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Educação a Distância
Caderno de Estudos
DIREITO
NEAD
Copyright Editora Grupo UNIASSELVI 2009
Elaboração:
Profª. Danielle Boppré de Athayde Abram
340
A161c Abram, Danielle Boppré de Athayde.
Caderno de estudos : direito / Danielle Boppré de
Athayde Abram, Centro Universitário Leonardo da
Vinci. – Indaial : UNIASSELVI, 2009.
x ; 181 p. : il.
Inclui bibliografia.
ISBN 978-85-7830-111-8
Prezados Acadêmicos!
Em sua futura atividade profissional, você se deparará com situações que demandam um
conhecimento básico da ciência jurídica, que é objeto de nossa disciplina. Serão parte de seu
dia a dia situações que envolvem contratos, direitos trabalhistas, títulos de crédito, reclamações
de consumidores, entre muitas outras em que você necessitará de conhecimentos jurídicos.
Na Unidade 1 teremos uma ampla visão do Direito, para podermos entender o que
é Direito Positivo, quem são os sujeitos de direito, o que são normas jurídicas e como elas
são aplicáveis aos fatos jurídicos. Estudaremos também a clássica divisão entre o Direito
Público e Privado, para reconhecermos quais os ramos do Direito que integram cada uma das
classificações.
DIREITO iii
UNI
Oi!! Eu sou o UNI, você já me conhece das outras disciplinas.
Estarei com você ao longo deste caderno. Acompanharei os seus
estudos e, sempre que precisar, farei algumas observações.
Desejo a você excelentes estudos!
UNI
DIREITO iv
SUMÁRIO
DIREITO v
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................ 40
AVALIAÇÃO . ................................................................................................................... 41
DIREITO vi
2.6 CULPABILIDADE ....................................................................................................... 79
2.7 IMPUTABILIDADE PENAL ......................................................................................... 79
2.8 PENAS E MEDIDAS DE SEGURANÇA ..................................................................... 80
2.9 AÇÕES PENAIS ......................................................................................................... 81
2.10 CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO ........................................................................ 81
3 DIREITO TRIBUTÁRIO . ............................................................................................... 84
RESUMO DO TÓPICO 3 ................................................................................................. 85
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................ 86
DIREITO vii
TÓPICO 1: DIREITO CIVIL - NOÇÕES E ESTRUTURA ...............................................115
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................115
2 NOÇÕES E ESTRUTURA DO DIREITO CIVIL ...........................................................115
RESUMO DO TÓPICO 1 ................................................................................................118
AUTOATIVIDADE ...........................................................................................................119
TÓPICO 4: PARTE GERAL - LIVRO III: DOS FATOS JURÍDICOS ............................. 139
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 139
2 CONCEITO DE FATO JURÍDICO ............................................................................... 139
3 CLASSIFICAÇÃO DOS FATOS JURÍDICOS . ........................................................... 140
4 NEGÓCIO JURÍDICO ................................................................................................. 140
4.1 REQUISITOS DE VALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO ........................................ 141
4.2 NULIDADE E ANULABILIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO .................................... 142
RESUMO DO TÓPICO 4 ............................................................................................... 144
AUTOATIVIDADE .......................................................................................................... 145
DIREITO viii
TÓPICO 5: CÓDIGO CIVIL - PARTE ESPECIAL . ........................................................ 147
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 147
2 SUBDIVISÕES DA PARTE ESPECIAL DO DIREITO CIVIL ...................................... 147
2.1 DIREITO DAS OBRIGAÇÕES ................................................................................. 147
2.1.1 Conceito de Obrigação . ........................................................................................ 147
2.1.2 Fontes das Obrigações ......................................................................................... 148
2.1.3 Espécies de Obrigações ....................................................................................... 148
2.1.4 Transmissão das Obrigações ................................................................................ 149
2.1.5 Cumprimento ou Pagamento da Obrigação .......................................................... 149
2.1.6 Descumprimento da Obrigação . ........................................................................... 150
2.1.7 Obrigações Contratuais . ....................................................................................... 151
2.2 DIREITO EMPRESARIAL ........................................................................................ 151
2.3 DIREITO DAS COISAS ............................................................................................ 152
2.3.1 Propriedade ........................................................................................................... 152
2.3.1.1 Classificação da propriedade ............................................................................. 152
2.3.1.2 Formas de aquisição da propriedade ................................................................. 153
2.3.2 Posse .................................................................................................................... 154
2.3.3 Classificação da Posse ......................................................................................... 155
2.3.4 Direitos reais sobre as coisas alheias ................................................................... 156
2.3.4.1 Direitos reais sobre coisas alheias de gozo e fruição ........................................ 157
2.3.4.2 Direitos reais sobre coisas alheias de aquisição . .............................................. 158
2.3.4.3 Direito reais sobre coisas alheias de garantia . .................................................. 158
2.3.5 O Direito de Construir . .......................................................................................... 159
2.4 DIREITO DE FAMÍLIA .............................................................................................. 160
2.4.1 Regime de Bens no Casamento ........................................................................... 160
2.5 DIREITO DAS SUCESSÕES .................................................................................... 162
RESUMO DO TÓPICO 5 ............................................................................................... 163
AUTOATIVIDADE .......................................................................................................... 164
DIREITO ix
DIREITO x
PLANO DE ENSINO DA DISCIPLINA
EMENTA
OBJETIVOS DA DISCIPLINA
PROGRAMA DA DISCIPLINA
DIREITO xi
UNIDADE 3 – DIREITO PRIVADO
TÓPICO 1 – DIREITO CIVIL - NOÇÕES E ESTRUTURA
TÓPICO 2 – PARTE GERAL DO CÓDIGO CIVIL
TÓPICO 3 – PARTE GERAL - LIVRO II: DOS BENS
TÓPICO 4 – PARTE GERAL - LIVRO III: DOS FATOS JURÍDICOS
TÓPICO 5 – CÓDIGO CIVIL - PARTE ESPECIAL
TÓPICO 6 – OUTROS RAMOS DO DIREITO PRIVADO: DIREITO COMERCIAL E
DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO
DIREITO xii
UNIDADE 1
Objetivos de aprendizagem
PLANO DE ESTUDOS
TÓPICO 1
CONCEPÇÃO DE “DIREITO”
1 INTRODUÇÃO
Como já dissemos, o Direito é a ciência que estuda as normas de conduta que regem
a vida em sociedade. Trata-se de uma ciência ampla, com aplicação em todas as áreas do
conhecimento.
Nesta unidade vamos obter conhecimentos básicos referentes à ciência do Direito que
irão nos auxiliar em nossos estudos futuros.
UNI
Mas afinal, o que é Direito? A palavra “direito” vem do latim
directum, “literalmente direto, trazendo à mente a concepção de
que o direito deve ser uma linha direta, isto é, conforme uma regra”
(GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2003, p. 2). O termo tem muitos
significados e não é possível resumi-lo em um só conceito.
De um modo muito amplo, pode-se dizer que a palavra “direito” tem três
sentidos: 1º. regra de conduta obrigatória (direito objetivo), 2º. sistema de
conhecimentos jurídicos (ciência do direito), 3º. faculdade ou poderes que
tem ou pode ter uma pessoa, ou seja, o que pode uma pessoa exigir da outra d
(direito subjetivo). i
r
e
i
Estabelecido o conceito de “Ciência do Direito”, vamos analisar primeiramente os t
outros dois sentidos, para entendermos os conceitos de “direito objetivo” e “direito subjetivo”. o
4 TÓPICO 1 UNIDADE 1
Poderemos então nos aprofundar no estudo do Direito Positivo, em sua mais clássica divisão,
ou seja, o Direito Público e o Direito Privado, objeto da Unidade 2. Iniciaremos pela noção de
“Direito”.
2 O QUE É DIREITO?
Das palavras de Nader (2008, p. 22), extraímos que o homem é um ser essencialmente
programado para viver em sociedade:
A própria constituição física do ser humano revela que ele foi programado para
conviver e se completar com outro ser de sua espécie. A prole, decorrência
natural da união, passa a atuar como fator de organização e estabilidade do
núcleo familiar. O pequeno grupo, formado não apenas pelo interesse mate-
rial, mas pelos sentimentos de afeto, tende a propagar-se em cadeia, com
formação de outros pequenos núcleos, até se chegar à constituição de um
grande grupo social.
d
i
r
e
i
t
FONTE: A autora
o
UNIDADE 1 TÓPICO 1 5
Podemos afirmar, assim, de uma forma bem simplificada, que o Direito existe para
regulamentar as relações sociais, buscando resolver os conflitos que se originam desta interação
social. “Sua finalidade é a de favorecer o amplo relacionamento entre as pessoas e os grupos
sociais, que é uma das bases do progresso da sociedade”(Nader, 2008, p. 27). Ou seja, o
Direito, visto como ciência, objetiva estudar as normas que regulamentam a conduta humana
na vida em sociedade e que devem ser cumpridas a fim de se garantir a paz social.
É, pois, na existência do conflito que o Direito atua de forma mais marcante, e em dois
momentos distintos:
d
Agora, podemos completar o esquema anterior: i
r
e
i
t
o
6 TÓPICO 1 UNIDADE 1
FIGURA 3 – APLICAÇÃO DO DIREITO
FONTE: A autora
Gagliano e Pamplona Filho (2003, p. 3) bem ressaltam que o Direito tem uma
“característica essencialmente humana, instrumento necessário ao convívio social [...]. Isso
significa que não há como falar em direito sem falar em alteridade, isto é, a relação com o
outro.”
Ainda sobre a relação entre a sociedade e o Direito, Nader (2008, p. 18-19) afirma
que:
A vida em sociedade pressupõe organização e implica a existência do Direi-
to. A sociedade cria o Direito no propósito de formular as bases da justiça e
segurança. Com este processo, as ações sociais ganham estabilidade. A vida
social torna-se viável. [...]
As necessidades de paz, ordem e bem comum levam a sociedade à criação de
um organismo responsável pela instrumentalização e regência desses valores.
Ao Direito é conferida esta nobre missão.
Como vimos, a vida em sociedade é regulamentada por normas. Estas normas valem
d
i para todos, sendo seu conhecimento e cumprimento obrigatórios, como se lê do artigo 3º. da
r
e Lei de Introdução do Código Civil: “ninguém se escusa de cumprir a lei alegando que não a
i
t conhece”. Assim, vale lembrar que:
o
UNIDADE 1 TÓPICO 1 7
Por fim, cabe apenas ressaltar que também a política e a religião desempenham
importante papel no sentido de minimizar os conflitos na sociedade, como mostra a figura a
seguir:
d
i
r
e
i
t
o
8 TÓPICO 1 UNIDADE 1
RESUMO DO TÓPICO 1
l De uma forma ampla, o Direito pode ser considerado como a ciência que estuda as normas
que regulamentam a vida em sociedade.
l Para diminuição e resolução dos conflitos, também são utilizadas a Política, a Moral e a
Religião.
d
i
r
e
i
t
o
UNIDADE 1 TÓPICO 1 9
1 A partir do conhecimento que você adquiriu até aqui, preencha o quadro a seguir
resumindo os conceitos estudados, como forma de reflexão sobre esses e como forma
de fixação do conhecimento.
COOPERAÇÃO
COMPETIÇÃO
CONFLITO
d
i
r
e
i
t
o
10 TÓPICO 1 UNIDADE 1
d
i
r
e
i
t
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UNIDADE 1
TÓPICO 2
DIREITO E MORAL
1 INTRODUÇÃO
A partir de agora, vamos focar nossa atenção nos conceitos de Moral e Direito.
2 DIREITO E MORAL
Como dissemos anteriormente, Direito e Moral são institutos distintos, mas que se
completam. Ao tratar dos pontos em comum entre Direito e Moral, Führer e Milaré (2005, p.
33) esclarecem que “A vida social só é possível uma vez presentes regras determinadas para
o procedimento dos homens. Essas regras, de cunho ético, emanam da Moral e do Direito –
repositórios de normas de conduta, evidentemente apresentam um campo comum.”
A Moral, conforme ensinam Gagliano e Pamplona Filho (2003, p. 6-7): tem um campo
de ação mais amplo que o direito [...], embora a “moralidade deva sempre
ser um norte na aplicação da norma jurídica, [...] não há como negar que
a moral tem uma preocupação expressiva com o foro íntimo, enquanto o
direito se relaciona, evidentemente, com a ação exterior do homem.
De uma forma bem simplificada, mas suficiente neste ponto do nosso estudo, podemos
distinguir o Direito da Moral pelo seguinte:
Führer e Milaré (2005, p. 35) fornecem exemplo que bem ilustra esta situação: A
maquinação de um crime que é indiferente ao Direito, mas repudiada pela Moral.
d
Outra diferença marcante entre o Direito e a Moral é que o Direito é coercível (cumprimento
i obrigatório, não depende da vontade) enquanto a Moral não é obrigatória (incoercível).
r
e
i
t Ainda como diferença entre Direito e Moral, podemos citar que:
o
UNIDADE 1 TÓPICO 2 13
Das normas jurídicas “decorrem relações com efeitos bilaterais, entre duas ou mais
pessoas, ao passo que da regra moral derivam consequências unilaterais. Isto é, ninguém está
obrigado ao seu cumprimento” (Führer; Milaré, 2005, p. 36).
d
i
r
e
i
t
o
14 TÓPICO 2 UNIDADE 1
RESUMO DO TÓPICO 2
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UNIDADE 1 TÓPICO 2 15
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t
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16 TÓPICO 2 UNIDADE 1
d
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UNIDADE 1
TÓPICO 3
1 INTRODUÇÃO
Do que estudamos até agora, você viu que o direito traz o conjunto de normas
aplicáveis às relações sociais. É a este conjunto de normas vigentes e impostas, que devem
ser conhecidas e cumpridas por todos, que se denomina direito objetivo.
O direito objetivo pode ser conceituado como “o complexo de normas jurídicas que
regem o comportamento humano, de modo obrigatório, prescrevendo uma sanção no caso de
sua violação (jus est norma agendi)” (DINIZ, 2003, p. 244).
É a permissão dada por meio de norma jurídica para fazer ou não fazer alguma
coisa, para ter ou não ter algo, ou, ainda, a autorização para exigir, por meio
dos órgãos competentes do poder público ou por meio de processos legais, em
prejuízo causado por violação de norma, o cumprimento da norma infringida
ou a reparação do mal sofrido. Por ex.: são direitos subjetivos as permissões d
de casar e constituir família, de adotar pessoa como filho [...]. i
r
e
Podemos, então, conceituar o direito subjetivo como “a possibilidade de agir e de exigir i
t
que as normas de Direito atribuem a alguém como próprio” (NADER, 2008, p. 307). o
18 TÓPICO 3 UNIDADE 1
Observe, então, que o direito subjetivo se diferencia do objetivo em razão de este, como
anteriormente mencionado, ter caráter coativo (cumprimento obrigatório), enquanto o direito
subjetivo representa uma faculdade do titular de invocar a lei para tutelar seu direito.
IMPO
RTA
NTE!
O direito objetivo é obrigatório, enquanto o subjetivo é uma
faculdade (eu exerço esta possibilidade se eu quiser).
Führer e Milaré (2005) trazem um interessante exemplo que bem ilustra esta ligação,
que pode ser assim resumido: o meu direito de propriedade é garantido pela Constituição
Federal (regra de direito objetivo), sendo que, se alguém violar este direito e invadir a minha
propriedade, poderei acionar o Poder Judiciário para que a irregularidade seja sanada, sendo
esta faculdade o que se chama de direito subjetivo.
Quando afirmamos, que o proprietário tem “direito” de entrar com uma ação na justiça
para ter sua propriedade devolvida, quando dizemos que, em caso de separação, o pai que
não ficou com a guarda do filho tem “direito” de visitá-lo ou que o locador tem o “direito” de
receber o aluguel de seu imóvel, nos referimos ao direito subjetivo. Este decorre de normas
legais que garantem estes direitos.
Assim, o Direito Empresarial, que faz parte do Direito Civil, traz regras de direito objetivo,
e os “direitos” dele resultantes serão regras de direito subjetivo.
Concluímos, assim, que, apesar das diferenças, grande ligação existe entre o direito
subjetivo e o objetivo. Podemos dizer, pois, de uma forma bem simplificada, que o direito
subjetivo decorre do direito objetivo e que ambos formam o que conhecemos por “Direito”.
RESUMO DO TÓPICO 3
l O que diferencia o direito objetivo é a coatividade, o que significa que o direito objetivo são
as normas impostas, de cumprimento obrigatório, enquanto o direito subjetivo representa a
permissão de agir prevista em lei.
l Apesar de diferentes, o direito objetivo e o subjetivo estão ligados, formando “um todo”, que
conhecemos por “direito”.
d
i
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e
i
t
o
20 TÓPICO 3 UNIDADE 1
e) Porém, apesar das diferenças, existe uma grande ligação entre o ( ), que é coercitivo,
e o ( ), que é facultativo. Podemos dizer que, de uma forma bem simplificada, o ( )
decorre do ( ) e que ambos formam o que conhecemos por “Direito”.
d
i
r
e
i
t
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UNIDADE 1
TÓPICO 4
FONTES DO DIREITO
1 INTRODUÇÃO
As chamadas “fontes do direito” nada mais são, portanto, do que os meios pelos quais se
formam ou se estabelecem as normas jurídicas” (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2003, p. 9-10).
Isto posto, podemos dizer que a lei é a principal fonte do Direito, como se vê do art.
4º. da Lei de Introdução do Código Civil:
‘‘Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os
princípios gerais de Direito”.
l Lei ordinária: “fruto da atividade típica e regular do Poder Legislativo. Como exemplo de lei
ordinária, temos: O Código Civil, o Código de Processo Civil [...]” (NUNES, 2003, p. 77).
l Leis delegadas: “serão elaboradas pelo Presidente da República, que deverá solicitar a
delegação ao Congresso Nacional” (NUNES, 2003, p. 77). Ainda no mesmo patamar estão
as Medidas Provisórias que o Presidente da República poderá utilizar no caso de relevância
e urgência, conforme o art. 62 da Constituição Federal.
l Decreto regulamentar: “É ato do Poder Executivo e deve ser baixado para regulamentar
norma de hierarquia superior, como, por exemplo, a lei ordinária”(NUNES, 2003, p.79).
l Resoluções: são “atos normativos administrativos através dos quais o Legislativo dispõe
sobre matéria que não se insere nem no âmbito da Lei, nem do Decreto legislativo [...] cuidam,
geralmente, de algum assunto interno do Legislativo” (Führer; Milaré, 2005, p. 54).
O costume, por sua vez, “é o uso geral, constante e notório, observado socialmente e
correspondente a uma necessidade jurídica [...]. Baseia-se, indubitavelmente, no argumento
de que algo deve ser feito porque sempre o foi, tendo sua autoridade respaldada na força
conferida ao tempo e no uso contínuo das normas (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2003, p.
17). É, assim, uma norma jurídica não escrita, “que surge da prática longa, diuturna e reiterada
da sociedade” (NUNES, 2003, p. 94).
A jurisprudência é definida por Nunes (2003, p. 87) “como o conjunto das decisões dos
tribunais a respeito do mesmo assunto.” É reconhecida como fonte do direito, porque “acaba
por prevalecer na maioria dos casos” (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2003, p. 17), ou seja,
as decisões dos tribunais são citadas como fundamento nas teses jurídicas e apontadas como
precedentes, “impondo ao legislador uma nova visão dos institutos jurídicos, alterando-os, às
vezes, integralmente, forçando a expedição de leis que consagrem sua orientação” (VENOSA
apud DINIZ, 2003, p. 296).
A doutrina pode ser definida como o pensamento dos estudiosos do Direito, que
d são chamados de doutrinadores. Todos os conceitos citados neste caderno fazem parte da
i
r doutrina. É importante fonte do Direito, porque “é essencial para aclarar pontos, estabelecer
e
i novos parâmetros, descobrir caminhos ainda não pesquisados, apresentar soluções justas,
t
o
enfim interpretar as normas, pesquisar os fatos e propor alternativas, com vistas a auxiliar a
construção sempre necessária e constante do Estado de Direito, com o aperfeiçoamento do
UNIDADE 1 TÓPICO 4 23
Já a equidade, segundo Raposo e Heine (2004, p. 31), é o princípio pelo qual “deve
o juiz valorizar mais a razão (observando sempre a boa-fé) que a própria regra de Direito [...],
observando o que for justo e razoável [...]”. Gagliano e Pamplona Filho (2003, p. 26) explicam
que nos casos em que pode julgar por equidade, “é facultado expressamente ao julgador valer-
se de seus próprios critérios de justiça quando for decidir, não estando adstrito às regras ou
métodos preestabelecidos”. Porém, o julgamento por equidade não é a regra geral e o juiz só
pode julgar por equidade quando autorizado por lei. Como exemplo de julgamento por equidade,
Raposo e Heine (2004, p. 31) citam a aplicação da regra in dubio pro misero, ou seja, “em
alguns casos, havendo dúvida, o juiz pode decidir em favor do mais fraco economicamente,
como ocorre no Direito do Trabalho”.
O juiz julgará com emprego da analogia, quando “um fato não foi regulado de modo
direto ou específico em lei de ser julgado pelo juiz e esse vai buscar a solução em uma lei
prevista para uma hipótese distinta, mas semelhante ao caso não regulado” (RAPOSO; HEINE,
2004, p. 31).
Por fim, os princípios gerais do Direito são “regras gerais de conduta que o juiz
segue quando vai interpretar o caso que está analisando. Essas regras normalmente não
estão escritas” (RAPOSO; HEINE, 2004, p. 30). Citam como exemplo de princípios gerais do
Direito: viver honestamente, não causar danos a outra pessoa e dar a cada um o que é seu.
Visualizando o que aprendemos até aqui, temos o seguinte:
FONTE: A autora
d
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i
t
o
24 TÓPICO 4 UNIDADE 1
RESUMO DO TÓPICO 4
l As “fontes do direito” são as origens do Direito, ou seja, é através dessas que o direito nasce
e evolui.
l Além da Lei, são também fontes do Direito: Doutrina, Equidade, Jurisprudência, Analogia,
Costumes e os Princípios Gerais de Direito.
d
i
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t
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UNIDADE 1 TÓPICO 4 25
2 “Deve o juiz valorizar mais a razão (observando sempre a boa-fé) que a própria regra
de Direito [...], observando o que for justo e razoável [...]” (GAGLIANO; PAMPLONA
Filho, 2003, p. 26). A qual fonte do Direito os autores se referem?
a) ( ) Equidade.
b) ( ) Costume.
c) ( ) Lei.
d) ( ) Jurisprudência.
6 “Conjunto das decisões dos tribunais a respeito do mesmo assunto” (NUNES, 2003,
p. 87). Este é o conceito de qual fonte do Direito?
a) ( ) Doutrina.
b) ( ) Jurisprudência.
c) ( ) Equidade.
d) ( ) Analogia.
7 “Um fato não foi regulado de modo direto ou específico em lei de ser julgado pelo
juiz e esse vai buscar a solução em uma lei prevista para uma hipótese distinta, mas
semelhante ao caso não regulado” (RAPOSO; HEINE, 2004, p. 31). A que fonte do
Direito se referem os autores?
a) ( ) Equidade.
b) ( ) Jurisprudência.
c) ( ) Doutrina.
d) ( ) Analogia.
d
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UNIDADE 1
TÓPICO 5
NORMA JURÍDICA
1 INTRODUÇÃO
Já vimos anteriormente que o Direito é uma ciência que estuda as normas jurídicas.
Mas, o que são normas jurídicas?
Este tópico objetiva estudar a teoria da norma jurídica, que é imprescindível no estudo
do Direito, porque é a sua materialização.
Estas palavras de Paulo Nader demonstram o quão importante é o estudo deste tema
e seu entendimento para também entendermos o Direito.
Iniciaremos pelo conceito de norma jurídica, para depois estudarmos suas características.
Então, vamos em frente...
Relembrando o que estudamos até agora, temos que o Direito é o responsável por
traçar normas de conduta que permitam às pessoas e aos grupos sociais viverem em harmonia,
agindo preventivamente, para evitar o conflito, ou após sua ocorrência, a fim de garantir a paz
d
social. i
r
e
i
A norma jurídica é, pois, o meio, o instrumento de que se utiliza o Direito para atingir t
o
seu objetivo. É através da norma jurídica que o Direito revela à sociedade os padrões de
28 TÓPICO 5 UNIDADE 1
Podemos afirmar, assim, que a norma ou regra jurídica “é um padrão de conduta imposto
pelo Estado para que seja possível a convivência dos homens em sociedade. [...] Ela esclarece
ao agente como e quando agir [...] Em síntese, norma jurídica é a conduta exigida ou o modelo
imposto de organização social (NADER, 2008, p. 83). No mesmo sentido:
Existem as normas de Direito Civil, Direito Penal, Direito Tributário e muitas outras
específicas em cada ramo de atuação do Direito Positivo, que vamos conhecer na segunda
unidade.
d
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i
t
o
UNIDADE 1 TÓPICO 5 29
.
.
d
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30 TÓPICO 5 UNIDADE 1
RESUMO DO TÓPICO 5
d
i
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e
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UNIDADE 1 TÓPICO 5 31
5 O que significa dizer que a norma jurídica deve ser necessariamente imperativa?
d
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32 TÓPICO 5 UNIDADE 1
d
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UNIDADE 1
TÓPICO 6
RELAÇÃO JURÍDICA
1 INTRODUÇÃO
As relações entre as pessoas, entre si ou em grupos e estes grupos entre si, geram
vínculos que estão previstos nas normas jurídicas. Assim, o casamento, por exemplo, é uma
relação jurídica. Dele decorrem inúmeros direitos e obrigações que interessam ao Direito, como
a propriedade, a honra, a vida etc.
Em sua futura atividade profissional, você ou a empresa em que for trabalhar fará parte
de muitas relações jurídicas, quando, por exemplo, forem devedores ou credores de uma dívida.
Também podemos citar as relações com os funcionários, fornecedores, entre muitas outras.
Preparado(a) para mais esta tarefa? Então, antes de mais nada, vamos conhecer o conceito
de relação jurídica.
Conforme Gusmão (2006, p. 258), a relação jurídica é “o vínculo que une uma ou mais
pessoas, decorrente de um fato ou de um ato previsto em norma jurídica, que produz efeitos
jurídicos”, ou mais singelamente,
“vínculo jurídico estabelecido entre pessoas, em que uma delas pode exigir de outra
determinada obrigação.”
d
i
r
As relações jurídicas são originadas de atos ou fatos jurídicos (cujos conceitos veremos e
i
adiante), que envolvem pessoas físicas ou jurídicas. Essas relações são chamadas “jurídicas”, t
o
pois seu objeto é um interesse juridicamente protegido, ou seja, que interessam ao Direito,
34 TÓPICO 6 UNIDADE 1
Pode-se afirmar, pois, que a relação jurídica “não depende exclusivamente da vontade
das partes, pois tem por base a lei, que está acima do interesse delas” (GUSMÃO, 2006, p.
258).
São várias as espécies de relação jurídica. Para o nosso estudo, é suficiente conhecermos
três classificações: relações jurídicas de direito público e privado, relações jurídicas solenes e
não solenes e relações jurídicas pessoais e reais.
A relação jurídica pode ser também solene ou não solene. As relações jurídicas
solenes são aquelas em que há a necessidade de se observar uma determinada formalidade
para que tenha validade. Podemos citar, como exemplos de relações jurídicas solenes, o
casamento e a compra e venda de imóveis, que a lei exige que seja feita por escritura pública.
Já as relações jurídicas não solenes dispensam maiores formalidades, tais como a venda de
bens móveis, que se torna perfeita e acabada com a entrega (que se chama tecnicamente de
tradição) do bem.
A relação jurídica pode ser ainda pessoal, quando envolve relação das pessoas entre
si (ex.: contratos), ou real, quando envolvem as relações das pessoas com as coisas, como,
por exemplo, no direito de propriedade ou posse sobre um imóvel.
Resumindo:
d
i
r
e
i
t
o
UNIDADE 1 TÓPICO 6 35
Os sujeitos da relação jurídica, também chamados sujeitos de direito, são “os que estão
aptos a adquirir e exercer direitos e obrigações” (NUNES, 2003, p. 134).
Por isso, podemos dizer que “Não há direito que não tenha sujeito, pois ele tem por
objetivo proteger os interesses humanos” (RAPOSO; HEINE, 2004, p. 33).
Na relação jurídica de direito privado, objeto de nosso estudo, podemos dizer que
o sujeito ativo é o que é o titular de direitos e que pode exigi-lo de quem deva cumprir uma
obrigação, que é chamado sujeito passivo, que deve fazer ou deixar de fazer alguma coisa.
d
i
Assim, por exemplo, quando falamos que Pedro tornou-se titular de um direito de r
e
propriedade sobre determinado bem que adquiriu, podemos dizer que este é o Sujeito Ativo i
nesta relação jurídica, enquanto aquela pessoa que o vendeu torna-se Sujeito Passivo nesta t
o
relação, pois terá que cumprir o que determina a norma (entregar o bem).
36 TÓPICO 6 UNIDADE 1
FONTE: A autora
!
NÇÃO
ATE
Prezados acadêmicos. Para aprofundar seus conteúdos, bem como para que você
tenha noção do que estudaremos na unidade seguinte, sugerimos a leitura de parte do texto
“Noções de Direito Civil”.
LEITURA COMPLEMENTAR
Direito positivo, objetivo e subjetivo, teorias, fontes do direito, norma jurídica em sua
classificação, princípios e divisões do direito civil.
d
i Direito subjetivo (facultas agendi): é a permissão dada por meio de norma jurídica,
r para fazer ou não fazer alguma coisa, para ter ou não ter algo, ou ainda, a autorização para
e
i exigir, por meio dos órgãos competentes do Poder Público ou por meio dos processos legais,
t
o em caso de prejuízo causado por violação de norma, o cumprimento da norma infringida ou
UNIDADE 1 TÓPICO 6 37
a reparação do mal sofrido; é a faculdade que cada um tem de agir dentro das regras da lei e
de invocar a sua proteção e aplicação na defesa de seus legítimos interesses.
Teoria do interesse (Ihering): o direito subjetivo é o interesse juridicamente protegido por meio
de uma ação judicial.
Teoria mista (Jellinek, Saleilles e Michoud): define o direito subjetivo como o poder da
vontade reconhecido e protegido pela ordem jurídica, tendo por objeto um bem ou interesse.
Fontes do direito: são os meios pelos quais se formam as regras jurídicas; as fontes
diretas são a lei e o costume; as fontes indiretas são a doutrina e a jurisprudência.
2) quanto ao autorizamento, podem ser: a) mais que perfeitas, que são as que por sua violação
autorizam a aplicação de duas sanções: a nulidade do ato praticado ou o restabelecimento
da situação anterior e ainda a aplicação de uma pena ao violador; b) perfeitas, que são
aquelas cuja violação as leva a autorizar a declaração da nulidade do ato ou a possibilidade d
i
de anulação do ato praticado contra sua disposição e não a aplicação de pena ao violador; r
e
c) menos que perfeitas, que são as que autorizam, no caso de serem violadas, a aplicação i
t
de pena ao violador, mas não a nulidade ou anulação do ato que as violou; d) imperfeitas, o
que são aquelas cuja violação não acarreta qualquer consequência jurídica.
38 TÓPICO 6 UNIDADE 1
[...]
d
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r
e
i
t
o
UNIDADE 1 TÓPICO 6 39
RESUMO DO TÓPICO 6
l Este vínculo nasce de uma norma jurídica que impõe direitos e deveres a cada um dos
participantes.
l Quando as pessoas se relacionam entre si, temos uma relação jurídica pessoal (ex.:
casamento). Quando a relação envolve coisas, temos uma relação jurídica real (ex.: direito
de propriedade).
l São sujeitos da relação jurídica o sujeito ativo, que é o titular de um direito, e o passivo, é
o que deve cumprir uma obrigação.
d
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40 TÓPICO 6 UNIDADE 1
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UNIDADE 1 TÓPICO 6 41
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42 TÓPICO 6 UNIDADE 1
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UNIDADE 2
DIREITO PÚBLICO
Objetivos de aprendizagem
PLANO DE ESTUDOS
TÓPICO 1
DIREITO CONSTITUCIONAL
1 INTRODUÇÃO
Este tópico 1 foi reservado para o estudo do Direito Constitucional que estuda as normas
constitucionais. Iniciaremos pelo seu conceito, para então estudarmos especificamente a
Constituição da República de 1988, principal objeto do estudo do Direito Constitucional.
2 CONCEITO DE DIREITO
CONSTITUCIONAL E CONSTITUIÇÃO
O Direito Constitucional, como o próprio nome diz, é aquele que “engloba as normas
jurídicas constitucionais, isto é, aquelas pertencentes à Constituição, em toda a sua amplitude
[...]” (NUNES, 2003, p. 125).
d
A Constituição, conforme Canotilho apud Moraes (2003, p. 36), “pode ser entendida i
como a lei fundamental e suprema de um Estado, que contém normas referentes à estruturação r
e
do Estado, a formação dos poderes públicos, forma de governo e aquisição do poder de i
t
governar, distribuição de competências, direitos, garantias e deveres dos cidadãos.” Ou seja, o
46 TÓPICO 1 UNIDADE 2
IMPO
RTA
NTE!
Por isso é que nenhuma lei poderá ser contrária à Constituição, sob
pena de ser considerada inconstitucional e retirada do ordenamento
jurídico. Em razão da supremacia da Constituição, é comum a utilização
da expressão “Carta Magna” para nos referirmos à Constituição.
NOT
A!
O preâmbulo da Constituição, segundo Alexandre Moraes (2003,
p.48), “é o documento de intenções do diploma, e uma certidão de
origem e legitimidade do novo texto e uma proclamação de princípios,
demonstrando a ruptura com o ordenamento constitucional anterior e
o surgimento jurídico de um novo Estado. E continua: “[...] por não
ser norma constitucional não poderá prevalecer contra texto expresso
da Constituição Federal [...]”, mas deverá ser usado como instrumento
de interpretação da Constituição (MORAES, 2003 p.49).
Também segundo Moraes (2003), extraímos como pode ser classificada a Constituição
Federal de 1988:
l dogmática: por ser “um produto escrito e sistematizado por um órgão constituinte, a partir de
l rígida: porque para sua modificação é necessário “um processo mais solene e mais dificultoso
do que o existente para a edição das demais espécies normativas” (MORAES, 2003, p. 39).
“A Constituição Federal de 1988 pode ser considerada como super-rígida, uma vez que em
regra poderá ser alterada por um processo legislativo diferenciado, mas, excepcionalmente,
em alguns pontos é imutável (CF, art. 60 § 4º - cláusulas pétreas)” (MORAES, 2003, p. 39);
l analítica: porque “examina todos os assuntos que entende relevantes à formação, destinação
d
2.2 DIREITOS E GARANTIAS i
FUNDAMENTAIS NA CONSTITUIÇÃO DE 1988 r
e
i
t
Os direitos e garantias fundamentais são previstos na Constituição Federal em seu artigo o
5º. Este artigo traz, em seus setenta e seis incisos, vários direitos e garantias, dentre eles: a
48 TÓPICO 1 UNIDADE 2
fundamentais
FONTE: A autora
UNI
É importante que você tenha em mãos um exemplar da Constituição
Federal, que vai ajudá-lo(a) bastante... Se você não tiver uma
Constituição Federal, acesse o site “www.planalto.gov.br” e no
link “legislação”, copie o teor do art. 5º, da Carta Magna, que será
nosso objeto de estudo neste tópico.
As garantias traduzem-se “quer no direito dos cidadãos a exigir dos poderes públicos a
proteção dos seus direitos quer no reconhecimento de meios processuais adequados a essa
finalidade (exemplo: direito de acesso aos tribunais para a defesa de direitos [...]” (CANOTILHO
apud MORAES, 2003, p. 62).
(grifo nosso)
Da leitura do artigo 5º. e de seus vários incisos, concluímos que a Constituição Federal
adotou diversos princípios, dos quais passaremos a estudar os principais:
Iniciamos com o princípio da igualdade. Já no começo do artigo, lemos que “todos são
iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza [...]” , ou seja, todos os cidadãos
têm o direito de tratamento idêntico pela lei [...]” (MORAES, 2003, p. 64). Também no inciso
I, a Constituição garante que “homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos
termos desta Constituição.”
IMPO
RTA
NT E!
Saiba que por proteção constitucional estende-se também a vida
intrauterina (MORAES, 2003, p. 64).
A liberdade também é tutelada pela Constituição Federal, sendo que é o próprio texto
d
constitucional que prevê as garantias a esta liberdade, ou seja, os meios de que disporá a i
r
vítima para ver seu direito respeitado. Assim, poderá impetrar: e
i
t
l Habeas Corpus: (art. 5º. LXVIII): a vítima de ilegalidade ou abuso de poder poderá impetrar o
50 TÓPICO 1 UNIDADE 2
habeas corpus. “Portanto, o habeas corpus é uma garantia individual ao direito de locomoção,
consubstanciada em uma ordem dada pelo Juiz ou Tribunal ao coator, fazendo cessar a
ameaça ou coação à liberdade de locomoção em sentido amplo – o direito do indivíduo de
ir, vir e ficar” (MORAES, 2003, p. 138). Interessante é o fato de que não é necessário ser
advogado para impetrar habeas corpus, podendo até ser impetrado pelo próprio paciente
(vítima). O habeas corpus pode ser preventivo ou repressivo.
l Habeas Data (art. 5º. LXXII): objetiva “fazer com que todos tenham acesso às informações
que o Poder Público ou entidades de caráter público (ex.: serviços de proteção ao crédito)
possuam a seu respeito” (MORAES, 2003, p. 153). O habeas data cabe quando houver
negativa de fornecimento destas informações, que também poderão ser retificadas. É a lei
n. 9.507/97 que estabelece as regras referentes ao habeas data.
l Mandado de Segurança (art. 5º., LXIV) : caberá mandado de segurança quando houver um
ato ilegal e coator de uma autoridade contra direito líquido e certo e contra este ato não for
cabível habeas corpus e habeas data. Além do art. 5º., LXIV da Constituição da República,
temos disposições sobre o Mandado de Segurança na Lei n. 1.533/51.
NOT
A!
Conforme MORAES (2003, p. 138), “Habeas Corpus eram as
palavras iniciais da fórmula do mandado que o Tribunal concedia
e era endereçado a quantos tivessem em seu poder ou guarda o
corpo do detido, da seguinte maneira: “Tomai o corpo desse detido
e vinde submeter ao Tribunal o homem e o caso.”
Para você entender bem quando cabe o mandado de segurança, podemos citar como
exemplo a exigência de prévio pagamento de multas para o licenciamento de veículos, sem
que tenha sido oportunizada a defesa ou também o corte de energia elétrica sem a prévia
notificação, dentre outros.
O mandado de segurança pode ser impetrado (ajuizado) por pessoa física ou jurídica,
que é chamado “impetrante”. Pode ser individual (quando uma só pessoa impetra) ou
coletivo, quando é impetrado em nome de uma coletividade (ex.: sindicato representando os
sindicalizados).
d
i
r Quanto à finalidade do mandado de segurança, podemos, pois, dizer que:
e
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o
UNIDADE 2 TÓPICO 1 51
NOT
A!
Caro(a) acadêmico(a), para aprofundar os seus conhecimentos
sobre as ações constitucionais estudadas anteriormente, sugiro a
leitura completa da Lei n. 1.533/51.
l Mandado de Injunção: O Mandado de Injunção está previsto no art 5º, LXXI da Constituição
Federal “sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício de direitos
e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à
cidadania” (MORAES, 2003, p. 179). Assim:
Existem algumas normas constitucionais que são “incompletas”. Por exemplo, Moraes
(2003, p. 180) cita o artigo 7º, XI que prevê a participação dos empregados nos lucros ou
resultados da empresa, conforme previsto em lei (grifamos). Por isso, como não existe a lei
que regulamenta esta matéria, poderá ser impetrado Mandado de Injunção para este fim, a
fim de possibilitar o exercício desta garantia.
d
i
O mandado de injunção também poderá ser impetrado por pessoas físicas ou jurídicas, r
mas sempre será impetrado contra o Estado. e
i
t
o
l Ação Popular: Esta ação constitucional é prevista no art. 5º., LXXIII. Pode ser definida
como:
52 TÓPICO 1 UNIDADE 2
Resumidamente, podemos dizer que só poderá ajuizar ação popular o cidadão, ou seja,
quem estiver “no gozo de seus direitos políticos” (MORAES, 2003, p. 193). Por isso, somente
a pessoa física, desde que no gozo de seus direitos políticos, é que poderá propor esta ação.
Quanto à natureza do “ato ou a omissão do Poder Público a ser impugnado, que dever ser
obrigatoriamente lesivo ao patrimônio público, seja por ilegalidade, seja por imoralidade”
(MORAES, 2003, p. 192).
d
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r
e
i
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o
FONTE: A autora
UNIDADE 2 TÓPICO 1 53
NOT
A!
Quer conhecer mais sobre as ações constitucionais? Sugiro que
leia a obra Mandado de Segurança, ação popular, ação civil
pública, mandado de injunção, habeas data. São Paulo: Revista
dos Tribunais.
Outro importante princípio é o que garante a indenização por dano material, moral
ou à imagem. O dano material é aquele que se traduz em perda material, enquanto o direito
moral é aquele que atinge o indivíduo de forma pessoal, quando, por exemplo, a situação
expõe a vítima a um constrangimento ou sofrimento desnecessário. Interessante ressaltar que
as pessoas jurídicas também podem sofrer danos morais, estando, porém ligado ao abalo de
crédito que a ofensa poderá gerar. Além da indenização, é garantido o direito de resposta.
Como dissemos anteriormente, também a pessoa jurídica pode ser afetada em sua
honra, quando, por exemplo, vê encaminhado a protesto um título “frio”, mostrando-se assim
ser indevido.
NOT
A!
A Lei que regulamenta este artigo é a Lei n. 9.296/96, estabelecendo
disposições para que seja possível a interceptação telefônica que
vulgarmente se conhece por “grampo”.
IMPO
RTA
NTE!
“O sigilo bancário individual coloca-o na condição de “cláusula
pétrea” (CF, art. 60, §4º,IV), impedindo, dessa forma, a aprovação
d de emenda constitucional tendente a aboli-lo ou mesmo modificá-lo
i estruturalmente” (MORAES, 2003, p. 97).
r
e
i
t Também o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada são protegidos
o
pela Constituição Federal, que garante que a lei não os prejudicará (art. 5º. XXXVI).
UNIDADE 2 TÓPICO 1 55
Bastos apud Moraes (2003, p. 105), ao definir o direito adquirido e o ato jurídico, observa
que este:
constitui-se num dos recursos de que se vale a Constituição para limitar a
retroatividade da lei. Com efeito, esta está em constante mutação; o Estado
cumpre seu papel exatamente na medida em que atualiza suas leis. No en-
tretanto, a utilização da lei em caráter retroativo, em muitos casos, repugna
porque fere situações jurídicas que já tinham por consolidadas no tempo, e
esta é uma das fontes principais do homem na terra.
Isto não quer dizer, por si só, que ele encerre em seu bojo um direito adquirido.
Do que está o seu beneficiário imunizado é de oscilações de forma aportadas
pela lei nova.
De uma forma resumida, podemos dizer, então, que por este princípio a lei não poderá
retroagir para modificar uma situação já concretizada.
Este princípio garante, assim, tanto nos processos judiciais quanto nos administrativos,
que serão respeitadas todas as fases do processo e garantida a defesa em toda a sua amplitude
(meios e provas). Como consequência da ampla defesa, é assegurado ainda o contraditório,
que garante que aquele que for acusado terá o direito de se defender.
UNI
É importante que você leia no inteiro teor o art. 7º Da Constituição
Federal. Caso não tenha um exemplar, baixe-o no site <www.
planalto.gov.br>.
Estas regras “formam a base do contrato de trabalho, uma linha divisória entre a vontade
do Estado, manifestada pelos poderes competentes, e as dos contratantes” (SUSSEKIND
apud MORAES, 2003, p. 203). De uma forma resumida, são os seguintes os principais direitos
fundamentais do trabalhador:
OS!
FU TUR
U DOS
EST
Pode-se conceituar a nacionalidade como sendo “o vínculo jurídico político que liga um
indivíduo a um certo e determinado Estado, fazendo deste indivíduo um componente do povo,
d da dimensão pessoal deste Estado” (CARVALHO apud MORAES, 2003, p. 213). Segundo
i
r Moraes (2003, p. 213), este vínculo “capacita o indivíduo a exigir sua proteção, mas, ao mesmo
e
i tempo, o sujeita ao cumprimento dos deveres impostos”.
t
o
Como salienta Moraes (2003), o conceito de nacionalidade está ligado aos conceitos
UNIDADE 2 TÓPICO 1 57
de povo, população e nação, os quais também extraímos das ideias do referido autor:
A nacionalidade pode ser adquirida com o nascimento (ex.: brasileiro nato), chamada
“originária” ou posteriormente, através de um pedido de naturalização (ex.: o estrangeiro
que pede naturalização e se torna brasileiro naturalizado), que se chama nacionalidade
“adquirida”.
!
ROS
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UDO
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d
l a origem sanguínea – todo descendente de nacionais será nacional, independente de onde i
r
nasceu. e
i
t
l a origem territorial – quem nasce em determinado território terá a respectiva nacionalidade, o
E qual o critério adotado pela atual Constituição Brasileira? O critério adotado pela
nossa Carta Magna foi, como regra geral, o da origem territorial. Ou seja, em princípio, quem
nascer em território nacional, será considerado brasileiro. Porém, há exceções a esta regra,
previstas no próprio ordenamento constitucional, qual seja, no artigo 12, I da CF:
II – naturalizados:
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos
originários de países de língua portuguesa apenas residência por um ano
ininterrupto e idoneidade moral;
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Fede-
rativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação
penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira.
§ 1º Aos portugueses com residência permanente no País, se houver reci-
procidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao
brasileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição.
§ 2º - A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e natura-
lizados, salvo nos casos previstos nesta Constituição.
No parágrafo terceiro deste mesmo artigo, encontramos os cargos que só poderão ser
ocupados por brasileiros natos:
[...]
d I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de
i atividade nociva ao interesse nacional;
r
e
II - adquirir outra nacionalidade, salvo no casos:
i a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira;
t b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro resi-
o dente em estado estrangeiro, como condição para permanência em seu
território ou para o exercício de direitos civis.
UNIDADE 2 TÓPICO 1 59
que o candidato cumpra as seguintes condições, as previstas no art. 14, §3º da CF: a
nacionalidade brasileira, o alistamento eleitoral, o domicílio eleitoral na circunscrição; a filiação
partidária; a idade mínima para cada cargo. Os analfabetos e os inalistáveis (art. 14 §4º);
l iniciativa Popular de lei;
l ação Popular;
l organização e participação de partidos políticos.
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60 TÓPICO 1 UNIDADE 2
Segundo a Constituição Federal (art. 17), os partidos podem ser livremente criados,
fundidos, incorporados e extintos, devendo ser observados: a soberania nacional, o regime
democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da pessoa humana . Ainda segundo o
mesmo artigo, deverão ser seguidos os seguintes preceitos: I - caráter nacional; II - proibição de
recebimento de recursos financeiros de entidade ou governo estrangeiros ou de subordinação
a estes; III - prestação de contas à Justiça Eleitoral; IV - funcionamento parlamentar de acordo
com a lei.
UNI
Agora que você já conhece alguns aspectos do Direito Constitucional,
após resolver nossos exercícios de fixação, vamos, no próximo
tópico, passar ao estudo do Direito Administrativo.
d
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UNIDADE 2 TÓPICO 1 61
RESUMO DO TÓPICO 1
l O Direito Público é o Direito em que o Estado participa como parte na relação jurídica.
l O Direito Constitucional tem como objeto de estudo a Constituição Federal, que é a Lei Magna
de um país.
l Há várias ações constitucionais que tutelam a liberdade, tais como habeas corpus, habeas
data, entre outros.
d
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o
62 TÓPICO 1 UNIDADE 2
2 Com relação aos direitos políticos, pode-se afirmar que o cancelamento da naturalização
por sentença transitada em julgado resultará:
a) ( ) Na perda dos direitos políticos.
b) ( ) Não é caso de perda nem suspensão dos direitos políticos.
c) ( ) Suspensão dos direitos políticos.
d) ( ) Pagamento de multa à Justiça Eleitoral.
5 Ao propor uma Ação Popular, podemos afirmar que o objetivo do autor é proteger:
a) ( ) A liberdade de ir e vir.
b) ( ) Direito líquido e certo.
d
i
c) ( ) Patrimônio público.
r d) ( ) Liberdade de pensamento.
e
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UNIDADE 2 TÓPICO 1 63
6 Segundo a Constituição Federal, não existirá no Brasil censura prévia. Podemos dizer
que esta afirmação decorre do princípio:
a) ( ) Da presunção de inocência.
b) ( ) Da liberdade de pensamento.
c) ( ) Da inviolabilidade do domicílio.
d) ( ) Nenhuma das alternativas anteriores.
8 Este princípio garante tanto nos processos judiciais quanto nos administrativos, que
serão respeitadas todas as fases do processo e garantida a defesa em toda a sua
amplitude (meios e provas):
a) ( ) Presunção de inocência.
b) ( ) Inviolabilidade do domicílio.
c) ( ) Devido processo legal.
d) ( ) Direito líquido e certo.
( ) O habeas data serve para se ter acesso a informações constantes nos registros
públicos.
( ) O mandado de injunção e mandado de segurança têm o mesmo objetivo.
( ) A ação popular pode ser proposta por uma pessoa jurídica.
( ) O habeas corpus é impetrado para garantir o direito de ir e vir.
( ) Os princípios constitucionais são sempre absolutos.
( ) O direito à vida abrange não somente o direito de existir, mas também de ter uma
vida digna.
( ) O direito à liberdade de pensamento não é absoluto.
( ) Direito Moral e Material são expressões sinônimas.
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UNIDADE 2
TÓPICO 2
DIREITO ADMINISTRATIVO
E DIREITO PROCESSUAL
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, vamos estudar o Direito Administrativo que traz as regras que disciplinam
a atividade da Administração Pública. Iniciaremos pelo estudo do conceito deste importante
ramo do Direito, para então estudarmos os atos administrativos. Por fim, estudaremos os
princípios que regem a Administração Pública e conheceremos os princípios e características
dos contratos administrativos.
2 DIREITO ADMINISTRATIVO
Importante salientar que estas normas são de cumprimento obrigatório e nem por acordo
entre a Administração e o particular podem ser modificadas.
A Administração Pública realiza sua função através dos atos administrativos. O ato
administrativo, segundo Führer e Milaré (2005, p. 128), pode ser:
l bilateral: no ato administrativo bilateral, existem duas partes envolvidas na relação jurídica.
“Refere-se aos contratos realizados pela Administração, tendo por fim a satisfação de algum
interesse público”.
O ato administrativo será ainda vinculado, “quando o modo de praticar o ato já vem
descrito na lei (FÜHRER; MILARÉ 2003, p. 128-129) ou discricionário, quando o administrador
tem certa liberdade de escolher a oportunidade ou a forma de realizar o ato”.
Além das atividades estatais, existem as entidades paraestatais, que “assumem forma civil,
embora sejam públicas na essência” (FÜHRER; MILARÉ, 2003, p. 131). Com base nos ensinamentos
dos referidos autores (p. 131-132), podemos afirmar que são entidades paraestatais, resumidamente,
as seguintes:
“empresas públicas (pessoas jurídicas de direito privado com capital in-
teiramente público (ex.: BNDES, Embratel etc.), sociedades de economia
mista (pessoas jurídicas de direito privado, formadas com capital público e
particular, com predominância de direção estatal, exemplo: Petrobrás), funda-
ções públicas, constituem uma universalidade de bens, com personalidade
jurídica própria, destacada do patrimônio da entidade estatal instituidora, com
finalidades predeterminadas [...] Ex.: FUNAI.
A Administração Pública não poder agir indistintamente. Os limites a esta atuação são
delineados por princípios que estão previstos no art. 37 da Constituição Federal:
Para fixar bem este conhecimento, visualize a figura a seguir (DICA: caso necessite
“decorar” estes princípios, veja que, na ordem em que aparecem na figura, formam a palavra
“LIMPE”):
d
Apesar dos princípios se destinarem à Administração Pública, também os outros poderes i
r
(Legislativo e Judiciário) ficam obrigados a cumpri-los quando praticam atos administrativos. e
i
t
Assim, os atos da Administração Pública, devem, necessariamente, cumprir alguns o
Já estudamos este princípio no tópico anterior. Ele garante que: "ninguém será obrigado
a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei". Também já afirmamos que o
princípio da legalidade é considerado uma das bases do Estado Democrático de Direito.
Este princípio, quando aplicado ao Direito Administrativo, impõe certos limites à atuação
da Administração Pública, que assim não poderá agir em desconformidade com a lei, sob pena
de configuração de ato abusivo.
Por este princípio, os atos administrativos devem ser realizados com base na moral,
o que pode ser traduzido na necessidade de os atos administrativos serem praticados com
base na probidade.
Sua importância é tal, que a inobservância deste princípio gera a invalidade do ato
administrativo (você se lembra da ação popular que estudamos anteriormente, que tem por
objetivo justamente anular o ato administrativo lesivo ao patrimônio público?) e ainda a
suspensão dos direitos políticos do agente ímprobo (art. 37, §4º da CF).
UNI
Você se lembra do conceito de moral que estudamos na Unidade
1? Se não lembra, volte um pouquinho em seus estudos e confira
este conceito.
Por este princípio, torna-se necessário que os atos administrativos sejam praticados com
transparência, permitindo o conhecimento por todos (pela publicação, por exemplo, no Diário
Oficial, ou comunicação) dos atos que estão sendo praticados pela Administração Pública.
Medauar (2005, p. 147) ressalta a relevância do princípio quando aduz que “O tema
da transparência e visibilidade, também tratado como publicidade da atuação administrativa,
encontra-se associado à reivindicação geral da democracia administrativa”.
Proíbe, pois, este princípio, como regra geral, uma atuação da administração pública que
não permita o conhecimento pela coletividade de seus atos. Ao contrário, exige, assim, que seja
possível o acompanhamento e a fiscalização dos atos dos entes públicos pela sociedade.
Conforme Medauar (2005, p. 149), o vocábulo eficiência está ligado “à ideia de ação
para produzir resultado, de modo rápido e preciso para satisfazer a população”.
Este princípio estabelece que não basta o administrador praticar o ato de acordo com os
princípios antes estudados, mas deve praticá-lo com eficiência, o que significa dizer economia
do dinheiro público e resultados mais efetivos.
Exige-se não apenas cumprimento da lei, mas atos capazes de realizar as necessidades
dos administrados.
Para a validade deste negócio jurídico, são necessários: agente capaz, forma prescrita
ou não defesa em lei e objeto lícito, conforme exige o art. 104 do Código Civil.
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3 DIREITO PROCESSUAL
O Direito Processual é o ramo do Direito Público que regulamenta a forma que as ações
judiciais se desenvolverão no Judiciário. Traz as regras que chamamos de “direito formal”,
enquanto o Direito Civil, por exemplo, traz as regras de “direito material”. Para entendermos
este sistema, podemos visualizar o direito material como sendo “o jogo”, enquanto o direito
processual traz “as regras do jogo”.
O Direito Processual é dividido em três grandes ramos: Direito Processual Civil, Direito
Processual Penal e Direito Processual do Trabalho, correspondentes a cada uma das áreas
do direito material.
O Código de Processo Civil, Lei n. 5.869/73, é a lei que serve de instrumento para o
Direito Processual Civil.
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UNIDADE 2 TÓPICO 2 73
RESUMO DO TÓPICO 2
l Compreender que o Direito Administrativo é o ramo do Direito Público que traz as regras que
se aplicam ao Estado como administrador público.
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74 TÓPICO 2 UNIDADE 2
6 O que ocorrerá com o contrato administrativo, caso não seja respeitado o princípio
da moralidade?
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UNIDADE 2
TÓPICO 3
1 INTRODUÇÃO
Também neste tópico, teremos uma breve noção do Direito Tributário, uma vez que o
seu estudo será objeto de disciplina própria de seu curso.
2 DIREITO PENAL
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Sua função é a “proteção de bens jurídico-penais – bens do Direito – essenciais ao i
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indivíduo e à comunidade” (PRADO, 2005, p. 23). Estes bens são a vida, o patrimônio, os e
costumes, a paz social etc. Uma vez atingidos estes bens jurídicos, o infrator ficará sujeito às i
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sanções previstas na própria legislação penal (penas ou medidas de segurança). o
76 TÓPICO 3 UNIDADE 2
Segundo Damásio de Jesus (2006, p. 33), “Para que haja crime, é preciso, em primeiro
lugar, uma conduta humana positiva ou negativa (ação ou omissão)”.
Porém, para que esta ação ou omissão seja relevante para o Direito Penal, é necessário
que esta ação ou omissão esteja tipificada. Ou seja, é necessário que a lei preveja que esta
ação ou omissão seja enquadrada como crime ou contravenção, chamados “tipos penais”.
Caso contrário, esta ação será irrelevante para o Direito Penal. O homicídio, o furto, o estupro
e todos os crimes previstos na Parte Especial do Código Penal são exemplos de tipos legais.
Damásio de Jesus (2006, p. 33) fornece um exemplo, ao citar o furto de uso, em que a pessoa
pega um bem de outrem para usar e após devolver, sem a intenção de subtraí-lo para si, como
ocorre no furto previsto no art. 155. Podemos dizer assim que se trata de um ato atípico, ou
seja, que não se enquadra no tipo legal, sendo assim irrelevante para o Direito.
Além de típico, o fato precisa ser antijurídico, ou seja, contrário à lei. O fato antijurídico
pode ser considerado como o “fato que, além de típico, não tem a seu favor nenhuma justificativa
como a legítima defesa ou o estado de necessidade” (FÜHRER; MILARÉ, 2005, p. 141). Assim,
um homicídio praticado em legítima defesa será típico, mas não será antijurídico, porque haverá
uma excludente de antijuridicidade que é a legítima defesa, que estudaremos mais adiante.
Podemos dizer, assim, conforme assentado na doutrina, que crime é “fato típico e
antijurídico”.
Já na contravenção, há uma conduta menos grave e que causa menos prejuízo, sendo
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i que, por isso, se cominam penas mais brandas. As contravenções penais são regulamentadas
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e pelo Decreto-Lei n. 3.688, de 3 de Outubro de 1941, conhecido como “Lei das Contravenções
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t Penais”, à qual se aplicam as disposições do Código Penal, naquilo que for aplicável. Exemplos
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UNIDADE 2 TÓPICO 3 77
Assim, “são dolosos os crimes intencionais. Diz-se o crime doloso, quando o agente
quis o resultado (dolo direto) ou assumiu o risco de produzi-lo (dolo eventual)” (FÜHRER;
MILARÉ, 2005, p. 144).
l IMPERÍCIA: “É a falta de habilidade técnica para certas habilidades, como não saber manobrar
Por isso, podemos dizer que há crime culposo quando o agente deu causa ao resultado
por negligência, imprudência ou imperícia.
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Do que estudamos até agora, podemos visualizar o seguinte: r
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78 TÓPICO 3 UNIDADE 2
“aquele que age no exercício regular de direito, quer dizer, que exercita
uma faculdade de acordo com o direito, está atuando licitamente, de forma
autorizada – art. 5º., II, CF [...] (v.g., [...] defesa no esbulho possessório - Art.
1.210 do CC; [...]. Não se pode considerar ilícita a prática de ato justificado
ou permitido pela lei, que se consubstancie em exercício de direito dentro do
marco legal, isto é, conforme os limites nele inseridos,de modo regular e não
abusivo.
2.6 CULPABILIDADE
Havendo a conduta típica e antijurídica, para que tenha lugar a aplicação da pena,
há necessidade de haver a culpabilidade. Assim, diante de um fato típico e antijurídico,
verificar-se-á a conduta do agente, sendo a culpabilidade, segundo Prado (2005, p. 115), “um
juízo de censura ou reprovação pessoal, ou seja, que recai sobre a pessoa do agente, já que
podia ter agido conforme a norma e não o fez [...]”. A seguir, estudaremos os elementos da
culpabilidade.
IMPO
RTA
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Como regra geral, apenas as pessoas físicas (seres humanos)
podem ser sujeitos ativos dos crimes. Como exceção a esta regra,
temos a legislação ambiental, que prevê a responsabilização penal
da pessoa jurídica (Lei n. 9.605/98).
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O artigo 26 do CP traz as causas de inimputabilidade, que, uma vez presentes, afastam e
a imputabilidade do agente: doença mental, desenvolvimento mental incompleto ou retardado, i
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menoridade e embriaguez acidental completa. o
80 TÓPICO 3 UNIDADE 2
Por fim, as penas de multa que variam de 10 a 360 dias-multa (1 dia multa = 1/30 do
salário-mínimo (mínimo) a 5 salários-mínimos (máximo), conforme a situação econômica do
réu.
As medidas de segurança não são penas, mas tão somente meios defensi-
vos da sociedade. A pena refere-se mais à gravidade do delito, ao passo que
a medida de segurança preocupa-se com a periculosidade do agente. [...].
As medidas de segurança são aplicáveis aos loucos. E também, em caráter
substitutivo da pena, aos semiloucos. As medidas de segurança consistem na
internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou na sujeição a
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tratamento ambulatorial, por tempo indeterminado, no mínimo de 1 a 3 anos,
i até a cessação da periculosidade verificada em perícia médica.
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UNIDADE 2 TÓPICO 3 81
As ações penais são os meios através dos quais o Estado realizará a persecução penal.
De uma forma geral, as ações penais são de duas espécies: públicas ou privadas.
Na maioria dos crimes, as ações penais são públicas, ou seja, quem inicia a ação
penal é o Ministério Público, representado pelo Promotor de Justiça, que oferece a denúncia,
independentemente da vontade do ofendido. A este tipo de ação damos o nome de ação
penal pública incondicionada. Há casos, porém, em que a ação penal é pública, mas depende
de iniciativa do ofendido para que possa ser iniciada. A esta iniciativa, dá-se o nome de
“representação”.
Já as ações privadas são aquelas em que o início da ação penal somente ocorre
mediante a iniciativa do ofendido, que ocorre através da “queixa-crime”. São exemplos de
crimes que somente terão a ação penal iniciada mediante queixa-crime: a calúnia, a injúria e
a difamação.
Na parte especial do Código Penal, existem crimes que protegem os principais bens
jurídicos, a vida, o patrimônio, a paz social etc.
Extorsão
Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, Na extorsão, pretende especificamente a obtenção de indevida
e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem vantagem econômica (JESUS, 2006, p. 605).
econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar fazer alguma coisa: Na extorsão mediante sequestro, não há apenas a violência ou grave
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos, e multa. ameaça como no artigo anterior, mas há também um crime contra a
Extorsão mediante sequestro liberdade de locomoção. Trata-se de crime hediondo (Lei n. 8.072/90).
Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para
outrem, qualquer vantagem,como condição ou preço do resgate:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.
Extorsão indireta Não há necessidade de recebimento efetivo do documento, apenas a
Art. 160 - Exigir ou receber, como garantia de dívida, abusando da
situação de alguém, documento que pode dar causa a procedimento exigência é suficiente para configurar o crime.
criminal contra a vítima ou contra terceiro:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
Alteração de limites Este delito tem como objeto jurídico a posse e a propriedade. Só
Art. 161 - Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou qualquer outro pratica este crime o proprietário do prédio vizinho àquele em que se
sinal indicativo de linha divisória, para apropriar-se, no todo ou em alteram os limites (JESUS, 2006, p. 614). Além do tipo previsto no
parte, de coisa imóvel alheia: caput (cabeça) do artigo, os parágrafos preveem outras hipóteses
Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, e multa. que também se consideram como alteração dos limites.
§ 1º - Na mesma pena incorre quem:
Usurpação de águas
I - desvia ou represa, em proveito próprio ou de outrem, águas
alheias;
Esbulho possessório
II - invade, com violência a pessoa ou grave ameaça, ou mediante
concurso de mais de duas pessoas, terreno ou edifício alheio, para o
fim de esbulho possessório.
§ 2º - Se o agente usa de violência, incorre também na pena a esta
cominada.
§ 3º - Se a propriedade é particular, e não há emprego de violência,
somente se procede mediante queixa.
Supressão ou alteração de marca em animais
Art. 162 - Suprimir ou alterar, indevidamente, em gado ou rebanho
alheio, marca ou sinal indicativo de propriedade:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, e multa.
Dano Este artigo trata do crime de dano, inclusive o proprietário de coisa
Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia: comum. Existe também a forma qualificada, quando o dano, por
Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa. exemplo, for praticado contra bem de propriedade da União.
Introdução ou abandono de animais em propriedade alheia
Art. 164 - Introduzir ou deixar animais em propriedade alheia, sem
consentimento de quem de direito, desde que o fato resulte prejuízo:
Pena - detenção, de 15 (quinze) dias a 6 (seis) meses, ou multa.
Dano em coisa de valor artístico, arqueológico ou histórico Interessante que até mesmo o proprietário poderá ser sujeito ativo
Art. 165 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa tombada pela
autoridade competente em virtude de valor artístico, arqueológico ou neste crime, uma vez que o objeto jurídico é o patrimônio histórico
histórico:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. protegido.
Alteração de local especialmente protegido
Art. 166 - Alterar, sem licença da autoridade competente, o aspecto
de local especialmente protegido por lei:
Pena - detenção, de 1 (um) mês a 1 (um) ano, ou multa.
Apropriação indébita Neste crime, o agente apropria-se de bem móvel de que tem a
Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou
a detenção: posse ou detenção. Ex.: Caixa que se apropria de dinheiro do banco.
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Apropriação indébita previdenciária Também existe a forma qualificada.
Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as contribuições
recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal ou convencional:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
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UNIDADE 2 TÓPICO 3 83
Apropriação de coisa havida por erro, caso fortuito ou força da No estelionato, o agente busca obter indevidamente vantagem,
natureza induzindo uma pessoa ao erro. Também são formas de estelionato,
Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu poder por a ele equiparados: a disposição de coisa alheia como própria; a
erro, caso fortuito ou força da natureza: alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria, a defraudação de
Pena - detenção, de 1 (um) mês a 1 (um) ano, ou multa. penhor, a fraude na entrega de coisa, a fraude para recebimento de
Parágrafo único - Na mesma pena incorre: indenização ou valor de seguro; a fraude no pagamento por meio de
Apropriação de tesouro cheque. O Crime também pode ser qualificado, nos casos previstos
I - quem acha tesouro em prédio alheio e se apropria, no todo ou em no 3º.
parte, da quota a que tem direito o proprietário do prédio;
Apropriação de coisa achada Este crime é o que conhecemos como “duplicata fria”. Toda duplicata,
II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou necessária e obrigatoriamente, deverá ser emitida a partir de uma
parcialmente, deixando de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor nota fiscal ou fatura, motivo pelo qual se chama este título de crédito
ou de entregá-la à autoridade competente, dentro no prazo de 15 de título causal.
(quinze) dias.
Estelionato e outras fraudes
Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo
alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício,
ardil, ou qualquer outro meio fraudulento:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.
Duplicata simulada
Art. 172 - Emitir fatura, duplicata ou nota de venda que não
corresponda à mercadoria vendida, em quantidade ou qualidade, ou
ao serviço prestado.
Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único - Nas mesmas penas incorrerá aquele que falsificar
ou adulterar a escrituração do Livro de Registro de Duplicatas.
Abuso de incapazes
Art. 173 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, de necessidade,
paixão ou inexperiência de menor, ou da alienação ou debilidade
mental de outrem, induzindo qualquer deles à prática de ato suscetível
de produzir efeito jurídico, em prejuízo próprio ou de terceiro:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
Induzimento à especulação
Art. 174 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, da inexperiência
ou da simplicidade ou inferioridade mental de outrem, induzindo-o
à prática de jogo ou aposta, ou à especulação com títulos ou
mercadorias, sabendo ou devendo saber que a operação é ruinosa:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
Fraude no comércio
Art. 175 - Enganar, no exercício de atividade comercial, o adquirente
ou consumidor:
I - vendendo, como verdadeira ou perfeita, mercadoria falsificada ou
deteriorada;
II - entregando uma mercadoria por outra:
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, ou multa.
§ 1º - Alterar em obra que lhe é encomendada a qualidade ou o peso
de metal ou substituir, no mesmo caso, pedra verdadeira por falsa ou
por outra de menor valor; vender pedra falsa por verdadeira; vender,
como precioso, metal de outra qualidade:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.
§ 2º - É aplicável o disposto no art. 155, § 2º.
Outras fraudes
Art. 176 - Tomar refeição em restaurante, alojar-se em hotel ou
utilizar-se de meio de transporte sem dispor de recursos para efetuar
o pagamento:
Pena - detenção, de 15 (quinze) dias a 2 (dois) meses, ou multa.
Parágrafo único - Somente se procede mediante representação, e o
juiz pode, conforme as circunstâncias, deixar de aplicar a pena.
Fraudes e abusos na fundação ou administração de sociedade
por ações
Art. 177 - Promover a fundação de sociedade por ações, fazendo,
em prospecto ou em comunicação ao público ou à assembleia,
afirmação falsa sobre a constituição da sociedade, ou ocultando
fraudulentamente fato a ela relativo:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, se o fato não
constitui crime contra a economia popular.
Emissão irregular de conhecimento de depósito ou "warrant"
Art. 178 - Emitir conhecimento de depósito ou warrant, em desacordo
com disposição legal:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Fraude à execução
Art. 179 - Fraudar execução, alienando, desviando, destruindo ou
danificando bens, ou simulando dívidas:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, ou multa.
Receptação Para que se configure a receptação, não é necessário que o crime
Art. 180- Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em
proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou seja contra o patrimônio. Damásio de Jesus (2006, p. 691) dá o
influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte: d
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. exemplo de um funcionário público que pratica o crime de peculato. i
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FONTE: A autora e
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84 TÓPICO 3 UNIDADE 2
3 DIREITO TRIBUTÁRIO
O Direito Tributário estudará, pois, tudo que se refere aos tributos, desde sua origem,
fato gerador, o responsável pelo seu pagamento, qual a alíquota correspondente, a base de
incidência e como se faz o recolhimento. Este ramo do Direito também especifica quem ficará
isento do pagamento, o que é elisão fiscal etc.
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UNIDADE 2 TÓPICO 3 85
RESUMO DO TÓPICO 3
l Para que seja aplicada a sanção prevista em lei, será necessário que também esteja presente
a culpabilidade.
l O Direito Tributário é o ramo do Direito Público que tem por objeto o estudo das obrigações
entre o contribuinte e o Fisco.
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86 TÓPICO 3 UNIDADE 2
Grupo 2
( ) É a falta de habilidade técnica para certas habilidades.
( ) Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel.
( ) Adquire-se, como regra geral, aos 18 anos completos, salvo exceções previstas em
lei.
( ) Tipicidade e antijuridicidade.
( ) Defesa ou o estado de necessidade.
( ) Exemplo de pena restritiva de direitos.
( ) Estado de necessidade, legítima defesa e estrito cumprimento do dever legal e
exercício regular de direito.
( ) Negligência, imprudência e imperícia.
( ) Propósito de praticar o fato descrito na lei penal.
( ) Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou
violência à pessoa, ou depois de havê-la por qualquer meio, reduzido à impossibilidade
de resistência.
( ) Documento que representa o início da ação penal pública condicionada.
( ) Fato que, além de típico, não tem a seu favor uma justificativa como a legítima.
d
i ( ) Conduta precipitada ou afoita, a criação desnecessária de um perigo.
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UNIDADE 2
TÓPICO 4
1 INTRODUÇÃO
Neste penúltimo tópico de nossa unidade, vamos conhecer o Direito Eleitoral e o Direito
Militar.
2 DIREITO ELEITORAL
3 DIREITO MILITAR
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Para Martins, (2008 p. 42) , “o direito militar pode ser definido como o conjunto harmônico e
de princípios e normas jurídicas que regulam matéria de natureza militar, podendo ser de i
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caráter constitucional, penal ou administrativo.” É, pois, o direito que regulamenta a atividade o
dos militares.
88 TÓPICO 4 UNIDADE 2
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UNIDADE 2 TÓPICO 4 89
RESUMO DO TÓPICO 4
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90 TÓPICO 4 UNIDADE 2
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UNIDADE 2
TÓPICO 5
1 INTRODUÇÃO
Em que pese esta unidade 2 tratar dos ramos do Direito Público (apenas para fins
de divisão do nosso conteúdo) o Direito do Trabalho e o Direito do Consumidor têm sido
enquadrados pela doutrina como ramos especiais, que não pertencem nem ao Direito Público,
nem ao Direito Privado.
Neste tópico, traremos uma breve noção sobre o Direito do Trabalho, tendo em vista que
este será objeto de uma disciplina mais adiante. Em seguida, traremos os principais institutos
do Direito do Consumidor e do Direito Ambiental.
2 DIREITO DO TRABALHO
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Regulamenta as relações trabalhistas, ou seja, “entre empregado e empregador (patrão)” e
(NUNES, 2003, p. 131). i
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92 TÓPICO 5 UNIDADE 2
O Direito do Trabalho tem a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) como sua principal
norma, mas também a Constituição da República e a legislação esparsa.
São objeto do Direito do Trabalho as relações trabalhistas, sejam elas individuais (entre
empregado e empregador) ou coletivas, “[...] que contemplam as relações entre grupos ou
associações de trabalhadores e de patrões, seus contratos e suas lutas” (FÜHRER; MILARÉ,
2005, p. 160).
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3 DIREITO DO CONSUMIDOR
As relações entre fornecedor e consumidor são estudadas por este importante ramo do
Direito que está concentrado no Código de Defesa do Consumidor (CDC, Lei n. 8.078/90). É
este diploma legal que prevê a responsabilidade objetiva (independente de culpa) do fornecedor
e as consequências do descumprimento desta responsabilidade. Prevê também os crimes nas
relações de consumo e suas penas.
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UNIDADE 2 TÓPICO 5 93
O conceito de fornecedor também é trazido pelo CDC, conforme Silva (2005), em seu
art. 3º.:
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A igualdade a que nos referimos é aquela entre consumidor e
fornecedor.
l colocar no verso do cheque a data combinada para a compensação (caso seja pré-datado)
e a que ele se destina;
l não se esquecer que as lojas de roupas são obrigadas apenas a trocar peças com
defeitos.
Apesar de ser garantido ao consumidor o direito de reclamar, este direito não é eterno.
O art. 26 do CDC, (SILVA, 2005), traz os prazos de decadência e prescrição do direito de
reclamar. Em ambos os casos, há perda do direito pelo decurso do prazo, ou seja, por não ter
reclamado no tempo máximo previsto na lei. A diferença é que na decadência a perda é do
direito, não cabendo ao consumidor nenhum meio para materializar seu descontentamento.
Visando a uma abordagem bem didática, podemos afirmar que, segundo o art. 26 do
CDC:
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UNIDADE 2 TÓPICO 5 97
3.6 DESCONSIDERAÇÃO
DA PERSONALIDADE JURÍDICA
l estado de insolvência;
l encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má administração;
l quando a personalidade jurídica for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos
causados aos consumidores, ou seja, quando a personalidade jurídica for utilizada para
frustrar a concretização dos direitos do consumidor.
A exemplo, veja o que estabelece o art. 47 do CDC (SILVA, 2005, p. 42): As cláusulas
contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor.
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DICA
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Entre no site do IDEC (www.idec.org.br) e veja a versão atualizada
e do CDC. Leia o Capítulo VI, que trata da Proteção Contratual.
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UNIDADE 2 TÓPICO 5 99
Neste capítulo, você encontrará disposições legais que se aplicam à relação contratual e
que envolve a relação contratual de consumo. Dentre estes artigos, destacamos a possibilidade
de o consumidor desistir do contrato, a proibição de haver cláusulas abusivas, o tratamento
diferenciado do contrato de adesão, a nulidade de cláusulas que importem na perda de parcelas
pagas etc.
Também é enganosa a publicidade, segundo o §3º do art. 37, “por omissão quando
deixar de informar sobre dado essencial do produto ou serviço”.
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100 TÓPICO 5 UNIDADE 2
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DICA
4 DIREITO AMBIENTAL
O Direito Ambiental “é composto das normas jurídicas que cuidam do meio ambiente
em geral, tais como a proteção de matas, florestas e animais a serem preservados, o controle
de poluição e do lixo urbano” (NUNES, 2003, p. 132).
RESUMO DO TÓPICO 5
l As relações trabalhistas, são objeto do Direito do Trabalho sejam elas individuais (entre
empregado e empregador) ou coletivas.
l O CDC traz diversas disposições sobre proteção contratual, publicidade e ainda as hipóteses
l O Direito Ambiental traz as regras que regem a proteção do meio ambiente, sendo um direito
multidisciplinar.
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102 TÓPICO 5 UNIDADE 2
3 Qual é o prazo de prescrição para reclamar por vício aparente ou de fácil constatação
em um produto ou serviço?
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UNIDADE 2
TÓPICO 6
1 INTRODUÇÃO
Como último tópico desta unidade, trazemos noções gerais de direito internacional
público.
O Direito Internacional cuida, assim, das relações entre os Estados entre si e entre
seus integrantes, que são instrumentalizadas em acordos (tratados e convenções) que são
respeitados por aqueles que o firmaram.
São, assim, fontes do direito internacional público: convenções internacionais; o costume
internacional; os princípios gerais de direito, decisões judiciárias, doutrina dos publicistas,
tratados e convenções internacionais.
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ESTUD
LEITURA COMPLEMENTAR
Almeja-se demonstrar com o presente artigo que aquilo que as empresas realizam sob
o rótulo da “responsabilidade social” nada mais é do que decorrência da lei ou orientação legal.
Em razão das modernas legislações que preconizam um tratamento adequado à relação da
empresa com o consumidor, com o meio ambiente, com o trabalhador, com o público externo,
dentre outros, seja em razão de incentivos, em especial tributários, em alguns casos obriga-
se, em outros, motiva-se a empresa a exercer sua atividade de modo a obter um desempenho
consentâneo com a melhoria das condições socioeconômicas e ambientais.
Dado o intuito, conceituar-se-á filantropia, para se afirmar que a mesma não se confunde
com responsabilidade social, cotejar-se-á a legislação que autoriza compreendê-la como uma
orientação ou decorrência legal e, por fim, invocar-se-á proposição de uma Lei Social, como
forte argumento a embasar a tese ora defendida, em especial para desmistificar a ideia segundo
a qual a responsabilidade social é ato voluntário das empresas. A pergunta que se faz neste
contexto é: quais são os motivos que ensejam uma atuação socioeconômica e ambientalmente
orientada por parte da empresa? Será que a principal motivação advém de uma preocupação
das empresas com o social, com o ambiental e o econômico? Ou será que a lei constitui
instrumento motivador de uma conduta responsável, na maioria das vezes?
Recentemente, a propósito, este ponto de vista foi reforçado em importante artigo escrito
por Michael PORTER, no qual critica o equívoco em se entender a responsabilidade social
como sinônimo de filantropia, em especial porque ações meramente filantrópicas são incapazes
de patrocinar melhorias estratégicas para a empresa. Ricardo VOLTOLINI, no artigo “Porter e
a responsabilidade social empresarial”, descreve, brevemente, a tese de Porter: “O resultado
é a fragmentação de ações, uma mistura de iniciativas filantrópicas e medidas paliativas que
até produzem algum dividendo de relações públicas, mas, isoladas, não geram resultados
transformadores nem para as comunidades nem para o êxito empresarial”. Percebe-se, portanto,
que responsabilidade social não é o mesmo que filantropia, consistindo a responsabilidade social
no privilégio de ações relacionadas ao objeto social da empresa, que tenham a capacidade de
fazer o melhor em termos estratégicos para a empresa e para a sociedade, diante dos reflexos
ambientais, culturais, sociais, econômicos e trabalhistas.
Diante disso, adotar uma postura socialmente responsável não é exercício de filantropia,
beneficência, mas estrita observância à lei naquilo que se refere à atividade desempenhada
pela empresa, com o intuito de obter o melhor desempenho possível em termos estratégicos
empresariais e reflexos sociais, econômicos e ambientais para os públicos e segmentos com
os quais a empresa se relaciona.
promoção do bem de todos; art. 5º, XXIII – a propriedade atenderá à sua função social; art.
170 – dos princípios gerais da atividade econômica; art. 185, parágrafo único, 186 e 219 –
critérios. Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre
iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça
social, observados os seguintes princípios: I - soberania nacional; II - propriedade privada; III
- função social da propriedade; IV - livre concorrência; V - defesa do consumidor; VI - defesa
do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental
dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação; VII - redução das
desigualdades regionais e sociais; VIII - busca do pleno emprego; IX – tratamento favorecido
para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede
e administração no País. Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer
atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos
previstos em lei, para o atendimento da função social da propriedade e desapropriação ante
o não atendimento daquela.
inédita no país carente até de boas ações. Milhões de organizações e pessoas interessadas,
voluntárias ou obrigadas. Não importa. O que importa é a causa, é o combate à miséria e à
pobreza de uma forma ampla, completa e irrestrita”. Essa Lei Social, não obstante já se tenha
inúmeras leis no Brasil fundamentando a atuação socioeconômica e ambientalmente orientada
das empresas, talvez contribuiria para fomentar ainda mais esta atuação e para firmar o
entendimento de que a responsabilidade social decorre da lei.
V – Conclusões
Diante das breves considerações acima lançadas, têm-se as seguintes conclusões:
1. Responsabilidade Social não se confunde com Filantropia, consistindo esta em ações diversas
do objeto da empresa e realizadas além daquilo preconizado pela lei e a responsabilidade
social, ao contrário, de atitudes ligadas ao objeto social da empresa e orientadas pela lei.
2. Responsabilidade Social é uma conduta orientada pela lei, resultando numa opção
estratégica da empresa, por motivos relacionados a um desempenho empresarial ótimo e com
reflexos sociais, seja ainda em razão dos incentivos fiscais decorrentes desta atuação.
3. A proposta de criação de uma Lei Social reafirmaria o ora defendido, de que a Responsabilidade
Social decorre da Lei, bem como contribuiria para fomentar condutas socioeconômicas e
ambientalmente orientadas por parte da empresa.
Fonte: BESSA, Fabiane Lopes Bueno Netto. Responsabilidade Social das Empresas – Práticas
Sociais e Regulação Jurídica. Rio de Janeiro: Editora Lumen Júris, 2006, p. 140-141.
VOLTOLINI, Ricardo. Porter e a responsabilidade social empresarial. Gazeta Mercantil,
sexta-feira, 23 de Fevereiro de 2007. Disponível em: <www.gazeta.com.br/integraNoticia.aspx?>. Acesso
em: 23 fev. 2007.
GIOSA, Lívio. Responsabilidade Social forma um novo retrato das organizações brasileiras. Revista
Brasil Responsável, São Paulo. Disponível em: <www.liviogiosa.com.br>. Acesso em: 7 mar. 2007.
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UNIDADE 2 TÓPICO 6 109
RESUMO DO TÓPICO 6
l O Direito Internacional Público cuida das relações entre os Estados entre si e entre seus
integrantes.
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110 TÓPICO 6 UNIDADE 2
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UNIDADE 2 TÓPICO 6 111
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112 TÓPICO 6 UNIDADE 2
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UNIDADE 3
DIREITO PRIVADO
Objetivos de aprendizagem
PLANO DE ESTUDOS
TÓPICO 1
1 INTRODUÇÃO
Antes, porém, vamos estudar o conceito deste ramo do Direito, que é tido como o
principal ramo do Direito Privado, especialmente com a inserção do Direito Empresarial no
Código Civil, que entrou em vigor em 2003.
As normas de Direito Civil estão reunidas no Código Civil, Lei nº 10.406/02 de 2002,
que entrou em vigor em 2003, e também em outras leis, como a lei de Locações Urbanas,
Registros Públicos, Divórcio, entre muitas outras. d
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Neste momento do nosso estudo, concentrar-nos-emos no Código Civil. Ele inicia e
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com a Lei de Introdução ao Código Civil (LICC), que traz importantes normas jurídicas sobre t
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o
a aplicação da lei no tempo e no espaço, entre outras. Após a LICC, o Código Civil é dividido o
Podemos então dizer que o Código Civil é dividido em duas grandes partes:
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i FONTE: A autora
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UNIDADE 3 TÓPICO 1 117
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118 TÓPICO 1 UNIDADE 3
RESUMO DO TÓPICO 1
l O Direito Civil trata das relações entre particulares, sem que o Estado participe desta
relação.
l O Direito Civil é composto de uma parte geral e uma especial. A Parte Geral é precedida da
LICC (Lei de Introdução do Código Civil).
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UNIDADE 3 TÓPICO 1 119
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120 TÓPICO 1 UNIDADE 3
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UNIDADE 3
TÓPICO 2
1 INTRODUÇÃO
Agora que você já conhece a estrutura do Direito Civil, vamos estudar separadamente
cada uma das suas partes.
Como você já viu, a parte geral do Código Civil trata Das pessoas, Dos bens e Dos
Fatos Jurídicos.
Importante ressaltar que esta parte geral do Código Civil traz regras que se aplicam
a todos os ramos do Direito que compõem a parte Especial do Código e que também será
aplicável nas organizações empresariais.
O Código Civil é o principal instrumento do Direito Civil, que também tem como
instrumentos a legislação esparsa, tais como a lei do Divórcio, Lei das Locações Urbanas,
dos Registros Públicos. Contudo, para bem compreender o Direito Civil, precisamos conhecer
bem o Código Civil.
No livro I do Código Civil encontramos as regras que disciplinam as pessoas. Estas são
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divididas em pessoas físicas e jurídicas, como veremos a seguir: i
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122 TÓPICO 2 UNIDADE 3
Como já dissemos anteriormente, o Código Civil trata das pessoas no Livro I. Quando
falamos em “pessoas”, podemos nos referir às pessoas físicas (naturais), ou às pessoas
jurídicas.
A pessoa física, também chamada de pessoa natural, é o ser humano. Diz-se natural,
porque sua existência legal se inicia por um fato natural (o nascimento).
Quando tratamos da prática destes atos jurídicos, precisamos entender que as pessoas
físicas têm personalidade jurídica e capacidade jurídica.
Fica, assim, a pessoa natural “autorizada a praticar qualquer ato jurídico que deseja,
salvo se houver proibição expressa” (COELHO, 2006, p. 156).
Toda pessoa natural tem personalidade jurídica, desde que nasça com vida, porém o
Código Civil protege o nascituro (bebê em gestação) desde a concepção. Da personalidade
decorrem vários direitos, tais como ao nome, ao corpo, à honra etc.
d
i
r Ou seja, uma pessoa física pode ter personalidade jurídica para praticar um determinado
e
i
ato da vida civil, porém ser incapaz para praticá-lo por si só, ou “pessoalmente”, conforme diz
t o Código Civil. A capacidade é a regra, como nos ensina Coelho (2006, p. 160):
o
UNIDADE 3 TÓPICO 2 123
As pessoas são, por princípio, capazes e podem, assim, praticar os atos e negócios por
si mesmas. A incapacidade é uma situação excepcional prevista expressamente em lei com
o objetivo de proteger determinadas pessoas. Os incapazes são considerados, pela lei, não
inteiramente preparados para dispor e administrar seus bens e interesses sem a mediação de
outra pessoa (represente ou assistente).
Podemos ilustrar o que acabamos de ver através do seguinte exemplo: João, que é
menor, com quinze anos de idade, recebeu um imóvel de herança de seu avô. Pode-se afirmar
d
que João tem personalidade jurídica, porém o Código Civil dispõe que os menores de 16 anos i
r
são absolutamente incapazes de exercer atos da vida civil. Assim, não poderá vender “sozinho” e
i
o imóvel de que é titular, porque, apesar de ter personalidade jurídica, lhe falta “capacidade t
civil” para tal, sendo necessário, para que o negócio se concretize, que seja representado por o
124 TÓPICO 2 UNIDADE 3
A incapacidade civil em razão da menoridade cessa aos 18 anos. Porém, esta incapacidade
poderá terminar antes, caso ocorram os casos previstos no Código Civil: a emancipação, que
é concedida pelos pais ou pelo juiz nas condições previstas em lei; pelo exercício de emprego
público efetivo; pela colação de grau em curso superior; pelo estabelecimento civil ou comercial
que garanta economia própria.
A pessoa jurídica, por sua vez, “é a entidade constituída de homens ou bens, com vida,
direitos, obrigações e patrimônios próprios” (RAPOSO E HEINE, 2004, p. 33). É constituída
pelo homem, e nasce da junção da vontade destas pessoas. Segundo o dicionário jurídico De
Plácido e Silva (1991, p. 368):
d
i
r a expressão é utilizada para designar as “instituições, corporações, associa-
e ções e sociedades, que por força ou determinação da lei, se personalizam,
i
tomam individualidade própria, para constituir uma entidade jurídica, distinta
t
o das pessoas que a formam ou que a compõem. Diz-se jurídica porque se
mostra uma encarnação da lei.[...]
UNIDADE 3 TÓPICO 2 125
Este documento deverá ser redigido de acordo com o que dispõe a lei. Para que a
pessoa jurídica exista juridicamente, passando assim a ser sujeito de direito, é necessário o
registro deste documento no órgão competente (Junta Comercial ou Cartório de Registro de
Pessoas Jurídicas ou Títulos e Documentos, conforme denominação em cada Estado), que
também dependerá do tipo de sociedade. Neste órgão, deverão ser também registradas todas
as alterações e modificações do contrato social ou do estatuto.
IMPO
RTA
NT E!
O Contrato Social das Sociedades Limitadas deverá ser vistado por
um advogado em todas as suas páginas.
Uma vez constituída de acordo com o que determina a legislação, a pessoa jurídica
passa a ter vida própria, sendo, portanto, sujeito de direito e, assim sendo, titular de direitos
e obrigações.
Apenas a pessoa jurídica responde por suas obrigações como regra geral, tendo
existência e patrimônio próprios. Pode, contudo, ocorrer a desconsideração da pessoa jurídica,
nos casos previstos em lei, tanto no Código Civil como no Código do Consumidor, em caso
de abuso por parte dos seus componentes, a exemplo do que ocorre quando usam a pessoa
jurídica para cometer fraudes. Quando houver a desconsideração da pessoa jurídica, os bens
particulares de seus integrantes poderão responder por dívidas da empresa.
As pessoas jurídicas podem ser classificadas, segundo Raposo e Heine (2004, p. 36),
quanto à orbita de atuação: d
i
r
l pessoa jurídica de direito público externo, e de direito público interno. As pessoas jurídicas e
i
de direito público externo são os países estrangeiros, organismos internacionais e outros t
o
do gênero; e as de direito público interno: a União, Estados, Municípios, Distrito Federal,
126 TÓPICO 2 UNIDADE 3
etc.
l pessoa jurídica de direito privado, que são as que interessam ao nosso estudo, uma vez
que são regidas pelos princípios de direito privado. São elas: as sociedades, as associações
e as fundações.
De forma resumida, podemos dizer que as sociedades, são “pessoas jurídicas de fins
econômicos” (COELHO, 2006, p. 253). Ou seja, o que motiva a constituição e a manutenção
deste tipo de pessoa jurídica é a obtenção de lucro, sendo esta sua principal finalidade.
As sociedades, por sua vez, de acordo com o Código Civil, podem ser classificadas
em empresárias ou simples.
Esta classificação decorre “de acordo com a forma como é organizada a exploração da
atividade econômica” (COELHO, 2006, p. 254). O mesmo autor nos ensina que as sociedades
empresárias são as que combinam os quatro fatores de produção (capital, mão de obra,
consumo e tecnologia), organizando as atividades como empresa. Aponta como sociedades
empresárias: um banco, um hospital, um supermercado, etc. Destas sociedades cuida o
Direito Comercial. As “sociedades limitadas” e as “sociedades anônimas” que conhecemos
são espécies de sociedades empresárias.
A Associação, por sua vez, caracteriza-se como sendo “a pessoa jurídica em que se
reúnem pessoas com objetivos comuns de natureza não econômica” (COELHO, 2006, p. 248).
O mesmo professor exemplifica como associações as constituídas por moradores de um bairro,
“Associação de Moradores”, ou uma “Associação de Lojistas” de uma cidade.
FONTE: A autora
O domicílio da pessoa jurídica é o local que for escolhido nos seus atos constitutivos,
ou em não tendo havido esta escolha, será considerado como domicílio o local de sua sede,
por ser este o local onde deverá cumprir suas obrigações.
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128 TÓPICO 2 UNIDADE 3
RESUMO DO TÓPICO 2
l O Livro I da Parte Geral do Código Civil trata das pessoas físicas e jurídicas.
l Existem os relativamente incapazes, que serão assistidos pelo seu representante legal, e
os totalmente incapazes, que serão representados.
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UNIDADE 3 TÓPICO 2 129
Grupo 1
Grupo 2
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UNIDADE 3
TÓPICO 3
1 INTRODUÇÃO
Os bens são estudados no Livro II da Parte Geral do Código Civil. Este tópico será
dedicado ao seu estudo, especialmente conceitos e classificação.
2 CONCEITO DE “BEM”
Para entendermos o conceito de bem, precisamos primeiro entender que, para o Direito,
“bem” e “coisa” não se confundem. São bens apenas as coisas que têm valor econômico e que
podem ser apropriados pelo homem.
Podemos, pois, chamar de “bem” “tudo aquilo que satisfaz uma obrigação” (GONÇALVES,
2006, p. 238-239), podendo também ser considerados bens as “coisas materiais, concretas,
úteis aos homens e de expressão econômica, suscetíveis de apreciação, bem como as de
existência imaterial economicamente apreciáveis”.
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o
132 TÓPICO 3 UNIDADE 3
Inicialmente vamos estudar a clássica divisão entre bens móveis ou imóveis. O conceito
de bens móveis é trazido pelo próprio Código Civil, em seu art. 82. Como o próprio nome diz,
móveis são [...] “os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por força alheia,
sem alteração da substância ou da destinação econômico-social.” Os animais, chamados
semoventes (porque se movem por si sós), são considerados pelo direito como bens móveis.
Também são considerados bens móveis perante o direito civil as ações das sociedades, os
papéis do mercado de valores, entre outros.
Os imóveis, como regra geral, são os bens “que se não se podem transportar, sem
destruição, de um para o outro lugar” (BEVILÁCQUA apud GONÇALVES, 2006, p. 246). Assim,
podemos considerar como bens imóveis o solo e seus componentes, o subsolo e o espaço
aéreo. Porém, segundo o Código Civil, em seu art. 79, “são bens imóveis o solo e tudo quanto
se lhe incorporar natural ou artificialmente” e, assim sendo, são imóveis as construções, as
plantações, as árvores e os frutos etc.
Esta distinção é de suma importância por diversos motivos. Por exemplo, a aquisição
da propriedade de bens móveis se dá pela simples tradição (entrega), enquanto a dos bens
imóveis só ocorre depois do registro da escritura pública no cartório do registro de imóveis.
Para as pessoas casadas entregarem bens imóveis como garantia (ex.: hipoteca), dependem
da autorização do cônjuge, o que não acontece nos bens móveis, entre outros.
Exemplo da importância desta distinção se dá no estudo dos contratos, pois é ela que
vai determinar a espécie de contrato cabível. Por exemplo, no mútuo, o objeto deve ser coisa
fungível, enquanto no comodato o bem será necessariamente infungível.
O conceito de bens divisíveis também consta do Código Civil em seu art. 87, que diz
que bens divisíveis “são os que se podem fracionar sem alteração de sua substância, diminuição
considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se destinam”, e indivisíveis, aqueles que não
possuem esta qualidade, como exemplo, uma máquina, uma vez que se tirarmos uma peça,
ela deixa de funcionar.
Conforme o art. 89 do Código Civil, são singulares os bens que, “embora reunidos se
consideram de per si, (por si só) independente dos demais”. Assim, um carro é um bem singular
quando considerado individualmente, como a maioria dos bens. Os bens coletivos, também
chamados universalidades, são os que, “sendo compostos por várias coisas singulares se
consideram em conjunto” (GONÇALVES, 2006, p. 260). Assim, o mesmo carro, que é um bem
singular, pode integrar um conjunto e assim formar um bem coletivo, como uma frota.
d
i
3.6 BENS PRINCIPAIS E ACESSÓRIOS r
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Os bens podem ser ainda principais ou acessórios. t
o
134 TÓPICO 3 UNIDADE 3
Os produtos se distinguem dos frutos porque não podem ser colhidos periodicamente,
“como as pedras e os metais, que se extraem das pedreiras e das minas (Bevilácqua apud
Gonçalves, 2006, p. 263).
Já os frutos, segundo (Gonçalves, 2006, p. 264-265) “são utilidades que uma coisa
periodicamente produz. Nascem e renascem da coisa, sem acarretar-lhe a destruição no todo
ou em parte [...]”. Os frutos são ainda classificados em naturais, como o fruto das árvores,
industriais, como por exemplo “a produção de uma fábrica” (GONÇALVES, 2006, p. 264) e,
também, civis, “que são os rendimentos produzidos pela coisa, em virtude de sua utilização
por terceiros, como os juros e os aluguéis” (Gonçalves, 2006, p. 263).
As pertenças, segundo o art. 93, ao contrário dos frutos e produtos, não são partes
integrantes do bem, como os produtos e os frutos, mas se destinam, de modo duradouro,
ao uso, serviço ou amorfoseamento de outro. Como exemplo, podem-se citar os “objetos de
decoração de uma residência” (GONÇALVES, 2006, p. 265). Por fim, as benfeitorias “são os
melhoramentos que podem ser inseridos na coisa” (GONÇALVES, 2006, p. 267). O tipo de
melhoramento que for inserido na coisa determinará o tipo de benfeitoria, qual seja, necessárias,
úteis ou voluptuárias.
A distinção entre os tipos de benfeitoria é encontrada no Código Civil em seu art. 96.
Assim, de forma resumida, são necessárias aquelas destinadas à conservação do bem (ex.:
manutenção de um telhado de uma casa), enquanto as necessárias são as que aumentam
ou facilitam seu uso (ex.: instalação de um ar condicionado), e, por fim, as voluptuárias que
são aquelas de mero deleite ou recreio, mas que não aumentam nem facilitam o uso do bem
(como por exemplo um jardim). Vistas as diferenças entre as classes de bens principais e suas
subdivisões, para uma melhor compreensão, de forma esquematizada, podemos visualizar o
seguinte:
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UNIDADE 3 TÓPICO 3 135
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136 TÓPICO 3 UNIDADE 3
RESUMO DO TÓPICO 3
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UNIDADE 3 TÓPICO 3 137
Por isso, podemos dizer que são bens _______________ aqueles “que não
se podem transportar, sem destruição, de um para o outro lugar” (BEVILÁCQUA apud
GONÇALVES, 2006, p. 246).
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138 TÓPICO 3 UNIDADE 3
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UNIDADE 3
TÓPICO 4
1 INTRODUÇÃO
No Livro III do Código Civil, vamos encontrar a legislação referente aos fatos jurídicos.
O entendimento deste conceito é também fundamental no estudo das relações entre o Direito
e as atividades empresariais.
Desta forma,
Os fatos jurídicos podem ser naturais, porque vêm da natureza (ex.: nascimento, morte,
terremoto, raios etc.), e, assim, independem da vontade humana para ocorrerem; ou humanos,
que dependem da vontade humana para se verificarem, que também são chamados atos
jurídicos. Para o nosso estudo, é preciso que entendamos bem o conceito de ato jurídico. Mas
antes, vamos visualizar de forma esquematizada o que vimos até agora?
FONTE: A autora
Os atos jurídicos são divididos em lícitos, quando seus efeitos são voluntários, e ilícitos,
quando os efeitos são involuntários, conforme explica Gonçalves (2006, p. 278).
Desta forma, um contrato de compra e venda, que seja firmado dentro do que dispõe a
lei, será um ato jurídico lícito, pois seu efeito será aquele esperado, ou seja, o pagamento do
preço resultará na transferência da propriedade. Já um acidente de trânsito será um ato ilícito,
pois gerará efeitos não pretendidos pelas partes envolvidas.
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4 NEGÓCIO JURÍDICO
i
t
o Dentre a classificação dos atos jurídicos, temos o NEGÓCIO JURÍDICO, como você
pode ver do esquema anterior, tendo como característica principal a junção da vontade dos
UNIDADE 3 TÓPICO 4 141
agentes (particulares) que produzirá os efeitos pretendidos, ou seja, criar, modificar, transferir
ou extinguir direitos. Por isso se diz que o contrato é seu símbolo (Amaral apud Gonçalves,
2006, p. 281).
IMPO
RTA
NT E!
Você entendeu por que este conceito é tão importante? Porque as
transações empresariais geralmente envolvem contratos, que são
as principais espécies de negócio jurídico.
Para que o negócio jurídico seja VÁLIDO, ou seja, para que possa produzir os efeitos
de criar, modificar, transferir ou extinguir direitos, é necessário que estejam presentes seus
requisitos de validade, previstos no art. 104 do Código Civil:
Para que o agente seja CAPAZ, é preciso que tenha CAPACIDADE CIVIL, que é a
aptidão para praticar por si os atos da vida civil. Esta incapacidade pode ser absoluta ou relativa,
como vimos acima. Em caso de incapacidade absoluta do agente (por exemplo, menores de
16 anos) ele será representado e em caso de incapacidade relativa (por exemplo, maior de 16
e menor de 18 anos) o agente será assistido.
d
i
O OBJETO LÍCITO é “o que não atenta contra a lei, a moral ou os bons costumes” r
e
(GONÇALVES, 2006, p. 320). Assim, como você já viu, os bens públicos não podem ser objeto i
de compra e venda, pois sua alienação não é permitida por lei. t
o
142 TÓPICO 4 UNIDADE 3
A FORMA é a maneira pela qual o negócio jurídico se exterioriza. Segundo o Código Civil,
a forma deve ser a prescrita (prevista) ou não defesa (proibida) em lei. Assim, por exemplo,
falando em transações imobiliárias, podemos dizer que a compra e venda de um bem imóvel
para ser válida DEVE NECESSARIAMENTE SER REALIZADA POR ESCRITURA PÚBLICA,
e não apenas por contrato, pois assim exige o Código Civil.
Quando faltarem os requisitos legais, o negócio jurídico será NULO, como previsto no
art. 166 do Código Civil.
São defeitos do ato jurídico os previstos nos artigos 138 ao 165 do Código Civil: o erro
substancial, o dolo, a coação, o estado de perigo, a lesão e a fraude contra credores.
De uma forma simplificada, podemos dizer que:
l No dolo, há o emprego de um artifício para induzir alguém para realizar o negócio em benefício
próprio ou de terceiro.
l Na fraude a credores, o devedor se desfaz de seus bens, de forma maliciosa para escapar
das dívidas.
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i
r
e l No estado de perigo, ficará demonstrado quando alguém se obrigar por uma prestação
i
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muito onerosa, para salvar a si, pessoa de sua família, ou outro ente querido de grave dano
o conhecido da outra parte.
UNIDADE 3 TÓPICO 4 143
l Por fim, haverá lesão quando uma pessoa, em razão de necessidade ou inexperiência se
obriga por uma prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta.
Por exemplo, quando uma pessoa vende um bem por um valor muito inferior ao que ele
realmente vale, por dificuldades financeiras.
Assim, se um negócio jurídico for assinado por um menor de 16 anos, ele será nulo e
não poderá produzir efeitos. Porém, se uma pessoa maior for coagida a assiná-lo, ele será
anulável, só não produzindo efeitos depois desta declaração.
d
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144 TÓPICO 4 UNIDADE 3
RESUMO DO TÓPICO 4
l O contrato é o principal símbolo do negócio jurídico que, para sua validade, depende da
existência de agente capaz, objeto lícito e forma prescrita ou não proibida em lei.
l Na falta dos requisitos legais ou em ocorrendo “defeito” no negócio jurídico, o ato poderá ser
nulo ou anulável.
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UNIDADE 3 TÓPICO 4 145
5 Caso um bem público seja vendido em afronta à lei, o que ocorrerá com o contrato?
Por quê?
d
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146 TÓPICO 4 UNIDADE 3
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UNIDADE 3
TÓPICO 5
1 INTRODUÇÃO
Agora sim podemos conhecer os ramos do Direito Civil que compõem a parte especial
do Código Civil: Direito das Obrigações, Direito da Empresa, Direito das Coisas, Direito de
Família e Direito das Sucessões. Cada um dos ramos específicos desta parte especial disciplina
uma espécie de relação jurídica, como veremos nos próximos itens.
2 SUBDIVISÕES DA PARTE
ESPECIAL DO DIREITO CIVIL
O Direito das Obrigações “trata do vínculo pessoal que liga credores e devedores,
tendo por objeto uma prestação patrimonial” (MAX; ÉDIS, 2005, p. 224).
FONTE: A autora
Analisando este conceito, podemos ver que alguém se obriga a uma prestação que
pode ter três modalidades, que correspondem ao tipo de obrigação: obrigação de dar, fazer
ou não fazer.
A obrigação de é de dar (entregar) uma coisa quando este é o seu objeto, como no
contrato de compra e venda. A obrigação de dar pode ser de dar coisa certa (específica, o
carro X, o imóvel Y) ou incerta (ex: a venda de uma safra). Já a obrigação de fazer, como
a que envolve um contrato de prestação de serviços, e de não fazer, quando as partes se
obrigam a deixar de fazer alguma coisa, como, por exemplo, quando um vizinho se obriga a
não construir um muro. Nas obrigações há três elementos: o sujeito ativo e o sujeito passivo
e o objeto. O sujeito ativo, ou o credor, é aquele que pode exigir a prestação; o sujeito passivo,
ou devedor, é o que deve cumprir a obrigação; e o objeto, a obrigação de dar, fazer ou não
fazer, conforme vimos acima.
d A obrigação será alternativa quando o devedor puder escolher entre cumprir uma
i
r obrigação ou outra. Por exemplo, poderá o devedor escolher entre entregar um carro OU o
e
i
seu equivalente em dinheiro.
t
o
A obrigação será cumulativa quando o devedor necessitar cumprir todas as obrigações
UNIDADE 3 TÓPICO 5 149
para que se libere. Exemplo: o devedor deverá construir e pintar um muro. Divisível será a
obrigação que pode ser dividida entre os credores ou devedores. Por exemplo, a dívida é
de R$ 1.500,00, e cada um dos devedores fica responsável pelo pagamento de R$ 500,00.
Será indivisível quando essa divisão não for possível. Exemplo: dois devedores se obrigam
a entregar uma casa ao credor. A obrigação será personalíssima, quando o cumprimento da
obrigação só possa ser executado pelo próprio devedor, de forma exclusiva e pessoal. Exemplo
clássico deste tipo de obrigação é o pintor famoso contratado para pintar um quadro.
As obrigações podem ser cedidas para outra pessoa que não o devedor ou o credor?
Podem sim, através das figuras jurídicas que estudaremos a seguir: Cessão de Crédito e
Assunção de Dívida.
Mas, para que o cumprimento ou pagamento da obrigação seja efetivo, temos que
observar:
l Quem deve pagar o próprio devedor, outra pessoa por ele, a não ser que a obrigação seja
personalíssima (que só pode ser cumprida pelo próprio devedor), por exemplo, a obrigação
d
de pintar um quadro. i
r
e
i
l A Quem se deve pagar a obrigação, como regra geral, deve ser paga ao próprio credor, t
o
ou pessoa por ele autorizada, para ter eficácia.
150 TÓPICO 5 UNIDADE 3
l A prova do pagamento ao pagar, o devedor deverá exigir o recibo, que é seu direito e a
única prova do pagamento, pois este não se presume.
l Local do pagamento a obrigação como regra geral, deve ser paga no local em que for
convencionado. Na omissão, deverá ser cumprida no domicílio do devedor. Se a prestação for
a entrega do imóvel ou prestação relativa a este, o local do pagamento será o da localização
do bem.
não acontecer, ficará o devedor sujeito aos encargos do não pagamento. Se não houver data
convencionada, considera-se que o pagamento deve ser feito à vista.
A cláusula penal, por sua vez, será aplicada quando houver descumprimento da
obrigação, a exemplo do que acontece nos aluguéis quando o locador ou locatário quiser terminar
antecipadamente o contrato, ficando sujeito ao pagamento de três meses de aluguel.
d Por fim, temos as arras ou sinal de negócio. As arras são uma quantia que o comprador
i
r
paga ao vendedor para garantir o negócio (arras compensatórias), ou como compensação pelo
e arrependimento (arras penitenciais). Conforme o Código Civil, quando o comprador desistir
i
t do negócio, perderá os valores das arras em favor do vendedor. Quando for o vendedor o
o
desistente, este deve devolver o que recebeu em dobro.
UNIDADE 3 TÓPICO 5 151
Porém, costuma-se dizer que o Código Civil limitou este princípio quando exige que,
quando as partes firmarem um contrato, será necessário haver a boa-fé objetiva (art. 422 do
Código Civil), que significa que a parte deverá pensar e agir com probidade e honestidade.
Também limitam a liberdade de contratar e a função social do contrato (art. 421 do Código
Civil).
Podemos citar como exemplos de contratos que você poderá utilizar em sua atividade
profissional: o comodato (empréstimo gratuito de bem infungível), a locação (cessão de uso
mediante remuneração), o mútuo (empréstimo de bem fungível), mandato (concessão de
poderes de representação através de uma procuração), entre outros.
OS!
FU TUR
UDOS
EST
O Direito das Coisas, por sua vez, disciplina a relação que “se estabelece entre as
pessoas e os bens, como a propriedade, a posse ou a hipoteca” (FÜHRER; MILARÉ, 2005, p.
224). Para nosso estudo, será suficiente conhecermos seus principais institutos. Iniciaremos
pela posse e propriedade que são direitos reais.
O direito real é o direito que uma pessoa exerce sobre uma coisa, tendo o direito de
buscar (através de uma ação judicial) esta coisa das mãos de quem quer que se encontre.
A este poder chama-se “direito de sequela”, que cria um vínculo jurídico entre a pessoa e o
bem e permite, por exemplo, que a pessoa entre na justiça para pedir uma reintegração de
posse de suas terras invadidas. Além disso, tem efeito erga omnes, o que significa dizer que,
estando devidamente registrado no Registro de Imóveis, tem validade contra todos, sem que
se possa alegar desconhecimento da titularidade deste direito.
2.3.1 Propriedade
Segundo o art. 1.228 do Código Civil, a propriedade ou domínio é o direito que seu titular
possui de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la de quem injustamente a possua
ou detenha. É garantido pela Constituição Federal, em seu art. 5º, XXII da Carta Magna, que,
porém, diz que a propriedade deve atender sua função social. Esta limitação também está
expressa no parágrafo primeiro do referido art. 1228 do Código Civil.
Diz-se que a propriedade é plena quando todos estes direitos podem ser realizados
pelo proprietário, sendo assim considerada até que se prove o contrário, conforme art. 1.231
do Código Civil. A propriedade será limitada, quando sobre ela recair um direito real (ex.:
d
i hipoteca), ou for resolúvel, quando tem prazo certo para se extinguir. E como se adquire a
r
e propriedade imóvel?
i
t
o
UNIDADE 3 TÓPICO 5 153
UNI
Você já ouviu dizer que quem não registra não é dono? Quer
saber o que é este título e este registro? É o que vamos ver em
seguida.
O título a que a lei se refere é a escritura pública, uma vez que, em se tratando de
bens imóveis é obrigatório que esta seja lavrada em um cartório que se chama tabelionato.
!
NÇÃO
ATE
Você viu que para ser proprietário de um bem imóvel não basta ter
um contrato ou uma escritura. É preciso que esta escritura esteja
registrada no Registro de Imóveis. Assim, se um imóvel for vendido
duas vezes, será considerado proprietário aquele que primeiro
registrar a escritura.
que o possuidor da coisa que a possui como sua (animus domini), sem que haja oposição de
ninguém durante um certo prazo de tempo, passa a ter. Este direito deve ser reconhecido
em sentença judicial, que servirá como título de transferência da propriedade no Registro de
Imóveis. Porém, o pedido deve obedecer a alguns requisitos legais, que variam de acordo com
o prazo de ocupação, o tipo de área e a existência de justo título, ou seja, de um documento
(ex.: contrato de compra e venda) que comprove a posse nos termos exigidos pelo Código
Civil. Não entraremos aqui nas espécies de usucapião, por não ser objeto específico de nosso
estudo, mas é importante que se deixe claro que o possuidor pode somar a sua posse a do
seu antecessor, desde que seja de boa-fé e que os bens públicos não podem ser objeto de
usucapião.
Enfim, adquire-se a propriedade pela acessão, que quer dizer “agregar, unir. Logo,
aquisição por acessão significa tudo aquilo que é acrescido ao imóvel, que pode se dar de
forma natural ou artificial” (RAPOSO; HEINE, 2004, p. 87). De forma resumida, os mesmos
autores esclarecem que:
Para a defesa da propriedade, o titular deverá entrar em juízo com uma ação
reivindicatória.
d
i
r
e 2.3.2 Posse
i
t
o
Posse, segundo Raposo e Heine (2004, p. 81), é a ocupação de uma coisa. O Código
UNIDADE 3 TÓPICO 5 155
Civil considera, em seu art. 1196, como possuidor aquele que tem de fato ou não algum dos
poderes relativos à propriedade. O locatário pode ser citado como exemplo de possuidor. Ele
tem o poder de usar da coisa, e de buscá-la de alguém que injustamente a possua.
FONTE: A autora
l Direta ou indireta: A posse direta é aquela exercida efetivamente sobre o bem. Para
entender seu conceito, podemos retomar o exemplo da locação. O proprietário transfere ao
locador a posse direta. Porém, não perde sua posse, mas a exerce de forma indireta, o que
lhe possibilita defender sua posse em juízo.
l De boa-fé e de má-fé: O possuidor de boa-fé é aquele que “tem a posse com a plena
convicção de ser legítima, desconhecendo eventual vício na aquisição”, ao contrário da de
má-fé, onde o possuidor sabe que a posse é viciada. [...] Ele sabe que o bem não lhe pertence
e mesmo assim o detém (RAPOSO; HEINE, 2004, p. 83).
l Posse nova e posse velha: Diz-se posse nova aquela que é exercida pelo possuidor há
menos de um ano e um dia, enquanto a posse velha é exercida há mais de um ano e um
dia. Esta diferenciação é importante para a determinação do tipo de ação judicial que deverá
ser ajuizada para a defesa da posse.
A posse pode ser esbulhada ou turbada. Quando o possuidor perde a posse, diz-
-se que ocorreu esbulho possessório. Já quando não há perda da posse, mas apenas uma
“perturbação”, diz-se que ocorreu turbação.
Para ilustrar esta diferença, vamos pensar no seguinte exemplo: dois terrenos vizinhos.
O dono de um deles, entendendo que a cerca divisória está errada e que sua área é maior,
sem ter razão, derruba a cerca. Praticou um ato de turbação da posse. Já se, neste mesmo
caso, ele mudar a cerca de lugar, “invadindo” o terreno do vizinho, ele praticará nítido ato de
esbulho. Também a lei admite a possibilidade de o possuidor evitar a ocorrência de ato de
esbulho ou turbação, por exemplo, evitando uma invasão, através de uma ação chamada
interdito proibitório.
Para defender judicialmente a sua posse, o possuidor pode ajuizar as seguintes ações,
dependendo do ato praticado:
Como já dissemos, o direito real é aquele que a pessoa exerce sobre a coisa. Já
d vimos também que este direito real pode ser exercido sobre coisa própria, como ocorre com
i
r a propriedade. Contudo, este direito real também pode ser exercido sobre uma coisa de outra
e
i pessoa, ou seja, sobre coisa alheia.
t
o
Estes direitos podem recair sobre coisas móveis, como, por exemplo, o penhor ou sobre
UNIDADE 3 TÓPICO 5 157
imóveis, a exemplo da hipoteca. Os direitos reais sobre as coisas alheias serão apresentados
a seguir.
2.3.4.1 Direitos reais sobre
coisas alheias de gozo e fruição
Os direitos reais sobre coisas alheias de gozo e fruição são os que se referem à
utilização da coisa alheia, sendo que são os seguintes que recaem sobre imóveis: superfície,
servidão, usufruto, uso, e habitação.
Já o direito de servidão consiste “na utilização do imóvel serviente por parte do imóvel
dominante” (RAPOSO; HEINE, 2004, p. 91). A servidão mais conhecida é a servidão de
passagem, ou passagem forçada, em que parte de um terreno (imóvel serviente) serve de
passagem para um outro (dominante). A servidão pode ser estabelecida por contrato, testamento
ou decisão judicial e o proprietário do imóvel serviente é obrigado a respeitá-la.
O usufruto, como o próprio nome diz, é o direito de “usar” e “fruir” da coisa. O proprietário,
que passa a ser conhecido por “nu-proprietário”, transfere estes direitos ao “usufrutuário”. Utiliza-
-se muito o usufruto em nosso país em processos de separação e quando se realiza partilha
em vida, para evitar o processo de inventário. Pelo usufruto, os pais passam a propriedade
dos imóveis para os filhos, ficando-lhes reservado o usufruto. Como podem usar e fruir, podem
morar no bem ou até mesmo alugá-lo, porque o aluguel é uma espécie de fruto, como vimos
anteriormente. O nu-proprietário até pode vender o bem, mas este ônus real vai acompanhá-lo
e o novo proprietário terá que aguardar a extinção deste direito real, pela morte do usufrutuário
ou concordância deste em extinguir o usufruto.
UNI
Agora que você já conhece os direitos reais sobre coisas alheias de
uso e gozo, vamos partir para os direitos de aquisição.
Como direito real sobre coisa alheia de aquisição, temos o Direito de Promitente
Comprador do Imóvel, previsto no Código Civil e também a promessa de cessão de direitos,
relativos a imóveis não loteados, sem cláusula de arrependimento e com imissão de posse,
inscrito no registro de imóveis – Lei n. 4.380/64 e art. 167, I, 9 (RAPOSO; HEINE 2004, p.
99). São chamados de direitos reais sobre coisa alheia de aquisição, porque permitem ao
comprador a possibilidade de exigir a concessão da escritura pública que transfere o direito
de propriedade, sem que o vendedor possa “voltar atrás”. A Promessa de Venda ou Cessão
de Unidades Condominiais (Lei n. 4591/64) e Propriedade Fiduciária de Imóveis também são
apontados como direitos reais sobre coisas alheias (RAPOSO; HEINE, 2004, p. 100).
Por fim, os direitos reais de garantia. Por este direito, o bem fica vinculado ao
cumprimento de uma obrigação, por exemplo, uma dívida, mas desde que estejam presentes
todos os requisitos exigidos pela lei, especificamente nos arts. 1.419 e seguintes do Código Civil.
Porém, o credor não poderá ficar com o bem se a dívida não for paga, porque o artigo 1.428
do Código Civil proíbe esta prática. O bem será vendido e o dinheiro entregue ao credor.
São direitos reais de garantia: o penhor, a hipoteca e a anticrese. O penhor tem por
objeto bens móveis.
O penhor, segundo o art. 1431 do CC, constitui-se quando uma pessoa transfere a
posse de um bem móvel para o credor de uma dívida. Exemplo típico de penhor é o realizado
com joias na Caixa Econômica Federal em garantia de dívida.
!
NÇÃO
d ATE
i
r
e Cuidado para não confundir PENHOR e PENHORA. A penhora é a
i
garantia dada em um processo judicial. Por isso, quando estiver
t
o falando sobre penhor, deve-se dizer que as joias foram EMPENHADAS
(e não penhoradas, como se ouve frequentemente).
UNIDADE 3 TÓPICO 5 159
IMPO
RTA
NT E!
lembre-se de que os direitos reais sobre coisas alheias devem ser
registrados no Registro de Imóveis do local onde se localiza o imóvel,
para terem eficácia erga omnes (contra todos). Este registro seguirá
a ordem em que são apresentadas, fazendo-se a prenotação.
O proprietário pode levantar em seu terreno as construções que lhe aprouver, salvo o
direito dos vizinhos e os regulamentos administrativos.
Ou seja, podemos afirmar que o direito de construir e plantar é livre, porém não é pleno,
pois sofre limitações previstas nos arts. 1.300 a 1.312 do Código Civil. Dentre as limitações
ao direito de construir estão:
O regime de bens escolhidos no casamento trará as normas que vigorarão no que diz
respeito à comunicabilidade ou não dos bens em caso de separação ou morte. O regime legal
é o da comunhão parcial de bens, o que significa dizer que no silêncio das partes este será o
regime de bens a ser observado. Vamos conhecer cada um dos regimes previstos no CC?
d
i Segundo Hironaka (2003), resumidamente, são os seguintes os regimes de bens
r
e previstos no Código Civil:
i
t
o
UNIDADE 3 TÓPICO 5 161
[...]
Do regime de comunhão parcial.
Como já se disse, este é o regime oficial de bens, no casamento, selecionado, pois,
pelo legislador pátrio, desde a promulgação da Lei do Divórcio, em 1977, pelo qual comunicar-
-se-ão apenas os bens adquiridos na constância do casamento, e revelando, por isso mesmo,
um acervo de bens que pertencerão exclusivamente ao marido, ou exclusivamente à mulher,
ou que pertencerão a ambos.
Com a dissolução da conjugalidade, restará comunicável, então – e por isso passível
de partilha entre os cônjuges que se afastam – o acervo dos bens comuns, ficando excluídos,
dessa partilha, os bens ressalvados pelos arts. 1659 e 1661 do novo Código Civil, dispositivos
esses que repetem as mesmas exclusões já anteriormente previstas pelos arts. 269 e 272 do
Código Civil de 1916. Excluídos estavam, e permanecem, então, os bens que cada cônjuge já
possuir ao casar, e os que lhe sobrevierem, na constância do matrimônio por doação, sucessão
ou sub-rogados em seu lugar (art. 269, inciso I, CC/1916 e 1659, inciso I, CC/2003). [...]
Do regime de comunhão universal.
Este regime foi aquele que, entre nós, e até o advento da Lei do Divórcio, posicionou-
-se como o regime legal, casando-se sob sua regulamentação a esmagadora maioria de
brasileiros, até 1977.
Conforme suas regras, comunicam-se entre os cônjuges todos os seus bens presentes
e futuros, além de suas dívidas passivas, ocorrendo um enorme amálgama entre os bens
trazidos para o casamento pela mulher e pelo homem, bem como aqueles que serão adquiridos
depois, formando um único e indivisível acervo comum, passando, cada um dos cônjuges, a
ter o direito à metade ideal do patrimônio comum e das dívidas comuns.
No novo Código Civil, o regime da comunhão universal de bens, o regime da unificação
patrimonial mais completa, encontra-se disciplinado entre os arts. 1667 a 1671.
Do regime de separação de bens.
Relativamente a este regime de bens, isto é, o regime que visa promover a completa
separação patrimonial do acervo de bens pertencente a cada um dos cônjuges [...]. Antes de
encerrar a análise deste regime de bens do casamento, o regime da separação total, não devo
esquecer de mencionar que ele pode ser adotado, pelos nubentes, como fruto da eleição ou
escolha, convencionando-o por meio de pacto antenupcial. Se assim for, o regime em pauta vai
se desvendar como um excelente regime patrimonial, no casamento, tendo em vista que ele
representa exatamente o contrário disso, quer dizer, ele é a total ausência de regime patrimonial,
mantendo bem separados e distintos os patrimônios do marido e da mulher.
Do regime de participação final nos aquestos.
Cria, o legislador civil nacional, outro regime de bens, que vem ocupar o lugar deixado
pelo regime dotal, sem que, no entanto, guarde relativamente a este qualquer semelhança.
Ocupa o lugar, não as características. Ao contrário, o regime da participação final nos aquestos
guarda semelhanças e adquire características próprias a dois outros regimes, na medida em que
se regulamenta, em seu nascedouro e sua constância por regras semelhantes às desenhadas
pelo legislador para o regime da separação de bens, em que cada cônjuge administra livremente
d
os bens que tenha trazido para a sociedade conjugal, assim como aqueles que adquirir, por si i
r
e exclusivamente, durante o desenrolar do matrimônio. Por outro lado, assume de empréstimo e
regras muito parecidas àquelas dispensadas ao regime da comunhão parcial, quando da i
t
dissolução da sociedade conjugal por separação, divórcio ou morte de um dos cônjuges. o
Nesse sentido, cada cônjuge possui patrimônio próprio, que administra e do qual pode
162 TÓPICO 5 UNIDADE 3
dispor livremente, se de bens móveis se tratar, dependendo da outorga conjugal apenas para
a alienação de eventuais bens imóveis (CC, arts. 1.672 e 1.673). Mas se diferencia do regime
da separação de bens porquanto, no momento em que se dissolve a sociedade conjugal por
rompimento dos laços entre vivos ou por morte de um dos membros do casal, o regime de
bens como que se transmuda para adquirir características do regime da comunhão parcial, pelo
que os bens adquiridos onerosamente e na constância do matrimônio serão tidos como bens
comuns desde a sua aquisição, garantindo-se, assim, a meação ao cônjuge não proprietário
e não administrador.
Desta feita e porque afastado um dos cônjuges da administração dos bens adquiridos,
traça o Código Civil uma série de disposições que, pormenorizadamente, visam disciplinar a
apuração dos bens partíveis em meação, pelo valor e no montante verificados na data em que
cessou a convivência dos cônjuges (art. 1.683), tudo para evitar se consubstancie qualquer
espécie de lesão ao direito do cônjuge que até então figurava como não proprietário e não
administrador.
OS!
FUTUR
U DOS
EST
Por fim, o Direito das Sucessões, tem por objetivo dispor sobre como ocorrerá a
transmissão dos bens das pessoas falecidas” (FÜHRER; MILARÉ, 2005, p. 224).
RESUMO DO TÓPICO 5
l O estudo dos institutos de Direito das Obrigações é muito importante no estudo do Direito,
porque as transações empresariais envolvem obrigações.
l O direito de contratar sofre limitações por princípios como da função social do contrato e
boa-fé objetiva.
l A propriedade é um direito que permite gozar, usar, dispor e reaver um bem de quem
injustamente o possua.
l A posse se classifica em diversas espécies, como posse justa, injusta, precária, violenta,
clandestina etc.
l Existem vários direitos reais sobre as coisas alheias, tais como a hipoteca, a anticrese etc.
l O Direito de Família é “a parte do direito, norteado pelo interesse social, rege as relações
jurídicas constitutivas da família e as dela decorrentes”.
l O Direito das Sucessões rege a transmissão dos bens das pessoas falecidas.
d
i
r
e
i
t
o
164 TÓPICO 5 UNIDADE 3
5. Obrigação personalíssima.
b) ( ) Alienação.
c) ( ) Renúncia.
d) ( ) Abandono.
3 Por meio desta ação o possuidor defende sua posse que foi perdida:
a) ( ) Ação de Reintegração de Posse.
b) ( ) Ação de Manutenção de Posse.
c) ( ) Ação de Usucapião.
d) ( ) Ação de Execução.
4 A posse injusta pode ser violenta, clandestina ou precária. Pode ser considerada
posse clandestina:
a) ( ) A que decorre de ato violento.
b) ( ) A que decorre de utilização de artifícios.
c) ( ) A que decorre da não devolução do bem no prazo.
d) ( ) Nenhuma das alternativas.
6 Por este direito real sobre coisa alheia, o proprietário cede o imóvel a outra pessoa,
que poderá usar o mesmo e até receber os aluguéis:
a) ( ) Usufruto.
b) ( ) Hipoteca.
c) ( ) Servidão.
d) ( ) Penhor.
TÓPICO 6
1 INTRODUÇÃO
2 DIREITO COMERCIAL
O Código Civil de 2002 revogou a primeira parte do Código Comercial (Lei n. 566/1850),
passando então a regular vários institutos que eram do Direito Comercial, segundo Requião
(2006). Por isso, alguns autores entendem que não há mais porque se distinguir o Direito
Comercial, que passou a se denominar Direito Empresarial.
Contudo, as demais partes do Código Comercial continuam em vigor, sendo que alguns
autores, tais como Rubens Requião, apontando suas características próprias, que chama de
“traços peculiares”: “cosmopolitismo, individualismo, onerosidade, informalismo, fragmentarismo
e solidariedade presumida” (REQUIÃO, 2006, p. 31).
!
ROS
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UDO
EST
Assim sendo, seu principal campo de atuação é o conflito de leis no espaço, ou seja,
ele determinará qual a lei aplicável em uma situação em que haja conflito.
LEITURA COMPLEMENTAR
Nessa nova estrutura, o contrato, típico instituto do Direito Privado, vem sofrendo uma
d série de alterações conceituais e a antiga visão de autonomia plena da vontade perde espaço
i
r para uma elaboração mais voltada para a realidade social dos envolvidos na relação contratual.
e
i
Aqui, segundo aponta a melhor doutrina italiana, percebe-se que não se pode mais falar em
t Princípio da Autonomia da Vontade, mas em Autonomia Privada.
o
UNIDADE 3 TÓPICO 6 169
Como se sabe, e tal fato constitui uma realidade social, dificilmente a parte consegue
manifestar de forma plena e inequívoca a sua vontade no momento negocial. Esse elemento
tão raro e inerente à própria dignidade da pessoa humana perdeu o papel orientador que tinha
no passado, eis que vivemos sob a égide do “Impérios dos Contratos-Modelo”.
Sob esta ótica, muito se fala, no âmbito do Direito Civil, na socialização dos velhos
conceitos herdados do Direito Romano, o que leva a um conflito na mente dos estudiosos
da ciência jurídica, levando a conclusões erradas quanto às transformações no seu âmbito
privado (3).
O contrato, cerne principal das relações privadas, como destacam vários doutrinadores,
não poderia ficar alheio a tal fenômeno de evolução. Como bem observa Caio Mário da Silva
Pereira, sendo o contrato conceito intimamente relacionado à vontade humana e suscetível de
influência pelas transformações pelas quais passam os interesses da sociedade, não poderia
ficar alheio às modificações sociais.
O nobre doutrinador menciona que várias são as facetas de evolução social, podendo-
-se falar em evolução etimológica, em evolução biológica, em evolução linguística, em evolução
antropológica e, claro, em evolução do contrato, uma “transformação temporal ou espacial ”
pela qual passa o instituto (4).
Sendo o contrato negócio jurídico, não se pode olvidar a importância da Parte Geral
do Novo Código Civil para a existência e validade dos pactos celebrados. Vital o estudo dos
elementos essenciais, acidentais e naturais do negócio jurídico, eis que também são esses os
elementos formadores e orientadores do contrato. Os defeitos ou vícios do negócio jurídico são
de grande valia à matéria contratual, já que geram a anulabilidade ou nulidade do pacto em
diversas situações. As situações em que se tem a nulidade e anulabilidade do negócio jurídico
são plenamente aplicáveis aos contratos, hipóteses em que se tem a extinção dos contratos
por ineficácia contratual.
O capítulo do Código Civil que trata da Teoria Geral das Obrigações também é de grande
importância para a concepção dos contratos, já que os mesmos constituem a principal fonte do
direito obrigacional. No contrato se tem uma relação jurídica transitória entre credor e devedor,
várias obrigações de dar, fazer ou não fazer, solidariedade, obrigações divisíveis e indivisíveis, d
i
obrigações singulares e plurais. Os contratos têm extinção normal pelo cumprimento, pelo r
e
pagamento direto, mas também por consignação em pagamento, imputação, sub-rogação, i
t
dação em pagamento, novação, compensação, confusão e remissão de dívidas. o
170 TÓPICO 6 UNIDADE 3
Tem-se também no Código Civil um capítulo que trata da Teoria Geral dos Contratos,
em que se propõe nova concepção do instituto, de acordo com o Princípio da Socialidade
concebido pela nova codificação e muitas vezes mencionado pelo seu principal idealizador, que
dispensa apresentações. Aqui, a função social do contrato e a boa-fé objetiva são concebidos
como verdadeiros princípios orientadores da matéria contratual.
Sem prejuízo de outras leis especiais, percebe-se que quase todo o Código Civil está
dedicado aos negócios jurídicos e aos contratos, lembrando também que mesmo os livros de
Direito de Família e Direito das Sucessões também são relacionados com o instituto. Lembramos
que muitos consideram o casamento como sendo um contrato “sui generis”, e o testamento,
verdadeiro negócio jurídico unilateral.
Na realidade, o Novo Código Civil, em vários dos seus artigos, concebe de forma plena
a conscientização normativa da alteração dos velhos institutos do Direito Civil, exprimindo a
função social do contrato como fonte necessária para a harmonização dos interesses privativos
dos contratantes com os interesses de toda a coletividade.
(6). Para tanto aponta a necessidade do intervencionismo estatal, do dirigismo estatal, com
a concepção do princípio da autonomia privada. Chega a afirmar que “o Estado requer um
Direito Privado, não um direito dos particulares. Trata-se de evitar que a autonomia privada
imponha suas valorações particulares à sociedade; impedir-lhe que invada territórios socialmente
sensíveis. Particularmente, trata-se de evitar a imposição a um grupo, de valores individuais
que lhe são alheios. Aqui faz seu ingresso a ordem pública de coordenação, de direção” (7).
Sob o enfoque social, tal realidade tem origem, segundo as palavras de Fernando
Noronha, na relação entre direito e sociedade, que constitui uma “relação de interdependência,
com dois atributos: é mútua e assimétrica. É interdependência, porque os acontecimentos
registrados numa das esferas produzirão efeitos também na outra; é interdependência
mútua, porque cada uma das esferas depende da outra, embora a dependência do direito em
relação à sociedade seja bem maior do que a desta em relação ao primeiro; é uma relação
de interdependência assimétrica, porque as partes não dependem uma da outra em medida
igual” (8).
Instituto também presente no Direito Romano (9), não resta dúvidas que poucos
conceitos evoluíram tanto quanto o contrato. Tal evolução foi objeto de um estudo clássico de
San Thiago Dantas, para quem a doutrina contratual representa o “termo de uma evolução,
através da qual foram sendo eliminadas normas e restrições sem fundamento racional, ao
mesmo tempo em que se criavam princípios flexíveis, capazes de veicular as imposições do
interesse público, sem quebra do sistema” (10).
Como já foi dito, atualmente, está em voga no Direito Comparado, e mesmo entre nós,
afirmar sobre a “crise dos contratos”, chegando Savatier a profetizar que o contrato tende a
desaparecer, surgindo outro instituto em seu lugar.
O Professor Titular de Direito Comercial da Universidade de São Paulo, Luiz Gastão Paes
de Barros Leães, em prefácio da primeira edição de “Contratos Internacionais do Comércio”,
de Irineu Strenger, comenta tal crise, ao elucidar que: “há alguns anos, a decadência do Direito
Contratual é apregoada num tom fúnebre, que anuncia iminente desenlace. Há inclusive quem
já tenha lavrado a sua certidão de óbito. Grant Gilmore, em 1.974, publicou um livro com título
provocador – The Death of Contract (Columbus, Ohio) – onde assinalou a ação demolidora dos d
i
novos tempos no edifício conceitual do contrato. O fenômeno da padronização das transações, r
e
decorrente de uma economia de mass production, teria subvertido inteiramente o princípio da i
t
liberdade contratual, transformando o ‘contrato’ numa norma unilateral imposta pela empresa o
situada numa posição dominante. Teria ocorrido assim um retorno ao status” (11).
172 TÓPICO 6 UNIDADE 3
Sobre tal profetização Fernando Noronha comenta que “para Gilmore, professor da
Yale Law School, ‘contract is being reabsort into the mainstream of “tor”’: ‘A teoria clássica do
contrato poderia bem ser descrita como uma tentativa para instituir um enclave dentro do domínio
geral da responsabilidade civil (tort). Os diques foram erguidos para proteger o enclave, está
bastante claro, têm vindo a derrocar a uma velocidade cada vez mais rápida” (12).
Não se pode mais aceitar o contrato com sua estrutura clássica, concebido sob a égide
do “pacta sunt servanda” puro e simples, com a impossibilidade da revisão das cláusulas. O
Direito do Consumidor trouxe inovações nesta matéria, inovações que constam agora no Novo
Código Civil, como a proteção do aderente prevista nos artigos 423 e 434 da nova codificação,
o que pode gerar a nulidade absoluta de cláusulas abusivas, diminuindo a amplitude da Força
Obrigatória das Convenções.
“Ahora bien. Está en crisis el contrato? Se dice: ‘El contrato desaparece. Perece. Outra
cosa se coloca en su lugar’. (Savatier). Se agrega: El contrato está en crise”.
Crisis puede significar cambio. En realidad, ‘lo que a veces se denomina crisis del
contrato – afrima Larroumet – no es nada más que una crisis de la autonomia de la voluntad’, o
sea, del “derecho de los contratantes de determinar como lo entendian su relacion contractual”
(Weill- Terré). No se trata de declinatión o de crepúsculo del contrato, sino ‘de transformación
y de renovación’ (Josserand)” (13).
d
i
r Também repudiamos o conceito de “crise de contratos”, conforme construído pelo
e
i Direito Comparado, acreditando em um novo conceito emergente, dentro da nova realidade
t
o
do Direito Social. Acreditamos nas antigas palavras de Manuel Inácio Carvalho de Mendonça,
para quem “os contratos hão se ser sempre a fonte mais fecunda, mais comum e mais natural
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NOTAS
1 Nesse sentido, Tepedino, Gustavo. “As relações de Consumo e a Nova Teoria Contratual”.
Rio de Janeiro: Renovar, 2001, In: Temas de Direito Civil.
2 Tepedino, ob cit., p. 204.
3 Sobre o tema, interessante notar os comentários do Professor Caio Mário da Silva Pereira,
na introdução da sua recente obra Direito Civil – Alguns aspectos de sua evolução. Rio de
Janeiro: Editora Forense, 2001, entre as páginas 1 e 15.
4 Direito Civil. Alguns Aspectos da sua Evolução. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2001, p.
226.
5 Hoje se fala em “crise” de todos os institutos do Direito Privado: “crise da Parte Geral do Direito
Civil” (cf. Lorenzetti. Ob. cit. p. 60 a 63), “crise da família” ou “crise do Direito de Família”,
“crise do contrato”, conforme veremos, e assim suscessivamente.
6 Fundamentos do Direito Privado. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 1998, p. 540.
7 Ob. cit. p. 540.
8 O Direito dos Contratos e seus Princípios Fundamentais. São Paulo: Editora Saraiva, 1994,
p. 26.
9 “Sentiu-se, entretanto, na sociedade romana, cuja vida se tornou cada vez mais complexa
com o surgimento de maior pluralidade de negócios, a necessidade de dar uma certa
materialidade aos contratos. E surgiram, então, as quatro modalidades mencionadas por
Gaius. Primeiro, os contratos r, como uma espécie de contrato real, que se perfazia mediante
a entrega de uma coisa; contrato litteris, que se completavam pela inscrição no codex do
devedor; contrato verbis, que se realizavam mediante a troca de palavras sacramentais,
dos quais o mais importante era a stipulatio. Somente mais tarde veio o contrato consensu,
cujo nascimento foi lento e complexo, a que me referirei no segmento seguinte. Nem por isto
perdeu sentido a afirmativa de Gaius: as obrigações ora nascem de um contrato ora do delito
(vel ex contractu nascitur, vel ex delicto – Institutiones Commentarius, Vol. III, n. 88)” (Silva
Pereira, Caio Mário Da,. Direito Civil – Alguns aspectos de sua evolução, Editora Forense, d
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2.001, Rio de Janeiro, p. 228). r
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10 Evolução contemporânea do Direito Contratual. São Paulo: Revista dos Tribunais. RT, v. i
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199, p. 144. o
11 Contratos Internacionais do Comércio. São Paulo: Editora LTR, 3. ed. p. 17.
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12 O Direito dos Contratos e seus Princípios Fundamentais. São Paulo: Editora Saraiva, 1994,
p. 1.
13 Vallespinos, Carlos Gustavo (Org.). Contratos. Presupuestos. Córdoba: Editora Advocatus,
Sala de Derecho Civil, Colégio de Abogados de Córdoba,, p. 12 .
14 “Contratos no Direito Brasileiro”. Tomo I. Rio de Janeiro: Editora Forense, 4ª Edição, 1957,
p. 7.
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ano 8, n. 190, 12 jan. 2004. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=4389>. Acesso
em: 12 set. 2008.
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RESUMO DO TÓPICO 6
l Destas relações surgem conflitos sobre a aplicação da lei e que o Direito Internacional Privado
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176 TÓPICO 6 UNIDADE 3
Para realizar esta atividade, você terá que ter em mãos uma cópia da LICC.
Caso não tenha cópia impressa, baixe-a da internet no link “legislação”. Responda às
seguintes perguntas:
1 De acordo com a LICC, qual a lei aplicável quando se tratar de início e fim da
personalidade?
3 Qual a lei que regerá a sucessão de estrangeiro morto fora de seu domicílio?
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