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Importância das emoções na aprendizagem
sua neurodiversidade não é respeitada nem é estão obviamente interligadas com as funções
compatibilizada com as exigências das apren- cognitivas e as funções executivas17,18,39-41.
dizagens escolares17-20. O seu impacto na sobrevivência, na adapta
Crianças sujeitas a muitos estresses provoca- bilidade, na sociabilidade e, sobretudo, na
dos pela escola podem vir a sofrer de problemas aprendizagem é inquestionável, quer nos seus
emocionais, como ansiedade, depressão, desmo- aspectos positivos, quer nos seus aspectos ne-
tivação, vulnerabilidade, baixa produtividade, gativos, quer nas suas dimensões conscientes,
etc., que podem interferir com o seu rendimento quer inconscientes.
escolar presente e futuro21-25. As relações das emo- Nos aspectos positivos, porque o envolvimento
ções com as aprendizagens escolares são muito emocional e motivacional e o engajamento conativo
íntimas, daí a necessidade de explorar algumas do indivíduo auxiliam, efetivamente, as funções
das suas implicações recíprocas. cognitivas e executivas a operarem de forma in-
Em síntese, a aprendizagem, que é o conteúdo tegrada e internalizada, a imagiologia cerebral
principal do presente texto, tem muito a ver com comprovam-no claramente20,42. As emoções mo-
o papel que jogam, no seu êxito ou sucesso, as bilizando as funções da memória de curto prazo
interações íntimas neurofuncionais das emoções e de trabalho a engendrar processos de memória
com o humor e com o estresse, tudo passa efeti- de longo prazo consubstanciam a evidência que
vamente pelas dinâmicas interpessoais profundas a adaptabilidade e a aprendizagem são opera-
entre o professor e o aluno, e entre este e os seus das no cérebro objetivamente. A aprendizagem,
pares. podendo ser vista como uma associação particular
de estímulo-resposta que pode ser premiada ou
Em termos de substratos neurológicos res-
castigada (dimensão interacional e emocional),
ponsáveis pelas funções emocionais, incluindo
gera, como consequência da experiência e da prá-
necessariamente as funções afetivas e sociais,
tica investida, modificabilidades comportamentais
falamos particularmente do sistema límbico
de competências e habilidades43. A aprendizagem
(córtex relacional, social, emocional ou paleoma
ao ocorrer adequadamente estabelece circuitos
mífero, também conhecido como circuito de
neuronais no cérebro do indivíduo, transformando
Papez), uma região subcortical mais profunda e
a sua mente e o sentimento de si próprio.
central do cérebro, e envolvida, digamos assim,
Nos aspectos negativos, porque as situações,
desde os primórdios evolucionistas dos mamíferos os desafios ou as tarefas de aprendizagem não
mais antigos, nas relações do organismo com o seu devem gerar no indivíduo qualquer vestígio emo
envolvimento social e objetivo, presente e passado cional de ameaça, de desconforto, de insegurança,
(imediato, curto e longo prazo). receio ou medo, pois neste caso a acessibilidade
O sistema límbico, sendo uma região subcor às funções cognitivas superiores de retenção, de
tical envolvida na relação do organismo com o planificação, de tomada de decisão, de execução e
seu envolvimento presente e passado, integra de monitorização e verificação ficam bloqueadas e
estruturas nervosas muito importantes para a comprometem o funcionamento mental adaptado
memória e para a aprendizagem, como a amíg- que retrata o processo de aprendizagem na sua
dala, o hipocampo, hipotálamo, a insula, o córtex fase final de fluência e de automaticidade40,41.
cingulado, o núcleo accumbens e os corpos ma O sistema emocional humano funciona den-
milares5,6,16,26-38. tro dum espectro comportamental que pode ir
Embora o funcionamento emocional ocorra da atração magnética impulsiva e curiosa por
em todo o cérebro, e não meramente no sistema pessoas, eventos, situações, tarefas, problemas
límbico (cérebro paleomamífero), pois está em ou desafios, ao seu evitamento imediato (luta
causa um processo neuronal colaborativo com ou foge da expressão em inglês “fight or flight”),
outras áreas cerebrais, particularmente o córtex podendo passar, igualmente, pela sua tolerância
pré-frontal e orbito-frontal, as funções emocionais adaptativa necessária36.
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De fato, para que a aprendizagem ocorra, pela ção torna-se ofegante e ansiosa e os estados
importância que tem a emoção na cognição (co corporais ou somáticos, interoceptivos e proprio
mo sinônimo de razão), é necessário que se crie à ceptivos, de ansiedade, medo, impotência ou vul
volta das situações ou desafios (tarefas, propos- nerabilidade, disparam sinais do sistema nervoso
tas, atividades, etc.) de aprendizagem um clima automático para a mente que algo está mal. Vários
de segurança, de cuidado e de conforto, algo pesquisadores nesta área também reportam que
que distingue a cognição social nos humanos, as ameaças provocam alterações nos fluxos dos
exatamente porque se operou, ao longo da evo- hormônios e dos neurotransmissores (serotonina,
lução, uma grande expansão cerebral nas regiões dopamina, etc.), pois afetam os estados emocio-
temporais e frontais responsáveis pela percepção nais e de humor32,33,36,52.
social e pela comunicação44-50. As respostas instintivas, viscerais e homeostá
Dado que a aprendizagem subentende um ticas, ditas de sobrevivência e de raiz evolucio
processo inicial de tentativas e de imperícias nista14 e profundamente somáticas, ao serem de
(lembrar que o ser humano nasce imperito e é ini sencadeadas interferem com os estados de alerta,
cialmente imperito face a qualquer aprendizagem de atenção, de processamento de informação e de
não familiar), o cérebro imaturo do ser aprendente planificação e execução de respostas do cérebro,
(aqui significando também a criança, o aluno, o porque este opera emocionalmente antes de
estudante, o iniciado, o formando, o estagiário, funcionar cognitivamente.
etc.) precisa de segurança dada pelo cérebro ma As emoções guiam e suportam as funções aten
turo de seres experientes para assumir riscos, cionais, e estas guiam as funções cognitivas de
incluindo os de cometer erros e de engendrar processamento perceptivo, simbólico e lógico,
inadaptações iniciais às tarefas ou aos problemas assim como as funções executivas de resolução
propostos. de problemas32,40,52.
Só num clima de segurança afetiva o cérebro As emoções capturam a atenção e ajudam a
humano funciona perfeitamente, só assim as memória, tornando-as mais relevantes e claras, a
emoções abrem caminho às cognições. sua ativação ou excitação somática desencadeia
Num clima de ameaça, de opressão, de vexa- vínculos que fortalecem as funções cognitivas,
me, de humilhação ou de desvalorização, o siste- ao contrário do que se pensava no passado.
ma límbico, situado no meio do cérebro, bloqueia O processamento de informação do ser huma-
o funcionamento dos seus substratos cerebrais no não é igual ao processamento de informação
superiores corticais, logo das funções cognitivas do computador, ele avalia a mesma numa pers-
de input, integração, planificação, execução e pectiva emocional e não meramente racional ou
output, que permitem o acesso às aprendizagens algorítmica, ele dá colorido afetivo instantâneo à
simbólicas e à resolução de problemas comple- informação e orienta-a subjetivamente para tomar
xos exclusivos da espécie humana50,51. decisões. Sentimentos positivos ou negativos,
Por alguma razão, a espécie humana é a única humor positivo ou negativo interferem, assim com
que ensina intencionalmente, algo só possível com os processos mentais mais complexos, como a
uma cognição social e uma inteligência emo tomada de decisão e a monitorização executiva
cional transcendentes. dos comportamentos53.
Perante ameaças o indivíduo em situação de Damásio33,35,52 sugere que as funções cogniti
aprendizagem reage inconscientemente antes vas, como o pensar, o induzir, o raciocinar e o tomar
de reagir conscientemente. decisões, são guiadas pela emoção e pela avaliação
Em apenas décimos de segundo, o ritmo car e julgamento das consequências das ações. Este
díaco acelera, a pressão sanguínea altera-se, os neurocientista português chegou mesmo a criar
suores emergem nas palmas da mão, a resposta uma teoria original de marcadores somáticos, pro-
galvânica da pele pode ser estimada, a respira pondo que as ações e as decisões exageradamente
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autorreguladas podem ser afetadas por reações condicionam o nosso comportamento e a nossa
corporais quando estimamos os seus resultados. aprendizagem.
Quando refletimos sobre uma ação, por exem- As emoções estão mesmo intrinsecamente
plo, a resposta a um problema de matemática ou envolvidas nas funções de atenção, de signifi-
a execução de um exame, experienciamos rea- cação e de relevância e valor social, relacional e
ções emocionais baseadas no nossa expectativa motivacional que atravessam as várias fases do
sobre as soluções que demos e sobre as nossas processo de aprendizagem, dado que este não se
experiências passadas, algo que joga também opera de forma isolada ou espontânea, mas sim
com aspectos históricos autobiográficos, por isso de forma compartilhada e continuada e em três
aprendemos com os resultados passados e, a par- fases principais.
tir deles, regulamos os nossos comportamentos Tais processos emocionais transientes são
futuros. Uma vez mais se confirma que existe uma mais importantes nos processos iniciais e inter
estreita conexão entre a emoção e a cognição e mediários da aprendizagem, por serem mais
entre esta e a motivação. dependentes das interações com os seres expe
As emoções como estados mentais, positivos rientes, logo de coemoções empáticas e compar
ou negativos, conscientes ou inconscientes, têm tilhadas, e requintam-se e aprofundam-se nos
assim um impacto muito relevante nas funções seus processos finais, por serem mais indepen-
cognitivas e executivas da aprendizagem, podem dentes, autônomos e auto-organizados nos seres
transformar experiências, situações e desafios aprendentes.
difíceis e complexos, em algo de agradável e de Só com prática deliberada (segundo as neuro
ciências mais de 10.000 horas de experiência)
interessante, ou pelo contrário, em algo aborrível,
o inexperiente ou o ser aprendente atinge o pa-
fastiento, enfadonho ou detestável.
tamar de experiente25,54-56. Emergem, então, no
A cognição sem a emoção não é possível de
seu cérebro circuitos neuronais de velocidade,
conceber-se quando se considera que o cérebro
precisão, automaticidade, fluência, mestria e ex-
do indivíduo, opera e atua sistemicamente num
celência, que ilustram qualquer tipo de aprendi
todo funcional harmonioso e melódico20,22,37.
zagem, seja não verbal, como a música e a dança,
As emoções conferem, portanto, o suporte bá-
seja verbal, como a leitura e a escrita17,57,58.
sico, afetivo, fundamental e necessário às funções
As emoções, hoje universalmente reconhecidas,
cognitivas e executivas da aprendizagem que são assumem um papel fundamental nas interações
responsáveis pelas formas de processamento de sociais, que contextualizam qualquer tipo de
informação mais humanas, verbais e simbólicas. aprendizagem. Porque não nascemos ensinados,
É nas emoções que o processamento de infor- temos que aprender num contexto social e emo-
mação humano se distingue do processamento de cional, numa dimensão de dois sujeitos em inte
informação dos computadores, que a processam, ração, que compartilham cultura, um experiente
analisam, armazenam, categorizam e classificam que ensina, e outro inexperiente que aprende15,59,60.
com mais velocidade e eficácia39. É assim nas relações mãe-filho, em relação
Por alguma razão, o processamento de infor- à autossuficiência de alimentação, higiene e de
mação nos humanos e nos computadores é distin- vestuário, e será também assim, nas relações pro
to, os humanos possuem disposições de humor e fessor-aluno, no que diz respeito às aprendiza
de afeto, motivam-se, apaixonam-se e acasalam, gens simbólicas e escolares.
fogem de predadores e tornaram-se caçadores. Prestar atenção, estar motivado e envolvido
Os computadores não se acasalam nem têm pre- cognitiva e continuadamente são funções do cé-
dadores, a diferença de processamento de infor- rebro emocional humano (o tal cérebro límbico
mação com os humanos é, portanto, substancial e paleomamífero já referido), para que se har-
em termos emocionais e sociais, pois possuímos monizem neurofuncionalmente no processo de
sentimentos subjetivos muito profundos que aprendizagem.
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É preciso dar tempo ao tempo, dado que o o aluno (ser imaturo, inexperiente, aprendente ou
processo de aprendizagem ocorre microgeneti- discente), mas também para o ensino, logo para
camente, ou seja, de passo a passo, de emoção o professor (ser maturo, experiente ou docente).
em emoção. Sem prática deliberada, sem muitas Para se poder aprofundar a importância das
horas de experiência corpórea (o dito treino), as emoções na aprendizagem, temos que necessa
funções emocionais não se estruturam no indiví- riamente equacionar a sua importância no ensi-
duo nem se estabilizam para dar suporte eficaz no, algo único da espécie humana, uma vez que
às funções cognitivas hierarquicamente mais ensinar é uma das suas especificidades mais
complexas do cérebro cognitivo (o neocórtex e singulares66-69 e que envolve processamento de
córtex pré-frontal). emoções em dois sujeitos em interação intencio-
A componente emocional ou afetiva da apren nal e transcendente54,59.
dizagem pode, na sua dimensão positiva, enco- Em termos humanos, a aprendizagem é in
rajar, reforçar e aprofundar as funções motivacio- separável do ensino, não há docência sem dis
nais, cognitivas e executivas atinentes, mas, em cência70, visto tratar-se de um processo de trans
contrapartida, na sua dimensão negativa, pode missão cultural intergeracional60, que subentende
intimidá-las, adiá-las, bloqueá-las, descontrolá-las, uma dinâmica interpessoal profunda que mencio-
e até mesmo, interrompê-las e dissuadi-las. namos anteriormente, logo de um processo social
É a componente emocional que de certa forma e intersubjetivo, pois envolve, simultaneamente,
reconecta e religa o cérebro com o fim de o aco as emoções de um ser inexperiente com as de um
modar continuamente ao processo contínuo que ser inexperiente.
é a aprendizagem. Cabe assim ao professor a criação, a gestão, o
Em termos evolucionista, na espécie huma- planejamento e gestão do envolvimento social da
na14,44,49,61,62, e em termos evolutivos, na criança sala de aula (ou do ecossistema pedagógico) para
humana1-4,63, a emoção está antes e vai a par com que se criem condições emocionais e afetivas óti-
a cognição, porque esta não dá em nada quando mas para que a aprendizagem, como ato cognitivo
aquela domina. As emoções são assim sábias construído e co-construído, aconteça efetivamente.
guias das funções cognitivas da aprendizagem, É impossível pensar em separar a emoção da
mas para tal é preciso integrá-las, contê-las e aprendizagem ou a emoção da cognição ou da
regulá-las, porque os seus excessos ou carências razão, ou conceber, exclusivamente e friamente, na
tendem a perturbá-las24,43,64,65. individualidade do aluno ou no sujeito aprenden-
te, pois temos que pensar também na individua-
POR QUE AS EMOÇÕES CONTAM PARA lidade do professor ou do sujeito docente, porque
A APRENDIZAGEM? alunos e professores interagem socialmente e
A emoção dirige, conduz e guia a cognição, aprendem uns com os outros70. Logo, quer a emo
não se pode compreender a aprendizagem sem ção, quer a cognição, devem ser enquadradas num
reconhecer o papel dela em tão importante fun- contexto social e obviamente cultural.
ção adaptativa humana. A interdependência da A aprendizagem não é um ato isolado nem
emoção e da cognição no cérebro é demonstrada neutro afetivamente, só pode ser concebida num
pelas novas tecnologias de imagiologia do nosso contexto de transmissão intencional e de atenção
órgão de aprendizagem e de interação social34,64. e interação emocional compartilhada, o que só
Ao longo da evolução humana e ao longo da edu por si integra emoções e cognições, leitura de
cação da criança, ambas co-evoluíram e co-evo- faces e de mentes, exibição de sinais não verbais e
luem, elas são neurofuncionalmente inseparáveis. corporais de tristeza, alegria, desgosto, surpresa,
Pela relevância que ela desempenha numa zanga, medo, etc18,57,71.
aprendizagem bem sucedida e com sucesso, a As emoções não podem continuar a ser sepa-
emoção é crítica para a aprendizagem logo para radas das cognições nas escolas e nas salas de
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aula do século XXI, como o foram no passado. A Parece óbvio que as emoções não só facilitam a
aprendizagem significativa e motivadora é o re- construção e a co-construção de comportamentos
sultado da interação entre a emoção e a cognição, adaptados presentes e futuros (papel da interação
ambas estão tão conectadas a um nível neuro experiente-inexperiente em Fonseca41), como
funcional tão básico, que se uma não funcionar certamente são facilitadoras do desenvolvimento
a outra é afetada consideravelmente. do processo de aquisição de novas informações e
As emoções afetam todas as aprendizagens, de novos conhecimentos, pois ao contrário do que
quanto mais envolvidas forem com elas, mais mo habitualmente se pensa, as emoções não são apenas
bilizadas são as funções cognitivas da atenção, funções auxiliares ou secundárias da aprendiza-
da percepção e da memória, e mais bem geridas gem, são parte integrante do seu processo total.
e fortes serão as funções executivas de planifica-
ção, priorização, monitorização e verificação das A EMOÇÃO E A COGNIÇÃO INCORPO-
respostas41. RAM-SE NA APRENDIZAGEM
Quando o input emocional é adicionado à ex A emoção envolve, portanto, processos de
periência de aprendizagem, o cérebro capta e atenção, sensação, apreensão, excitação, propen-
processa os estímulos de forma mais significativa e são, inclinação, predileção, gosto, sensibilidade,
profunda, facilitando a sua retenção e recuperação focagem, intuição, preferência, impressão, receio,
e, consequentemente, a elaboração e regulação suspeição, susceptibilidade, pressentimento,
das respostas. A emoção guia a atenção e esta, por ideação, premunição, consciencialização, etc.,
sua vez, guia a memória e a aprendizagem9-11,36. etc., porque joga com ganhos e perdas, desafios
As práticas educacionais que ocorrem numa ou ameaças, logo desencadeia respostas somá-
instituição como a escola ou numa sala de aula ticas, corporais e motoras de antecipação muito
não são neutras, não se concebem sem estar em- importantes para o processo de aprendizagem.
bebidas, encaixadas e incorporadas socialmente A vida emocional e ou afetiva humana, dita
e emocionalmente, as neurociências têm vindo automática, não verbal e não simbólica é, evolu
a demonstrá-lo cada vez mais66. tivamente, um fato psíquico primordial, ela decor-
As neurociências ensinam-nos que as emoções re em primeiro lugar em comparação com a vida
desempenham um papel formativo na cognição cognitiva, voluntária, racional e lógica, dita verbal
e na aprendizagem, é consensual que o funcio- e simbólica, tendo em consideração a hierarquia
namento do cérebro na aprendizagem coloca a dos substratos neurológicos do cérebro30,47,48.
emoção incrustada na cognição, só em pacientes A emoção e a afetividade ocorrem em primei-
cerebrais as duas funções podem ser separadas ro lugar na espécie humana e no desenvolvi
(célebre caso de Phineas Gage e outros casos com mento da criança, a emoção é uma premissa psi
alexitimia estudados por Damásio33-35. cofisiológica e psicomotora da vida afetiva da
Sem uma adequada regulação emocional ne criança4-6,72.
nhuma competência cognitiva superior ou racio- Este autor identifica a emoção como um fato
nal, como aprender a tocar violino ou aprender a psíquico inicial, onde se dá uma fusão ou simbiose
ler e a escrever, pode ser construída e produzida primordial e uma integração sistêmica entre o
em termos comportamentais com fluência e ex- biológico e o social.
pressividade. Ao longo da infância é a emoção que abre
Os ensinamentos das neurociências, ao apro o caminho à cognição, a lenta emergência da
ximar as emoções do processo ensino-aprendi- conscientização de si ou o sentimento de si (em
zagem, dão-nos inúmeras ajudas para pôr em termos psicomotores, é sinônimo de noção do
prática estratégias e experiências de interação corpo ou de somatognosia18,40,41,50,51,73) na criança
emocionalmente significativas que melhoram, não faz emergir a sua cognição, ou seja, as funções
só o ensino, como a aprendizagem nas escolas. cognitivas superiores das aprendizagens huma-
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tegração de emoções superiores (sociais, morais, básico, estabiliza a gestão e executa a pilotagem
éticas), motivações intrínsecas, premunições, dos processos cognitivos, conativos e executivos
concepções, priorizações, raciocínios complexos, que entram em jogo na aprendizagem e no com-
etc., que na sua transcendência podem influen- portamento de longo termo17.
ciar igualmente os sentimentos. Ao longo da evolução, a espécie humana de-
Nesta perspectiva, as emoções podem ser senvolveu no seu cérebro um pensamento emo-
vistas como forças agonistas ou antagonistas, cional (“emotional thought”), ou seja, um sistema
impulsionadoras ou disruptivas, das cognições, operacional emocional e social (SOEC), que
sugerem a necessidade de regulação, supressão gerou posteriormente um pensamento racional,
e controle, no interesse de atingir um raciocínio daí a importância do sistema límbico que, ao
ou julgamento maturo, ou seja, no interesse de emergir do tronco cerebral, que trata das funções
produzir respostas criativas e adaptadas aos pro- automáticas de bem estar e de sobrevivência,
blemas que surgem nas aprendizagens. prepara e aciona o neocórtex para o desempenho
Aprender, pensar, utilizar estratégias executi- de funções cognitivas superiores necessárias às
vas e tomar decisões acertadas requer intuições aprendizagens mais complexas e simbólicas.
relevantes, ou seja, funções emocionais profun- A sobreposição da cognição sobre a emoção
das, é esse atributo da personalidade que caracte
foi, portanto, uma das chaves do nosso triunfo
riza os seres humanos que aprendem e pensam
adaptativo como espécie, a resolução de proble-
com eficiência.
mas e acumulação de inovações tecnológicas,
A aprendizagem eficiente e com sucesso, em
só foi possível por tal interdependência neuro-
síntese, incorpora a emoção na cognição, isto
funcional.
é, incorpora funções emocionais nos processos
Se o SOEC funcionasse mal, o trajeto evolu
de aquisição de novas competências e de novos
tivo da espécie seria certamente outro46,48,49,62, pa-
conhecimentos. As aprendizagens complexas
ralelamente, quando uma criança na escola tem
não podem excluir as emoções, pelo contrário,
o seu SOEC comprometido, a sua aprendizagem
envolvem a cultura e o aprofundamento de estados
emocionais habilidosos e engenhosos. vai ter problemas19,30,49.
A aprendizagem com sucesso implica três
componentes em interação sistêemica: a regu-
SEM EMOÇÃO A APRENDIZAGEM É
lação emocional, o conhecimento consciente e
MAIS DIFÍCIL
as estratégias cognitivas.
A emoção, na sua essência semântica, é sinô
Se os três componentes não estiverem alinha-
nimo de esquemas de ação ou estado de prepara-
dos e integrados38,64, aprender como corolário da
ção do organismo para certas respostas corpóreas
a tarefas, situações ou eventos e concomitantes experiência vai ser complicado, exatamente por-
comportamentos, particularmente as que têm valor que o indivíduo, ou o aluno, perde a capacidade
de sobrevivência (exemplo: ameaça, perigo, ansie- de utilização do que conscientemente aprendeu,
dade, insegurança, desconforto, etc.). é algo que se observa, com veemência, em casos
Como definição mais pedagógica, podemos patológicos que apresentam lesões no córtex pré-
acrescentar que a emoção é um impulso neuro- -frontal ventromedial, sugerindo que o cérebro
biológico que impele o organismo para a ação. humano dispõe de várias áreas que conectam
Para todos os efeitos, a emoção é uma infor- o conhecimento, isto é, as cognições com as
mação que se acumula no cérebro do indivíduo a emoções15.
partir da sua experiência, e usa essa informação O conhecimento factual em si é inútil, é preciso
para agir com vantagem adaptativa e estratégica que se estabeleça uma interação entre a emoção e
em situações futuras53,64,83. a cognição, sem a intuição emocional, a relevân-
Neste sentido, a emoção guia e acompanha cia intrapessoal e o regozijo prazeroso inerente,
a aprendizagem como processo neurológico a significação do conhecimento tem tendência a
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esvanecer-se na memória de longo prazo e a não para a aprendizagem, que pode influenciar sis-
registar-se no âmago do Eu (“self”) do sujeito. temicamente o processo do pensamento racional
Muitos alunos em plena sala de aula não surgido no neocórtex.
aprendem, exatamente pelas mesmas razões, Do outro, a propensibilidade dos processos
eles não sentem a conexão íntima entre a emoção transcendentes e abstractos de cariz social, éti-
e a cognição, por isso, por mais que estudem ou co, filosófico e moral que podem interferir com o
memorizem, os conteúdos escolares ou acadêmi- processo do pensamento emocional do sistema
cos deixam de ser emocionalmente significativos límbico.
para eles. Emoção e cognição estão juntas para produzi-
Regurgitar conhecimento não basta, lamenta- rem o processo do pensamento e para mobiliza-
velmente é apenas isto que se reforça em muitas rem as funções executivas que lhe dão suporte em
escolas pelo mundo fora, é preciso que a cognição termos comportamentais, ou seja, da produção,
ou o conhecimento a ser processado e analisado execução e monitorização de respostas motoras
desencadeie reações emocionais positivas e in- adaptativas84.
fluencie decisões e condutas de estudo, que por Efetivamente a emoção contribui para a apren
empatia neurofuncional produzam funções exe- dizagem segundo duas dimensões: a consciente e
cutivas como a: iniciativa, perseverança, esforço, a inconsciente ou não consciente. Toda a aprendiza-
focagem sustentada, determinação, persistência gem tem consequências previsíveis e imprevisíveis,
intencional; inibição, flexibilidade, organização, como jogo que é na sua essência mais cristalina,
planificação, priorização, metacognição, ante- pode ter ganhos ou êxitos, mas similarmente,
perdas ou inêxitos.
cipação, controle, regulação, realização, gestão
Podemos experimentar emoções de excitação
temporal, monitorização, verificação, etc40.
e de desapontamento, de prazer e desprazer, de
Em suma, as emoções precisam fazer parte
paixão ou de rejeição em todas as nossas aprendi
das experiências de aprendizagem de qualquer
zagens desenvolvimentais. As reações emocionais
aluno ou estudante, pois a sua integração efeti-
perante situações de aprendizagem podem mudar
va e eficiente só se opera neurofuncionalmente
rapidamente o comportamento do indivíduo, de-
quando a emoção e a cognição estão em perfeita
pende frequentemente das suas consequências
sintonia.
e como elas são, ou não, cultural e pedagogica-
O pensamento emocional encontra-se assim
mente reforçadas e valorizadas.
no âmago dos processos relacionados com a O êxito ou inêxito na aprendizagem são even-
sensibilidade somático-tônica do nosso corpo tos isolados? Podemos aprender com o inêxito ou
e com os processos superiores do pensamento com o erro, e ajustar os nossos comportamentos
racional, ambos são inseparáveis em termos neu- futuros de acordo com tais consequências? Qual
rofuncionais, quer numa ótica filo e sociogenética é o preço a pagar em termos de aprendizagem
(aprendizagem da espécie), quer numa visão prospectiva?
ontogenética e disontogenética (aprendizagem Porque como seres humanos somos inicial-
da criança). mente imperitos nos processos de aprendizagem,
A aprendizagem, a atenção, a percepção, o é necessário que a mesma não seja encarada ape-
processamento de informação, a memória, a plani nas subjetivamente ou individualmente, separan-
ficação, a tomada de decisão e a própria criativi- do o indivíduo do seu contexto social e cultural.
dade decorrem da sinergia entre o pensamento Porque não nascemos ensinados como espé-
emocional e o racional. cie, ao contrário de outras, o paradigma emocional
De um lado, a sensibilidade corporal e a atitude e social da aprendizagem envolve uma intersub-
tônico-postural de bem estar e o sentimento de jetividade, entre um ser maturo e um ser imaturo
disponibilidade atencional e de pré-disposição em interação afetiva e pedagógica prolongada
emocional e motivacional, dita também conativa, e não esporádica.
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Este cenário emocional e social da aprendi- quer no contexto da família quer no contexto da
zagem que é simultaneamente, evolucionista e escola, a importância das emoções na modelação
educacional, não podemos esquecê-lo, coloca o futura de novos comportamentos gerados pelas
SOES no centro da natureza humana. aprendizagens18,41,59.
A sobrevivência complexa do bebe humano Processar informação emocional e social
e, consequentemente, das crias humanas, é de- torna-se, assim, fundamental para criar um clima
vida a uma socialização adequada, isto é, a uma propício para que a aprendizagem ocorra com
aprendizagem e internalização de atitudes, com- sucesso.
petências (“skills”) e comportamentos sociais As emoções estão implicitamente ligadas às
de enorme importância que sustentam mesmo cognições em qualquer domínio de aprendiza-
a existência de um cérebro emocional e social. gem que se queira considerar, porque o cérebro
É no cérebro emocional e social, onde cabem emocional sensível à recepção e à expressão de
as teorias da mente, as teorias da vinculação e emoções e emergido do cérebro instintivo que
da afiliação, a singularidade do funcionamento governa os mecanismos de sobrevivência e bem
dos neurônios espelho na imitação, que são as estar, dá efetivamente suporte ao cérebro cogniti-
verdadeiras funções pedestal da personalidade vo simbólico, lógico e pensador, como demonstrou
do indivíduo sem as quais as aprendizagens in- MacLean85,86, com o seu conceito original inédito
trinsecamente humanas não se verificam como do cérebro triúnico (Figura 3).
nos casos das crianças selvagens ou crianças O cérebro humano contém a síntese filoge-
lobo, ou mesmo até, nas formas mais severas de nética neuronal mais extraordinária do reino
autismo19,21,24,69,82. animal, para produzir aprendizagem ele tem de
Da interação social, logo emocional, entre um organizar-se segundo três eixos principais: 1. de
ser experiente e um ser inexperiente, por exem- baixo para cima; 2. de trás para a frente; e 3. da
plo, na relação primordial e vinculativa mãe-filho, direita para a esquerda.
que pode estender-se à relação professor-aluno Vejamos então, sumariamente, cada um
ou à de treinador-atleta, resulta o processo de deles:
aprendizagem onde as emoções de uns se mes- 1. Debaixo para cima, exatamente porque o
clam com as cognições de outros, entre os que cérebro evolui dos reflexos, às emoções e
ensinam e os que aprendem. destas às cognições, ilustrando que a ma-
O bebe e a criança, por tentativas e erros, pela turação neuronal do cérebro decorre do
virtude da sua imperícia inicial2-4, adaptam-se e tronco cerebral (cérebro reptiliano – “sur-
aprendem porque beneficiam-se da transferên-
cia cultural intergeracional60, intencionalmente
e emocionalmente proporcionada e propiciada
pela sua mãe, pela sua cuidadora ou professora.
Esta transferência de competências e de
processos de aprendizagem emana do tal SOES,
que é exclusivo da espécie humana, pois nenhum
primata se aproxima da sua complexidade e
reciprocidade emocional e social.
A atenção visual sustentada, o alerta senso-
rial, a interação intencional, a imitação empáti-
ca, o raciocínio social e as ecognosias e ecociné-
Figura 3 – O cérebro triúnico: as emoções emergem dos me-
sias compartilhadas entre ambos, que se podem canismos de sobrevivência e bem estar (reflexos e instintos)
considerar pré-aptidões sociais básicas, trazem e dão suporte às cognições de processamento de informação
para o jogo do processo ensino-aprendizagem, e de planificação e execução de respostas adaptativas85,86.
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cias sociais e emocionais que permitam pode ser relevante, significativa e útil para
a acumulação significativa de melhores a vida de todos os estudantes. A criança
experiências educacionais. A escola e a ou o jovem como aluno, estudante e ser
sociedade ganham mais com alunos emo- aprendente, não pode, consequentemente,
cionalmente mais competentes. A emoção ser compreendido apenas como um sis
não pode continuar a ser concebida, em tema cognitivo de reprodução de infor
comparação com a cognição, como secun- mações e conhecimentos factuais, mas
dária ou subordinada da aprendizagem, pelo contrário, deve ser reconhecido como
ou pior ainda, a ser entendida como um ser relacional e emocional, como sujeito
obstáculo que interfere com ela. A impor histórico-social constituído por atitudes,
tância da emoção na aprendizagem é condutas, conhecimentos e competências
crítica, só com emoção a aprendizagem transmitidas por outros.
SUMMARY
Importance of emotions in learning: a neuropsycopedagogical approach
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Importância das emoções na aprendizagem
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