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Cooperativismo e Sindicalismo
FORMAÇÃO
TÉCNICA
Associativismo,
Cooperativismo e
Sindicalismo
Brasília, 2015
S474c SENAR – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural.
Curso técnico em agronegócio: associativismo, cooperativismo e sindicalis-
mo / Serviço Nacional de Aprendizagem Rural ; Programa Nacional de Acesso
ao Ensino Técnico e Emprego, Rede e-Tec Brasil, SENAR (Organizadores). –
Brasília : SENAR, 2015.
126 p. : il. (SENAR Formação Técnica)
ISBN: 978-85-7664-093-6
Inclui bibliografia.
Tema 2: Cooperativismo–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 39
Tema 3: Sindicalismo––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 93
Referências Bibliográficas––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––125
• Estou em busca de mais oportunidades? Para quê? Para o trabalho? Para a comunidade?
Dizem que não são as respostas que movem o mundo, e sim as perguntas. Na verdade, os
desafios moram nas perguntas, e não nas respostas.
Na figura a seguir, você pode analisar um esquema que representa as relações sistêmicas de
cooperação para o desenvolvimento sustentado com qualidade de vida. Tente se enxergar
nas descrições de cidadãos, profissionais e pessoas.
Empresa
Políticas públicas Cooperativas Valores
Individual
Movimentos Participação
Sindicatos Assistência
sociais
técnica Cooperação
Pesquisa
ONG’s
Crédito Solidariedade
MSTR Tecnologia
Insumos Democracia
Dimensões Capacitação
Produtos Respeito às
Igrejas Defesa de diferenças
direitos
Primários
Armazenamento
Desenvolvimento
Sustentável
Mercado
Qualidade de vida
Área estratégica
de Atuação
As diferenças entre as pessoas sempre existirão, mas como podem ser minimizadas?
Contratos formais são escritos, e, em alguns casos, o seu registro é exigido. Esses contratos
também são chamados de “contratos solenes”. Por exemplo, um contrato de compra e venda
ou de trabalho. Os informais podem ou não ser escritos, mas não seguem as exigências de um
contrato formal, portanto têm menos garantias.
Cidadãos
Quem são os cidadãos? Os cidadãos são pessoas que convivem em uma sociedade e devem
conhecer e exercer seus direitos e deveres, que interferem na vida de toda a sua sociedade.
Algumas vezes, esses direitos e deveres são incentivados pelas políticas públicas, pelos
conselhos, pelas organizações não governamentais – ONGs, pelos movimentos sociais, (como o
Movimento dos Sem Terra – MST), além das variadas associações e igrejas que existem.
Profissionais
Para a busca da qualidade de vida, as pessoas – que também são cidadãos – podem atuar
como profissionais para o alcance dos seus objetivos materiais. Nesse caso, podem atuar
individualmente ou por meio de sociedades, cooperativas, associações e sindicatos.
A opção dos profissionais para o trabalho em uma organização poderá facilitar o acesso a
aquisição de insumos, crédito, assistência técnica, pesquisa, tecnologia, capacitação e defesa dos
direitos.
Os produtos do trabalho poderão ser utilizados de forma primária (crua ou bruta) ou poderão
ser beneficiados/transformados, e, em conjunto, facilitar a comercialização para o acesso ao
mercado. Um exemplo são as agroindústrias e o armazenamento comunitário em cooperativas.
No decorrer de nossas aulas, você vai estudar as formas mais comuns de organizações
coletivas de cidadãos e entender como o associativismo, o cooperativismo e o sindicalismo
podem colaborar para o alcance de melhor qualidade de vida.
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Antes de conferir os objetivos de aprendizagem desta unidade curricular e de seguir para o
Tema 1, pare um minuto, reflita e responda:
Associativismo
Você sabe por que as pessoas se associam em grupos? Será que o “associativismo” é apenas
um termo que os administradores criaram na atualidade ou ele reflete um fenômeno social
que sempre existiu?
Com a união de esforços, as pessoas com o mesmo interesse buscam o alcance de seus
objetivos de maneira mais forte e efetiva.
Fonte: Shutterstock
Interessante, não? Ao final deste tema, espera-se que você desenvolva as seguintes
competências:
• conhecer os principais tipos de associativismo;
13
Fonte: Shutterstock
Ou seja, há uma grande diversidade de interesses nas sociedades, sejam interesses individuais
ou de grupos.
Para facilitar e apoiar a convivência com essas diferenças e diversidades, as pessoas podem
se associar de várias maneiras:
• associações (de profissionais, de trabalhadores ou de produtores rurais, religiosas,
políticas, comerciais);
• associações filantrópicas;
• grupos informais, como pessoas que se unem para uma viagem, um mutirão ou por
motivos religiosos;
E como isso funciona na nossa lei? Fazendo um exercício de Direito comparado, podemos
perceber que a livre associação é um direito em vários países.
Direito comparado
Chamamos de “Direito comparado” o estudo das diferenças e das semelhanças entre as leis de
diferentes países. Ganhou muita ênfase atualmente com a globalização e a democratização dos
sistemas de informação por meio da internet.
Ele envolve o estudo dos diferentes sistemas jurídicos existentes no mundo, incluindo o Direito
comum, os direitos civil e socialista, a lei islâmica, a lei hindu e a lei chinesa, e até mesmo onde
não há comparação explícita.
A Convenção Europeia dos Direitos Humanos aprovada convenciona que “qualquer pessoa
tem direito à liberdade de reunião pacífica e à liberdade de associação, incluindo o direito de,
com outrem, fundar e filiar-se em sindicatos para a defesa dos seus interesses.”
3. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação nem coagido por
qualquer meio a permanecer nela.
Comentário do autor
Na Constituição brasileira de1934, também já constava, em seu artigo 113, que “é garantida
a liberdade de associação para fins lícitos, nenhuma associação será compulsoriamente
dissolvida senão por sentença judiciária.”
E a Constituição Federal de 1988, ainda em vigor, ampliou os direitos associativos das pessoas,
permitindo a livre manifestação das associações.
Fonte: Shutterstock
Segundo o Sebrae, “além de ser viável economicamente, um negócio social existe para bus-
car solução a uma questão social.”
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O maior objetivo do negócio social é diminuir as desigualdades sociais, não sendo o lucro
seu propósito principal.
'
uma grande empresa. A empresa se compromete a auxiliar na sua instalação e a
adquirir os produtos.
Pode, também, ser considerado como negócio social o Fair Trade, ou, em português, “Comércio
Justo”. É uma alternativa em relação ao sistema tradicional comércio.
Fonte: Shutterstock
Você conhece algum empreendimento social em sua região? Descreva como ele
funciona, quem o apoia e quem são os beneficiados.
p Como sugestão, pesquise sobre o Fair Trade. Há várias empresas no Brasil que
atuam com esse mercado e podem ser localizadas por uma busca na internet.
Muitas empresas que trabalham com produtores rurais dão preferência para os
que são organizados em associações ou cooperativas.
Outra ação, o Programa de Aquisição de Alimentos – PAA, tem como objetivos principais 19
promover o acesso à alimentação e incentivar a agricultura familiar.
Dica
' Lembre-se de que no Ambiente Virtual de Aprendizagem – AVA você tem acesso
a links e vídeos complementares aos assuntos tratados na unidade curricular!
O objetivo de se viver em grupo era combater Ginásios para a prática de esporte, cultura
inimigos em comum (predadores, fome, frio, física e grupos com fim educador de onde se
busca por abrigo) e sobreviver mais facilmente. originaram os Jogos Olímpicos.
No Brasil, a partir do século XIX, quando o grupo desejasse criar uma associação religiosa,
científica, beneficente, profissional ou para qualquer outro fim, seria obrigado a ter licença
na delegacia mais próxima, e o material escrito deveria ser enviado à Secção de Negócios 21
do Império do Conselho de Estado, sendo que, somente depois de analisado, poderia ser
liberado.
O Decreto nº 2.711 e a Lei nº 1.083, ambos de 1860, orientavam sobre a criação das sociedades,
incluindo as associações, com a aprovação do seu estatuto e dos demais documentos – tudo
era controlado pelo governo.
Link
A No AVA você encontra o Decreto nº 2.711 de 1860 e as demais leis citadas aqui
na apostila. Acesse e confira!
Comentário do autor
No mundo moderno, qualquer produto faz parte de uma cadeia produtiva, em que cada
indivíduo é responsável por uma parte do processo. É como uma engrenagem: se um para ou
danifica, afeta os outros.
Qualquer situação na cadeia produtiva, tanto positiva como negativa, afeta todos os setores
envolvidos, mesmo os que não fazem parte direta do processo.
Dica
'
rural que vendeu o produto, continuando o processo negativo na cadeia.
• G7 – atualmente, Grupo dos Sete – é um grupo que reúne os sete países mais industrializados
e desenvolvidos economicamente do mundo. Todos os países fundadores são nações
democráticas: Estados Unidos, Alemanha, Canadá, França, Itália, Japão e Reino Unido. Com
a exclusão da Rússia, o G8 passou a ser G7;
• Brics – é um grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, chamados
de “países emergentes”, que busca atuação conjunta para pêr em prática e desenvolver
projetos, mas não é reconhecido como um bloco econômico oficial, pois não possui
estatuto ou registro formal.
ÁFRICA
BRASIL RUSSIA INDIA CHINA
DO SUL
Fonte: Adaptada Shutterstock
Link 23
A Quer saber mais sobre o Mercosul? Acesse: www.mercosul.gov.br
O produtor rural, que é o responsável pela produção dos alimentos primários, deveria ter
mais consciência da força que aplica na economia.
Fonte: Shutterstock
Dica
' Não se esqueça: no AVA você tem acesso a links e vídeos complementares aos
assuntos tratados na unidade curricular!
Uma das formas de participar das discussões na sua comunidade é por meio das associações
de produtores, das associações comunitárias e de outras entidades representativas,
encaminhando um plano de ação ou projeto e participando dos conselhos municipais de
saúde e de educação, do Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentado – CMDRS,
do conselho tutelar, entre outros, de acordo com as necessidades da comunidade, para
solucionar ou minimizar problemas apresentados.
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Vale lembrar, também, dos conselhos de interesse público, que são paritários entre governo
e sociedade, ou seja, por meio de suas entidades representativas, têm o mesmo número de
votos. Contudo, os conselhos criados pelas instituições ou empresas privadas não precisam
seguir essa regra, e sua composição depende do interesse da empresa ou instituição.
p
são discutidas ações para atender aos pequenos produtores, como financiamentos
do Pronaf, o Programa de Aquisição de Alimentos – PAA, a Declaração de Aptidão ao
Pronaf – DAP, entre outras, e participe com suas opiniões.
Já vimos que a Constituição define a plena liberdade de associação e que ninguém poderá
ser obrigado a se associar ou a permanecer associado. Porém, a concessão de um benefício
público não pode ser condicionada à exigência de que a pessoa seja filiada em associação,
como, por exemplo, a inscrição da DAP, financiamentos, previdência social, entre outras.
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Fonte: Shutterstock
A maior parte dos programas sociais públicos, como o PAA, da Conab, prevê a participação
dos produtores por meio de suas entidades associativas, mas também individualmente,
diretamente pelo produtor.
• se a associação tiver por objetivo a assistência social, atender ao previsto na Lei Orgânica
da Assistência Social – LOAS e nas Resoluções do Conselho Nacional de Assistência Social
– CNAS;
• ser constituídas por pessoas físicas e/ou jurídicas (empresas), com dois ou mais sócios;
• definir, em seu estatuto, sobre a responsabilidade dos sócios, que, em casos omissos,
poderão ser responsabilizados;
É importante lembrar que uma associação, ou qualquer empresa no Brasil, só poderá exercer
as atividades previstas no seu estatuto ou contrato social (no caso de empresas), que deverão
constar nas informações cadastrais do seu Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica – CNPJ.
Link
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CÓDIGO E DESCRIÇÃO DA ATIVIDADE ECONÔMICA PRINCIPAL
Para o gozo da imunidade tributária, as instituições citadas em “b” e “c” estão obrigadas a
atender aos seguintes requisitos:
a) não remunerar, por qualquer forma, seus dirigentes pelos serviços prestados, exceto no
caso de Organização da Sociedade Civil de Interesse Público – Oscip, em que a legislação
prevê a possibilidade de se instituir remuneração para os dirigentes da entidade que atuem
efetivamente na gestão executiva e para aqueles que a ela prestam serviços específicos;
d) conservar em boa ordem, pelo prazo de cinco anos, contado da data da emissão, os
documentos que comprovem a origem de suas receitas e a efetivação de suas despesas,
bem assim a realização de quaisquer outros atos ou operações que venham a modificar
sua situação patrimonial;
g) não distribuir qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a qualquer título;
Dica
' Lembre-se de que no AVA você tem acesso a links e vídeos complementares aos
assuntos tratados na unidade curricular!
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Assim, é importante que o grupo interessado discuta bastante o estatuto da sua futura
associação antes da sua aprovação em Assembleia Geral Constitutiva, principalmente com
relação à finalidade da entidade e à sua forma de gestão e eleição da diretoria e dos conselhos.
Esclareça e discuta todos os itens do estatuto, de modo que todos os sócios tenham acesso
(cópia) ao estatuto, conhecendo seus direitos e deveres na associação.
Leitura complementar
Para tanto, deve ser cumprido um rito de constituição previsto na legislação, conforme o
passo a passo:
• o grupo interessado deve fazer o convite à comunidade para a realização da assembleia
de fundação por meio de edital, em que devem constar data, horário, local, assuntos
(leitura, discussão e aprovação do estatuto, eleição e posse dos membros da diretoria e do
conselho fiscal ou outros órgãos, conforme preveja o estatuto);
• elaborar a ata que deve ser assinada e rubricada por todos os presentes, em todas as
folhas. Nessa ata, deverão ser inscritos os sócios fundadores, com nome completo (sem
abreviar), CPF ou CNPJ (para empresas), identidade, endereço, profissão, estado civil, além
de outros dados que possam identificar o associado;
• de acordo com a Lei nº 8.906, de 4 de julho de 1994, em seu art. 1º, § 2º, “os atos e
contratos constitutivos de pessoas jurídicas, sob pena de nulidade, só podem ser admitidos
a registro, nos órgãos competentes, quando visados por advogados”. Assim, um advogado
deve dar um visto na ata e no estatuto constitutivo da associação;
• solicitar cadastro junto à Receita Federal do Brasil para obtenção do CNPJ, após registro de
seu Estatuto em Cartório;
• caso venha utilizar a DAP Jurídica ou Inscrição Coletiva, deverá ser providenciada a inscrição
na Secretaria Estadual da Fazenda;
A associação deve definir com clareza qual é o seu púbico constitutivo, ou seja, qual é a
característica de seus sócios, como, por exemplo, se é de pequenos, médios ou grandes
produtores ou da agricultura familiar, ou de apicultores, ou de moradores de uma determinada
comunidade, e assim por diante. 33
Fonte: Shutterstock
Vale lembrar que as condições para as pessoas se associarem e quanto à área de atuação
devem ser explícitas no estatuto, podendo ser em uma determinada comunidade, região,
município ou vários municípios, estado ou em todo país, desde que a estrutura da associação
tenha condições de atendimento.
• facilita o contrato em grupo dos produtores com empresas que comercializam produtos
agropecuários, como supermercados e sacolões, pela escala de produção e programação
de entrega dos produtos;
Dica
' Lembre-se de que no AVA você tem acesso a links e vídeos complementares aos
assuntos tratados na unidade curricular!
Encerramento do Tema
Parabéns! Você está concluindo o primeiro tema deste curso, que trata sobre associativismo.
No próximo tema, você verá como as pessoas podem se organizar em cooperativas, além das
vantagens e das limitações atreladas a essa decisão.
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Depois que realizar as atividades de aprendizagem, você poderá começar a se sentir bem-
vindo ao cooperativismo!
Atividade de aprendizagem
1. Qual destas atividades não é considerada associativa?
c) Empreendedor individual.
d) Cooperativa.
e) Horta comunitária.
a) No escritório de contabilidade.
c) Na Prefeitura.
d) No escritório do advogado.
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Fonte: Shutterstock
Vamos ao tópico 1?
Diante dessa crise, surgiram lideranças que criaram associações de caráter assistencial. Essa
experiência não teve resultado positivo na atenuação da situação econômica dos trabalhadores
e ainda manteve pessoas ociosas nas ruas.
Comentário do autor 41
Alguns anos de problemas socioeconômicos se passaram sem soluções para
Esse modelo de reunião cooperativa teve início com a reunião de 28 cidadãos ingleses, em
sua maioria tecelões, que se reuniram para discutir e avaliar suas ideias sobre alternativas de
empreendimentos viáveis que não repetissem as falhas do modelo capitalista de gestão.
Nascia a Sociedade dos Probos de Rochdale, conhecida como a primeira cooperativa moderna
do mundo. Ela criou os princípios morais e a conduta que são considerados, até hoje, a base
do cooperativismo. Em 1848, já eram 140 membros, e, 12 anos depois, chegou a ter 3.450
sócios com um capital de 152 mil libras.
Destas, 1.597 são de cooperativas agropecuárias, com cerca de um milhão de cooperados, com
um faturamento, em 2014, de mais de R$ 100 bilhões e representando mais de 10% do PIB do
agronegócio, com 152 mercados de destino, sendo responsáveis por 6% das exportações do
agronegócio brasileiro
O círculo é uma figura geométrica que não tem começo nem fim, simbolizando
a eternidade do cooperativismo.
...
...
A escrituração é completa,
Contabilidade Escrituração simplificada. com todas as demonstrações
contábeis.
A comercialização é feita
diretamente pela cooperativa.
As cooperativas podem tomar e
A comercialização é feita repassar créditos aos produtores
Comercialização diretamente pelo associado, rurais e podem operar com
assessorado pela associação instrumentos públicos de política
agrícola, como aquisições do
governo federal, além de poder 45
tomar empréstimos.
...
I - Ética é uma palavra de origem grega (ethos), que significa “propriedade do caráter”.
Ser ético é agir dentro dos padrões convencionais, é proceder bem, é não prejudicar o
próximo. Ser ético é cumprir os valores estabelecidos pela sociedade em que se vive.
Vejamos um exemplo real de como a ética está presente no mundo cooperativo por meio
do código de ética da cooperativa Coopifor: “Art. 1º - O trabalho realizado pelo sócio através
da COOPIFOR implica em compromisso moral, ético e profissional com a Cooperativa e seu
quadro social, o contratante de serviços da mesma e com a sociedade em geral, impondo
direitos, deveres e responsabilidades indelegáveis.”
Dica
' Lembre-se de que no AVA você tem acesso a links e vídeos complementares aos
assuntos tratados na unidade curricular!
Já a Aliança Cooperativa Internacional orienta que todas as cooperativas devam ser baseadas
nos valores de autoajuda, autorresponsabilidade, democracia, equidade e solidariedade. Seus
membros acreditam nos valores éticos da honestidade, da abertura (transparência), da
responsabilidade social e da preocupação com os outros.
Segundo Walmor Franke, a palavra “cooperativismo” pode ser tomada em duas acepções. Por
um lado, designa o sistema de organização econômica que visa eliminar os desajustamentos
sociais oriundos dos excessos da intermediação capitalista; por outro, significa a doutrina
corporificada no conjunto de princípios que devem reger o comportamento do homem
integrado ao sistema capitalista.
Com relação ao mutualismo, trata-se de uma teoria econômica e social que propõe que
“volumes iguais de trabalho devem receber pagamento igual”. Foi Pierre-Joseph Proudhon
quem criou o termo “mutualismo” para descrever a sua teoria econômica, na qual o valor se
baseia no trabalho.
Fonte: Shutterstock
Vale ressaltar que, atualmente, já se reconhece que a nossa sociedade é formada por
trabalhadores de capacidades distintas, com diferentes formações e especialidades, sem que
isso implique em qualquer diferença de nobreza entre os trabalhos.
Comentário do autor
Portanto, as cooperativas não visam lucro para o negócio, mas a distribuição dos ganhos da
atividade cooperada gera, indiretamente, um aumento de renda e lucro dos cooperados.
Fonte: http://www.agendaparaiba.com/sudene-acordos-de-cooperacao-no-agronegocio/.
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MINISTRA INICIA MISSÃO NA RÚSSIA NESTA TERÇA-FEIRA (7)
Fonte: http://www.agricultura.gov.br/comunicacao/noticias/2015/07/ministra-inicia-missao-na-russia-nesta-terca-fei-
ra-7.
Em suma, é importante perceber que a cooperação funciona como os elos de uma corrente,
em que todos são importantes no processo – produtores rurais, fornecedores, trabalhadores,
entidades, órgãos públicos e consumidores –, em todas as instâncias, tanto local, regional ou
mundial. Avante!
50 Imagine um jogo de futebol: jogadores em campo, técnico e torcida. Qual jogador é mais
importante em um time? O que todos esperam? Você, com certeza, mesmo sem entender de
futebol, sabe a resposta. Todos esperam que se façam gols e ganhem a partida.
Sendo um time, todos dependem da cooperação de cada um para chegar à vitória, o que está
vinculado à cooperação de todos, inclusive da torcida. Para que haja cooperação, é necessário
que todos tenham o mesmo objetivo.
Legenda: Cooperação no futebol: será que o atacante poderá cabecear para o gol se o zagueiro e o meia não tiverem o mesmo
objetivo?
Fonte: Shutterstock
Comentário do autor
A cooperação é um tipo de ação tão rica que pode gerar o que chamamos de
intercooperação. Esse termo designa a cooperação entre cooperativas, um
Estudo de caso
Explicaram que seria mais fácil e rentável se se reunissem em uma cooperativa, pois isso dimi-
nuiria as despesas de cada um com os atravessadores que atendiam à região. Afinal, de onde
vieram, já tinham experiência em trabalhar de forma cooperada.
Depois de várias outras reuniões, resolveram criar a cooperativa dos produtores rurais da
região.
Ainda que este “causo” narrado seja apenas hipotético, contado como um exemplo, você
pode acreditar que muitos fatos semelhantes aconteceram em vários locais do país, com as
cooperativas contribuindo para o desenvolvimento econômico e social da região.
p E você? Conhece alguma história parecida com essa? Escreva os pontos principais
e relate para os seus colegas no fórum do AVA!
A história do liberalismo abrange a maior parte dos últimos quatro séculos. O liberalismo
começou como uma doutrina principal e esforço intelectual em resposta às guerras religiosas
na Europa durante os séculos XVI e XVII, embora o contexto histórico para a ascensão do
liberalismo remonte à Idade Média.
A primeira encarnação notável da agitação liberal veio com a Revolução Americana, mas o
liberalismo efetivamente cresceu como um movimento global contra a velha ordem feudal e
aristocrática durante a Revolução Francesa, que marcou o ritmo para o futuro desenvolvimento
da história humana.
O criador da teoria mais aceita da economia liberal moderna foi, sem dúvida, Adam Smith,
economista escocês que desenvolveu a teoria do liberalismo apontando como as nações iriam
prosperar. Nela, ele confrontou as ideias de Quesnay e Gournay, afirmando que a desejada
prosperidade econômica e a acumulação de riquezas não são concebidas pela atividade rural
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e nem pela comercial.
Atividade prática
Estudo de caso
Um viajante dirige por uma estrada quando acontece algum imprevisto e o veículo para. Na
região faz bastante calor. Ela, então, sai em busca de auxílio, mas terá que percorrer a pé
vários quilômetros, por várias horas, até conseguir socorro. A região é quase deserta. Ao se
preparar para a caminhada, percebe que está sem água de reserva para beber, mas decide ir
assim mesmo. Após algumas horas de caminhada, exausto e com bastante sede, encontra um
pequeno comércio à beira da estrada e logo pede água para beber. A pessoa que o atende diz:
— Temos somente esta água que é de uma cisterna e que utilizamos para beber. Só que você
tem de pagar R$ 100,00 – isso mesmo, cem reais por um copo de água.
O viajante tem, então, duas opções: ou comprar e beber aquela água sobre a qual ele nem
sabe as condições, ou seguir em frente sem saber se irá encontrar outra água, correndo o risco
de morrer de sede.
O que você acha? Alguém pode até preferir morrer de sede a pagar esse valor, mas a lógica é
que se pagariam os extorsivos R$ 100,00.
Fonte: Shutterstock
Que situação, hein? Imagine, agora, um cidadão em uma estância hidromineral, em que a
água que sai da torneira é própria para o consumo e de graça. No restaurante do hotel, uma
garrafinha de água mineral industrializada custa R$ 1,00. Será que esse consumidor pagaria?
Fonte: Shutterstock
Nesses dois exemplos, o que podemos analisar sobre o preço da água? Está caro ou está
barato?
Alguns dos fatores que determinam o preço são a necessidade e a oportunidade, que
determinam o chamado preço de mercado. O preço de mercado é determinado pela livre 55
oferta e procura, ou seja, quando não há interferências externas, como a do governo definindo
o preço da conta de água, de energia etc.
O preço de custo, por outro lado, é determinado a partir de soma de todos os custos de
produção de um produto (matérias-primas, armazenagem, transporte, conservação, impostos,
despesas com pessoal etc.), ou seja, todos os custos fixos e variáveis, acrescentando o lucro
ou a margem de lucro pretendida. Observe que, nesse caso, pode ser que o preço assim
calculado não interesse a nenhum comprador. Então, ao invés de preço, ele se torna somente
custo, porque não houve venda!
Conclui-se que o que define o preço de venda é o mercado por meio do preço de
mercado. Um valor só se torna preço quando encontra compradores e vendedores àquele
valor, resultando em transações que transformam o valor em preço de mercado.
Por isso, podemos dizer que o cooperativismo tem uma “função corretiva”, porque corrige
distorções do mercado e dá condições a atores pequenos de competirem.
A Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976, que dispõe sobre as sociedades por ações, esta-
belece que existem dois tipos de sociedades anônimas: a companhia aberta, que capta recur-
sos do público por meio de negociações em bolsas de valores e é fiscalizada pela Comissão de
Valores Mobiliários – CVM, e a companhia fechada (também chamada de “empresa de capital
fechado”), que obtém seus recursos dos próprios acionistas. Estas são as grandes empresas,
como indústrias, redes de lojas etc.
Link
Já nas sociedades simples, dentre elas as cooperativas, o seu capital é representado por
quotas, e não por ações. No caso da cooperativa, o associado poderá subscrever até um terço
do total das quotas-partes, mas só terá direito a um voto. Isto é, para cada sócio, um voto.
Nas sociedades por ações, o voto de sócio será conforme o seu capital. Se um ou mais sócios
detiverem juntos mais de 50% do capital, eles terão o poder de decisão.
Isso quer dizer que as pessoas se associam para ganhar mais do que se
Essas são dúvidas que existem e devem ser analisadas antes da decisão. Assim, o interessado
deve entender as diferenças entre os empreendimentos cooperativos e as empresas mercantis.
O quadro a seguir mostra as principais diferenças entre essas duas alternativas de sociedade.
Dica
' Mas, se a cooperativa aplica seu capital em um banco e obtém juros nessa
operação, estes são considerados atos não cooperados, e o resultado é o lucro,
portanto sujeitos à tributação como em outra sociedade mercantil. Da mesma
maneira, existem cooperativas que vendem para pessoas da comunidade que
não são cooperadas. Nessa operação, haverá incidência de IRPJ (Imposto de
Renda da Pessoa Jurídica).
No caso de a nota fiscal ser emitida para pessoa não cooperada, pode ocorrer preço de venda
diferenciado devido aos impostos existentes.
Retorno
Uma das características da cooperativa é o retorno das sobras líquidas do exercício
proporcionalmente às operações realizadas pelo associado, salvo deliberação em contrário
da assembleia geral.
É importante lembrar que, das sobras líquidas, deverão ser destinados no mínimo 10% para o
Fundo de Reserva e 5% para o Fates (Fundo de Assistência Técnica, Educacional e Social), não
Sobras e perdas
Na apuração do resultado das operações, o estatuto da cooperativa deve prever a forma de
devolução das sobras aos associados ou do rateio das perdas apuradas por insuficiência de
contribuição para a cobertura das despesas da sociedade.
Rateio
Em razão proporcional entre os associados que tenham usufruído dos serviços durante o ano,
o rateio das sobras líquidas verificadas no balanço do exercício, excluídas as despesas gerais,
deve ser decidido em assembleia geral.
Podemos exemplificar essa situação com uma cooperativa de produtores de leite. Acompanhe!
Estudo de caso
Um cooperado forneceu durante o ano mil litros de leite, e outro forneceu quinhentos litros 59
no mesmo período. Suponhamos que tenha havido sobra líquida. Se, no rateio da sobra, o
que forneceu mil litros receber cem reais, o que forneceu quinhentos litros receberá cinquenta
reais se o estatuto não prever outra condição.
Se, ao contrário, houver perdas, o cooperado que forneceu mil litros deverá depositar para a
cooperativa cem reais, e o outro cooperado, cinquenta reais. Caso a cooperativa tenha Fundo
de Reserva, este poderá ser utilizado para abater os prejuízos.
Dica
1. Legislação
A cooperativa é assim definida pela Lei nº 5.764 de 16 de dezembro de 1971:
Art. 4º As cooperativas são sociedades de pessoas, com forma e natureza jurídica
próprias, de natureza civil, não sujeitas a falência, constituídas para prestar serviços aos
associados, distinguindo-se das demais sociedades pelas seguintes características:
§ 2º A exceção estabelecida no item II, in fine, do caput deste artigo não se aplica às
centrais e federações que exerçam atividades de crédito.
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Fonte: Shutterstock
Fonte: http://www.minasgerais.coop.br/pagina/31/ramos.aspx
2. Benefícios
Um dos benefícios diretos da sociedade cooperativa é o afastamento dos intermediários no
decorrer dos negócios. Isso porque a atividade rural faz parte de um processo de produção
que exige a participação de vários segmentos do mercado.
Outro benefício direto é a defesa econômica dos cooperados, ou, como diz um ditado
comum no mundo cooperativo: “Somar é compartilhar resultados.”
O produtor rural é um dos profissionais que necessitam do mais amplo conhecimento para o
desenvolvimento de suas atividades.
Ele, para ser eficiente, deve ter conhecimentos e habilidades de agronomia, veterinária,
contabilidade, ambientalismo, direito e administração, e ainda ser um bom comerciante.
Mesmo o pequeno produtor se defronta, no dia a dia, com situações que exigem a tomada
das mais diversas decisões.
Quando busca a participação em uma cooperativa, o produtor espera minimizar muitas das
dificuldades encontradas no seu cotidiano por meio da orientação e da prestação de serviços
especializados por parte das cooperativas.
Com isso, o seu foco poderá ser mais direcionado para a produção, deixando a “preocupação”
das outras atividades com a cooperativa, que, quando atua de forma eficiente, oferece
assistência técnica, financiamentos, informações tecnológicas e comerciais, facilita o acesso
à compra ou ao aluguel de máquinas e equipamentos, orientação jurídica, entre outros, de
acordo com as características das atividades dos cooperados.
A confiança desse apoio pela cooperativa é decisiva para que o produtor tenha sucesso na sua
atividade considerando os riscos que existem.
Comentário do autor
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3. Particularidades e cuidados
As cooperativas proporcionam, ainda, para seus cooperados uma coisa que se convencionou
chamar de “dupla qualidade”, que merece bastante atenção.
Comentário do autor
Mas é importante perceber que essa dupla qualidade traz também implicações. Acompanhe
a situação a seguir!
Estudo de caso
Como disseram que é vantajoso participar de uma cooperativa, um produtor rural vai até lá
e pede para se associar. É bem recebido pelo gerente, conhece as instalações, toma cafezinho,
bate um papo com o administrador, dá tapinha nas costas, assina sua ficha de inscrição e
aguarda a decisão da diretoria.
Logo é comunicado de que, a partir daquela data, passaria a ser sócio da cooperativa. Ele
começou a entregar o leite da sua propriedade rural para a cooperativa e passava lá todos os
meses para receber o dinheiro, ou ver se havia sido depositado no banco, aproveitando para
fazer umas compras de coisas de que estaria precisando na fazenda. Até aí tudo ia bem, e ele
estava feliz em ser um cooperado.
Em certo mês, quando foi receber o dinheiro pelo pagamento do leite, observou que a coope-
rativa estava pagando menos e que poderia ter pagado um pouco mais! Observou, também,
que o preço do adubo da cooperativa estava caro e que poderia comprar mais barato.
Pensando sobre isso, “caiu a ficha”: como dono da cooperativa, isso era bom para ele, pois os
resultados do negócio seriam melhores e ele poderia receber distribuição de resultados, mas,
como consumidor, era ruim, pois o preço do leite estava barato e os insumos mais caros. Ou
seja, era bom enquanto dono, mas ruim enquanto cliente.
Informações extras
O Em alguns casos, além de ser cliente e dono, o cooperado ainda pode ser,
também, membro do conselho, ou seja, dirigente da cooperativa.
Essa é uma situação que deve ser bastante discutida com os cooperados para que todos
ganhem mais, sem prejuízo para os outros.
p
Como devo proceder sendo dono e cliente? É preciso aprender a ser dono de
uma empresa da qual também seja cliente.
Para reflexão sobre o tema, veja, a seguir, um trecho do artigo de enfoque jurídico “As falsas
cooperativas não podem burlar a relação de emprego”, publicado por Waldir de Pinho Veloso
na Revista da OAB-GO.
Estudo de caso
67
Segundo Iara Alves Cordeiro Pacheco, quem começou a lecionar que o cooperativismo exige o
Princípio da Dupla Qualidade foi Walmor Franke. Pelo Princípio da Dupla Qualidade, o coope-
rado é considerado, ao mesmo tempo, cliente e associado-cooperado. O próprio artigo 7º da
Lei nº 5.764, tornando mais extensa uma parte do artigo 4º da mesma lei, traz explícito que
“as cooperativas singulares se caracterizam pela prestação direta de serviços aos associados”.
Pelo Princípio da Dupla Qualidade, um cooperado deve receber da sua entidade alguns be-
nefícios diretos, alguns serviços especiais. A cooperativa não pode, destarte, prestar serviços
exclusivamente a terceiros, sem que seus próprios cooperados também tenham benefícios
diretos pelos seus serviços. Tem, assim, a Dupla Qualidade o cooperado que, além de sócio da
cooperativa, e desta sociedade fazendo parte como real sócio que participa das assembleias,
vota e pode ser votado, também recebe serviços da sociedade da qual é parte. Exemplos há
com excesso de cooperativas das quais seus cooperados recebem serviços especiais. Aqui,
estamos falando das falsas cooperativas. Não das verdadeiras sociedades que têm o coope-
rativismo como lema.
Vê-se, pois, que em havendo uma real subordinação e uma comprovada continuidade de um
trabalho oneroso, e desde que a sociedade não ofereça ao seu associado os princípios básicos
do cooperativismo, há o reconhecimento do vínculo empregatício, a declaração da relação de
emprego, e o “falso” cooperado veste-se de empregado e recebe todos os direitos trabalhistas
que um empregado tem. Ao contrário, as verdadeiras cooperativas não têm vínculos emprega-
tícios com seus associados, bem como os tomadores dos serviços da correta cooperativa não
é empregadora dos associados daquela.
Vivenciamos, por diversas vezes, situações em que somos convidados para orientar grupos
sobre a constituição de cooperativas e verificamos o que se relata nesse artigo. Pessoas que
buscam a criação de cooperativa, mas, na verdade, querem “legalizar” o serviço que outras
pessoas prestam para ela, como o caso, em uma região que produz frutas e verduras, dos
produtores que querem criar uma cooperativa de trabalho para legalizar os serviços dos
embaladores, ou seja, transformar os seus “empregados sem carteira” em “empregados
cooperados”.
Outro exemplo refere-se aos catadores de lixo. Com a lei que determina o fim dos lixões
nas cidades, são constantes as denúncias sobre as “cooperativas de catadores de materiais
recicláveis”, previstas na lei como forma de organização dos catadores.
69
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Dica
' Lembre-se de que no AVA você tem acesso a links e vídeos complementares aos
assuntos tratados na unidade curricular!
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A partir daí, esse segmento se desenvolveu com vigor no Sul do país, estimulado por imigrantes
europeus e asiáticos, que traziam dos seus países o conhecimento da doutrina e buscavam a
união para a garantia da subsistência. Conforme dados da Organização das Cooperativas do
Brasil, o país tem atualmente 13 ramos do cooperativismo, com 6.835 cooperativas.
Especial 6 247 7
A Associação Cooperativa Internacional reúne nada menos do que 230 organizações de mais
de 100 países e representa cerca de 1 bilhão de pessoas em todo o mundo. Somente nas
Américas, em 2010, eram 74 organizações filiadas de diferentes países, com cerca de 50 mil
O ato cooperativo não implica operação de mercado, nem contrato de compra e venda de
produto ou mercadoria, nem tributação.
A Assembleia Geral dos associados é o órgão supremo da sociedade, dentro dos limites
legais e estatutários, tendo poderes para decidir os negócios relativos ao objeto da
sociedade e tomar as resoluções convenientes ao desenvolvimento e defesa desta, e
suas deliberações vinculam a todos, ainda que ausentes ou discordantes.
Os negócios jurídicos que a cooperativa realiza internamente com seus membros, para
melhorar sua a situação econômica, regem-se pelo principio de identidade. O interesse
do cooperado e o da cooperativa, nessas operações, obedecem à mesma causa (final): a
cooperativa visa servir ao associado para melhorar sua posição econômica, e o associado
serve-se da cooperativa para o mesmo fim (FRANKE & WALMOR, 1907).
Comentário do autor
Quando o produtor entrega o leite para a cooperativa para que ele possa ser
73
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3. Negócios-auxiliares
Até mesmo as cooperativas que adotam, no seu funcionamento, o princípio do exclusivismo,
operando unicamente com associados, necessitam praticar, além dos negócios internos
(negócios-fim) e dos negócios de mercado (negócios-meio), outros negócios que não se
confundem com suas atividades específicas. Estes são os denominados negócios-auxiliares,
que são “todos os negócios que, em dado caso, precisam ser realizados por motivos especiais
e imperiosos no interesse da persecução do objeto da sociedade, os quais, por conseguinte,
se tornam necessários à execução dos negócios-fim” (FRANKE & WALMOR, 1907).
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4. Negócios-acessórios
Os negócios-acessórios são aqueles que não têm relação com a finalidade da sociedade
cooperativa e que ocorrem eventualmente na esfera operacional, mas não são fonte de receita
autônoma e recorrente da cooperativa. Um bom exemplo de negócio-acessório é a venda de
máquinas e equipamentos obsoletos e imprestáveis.
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Parágrafo único. O ato cooperativo não implica operação de mercado, nem contrato de
compra e venda de produto ou mercadoria.
A legislação esclarece:
Art. 30 Os pagamentos efetuados pelas pessoas jurídicas a outras pessoas jurídicas
de direito privado, pela prestação de serviços de limpeza, conservação, manutenção,
segurança, vigilância, transporte de valores e locação de mão de obra, pela prestação
de serviços de assessoria creditícia, mercadológica, gestão de crédito, seleção e riscos,
administração de contas a pagar e a receber, bem como pela remuneração de serviços
A cooperativa não pode ser optante do simples, independentemente do valor das receitas.
II) o fornecimento de bens ou serviços a não associados, para atender aos objetivos
sociais;
Comentário do autor
Comentário do autor
Perceba que, nas sociedades cooperativas, esse problema não é tão significativo.
p Você conhece alguma situação como essa que tenha ocorrido na sua região?
Compartilhe e discuta com seus colegas no AVA alguma situação que reflita
aquele ditado popular: “Pai rico, filho nobre e neto pobre.”
78 A Lei nº 5.764/71, em seu art. 3º, diz, sobre a relação contratual entre pessoas em sociedade
cooperativa, que “reciprocamente se obrigam a contribuir com bens ou serviços para o
exercício de uma atividade econômica, de proveito comum, sem objetivo de lucro.”
Reciprocamente se obrigam
O termo “reciprocamente se obrigam” indica que, em qualquer atividade, inclusive nas não
econômicas, é importante que todas as relações, mesmo as parcerias, sejam feitas por meio de
contrato escrito.
Os contratos devem ser bastante claros quanto a responsabilidades de cada uma das partes,
deveres, direitos, obrigações, prazos, valores, penalidades por descumprimento etc.
A cooperativa, para que tenha uma gestão de qualidade, deve discutir e criar normas para
contratos.
Essa questão atualmente é mais evidente devido à legislação que obriga a rastreabilidade do
produto, ou seja, deve ficar explícito para o consumidor todo o processo, desde a produção
até a sua mesa, identificando possíveis riscos à saúde que podem ocorrer com o consumo
daquele produto.
Essa prática pode resultar em frequências mínimas nas assembleias, visto que as decisões já
foram previamente tomadas. “Todos podem dar suas opiniões à vontade, só que a decisão
final é a minha” – este é um exemplo de postura de um gestor autoritário, que se esqueceu
de que, na cooperativa, a gestão deve ser democrática. Todo sócio tem direito a um voto e à
participação democrática nas decisões.
Fonte: Shutterstock 79
Como toda forma organizada de gestão, uma cooperativa deve ter uma estrutura organizacio-
nal sólida e bem dividida. Todos os cooperados devem ter bom conhecimento das formas de
gestão e funcionamento da sua cooperativa, das determinações legais e de todas as caracte-
rísticas que garantam a condução de ações da maneira mais eficiente e harmoniosa possível.
3. Análise de eficiência
Partindo do princípio de que eficiência é o meio de se fazer corretamente um processo de boa
qualidade, no prazo e de forma acertada, para a análise da eficiência é necessário conhecer
a situação atual da cooperativa por meio de um diagnóstico que deve levar em conta a
observância dos princípios cooperativistas, como a livre adesão, a cooperação, a participação
nos resultados etc.
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A partir desse levantamento, devem constar no plano de ações corretivas quais as providências
serão tomadas para resolver ou minimizar o que não está em conformidade prejudicando a
eficiência operacional do empreendimento. O plano deve mostrar, também, quem é o responsável,
se o gerente ou o conselheiro, de que forma será comprovada a execução e o prazo.
Sobre as questões financeiras, por exemplo, isso pode se dar por meio de acompanhamento
do fluxo de caixa diário, balancetes, balanço anual, capacitação para os cooperados sobre
custos de produção, capacitação dos conselheiros etc.
Após a elaboração do plano, a eficiência de sua implantação deve ser aferida com a avaliação
das variáveis previstas. Exemplo: a média de remuneração dos cooperados aumentou de x
para x+1, e a produtividade aumentou de y para y+2 após um ano de implantação do plano.
Está como foi previsto? Podemos, ainda, comparar com outras cooperativas ou mesmo com
empresas. É bom lembrar que um plano deve ser sempre feito “com o pé no chão”. Nada de
previsões de metas que, antecipadamente, já se sabe que serão difíceis de serem alcançadas.
Para saber se a cooperativa está sendo eficiente, devem-se utilizar dados comparativos ou
indicadores, internos e externos.
Comentário do autor
Assim ocorre nas organizações agropecuárias. Por que esperar a falta de chuva,
ou enchente, para providenciar o socorro? Como diz o ditado, “É melhor prevenir
d que remediar”, porque remédio pode ficar muito caro. Se o produtor sabe que
poderá faltar chuva, por que esperar a falta de pasto para comprar a ração com
preço elevado ou deslocar o rebanho para outra região? Por que não se prevenir
e construir um silo para o período de dificuldades? Esse tipo de raciocínio e
atitude é o que chamamos de “análise estratégica” ou “gestão estratégica”.
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1. Planejamento estratégico
Em um planejamento estratégico, deve-se analisar e definir a MISSÃO, que é o objetivo
fundamental da cooperativa, traduzindo sua finalidade, e que consiste na definição dos seus
fins estratégicos gerais.
Dica
Devem-se, ainda, definir os VALORES, que são o conjunto de sentimentos que estrutura, ou
pretende estruturar, a cultura e a prática da organização, como: ética, democracia, honestidade,
transparência, responsabilidade socioambiental, satisfação dos clientes internos e externos,
qualidade e comprometimento.
Com essas informações discutidas e analisadas pelos gestores com a participação dos 83
cooperados, deve ser elaborado o plano de ação considerando-se as questões técnicas e
administrativas.
OPORTUNIDADES AMEAÇAS
FORÇAS FRAQUEZAS
FORÇAS são os pontos positivos internos da cooperativa, como: pessoal administrativo capa-
citado e estrutura adequada. São fatores nos quais a cooperativa pode intervir diretamente,
mas que lhe dão sustentação e poder de mercado. A cooperativa deve utilizar o máximo pos-
sível as suas forças.
FRAQUEZAS são fatores negativos internos e que podem ser controlados pela cooperativa:
equipamentos obsoletos, instalações inadequadas para as atividades, pessoal administrativo
com pouca ou nenhuma qualificação, alto índice de endividamento dos sócios, pouca
participação dos sócios etc. Detectadas as fraquezas, a gestão da cooperativa deve trabalhar
duro para superá-las, sob risco de não ter sustentabilidade.
AMEAÇAS são fatores externos que dificultam as atividades e nos quais a cooperativa não tem
como intervir diretamente. Mercado desfavorável para as atividades da cooperativa, fatores
climáticos que afetam a produção agropecuária dos cooperados e, consequentemente, a
cooperativa, e políticas públicas inadequadas são alguns exemplos de ameaças.
Depois que as informações são levantadas, deve-se definir a ordem de prioridade das ações
propostas.
Comentário do autor
Vamos para um exemplo do dia a dia. Uma pessoa possui várias contas para
pagar, mas o dinheiro não é suficiente para todas. Qual deve ser paga primeiro?
d Para alguns, é a conta de luz – se não pagar, a empresa “corta”. Para outras
pessoas, é o cartão de crédito. Ainda para outras, seria a conta de celular. Tudo
isso depende do grau de prioridade que cada pessoa confere aos bens e serviços
que consome e paga.
Por isso, as prioridades devem ser bem discutidas, sobretudo em uma cooperativa, em que
todos são donos e têm o direito de opinar sobre as prioridades do negócio.
A partir das discussões com os cooperados por meio da análise FOFA, que resulta no
planejamento estratégico, dever ser elaborado o planejamento operacional, que poderá ter o
seguinte roteiro: 85
• O que fazer? A atividade a ser executada;
• Quem fará? Definir o responsável ou os responsáveis pela execução e por sua prestação
de contas;
86
Fonte: Shutterstock
Para o planejamento operacional, os fatores de risco devem ser considerados não como
descrédito do plano, mas para prevenir eventuais insucessos.
• Como? Por meio das informações registradas na cooperativa, repassar para o conselho
de administração notificar individualmente os inativos para sensibilizá-los a voltarem a se
relacionar com a cooperativa.
• Quando? Imediatamente, finalizando até o último dia do próximo mês, com a comunicação
formal pelo presidente da cooperativa, lembrando a hipótese da exclusão dos quadros da
cooperativa por inatividade prolongada, conforme estatuto.
Mas outro erro comum é achar que o que está escrito no papel não pode ser
Entre suas atribuições, a OCB é responsável pela promoção, pelo fomento e pela defesa do
sistema cooperativista, em todas as instâncias políticas e institucionais, pela preservação
e pelo aprimoramento desse sistema, e pelo incentivo e pela orientação das sociedades
cooperativas. Sua missão é promover um ambiente favorável para o desenvolvimento das
cooperativas brasileiras por meio da representação político-institucional.
87
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Comentário do autor
A atividade rural, hoje, tem interferências em todo o mercado, desde a matéria-prima para a
produção de componentes para indústrias de máquinas e equipamentos, até distribuidores,
laboratórios, escolas especializadas, agentes financeiros, governos, produção de embalagens
e transporte, e, por outro lado, após a produção, tem o beneficiamento, o atacadista, o varejista
e o supermercado até chegar ao consumidor final.
O produtor rural é o responsável por fazer a alimentação chegar às mesas dos magnatas em
restaurantes cinco estrelas e pelo cafezinho dos presidentes, assim como àquele que cada dia
necessita buscar a sua sobrevivência em descartes de feiras e supermercados.
Enfim, o cooperativismo tem sido uma resposta positiva para superar esse desafio que hoje o
empresário rural encontra a cada dia, mas que, com a cooperação de todos, facilita o acesso
a tecnologias.
No próximo tema, você vai conhecer a importância do sindicalismo, que, além de promover o
profissional, proporciona, junto com as associações e as cooperativas, a capacitação para que
o produtor utilize as tecnologias disponíveis para aumento da produção, da produtividade
e, consequentemente, da renda, gerando melhoria da qualidade de vida e enfrentando os
desafios do dia a dia.
Atividade de aprendizagem
1. Qual é o motivo para as pessoas se unirem e formarem uma cooperativa? Marque a
alternativa correta.
89
a) Facilitar os trabalhos durante a exposição agropecuária que ocorre anualmente na
cidade.
b) Reunir pessoas em uma atividade econômica para que, com a ajuda de todos, tenham
mais lucro e melhoria de vida.
c) Sem a cooperativa, os produtores não poderão ter a vaquejada que será realizada
anualmente na comunidade.
e) Para que os filhos dos produtores rurais tenham acesso ao Fundo de Financiamento
Estudantil – Fies com apoio dos vereadores.
c) O objetivo é o lucro.
e) É a Organização dos Clubes de Basquete do Brasil, sem fins econômicos e que atua
junto aos esportistas.
a) 20.
b) 7.
91
93
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1. Era romana
Os colégios romanos são considerados como as primeiras espécies de agremiações
profissionais e tinham o objetivo de prestar assistência social aos trabalhadores que exerciam
o mesmo ofício. Por meio da mútua ajuda, buscavam atender às suas necessidades de acordo
com suas posições e condições de trabalho existentes na época.
Legenda: Foi na Roma Antiga que surgiram as primeiras agremiações de trabalhadores do mesmo ofício, como artesãos de couro.
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De acordo com Russomano (1995), com o progressivo desenvolvimento dos colégios, cresceu
também a preocupação do Estado sobre eles, pois as associações começaram a exercer
influência na condução dos negócios do Império. Por essa razão, passaram a surgir reações
contrárias à formação dessas associações profissionais, tanto que, no ano 67 a.C., foi proibido,
pelo senado romano, o seu funcionamento.
Comentário do autor
Essas corporações eram dotadas de uma rígida estrutura hierárquica constituída por mestres,
companheiros e aprendizes, sem possibilidade de ascensão. Essa forte hierarquia levou ao
envelhecimento e à extinção dessas instituições.
95
Legenda: O trabalho dos ferreiros era fortemente hierarquizado e não dava possibilidade de ascensão.
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Na Inglaterra, em 1720, surgiu a associação de trabalhadores alfaiates, que tinha como objetivo
reivindicar melhores condições de salários e limitação da jornada de trabalho. Esse fato é
considerado como a verdadeira origem do sindicalismo moderno. Esse tipo de associação
foi proibido em 1799, sendo considerado ilícito penal o seu funcionamento. A França foi
o primeiro país no qual ocorreu um movimento de contestação dos direitos sindicais que
resultou no fim das corporações de trabalhadores. Após o movimento da revolução burguesa
de 1789, foi editada a Lei Chapelier, que proibia, expressamente, o direito de associação entre
os cidadãos de um mesmo estado ou profissão.
4. Sindicalismo no Brasil
Os primeiros passos do sindicalismo no Brasil surgiram após a independência, estando
previsto já na sua primeira carta constitucional de 1824, ainda no período imperial. No campo
das associações profissionais, essa Suprema Carta refletiu os movimentos que ocorriam na
Europa, trazendo no seu art. 179 a proibição às corporações de ofício.
O fato que deu impulsão ao sindicalismo no Brasil ocorreu devido à chegada dos imigrantes
europeus, que difundiram os ideais de organização de classes no intuito da defesa dos
trabalhadores.
Legenda: Quando os colonos chegaram ao Brasil, trouxeram também suas organizações de classe trabalhadora.
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Posteriormente, essas conquistas dos sindicalistas foram suprimidas por causa da nova
Constituição de 1937, que implementou o Estado-Novo. Tal Constituição proibiu a pluralidade
sindical, não sendo reconhecido senão um único sindicato por cada profissão, ou seja,
estabeleceu a unicidade sindical, e os interesses dos particulares ficaram submetidos aos
interesses do Estado. Assim, para os sindicatos terem existência legal, necessitavam ser
reconhecidos pelo Ministério do Trabalho.
97
Por fim, em termos de Brasil, a Constituição Federal de 1988 trouxe uma grande evolução
do direito sindical, pois concedeu a liberdade sindical, proibindo a interferência do Estado
na organização dos sindicatos, mas, no entanto, manteve alguns resquícios da Carta de 1937
(unidade sindical, sindicalização por categoria etc.).
Dica
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assuntos tratados na unidade curricular!
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I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, ressalvado
o registro no órgão competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção
na organização sindical;
VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas organizações sindicais;
Comentário do autor
99
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d) sempre que possível, e de acordo com as suas possibilidades, manter no seu quadro
de pessoal, em convênio com entidades assistenciais ou por conta própria, um assistente
social com as atribuições específicas de promover a cooperação operacional na empresa
e a integração profissional na Classe. (Incluída pela Lei nº 6.200, de 16/4/1975)
101
A Convenção nº 11, da OIT, da qual o Brasil é signatário, assegura igual direito, dispondo que
102
d Vale destacar que a Convenção nº 87 da OIT (sobre liberdade sindical) não
faz discriminação entre trabalhadores urbanos e rurais, fixando os mesmos
princípios gerais em relação a ambos.
A Constituição de 1988, no art. 8º, III, estabelece: ao sindicato cabe a defesa dos direitos
e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou
administrativas, sendo obrigatória a sua participação nas negociações coletivas de trabalho.
O art. 74, IV, § 2º, dispõe que qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte
legítima para, na forma da lei, denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de
Contas da União.
d) colaborar com o Estado, como órgãos técnicos e consultivos, no estudo e solução dos
problemas que se relacionam com a respectiva categoria ou profissão liberal;
Há dois princípios de organização do sindicalismo rural quanto aos critérios básicos a serem
adotados na sua estrutura geral:
Não permite distinção entre o meio urbano Prevê leis especiais e diferentes para o meio
e o rural, fixadas diretrizes comuns de rural, identificáveis em suas linhas básicas com
sindicalização, tanto para o campo como para as leis atribuídas ao sindicalismo urbano.
indústria e comércio.
A base legal para isso é a CLT (arts. 511 a 535; 537 a 552, 553, caput, “b”, “c”, “d”, “e”, §§ 1º
e 2º; 554 a 562; 564 a 566; 570, caput; 601 a 603; 605 a 625), que regula a sindicalização
rural, somada à Constituição Federal de 1988, que associa aos sindicatos rurais as disposições
adotadas para os sindicatos urbanos.
1. Trabalhadores rurais
Os principais atores do sindicalismo rural são os trabalhadores rurais, os parceiros, os
poceiros e os pequenos produtores, os proprietários rurais e todas as associações sindicais a
eles vinculados: sindicatos, federações, confederações, associações etc.
São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria
de sua condição social:
VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração
variável;
XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro
semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante
acordo ou convenção coletiva de trabalho; (vide Decreto-Lei nº 5.452, de 1943)
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o
salário normal;
XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento
e vinte dias;
XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos
termos da lei;
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene
e segurança;
XXIV - aposentadoria;
XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até cinco anos
de idade em creches e pré-escolas; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53,
de 2006)
XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo
prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois
anos após a extinção do contrato de trabalho; (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 28, de 25/5/2000)
Comentário do autor
Já a Lei nº 5.889, de 8 de junho de 1973, define no art. 2º que “empregado rural é toda pessoa
física que, em propriedade rural ou prédio rústico, presta serviços de natureza não eventual a
empregador rural, sob a dependência deste e mediante salário.”
Observe que, quanto à categoria de segurados pela Previdência Social, o trabalhador rural
também pode ser empregado ou contribuinte individual. Acompanhe as características de cada.
A Instrução Normativa nº 3 de 2005 da Receita Federal estabelece, no art. 240, que se entende
por produtor rural:
Comentário do autor
d Na maioria dos casos, as pessoas não podem ser enquadradas como segurado
especial. A Previdência Social tem se especializado em combater esse tipo de
fraude, e essa prática pode gerar processo criminal e devolução do dinheiro da
seguridade.
Promulgou-se, ainda, a Lei da Agricultura Familiar (Lei nº 11.326 de 24 de julho de 2006), que
reconheceu oficialmente a agricultura familiar como profissão no mundo do trabalho, e foram
Comentário do autor
107
Comentário do autor
A Contag é referência no país na luta pela construção de uma sociedade mais justa, democrática
e igualitária, e na defesa permanente dos interesses dos trabalhadores e das trabalhadoras
rurais.
O cálculo da contribuição sindical rural é efetuado com base nas informações prestadas pelo
proprietário rural ao Cadastro Fiscal de Imóveis Rurais – Cafir, administrado pela Secretaria
da Receita Federal. De acordo com o § 1º do artigo 4º do Decreto-Lei nº 1.166/71, devem-se
observar as distinções de base de cálculo para os contribuintes pessoas físicas e jurídicas:
1º - Pessoa Física – a contribuição é calculada com base no Valor da Terra Nua Tributável –
VTNT da propriedade, constante no cadastro da Secretaria da Receita Federal, utilizado para
lançamento do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural – ITR.
2º - Pessoa Jurídica – a contribuição é calculada com base na Parcela do Capital Social – PCS
atribuída ao imóvel. 109
Estão obrigados a contribuir o empresário ou empregador rural, pessoa física ou jurídica, que
empreendem a qualquer título a atividade rural, proprietário ou não, mesmo sem empregado,
ainda que em regime de economia familiar, ou seja, explore o imóvel rural que lhe garanta a
subsistência, em área superior a dois módulos rurais da respectiva região.
Comentário do autor
Acompanhe!
I - para os empregadores:
II - para os trabalhadores:
Comentário do autor
Portanto, como você pôde constatar, 60% (a maior parte) vai para o seu sindicato
d no município.
Os sindicatos poderão destacar, em seus orçamentos anuais, até 20% dos recursos da
contribuição sindical para o custeio das suas atividades administrativas, independentemente
de autorização.
d) agências de colocação;
f) bibliotecas;
g) creches;
h) congressos e conferências;
j) feiras e exposições;
m) finalidades desportivas.
II - Sindicatos de empregados:
a) assistência jurídica;
c) assistência à maternidade;
d) agências de colocação;
e) cooperativas;
f) bibliotecas;
g) creches;
h) congressos e conferências;
i) auxilio-funeral;
o) bolsas de estudo.
a) assistência jurídica;
c) assistência à maternidade;
d) bolsas de estudo
e) cooperativas;
f) bibliotecas;
g) creches;
i) auxílio-funeral;
112
j) colônias de férias e centros de recreação;
c) assistência à maternidade;
d) bolsas de estudo;
e) cooperativas;
f) bibliotecas;
g) creches;
h) congressos e conferências;
i) auxílio-funeral
Comentário do autor
d Para poder realizar isso tudo, além da contribuição sindical, os sindicatos podem
cobrar, ainda, a contribuição social e a mensalidade sindical. Veja a seguir.
Comentário do autor
CNA
113
27 federações
de agricultura
• o Instituto CNA, uma associação civil sem fins lucrativos que desenvolve estudos e pesquisas
sociais e do agronegócio, atendendo às demandas do Sistema CNA/Senar.
Dica
' Não se esqueça: no AVA você tem acesso a links e vídeos complementares aos
assuntos tratados na unidade curricular!
Ao lado dos sindicatos rurais, defendem os interesses políticos, econômicos e sociais da cate-
goria, e propõem soluções alternativas para as questões relativas às atividades agropecuárias
em busca da melhoria da qualidade de vida e da geração de emprego e renda.
As federações, juntamente com o Senar, que é parte do sistema e você vai conhecer melhor
a seguir, buscam capacitar as pessoas do meio rural associadas, direta ou indiretamente, aos
processos produtivos agrossilvipastoris por meio de cursos de Formação Profissional Rural –
FPR e Promoção Social – PS.
Com o apoio da CNA e das federações, os sindicatos dos produtores rurais atuam nos
municípios em apoio direto ao produtor agindo na defesa dos direitos e interesses coletivos
ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas.
Senar
O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – Senar abre oportunidades para homens e
mulheres que desejam ampliar seus conhecimentos para impulsionar a produtividade com
preservação ambiental e melhorar a renda e a qualidade de vida no campo.
Criado pela Lei nº 8.315, de 23/12/91, é uma entidade de direito privado, paraestatal, mantida
pela classe patronal rural, vinculada à Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil – CNA
e administrada por um conselho deliberativo tripartite. É integrante do chamado Sistema S
e tem como função cumprir a missão estabelecida pelo seu conselho deliberativo, composto
por representantes do governo federal e das classes trabalhadora e patronal rural.
Comentário do autor
Nos últimos quatro anos, a entidade ampliou, significativamente, o seu leque de ofertas
educativas de Formação Profissional Rural – FPR, Promoção Social – PS e educação profissional
técnica e superior, e tem concentrado esforços na busca de novas parcerias para ampliar
ainda mais o atendimento das necessidades de formação e qualificação no campo.
• Em 2013, sinalizou um novo caminho para ofertar, também, cursos técnicos, presenciais e
a distância. Aderiu à Rede e-Tec Brasil e, em 2014, passou a oferecer curso técnico de nível
médio a distância, sendo parte da carga horária total em polos de apoio presencial criados
em vários estados.
• Em 2013, o Senar Nacional iniciou a oferta de educação superior por meio do curso
Tecnologia em Gestão do Agronegócio.
Portanto, podemos dizer que o Senar é a escola que tira a tecnologia das prateleiras e a leva
ao campo onde há necessidade, e aplica as pesquisas onde há demanda.
• Com base nos princípios da livre iniciativa, da economia de mercado e das urgências sociais,
aprimorar as estratégias educativas e difundir metodologias para ofertar ações adequadas
de Formação Profissional Rural e Promoção Social ao seu público.
• Promover a cidadania, a qualidade de vida e a inclusão social das pessoas do meio rural.
a) Produtor rural – pessoa física, empregador e 0,20% sobre o valor bruto da comercialização
segurado especial: de sua produção agrossilvipastoril
Com base nessa pesquisa, já foram elaborados programas e projetos que passaram
a fazer parte do portfólio de ações do Sistema CNA/Senar para minimizar as
dificuldades e propor soluções duradouras para as comunidades rurais.
Encerramento do Tema
Os conhecimentos sobre sindicalismo adquiridos nesta etapa do curso proporcionaram uma
visão da atuação do trabalhador e do produtor rural como profissional, conhecendo seus
direitos e suas obrigações.
Atividade de aprendizagem
1. Por que as pessoas se associam em sindicatos? Assinale a resposta correta.
c) Para ter direito ao fundo de garantia quando for demitido da empresa ou pelo patrão.
d) Para que o banco possa financiar os projetos da atividade rural, como a construção do
curral e a compra do gado.
e) Poderá ser criado mais de um sindicato no município desde que haja autorização da
prefeitura.
3. O que é o Senar?
a) O Senar é uma empresa criada pelo governo federal, com apoio da maioria da Câmara
dos Deputados e do Senado, para atender aos fabricantes de máquinas e equipamentos
agrícolas, facilitando o trabalho no campo.
d) O Senar atua apenas para atender aos grandes produtores rurais, pois apenas eles
contribuem com a sua manutenção.
e) É uma empresa paraestatal, que atua com orientações diretas do governo federal,
criada para atuar com o saneamento rural do Brasil, vinculado ao Banco Central.
a) Assistência jurídica.
c) Congressos e conferências.
a) Presidente da República.
b) Governador do estado.
d) O Ministro do Trabalho.
e) A Contag.
121
Vamos lá?
Tema 1
1) Alternativa c. Empreendedor individual, pois a atividade é individual.
Tema 2
1) Alternativa b. Reunir pessoas em uma atividade econômica para que, com a ajuda de
todos, tenham mais lucro e melhoria de vida – é o objetivo de uma cooperativa.
5) Alternativa e. Todas as repostas estão incorretas – a cooperativa singular não pode ser 123
formada com pessoas jurídicas (empresas), somente pessoas físicas. Empresas só podem
se associar em caso excepcional.
Tema 3
1) Alternativa b. Para facilitar a reivindicação dos direitos trabalhistas – a contribuição sindical
é compulsória, sendo sindicalizado ou não.
Pode ser constituído de pessoas físicas ou jurídicas, que se unem sem objetivos econômicos,
sem objetivo de lucro.
Para que possa ter representação, o grupo necessita de uma entidade formalizada, que pode
ser uma associação, um clube, um conselho etc.
Cooperativismo
Rios (1998, citado por Cavalcanti, 2006) informa que o “cooperativismo é uma doutrina
econômica estruturada para a geração de riquezas por meio do livre associativismo entre
pessoas que, espontaneamente, concordam em criar uma cooperativa, unidas pelos mesmos
ideais e tendo os mesmos objetivos”. O cooperativismo, então, seria uma alternativa de
exploração de atividade econômica que objetiva a satisfação das necessidades comuns de
seus associados ou cooperados de forma conjunta, e não com exclusividade para este ou
aquele membro.
Sindicalismo
É um movimento ou doutrina política que defende a organização dos profissionais e
trabalhadores em sindicatos para que trabalhem juntos na defesa de seus interesses. Envolve
atividade social, política ou reivindicatória dos sindicatos.
Pode ser, ainda, uma doutrina ou um movimento que visa fortalecer o sindicato dentro da
organização econômica e social.
Fonte: Dicionário online Caldas Aulete.
Básicas
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AROUCA, José Carlos. Curso básico de Direito Sindical. 4. ed. São Paulo: Ltr, 2014.
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COSTA, Luiz Flávio Carvalho. Sindicalismo rural brasileiro em construção. Rio de Janeiro: Forense
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CUSTODIO, Márcio Ferezin. A participação das organizações sindicais nos colegiados de órgãos
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