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BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO

R.A. Torrey

EDITORA BETÂNIA Belo Horizonte, MG.


Traduzido do original em inglês:
THE BAPTISM WITH THE HOLY SPIRIT
Tradução João Marques Bentes
Primeira edição brasileira, 1969
Segunda edição, 1973
Terceira edição, 1974
Quarta edição, 1975

Todos os direitos reservados pela


Editora Betânia
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30.000 Venda Nova, MG

É proibida a reprodução total ou parcial sem permissão por escrito


dos editores.
Impresso nas oficinas da
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Belo Horizonte, (Venda Nova) MG
Printed in Brazil
O BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO: O QUE É E O QUE FAZ

A despeito de muito se falar nestes últimos dias com respeito ao


batismo com o Espírito Santo, é de temer-se que muitos existem
que falam e oram sobre a questão, mas sem que tenham idéias
claras e definidas a respeito. A própria Bíblia, entretanto, se for
cuidadosamente pesquisada, nos fornecerá uma perspectiva
perfeitamente clara e notavelmente definida sobre essa
admirabilíssima benção.
1. Descobrimos na Bíblia, em primeiro lugar muitas designações
para essa experiência. Em Atos 1:5 vemos que Jesus disse: “vós
sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes
dias. ” E em Atos 2:4, quando essa promessa teve o seu
cumprimento, lemos: “Todos ficaram cheios do Espírito Santo.”
Em Atos 1:4 essa mesma experiência é denominada de “a
promessa do Pai;” e em Lucas 24:49 ela é chamada de “a
promessa de meu pai;” e de “revestidos de poder.” Uma
comparação de Atos 10:44,45 com Atos" 11:15,16, revela que as
expressões “foi derramado o dom do Espírito Santo,” quando caiu o
Espírito Santo sobre todos,” são equivalentes a “batizados com o
Espírito Santo.”
2. Em segundo lugar, descobrimos que o batismo com o Espírito
Santo é uma experiência definida, e o indivíduo pode saber se a
recebeu ou não. Isso é evidente no próprio mandamento de nosso
Salvador a Seus apóstolos: “permanecei, pois, na cidade, até que
do alto sejais revestidos de poder” (Lucas 24:49). Se esse
revestimento de poder, ou batismo Santo, não fosse uma
experiência tão definida que o indivíduo pudesse saber que a
recebera, como poderiam eles saber se os dias de espera iá
haviam terminado? A mesma coisa é clara na pergunta definida
feita pelo apóstolo Paulo aos discípulos em Éfeso: “Recebestes,
porventura, o Espírito Santo quando crestes?” (Atos 19:2) É
evidente que Paulo esperava, como resposta, um “sim” ou um
“não,” sem rodeios. A menos que o indivíduo pudesse saber se a
receberá ou não, como poderiam aqueles discípulos ter respondido
a pergunta de Paulo? Na realidade, sabiam que “não” haviam
“recebido” ou “sido batizados com” o Espírito Santo, mas logo
depois haviam “recebido” ou sido “batizados com” o Espírito Santo
(Atos 19:6)
Pode-se perguntar a muitos indivíduos que hoje oram pelo batismo
com o Espírito Santo: “Recebeu meu irmão, o que pediu? Já foi
batizado com o Espírito Santo?” Ficarão estupefatos com a
indagação. É que não esperavam coisa alguma tão definida, a
ponto de poderem responder com segurança a uma pergunta
assim, com um “sim” ou um “não.” Nada encontramos na própria
Bíblia, de vago e indefinido, que vemos nas orações e sermões
modernos acerca deste assunto. A Bíblia é um livro muito definido.
É muito definido quanto à salvação; tão definido que qualquer
indivíduo conhece a sua Bíblia pode responder sem dúvida “sim”
ou “não,” à pergunta: “Você está salvo?” É" igualmente definida a
questão do “batismo com o Espírito Santo,” de maneira que o
homem que conhece sua Bíblia pode responder sem dúvida “sim”
ou “não” à pergunta: “Já foi batizado com o Espírito Santo?” Pode
haver aqueles que estão salvos, sem que o saibam, por não
compreenderem suas Bíblias, mas poderão sabê-lo. Da mesma
maneira, assim também, pode haver aqueles que foram batizados
com o Espírito Santo, e que não sabem o nome que a Bíblia dá ao
que aconteceu com eles, mas têm o privilégio de sabê-lo.
3. O batismo com o Espírito Santo é uma operação do Espírito
Santo separada e distinta de Sua obra regeneradora. Ser
regenerado pelo Espírito Santo é uma coisa, e ser batizado com o
Espírito Santo é algo totalmente diferente, é uma outra coisa. Isso
está claro em Atos 1:5a, onde Jesus disse: “sereis batizados com o
Espírito Santo, não muito depois destes dias.” Até então, ainda não
haviam sido “batizados com o Espírito Santo. ” Mas já eram
homens regenerados. O próprio Senhor Jesus já havia afirmado
isso. Em João 15:3 Ele dissera aos mesmos homens: Vós já estais
limpos, pela palavra que vos tenho falado." (Comparar isso com
Tiago 1:18 e I Pedro 1:23) E em João 13:10: “Ora, vós estais
limpos, mas nem todos.” deixando de fora, com a expressão “mas
nem todos,” o único homem não-regenerado do grupo apostólico,
Judas Iscariotes. (Ver João 13:11) Assim sendo, os apóstolos, com
exceção de Judas Iscariotes, eram homens regenerados, sem
serem ainda “batizados com o Espírito Santo.” Pelo exposto,
torna-se claro que a regeneração é uma coisa e que o batismo com
o Espírito Santo é diferente. Uma pessoa pode ser ser regenerada,
e ainda não ter sido batizada com o Espírito Santo. A mesma coisa
é evidente em Atos 8:12-16. Encontramos aqui um grupo de
crentes já batizados. Não há dúvida de que, naquele grupo de
crentes batizados, havia alguns regenerados. Mas o registro
informa que quando Pedro e João desceram “oraram por eles para
que recebessem o Espírito Santo (porquanto não havia ainda
descido sobre nenhum deles).” É claro, portanto, que alguém pode
ser crente, pode ser um homem regenerado, e contudo não ter
ainda o batismo com o Espírito Santo. Em outras palavras, o
batismo com o Espírito Santo é algo distinto, e mais do que Sua
obra regeneradora. Nem todo crente regenerado tem o batismo
com o Espírito Santo, embora, segundo veremos adiante, todo
homem regenerado pode receber esse batismo. Quem já passou
pela obra regeneradora do Espírito Santo, é salvo, 'todavia, não
está preparado para o serviço do Senhor, enquanto não tiver
recebido o batismo com o Espírito Santo.
4. O batismo com o Espírito Santo está ligado ao testemunho e ao
serviço. Examinem com cuidado cada passagem em que o batismo
com o Espírito Santo é mencionado e verá que o mesmo está
sempre ligado ao propósito de testemunho e serviço. (Por exemplo,
veja Atos 1:5,8; 2:4; 4:31,33. Isso transparecerá com clareza ao
considerarmos o que o batismo com o Espírito Santo faz. O
batismo com o Espírito Santo não tem o propósito de purificar-nos
do pecado, mas tem a finalidade de capacitar-nos para o serviço.
Há certa orientação doutrinária, apresentada por um grupo muito
zeloso mas equivocado, que tem lançado em muito descrédito a
doutrina inteira do batismo com o Espírito Santo. Esse ensino diz o
seguinte: Primeira exposição: há uma outra experiência (ou
segunda bênção), após a regeneração, a saber, o batismo com o
Espírito Santo. Essa proposição é veraz e pode ser facilmente
provada na Bíblia. Segunda proposição: esse batismo com o
Espírito Santo pode ser instantaneamente recebido. Essa
proposição também é verdadeira e pode ser facilmente provada na
Bíblia. Terceira proposição: esse batismo com o Espírito Santo é a
erradicação da natureza pecaminosa. Essa proposição não
expressa a verdade. Não existe uma só linha das Escrituras que
possa ser citada para provar que o batismo com o Espírito Santo
pode erradicar a natureza pecaminosa do homem. A conclusão
tirada dessas três proposições — duas verdadeiras e uma falsa é
necessariamente falta. O batismo com o Espírito Santo não tem o
propósito de purificar do pecado, mas tem a finalidade de outorgar
poder para o trabalho. Na verdade a purificação do pecado é obra
do Espírito Santo. Além desse aspecto há uma obra do Espírito
que visa fortalecer com poder o homem interior: “assim habite
Cristo nos vossos corações, pela fé... para que sejais tomados de
toda a plenitude de Deus” (Efésios 3:16-19). Há também uma
operação do Espírito Santo revestida de um aspecto tal, que o
crente fica livre “da lei do pecado e da morte” (Romanos 8:2),
quando então, através do Espírito, o crente pode “mortificar (matar)
os efeitos do corpo” (Romanos 8:13). Temos o privilégio de andar
diariamente e a cada instante, no poder do Espírito, e a natureza
carnal fica morta. Mas isso não é o mesmo que o batismo com o
Espírito Santo, nem é a erradicação da natureza pecaminosa. Não
se trata de algo feito de uma vez para sempre, e, sim, algo que
deve ser mantido a cada momento. “Andai no Espírito, e jamais
satisfareis a concupiscência da carne” (Gálatas 5:16). Apesar de
insistir que o batismo com o Espírito Santo tem principalmente o
propósito de outorgar poder para o serviço cristão, também se deve
acrescentar que esse batismo é acompanhado de uma elevação
moral. (Ver Atos 2:44-46; 4:31-35.) E isso sucede, normalmente,
devido aos passos que o crente deve dar necessariamente, a fim
de obtê-lo.
5. Podemos obter uma perspectiva mais clara e completa do que é
o batismo com o Espírito Santo, se observarmos o que esse
batismo com o Espírito faz. Isso é declarado de modo resumido,
em Atos 1:8: “Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito
Santo, e sereis minhas testemunhas” etc. O batismo com o Espírito
Santo outorga “poder”, poder para servir. Esse poder não se
manifesta precisamente da mesma maneira em cada indivíduo.
Isso é mui claramente ensinado com I Cor. 12:4-13, onde lemos:
“Ora, os dons são diversos, mas o Espírito é o mesmo... Porque a
um é dada, mediante o Espírito, a palavra da sabedoria; e a outro
segundo o mesmo Espírito, a palavra do conhecimento; a outro, no
mesmo Espírito, fé, e a outro, no mesmo Espírito, dons de curar; a
outro, operações de milagres; a outro, profecia; a outro,
discernimento de espíritos; a um variedade de línguas; e a outro,
capacidade para interpretá-las. Mas um só e o mesmo Espírito
realiza todas estas cousas, distribuindo-as como lhe apraz, a cada
um, individualmente.” Quando comecei a estudar a questão do
batismo com o Espírito Santo, notei que em muitos casos, aqueles
que são assim batizados “falavam em línguas;” e muitas vezes
surgiu em minha mente a indagação — Aquele que é batizado com
o Espírito Santo não fala sempre em línguas? Mas, eu não via
ninguém falar em línguas, perguntava a mim mesmo — haverá
realmente alguém batizado com o Espírito em nossos dias? Foi
então que esse décimo-segundo capítulo de I Coríntios me
iluminou quanto a essa questão, especialmente quando descobri o
apóstolo perguntar aos que haviam sido batizados com o Espírito:
“falam todos em outras línguas?” (I Coríntios 12:30) Todavia, caí
em outro equívoco, isto é, que aquele que recebesse o batismo
com o Espírito Santo receberia poder como evangelista, ou como
pregador da Palavra. Isto é igualmente contrário ao ensino desse
capítulo, de que “os dons são diversos, mas o Espírito é o mesmo.”
Três são os males resultados do erro mencionado: Primeiro — o
desapontamento. Muitos buscam o batismo com o Espírito Santo,
esperando receber poder como evangelista, mas Deus não os tem
chamado para esse trabalho, e o poder que vem do batismo com o
Espírito Santo se manifesta doutro modo; muitos casos de amargo
desapontamento, e quase desespero, se têm originado por causa
disso. O segundo mal é ainda mais grave que o primeiro — a
presunção. Um homem a quem Deus não chamou para a obra de
evangelização ou para o ministério, atira-se à obra porque recebeu,
ou pensa ter recebido, o batismo com o Espírito Santo. Muitos
asseveram: “Tudo quanto um homem precisa para ser um pregador
bem sucedido é do batismo com o Espírito Santo.” Isso não é
verdade. Ele precisa de uma chamada para esse trabalho
específico, e deve estudar a Palavra de Deus, que o preparará
para a obra. E o terceiro mal ainda é pior — a indiferença. Há
muitos que sabem que não foram chamados para a obra da
pregação. Por exemplo, a mãe com muitos filhos sabe disso. Acha
então que o batismo com o Espírito Santo simplesmente concede
poder para pregar, e isso não interessa a ela; mas, quando
chegamos a ver a verdade que, se por um lado o batismo como
Espírito Santo outorga poder, por outro lado, o modo como esse
poder se manifesta depende da obra a que Deus nos tem
chamado, e que nenhuma obra eficiente pode ser feita sem tal
poder; então, a mãe de família perceberá, igualmente, que ela,
tanto quanto o pregador, necessita desse batismo — necessita
dele para aquela mais importante e santa de todas as
incumbências, a de criar os seus filhos “na disciplina e na
admoestação do Senhor” (Efésios 6:4).
Faz bem pouco tempo que conheci uma senhora muito feliz.
Poucos meses antes ela ouvira falar no batismo com o Espírito
Santo e, buscando-o, receberá. E exclamou com grande júbilo,
enquanto me relatava a história; “Oh, desde que o recebi, tenho
podido alcançar o coração de meus filhos, como nunca antes
pudera fazê-lo. ”
Ao próprio Espírito Santo importa decidir como esse poder se
manifestará em todos os casos — “Mas um só e o mesmo Espírito
realiza todas estas cousas, distribuindo-as, como lhe apraz, a cada
um, individualmente” (I Coríntios 12:11). Temos o direito de
desejar, “com zelo, os melhores dons” (I Coríntios 12:31), mas o
Espírito Santo é soberano, e Ele, e não nós, é quem deve
determinar essa questão. Não nos compete selecionar um dom e
pedir que o Espírito Santo nos faça seu possuidor; de igual modo,
não nos compete selecionar um campo de serviço e esperar que o
Espírito Santo nos confira poder nesse lugar de nossa própria
predileção. Pelo contrário, reconheçamos a divindade e o senhorio
do Espírito Santo, pondo-nos, sem reservas, à Sua disposição. E
assim, Ele nos proporcionará o dom que quiser e o campo que
desejar, e o poder para o trabalho que determinar.
De certa feita, conheci um filho de Deus que ouviu sobre o batismo
com o Espírito Santo e seu poder resultante; com grande sacrifício
despediu-se do emprego secular que possuía e se lançou ao
trabalho de evangelização. Mas, o poder que esperava se
manifestasse nessa direção, não apareceu. O homem caiu em
grandes dúvidas e frustrações, até que foi levado a perceber que o
Espírito Santo é quem distribui os Seus dons “como Lhe apraz, a
cada um, individualmente.” Então, desistindo de selecionar os dons
e o campo de trabalho, entregou-se completamente ao Senhor,
pondo-se à disposição do Espírito, para receber e realizar o que
Ele escolhesse. Em última análise, o Espírito Santo conferiu a esse
homem o poder para ser um evangelista e um grande pregador da
Palavra. Assim sendo, rendamo-nos de maneira absoluta, ao
Espírito Santo, para que seja realizada Sua vontade e não a nossa.
Porém, embora o poder oriundo do batismo com o Espírito Santo
se manifeste de diversas maneiras, em vários indivíduos, será
sempre o mesmo poder. Assim que um homem é batizado com o
Espírito Santo, receberá poder novo, um poder que não é seu, o
“poder do Alto!” A biografia religiosa é testemunha de homens que
trabalharam da melhor maneira possível, sem grandes resultados,
até que um dia entenderam que há uma experiência do batismo
com o Espírito Santo, que deve ser obtida; e, desde que a
receberam, experimentaram um novo poder que lhes transformou
de modo completo o caráter e a vida espiritual. Finney, Brainerd e
Moody foram casos assim. Mas, esses casos não se confinam a
alguns poucos homens excepcionais; antes, vão-se tornando cada
dia mais evidentes. Este escritor conhece e se corresponde
pessoalmente com centenas de crentes que podem testificar
acerca do novo poder que Deus lhes tem outorgado através do
batismo com o Espírito Santo. Essas centenas de homens e
mulheres se encontram em todos os setores do serviço cristão.
Muitos deles são ministros do evangelho, missionários, secretários
de várias instituições, professores de Escola Dominical, obreiros
que fazem trabalho pessoal, e outros são pais e mães. Não se
pode contestar a clareza, a confiança e a alegria desses
testemunhos. Aquilo que está firmado como promessa, na Palavra
de Deus, nos pertence em potencial e cada crente deve possuir, na
forma de jubilosa experiência: “mas recebereis poder, ao descer
sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas. ”
Eis a súmula deste primeiro capítulo: O batismo com o Espírito
Santo é o mesmo Espírito de Deus que vem sobre o crente,
tomando posse de suas faculdades, proporcionando-lhe dons
extranaturais, qualificando-o para o serviço, para o qual Deus o
chamou.
2 - NECESSIDADE E POSSIBILIDADE DO BATISMO COM O
ESPÍRITO SANTO

Pouco antes de Cristo Se elevar ao céu, entregou aos Seus


discípulos a incumbência de pregarem o evangelho, impondo-lhes
uma solene ordem com respeito ao início da grande obra que lhes
entregara nas mãos: “Eis que envio sobre vós a promessa de meu
Pai; permanecei, pois, na cidade, até que do alto sejais revestidos
de poder” (Lucas 24:49). Nenhuma dúvida paira sobre o que Jesus
queria dizer com “a promessa de meu Pai”, pelo que deveriam
esperar antes de dar início ao ministério que Ele lhes entregara;
porquanto em Atos 1:4,5 lemos que Jesus lhes determinou que
“não se ausentassem de Jerusalém, mas esperassem a promessa
do Pai, a qual, disse Ele, de mim ouvistes. Porque João, na
verdade, batizou com água, mas vós sereis batizados com o
Espírito Santo, não muito depois destes dias.” Essa “promessa do
Pai,” mediante a qual lhes seria dado o poder necessário, era
justamente o batismo com o Espírito Santo. (Comparar com Atos
1:8.).
Cristo, portanto, determinou terminantemente aos Seus discípulos
que não tivessem a presunção de fazer o trabalho para o qual Ele
os havia chamado, enquanto não houvessem recebido a
preparação necessária e imprescindível para a sua realização — o
batismo com o Espírito Santo. E os homens a quem Jesus
recomendou esperar, a nosso ver já tinham uma preparação
completa para a obra em vista. Haviam sido alunos da escola de
Cristo durante mais de três anos. Haviam ouvido de Seus próprios
lábios as grandes verdades que deviam proclamar ao mundo.
Haviam sido testemunhas oculares de Seus milagres, de Sua
morte e de Sua ressurreição, e estavam na iminência de ser
testemunhas oculares de Sua ascensão. A obra que lhes competia
fazer consistia simplesmente de saírem a proclamar aquilo que
seus próprios olhos tinham visto, e o que seus próprios ouvidos
tinham ouvido, dos lábios do próprio Cristo.
Não estariam eles plenamente preparados para essa tarefa? A nós
pareceria que sim. Mas o Cristo onisciente pensava de outro modo.
E como se Ele dissesse: “Estais ainda tão incapacitados que não
deveis dar um passo sequer. Resta-vos uma capacitação posterior,
tão essencial ao serviço cristão eficaz, que deveis ficar em
Jerusalém até que do alto sejais revestidos de poder para servir.
Essa capacitação posterior é o batismo com o Espírito Santo.
Quando o receberdes — e jamais antes disso — então estareis
verdadeiramente capacitados para o trabalho de que vos incumbi. ”
Se Cristo não permitiu que aqueles homens que haviam recebido
tão raro e tão eficiente treinamento para a obra a que Ele os tinha
designado, nada fizessem enquanto, adicionado a isso, não
recebessem o batismo com o Espírito Santo, como ousaremos nós
lançar-nos à obra para a qual Ele nos chamou, enquanto não
houvermos recebido, — adicionado a qualquer grau de instrução
bíblica, o batismo com o Espírito Santo? Não seria isso a mais
imprópria das presunções?
Mas isso ainda não é tudo. Em Atos. 10:38 lemos "... como Deus
ungia a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e poder, o qual
andou por toda parte, fazendo o bem e curando a todos os
oprimidos do diabo...” Quando folheamos os evangelhos,
procuramos explicação para essas palavras, descobrimos o seu
esclarecimento em Lucas 2:21,22; 4:1,14,15,18,21. Descobrimos
que, quando do batismo de Jesus, no rio Jordão, “estando ele a
orar" veio o Espírito Santo sobre Ele. E então. “cheio do Espírito
Santo.” passou pela experiência da tentação no deserto. Em
seguida, “no poder do Espírito,” Ele deu início ao Seu ministério e
se proclamou “ungido para evangelizar.” porquanto “o Espírito do
Senhor está sobre mim,” segundo Suas palavras. E incontestável!
Jesus Cristo não entrou no ministério para o qual veio a este
mundo, enquanto não foi batizado com o Espírito Santo. Ora, se
Jesus Cristo, que foi sobrenaturalmente concebido pela virtude do
Espírito Santo, que é o Filho unigênito de Deus, integralmente
Deus, sendo verdadeiro homem e verdadeiro Deus, se Ele que nos
deixou “exemplo para seguirmos os Seus Passos,” jamais Se
aventurou no ministério para o qual o Pai O enviou, enquanto não
foi batizado com o Espírito Santo, quem somos nós para entrarmos
no ministério da Palavra sem essa prévia preparação? Portanto, se
à luz de todos esses fatos comprovados, ainda ousamos tal
intromissão, isso parece uma ousadia que ultrapassa toda
presunção. Sem dúvida que essa falha tem sido cometida por
muitos devido a ignorância, mas podemos continuar sempre nos
escudando atrás de nossa ignorância? A verdade é que o batismo
com o Espírito Santo é uma preparação absolutamente necessária
para um serviço eficaz para Cristo, qualquer que seja nossa área
de serviço.
Ainda que a nossa chamada para o serviço cristão seja tão clara
como a dos apóstolos; tanto quanto eles antes de começarmos
esse serviço, devemos esperar “o revestimento com o poder do
alto.” Ora, esse revestimento de poder vem por intermédio do
batismo com o Espírito Santo Por certo um dos maiores erros
cometidos em nossos dias, é o de usar homens que ensinam em
nossas classes de Escola Dominical, que fazem o trabalho de
evangelização pessoal, e até mesmo pregam o evangelho,
simplesmente porque se converteram e receberam certo grau de
educação secular — talvez incluindo um curso de faculdade ou de
seminário teológico — mas que, até o momento, não foram
batizados com o Espírito Santo.
Qualquer homem que esteja atarefado no trabalho cristão mas que
ainda não recebeu o batismo com o Espírito Santo, deve parar
seus labores, ali mesmo onde se encontra, e não prosseguir nem
mais um passo, enquanto não for “revestido de poder vindo dos
céus.” Mas, alguém poderia perguntar: “O que faremos enquanto
estivermos esperando?” Ora, o mesmo que fizeram os primeiros
discípulos, durante aqueles dez dias em que esperavam o
cumprimento da promessa. Somente eles conheciam a verdade
salvadora, mas, em obediência à ordem do Senhor, fizeram
silêncio. O mundo não perdeu com isso. Tendo chegado o poder
do alto, realizaram mais em um único dia do que teriam feito em
anos, se houvessem desobedecido presunçosamente a ordem de
Jesus Cristo. Assim também nós, depois de recebermos o batismo
com o Espírito Santo realizaremos mais em um dia do que
realizaríamos durante anos, destituídos de Seu poder.
Os dias passados a esperar no Senhor, se isso for necessário,
serão bem empregados; mas a seguir veremos que não há
necessidade de passarmos dias e dias de espera. Alguém poderia
alegar que os apóstolos saíram em excursões missionárias,
durante a vida terrena de Cristo, antes de serem batizados com o
Espírito Santo. E é verdade, mas isso aconteceu antes do Espírito
ter sido prometido, e antes que houvesse sido baixada a ordem do
Senhor: "... não se ausentassem de Jerusalém, mas esperassem a
promessa do Pai...” Depois dessa determinação seria
desobediência e uma extrema presunção, da parte dos discípulos,
se eles, sem receberem essa unção, tivessem saído a pregar.
Quanto a nós mesmos, estamos vivendo nos dias em que o
Espírito Santo já veio e depois de ter sido dada a ordem:
"permanecei... até que do alto sejais revestidos de poder. ”
Chegamos agora à questão da possibilidade do batismo com o
Espírito Santo. O batismo com o Espírito Santo se destina a nós?
Essa é uma pergunta cuja resposta está clara e bem explicada na
Palavra de Deus. Em Atos 2:39 lemos: “Pois para vós outros é a
promessa, para vossos filhos, e para todos os que ainda estão
longe, isto é, para quantos o Senhor nosso Deus chamar. ” A que
se refere “a promessa?” Voltando-nos para o quarto e o quinto
versículo do capítulo anterior, podemos ler: “mas esperassem a
promessa do Pai, a qual, disse ele, de mim ouvistes. Porque João,
na verdade, batizou com água, mas vós sereis batizados com o
Espírito Santo, não muito depois destes dias.” E novamente, no
versículo trinta e três, do segundo capítulo de Atos, lemos: “tendo
recebido do Pai a promessa do Espírito Santo, derramou isto que
vedes e ouvis.” Desse modo, parece perfeitamente claro que a
“promessa” do versículo trinta e nove deve ser a mesma
“promessa” do versículo trinta e três, e a “promessa” do quarto e
quinto versículos do primeiro capítulo de Atos — isto é, a promessa
do batismo com o Espírito Santo. Essa conclusão se torna
absolutamente certa dentro do próprio contexto da passagem:
“Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de
Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o
dom do Espírito Santo. Pois para vós outros é a promessa." etc.
Entende-se, pois, que a promessa exarada nesse versículo é o
dom ou batismo com o Espírito Santo. (Comparar Atos 10:45 com
Atos 11:15,16.) E para quem se destina esse dom? Retruca o
apóstolo Pedro — “para vós outros” — tendo em vista os judeus a
quem se dirigia imediatamente.
E então, contemplando a geração futura, adicionou — “para vossos
filhos.” E, finalmente, olhando para todas as gerações vindouras de
crentes, na história da Igreja, tanto provenientes dos judeus como
procedentes dos gentios, acrescentou Pedro: — “e para todos os
que ainda estão longe, isto é, para quantos o Senhor nosso Deus
chamar. ”
O batismo com o Espírito Santo, portanto, destina-se a cada filho
de Deus, em todas as gerações da história da Igreja. Se tal batismo
ainda não é nosso, em possessão experimental, então é por que
não recebemos o que Deus providenciou para nós, em nosso
sublime Salvador (Atos 2:33; João 7:38,39). Um ministro do
evangelho de certa feita aproximou-se de mim, após ouvir uma
preleção sobre o batismo com o Espírito Santo, e disse: “A igreja a
que pertenço, ensina que o batismo com o Espírito Santo era
somente para o período apostólico.” Mas respondi-lhe: “Não tem
importância o que ensina a igreja a que o irmão pertence. O que
importa é: Que diz a Palavra de Deus?” Foi lido o trecho de Atos
2:39, que diz: “Pois para vós outros é a promessa, para vossos
filhos, e para todos os que ainda estão longe, isto é, para quantos o
Senhor nosso Deus chamar.” E insisti: “O prezado irmão foi
chamado?” “Sim, fui,” respondeu ele “Nesse caso, a promessa é
para o irmão também?” “Sim, é.” E é mesmo. Destina-se a cada
filho de Deus que lê estas páginas. É extraordinário pensar que o
batismo com o Espírito Santo, o revestimento de poder vindo do
alto, seja para nós, seja PARA MIM, individualmente. Mas esse
pensamento, que se reveste de uma graça indizível, também tem
seu lado solene. Se eu posso ser batizado com o Espírito Santo,
urge alcançá-lo. Se eu for batizado com o Espírito Santo, então
serão salvas muitas almas, por minha instrumentalidade, o que não
aconteceria, se eu não fosse batizado. Assim sendo, se eu não
estiver disposto a pagar o preço desse batismo, e por isso mesmo
não for batizado, estão serei responsável por todas as almas que
poderiam ser salvas, mas que não o foram, por não ter sido eu
batizado com o Espírito Santo.
Algumas vezes estremeço por meus irmãos e por mim mesmo, por
nós que estamos envolvidos na obra cristã. Não porque estejamos
ensinando erros mortíferos aos homens; de fato alguns se tornam
culpados até mesmo disso, mas não me refiro a esse particular.
Ainda que estejamos ensinando a plena verdade, conforme ela se
acha em Jesus, devo confessar que há muitos que não ensinam
qualquer erro positivo, nem ao pregar o evangelho, no púlpito ou
individualmente. Refiro-me a isso, neste ponto. Tremo por aqueles
que estão pregando a verdade, a verdade segundo existe em
Jesus, o evangelho em sua simplicidade, em sua pureza, em sua
plenitude, mas que pregam “em linguagem persuasiva de
sabedoria," mas não “em demonstração do Espírito e de poder ( I
Coríntios 2:4), que pregam na energia da carne, e não no poder do
Espírito Santo. Nada existe de mais mortífero do que o evangelho
destituído do poder do Espírito. “Porque a letra mata, mas o
espírito vivifica” (II Coríntios 3:6). Assim sendo, é tremendamente
importante essa questão de pregar o evangelho, no púlpito ou
individualmente. Resultará em morte ou vida para aqueles que
ouvem, o fato de pregarmos sem ou com o batismo do Espírito
Santo. Urge-nos ser batizados com o Espírito Santo.
Argumenta-se, às vezes, que o “batismo com o Espírito Santo” era
ocasional, visando ao propósito de conferir poderes miraculosos, e
apenas durante a época apostólica. Em apoio dessa assertiva,
diz-se que o batismo com o Espírito Santo era seguido, mui
uniformemente, por milagres. Essa posição é insustentável, em
face das seguintes razões: (1) Devido ao fato do próprio Cristo
ensinar que o motivo do batismo com o Espírito Santo é conferir
poder para o testemunho cristão — e não especialmente o poder
de operar maravilhas (Atos 1:5,8; Lucas 24:48,49). (2) Pelo fato de
Paulo ensinar que há diversidade de dons, e que as “operações de
milagres” são apenas manifestações redundantes do batismo com
o Espírito Santo (I Coríntios 12:4,8-10). (3) Por causa do fato de
Pedro assegurar distintamente que “o dom do Espírito Santo,” “a
promessa”, destina-se a todos os crentes de todas as gerações
(Atos 2:38,39), e é óbvio, pela comparação de Atos 2:39 como
Lucas 24:49 e Atos 1:4,5 e 2:33, bem como de Atos 2:38 com Atos
10:45 e 11:15,16, que cada uma dessas expressões — “a
promessa” e “o dom do Espírito Santo” — refere-se ao batismo
com o Espírito Santo Se tomarmos em consideração os milagres,
em sentido geral, entendendo-os como todos os resultados
operados pelo poder sobrenatural, então se torna verdade que
cada crente, batizado com o Espírito Santo, recebe poder de
operar maravilhas; porquanto cada crente assim batizado recebe
um poder que não lhe pertence naturalmente, mas que é um poder
sobrenatural, o próprio poder de Deus. O resultado do batismo com
o Espírito Santo mais notável e essencial consiste do poder de
convencer, e então de converter (Atos 2:4,37,41; 4:8-13; 4:31,33;
9:17,20-22). Não se menciona qualquer manifestação de poder
miraculoso, imediatamente após o batismo de Paulo com o Espírito
Santo; embora, em dias posteriores, Deus o usasse largamente
neste sentido — foi o poder de testificar sobre Jesus, como Filho
de Deus, que ele recebeu em imediata conexão com o batismo
com o Espírito Santo.

3 - COMO OBTER O BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO


Temos chegado à posição em que sentimos profundamente a
necessidade do batismo com o Espírito Santo. A questão prática
está diante de nossos olhos — como podemos obter esse batismo
com o Espírito Santo, o qual tanta falta nos faz? A essa pergunta a
Palavra de Deus também responde de modo muito claro e explícito
lá na Bíblia um caminho indicado, que consiste de sete passos
simples, que podem ser dados por todos quantos queiram fazê-lo;
e os que assim agirem entrarão com toda a certeza nessa
maravilhosa bênção!
Essa declaração pode parecer um tanto ousada, mas a Palavra de
Deus é igualmente positiva com referência ao resultado a que
somos levados, quando damos esses passos. Todos os sete
passos são firmados ou estão subentendidos em Atos 2:38:
“Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de
Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o
dom do Espírito Santo.” Os três primeiros passos transparentes
com grande precisão e clareza nesse versículo. E os outros quatro
passos, que "estão implícitos nesse, versículo, surgem de forma
mais explícita com o apoio de outras passagens, a que faremos
alusão mais adiante.
1. Os dois primeiros passos se encontram dentro da palavra
“arrependei-vos ” Que significa “arrepender-se”? Significa mudar de
mente. Mas, mudar de mente acerca de quê? Acerca de Deus, de
Cristo, do pecado? Nesse versículo, o pensamento primordial é
uma mudança de idéia a respeito de Cristo. Pedro acabara de
apresentar aos seus ouvintes a terrível acusação de que eles
haviam crucificado Aquele a quem Deus tornara Senhor e Cristo. E
assim, “... compungiu-se-lhes o coração e perguntaram... ”
compunção causada pelo poder do Espírito Santo. E a pergunta
deles foi: “Que faremos, irmãos?” Ao que Pedro lhes respondeu:
“Arrependei-vos.” Isso equivale a ter dito: “Mudai vossas idéias
sobre Cristo. Abandonai aquela atitude de aversão e ódio contra
Cristo, e assuma uma atitude de aceitação de Cristo. Aceitai a
Jesus como Cristo (Messias prometido) e como Salvador. Assim
sendo, esse é o primeiro passo na direção do batismo com o
Espírito Santo: a aceitação de Jesus como Cristo e Senhor.
2. O segundo passo também pode ser encontrado nessa palavra,
"... arrependei-vos...” Apesar da mudança de atitude para com
Jesus ser o pensamento primário e predominante, também há a
idéia de mudança de atitude mental em relação ao pecado. A
mudança de atitude, que deixa de lado o amor ao pecado, e passa
a abominar o pecado e a renunciá-lo — isso também está
envolvido no arrependimento. Esse, pois, é o segundo passo — a
renúncia ao pecado, a todo o pecado.
Mas é justamente esse um dos obstáculos mais comuns para o
recebimento do Espírito Santo — o pecado. Apegamo-nos a algo,
em nosso íntimo, que sentimos não ser agradável a Deus. Se
quisermos receber o Espírito Santo, teremos de ser muito honestos
e sinceros ao perscrutarmos nossos próprios corações. Não
podemos sondar-nos como convém. Só Deus pode fazê-lo. Se
quisermos receber o Espírito Santo, devemos ficar a sós com o
Senhor, pedir que Ele perscrute o nosso íntimo, trazendo à luz
qualquer coisa que Lhe seja desagradável (Salmo 139:23,24). Em
seguida precisamos que Ele o faça. Quando aquilo que desagrada
ao Senhor é revelado, deve ser abandonado imediatamente. Se,
depois de alguma espera paciente e honesta nada for trazido à luz,
então poderemos concluir que nada desse tipo há como obstáculo,
e deveremos passar para as fases seguintes. Contudo, não
devemos chegar mui apressadamente a essa conclusão. O pecado
pode parecer algo muito pequeno e insignificante em si mesmo.
Finney relata acerca de uma jovem senhora que muito se
preocupava com referência ao batismo com o Espírito Santo. Noite
após noite ela agonizava em oração, mas a bênção desejada não
lhe era conferida. Certa noite, estando a orar intensamente,
lembrou-se de certo adorno de cabelos que com freqüência já
perturbara os seus pensamentos; tomando os grampos, tirou-os
dos cabelos e, imediatamente, recebeu a bênção. A questão era
desprezível em si mesma, uma questão que para muitos não teria
sido reputada como um pecado. No entanto, era questão de
controvérsia entre essa mulher e Deus; e, uma vez resolvida, a
bênção não se fez esperar. “.. e tudo o que não provém de fé é
pecado” (Romanos 14:23) e não importa quão pequena seja a
questão, se houver dúvida a respeito. Qualquer coisa, portanto,
deve ser retirada e eliminada, para que o crente receba o batismo
com o Espírito Santo. O segundo passo em direção ao recebimento
do batismo com o Espírito Santo, portanto, é a eliminação de todo
e qualquer pecado.
3. O terceiro passo está claramente nesse mesmo versículo: “e
cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para
remissão dos vossos pecados. ” Foi imediatamente depois do
batismo de Jesus nas águas que o Espírito Santo veio sobre Ele
(Lucas 3:21,22). Nesse batismo na água, embora o Senhor Jesus
fosse naturalmente sem pecado, Ele se humilhou, tomando lugar
de um pecador, e então Deus O exaltou sobremaneira, dando-Lhe
o Espírito Santo e fazendo soar a voz audível: “Este é o meu Filho
amado, em quem me comprazo” (Mateus 3:17). Assim também
devemos humilhar-nos, fazendo franca confissão de nosso pecado,
e renunciar a ele, fazendo pública confissão de nossa aceitação de
Jesus como nosso Salvador, obedecendo-o pelo batismo nas
águas. O batismo com o Espírito Santo não foi reservado para
aquele que apenas secretamente toma lugar de pecador e crente
em Cristo, mas sim, para aquele que o faz abertamente.
Naturalmente que o batismo com o Espírito Santo pode anteceder
o batismo na água, como no caso da família de Cornélio (Atos
10:47). Mas é óbvio que aquele foi um caso excepcional, em que o
batismo foi ministrado logo a seguir. Compreende a possibilidade
de que haja crentes, que não crendo no batismo da água, como “
os Amigos” ou os “Quakers” — que podem dar evidência do
batismo com o Espírito Santo, mas a passagem estudada
apresenta a ordem normal.
4. O quarto passo é claramente indicado no versículo que estamos
estudando (Atos 2:38), ainda que seja mais explicitamente exposto
em Atos 5:32, que “o Espírito Santo, que Deus outorgou aos que
lhe obedecem O quarto passo é a obediência. Que significa
obediência? Não significa meramente fazer algumas coisas, ou
mesmo muitas ou a maioria delas, dentre as que Deus ordena que
façamos. Mas significa rendição total à vontade de Deus. A
obediência é uma atitude da vontade, na qual baseiam os atos
específicos de submissão. Essa obediência significa que me
achego ao Senhor e Lhe digo: “Pai celeste, eis-me aqui, com tudo
quanto tenho. Compraste-me com grande preço e reconheço Teus
direitos absolutos de posse sobre mim. Toma-me, com tudo quanto
tenho, e faze comigo segundo a Tua vontade. Envia-me para onde
quiseres; usa-me de acordo com a Tua vontade soberana.
Rendo-me completamente com tudo quanto possuo, de forma
absoluta e incondicional, para sempre, a fim de que me controles e
uses.”
Quando toda a oferta queimada, e não apenas parte dela, era
depositada sobre o altar, é que, “saindo fogo de diante do
SENHOR, consumiu o holocausto e a gordura sobre o altar,” e a
oferta era aceita (Levítico 9:24). Semelhantemente, é quando nos
colocamos inteiramente à disposição do Senhor, como holocausto
posto no altar, que desce o fogo de Deus e o Senhor aceita o
nosso oferecimento.
É justamente nesse ponto que tocamos no impedimento ao
batismo com o Espírito Santo, em muitas vidas — não há rendição
total, a vontade não está subjugada ao Senhor, e nem o coração
clama: “Senhor, onde quiseres, o que quiseres e como quiseres.”
Um homem deseja o batismo com o Espírito Santo para que possa
pregar ou trabalhar com poder no Rio de Janeiro, quando Deus o
quer na Amazônia. Outro deseja esse batismo para poder pregar a
auditórios superlotados, quando Deus deseja que ele are a terra
entre os pobres.
Uma jovem senhora, em uma concentração evangélica, expressou
forte desejo de ouvir alguém que lhe falasse sobre o batismo com o
Espírito Santo. Foi atendida, e a mensagem impressionou
profundamente o seu coração. Já estava há algum tempo em
agonia de alma quando perguntei o que ela desejava. “Oh,”
exclamou ela, “não posso voltar à minha terra, enquanto não
estiver batizada com o Espírito Santo.” Então lhe indaguei: “Já
entregou sua vontade ao Senhor?” “Não sei,” foi a sua resposta.
“Deseja voltar à sua terra a fim de ser uma obreira do evangelho?”
“Sim.” “Está disposta a voltar à sua terra e ser uma empregada, se
é isso que Deus deseja?” E ele replicou: “Não posso,” insistiu ela.
“Então, está pronta a permitir que Deus o faça, pela senhora?”
“Sim.” “Bem, nesse caso, peça-Lhe justamente isso,” recomendei.
A cabeça da senhora se inclinou por alguns minutos, em intensa
oração. E quando terminou, perguntei-lhe: “Deus ouviu a sua
oração?” E ela retrucou: “Deve ter ouvido, pois foi segundo a Sua
vontade. Sim, Ele a ouviu.” “Então peça-Lhe agora o batismo com o
Espírito Santo.” Novamente a senhora entregou-se ao exercício de
breve mas intensa oração, oração essa que subiu até ao trono de
Deus. Houve um breve silêncio e a agonia terminou, a bênção foi
dada, quando a vontade se rendeu ao Senhor.
Muitos existem que evitam essa rendição total por temer a vontade
de Deus. Receiam que a vontade de Deus seja algo desagradável.
Lembre-se quem Deus é. Ele é o nosso Pai. Jamais um pai terreno
teve uma vontade tão terna e amorosa com seus filhos, como o
Senhor tem para conosco. “O SENHOR dá graça e glória; nenhum
bem sonega aos que andam retamente” (Salmo 84:11). “Aquele
que não poupou a seu próprio Filho, antes, por todos nós o
entregou, porventura não nos dará graciosamente com ele todas as
coisas?” (Romanos 8:32) Nada existe para temer na vontade de
Deus. A vontade de Deus sempre visa, em última análise, as
melhores e mais doces bênçãos de todo o universo, para os Seus
filhos.
5. O quinto passo se acha em Lucas 11:13: “Ora, se vós, que sois
maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais o
Pai celestial dará o Espírito Santo àqueles que lho pedirem?” A
solicitação aludida nesse versículo é o apelo que se origina de um
real e intenso desejo. Isso também transparece no texto: “Por isso
vos digo: Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e
abrir-se-vos-á.” Note-se, igualmente, a parábola do amigo
importuno, que antecede imediatamente esse ensino. É óbvio que
a solicitação que Cristo tinha em mente não era o pedido
passageiro, motivado por um capricho do momento, mas sim, o
apelo impulsionado por um intenso desejo. Há uma passagem
extremamente sugestiva, em Isaías 44:3: Porque derramarei água
sobre o sedento... derramarei o meu Espírito sobre a tua
posteridade, e a minha bênção sobre os teus descendentes.” Que
significa, aqui, “o sedento”? Quando alguém chega a tornar-se
sedento, de sua garganta sai somente um clamor: "Água! água!
água!" Até parece que cada poro do corpo se transforma em uma
pequena boca a bradar: "Água!” Semelhantemente quando os
nossos corações têm um único clamor: “O Espírito Santo! o Espírito
Santo! o Espírito Santo!” é então que Deus derrama Seus dilúvios
espirituais em nossa terra seca, é então que Ele nos confere, qual
chuva abundante, o Seu Santo Espírito. O quinto passo, portanto,
— o intenso desejo pelo batismo com o Espírito Santo — já foi
esclarecido.
A que intensidade de anelo devem ter chegado os primeiros
discípulos, pelo décimo dia de sua ansiosa espera, antes que suas
almas sedentas tivessem sido satisfeitas, naquele dia em que se
cumpriu o pente-coste. Enquanto alguém pensa que pode viver
sem o batismo com o Espírito Santo, e dá valor à erudição terrena
ou aos métodos de trabalho artificialmente criados, não poderá
recebê-lO. Muitos são os ministros do evangelho que não gozam
da plenitude do poder que Deus tem em reserva para eles,
simplesmente por não se disporem a admitir a falta que essa
plenitude lhes tem feito por todos os anos de seu ministério. É
realmente humilhante confessar essa deficiência, mas essa
confissão humilde seria a precursora de uma maravilhosa bênção.
Outrossim, não são poucos os que, em sua má vontade de fazer
essa confissão saudável, escudam-se por detrás de algum
engenhoso artifício de exegese, para evitarem o sentido claro e
simples da Palavra de Deus, e por isso mesmo, carecem da
plenitude do poder do Espírito, a qual o Senhor tanto deseja
conferir-lhes. Ademais, põem em perigo os eternos interesses das
almas que dependem de suas mensagens, e que poderíam ser
seguramente ganhas para Cristo, caso esses ministros possuíssem
o poder que Cristo lhes oferece.
Há aqueles, contudo, a quem Deus, movido por Sua graça,
conduziu à luz, a fim de que entendessem que falta algo evidente
em seu ministério, e que esse algo é o todo-essencial batismo com
o Espírito Santo, sem o qual o pregador está inteiramente
desqualificado para um serviço cristão aceitável e eficaz; e então
uma vez que confessam, humilde e francamente, a sua deficiência,
geralmente são elevados a tomar uma de-
cisão orientada por Deus — a de não prosseguirem em seu
ministério, enquanto essa falta não lhes for suprida. E passam a
esperar intensamente em Deus Pai, visando ao cumprimento de
Sua promessa; e o resultado tem sido um mistério transformado. E
muitos pregadores têm assim sido levantados, para a glória de
Deus.
Não é suficiente que o desejo pelo batismo com o Espírito Santo
seja intenso; deve também possuir o motivo correto. Há um desejo
pelo batismo com o Espírito Santo, que é puramente egoístico. Há
os que anelam fortemente pelo batismo com o Espírito Santo,
simplesmente para que possam ser grandes pregadores, ou
notáveis obreiros pessoais, ou de alguma maneira crentes de
renome. Buscam simplesmente sua própria glória. Em última
análise^ não buscam o próprio Espírito Santo, mas sua própria
honra, e o batismo com o Espírito Santo só serve para
conseguirem sua vontade. Uma das astúcias mais sutis e
perigosas a que podemos ser conduzidos por Satanás, é a de
buscar o Espírito Santo, esse mais solene de todos os presentes
divinos, para os nossos próprios fins. O desejo pelo Espírito Santo
não deve ter como propósito tornar essa sublime e divina Pessoa
nossa serva, mas sim, visar a gIória de Deus. Deve originar-se do
conhecimento que Deus e Cristo estão sendo desonrados pelo
ministério destituído de poder, e pelo pecado daqueles que estão
confiados às nossas mãos, contra cujo pecado não temos nenhum
poder; mas que o senhor será honrado se recebermos o batismo
com o Espírito Santo.
Uma das mais solenes passagens do Novo Testamento gira em
torno desse particular. Trata-se de Atos 8:18-24. que diz “Vendo,
porém, Simão que, pelo fato de imporem os apóstolos as mãos, era
concedido o Espírito, ofereceu-lhes dinheiro, propondo:
Concedei-me também a mim este poder, para que aquele sobre
quem eu impuser as mãos, receba o Espírito Santo.” Nesse
episódio vemos um forte desejo da parte de Simão, mas um desejo
completamente espúrio e egoísta, enquanto que a terrível resposta
de Pedro merece nossa atenção e meditação. Não existem muitos,
hoje em dia, com desejos e propósitos igualmente profanos com
relação ao batismo com o Espírito Santo? Todo aquele que deseja
e busca o batismo com o Espírito Santo, faria bem em perguntar a
si mesmo por que O deseja. E caso descubra que visa meramente
sua própria satisfação ou glória, então que peça perdão ao Senhor,
a fim de que seja capaz de ver qual sua autêntica necessidade,
visando a glória de Deus e não suas finalidades pessoais.
6. O sexto passo fica ainda nesse mesmo versículo — Lucas
11:13: “Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar boas dádivas aos
vossos filhos, quanto mais o Pai celestial dará o Espírito Santo
àqueles que lho pedirem?” O sexto passo, por conseguinte,
consiste em pedir. Deve-se pedir de modo definido essa bênção
definida do Espírito. Uma vez que Cristo seja recebido como
Salvador e Senhor, e que seja abertamente confessado como tal,
quando o pecado for solucionado, quando houver a rendição
definida e total da vontade, quando houver um real e santo desejo
pelo Espírito, então será justa a solicitação da benção, feita
diretamente a Deus.
O batismo do Espírito Santo é dado em resposta à oração intensa,
definida, específica e confiante. Alguns afirmam teimosamente que
não se deve rogar pelo Espírito Santo. Seu raciocínio é o seguinte:
“O Espírito Santo já foi dado à Igreja, no pentecoste, como bênção
permanente.” Isso é verdade, mas o que foi dado à Igreja deve ser
apropriado pessoalmente por todo crente, individualmente. Já
dissemos que Deus já deu Cristo ao mundo (João 3:16), mas que
cada indivíduo deve apropriar-se dEle mediante um ato pessoal, se
quiser tirar proveito do dom de Cristo — assim também cada crente
deve apropriar-se pessoalmente do dom do Espírito Santo para
que tire proveito do mesmo.
Não obstante, argumentam ainda alguns, que cada crente já possui
o Espírito Santo. Isso também expressa a verdade, até certo ponto.
“E se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele”
(Romanos 8:9). Porém, como já tivemos ocasião de ver, é
perfeitamente possível ter algo, sim, e até mesmo muito da
presença do Espírito, e de Sua ação no coração, e no entanto, ficar
aquém daquela plenitude social e operação sobrenatural que a
Bíblia designa de batismo com o Espírito Santo. Em resposta a
todos os raciocínios artificiosos sobre essa questão, apresentamos
a declaração do Senhor Jesus: quanto mais o Pai celestial dará o
Espírito Santo àqueles que lho pedirem?
Numa convenção, na qual o autor foi convidado a falar sobre o
assunto, um irmão o abordou e disse: “Vejo que o senhor vai falar
sobre o batismo com o Espírito Santo.” Respondi: “Sim.” E o irmão
prosseguiu: “É o tema mais importante do programa — mas não
deixe de ensinar que não devem orar pelo Espírito Santo”.
Retruquei: “Certamente não direi que não se deve orar pelo
Espírito Santo, pois o próprio Cristo disse: ... quanto mais o Pai
celestial dará o Espírito Santo àqueles que lhO pedirem?” Mas meu
interlocutor insistiu: “Bem, mas isso foi antes do pentecoste.” E
retorqui: “E que se deve dizer sobre o trecho de Atos 4:31? Isso
ocorreu antes ou depois do pentecoste?” “Depois, naturalmente.” E
ajuntei: “Então leia a passagem, por favor.” E o trecho foi lido:
“Tendo eles orado, tremeu o lugar estavam reunidos; todos ficaram
cheios do Espírito Santo.” E continuei: “Atos 8:31 aconteceu antes
ou depois do pentecoste?” “Depois, é claro.” "Pois bem, leia,
então.” Ele leu: “enviaram-lhe Pedro e João, os quais, descendo
para lá, oraram por eles para que recebessem o Espírito Santo;
porquanto não havia ainda descido sobre nenhum deles”.
Apesar de todos os argumentos em contrário, a Palavra de Deus
ensina, por preceito e por exemplo, que o Espírito Santo é dado em
resposta à oração.
Assim foi no dia de pentecoste, e assim tem sido desde então.
Aqueles que tenho conhecido e mais evidência dão da presença e
do poder do Espírito Santo em suas vidas e em seu trabalho,
crêem que se deve orar pedindo pelo Espírito Santo. Tem sido
privilégio indizível deste autor orar com muitos ministros e obreiros
cristãos, por essa grande bênção, e depois ficar sabendo, pelo
testemunho pessoal deles ou através de outros, que eles
receberam um novo poder em seu serviço — nada menos que o
poder do Espírito Santo.
7. O sétimo e último passo encontra-se em Marcos 11:24, que diz:
Por isso vos digo que tudo quanto em oração pedirdes, crede que
recebestes, e será assim convosco." As mais positivas e francas
promessas de Deus têm de ser apropriadas mediante a fé. Em
Tiago 1:5 lemos: “Se, porém, algum de vós necessita de sabedoria,
peça-a Deus, que a todos dá liberalmente, e nada lhes impropera;
e ser-lhe-á concedida.” Ora, essa declaração é certamente positiva
e incondicional; mas escutemos o que o autor sagrado diz em
seguida: “Peça-a, porém, com fé, em nada duvidando; pois o que
duvida é semelhante à onda do mar, impelida e agitada pelo vento.
Não suponha esse homem que alcançará do Senhor alguma
cousa”. Portanto, deve haver fé, para que nos apossemos das
promessas mais positivas e incondicionais de Deus, como as que
encontramos em Lucas 11:13 e Atos 2:38,39. Aqui, pois
descobrimos a razão de muitos não participarem da bênção do
batismo com o Espírito Santo. Não deram o último passo
mencionado — o passo simples da fé. Não crêem, não esperam
confiantemente, e assim temos mais outros tantos exemplos de
homens que “não puderam entrar por causa da incredulidade”
(Hebreus 3:19). Existem muitos que não podem penetrar na terra
que mana leite e mel, justamente por causa de sua incredulidade.
Devemos acrescentar que há uma fé que ultrapassa o que
geralmente se espera, uma fé que estende a mão e apanha aquilo
que solicita. Isso é mui claramente destacado em Marcos 11: 24:
"... tudo quanto em oração pedirdes, crede que recebestes, e será
assim convosco.” Lembro-me de como fiquei perplexo com essa
tradução, ao notá-la pela primeira vez. Ao examinar o original
grego dessa passagem entendi que a tradução está correta — mas
que quereria dizer? Parecia-me uma simples confusão de tempos
verbais, “crede que (já) recebestes, e será assim convosco” Esse
aparente enigma foi solucionado muito depois, quando estudava a
primeira epístola de João. Em I João 5:14, 15 lê-se: “E esta é a
confiança que temos para com ele, que, se pedirmos alguma cousa
segundo a sua vontade, ele nos ouve. E, se sabemos que ele nos
ouve quanto ao que lhe pedimos, estamos certos de que obtemos
os pedidos que lhe temos feito.” Quando um de nós pede qualquer
coisa ao Senhor, a primeira coisa que deve ser indagada é — essa
petição é segundo a vontade de Deus? Uma vez solucionada a
questão, caso a mesma esteja dentro da vontade do Senhor (por
exemplo, a bênção pode ser definidamente prometida em Sua
Palavra), então devo saber que a oração foi ouvida. E devo saber
mais que isso, ainda: “Já tenho a petição que fiz.” Ora, minha
certeza deve estar baseada no fato de Ele mesmo o ter declarado
abertamente, pois aquilo de que um crente se apropria, em
confiança simples e infantil, baseada em Sua Palavra franca, “isso
mesmo possuirá” em sua experiência pessoal.
Quando alguém recebe um título de propriedade, essa propriedade
lhe pertence logo que o documento seja devidamente reconhecido
oficialmente, embora possa passar-se algum tempo, até que haja
usufruto experimental da propriedade. Tal indivíduo passa a
possuir a propriedade, em certo sentido, logo que o documento é
oficialmente reconhecido. Mais tarde entra na posse experimental
da mesma. Semelhantemente, logo que nós — tendo satisfeito as
condições relativas à oração eficaz — apresentamos uma petição a
Deus, acerca de “qualquer coisa segundo a Sua vontade,” temos o
privilégio de saber que a oração já foi ouvida, e que aquilo que Lhe
solicitamos já nos pertence. Ora, apliquemos agora esse princípio
ao batismo com o Espírito Santo. Já satisfiz as condições para
obter essa bênção. E de modo simples e definido, peço a Deus Pai
o batismo com o Espírito Santo. Depois eu faço uma pausa e
pergunto se o pedido é segundo a vontade de Deus. Certamente,
porquanto assim lemos em Lucas 11:13: “Ora, se vós, que sois
maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais o
Pai celestial dará o Espírito Santo àqueles que lho pedirem?” E
também diz Atos 2:38,39: “Arrependei-vos, e cada um de vós seja
batizado em nome de Jesus Cristo para remissão ' dos vossos
pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo. Pois para vós
outros é a promessa, para vossos filhos, e para todos os que ainda
estão longe, isto é, para quantos o Senhor nosso Deus chamar.” É
evidente, pois, que a oração pedindo o batismo com o Espírito
Santo é de acordo com a vontade de Deus, posto ser prometido
esse batismo de modo claro e definido. E assim devo saber que a
oração que fiz foi ouvida, e que tenho a petição que solicitei (I João
5:14,15). Em outras palavras, tenho o batismo com o Espírito
Santo. E terei o direito de levantar-me dos joelhos e dizer, baseado
na suficiência completa da autoridade da Palavra de Deus: “Tenho
o batismo com o Espírito Santo,” e depois desfrutarei da
experiência pessoal da qual já me apropriei por um ato de fé;
porquanto o Deus que não pode mentir foi quem disse: “tudo
quanto em oração pedirdes, crede que recebestes, e será assim
convosco.
Qualquer leitor deste livro pode, neste momento da leitura pô-lo de
lado. E, se já aceitou a Cristo como Salvador e Senhor; se fez
pública profissão de fé, como Deus quer; se o pecado foi sondado
e eliminado, e se fez entrega total da vontade e do “eu” a Deus; se
possui um desejo verdadeiro de, para a glória de Deus, receber o
batismo com o Espírito Santo — sim, se essas condições já foram
satisfeitas, o leitor pode agora mesmo mostrar-se perante o Senhor
e pedir-Lhe que o batize com o Espírito Santo; e então poderá
dizer, uma vez terminada essa oração: “Minha oração foi ouvida, e
já possuo o que pedi — tenho o batismo com o Espírito Santo.” Um
crente assim terá o direito de levantar-se e de ir para o seu
trabalho, certo de que contará com o poder do Espírito daí por
diante.
Mas, alguém poderia perguntar nesta altura: “Não é verdade,
entretanto, que devemos saber que temos o batismo com o Espírito
Santo, antes de começar a trabalhar no evangelho?” Certamente
que sim, mas como poderemos sabê-lo? Não conheço melhor
modo de saber qualquer coisa do que através da Palavra de Deus.
Deve crer na Palavra de Deus antes de ter qualquer sentimento.
Como tratamos com o interessado que acaba de aceitar a Cristo,
mas a quem ainda falta a certeza de possuir a vida eterna? Não
recomendamos que ele perscrute seus próprios sentimentos.
Antes, levamo-lo a examinar passagens como João 3:36. E ele
lerá: “Por isso quem crê no Filho tem a vida eterna...” E lhe
perguntamos: “Quem afirma assim? ”“0 próprio Deus.” “Será
verdade?” insistimos. “Certamente que sim, pois Deus é quem o
afirma.”“E quem tem a vida eterna, segundo diz Deus?” “Aquele
que crê no Filho.” E continuamos: “E você confia no Filho?” “Sim.”
“Nesse caso, que possui você?” E talvez o interessado replique:
“Bem, não sei. Não sinto que tenho a vida eterna.” “Mas, que é que
Deus diz?” “Que aquele que crê no Filho tem a vida eterna.” E
concluímos: “Você prefere confiar na Palavra de Deus ou em seus
próprios sentimentos?” E podemos segurar nesse ponto o
interessado, até que, firmado na simples Palavra de Deus, quer
tenha sentimentos quer não, possa dizer abertamente: "Sei que
possuo a vida eterna, porque assim diz Deus;” e depois aparecem
os sentimentos. Faça consigo mesmo, na questão do batismo do
Espírito Santo como fez com o interessado no tocante à certeza da
salvação. Certifique-se de que satisfez as condições, e depois
simplesmente peça, receba e aja.
Contudo, alguém dirá: “Mas continuará tudo como antes? Não
haverá qualquer manifestação?” Sem dúvida que haverá alguma
manifestação. “A manifestação do Espírito é concedida a cada um,
visando fim proveitoso” (I Coríntios 12:7). Mas, qual será o caráter
dessa manifestação, e onde a perceberemos? É neste ponto que
muitos erram. Talvez tenham lido as biografias de Carlos Finney ou
de Jonathan Edwards, e recordam as grandes ondas de emoção
que experimentaram aqueles homens, ao ponto de se verem
obrigados a rogar ao Senhor que retirasse Sua mão, para que não
sucumbissem de tanto êxtase. Ou então talvez tenham estado em
alguma reunião, e ouviram testemunhos sobre experiências
similares, e agora esperam para si mesmos algo parecido. Ora,
não nego a realidade de tais experiências. Não posso mesmo
fazê-lo. Precisamos acreditar nos testemunhos de homens como
Finney e Edwards. Mas, a despeito de admitir a realidade dessas
experiências, sou obrigado a interrogar se existe uma linha no
Novo Testamento que descreva qualquer experiência similar em
conexão com o batismo do Espírito Santo. Todas as manifestações
do batismo com o Espírito Santo, no Novo Testamento, eram em
forma de poder para o serviço cristão. Examine, por exemplo, I
Coríntios 12, onde o assunto é tratado da maneira mais completa,
e note o caráter das manifestações mencionadas. É perfeitamente
provável que os apóstolos tenham tido experiências similares às de
Finney, de Edwards, e de outros; mas, se isso aconteceu, o
Espírito Santo evitou que tais coisas fossem registradas. E é bom
que Ele assim tenha feito, pois do contrário, ficaríamos a esperar
por essas coisas dramáticas, ao invés de buscar a mais importante
manifestação do poder para servir.
Outra pergunta certamente será levantada: “Mas os apóstolos não
esperaram por dez dias? Não teríamos que esperar também?” Os
apóstolos tiveram de esperar; porém, pela razão dada em Atos 2:1:
“Ao cumprir-se o dia de Pentecoste”. Nos planos eternos e nos
propósitos de Deus, bem como nos tipos apresentados no Velho
Testamento, o dia de Pentecoste foi estabelecido como tempo
certo para a descida do Espírito Santo, e Ele não podia vir
enquanto não se cumprisse essa data. Por isso mesmo não mais
se ouve falar em espera, depois do dia de Pentecoste. Em Atos
3:31 não houve demora alguma: “Tendo eles orado, tremeu o lugar
onde estavam reunidos; todos ficaram cheios do Espírito Santo...”
Em Atos 8 também não houve espera. Quando Pedro e João
desceram a Samaria e descobriram que nenhum dos novos
convertidos fora ainda batizado com o Espírito Santo, “oraram por
eles para que recebessem o Espírito Santo,” e isso ocorreu no
mesmo momento (Atos 8:15,17).
Paulo de Tarso também não foi obrigado a esperar, segundo Atos
9. Ananias entrou e lhe falou sobre esse admirável dom, batizou-o
e lhe impôs as mãos e “logo pregava nas sinagogas a Jesus,
afirmando que este é o Filho de Deus” (Atos 9:17,20). Também não
houve período de espera em Atos 10. Pedro mal tinha acabado seu
sermão; quando veio o batismo com o Espírito Santo (Atos
10:44-46; comparar com 11:15,16). Em Atos 19 também não houve
espera. Assim que Paulo declarou aos discípulos de Éfeso a
realidade do dom do Espírito, e que as condições foram satisfeitas,
não se fez demorar a bênção (Atos 19:1-6). Os homens só
precisam esperar quando não satisfazem as condições, quando
Jesus Cristo não é plenamente acolhido, ou quando o pecado não
é abandonado, ou quando não há rendição completa, desejo
sincero, oração definida, ou fé simples, que aceita a Palavra tal
como está escrita. A falta de alguns desses elementos
imprescindíveis faz com que muitos tenham de esperar às vezes
por mais de dez dias. Todavia, não há qualquer necessidade dos
leitores deste livro esperarem mesmo que seja por dez horas.
Qualquer crente pode receber imediatamente o batismo com o
Espírito Santo, se assim o desejar. De certa feita fui abordado por
um jovem muito agitado quanto a essa questão. “Ouvi falar no
batismo com o Espírito Santo,” explicou ele, “e desde algum tempo,
o venho buscando, mas ainda não o recebi.” Então o interroguei:
“Você já submeteu sua vontade ao Senhor?” Retrucou: “Temo que
essa seja a causa da dificuldade.” “Mas não quer rendê-la?” “Não
posso". Então sugeri: “Não está você disposto a deixar que Deus o
faça por você?” “Sim.” E aconselhei-o: “Então peça-Lhe essa
bênção.”
Ajoelhamo-nos em oração, e ele pediu que Deus submetesse por
ele a sua vontade. Depois lhe perguntei: “Você acha mesmo que
Deus ouviu sua oração, jovem?” E ele disse: “Deve ter ouvido, pois
foi feita segundo a vontade dEle.” “Então você já submeteu sua
vontade ao Senhor?” “Penso que sim.” E arrisquei: “Nesse caso
peça-Lhe o batismo com o Espírito Santo.” E foi o que o jovem fez.
Em seguida, perguntei: “Essa oração foi segundo a vontade do
Senhor?” “Foi.” “Foi ela ouvida?” “Deve ter sido.” E insisti: “Você já
possui o batismo com o Espírito Santo?” E ele: “Não sinto nada.”
Mas retruquei: “Não foi isso que lhe perguntei; leia novamente
esses versículos.” Abri a Bíblia em I João 5:14,15 e li: “E esta é a
confiança que temos para com ele, que, se pedirmos alguma cousa
segundo a sua vontade, ele nos ouve. ”
E continuei: “Espere um momento; a oração que você fez foi
conforme a vontade de Deus?” “Certamente que foi.” “E terá sido
ouvida?” E continuei: “Continue lendo.” E ele leu: “E, se sabemos
que ele nos ouve quanto ao que lhe pedimos, estamos certos de
que obtemos os pedidos que lhe temos feito”. E prossegui: “De que
ficamos sabendo?” “Que temos as petições que Lhe tivermos feito.”
“E qual foi a sua petição, meu rapaz?” “Que eu recebesse o
batismo com o Espírito Santo.” E continuei: “Nesse caso, você já o
recebeu?” E o jovem retrucou: “Nada sinto; mas se a Palavra de
Deus assim diz, então devo tê-lo.”
Poucos dias mais tarde encontrei-me com ele novamente, e
indaguei se realmente havia recebido o que aceitara mediante fé
simples. Com um ar de satisfação ele respondeu: “Sim”, recebi.”
Durante cerca de dois anos não mais o vi; mas quando me
encontrei novamente com ele, preparava-se para o ministério. Já
pregava, e o Senhor honrava seus sermões com almas salvas, e
algum tempo mais tarde usou-o, juntamente com alguns outros
estudantes, para ser instrumento de grandes bênçãos espirituais
no seminário teológico onde estudava. Também resolveu servir ao
Senhor em terras estrangeiras. O que aquele jovem reivindicou,
baseado simplesmente em fé na Palavra, qualquer leitor deste livro
também pode reivindicar, e o receberá da mesma maneira.
4 - NOVOS BATISMOS COM O ESPÍRITO SANTO

Em Atos dos Apóstolos 2:4, lemos: “Todos ficaram cheios do


Espírito Santo, e passaram a falar em outras línguas,” etc. Isso foi
o cumprimento de Atos-1:5, que diz: “vós sereis batizados com o
Espírito Santo, não muito depois destes dias.” Um dos que são
mencionados pelo nome, entre os que foram “cheios do Espírito
Santo” (Atos 2:4) ou “batizados com o Espírito Santo” (Atos 1:5)
nessa ocasião, foi o apóstolo Pedro. Voltando-nos para Atos 4:8
lemos: “Então Pedro, cheio do Espírito Santo, lhes disse.” Nessa
oportunidade Pedro experimentou um novo enchimento com o
Espírito Santo. Novamente, em 4:31, lemos: “Tendo eles orado,
tremeu o lugar onde estavam reunidos; todos ficaram cheios do
Espírito Santo.” Pedro aparece como um dos componentes desse
grupo de crentes (vers. 19 e 23), o que nos mostra que, nessa
ocasião, Pedro experimentou o terceiro enchimento com o Espírito
Santo. É evidente que não basta ao crente ser batizado uma só vez
com o Espírito Santo. À medida que surgirem novas crises no
serviço, serão necessários novos enchimentos com o Espírito. Mas
o fato dessa verdade não ser compreendida tem conduzido muitos
obreiros ao mais completo fracasso Sucede que talvez tenham sido
batizados com o Espírito Santo, mas lutam por viver a vida no
poder dessa experiência passada. É justamente por esse motivo
que vemos tantos homens, que sem dúvida agiram no poder do
Espírito Santo, fornecerem agora tão poucas provas de possuir o
mesmo poder. Para cada novo serviço a ser prestado, para cada
nova alma a ser abordada, para cada novo culto a ser realizado,
para cada novo dia e para cada nova emergência de vida e serviço
cristãos, é mister que busquemos de modo definido um novo
enchimento com o Espírito Santo.
Não quero com isso negar que existe a unção que “permanece em
vós” (I João 2:27), nem quero pôr em dúvida o caráter permanente
dos dons conferidos pelo Espírito de Deus; mas simplesmente
assevero, fundamentado em provas bíblicas claras e abundantes,
para não falarmos nas provas baseadas na experiência e na
observação, que esse dom não deve ser “negligenciado” (I Timóteo
4:14), mas, pelo contrário, deve ser reavivado (II Timóteo 1:6); e
que a repetição do enchimento com o Espírito Santo é necessária
para a continuação e o crescimento do poder.
Surge agora a pergunta: Esses novos enchimentos com o Espírito
Santo devem ser chamados de novos batismos com o Espírito? A
resposta é que apesar de, por um lado, termos de admitir que em
Atos 2:4, a expressão “cheios do Espírito Santo” é usada para
descrever a experiência prometida em Atos 1:5, nas palavras
“sereis batizados com o Espírito Santo,” e que, por conseguinte,
essas duas expressões, até esse ponto são sinônimas, por outro
lado, nota-se que a expressão “batizado com o Espírito Santo” na
Bíblia é empregada para indicar a primeira experiência com o
Espírito. Outrossim, o próprio vocábulo, “batizar,” dá idéia de uma
só experiência inicial ou iniciatória. E assim, apesar de
defendermos a verdade que tem em vista aqueles que falam sobre
“novos batismos com o Espírito Santo,” parece-nos mais acertado
seguir o vocabulário e as expressões bíblicas, ao nos referirmos às
experiências cristãs — a experiência inicial com o Espírito deve ser
intitulada de “batismo com o Espírito Santo,” e as experiências
subseqüentes devem ser chamadas de “ficar cheio” do Espírito
Santo.

5 - COMO SE PERDE O PODER ESPIRITUAL

Qualquer estudo acerca do batismo com o Espírito Santo e do


poder que disso resulta, seria incompleto se não comentássemos o
fato de poder ser perdido o poder espiritual assim conferido.
Uma das narrativas mais estranhas e melancólicas do Velho
Testamento é a história de Sansão. E também é uma das mais
instrutivas. Não há dúvida que foi ele o homem mais notável de sua
época. Coube-lhe pela providência divina ter grandes
oportunidades; mas após algumas vitórias realmente
extraordinárias, sua vida terminou em trágico fracasso, e tudo por
causa de sua insensatez indesculpável. Por várias vezes lê-se que
“se apossou dele o Espírito do Senhor.” E nesse poder realizou
prodígios, para admiração de seu próprio povo e para
desbaratamento dos adversários do povo de Deus. Não obstante,
em Juízes 16:19,20, vemo-lo abandonado pelo Senhor, embora
disso não tivesse consciência, destituído de sua prodigiosa força
física, e prestes a ser levado para o mais abjeto cativeiro, como
palhaçada para os iníquos; e, juntamente com os inimigos do
Senhor, teve uma morte violenta e desonrosa.
Infelizmente Sansão não foi o único homem na história cristã que,
conhecendo experimentalmente o poder do Espírito Santo,
posteriormente foi despojado de todo esse poder e posto de lado
como inútil. Já houve milhares de Sansões, e acredito que ainda
surgirão muitos e muitos outros — homens que Deus usou
anteriormente, mas que depois foram marginalizados. Um dos
espetáculos mais tristes sobre a face da terra é um homem assim.
Consideremos, portanto, quando é que o Senhor se afasta de um
homem ou retira dele o Seu poder ou, ainda em outras palavras,
“Como se perde o poder espiritual.”
1. Antes de tudo, Deus retira o Seu poder do indivíduo que recua
em sua separação para com o Senhor. Esse foi, precisamente, o
caso do próprio Sansão. (Comparar Juizes 16:19 com Números
6:2,5.) Seus cabelos intactos eram o sinal externo de seu voto de
nazireu, mediante o qual se “separava para o Senhor ” Mas, seus
cabelos raspados significavam a descontinuacão de sua
consagração a Deus. Uma vez que não continuou separado para o
Senhor, perdeu o poder espiritual. É exatamente pelo mesmo
motivo que muitos crentes, hoje em dia, são destituídos de seu
poder. Houve época em que se separaram para o serviço de Deus.
Mas retornaram ao mundo e suas ambições, em suas atividades e
propósitos. Haviam se separado para Deus, como Seus santos,
como pertencentes a Ele, para que o Senhor os tomasse e usasse
e fizesse com eles segundo a Sua Vontade E Deus honrou aquela
consagração, ungindo-os com o Espírito Santo e com poder. E
efetivamente foram utilizados nas mãos do Senhor. Assim sucedeu
também a Sansão. Mas eis que apareceu Dalila. O mundo
capturou novamente o coração do juiz. Ouviu novamente a voz
atraente do mundo, e permitiu que ela lhe furtasse a consagração
A partir desse momento não era mais homem separado, totalmente
consagrado ao Senhor, e o Senhor o abandonou. Haverá alguém
assim entre os que lêem estas palavras?
Há homens e mulheres que o Senhor já usou, mas que agora não
usa mais. Podem continuar externamente atarefados no trabalho
cristão, mas não haverá mais a antiga liberdade e poder, e a razão
é a seguinte — foram infiéis à sua separação, â sua consagração
ao Senhor; estão dando ouvidos a Dalila, à voz da meretriz, à voz
do mundo com os seus atrativos. Deseja um crente recuperar o seu
passado poder? Só lhe resta fazer uma coisa. Que seus cabelos
cresçam novamente como Sansão — os cabelos de sua
consagração a Deus. Noutras palavras, que renove sua dedicação
ao Senhor.
2.O poder é perdido quando entra o pecado. Foi isso que
aconteceu com Saul, filho de Quis. O Espírito de Deus desceu
sobre Saul e ele obteve uma grande vitória para Deus (I Samuel
11:6 e ss.). Ele conduziu o povo de Deus ao Triunfo sobre seus
inimigos, seus dominadores durante muitos anos. Saul, entretanto,
desobedeceu a Deus em duas instâncias distintas (I Samuel
13:13,14 e 15:3,9-11,23), e o Senhor retirou dele o Seu poder, e a
vida de Saul terminou em completa derrota e ruína. Essa é também
a história de muitos homens que Deus já usou no passado. O
pecado penetrou. Praticaram aquilo que fora proibido pelo
Senhor,ou recusarem fazer o que fora ordenado por Deus: então o
poder do Senhor foi retirado.
Assim sendo, aquele que já conhece o poder de Deus no serviço
cristão, e deseja continuar desfrutando-o, deve andar com extrema
cautela perante o Senhor. Deve estar de ouvidos constantemente
atentos, para ouvir o que Deus lhe ordena fazer ou deixar de fazer.
Deve responder prontamente aos mais leves sussurros de Cristo.
Parece mesmo que aquele que já experimentou o poder de Deus,
deveria preferir morrer a perdê-lo. Não obstante, esse poder se
perde devido ao ingresso do pecado. Haverá leitores deste livro
que estão passando por essa horrenda experiência de perda do
poder de Deus? Que cada qual pergunte a si mesmo se não será
esse o motivo da diminuição de seu poder espiritual — terá
penetrado o pecado, em qualquer de suas formas? Estará ele
fazendo alguma coisa, mínima que seja, talvez, mas que Deus diz
que não convém ao crente? Estará deixando de fazer algo que
Deus ordenou? Que o crente endireite todas as suas relações com
o Senhor, e o poder espiritual lhe será restaurado. Davi se tornou
culpado de um horrendo pecado; mas quando esse pecado foi
confessado e abandonado, veio a conhecer novamente, e sem
demora, o poder do Espírito (Salmos 32:1-5; 51:11-13).
Se desejamos participar continuamente do poder de Deus,
devemos estar freqüentemente a sós com Ele, pelo menos ao fim
de cada dia, rogando-Lhe que nos revele qualquer pecado
porventura cometido, que nos mostre qualquer coisa que
porventura O desagrade, ocorrida naquele dia; e, se Ele nos
mostra qualquer falha dessa categoria, cumpre-nos confessá-la e
eliminá-la de nossas vidas naquele mesmo instante.
3. A tolerância leva à perda do poder. Aquele que deseja possuir e
manifestar o poder de Deus obriga-se a viver uma vida de
abnegação, de negação própria. Existem muitas coisas que em si
mesmas não são pecaminosas, no sentido comum da palavra
pecado, mas que servem de empecilho espiritual e que arrebatam
aos crentes o seu poder perante o Senhor. Não posso acreditar
que qualquer homem possa viver, excedendo-se em seus apetites
naturais, dando-se ao luxo e à vaidade, e ao mesmo tempo
desfrutar a plenitude do poder de Deus. A satisfação dos apetites
carnais e a plenitude do Espírito não andam de mãos dadas.
“Porque a carne milita contra o Espírito, e o Espírito contra a carne,
porque são opostos entre si; para que não façais o que porventura
seja do vosso querer” (Gálatas 5:17). E Paulo ainda escreveu:
“Mas esmurro o meu corpo, e o reduzo à escravidão, para que,
tendo pregado a outros, não venha eu mesmo a ser desqualificado”
(I Coríntios 9:27). Note-se, igualmente, o trecho de Efésios 5:18.
Vivemos numa época em que é grande a tentação de satisfazer a
carne. As facilidades e comodidades aumentam cada dia. A
piedade e a prosperidade raramente andam de mãos dadas e, em
muitos casos, a prosperidade produzida pela piedade e pelo poder
tem sido a ruína dos que foram agraciados por ela. Não têm sido
poucos os ministros que, cheios de poder espiritual, se tornaram
populares, e muito procurados. Mas com o aumento da
popularidade, aumentam a renda e o conforto. Entrando o luxo,
saiu o poder do Espírito. Não seria difícil citarmos instâncias
específicas dessa triste realidade. Se desejarmos a continuação do
poder do Espírito, precisamos estar vigilantes contra os ardis de
Satanás, vivendo com simplicidade, isentos de licenciosidade e
ócio, sempre dispostos a participar dos “sofrimentos, como bom
soldado de Cristo Jesus” (II Tim. 2:3). Confesso francamente que
tenho medo das comodidades — não tanto quanto do pecado,
reconheço que, depois do pecado, devemos ter mais receio delas
do que de qualquer outra coisa. Elas constituem um inimigo forte,
que tem muito poder, mas é sutil. Até hoje existem possessões
demoníacas que “só podem ser vencidas por meio de oração e
jejum.”
4. A cobiça do dinheiro leva à perda do poder. Foi por causa desse
pecado que um dos doze que o próprio Jesus escolheu, veio a cair.
O amor ao dinheiro, o amor à acumulação de riquezas, tomou
conta do coração de Judas Iscariotes e provocou a sua ruína.
“Porque o amor do dinheiro é raiz de todos os males...” (I Timóteo
6:10), e um dos maiores males causados por esse pecado é a
perda do poder espiritual. Quantos homens existem hoje em dia
que antes conheceram o poder espiritual, mas o dinheiro começou
a entrar. E logo sentiram a fascinação estranha. O amor pela
acumulação de riquezas, a cobiça, o desejo de possuir mais, foi
pouco a pouco se apossando deles. Acumularam honestamente o
seu dinheiro; mas este os absorveu inteiramente, e o Espírito de
Deus foi deixado de fora, e o Seu poder foi retirado.
Os crentes que desejam poder, precisam das palavras de Cristo:
“Tende cuidado e guardai-vos de toda e qualquer avareza ” (Lucas
12:15) gravadas profundamente em seus corações. Não é preciso
que um indivíduo seja rico para ser avarento. Um homem bem
pobre pode ficar absorvido com o desejo pelas riquezas, que em
tudo se equipare a qualquer multimilionário ganancioso.
5. O poder se perde por causa do orgulho. Esse é o mais sutil e
perigoso de todos os inimigos do poder. Tenho quase certeza de
que mais homens perdem seu poder por esse motivo, do que pelos
já mencionados até o momento. Muitos são os homens que não se
desviam de sua consagração no sentido de fazer conscientemente
aquilo que Deus proibiu ou de não fazer aquilo que Deus ordenou;
não se tornaram tolerantes, com genuína sinceridade recusam
sempre as atrações que as riquezas oferecem, contudo falharam
— é que o orgulho penetrou. Ficaram envaidecidos justamente pelo
fato de Deus lhes ter conferido poder e de os estar usando.
Envaidecidos também com a perseverança e a simplicidade de sua
vida devocional. E assim Deus se obriga a pô-los de lado. Deus
não usa um homem orgulhoso (I Pedro 5:5), “porque Deus resiste
aos soberbos, contudo aos humildes concede a sua graça.” O
homem que fica chern de orgulho, de amor próprio, não pode ter a
plenitude do Espírito Santo. Paulo mesmo percebeu esse perigo,
em sua própria vida. Deus o advertiu "... para que não me
ensoberbecesse com a grandeza das revelações, foi-me posto um
espinho na carne, mensageiro de Satanás, para me esbofetear, a
fim de que não me exalte” (II Coríntios 12:7). Quantos homens
fracassaram justamente nesse ponto!
Tendo buscado o poder de Deus, do modo que Deus requer,
chegaram a recebê-lo. Outros testificaram da bênção recebida
através deles; mas deram-se ao orgulho, toleraram a soberba, e
logo todo o poder espiritual se dissolveu. Moisés foi o mais manso
dos homens, no entanto fracassou justamente nesse particular:
“porventura faremos sair água desta rocha para vós
outros?”clamou ele perante o povo; e desde aquele momento Deus
o pôs de lado (Número 20:10-12).
Se Deus estiver nos usando, sejamos muito humildes diante dEle.
Quanto mais Ele nos usar, tanto mais humildes convém que
fiquemos. Que Deus faça retinir Suas palavras em nossos ouvidos,
continuamente: “Cingi-vos todos de humildade, porque Deus
resiste aos soberbos, contudo aos humildes concede a sua graça”
(I Pedro 5:5).
6. O poder pode ser perdido por causa da negligencio na oração. É
especialmente através da oração que ficamos carregados da
virtude de Deus. O homem que vive em intensa e constante oração
recebe a corrente energética do poder de Deus. João Livingstone
passou uma noite, com alguns crentes, em conferência e oração.
No dia seguinte, 21 de junho de 1630, ele pregou com tal poder na
Igreja de Shotts, que o Espírito veio de maneira tão evidente, em
seus ouvintes, que quinhentos deles foram convertidos ou tiveram
alguma confirmação notável de sua conversão. Esse é apenas um
entre muitos exemplos que mostram como o poder é proporcionado
na oração.
Virtude e poder fluem continuamente de nós, como também fluía
de Jesus Cristo (Marcos 5:30), em serviço e bênção; e, para que o
poder seja mantido, deve ser permanentemente renovado por
intermédio da oração. Quando a energia elétrica é liberada de um
corpo carregado dela, a fonte tem de ser recarregada. Assim
também nós precisamos ser recarregados da energia divina, e isso
é efetuado mediante nossos encontros com Deus, através da
oração. Muitos homens que Deus já usou relaxaram em seus
hábitos relativos à oração, e o Senhor se afastou deles, e o poder
desaparece. Não é verdade que alguns de nós já não possuímos o
poder que tínhamos antes, simplesmente porque não dedicamos
mais o tempo que antes dedicávamos a oração, prostrados diante
da face do Senhor?
7. Perde-se também o poder pela negligência para com a Palavra.
O poder de Deus nos é dado mediante a oração, mas também nos
é conferido através da Palavra de Deus (Salmo 1:2,3; Josué 1:8).
Muitos conhecem o poder que vem pela reflexão regular,
demorada, regada por oração, acompanhada de compunção do
coração, em torno da Palavra de Deus; mas negócios e talvez os
deveres cristãos se multiplicaram, e outros estudos absorveram o
tempo e a energia que vinham dedicando ao estudo das Escrituras,
por isso o poder se dissipou. Precisamos meditar na Palavra de
Deus diariamente, profundamente, em oração, para conseguir
manter o poder. Muitos homens viram secar sua fonte de poder
justamente por causa dessa negligência.
Penso que os sete pontos mencionados acima nos fornecem os
principais meios por intermédio dos quais se perde o poder
espiritual. Não me ocorrem outras razões além dessas.
Se existe temor que me assalte mais freqüente-mente que
qualquer outro, é o de perder o poder de Deus. Oh! Que agonia a
de ter experimentado o poder do Senhor, de haver sido utilizado
em Suas mãos, para em seguida ver-se privado desse poder, e de
ser posto de lado como alguém destituído de real utilidade! Os
homens podem continuar a louvá-lo, mas Deus não poderá usá-lo.
Que horrível é ver um mundo perecer ao seu redor, e saber que
não há poder para salvar, em suas palavras. Não seria preferível
morrer? Tenho pouquíssimo receio de perder a vida eterna. Cada
crente em Jesus Cristo já é possuidor dela. Estou nas mãos de
Jesus Cristo e nas mãos de Deus Pai, e ninguém pode
arrancar-me delas (João 10:28-30), mas vejo tantos homens de
quem Deus se afastou... homens que já foram eminentemente
usados por Deus. Ando em temor e tremor, e clamo a Deus,
diariamente, que me-guarde das coisas que tornariam necessária a
retirada de Seu poder, da minha vida. Acho que Ele me deixou
saber claramente quais são essas coisas, e nas palavras escritas
aqui, tenho procurado apresentá-las de maneira clara, tanto para
mim mesmo como para os meus leitores. Em resumo, são as
seguintes: retirar a consagração; o pecado; complacência com os
nossos erros; ganância; orgulho; negligência quanto à oração; e
negligência quanto à Palavra escrita. Pela graça de Deus, de agora
em diante vigiemos todas essas coisas para que assim nos seja
assegurada a continuação do poder de Deus em nossa vida e em
nosso serviço cristão, até que raie aquele dia feliz em que
possamos exclamar como o apóstolo Paulo: “Combati o bom
combate, completei a carreira, guardai a fé. Já agora a coroa da
justiça me está guardada, a qual o Senhor reto juiz, me dará
naquele dia e não somente a mim, mas também a todos quantos
amam a sua vinda” (II Timóteo 4:7,8), ou, melhor ainda, possamos
dizer em uníssono com o Senhor Jesus: Eu te glorifiquei na terra,
consumando a obra que me confiaste para fazer” (João 17:4).

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