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Gendlin
Primeira Conclusão
Momento a momento, depois de tudo que a pessoa disser ou fizer, o
terapeuta deve estar atento para o efeito que isso tem para aquilo que é diretamente
experienciado. Uma declaração, interpretação, reestruturação cognitiva ou qualquer
expressão simbólica pode dar um passo em direção a uma mudança sobre como
um problema é concretamente, somaticamente experienciado? Se essa mudança
ocorre, esse efeito sentido diretamente (felt sense) deve ser aprofundado. Se não
houver efeito nenhum, nós podemos descartar o que foi dito ou feito. Dessa forma,
nós podemos evitar esses “becos sem saída”, essas discussões sem fim, ou pelo
menos restringi-las caso elas ocorram. Essa checagem corporal deve ser aplicada
não apenas para as interpretações verbais, mas para quase tudo que o terapeuta ou
o cliente possam fazer durante a terapia. Todas as intervenções terapêuticas
requerem que o cliente cheque os efeitos concretos da mesma. Algumas
intervenções possuem um efeito genuíno, outras não. Similarmente, o que os
clientes fazem ou dizem também deve ser checado corporalmente pelos mesmos.
Muitas vezes é difícil mostrar para os clientes como checar internamente,
checar corporalmente, se o que eles acabaram de dizer tem um efeito corporal ou
não. Nós iremos discutir como ajudá-los a fazer isso.
A primeira conclusão não é nova em si mesma, apenas a forma de trazer a
tona essa checagem interna é nova. Freud enfatizou que o objetivo da interpretação
era trazer à tona a experiência perdida. A interpretação é um mero ‘’andaime’’ como
aquele que é colocado em volta de um prédio em construção e retirado quando a
construção do prédio termina.
O autor psicanalista Otto Fenichel (1945) também descreveu esse processo:
“Ao dar uma interpretação, o analista procura intervir na dinâmica de interação das forças, para
mudar o balanço em favor do que é reprimido em seu esforço para que isso seja ‘’descarregado’’. O
grau em que essa mudança ocorre é o critério para validação de uma interpretação”. ( p.32,
emphasis added)
Segunda Conclusão
Toda experiência e eventos contêm implicitamente movimentos adicionais.
Para encontrar isso deve-se sentir uma borda não clara. Cada experiência pode ser
levada adiante. Dando uma pequena ajuda, pode-se sentir uma “vantagem” na
experiência mais complicada do que as palavras ou conceitos podem transmitir. É
preciso atender a certos sentidos porque os passos de mudança vêm nessas
arestas.
Nós vamos discutir o que fazer quando parece não haver arestas (limiar) e,
portanto, não há passos. Em uma experiência aparentemente completa, como se
encontra onde pode carregar ainda mais? Como se ajuda uma pessoa a encontrar
essa aresta, esse senso de complexidade mais do que já foi dito? Nós vamos
discutir exatamente como encontrar a aresta e como produzir os passos da
mudança que podem vir a tal ponto. A mudança quase nunca vem em um passo;
em vez disso, consiste de muitas pequenas etapas e, agora, as grandes.
Eu tentei descrever dois becos sem saídas típicos: A discussão sem fim onde
não ocorre nada que seja concretamente experiencial e o beco sem saída de
emoções e sentimentos, diretamente contatados, mas repetitivos. Em contraste a
esses becos sem saída, nós queremos ser capazes de reconhecer e provocar uma
série de passos de mudança experienciais. Como são essas etapas? Com o que
podemos trabalhar, quando tais etapas não estão acontecendo para que surjam?