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Estoicismo, a filosofia de mais de 2000 Principais notícias


anos cada vez mais usada como receita Os números que mostram o

para sobreviver ao caos avanço do antissemitismo na


Europa
Pesquisa mostra que os judeus europeus
Há 33 minutos Compartilhar estão cada vez mais preocupados com o
risco de serem perseguidos.
16 dezembro 2018

'Conheci e perdoei o índio isolado


que me flechou no rosto'
16 dezembro 2018

Como a genética explica a


inteligência dos papagaios, os
‘seres humanos’ dos pássaros
16 dezembro 2018

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GETTY IMAGES

Estoicos deixaram várias lições de resiliência

Em 1965, durante a guerra entre Estados Unidos e Vietnã, o piloto da marinha


americana James Stockdale foi abatido ao sobrevoar o país inimigo. O jovem
não sabia que passaria sete anos como prisioneiro de guerra dos
vietnamitas. E que um filósofo que vivera na Grécia no século 1º se tornaria
seu grande mestre e amigo, ajudando-o a suportar sofrimentos inimagináveis.

O filósofo chama-se Epiteto e, sua filosofia, estoicismo. No trecho abaixo, extraído


do livro "Stockdale on Stoicism", o ex-piloto conta como os ensinamentos dessa
escola filosófica o confortaram durante os longos anos no cativeiro:

"Tudo o que sei sobre Epiteto eu próprio pratiquei ao longo dos anos", escreveu
Stockdale, em tradução livre. "Ele esteve em combate comigo, teve as pernas
acorrentadas junto comigo, passou meses com os olhos vendados, esteve prestes a
desistir de tudo, junto comigo."

Como o cinema estigmatiza os problemas de saúde mental

Os benefícios para a saúde de ser antissocial

"Ele me ensinou que o negócio é manter o controle sobre meu propósito moral. Na
verdade, (ele me ensinou) que eu sou o meu propósito moral. Ele me ensinou que
sou totalmente responsável por tudo o que faço e digo. E que sou eu quem decide e
controla minha própria destruição e minha própria libertação." Destaques e Análises
Na matéria a seguir, três especialistas em estoicismo ouvidos pelo programa Forum,
do BBC World Service, apresentam, em linguagem simples, algumas das ideias
centrais do pensamento estóico. E nos oferecem um guia prático para mantermos a
calma no meio do caos.

O manual de Epiteto
A extraordinária vida de Thomas
Antes de partir para a guerra, Stockdale, que fazia mestrado na Universidade Lipton, magnata tido como o
Stanford, na Califórnia, ganhou de presente de seu professor de filosofia um ‘melhor perdedor do mundo’
pequeno livro de introdução ao estoicismo.

"O que é que um aviador naval, tomador de Martini e jogador de golfe, vai fazer com
um livro desses?", se perguntou em seguida.

Anos mais tarde, entrevistado pela filósofa americana Nancy Sherman, Stockdale
disse que, quando viajava a bordo do porta-aviões Ticonderoga, no rio Mekong, no
sul do Vietnã, acabou memorizando o livreto.
As vantagens de cada idade para
Ele contou que, ao ser abatido, teria pensado : "Não saio daqui em menos de cinco aprender um novo idioma
anos e estou deixando para trás o mundo da tecnologia para entrar no mundo de
Epiteto."

"E de fato, Epiteto foi sua salvação", diz a filósofa à BBC. "Essa ideia de você
minimizar o que está fora do seu controle, mesmo sob tortura, mesmo durante dois
anos e meio em prisão solitária... Para ele, estar na prisão teve um lado bom:
possibilitou que ele aprendesse a utilidade do estoicismo. Mesmo em momentos em
que ele considerou seriamente o suicídio - como esse trecho do livro sugere".
Como a Indonésia se converteu
em um país de 'ricos loucos'

O mistério da princesa de Dubai


que desapareceu após tentar fugir
de seu país

Por que os finlandeses não


gostam de conversa fiada

BOSTON PUBLIC LIBRARY

Piloto afirma que Epiteto (ilustração) foi sua salvação enquanto esteve preso no Vietnã

O que pode levar a 'explosão de


violência' como a do atirador de
Estoicismo: A calma no meio do caos Campinas, segundo a ciência

Como viver uma "boa vida" em um mundo imprevisível? Como fazer o melhor dentro
das nossas possibilidades aceitando, ao mesmo tempo, o que está fora do nosso
controle?

Essas são as questões centrais do estoicismo, filosofia criada há mais de 2.000


anos na qual cada vez mais pessoas buscam, hoje, antídotos para as dificuldades da
vida contemporânea.
Presidente do Coaf rebate críticas
O estoicismo pregava o valor da razão, propunha que emoções destrutivas eram de aliados de Bolsonaro: já
resultado de erros na nossa forma de ver o mundo e oferecia um guia prático para
fizemos quase 40 mil relatórios
nos mantermos resolutos, fortes e no controle.

A escola estóica teve profunda influência na civilização grecoromana e, por


consequência, no pensamento ocidental como um todo - e foi mais além. Ela está
presente no cristianismo, no budismo e no pensamento de diversos filósofos
modernos, como o alemão Immanuel Kant, além de ter influenciado a técnica
contemporânea de psicoterapia chamada Terapia Cognitivo-Comportamental.

Hoje, adeptos ou curiosos podem "passar uma semana vivendo como estóicos",
Por que a extradição de Cesare
participar de conferências, integrar grupos de estóicos no Facebook, ouvir podcasts
Battisti, decretada por Temer, une
de todos os cantos do mundo, comprar livros sobre o tema e aprender como as
direita e esquerda na Itália
práticas e o pensamento estóico podem ser aplicados nos esportes, nos negócios e
na política.
LÍNEA

Três pérolas de sabedoria de Epiteto - escolhidas por


filósofos entrevistados pela BBC
1. "Se devo morrer, morrerei quando chegar a hora. Como, ao que me parece, ainda
Grupo de migrantes manda carta a
não é a hora, vou comer porque estou com fome."
Trump pedindo R$ 192 mil por
cabeça para desistir de entrar nos
"O que Epiteto está querendo dizer aqui é que "o que tiver de ser será. Mas se não
EUA
tenho de lidar com isso agora, vou fazer outra coisa". Massimo Pigliucci, filósofo
italiano e praticante do estoicismo hoje.

2. "Você não é aquilo que finge ser. Então, reflita e decida: isso é para você? Se não
for, esteja pronto para dizer: para mim, isso é nada. E deixe o assunto de lado."
Mais lidas

"Deixe para trás as coisas que não estão sob o seu controle e tente trabalhar duro Como a genética explica a 1
naquilo que você pode controlar." Nancy Sherman, filósofa americana que estuda a inteligência dos papagaios, os
influência do pensamento estóico sobre a ética militar. ‘seres humanos’ do mundo dos
pássaros
3. "Não espere que o mundo seja como você deseja, mas sim como ele realmente é.
Dessa forma, você terá uma vida tranquila." Blackfishing: a polêmica em 2
torno das influenciadoras
"Para quem vê conformismo nessas palavras, uma ressalva: eles não estão acusadas de fingirem ser negras
propondo que você seja passivo em relação à vida, mas que aceite as coisas que nas redes sociais
estão além do seu controle e que já aconteceram", diz o filósofo e psicoterapeuta
'Conheci e perdoei o índio 3
escocês Donald Robertson.
isolado que me flechou no rosto'
LÍNEA

O mistério da princesa de Dubai 4


que desapareceu após tentar
História do Estoicismo fugir de seu país
O estoicismo foi fundado no século 3 a.C. por Zeno, um rico mercador da cidade de
Lampião: homenagem a herói ou 5
Cítio, no Chipre.
bandido? A polêmica estátua
que divide cidade
Após sobreviver a um naufrágio em que perdeu tudo o que tinha, Zeno foi parar em
pernambucana
Atenas. Ali, conheceu as filosofias de Sócrates, Platão, Aristóteles e seus
seguidores. Pesquisadores brasileiros criam 6
pomada contra picada letal de
"Ele se deu conta de que existia um mundo não material que era mais previsível e aranha
controlável do que o mundo que ele tinha como mercador. Abraçou as ideias
daqueles filósofos e passou a viver uma vida simples e fundou sua própria escola Por que um imperador da 7
filosófica", disse Sherman. Etiópia foi adorado como deus
na Jamaica - influenciando até
Os primeiros estóicos criaram uma filosofia que oferecia uma visão unificada do Bob Marley
mundo e do lugar que o homem ocupava nele. O pensamento era composto de três Atualizado pela última vez: 16 de Abril de 2017
partes: ética, lógica e física.
50 anos do AI-5: os integrantes 8
da equipe de Bolsonaro
considerados ‘subversivos’ e
‘infiltrados comunistas’ pela
ditadura
O que um limão pode revelar 9
sobre sua personalidade
Atualizado pela última vez: 28 de Junho de 2016

Por que estamos vivendo a era 10


da cadeira

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Relação entre homem e natureza é abordada por filosofia

O estoicismo propunha que os homens vivessem em harmonia com a natureza - o


que, para eles, significava viver em harmonia consigo próprios, com a humanidade e
com o universo. Para os estóicos, o universo era governado pela razão, ou logos, um
princípio divino que permeava tudo. Portanto, estar em harmonia com o universo
significava viver em harmonia com Deus.

A filosofia estóica também propunha que os homens vivessem com virtude, um


conceito que, para eles, estava intimamente associado à razão - como explica o
filósofo Donald Robertson.

"Se pudermos viver com sabedoria, guiados pela razão, vamos florescer e realizar
nosso potencial como seres humanos. Deus nos deu essa capacidade, cabe a nós
usá-la de maneira apropriada", diz ele.

Sêneca: Como nos blindarmos contra o infortúnio


O estoicismo floresceu durante dois séculos na Grécia Antiga, e por volta do ano 100
a.C., voltou a ganhar popularidade em Roma. Os textos e ensinamentos dessa
filosofia que ainda sobrevivem datam desse período.

Um dos mais conhecidos pensadores dessa época é Sêneca, conselheiro do infame


imperador romano Nero. Em uma carta a seu amigo Lucílio, o filósofo fala sobre um
dos componentes centrais da virtude: a habilidade de nos blindarmos contra o
infortúnio.

"A maioria dos homens míngua e flui em miséria entre o medo da morte e as
dificuldades da vida; eles não estão dispostos a viver, e ainda não sabem como
morrer. Por essa razão, torne a vida como um todo agradável para si mesmo,
banindo todas as preocupações com ela. Nenhuma coisa boa torna seu possuidor
feliz, a menos que sua mente esteja harmonizada com a possibilidade da perda;
nada, contudo, se perde com menos desconforto do que aquilo de que, quando
perdido, não se sente falta. Portanto, encoraje e endureça seu espírito contra os
percalços que afligem até os mais poderosos."
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Sêneca falou sobre como 'blindar-se contra o infortúnio'

A ideia central dessa carta é a de que devemos não apenas estar preparados para
enfrentar as dificuldades da vida - devemos também nos preparar sempre para o
pior, explica o italiano Massimo Pigliucci, filósofo e estóico contemporâneo.

"Um exercício muito comum entre estóicos é você se preparar para alguma situação
crucial que deve enfrentar perguntando a si mesmo: qual seria o pior desfecho
possível para essa situação?"

"A lógica por trás disso é, primeiro, se você já sabe qual seria o pior resultado
possível, pode começar a se preparar para ele. Segundo, o exercício serve para
lembrar você mesmo de que, se o pior acontecer, você é perfeitamente capaz de
lidar com isso. E na verdade, na maioria das vezes, o pior não acontece".

Muitos diriam, no entanto, que para Sêneca o pior aconteceu: acusado de participar
de um complô contra Nero, ele acabou cometendo o suicídio por ordem do
imperador. O filósofo, por sua vez, talvez questionasse: "O que é mesmo esse pior?"

Isso porque, para os estóicos, a morte não é necessariamente ruim, e a riqueza não
é necessariamente boa, explica o escocês Robertson.

"Para os estóicos, a vida não é em si uma coisa boa, é uma oportunidade. E o que
importa é o que fazemos dela. Um sábio, um homem ou uma mulher bons podem
fazer algo útil com suas vidas, uma pessoa má ou tola pode fazer algo ruim com suas
vidas. E o mesmo vale para qualquer coisa que os estóicos consideram estar fora do
nosso controle, como, por exemplo, nossa saúde, nossa riqueza ou nossa reputação.
Essas coisas são vantagens que a vida nos dá, mas não são intrinsecamente boas.
Um homem mau pode usar sua riqueza e reputação para fazer coisas terríveis. Mas
nas mãos de uma pessoa boa, essas coisas podem ser usadas para fins bons", diz
Robertson.

Sêneca e Epiteto: Como lidar com nossas emoções


Os estóicos também tinham uma visão particular sobre as emoções - chamadas de
paixões - que dividiam em três categorias: emoções boas, ruins e indiferentes.

Eles propunham que devíamos colocar nosso foco nas emoções ruins, ou pouco
saudáveis, aprendendo a lidar com elas.

Admirado por filósofos ao longo dos séculos, o famoso ensaio Sobre a Ira, de
Sêneca, propôs formas de lidarmos com esse sentimento.

"Sêneca sugere o seguinte: Você tem uma visão a respeito de algo ruim que
aconteceu. Mas você pode mudar sua opinião sobre aquilo. (Pode dizer a você
mesmo que) não foi tão mau assim, que foi um acidente, que a pessoa não tinha
essa intenção, ou, que isso não é importante para você", explica Nancy Sherman.

Volta à cena Epiteto, um ex-escravo que viveu no século primeiro da era cristã. No
trecho a seguir, extraído do seu manual, ele reflete sobre esse mesmo tema - as
paixões e como lidar com elas.
"Os homens são perturbados não pelas coisas, mas pelas opiniões que eles têm
delas. A morte, por exemplo, nada tem de terrível, senão tê-lo-ia parecido assim a
Sócrates. Mas a opinião que reina em relação à morte, eis o que a faz parecer
terrível a nossos olhos. Por conseguinte, quando estivermos embaraçados,
perturbados ou penalizados, não o atribuamos a outrem, mas a nós próprios, isto é,
às nossas próprias opiniões. Quem acusa os outros pelos próprios infortúnios revela
uma total falta de educação; quem acusa a si mesmo mostra que a sua educação já
começou; mas quem não acusa nem a si mesmo nem aos outros revela que sua
educação está completa".

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Controle das emoções é um dos pontos abordados pela filosofia

Essas palavras representaram uma verdadeira revelação para muitas pessoas ao


longo dos séculos e até hoje, diz Robertson.

"Ele está dizendo que são nossas opiniões sobre as coisas que vão determinar se
vamos ou não ficar incomodados a respeito delas. Na verdade, são nossas opiniões
que vão determinar nossas emoções mais fortes. E indo ainda mais longe, são os
nossos juízos de valor, baseados em nossas crenças e valores mais profundos, que
nos levam a ficar aborrecidos em relação às coisas".

"Mas em vez de tentar suprimir (essas emoções), devemos confrontar as crenças


que levam a elas, transformando-as em emoções saudáveis", explica o filósofo e
psicólogo Robertson.

E sobre aquela terceira categoria, a das emoções indiferentes, a ideia era


simplesmente ignorá-las.

"Essas são reações emocionais involuntárias. São a sua primeira reação em


relação a algo, talvez algo que pegou você de surpresa, e você sente sua pressão
sanguínea subindo. Para os estóicos, essa não é uma emoção completa, não está
inteiramente sob o seu controle. Então, eles dizem que, em vez de lutar contra elas,
você deve encará-las como naturais, inevitáveis. Devem ser vistas com indiferença."

Estabeleça suas prioridades e entenda o que está sob


seu controle
A busca do auto-controle é central à filosofia estóica. Mas para isso é importante
sabermos distinguir o que está sob o nosso controle.

Em resposta a essa pergunta, Epiteto criou duas listas.

"As coisas que estão sob nosso controle são nossos julgamentos, opiniões e valores
que escolhemos adotar. E o que não está sob nosso controle é todo o resto, além de
tudo o que é externo", explica o filósofo italiano Massimo Pigliucci. "O externo aqui
inclui minha reputação, minha riqueza e até meu próprio corpo".

"Você pode influenciar seu corpo, manter uma dieta saudável, fazer exercícios. No
final, porém, seu corpo não está sob seu controle. Você pode pegar um vírus ou
sofrer um acidente e quebrar sua perna".
Segundo Pigliucci, essa distinção permite perceber que se as únicas coisas que
estão sob seu controle são seus julgamentos, opiniões e valores, é neles que você
deve manter seu foco.

Estóicos: Igualitários e cosmopolitas


Uma característica importante do estoicismo, explica a filósofa Nancy Sherman, é
seu espírito igualitário.

"Eles foram os criadores do cosmopolitismo. Somos todos iguais, num certo sentido.
Todos compartilhamos uma racionalidade que existe no universo e isso nos torna
iguais. Esse pensamento acaba influindo a filosofia política que nasce no estoicismo.
É um tipo de iluminismo, de certa maneira".

O que resulta dessa forma de ver o mundo é que o ex-escravo Epiteto acabou
influenciando um outro filósofo estóico que vinha de uma classe social
completamente diferente. Trata-se do general e imperador romano Marco Aurélio.

"É uma grande ironia da história. Marco Aurélio, um homem pleno de poder,
privilégios e status, que liderava tropas, sentia que, de forma a ser virtuoso,
precisava praticar o estoicismo. E se inspirou em Epiteto".

"Enquanto liderava tropas em campanhas no Danúbio, à noite, em sua tenda,


escrevia meditações para si mesmo. Eram exercícios em auto-melhora. Com
frequência (eram reflexões sobre) diminuirmos nosso senso de poder, percebermos
que honra é algo externo a você, é algo que você não pode controlar. Reputação
depende de coisas externas a você e portanto são seus julgamentos e opiniões que
interessam".

Marco Aurélio acreditava também que devíamos nos preparar para lidar com o lado
desagradável das outras pessoas, enfrentando-o com a calma e auto-controle típicos
dos estóicos. Como ele próprio escreveu no texto a seguir.

"Começa a manhã dizendo a ti mesmo: hoje eu me encontrarei com um homem


intrometido, um ingrato, um arrogante, um enganador, um invejoso, um antissocial.
Todas estas coisas acontecem a eles por causa de sua ignorância do que é bom e
do que é mal. Mas eu que compreendo a natureza do bem (que é desejável) e do mal
(que é verdadeiramente odioso e vergonhoso), que sei, além disso, que este
transgressor é meu parente - não pelo mesmo sangue e semente, mas por
participação da mesma razão e da mesma partícula divina - eu não posso nem ser
prejudicado por qualquer deles, pois ninguém pode me fazer incorrer no que é
reprovável, nem posso me irar contra eles, cuja natureza é tão próxima da minha.
Porque nascemos para a cooperação, como os pés, como as mãos, como as
pálpebras, como as fileiras dos dentes superiores e inferiores. Agir um contra o
outro, então, é contrário à natureza; e odiá-los ou rejeitá-los é agir um contra o outro".

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Um dos preceitos do estoicismo é entender o que está sob seu controle

O Estoicismo e a Terapia Cognitiva-Comportamental


As lições de resiliência que recebemos dos estóicos inspiraram, mais recentemente,
a técnica de psicoterapia conhecida como Terapia Cognitivo-Comportamental
(TCC).

Na década de 1950, desiludido com a abordagem freudiana, o psicanalista


americano Albert Ellis se inspirou em Epiteto e Marco Aurélio para desenvolver uma
nova técnica de psicoterapia tida como uma precursora da TCC.

Segundo o filósofo e terapeuta Donald Robertson, o estoicismo e a TCC


compartilham uma premissa fundamental:

"A ideia de que nossas emoções não são apenas completamente separadas dos
nossos pensamentos, crenças e juízos de valor. Mas que nossas emoções mais
fortes são, com muita frequência, determinadas pelo tipo de juízos de valor que
fazemos. E esses juízos são crenças que podem ser verdadeiras ou falsas e portanto
podemos aprender a avaliá-las, questioná-las e alterá-las. A terapia cognitiva
moderna usa uma técnica chamada de questionamento socrático. Os estóicos
usavam essa prática também. Para ajudar as pessoas a refletirem racionalmente
sobre suas crenças de forma a transformar suas emoções".
LÍNEA

Exercícios em estoicismo para você praticar


1. Inspirando-se nas Meditações, de Marco Aurélio, escreva seu próprio diário
filosófico (como ensinaram Sêneca e Epiteto).

Antes de ir para a cama, reflita sobre as coisas mais importantes que aconteceram
naquele dia, coisas que são importantes em termos da sua ética pessoal. Pergunte a
você mesmo: O que fiz errado? O que fiz certo? E o que ainda precisa ser feito?

2. Exercícios de autoprivação.

Tome banho frio, embora não todos os dias. Os estóicos faziam alguns exercícios de
autoprivação, como tomar banho frio, sair no frio sem casaco ou jejuar.

Segundo essa ideia, se você se deprivar temporariamente dessas coisas, vai


apreciá-las melhor. Vai sentir empatia com pessoas que são privadas dessas
coisas. E vai lembrar a você mesmo de que pode sobreviver a esse tipo de situação.

(Massimo Pigliucci é autor do livro "Como Ser um Estóico - usando a filosofia


antiga para viver uma vida moderna")
LÍNEA

Frios e conformistas: O que dizem os críticos do


estoicismo?
A importância que os estóicos dão ao uso da racionalidade na vida cotidiana acabou
criando uma imagem do estóico como pessoa fria, desconectada de seus
sentimentos.

Para Robertson, essa é uma interpretação superficial do pensamento estóico.

"Em inglês moderno, o estoico acabou virando sinônimo de pessoa reprimida, sem
emoções. Mas o estoicismo, escola filosófica da Antiguidade, é muito mais
sofisticada e tem uma teoria psicológica bem mais complexa".

O que se busca, explica o filósofo, não é a ausência da emoção e, sim, trabalharmos


sobre as emoções que estão sob nosso controle - aquelas que derivam de nossos
valores pessoais.

Mas ao propor que deixemos de lado e aceitemos tudo aquilo que é externo, que
está fora do nosso controle, essa filosofia não estaria gerando pessoas
politicamente apáticas e conformistas? - rebatem os críticos.

Em coluna na revista britânica The New Statesman, o filósofo Jules Evans responde
que não - pelo contrário:
"O estoicismo cria indivíduos que não podem ser intimidados pelos poderosos
porque não têm medo de abrir mão de tudo ou de morrer. Na verdade, são treinados
por sua filosofia para abandonar a vida sem medo ou arrependimento, defender seus
princípios racionais acima de qualquer ameaça ou suborno".

Para ouvir na íntegra, em inglês, o programa Forum, do BBC World Service, sobre
o estoicismo, clique aqui.

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