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A crise de A a Z
Um dos marcos do vendaval do ano passado foi a quebra do banco Lehman Brothers, que anunciou sua concordata no dia 15 de
setembro, e marcou a crise sistêmica no sistema financeiro. Outras instituições importantes, como a seguradora AIG e grandes bancos
europeus, também quebraram. Em pouco tempo, o mundo todo aprendia o que eram subprimes, o fortalecimento do termo Bric,
“marola” e quem é Bernard Madoff. Veja aqui a crise de 2008 de A a Z.
AIG
A seguradora AIG quebrou no mês de setembro, motivada em grande parte pelos seguros de créditos concedidos no mercado
imobiliário norte-americano.
BRIC
Outro termo que ganhou força na crise mundial. O chamado “Bric”, grupo formado por Brasil, Rússia, Índia e China, aparentemente
conseguiu atravessar o grave momento sem grandes turbulências – com exceção da Rússia, cuja economia é mais dependente de
exportações. Pode-se dizer que nesses países os efeitos foram minimizados, mas que eles também existiram. No caso brasileiro, o setor
industrial foi mais afetado. Com a economia mundial em total recessão, era certo que isso seria mais sentido pelas empresas que
dependiam das exportações.
Ao contrário do que ocorreu em crises anteriores, o Brasil está mais preparado para enfrentar os problemas oriundos do exterior. Vale
lembrar situações vividas em 1995, no México, ou em 1997, com os “Tigres Asiáticos” e também com a desvalorização cambial em
1999. Nesses períodos, as reservas brasileiras não eram superiores a US$ 50 bilhões, sendo utilizadas para sustentar a taxa cambial
fixa. A dívida pública era superior a 60% do PIB, tínhamos saldo comercial deficitário e o risco país registrava mais de 2.000 pontos.
Hoje o Brasil tem câmbio flutuante, reservas superiores a US$ 200 bilhões, a dívida pública brasileira representa 40% do PIB e está em
queda. Hoje o país é superavitário na Balança Comercial e o risco país está entre 250 e 300 pontos. Essas diferenças explicam por que
uma crise mundial de proporções tão grandes afetou menos o país do que em outros momentos.
Derivativos
As empresas que apostaram exageradamente em ativos financeiros chamados derivativos tiveram prejuízos em suas atividades, caso da
Sadia e Aracruz, no Brasil. A crise chegou ao País pelo canal financeiro e não pelo lado real da economia.
Diante da queda na demanda internacional, a indústria exportadora do Brasil foi a que mais sentiu os efeitos da crise. O Governo
brasileiro atenuou o quadro ao apostar, acertadamente, no mercado interno, considerando o fato de que não conseguiria resolver os
fatores externos. Reduziu os juros e principalmente aumentou os gastos públicos. Também concedeu incentivos fiscais para o setor de
automóveis, linha branca e materiais de construção. Os efeitos dessas medidas são positivos, sendo sentidos principalmente por causa
da manutenção do nível de emprego.
Fusão
Enquanto os bancos no mundo quebravam, no Brasil, dois grandes bancos, Itaú e Unibanco, anunciavam sua fusão, no dia 3 de
novembro.
GM
A maior indústria automobilística foi à lona no dia primeiro de junho. Foi a terceira maior quebra dos EUA, depois da Enron e
WorldCom.
Hipotecas
O excesso de hipotecas no mercado imobiliário foi a gota d´água numa crise que estava em gestação há alguns anos pela
insustentabilidade dos ativos financeiros.
Intervenção do governo
A crise tirou de cena a idéia de que o mercado se autorregula. Nunca o governo norte-americano trabalhou tanto em socorros a
empresas para preservar suas instituições financeiras.
Juros
O Banco Central reduziu a taxa básica de juros para garantir melhores condições de produção e consumo.
Lehman Brothers
A quebra do banco Lehman Brothers no dia 15 de setembro foi o marco de uma crise sistêmica no sistema financeiro que afetou
principalmente os países ricos.
Marola?
Outro termo que ficou conhecido este ano foi a “marola”, citada pelo presidente Lula. “Lá (no exterior), a crise é um tsunami. Aqui,
se chegar, vai ser uma marolinha, que não dá nem para esquiar”.
Neoliberalismo
A ideia de um Estado alheio ao mercado, que se autorregularia, ficou na berlinda. Os princípios do neoliberalismo passaram a ser
questionados.
Obama
A eleição do primeiro presidente negro da história dos EUA, Barack Obama, trouxe a esperança de resgatar a auto-estima do norte-
americanos na pior crise vivida por eles desde a década de 30.
Pirâmide de Madoff
Nesse ambiente Panglossiano, onde nada poderia dar errado, esquemas tão antigos como as pirâmides de investidores (criado por
Bernie Madoff) arrebataram desde cineastas até mesmo a fundos operados por instituições e gestores bastante experientes.
Não houve um só mercado acionário no mundo que não tenha sucumbido na crise, após anos de ganhos exagerados e sem correlação
com a realidade.
Retomada
Os números de produção industrial, sejam os nacionais como também os norte-americanos, dão sinais de sutil reação. Em
contrapartida, o nível de alavancagem financeira do período pré-crise não deve ser retomado por muitos anos. Foi justamente esse
desenvolvimento excessivo que permitiu o crescimento de consumo e de produção exagerado tornando-se insustentável a longo prazo.
Subprimes
Os créditos subprimes englobam empréstimos feitos aos clientes abaixo do preferencial - créditos hipotecários, cartões de crédito e
também aluguel de carros, sendo concedidos a clientes sem comprovação de renda, com histórico ruim de crédito ou até mesmo sem
nenhum registro. O mercado norte-americano vinha no ritmo da “exuberância irracional” – termo cunhado pelo ex-presidente do
Banco Central, Alan Greenspan – desde a década de 90, com baixo critério para oferta de crédito. A exuberância começou nas bolsas,
nos anos 90, acentuou-se com as pontocom no ano 2000, e tomou todo o sistema financeiro até 2008.
Termos de Troca
O preço das commodities despencaram fazendo com que empresas extremamente lucrativas como a Vale tivessem que rever sua
estratégia ao menos no curto e médio prazo.
Os economistas se revezaram nas opiniões de como seria a retomada da economia. Alguns apostaram na curva em “U”, de que depois
de uma queda e estagnação, haveria a retomada. Outros apostaram na retomada em “V” e outros ainda, na retomada em “W”.
Varejo
No caso do varejo, as políticas anticíclicas adotadas pelo governo brasileiro têm funcionado. Segundo dados da Fecomercio, de maneira
geral, o setor apresentou um quadro com leve crescimento no primeiro semestre de 2009.
É o tempo que o mundo levará para se recuperar da ressaca que essa crise certamente deixará, principalmente no sistema de crédito
global.
O nível de perdas financeiras foi tão grande que obrigou os bancos centrais a saírem de suas posições mais conservadoras e a adotarem
medidas de salvamento de bancos para que o sistema financeiro permanecesse minimamente sólido.
Ainda é difícil apontar quando a economia mundial conseguirá voltar a crescer aos níveis pré-crise. Aparentemente o pior já ficou para
trás e essa tendência de retomada do avanço surge ainda timidamente.
Fonte: Fecomercio (Federação do Comércio do Estado de São Paulo) é a principal entidade sindical paulista dos setores de comércio e
serviços
HSM Online
14/09/2009
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