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Sugestão de Título: O tango existencial de Juan Carlos Onetti

Apoio: Lançamento de romance e de revista com estudos críticos marcam os dez anos
da morte do escritor que abriu espaço para o urbano na ficção latino-americana

MARLOVA ASEFF

Uma literatura sórdida, na qual a degeneração humana é como uma fratura exposta:
assim é o universo ficcional de Juan Carlos Onetti (1909-1994). O escritor uruguaio acaba
de ganhar um número especial da revista Fragmentos, publicação do Departamento de
Língua e Literatura Estrangeiras da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Também ainda este mês, a tradução do romance A vida breve será lançada pela editora
Planeta durante a 18ª Bienal do Livro de São Paulo. As publicações chegam em boa hora,
dado que em maio completa-se uma década da morte do autor.

Onetti faz parte da geração de 45, intelectuais de Montevidéu que publicavam contos
e relatos curtos com temas urbanos e cosmopolitas. Em 1939, lançou El pozo, romance que,
para Mario Vargas Llosa, foi responsável pelo ingresso da ficção latino-americana na
contemporaneidade. Segundo o crítico literário uruguaio Pablo Rocca, esse foi um relato
fetiche para a nova geração de escritores de então, “um texto chave da modernidade
narrativa, da origem de uma prática estética, assinalando a fronteira entre duas épocas”. No
mesmo ano em que publicou El pozo, Onetti assumiu o cargo de secretário de redação do
lendário semanário uruguaio Marcha, no qual escreveu uma série de artigos atacando a
literatura realista de orientação rural, abrindo espaço para o urbano na ficção do continente.

Ao longo de 60 anos atuando como escritor, compôs “um grande tango existencial”,
conforme definição inspirada do colega e conterrâneo Mario Benedetti. Seu mundo
ficcional é habitado por personagens solitários, fracassados e, muitas vezes, neuróticos.
São narrativas entre quatro paredes – no interior de cômodos, cabarés ou escritórios.
Quando as personagens saem para o mundo externo, é quase sempre na penumbra
indefinida da noite. Tanto os ambientes como a linguagem costumam instalar um clima de
pesadelo, como ocorre em La vida breve (1950). Nesse romance, aparece a cidade de Santa
María, território imaginário no qual ele viria a ambientar várias de suas histórias. Onetti
confessou certa vez que Santa María era fruto da nostalgia que sentia de Montevidéu, terra
natal que teve de abandonar em 1974, depois de ser preso pela ditadura militar instalada no
Uruguai em 1973.
A prosa turva e pastosa, como a classificou Anderson Imbert em sua História da
Literatura Hispano-americana, deu corpo a dezenas de romances, novelas e contos. Em
1979, vivendo no exílio na Espanha, publicou Dejemos hablar el viento, livro que o
consagrou perante a crítica européia e cuja repercussão culminou, em 1980, na obtenção do
Cervantes, o mais importante prêmio literário da língua espanhola. Mesmo com o fim da
ditadura no Uruguai, o exílio em Madri prolongou-se voluntariamente até sua morte, em
1994.

O volume da Fragmentos, organizado pelos professores Walter Carlos Costa e Liliana


Reales, reúne artigos de pesquisadores de universidades latino-americanas, européias e
norte-americanas. Os estudos apresentam diferentes aproximações ao texto do uruguaio.
Liliana Reales, da UFSC, parte do romance Dejemos hablar al viento para pensar a relação
entre linguagem e literatura. Maria de los Ángeles González, da Universidad de la
República, Uruguai, estuda a novela Cuando Entonces. Gustavo San Román, da
Universidade de Saint Andrews, Escócia, faz a leitura do final de El Astillero. Patrícia de
Baubeta, da Universidade de Birmingham, Reino Unido, compara os temas e os
procedimentos de Onetti com os da chilena Maria Luisa Bombal. Aurora Ocampo, da
Universidade Autônoma do México, analisa a representação da mulher no conto “El
infierno tan temido”. Paul Jordan, da Universidade de Sheffield, Reino Unido, estuda o
miniconto “El cerdito”. Walter Carlos Costa aborda a recepção da literatura de Onetti pelo
crítico Emir Rodríguez Monegal (1921-1985), Pablo Rocca rememora os últimos dias de
Onetti em Montevidéu e Daniel Balderston, da Universidade de Iowa, Estados Unidos,
confronta a versão publicada com os manuscritos de Cuando ya no importe. A revista
também traz a bibliografia completa de Onetti, bem como a relação de estudos sobre o
escritor feitos pela crítica, uma pesquisa detalhada feita por Maria Vigil e Andréa
Sacaravelli.

SERVIÇO:
A revista Fragmentos pode ser adquirida pelo e-mail frag@cce.ufsc.br

QUADRO

Obras de Onetti em português:

Junta-Cadáveres [Juntacadáveres]. Tradução de Flávio Moreira da Costa. Rio de


Janeiro: Francisco Alves, 1980.
O estaleiro [ El astillero]. Tradução de Emanuel Godinho. Lisboa: Edições 70, 1081.
Deixemos falar o vento [ Dejemos hablar al viento]. Tradução de Maria de Lourdes
Martini. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1981.
Tão triste como ela [ Tan triste como ella]. Tradução de Eric Nepomuceno. São
Paulo. Companhia das Letras, 1989.
A vida breve [ La vida breve]. São Paulo: Planeta, 2004
Fim de texto

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