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IMPLICAÇÕES DO CAPITALISMO E A CRISE AMBIENTAL

Jacqueline Roberta Tamashiro, Munir Jorge Felício

Universidade do Oeste Paulista – UNOESTE, Mestrado em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional, Presidente
Prudente, SP. E-mail: arquiteta.jtamashiro@hotmail.com

RESUMO
O presente artigo tem como objetivo a contribuição e discussão sobre quais as relações que existem entre
o capitalismo e algumas das consequências vistas atualmente sob o âmbito ambiental. Em primeiro
momento, demonstra um breve histórico sobre o desenvolvimento da produção capitalista e como isto
está engendrado à insustentável extração de recursos naturais. Na segunda parte, o texto aborda algumas
das interferências danosas observadas atualmente, como consequência de atividades iniciais do período da
Revolução Industrial. O texto aborda algumas das crises enfrentadas na contemporaneidade, como a
exploração voraz dos recursos hídricos; o uso intenso de praguicidas e herbicidas como forma de controle
às pragas, e a crescente geração de resíduos sólidos urbanos. Por fim, são realizadas algumas
considerações sobre a temática, elencando alternativas que sejam capazes de contribuir positivamente,
conscientemente e racionalmente sobre o assunto.
Palavras-chave: Capitalismo. Crise ambiental. Recursos naturais.

IMPLICATIONS OF CAPITALISM AND THE ENVIRONMENTAL CRISIS

ABSTRACT
The present paper aims at a contribution and discussion on which relations exist between capitalism and
some of the consequences. First, it shows a brief history of the development of capitalist production and
how it´s engendered for unsustainable extraction of natural resources. In the second part, the text
addresses some of the interferences observed, as a consequence of the activities of the period of the
Industrial Revolution. The text addresses some of the crises in contemporary times, such as a voracious
exploitation of water resources; the intensive use of pesticides and herbicides as a form of pest control, and
a growing generation of urban solid waste. Finally, some considerations are made on the subject,
alternative alternatives that help to contribute positively, consciously and rationally on the contract.
Keywords: Capitalism. Environmental crisis. Natural resources.

INTRODUÇÃO sistema da Terra regula seu clima e sua química,


Atualmente, a natureza, de forma geral, visto que se assemelha a um organismo vivo e
se encontra em constante processo de reage a tudo que fazemos (LOVELOCK, 2006).
modificação. Modificação ou modificar, que vem Assim sendo, a Terra não é algo inanimado; pelo
do latim modificatĭo, significa mudar ou contrário, é viva e em constante transformação
transformar algo, dar um novo modo de natural (SILVA e CRISPIM, 2011). Porém, essa
existência a uma substância material. No atual transformação natural referida pelo autor nos
estado em que a encontramos, será que seria o remete a um pensamento quase que cíclico e
mais correto chamarmos esse processo de próprio da vida dos seres vivos. Logo, perante
modificação, alteração, transformação ou esta percepção ecológica, cabe-nos reconhecer
destruição? que somos interdependentes de todos os
Os cientistas reconhecem que a Terra é fenômenos que acontecem, além do fato de que,
um sistema autorregulador composto de todas as enquanto indivíduos e sociedade, estaremos sim,
suas formas vivas, incluindo os seres humanos e encaixados dentro de todos os processos cíclicos
todas as partes materiais que a constituem. O

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da natureza, sendo dependentes destes mudança na qualidade de vida e bem estar social.
processos (CAPRA, 1996). No entanto, paralelamente aos milagres
As próprias atividades de sobrevivência oferecidos pelo rápido desenvolvimento, vieram
do homem – principal beneficiário dos os impactos ao meio ambiente, onde se observa
componentes oferecidos pelo mundo natural – já quando passou-se a observar a intensificação de
são vistas como uma interferência negativa sobre crises e problemas ambientais. No entanto, a
o meio ao qual vivemos. No entanto, é mais que acumulação de capital das grandes indústrias
necessário compreender que a natureza é finita ainda era alimentada pelo trabalho camponês de
de recursos, ou seja, uma fonte que pode vir a se pequenos agricultores e suas plantações
tornar escassa. Capra (1996, p.14): (LUXEMBURG, 1985). Assim, a como
Defrontamo-nos com toda consequência do crescimento socioeconômico,
uma série de problemas observa-se a necessidade da ampliação de
globais que estão centros urbanos. Silva e Crispim (2011, p.165):
danificando a biosfera e a Vários problemas
vida humana de uma ambientais vieram com a
maneira alarmante, e que urbanização tais como:
pode logo se tornar concentração
irreversível [...] Quanto populacional; consumo
mais estudamos os excessivo de recursos
principais problemas de renováveis e não
nossa época, mais somos renováveis; contaminação
levados a perceber que das águas, solo e ar;
eles não podem ser desmatamentos, entre
entendidos isoladamente outros (SILVA e CRISPIM,
[...] (CAPRA, 1996, p.14). 2011, p.165).

METODOLOGIA Esta urbanização em expansão acelerada


Este trabalho foi elaborado a partir da foi um dos subprodutos mais relevantes da
metodologia denominada de estado da arte ou Revolução Industrial. “Por volta de 1850, havia
estado do conhecimento. A composição dos mais cidadãos britânicos morando em cidades do
compêndios, aqui apresentados, fazem referência que no campo, e quase um terço da população
a elementos documentados sobre o assunto total vivia em cidades com mais de 50.000
abordado. Envolveu a pesquisa documental e habitantes” (SILVA e CRISPIM, 2011, p.165).
bibliográfica que pudesse trazer contribuições Como resultado, um novo cenário abrangia as
pertinentes ao assunto, expondo ainda à reflexão grandes cidades, as quais eram “cobertas de
e relacionando diretamente com a temática fumaça e impregnadas de imundice”. Aspectos de
sobre meio ambiente e capitalismo. As buscas saneamento e infraestrutura, como o
foram realizadas em plataformas eletrônicas de abastecimento e a distribuição de água, os
periódicos científicos correspondentes à esgotos sanitários e os espaços abertos, não
CAPES/MEC, Scientific Electronic Library Online acompanhavam a migração de pessoas (DIAS
(SCIELO) e ainda, em literatura que abordasse apud SILVA e CRISPIM, 2011). Completa Felício
sobre o dano antropoceno causado ao meio (2013, p.188):
ambiente. Os termos utilizados para compor o A questão econômica
trabalho se definem em meio ambiente; gerada com o avanço do
capitalismo; consumismo e exploração de capitalismo que se
recursos naturais, no período (às reflexões desenvolve sobre duas
precursoras) de 1985 a 2016. bases fundamentais – o
processo de urbanização e
O capitalismo e a crise ambiental de industrialização – e que
se expande cada vez
A Revolução Industrial, que teve início na
saqueando os recursos
Inglaterra durante o século XVIII, foi um marco naturais e, avançando
importante no desenvolvimento mercantil. Como sobre a riqueza dos
consequência da Revolução Industrial, a ecossistemas para
sociedade experimenta a impulsão do convertê-los em valor de
crescimento econômico, perspectivas de uma troca e coisificar o mundo

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e fetichizando as relações exploratórias e consumo desenfreado aos


sociais (FELÍCIO, 2013, recursos naturais, muitas vezes extrativistas, que
p.188). resultaram na presente problemática da crise
ambiental. Ao estudarmos os principais
Juntamente a essa premissa, vieram problemas que vêm acontecendo, somos levados
acompanhados o uso massivo de energia e o a refletir e perceber que os mesmos não podem
consumo desenfreado de recursos naturais. ser entendidos isoladamente. Tais problemas são
Segundo Leff (2000, p.312), “a ciência e a de cunho sistêmico, ou seja, são interligados e
tecnologia se converteram na maior força interdependentes (CAPRA, 1996). A preocupação
produtiva e destrutiva da humanidade”. Neste com a exploração de recursos hídricos; o uso
período, os recursos ainda eram tidos como contínuo de praguicidas e herbicidas; a crescente
fontes inesgotáveis. Durante o século XX, a geração de resíduos sólidos, sem destinação
sociedade se mobiliza pela primeira vez em busca apropriada, são alguns dos presentes dilemas que
de uma nova gestão e novas políticas para o uso podemos perceber em dias atuais.
de alguns recursos naturais, como a água, as
florestas e os minérios (SILVA e CRISPIM, 2011). A A exploração dos recursos hídricos
partir dos anos 50, surgem indícios dos efeitos da No contexto de desenvolvimento
crise ambiental. O almejo pela conservação sustentável, destaca-se o carácter dual que
ambiental se tornaria cada vez mais integrado; adquire a água na sua relação com a sociedade:
“com isso criou-se uma configuração territorial pode ser vista como um recurso natural ou um
que foi cada vez mais o resultado de uma passivo ambiental. Recurso natural, pois é um
produção histórica e tende a uma negação da agente indispensável para a manutenção do ciclo
chamada natureza natural, substituindo-a por da vida, onde a exploração sem precedentes
uma natureza inteiramente humanizada” (SILVA e pode acarretar em um colapso social (NINA;
CRISPIM, 2011). SZLAFSZTEIN, 2015). A intensificação da
Por fim, Silva e Crispim (2011) ressaltam exploração dos recursos hídricos se deu a partir
que os problemas ambientais se tornaram ainda da segunda metade do século XX, tornando os
mais intensos pela própria ação consequente de impactos cada vez mais severos e complexos. A
ininterruptas atividades industriais. Verifica-se, diversificação do uso da água no
neste período, elevadas taxas de emissões de desenvolvimento econômico e social – como
gases poluentes e substâncias tóxicas nocivas no provedora de saneamento em centros urbanos,
ar. Em longos períodos, o capitalismo deixou subsídio para grandes produções agrícolas e
transparecer o fato de se “especializar” em seu fonte geradora de energia – produziu inúmeras
papel, como no século XIX, quando se "deslocou pressões sobre o ciclo hidrológico e reservas de
de modo espetacular voltado ao novo mundo da águas superficiais e subterrâneas. Como
indústria". Essa especialização levou o resultado, observa-se um grande conjunto de
capitalismo a mostrar sua verdadeira identidade, degradação e poluição, que ainda acompanham
com a “explosão da mecanização e seus os dias atuais (TUNDISI, 2005).
maquinários; indivisibilidade de interesses; Capra (1996) nos revela que fatos como a
concretude, rigidez, estreitamento ou até mesmo escassez de recursos naturais e a contínua
fechamento de opções, e consequentemente, degradação do meio ambiente estão interligadas
estar sempre no alto comando da economia” à rápida expansão populacional. Entretanto,
(ARRIGHI, 2009, p.05). segundo Tundisi (2005), o consumo de água
perante as atividades humanas varia muito entre
As interferências danosas e a situação atual da diversas regiões e países. “Os vários usos
crise múltiplos da água e as permanentes necessidades
Em um contexto atual, a crise ambiental de água para fazer frente ao crescimento
ainda é elencada a fatores econômicos, sociais e populacional e às demandas industriais e
políticos. “Economistas eminentes alertaram, há agrícolas têm gerado permanente pressão sobre
mais de vinte anos, que esse processo conduziria os recursos hídricos superficiais e subterrâneos.”
a uma economia de baixo crescimento num (TUNDISI, 2005, p.27).
futuro próximo” (CHOMSKY, 2010, p.26). Ainda Tundisi (2005, p. XVII):
Como herança dos séculos passados, [...] Os usos múltiplos e
temos o reflexo do capitalismo em atividades excessivos e as retiradas

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permanentes para eminente escassez sempre


diversas finalidades têm será encontrado algum
diminuído substituto (SILVA e
consideravelmente a CRISPIM, 2011, p.166).
disponibilidade de água e
produzido inúmeros Esta ideia quase que visionária, na qual o
problemas de escassez homem usa a natureza como valor de troca ou
sem muitas regiões e capital natural para superar a escassez física e
países. [...] No limiar do
biológica através de ajustes tecnológicos, pode
século XXI, entre outras
crises sérias, a crise da
ser refutada, em contrapartida, com a
água é uma ameaça abordagem de Lovelock (2006, p.20) “por meio
permanente à de um entendimento do anormal, delineamos,
humanidade e à como uma silhueta recortada numa folha de
sobrevivência da biosfera papel, o estado de saúde normal, que é muito
como um todo. [...] ela mais incompreensível". Confirma Tundisi (2005,
impõe dificuldades ao p.02):
desenvolvimento, Amplia-se a percepção de
aumenta a tendência a que a água é um recurso
doenças de veiculação finito, de que limites em
hídrica, produz estresses seu uso e os custos de
econômicos e sociais e tratamento estão cada vez
aumenta as desigualdades mais elevados, além disso
entre regiões e países. A os custos da recuperação
água sempre foi recurso de lagos, rios e represas
estratégico à sociedade. O são também muito altos
crescimento populacional (TUNDISI, 2005, p.02).
e as demandas sobre os
recursos hídricos As avaliações sobre a água, perante sua
superficiais e subterrâneos
disponibilidade no planeta e seu papel no
são algumas das causas
fundamentais da crise
desenvolvimento, estão mostrando, cada vez
(TUNDISI, 2005, p. XVII). mais, a necessidade de mudanças substanciais na
direção do planejamento e gerenciamento dos
Silva e Crispim (2011) ressaltam que recursos hídricos, ou seja, as águas superficiais e
existem públicos exageradamente otimistas em subterrâneas (TUNDISI, 2005).
relação à escassez iminente. Alguns afirmam que,
seja no presente ou futuro, qualquer problema Praguicidas e herbicidas, os fins justificam os
de escassez poderá ser solucionado com a meios?
possibilidade de substituição de insumos ou Carson (2013) afirma que o uso de
matérias-primas e até mesmo no processo de substâncias tóxicas, como herbicidas e
produção. Silva e Crispim (2011, p.166): praguicidas, tiveram seu início de utilização de
Diante da possibilidade de forma sorrateira, sobre plantações e campos.
esgotamento de certos Porém, naquele período, ainda havia o cuidado
recursos naturais, o preço para que o veneno não encontrasse mais nada
de mercado aumentaria, além do alvo. Com o desenvolvimento de novos
forçando a ciência a inseticidas orgânicos e a abundância de aviões
pesquisar e aproveitar após a Segunda Guerra Mundial, o uso se tornou
melhor o recurso escasso indiscriminado. Logo, não eram apenas as
e encontrar alternativas
florestas e campos cultivados que respiravam a
para substituí-lo. Esta
visão chamada de
nuvem tóxica, mas também os vilarejos e as
cornucopiana
1
considera cidades.
todos os recursos “O grande uso de inseticidas, herbicidas,
infindáveis e diante da fertilizantes, implementos e outros produtos
industrializados fizeram com que a agricultura se
1
A abordagem cornucopiana tem origem teórica no tornasse uma atividade intensiva e degradante
"tecnocentrismo" sustentado na racionalidade econômica e do meio ambiente” (SILVA e CRISPIM, 2011,
eficiência tecnológica (SACHS, 2008).

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p.165). Porém, ao longo dos anos, as recursos necessários para


pulverizações em massa com outros tóxicos sobre produzir bens e serviços,
grandes áreas se tornaram corriqueiras. A proporcionando conforto
explicação paradoxal dada por usuários é a de ao ser humano. O que o
homem “acha” (considera)
que “os fins justificam os meios” (CARSON, 2013,
que não serve mais é
p.138). Quando o assunto em pauta é a descartado no ambiente;
degradação ambiental, os argumentos mas isso nem sempre
empresariais incluem apenas o gerou degradação
comprometimento com a lucratividade e ambiental, em razão da
competitividade, com estratégia de externalizar escala reduzida de
os custos ambientais, transferindo-os todos para produção e consumo e da
a sociedade, poupando o verdadeiro causador, as maneira pela qual os seres
grandes indústrias e outros potenciais do humanos entendiam sua
capitalismo (SILVA e CRISPIM, 2011). relação com a natureza e
interagiam com ela. A
Diferentemente seria se observássemos o
sociedade consumista em
procedimento de alguns silvicultores que, como que vivemos enfrenta a
fator de proteção, tomam o cuidado de inocular acelerada degradação dos
as novas florestas com a biodiversidade do local. recursos naturais que
Os próprios agentes da natureza se encarregam compromete a qualidade
de executar o controle de pragas sem o uso de de vida, principalmente
praguicidas. São aves, insetos predadores de das futuras gerações e,
pragas e as próprias bactérias do solo (CARSON, por outro lado, leva nossa
2013). sociedade a procurar
“Estamos acostumados a procurar os modelos alternativos que
harmonizem o
efeitos flagrantes e imediatos e a ignorar tudo o
desenvolvimento
mais. A não ser que o efeito apareça de pronto e econômico com a
de forma tão óbvia que não possa ser ignorado, indispensável proteção
negamos a existência do risco” (CARSON, 2013, ambiental (SILVA e
p.164). CRISPIM, 2011, p.164-
165).
O consumismo e seus resíduos
O aumento da poluição, causada pelo Silva e Crispim (2011, p.165) ainda
depósito e descarte irregular de rejeitos, tem seu ressaltam que “o aumento da escala de produção
início logo após o período da Revolução de bens de consumo têm sido um importante
Industrial. Os resíduos passam a compor um fator que estimula a exploração dos recursos
volume crescente de rejeitos gerados pela naturais e eleva a quantidade de resíduos”. Estes
diversidade de substâncias e materiais resíduos sólidos apresentam diversidade e
processados, diferentemente do que se complexidade em sua composição. As
encontrava anteriormente como bem natural características físicas, químicas e biológicas
(SILVA e CRISPIM, 2011). Esta concentração variam de acordo com a proveniência de sua
espacial, proveniente do aumento crescente da fonte geradora. Completam Zanta et al. (2006,
geração dos resíduos, dificulta a assimilação p.02):
realizada pelo próprio meio ambiente e altera a O conhecimento das
paisagem natural com impactos negativos. características e da
Elementos essenciais como a qualidade da água, classificação dos resíduos
do solo e do ar, em geral, do meio físico, são sólidos é um dos subsídios
para o prognóstico de
diretamente afetados por altos níveis de
estratégias de
contaminação (ZANTA et al, 2006). Já Silva e gerenciamento de
Crispim (2011, p.164-165) abordam a correlação resíduos. O gerenciamento
entre o consumismo e a geração de resíduos: adequado minimiza
Os problemas ambientais possíveis impactos
de ordem antrópica ambientais e prejuízos à
decorrem do uso do meio saúde pública decorrentes
ambiente para obter os da liberação de emissões

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gasosas e líquidas desenvolvimento ecoeficiente (TUNDISI, 2005). A


associadas às forma indiscriminada que os praguicidas e
características dos herbicidas são pulverizados afetam não somente
resíduos sólidos (ZANTA et as plantações as quais se destinam, mas antes
al., 2006, p.02).
todo o bioma ao seu redor; o solo, o ar, os
recursos hídricos até, finalmente, as frágeis
A boa qualidade do meio ambiente é uma
vegetações. Isto mostra que, ainda assim, os fins
das mais importantes preocupações da sociedade
não justificam os meios aos quais são utilizados
moderna. O elemento que motiva essa
(CARSON, 2013). E ainda, os resíduos,
priorização é o impacto do desenvolvimento
infelizmente, são uma realidade de todos os
tecnológico aumentando as mudanças no estilo
centros urbanos, uma vez que o volume
de vida do homem (SILVA e CRISPIM, 2011).
descartado acompanha a velocidade do
Porém, Leff (2000) aborda que se deve investigar
consumismo. Consumismo que está impregnado
e se orientar pelas formações de políticas
à cultura e a natureza por si só, não consegue
ambientais e de desenvolvimento sustentável, e
processar naturalmente a diversidade de
buscar compreender quais os efeitos das políticas
materiais e substâncias (CHOMSKY, 2010; SILVA e
econômicas atuais sobre a dinâmica dos
CRISPIM, 2011).
ecossistemas.
Hoje, o conceito de desenvolvimento
sustentável nos acrescenta uma outra dimensão
CONSIDERAÇÕES FINAIS
a ser revista proficuamente: a dimensão da
Diante do histórico apresentado no texto,
sustentabilidade social, que nos compele a
podemos perceber que as atividades capitalistas
trabalhar com escalas de tempo, ciência e
estão interligadas às decorrentes crises
espaço, buscando sempre por soluções que
ambientais vistas atualmente. “Embora
“eliminem o crescimento selvagem obtido ao
problemas ambientais perpassem
custo de elevadas externalidades negativas, tanto
semelhantemente por todos os países, porém
sociais como ambientais” (SACHS, 2008, p.15). As
com algumas especificidades. Os interesses em
estratégias devem ser permanentemente
jogo são muito grandes na sociedade globalizada,
revisadas e deve-se eliminar medidas de cunho
visto que o lucro é a base do desenvolvimento”
instantâneo, tomadas a curto prazo, que visam
(SILVA e CRISPIM, 2011, p.173).
somente remediar as presentes crises
Desde os primórdios o ser humano já
ambientais. Estas levam ao crescimento
intervia na natureza, buscando por recursos
destrutivo, mas socialmente benéfico, ou ao
naturais que oferecessem subsídios para seu
crescimento ambientalmente benéfico, mas
sustento. Tais buscas eram feitas em pequenas
socialmente destrutivo (SACHS, 2008). Por
escalas, das quais a própria natureza tratava de
conseguinte, Capra (1996, p.15):
restituir. Entretanto, o ser humano também se Há soluções para os
desenvolve e se transforma; logo, o meio em que principais problemas de
vive também sofre as interferências. A Revolução nosso tempo, algumas
Industrial trouxe consigo a expansão da produção delas até mesmo simples.
em larga escala de bens de consumo – a rapidez Mas requerem uma
de fabricar em poucos minutos o que antes um mudança radical em
artesão levava dias, ou até meses, para obter em nossas percepções, no
uma única produção. Consequentemente, trouxe nosso pensamento e nos
também hábitos de consumismo acelerado, uma nossos valores. E, de fato,
estamos agora no
característica que se segue até os dias atuais.
princípio dessa mudança
Observa-se que a natureza e seus inúmeros fundamental de visão do
atributos pertinentes não conseguem mundo na ciência e na
acompanhar as intervenções negativas das quais sociedade, uma mudança
o homem vem engendrando. de paradigma tão radical
Hoje, os recursos hídricos são explorados como o foi a revolução
pela intensa diversificação de seus usos, visando copernicana. Porém, essa
alimentar o exclusivamente o desenvolvimento compreensão ainda não
econômico. Enquanto alternativas não são despontou entre a maioria
elencadas, a tecnologia por si só não provém um dos nossos líderes
políticos. O

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reconhecimento de que é apud MORIN, 2010, p.21).


necessária uma profunda Deve-se desconstruir o
mudança de percepção e pensamento fetichizado,
de pensamento para para que o ser humano
garantir a nossa almeja algo, não aceitando
sobrevivência (CAPRA, pacificamente ser um
1996, p.15). componente de uma
sociedade sem propósito,
Sachs (2008) ainda ressalta que as sem utopia, mas defender
estratégias a serem modificadas são as de a hipótese de que uma
políticas públicas, que possuem fortes funções outra sociedade é
possível. A palavra final
sobre o desenvolvimento sustentável. Uma das
não está com o capital
funções citadas é o poder do Estado de articular (FELÍCIO, 2013, p.203).
espaços de desenvolvimento desde o nível local,
onde deve ter base e fortalecimento ampliado e Entretanto, “é preciso elencar forças de
estratégia cautelosa de integração seletiva que um Estado enxuto, limpo, ativo, planejador e
atue de forma endógena, e não o contrário. Uma capaz de descortinar o futuro. Por enquanto, a
segunda função seria a de promover parcerias cidadania global continua como uma utopia
com todos os agentes interessados, firmando almejada” (SACHS, 2008, p.11). Este movimento
acordos a fim de vislumbrar um desenvolvimento de transformações positivas devem ser a “ética
realmente sustentável. Uma última função seria a da libertação”; onde transformar é mudar o rumo
harmonização no alcance de metas em comum, de uma intenção, ou o conteúdo de uma norma,
tanto no âmbito social, como no econômico e ou de uma ação. “Libertar significa não apenas
ambiental. Sendo assim, o Estado tem o poder de quebrar as cadeias, mas também desenvolver a
gerenciar o cotidiano da economia e da vida humana, exigindo-se que as instituições, o
sociedade, buscando assim o equilíbrio entre sistema, abram novos horizontes que
diferentes potenciais de sustentabilidade e transcendam a mera reprodução como repetição
ecoeficiência, sejam sociais, culturais, ecológicas, de o mesmo” (DUSSEL, 2000, p. 566).
ambientais, territoriais, econômicas e políticas Assim, estima-se que a essência deste
(SACHS, 2008). estigma, da atual preocupação com o meio
Morin (2010) completa que, ambiente, não transmita o idealismo de um
“efetivamente, é o domínio do domínio da “puritanismo rabugento” (LOVELOCK, 2006). Não
natureza que hoje nos causa problemas” (MORIN, seria a crise atual parte de um acontecimento
2010, p.36). De acordo com Chomsky (2010) sistêmico? Acontecimento sistêmico que está
muitos pessimistas poderão ir além e concluir interligado a todas intervenções realizadas até
que a sociedade está enredada neste sistema então? “Se formos capazes de pensar que somos
retrógrado, de domínios que prevalecem o parte de um organismo vivo gigantesco, e talvez
subsídio pródigo de grandes empresas e até mesmo uma casa da sua indigestão, então
trabalham para promover os interesses poderemos ser guiados para viver em Gaia2 de
empresariais em numerosas frentes. uma maneira conveniente e saudável. Pensar
Complementa Silva e Crispim (2011), que o assim é até mesmo um antídoto para o fatalismo
problema da degradação ambiental tem de acreditar que a Terra é um planeta morto,
amplitude necessária para mover os sentimentos sendo a vida apenas um passageiro” (LOVELOCK,
de todos os habitantes deste planeta, pois é 2006, p.20).
transacional. Ainda Felício (2013, p.203) enfatiza
que: AGRADECIMENTOS
Elencar alternativas
Agradecimentos à CAPES – Coordenação
capazes de problematizar
e impulsionar o debate,
de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
com a construção de uma Superior, pelo subsídio aos estudos, e ao NEAGEO
ciência com consciência e – Núcleo de Estudos Ambientais e
estratégicas, mesmo que
utópicas capazes de matar
a morte engendrada pelo 2
Gaia é o nome dado pelo autor à Terra, entendida como um
veneno científico (FELÍCIO sistema fisiológico, autorregulador e em evolução. (LOVELOCK,
2006, p.12)

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Geoprocessamento da Universidade do Oeste Recebido para publicação em 17/04/2017


Paulista, UNOESTE. Revisado em09/07/2017
Os autores declaram não haver qualquer Aceito em 04/08/2017
potencial conflito de interesse que possa
interferir na imparcialidade deste trabalho
científico.

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