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FUNDAMENTOS DA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL:!

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1 Noções sobre história política, econômica e social do Brasil. !
! 1.1 Noções sobre história e institucionalização do patrimônio cultural no
Brasil e no mundo, com ênfase na trajetória do IPHAN. !
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Patrimônio legal/material é aquele que têm valor de mercado e pode passar de geração em
geração como, por exemplo, os herdeiros de um sobrado em uma cidade histórica. O patrimônio
subjetivo/imaterial são as as formas de viver e fazer herdadas de sua família, por exemplo uma
receita culinária ou uma forma de bordar.!
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Marcos do patrimônio: !
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- Rev. Francesa, discussão envolvia os bens públicos, e o próprio marco do início da
Revolução Francesa foi a tomada da Bastilha. Como muitos prédios públicos foram destruídos,
surgiu a discussão entre os intelectuais da época sobre o que deveria ser preservado. A noção de
patrimônio cultural na época: Objetos arquitetônicos, de valor singular e sempre ligado às elites. É
fundamental a fundação do museu do Louvre, um emblema nacionalista, no período napoleônico,
a França colocou-se como protagonista da cultura mundial/“guardiã do patrimônio da
humanidade”. quando o Egito foi conquistado e de lá levadas as relíquias da civilização antiga.!
- Segunda Guerra Mundial. O Nazismo valorizou muito o patr. hist. e artístico alemão e a arte:
arquitetura, pintura e música, estavam no centro das políticas nacionalistas culturais alemãs, que
pautavam-se em ideias racistas, imperialistas e um nacionalismo romântico. Todos os grupos
culturais não germänicos eram vistos como inferiores e foram perseguidos tanto fisicamente,
mortos nos campos de extermínio, como também culturalmente, suas línguas e tradições. !
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A fundação da ONU foi chave no desenvolvimento do conceito de patrimônio. Um de seus órgãos
é a UNESCO - Organização das Nações Unidas para Educação e Cultura - uma agência
especializada com sede em Paris.!
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Em meio a Guerra Fria, terceira via de desenvolvimento: movimento terceiro mundista. Os
países subdesenvolvidos possuíam muitos elementos culturais singulares que caracterizam
diferentes formas de viver, como danças, orações, receitas entre outras tradições, que não se
enquadravam nos conceitos de patr. da época. O que fazer com as comunidades indígenas e ex-
escravos!
Ampliação do conceito de patrimônio pela UNESCO em 1982 na conferência realizada no México,
quando foi incorporado o conceito de Patr. Imaterial nas Cartas Patrimoniais da UNESCO. Foi
também criado o conceito de Patr. Natural e a Valorização e a maior percepção da cultura não
Europeia. O Brasil reconhece desde a constituição de 1988 o conceito de Patr. Imaterial.!
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Livro Registro quando se trata do Patr. Imaterial e Livro Tombo quando é o Patr. Material!
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Não é possível dissociar a materialidade do espaço da imaterialidade das práticas sociais que
ocorrem nele, e portanto surgiu um conceito mais amplo de Paisagem Cultural, que envolve
aquilo que se vê e percebe usando múltiplos sentidos. O sabor da comida e seus aromas, bem
como o dos incensos de celebrações religiosas de uma procissão que percorre o espaço (outro
exemplo é favela como espaço social e cultural). porção peculiar do território nacional,
representativa do processo de interação do homem com o meio natural, à qual a vida e a ciência
humana imprimiram marcas ou atribuíram valores. São exemplos da Paisagem Cultural as
relações entre o sertanejo e a caatinga, o candango e o cerrado, o boiadeiro e o pantanal, o
gaúcho e os pampas, o pescador e os contextos navais tradicionais, o seringueiro e a floresta
amazônica, por exemplo. Pantanal Matogrossense, considerado Patrimônio Nacional pela
Constituição e Patrimônio Mundial pela Unesco, é cotado como forte candidato a Paisagem
Cultural Brasileira. Outros exemplos são as regiões de imigração do Sul do Brasil, os núcleos de

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pescadores que formam, com seus barcos e suas habitações, as paisagens tradicionais do
patrimônio naval; o rio São Francisco e o Vale do Ribeira – conjunto de cidades do litoral do
estado de São Paulo que margeiam o rio Ribeira de Iguape. !
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PATRIMÔNIOS CULTURAIS DA HUMANIDADE:!
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UNESCO tem se baseado no seguinte conceito de Valor Universal Excepcional:!
O conceito de Valor Universal Excepcional é o que sustenta a Convenção do Patr. Mundial. É o
fundamento de todos os bens inscritos. O propósito básico das candidaturas é dizer em que
consiste um bem, por que ele demonstra potencial Valor Universal Excepcional, e como esse valor
será sustentado, protegido, conservado, gerido, monitorado e comunicado. !
Tríade do Valor Universal Excepcional: o bem se encaixa em um ou mais critérios do Patrimônio
Mundial, o bem cumpre as condições de integridade e autenticidade, o bem cumpre os requisitos
de proteção e gestão.!
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A Convenção de 1972 divide o patrimônio cultural em três grandes categorias: a de monumentos,
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a de sítios e a de grupos de edificios.!
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Benefícios, de acordo com o IPHAN, para o status de patr. mundial:!

O BR possui QUATORZE PATRIMONIOS CULTURAIS DA HUMANIDADE:!


• Centro Histórico de Ouro Preto - MG!
• Centro Histórico de Olinda - PE!
• Ruínas de São Miguel das Missões - RS!
• Centro Histórico de Salvador - BA!
• Santuário de Bom Jesus de Matosinhos em Congonhas - MG (Aleijadinho)!
• Brasília - DF!
• Parque Nacional Serra da Capivara - PI (Sítio Arqueológico)!
• Centro Histórico de São Luís - MA!
• Centro Histórico de Diamantina - MG!
• Centro Histórico de Goiás - GO!
• Praça São Francisco em São Cristóvão - SE (arquitetura franciscana)!
• Paisagens Cariocas/Rio de Janeiro - RJ!
• Pampulha/Belo Horizonte - MG (concebido por JK, executado por Niemeyer e Lúcio Costa)!
• Cais do Valongo/Rio de Janeiro - RJ (exemplo do comércio escravista colonial), entrou em 2017,
mais recente.!
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Patrimônio Mundial Natural!
Complexo de Áreas Protegidas do Pantanal (MT/MS)!
Complexo de Conservação da Amazônia Central (AM)!
Costa do Descobrimento: Reservas da Mata Atlântica (BA/ES)!
Ilhas Atlânticas: Fernando de Noronha e Atol das Rocas (PE/RN)!
Parque Nacional do Iguaçu (PR)!
Reservas da Mata Atlântica (PR/SP)!
Reservas do Cerrado: Parques Nacionais da Chapada dos Veadeiros e das Emas (GO)!
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Influência Igreja Católica nos padrões estéticos das construções, e de outras religiões em práticas
sociais.!
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Estado Islâmico destruiu sítio no norte do Iraque, antiga cidade de Hatra e ruínas do séc 13 AC da
cidade de Nimrud, patrimônio da humanidade pela UNESCO -> colocaram à venda no mercado
negro artefatos.!

Memória pode ser resignificada e reconstruída, a exemplo de Tiradentes que só virou herói
na proclamação da república.!
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Trajetória IPHAN:!
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- Gabinetes de curiosidades séculos XVI, XVII, noção de colecionismo moderno.!
- Século XIX, vinda família real, independência, império, iniciativas de constituição de coleções
de Estado: Museu Nacional!
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Criada 1933 e 1934 a Inspetoria de Monumentos Nacionais com o objetivo de impedir demolições
e comércio ilegal de obras de valor nacional (Decreto nº 24.735), ainda em 1933, Ouro Preto é
elevada a monumento nacional, tendo recebido obras pioneiras de conservação antes mesmo da

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criação do IPHAN (que em seus primeiros anos seria chamado SPHAN - Serviço do Pat. Hist. e
Art. Nacional)!
Ainda em 1933, Gustavo Capanema, intelectual de Minas Gerais, assume o ministério da
Educação e Saúde e cria a Inspetoria de Monumentos Nacionais.!
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O projeto do IPHAN já havia passado pelo congresso nos anos anteriores à tomada de poder do
Estado Novo (Projeto de lei nº 511/1936) e estava pronto para sua provável aprovação e sanção
em termos normais (como Lei), motivo pelo qual é descrito pela forma Decreto-lei 25/1937, o que
foi facilitado pela manutenção de Gustavo Capanema, ligado ao movimento modernista, como
ministro e pela ampliação da disposição para preservação na Constituição Federal outorgada em
1937. !
Vale ressaltar que o tema do patrimônio já havia sido trazido ao congresso pelo deputado
Wanderley Pinho. Mário de Andrade elabora, no anteprojeto de 1936, conceitos distribuÌdos na Lei
nº 378/1937 e no Decreto-lei nº 25/1937. A primeira, menos conhecida, descreve questões de
cunho mais administrativo e estabelece o órgão colegiado máximo do IPHAN, o Conselho
Consultivo. Para designar o processo de classificação dos bens protegidos, o anteprojeto sugere o
nome “Tombamento”, alusivo à Torre do Tombo, onde historicamente e até hoje, são guardados
documentos importantes do império Português.!
Ouro Preto, bem como as demais cidades do ciclo do ouro e dos diamantes, constituem figuras
centrais na simbologia de nação que, então, os modernistas buscavam, razão pela qual essas
cidades receberam visitas tanto do arquiteto Lúcio Costa quanto do grupo modernista de São
Paulo, capitaneado por Mário de Andrade. !
Por esse motivo as primeiras cidades tombadas pelo IPHAN, já em 1938, foram Diamantina,
Serro, Mariana, Ouro Preto, São João Del-Rei e Tiradentes, a cidade histórica de Sabará teve
apenas o tombamento de edificações e parte do conjunto urbano do centro histórico, o mesmo
ocorrendo com outros lugares do Brasil nesse primeiro momento. !
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Importância do modernista Mário de Andrade, texto sem diferenciar alta cultura de cultura
popular.!
À época da criação do SPHAN, a sensibilidade dos modernistas para com a produção do período
colonial estava aguçada. Os modernistas Mário de Andrade, Tarsila do Amaral e Oswald de
Andrade, na companhia do poeta francês Blaise Cendras, haviam se encantado com as Minas
Gerais em 1924. A famosa viagem às cidades históricas mineiras, guiada pelo olhar de Mário,
proporcionou maior atenção às obras do século XVIII, frequentemente desprezadas pelas elites
nacionais influenciadas pelo gosto e modas europeias. Esse projeto de preservação da
arquitetura, conduzido pelo SPHAN, forjou saberes e levou à especialização do conhecimento nos
campos da atribuição de valor e da intervenção em sítios históricos. !
Os intelectuais modernistas do SPHAN atribuíram, às produções materiais da época colonial,
valores de identidade nacional. Seus atributos estéticos e estilísticos eram valorados por meio do
tombamento de exemplares arquitetônicos excepcionais ou de conjuntos urbanos
monumentalizados. !
No campo da produção da arquitetura moderna, a arquitetura do período colonial passou a ser
muita valorada como repositório de bons exemplos de arquitetura e como lastro histórico do tempo
presente. O conhecimento da arquitetura barroca seria então amalgamado no projeto de
arquitetura moderna levado a termo pelos seus protagonistas no Brasil.!
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As três primeiras décadas do IPHAN correram sob a tutela de Rodrigo Melo Franco de
Andrade, no cargo de presidente do Instituto. Advogado e jornalista, fora indicado por Mário de
Andrade para o Cargo, com o qual mantinha intensa correspondência.!
Sob Rodrigo, o IPHAN nasce no Estado Novo, passa pelo período democrático anterior ao golpe
de 1964, assiste à construção de Brasília. Finalmente em 1967 e sob a ditadura militar Rodrigo se
aposenta, mas consegue conduzir seu indicado ao cargo, Renato Soeiro, além de seguir membro
do Conselho Consultivo até que falece, em 1969. Em sua homenagem é criado o prêmio anual
Rodrigo Melo Franco de Andrade, com o qual o IPHAN premia iniciativas de preservação do
patrimônio da sociedade civil e de outras instituições. Rodrigo seria também, aproveitando seus
conhecimentos de jornalista, responsável pela criação da Revista do Patrimônio Histórico e
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Artístico, um dos periódicos mais antigos e respeitados do mundo, sobre o tema, ainda hoje
publicada. !
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O termo fase heróica é usado para os tempos de Rodrigo por designar o período inicial de luta
pelo estabelecimento do órgão, tempo em que o IPHAN, que já nasce carente de pessoal e
financiamento, se propõe à tarefa de identificar e testar as primeiras ações científicas de restauro
e conservação. Para lidar com o imenso acervo de patrimônio brasileiro foram convocados alguns
colaboradores ilustres, como o arquiteto Lúcio Costa, intelectual dos arquitetos do modernismo no
Rio de Janeiro e fortemente influenciado pelas ideias do arquiteto franco-suiço Le Cobursier. Pelo
caráter notório dos envolvidos, e pela própria iniciativa seminal do IPHAN, os pareceres de
tombamento nesse período eram bastante sumários, confiava-se na visão e preparo dos poucos,
porém competentes, funcionários. Além dos tombamentos dos primeiros bens e conjuntos
urbanos, o IPHAN cria museus regionais em casas históricas que são adquiridas pela União, em
muitas das cidades onde possui bens tombados.!
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Renato Soeiro: assumiu em 1967, arquiteto e funcionário da casa, que promoveria as primeiras
grandes transformações do órgão, consolidando sua importância na administração pública do
Brasil. Reformas promovidas durante os 12 anos de sua gestão deram solidez ao trabalho iniciado
por Rodrigo. Após décadas de ação e estabilidade, já existia um entendimento nos governos da
responsabilidade técnica do IPHAN sobre o tema do patrimônio, Soeiro aproveitou essa
respeitabilidade para construir bases legais e de ação, criando o regimento interno, a assessoria
jurídica, ampliando a atuação regional, isso tudo em meio à ditadura militar, conseguiu
diplomaticamente estabelecer maior autonomia e inserção social do IPHAN. !
Outro aspecto central foi a noção do patrimônio aliado ao desenvolvimento urbano e turístico, o
que foi um modo de enfrentar o contexto da crise econômica em fins da década de 1970 e atendia
a discussões internacionais sobre o papel do patrimônio. Michel Parent, um perito da UNESCO
visita o país em 1967, intencionando a participação do Brasil no Programa das Nações Unidas de
Incentivo ao Turismo Cultural e inserção da preservação do patrimônio cultural no planejamento
urbano dos estados e municípios. !
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Soeiro sugeriu ao ministro a criação de 4 divisões técnicas (Restauração de obras de talha e
pintura, Arqueologia, Museus regionais e casas históricas e Difusão Cultural). Organização de
mais 5 distritos (Belém, São Luís, Rio de Janeiro, Brasília e Porto Alegre) pois antes o IPHAN
possuía representação apenas em Recife, Salvador, São Paulo e Belo Horizonte; por fim
estabeleceu a reformulação dos quadros administrativos e técnicos. As ações pelo
desenvolvimento regional foram reforçadas nos encontros de governadores (Brasília 1970,
Salvador 1971), tombamento de diversos conjuntos urbanos, cursos de especialização de
técnicos em preservação nas universidades, e o mais importante desses projetos, o Programa!
Cidades Históricas, com foco nas cidades do Nordeste. Também em 1970, o órgão recebe o nome
que voltaria a possuir em tempos atuais, IPHAN.!
Em 1975, criado o Centro Nacional de Referência Cultural (CNRC), capitaneado por Aloísio
Magalhães, futuro presidente do IPHAN, com a intenção de desenvolver um sistema referencial
básico para descrição e análise da dinâmica cultural brasileira. Nesse contexto, a Fundação
Nacional Pró-Memória surge da associação entre Iphan, Programa Integrado de
Reconstrução das Cidades Históricas (PCH) e o Centro Nacional de Referência Cultural
(CNRC), em 1979 (Saída Soeiro).!
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A ampliação da noção de patrimônio, processada notadamente a partir do final da década de 1970
e começo da de 1980, no Brasil e no mundo, foi acompanhada de uma ampliação da ação pública
relativa à preservação cultural, com o aumento significativo da rede de agentes e agências de
poder envolvidos com a temática. Foi nesse período que a agência estatizada brasileira em nível
federal ampliou suas redes de forma considerável, criando novas sedes regionais, do mesmo
modo que os poderes municipais e estaduais começaram a atuar nesse âmbito, patrocinando
institutos e conselhos de preservação patrimonial em suas esferas político-administrativas.
Entidades representativas da sociedade civil, tais como as associações de bairro, que proliferaram
nesse momento, começavam a buscar na preservação um recurso para enfrentar poderes
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econômicos especulativos imobiliários, ou para valorizar ou "resgatar", "recuperar", suas
identidades de grupo. Empresas públicas também começaram sua sanha preservacionista,
criando setores para construção de memórias institucionais, tais como a “Memória da Eletricidade"
da Eletrobrás e o Preserf, da antiga Rede Ferroviária Federal S.A.; além da proliferação de
museus, como o do Telefone, o da Light e o do Bonde, dentre muitos outros.!
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A Pró-Memória passa a responder como órgão executivo da Secretaria de Pat. Hist. e Art.
Nacional (Sphan), que substituiu o IPHAN. O Programa de ação cultural, por ele desenvolvido,
seria o embrião do Min. da Cultura, que surgiria na década de 1980. Também por influência das
ações de regionalização e tentativa de distribuir as responsabilidades sobre a gestão do
patrimônio, são criados no período diversos órgãos estaduais de patrimônio, a exemplo do IPAC
na Bahia (1967) e do IEPHA em Minas Gerais (1971), com estrutura independente do IPHAN.!
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A Fundação Nacional Pró-Memória foi um órgão público criado em 1979 e extinto em 1990.
Funcionou ao lado da Secretaria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN), formando
com ela uma organização dual, que visou dar maior dinamismo às políticas culturais voltadas para
a preservação do patrimônio cultural:!
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Assim a partir do final de 1979 a responsabilidade pela preservação do acervo cultural e
paisagístico brasileiro passou para a Secretaria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, como
órgão normativo, de direção superior e coordenação nacional, incumbindo a Fundação Nacional
Pró-Memória, como órgão operacional, proporcionar os meios e os recursos que permitiam
agilizar a Secretaria (SPHAN, 1980a, p. 28-29).!
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Em 1979, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) incorporou o Centro
Nacional de Referência Cultural (CNRC), criado em 1975, e o Programa das Cidades Históricas
(PCH), criado em 1973. A partir dessas fusões o IPHAN transformou-se em Secretaria do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN). Ainda no ano de 1979, foi criada a Fundação
Nacional Pró-Memória, pela Lei nº 6.757, de 17 de dezembro, para funcionar como braço
executivo da nova Secretaria.!
As duas instituições, a Fundação Pró-Memória e a SPHAN – esta sofrendo, ao longo do período,
algumas transformações em sua organização – perduraram até 1990, quando, pela Lei nº 8.029,
de 12 de abril, foram extintas. Nesse momento, foi criado o Instituto Brasileiro do Patrimônio
Cultural (IBPC), que absorveu suas funções.!
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Programa de Cidades Históricas (PCH) foi implementado no início da década de 1970 pelo
Ministério do Planejamento e Coordenação Geral (Miniplan) com vistas à recuperação das
cidades históricas da região Nordeste do Brasil. Além disso, buscava a descentralização da
política de preservação cultural por meio de sua execução pelos estados, aplicando recursos
significativos nessa área.!

O tombamento do Terreiro da Casa Branca, localizado em Salvador, foi símbolo da virada que o
Iphan deu nos anos 1980, rumo a um patrimônio calcado mais na diversidade da cultura brasileira!
e menos nos monumentos, parte dos movimentos por direitos civis que marcaram o Brasil do
período. A votação do tombamento foi tão polêmica que até mesmo a Igreja católica esteve
presente, pressionando contra, o resultado pela aprovação foi apertado.!
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Bem cultural: pelas Convenções Internacionais, o bem cultural é entendido como aquele bem
que deve ser protegido, em virtude de seu valor e de sua representatividade para determinada
sociedade. Convém lembrar que qualquer bem cultural pode ser elevado a uma determinada
categoria de proteção legal, de acordo com uma determinada atribuição de valor, que passa então
a fazer parte da lista dos bens culturais protegidos, tanto em escala nacional, quanto, em alguns
casos, em escala mundial, dependendo de sua excepcionalidade, em diferentes categorias. É
assim que o conceito de bem cultural passa a ganhar um entendimento compartilhado
universalmente e que parece se delimitar da seguinte maneira: São objetos de diversas escalas e
origens, qualificados pelos povos como carregados de significado cultural e de referência; São
espaços identificados para a sua guarda (por exemplo, museus); São espaços onde há uma
grande concentração desses objetos (centros históricos, por exemplo). !
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Bem procurado: é utilizado para caracterizar bens móveis e integrados que foram alienados de
seu local de origem ou guarda.!
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Cultura popular: Em meados do século XIX, o foco sobre a cultura popular estava politicamente
associado à ascensão do nacionalismo, na formação dos modernos Estados europeus, fazendo
parte de um movimento de busca e legitimação de uma identidade nacional (BURKE, 2010). Para
aqueles estudiosos da cultura popular, o povo era constituído pelos camponeses, vivendo em
meio rural, mais próximos à natureza, mais afastados das áreas urbanas, logo, menos
influenciados por outros valores e costumes. Quando o inglês Thoms cunhou o termo folklore
(literalmente ‘o saber do povo’), em 1846, o termo parecia apropriado para englobar o material que
era coletado na época, entendido como “antiguidades populares”, “superstições” ou
“curiosidades”, e delinear uma metodologia mais adequada para a identificação e registro desse
material. Na esteira das abordagens europeias, os intelectuais brasileiros se voltaram para as
manifestações culturais populares, particularmente por meio do estudo da literatura oral. As
definições de cultura popular em sentido negativo – não hegemônica, não oficial, não moderna,
não cosmopolita, não erudita, e assim por diante – exploram a concepção de duas camadas
sociais, elite e povo, com base na desigualdade social. Além disso, a própria cultura popular é
segmentada em um grande conjunto produtor e preservador de práticas tradicionais e em um
pequeno conjunto estigmatizado, de práticas permeadas pela reputação de transgressão social,
alvo de fortes repressões. O carnaval, o jongo e os cultos de candomblé, para citar apenas alguns
exemplos, já sofreram prisões de participantes e apreensões de instrumentos e objetos rituais.
Nos estudos interdisciplinares mais recentes, a cultura popular aparece como um modo de vida
marcado por uma complexa interação de fatores socioculturais, econômicos, políticos e
ecológicos, esmaecendo a divisão entre erudito e popular. Uma das maiores dificuldades continua
a ser a arbitrariedade dos limites considerados eficazes para circunscrevê-la. Diante das
transformações nas concepções da cultura popular, que tangenciam folclore, cultura oral, cultura
tradicional e cultura de massa, o emprego da expressão no plural – culturas populares – talvez
consiga mais facilmente percebê-la como práticas sociais e processos comunicativos híbridos e
complexos que promovem a integração de múltiplos sistemas simbólicos de diversas
procedências. !
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Considera-se relíquia qualquer objeto que teve contato com algum personagem religioso,
histórico, mítico ou de um passado longínquo, podendo ser o próprio corpo ou seus restos
mortais, objetos pessoais ou até mesmo aqueles que “testemunharam” determinado
acontecimento religioso ou histórico!
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O Arquivo do Patrimônio, também denominado Arquivo, Arquivo Noronha Santos (subordinado
ao departamento de identificação do IPHAN) e, atualmente, Arquivo Central do IPHAN/Seção Rio
de Janeiro (ACI/RJ) – separado em duas seções, a do Rio de Janeiro (ACI/RJ) e a de Brasília
(ACI/DF) –, foi criado ainda em 1936, portanto, antes da constituição legal do então Serviço do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN) em 1937. Foi inicialmente destinado à guarda
das correspondências de Rodrigo Melo Franco de Andrade, futuro diretor do SPHAN (MARTINS,
2010, p. 32), e de textos de conteúdo jurídico, artístico e histórico, dentre outros, selecionados por
ele por meio de uma articulação em rede de amizades com intelectuais envolvidos no projeto de
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seleção, atribuição e reconhecimento de bens aos quais eram atribuídos valor de patrimônio
nacional.!
Patrimônios imateriais: Círio de Nazaré (também é mundial); romaria de carros de bois em
Trindade, Goiás; Pau de Barbalha no Ceará; Festa do Bom Fim - RELIGIOSAS!
Convenção patrimônio imaterial, 2000: replicado na UNESCO, modelo para outros países.!
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O Iphan atualmente é responsável por fiscalizar um Patrimônio Material bastante extenso. São:!
! •! 87 Conjuntos Urbanos Tombados com 78 mil imóveis contidos nessas áreas;!
! •! 590 mil imóveis localizados em áreas de entorno dos bens tombados;!
! •! 1.264 bens materiais tombados;!
! •! 590 bens imóveis ferroviários valorados;!
! •! Mais de 29 mil cidadãos diretamente atendidos pelo Iphan;!
! •! 26.409 sítios arqueológicos cadastrados;!
! •! 336 instituições de pesquisa e guarda;!
! •! 11.926 mil projetos de pesquisa autorizados (1991-2017).!
Ressalta-se, também, a necessidade de análise sobre a saída de obras de arte do país, com
cerca de 50 mil pedidos de autorização por ano.!
Sobre as manifestações do patrimônio imaterial, são:!
! •! 42 bens imateriais registrados !
! •! 7 línguas inventariadas!
! •! 149 processos de salvaguarda em andamento!
! •! 39 processos de registro em andamento!
! •! 160 projetos do Inventário Nacional de Referências Culturais concluídos!
! •! 140 ações de apoio e fomento por meio do edital do PNPI!

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Papel IPHAN: zelar pelo cumprimento dos marcos legais efetivando a gestão do patrimônio
cultural e dos bens reconhecidos pela UNESCO como patrimônio da humanidade.!
Pioneiro na preservação do patrimônio na América Latina!
CF88: artigo 216 amplia conceito patriônio pelo decreto/lei 25/37, substituindo a nominação
PATRIMONIO HISTORICO E ARTISTICO por PATRIMONIO CULTURAL BRASILEIRO!
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Parceria poder publico e comunidades, estabelecida na constituição para a promoção e proteção
do patrimônio cultural (bens sob responsabilidade da administração publica)!
Parcerias IPHAN com Governos estaduais através do sistema nacional do patrimônio cultural!
-Coordenação: definição de instancias coordenadoras para garantir ações articuladas e mais
efetivas!
-Regulação: conceituações comuns, princípios e regras gerais de ação!
-Fomento: incentivos para fortalecimento institucional, estruturação de sistemas de info de âmbito
nacional, fortalecer ações coordenadas em projetos específicos!
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Em resumo, a Economia Criativa é uma maneira de criar um produto ou serviço, sempre com um
valor simbólico embutido, servindo como ferramenta para o desenvolvimento econômico e social,
articulando a produção de novas ideias a possíveis ganhos para seus produtores. Se o capital
intelectual, centro dessa política, È fonte virtualmente inesgotável na produção de valores
simbólicos, a Economia Criativa consiste num potencial sem medidas, para promover o bem-estar
social de modo sustentável, desde que tomada como política contínua, de Estado, e não de
determinados governos.!

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2 Marcos internacionais da preservação: Convenção relativa à Proteção do
Patrimônio Mundial, Cultural e Natural (1972); Convenção para a Salvaguarda do
Patrimônio Cultural Imaterial (2003). !
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Convenção para a Proteção do Patrimônio Mundial, Cultural e Natural, 1972!
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I. DEFINIÇÃO DE PATRIMÔNIO CULTURAL E NATURAL!
ARTIGO 1!
Para os fins da presente Convenção, são considerados “patrimônio cultural”:!
- os monumentos: obras arquitetônicas, esculturas ou pinturas monumentais, objetos ou estruturas
arqueológicas, inscrições, grutas e conjuntos de valor universal excepcional do ponto de vista da
história, da arte ou da ciência,!
- os conjuntos: grupos de construções isoladas ou reunidas, que, por sua arquitetura, unidade ou
integração à paisagem, têm valor universal excepcional do ponto de vista da história, da arte ou
da ciência,!
- os sítios: obras do homem ou obras conjugadas do homem e da natureza, bem como áreas,
que incluem os sítios arqueológicos, de valor universal excepcional do ponto de vista histórico,
estético, etnológico ou antropológico. !
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ARTIGO 2!
Para os fins da presente Convenção, são considerados “patrimônio natural”:!
- os monumentos naturais constituídos por formações físicas e biológicas ou por conjuntos de
formações de valor universal excepcional do ponto de vista estético ou científico;!
- as formações geológicas e fisiográficas, e as zonas estritamente delimitadas que constituam
habitat de espécies animais e vegetais ameaçadas de valor universal excepcional do ponto de
vista estético ou científico,!
- os sítios naturais ou as áreas naturais estritamente delimitadas detentoras de valor universal
excepcional do ponto de vista da ciência, da conservação ou da beleza natural. !
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II. PROTEÇÃO NACIONAL E PROTEÇÃO INTERNACIONAL DO PATRIMÔNIO CULTURAL E
NATURAL!
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ARTIGO 4!
Cada Estado-parte da presente Convenção reconhece que lhe compete identificar, proteger,
conservar, valorizar e transmitir às gerações futuras o patrimônio cultural e natural situado em seu
território. O Estado-parte envidará esforços nesse sentido, tanto com recursos próprios como, se
necessário, mediante assistência e cooperação internacionais às quais poderá recorrer.!
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ARTIGO 5!
A fim de assegurar proteção e conservação eficazes e valorizar de forma ativa o patrimônio
cultural e natural situado em seu território e em condições adequadas aos países, cada Estado-
parte da presente Convenção empenhar-se-á em:!
a) adotar uma política geral com vistas a atribuir função ao patrimônio cultural e natural na vida
coletiva e a integrar sua proteção aos programas de planejamento;!
b) instituir no seu território, caso não existam, um órgão (ou vários órgãos) de proteção,
conservação ou valorização do patrimônio cultural e natural, dotados de pessoal capacitado, que
disponha de meios que lhe permitam desempenhar suas atribuições;!
c) desenvolver estudos, pesquisas científicas e técnicas e aperfeiçoar os métodos de intervenção
que permitam ao Estado enfrentar os perigos ao patrimônio cultural ou natural;!
d) tomar as medidas jurídicas, científicas, técnicas, administrativas e financeiras cabíveis para
identificar, proteger, conservar, valorizar e reabilitar o patrimônio; e

e) fomentar a criação ou o desenvolvimento de centros nacionais ou regionais de formação em
matéria de proteção, conservação ou valorização do patrimônio cultural e natural e estimular a
pesquisa científica nesse campo. !

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ARTIGO 7!
Para os fins da presente Convenção, entende-se por proteção internacional do patrimônio mundial
cultural e natural o estabelecimento de sistema de cooperação e de assistência internacional
destinado a auxiliar os Estados-partes da Convenção nos esforços empreendidos para preservar
e identificar esse patrimônio. !
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III. COMITÊ INTERGOVERNAMENTAL DE PROTEÇÃO DO PATRIMÔNIO MUNDIAL CULTURAL
E NATURAL!
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ARTIGO 8!
1. Fica instituído, junto à Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura,
o Comitê Intergovernamental de Proteção do Patrimônio Mundial Cultural e Natural de Valor
Universal Excepcional denominado “Comitê do Patrimônio Mundial”. É composto por 15
Estados-partes da Convenção, eleitos pelos Estados-partes da Convenção reunidos em
assembléia geral por ocasião de sessões ordinárias da Conferência Geral da Organização das
Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. O número dos Estados-membros do
Comitê será aumentado até 21, a partir da sessão ordinária da Conferência Geral seguinte à
entrada em vigor da presente Convenção, por 40 Estados ou mais. !
3. Assistem às sessões do Comitê, com voz consultiva, um representante do Comitê Internacional
de Estudos para a Conservação e a Restauração dos Bens Culturais (ICCROM), um
representante do Conselho Internacional dos Monumentos e Sítios (ICOMOS), e um
representante da União Internacional para a Conservação da Natureza e de seus Recursos
(UICN), aos quais se podem juntar, mediante solicitação dos Estados partes reunidos em
assembléia geral durante as sessões ordinárias da Conferência Geral da Organização das
Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, representantes de outras organizações
intergovernamentais ou não-governamentais com objetivos similares. !
!
ARTIGO 11!
2. Com base nas listas apresentadas pelos Estados, de acordo com o disposto no parágrafo
anterior, o Comitê estabelece, atualiza e divulga, sob o nome “Lista do Patrimônio Mundial”,
atualizada pelo menos a cada dois anos.!
4. O Comitê estabelece, atualiza e divulga, cada vez que as circunstâncias assim o exigirem, sob
o nome de “Lista do Patrimônio Mundial em Perigo”, os bens que figuram na Lista do Patrimônio
Mundial, cuja salvaguarda exige intervenções importantes e para os quais foi solicitada
assistência nos termos da presente Convenção.!
!
IV. FUNDO PARA A PROTEÇÃO DO PATRIMÔNIO MUNDIAL CULTURAL E NATURAL!
ARTIGO 15!
1. Fica instituído o Fundo para a Proteção do Patrimônio Mundial Cultural e Natural de Valor
Universal Excepcional, denominado “Fundo do Patrimônio Mundial”. !
2. Os recursos do Fundo são constituídos:!
a. pelas contribuições obrigatórias e contribuições voluntárias dos Estados-partes da presente
Convenção;!
b. pelos depósitos, doações ou legados que venham a ser feitos por:!
i. outros Estados,!
ii. pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultural, por outros
organismos do sistema das Nações Unidas, especialmente o Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento e por organizações intergovernamentais;!
iii. organizações públicas ou privadas ou pessoas físicas; !
!
ARTIGO 16!
1. Sem qualquer prejuízo de outra contribuição voluntária complementar, os Estados partes da
presente Convenção comprometem-se a depositar regularmente, a cada dois anos, para o Fundo
do Patrimônio Mundial, contribuições cujo montante será calculado segundo percentual uniforme
aplicável a todos os Estados.!
11
!
V. CONDIÇÕES E MODALIDADES DE ASSISTÊNCIA INTERNACIONAL!
!
ARTIGO 19!
Todo Estado-Parte da presente Convenção pode solicitar assistência internacional em favor dos
bens do patrimônio cultural e natural de valor universal excepcional situados em seu território!
!
ARTIGO 22!
A assistência prestada pelo Comitê do Patrimônio Mundial poderá tomar as seguintes!
formas:!
a. estudo dos problemas artísticos, científicos e técnicos levantados quanto à proteção, à
conservação, à valorização e à reabilitação do patrimônio cultural e natural, conforme o definido
nos parágrafos 2 e 4 do artigo 11 da presente Convenção;!
b. disponibilização de peritos, técnicos e mão-de-obra qualificada para garantir a correta execução
do projeto aprovado;!
c. formação de especialistas em todos os níveis na área de identificação, proteção, conservação,
valorização e reabilitação do patrimônio cultural e natural;!
d. fornecimento de equipamento que o Estado interessado não possui ou não tem condições de
adquirir;!
e. empréstimos com juros reduzidos, sem juros, ou reembolsáveis em longo prazo;!
f. concessão, em casos excepcionais e especialmente motivados, de subvenções não
reembolsáveis.!
!
ARTIGO 23!
O Comitê do Patrimônio Mundial pode também prestar assistência internacional a centros
nacionais ou regionais de formação de especialistas de qualquer nível nas áreas de identificação,
proteção, conservação, valorização e reabilitação do patrimônio cultural e natural. !
!
CONVENÇÃO PARA A SALVAGUARDA DO PATRIMÔNIO CULTURAL
IMATERIAL, 2003!
!
Artigo 1: Finalidades da Convenção!
A presente Convenção tem as seguintes finalidades:!
a) a salvaguarda do patrimônio cultural imaterial;!
b) o respeito ao patrimônio cultural imaterial das comunidades, grupos e indivíduos!
envolvidos;!
c) a conscientização no plano local, nacional e internacional da importância do patrimônio!
cultural imaterial e de seu reconhecimento recíproco;!
d) a cooperação e a assistência internacionais. !
!
Artigo 2: Definições!
Para os fins da presente Convenção,!
1. Entende-se por “patrimônio cultural imaterial” as práticas, representações, expressões,
conhecimentos e técnicas - junto com os instrumentos, objetos, artefatos e lugares culturais que
lhes são associados - que as comunidades, os grupos e, em alguns casos, os indivíduos
reconhecem como parte integrante de seu patrimônio cultural. Este patrimônio cultural imaterial,
que se transmite de geração em geração, é constantemente recriado pelas comunidades e grupos
em função de seu ambiente, de sua interação com a natureza e de sua história, gerando um
sentimento de identidade e continuidade e contribuindo assim para promover o respeito à
diversidade cultural e à criatividade humana. Para os fins da presente Convenção, será levado em
conta apenas o patrimônio cultural imaterial que seja compatível com os instrumentos
internacionais de direitos humanos existentes e com os imperativos de respeito mútuo entre
comunidades, grupos e indivíduos, e do desenvolvimento sustentável. !
Se manifesta nos seguintes campos:!
a) tradições e expressões orais, incluindo o idioma como veículo do patrimônio cultural imaterial;!
12
b) expressões artísticas;!
c) práticas sociais, rituais e atos festivos;!
d) conhecimentos e práticas relacionados à natureza e ao universo;!
e) técnicas artesanais tradicionais.!
!
3. Entende-se por “salvaguarda” as medidas que visam garantir a viabilidade do patrimônio
cultural imaterial, tais como a identificação, a documentação, a investigação, a preservação, a
proteção, a promoção, a valorização, a transmissão – essencialmente por meio da educação
formal e não-formal - e revitalização deste patrimônio em seus diversos aspectos. !
!
II. Órgãos da Convenção!
Artigo 4: Assembléia Geral dos Estados Partes!
1. Fica estabelecida uma Assembléia Geral dos Estados Partes, doravante denominada
“Assembléia Geral”, que será o órgão soberano da presente Convenção.!
2. A Assembléia Geral realizará uma sessão ordinária a cada dois anos. Poderá reunir-se em
caráter extraordinário quando assim o decidir, ou quando receber uma petição em tal sentido do
Comitê Intergovernamental para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial ou de, no mínimo,
um terço dos Estados Partes. !
!
Artigo 5: Comitê Intergovernamental para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial!
1. Fica estabelecido junto à UNESCO um Comitê Intergovernamental para a Salvaguarda do
Patrimônio Cultural Imaterial, doravante denominado “o Comitê”. O Comitê será integrado
por representantes de 18 Estados Partes, a serem eleitos pelos Estados Partes constituídos em
Assembléia Geral, tão logo a presente Convenção entrar em vigor.!
2. O número de Estados membros do Comitê aumentará para 24, tão logo o número de Estados
Partes na Convenção chegar a 50.!
!
Artigo 6: Eleição e mandato dos Estados membros do Comitê!
1. A eleição dos Estados membros do Comitê deverá obedecer aos princípios de distribuição
geográfica e rotação eqüitativas.!
2. Os Estados Partes na Convenção, reunidos em Assembléia Geral, elegerão os Estados
membros do Comitê para um mandato de quatro anos.!
3. Contudo, o mandato da metade dos Estados membros do Comitê eleitos na primeira eleição
será somente de dois anos. Os referidos Estados serão designados por sorteio no curso da
primeira eleição.!
4. A cada dois anos, a Assembléia Geral renovará a metade dos Estados membros do Comitê.!
5. A Assembléia Geral elegerá também quantos Estados membros do Comitê sejam necessários
para preencher vagas existentes.!
6. Um Estado membro do Comitê não poderá ser eleito por dois mandatos consecutivos.!
7. Os Estados membros do Comitê designarão, para seus representantes no Comitê, pessoas
qualificadas nos diversos campos do patrimônio cultural imaterial. !
!
Artigo 7: Funções do Comitê!
Sem prejuízo das demais atribuições conferidas pela presente Convenção, as funções do Comitê
serão as seguintes:!
a) promover os objetivos da Convenção, fomentar e acompanhar sua aplicação;!
b) oferecer assessoria sobre as melhores práticas e formular recomendações sobre medidas que
visem a salvaguarda do patrimônio cultural imaterial;!
c) preparar e submeter à aprovação da Assembléia Geral um projeto de utilização dos recursos do
Fundo, em conformidade com o Artigo 25;!
d) buscar meios de incrementar seus recursos e adotar as medidas necessárias para tanto, em
conformidade com o Artigo 25; !
e) preparar e submeter à aprovação da Assembléia Geral diretrizes operacionais para a aplicação
da Convenção;!
f) examinar os relatórios dos Estados Partes e elaborar um resumo destes relatórios, destinado à
Assembléia Geral;!
13
g) examinar as solicitações apresentadas pelos Estados Partes e decidir, de acordo com critérios
objetivos de seleção estabelecidos pelo próprio Comitê e aprovados pela Assembléia Geral,
sobre:!
i) inscrições nas listas e propostas mencionadas nos Artigos 16, 17 e 18;!
ii) prestação de assistência internacional, em conformidade com o Artigo 22. !
!
Artigo 11: Funções dos Estados Partes!
Caberá a cada Estado Parte: !
a) adotar as medidas necessárias para garantir a salvaguarda do patrimônio cultural imaterial
presente em seu território;!
b) identificar e definir os diversos elementos do patrimônio cultural imaterial presentes em seu
território, com a participação das comunidades, grupos e organizações não-governamentais
pertinentes.!
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Artigo 12: Inventários!
1. Para assegurar a identificação, com fins de salvaguarda, cada Estado Parte estabelecerá um
ou mais inventários do patrimônio cultural imaterial presente em seu território, em conformidade
com seu próprio sistema de salvaguarda do patrimônio. Os referidos inventários serão atualizados
regularmente.!
!
Artigo 13: Outras medidas de salvaguarda!
Para assegurar a salvaguarda, o desenvolvimento e a valorização do patrimônio cultural imaterial
presente em seu território, cada Estado Parte empreenderá esforços para: !
a) adotar uma política geral visando promover a função do patrimônio cultural imaterial na
sociedade e integrar sua salvaguarda em programas de planejamento;!
b) designar ou criar um ou vários organismos competentes para a salvaguarda do patrimônio
cultural imaterial presente em seu território;!
c) fomentar estudos científicos, técnicos e artísticos, bem como metodologias de pesquisa, para a
salvaguarda eficaz do patrimônio cultural imaterial, e em particular do patrimônio cultural imaterial
que se encontre em perigo;!
d) adotar as medidas de ordem jurídica, técnica, administrativa e financeira adequadas para:!
i) favorecer a criação ou o fortalecimento de instituições de formação em gestão do!
patrimônio cultural imaterial, bem como a transmissão desse patrimônio nos foros e lugares!
destinados à sua manifestação e expressão;!
ii) garantir o acesso ao patrimônio cultural imaterial, respeitando ao mesmo tempo os!
costumes que regem o acesso a determinados aspectos do referido patrimônio;!
iii) criar instituições de documentação sobre o patrimônio cultural imaterial e facilitar o!
acesso a elas.!
!
Artigo 14: Educação, conscientização e fortalecimento de capacidades!
Cada Estado Parte se empenhará, por todos os meios oportunos, no sentido de:!
a) assegurar o reconhecimento, o respeito e a valorização do patrimônio cultural imaterial na
sociedade, em particular mediante: !
i) programas educativos, de conscientização e de disseminação de informações voltadas para o
público, em especial para os jovens;!
ii) programas educativos e de capacitação específicos no interior das comunidades e dos grupos
envolvidos;!
iii) atividades de fortalecimento de capacidades em matéria de salvaguarda do patrimônio cultural
imaterial, e especialmente de gestão e de pesquisa científica; e!
iv) meios não-formais de transmissão de conhecimento;!
b) manter o público informado das ameaças que pesam sobre esse patrimônio e das atividades
realizadas em cumprimento da presente Convenção;!
c) promover a educação para a proteção dos espaços naturais e lugares de memória, cuja
existência é indispensável para que o patrimônio cultural imaterial possa se expressar.!
Artigo 15: Participação das comunidades, grupos e indivíduos!

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No quadro de suas atividades de salvaguarda do patrimônio cultural imaterial, cada Estado Parte
deverá assegurar a participação mais ampla possível das comunidades, dos grupos e, quando
cabível, dos indivíduos que criam, mantém e transmitem esse patrimônio e associálos ativamente
à gestão do mesmo. !
!
Artigo 20: Objetivos da assistência internacional!
A assistência internacional poderá ser concedida para os seguintes objetivos:!
a) salvaguarda do patrimônio que figure na lista de elementos do patrimônio cultural!
imaterial que necessite medidas urgentes de salvaguarda;!
b) realização de inventários, em conformidade com os Artigos 11 e 12;!
c) apoio a programas, projetos e atividades de âmbito nacional, sub-regional e regional!
destinados à salvaguarda do patrimônio cultural imaterial;!
d) qualquer outro objetivo que o Comitê julgue necessário. !
!
Artigo 22: Requisitos para a prestação de assistência internacional!
1. O Comitê definirá o procedimento para examinar as solicitações de assistência internacional e
determinará os elementos que deverão constar das solicitações, tais como medidas previstas,
intervenções necessárias e avaliação de custos.!
2. Em situações de urgência, a solicitação de assistência será examinada em cárater de
prioridade pelo Comitê.!
3. Para tomar uma decisão, o Comitê realizará os estudos e as consultas que julgar necessários. !
!
VI. Fundo do patrimônio cultural imaterial!
!
Artigo 25: Natureza e recursos do Fundo!
1. Fica estabelecido um “Fundo para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial”,!
doravante denominado “o Fundo”.!
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3. Os recursos do Fundo serão constituídos por:!
a) contribuições dos Estados Partes;!
b) recursos que a Conferência Geral da UNESCO alocar para esta finalidade;!
c) aportes, doações ou legados realizados por:!
i) outros Estados;!
ii) organismos e programas do sistema das Nações Unidas, em especial o Programa das Nações
Unidas para o Desenvolvimento, ou outras organizações internacionais;!
iii) organismos públicos ou privados ou pessoas físicas;!
d) quaisquer juros devidos aos recursos do Fundo;!
e) produto de coletas e receitas aferidas em eventos organizados em benefício do Fundo;!
f) todos os demais recursos autorizados pelo Regulamento do Fundo, que o Comitê elaborará.!
5. O Comitê poderá aceitar contribuições ou assistência de outra natureza oferecidos com!
fins gerais ou específicos, vinculados a projetos concretos, desde que os referidos projetos!
tenham sido por ele aprovados.

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