Do Direito Real
1. Conceito
Trata-se de Disciplina do Direito Civil na qual é
estudado o poder que uma pessoa exerce sobre
uma determinada coisa. Para o Direito, as coisas
que são de seu interesse são aquelas passíveis de
valoração pecuniária e que recebem a designação
de bens. O que leva uma coisa a ser um bem é a
questão da escassez.
2. Etimologia do Termo
O termo “Real” advém da palavra latina Res, que
significa “coisa”. Logo, o Direito Real trata da
atribuição de direitos sobre as coisas corpóreas e
incorpóreas que existem no mundo dos
fenômenos.
3. Distinção entre Direito Pessoal e Direito Real
a. Quanto ao Conceito: Enquanto que o Direito
Pessoal diz respeito aos vínculos jurídicos e aos
direitos e obrigações geradas pelo mesmo, o
Direito Real diz respeito ao poder que uma pessoa
exerce sobre uma coisa, não havendo relação
jurídica entre a pessoa e a coisa.
b. Objeto: Enquanto objeto de Direito Pessoal vem
a ser a prestação obrigacional, no Direito Real e
seu objeto é a coisa (objeto imediato é a coisa. ex.
Casa. Objeto mediato é a obrigação).
c. Oponibilidade: Enquanto os Direitos Pessoais
geram direitos e obrigações que se opõem tão
somente as partes, fazendo lei entre as mesmas
(princípio da relatividade), os Direitos Reais são
oponíveis sobre todos, oponibilidade erga omnes.
d. Duração: Enquanto o Direito Pessoal tem
vocação para a transitoriedade, extinguem com
seu exercício, o Direito Real tem a vocação para a
perpetuidade, não sendo sensíveis por seu
exercício.
e. Taxatividade: Enquanto o Direito Pessoal é
positivado no código civil em um rol
exemplificativo, numerus apertus, o Direito Real é
taxativo, numerus clausus.
f. Sujeitos: Enquanto no Direito Pessoal existem
tanto sujeito ativo quanto passivo, no Direito Real
consta somente a o sujeito ativo, que é o titular
do Direito Real (Teoria Clássica).
i. Teoria Clássica: é aquela que concebe que no
Direito Real há tão somente o sujeito ativo, não
havendo nenhum sujeito passivo. Para essa teoria,
o Direito Real é composto por três elementos,
quais sejam: o sujeito titular do Direito Real; a
coisa objeto do Direito Real; o poder que o sujeito
exerce sobre a coisa. Esta teoria é adotada no
Código.
ii. Teoria Personalista: para esta teoria, no Direito
Real há também sujeito passivo, sendo todas as
demais pessoas do mundo, que têm a obrigação
de respeitar o Direito Real de seu titular. Para os
adeptos dessa teoria todo o Direito Real estaria
vinculado a um direito pessoal, tirando-lhe, assim,
a sua autonomia.
4. Características dos Direitos Reais
a. Dotados de Direito de Sequela: É o direito que
tem o titular de um Direito Real de perseguir a
coisa que for objeto do seu direito onde quer que
ela esteja e com quem quer que a detenha.
b. Passíveis de Posse: Só as coisas que são objetos
dos Direitos Reais é que serão suscetíveis de
serem possuídas, pois não há posse de obrigação.
A posse não é um Direito Real, mas tão somente
um fato, que pode ser ou não uma externalização
de um Direito Real.
c. Podem ser Objeto de Usucapião: Um dos
pressupostos para que haja a aquisição de
propriedade de um bem por usucapião é o
exercício da posse sobre o bem a ser adquirido.
Logo, se as obrigações não são suscetíveis de
posse não haverá que se falar de usucapião dos
Direitos Pessoais.
d. Quanto à publicidade: Para que um direito
tenha a eficácia de um Direito Real, mister se faz
que o mesmo seja registrado no cartório de
registros competente, qual seja, ou o Cartório de
Registro de Imóveis, ou o Cartório de Registro de
Títulos e Documentos.
5. Ônus Reais
São os gravames que recaem sobre uma
determinada coisa. Mister salientar que os ônus
reais não se confundem com os direitos reais
limitados. Ex. a obrigação do titular de um direito
real de propriedade de pagar o IPTU de bem
imóvel.