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DISCIPLINA: FARMACOLOGIA
ALUNOS: Maria José Gomes Carvalho, Camila Wiesiolek, Tiago Ribeiro Machado de
Souza
Hipótese: obesos submetidos à cirurgia bariátrica tendem a transferir a sua “compulsão” dos
alimentos para o álcool e outras drogas, aumentando o risco de desenvolvimento de
transtornos relacionados a substâncias, ou seja, desenvolvem uma “transferência de
compulsão”.
Em seu histórico pessoal o paciente, aos 13 anos, foi violentado sexualmente. Seis anos
depois engordou 60 kg. Fazia seis refeições diárias, comia biscoitos, sanduíches e nuggets
fritos inúmeras vezes ao dia. O consumo ocorria em quantidade moderada com os
familiares e em quantidade exagerada de forma escondida e com sensação de descontrole.
Em função desse histórico J. foi atendido por um psiquiatra. As seguintes medicações e
períodos de uso e intervenções foram as seguintes:
zolpidem
22 anos 110 kg
26,7kg/m²
É necessário cautela ao inferir uma relação entre alcoolismo e obesidade e quais as razões
de suas associações. Devemos considerar que a cirurgia bariátrica altera o metabolismo do
álcool e pode facilitar sua tolerância e outros fenômenos envolvidos na dependência. Além
de que altera significativamente o estilo de vida (com maior integração social) o que pode
ser um elemento estressor para o qual o paciente pode não estar preparado.
O paciente foi exposto a três elementos estressores em sua vida (abuso, imigração e
cirurgia bariátrica) e que somado a história familiar positiva de abusos podem ter colocado
sob risco de desenvolver dependência do álcool.
Abaixo segue a discussão sobre as medicações usadas pelo paciente e suas correlações
com o caso em discussão.
Esses efeitos são devidos a uma atividade agonista seletiva sobre um receptor
GABA-ÔMEGA, que modula a abertura do canal de cloro. O zolpidem é um agonista
preferencial da subclasse de receptores ômega 1 (BZD1).
No homem, zolpidem encurta o tempo de indução ao sono, reduz o número de
despertares noturnos e aumenta a duração total do sono, melhorando sua qualidade.
Os hipnóticos ou soníferos são fármacos capazes de induzir o sono. O ácido gama amino-
butírico (GABA) é o principal neurotransmissor inibitório do sistema nervoso central.
Existem dois tipos de sub-receptores que fazem parte do complexo GABA-A, o subreceptor
ômega tipo 1, relacionado com efeitos hipnóticos e cognitivos e o subreceptor ômega
tipo 2, relacionado com cognição, psicomotricidade, efeitos ansiolíticos, limiar convulsivo,
depressão respiratória, relaxamento muscular e potencializarão dos efeitos do etanol.
Drogas agonistas GABA-A ômega 1 e 2 exercem efeitos farmacológicos ansiolíticos,
antiepilépticos, relaxante muscular e hipnóticos. Agonistas seletivos GABA-A ômega 1
exerceriam um efeito hipnótico seletivo e efeitos cognitivos negativos. Os benzodiazepínicos
e barbitúricos ligam-se inespecificamente nas subunidades ômega 1 e 2 do GABA-A.
Zolpidem é um agonista seletivo do receptor ômega 1 de início de ação e meia vida curta
que produz alterações mínimas na arquitetura do sono em pessoas normais, mantendo as
porcentagens de estágio 2, sono delta e do sono REM e normaliza o sono em pacientes
insones com alterações da arquitetura do sono. Os efeitos indesejáveis do zolpidem são
sonolência no dia seguinte, fadiga, irritabilidade, cefaléia e amnésia no dia seguinte. Estes
efeitos são geralmente discretos e relacionam-se com a dose e a susceptibilidade de cada
paciente, ocorrendo nas horas seguintes à administração do zolpidem, caso o paciente não
vá para a cama e adormeça imediatamente. O efeito clínico hipnótico do zolpidem dura
geralmente por até 6 meses. O zolpidem nas doses de 5 a 10 mg à noite por até 28 dias
seguidos, não altera significativamente os resultados dos testes neuropsicológicos de alerta,
concentração, memória e coordenação motora em populações de pacientes com insônia,
voluntários normais jovens e idosos.
Tiamina ou Vitamina B¹, é uma vitamina encontrada em alimentos e usada como
suplemento alimentar. Como um suplemento é utilizada para tratar e prevenir a deficiência
de tiamina e de doenças que resultam desta, incluindo o beribéri, síndrome de Korsakoff e a
psicose de Korsakoff.
É essencial para os tecidos e órgãos de todo o corpo humano. Ela é necessária para o bom
funcionamento do cérebro, coração, rins e fígado, e também funciona com certas enzimas
para metabolizar carboidratos. Entre as funções que as enzimas necessitam de tiamina
para realizar, estão a proteção do corpo contra os radicais livres, a síntese de DNA e a
criação de neurotransmissores. Suas duas formas ativas são tiamina pirofosfato (TPP) e a
tiamina trifosfato (TTP) que são duas coenzimas. No primeiro caso, ela é necessária na
descarboxilação do piruvato, fruto da quebra da molécula de glicose, e sua transformação
em AcetilCoA e da descarboxilação da α-cetoglutarato ambos necessários para o Ciclo de
Krebs. No segundo caso, a coenzima é importante para a biossíntese da acetilcolina e no
controle da condutância de sódio pelas membranas axonais.
Sendo assim, fica claro neste trabalho que as relações existentes entre medicação, seus
efeitos sobre os sintomas da obesidade e alcoolismo são complexas. Nem todas as
medicações possuem seus mecanismos neurobiológicos esclarecidos, mas a partir da
experimentação e a observação de seus efeitos no organismo podem ser úteis tanto para a
diminuição de sintomas fisiológicos quanto serem úteis para a modificação comportamental.