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Curso de Formação em História e Cultura Afro Brasileira e Africana

2ª etapa
Maio – Julho/2007

Realização: Ágere Cooperação em Advocacy


Apoio: Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade/MEC

Autoria: Álvaro Sebastião Teixeira Ribeiro


Bárbara Oliveira Souza
Edileuza Penha de Souza
Iglê Moura Paz Ribeiro

MÓDULO I
Aula 1: Canção dos Povos

Problematização do tema:

Pense na sua trajetória de vida:


- Existe alguma canção que acompanha você?
- De que forma a música está presente em sua vida?
- Existe alguma canção que o remeta aos tempos de criança ou ao convívio com
a sua família?

Desenvolvimento sobre o tema:

Na história de diferentes povos da humanidade, a música representa o


símbolo de fortalecimento e de coesão social, de forma que quando analisarmos
o conteúdo da apresentação “Canção dos Povos” poderemos pensar o quanto a
música significa para os povos africanos. O que caracteriza o processo histórico
desses povos é o seu sentimento de pertença, princípios e valores que marcam
o ciclo filosófico da representação da vida e da morte como percurso contínuo.

Esse processo histórico se caracteriza pela ancestralidade, e só por meio


dela foi possível reconstruir as origens, as etnias e a memória. Como afirma
Juana Elbein (1988) “Essa memória, enraizada na multiplicidade da herança
negro-africana, expande com força total”. A força vital é a dinâmica civilizatória 1
que possibilitou a continuidade do povo negro na Diáspora. Ao serem
arrancados do continente mãe, milhares de africanos e africanas reconstruíram
sua territorialidade2, se apoderando dos valores e da circularidade3 herdada de
seus ancestrais. Os elementos que compõem o panorama da ancestralidade

1 Nos referimos, aqui, ao contínuo civilizatório africano.


2 Territorialidade: A territorialidade ocorre por meio da força vital, da energia concentrada em tal espaço, sem
fronteiras rígidas. A territorialidade pode ser concebida como os espaços de práticas culturais nos quais se criam
mecanismos identitários de representação a partir da memória coletiva, das suas singularidades culturais.

1
estão presentes nas comunidades de terreiro, nos territórios quilombolas, nas
escolas de samba, nos folguetos, maracatus, no congo, na congada e nas
incontáveis manifestações culturais afro-brasileiras.

Assim, toda a identidade negra está pautada na representação do


território e da territorialidade, do corpo e da corporalidade4, da comunidade e da
comunalidade5 negra e esses elementos utilizam-se da musicologia individual e
coletiva de cada individuo. (LUZ, 1999).

Uma proposta plural de educação só será possível com a recriação de


nossas canções ancestrais, pois elas reúnem elementos para a superação dos
obstáculos etnocêntricos6 “impertinentes na participação e na interação entre
educador/educando, artista/comunidade” (SANTOS, 2002, p. 28). Música e
dança precisam compor o currículo escolar como fonte de identidade, uma vez
que somente a identidade possibilita o desenvolvimento de nossos destinos.
(LUZ, 1995).

É preciso compreender que parte do distanciamento entre a escola e a


comunidade está referendado na sociedade neocolonial/europocêntrica
(centrada na perspectiva européia) que não permite escutar as canções de seus
educadores e educandos. Solidificada nas amarras do Estado burocrático, a
escola dissemina estereótipos e ideologias equivocadas e destrói o referencial e
a visão de mundo de “outros sistemas simbólicos civilizatórios, que também
expressam formas próprias em torno do ato de educar” (LUZ, 1997, p. 202).

Encontrar nossas canções nos possibilita transformar e criar


permanentemente a relação com o outro, que está na nossa sala de aula, na
escola, na comunidade; bem como com o outro que traz uma cultura, um olhar
diferente. Essas relações nos permitem encontrar nossa própria canção. Bem, é
sobre isto que vamos refletir neste curso. Quem sabe juntos possamos, ao final
dele, sair transformados e mais receptivos em relação ao outro e a nós
mesmos? A proposta colocada aqui é aprender com o que nos diferencia e com

3 Circularidade: A circularidade diz respeito ao caráter do pensamento cíclico, mítico, muitas vezes relacionado às
sociedades tradicionais em que tempos passados, presentes e futuro se processam em círculo: elementos do passado
podem voltar no presente, especialmente por meio da memória.
4 Corporalidade: Corporalidade é o viver cotidiano de cada pessoa, indivíduo e coletividade. Está
relacionada à existência, ao trabalho, ao lazer, à sexualidade, enfim, à linguagem corporal que
expressamos nessas atividades.
5 Comunalidade: representada nos valores da comunidade, a comunalidade é expressão lúdico-estética,
estabelecendo “a referência à compreensão da arkhé que funda, estrutura, revitaliza, atualiza e expande
a energia mítico-sagrada da comunalidade africano-brasileira”(Luz, 2000c, p. 47).
6 O eurocentrismo é tido como uma visão de mundo que tende a colocar a Europa (assim como sua
cultura, seu povo, suas línguas) como o elemento fundamental na constituição da sociedade moderna,
sendo necessariamente a protagonista da história do homem. Acredita-se que grande parte da
historiografia produzida no século XIX até meados do século XX assuma um contexto eurocêntrico, até
mesmo aquela praticada fora da Europa. Manifesta-se como uma espécie de doutrina, corrente no meio
acadêmico em determinados períodos da história, que enxerga as culturas não-européias de forma
exótica e as encara de modo xenófobo.

2
o que nos constrói, buscar nossas referências, nossa ancestralidade, a nossa
canção.

A busca pela nossa canção, pelos elementos que nos localizam no


mundo é fundamental para o fortalecimento de nossa identidade. Para muitos
povos africanos, a música ocupa o lugar da oralidade, da transmissão e da
perpetuação dos conhecimentos na vida. Para compormos nossa música
ancestral, com base na africanidade7, damos início a este curso!

Praticando

− O que esta apresentação nos remete?


− Será que podemos pensar nossa ancestralidade por meio dela? Podemos
nos deixar ir ao encontro da nossa história e dos vários povos que a
compõe?
− É possível que esse encontro com nossa ancestralidade e com nossas raízes
nos possibilite uma prática transformadora?
− Em seguida, pense e escreva como as canções que fortalecem nossa
identidade podem ser transformadas em materiais didáticos para sala de
aula.

Referências:

LUZ, Marco Aurélio, (1995). Agadá: dinâmica da civilização africano-brasileira.


Salvador: Centro editorial e didático da UFBA.

LUZ, C.P. Narcimária, (1996). Pawódà; dinâmica e extensão... In: LUZ, C.P.
Narcimária. Pluralidade cultural e educação. Salvador: SECNEB.

________. (1997). O patrimônio civilizatório africano no Brasil: Páwódà -


Dinâmica e Extensão do conceito de Educação Pluricultural In: Joel Rufino
(Org.). Negro brasileiro negro. Rio de Janeiro: Revista IPHAN, n.25 p.99-209.

________ .(2000). Abebe: a criação de novos valores na Educação. Salvador:


SECNEB.

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO/ SECRETARIA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA,


ALFABETIZAÇÃO E DIVERSIDADE. Orientações e Ações para a Educação
das Relações Étnico-Raciais. Brasília: SECAD, 2006.
7 Africanidade: Pensar em africanidade nos remete ao sentido de reconhecimento do lugar histórico,
sociopolítico e lúdico-cultural que nos situamos. A africanidade reconstruída no Brasil está calcada nos
valores das tradições coletivas do amplo continente africano, presente e recriada no cotidiano dos
grupos negros brasileiros.

3
SANTOS, Inaicyra Falcão dos, (2002). Corpo e ancestralidade: uma proposta
pluricultural de dança-arte-educação. Salvador: EDUFBA,

SANTOS, Juana Elbein dos, (1988). Os nagô e a morte: pàde, àsèsè e o culto
égun na Bahia. Petrópolis: Vozes.

SODRÉ, Muniz, (2002). O terreiro e a cidade - A forma social negro


brasileira. Salvador: Secretaria da cultura e Turismo/ IMAGO.

________ (1997). Corporalidade e Liturgia Negra. In: Joel Rufino (Org.). Negro
brasileiro negro. Rio de Janeiro : Revista IPHAN, n. 25. p. 29-33.

________ (1988). A verdade seduzida. 2. ed. Rio de Janeiro: Francisco Alves.

SOUZA, Edileuza Penha de, (2001). Identidade capixaba. Prefeitura de Vitória


Secretaria de Cultura: Vitória – ES.

Filmes

Mestre Humberto

Direção: Rodrigo Savastano. Brasil, 2005, 20 minutos. Um passeio pela Lapa,


Campo de Santana e pela África por meio dos amigos e da memória de um
aluno mais antigo da vida, cuja graça é Humberto de Souza. Pode ser acessado
no site: www.portacurtas.com.br

Som da Rua - Vodu

Roberto Berliner, 1997, 2 minutos. Miriam Laveau é uma sacerdotisa vodu de


Nova Orleans, herdeira creole das mais antigas tradições africanas. Aqui ela
apresenta os cânticos vodus que falam da liberdade, mas para Miriam a
liberdade, como ela aconteceu, só tornou as pessoas escravizadas. Pode ser
acessado no site: www.portacurtas.com.br

Atlântico Negro – Na rota dos orixás

Direção: Renato Barbieri. Viagem no espaço e no tempo em busca das origens


africanas da cultura brasileira. Historiadores, antropólogos e sacerdotes
africanos e brasileiros relatam fatos históricos e dados surpreendentes sobre as
inúmeras afinidades culturais que unem os dois lados do Atlântico. Visão atual
do Benin, berço da cultura iorubá. Filmado no Benim, no Maranhão e na Bahia.

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Sítios

www.acordacultura.org.br
www.criola.org.br
www.unidadenadiversidade.org.br

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