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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ

CURSO DE BACHARELADO EM CIÊNCIAS ECONÔMICAS

HENRIQUE DOS SANTOS SARAIVA

CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS SOBRE ECONOMIA DO TURISMO

TERESINA
2018
HENRIQUE DOS SANTOS SARAIVA

CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS SOBRE ECONOMIA DO TURISMO

Monografia apresentada ao Curso de


Ciências Econômicas como um dos
requisitos para obtenção do título de
Bacharel em Economia pela Universidade
Federal do Piauí - UFPI.

Orientador (a): Me. Clenilson Cruz Lima

TERESINA
2018
HENRIQUE DOS SANTOS SARAIVA

CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS SOBRE ECONOMIA DO TURISMO

Monografia apresentada ao Curso de Economia


como um dos requisitos para a obtenção do título de
Bacharel em Ciências Econômicas pela
Universidade Federal do Piauí - UFPI.

Data da aprovação: _______/_______/_________ Nota: __________________

_______________________________________________________________
Professor (a) Orientador: Me. Clenilson Cruz Lima

_______________________________________________________________
Professor (a) Avaliador

_______________________________________________________________
Professor (a) Avaliador

TERESINA
2018
Dedico o presente trabalho à minha
família, por sua capacidade de acreditar
em mim e investir em mim, principalmente
a minha mãe e meu pai. Obrigado!
AGRADECIMENTO

Quero agradecer a Deus por me proporcionar mais uma vitória na minha vida
e por me iluminar a cada dia durante os anos de graduação e a produção da
monografia.
Agradeço a minha família, em especial meu pai Francisco Saraiva, e minha
mãe Elza Barbosa que sempre acreditou no meu potencial, minha irmã Erica,
agradecer a Pamella Oliveira, por sempre está ao meu lado e me ajudar desde o
começo nesta batalha.
Aos meus professores que a cada dia compartilhavam seus conhecimentos
conosco, em especial quero agradecer a professora Jessyca Barros que me ajudou
na construção da monografia e ao meu orientador, Me. Clenilson Cruz Lima, que se
dedicou a me orientar da melhor maneira possível no intuito de concluir este TCC.
Quero agradecer todos meus amigos de turma desde início do curso, em
especial, Junior Sousa, Daniel Ribeiro, Mayara Danielle, Patrícia Leal, Oseias
Rocha, Ravenna Batista, e a todos os amigos do grupo Whatsapp O’z Boy’z
Magiaz’s.
RESUMO

O presente trabalho busca analisar o turismo como uma atividade importante no que
se refere à movimentação da economia em uma região e/ou país. Isso porque o
turismo se apresenta como uma atividade ligada ao crescimento e desenvolvimento
econômico e, consequentemente, a geração de emprego e renda. Desse modo, o
estudo sobre o turismo está interligado com o estudo sobre juros, câmbio e inflação,
pois, tais temas estão diretamente ligados à promoção da atividade turística. Por
isso, o referido estudo tem como objetivo: Discorrer sobre a importância do turismo
como fator de geração de renda. A metodologia utilizada no decorrer do trabalho foi
a pesquisa de natureza bibliográfica do tipo exploratória, com objetivo de pesquisar
e investigar os conhecimentos existentes na literatura com base em material já
elaborado, formado principalmente de livros e artigos científicos publicados. A
relevância do estudo está no fato de poder contribuir para uma reflexão acerca das
possibilidades da expansão turística no país, assim como da reflexão acerca das
problemáticas que ainda permeiam essa questão. Observou-se diante de estudos
bibliográficos que a potencialidade turística do Brasil faz com que as atividades
econômicas a ela relacionadas gerem renda proporcionalmente, tornando assim, o
desenvolvimento econômico uma consequência do avanço do turismo.

Palavras-chave: Economia do Turismo. Emprego e Renda. Crescimento e


Desenvolvimento.
ABSTRACT

The present work seeks to analyze tourism as an important activity regarding the
movement of the economy in a region and / or country. This is because tourism
presents itself as an activity linked to growth and economic development and,
consequently, the generation of employment and income. Thus, the study on tourism
is intertwined with the study on interest, exchange and inflation, since such themes
are directly linked to the promotion of tourism activity. Therefore, the study aims to:
Discuss the importance of tourism as a factor of income generation. The
methodology used in the course of the study was the research of a bibliographic
nature of the exploratory type, with the objective of researching and investigating the
existing knowledge in the literature based on already prepared material, mainly made
up of published books and scientific articles. The relevance of the study lies in the
fact that it can contribute to a reflection on the possibilities of the tourist expansion in
the country, as well as the reflection on the problems that still permeate this question.
It was observed from bibliographical studies that the tourism potential of Brazil makes
the related economic activities generate income proportionally, thus making
economic development a consequence of the advance of tourism.

Keywords: Tourism Economics. Employment and Income. Growth and


Development.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Fluxo circular de Renda 24


Gráfico 1 - Desembarques Internacionais de Janeiro a Dezembro nos anos 31
de 2015 a 2017
Gráfico 2 - Desembarques domésticos de Janeiro a Dezembro nos anos de 32
2015 a 2017
Gráfico 3 - Receita Cambial de Janeiro a Dezembro nos anos de 2015 a 32
2017
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

IDH - Índice de Desenvolvimento Humano


PNB - Produto Nacional Bruto
PNUD - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
PPP - Purchasing Power Parity
WTTC - The World Travel & Tourism Council
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................09

2 TURISMO: CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO...................11


2.1 Turismo: Aspectos Introdutórios...........................................................................11
2.2 Economia do turismo............................................................................................12
2.2.1 Turismo e seus efeitos multiplicadores na economia .............................16
2.3 Desenvolvimento e crescimento econômico........................................................18

3 ASPECTO MACROECONÔMICO DO TURISMO .................................................23


3.1 Conceito de macroeconomia ...............................................................................23
3.2 Macroeconomia do turismo..................................................................................25
3.3 A relação da microeconomia e as atividades do turismo.....................................27

4 O TURISMO NO BRASIL: ESTATÍSTICAS, INDICADORES E


SUSTENTABILIDADE...............................................................................................29
4.1 A sustentabilidade no turismo: algumas considerações......................................36

CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................38


REFERÊNCIAS..........................................................................................................40
9

1 INTRODUÇÃO

O turismo se define, do ponto de vista econômico, como o conjunto das


relações e fenômenos-econômicos sociais e culturais, ou seja, é toda atividade que
provoca deslocamento implicando em gasto de renda. Seu objetivo principal é
conseguir satisfação nos serviços que são oferecidos através de uma atividade,
geralmente mediante um prévio investimento, de modo que tais serviços se tornem
rentáveis. Sendo assim, o turismo se enquadra de forma perfeita dentro da
economia como um conjunto de atividades industriais e comerciais onde produzem
bens e serviços consumidos de forma total ou parcial por visitantes estrangeiros ou
por turistas nacionais (MONTEJANO, 2001).
Diante disso, a temática desse estudo se intitula “as contribuições do turismo
para a economia nacional”. O referido estudo tem como objetivo geral discorrer
sobre a atividade turística na economia brasileira como fator gerador de renda. E,
tem como objetivos específicos: averiguar as possibilidades de crescimento e o
desenvolvimento econômico tendo como base a atividade turística; identificar os
aspectos macroeconômicos e microeconômicos do turismo para a economia
nacional e demonstrar o comportamento da atividade turista no Brasil. Diante disso,
a problemática do trabalho se pauta na seguinte questão: Qual a contribuição do
turismo para a economia nacional?
A atividade turística é importante para qualquer economia, seja ela nacional,
regional, ou local, pois o deslocamento constante de pessoas aumenta o consumo,
motiva a diversidade de produção de bens e serviços e possibilita o lucro e a
geração de emprego e renda. Diante do contexto acima, parte-se da hipótese que o
turismo nacional é uma importante atividade para a produção nacional aumentando
o número de emprego e renda (FERREIRA, 2006).
Na execução do presente trabalho foi utilizado pesquisa de natureza
bibliográfica do tipo exploratória, que objetiva o pesquisador a investigação e a
busca de conhecimentos existentes na literatura com base em material já elaborado,
formado principalmente de livros e artigos científicos publicados.
Visando alcançar os objetivos expostos, o presente trabalho está dividido em
três capítulos. O primeiro capítulo procura relacionar a atividade turística com as
principais teorias de crescimento e desenvolvimento econômico com enfoque no
efeito multiplicador que a atividade turística proporciona a economia. O segundo
10

capítulo destina-se a visualizar o turismo nos ambientes macro e microeconômicos


da teoria econômica. O terceiro e último capítulo procura trazer a noção da
competitividade do turismo como forma de vantagem competitiva no mercado
externo.
Também, ao final do trabalho, são realizadas algumas considerações acerca
da discussão proposta nos capítulos que visam evidenciar a importância da
atividade turística para o crescimento e desenvolvimento econômico brasileiro.
11

2 TURISMO: CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

O turismo se apresenta como uma atividade econômica capaz de ocasionar


modificações consideráveis no que diz respeito à movimentação financeira de um
país. Nesse sentido, os aspectos positivos que envolvem o turismo, mais
especificamente falando da distribuição de renda, ampliam-se consideravelmente
através das atividades turísticas, o que contribui para um
crescimento/desenvolvimento econômico mais concreto.

2.1 Turismo: Aspectos Introdutórios

Conforme Schullern (1911 apud DIAS, 2005, p.13), o turismo compreende


“todos os processos, especialmente os econômicos, que se manifestam na
aglomeração, permanência e retorno do turista, dentro e fora de um determinado
município, país ou estado”.
O turismo é tratado com dominação da visão econômica, visto que em todos
os estágios da viagem, antes, durante e/ou depois, os turistas estão consumindo
bens e serviços dos mais variados setores da economia. Tais serviços incluem:
gastos com alimentação, transporte, hospedagem, roupas e outros que servirão para
a realização de uma viagem seja ela nacional ou internacional.
As definições de turismo podem abranger outros aspectos além dos
econômicos. Sob uma visão de Montejano (2001, p.01) o turismo é “a teoria e a
prática de todas as atividades relacionadas com a atração, prestação de serviços e
satisfação das necessidades do turista”. Para o referido autor, o turismo é
basicamente um conjunto de técnicas cientificas que são usadas com o objetivo de
prestar serviço a pessoas que dedicam tempo livre para viajar, transformando-se em
turistas ou excursionistas.
A evolução do significado do turismo se dá de forma mais específica no
começo do século XIX, quando aparecem os primeiros conceitos de turismo e
turista. Os primeiros significados privilegiavam os aspectos econômicos seguidos da
questão do tráfego de pessoas. Nesse período o que se tinha como desafio era a
superação de distâncias.
12

Vale mencionar que as atividades pautadas a qualquer setor do turismo


envolvem planejamento, que por sua vez, carece de investimentos para serem
desenvolvidas na prática. Esse planejamento deve ser realizado em todas as áreas
que envolvem as atividades turísticas, como por exemplo, as áreas de: marketing; a
prestação de serviços (serviços e produtos de qualidade) e a capacitação e
treinamento para o atendimento ao cliente, dentre outros. O importante é alcançar
um patamar de produtos e serviços, além do atendimento, que satisfaça o cliente e
desperte nele o desejo de retorno.
O turismo representa um fator que movimenta a economia de um país. Por
isso, se destaca pela capacidade de fornecer às pessoas atividades que envolvam
práticas culturais, sociais, lazer, interação, etc. Portanto, as atividades turísticas
também buscam atingir a satisfação das necessidades dos consumidores, por
esses, investirem no turismo como forma de obter novas experiências, lazer. Esse
ciclo que se forma entre o turismo e o turista movimenta consideravelmente a
economia turística, ou seja, a economia local dos pontos turísticos (em um primeiro
momento) e, posteriormente (de acordo com o grau de movimentação turística) a
economia em uma perspectiva macro (DIAS, 2005). Esse investimento movimenta a
economia turística, questão essa abordada no tópico a seguir.

2.2 Economia do turismo

A economia e o turismo se interagem em temas como o comércio


internacional, inflação, juros, poupança, desenvolvimento econômico e crescimento.
A economia se encontra presente no turismo até mesmo quando não há qualquer
operação monetária envolvida (SANTOS; KADOTA, 2012).
Segundo Silva (2004), o produto turístico se realiza por um intermédio de um
composto de atividades e serviços relativos ao alojamento (indústria das
construções e indústria de transformação), a alimentação e as bebidas (atividades
agrícola e indústria alimentícia), aos transportes (indústria de transformação e de
consumo energético, além de serviços), as aquisições de produtos locais (artesanato
e indústria de vestuário ou de transformação) as visitas e aos divertimentos
(serviços).
13

Pode-se observar que o turismo e suas agregações de serviços tem uma


participação importante na economia, pois essa relação entre vários tipos de
serviços listados por Silva (2004) mostra como o turismo se interliga com a
economia através de seus produtos e serviços.
Uma explicação para este crescimento é que o turismo é uma atividade
econômica de múltiplos componentes, na qual muitas partes estão intrinsecamente
associadas a outros setores econômicos, tais como: aviação, transporte rodoviário,
marítimo e fluvial, lojas de souvenirs, stands de concessionárias, restaurantes e
bares, casas noturnas, parques temáticos, serviço de hotéis, agências de viagens e
operadoras turísticas, entre outros itens da economia, tornando-o a maior atividade
geradora de empregos e estimulando os investimentos internacionais (MOESCH,
2002).
Portanto, é possível dizer que é visível o impacto do turismo em todo o
mundo, visto que movimenta múltiplos componentes econômicos numa sequência
causando um efeito multiplicador1.
Dessa forma, a atividade turística se caracteriza por ser muito complexa. Ou
seja, envolve muitos aspectos e setores, além do poder de contribuir relevantemente
para a economia de uma determinada região, ou país. Logo, pode vir de encontro ao
considerado progresso econômico e social turístico, por ser uma atividade geradora
de inúmeros negócios, empregos e rendas. Também pode ser uma excelente via de
promoção do desenvolvimento regional, pois afeta diversos setores da economia
(NODARI, 2007).
De acordo com Takasago (2010), em termos econômicos e, partindo das
definições de turismo de sua organização mundial, o turismo é visto como a
atividade que implica em gastos de quem está fora de casa por no mínimo vinte e
quatro horas e no máximo um ano, envolvendo economicamente diferentes
atividades nas áreas de transporte, alimentação, hospedagem e lazer.
Nesse sentido, turismo e economia estão diretamente relacionados. Por
exemplo, quando um turista resolve viajar ou simplesmente comprar um determinado
cartão postal, sua decisão constitui em um fato econômico. O mesmo ocorre quando
um empresário decide abrir uma agência de turismo, ampliar as instalações de um

1
Segundo Dias (2005, p.88), o efeito multiplicador acontece quando “o turismo cumpre com o papel de dinamizar a economia, provocando o crescimento
de diversos setores que não estão ligados diretamente com a atividade turística”.
14

hotel já existente ou simplesmente estabelecer o preço de uma passagem aérea. As


decisões governamentais de criar um novo imposto sobre empresas do setor,
construir um aeroporto ou investir na promoção turística de um destino qualquer
também são fatos econômicos. Em face ao exposto, compreende-se que:

Com a movimentação do turismo, tem-se um grande impulso na economia


como podemos ver, pois envolve uma série de setores. Por conta da
importância do turismo para as economias doméstica e mundial, ele tem
sido analisado por economistas que concentram sua atenção na oferta, na
demanda, na balança de pagamentos, no câmbio, no emprego, nas
despesas, no desenvolvimento, nos multiplicadores e em outros fatores
econômicos (NODARI, 2007, p. 26).

Certamente, o turismo é uma mola importante capaz de impulsionar a


economia local que pode ser de acordo com uma determinada época propícia ao
mesmo, um evento cultural que desperta o interesse das pessoas. O fato é que o
turismo evidencia momentos e ações capazes de multiplicar o peso da economia.
De acordo com Kodata; Santos (2012), o turismo e economia sempre tem
algo em comum e se relacionam, onde se pode notar desde o começo do turismo
até sua geração de emprego, renda, crescimento e desenvolvimento econômico.
Para Silva (2004), turismo abrange uma variedade de atividades produtivas
que tem como fim oferecer produtos e serviços de interesse comum entre os
investidores e os clientes do turismo. Nesse sentido, a atividade turística apresenta
características que afetam o setor econômico de modo direto, podendo criar,
dependendo do grau, uma possibilidade econômica e produtiva bem mais fortalecida
na região. Logo:

Quando a despesa de um turista injeta fundos na economia de uma área


anfitriã, ocorre um efeito econômico que é, algumas vezes, a quantia gasta
originalmente. Esse efeito é considerado multiplicador de renda, pois, a
partir daí, os gastos maiores precisam de mais empregos, o que resulta em
um multiplicador de empregos. Como o dinheiro muda de mãos várias
vezes durante um ano, existe um multiplicador de transações conforme o
volume de negócios cresce em uma destinação turística, mais infraestrutura
e superestrutura são construídas. Isso resulta em um multiplicador de
capital (GOELDNER; RITCHIE; MCINTOSH, 2002, p. 43).

Para Goeldner; Ritchie; Mcintosh (2002) o multiplicador de capital como


sendo o capital (o capital gerado durante o efeito multiplicador onde o dinheiro
passando por várias mãos gera o efeito de transação no qual o capital seguiu em um
15

ritmo de crescimento e começa a ser aplicado em áreas anfitriã como na


infraestrutura) que são áreas que estão ligadas indiretas ou diretamente ligadas ao
turismo.
Valle (2012) fala da importância do turismo na economia do Brasil e do
mundo e acrescenta:

O turismo tem se apresentado como um importante elemento dinamizador


da economia, não só do Brasil, mas também de muitos outros países que
apresentam atrativos, sejam eles naturais ou artificiais. Seu potencial
dinamizador decorre do fato de o arranjo produtivo turístico englobar
diversas atividades características, como serviços de alojamento, de
alimentação, de transporte e de lazer e o comércio em mercados conexos.
Juntas, essas atividades respondem por expressivo impacto na geração de
emprego e renda nas regiões abrangidas pelo arranjo, sendo responsáveis
por um efeito multiplicador que se traduz em: aumento da urbanização;
incremento das indústrias associadas à atividade; incremento da demanda
de mão de obra para serviços; incremento da indústria de construção;
aumento da demanda dos produtos locais, desde hortifrutigranjeiros até
artesanato (VALLE, et. al., 2012, p.57).

Nesse sentido, a atividade turística se constitui de uma fonte colhedora de


impostos com efeito multiplicador. Ou seja, se apresenta como um modo de garantir
renda produção e emprego. Tais fatores têm atuação importante no fator econômico.
Por isso, o multiplicador de renda advindo do turismo é capaz de gerar e movimentar
a economia de um local, contribuindo para a formação do PIB (Produto Interno
Bruto). Com o aumento das atividades turísticas e das práticas do turismo em si, a
movimentação turística tem elevado sua atuação junto a econômica tendo
desempenhado um papel importante no que diz respeito a sua participação na
composição do PIB (FERNANDES; COELHO, 2002).
Isso quer dizer que, o país tem elevado sua condição de país turístico e
obtido resultados relevantes no que diz respeito aos reflexos na movimentação da
economia referente a esse setor. Dessa forma, consequentemente, o setor
econômico produz a melhoria da situação financeira revertendo-se em ações que
melhoram o bem-estar das pessoas, geram empregos, melhoram a transferências
de recursos nas regiões turísticas, etc. Em decorrência disso, há mais investimentos
nas estruturas e serviços dos locais turísticos e o desenvolvimento de ações que
visam a preservação do meio ambiente e das atividades culturais que se constituem
como alguns dos atrativos que potencializam o turismo.
16

A atividade de uma unidade econômica se traduz, portanto, na geração de


um valor mediante a combinação dos fatores de produção: trabalho e capital. As
atividades econômicas características do turismo são definidas como aquelas nas
quais as unidades econômicas, as empresas, produzem pelo menos um produto
característico de turismo (IBGE, 2008).

2.2.1 O turismo e seus efeitos multiplicadores na economia

Segundo Keynes (2002), de acordo com o conceito de multiplicador, quanto


mais a região desenvolve e investe no turismo, em retorno, fortalece sua economia
pautada na quantidade de renda gerada a partir do turismo realizado. Isso porque o
turista repassa seus recursos financeiros para a comunidade que investe no turismo
podendo até criar uma espécie de fidelidade na movimentação turística de
determinada região.
Essa movimentação turística gera maior movimentação da economia local e
consequentemente, a geração de empregos. A distinção entre consumo e
investimento é fundamental para a análise de Keynes (1982), visto que sua teoria
afirma que o emprego depende do volume de investimento, ou ainda que o
desemprego é o resultado do investimento insuficiente. Desta forma, o emprego
ajuda a manter a procura da produção existente de bens de consumo.
Na prática, o efeito multiplicador do turismo não pode ser considerado
unicamente um efeito do turismo visto que pode ocorrer em outras atividades
econômicas. No entanto, ele acontece no turismo quando potencializa a economia,
cria perspectivas de crescimento direta e indiretamente nesse setor, ampliando as
possibilidades de gerar renda (DIAS, 2005).
Simplificando um pouco mais a ideia de efeito multiplicador tem-se o
seguinte exemplo: quando um turista efetua o pagamento de sua estadia em
determinado local que faça parte do seu roteiro turístico ele paga por toda uma
preparação do investidor turístico (o dono do estabelecimento), pois, esse, investe
na acomodação e no bem estar do turista e movimenta também a economia local
quando repassa o pagamento em troca de outros bens e serviços necessários à sua
rotina de atendimento (prestação de serviços).
17

Segundo Lage; Milone (2001, p.137), no turismo existem os seguintes tipos


de multiplicadores econômicos:

Multiplicador de renda: que são as variações de renda em decorrência da


variação dos gastos dos turistas multiplicador de emprego: são as variações
do número de empregos conforme a variação dos gastos dos turistas;
multiplicador do produto: as variações do produto de acordo com os gastos
do turista; multiplicador de importações: que é o valor agregado das
importações de bens e serviços em decorrência da variação dos gastos de
turistas e por último os multiplicadores de impostos: que representa o
montante de receitas ampliadas em razão da variação dos gastos dos
turistas (MILONE, 2001, p.137).

Logo, pode-se afirmar que o turismo é considerado uma atividade produtiva


geradora de renda, que se submete às leis econômicas e interfere nos diversos
setores da economia, repercutindo de forma acentuadamente e indiretamente em
outras atividades produtivas através do seu efeito multiplicador (BENI, 2002).
Segundo Lage; Milone (2001, p. 125), o multiplicador é “como um coeficiente
numérico que quantifica a modificação induzida, via variação dos níveis dos
investimentos, no nível de equilíbrio da renda nacional, devido a uma alteração
inicial do nível dos gastos totais da economia.” E acrescentam, “o efeito multiplicador
representa o fenômeno pelo qual algum acréscimo ou decréscimo inicial dos gastos
totais irá ocasionar uma elevação ou uma diminuição mais do que proporcional do
nível de equilíbrio da renda ou produto nacional” (LAGE; MILONE, 2001, p. 125).
Os multiplicadores específicos do turismo permitem quantificar as variações
dos níveis de renda, do emprego, do produto e da entrada ou saída de divisas, em
decorrência das variações verificadas nos níveis iniciais de gastos com o turismo.
Assim sendo:
O multiplicador da renda: representa as variações da renda interna
causadas pela variação inicial dos gastos turísticos; multiplicador do
emprego: simboliza as variações do número de empregos ofertados,
causadas pela variação inicial dos gastos turísticos; multiplicador do
produto: demonstra as variações do produto, ocasionadas pela variação
inicial no nível de gastos turísticos; multiplicador das importações: indica o
valor associado das variações das importações de bens e serviços com
gastos adicionais derivados do turismo; multiplicador das receitas do
governo: representa o montante adicional de receita do governo, criado por
cada unidade extra de gasto turístico (LAGE; MILONE, 2001, p. 126).

Diante do exposto, compreende-se que o multiplicador específico, em


referência ao multiplicador de renda é visível em uma situação em que o turista
18

gasta mais ou investe mais no turismo, visto que esse gasto reflete-se de modo
imediato em uma variação de renda interna. Ou seja, os efeitos podem ser
percebidos no aumento da oferta de emprego, por exemplo, ou ainda no aumento da
produção de determinados bens/produtos turísticos (LAGE; MILONE, 2001).

2.3 Desenvolvimento e crescimento econômico

É importante ressaltar que houve um considerável avanço/crescimento no


desenvolvimento das atividades turísticas nos últimos anos. Segundo o Ministério do
Turismo no ano de 2017, o turismo foi responsável pela injeção de US$ 163 bilhões
no Brasil, o equivalente a 7,9% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. O valor
absoluto é 7% maior que o obtido em 2016, US$ 152,2 bilhões (Brasil, 2018). Esse
crescimento não se dá somente no Brasil, em países menos desenvolvidos como é
o caso da África onde as chegadas internacionais estão a crescer 6,5% em 2017,
atingindo 18,55 milhões, face a 16,351 milhões em 2012, devendo o número de
visitantes continuar a crescer de forma acentuada até atingir 25 milhões em 2022
(Macauhub, 2018).
Esse avanço se deu de modo a atingir várias regiões (ricas e pobres). Ou
seja, o turismo não de desenvolveu ainda mais nas regiões ricas, bem estruturadas,
com uma experiência maior no que diz respeito às atividades turísticas, mas também
em regiões onde há uma deficiência estrutural para o turismo.
Nesse sentido, o desenvolvimento está intimamente associado às
transformações que ocorrem nos locais com potencial turístico. Essas
transformações dizem respeito a investimentos na estrutura, divulgação de aspectos
sociais, culturais, políticos. O fato é que tais melhorias implicam na produtividade
turística e podem vir a refletir na renda das pessoas, conforme a afirmação a seguir
de Chenery(1991):

Pode-se considerar que o desenvolvimento econômico é um conjunto de


transformações intimamente associadas, que se produzem na estrutura de
uma economia, e que são necessárias à continuidade de seu crescimento.
Essas mudanças concernem à composição da demanda, da produção e dos
empregos, assim como da estrutura do comércio exterior e dos movimentos
de capitais com o estrangeiro. Consideradas em conjunto, essas mudanças

estruturais definem a passagem de um sistema econômico tradicional a um


sistema econômico moderno (CHENERY, 1991, p. 09).
19

Com relação ao citado, Souza (2009) considera que alguns aspectos


essenciais ao desenvolvimento econômico, tais como: existência de crescimento
econômico contínuo em ritmo superior ao crescimento demográfico, mudanças de
estruturas e melhorias de indicadores econômicos, sociais e ambientais em longo
prazo. Todos esses fatores são imprescindíveis para um desenvolvimento
consistente na economia de um país.
No entanto, o item que mais reflete nesse desenvolvimento é o fator
humano. O fator humano se apresenta na superação de dificuldades e alcance de
interesses coletivos que potencializam a capacidade humana de produzir, de criar,
renovar, empreender, modificar, aprender, etc. Nesse sentido, um dos indicadores
utilizado para medir o nível de desenvolvimento é o IDH (Índice de Desenvolvimento
Humano) que é averiguado pelo Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento - PNUD com base em indicadores de renda, educação e
expectativa de vida (SEN; MOTTA; MENDES, 2000).
O fato é que para que um país se desenvolva, sua população necessita se
desenvolver também, superar dificuldades, investir em organização e atividades
sustentáveis. Portanto, o turismo tem a capacidade de influenciar a movimentação
econômica de uma região, mas, é necessário que se avalie o potencial turístico e
potencial econômico para que seja um desenvolvimento pautado em um
planejamento prévio. Tudo isso, faz parte de um processo de desenvolvimento.
Segundo Esteva (2000, p. 61) o desenvolvimento:

Ocupa o centro de uma constelação semântica incrivelmente poderosa. Não


há nenhum outro conceito no pensamento moderno que tenha influência
comparável sobre a maneira de pensar no comportamento humano. Ao
mesmo tempo, poucas palavras são tão ineficazes, tão frágeis e tão
incapazes de dar substância e significado ao pensamento e ao
comportamento (ESTEVA, 2000, p. 61).

Face ao exposto, considera-se que o desenvolvimento de qualquer ação


humana tem como início o planejamento a partir de uma ideia. Desse modo, há que
se avaliar a ideia, o potencial da ideia, os objetivos, os meios, os fins. Na
propagação do turismo não poderia ser diferente. Os países que tem como ponto
forte o turismo investem muitos recursos no intuito de torná-lo cada vez mais atrativo
ao turista, visto que, a cada ano, outros pontos turísticos vão surgindo com imensa
força atrativa.
20

Essa objetividade nas ações de desenvolvimento econômico pautados no


desenvolvimento sustentável e na produtividade visando alcançar uma renda
fortemente interligada à expansão do potencial turístico de um país embasa-se na
incorporação de alguns processos que visam acumulo de capital e gerenciamento
de renda (PEREIRA, 2006). Já Lewis (1960, p.89) afirma que:

Não podemos conceituar o desenvolvimento econômico somente a partir da


riqueza ou da maior disponibilidade de bens e serviços. Se o
desenvolvimento é a busca por atendimento das necessidades humanas, se
o homem feliz é aquele que tem suas necessidades atendidas, então
podemos concluir que a riqueza aumenta a felicidade.

O conceito de desenvolvimento é muito mais abrangente que o conceito de


crescimento econômico. Enquanto o último demonstra uma variação na taxa de
crescimento do PIB, o primeiro representa a melhoria das condições
socioeconômicas dos indivíduos (VIEIRA; SANTOS, 2012). Nesse sentido, o
desenvolvimento reflete-se, em um primeiro momento em condições de vida
melhores, no sentido de organização social micro podendo estender-se ao macro.
Logo, o desenvolvimento econômico se constitui de um processo onde são
incorporados: capital; aumento de produtividade; melhoria do padrão de vida das
pessoas, dentre outros. Portanto, o aumento da renda por habitante está interligado
ao aumento da produtividade e, essa, reflete o nível econômico de renda em termos
de PPC, Paridade do poder de Compra, por habitante (PEREIRA, 2008).
Observando-se vários conceitos sobre desenvolvimento, notamos que o
desenvolvimento é baseado na renda, podemos observar que segundo autor
Pereira: a medida geral do desenvolvimento econômico é o aumento da renda por
habitante, onde a renda será uma das variáveis de estudo no presente trabalho.
Nessa perspectiva, o turismo é o causador do desenvolvimento econômico.
Em muitos casos, beneficia as regiões menos favorecidas, significando uma
transferência de renda de regiões mais desenvolvidas para aquelas menos
desenvolvidas, possibilitando a geração de empregos, rendas, divisas, impostos,
entre outros benefícios (NODARI, 2007).
Sob essa ótica o turismo é percebido como uma possibilidade de realização
dos novos modelos e paradigmas de desenvolvimento local sustentável. Turistas e
autóctones são aqui entendidos como atores, sujeitos ativos deste complexo
fenômeno sociocultural (BRASILEIRO, 2012).
21

O desenvolvimento de um determinado local de interesse turístico está


sujeito aos tipos de estratégias que são implantadas e às características de cada -
local. Considerando que cada região (em esfera macro ou micro), cada país, cidade,
vilarejo ou comunidade possui características próprias que devem ser consideradas
no âmbito do planejamento turístico, seria ousado afirmar que o turismo sempre é
gerador de desenvolvimento local (SCÓTOLO; NETTO, 2015).
O fato é que o crescimento econômico é resultado da mensuração do
crescimento da produtividade (força/potência laboral). Essa força laboral é resultado
de investimentos em: capacitação profissional, recursos tecnológicos, investimentos
em infraestrutura, etc. No caso do desenvolvimento econômico, os aspectos a serem
avaliados dizem respeito à melhoria do padrão de vida da população (possíveis de
serem avaliadas através da distribuição de renda de modo mais igualitária)
(SANDRONI, 1994).
O turismo é uma atividade de grande importância para qualquer região, pois
é a partir da circulação de capital que a comunidade, podendo ser representada por
seus moradores, donos de pequenos negócios (como: pousadas, barracas de praia
e vendas de artesanatos, dentre outros) contribuem para o desenvolvimento local
(BARCELLOS, 2013).
Segundo Vieira (2009, p. 90), o crescimento é definido explicado da seguinte
forma:

Crescimento econômico significa o aumento da capacidade produtiva da


economia e, portanto, da produção de bens e serviços de determinados pais
ou área econômica. O crescimento é calculado pela evolução de
crescimento anual do produto nacional Bruto – PNB ou pelo Produto Interno
bruto – PIB. O crescimento de uma economia é indicado ainda pelo
crescimento de sua forca de trabalho, a receita nacional poupada e
investida e o grau de aperfeiçoamento tecnológico. Já o desenvolvimento é
o crescimento econômico acompanhado pela melhoria do padrão de vida da
população e por alterações fundamentais na estrutura econômica e socia l
(VIEIRA, 2009, p. 90).

Desse modo, pode-se afirmar que o crescimento econômico é um reflexo do


próprio desenvolvimento da capacidade produtiva de uma região, do poder de
exploração dos seus potenciais de modo planejado e organizado.
Portanto, os aspectos quantitativos são a alma do planejamento de
expansão turística de uma região. Logo, foca-se em aumentar a estrutura
(dimensão), aumentar o fluxo (volume) e a quantidade de pessoas, de capital, de
22

investimentos, de produtividade, de empregos. Essa relação forma uma espécie de


ciclo, onde os aspectos positivos de uma etapa vão se refletindo nas demais e/ou
vice-versa.
E, assim, o que inicialmente faz parte da microeconomia de um país torna-se
forte impulsionador da macroeconomia, item tratado no próximo capítulo que foca
nos sobre aspectos macroeconômicos do turismo.
23

3 ASPECTO MACROECONÔMICO DO TURISMO

Nesse capítulo são abordados alguns aspectos que envolvem a


macroeconomia e o turismo. A macroeconomia abrange aspectos tais como bens e
serviços, emprego e renda, dentre outros.
O objetivo desse capítulo é tratar da macroeconomia gerada a partir das
atividades turísticas, evidenciando, inicialmente, o conceito de macroeconomia para
em seguida abordar a macroeconomia voltada para o turismo.

3.1 Conceito de macroeconomia

A macroeconomia é a parte da teoria econômica que estuda a atividade da


economia (como, por exemplo: hábitos de produção, consumo e acumulação de
bens) de um grupo de indivíduos, famílias, empresas e comunidades, sendo que
estes grupos podem construir cidades, estados ou países (SILVA; MARTINELLI,
2012).
Segundo o pensamento de Vasconcellos; Garcia (1998), a macroeconomia
estuda a economia como um todo, analisando a determinação e o comportamento
de grandes agregados, dentre eles: renda e produto nacionais, nível geral de preços,
emprego e desemprego, estoque de moeda e taxas de juros, balança de
pagamentos e taxa de câmbio.
Segundo Dornbusch (et. al., 1987), a macroeconomia pode ser organizada
por três modelos: o primeiro foca na capacidade de produção de bens e serviços; o
segundo foca na capacidade de estoque de capital e na potencialização da
produção e o terceiro modelo baseado no comportamento no curto prazo. Esses
modelos refletem uma organização de acordo com a capacidade de produção e as
etapas de tempo que cada uma demanda (curto, médio e longo).
Enfim, para compreender-se um pouco mais acerca da macroeconomia é
necessário analisar alguns conceitos, dentre os quais o emitido por Pereira (1976)
que diz que:

A macroeconomia clássica, como toda a teoria econômica clássica, parte do


pressuposto fundamental de que o mundo econômico é governado por leis
naturais, as quais se forem deixadas a funcionar livremente, produzirão
sempre os melhores resultados possíveis. A macroeconomia clássica partia
24

ainda de dois pressupostos importantes: o de que os preços e salários eram


sempre flexíveis e o de que a moeda não era utilizada com fins de ente
entesouramento (PEREIRA, 1976, p. 10).

De acordo com o exposto, pode-se considerar que a macroeconomia aborda


a economia de modo amplo, avaliando o cenário de mercado, as condições de
trabalho e produtividade, a economia em geral. Nesse sentido, é interessante
compreendermos a forma como se ocorre o fluxo de renda que é composto por
produto e renda e que movimenta um dos principais agentes econômicos: firmas e
família, conforme demonstra a figura 01.

Figura 01: Fluxo circular de Renda

Fonte: LAGE; MILONE (2011).

De acordo com a figura acima, o fluxo circular de renda representa a


capacidade de compra das famílias. Essas famílias impulsionam a capacidade
produtiva das firmas. As firmas motivam a produtividade das famílias. Ou seja, um
fluxo natural das ações que vão acarretando as demais que ao final, em uma análise
macroeconômica, influencia na participação do Produto Interno Bruto (PIB).
25

3.2 A macroeconomia do turismo

A macroeconomia do turismo busca dimensionar quantitativamente as


atividades turísticas, visto que elas refletem as perspectivas dos empreendedores do
turismo. Nesse sentido, a macroeconomia do turismo se apresenta como o estudo
da economia gerada e movimentada pelo turismo sem si, que representam muito
para as regiões turísticas e seus países (MONTEJANO, 2001).
Portanto, o propósito principal da macroeconomia referente ao turismo é o
estudo do valor adicionado bruto do turismo. Ou seja, as atividades turísticas e sua
participação final dentro da análise do PIB (Produto Interno Bruto). Nessa
perspectiva, faz-se a análise das ofertas de turismo, do consumo turístico e dos
produtos e serviços oferecidos, bem como da demanda. Logo:

Sendo o turismo um fenômeno social que demanda dos diversos setores da


economia, do ponto de vista macroeconômico a decomposição da sua
renda é importante. O valor acumulado ou renda das atividades ou dos
ramos produtivos que são plenamente de turismo (hotelaria, equipamentos
complementares de alimentação, agências de viagens e operadoras de
turismo e outras). Valor acumulado ou renda das atividades ou ramos
produtivos que prestam parcialmente, e não de maneira permanente,
serviços turísticos (empresas de transportes, bancos, estabelecimentos
comerciais, de espetáculos e outros). Valor acumulado ou renda de setores
industriais, agrícolas ou de serviços, com repercussão direta ou indireta pela
ação de crescimento do turismo (construção, alimentação, comunicações,
obras de infraestrutura, indústria em geral e outros). Salários, juros, lucros e
aluguel conforme os demais fatores empregados (BENI, 2002, p.66).

Assim, é perceptível como o turismo está totalmente ligado à economia,


principalmente no que diz respeito à geração de empregos e à circulação de dinheiro
e produtividade. No entanto, segundo Silva (2004, p. 50):
O PIB do turismo é um pouco mais complicado, pois os fatores que
compõem o consumo turístico são mais difíceis de identificar. Existem
fatores abstratos como a beleza dos recursos naturais; a economia informal
que não aparecem em nenhum registro; as famílias que viajam com seu
próprio carro e se hospedam em casas de amigos e parentes; gastos do
turista que não são registrados como farmácia, postos de gasolina, máquina
de filmar, fotografias e bens e serviços de outras atividades (agricultura,
móveis, bebidas, artesanatos, construção civil e outros) que são
computados nos seus devidos setores e ramos, com toda dificuldade, o
turismo é computado no setor de serviços, da produção nacional de todos
os países.

Segundo a WTTC (The World Travel & Tourism Council), no ano de 2014 o
turismo teve participação de 10% no PIB gerado em todo o mundo. No Brasil a
26

participação do turismo no PIB foi de 9,6%, ligada às atividades diretas e indiretas


relacionadas ao turismo. Essas informações são importantes quando se pensa nas
porcentagens exibidas e no que elas representam para a economia do país.
Portanto, agregar bons resultados no PIB decorrentes da elevação da economia
através das atividades turísticas significa demonstrar a capacidade de crescimento
econômico e de desenvolvimento do país a curto, médio e longo prazo.
Assim sendo, o desempenho do setor turístico está intimamente relacionado
ao comportamento da renda e sua distribuição, bem como aos acontecimentos
sociais, políticos econômicos. Mankiw (2005, p. 204) afirma que “ao se julgar se uma
economia vai bem ou mal, é natural examinar a renda total obtida por todos os
membros da economia. Essa é a função do produto interno bruto”.
Segundo a OMT (1998, p. 68), “o turismo é responsável por 1,42% do PIB
mundial. Por exemplo, na região do Caribe a contribuição do turismo no PIB é de
14,2% enquanto que nos Estados Unidos é de 0,97 % e na Europa é de 2,10%”. A
OMT (1998) também afirma que sete países são responsáveis por uma contribuição
maior que 50% do PIB. Além disso, alguns desses países possuem como fonte de
renda fixa a atividade turística (que se constitui da sua principal fonte de renda).
É importante ressaltar que o PIB reflete a capacidade dos países em suas
mais diversas possibilidades econômicas. No entanto, com relação ao turismo,
alguns países se sobressaem de outros. Enquanto alguns sobrevivem basicamente
da sua capacidade de produzir turismo através de atividades variadas e da
exploração de suas belezas naturais, sua cultura e capacidade intelectual de
trabalho, outros países não o fazem de modo tão acentuado e, por isso, pouco tem
se desenvolvido no que diz respeito a esse setor.
O fato é que, dentro da visão macroeconômica do turismo, de acordo com
Castelli (2001, p.116), “o turismo internacional se constitui num ótimo estímulo ao
comércio mundial, favorecendo, portanto, as trocas entre as nações”. Desse modo,
percebe-se que a macroeconomia do turismo diz respeito aos agregados
econômicos, ou seja, à demanda agregada, à oferta agregada, à renda, ao emprego,
à inflação, aos investimentos, e aos impostos. Mas também se refere aos efeitos
multiplicadores das variações dos gastos turísticos ou investimentos e rendas
geradas pelo turismo.
27

3.3 A relação da microeconomia e as atividades do turismo

Entre as nações “emergentes” ou em desenvolvimento, há a noção de que o


desenvolvimento econômico e a modernização estão atrelados à mudança de
simples economias agropecuárias, em sólidas e sofisticadas economias
industrializadas. Apesar disso, esta intensa alteração exige grandes quantidades de
capital e os produtos primários tradicionalmente produzidos, esses, não têm sido
capazes de suprir essa necessidade de recursos, visto que o turismo passou
naturalmente a incorporar as políticas estratégicas de desenvolvimento da maioria
dos países, tendo como base de sustentação a sua capacidade de acumular os
recursos financeiros para possibilitar o processo de industrialização (SPINOLA,
1996).
Nesse sentido, as atividades turísticas fogem das problemáticas do
mercado de produtos primários que sofre com preços mundialmente estabelecidos
ou ainda com produtos manufaturados. Assim sendo, o turismo se apresenta como
um produto que agrega bens e serviços valorizados internamente, dentro da sua
região.
A magnitude e a natureza de repercussão econômica do turismo dependem
de aspectos como a natureza dos atrativos existentes no local, o volume e a
intensidade dos gastos turísticos, o nível de desenvolvimento e a dimensão da base
econômica da área destino, além do grau com que os gastos turísticos recirculam
dentro da economia local.
Certamente, a natureza econômica do turismo está mais voltada para os
investimentos nas atrações turísticas em si (divulgação) e das condições de
acessibilidade, comodidade e conforto e bom atendimento.
Assim sendo, quanto maior forem os indicadores de qualidade, mais
significativos serão os benefícios experimentados. Isso quer dizer que, quanto mais
se investe em qualidade e qualificação de pessoal (mão-de-obra) para o
fornecimento de um atendimento que satisfaça o cliente maior será a possibilidade
desse retornar e de fazer uma boa recomendação do local turístico e dos locais
onde o atendimento lhe pareceu mais qualificado.
Dentre os impactos econômicos atribuídos ao turismo, a sua influência no
desempenho do balanço de pagamentos e da atividade empresarial aliada a
28

incrementos nos níveis de renda e emprego das comunidades, é o mais investigado,


tendo sido objeto da maior parte dos estudos realizados visando avaliar os custos e
benefícios dessa atividade.
29

4 O TURISMO NO BRASIL: ESTATÍSTICAS, INDICADORES E


SUSTENTABILIDADE

O turismo no Brasil se apresenta como uma atividade rentável que cresce a


cada ano, visto que o país possui fortes características turísticas que envolvem
investimentos na: infraestrutura das cidades turísticas, no acesso aos pontos
turísticos, na segurança, nos serviços e produtos oferecidos e no atendimento ao
cliente. Esses são pontos fundamentais para o crescimento e desenvolvimento do
turismo em um país. De acordo com o Ministério do Turismo:

O turismo é a atividade do setor terciário que mais cresce no Brasil. Em


2014, movimentou R$ 492 bilhões, entre atividades diretas, indiretas e
induzidas, de acordo com dados divulgados pelo Conselho Mundial de
Viagens e Turismo (WTTC). Quando considerada apenas a contribuição
direta, a participação do turismo é de R$ 182 bilhões, estimado em 3,5% do
PIB (BRASIL, 2017, p. 01).

O fator impulsionador do Brasil como país turístico está associado à sua


capacidade de acolher culturas diversas, de possuir diferentes formas de lazer que
vão desde aspectos naturais (praias e belezas exuberantes) até as mais variadas
festividades que envolvem a cultura. Além disso, o país tem ampliado os
investimentos em infraestrutura visando oferecer conforto, segurança e os demais
meios de assegurar ao turista as melhores oportunidades de diversão e prazer.
Assim sendo, o setor turístico aqui no Brasil tem movimentado grandes
quantias, ao mesmo tempo em que contribui relevantemente para a economia do
país. Ainda de acordo com o Ministério do Turismo:

O futuro é promissor para o Brasil, de acordo com o Conselho. O impacto


do turismo na economia do Brasil deverá alcançar R$ 700 bilhões, cerca de
10,3% do PIB em 2024 - e empregar 10,6 milhões de pessoas no país. Para
se ter uma ideia da importância econômica da indústria do turismo nacional,
o PIB do turismo brasileiro é maior do que o PIB global de mais de 100
países ao redor do mundo, entre os quais o Uruguai, Costa Rica e Panamá
(BRASIL, 2017, p. 01).

É justamente em troca de todo esse serviço que o turista realiza gastos no


decorrer de sua viagem, no intuito de conhecer a diversidade de opções que o país
oferece. E esse ciclo (serviços, produtos + entrada de recursos financeiros advindos
30

das atividades turísticas) é que movimenta a economia resultante do turismo,


elevando o fluxo de circulação de dinheiro no país. Assim sendo:

O turismo é um grande gerador de oportunidades de renda e emprego para


milhares de pessoas, reduz a desigualdade e é essencial para o
desenvolvimento econômico de regiões ou países. Portanto, é cada vez
mais necessário discutir o futuro do setor, debater propostas e construir
diretrizes estratégicas de longo prazo para o turismo no Brasil
(RODRIGUES, 2015, p. 01).

Apesar de o país apresentar alguns aspectos negativos, no que diz respeito


a escolha como opção turística, dentre os quais: segurança pública, serviços de
saúde, escândalos de corrupção, violência, etc., o Brasil tem se destacado no
cenário do turismo, principalmente após a realização da Copa do Mundo de 2014 e
às Olimpíadas de 2016. Isso porque, para a realização desses eventos, foram
necessários muitos investimentos na infraestrutura do país: os aeroportos foram
melhorados, houveram capacitações para os profissionais da segurança pública,
reformas em hospitais públicos nos locais focos de ambas as competições,
melhorias nos setores de comunicação e interatividade, etc.
Desse modo, em decorrência dos investimentos realizados tanto na Copa
(2014) quanto nas Olimpíadas (2016), houve um crescimento considerável de
turistas no país, em torno de 6% a 8% de ampliação nos anos posteriores a esses
eventos. Portanto, as perspectivas são boas para o turismo e, consequentemente a
economia que essa área oferece (RODRIGUES, 2015).
Diante disso, como um país em ascenção no que diz respeito ao turismo, o
Brasil tem se apresentado como um dos principais destinos de turismo no mundo e,
por isso, “o Plano Nacional de Turismo tem a perspectiva de que esses eventos no
país façam com que passemos da sexta economia turística mundial (US$ 71,6
bilhões) para a terceira nos próximos oito anos, com um movimento de US$ 175
bilhões” (RODRIGUES, 2015, p. 02).
É importante ressaltar que alguns indicadores são essenciais para deixar
claro a força do mercado turístico de um país, dentre eles: o crescimento das
chegadas de estrangeiros (6,4 milhões), o aumento da receita cambial (US$ 6,9
bilhões), a expansão dos créditos para a indústria do turismo (R$ 13,38 bilhões) e a
melhoria da competitividade de muitos destinos turísticos brasileiros (BRASIL, 2017).
31

A partir dos indicadores de crescimento (chegadas de estrangeiros; o


aumento da receita cambial; a expansão dos créditos para a indústria do turismo e a
melhoria da competitividade) foi elaborado um ranking do turismo mundial. Nesse
ranking, o Brasil, ocupava a 23ª (ano de 2013); a 28ª posição (no ano de 2015).
Atualmente, o país ocupa o 27º lugar dentre 136 nações que o faz ocupar a
liderança na América do Sul (BRASIL, 2017).
A partir dessas afirmações, vejamos a seguir, alguns dos aspectos
estatísticos que determinam a classificação de um país, conforme os indicadores
citados.

Gráfico 01: Desembarques Internacionais de Janeiro a Dezembro nos anos de 2015


a 2017

Desembarques Internacionais nos anos de 2015 a


2017
10700000

10600000
10624962
10500000 10538012
10400000

10300000

10200000

10100000 10172972

10000000

9900000
Desembarques

2015 2016 2017

Fonte: adaptado de BRASIL, 2017.

Gráfico 02: Desembarques domésticos de Janeiro a Dezembro nos anos de 2015 a


2017
32

Desembarques domésticos nos anos de 2015 a


2017
95000000

94000000 94453798

93000000

92000000
92149646
91000000

90000000
90274593
89000000

88000000
Desembarques Domésticos

2015 2016 2017

Fonte: adaptado de BRASIL, 2017.

Gráfico 03: Receita Cambial de Janeiro a Dezembro nos anos de 2015 a 2017

Receita Cambial nos anos de 2015 a 2017 (US$


MILHÕES)
6050

6000 6024

5950

5900

5850
5844
5800
5809
5750

5700
US$ MILHÕES

2015 2016 2017

Fonte: adaptado de BRASIL, 2017.

De acordo com os gráficos, pode-se afirmar que, com relação aos


desembarques internacionais de passageiros entre janeiro de 2015 a dezembro
33

de 2017 houve o crescimento de aproximadamente 1% no número de


desembarques internacionais (cerca de 86.950 novos desembarques).
Levando-se em consideração os números de desembarques internacionais
apresentados no ano de 2016 (que apresentam uma queda em cerca de 3,5%)
pode-se afirmar que é no mínimo um resultado inesperado, já que no referido ano foi
realizada as Olimpíadas no Brasil, portanto, era esperado números mais expressivos
positivamente.
Com relação ao desembarque doméstico, o ano de 2015 apresenta os
melhores resultados. Já, quando comparados, é possível averiguar que entre os
anos de 2015 e o ano de 2017 houve uma queda de cerca de 2,4%. Isso pode ser
explicado pela crise econômica que assolou o país e, que aparentemente, ainda
assola grande parte da população brasileira. Por isso, os gastos com viagens e lazer
foram drasticamente cortados, pois fazem parte dos itens que não são considerados
de extrema necessidade, como alimentação, saúde, educação, etc.
No ano de 2015, à receita cambial obteve resultados melhores que, por
exemplo, no ano de 2017 (obteve uma queda de 0,8%). No ano de 2016 obteve-se
os melhores resultados no que diz respeito à receita cambial, talvez, em decorrência
da movimentação de capital advinda das Olimpíadas.
No decorrer dos últimos anos, vários fatores contribuíram para crescimento
e/ou o não crescimento do turismo no Brasil, conforme SAAB; DAEMON (2001) e
BRASIL (2017), sendo estes:

FATORES QUE CONTRIBUÍAM PARA O NÃO CRESCIMENTO NO TURISMO


INTERNACIONAL NO BRASIL:

• Carência de infraestrutura completa de serviços turísticos (ausência de ampla


e adequada infraestrutura hoteleira, inadequação dos serviços prestados por
agências de viagens e operadoras de turismo, a pouca oferta de serviços
complementares aos de hospedagem, principalmente no que diz respeito a
entretenimento e lazer);
• Nível de segurança aos turistas ainda é insatisfatório e pouca oferta de
serviços
34

• Nível de segurança (intensificação da criminalidade nos grandes centros


urbanos, principalmente no Rio de Janeiro e em São Paulo, cidades mais
procuradas pelos turistas);
• Carência de adequada infraestrutura de transportes aos turistas (preços ainda
elevados das passagens aéreas domésticas, restringindo a flexibilidade de
circulação do turista em mais de uma região do país, aproveitamento
insignificante dos transportes ferroviário, marítimo e fluvial, e a necessidade
de ampliação, reforma e modernização dos aeroportos nacionais);
• Carência de investimentos na divulgação do país no exterior e internamente,
cujo montante se deu em níveis inferiores ao mínimo recomendado pela OMT.
Isto é, pelo menos 2% das receitas turísticas auferidas.

FATORES QUE CONTRIBUÍRAM PARA A MELHORIA E CRESCIMENTO DO


TURISMO NO BRASIL:

• A realização da Copa das Confederações no Brasil no ano de 2013 que, de


certa forma, intensificação da exposição do Brasil ao mundo, além de
investimentos em infraestrutura que envolveram desde aspectos de
mobilidade urbana até aspectos que envolvem a ampliação do turismo
doméstico e de estrangeiros no país.
• A realização da Copa do Mundo no ano de 2014 (intensificação da exposição
do Brasil ao mundo) e investimentos mais concentrados nas cidades-sede da
Copa. Tudo totalizou cerca de 25,6 bilhões de reais, dos quais 70% desse
montante (17,6 bilhões de reais) representaram investimentos em
infraestrutura e políticas públicas, especialmente em mobilidade urbana (8
bilhões de reais), aeroportos (6,2 bilhões de reais), segurança (1,9 bilhão de
reais) e portos (600 milhões de reais).
• A realização das Olimpíadas no ano de 2016 (intensificação da exposição do
Brasil ao mundo), além de investimentos que trazem melhorias a longo prazo
na infraestrutura de transportes e mobilidade urbana para a cidade-sede.
Também é possível afirmar que houveram prolongamentos das viagens (por
parte dos turistas) no intuito de conhecer um pouco mais da cultura e belezas
naturais do país.
35

• Divulgação e medidas sustentáveis envolvendo os recursos naturais atrativos


ao turista.
• Melhorias na infraestrutura para atendimento ao turista.
De acordo com itens, é possível observar que muitas ainda são as
dificuldades que o país enfrenta para lidar com o turismo. Isso engloba desde a
própria divulgação dos pontos e atividades turísticas disponibilizadas no país até
questões de políticas públicas necessárias nesse setor, dentre elas: políticas de
segurança, saúde, transportes, mobilidade humana, dentre outros.
Nessa perspectiva, Saab; Daemon (2001) consideram que as atividades
turísticas no Brasil devem ser potencializadas a fim de alcançar um patamar de
competitividade que permita-nos disputar a clientela do turismo com outros países
onde as condições turísticas são melhores apresentadas. Isso requer a integração
entre os mais diversos segmentos que envolvem o turismo, que vão desde o
marketing, até a melhoria de infraestrutura e das condições de deslocamento para a
realização tanto do turismo doméstico, quanto do turismo internacional.
É importante ressaltar que o turismo não pode basear-se apenas em
eventos grandiosos como os citados aqui (Copa do Mundo, Olimpíadas, dentre
outros) e por isso, faz-se necessário que os gestores dos países repensem suas
estratégias para atrair turistas e busquem organizar-se e no sentido de tornar o
turismo uma atividade sustentável.

É indiscutível que, há tempos, o turismo no Brasil ganhou visibilidade como


atividade econômica. Grande parte dos resultados nos últimos anos se deve
também ao aumento das ações de promoção externa e políticas públicas
para desenvolver o turismo brasileiro, com metas mais bem definidas. Mas é
preciso fazer mais. Dentre uma série de medidas, acreditamos que algumas
são fundamentais: criar ações que apresentem resultados mais eficientes
em toda sua estrutura; promoção do turismo interno, além de novas 35
alternativas para a promoção turística brasileira; implantação de uma
política íntegra e integradora para todos; desenvolvimento de nichos
turísticos por meio de ações ousadas; barateamento do deslocamento
interno, desenvolvimento da infraestrutura turística; capacitação da mão de
obra para o setor; linha de crédito para consumidor (o que estimularia ainda
mais o mercado interno); dentre vá- rias outras (RODRIGUES, 2015).

Face ao exposto, compreende-se que o turismo no Brasil tem grandes


possibilidades de expansão e melhoria dos serviços de atendimento ao cliente,
assim como, principalmente, garantir meios para que o turista receba o auxílio
necessário para chegar a seu destino e mover-se para onde desejar.
36

Outra medida necessária é o investimento na sustentabilidade do turismo. A


sustentabilidade turística representa a ação de conquistar a clientela turística para
que essa mantenha uma espécie de fidelidade. Ou seja, opte por viajar mais vezes
para determinada cidade, região ou país.

4.1 A sustentabilidade no turismo: algumas considerações

A sustentabilidade no turismo se apresenta como a necessidade em manter


atividades atrativas e convidativas aos turistas do mundo todo e, além disso, de ser
“uma atividade que satisfaça as necessidades dos visitantes e as necessidades
socioeconômicas das regiões receptoras, enquanto os aspectos culturais, a
integridade dos ambientes naturais e a diversidade biológica” (BRASIL, 2016, p. 07).
Nessa perspectiva, busca-se alcançar “um desenvolvimento sustentável, que deve
ser economicamente viável, ecologicamente suportável e equitativo do ponto de
vista ético e social” (BRASIL, 2016, p. 07).
O Ministério do Turismo (BRASIL, 2016) trabalha as relações entre turismo e
sustentabilidade com base em quatro princípios do desenvolvimento sustentável,
essenciais para o Programa de Regionalização do Turismo. Estes princípios mantêm
forte relação entre si e precisam ser planejados conjuntamente. São eles: a
sustentabilidade ambiental; a sustentabilidade sociocultural; a sustentabilidade
econômica e a sustentabilidade político-institucional, definidas respectivamente:

Sustentabilidade Ambiental: assegura a compatibilidade do


desenvolvimento com a manutenção dos processos ecológicos essenciais à
diversidade dos recursos naturais.
Sustentabilidade Sociocultural: assegura que o desenvolvimento 36
preserve a cultura local e os valores morais da população, fortaleça a
identidade da comunidade, e contribua para o seu desenvolvimento.
Sustentabilidade Econômica: assegura que o desenvolvimento seja
economicamente eficaz, garanta a equidade na distribuição dos benefícios
advindos desse desenvolvimento e gere os recursos de modo que possam
suportar as necessidades das gerações futuras.
Sustentabilidade Político-Institucional: assegura a solidez e continuidade
das parcerias e compromissos estabelecidos entre os diversos agentes e
agências governamentais dos três níveis de governo e nas três esferas de
poder, além dos atores situados no âmbito da sociedade civil (BRASIL,
2016, p. 08).

Face do exposto compreende-se que a sustentabilidade envolve fatores


importantes (ambiental, sociocultural, econômico, político-institucional) capazes de
37

contribuir para a potencialização do turismo em um país. Desse modo, faz-se


necessário a realização de empreendimentos e ações sustentáveis que causem
impactos diretos na movimentação turística e, consequentemente na economia.
Assim:

Empreendimentos que têm a sustentabilidade incorporada em sua essência


e em sua atuação, e que se preocupam em gerir os impactos causados por
suas atividades, produtos e serviços, têm conseguido avanços expressivos
em visibilidade e resultados financeiros positivos (DALLAS, 2009 apud
BRASIL, 2016, p. 08).

O certo é que a atividade sustentável é fruto de planejamento e organização


e, por isso requer investimentos, estudos e melhoria na qualidade de serviços e
produtos, além, é claro, da melhoria no atendimento ao turista, oferecendo-lhe
conforto, segurança, condições de saúde e uma variedade de possibilidades de
diversão e lazer. Desse modo, não somente haverá o retorno do turista, como
também a indicação do local para outros turistas, afinal, todas essas ações servem
como marketing e promovem o local interna e externamente.
Com mais turista, as cidades movimentam mais capital, promovem geração
de renda, fortalecem a economia local, o que resulta nos resultados gerais positivos
da economia do país.
38

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através da pesquisa bibliográfica foi possível realizar algumas


considerações no que diz respeito à evolução do turismo e no que essa evolução
acarreta para o desenvolvimento e crescimento econômico do país.
Portanto, é possível afirmar que a economia do turismo se faz pela relação
de prestações de serviços junto com atividades de indústria de transformação. Toda
essa relação foi devidamente exposta nos capítulos e discutida no decorrer do
trabalho que revela a importância do turismo para a movimentação de recursos em
um país e, consequentemente, o crescimento da economia.
O turismo de uma forma macro e micro transforma a economia regional e
nacional. Nessa perspectiva, interfere positivamente na prestação de serviços
associados ao turismo como na criação ou aperfeiçoamento de: operadoras
turísticas, serviços de hotelaria, translado, agencias, etc., fomentando a economia
na geração de empregos diretos e indiretos e, consequentemente, na renda das
pessoas, municípios, estados e país como um todo.
Em especial, o turismo dá a oportunidade de algumas cidades (que não
possuem uma atividade econômica mais atuando ou bem estabelecida) a
aquecerem sua economia através do desenvolvimento de atividades turísticas. Isso
pode contribuir para que, gradativamente, formem-se oportunidades de emprego e
renda, além de fortalecer o desenvolvimento do local no que diz respeito a
investimentos em infraestrutura.
Um exemplo prático de investimentos em infraestrutura foi a realização de
grandes eventos no país nos anos de 2013, 2014 e 2016 (respectivamente, copa
das confederações, copa do mundo e olimpíadas). Tais eventos deixam para o país
sede um importante legado com relação a melhoria de transportes, segurança,
saneamento, dentre outros.
A partir dessas ações micro, a economia põe-se em desenvolvimento e
crescimento, afetando diretamente na perspectiva de crescimento do país,
refletindo-se fortemente na participação da análise turística no PIB.
Nesse sentido, partindo-se do entendimento das diversas teorias expostas
no decorrer do trabalho, conclui-se que a potencialidade turística no Brasil faz com
que as atividades econômicas a ela relacionadas gerem renda proporcionalmente,
39
39

tornando assim, o desenvolvimento econômico uma consequência do avanço do


turismo.
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