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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO

PRÓ-REITORIA DE ENSINO DE GRADUAÇÃO


DIRETORIA DE GRADUAÇÃO FORA DE SEDE E
PARCELADAS
NÚCLEO PEDAGOGIA DE CÁCERES /DISTRITO DE
CARAMUJO
LICENCIATURA EM PEDAGOGIA

AURELIO GONÇALVES SERAPIÃO

A EVASÃO ESCOLAR NA EJA: DESAFIOS PARA O CEJA “PROF.


MILTON MARQUES CURVO”

CÁCERES-MT
MAIO /2018
AURELIO GONÇALVES SERAPIÃO

A EVASÃO ESCOLAR NA EJA: DESAFIOS PARA O CEJA “PROF.


MILTON MARQUES CURVO”

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Banca Examinadora, como exigência para obtenção
do título de Graduação do Curso de Licenciatura em
Pedagogia da Universidade do Estado de Mato
Grosso, sob a orientação da Profa. Ma. Edinéia
Natalino da Silva Santos.

CÁCERES-MT
MAIO /2018
© By, SERAPIÃO. Aurelio Gonçalves

Ficha catalográfica elaborada pela biblioteca


AURELIO GONÇALVES SERAPIÃO

A EVASÃO ESCOLAR NA EJA: DESAFIOS PARA O CEJA “PROF.


MILTON MARQUES CURVO”

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Examinadora, como exigência para


obtenção do título de Graduação do Curso de Licenciatura em Pedagogia da Universidade do
Estado de Mato Grosso – UNEMAT Campus Cáceres/Núcleo Caramujo.

Banca Examinadora:

___________________________________________________________________
Profª Ma. Edineia Natalino da Silva Santos - UNEMAT
(Orientadora)

___________________________________________________________________
Profª Ma. Maria Domingas de Souza- UNEMAT
(Membro)

___________________________________________________________________
Profª. Esp.Mirian da Silva Marinho Moreira- UNEMAT
(Membro)
DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho primeiramente a Deus;


À minha querida esposa e companheira Lucia Helena;
Aos meus filhos Jean Aurélio e Lian Helena;
Aos netos Antônio, Emanuelle, Helena e Miguel;
A todos os meus professores que lecionaram durante todo o curso, nos conduzindo á
busca do conhecimento, ao professor Flávio Luiz Coordenador do Curso de Licenciatura em
Pedagogia do Distrito do Caramujo que sempre me incentivou. Aos motoristas da Prefeitura,
em especial ao Eliel, bem como aos motoristas da UNEMAT Eugenio, Hilton e Lindomar que
sempre nos guiaram às idas e vinda de segunda-feira a sexta-feira nos mais de 30 km (trajeto
Cáceres-Caramujo-Cáceres), durante esse período de quatro anos, com segurança,
profissionalismo e respeito;
A todos os meus colegas de sala pelo companheirismo, pelo respeito e pela atenção
presentes no decorrer desses quatro anos de curso. Sentirei Saudades!
A minha orientadora Edinéia Natalino, que dedicou parte do seu tempo para assim
me orientar com ética e dedicação;
Em especial aos colegas de trabalho do CEJA “Prof. Milton Marques Curvo”, que
sempre me incentivaram, em especial ao amigo e companheiro Edilson Mendes.
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por ter me oportunizado essa conquista em minha


vida;
A todos os meus familiares e amigos que sempre estiveram presentes durante minha
caminhada e na busca do conhecimento;
A toda equipe do CEJA “Prof. Milton Marques Curvo”, EJA que sempre me
apoiaram, incentivaram e contribuíram durante os quatro anos de faculdade, em especial aos
educandos da EJA, sem eles não seria possível essa vitória.
Aos esfarrapados do mundo e as os que neles se descobrem e,
assim descobrindo-se, com eles sofrem, mas, sobretudo, com
eles lutam.
(Paulo Freire – in – Pedagogia do Oprimido, 1970, p.12)
RESUMO

Esta pesquisa é oriunda do trabalho de Conclusão de Curso e propõem reflexão acerca do


abandono escolar e ou evasão escolar na Educação de Jovens e Adultos (EJA), despontando
como questão central: por que ocorre a evasão nas turmas do primeiro segmento EJA? Quais
são as principais dificuldades enfrentadas pelos alunos e profissionais da escola com o
objetivo principal em buscar compreender as diversas causas que culminam para que os
alunos da EJA empreendam uma nova desistência após retornar à escola. A pesquisa foi
realizada no CEJA “Professor Milton Marques Curvo” junto aos professores e alunos das
turmas de unidocência. A metodologia ampara-se na abordagem de pesquisa com cunho
qualitativa, para coleta de dados utilizamos análise documental, (Legislações da EJA em
âmbito Nacional, atas de resultados; PPP da escola e Questionário aplicados aos professores
das turmas investigadas e alunos). As análises estarão ancoradas nas legislações pertinentes e
em autores como: Di Pierro (2000), Paulo Freire (1997), e outros.

PALAVRAS-CHAVES: Evasão escolar, Educação de Jovens e Adultos, alfabetização de


adultos.
ABSTRACT

This research comes from the work of Conclusion of Course and propose reflection on school
dropout and school dropout in Youth and Adult Education (YAE), highlighting as a central
question: why does evasion in the first YAE segment? What are the main difficulties faced by
the students and professionals of the school with the main objective in seeking to understand
the various causes that lead to the students of the EJA to undertake a new drop out after
returning to school. The research was carried out in the CYAE "Professor Milton Marques
Curvo" with the teachers and students of the unidentified classes. The methodology is based
on the research approach with a qualitative approach, for data collection we use documentary
analysis, (National Legislation of the YEA, results reports, PPP of the school and
Questionnaire applied to the teachers of the classes investigated and students). The analyzes
will be anchored in the pertinent legislations and in authors like: Di Pierro (2000), Paulo
Freire (1997), and others.

KEYWORDS: School Evasion, Youth and Adult Education, Adult Literacy


LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

CEB – Câmara de Educação Básica

CEE/MT – Conselho Estadual de Educação do Estado de Mato Grosso

CEJA- Centro de Educação de Jovens e Adultos

CF- Constituição Federal

CFE-Conselho Federal de Educação

CNE – Conselho Nacional de Educação

EJA – Educação de Jovens e Adultos

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

LDBEN- Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

MEC- Ministério de Educação e Cultura

MEB- Movimento de Educação de Base

MCP- Movimento de Cultura Popular

MOBRAL- Movimento Brasileiro de Alfabetização

PPP – Projeto Político Pedagógico

SEDUC/MT – Secretaria de Estado de Educação do Estado de Mato Grosso

UNEMAT – Universidade do Estado de Mato Grosso


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 11

1 A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS E A EVASÃO ESCOLAR ................ 14


1.1 Contextualizando a EJA no Brasil: funções e objetivos ............................................. 14
1.2. A EJA e a Evasão Escolar: definições e conceitos .................................................... 18

2 DA PROBLEMÁTICA AOS CAMINHOS DA PESQUISA ................................... 21


2.1 Relevância, objetivos e questões norteadoras ............................................................. 21
2.2 Os caminhos metodológicos ....................................................................................... 22

3 RESULTADOS DA PESQUISA: A EVASÃO ESCOLAR NO CEJA “PROF.


MILTON MARQUES CURVO” ................................................................................... 24
3.1 Breve contexto da escola em estudo ........................................................................... 24
3.2. Resultados das atas finais dos 1º segmentos/EJA 2012-2016 ................................... 27
3.3 Resultados e discussões: Questionários ...................................................................... 33

CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................... 38

REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 39
11

INTRODUÇAO

A Educação de Jovens e Adultos a partir da Constituição Federal de 1988 passa a ser


um direito de todos, como expresso em seu artigo 205 “a educação, direito de todos e dever
do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade,
visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho”. Apesar do expresso na Carta Magna, muitas são as dificuldades
enfrentadas para que os jovens, adultos e idosos que não concluíram a educação básica,
possam estudar permanecer na escola até concluir seus estudos na educação básica.
Diante do exposto se faz necessário discutir “evasão e abandono escolar” nos dias de
hoje é muito recorrente e necessário, isso porque essa é uma temática que não se esgota, tendo
em vista ser esse um problema grave que acontece nas nossas escolas, especialmente na rede
pública e mais fortemente marcada na Educação de Jovens e Adultos (doravante EJA).
Nessa direção, se faz necessário realizarmos algumas reflexões, pois como retrata
Silva (2015),
A evasão escolar no Brasil é decorrente principalmente da pobreza, sendo um
problema social que vai além da competência da escola. Além disso, devemos
considerar também a incapacidade que têm os nossos governantes de tornarem a
escola mais atrativa e eficiente, evitando assim a deserção escolar (SILVA, 2015,
p.20).

Todavia, pesquisar sobre “evasão” tem um grande significado para este pesquisador,
pois além vivenciar diversas experiências desde militância nos Fóruns de Educação de Jovens
e Adultos-FPDEJA, e ainda por ser funcionário em um CEJA- Centro de Educação de Jovens
e Adultos “Professor Milton Marques Curvo”, no qual atende exclusivamente deste a sua
criação a EJA. Atuo nesta unidade escolar o cargo de Técnico Administrativo Educacional,
desde 1999.
Nesse sentido, pelo ofício exercido vivencio a realidade de contato direto com os
alunos desde suas entradas e saídas na escola, pois efetivar matrículas, fazer transferências,
são partes das minhas funções profissionais. Além disso, buscar entender a legislação
pertinente a EJA para orientar os alunos e demais profissionais da escola e ainda quem detém
todos os documentos dos alunos e faz conferências com os diários de sala de aula dos
professores é a Secretaria Escolar.
Desse modo, temos conhecimento do total de alunos que estão matriculados,
transferidos, desistentes e evadidos, além dos rendimentos obtidos. Assim, um fato intrigante
que observei ao longo desses anos, é que no CEJA “Professor Milton Marques Curvo” o
12

número de alunos evadidos do Ensino Fundamental – séries iniciais (da Alfabetização – I


Segmento) é muito grande, pois as turmas começam com bastantes alunos e ao final do
primeiro bimestre já há uma redução considerável de discentes evadidos. Quando chega ao
final do ano letivo há um número insignificante de alunos nesse segmento. Por isso, a
inquietação para saber o porquê dessa ocorrência foi tomando conta de mim e agora como
acadêmico do Curso de Pedagogia vi a oportunidade de investigar esse tema Evasão.
E sobre a evasão Nascimento Digiácomo (2011) diz:

A evasão escolar é um problema crônico em todo o Brasil, sendo muitas vezes


passivamente assimilada e tolerada por escolas e sistemas de ensino, que chegam ao
exercício de expedientes maquiadores ao admitirem a matrícula de um número mais
elevado de alunos por turma do que o adequado já contando com a “desistência” de
muitos ao longo do período letivo. Que pese a propaganda oficial sempre alardear
um número expressivo de matrículas a cada início de ano letivo, em alguns casos
chegando próximo aos 100%(cem por cento) do total de crianças e adolescentes em
idade escolar, de antemão já se sabe que destes, uma significativa parcela não irá
concluir seus estudos naquele período, em prejuízo direto à sua formação e, é claro,
à sua vida, na medida em que os coloca em posição de desvantagem face os demais
que não apresentam defasagem idade-série (NASCIMENTO DIGIÁCOMO, 2011,
p. 1).

De fato, a afirmação de Digiácomo (2011) representa a realidade das escolas


brasileiras. Por isso, como ele bem intitula o seu artigo “Evasão escolar: não basta comunicar
e as mãos lavar”, tem que se tomar uma atitude para diminuir.
Diante do exposto me surgem algumas indagações: porque ocorre a evasão de tantos
alunos na EJA? Quais os motivos levam os alunos jovens e adultos a desistir das aulas? Como
o CEJA lida com essa situação? Por isso, pretendemos investigar a evasão escolar e/ou
abandono na EJA, do CEJA “Professor Milton Marques Curvo”, delimitando-a aos alunos do
Ensino Fundamental (I Segmento – Alfabetização).
Devido a esses argumentos e a relevância desse tema, acreditamos que este projeto se
justifica, pois o seu desenvolvimento poderá trazer resultados e reflexões para a educação de
uma forma geral, pois como a evasão é um “problema crônico” do Brasil e mais fortemente na
EJA, se encontrar respostas que possam diminuir esses altos índices, então este projeto terá
alcançado êxito. E, para isso, certamente, trabalharemos com afinco.
Mediante a realidade na Educação de Jovens e Adultos no município de Cáceres-
MT, em especial no Centro de Educação de Jovens e Adultos- CEJA Prof. Milton M. Curvo,
escola que oferta exclusivamente a EJA questiona-se: porque ocorre a evasão nas turmas do
primeiro segmento EJA? Quais são as principais dificuldades enfrentadas pelos alunos e
profissionais da escola? Tendo como objetivo compreender as causa que motivam os alunos
13

da EJA e empreender uma nova desistência após retornar à escola. Considerando esta
perspectiva iremos analisar como as políticas para a EJA em âmbito nacional e estadual
abordam as questões pertinentes á evasão escolar; assinalar quais as dificuldades dos
profissionais da escola e alunos da EJA frente à evasão escolar; Identificar os motivos da
evasão escolar na EJA.
Este trabalho foi organizado em três seções: a primeira cessão intitulada de “A
Educação de Jovens e Adultos e Evasão Escolar: algumas reflexões” discorre principalmente
sobre o processo histórico da Educação de Jovens e Adultos no Brasil e a evasão escolar,
abordando os desafios e perspectivas para essas modalidades.
Na segunda sessão apresentam-se os caminhos metodológicos para realização da
pesquisa e a contextualização e caracterização do lócus da pesquisa.
Por fim, a terceira cessão traz-se as análises dos dados: atas dos resultados finais do
questionário, aplicado aos professores e educandos das turmas do primeiro segmento.
14

1 A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS E OS DESAFIOS FRENTE Á EVASÃO


ESCOLAR.

1.1 CONTEXTUALIZANDO A EJA NO BRASIL: OBJETIVOS E FUNÇÕES

Contextualizar sobre a educação de adultos, vale destacar que a compreensão do


papel da educação de adultos tem mudado e evoluído ao longo do tempo. “ Desde que era
considerada como um fator de promoção da compreensão internacional, em 1949, a educação
de adultos passou a ser vista como fundamental na transformação econômica, politica e
cultural de indivíduos, comunidades e sociedades no século XXI” (UNESCO, 2010, p.12).
Nessa direção, não pretendemos relatar fatos do processo histórico da educação de
adultos no Brasil, mas realizarmos algumas reflexões diante de nossas escolhas teóricas.
Assim segundo Di Pierro (2000) o processo educativo à adolescentes e adultos no Brasil não é
nova. Sabe-se que já no período colonial os religiosos exerciam sua ação educativa
missionária em grande parte com adultos. Além de difundir o evangelho, tais educadores
transmitiam normas de comportamento e ensinavam os ofícios necessários ao funcionamento
da economia colonial, inicialmente aos indígenas e, posteriormente, aos escravos negros.
Nessa direção notamos que a ação educativa para os jovens e adultos no Brasil se dá
em virtude da desigualdade social, aos quais sempre foi renegado . Segundo Celso Beisiegel:

[...] no Brasil, na colônia e mesmo depois, nas primeiras fases do Império [...] é a
posse da propriedade que determina as limitações de aplicação das doutrinas
liberais: e são os interesses radicados na propriedade dos meios de produção colonial
[...] que estabelecem os conteúdos específicos dessas doutrinas no país. O que há
realmente peculiar no liberalismo no Brasil, durante este período, e nestas
circunstâncias, é mesmo a estreiteza das faixas de população abrangidas nos
benefícios consubstanciados nas formulações universais em que os interesses
dominantes se exprimem. (BEISIEGEL, 1974, p. 43)

A educação de Adultos vem sofrendo transformações, no Brasil, assim se constitui


como tema de política educacional sobretudo a partir dos anos 40. A menção à necessidade de
oferecer educação aos adultos já aparecia em textos normativos anteriores, como na pouco
duradoura Constituição de 1934, mas é na década seguinte que começaria a tomar corpo, em
iniciativas concretas, a preocupação de oferecer os benefícios da escolarização a amplas
camadas da população até então excluídas da escola.
15

Importa destacar segundo Di Pierro (2000 p.109) que a partir da década de 1920, o
“movimento de educadores e da população em prol da ampliação do número de escolas e da
melhoria de sua qualidade começou a estabelecer condições favoráveis à implementação de
políticas públicas para a educação de jovens e adultos”. Assim os renovadores da educação
passaram a exigir que o Estado se responsabilizasse definitivamente pela oferta desses
serviços
Essa tendência se expressou em várias ações e programas governamentais, nos anos
40 e 50. Além de iniciativas nos níveis estadual e local, merecem ser citadas, em razão de sua
amplitude nacional: a criação do Fundo Nacional de Ensino Primário em 1942, do Serviço de
Educação de Adultos e da Campanha de Educação de Adultos, ambos em 1947, da Campanha
de Educação Rural iniciada em 1952 e da Campanha Nacional de Erradicação do
Analfabetismo em 1958.
Vale destacar que fatos transcorridos no âmbito das relações internacionais
ampliaram as dimensões desse movimento em prol de uma educação de jovens e adultos.
Criada em novembro de 1945, logo após a 2a Guerra Mundial, “a UNESCO denunciava ao
mundo as profundas desigualdades entre os países e alertava para o papel que deveria
desempenhar a educação, em especial a educação de adultos, no processo de desenvolvimento
das nações categorizadas como “atrasadas” (Di Pierro 2000, p.110).
No Brasil o “movimento em favor da educação de adultos, que nasceu em 1947 com
a coordenação do Serviço de Educação de Adultos e se estendeu até fins da década de 1950,
denominou-se Campanha de Educação de Adolescentes e Adultos – CEAA.”
Após a I Conferência Internacional de Educação de Adultos, realizada na
Dinamarca, em 1949, a Educação de Adultos adotou um distinto norte, sendo concebida
como uma espécie de Educação Moral. Dessa forma, a escola, não conseguindo superar todos
os traumas causados pela guerra, buscou fazer um “paralelo” fora dela, tendo como finalidade
principal em contribuir para o “resgate” do respeito aos direitos humanos e para a construção
da paz duradoura.1
Com o II Congresso Nacional de Educação de Adultos no Rio de Janeiro em 1958,
ainda no contexto da CEAA, percebia-se uma grande preocupação dos educadores em
redefinir as características específicas e um espaço próprio para essa modalidade de ensino.
Reconhecia-se que a atuação dos educadores de adultos, apesar de organizada como
subsistema próprio, reproduzia, de fato, as mesmas ações e características da educação
16

infantil. Até então, o adulto não escolarizado era percebido como um ser imaturo e ignorante,
que deveria ser atualizado com os mesmos conteúdos formais da escola primária, percepção
esta que reforçava o preconceito contra o analfabeto (Paiva, apud Di Pierro, 2000, p. 109).
Fundamentando-se Di Pierro(2000) destacamos que as campanhas e programas no
campo da educação de adultos, no período que vai de 1959 até 1964. Foram: o Movimento de
Educação de Base, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, estabelecido em 1961, com
o patrocínio do governo federal; o Movimento de Cultura Popular do Recife, a partir de 1961;
os Centros Populares de Cultura, órgãos culturais da UNE; “a Campanha De Pé no Chão
Também se Aprende a Ler”, da Secretaria Municipal de Educação de Natal; o Movimento de
Cultura Popular do Recife; e, finalmente, em 1964, o Programa Nacional de Alfabetização do
Ministério da Educação e Cultura, que contou com a presença do professor Paulo Freire. No
entanto ainda segundo a autora o golpe militar de 1964 “produziu uma ruptura política em
função da qual os movimentos de educação e cultura populares foram reprimidos, seus
dirigentes, perseguidos, seus ideais, censurados” (Di Pierro, 2000, p.115).
O Programa Nacional de Alfabetização foi interrompido e seus dirigentes, presos e
os materiais apreendidos. Surgindo nesse período a fundação do MOBRAL – Movimento
Brasileiro de Alfabetização.2 –, em 1967, e, posteriormente, com a implantação do Ensino
Supletivo, em 1971, quando da promulgação da Lei Federal 5.692, que reformulou as
diretrizes de ensino de primeiro e segundo graus.
Com o processo de redemocratização do País, pelos civis, em 1985, surge em 1988 a
Carta Magna do país que traz em seu artigo 205. “A educação, direito de todos e dever do
Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando
ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho”, No de 1996 surge a LDBEN nº 9394/96, que traz em seus
artigos 37-38 pela primeira vez em âmbito nacional a educação de jovens e Adultos-EJA,
como modalidade da educação Básica.
Com o Parecer 11/2000 CEB/CNE e a Resolução CEB/CNE nº 1/2000 que
reafirmou a especificidade da modalidade da Educação de Jovens e Adultos. A Resolução
CNE/CEB nº 1, em seu parágrafo único, destaca que a EJA como modalidade da etapa da

1
Brasil. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: História/Secretaria de
Educação Fundamental. Brasília- MEC/ SEF, 1998.
2
Segundo Di Pierro (2000 p. 120) o MOBRAL já não encontrava no contexto inaugural da Nova República
condições políticas de acionar com eficácia os mecanismos de preservação institucional que utilizara no período
precedente, motivo pelo qual foi substituído ainda em 1985 pela Fundação Nacional para Educação de Jovens e
Adultos – Educar.
17

Educação Básica, deverá construir sua identidade própria considerando as situações, os perfis
dos estudantes, as faixas etárias e se pautará pelos princípios de equidade, diferença e
proporcionalidade na apropriação e contextualização das diretrizes curriculares nacionais e na
proposição de um modelo pedagógico próprio.

O Parecer CNE/CEB nº 11/2000 trata das Diretrizes Curriculares Nacionais para a


Educação de Jovens e Adultos o qual estabelece três funções para a EJA, Reparadora,
equalizadora e qualificadora:

A primeira função: Reparadora destaca:


no limite, significa não só a entrada no circuito dos direitos civis pela restauração de
um direito negado: reconhecimento da igualdade ontológica de todo e qualquer ser
humano; o direito a uma escola de qualidade, mas também o reconhecimento
daquela igualdade ontológica de todo e qualquer ser humano. Desta negação,
evidente na história brasileira, resulta uma perda: o acesso a um bem real, social e
simbolicamente importante. Logo, não se deve confundir a noção de reparação com
a de suprimento (BRASIL, 2000).
A segunda Equalizadora – reparação corretiva;
dar cobertura a trabalhadores e a tantos outros segmentos sociais como donas de
casa, migrantes, aposentados e encarcerados. A reentrada no sistema educacional
dos que tiveram uma interrupção forçada seja pela repetência ou pela evasão, seja
pelas desiguais oportunidades de permanência ou outras condições adversas, deve
ser saudada como uma reparação corretiva, ainda que tardia, de estruturas arcaicas,
possibilitando aos indivíduos novas inserções no mundo do trabalho, na vida social,
nos espaços da estética e na abertura dos canais de participação. Para tanto, são
necessárias mais vagas para estes "novos" alunos e "novas" alunas, demandantes de
uma nova oportunidade de equalização (BRASIL, 2000).

A terceira a Qualificadora- sentido da EJA para ao longo da vida,


propiciar a todos a atualização de conhecimentos por toda a vida é a função
permanente da EJA que pode se chamar de qualificadora3 Mais do que uma função,
ela é o próprio sentido da EJA. Ela tem como base o caráter incompleto do ser
humano cujo potencial de desenvolvimento e de adequação pode se atualizar em
quadros escolares ou não escolares. Mais do que nunca, ela é um apelo para a
educação permanente e criação de uma sociedade educada para o universalismo, a
solidariedade, a igualdade e a diversidade (BRASIL, 2000).

A Educação de jovens e Adultos vem de encontro às novas realidades que permeiam


o cotidiano social, tais como a demanda de mercado, realizando um trabalho de adequação à
realidade de cada sujeito da educação, a cada realidade, considerando o tempo de cada
estudante e suas particularidades socioeconômicas.

3
Para Santos (2013) Consta no Parecer nº11/2000 CNE que “Embora não oposta a ela, a função qualificadora
não se identifica com a qualificação profissional (nível técnico) tal como posta no Parecer n.16/99”. Isto não
retira o caráter complementar da função ora descrito que pode ter lugar em qualquer momento da vida escolar ou
não. Eis porque o nível básico da educação profissional pode ser uma expressão da função qualificadora tanto
quanto aprendizados em vista de uma reconversão profissional.
18

1.2 A EJA E EVASÃO ESCOLAR: definições de conceitos

Para Meneses (2011) a evasão escolar no Brasil é um fenômeno que está presente em
todos os segmentos escolares, não somente algumas instituições escolares, mas é uma questão
nacional, e que “tem raízes históricas associada a uma questão política, imposta pelas elites,
nas quais pesam sucessivas intervenções do governo na mudança do sistema escolar”
(MENESES, apud MENDONÇA, 2014, p.14), nesse sentido como já abordado no tópico
anterior a educação de adultos tem raízes em tempos coloniais.
Importa destacar, segundo a UNESCO (1976) na recomendação de Nairóbi sobre o
Desenvolvimento da Educação de Adultos, por educação de adultos, entende-se,

o conjunto de processos educacionais organizados, seja qual for o conteúdo, nível


método, quer sejam formais ou não, quer prolonguem ou substituam a educação
inicial nas escolas [...] contudo, a educação de adultos não deve ser considerada
como um fim em si, ela é uma subdivisão e uma parte integrante de um esquema
global de educação e a aprendizagem ao longo da vida” (UNESCO,1976 apud
UNESCO, 2010 p,13)

Pode-se afirmar que a alfabetização, é “concebida como o conhecimento básico,


necessário a todos num mundo em transformação [...], é um direito humano fundamental. Em
toda sociedade, a alfabetização é uma habilidade primordial em si mesma, e um dos pilares
para o desenvolvimento de outras habilidades (Artigo 11 de Declaração de Hamburgo sobre
Educação de Adultos). Vale destacar que milhões de pessoas não tem a oportunidade de
aprender nem mesmo o acesso a esse direito.
Segundo Gil 2005 motivar é algo que vem do interior, que para estudar ou voltar a
estudar que é o caso dos alunos da EJA é necessário uma motivação para que eles possam
seguir e conseguir terminar sem evadir, sempre existe pressões externas que devem aumentar
o desejo de aprender, porém fica clara a necessidade de primeiramente que esse aluno queira
aprender, melhor dizendo: faz-se necessário que o sujeito tenha no seu interior a vontade de
descobrir novos aprendizados. E a motivação normalmente vai nascer de uma necessidade. E
para isso Gil 2005 explica que:

entendido desta forma, o problema da motivação torna-se bastante complexo, pois o


professor só conseguirá de fato motivar seus alunos se for capaz de despertar sem
interesse pela matéria que está sendo ministrada. Ou quando for capaz de
demonstrar que aquilo que está sendo ensinado é necessário para os alunos
alcançarem os seus objetivos (GIL, 2005, p. 59).
19

Segundo Di Pierro; Haddad, (2000) a partir da Constituição Federal de 1988 “pela


primeira vez na história brasileira a população jovem e adulta tem o direito a educação
fundamental, responsabilizado os poderes públicos pela oferta universal e gratuita desse nível
de ensino” trazendo no Art. 208 a educação como direito de todos e dever do Estado.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei nº 9394/96 –assume a EJA


como modalidade de educação, e pela Resolução CEB/CNE nº 1/2000 que reafirma a
especificidade da modalidade. Nesse processo das normatizações legais são estabelecidas
algumas regras para o atendimento aos brasileiros que não possuem educação básica em
tempo ideal e que, até então, ocupavam um papel secundário nas políticas educacionais do
país, principalmente se considerarmos os grupos menos favorecidos de nossa sociedade como
indígenas, negros, mulheres, migrantes, pobres, entre outros.

Segundo Villella 2006:

A escola pode estimular a capacidade dos alunos de encontrar a felicidade em um


processo de compreensão da sociedade na qual estão inseridos e do momento que
estamos vivendo; ela pode fazer com que os alunos sintam-se atuantes, responsáveis
e capazes de interferir para modificar o meio sob uma ótica positiva e ética; ela pode
inserir o empreendedorismo na escola para o resgate da auto-estima dos alunos; ela
pode, enfim, aprimorar competências 16 e habilidades através de estratégias
diferenciadas. Cabe a cada um de nós fazer a diferença no ambiente em que
atuamos, persistir, manter o ritmo, realizar, amar aquilo que fazemos. Este é o
verdadeiro motor do empreendedorismo na educação: a atitude de cada um de nós.
Não há papel que não tenha sucesso quando ensaiado e desempenhado com amor e
competência. (VILLELA, 2006, p.43).

Paulo Freire (1981, p. 117) enfatiza a importância de lutas constantes pela


reivindicação da justiça, para ele “a conscientização não pode parar na etapa do
desenvolvimento da realidade. A sua autenticidade se dá quando a prática de desvelamento da
realidade constitui uma unidade dinâmica e dialética com a prática da transformação”. Desta
forma no que tange aos aspectos teóricos e normativos, ao longo de sua trajetória histórica a
EJA carrega consigo o rico legado da Educação Popular no Brasil, como proposto por Freire,
no qual atende pessoas que não cursaram a educação formam na idade considerada própria e
visa oferecer aprendizagem e qualificação permanentes, proporcionando a emancipação dos
alunos.
Vale ressaltar que apesar dos avanços normativos e acesso de oferta de vagas para
essa modalidade, especificamente em relação à alfabetização de jovens e adultos, está sendo
desatendida pelas agências nacionais e internacionais para a educação nas duas últimas
décadas. Borja & Martins (2014) traz que programas governamentais que facilitam o acesso
20

às instituições de ensino como o Programa Brasil Alfabetizado, o Programa de Apoio a


Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais – REUNI, os Programas de
Ensino a Distância – UAB, o Programa Nacional do Livro Didático para Alfabetização de
Jovens e Adultos – PNLA, o Programa de Educação de Jovens e Adultos – EJA, os
Programas de Educação Profissional, embora criados com o objetivo de facilitar e estimular o
ingresso ou o retorno do indivíduo ao ambiente educacional, não têm sido suficientes para
amenizar as taxas de fracasso ou a evasão escolar.
Para as autoras a evasão escolar ocupa, nos dias atuais, espaço relevante no cenário
das políticas públicas e da educação em geral. Em face disso, as discussões, acerca dessa
problemática, têm tomado, como ponto central de debate, o papel, tanto da família, quanto da
escola.
A Comissão Especial de Estudos sobre Evasão (ANDOFES/ABRUEM/ SESu/MEC,
1996), define-se evasão como a saída do aluno de seu curso de origem, sem concluí-lo. Para
Marchesi e Gil (2004), fracasso e exclusão escolar constituem duas causas comuns de
“analfabetismo, não acesso à escola, reprovação, repetência, defasagem nos estudos, evasão”.
(MARCHESI; GIL, 2004, p. 48).
Marchesi (2006) corrobora com essa mesma opinião e complementa, afirmando que
a trajetória educacional do aluno está diretamente ligada ao tipo de sociedade, na qual está
inserido. Em outras palavras, o conhecimento das características sociais do aluno, poderá
levar a compreender, porque surgem riscos de evasão escolar.
A evasão, independentemente das causas para o seu acontecimento, seja em
instituições de ensino público ou privado, é um fenômeno social complexo (BAGGI, 2010)
que provoca graves consequências sociais, acadêmicas e econômicas.
Diversos autores trazem sobre evasão escolar e abandono escolar, assim segundo
Silva filho e Araujo (2017)

A diferença entre evasão e abandono escolar foi utilizada pelo Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira/Inep (1998). Nesse caso,
“abandono” significa a situação em que o aluno desliga-se da escola, mas
retorna no ano seguinte, enquanto na “evasão” o aluno sai da escola e não volta
mais para o sistema escolar. Já o Índice de Desenvolvimento da Educação
Básica/Ideb (2012) aponta o abandono como o afastamento do aluno do sistema de
ensino e desistência das atividades escolares, sem solicitar transferência (SILVA
FILHO; ARAUJO, 2017, p.37-38)
21

2 DA PROBLEMÁTICA AOS CAMINHOS DA PESQUISA

Apresentamos nesta sessão os fundamentos e procedimentos metodológicos


desenvolvidos na pesquisa, e em linhas gerais contextualizam-se os lócus da pesquisa.

2.1 Relevâncias, Objetivos e Questões norteadoras.

A problemática da evasão da escola, foco desta pesquisa, está presente no seu Projeto
Político Pedagógico – PPP e no PDE – Plano de Desenvolvimento Escolar, como uma das
principais dificuldades a serem superadas pelo seu corpo docente e gestão da escola (PPP,
2017).
Nesse sentido, mesmo sendo um grande desafio para as escolas de EJA, ainda é
pertinente uma maior investigação acerca dos processos que garantam a permanência dos
alunos na modalidade. É indispensável que se entenda melhor esse fenômeno para que a os
poderes públicos responsáveis pela a educação, e mesmo a equipe gestora e docentes possam
propor uma ação mais efetiva. Sendo assim, este trabalho consiste em um estudo de caso, em
um Centro de Educação de Jovens e Adultos do município de Cáceres-MT.
Nesta direção a pesquisa surge com uma problemática central:
Diante do exposto me surgem algumas indagações: porque ocorre a evasão de tantos
alunos na EJA? Quais os motivos levam os alunos jovens e adultos a desistir das aulas? Como
o CEJA lida com essa situação? Por isso, pretendemos investigar a evasão escolar e/ou
abandono na EJA, do CEJA “Professor Milton Marques Curvo”, delimitando-a aos alunos do
Ensino Fundamental (I Segmento – Alfabetização).
Mediante a realidade na Educação de Jovens e Adultos no município de Cáceres-
MT, em especial no Centro de Educação de Jovens e Adultos- CEJA Prof. Milton M. Curvo,
escola que oferta exclusivamente a EJA questiona-se: porque ocorre a evasão nas turmas do
primeiro segmento EJA? Quais são as principais dificuldades enfrentadas pelos alunos e
profissionais da escola?
Na busca de respostas ou não aos questionamentos propostos o objetivo central da
pesquisa se deu em analisar o fenômeno da evasão escolar das turmas do primeiro segmento
da EJA do período de 2012 a 2016, bem como as diversas causas que culminam para que os
alunos da EJA empreendam o abandono escolar e após retornar à escola. Como objetivos
específicos identificar as causas da evasão escolar na unidade pesquisada, buscando
22

dimensionar as causas externas e internas à escola, analisar o fluxo escolar durante cinco anos
de funcionamento das turmas de alfabetização da escola, na tentativa de identificar o perfil do
grupo de estudantes que mais evade e avaliar problemas e depoimentos apresentados pelos
próprios educandos e professores.

2.2 CAMINHOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA

Para realizar este estudo recorreremos à abordagem de pesquisa qualitativa, pois,


conforme Lüdke e André (1986, p.11), “a pesquisa qualitativa tem o ambiente natural como
fonte direta de dados e o pesquisador como seu principal instrumento”. Segundo Oliveira e
Lima (2001, p.13) as pesquisas de abordagem qualitativa “são voltadas para o entendimento
de fenômenos humanos, cujo objetivo é alcançar uma visão detalhada da forma como os
informantes os apreendem.” Nesse sentido acreditamos que essa abordagem nos permite um
entendimento maior sobre o fenômeno da nossa pesquisa, os motivos da evasão escolar no
lócus da pesquisa, uma vez que estaremos em contato direto com os sujeitos.
Conforme Lakatos e Marconi:

Pesquisa de campo é aquela utilizada com o objetivo de conseguir


informações e/ou conhecimentos acerca de um problema, para o qual se
procura uma resposta, ou de uma hipótese, que se queira comprovar, ou,
ainda, descobrir novos fenômenos ou as relações entre eles. Consiste na
observação de fatos e fenômenos tal como ocorrem espontaneamente, na
coleta de dados a eles referentes e no registro de variáveis que se presumem
relevantes, para analisá-los (2002, p.83).

Os instrumentos para coletas de dados foram: análise documental, incluído as


Diretrizes para a EJA, o Projeto Político da Escola e as Atas de resultados finais dos últimos
cinco anos das turmas do primeiro segmento, dos anos de 2012 e 2016. Com o objetivo de
buscar elementos para atender os objetivos dessa pesquisa.
Outros instrumentos de coleta de dados utilizados consiste em um: questionário
aberto. Segundo Oliveira e Lima (2001), o questionário visa “responder ao problema de
pesquisa levando em consideração os objetivos propostos” (p.17) O questionário foi aplicado
no mês de setembro/2017 com os alunos das três turmas da unidocência, da sede período
matutino e noturno das salas anexas, que funciona nas escolas: Municipal Izabel Campos e
Escola Estadual Ana Maria das Graças Noronha, o questionário foi entregue para 50 alunos,
entretanto somente 32 estudantes, responderam-no. Ainda foi elaborado um questionário para
23

os professores das turmas do primeiro segmento, no qual foram aplicados para três
professores.
24

3 RESULTADOS DA PESQUISA: A EVASÃO ESCOLAR NO CEJA PROF. MILTON


MARQUES CURVO

3.1. Breve contexto da escola em estudo.

Implicado com o que faço - parto da minha própria vivência nesta instituição, que
venho vivendo todas estas transformações, seja nos seus aspectos legais como na forma de
melhor atender ao público que se propõe. A modalidade EJA na Escola Milton Marques
Curvo viveu as transformações que esta modalidade de ensino vem sofrendo desde segunda
metade do século XX. Estudando a legislação e as normativas que regulamentam esta
modalidade a partir da Constituição Federal de 1988. Estabelece que "(...) a educação é
direito de todos e dever do Estado e da família... e ainda, (...) ensino fundamental obrigatório
e gratuito, inclusive sua oferta garantida para todos os que a ele não tiveram acesso na idade
própria” 4.
No Parecer 05/97 do Conselho Nacional de Educação - aborda a questão da
denominação "Educação de Jovens e Adultos" e "Ensino Supletivo", define os limites de
idade fixados para que jovens e adultos se submetam a exames supletivos, define as
competências dos sistemas de ensino e explicita as possibilidades de certificação.
Já - o parecer 11/2000 do Conselho Nacional de Educação faz referência às
Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos. Decreto nº 1.123, de
28 de janeiro de 2008 - Regulamenta a Lei Complementar n.º49 de 1º de outubro de 1998,
criando e estruturando organizacionalmente os Centros de Educação de Jovens e Adultos -
CEJAS, e dá outras providências. A LDB 9394/96 – Art. 37 - A Educação de Jovens e
Adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino
fundamental e médio na idade própria. Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo,
os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo.5
Neste sentido a Escola Prof. Milton Marques Curvo, passou por várias etapas de
atendimento a modalidade (EJA). Esta instituição foi criada em 1981 enquanto instituição e
denominada: “Centro de Ensino Supletivo” - (CES) Prof. Milton Marques Curvo. Com
expressiva e fulminante revolução nos sistemas de comunicação e em especial nas
tecnologias na década de 1990, houve por parte do Estado uma preocupação em formar os

4
Brasil. Constituição Federal de 1988.
5
FREIRE, Paulo.
25

jovens e adultos, pois o mercado estava necessitando instrumentalizar os seus trabalhadores


para esta nova etapa. Havia ainda a demanda e a solução foi à implantação do ensino
semestral/Suplência, para atender maior número de pessoas em menor espaço de tempo, uma
exigência da globalização dos sistemas.
Desde 1998 o Centro de Educação de Jovens e Adultos “Prof. Milton Marques
Curvo” atende fora de seu espaço físico, em outras instituições escolares denominadas “salas
anexas ou extensão”, para atender à demanda. Assim acampou diversos projetos instituídos
pelo Estado tal como - Arara Azul, Escolarização dos Profissionais não docentes da
Educação, que foi aprovado pela Secretaria de Educação no parecer nº 322 de 1999 e
publicada no Diário Oficial do Estado de Mato Grosso de 19996, Sistema Prisional.
A partir do ano de 2009 – a Escola mudou de denominação passando a ser Centro de
Educação de Jovens e Adultos (CEJA) “Professor Milton Marques Curvo” – de acordo com o
Ato de Criação.7– que criou os Centros de Educação de Jovens e Adultos com a finalidade de
“constituir identidade própria para a modalidade Educação de Jovens e Adultos e oferecer
formas diferenciadas de atendimento que compreenda a Educação Formal e Informal
integrada ao mundo do trabalho ao longo da vida e à necessidade de reconhecer as
especificidades dos sujeitos da educação de jovens e adultos e dos diferentes tempos e
espaços formativos”.
Assim, até 2016 a Instituição ofertava a EJA na forma Presencial por Área do
Conhecimento com duração trimestral e por Disciplina – para o ensino fundamental e o
ensino médio, todos com carga horária definida tanto para a área quanto a disciplina, na
matriz curricular.
Entretanto, a partir de 2016 a modalidade EJA na escola em estudo passou a ser
organizada por Carga Horária Etapa, ou seja, os alunos devem comprimir somente as cargas
horárias das disciplinas, não sendo mais organizados por ano e ou fase. No qual o
atendimento deixa de ser por área de conhecimento e passa a ser atendimento por disciplina.

6
Escola Estadual Prof. Milton Marques Curvo/ Projeto Escolarização dos Profissionais não Docentes da
Educação-Aprovada no Parecer Nº 322/99-CEE, originando a Resolução Nº 069/99-CEE, publicado no Diário
Oficial do Estado, em 03/09/99 p. 17.
7
Decreto nº. 1.123 de 28/01/2008.
26

Fonte: Foto 1 acervo da escola Fonte: Foto 2 acervo da escola

Apesar dos avanços na EJA e os desafios frente à evasão escolar, nesse CEJA em
estudo segundo o PPP da escola, também é a estrutura física da escola, uma vez que a
estrutura foi construída nos anos de 1980 para atender o ensino de forma modular, no qual
não era presencial. Assim, desde 1999, por não comportar toda a demanda do período
noturno, nesse horário, a escola funciona com salas anexas, ocupa salas ociosas da rede
pública municipal (Escola Municipal "Profª Isabel Campos") e da rede estadual (Escola
Estadual "Prof. Natalino Ferreira Mendes" e Escola Estadual "Profª Ana Maria das Graças
Souza Noronha").
No ano da pesquisa o CEJA funcionava com 1.260 alunos divididos em 35 turmas
atendidos em turnos (matutino, vespertino e noturno). Destas, 03 turmas do ensino
fundamental 1º segmento (unidocência); 01 turma de atendimento a imigrantes, 12 turmas são
do 2º segmento do Ensino Fundamental, por área de conhecimento; 21 turmas do Ensino
Médio por área do conhecimento e duas turmas de atendimento por disciplina. A escola
possui uma área de 1.000 m², sendo 500 m² de livre. Sua estrutura física, toda climatizada,
está formada por: 01 secretaria; 01 sala de direção, 01 sala para coordenação; 01 sala de
almoxarifado; 01 sala para os professores; 02 banheiros para professores e funcionários,
sendo 01 masculino e 01 feminino; 01 biblioteca; copa; 01 cozinha; 01 barracão coberto
utilizado como refeitório;01 laboratório de informática com 25 computadores com acesso à
internet por cabos e wifi; 25 cadeiras escolares , 01 armário de aço e 03 aparelhos de ar
condicionados; 08 salas de aula (02 salas com equipamentos de multimídia fixos: home
theater, datashow, telão, TV); 03 banheiros masculinos; 03 banheiros femininos.
Quanto aos recursos humanos, neste ano de 2017, constava com 33 professores; 02
coordenadores pedagógicos; 03 professoras integradoras; 26 funcionários administrativos.
27

3.1 Resultados: Atas dos resultados finais turmas 1º segmento/EJA- 2012-2016

Os dados registrados pela secretaria da escola deixam evidente o grande número de


alunos que matriculam no inicio do ano letivo e abandonam a escola no decorrer do ano
letivo. No entanto essa realidade também é descrita no PPP da escola:

A evasão é uma das nossas fragilidades. Entretanto, temos feito muitas ações, além
de metodologias mais dinâmicas e atrativas, sempre procuramos dialogar com os
alunos; contactamo-los logo que é sentida sua ausência; fazemos visitas domiciliares
entre outros (PPP, 2017,p. 15)

Nessa direção, apresentamos abaixo os resultados encontrados diante do documento


de resultado cujos dados apresentaremos anualmente (2013 a 2016). Vale destacar que a
escola iniciou a atender as turmas de unidocência, apesar do grande numero de analfabetos no
município, somente em 2009. No ano de 2012, ano de nosso objeto de estudo a escola contava
somente com uma turma no período matutino, atendendo 28 alunos.
Gráfico 1: Resultado Final da turma A 1º segmento EJA

Fonte: atas de resultados finais da secretaria- Sigeduca

O gráfico nos apresenta que de um universo de 28 alunos na alfabetização, somente


11 alunos foram aprovados, abandonados num total de 9, transferidos 01 e reprovados 07.
Nota-se que o percentual de reprovados e abandonados somam o tal de 57% total dos alunos.
No ano de 2013 a escola constava com duas turmas do 1º segmento, uma no período
matutino e 01 no período vespertino, conforme evidencia os gráficos 02 e 03,
28

Gráfico 2- Resultado Turma A 1º segmento/EJA período matutino

Fonte: atas de resultados finais da secretaria- Sigeduca

Nota-se o crescente índice no abandono escolar do ano de 2012 para 2013, em 2012 o total
era de 25% em uma turma do matutino, no ano de 2013, a turma do período matutino tem um
resultado de 45% de alunos abandonados, no qual a turma constava com 20 alunos matriculados,
destes somente 08 foram aprovados, 02 reprovados, 01 transferidos e 09 abandonados.

Gráfico 3: Resultado Turma período vespertino.

Fonte: atas de resultados finais da secretaria- Sigeduca


29

No entanto na turma do vespertino o índice maior totalizando 70% são de alunos


reprovados, sendo somente 05 aprovados e 04 abandonados. Nesse sentido nos leva a
questionar, porque tanta reprovação nas turmas de alfabetização de adultos? Qual a
intervenção pedagógica foi realizada? São questões que não foram objeto de nossa
investigação, mas não poderíamos ter deixado sem realizar essa reflexão. Assim ao fazer uma
leitura dos resultados diante dos dois gráficos, o ano de 2013 com as duas turmas A e B da
alfabetização/ EJA obteve um resultado geral de 47% dos alunos reprovados, 25% de
abandonos, 24% de aprovação e 4% de transferidos.
O ano de 2014 também consta com duas turmas,01 matutino e 01 no vespertino, no
qual apresenta o seguinte resultado:

Gráfico 4: Resultado Turma período vespertino.

Fonte: Atas de Resultados finais da secretaria- Sigeduca

Gráfico 5: Resultado Turma período vespertino.


30

Fonte: Atas de Resultados finais da secretaria- Sigeduca

Assim, no universo das duas turmas A e B a turma do matutino obteve 45% dos
alunos abandonados e a turma B com um total 65% dos alunos abandonados.
Já no ano de 2015, a escola teve 05 turmas, sendo 01 no matutino, 01 no vespertino,
e 04 turmas nas salas anexas, sendo 01 turma na E.M. Izabel Campos e duas turmas nas salas
anexas na E.E. Ana Maria das Graças Noronha.
O gráfico 6 traz o resultado geral das duas turmas juntas, que funcionou no período
diurno na sede da escola

Gráfico 6: Resultado Turma período vespertino.

Fonte: Atas de Resultados finais da secretaria- Sigeduca


31

Em 2015 a turma A do matutino, tinha 46 alunos matriculados, 15 foram retidos, e


24 abandonados. A turma B do vespertino, constava com 07 aprovados, 14 retidos, 08
desistentes e 04 transferidos. Nota-se nesse ano que o índice do abandona foi de 40% dos
alunos. No entanto se computarmos o resultados dos retidos e abandonados tem-se o total de
mais de 77% dos alunos retidos/abandonados. Nas turmas das salas anexas, 01 turma na E.M.
Izabel Campos e 02 turmas nas salas anexas na E.E. Ana Maria das Graças Noronha.

Gráfico 7: Resultado final salas anexas

Fonte: Atas de Resultados finais da secretaria- Sigeduca

Os alunos das salas anexas somam o total de 92 alunos nas três turmas, no qual aprovados
são 20 alunos, reprovados 27, transferidos 6 e abandonados 39 alunos, assim nas salas anexas o índice
de abandonos foi de 42% .
O resultado de 2016 estão representados em dois gráficos 8 e 9, sendo o gráfico 08 com os
resultados das turmas A e B dos períodos matutino e vespertino, no gráfico 6 esta o quantitativo dos
alunos, sendo aprovados 23, reprovados, 7 alunos retidos, 23 abandonados e 05 transferidos.

Gráfico 7: Resultado final salas anexas


32

O resultado das turmas A e B demonstra que 40 % dos alunos foram aprovados, 40%
abandonados, 12% retidos e 8% transferidos. As salas anexas do ano de 2016.

Gráfico 8: Resultado final salas anexas- 2016

As turmas das salas anexas em 2016 somam o total de 103 alunos, sendo na turma C
com 30, turma C com 29 e a turma D com 44, desse total aprovados são 30 alunos, retidos 25,
abandono 42 alunos e transferidos 06 alunos.
Nota-se que conforme descrito no início dessa cessão, “a evasão é uma das nossas
fragilidades” (PPP 2017), então o resultado de nossa pesquisa apresenta que nos anos de
2012-2016 mais de 50% dos alunos das turmas do 1º segmento iniciam o ano letivo e não
concluem seus estudos. Diante dos resultados acima se faz necessários algumas reflexões para
buscar compreender os reais motivos que levam os alunos da EJA a parem de estudar e
33

retornarem novamente, tal análise será realizada diante dos resultados dos questionários
aplicados aos educandos, podendo ser demonstrado no tópico 3.3.
Tal situação deve-se a especificidade dos alunos da EJA e as possibilidades sinalizadas
na legislação, encontra-se um campo repleto de desafios, inaugurando inovações educacionais
próprias do âmbito dessa modalidade educativa, afirmamos através das palavras de Paulo
Freire8 que:
Novos modos de fazer pedagógico devem compor o significado da EJA, levando em
conta o contexto vivenciado pelos educadores, educandos e comunidade, autores e
protagonistas da construção dos processos pedagógicos. Rever horários, grades
curriculares que aprisionam e excluem os sujeitos, não incorporando sua diversidade
é tarefa emergencial que não se faz por lei, mas pela prática, estimulada pelo
diálogo, em processos de formação, em encontros e debates, em que se destaca o
papel das novas tecnologias de multimídia interativas e de demais
linguagens da informação e comunicação. O MEC, pelo seu compromisso atual com
a EJA de qualidade e em respeito aos sujeitos desse processo, tem papel
preponderante no fomento dessas urgentes mudanças. (FREIRE,1997, p. 96).

Segundo Freire (1997, p. 96), os novos modelos pedagógicos para a EJA, devem
levar em consideração que ninguém educa ninguém, como tampouco ninguém se educa a si
mesmo: os homens se educam em comunhão, mediatizados pelo mundo.
Segundo o PPP (2017) o fazer educação na perspectiva da EJA, significa viver as
constantes mudanças nas várias dimensões da vida social. As adequações das práticas
educativas atendendo as diversidades, aos inúmeros espaços tempos das instituições escolares,
do público que cada escola atende, dos educadores suas vivências e realidades. A História
desta modalidade vive em movimento, pois a cada novo ano temos, outros atores sociais e
cada qual como não seria diferente com seus universos e conflitos, seus saberes/poderes,
anseios e desejos.

3.3. Resultados e discussões: questionários

Diante dos questionários aplicados a 50 alunos somente, 33 responderam. Assim


diante das respostas optamos em realizar um quadro estatístico, que demonstra as respostas
referentes as questões 01 a 05, buscando saber a geração dos alunos, idades, quanto tempo
parou de estudar e o tempo fora da escola .

8
Relatório do VI Encontro Nacional de Educação de Jovens e Adultos, VI ENEJA, HOTEL RITTER. Porto
Alegre – RS, de 8 a 11 de setembro de 2004.
34

Idade Quantos Até que série Tempo fora escola Percentual


estudou?
16-20 02 alunos 2ª série 02 anos 6,06%
30- 40 6 alunos 1ª Série 10 á 20 anos 18,18%
41-50 7 alunos 1ª á 4ª Série 10 á 35 anos 21,21%
51-60 11alunos 1ª Série 30 á 50 anos 33,33%
61 em diante 7 alunos Não estudou 50 anos 21,21%

Fonte: elaborado pelo autor

Questão 4. Motivos norteadores para parar de estudar (abandonar a escola)

Respostas dos alunos Responderam Percentual


Gravidez 2 6,06%
Trabalho 12 36,36%
Não tinha escola perto 05 15,15%
Distância/ não tinha transporte/ morava no sitio e ou 10 30,30
fazenda
Falta de tempo 02 6,06%
Não queria mesmo estudar 01 3,03%
Saúde 01 3,03%

Fonte: elaborado pelo autor

Questão 4. Importância de voltar a estudar

Respostas dos alunos Responderam Percentual


Quero o melhor para mim 01 3,03%
Para aprender ler e escrever 19 57,57%
É bom aprender 01 3,03%
Por que faz falta os estudos 01 3,03%
Arrumar um emprego melhor/ 08 24,24%
Fazer amizades 03 9,09%

Fonte: elaborado pelo autor

No tocante ao questionário aplicado aos professores das turmas da unidocência do


ano de 2017, esse foi estruturado em 08 questões da primeira questão a questão de nº 05 esta
representada no quadro abaixo:
35

IDENTIFICA- Idade Formação Situação Tempo Tempo na


ÇÃO Funcional na de EJA
professor
P1 32 anos L. Pedagogia/ Contratada 3 anos 3 anos
Especialização
em EJA
P2 52 anos L. Pedagogia/ Contratada 19 anos 5 anos
Especialização
em
Educação
Especial
P3 30 anos L. Pedagogia/ Contratada 6 anos 3 anos
Especialização
em
Educação
Especial

Fonte: elaborado pelo autor

Já buscando responder os objetivos propostos foi realizado na questão 6 “quais


principais motivos que você acredita levar os alunos a evadirem da escolar”. Dos três
professores 02 responderam que são por motivos de trabalhos, e outra resposta evidencia que
“são vários os motivos, mudança de cidade, doença e ainda questões familiares”.
No tocante à questão de número 07, a saber, o que a escola faz para evitar o
problema de desistência, evasão dos alunos. Foi-nos revelado que

P1- A escola trabalha com metodologia diferenciadas, de acordo com a


realidade do aluno, podendo assim sanar as dificuldades encontradas, e
temos diversos projetos trabalhados em sala de aula

P2 “Realizamos atividades criativas, artesanatos, projetos diferenciados e


dinâmicos”

P3- “ a escola oferece aulas diferenciadas como: aula a campo, oficinas,


noites culturais, vídeos e aulas no laboratório de informática”.
36

Diante das respostas não nos foi possível verificar quais os projetos que a escola
realiza para diminuir a problemática da evasão escolar, entretanto nos foi revelados as práticas
pedagógicas realizadas em sala de aula.
Buscando compreender qual a percepção dos professores sobre evasão escolar e
desistência realizamos no questionário a pergunta de nº 8. “Para você qual a diferença entre
evasão ou desistência escolar?”

P1- a diferença é que a evasão o aluno abandona o espaço escolar, já a


desistência ele é motivado a reiniciar os estudos, devido algo que lhe impede
a estar presente.

P2 Acredito que a evasão como a desistência são iguais, quando a falta de


interesse.

P3 Embora, o termo evasão desistência seja, relativamente semelhante, o


termo evasão esta mais relacionado ao campo educacional. Neste sentido
pensando o espaço educacional da EJA esse fator ocorre por varias
particularidades dentre elas; trabalho, filhos, afazeres domésticos,
idade e saúde.

Considerando as respostas dos professores, acreditamos ser de suma importância que a


escola diante dessa realidade apresentada nessa seção, realize um projeto que envolva todos
os profissionais para estudar sobre os fenômenos que levam os alunos a abandonarem a
escola. Uma vez que segundo Silva (2015, p.20) “a evasão escolar no Brasil é decorrente
principalmente da pobreza, sendo um problema social que vai além da competência da
escola”.
Outra questão importante é que a escola trabalhe em sua formação a diferença de
abandono, evasão e desistência escolar. Pois como destaca, Silva filho e Araujo (2017)

A diferença entre evasão e abandono escolar foi utilizada pelo Instituto


Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira/Inep (1998).
Nesse caso, “abandono” significa a situação em que o aluno desliga-se da
escola, mas retorna no ano seguinte, enquanto na “evasão” o aluno sai da
escola e não volta mais para o sistema escolar. Já o Índice de
Desenvolvimento da Educação Básica/Ideb (2012) aponta o abandono como
o afastamento do aluno do sistema de ensino e desistência das atividades
escolares, sem solicitar transferência (SILVA FILHO; ARAUJO, 2017,
p.37-38)
37

Diante dos resultados, e dentre as características que conformam a EJA como


modalidade “destaca-se a diversidade de contextos em que se desenvolve a prática pedagógica
e a pluralidade de seus sujeitos (CAPUCO, 2012, p65).

Nesse sentido, diante dos resultados dos questionários dos educandos nota-se que
57,57% dos alunos retornam à escola para aprender ler e escrever, assim conforme evidencia
Capucho (2012), “a ideia de que o(a) estudante jovem e adulto(a) que retornam à escola tem
pressa e, por isso, precisa de “um curso rápido e fácil” para receber sua certificação, o que
justifica a oferta de curso sem muita exigência no processo de avaliação” essa concepção não
serve para os alunos das turmas em estudo, assim apesar do grande índice da evasão escolar
na EJA por diversos fatores, acredita-se que os educandos retornam a escola buscando não só
qualificação para o trabalho, mas uma educação transformadora fundamentada nos
pensamentos freireanos .
38

4. CONSIDERACÕES FINAIS

A temática “evasão escolar” é sempre atual e pertinente, pois é uma realidade


presente nas escolas públicas brasileiras e na Educação de Jovens e Adultos (EJA) essa
questão é mais latente, conforme as discussões estabelecidas desde a introdução, quanto no
referencial teórico que embasam esta pesquisa.
Desse modo, percebemos que no CEJA “Professor Milton Marques Curvo”
(Instituição escolhida para realizar a pesquisa) que oferta única e exclusivamente a
modalidade EJA, no ensino fundamental: I segmento (unidocência) e II segmento (com vários
professores por área do conhecimento e disciplinas) e ensino médio, os índices de evasão são
grandes, tanto no fundamental quanto no médio. E na observância da unidocência em que se
trabalha a alfabetização, os resultados nos dizem que muitos jovens e adultos começam a
estudar e depois deixam de frequentar a escola e fazem-no por diferentes motivos: por
trabalho, por cansaço decorrente das atividades profissionais e domésticas, por
incompatibilidade de horários, por problemas familiares, por doença ou até mesmo porque
não encontraram motivação para continuar frequentando as aulas, tendo em vista que alguns
consideram perda de tempo deixar suas casas e ficarem horas numa sala com um professor
que não apresenta uma metodologia que os cative, que os interesse, pois muitas vezes o que é
ensinado é feito de forma descontextualizada sem estabelecer conexões, inter-relações entre o
conhecimento de mundo e o conhecimento sistematizado, ou seja, entre o empírico e o
científico, entre a prática e a teoria. Por isso, acabam por evadir-se. Muitos tentam retornar,
mas novamente abandonam a escola. Porém, só poderemos apontar os verdadeiros motivos da
evasão do I segmento (alfabetização) do CEJA “Professor Milton Marques Curvo” após
desenvolvermos a pesquisa e fizermos a análise dos dados. Por enquanto, o que temos são
apenas suposições baseados numa análise superficial a partir dos conhecimentos da realidade
obtidos em anos de trabalhos como profissional desse Estabelecimento de Ensino e por ouvir
e dialogar com alunos.
Portanto, reiteramos o nosso interesse pela temática “evasão escolar na EJA” uma
vez que acreditamos ter contribuído com a EJA e ajudar, ao menos, minimamente na redução
dos índices de evasão do Centro de Educação de Jovens e Adultos “Professor Milton Marques
Curvo”, de Cáceres-MT.
39

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