja:

Art. 17. Considera-se obrigatória de caráter continuado a despesa corrente


derivada de lei, medida provisória ou ato administrativo normativo que
fixem para o ente a obrigação legal de sua execução por um período
superior a dois exercícios.

§ 1o Os atos que criarem ou aumentarem despesa de que trata o caput


deverão ser instruídos com a estimativa prevista no inciso I do art.
16 e demonstrar a origem dos recursos para seu custeio.

137
§ 6o O disposto no § 1o não se aplica às despesas destinadas ao
serviço da dívida nem ao reajustamento de remuneração de pessoal
de que trata o inciso X do art. 37 da Constituição.

______________________________________________________________________

133. Caso atingido o limite prudencial de gastos com pessoal, poderá o


Município promover a redução temporária da jornada de trabalho com
adequação dos vencimentos à nova carga horária.

ERRADO.

Comentários:

A despeito da existência de previsão legal (art. 23, §2º, da LRF), o STF


deferiu medida cautelar no julgamento da ADI nº 2.238 para suspender a
eficácia do dispositivo, por violação ao princípio da irredutibilidade dos
vencimentos, previsto no art. 37, inciso XV, da CF.

Sobre a Lei Complementar n. 101/2000, julgue as seguintes


assertivas:

134. Os Municípios podem contribuir para o custeio de despesas da


União. Para isso, é necessária autorização na lei de diretrizes
orçamentárias e na lei orçamentária anual, bem como convênio, acordo,
ajuste congênere, conforme lei federal.

ERRADO.

Comentários:

O artigo 62 da Lei Complementar n. 101/2000 prevê a


possibilidade de os Municípios contribuírem com as despesas de outros
entes. Desse modo, a assertiva, quando afirma a possibilidade de os

138
Municípios participarem do custeio das despesas da União, revela-se
condizente com o dispositivo legal, in verbis:

Art. 62. Os Municípios só contribuirão para o custeio de despesas


de competência de outros entes da Federação se houver:

I - autorização na lei de diretrizes orçamentárias e na lei


orçamentária anual;

II - convênio, acordo, ajuste ou congênere, conforme sua


legislação.

Todavia, o erro do item está nos requisitos, especificamente, no


fato de que o convênio, acordo, ajuste ou congênere tenha que ser em
conformidade com a legislação federal. Em verdade, o dispositivo legal
afirma que o ajuste entre os entes federativos deve se dar na forma de sua
legislação.

______________________________________________________________________

135. É facultado aos Municípios com população inferior a cinquenta mil


habitantes optar por divulgar semestralmente o Relatório de Gestão
Fiscal. A divulgação dos relatórios e demonstrativos deverá ser realizada
em até trinta dias após o encerramento do semestre.

CERTO.

Comentários:

O CESPE tem cobrado as disposições transitórias da LRF, razão


pela qual é importante que o aluno fique atento. Veja que a assertiva
corresponde ao texto legal.

Art. 63. É facultado aos Municípios com população inferior a


cinqüenta mil habitantes optar por:

(...)

139
II - divulgar semestralmente:

b) o Relatório de Gestão Fiscal;

(...)

§ 1o A divulgação dos relatórios e demonstrativos deverá ser


realizada em até trinta dias após o encerramento do semestre.

______________________________________________________________________

136. É vedada a realização de despesa sem prévia nota de empenho.

ERRADO.

Comentários:

A questão remete às fases da despesa pública. De fato, é proibida


a realização de despesa sem prévio empenho. Veja que o art. 60 da Lei n.
4.320/64 dita “Art. 60. É vedada a realização de despesa sem prévio
empenho.”

Todavia, o aluno não pode confundir o empenho com a nota de


empenho, que, nem sempre, é obrigatória. Veja: Art. 60. § 1º Em casos
especiais previstos na legislação específica será dispensada a emissão da
nota de empenho.

A nota de empenho é o documento que formaliza o empenho, sendo


que não é o único documento que formaliza tal fase da despesa pública, de
modo que o empenho pode ser formalizado de outras maneiras.

______________________________________________________________________

137. Ao Município de Fortaleza é permitida a aplicação da receita oriunda


da alienação de imóvel sede da Procuradoria do Município no
financiamento de despesas legais do Regime Próprio de Previdência dos
Servidores Públicos municipais.

140
CERTO.

Comentários:

A situação hipotética invoca a previsão legal do art. 44 da LRF:

Art. 44. É vedada a aplicação da receita de capital derivada da


alienação de bens e direitos que integram o patrimônio público para o
financiamento de despesa corrente, salvo se destinada por lei aos regimes
de previdência social, geral e próprio dos servidores públicos.

______________________________________________________________________

138. O princípio da exclusividade indica a impossibilidade de a lei


orçamentária conter qualquer matéria estranha ao orçamento. Com isso,
evita-se as chamadas caudas orçamentárias, restringindo a lei
orçamentária à previsão de despesa e à fixação de receita.

ERRADO.

Comentários:

A assertiva estaria correta não fosse a troca entre


previsão/fixação de despesa/receita.

Com efeito, eis o que prevê a CF:

§ 8º A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à


previsão da receita e à fixação da despesa, não se incluindo
na proibição a autorização para abertura de créditos
suplementares e contratação de operações de crédito, ainda que
por antecipação de receita, nos termos da lei.

O aluno deve ter muito cuidado com os detalhes na disciplina de


Financeiro, sendo esse tipo de pegadinha recorrente em provas do CESPE.

______________________________________________________________________

141
139. Segundo a Constituição Federal, o imposto não pode ter sua receita
vinculada a órgão, despesa ou fundo. Essa regra, contudo, comporta
exceções, tal como a possibilidade de vinculação de até 0,5% da receita
tributária líquida dos Estados, DF e Municípios a fundos destinados ao
financiamento de programas culturais.

ERRADO.

Comentários:

A aplicação de 0,5% da receita tributária líquida para


financiamento de programas culturais é exceção ao princípio da não
vinculação de impostos à fundos, órgãos e despesas. Todavia, é de se
observar que os Municípios não podem fazer tal vinculação, vez que a CF
limitou tal previsão ao Estados e a DF.

Parágrafo único. É facultado aos Estados e ao Distrito


Federal vincular a programa de apoio à inclusão e promoção
social até cinco décimos por cento de sua receita tributária
líquida, vedada a aplicação desses recursos no pagamento de:
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

I - despesas com pessoal e encargos sociais;

II - serviço da dívida;

III - qualquer outra despesa corrente não vinculada


diretamente aos investimentos ou ações apoiados.

______________________________________________________________________

140. As leis orçamentárias são de iniciativa do Chefe do Poder Executivo.


Desse modo, são vedadas emendas parlamentares que aumentem a
despesa ou que renunciem receitas, vez que a renúncia de receita
acarreta o mesmo resultado prático que o aumento de gastos públicos.

142
ERRADO.

Comentários:

Nos projetos de iniciativa do Presidente da República, em regra,


não se admite emenda parlamentar que aumente despesa. Veja:

Art. 63. Não será admitido aumento da despesa prevista:

I - nos projetos de iniciativa exclusiva do Presidente da


República, ressalvado o disposto no art. 166, § 3º e § 4º;

II - nos projetos sobre organização dos serviços administrativos


da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, dos Tribunais
Federais e do Ministério Público.

Com efeito, embora as leis orçamentárias sejam de iniciativa do


Presidente da República, elas se encontram na exceção, que se refere ao
seguinte regramento:

Art. 166. Os projetos de lei relativos ao plano plurianual, às


diretrizes orçamentárias, ao orçamento anual e aos créditos
adicionais serão apreciados pelas duas Casas do Congresso
Nacional, na forma do regimento comum.

§ 3º As emendas ao projeto de lei do orçamento anual ou aos


projetos que o modifiquem somente podem ser aprovadas caso:

I - sejam compatíveis com o plano plurianual e com a lei de


diretrizes orçamentárias;

II - indiquem os recursos necessários, admitidos apenas os


provenientes de anulação de despesa, excluídas as que incidam
sobre:

a) dotações para pessoal e seus encargos;

143
b) serviço da dívida;

c) transferências tributárias constitucionais para Estados,


Municípios e Distrito Federal; ou

III - sejam relacionadas:

a) com a correção de erros ou omissões; ou

b) com os dispositivos do texto do projeto de lei.

§ 4º As emendas ao projeto de lei de diretrizes orçamentárias


não poderão ser aprovadas quando incompatíveis com o plano
plurianual.

______________________________________________________________________

141. Segundo o entendimento do Supremo Tribunal Federal, é cabível


ação direta de inconstitucionalidade contra lei orçamentária. Entretanto,
embora admissível o manejo da via concentrada de controle, o Judiciário
não pode interferir no ato complexo de formulação do orçamento, salvo
situações graves e excepcionais.

CERTO.

Comentários:

Esse é o entendimento do STF, que se posiciona no sentido de


que “É possível a impugnação, em sede de controle abstrato de
constitucionalidade, de leis orçamentárias.” STF. Plenário. ADI 5449 MC-
Referendo/RR, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 10/3/2016 (Info
817).

De outro lado, na ADI 5468 (Corte no orçamento da Justiça do


Trabalho), o STF entendeu que, em regra, não pode o Judiciário
participar, em sua função jurisdicional, do ato complexo de formulação
do orçamento, salvo situações graves.

144
______________________________________________________________________

142. As disponibilidades de caixa da União serão depositadas no banco


central; as dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e dos órgãos
ou entidades do Poder Público e das empresas por ele controladas, em
instituições financeiras oficiais, ressalvados os casos previstos em lei. As
disponibilidades de caixa dos regimes de previdência social, geral e
próprio dos servidores públicos ficarão depositadas em conta separada
das demais disponibilidades de cada ente.

CERTO.

Comentários:

A afirmativa reproduz o texto legal, in verbis:

Art. 43. As disponibilidades de caixa dos entes da Federação


serão depositadas conforme estabelece o § 3o do art. 164 da
Constituição.

§ 1o As disponibilidades de caixa dos regimes de previdência


social, geral e próprio dos servidores públicos, ainda que
vinculadas a fundos específicos a que se referem os arts. 249 e
250 da Constituição, ficarão depositadas em conta
separada das demais disponibilidades de cada ente e
aplicadas nas condições de mercado, com observância dos
limites e condições de proteção e prudência financeira.

Art. 164. A competência da União para emitir moeda será


exercida exclusivamente pelo banco central.

§ 3º As disponibilidades de caixa da União serão


depositadas no banco central; as dos Estados, do Distrito
Federal, dos Municípios e dos órgãos ou entidades do
Poder Público e das empresas por ele controladas, em

145
instituições financeiras oficiais, ressalvados os casos
previstos em lei.

______________________________________________________________________

143. Compete privativamente ao Senado Federal estabelecer limites


globais e condições para o montante da dívida mobiliária da União, do
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

ERRADO.

Comentários:

A dívida mobiliária da União tem seus limites definidos pelo Congresso


Nacional.

Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do


Presidente da República, não exigida esta para o especificado
nos arts. 49, 51 e 52, dispor sobre todas as matérias de
competência da União, especialmente sobre:

XIV - moeda, seus limites de emissão, e montante da dívida


mobiliária federal.

De outro lado, a dívida mobiliária dos Estados, do Distrito Federal e dos


Municípios tem seus limites definidos pelo Senado Federal.

Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:

IX - estabelecer limites globais e condições para o montante da


dívida mobiliária dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios;

______________________________________________________________________

144. Se a dívida consolidada de um ente da Federação ultrapassar o


respectivo limite ao final de um quadrimestre, deverá ser a ele

146
reconduzida até o término dos três subsequentes, reduzindo o excedente
em pelo menos 25% (vinte e cinco por cento) no primeiro. Na hipótese de
se verificarem mudanças drásticas na condução das políticas monetária
e cambial, reconhecidas pelo Senado Federal, esse prazo pode ser
ampliado em até quatro quadrimestres.

CERTO.

Comentários:

Art. 31. Se a dívida consolidada de um ente da Federação ultrapassar o


respectivo limite ao final de um quadrimestre, deverá ser a ele reconduzida
até o término dos três subsequentes, reduzindo o excedente em pelo menos
25% (vinte e cinco por cento) no primeiro.

Art. 66. § 4º. Na hipótese de se verificarem mudanças drásticas na


condução das políticas monetária e cambial, reconhecidas pelo Senado
Federal, o prazo referido no caput do art. 31 poderá ser ampliado em até
quatro quadrimestres.

______________________________________________________________________

145. A fiscalização do Município será exercida pelo Poder Legislativo


Municipal, mediante controle externo, e pelos sistemas de controle
interno do Poder Executivo Municipal, na forma da lei. Como
concretização do princípio da transparência, as contas dos Municípios
ficarão, durante trinta dias, anualmente, à disposição de qualquer
contribuinte, para exame e apreciação, o qual poderá questionar-lhes a
legitimidade, nos termos da lei.

ERRADO.

Comentários:

É importante que o aluno decore as disposições constitucionais


concernentes ao Município.

147
Desse modo, a assertiva encontra-se inteiramente correta, a não
ser pelo prazo que a contas ficam à disposição dos contribuintes.

Art. 31. A fiscalização do Município será exercida pelo Poder


Legislativo Municipal, mediante controle externo, e pelos
sistemas de controle interno do Poder Executivo Municipal, na
forma da lei.

§ 3º As contas dos Municípios ficarão, durante sessenta dias,


anualmente, à disposição de qualquer contribuinte, para exame
e apreciação, o qual poderá questionar-lhes a legitimidade, nos
termos da lei.

148
Direito Tributário

Sobre os princípios tributários, julgue:

146. A criação de nova maneira de recolhimento do tributo pode ocorrer


mediante Decreto, uma vez que tal matéria não se submete ao princípio
da reserva legal.

ERRADO.

Comentários:

No julgamento do RE 632.265, o STF firmou orientação no sentido de que


a forma de recolhimento do tributo se submete ao princípio da reserva
legal:

TRIBUTO – PRINCÍPIO DA LEGALIDADE. A exigibilidade de tributo


pressupõe lei que o estabeleça – artigo 150 da Constituição Federal. ICMS
– REGIME DE APURAÇÃO – ESTIMATIVA – DECRETO – IMPROPRIEDADE.
A criação de nova maneira de recolhimento do tributo, partindo-se de
estimativa considerado o mês anterior, deve ocorrer mediante lei no sentido
formal e material, descabendo, para tal fim, a edição de decreto, a revelar
o extravasamento do poder regulamentador do Executivo. (RE 632265,
Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em
18/06/2015, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO
DJe-199 DIVULG 02-10-2015 PUBLIC 05-10-2015)

______________________________________________________________________

147. Na compra de um imóvel, desde que a igreja demonstre que o


terreno será utilizado para a construção de um templo religioso, a
transmissão de propriedade será imune.

ERRADO.

149
Comentários:

O enunciado exige conhecimento de imunidade e do ônus da prova quanto


à finalidade do bem adquirido.

Em se tratando de entidade religiosa, há presunção relativa de que o


imóvel da entidade está vinculado às suas finalidades essenciais, o que
impede a cobrança de impostos sobre aquele imóvel de acordo com o art.
150, VI, “c”, da CF.

A descaracterização dessa presunção para que incida ITBI sobre imóvel de


entidade religiosa é ônus da Fazenda Pública municipal, nos termos do art.
333, II, do CPC/1973 (art. 373, II, do CPC/2015).

Em suma, para fins de cobrança de ITBI, é do município o ônus da prova


de que imóvel pertencente a entidade religiosa está desvinculado de sua
destinação institucional.

STJ. 2ª Turma. AgRg no AREsp 444.193-RS, Rel. Min. Mauro Campbell


Marques, julgado em 4/2/2014 (Info 534).

Desse modo, a expressão “desde que” tornou a assertiva errada.

______________________________________________________________________

Com relação ao processo tributário e à execução fiscal, julgue os


itens a seguir:

148. Segundo o Superior Tribunal de Justiça, há litispendência entre os


Embargos à Execução e a Ação Anulatória proposta em momento
anterior ao ajuizamento da Execução Fiscal, se verificada a tríplice
identidade das ações.

CERTO.

150
Comentários:

A jurisprudência exige conhecimento de jurisprudência clássica do


Superior Tribunal de Justiça, que pode ser exemplificada pelo seguinte
julgado:

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.


PROCESSUAL CIVIL. LITISPENDÊNCIA. IDENTIDADE ENTRE PARTES,
PEDIDO E CAUSA DE PEDIR. 1. "É pacífico nas Turmas que integram
a Primeira Seção desta Corte o entendimento no sentido de
que deve ser reconhecida a litispendência entre os embargos à
execução e a ação anulatória ou declaratória de inexistência do
débito proposta anteriormente ao ajuizamento da execução fiscal,
se identificadas as mesmas partes, causa de pedir e pedido, ou
seja, a tríplice identidade a que se refere o art. 301, § 2º, do CPC"
(REsp 1.156.545/RJ, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda
Turma, DJe 28/4/2011). 2. Agravo regimental a que se nega provimento.
(AgRg no AREsp 824.843/SP, Rel. Ministra DIVA MALERBI
(DESEMBARGADORA CONVOCADA TRF 3ª REGIÃO), SEGUNDA TURMA,
julgado em 12/04/2016, DJe 19/04/2016)

______________________________________________________________________

149. A Lei nº 8.397/02, que disciplina a medida cautelar fiscal,


preparatória ou incidental, põe a salvo do gravame da indisponibilidade
os bens de pessoa jurídica que não integrem o seu ativo permanente.
Contudo, em situações excepcionais, quando não forem localizados no
patrimônio do devedor bens que possam garantir a execução fiscal, o STJ
admite a decretação de indisponibilidade de bens de pessoa jurídica,
ainda que estes não constituam o seu ativo permanente.

CERTO.

151
Comentários:

Embora a literalidade da Lei n. 8.397/02 diga exatamente que a medida


cautelar fiscal, preparatória ou incidental, põe a salvo do gravame da
indisponibilidade os bens de pessoa jurídica que não integrem o seu ativo
permanente, o enunciado exige conhecimento de entendimento
jurisprudencial bastante específico do Superior Tribunal de Justiça, senão
vejamos:

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO INTERNO NO RECURSO


ESPECIAL. ENUNCIADO ADMINISTRATIVO Nº 3/STJ. AGRAVO DE
INSTRUMENTO EM MEDIDA CAUTELAR FISCAL. VIOLAÇÃO DO ART. 535
DO CPC. NÃO OCORRÊNCIA. INDISPONIBILIDADE DE BENS QUE NÃO
INTEGRAM O ATIVO PERMANENTE. EXCEPCIONALIDADE. PREMISSAS
FÁTICAS FIRMADAS NO ACÓRDÃO RECORRIDO. REEXAME.
IMPOSSIBILIDADE. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7/STJ. AGRAVO INTERNO
NÃO PROVIDO. 1. Rejeita-se a preliminar de violação do artigo 535 do CPC,
pois na linha da jurisprudência desta Corte, não há falar em negativa de
prestação jurisdicional, nem em vício quando o acórdão impugnado aplica
tese jurídica devidamente fundamentada, promovendo a integral solução
da controvérsia, ainda que de forma contrária aos interesses da parte. 2.
O art. 4º, § 1º, da Lei nº 8.397/02, que disciplina a medida cautelar
fiscal, preparatória ou incidental, põe a salvo do gravame da
indisponibilidade os bens de pessoa jurídica que não integrem o seu
ativo permanente. 3. Em situações excepcionais, quando não forem
localizados no patrimônio do devedor bens que possam garantir a
execução fiscal, o STJ admite a decretação de indisponibilidade de
bens de pessoa jurídica, ainda que estes não constituam o seu ativo
permanente. 4. O Tribunal a quo, soberano na análise do conjunto fático-
probatório dos autos consignou que "no caso, não vislumbro a
excepcionalidade acima destacada, de modo que deve incidir a regra da
lei de regência (Lei nº 8.397/92) que limita a indisponibilidade sobre bens

152
integrantes do ativo não circulante (ativo permanente) das empresas". 5.
Eventual reforma do acórdão recorrido implicaria, necessariamente, em
reexame do contexto probatório dos autos, providência vedada em sede de
especial em virtude do óbice da Súmula 7/STJ. 6. Agravo interno não
provido. (AgInt no REsp 1605147/SC, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL
MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 01/09/2016, DJe
14/09/2016)

______________________________________________________________________

150. Se o feito for extinto sem julgamento de mérito, os depósitos para


suspensão da exigibilidade devem ser convertidos em renda e não
levantados pelo contribuinte.
CERTO.

Comentários:

O Enunciado exige conhecimento de jurisprudência consolidada do


Superior Tribunal de Justiça, consoante se observa do seguinte julgado,
verbi gratia:
AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. TRIBUTÁRIO.
EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO. DEPÓSITO
JUDICIAL EFETUADO PARA SUSPENDER A EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO.
CONVERSÃO EM RENDA. PRECEDENTES. 1. A Primeira Seção do
Superior Tribunal de Justiça, pacificou o entendimento de que,
na hipótese de extinção do processo sem julgamento de mérito,
os depósitos efetuados pelo contribuinte para suspender a
exigibilidade do crédito tributário devem ser convertidos em
renda da Fazenda Pública. Precedentes: EREsp 548.224/CE, Rel.
Ministro Humberto Martins, Primeira Seção, DJ 17.12.2007, p. 120;
EREsp 279.352/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Seção, DJ
22.5.2006, p. 139; EREsp 479.725/BA, Rel. Ministro José Delgado,

153
Primeira Seção, DJ 26.9.2005, p. 166. 2. Agravo Regimental não provido.
(AgRg no REsp 1575714/SP, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN,
SEGUNDA TURMA, julgado em 07/04/2016, DJe 24/05/2016)

______________________________________________________________________

151. A ação de consignação em pagamento suspende a exigibilidade do


crédito tributário.

ERRADO.

Comentários:

O enunciado exige conhecimento de mais um precedente clássico do


Superior Tribunal de Justiça, segundo o qual a ação de consignação em
pagamento é via inadequada para se discutir a exigibilidade de crédito
tributário, senão vejamos:

PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL.


RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM
PAGAMENTO. DISCUSSÃO ACERCA DO DÉBITO TRIBUTÁRIO E
POSSIBILIDADE DE PARCELAMENTO. INADEQUAÇÃO DA VIA
ELEITA. PRECEDENTES. AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE
NEGA PROVIMENTO. 1. É pacífico o entendimento desta Corte
Superior no sentido de que a ação de consignação em pagamento
é via inadequada para forçar a concessão de parcelamento e
discutir a exigibilidade e a extensão do crédito tributário
(precedentes citados: AgRg no Ag 1.285.916/RS, Rel. Min.
Benedito Gonçalves, DJe 15.10.2010; AgRg no REsp
996.890/SP, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe 13.3.2009; REsp
1.020.982/RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJe
3.2.2009; AgRg no Ag 811.147/RS, Rel. Min. Teori Albino
Zavascki, DJ 29.3.2007). 2. Agravo regimental a que se nega
provimento. (AgRg no REsp 1270034/RS, Rel. Ministro MAURO

154
CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em
23/10/2012, DJe 06/11/2012)

Além disso, a ação de consignação em pagamento visa a depositar o que


o consignante se propõe a pagar. Logo, não tem o mesmo efeito do depósito
do montante integral, o qual suspende a exigibilidade do crédito tributário.

______________________________________________________________________

Sobre obrigação e crédito tributários, além de temas correlatos,


julgue os itens que seguem:

152. Ainda que o pedido de parcelamento seja indeferido, haverá


interrupção da prescrição do crédito tributário, de modo que a contagem
do lapso prescricional terá sua contagem reiniciada a partir da
apresentação do requerimento administrativo.

CERTO.

Comentários:

O art. 174, Parágrafo único, IV, do CTN prevê:

Art. 174. A ação para a cobrança do crédito tributário prescreve


em cinco anos, contados da data da sua constituição definitiva.

Parágrafo único. A prescrição se interrompe:

IV - por qualquer ato inequívoco ainda que extrajudicial, que


importe em reconhecimento do débito pelo devedor.

O pedido de parcelamento, com efeito, denota o reconhecimento


do devedor perante o fisco do débito. O indeferimento do pedido de
parcelamento é irrelevante no que tange à interrupção do prazo
prescricional.

155
O STJ manifesta-se da seguinte forma sobre o tema:

2. "O pedido de parcelamento implica reconhecimento dos


débitos tributários correspondentes pelo devedor, sendo causa
de interrupção da prescrição, reiniciando-se a contagem do
lapso prescricional a partir da apresentação desse requerimento
administrativo" (AgInt no REsp 1405175/SE, Rel. Ministra
REGINA HELENA COSTA, PRIMEIRA TURMA, julgado em
26/04/2016, DJe 12/05/2016).

(AgInt no REsp 1587677/PR, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL


MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 15/12/2016, DJe
19/12/2016)

______________________________________________________________________

153. Se o crédito tributário for declarado, mas o contribuinte pagar


apenas parcela do tributo devido, o prazo decadencial do Fisco contar-
se-á exclusivamente na forma do art. 173, I, do CTN.

ERRADO.

Comentários:

Se o crédito for integralmente declarado, o Fisco passa a se preocupar com


o prazo prescricional e não prazo decadencial, de modo que a questão está
errada. Veja a Súmula 436 do STJ: A entrega de declaração pelo
contribuinte reconhecendo débito fiscal constitui o crédito tributário,
dispensada qualquer outra providência por parte do fisco.

______________________________________________________________________

156
Acerca dos Impostos Municipais, julgue os itens que seguem:

154. Tanto o promitente comprador do imóvel quanto seu promitente


vendedor são contribuintes responsáveis pelo pagamento do IPTU
cabendo, assim, ao Administrador Público eleger o sujeito passivo do
tributo.

CERTO.

Comentários:

A jurisprudência do STJ é nesse sentido:

1. "A jurisprudência desta Corte Superior é no sentido de que


tanto o promitente comprador (possuidor a qualquer título) do
imóvel quanto seu proprietário/promitente vendedor (aquele
que tem a propriedade registrada no Registro de Imóveis) são
contribuintes responsáveis pelo pagamento do IPTU" (REsp
1.110.551/SP, Rel. Min.

Mauro Campbell Marques, DJe de 18/06/2009, julgado sob a


sistemática do art. 543-C do CPC/1973). (AgInt nos EDcl no
REsp 1627100/SP, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL
MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 16/03/2017, DJe
22/03/2017)

Vale lembrar que a Súmula 399 prevê: Cabe à legislação


municipal estabelecer o sujeito passivo do IPTU.

Nada obstante, não é qualquer sujeito passivo que pode ser eleito
pela legislação municipal. Isso porque o sujeito passivo deve ter animus
domini. Quando o CTN fala em possuidor como contribuinte do IPTU, ele
indica o possuidor que detenha animus domini. Eis a razão pela qual o
locatário, segundo o STJ, não pode ser indicado como contribuinte de IPTU.

______________________________________________________________________

157
155. Após a vigência da LC 116/2003 é que se pode afirmar que,
existindo unidade econômica ou profissional do estabelecimento
prestador no Município onde o serviço é perfectibilizado, ou seja, onde
ocorrido o fato gerador tributário, ali deverá ser recolhido o tributo.
Ademais, segundo o STJ, registre-se que não é possível decompor o
serviço e o valor a ser tributado. Isso porque o ISS é devido ao município,
em que se estabeleceu a relação jurídico-tributária, e incide sobre a
totalidade do preço do serviço pago, não havendo falar em fracionamento,
ante a impossibilidade técnica de se dividir ou decompor o fato imponível.
CERTO.

Comentários:

A questão exige conhecimento acerca do Informativo 555 do STJ. Veja:

É competente para cobrar o ISS incidente sobre a prestação de


serviço de análise clínica (item 4.02 da lista anexa à LC 116/2003)
o município no qual foi feita a contratação do serviço, a coleta do
material biológico e a entrega do respectivo laudo, ainda que a
análise do material coletado tenha sido realizada em unidade
localizada em outro município, devendo-se incidir o imposto sobre
a totalidade do preço pago pelo serviço. Dispõe o art. 4º da LC
116/2003 que: "Considera-se estabelecimento prestador o local onde o
contribuinte desenvolva a atividade de prestar serviços, de modo
permanente ou temporário, e que configure unidade econômica ou
profissional, sendo irrelevantes para caracterizá-lo as denominações de
sede, filial, agência, posto de atendimento, sucursal, escritório de
representação ou contato ou quaisquer outras que venham a ser
utilizadas". Diante disso, verifica-se, no caso em análise, que a empresa
contribuinte, a despeito de manter seu laboratório em determinado
município, estabeleceu unidade econômica e profissional em outra
municipalidade com escopo de disponibilizar os seus serviços de análises
clínicas para as pessoas dessa localidade. Esse tipo de estabelecimento
158
constituiu unidade econômica porque é lá onde usualmente contrata-se o
serviço, providencia-se o pagamento e encerra-se a avença, com a entrega
do laudo técnico solicitado pelo consumidor. Também se caracteriza como
unidade profissional, uma vez que nesse lugar dá-se a coleta do material
biológico, o qual exige conhecimento técnico para a extração, o
acondicionamento e o transporte até o laboratório. Por oportuno, deve-se
anotar que o caso em análise é absolutamente diferente daquele
decidido no Recurso Especial Repetitivo 1.060.210-SC (Primeira
Seção, DJe 5/3/2013), em que se decidiu que "[a]pós a vigência da
LC 116/2003 é que se pode afirmar que, existindo unidade
econômica ou profissional do estabelecimento prestador no
Município onde o serviço é perfectibilizado, ou seja, onde ocorrido
o fato gerador tributário, ali deverá ser recolhido o tributo".
Naqueles autos, que cuidavam do ISS incidente sobre o
arrendamento mercantil (leasing), concluiu a Primeira Seção que o
núcleo da operação, concernente à concessão do financiamento,
era integralmente realizado, com a análise e aprovação do crédito,
elaboração do contrato e liberação dos valores, pela empresa
arrendadora em seu estabelecimento, normalmente localizado nos
grandes centros do País. Depreende-se, assim, que, na hipótese do
leasing, a empresa que comercializa o bem desejado não constitui unidade
econômica ou profissional da empresa arrendadora, na medida em que,
em tais casos, o consumidor somente se dirige à empresa vendedora
(concessionária de veículos) para indicar à instituição financeira a res que
deverá ser adquirida e disponibilizada. Em outras palavras, o consumidor
e a empresa concessionária buscam, ainda que de forma não presencial, o
auxílio de instituição financeira sediada noutra localidade para concretizar
o negócio. Frise-se, ainda, que a faculdade assegurada à empresa
contribuinte de eleger o município onde vai manter os seus laboratórios
constitui uma conveniência empresarial e, como tal, não pode vincular a
competência do ente tributante. Por fim, mostra-se igualmente importante

159
para a solução da controvérsia o local onde é gerada a riqueza tributável.
Na presente hipótese, verifica-se que a receita advinda do contrato de
prestação de serviço de análises clínicas é obtida em face do
estabelecimento da unidade econômica e profissional sediada no município
em que realizada a coleta de material biológico. Nesse contexto, compete
a essa municipalidade o direito à tributação sobre a riqueza que
foi gerada em seu território, pois ali fora estabelecida a relação
jurídico-tributária. De mais a mais, registre-se que não é possível
decompor o serviço e o valor a ser tributado. Isso porque o ISS é
devido ao primeiro município, em que se estabeleceu a relação
jurídico-tributária, e incide sobre a totalidade do preço do serviço
pago, não havendo falar em fracionamento, ante a impossibilidade
técnica de se dividir ou decompor o fato imponível. A par disso, a
remessa do material biológico entre unidades do mesmo contribuinte não
constitui fato gerador do tributo, à míngua de relação jurídico-tributária
com terceiros ou onerosidade. Em verdade, a hipótese em foco se
assemelha, no que lhe for cabível, ao enunciado da Súmula 166 do
STJ, verbis: "Não constitui fato gerador do ICMS o simples
deslocamento de mercadoria de uma para outro estabelecimento do
mesmo contribuinte". REsp 1.439.753-PE, Rel. Min. Arnaldo Esteves
Lima, Rel. para acórdão Min. Benedito Gonçalves, julgado em 6/11/2014,
DJe 12/12/2014.

______________________________________________________________________

156. Nos tributos sujeitos a lançamento de ofício, tal como o IPVA e o


IPTU, a própria remessa, pelo Fisco, da notificação para pagamento ou
carnê constitui o crédito tributário, momento em que se inicia o prazo
prescricional quinquenal para sua cobrança judicial.
CERTO.

160
Comentários:

Esse é o entendimento do STJ. Veja que corresponde à


literalidade do seguinte julgado:

2. O Superior Tribunal de Justiça possui o entendimento firme de


que nos tributos sujeitos a lançamento de ofício, tal como o IPVA
e o IPTU, a própria remessa, pelo Fisco, da notificação
para pagamento ou carnê constitui o crédito tributário,
momento em que se inicia o prazo prescricional
quinquenal para sua cobrança judicial, nos termos do
art. 174 do CTN. (AgInt no AREsp 887.406/SP, Rel. Ministro
HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em
20/10/2016, DJe 28/10/2016)

Tecnicamente, o aluno deve observar que é a constituição


definitiva do crédito tributário que marca o início do prazo decadencial,
conforme art. 174, caput, do CTN.

A constituição definitiva não se dá com a mera remessa do carnê


para o contribuinte. A remessa do carnê apenas constitui o crédito
tributário. Todavia, a constituição definitiva do crédito tributário dá-se no
dia após o vencimento do tributo.

Nada obstante, caindo a literalidade do julgado, é crível que o


CESPE dê a assertiva como correta.

______________________________________________________________________

157. Somente por via de lei, no sentido formal, é permitido aumentar a


base de cálculo do IPTU mediante aplicação de tabelas de valorização de
imóveis que tornem o tributo mais oneroso.

CERTO.

161
Comentários:

Segundo orientação do STF (RE 648.245), o aumento de tributo se submete


ao princípio da reserva legal. Apenas a atualização da base de cálculo do
IPTU, desde que inferior aos índices de correção monetária, podem ser
realizados mediante Decreto, senão vejamos:

Recurso extraordinário. 2. Tributário. 3. Legalidade. 4. IPTU.


Majoração da base de cálculo. Necessidade de lei em sentido
formal. 5. Atualização monetária. Possibilidade. 6. É
inconstitucional a majoração do IPTU sem edição de lei em
sentido formal, vedada a atualização, por ato do Executivo, em
percentual superior aos índices oficiais. 7. Recurso
extraordinário não provido.(RE 648245, Relator(a): Min. GILMAR
MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 01/08/2013, ACÓRDÃO
ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-038
DIVULG 21-02-2014 PUBLIC 24-02-2014)

______________________________________________________________________

158. Efetuada a divisão de imóvel preexistente em unidades autônomas,


o Município pode cobrar o IPTU sobre as novas unidades autônomas,
mesmo que estas ainda não tenham sido previamente registradas no
cartório de imóveis.

CERTO

Comentários:

Segundo o Superior Tribunal de Justiça, é dispensável qualquer exigência


de prévio registro imobiliário das novas unidades para que se proceda ao
lançamento do IPTU individualizado. Segue ementa do julgado:

TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. IPTU. TRIBUTAÇÃO SOBRE


NOVAS UNIDADES AUTÔNOMAS CONSTRUÍDAS EM EDIFÍCIO

162
RESIDENCIAL. DESNECESSIDADE DA INSCRIÇÃO PRÉVIA
INDIVIDUALIZADA NO REGISTRO DE IMÓVEIS. LEGALIDADE
DA EXAÇÃO. INTELIGÊNCIA DOS ARTS. 32, 34 E 116, INCISO I,
DO CTN. 1. Cinge-se a controvérsia em se estabelecer a
possibilidade de o fisco, verificando alteração em imóvel pré-
existente, que se dividiu em unidades autônomas, poder
proceder a novas inscrições de IPTU, sem que haja registro das
novas unidades em cartório de imóveis. 2. O art. 32 do CTN
estabelece que o fato gerador do IPTU é a propriedade, o domínio
útil ou a posse. O art. 34 do referido diploma preconiza que o
"Contribuinte do imposto é o proprietário do imóvel, o titular do
seu domínio útil, ou o seu possuidor a qualquer título." 3. É
absolutamente dispensável qualquer exigência de prévio registro
imobiliário das novas unidades para que se proceda ao
lançamento do IPTU individualizado, uma vez que basta a
configuração da posse de bem imóvel para dar ensejo à exação.
Vários são os precedentes do STJ nesse sentido, dentre eles:
REsp 735.300/SP, Rel. Ministra Denise Arruda, Primeira Turma,
DJe 03/12/2008. 4. É suficiente para ensejar a cobrança do
IPTU a verificação das unidades autônomas acrescidas ao
imóvel, uma vez ser "cediço que os impostos reais (IPTU e ITBI,
em especial) referem-se aos bens autonomamente
considerados." (REsp 722.752/RJ, Rel. Ministro Herman
Benjamin, Segunda Turma, DJe 11/11/2009). 5. Recurso
especial provido. (REsp 1347693/RS, Rel. Ministro BENEDITO
GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 11/04/2013, DJe
17/04/2013)

______________________________________________________________________

163
Julgue os seguintes itens:

159. Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir contribuição


para o custeio do serviço de iluminação pública, devendo a cobrança ser
discriminada na fatura de consumo de energia elétrica.

ERRADO

Comentários:

Os Municípios e o Distrito Federal não são obrigados a efetuar a cobrança


por meio da fatura de energia elétrica. Essa é a inteligência do art. 149-A
da Constituição Federal, in verbis:

Art. 149-A Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir contribuição,


na forma das respectivas leis, para o custeio do serviço de iluminação
pública, observado o disposto no art. 150, I e III.

Parágrafo único. É facultada a cobrança da contribuição a que se refere o


caput, na fatura de consumo de energia elétrica.

______________________________________________________________________

160. Taxas e Tarifas não se confundem. Enquanto a primeira é


compulsória, a segunda é facultativa. Ademais, as taxas decorrem da
legislação tributária, enquanto as tarifas têm previsão meramente
contratual.

ERRADO

Comentários:

A questão exige a aplicação do conceito de “legislação tributária” previsto


no art. 96 do CTN, que assim dispõe:

Art. 96. A expressão "legislação tributária" compreende as leis, os tratados


e as convenções internacionais, os decretos e as normas complementares

164
que versem, no todo ou em parte, sobre tributos e relações jurídicas a eles
pertinentes.

Assim, as taxas não podem decorrer da “legislação tributária”, mas


apenas de lei em sentido formal. Portanto, atenção para a aplicação de
termos técnicos que tenham conceituação legal.

__________________________________________________________________

161. Segundo entendimento sumulado do STF, é constitucional a lei que


estabelece alíquotas progressivas para o Imposto de Transmissão Inter
Vivos de Bens Imóveis (ITBI) com base no valor venal do imóvel.

ERRADO

Comentários:

A questão exige conhecimento do teor da Súmula nº 656 do STF, que diz


exatamente o contrário:

“Súmula 656 - É inconstitucional a lei que estabelece alíquotas


progressivas para o imposto de transmissão 'inter vivos' de bens imóveis -
ITBI com base no valor venal do imóvel.”

Repare que, nada obstante o julgado de progressividade do ITCMD, a


questão foi blindada. Pediu-se o entendimento sumulado.

______________________________________________________________________

No que tange ao Código Tributário do Município de Fortaleza, julgue


os seguintes itens:

162. O sujeito passivo poderá impugnar o crédito tributário no prazo de


15 (quinze) dias, contados da notificação de lançamento, salvo no caso
de IPTU, em que o prazo para impugnação será de 30 (trinta) dias.

ERRADO

165
Comentários:

A questão decorre da literalidade do art. 60 e seus parágrafos do Código


Tributário Municipal. Apesar de o prazo para impugnação do lançamento
do IPTU ser de 30 (trinta) dias, a contagem se inicia do primeiro vencimento
da cota única, na forma do §1º do art. 60, que assim dispõe:

Art. 60. O sujeito passivo poderá impugnar o crédito tributário


regularmente constituído, no prazo de 15 (quinze) dias, contados da
notificação do lançamento, mediante petição fundamentada, instruída com
as provas cabíveis.

§ 1º O prazo definido no caput deste artigo não se aplica à reclamação


contra o lançamento anual do IPTU, que poderá ser apresentada no prazo
de até 30 (trinta) dias, contados do primeiro vencimento da cota única.

§ 2º A impugnação de lançamento do ITBI em razão da discordância


quanto à sua base de cálculo somente poderá ser interposta se houver
julgamento improcedente ou parcialmente procedente de pedido de
reavaliação.

______________________________________________________________________

163. A impugnação de lançamento do ITBI em razão da discordância


quanto a sua base de cálculo somente poderá ser interposta após o
julgamento do pedido de reavaliação.

CERTO.

Comentários:

De acordo com o §2º do art. 60 do Código Tributário Municipal, “a


impugnação de lançamento do ITBI em razão da discordância quanto à
sua base de cálculo somente poderá ser interposta se houver julgamento
improcedente ou parcialmente procedente de pedido de reavaliação.

166
Quanto ao SIMPLES, julgue as assertivas:

164. A baixa do empresário ou da pessoa jurídica inscrita no SIMPLES


não impede que, posteriormente, sejam lançados ou cobrados tributos,
contribuições e respectivas penalidades, decorrentes da falta do
cumprimento de obrigações ou da prática comprovada e apurada em
processo administrativo ou judicial de outras irregularidades praticadas
pelos empresários, pelas pessoas jurídicas ou por seus titulares, sócios
ou administradores.

CERTO.

Comentários:

A questão cobra a literalidade da Lei Complementar n. 123/2006, in


verbis:

Art. 9º. § 4º. A baixa do empresário ou da pessoa jurídica não


impede que, posteriormente, sejam lançados ou cobrados
tributos, contribuições e respectivas penalidades, decorrentes da
falta do cumprimento de obrigações ou da prática comprovada e
apurada em processo administrativo ou judicial de outras
irregularidades praticadas pelos empresários, pelas pessoas
jurídicas ou por seus titulares, sócios ou administradores.

______________________________________________________________________

165. O IPTU é uma das exceções ao princípio da anterioridade mitigada.


Assim, caso sua alíquota seja elevada no último dia do ano, a majoração
pode ser aplicada no primeiro dia do exercício seguinte.

ERRADO

Comentários:

167
A exceção à anterioridade de 90 (noventa) dias é apenas para a
atualização da base de cálculo do IPTU. Assim, no caso de majoração de
alíquota, o IPTU deve observar tanto a anterioridade máxima quanto a
anterioridade nonagesimal.

______________________________________________________________________

Sobre a aplicação, integração e interpretação das normas tributárias,


julgue:

166. A obrigação acessória, decorrente de lei tributária, tem por objeto


as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da
arrecadação ou da fiscalização dos tributos. No que tange à obrigação
principal, ela surge com a ocorrência do fato gerador e tem por objeto o
pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extingue-se juntamente
com o crédito dela decorrente.

ERRADO.

Comentários:

O erro da questão consiste em dizer que a obrigação tributária


acessória decorre de lei tributária. Isso porque o CTN é expresso ao dizer
que a obrigação tributária acessória decorre de LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA.
É importante que o aluno se atente ao fato que não é necessário lei para
prever a OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA ACESSÓRIA.

Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória.

§ 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato


gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade
pecuniária e extingue-se juntamente com o crédito dela
decorrente.

168
§ 2º A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem
por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas
no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos.

§ 3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua


inobservância, converte-se em obrigação principal relativamente
à penalidade pecuniária.

______________________________________________________________________

167. O emprego da analogia não poderá resultar na dispensa de tributo


devido. O emprego da equidade não poderá resultar na exigência do
pagamento de tributo não previsto em lei.

ERRADO.

Comentários:

Essa pegadinha é famosa. Veja que o artigo 108, § 1º e § 2º, do


CTN preveem:

✓ O emprego da analogia não poderá resultar na


exigência de tributo não previsto em lei.
✓ O emprego da eqüidade não poderá resultar na dispensa
do pagamento de tributo devido.

Como houve a inversão dos termos na assertiva, ela considera-


se errada.

______________________________________________________________________

168. A medida provisória que majore a alíquota de um tributo somente


poderá surtir efeitos no exercício seguinte se convertida em lei até o
último dia do exercício precedente.

ERRADO.

169
Comentários:

A restrição relativa à necessidade da conversão em lei no exercício da


edição da medida provisória aplica-se exclusivamente aos impostos, de
forma que, no tocante às demais espécies tributárias, a regra da
anterioridade deve ser observada, tomando como referência a data da
publicação da MP e não de sua conversão em lei.

______________________________________________________________________

169. No lançamento por homologação, pagando-se o tributo a menor,


desde que a declaração também esteja equivocada, é ilegítima a recusa
do Fisco quanto à expedição de Certidão Negativa de Débitos tributários.

CERTO.

Comentários:

O aluno não pode confundir o caso de o contribuinte declarar X e recolher


X/2 com o caso em que declara X/2 e paga X/2.

Na primeira hipótese, o contribuinte constitui o crédito remanescente,


devendo o Fisco iniciar a execução contra o contribuinte. Desse modo, não
cabe a denúncia espontânea. O contribuinte também não faz jus à certidão
negativa de débitos tributários.

Todavia, no caso em que declara a menor e paga o que fora declarado, o


contribuinte faz jus à CND. Isso porque o Fisco terá que lançar as
diferenças.

Veja que tal entendimento encontra-se bem explicado pelo STJ em sede de
repetitivo:

TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE


CONTROVÉRSIA. ART.543-C, DO CPC. TRIBUTO SUJEITO A
LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO, DECLARADO E NÃO PAGO

170
PELO CONTRIBUINTE. NASCIMENTO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO.
CERTIDÃO POSITIVA COM EFEITOS DE NEGATIVA DE DÉBITO.

IMPOSSIBILIDADE.

1. A entrega da Declaração de Débitos e Créditos Tributários


Federais - DCTF - constitui o crédito tributário, dispensando a
Fazenda Pública de qualquer outra providência, habilitando-a
ajuizar a execução fiscal.

2. Conseqüentemente, nos tributos sujeitos a lançamento por


homologação, o crédito tributário nasce, por força de lei, com o fato
gerador, e sua exigibilidade não se condiciona a ato prévio levado
a efeito pela autoridade fazendária, perfazendo-se com a mera
declaração efetuada pelo contribuinte, razão pela qual, em caso
do não-pagamento do tributo declarado, afigura-se legítima a
recusa de expedição da Certidão Negativa ou Positiva com Efeitos
de Negativa.

(Precedentes: AgRg no REsp 1070969/SP, Rel. Ministro


BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em
12/05/2009, DJe 25/05/2009;

REsp 1131051/SP, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA


TURMA, julgado em 06/10/2009, DJe 19/10/2009; AgRg no Ag
937.706/MG, Rel.

Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em


06/03/2008, DJe 04/03/2009; REsp 1050947/MG, Rel. Ministro
CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 13/05/2008,
DJe 21/05/2008; REsp 603.448/PE, Rel.

Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, SEGUNDA TURMA,


julgado em 07/11/2006, DJ 04/12/2006; REsp 651.985/RS,

171
Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em
19/04/2005, DJ 16/05/2005)

3. Ao revés, declarado o débito e efetuado o pagamento,


ainda que a menor, não se afigura legítima a recusa de
expedição de CND antes da apuração prévia, pela
autoridade fazendária, do montante a ser recolhido. Isto
porque, conforme dispõe a legislação tributária, o valor
remanescente, não declarado nem pago pelo contribuinte,
deve ser objeto de lançamento supletivo de ofício.

4. Outrossim, quando suspensa a exigibilidade do crédito


tributário, em razão da pendência de recurso administrativo
contestando os débitos lançados, também não resta caracterizada
causa impeditiva à emissão da Certidão de Regularidade Fiscal,
porquanto somente quando do exaurimento da instância
administrativa é que se configura a constituição definitiva do
crédito fiscal.

5. In casu, em que apresentada a DCTF ao Fisco, por parte do


contribuinte, confessando a existência de débito, e não tendo sido
efetuado o correspondente pagamento, interdita-se legitimamente
a expedição da Certidão pleiteada. Sob esse enfoque, correto o
voto condutor do acórdão recorrido, in verbis: "No caso dos autos,
há referências de que existem créditos tributários impagos a
justificar a negativa da Certidão (fls.

329/376). O débito decorreria de diferenças apontadas entre os


valores declarados pela impetrante na DCTF e os valores por ela
recolhidos, justificando, portanto, a recusa da Fazenda em
expedir a CND." 6. Recurso Especial desprovido. Acórdão
submetido ao regime do art.

543-C do CPC e da Resolução STJ 08/2008.


172
(REsp 1123557/RS, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO,
julgado em 25/11/2009, DJe 18/12/2009)

______________________________________________________________________

170. É vedado aos Municípios estabelecer diferenças tributárias entre


bens e serviços de qualquer natureza em razão de sua procedência ou
destino, salvo incentivos fiscais destinados ao equilíbrio do
desenvolvimento socioeconômico.

ERRADO

Comentários:

Somente a União está autorizada a estipular tratamento tributário


diferenciado entre os Estados da federação tendo por meta diminuir as
desigualdades socioeconômicas tão comuns no Brasil. Providências
semelhantes, portanto, não são lícitas aos Estados e Municípios, sob pena
de grave risco ao pacto federativo.

Art. 151. É vedado à União:

I - instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou


que implique distinção ou preferência em relação a Estado, ao Distrito
Federal ou a Município, em detrimento de outro, admitida a concessão
de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do
desenvolvimento sócio-econômico entre as diferentes regiões do
País;

Art. 152. É vedado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios


estabelecer diferença tributária entre bens e serviços, de qualquer
natureza, em razão de sua procedência ou destino.

______________________________________________________________________

173
Sobre a repartição constitucional de receitas tributárias, julgue os
itens:

171. É vedada a retenção ou qualquer restrição à entrega e ao emprego


dos recursos constitucionalmente atribuídos aos Estados, ao Distrito
Federal e aos Municípios. A regra comporta exceção no caso de não
aplicação dos recursos mínimos na área da saúde e educação.

ERRADO.

Comentários:

A questão está errada, vez que insere a não aplicação de gastos com a
educação no rol das exceções. Com efeito, apenas a não aplicação dos
recursos mínimos na área da saúde é que permite a retenção das
transferências constitucionais. Veja:

Art. 160. É vedada a retenção ou qualquer restrição à entrega e


ao emprego dos recursos atribuídos, nesta seção, aos Estados,
ao Distrito Federal e aos Municípios, neles compreendidos
adicionais e acréscimos relativos a impostos.

Parágrafo único. A vedação prevista neste artigo não impede a


União e os Estados de condicionarem a entrega de recursos:

II – ao cumprimento do disposto no art. 198, § 2º, incisos II e III.

______________________________________________________________________

172. Do produto da arrecadação dos impostos sobre renda e proventos


de qualquer natureza e sobre produtos industrializados, a União
entregará ao Fundo de Participação dos Municípios um por cento, que
será entregue no primeiro decêndio do mês de dezembro de cada ano e,
também, vinte e um inteiros e cinco décimos por cento.

ERRADO.

174
Comentários:

A assertiva está errada porque toca aos Municípios o percentual de


22,5%. Veja o art. 159, inciso I, b, da CF:

b) vinte e dois inteiros e cinco décimos por cento ao Fundo de


Participação dos Municípios.

______________________________________________________________________

Faça o julgamento dos itens a seguir:

173. A sanção premial contida no instituto da denúncia espontânea


exclui as penalidades pecuniárias, ou seja, as multas de caráter
eminentemente punitivo, nas quais não se incluem as multas moratórias,
decorrentes da impontualidade do contribuinte

ERRADO.

Comentários:

O STJ entende que qualquer tipo de multa fica excluído pela denúncia
espontânea. Veja:

Como assinalado no acórdão embargado, ao julgar o REsp


1.149.022/SP sob o rito dos recursos repetitivos, concluiu o e.
Ministro Luiz Fux que "a sanção premial contida no
instituto da denúncia espontânea exclui as penalidades
pecuniárias, ou seja, as multas de caráter
eminentemente punitivo, nas quais se incluem as multas
moratórias, decorrentes da impontualidade do
contribuinte". (EDcl no AgInt no REsp 1229965/RJ, Rel.
Ministra DIVA MALERBI (DESEMBARGADORA CONVOCADA

175
TRF 3ª REGIÃO), SEGUNDA TURMA, julgado em 18/08/2016,
DJe 29/08/2016)

Ricardo Alexandre assevera que, em âmbito administrativo,


prevalece que a denúncia espontânea não tem o condão de impedir a
aplicação da multa de mora. Entre a posição do STJ e a administrativa, o
aluno deve ficar com a primeira.

É válido lembrar que o instituto da denúncia espontânea de


infrações não é aplicável no caso de descumprimento de obrigações
meramente formais (acessórias).

______________________________________________________________________

174. O contribuinte pode, após o vencimento da sua obrigação e antes


da execução, garantir o juízo de forma antecipada, para o fim de obter
certidão positiva com efeito de negativa.

CERTO.

Comentários:

É plenamente possível. Não é necessário que o contribuinte aguarde a


execução fiscal contra si para fins de garantir o juízo. Com efeito, eis o que
entende o STJ:

"O contribuinte pode, após o vencimento da sua obrigação


e antes da execução, garantir o juízo de forma antecipada,
para o fim de obter certidão positiva com efeito de
negativa" (REsp 1123669/RS, Rel. Min. Luiz Fux, Primeira
Seção, DJe 1.2.2010, submetido ao regime do art. 543-C do CPC
e da Res. STJ n. 8/08). (AgRg no AREsp 430.828/PR, Rel.
Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA,
julgado em 11/02/2014, DJe 18/02/2014)

______________________________________________________________________

176
175. Os livros obrigatórios de escrituração comercial e fiscal e os
comprovantes dos lançamentos neles efetuados serão conservados até 5
anos após a constituição definitiva dos créditos tributários referentes às
operações a que digam respeito.

ERRADO.

Comentários:

O CTN prevê:

Art. 195. Para os efeitos da legislação tributária, não têm


aplicação quaisquer disposições legais excludentes ou
limitativas do direito de examinar mercadorias, livros, arquivos,
documentos, papéis e efeitos comerciais ou fiscais, dos
comerciantes industriais ou produtores, ou da obrigação destes
de exibi-los.

Parágrafo único. Os livros obrigatórios de escrituração comercial


e fiscal e os comprovantes dos lançamentos neles efetuados
serão conservados até que ocorra a prescrição dos créditos
tributários decorrentes das operações a que se refiram.

Embora o prazo prescricional corresponda, em regra, ao


decurso de 5 anos após a data da constituição definitiva do crédito
tributário, é possível que haja suspensão ou interrupção do prazo
prescricional, de modo que, nem sempre, o prazo prescricional
corresponderá a exatamente 5 anos.

177
Direito Ambiental e Urbanístico

Julgue os itens que seguem, sobre competência em matéria


ambiental:

176. Dada a competência comum de proteção ambiental entre os entes


federativos, no caso de autuação por mais de um ente federativo em
relação à mesma infração, deve prevalecer a ação de fiscalização do órgão
ambiental que primeiramente tenha lavrado o auto de infração
ambiental.

ERRADO. Item em desconformidade com o artigo 17 da Lc 140/2011: “Art.


17. Compete ao órgão responsável pelo licenciamento ou autorização,
conforme o caso, de um empreendimento ou atividade, lavrar auto de
infração ambiental e instaurar processo administrativo para a apuração
de infrações à legislação ambiental cometidas pelo empreendimento ou
atividade licenciada ou autorizada. (...) § 3o O disposto no caput deste
artigo não impede o exercício pelos entes federativos da atribuição comum
de fiscalização da conformidade de empreendimentos e atividades efetiva
ou potencialmente poluidores ou utilizadores de recursos naturais com a
legislação ambiental em vigor, prevalecendo o auto de infração
ambiental lavrado por órgão que detenha a atribuição de
licenciamento ou autorização a que se refere o caput.”

______________________________________________________________________

177. Em terras indígenas, compete exclusivamente à União promover o


licenciamento ambiental de empreendimentos e atividades.

CERTO. Item em conformidade com o artigo 7º, XIV, c, da LC 140: Art. 7o


São ações administrativas da União: XIV - promover o licenciamento
ambiental de empreendimentos e atividades: (...) c) localizados ou
desenvolvidos em terras indígenas”.

178
______________________________________________________________________

178. Atuação supletiva é a ação do ente da Federação que visa a auxiliar


no desempenho das atribuições decorrentes das competências comuns,
quando solicitado pelo ente federativo originariamente detentor das
atribuições definidas nesta Lei Complementar.

ERRADO. Item em desconformidade com o artigo 2º, II, da LC 140/2011:


“II - atuação supletiva: ação do ente da Federação que se substitui ao ente
federativo originariamente detentor das atribuições, nas hipóteses
definidas nesta Lei Complementar”. O referido item conceitua ATUAÇÃO
SUBSIDIÁRIA.

______________________________________________________________________

179. Ainda que o empreendimento ou a atividade potencialmente


poluidora tenham sido licenciados pelo órgão ambiental federal, poderão
ser fiscalizados pelo municipal.

CERTO. Item em conformidade com o §3º do artigo 17 da LC 140/2011:


“§ 3o O disposto no caput deste artigo não impede o exercício pelos entes
federativos da atribuição comum de fiscalização da conformidade de
empreendimentos e atividades efetiva ou potencialmente poluidores ou
utilizadores de recursos naturais com a legislação ambiental em vigor,
prevalecendo o auto de infração ambiental lavrado por órgão que detenha
a atribuição de licenciamento ou autorização a que se refere o caput.”

______________________________________________________________________

Sobre o Sistema Nacional de Unidades de Conservação e Áreas de


Preservação Permanente, julgue os itens, considerando as
disposições da Lei n.º 9.985/00:

180. O licenciamento de atividade potencialmente causadora de


degradação do meio ambiente prescinde, na esfera federal, de autorização

179
do ICMBio, salvo se se tratar de unidade de conservação de proteção
integral.

ERRADO. Item em desconformidade com o art. 36, §3º, da Lei 9.985/2000:


“Quando o empreendimento afetar unidade de conservação específica ou
sua zona de amortecimento, o licenciamento a que se refere o caput deste
artigo só poderá ser concedido mediante autorização do órgão responsável
por sua administração, e a unidade afetada mesmo que não pertencente
ao grupo de proteção integral, deverá ser uma das beneficiárias da
compensação definida neste artigo”. Conforme Frederico Amado: “Assim,
por exemplo, se o IBAMA estiver licenciando uma atividade que possa
afetar uma unidade de conservação federal, caberá ao ICMBio autorizar a
concessão da licença ambiental”.

______________________________________________________________________

181. O manejo sustentável para exploração florestal eventual, limitada a


vinte metros cúbicos, sem propósito comercial e para consumo no próprio
imóvel, independe de autorização dos órgãos competentes.

CERTO. Item em conformidade com o art. 23 do Novo Código Florestal: “O


manejo sustentável para exploração florestal eventual sem propósito
comercial, para consumo no próprio imóvel, independe de autorização dos
órgãos competentes, devendo apenas ser declarados previamente ao órgão
ambiental a motivação da exploração e o volume explorado, limitada a
exploração anual a 20 (vinte) metros cúbicos”.

______________________________________________________________________

182. É vedado o cômputo das áreas de preservação permanente no


cálculo do percentual da reserva legal do imóvel.

ERRADO. Item em desconformidade com o art. 15 do Novo Código


Florestal: “Art. 15. Será admitido o cômputo das Áreas de Preservação
Permanente no cálculo do percentual da Reserva Legal do imóvel, desde

180
que: I - o benefício previsto neste artigo não implique a conversão de novas
áreas para o uso alternativo do solo; II - a área a ser computada esteja
conservada ou em processo de recuperação, conforme comprovação do
proprietário ao órgão estadual integrante do Sisnama; e III - o proprietário
ou possuidor tenha requerido inclusão do imóvel no Cadastro Ambiental
Rural - CAR, nos termos desta Lei”.

______________________________________________________________________

183. A reserva de biosfera não está prevista expressamente na lei que


instituiu o SNUC, embora seja um modelo adotado internacionalmente.

ERRADO. Item em desconformidade com o artigo 41 da Lei 9.985/00: “Art.


41. A Reserva da Biosfera é um modelo, adotado internacionalmente, de
gestão integrada, participativa e sustentável dos recursos naturais, com os
objetivos básicos de preservação da diversidade biológica, o
desenvolvimento de atividades de pesquisa, o monitoramento ambiental, a
educação ambiental, o desenvolvimento sustentável e a melhoria da
qualidade de vida das populações.”

______________________________________________________________________

Julgue os itens que seguem, sobre responsabilidade por danos


ambientais e licenciamento ambiental:

184. Considere que a empresa Polui o Mundo S/A. tenha sido


condenada, em ação civil pública ajuizada pelo Município de Fortaleza, a
prestar obrigação de fazer e não fazer, bem como a pagar indenização por
danos ambientais, em razão de ter sido responsável por derramamento
de dejetos no Rio Cocó. Nessa situação, se a empresa restar insolvente
em relação à obrigação pecuniária, é possível a desconsideração de sua
personalidade jurídica, desde que haja ocorrido abuso da personalidade
jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão

181
patrimonial, bem como requerimento do município ou do Ministério
Público.

ERRADO: Em Direito Ambiental, a desconsideração da personalidade


jurídica é operacionalizada pela teoria menor, bastando, portanto, que a
personalidade jurídica do infrator seja óbice à compensação do dano.
Aplica-se, pois, o art. 28, §5º, do CDC. Cuidado com o tema, pois tem sido
reiteradamente cobrado em provas CESPE!
______________________________________________________________________

185. Considere que Zé Desmatador, proprietário de terras rurais, tenha


suprimido vegetação situada em área de preservação permanente. Nessa
situação, caso o espaço desmatado seja alienado, o novo proprietário
poderá ser demandado em ação cível destinada a repará-lo, mesmo que
esteja de boa-fé e que inexista nexo de causalidade entre o dano
ambiental e algum comportamento seu.

CERTO: A doutrina e o STJ são unânimes em afirmar que o dever de


reparar o dano ambiental conforma obrigação propter rem, acompanhando,
por isso, o bem ambiental, independente de quem seja o proprietário atual
do imóvel deteriorado. Afirma-se, ainda, que tal dever de reparação não
depende de boa ou má-fé do atual proprietário, ou que haja nexo causal
com algum comportamento seu.
______________________________________________________________________

186. Considere que a empresa Cava Fundo S/A tenha obtido licença
prévia e de instalação, para explorar gás xisto em determinada região do
país. Nessa situação, caso sobrevenha a constatação de que o
empreendimento causará graves danos ambientais, as licenças
concedidas devem ser canceladas, mas não será possível a
responsabilização administrativa da empresa, desde que atendidas, até
então, as exigências previstas nesses atos.

182
CERTO: Muito cuidado com as modalidades de responsabilização
ambiental, que, em suma, podem ser CIVIL, ADMINISTRATIVA e PENAL. A
responsabilidade administrativa decorre do dever de observância às
condicionantes impostas pelos órgãos ambientais, especialmente nas
licenças. Caso obedecidas, o empreendimento NÃO poderá ser
administrativamente responsabilizado, com a imposição de multas, mesmo
que sobrevenham prejuízos ambientais. Todavia, a isenção na esfera
administrativa NÃO isenta o empreendimento em relação às
responsabilidades civil e penal.
______________________________________________________________________

187. A concessão de licença de operação não impede que o Município de


Fortaleza ajuíze ação civil pública contra o empreendimento licenciado,
visando à reparação do meio ambiente, caso sobrevenham danos
ambientais, ainda que obedecidas as condicionantes previstas nessa
licença.

CERTO: Os comentários ao item anterior se aplicam a este.

______________________________________________________________________

Em relação aos princípios ambientais, julgue os itens que seguem:

188. O princípio do poluidor-pagador pode ser aplicado mesmo nos casos


em que o dano ambiental já tenha ocorrido, pois seu alcance não se
restringe à órbita preventiva.

CERTO: O princípio do poluidor-pagador manifesta-se em duas vertentes:


preventiva e repressiva. Ainda que seja preferível a primeira perspectiva,
uma vez ocorrido o dano ambiental, é possível a compensação pecuniária
com base no mencionado princípio.

______________________________________________________________________

183
189. O princípio do usuário-pagador é uma punição ao mau usuário,
que, incorrendo em faltas ou infrações, deve reparar as lesões ao meio
ambiente.

ERRADO: O princípio do usuário-pagador tem fundamento na


racionalização do uso de bens naturais. Não ostenta, portanto, natureza
punitiva. Questão clássica, por isso, CUIDADO!

______________________________________________________________________

190. O princípio da precaução limita-se aos casos de riscos graves e


irreversíveis, e não a riscos de qualquer intensidade, pois, se assim fosse,
inviabilizaria o desenvolvimento científico e econômico.

CERTO: Questão polêmica! O gabarito se sustenta na lição de Romeu


Thomé, “a aplicação do princípio da precaução deve ainda limitar-se aos
casos de riscos graves e irreversíveis, e não a riscos de qualquer natureza
(o que inviabilizaria o próprio desenvolvimento científico e econômico)”.

______________________________________________________________________

O Município de Fortaleza pretende estabelecer diretrizes para a


elaboração e aprovação de projetos urbanísticos para unidades
autônomas, com o fim de regular a instituição dos denominados
condomínios fechados em seu território.

Diante dessa situação, julgue os itens a seguir:

191. O plano diretor pode ser previsto em lei ordinária ou em lei


complementar. Nem a Constituição Federal nem o Estatuto da Cidade
preveem forma especial para a aprovação do plano diretor, de modo que
a questão será decidida no âmbito da lei orgânica de cada Município.
184
Com efeito, o plano diretor somente deverá ser aprovado por lei
complementar caso haja previsão específica na Lei Orgânica respectiva.
CERTO.

Comentários:

Inicialmente, cumpre salientar que o plano diretor é o instrumento


principal do planejamento urbanístico municipal. Conforme dispõe o artigo
182, §2º, da CF/88, a propriedade urbana cumprirá a sua função social
quando atender às disposições expressas no plano diretor. O Estatuto da
Cidade não existe forma qualificada para editar plano diretor. Assim,
basta a edição de uma lei ordinária, salvo no caso da lei orgânica do
município exigir lei complementar.

______________________________________________________________________

192. A lei orgânica de Fortaleza exige que plano diretor seja veiculado
através de lei complementar.
CERTO.

Comentários:
Conforme redação do artigo 45, III, da Lei Orgânica do Município de
Fortaleza, o plano diretor deve ser veiculado por meio de lei complementar.

______________________________________________________________________

193. A positivação do regramento sobre a elaboração e aprovação de


projetos urbanísticos para unidades autônomas, segundo o STF, apenas
poderá ser feita por meio de revisão do plano diretor municipal.
ERRADO.

185
Comentários:

Sabe-se que o processo de elaboração do plano diretor conta com


algumas fases específicas (Lei n. 10.507/01, art. 40, § 4º), como, por
exemplo, a promoção de audiências públicas e debates com a participação
da população e de associações representativas dos vários segmentos da
comunidade.

Havia intensa discussão se questões relativas a programas e


projetos específicos de ordenamento urbano deveriam ser tratadas
diretamente no plano diretor, com a consequente submissão às fases
previstas no art. 40, § 4º, ou se poderiam ser reguladas em leis específicas.

Sobre a estipulação de diretrizes para a elaboração e aprovação de


projetos urbanísticos para unidades autônomas, com o fim de regular a
instituição dos denominados condomínios fechados, o STF decidiu a
questão em sede de repercussão geral (Recurso Extraordinário n.
607.940/DF).

O Ministério Público do Distrito Federal questionava a


constitucionalidade da Lei Complementar 710/2005 do Distrito Federal,
que estabelece regras para a criação de condomínios fechados, alegando
ofensa ao art. 182, §§ 1º e 2º, da CRFB, uma vez que, por se tratar de
matéria relativa ao ordenamento territorial, as diretrizes para a elaboração
de unidades autônomas somente poderiam ser previstas no Plano Diretor
distrital.

O STF negou provimento ao extraordinário por maioria, fixando a


seguinte tese:

186
“os municípios com mais de 20 mil habitantes e o
Distrito Federal podem legislar sobre programas e
projetos específicos de ordenamento do espaço urbano,
por meio de leis compatíveis com as diretrizes fixadas
no plano diretor”.

Com efeito, o STF entendeu pela possibilidade de regulação dessa


matéria por lei específica que não o plano diretor. Não obstante o Plano
Diretor ser o instrumento legal responsável por ditar a atuação do
Município ou do Distrito Federal quanto ao ordenamento urbano, traçando
suas linhas gerais, a sua execução pode se dar mediante a expedição de
outras leis e decretos, desde que guardem conformidade com o Plano
Diretor.

O Tribunal entende que a Constituição não estabelece uma


exclusividade do plano diretor para a regulação de toda e qualquer matéria
de ordenamento urbano. O plano deve estabelecer as normas gerais,
contudo nada impede que determinadas matérias de ordenamento urbano
sejam previstas em leis específicas compatíveis com o plano diretor.
Errada, portanto, a questão.
______________________________________________________________________

194. O plano diretor possui assento constitucional e cinge-se às normas


físico-territoriais.
ERRADO.

Comentários:
Importante salientar que o Estatuto da Cidade adota uma concepção
constitucional de plano diretor, que é de gestão não se cingindo a
planejamento físico-territorial. Nos termos da CF/88 cabe ao plano diretor
definir a função social da propriedade urbana, bem como o §4º do artigo

187
182 da CF introduziu a possibilidade de parcelamento, utilização e/ou
edificação compulsórios para áreas identificadas em lei de acordo com o
Plano Diretor. Necessário, assim, diferenciar planos diretores de gestão,
dos planos diretos físico-territoriais.

Atualmente, para além das normas de controle urbanístico


decorrentes do exercício do poder de polícia (altura, recuos, zoneamento,
taxas de ocupação, etc.), os planos diretores dispõem sobre o conteúdo da
função social a ser cumprida pelos imóveis e é o instrumento mais
importante ao pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e
garantia do bem-estar dos seus habitantes.

______________________________________________________________________

195. A regularização fundiária não é considerada uma diretriz da política


urbana disposta no Estatuto da Cidade. Por outro lado, a integração e
complementaridade entre as atividades urbanas e rurais, tendo em vista
o desenvolvimento socioeconômico do Município e do território sob sua
área de influência é consagrada como uma diretriz da política urbana.
ERRADO.

Comentários:

A regularização fundiária é considerada uma diretriz da política


urbana disposta no Estatuto da Cidade, conforme disposição do artigo 2º,
XIV, do Estatuto da Cidade, o que torna a questão incorreta. Nada
obstante, a segunda parte da alternativa encontra-se correta.

______________________________________________________________________

188
Sobre o patrimônio cultural, analise os seguintes itens:

196. Cabe à União, exclusivamente no exercício da sua competência,


preservar, conservar, fiscalizar e controlar o uso do patrimônio
espeleológico brasileiro.
ERRADO.

Comentários:

Inicialmente, cumpre destacar que o patrimônio espeleológico é o


conjunto de elementos bióticos e abióticos, socioeconômicos e histórico-
culturais, subterrâneos ou superficiais, representados pelas cavidades
naturais subterrâneas ou a estas associadas, ressaltando que as
cavidades naturais subterrâneas existentes no território nacional
constituem bem da União (artigo 20, X, da CF/88).
Trata-se de competência COMUM (artigo 23 da CF), cabendo à União,
aos Estados, ao DF e aos Municípios preservar, conservar, fiscalizar e
controlar o uso do patrimônio espeleológico brasileiro. Incorreta, portanto,
a questão.

______________________________________________________________________

197. Os modos de criar e de fazer enraizados no cotidiano de


comunidades, a exemplo de técnicas tradicionais de construção naval,
integram o patrimônio cultural brasileiro, sendo, portanto, o meio idôneo
para a sua proteção o registro.
CERTO.

189
Comentários:

Segundo disposto no artigo 216 da CF/88, também os bens


imateriais portadores de referência à identidade do povo brasileiro são
patrimônio cultural, como as formas de expressão; os modos de criar, fazer
e viver e as criações científicas, artísticas e tecnológicas. O meio idôneo de
proteção não é o tombamento, mas sim o registro, regulamentado pelo
Decreto 3.551/2000, uma vez que são bens intangíveis. Correta a questão.

______________________________________________________________________

Sobre a tutela da ordem jurídico-urbanística, julgue o item


seguinte:

198. A ordem urbanística encontra guarida na Lei de Ação Civil Pública,


sendo possível, inclusive que haja o ajuizamento de ação cautelar para
evitar objetivando evitar dano à ordem urbanística ou aos bens e direitos
de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico.
CERTO.

Comentários:

Literalidade do artigo 1º, VI, c/c artigo 4º, caput, da Lei 7.347/85.
______________________________________________________________________

A outorga onerosa é uma exceção que o Poder Público permite a um


particular de construir acima do coeficiente de aproveitamento
previsto na área em que se situa o imóvel desde que este particular,
em contrapartida, faça uma prestação em prol do desenvolvimento
das funções sociais da cidade e do bem-estar de seus habitantes.

190
Sobre esse tema, julgue os próximos itens:
199. Nada obstante a outorga onerosa seja usada primordialmente pelos
Municípios, nada impede que o Estado Membro, excepcionalmente,
venha a instituir a cobrança mediante previsão em planos regionais de
ordenação do território, desde que esses se amoldem à sua competência
legal.
ERRADO.

Comentários:

A alternativa trata do instituto da outorga onerosa do direito de


construir, previsto no art. 28 do Estatuto da Cidade: “O plano diretor
poderá fixar áreas nas quais o direito de construir poderá ser exercido
acima do coeficiente de aproveitamento básico adotado, mediante
contrapartida a ser prestada pelo beneficiário”.
Conforme se extrai da definição legal, pode-se afirmar em síntese
que a outorga onerosa consiste no preço pago pelo particular para a
construção acima do coeficiente básico de aproveitamento previsto.
Tendo em vista que a construção acima do coeficiente básico tem o
potencial de afetar o equilíbrio urbano da área, os recursos auferidos
devem ser necessariamente direcionados para o atendimento das
finalidades urbanísticas em prol das funções sociais da cidade previstas
taxativamente no art. 26 do Estatuto da Cidade, a exemplo da implantação
de equipamentos urbanos e comunitários.
Saliente-se que, nada obstante a CF/ 88 tenha atribuído ao
Município a função precípua de ordenar a ocupação do solo (art. 30, VIII),
a União e os Estados também possuem competências relacionadas ao
direito urbanístico, sendo a matéria, inclusive, de competência legislativa
concorrente entre Estados e União.
Entretanto, a alternativa é ERRADA, tendo em vista que o artigo 28
do Estatuto da Cidade é expresso ao remeter a previsão de áreas passíveis

191
de outorga onerosa ao plano diretor – competência legislativa exclusiva do
município. Ademais, o art. 30 condiciona as condições da outorga onerosa
à edição de lei municipal específica, levando à conclusão de que apenas os
municípios podem instituir o referido instrumento.
Por último, a assertiva também está errada atribuir ao Estado à
elaboração de planos de ordenação regionais, uma vez que se trata de
competência da União, em razão do artigo 21, IX, da CF/88.

“Art. 21. Compete à União: IX - elaborar e executar


planos nacionais e regionais de ordenação do território
e de desenvolvimento econômico e social”.
______________________________________________________________________

200. A doutrina não é pacífica acerca da natureza da contrapartida à


outorga, entretanto o STF já decidiu que a cobrança não tem natureza
tributária, tratando de forma de compensação financeira pelo ônus
causado em decorrência da sobrecarga da aglomeração urbana. Ademais,
A lei municipal pode prever hipóteses de isenção da outorga onerosa,
independentemente da necessidade de se observar os requisitos de
renúncia de receita da Lei de Responsabilidade Fiscal, ainda que a
isenção seja específica.
CERTO.

Comentários:

Existe divergência na doutrina quanto à natureza jurídica da


contrapartida à outorga. Uma primeira corrente defende se tratar de
tributo, na modalidade taxa de polícia. De outro lado, há corrente que
defende se tratar de preço público. Em favor da primeira corrente José
Santos Carvalho Filho afirma que “inexiste propriamente negócio jurídico
que possa dar lugar a preço público, de modo que a contrapartida tem

192
natureza tributária, mais especificamente a de taxa em virtude do exercício
do poder de polícia fiscalizatório pelo governo municipal. Ainda que a lei
possa estabelecer outra forma de contrapartida que não seja o pagamento
em pecúnia, é de se considerar que a lei terá admitido mecanismo de
novação, em que a pecúnia fica substituída por outra forma de
compensação.” (CARVALHO FILHO, José dos Santos. Comentários ao
Estatuto da Cidade. Rio de Janeiro: Lumem Juris, 3ª Ed., 2009, p. 213).
Outros doutrinadores opinam pela natureza de preço público, na
medida em que o interessado estará adquirindo o direito ao solo criado ou
à alteração do uso do solo (EROS ROBERTO GRAU, Direito Urbano, RT,
1983, p. 82).
O STF adotou esse último entendimento, decidindo que a
contrapartida retrataria mero ônus, como vínculo imposto à vontade do
proprietário, por seu interesse em construir acima do coeficiente básico, de
modo que o não cumprimento da obrigação apenas o impediria de
implementar a construção além dos limites regulares.

“Tributário. Parcela do solo criado: Lei municipal nº


3.338/89. Natureza jurídica. 1. Não é tributo a chamada
parcela do solo criado que representa remuneração ao
Município pela utilização de área além do limite da área
de edificação. Trata-se de forma de compensação
financeira pelo ônus causado em decorrência da
sobrecarga da aglomeração urbana. 2. Recurso
extraordinário a que se nega provimento. (REXT
226942/SC, 1ª turma, Rel. Min. Menezes Direito,
julgado em 21/10/2008).

Sobre a segunda parte da alternativa, o art. 30 do Estatuto da


Cidade prevê a possibilidade de conceder-se isenção à contrapartida em
determinados casos. A Lei de Responsabilidade Fiscal exige em seu art.

193
14 determinadas condições para a renúncia de receitas tributárias sempre
que for instituído beneficio que institua tratamento diferenciado entre
contribuintes. Contudo, o art. 14 não alcança renúncia de receitas
de natureza não tributária, tal como o preço público. Portanto, tendo
em vista o entendimento do STF acima detalhado, é possível concluir pela
não incidência da norma à isenção de outorga onerosa. CUIDADO: os
autores que defendem a natureza tributária da contraprestação entendem
aplicável a limitação de renúncia tributária da LRF. Para provas objetivas
prevalece a posição externada pelo STF e tribunais superiores.

194

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