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17/12/2018 Na Encruzilhada: O Cisma Judaico-Cristão

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Jewish-Christian Relations
Entendimentos e Assuntos no Diálogo Cristío-Judaico

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SCHIFFMAN, LAWRENCE H.

Na Encruzilhada: O Cisma Judaico-Cristão


Por Lawrence H. Schiffman
O surgimento da Cristandade tem ocupado um lugar tão proeminente no estudo da história das religiões que não
deixou medrar uma questão relacionada e talvez mais importante: a maneira em que o Judaísmo e a Cristandade
se separaram um do outro, chegando a entender um ao outro como "o outro". Como chegou a ser que os cristãos
viam os judeus como alheios e diferentes, e, então, uma como religião a ser substituída e um como povo a ser
culpado pelo pecado de deicídio? Com aconteceu que o Judaísmo chegou a ver a Cristandade, que se originara
um como movimento sectário judaico, uma como outra religião e os seus membros como não-judeus – como
membros dum outro gênio? Certamente, esse processo era ligado a desenvolvimentos e evoluções históricos
tanto no Judaísmo como na Cristandade. Mas era fatídico, pondo o palco para o antijudaísmo cristão e para o
nosso entendimento deste como crucial para as relações judaicas-cristãs no mundo moderno. Esse processo
complexo não pode ser entendido propriamente senão começando a esboçar aspetos do fundo do cisma judaico-
cristão, examinando a evidência que tivermos para a separação, e então observando os efeitos desta na
Antigüidade Serôdia.

Abordamos esse assunto com hesitação considerável, já que pretendemos sumariar tanto, fazendo tão amplas
generalizações. Cada um de nós, no nosso campo de perícia e com as nossas perspectivas próprias, poderia, sem
dúvida, aperfeiçoar ou aprofundar qualquer aspeto da discussão aqui. Mas não podemos esperar a alcançar um
entendimento dum sujeito tão complexo e crucial senão lançando uma rede ampla. Não haverá simplesmente
outra alternativa.

O Fundo Histórico
Os desenvolvimentos religiosos do primeiro século E.C. (Era Comum) não podem ser entendidos senão contra
o fundo da turbulenta história política da Judéia no período abrangendo a Revolta Macabéia (168-164 A.E.C.
[Antes da Era Comum]), a Grande Revolta dos judeus contra Roma (66-73 E.C.) e a Revolta de Bar
Kokba(132-5 E.C.). Esse período começou com uma crise, tanto religiosa como política. A Revolta Macabéia

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era uma disputa judaica interna sobre a extensão a helenizar, e uma guerra pela independência judaica dentro do
império sírio selêucida. Os resultados dessa revolta pareciam augurar bem para o povo judaico. A dinastia dos
macabeus, que finalmente ganhou o controle em 152 A.E.C., parecia estar dedicada à pratica da religião
israelita num ambiente independente, não helenizado senão moderadamente. Era só pouco tempo antes de que
esses mesmos reinantes sacerdotais começaram a andar descendo numa vereda de helenismo a uma luta
internicida, tão comum no mundo helênico. Era a disputa de dois irmãos, Aristóbulo II e Hircano II, que em 63
A.E.C. induziu os romanos a tomar o controle direto da Judéia.

O controle romano direto, por sua vez, conduziu ao surgimento duma variedade de oponentes – efetivamente
grupos rebeldes – que tentaram voltar ao espírito do início do período macabeu. Alegavam que só verdadeira
independência judaica possibilitaria a plenamente irrestrita prática do Judaísmo, uma reivindicação severamente
desafiada pelo status do Judaísmo como uma religião legítima no Império Romano, mas justificada pela
incapacidade de quase todos os procuradores romanos de respeitar as necessidades particulares do povo e do
país que reinavam. Para alguns dos protestadores e rebeldes, o messianismo apocalíptico era certamente
motivação. Alguns até identificaram os seus líderes como figuras messiânicas. Essa era uma era em que muitos
judeus eram convencidos que a redenção messiânica era para aparecer imediatamente. Ironicamente, os
mesmos motivos levaram os romanos a apontar Herodes o Grande como aquilo que consideram Rei dos Judeus.
O seu reinado de 38 A.E.C. a 4 A.E.C. tornou-se o mais turbulento de todos; as suas atividades pagãs,
artimanhas assassinas e praxe repressiva levaram a mais e mais atividade revolucionária, apesar da sua
reconstrução do Templo de Jerusalém, um como milagre do mundo antigo. A sua morte levou, por sua vez, a
ainda mais distúrbio revolucionário e, com exceção do curto reino de Agripa I, as divisões internas pró e contra
as forças romanas na comunidade judaica, bem como o caos geral do reinado romano direto, logo mergulharam
a Judéia na mal sucedida Grande Revolta, que levou à destruição do Templo em 70 E.C.

Era nessa atmosfera que Jesus chegou a ser visto como messíah pelos seus seguidores. Era numa era em que a
redenção messiânica parecia ser um escape das vicissitudes das tiranias romanas e herodianas, mas a existência
de tanta atividade rebelde e insurrecional levaram muito provavelmente os romanos a verem Jesus uma como
força perigosa e a executar ele. Isso não quer dizer que era de fato um revolucionário. Ao contrário, o seu Reino
de Deus era um caminho de vida e um estado de ser semelhante àquele dos sábios farisaicos; mas para os
romanos isso não fazia diferença.

Quando a poeira se assentou depois da Revolta, estando as forças de compromisso provadas como corretas, e
quando a luta judaica tivera sido levada a um fim pelos exércitos romanos, a Judéia entrou num período de
recuperação, em que o reinado romano direto estava copulado com uma forma dum governo farisáico-rabínico
interno do povo judaico. Mais uma vez, os administradores romanos não eram capazes de sufocar a sede dos
judeus, agora alimentada, como o fora também nos aos de 66 a 73, por fervor messiânico. Assim, pelos anos de
132-55, os judeus entraram em mais uma revolta, na qual havia outra vez desacordo interno. Face ao esmagador
poder militar romano, o resultado era outra vez destruição seguida por um período de restauração, e outra vez a
ascensão da classe rabínica como os regentes dos judeus na Judéia, propalando submissão quietista aos
romanos.

Diversas generalizações podem ser feitas do precedente, que nos vão ajudar no seguinte. Primeiro, cada uma
daquelas revoltas traziam consigo sérias divisões internas entre seitas judaicas ao longo de religiosas e políticas
linhas de defeitos de grande significância. Segundo: em cada revolta, o grupo revolucionário recebeu muita
ajuda pelas práticas reinantes – muitas vezes as perseguições – dos selêucidas e romanos. Finalmente, cada
revolta mostrou que os judeus estavam divididos entre aqueles que eram dispostos a acomodar-se aos poderes
reinantes e aqueles que desejavam a independência judaica.

O talvez mais importante para o nosso assunto: a combinação de reinado estrangeiro agressivo e resistência
judaica tomava forma contra o fundo de expectativa apocalíptica, um fator que contribuía ao surgimento a
Cristandade.

O Judaísmo dos dois séculos A.E.C.

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Era contra esse fundo que o sectarismo do Judaísmo do Segundo Templo chegou a ser proeminente. Fermento
religioso não era novo para o povo judaico. Prévia à Revolta Macabéia, o assunto sob debate, o qual
eventualmente levou à revolta completa, era a extensão para o helenismo. Helenizantes extremos buscavam a
identificação do Judaísmo com as idéias e práticas religiosas helenisticas, tão grande que a maioria dos judeus
empacava forte. Mas até os macabeus estavam dispostos a acomodar ao helenismo em algum grau. Foi pois a
revolta bem sucedida, quando os reinantes hasmoneus desceram pela vereda de helenismo, que as divisões
sectárias bem conhecidas chagaram a ser tão proeminentes. Essa era na história do Judaísmo pode ser vista um
como tempo de debate e confusão, pelo que ideologias judaicas diferentes procuravam reclamar legitimidade
como os continuadores da tradição da Bíblia Hebraica, numa era em que as tendências históricas e culturais do
helenismo e a instabilidade política apresentavam um desafio temível.

Vale a pena esboçar os vários acessos ao Judaísmo conhecidos deste período, para mostrar a complexidade da
paisagem religiosa judaica nesse período, e isso proverá a cortina de fundo do cenário do surgimento da
Cristandade.

No início, é importante relembrar que o maior número de judeus no segundo e primeiro séculos A.E.C. eram
parte dum grupo amorfo usualmente denominado de o `am hòórets, "o povo da terra". Esse grupo constituía a
classe camponesa judaica tradicional que praticava o que era denominado de "Judaísmo comum" do serôdio
Período do Segundo Templo. Observaram o Sábado e os festivais e regulamentos de pureza básicos, prestando
culto no Templo nos dias festivais. Mas esses judeus não estavam tão estritamente seguindo as leis de pagar a
dízima da produção agrária ou de manter a pureza do Templo de alimento não sagrado. Esses judeus não
estavam envolvidos nas disputas dos elites, mas a maioria parecia ter suportado os líderes farisaicos, e um
pequeno número entrou no nascente movimento de Jesus no meio do primeiro século.

As mais proeminentes entre as seitas judaicas eram os Fariseus e os Saduceus. Os Saduceus representavam o
grupo sacerdotal que, durante muito tempo do Período do Segundo Templo, controlava o Sumo Sacerdócio.
Pelo período herodiano, os sacerdotes saduceus representavam aqueles que estavam dispostos a acomodar-se ao
reinado romano, comprometendo freqüentemente constrições religiosas por razões de apetite pessoal ou
vantagem política. Mas originalmente, os saduceus foram piedosos sacerdotes, que procuravam servir a Deus
no Seu Templo, de acordo com as suas tradições e regulamentos legais. Restantes dos saduceus piedosos
existiram até a destruição do Templo no ano de 70 E.C., podendo outros elementos desse grupo ter constituído
o cerne daquilo que chegou a ser a seita de Qumran.

Os Fariseus, que Josefo reporta sendo os mais populares entre o povo comum, eram professores leigos da Toráh
e eram os precursores dos sábios rabínicos. Especializaram-se em interpretação bíblica e lei judaica e, sabemo-
lo do texto de Qumran, que, já no início do período dos hasmoneus, seus acessos à lei e a sua ligação às
"tradições dos pais" denominados mais tarde como a Lei Oral, eram consideravelmente avançados. Relatos do
Novo Testamento indicam que a sua visão social e ética era aquela que foi adotada pela mais primitiva
Cristandade, embora Jesus e os seus seguidores apareçam ter assumido uma visão mais suave de certos aspetos
da lei judaica, como por exemplo o Sábado.

Josefo e Filo e outras antigas fontes mencionaram um terceiros grupo maior, denominado de Essênios.
Numerosas teorias existem para explicar a etimologia e o significado do termo, e precisamos admitir que
nenhuma é convincente. Além disso, não aparece em hebraico até à Renascença. Por causa dum relato de Pliny
e Elder, a maioria dos cientistas concluiu que a Seita de Qumran, ou a de Mar Morto, tem de ser identificada
com essa seita. Tal visão pode ser correta, mas tem de ser completada pela percepção de que os essênios eram,
muito provavelmente, uma solta conglomeração de grupos sectários que foram agrupados juntos por antigos
escritores. Entre esses grupos havia, certamente, seitas apocalípticas – pelo que queremos enfatizar a sua fé
num messianismo imediato e muitas vezes catastrófico -, os Rolos do Mar Morto oferecendo-nos um relance na
espécie do pensamento escatológico. Está claro que tal ideologia, com a sua expectativa iminente do crepúsculo
do escaton (dos acontecimentos ao fim o mundo. Trad.) influenciou a entrada de grandes números de judeus nas
revoltas contra Roma em 66-73 e 132-134 E.C. A paisagem ideológica e religiosa da Palestina Judaica na
Antigüidade Serôdia era salpicada com uma variedade de tais grupos, como está evidente dos Rolos e
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pseudepígrafos (conhecidos antes das descobertas de Qumran). A sua influência direta e indireta aos grandes
eventos do primeiro século E.C. não pode ser subestimada.

O Surgimento da Cristandade
É contra este fundo histórico e religioso que o surgimento da Cristandade deve ser visto. Está talvez além desta
apresentação tentar a desenredar os complexos eventos que criam a carreira e a morte de Jesus. Sua análise – ou
melhor: a análise daquilo que os cientistas têm feito tentando esclarecer esses assuntos – comporiam um livro,
deixando ainda assuntos mais fundamentais sem solução. Vou, porém, discutir aquela parte daqueles eventos
que é relevante a este artigo.

Como mencionado acima, grupos sectários judaicos de natureza apocalíptica existiam naquele período. Alguns
desses grupos, como sabemos dos Rolos do Mar Morto e de Josefo, estavam centrados ao redor de professores
carismáticos ou pietistas, sendo algumas destas figuras vistas como proféticos ou messiânicos. A certo grau, o
movimento de Jesus quadra-se a uma caraterização tal, podendo ser considerado como parte duma paisagem
espiritual mais ampla.

A reivindicação de que Jesus era messíah enquadra-se bem nesse esquema apocalíptico. Grupos apocalípticos
muitas vezes lançam os seus professores e líderes como messíahs, e as tradições do Evangelho indicam
certamente que era o caso com Jesus. Algumas mantêm que Jesus se via a si mesmo em termos escatológicos.
Sem entrar nessa complexa matéria em detalhe, devemos notar que a atribuição a Jesus de não só status
davídico, mas também de caraterísticas sacerdotais, anda de mãos dadas com o conceito dos dois messíahs,
conhecido em Qumran.

Mas certos aspetos específicos daquilo que podemos reconstruir das fontes dos Evangelhos (isso é o material
mais antigo incorporado nas suas redações atuais) indicam algumas diferenças substanciais entra a Cristandade
e as seitas judaicas apocalípticas mais antigas. A maior dessas jaz na mensagem social da antiga Cristandade.
Longe da mentalidade sectária, tal como está sendo encontrada na literatura sectária de Qumran, a qual é típica
de seitas apocalípticas na maior parte, é a adoção daquilo que poderíamos chamar de ética hiper-farisáica por
Jesus e seus seguidores. As tentativas de contrastar a formulação da Regra de Ouro com aquela de Hillel,
escurece o fato de que, tanto para os Fariseus como os primeiros Cristãos, o mandamento bíblico de "ama teu
vizinho como a ti mesmo" era o imperativo ético fundamental. As aproximações éticas da primitiva Cristandade
e do Fariseísmo são virtualmente as mesmas, estando sinceramente acertando a extensiva literatura que dispõe
paralelas as declarações de ética extrema, atribuídas pelos Evangelhos a Jesus, com as citações rabínicas. Essas
aproximações precisam ser acentuadamente contrastadas com aquelas do grupo de Qumran e de outras assim
fechadas sociedades, nas quais o status de "vizinho" fica limitado a membros da seita antes de que a outros
judeus ou outros seres humanos. Esta é só uma das razões por que tentativas de colocar Jesus como membro da
seita de Qumran e de afirmar que ele era motivado pelo ensino desta, são descaminhadas.

Convém parar de enfatizar que aproximações que procurem colocar Jesus dentro do mundo do "banditismo
social" do primeiro século E.C. não possam ser aceitas. Essas teorias ignoram fontes históricas para o contrário,
substituindo claras afirmações de que a verdadeira natureza do primitivo movimento cristão incluiu táticas
revolucionárias violentas contra os reinantes romanos, estes que, por sua vez, viam estes política e socialmente
motivados atos como aqueles de elemento criminoso. Enquanto tais grupos, sem dúvida, existiam na população
judaica do primeiro século, estando, sob algum aspeto, ligados com o surgimento eventual de zelotes e sicários
como revolucionários completos, Jesus e seus seguidores parecem ter sido completamente diferentes. Pregavam
um Reino de Deus a ser criado por comportamento ético e religioso, não por violência política.

As tradições halakicas (legais) dos relatos do primitivo Evangelho precisam também ser consideradas aqui,
visto que, como opostas à esfera ética, de fato apontam em direção a desacordo e cisma. O Evangelho atribui
vários ensinamentos halakicos a Jesus, mais notavelmente na área da lei do Sábado. Quando a comparação for
feita entre as visões nessas tradições, aquelas da Mishnáh e aquelas da seita de Qumran, o resultado é um
espetro em que as visões do Novo Testamento são as mais suaves, a visão da Mishnáh fica no meio, e os textos

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de Qumran são os mais rígidos. Tais comparações põem em dúvida as tentativas que sugerem um
relacionamento linear entre a primitiva Cristandade e a Seita do Mar Morto.

Esse é o ponto onde indico a minha rejeição total de teorias infundadas que tentem pôr João Batista ou Jesus em
Qumran. A proximidade geográfica da atividade batismal de João ao lugar de Qumran não pode ser admitida
para substituir uma determinação mais segura de diferenças entre o exemplo de João duma vida dum eremita
religioso (semelhante a Banus, o professor de Josefo) e a existência comunal – de fato coletiva – dos
qumranitas. A compartilhada prática de imersões diz pouco além da derivação dessas práticas das tradições
judaicas bíblicas e pós-bíblicas. Afirmações de que Jesus era membro da seita essênica/Qumran, são pura
especulação e sem valor acadêmico. Mais: A válida paralela, citada entre o ensino cristão primitivo e matérias
de Qumran, referem-se, na maior parte, a certos motivos de expressão em posteriores camadas da tradição do
Novo Testamento (principalmente nas epístolas), não se referindo às primitivas matérias geradas por Jesus e os
seus seguidores imediatos ou lhes sendo atribuídas nos Evangelhos.

Qual, então, é o lugar dos textos qumrânicos e pseudepigráficos no desenvolver e entender do surgimento da
Cristandade? Esses textos precisam jogar um papel central na nossa reconstrução do Judaísmo que existia antes
da Cristandade e nos quais, de certo, a Cristandade se baseava nos seus mais primitivos estágios. Tal
aproximação nos permitirá um entendimento da variegada textura das aproximações ao Judaísmo nesse período
e também da maneira em que a seita de Jesus possa ser contexturada. Segundo, a Cristandade pode ser vista
como debatendo assuntos e lidando com questões religiosas que eram de fato na agenda dos judeus daqueles
tempos. Em algumas poucas áreas, como na área da exegese bíblica contemporânea, importantes paralelas
podem ser evidenciadas entre as formas mais primitivas cristãs e as do Judaísmo sectário. Finalmente, a Igreja
dos Atos pode ser mostrada como refletindo certas formas comunitárias tiradas de grupos semelhantes à seita de
Qumran, mas que podem ter sido difundidas mais amplamente que pensávamos no serôdio Judaísmo do
Segundo Templo.

Levando tudo em conta, essa aproximação mostrará que a Cristandade é mais judaica do que se pensava antes
da descoberta dos Rolos do Mar Morto. Todavia, não devemos permitir que essa conclusão obscureça a nossa
percepção de que a Cristandade diverge muito do Judaísmo, mesmo nos seus primeiros séculos, e que, como
vamos notar em baixo, a distinção entre as duas fés, especialmente na doutrina messiânica, leva à separação
logo depois da morte de Jesus, separação essa que foi além das disputas e divergências que as nossas fontes
projetam em Jesus mesmo.

Evidência da Auto-definição Judaica e Cristã


Não é por muito tempo que os dois grupos não começam a se definir um ao outro como "o outro". No caso do
Judaísmo, esse processo é fácil a traçar. No tempo em que os professores farisaicos/rabínicos se reagruparam
depois da destruição do Templo, era-lhes claro que a Cristandade representava uma ameaça ideológica e
religiosa. Portanto, a benção contra os minim, heréticos judaicos, foi logo adaptada para impedir cristãos
judaicos servirem como preceptores na sinagoga, uma prática mencionada no Novo Testamento e nas fontes
cristãs primitivas. Mais: várias leis foram adaptadas para separar judeus dos seus vizinhos cristãos judaicos e
das emergentes escrituras da nascente Cristandade. Essas ações pretendiam deixar claro como cristal que os
primitivos rábis consideravam a Cristandade como heresia, e que a prática desta era, do seu ponto de vista,
proibida para judeus.

Devemos relembrar que, nesse tempo, os sábios de Yavneh estavam procurando estandardizar os aspetos do
Judaísmo, afim de criar um consenso que substituísse a anarquia que, na visão de muitos, ajudara a levar à
destruição da nação, do seu país e do Templo, um como resultado da revolta contra Roma.

Especialmente, porém, os sábios judaicos achavam as reivindicações de messianidade referente a Jesus, e a


inteira doutrina desenvolvida depois da morte de Jesus, sendo inaceitável para a teologia judaica. Desnecessário
dizer que posteriores visões, atribuindo divindade a Jesus, reforçavam ainda mais a visão judaica que rejeitava
crenças cristãs como um grande afastamento da fé judaica. Como a Cristandade chegava a ser mais e mais
gentílica, depois das decisões formais da Igreja de Jerusalém e dos resultados práticos da missão de Paulo no
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mundo de fala grega, os Rábis começaram a ver os Cristãos claramente como não-judeus, não mais como
judeus heréticos. Depois de tudo, a Cristandade era agora a religião de incircuncisos pagãos anteriores, que não
eram de descendência judaica e não se converteram ao Judaísmo como exigido pela lei judaica. A benção
contra os minim era agora ampliada para incluir os noserim, os cristãos gentílicos, sendo a Cristandade
claramente entendida uma como religião separada, cujos adeptos não eram considerados judeus. Com a Revolta
de Bar Kokhba, esse processo foi completado por duas razões. Primeiro, os cristãos, acreditando que Jesus era o
Messíah, não podiam apoiar uma revolta messiânica, a qual era liderada pelo pseudo-messíah Simeon Bar
Kokhba. Segundo, na conseqüência da revolta, os romanos proibiam até aos cristãos judaicos entrarem em
Jerusalém. O bispo da Igreja de Jerusalém era agora gentílico, ato que dava a prova aos judeus que a
Cristandade era uma religião separada.

Um processo de separação pode também ser traçado na evidência cristã, mas aqui era acompanhado por uma
animosidade de nível muito mais alto. Uma cuidadosa leitura dos Evangelhos nos permite traçar a maré
crescente dessa animosidade como um resultado da rejeição judaica da mensagem cristã. Vimos nos
Evangelhos a evolução das disputas com os Fariseus ou Saduceus para disputas com alguns judeus, a seguir
para disputas com os judeus e um crescendo ascendente de acusação até o estágio final, pelo que acusam o povo
judaico como um todo – para todas as gerações – pela morte não só do messíah, e daí do aborto da redenção
que este era para trazer, não só pela morte do seu gerado filho, mas até pela morte de Deus Mesmo – a acusação
infame de deicídio. Tais ensinamentos estavam-se evoluindo numa atmosfera em que Paulo era açambarcado
num debate fatídico com o seu próprio Judaísmo. Esse debate rendeu simultaneamente, é justo para dizer, uma
crítica intelectual e religiosa do Judaísmo, que por vezes inclui entendimentos simpáticos dos ensinamentos
judaicos e severas críticas, estas que entendiam significar que o Judaísmo fora permanentemente substituído
pela Cristandade, que a tradição e observação judaicas eram obstáculos para o cumprimento espiritual, e que os
judeus, em virtude da sua recusa de crer no poder redentivo de Jesus, não poderiam alcançar a salvação.

É certamente o caso, portanto, que tanto judeus como cristãos, evolviam identidades separadas, mas enquanto o
Judaísmo o fazia com antagonismo limitado para o seu outrora ramo sectário, a Cristandade expressou a sua
identidade através da delegitimação do Judaísmo, do ensino do desdém e da acusação final de deicídio.
Enquanto o cisma judaico-cristão é uma estrada de duas vias, as percepções não balanceados, que temos
delineadas, lançam uma sombra trágica nas relações judaicas-cristãs por dois milênios.

Conclusão
Traçamos uma estranha oposição aqui, mesmo se o Judaísmo e a Cristandade compartilham tradições e origens
comuns, fato que fica ainda mais claro quando sabemos mais sobre a complexa textura das aproximações ao
Judaísmo nos tempos do Segundo Templo.

Conceitos tais como messianismo apocalíptico, dois messíahs, a exegese de contemporizar pesher, ajudam-nos
muito para pôr a primitiva Cristandade no contexto judaico. Apesar das disputas halakicas com os Fariseus –
que eram de caráter intramural – os primitivos cristãos compartilhavam princípios éticos com os sábios
farisaicos. Doutro lado, os eventos históricos que registramos, mostram-nos um processo de evolução na parte
da Cristandade, do ser uma seita dentro da comunidade judaica a ser um grupo religioso distinto com as suas
próprias crenças e práticas. Enquanto aos judeus sobrava aceitar a saída daquilo que era uma vez da sua família
para praias distantes e enfatizar o seu desacordo com o novo rumo tomado pela Cristandade, os cristão
preferiam fazer dos julgamentos negativos sobre os judeus e o Judaísmo uma parte básica da sua auto-
definição. Períodos posteriores viam esse material usado como a base para afirmações mais rígidas antijudaicas,
e estas, por sua vez, assentavam a plataforma para atos de perseguição religiosa e violência. Vamos esperar que
um retorno à concentração nas origens comuns, mesmo quando reconhecermos plenamente as divergências que
temos, sirva para pavimentar o caminho para futuros séculos de respeito mútuo e obliteração de preconceito e
perseguição religiosos.

Prof. Lawrence H. Schiffman é presidente do Departamento de Estudos Hebraicos e Judaicos da Universidade


de Nova York.
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