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Universidade Federal de Santa Catarina

Departamento de Filosofia

Polo Verdes Vales – Treze Tílias

Disciplina: Ética II

Célia Regina De Bortoli

Matrícula: 13306111

1. Resumo

O presente trabalho tem por objetivo refletir sobre a teoria ética de Alasdair MacIntyre que
propõe a retomada da tradição clássica aristotélica da ética das virtudes, na qual a pergunta
central não é mais “como devo agir”, e sim: “que ser humano devo me tornar”. Para o autor os
modernos falharam na tentativa de construir uma teoria ética baseada na ideia do dever, pois
naquele período a humanidade havia rompido com o esquema já percebido e proposto por
Aristóteles. A ética das virtudes estava centrada na compreensão da natureza humana com o
objetivo de favorecer a realização de seu telos. MacIntyre atualiza os conceitos aristotélicos
de prática, narrativa e tradição e pretende-se refletir neste ensaio sobre aos seguintes pontos
de sua teoria. O primeiro refere-se à estrutura social da contemporaneidade, na qual o
contexto da polis não mais existe e o que predomina é o individualismo, o que nos leva a
questionar: é possível adaptar a ética das virtudes no atual contexto cultural? Outro ponto diz
respeito à instrução que cada indivíduo deveria receber para realizar sua essência de ser
racional: como num mundo com tamanha desigualdade é possível pensar em proporcionar tal
oportunidade a todos os indivíduos? Neste trabalho inicialmente será apresentada
brevemente a ética das virtudes de Aristóteles, após a releitura feita por Alasdair MacIntyre
desta teoria e em seguida os questionamentos acima propostos serão desenvolvidos.

2. Introdução

Aristóteles na Grécia antiga desenvolveu e defendeu a ética das virtudes, teoria que
considerava que os seres humanos são aptos por natureza a serem virtuosos. É na prática e
ensino, no convívio social na pólis que as virtudes são adquiridas e aperfeiçoadas (tornam-se
hábitos) e na ação intencional o indivíduo é ou não virtuoso. As virtudes (areté) foram
classificadas por Aristóteles em duas categorias interdependentes: intelectuais e morais
(éticas), e através delas o ser humano atinge seu telos, ou seja, alcança o estado de felicidade
autossuficiente (eudaimonia).

Alasdair MacIntyre ao retomar a tradição clássica aristotélica da ética das virtudes tece críticas
às teorias individualistas da modernidade considerando que a ética das virtudes pode
restaurar nossa racionalidade favorecendo atitudes morais e sociais. O autor atualiza, como
veremos no decorrer deste ensaio, alguns conceitos: o telos, por exemplo, não é como em
Aristóteles algo pré-definido, mas sim uma construção individual de práticas que guiam o
indivíduo para determinado fim, sendo que nossas virtudes e capacidades contribuem na
realização deste telos.

Partindo do pressuposto que as éticas modernas “falharam” e que a retomada da ética das
virtudes possa favorecer a reflexão sobre a crise moral em que as sociedades materialmente
desenvolvidas estão imersas, pretende-se neste ensaio abordar a noção de indivíduo, que
nasce na modernidade e é um dos principais traços da atualidade. O sistema capitalista precisa
e reforça tal aspecto que enfraquece os laços familiares, de amizade e sociais, então, como
neste contexto é possível a atitude moral virtuosa? Outro aspecto que desenvolverei neste
ensaio diz respeito à necessidade de instrução, de educação para desenvolvimento de nosso
potencial virtuoso. O espaço tradicional de instrução é a escola e esta, historicamente está a
serviço do sistema capitalista, reproduzindo a divisão social e formatando trabalhadores e
consumidores úteis ao sistema. Diante da constatação de que as instituições sociais, família e
escola, se transformaram desde a antiguidade é possível a retomada da ética das virtudes
como propõem MacIntyre?

Neste ensaio apresentarei brevemente a teoria aristotélica das virtudes, após os conceitos de
prática, narrativa e tradição da teoria de MacIntyre. Em relação a este último autor, utilizarei
artigos e dissertações que tratam da teoria ética das virtudes de MacIntyre e das críticas que
este teceu ao projeto iluminista, à teoria ética emotivista e ao liberalismo. O objetivo principal
é a compreensão do conceito de telos no autor e o papel da educação na realização deste na
atualidade.

Apresentadas as teorias éticas refletirei sobre a urgência e radicalidade de mudanças nas


instituições sociais, principalmente na escola, mais especificamente nas creches, espaços que
atendem crianças de 0 a 6 anos, na formação humana, ou seja, no desenvolvimento do
potencial virtuoso do ser humano.

3. Ética das virtudes

A obra Ética Nicomachea de Aristóteles (384 a.C. 322 a.C.) é tida como sua principal obra sobre
ética e o pensador foi referência na ética antiga e atualmente continua exercendo grande
influência. A obra citada é divida em 10 livros nos quais define o que é o “bem”, felicidade,
natureza humana e apresenta sua concepção de virtude. Neste tópico apresentaremos alguns
conceitos que permitirão o entendimento da filosofia moral de Aristóteles e na sequência a
retomada da ética das virtudes realizada por Alasdair MacIntyre.

O conceito de teleologia embasa sua teoria das virtudes e torna-se a essência de sua filosofia
moral. Telos, do grego: fim, meta, ou seja, o ser humano para Aristóteles tem um objetivo a
alcançar, individualmente e socialmente e é a ética, ou melhor, sua ação virtuosa e a vida em
comunidade que serão os meios para atingir este fim.

Segundo Costa (2010), MacIntyre afirma que o iluminismo fracassou ao recusar o esquema
teleológico aristotélico, este esquema era formado por três concepções: a do ser humano em
seu estado de natureza (sem instrução), do ser humano quando atinge seu telos e a ética como
uma ciência que os capacita para este fim.

Este fracasso do iluminismo é também analisado por Cardoso:

Na modernidade, o homem das virtudes clássicas, que pauta suas escolhas num fim
proporcionado por uma ética de bases metafísicas, foi substituído por um homem esclarecido,
capaz de fundamentar racionalmente suas ações, sem que elas se remetessem a um fim último
ou a uma tendência natural do homem de se comportar dessa ou daquela maneira. Isto
admitiria um conceito de natureza humana, que também fora abandonado, como a noção de
telos. Contudo, o projeto iluminista de fundamentação da moral numa razão pura não
conseguiu realizar seu próprio projeto e o que temos hoje é uma multiplicidade de morais.
(CARDOSO, 2010, p.34)

Livramo-nos de bases metafísicas que “guiavam” nossas ações e da ideia de uma natureza
humana que se “responsabilizava” por nossos atos, mas a radicalidade desta atitude resultou
em individualismo, cada um podendo agir de acordo com seus próprios valores, sem que haja
um padrão objetivo para avaliarmos nossas atitudes como certas ou erradas.

Para MacIntyre, segundo Cardoso (2010): “a teleologia seria um modo adequado de


conceber a moralidade, mas que deve ser fundamentado sociologicamente”, ou seja, não há,
para o autor, bases biológicas que regulem nossas ações e, no entanto, precisamos
racionalmente, no contexto social, construir uma noção de fim para o agir humano, levando
em consideração que somos seres histórico-sociais e, portanto os princípios éticos nunca são
universais, mas, isso não implica em relativismo ético como veremos mais adiante.

Prática, narrativa e tradição.

Para melhor compreensão da ética das virtudes de MacIntyre, faz-se necessário explicar os
conceitos de prática, narrativa e tradição, reafirmando que para o autor as virtudes sempre
dependem do contexto histórico. Segundo Cardoso (2010), a racionalidade ética da teoria das
virtudes de MacIntyre se desenvolve em três estágios: (i) virtudes em atividades nas vidas
individuais; (ii) em uma vida inteira e; (iii) na vida em comunidade. Segunda a autora,
MacIntyre “pretende preencher o espaço deixado pelo abandono de uma concepção fechada
de natureza humana” (CARDOSO, 2010, p.83).

As práticas, segundo Carvalho (2007), são o conjunto de atividades sistemáticas, socialmente


reconhecidas, em cujo interior se desenvolvem critérios de excelência e bens internos a serem
alcançados. MacIntyre cita jogos como o xadrez e o futebol para exemplificar, nos quais fica
evidente que os participantes desenvolvem e aperfeiçoam habilidades morais, intelectuais e
de relacionamento. “O papel das virtudes nesse contexto é garantir a excelência na realização
dos bens internos às práticas, o telos último de cada uma delas, que são historicamente
construídos.” (CARVALHO, 2007, p.2). Virtudes no contexto das práticas são qualidades que
adquirimos e que são necessárias para alcançar determinados objetivos.

As narrativas constroem nossa identidade, permitem o autoconhecimento e a consciência


teleológica de nossos atos, nas palavras de Gomes:

Quanto ao conceito de narrativa de vida de uma pessoa, segundo MacIntyre, revela a


identidade do sujeito com base em seu comportamento, crenças, experiências, etc. Significa
que uma pessoa possui uma trajetória de vida com início, meio e fim e por isso é responsável
por sua história, que é única. Mas sua trajetória de vida está relacionada à narrativa de outras
pessoas, outras histórias, e por isso ser o sujeito de uma trajetória requer a capacidade de
responder às ações e experiências que caracterizam esta narrativa de vida, ou seja, ser capaz
de responder pelos próprios atos quando decide agir de um determinado modo e não de
outro. (GOMES, 2011, p.4)

A narrativa é uma unidade individual, é a identidade de cada um, na qual as ações morais
revelam aspectos individuais, coletivos, históricos, culturais. E, principalmente, por permitir
uma concepção teleológica para a moralidade, nas palavras de Gomes (2011 p.4): “A narrativa
de vida de uma pessoa é o fundamento na qual são feitas escolhas de modo racional frente às
demandas conflituosas das práticas das quais os sujeitos participam (é o que torna inteligível
as ações morais dos sujeitos)”.

O terceiro e último estágio do desenvolvimento lógico das virtudes é a tradição, é nela que se
insere a narrativa, ou seja, não estamos isolados, nossas práticas e escolhas ocorrem no
interior de uma tradição social e intelectual.

Nossas narrativas são entrecruzadas pelas dos outros indivíduos que fazem parte da nossa
vida, bem como pelas necessidades e exigências comunitárias ou sociais. As virtudes vão ter o
papel de fazer com que essa busca individual pela realização do bem último do ser humano
não se corrompa, garantindo a sustentação da tradição da qual partimos, bem como fazer com
que essa busca não perca sua dimensão histórica. Pois o que é esse bem último, esse telos que
fornece o horizonte de ação das tradições morais, é o objeto central de debate interno e
externo da tradição, um debate histórico constitutivo de toda tradição moral viva, no
confronto com a diversidade das tradições rivais que se oferecem na sua existência histórica.
(CARVALHO, 2007, p. 3)

Portanto, o cultivo das virtudes se concretiza nas práticas e atividades sociais, dentro de uma
tradição, na qual nos percebemos como indivíduos e membros, onde reconhecemos os outros
como também pertencentes a esta tradição, com os quais compartilhamos padrões de ordem
social, política, legal, etc. A preocupação com cultivo, ou cuidado com as virtudes vem desde a
antiguidade, na Roma antiga o verbo latino colere, que significava cuidar, cultivar, tomar
conta, deu origem a termos como: cultura, cultivo, cuidar, culto... Segundo Gomes, MacIntyre
considera que as virtudes podem ser cultivadas:

[...] as virtudes podem ser cultivadas e servir como referencial para uma educação moral capaz
de fornecer às pessoas razões para agir de uma forma e não de outra, de modo racional e
justificado. Uma educação moral nos termos da teoria das virtudes de MacIntyre deve educar
as paixões, reconhecer os vícios e empenhar-se pela busca dos bens que conduzam à vida boa,
à felicidade. Pois tal educação encontra-se implícita nos valores a serem cultivados por um
grupo de pessoas, uma sociedade. (GOMES, 2011, p.5)

Fazer parte de uma tradição viva é, portanto, estar inserido numa forma específica de se
pensar a moralidade, para que então possamos proceder de acordo com os seus critérios
particulares que, como tudo que vive, vão se alterando ao longo do tempo. A pergunta sobre
os bens particulares e comuns determina quais virtudes serão priorizadas nessa tradição, assim
como que critérios serão utilizados no julgamento entre o certo e o errado. Uma tradição se
solidifica na medida em que consegue articular esses dois tipos de bens com coerência e dá
subsídios aos seus partícipes para exercitar as virtudes necessárias na conquista desses bens.

Estando de acordo com MacIntyre de que o resgate das virtudes pode amenizar a crise moral
em que estamos imersos e que tais virtudes podem ser ensinadas é necessário pensar nas
instituições sociais, família e escola neste ensaio. É óbvio que há uma diversidade imensa de
culturas e comunidades e nelas as instituições também estão organizadas de formas distintas.
MacIntyre considera tais variações ao propor que a moral é relativa ao contexto social e
histórico, porém isso não implica num relativismo moral. No relativismo moral não há critérios
objetivos acerca do bem ou das virtudes e o caráter racional da teoria pretende livrá-lo do
risco de tornar-se relativista. Aliás, MacIntyre foi acusado de ser relativista e responde a tal
acusação afirmando que as objeções feitas pelos críticos são incomensuráveis, referindo-se à
teoria de paradigmas de Kuhn e opta por provisoriamente não resolver tal impasse,
considerando que tais críticas não comprometem sua teoria. Lins Machado analisa esta
acusação:

A recusa de uma racionalidade a-histórica pode, contudo, conduzir a um relativismo moral que
venha afirmar a validade de qualquer teoria ética. Para defender-se desta acusação MacIntyre
busca traçar um paralelo com o caso da filosofia da ciência, sobretudo no modelo exposto por
Thomas Kuhn. A partir de Kuhn, a filosofia da ciência passou a operar com a perspectiva de
visões de mundo diferentes e incomensuráveis. Com isto, MacIntyre busca mostrar que a
mudança conceitual pode ser racional mesmo sem a pretensão de validade absoluta, haja
vista, que podemos usar uma noção sui generis de racionalidade. Desta forma se justificaria
uma teoria ética vinculada a uma determinada tradição, por meio de uma racionalidade
prática também vinculada a esta tradição, o que permitiria a questão justiça de quem? Qual
racionalidade? Assim, a relação que a filosofia da ciência tem com a história da ciência é
similar à relação que a filosofia moral tem com a história da moralidade. (LINS MACHADO,
2012, p.16)

Levando-se em consideração as diferenças culturais e neste ensaio reduzindo a reflexão para a


realidade de nosso país, me proponho a pensar no papel da escola na educação para as
virtudes, mais especificamente, os espaços denominados de Centro de Educação Infantil, ou
seja, as creches .

As creches, segundo Adorni (2005), surgiram no século XIX na Europa e no início do século XX
no Brasil, períodos de do capitalismo, e da necessidade de reprodução da força de trabalho.
Eram espaços de caráter assistencial-filantrópico e tinham por objetivo ocupar o lugar da falta
moral e econômica da família e o atendimento aos filhos das trabalhadoras. Esse espaço foi
sendo historicamente modificado e atualmente, segundo Adorni (2005): “A creche, portanto,
passa a ser subordinada à área de educação, configurando-se não mais como uma “agência de
guarda e assistência” e sim como uma instituição educacional, criando-se, assim, novas
responsabilidades para o sistema escolar.”.

Pelo discurso acima se percebe que as mudanças ocorridas nesta instituição foram da
assistência à educação, sendo que no período assistencial havia uma preocupação com a
formação moral numa tentativa de substituir o papel tradicional da família daquela época,
após o foco passa a ser educacional, com o intuito de desenvolver as habilidades cognitivas
dos bebês como forma de preparação para a alfabetização e vida escolar.

O discurso de que é papel da creche (vale também para a escola) é passar conteúdos e não
valores precisa ser revisto, há muitos pensadores que o fazem, afinal os espaços das creches
recebem crianças de 0 a 6 anos , que, na maioria dos casos, permanecem por mais de 8 horas
ali, ou seja, o convívio de formação, de aprendizagem das virtudes na realização das práticas,
como propõe de MacIntyre acaba sendo mais intenso no espaço da escola do que na família,
afinal os responsáveis pela criança estão trabalhando.

MacIntyre afirma, segundo Gomes (2011), que os seres humanos devem ser instruídos, que
paixões e desejos podem ser educados e cabe ao grupo social em que o indivíduo está
inserido, inclusive a escola ajudá-lo nesta tarefa:

A passagem da condição infantil para a condição de agente moral só é possível pela aquisição
das virtudes morais e intelectuais, pois uma instrução que permita as crianças reconhecer
quais virtudes buscar e a importância delas em suas vidas são o que proporciona o
florescimento do agente moral. As virtudes são fundamentais para que uma pessoa, membro
de uma tradição e inserido nas práticas de sua sociedade, possa se reconhecer como pessoa
responsável pelos seus atos, capaz de justificá-los e responder pelas conseqüências de tais
ações. (GOMES, 2011, p.71)

Práticas, narrativas e tradição estão presentes no espaço educacional da creche, mesmo que
não haja a consciência por parte do cuidador, atendente, professor ou qualquer outro
profissional que trabalha neste ambiente, cada um deles com suas ações está contribuindo
para a formação moral das crianças. Mas, muito provável, que cada um o faça de maneira
independente, de acordo com seus próprios valores e desejos, ou seja, repete-se o modelo
individualista, próprio de nosso tempo.

Os espaços educacionais, de creches ao ensino médio, preocupam-se com a formação integral,


elaboram e executam atividades voltadas para a formação das virtudes como: justiça,
temperança, honestidade, lealdade, etc., no entanto, tal proposta é estanque, limita-se a
leitura de um texto, um debate, uma dinâmica, um desenho, um filme, etc., ouso dizer, sem
pesquisar efetivamente, que não há a consciência de que a formação moral está presente em
todos os momentos, desde a recepção da criança na porta de entrada até o momento em que
vai para casa.

Diante das constatações acima, questiono se é possível a escola tornar-se efetivamente um


local de ensino não só de conteúdos, mas também de formação moral a partir de juízos que
sejam fundamentados racionalmente como propõe MacIntyre? Quem formaria os
profissionais desta instituição para que superem seus desejos e vontades pessoais e sejam
capazes, segundo Gomes (2011) de direcionar seus alunos para participarem dos papéis sociais
de sua comunidade? E capacitá-los a pensarem por si mesmo? “... esta é uma tarefa que
requer justificação e modelos de objetividade racional, coisa que as sociedades modernas e a
cultura da pós-modernidade excluem, tornando tais objetivos quase utópicos.” (GOMES, 2011,
p.72).

CONCLUSÃO

As virtudes são para MacIntyre as disposições que nos capacitam para a realização de nosso
telos, e a educação para as virtudes está presente em todas as práticas. Da mesma forma
como exercemos nossas virtudes em todas as nossas atividades sociais, elas também são
aprendidas em todos os contextos em que aprendemos com os outros a cumprir nossos papéis
e funções. Ou seja, a instituição educacional para crianças de 0 a 6 anos, as creches, nas quais
as crianças aprendem uma diversidade de papéis e funções, são espaços privilegiados para a
formação moral. Segundo Gomes, (2011), somente a unidade social, ou seja, a percepção que
fazemos parte de uma comunidade na qual se inscreve nossa narrativa de vida pode restituir a
responsabilidade de cada indivíduo na realização de seu telos.

Para o filósofo, segundo Gomes (2011):

Os objetivos da educação defendidos por MacIntyre só são possíveis de serem concretizados


na medida em que os educandos, pertencentes a uma tradição de pensamento que lhes
permita a busca pela vida boa, possam reconhecer e alcançar as virtudes necessárias para seu
florescimento enquanto sujeito racional e consciente de seus atos e escolhas, tanto as práticas
quanto a compreensão do que significa uma vida narrável pressupõem uma visão clara da vida
humana não mais como fragmentos, mas sim como um todo. Pois para MacIntyre, e esta
explicação encontra-se implícita ao longo de suas obras, os bens de uma filosofia da educação
configuram-se como os bens da própria pesquisa filosófica. (GOMES, 2011, p.10)

Portanto, cabe a filosofia da educação a reflexão a cerca do papel da educação na formação


moral e por mais utópico que possa parecer, as reflexões do autor abrem espaço para o
debate racional que podem vir a promover as mudanças desejadas. Por certo tais mudanças
não ocorreriam de forma isolada e nem de forma repentina, qualquer mudança nas
instituições sociais são resultado de longos processos e que “exigem” a transformação da
sociedade como um todo.

Referências bibliográficas

ADORNI, D. Da Silva. A creche e o direito à educação das crianças de 0 a 6 anos: de agência de


guarda a espaço educacional. Revist@ Fafibe on-line. Ano I, nº 1. Julho, 2005. Bebedouro, SP.
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