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“De te fabula narratur.


“É a teu respeito que se conta a fábula.”
Horácio

Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente; quem dera foras frio ou quente!
Assim, porque és morno, e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca.
Como dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um desgraçado, e
miserável, e pobre, e cego, e nu;

Apocalipse 3:15-17

“Tão alta vida espero” St. Teresa de Ávila


Não era possível a Ivan Ilitch conceber qualquer vida mais alta que essa em que
predominam as coisas aprazíveis e decentes, em virtude mesmo da pobreza de sua
imaginação. E esses dois ideais resplandecentes lhe encobriam “a vida e a morte”,
isto é, o contraste perplexificante entre luz e trevas, a tensão imensurável entre as
infinitas alturas do Bem e os insondáveis abismos do Mal. E é a experiência e o
reconhecimento do hiato entre esses dois pólos que engendram a vida do espírito.

Trecho de “Le mal et la souffrance” (O Mal e o Sofrimento) de Louis Lavelle –


para ampliar, aprofundar e elucidar nossas reflexões da leitura de “A Morte de Ivan
Ilitch”:

O Sofrimento

De todos os estados de consciência, a dor é aquele que pode tornar-se o mais


intenso e agudo. Ela é um rompimento interior em que o eu adquire, nas próprias
invectivas que sofre, uma consciência de si extraordinariamente viva. Ele se sente
ferido e miserável; ele também se sente dominado e invadido por um poder que o
ultrapassa, ao qual – por assim dizer – ele está entregue. Mas isso ainda não é
nada:

Até então, existência própria do eu, inserida no vasto conjunto da natureza,


encontrava-se nesta como que incorporada, sem ter manifestado sua intimidade
subjetiva e separada. Essa intimidade passa a se revelar ao eu no momento em que
ele começa a sofrer; os laços que a unem à vida se mostram de maneira
desnudada a partir do momento em que aqueles estão sob perigo e a ponto de se
romper. A dor é uma ameaça; em sua forma mais elementar há já nela uma
evocação da morte, a idéia de uma transição da vida para a morte. É na própria
vida que a morte já se revela.

IV – A realização recíproca

Portanto, graças a uma espécie de mediação mútua, as diferentes consciências


chegam a reconhecer em cada uma delas uma infinidade de potências não
exercidas. Pois nenhuma potência que está em nós se nos pode revelar se ela não
for posta em movimento por uma solicitação exterior. E pode-se dizer mesmo que
ela procura, não abolir-se, como se crê, na posse de um fim que a satisfaça, mas
antes ressuscitar sem cessar no contato de uma presença que a arranque ao mundo
da virtualidade pura. Agora, se todo objeto desempenha esse papel em relação à
faculdade de conhecer e de agir, o que dizer de uma outra pessoa, cujo mero
reencontro, contanto que eu tenha transposto as aparências corporais, basta já a me
comover? Acontece, é verdade, que essa pessoa faça nascer em mim todos os
tormentos do amor próprio e do ciúme, se eu me comparo a ela naquilo que cada
um de nós possui; mas ela por certo engendra promessas infinitas de força e de
alegria, se eu atento para aquela inevitável solidaridade que obriga todos os seres a
formar eles mesmos os seus destinos, mediante os dons que recebem e aqueles que
dão. Não há em mim (quando estou só) senão uma centelha de potências, acerca
das quais me esqueço com freqüência que, para se exercerem, elas precisam de um
convite e de um aporte. Estar só é ser incapaz de pô-las em movimento, pois elas
não recebem apelo algum. Agora, esse apelo, elas não o podem receber senão de
um outro ser; e eu não posso respondê-lo sem que se produza entre aquele ser e eu
uma comunhão que, em vez de limitar nossa independência, a faz desabrochar
numa colaboração consentida e amada. E ela se realiza talvez sob a sua forma a
mais espiritual e a mais pura quando a presença sensível não nos está mais
disponível, como na morte, ou quando jamais nos esteve disponível, como em
certas leituras em que o sentimento de separação, que o corpo contribui sempre a
sustentar entre os seres mais unidos, parece abolido.

Logo, todos os seres têm um destino a realizar; em cada um deles se encontra as


mesmas potências, se bem que desigualmente desenvolvidas. A beleza do mundo,
a unidade admirável que reina nele, origina-se precisamente no fato de que cada
indivíduo é um mediador para todos quantos encontra . É por isso que, em face de
todo ser que está diante de mim, eu assumo sempre uma atitude de espera e de
pedido, e além disso fico ansioso de dever responder à espera e ao pedido que eu
faço nascer no outro desde já. Isso é já romper a solidão. Não que ela jamais
pudesse ser definitivamente superada: pois é necessário que eu possa a cada
instante vencê-la e recair nela. E toda comunhão consiste em duas solidões unidas.
Mas a confiança que um outro me manifesta obriga-me a elevar-me acima de mim
mesmo, a fim de não enganá-la. O sentimento de que cada um de nós pode conferir
ao outro um benefício que ele não ousa negar é a causa do nosso desenvolvimento
mútuo. Os indivíduos cessam de estar separados quando percebem esta lei
fundamental da consciência: que nós estamos fadados à solidão quando reduzidos
ao estado de potências puras, mas que essas potências, nós não podemos exercê-las
senão uns mediante os outros.

O problema da comunhão engaja inteiro o da consciência. O que engendrou essa


crença de que a consciência permanece sempre enclausurada em si mesma, foi que
se define a consciência como simples poder de conhecer as coisas mediante as
idéias; daí para diante, é bem compreensível que, qualquer que seja o volume de
idéias que ela possa conter, essas idéias permanecerão suas e ela jamais sairá da
sua própria esfera. Porém, em sentido estrito, não é a idéia que é nossa, mas
somente o pensamento que temos dela; e, através desse pensamento, cada
consciência participa de um mundo que é comum a todos, no interior do qual se
pode distinguir uma infinidade de perspectivas particulares, mas que convergem.
Desse modo, a inteligência abre diante de todos os seres um campo infinito no qual
se descobrem e se ramificam sem cessar novas vias de comunicação, que os
convidam a se aproximar e a se unir.

Mais ainda, no ato pelo qual eu penso minha solidão, eu a ultrapasso.


Circunscrevendo meu ser próprio, eu me coloco num ser não-circunscrito; mas eu
coloco tu ali também. Assim, a minha consciência individual e a tua tomam a
mesma luz a uma consciência universal, que é o meio comum onde elas levam a
sua vida própria, onde elas se separa e onde elas se unem: é nela que penso os
meus limites e os teus, e que nós dois podemos ultrapassá-los.

Mas tal comunicação não basta a criar entre dois seres uma verdadeira comunhão:
com efeito, esta não pode residir senão na vontade. Pois a vontade busca o ser por
detrás da idéia, e não se serve jamais da idéia senão como meio. Não se pode
negar, acerca dela, que ela seja uma saída de si: em sua forma mais alta, ela é
criação, isto é, generosidade pura. Mas o único fim que pode ser digno dela é uma
outra vontade que, desde que se liberte por sua vez do egoísmo, comunga com a
primeira no exercício de uma atividade que tem a mesma fonte e o mesmo fim, a
qual é ao mesmo tempo pessoal e recíproca, e que dá sempre à consciência aquele
elã interior que chamamos amizade ou amor. Cada consciência não cessa de oscilar
entre o egoísmo e o amor: mas o primeiro a encerra em sua miséria e não em sua
riqueza, ao passo que o segundo a liberta de toda propriedade particular, para lhe
dar a posse de um bem infinito, o qual é impossível gozar sem partilhá-lo.

É por esse motivo que a comunhão, desde que se estabelece, possui um valor por si
mesma, o qual não depende de maneira alguma do valor próprio dos indivíduos
que comungam. É necessário mesmo dizer o contrário, a saber, que cada indivíduo
recebe o valor que lhe é próprio da comunhão mesma à qual ele aceita se abrir. E
aquele que aparentemente mais dá é o que mais recebe: pois não existe para a
consciência mais perfeito presente que aquele que a põe em condição de agir, isto
é, de dar. Assim, quando estou o mais próximo de ti, eu sinto o teu ser que nasce
em mim, mas que desabrocha em ti; e não existe comunhão mais próxima que
aquela que, simultaneamente, te dá o mesmo sentimento a meu respeito.

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