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1
AGRADECIMENTOS
2
TRABALHO DE PROJECTO
RESUMO
3
PROJECT
ABSTRACT
This project aims at exploring the theoretical and practical relevance of linguistic
variation for translation studies and translation practice. It also aims at raising
awareness of its conceptualization within German-speaking academia and also at
discussing its translation possibilities into Portuguese, European variety.
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ÍNDICE
Introdução........................................................................................................ 1
Conclusões.................................................................................................... 69
Bibliografia ................................................................................................... 73
Anexos .......................................................................................................... 76
5
INTRODUÇÃO
1
I - Descrição do projecto “Varietätenlinguistik”
Quer isto dizer que esta memória se debruça sobre a análise de texto de partida
relevante para tradução da obra de 2014, em língua alemã, “Varietaetenlinguistik”, da
autoria de Carsten Sinner, director do IALT, Institut für Angewandte Linguistik und
Translatologie da Universidade de Leipzig. Essa análise foi o ponto de partida
metodológico para a elaboração de uma espécie de tradução de trabalho (cujos trechos
julgados relevantes serão apresentados em anexo). A Universidade de Leipzig é
reconhecidamente uma das mais antigas e prolíficas instituições no campo da
1
2 LC – Língua de Chegada. Usaremos ao longo desta memória siglas comuns na disciplina, a indicar em
glossário final próprio.
2
Tradutologia, com uma contribuição inegável para a autonomia científica dos estudos
tradutológicos. Com efeito, foi naquela instituição lipsiana que o conceito de translação
foi avançado para melhor descrever o fenómeno tradutório, pois que lhe somaria à
função comunicativa e social um carácter teleológico que permitiria ao tradutor produzir
um texto com valor comunicativo equivalente. Os princípios fundamentais da escola
funcionalista, que se baseou em muitos dos pressupostos da Escola Tradutológica de
Leipzig e na qual se baseia a metodologia de análise textual que escolhemos para o
nosso projecto, remetem para essas três características fulcrais: acto comunicativo,
função social e objectivo da tradução (cf. Bernardo 2010: 52).
Outro domínio que tocamos com o nosso trabalho tem que ver naturalmente com
a formação de tradutores, área sobre a qual o modelo de Christiane Nord também se
debruçou. A propósito da aplicação do seu modelo a este domínio, Nord diferencia
dificuldade de problema, avançando que as dificuldades não são qualidades inerentes a
um texto, mas sim subjectivas e dependentes da formação do tradutor e respectivas
condições de trabalho. Já no caso de um problema, tratar-se-á de uma tarefa de transfer
objectiva que qualquer tradutor terá de resolver, independentemente daquelas condições
referentes às dificuldades, durante um processo de tradução particular (cf. Nord 1987: 5-
8).
4 Esta publicação inclui um capítulo intitulado “Língua e Sociedade”, em que sobressai o sub-capítulo
“Linguística das Variedades”.
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1 - o grau absoluto de dificuldade do TP, na fase da sua análise;
8
II: A abordagem textual em Tradutologia
9
relevância por contraste com situação e função (Nord 1991: 12). Beaugrande e Dressler
tomaram em consideração o facto de haver situações em que mesmo não-textos têm de
ser aceites como textos, tendo adicionado às noções centrais atrás referidas outras
noções centradas no utilizador, como a intencionalidade e a aceitabilidade (atitudes do
falante e do ouvinte) e os factores sociais de situacionalidade e intertextualidade (Nord
1991: 13).
Nord refere ainda a proposta de Matt et al. (1978), em que se classifica os textos
de acordo com o número de funções textuais relevantes, no que são seguidos por Thiel
(1980). Nela avança-se uma hierarquia de categorias: primeira, o nível do tipo de texto
com as funções relevantes; segunda, uma subcategoria especificada de acordo com a
relação social típica entre emissor e receptor; terceira, o tipo de texto. Nord, sublinha
aqui a polifuncionalidade dos textos e propõe a possibilidade, por meio de um modelo
global de análise textual que tem em conta factores intratextuais e extratextuais, de o
tradutor estabelecer a função cultural de um TP, podendo depois compará-lo com a
função cultural (prospectiva) do TC requerido pelo iniciador, identificando ou isolando
os elementos do TP que devem ser preservados ou adaptados na tradução (Nord 1991:
21).
Na visão de Bernardo, mesmo esta contribuição não permite uma visão textual
holística, sendo essa lacuna preenchida por Neubert/Shreve (1992), perspectiva que
tentou fornecer uma visão unificadora dentro da Tradutologia de expressão alemã e
maior interdisciplinaridade (Bernardo 2009: 662). Centrados na noção central de
textualidade, os autores vêem a tradução como operação entre textos, o TP, o TC e um
terceiro texto, uma “tradução virtual”. Englobando elementos da ciência da
comunicação e da cognição, analisam os diversos tipos de conhecimento envolvido no
processamento de texto por parte do tradutor, destacando o conhecimento comunicativo
(não foi coincidência terem-se socorrido da teoria dos actos de fala e dos princípios de
cooperação de Grice e máximas associadas) e o textual, que possibilita ao tradutor
conhecer o mundo textual da CC (Bernardo 2009: 664).
O texto neste modelo é visto como detendo uma superstrutura, que é preenchida
com o conceito de protótipo para se encontrar regularidades no processo de tradução.
Neubert/Shreve obliteram a vertente semântica em favor de uma mais cognitiva e
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interaccional ao somar àquele conceito os de frames, scenarios, schemas, plans e
scripts, numa definição mais flexível. Os protótipos serão estruturas cognitivas que os
falantes usam na produção e recepção textuais, dando forma a textos em contextos
concretos e, na opinião dos autores, seriam vantajosos para a tradução pois integrariam
conteúdo informativo, configuração textual e função social do texto (Bernardo 2009:
666). Ao contrário dos autores de expressão inglesa, como Pym e Snell-Hornby, que
também salientam a importância da textualidade e do transfer mas continuam a preferir
a equivalência face ao protótipo, Neubert/Shreve agem empiricamente e especificam as
facetas da textualidade a partir da perspectiva do tradutor, que passaria por cinco fases:
planeamento, ideação, desenvolvimento, expressão e parsing. Já a textualidade neste
modelo seria enformada por sete parâmetros: intencionalidade, aceitabilidade,
situacionalidade, informatividade, coerência, coesão e intertextualidade (Bernardo 2009:
668).
Julgamos que o método de análise textual relevante para tradução proposto por
Nord, ainda que a abordagem de Neubert/Shreve se nos afigure mais actual e global,
será mais exequível num projecto como o que aqui descrevemos. À altura do início do
mesmo, baseámo-nos na nossa experiência lectiva, nomeadamente nas sessões da
disciplina de Tradução de Texto Científico do corrente Mestrado, em que pudemos
tomar contacto com a abordagem nordiana. Só mais tarde, com o projecto em estado
avançado, nos foi dado a conhecer a proposta de Neubert/Shreve. Num futuro próximo
afigurar-se-nos-ia pertinente poder submeter tal contribuição a uma nova experiência
tradutória.
Segundo o seu conceito de texto, cada texto ocupa o seu lugar numa
configuração de elementos particulares e interdependentes (factores), cuja constelação
determina a sua função, pelo que basta um elemento mudar para que a constelação dos
outros elementos na configuração mude também. E existe sempre pelo menos um
elemento que muda: o receptor, com as suas idiossincrasias textuais e culturais. A
adaptação do TP às normas da CC faz parte do quotidiano do tradutor, não havendo um
equivalente normal na LC para uma unidade linguística da CP (Nord 1991: 25).
nem todas as acções têm uma intenção – que Vermeer contrapõe com a sua
definição de acção como contendo intencionalidade, donde, qualquer
comportamento sem intencionalidade não pode ser visto como acção. Dito
de outra forma, as acções não têm intenção própria, mas são vistas como
intencionais pelos participantes;
nem todas as traduções têm uma finalidade – em todo o caso, dado que cada
decisão tradutória deve ser orientada por um objectivo e por uma intenção
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desde que haja mais do que uma possibilidade à escolha, o tradutor nunca
traduz aleatoriamente, e sim consciente ou inconscientemente com base num
receptor, mesmo que o produtor do TP o ignore;
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bastará reproduzir o que está no texto porque cada cultura tem noções
diferentes de originalidade literária;
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III: Análise do texto de partida relevante para tradução
Segundo Christiane Nord (cf. 1989: 96), o processo tradutório é começado por
um iniciador que se dirige a um tradutor pois necessita de um texto numa LC, ou seja,
um TC, para um receptor da CC. O iniciador contrata o tradutor para produzir tal TC
com base num TP pré-existente na LP e usado por um determinado emissor para um
receptor específico na CP. Assim, um mesmo indivíduo pode assumir vários papéis
neste processo. Contrariamente à visão de inúmeros tradutólogos, que dividem o
processo tradutório em duas ou três etapas, geralmente designadas por fase de análise,
(possível) fase de transfer e fase de síntese, Nord preconiza um modelo circular.
Decorre daí que seja primordial a análise, no TP, dos factores relevantes para o
cumprimento de um dado skopos, e que ocorra antes do segundo passo, a análise do TC.
O principal enfoque é feito sobre os elementos textuais de particular relevância para a
formulação do TC e que estejam de acordo com esse skopos. Segue-se a fase de
transfer, em que características relevantes do TP são tratadas e colocados à disposição e
seleccionados os meios a usar no TC. A concepção, ou síntese, final termina o processo
(cf. Nord 1991:37). Nord refere que este processo se desenvolve circularmente, dado
que cada progresso se relaciona com a feitura de uma constante retrospectiva. Através
de cada novo dado assimilado no decorrer do processo de análise e de interpretação, os
conhecimentos anteriormente acumulados vão sendo confirmados ou corrigidos (cf.
Nord 1989:105). Um TC pode, na acepção nordiana, estabelecer dois tipos de relações
funcionais com um TP:
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TP) ou exoticizante (reproduz a forma, conteúdo e situação do TP e foca-se nas
unidades textuais do TP).
Tal significa que o TC pode informar o seu leitor sobre a forma como o emissor
do TP comunicou com o seu leitor ou pode dirigir-se directamente ao leitor de chegada
por meio de um novo acto comunicativo. Assim, uma tradução instrumental só é
possível, em princípio, quando a intenção comunicativa do autor/emissor do TP não vise
exclusivamente os RPs mas também possa incluir receptores da CC, de tal maneira que
a proposta de informação do TP se mantenha (cf. Nord 1991: 83).
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SOBRE QUÊ (tema)
o emissor diz O QUÊ (conteúdo)
(O QUE NÃO DIZ) (pressuposições)
por QUE ORDEM (estruturação)
com recurso a que ELEMENTOS NÃO-VERBAIS
por QUE PALAVRAS (léxico)
por QUE TIPO DE FRASES (sintaxe)
com QUE TOM (elementos supra-segmentais)
com QUE EFEITO? (Nord 1989:106)
Poder-se-ia afirmar que quanto mais se apurar sobre a situação do texto menores
se revelarão as dificuldades de compreensão intratextuais (Nord 1991:175). Por
princípio, os factores extratextuais pragmáticos são abordados primeiramente porque
influem primordialmente sobre as expectativas do receptor, permitindo-lhe mais
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facilmente tolerar ou até ignorar eventuais desvios intratextuais a determinadas normas
linguísticas (Nord 1991:197).
Emissor
6 “Iniciador, comitente ou cliente – pessoa, grupo ou instituição que inicia o processo de tradução,
decide sobre o seu desenvolvimento e identifica os fins do encargo tradutório. O iniciador deverá ter
conhecimento do conteúdo, fins e utilização do TP e do TC, bem como o poder de influenciar a
própria produção do TC, exigindo um dado formato de texto ou uma terminologia específica. O papel
de iniciador pode ser assumido por um dos agentes na interação translacional: autor do TP, recetor
imediato do TC ou comitente do encargo tradutório” (Viseu 2015: 5).
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de sinopse. A mera leitura do prefácio, confirmando os primeiros indícios, permite-nos
inferir que emissor e produtor textual coincidem, pelo uso da primeira pessoa e da
profusão de agradecimentos a entidades e personalidades que assistiram o autor na
feitura da obra. Em termos de informação sobre este emissor, a consulta ao sítio pessoal
do mesmo revela-nos um académico relativamente jovem, nascido em 1971 no Hesse,
com escolaridade feita em Marburg e Berlim, estudos completados na Alemanha e
outros países latinos nos domínios da interpretação e tradução de espanhol e português,
do catalão, em ciências sociais e no alemão como língua estrangeira. É igualmente
docente em institutos de Romanística de várias universidades germânicas desde 1997 e,
desde há uns anos, director do célebre Instituto de Linguística Aplicada e Translatologia
da Universidade de Leipzig. Intratextualmente, a página 2 da publicação destaca este
facto. Caso estas evidências não fossem suficientes para a geração de expectativas sobre
a sua relação com o tema, a consulta à extensa lista de publicações (a obra em análise é
a mais recente do autor), artigos, apresentações e teses orientadas pelo autor elucidariam
desde logo a íntima relação do autor com a temática, onde predominam obras sobre
Linguística Românica, leitorados em vários países latinófonos e o destaque cimeiro
dado à Linguística das Variedades entre os interesses de investigação.
O tom informal com que o autor se descreve no mesmo sítio Web, coadjuvado
por um artigo crítico relativamente ao último acordo ortográfico da língua alemã,
confirmam as expectactivas de um texto académico mas aqui e acolá pontuado por
comentários de boa disposição, indiciados pela postura afável que o prefácio da obra
evidencia.
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da obra7, os diálogos tidos com o Professor Sinner revelaram uma pessoa que, apesar de
extremamente ocupada, se mostrava extremamente disponível na hora de atendimento e
procurava limar arestas de compreensão e contribuir para uma atmosfera afável.
Intenção do emissor
7 O motivo pormenorizado de edição na Narr Verlag, dados sobre tiragens ou até o processo de
compilação dos capítulos (que aguardam resposta por email).
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acção (intenção operativa) e manter o contacto (intenção fáctica). O nível zero de
intenção corresponderia ao caso em que emissor e receptor se identificassem.
Pressupõe-se que o emissor não é imbuído de apenas uma intenção mas que se
deve admitir a emergência de várias funções combinadas e de diferentes pesos, mesmo
comparando as intenções do TP e as do TC (Nord 1991:55 e seg.).
No que toca à checklist de Nord para este factor, primeiro há que determinar se
existem afirmações extratextuais e intratextuais do emissor que apontem para as suas
intenções com o texto. No prefácio, Carsten Sinner agradece aos numerosos agentes que
o ajudaram a perceber as temáticas de outros ângulos, que o assistiram na discussão
sobre variedades e tradução e as leituras críticas que recebeu antes da publicação da
obra. Pensamos que estes três vectores denunciam uma intenção simultaneamente
pluridisciplinar, ainda que partindo do meio da Tradutologia e Linguística Aplicada,
intenção essa também crítica de apresentação da temática, centrando-se essa intenção no
apelo ao receptor. Estas mesmas preocupações revelou o autor nos encontros
preparatórios que com ele tivemos, em que sublinhou, para o TC, a necessidade de se
destrinçar os vários termos-charneira da obra para uma tradução leal, assim como a
resolução de questões de tradução como a aplicabilidade dos exemplos ao leitor
português, o que evidencia um cuidado com o leitor tanto do TC, como do TP. Os
fenómenos paralinguísticos intratextuais somam-se a este “caldo” intencional, com
dezenas de pontos de exclamação (expressando tanto entusiasmo como espanto e
indignação) e momentos humorísticos (revelando-se contador de pequenas histórias).
Receptor
9 São exemplos disto, na introdução, enunciados como “wie dies manche LeserInnen vielleicht erwartet
hätten” (pág. 7) ou “Die LeserInnen sollen vielmehr in die Lage versetzt werden, sich ein eigenes
Urteil zu bilden” (pág. 7).
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corpo textual, como ainda das informações sobre o emissor e factores externos como a
intenção, o meio, o local, o tempo, o pretexto e a função (Nord 1991:60pp).
Em termos do que se pode saber sobre o receptor com base na informação sobre
emissor e sua intenção, a posição de Sinner como decano na Universidade de Leipzig e
director do IALT, e respectiva intenção de “fazer escola”, transmitir conhecimentos
sólidos inseridos no contexto de uma instituição com um percurso científico autónomo e
criadora de linhas de investigação próprias, mas também persuadir alunos de outras
instituições das suas posições sobre a Linguística de Variedades, permitirá inferir
receptores tanto pertencentes à mesma escola como provenientes de outras
universidades noutras regiões da Alemanha.
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Não dispomos de informação suficiente sobre as reacções do receptor do TP que
possam influenciar as estratégias de tradução, a qual exigiria investigação mais
demorada eventualmente em fóruns alemães online e porque existe apenas uma
recensão crítica da obra (por Sebastian Greußlich, 2016). Contudo, apraz-nos registar
aqui um pequeno facto: nos vários meses de estadia em Leipzig, apenas por uma vez
conseguimos requisitar um exemplar da obra numa das várias bibliotecas da
universidade, sendo que cada uma dispõe de vários exemplares para requisição, o que
atesta, pelo menos para a segunda cidade da Saxónia, o sucesso do livro em termos de
recepção pela comunidade estudantil. Se considerarmos o tradutor como receptor do TP,
e socorrendo-nos igualmente das conversas com o autor, denota-se uma preocupação
forte de adequação funcional e pragmática dos tópicos ao leitor, patente na sugestão
feita pelo mesmo de questões a reflectir antes de se iniciar a tradução, as quais se
centravam principalmente na compreensibilidade de um possível leitor português.
Meio/canal
Nord entende meio10 como o suporte material através do qual o texto chega ao
receptor, o qual determina as expectativas do receptor sobre a função do texto (Bernardo
2009: 659). Para o tradutor, no que toca ao meio, é relevante a perceptibilidade, as
possibilidades de armazenamento de informação e os pressupostos comunicativos que
aquele encerra.
10 Canal é mais usado em teoria da comunicação para designar ondas sonoras ou impressão em papel
(Nord 1991: 56).
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Uma distinção primordial será entre meio oral e meio escrito, bem como
correspondente distinção no que toca à forma de apresentação da informação (nível de
explicitude, argumentação, tipos de frases, coesão, elementos não-verbais). Além disso,
o tipo de meio fornece pistas sobre a intenção do emissor e o pretexto da comunicação,
bem como sobre o tempo e local da produção textual, dado que a produção de um meio
está sujeita à evolução histórica e é marcada culturalmente. (Nord 1991:64pp). Dado
que a escolha do meio é assaz determinada por convenções (para determinadas funções
textuais existem para cada cultura suportes preferidos), é importante para o tradutor
elicitar características típicas do meio (conteúdo/forma) e classificá-las como
específicas ou universais (Nord 1991:68).
Local
Nord refere que esta dimensão é abordada apenas nas publicações centradas na
fórmula da nova retórica, ainda que em tradução a questão da cultura ancorada
geograficamente e sua influência nos TPs seja sempre uma preocupação, e que, ao
contrário de outros autores, prefere abordar este factor separadamente (Nord 1991: 60),
em consonância com o seu quadro de análise e categorias básicas.
Tempo
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Não obstante, tal distância não será suficiente para gerar problemas de
desfasamento temporal. O ambiente textual fornece numerosos exemplos de tipos de
linguagem actuais (calão, gírias, variedades regionais, linguagem internet, etc) e
inclusive de artigos tão recentes quanto pelo menos 2013. Se pensarmos em termos das
informações que se pressuponha que façam parte dos conhecimentos prévios do
receptor, destacamos precisamente a actualidade e credibilidade dos dados apresentados,
a variedade histórica actual do alemão norma padrão e também, cremos nós, uma certa
maturidade e mestria na conjugação de efeitos argumentativo-estilísticos por parte de
um autor experiente no tema e com um percurso académico longo, ou seja, um tempo de
maturação, por assim, dizer, elevado.
Pretexto da comunicação
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Este factor não foi abordado directamente pelos autores tidos em conta por Nord,
apesar de Reiß referir a “situação histórica”, se bem que as questões analíticas das
abordagens de análise textual com orientação comunicacional incluam a indagação
“porquê”, que Nord entende como o motivo para uma comunicação (Nord 1991: 67). A
dimensão do pretexto aplicar-se-á não apenas à razão/motivo para a produção textual
(relativa ao emissor) como também à ocasião para a recepção do texto (relativa aos
receptores).
Por que motivo elaborou Carsten Sinner esta obra? Pensamos que terá sido para
fixar produção académica sua num volume e adicionar-lhe elementos novos,
considerando a vertente de motivação do emissor. Em termos de ocasião, o pretexto
prender-se-á com o convite da editora Narr, na pessoa de Freudl e com consultoria
prestada. O mercado existente e o preenchimento de um vazio na colecção dos
Studienbücher completará o quadro de motivação (se se pesquisar por “Varietät” no sítio
da mesma, o único manual que surge exclusivamente dedicado à temática é
precisamente o de Sinner).
12 Já no sentido contrário (inferir destes sobre o motivo) apenas se pode retirar conclusões indirectas.
13 Que não se deve confundir com o pretexto, pois o primeiro insere-se na situação comunicativa e o
pretexto relaciona a mesma situação comunicativa e os participantes com um evento exterior/anterior
à situação.
15 Na introdução, Sinner evidencia pretender dar espaço à convivência de posições divergentes, mas
adiante é possível descortinar algumas críticas a certos autores especializados.
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ao do TP, pois, ao invés de sermos convidados para editar, pretendemos convencer uma
editora a editar a nossa tradução. Isso poderá ter condicionado a tradução e provocar
uma certa mimese, uma certa subserviência às convenções e prestígio da CP, antevendo-
se uma tradução instrumental de cariz equifuncional, cujo propósito seja o
cumprimento das funções do TP no RC e um foco nas unidades funcionais.
Função do texto
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Tema
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nunca poderá ser um observador desinteressado: entende o texto por contraste com o
seu horizonte e tenta encontrar justificação intelectual para esse entendimento (Nord
1991: 88).
A verbalização do tema, além das frases tópicas que referimos acima para cada
capítulo, é profusa no que toca ao corpo do texto. Desde logo no título, mas igualmente,
se nos é permitido detalhar, na introdução, onde se regista 27 palavras compostas
formadas com “Varietaet” por prefixação ou sufixação, isto em apenas 4 páginas. Este
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exercício produziu nada mais nada menos do que uma média de 4 resultados por página
em média para todo o volume. Se multiplicarmos por 280 páginas, percebe-se a
omnipresença do vocábulo. Se considerarmos o termo central “Varietätenlinguistik”,
este ocorre 99 vezes ao longo do manual, confirmando a ligação umbilical do conteúdo
textual à temática. Adicionais análises de coerência e coesão, com produção de cadeias
semânticas reforçariam estes dados, não temos dúvidas.
Conteúdo
A bibliografia não terá, até Nord, lidado de forma satisfatória com esta questão,
permanecendo vagos conceitos como significado e conteúdo e havendo poucas pistas
para a sua determinação. Em Thiel (1978) e Reiß (1984) limita-se ao léxico e em Bühler
(1984) a um sumário/paráfrase. Quando o tradutor possui um bom domínio da LP e
respectivas normas e convenções de produção textual, à partida haverá poucos
problemas na aferição do conteúdo, sendo necessário, ainda assim, meios para verificar
esse conhecimento intuitivo (cf. Nord 1991: 90).
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A paráfrase é defendida como instrumento de análise de conteúdo, em que este
conceito é definido como a referência de um texto a objectos e fenómenos da realidade
extralinguística (do mundo ficcional ou real). Aquela referência é expressa por
estruturas lexico-gramaticais (palavras, orações, padrões frásicos, tempo, tom, etc.) que
se complementam, reduzindo a ambiguidade e formando um texto coerente. O ponto de
partida da análise de conteúdo deve ser a informação veiculada por elementos textuais
ligados, na superfície do texto, por meios linguístico-textuais como conexões lógicas,
relações tema-rema, perspectiva frásica funcional, etc. (idem: 91).
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visível, ainda que mais indirectamente, a sua intenção. O receptor é referido
directamente como “Studierende” na introdução, a propósito da forma de preparação do
estudo dos capítulos e indirectamente na inclusão de exercícios, que usam da função
operativa. O meio é aludido pela designação da colecção e logo nos agradecimentos, ao
referir que este “Lehrbuch” seria impossível sem os agentes mencionados. O tempo
consta da data de edição, tal como o local, sendo que este factor recebe várias menções
na introdução17. O pretexto é mencionado no prefácio com os agradecimentos ao editor
da Narr, bem como na afirmação, na introdução, de que as questões em Linguística das
Variedades estão en vogue. Finalmente, a capa exibe a função do texto (“Einführung”),
que é profusamente repetida ao longo do mesmo.
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didáctica que vise um reconhecimento racional e que se dirija primeiramente às
capacidades intelectuais do destinatário, onde preponderarão figuras como o paralelismo
e o cumprimento das convenções estilísticas dos textos académicos na área da
Linguística.
Pressupostos
Nord (1991) refere que não existe uma noção única de pressuposto, mas que
adopta a pragmático-situacional avançada por Schmidt (1976), em que aquele é
assumido por emissor e receptor, sendo a comunicação eficaz quando um e outro
partilham pressupostos em quantidade suficiente. No dia-a-dia, estes factores não são
referidos e reportam-se a objetos e fenómenos (realia) da CP. Os pressupostos incluem a
informação que o emissor espera fazer parte dos conhecimentos do receptor, numa
perspectiva centrada no primeiro, incluindo um aspecto dinâmico (que se adequa à
noção de produção textual que serve de base à sua análise intratextual), bem como um
orientado pelo resultado. Segundo convenções sociais de comunicação, não devem ser
enunciadas trivialidades nem factos incompreensíveis, devendo o emissor avaliar a
situação, os conhecimentos prévios do receptor e a relevância da informação do texto. O
tradutor terá de perceber que informação trivial para o receptor do TP pode ser
desconhecida para o do TC (cf. Nord 1991: 96).
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As redundâncias, informação verbalizada repetidamente num texto (explicações,
repetições, paráfrases, sumários, tautologias, etc. - neste modelo, as situacionais) são
indicadores de pressupostos e, de acordo com a teoria da informação, visam combater o
ruído, são formas de assistir à compreensão de um texto face a passagens obscuras,
irrelevantes ou trechos de pensamento complexo. O nível de redundância depende da
quantidade de conhecimentos prévios que o emissor espera do receptor, mas também
pode depender de convenções culturais relacionadas com a legibilidade (Nord 1991:
99).
Estruturação do texto
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Nord (1991) refere que Thiel (1974) analisa em detalhe este aspecto, sugerindo
que o texto tem uma macroestrutura informacional consistindo em microestruturas,
sendo os segmentos textuais macro marcados ou delimitados pela (des)continuidade de
tempo. As razões pelas quais ambos os aspectos, macro e micro, são importantes para a
análise textual relevante para tradução incluem: se um texto for composto por diferentes
segmentos e condições situacionais, isso requererá diferentes estratégias de acordo com
as suas funções; início e fim de um texto desempenham papel especial na sua
compreensão, devendo ser analisados em separado para se perceber como guiam a
recepção; certos tipos de textos incluem convenções culturais específicas, fornecendo a
análise da estruturação informação valiosa sobre tipo e função; em textos complexos, as
microestruturas informacionais fornecerão o tema do texto (cf. Nord 1991: 101).
18 Aqui, podem referir-se notas de rodapé, exemplos, citações – que podem ter as mesmas quatro
funções básicas da linguagem e frequentemente apresentam uma função textual própria, como Nord
afirma, ainda que em textos científicos a primordial seja a informativa e com forma convencional
ligada à referenciação bibliográfica.
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Se se distinguir estrutura formal de semântica (funcional), e se o nível mais
elevado for o metacomunicativo e o segundo constituído por unidades macro, o terceiro
nível será o de frases complexas e simples (formalmente). Semanticamente, podem
distinguir-se unidades de informação, enunciados, relações lógicas (causalidade,
finalidade, especificação, etc.). Um quarto nível, o microestrutural, será o de partes de
frase e suas relações, como a estrutura tema-rema. A divisão em frases pode facilitar
uma primeira aproximação à microestrutura do texto, sendo uma segunda etapa possível
a divisão semântica em unidades de informação. À partida, uma estruturação que
represente uma analogia com objectos e situações do mundo real, que não seja
específica de uma língua e em que a distância entre CP e TP não seja grande não
apresentará problemas insolúveis para o tradutor (Nord 1991: 105).
Léxico
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também ser referido explicitamente e as formas de tratamento são condicionadas
culturalmente;
Refira-se que a própria natureza do tipo de texto dá pouco azo a que se utilizem
dialectos (ou variedades diatópicas...), tendo confirmado a análise extratextual a
presença do alemão padrão actual, num registo formal, mas com léxico especializado
típico não só do meio (manual universitário de Linguística, colecção didáctica), como
52
da função de transmissão de conhecimento científico especializado. Relativamente a
estes pontos, exemplifiquemos com termos presentes na primeira frase do primeiro
parágrafo da Introdução que constituirão um primeiro campo semântico dependente do
tema e conteúdo (que surgem no texto pela ordem que os referimos):
Varietätenlinguistische, Fragestellungen, Forschung, Lehre, Philologien, Theorie,
Fremdsprachenunterricht, Veröffentlichungen, Schwerpunkte, sprachwissenschaftlichen,
Module, Bachelor- oder Masterstudiengänge, Kompetenzen, Fachhochschulen,
Universitäten, Professuren, Ansätze, Forschungsansätzen oder -paradigmen, Arbeiten,
Interkulturalität, Ausrichtungen, Transferwissenschaft, Lebenswissenschaften,
Arbeitsbereiche. Devido ao carácter temático do primeiro parágrafo, cremos que os
restantes capítulos comportarão especialização lexical ainda maior.
53
ausência de contracções lexicais; uso de termos e expressões abstractas - “einer
ständig wachsenden Zahl”;
Sintaxe
No texto que decidimos analisar para tradução, a grande maioria das frases são
longas. A título de exemplo, na primeira página e nas primeiras duas frases, o
comprimento médio é de 7 linhas, apresentando uma combinação de mecanismo de
parataxe por meio de coordenação e de hipotaxe com a inclusão de orações
subordinadas. Os conectores (adversativos como “dabei” ou consecutivas como “So”) e
construções demonstrativas (“Von der wachsenden Popularität”) no início de frases
relacionando-se a constituintes da frase anterior são frequentes. As frases mais
abundantes serão as declarativas, com pouca frequência de interrogativas e
exclamativas. Referência para a relativa abundância de construções participiais (“ist
auch kontrovers diskutiert worden”).
55
Características supra-segmentais
As pausas são destacadas por Nord como traço supra-segmental, mesmo que
ocorram em sequência com o lado verbal do enunciado e não em simultâneo, pois
funcionalmente a sua posição, comprimento e variação no texto não podem ser
separados do tom, já que influenciam melodia e velocidade (e mesmo distinguindo
pausas fonológicas de paralinguísticas).
Nord defende também que os aspectos de prosódia e entoação visíveis nos textos
orais e em literatura devem ser tidos em conta na análise textual de qualquer tipo de
texto, pois muitas vezes alteramos o sentido lido numa frase se usarmos de tom e
acentuação diferentes, já que o texto apela ao ouvido e visão internos do leitor, que
forma uma espécie de imagem acústica sugerinod uma fonologia particular (Nord 1991:
124).
Parece-nos que o autor evita o tom científico neutro, seco e distanciado que
costuma caracterizar este tipo de textos, uma vez que este apresenta algumas marcas de
cordialidade, inclusive de empatia, para com o público alvo, encurtando a distância
comunicativa.
57
III.4. A questão do efeito
A última questão que recobre o TP visa o seu efeito, categoria que deve ser
considerada por relação com o receptor: este tem determinadas expectativas
relativamente ao texto, engendradas na decorrência tanto da análise da situação
comunicativa, como dos conhecimentos prévios. Esta categoria não é exclusivamente
extratextual nem intratextual, mas vive da sobreposição e interdependência de ambas os
tipos de factores, que se interafectam reciprocamente. As informações relativas a um
factor devolvem geralmente outros dados ou pistas sobre outro(s), ainda para mais tendo
em conta de que estamos na presença de um processo recursivo (cf. Nord 1991:145).
Nord salienta, ainda assim, três pares de factores que julga serem determinantes
para o seu estabelecimento. A intenção do emissor e a sua relação com o texto detém um
papel particularmente relevante no controlo do efeito, ainda que não se deva confundir
com este, pois trata-se mais de uma antecipação do efeito no receptor empreendida pelo
emissor. Cada receptor apresenta expectativas de cariz cultural específico (por exemplo,
face a convenções de tipos de textos ou princípios estéticos) e o efeito obtém-se da
relação sempre variável entre os meios estilísticos empregues e as convenções culturais
(cf. Nord 1991: 131). O tradutor tem de antecipar o efeito possível do texto, o que lhe
exige competência cultural e imaginação prática relativa às consequências das suas
acções linguísticas de forma a levar a bom termo o processo social em que se envolveu,
colocando-se no lugar do receptor (Nord 1991: 132).
58
tradutor decidir se deseja verbalizar informação que não pode ser pressuposta pelos
conhecimentos prévios do receptor do TC (Nord 1991: 133).
Por último, a autora germânica destaca a relação entre receptor e estilo, que
exige da parte do tradutor um conhecimento bastante aprofundado do efeito das figuras
de retórica dentro de cada cultura (Bernardo 2009: 661). Isto inclui igualmente registos
e formatos estilísticos que caracterizam todo o texto, como solenidade, carácter popular,
coloquial, etc. O tradutor deverá, preferencialmente, analisar as qualidades retóricas do
TP, confiando não apenas no seu instinto, e identificar o efeito dominante pretendido
pelo emissor, como o de docere (transmitir informação), delectare (produzir prazer
estético) ou movere (causar uma reacção específica no leitor). A convencionalização de
funções textuais em certos tipos de textos implica a convencionalização do efeito com
frequência, pelo que a escolha de características convencionalizadas é feita pelos
produtores textuais pensando já na sua identificação por partes dos receptores (Nord
1991: 134).
Mesmo admitindo que há diferentes tipos de efeitos, a autora não os insere numa
tipologia, preferindo falar de pólos entre os quais oscilam as variantes possíveis
(Bernardo 2009: 661). Assim, distingue os seguintes tipos:
59
- convencionalidade vs. originalidade – o efeito será tanto mais convencional
quanto mais previsíveis forem os elementos intratextuais, com base na função textual, e
quanto mais dominantes estes forem. Em sentido oposto, um texto terá um efeito
“original” se contiver bastantes elementos textuais determinados pela pessoa do emissor
ou a sua intenção particular. Os efeitos de textos com características estilísticas
convencionais dependem principalmente da sua mensagem (Nord 1991: 137)
60
IV. As traduções enquanto variedades
19 Termo avançado por Dias (1989), por referência aos “falares emigreses” que descreve, em particular à
variante do português falada por emigrantes e seus descendentes em solo alemão, cuja forma de língua
nativa influenciada por línguas de contacto, devido à sua relevância numérica e por meio das visitas a
Portugal e reemigração, terá já influenciado as variedades do português em Portugal (Sinner 2005: 1-
20).
61
Conforme Haßler (2001), a tradução diferencia-se das mais habitualmente
reconhecidas formas de contacto linguístico, nomeadamente dos seus fenómenos e
produtos, mediante uma série de características que incluem:
62
Cada elemento linguístico num texto opõe-se a uma simples transcodificação
devido a uma série de factores: pertencer a um sistema gramatical e estar condicionado
por relações gramaticais específicas; os lexemas possuirem, além do seu significado
referencial, uma qualidade semântica condicionada pragmaticamente, como Jakobson
apontara já (1966); determinados elementos – inclusive sintagmas – estarem vinculados
a textos de referência concretos, transportando a tal mundividência textual que deverá
ser explicitada na tradução. Certas propostas de verbalização são usadas pelo tradutor
quando as soluções na LC não são satisfatórias, podendo incluir empréstimos,
decalques, etc., contudo, o sucesso de tais resultados pode levar a que actuem além do
texto e sejam integrados no sistema da LC (ex.: variantes morfémicas, anglicismos
sintácticos, etc.) (cf. Haßler 2001: 165).
Uma série de estudos com base em corpora e que comparam textos originais e
traduções numa mesma língua mostraram que a existência de universais de tradução tem
vindo a ser considerada uma consequência do processo de tradução e de edição,
permitindo concluir-se que as traduções podem constituir variedades próprias no seio de
uma língua (cf. Sinner 2014: 256). Anthony Pym (2008) parece reforçar essa
preponderância do processo de produção, propondo que a tendência para estandardizar e
para canalizar a interferência da LP são ambas estratégias adversas ao risco e que o seu
estatuto enquanto leis possíveis depende da relativa ausência de recompensas para os
tradutores que assumem riscos, sendo que será na dinâmica da gestão de risco que se
poderão encontrar possíveis leis futuras. Numa tentativa de unificar as contradições que
assinala entre as leis de Toury e os universais de Baker, nomeadamente o facto de Baker
apenas ter em conta a primeira das leis tourinianas e não considerar suficientemente a
interferência, Pym argumenta que os tradutores tendem a estandardizar e a veicular
interferência porque são estas as duas formas principais de reduzir ou transferir o risco
comunicativo. Se o TP e a CP são autoritários ou prestigiosos, faz sentido permitir que
tal prestígio absorva o risco, produzindo assim interferência. Da mesma foram, se a
66
sintaxe da LP é particularmente difícil de interpretar, faz sentido investir em reduzir-lhe
a incompreensibilidade, produzindo assim estandardização (cf. Pym 2008: 19).
Revemo-nos nestas últimas observações no que toca à tradução que empreendemos.
21 Especialmente no caso das línguas pluricêntricas como o português e tendo em conta a forte
ancoragem cultural de muitos textos não-ficionais - textos jurídicos, por exemplo.
68
CONCLUSÕES
Christiane Nord (1991) refere que o processso tradutório circular pode ser visto
por analogia com um conceito hermenêutico moderno em que o círculo de compreensão
constitui uma metáfora para a interdependência de movimentos de tradição e do
movimento do intérprete (cf Nord 1991: 35, citando Gadamer 1972). Levý (1967) havia
já chamado a atenção para o jogo com informação completa, em que cada jogada é
influenciada pelos conhecimentos adquiridos na anterior e pela situação daí resultante
(in Nord 1991: 35). Paepcke (1986) sustenta que a base da tradução é a interpretação e
que, também devido ao papel de actor social por parte do tradutor, o processo de
tradução, como pergunta aberta que é, permanece sempre inacabado.
Concordamos com esta visão e o nosso projecto reflecte isso mesmo. A análise
que empreendemos poderia conter níveis sucessivos de profundidade e rigor que iriam
influenciar a utilização das peças do jogo comunicativo. Por este motivo, e também
devido às limitações de tempo e escopo que se nos apresentam, esta memória não inclui
ainda uma análise crítica ao TC, dando apenas a entender que traços são expectáveis na
mesma (e que podem ser contrastados com os trechos anexados) com base na análise
textual do TP.
69
dificuldades técnicas, resultantes da diferença de conhecimentos entre a
temática e conteúdo do TP e o nível de conhecimento do tradutor, o que se
tentou minorar com a consulta de textos paralelos e de textos de referência,
bem como de materiais de apoio (como o Dicionário de Termos Linguísticos,
organizado por Maria Francisca Xavier e Maria Helena Mateus, e a
composição de um glossário).
70
QUEM (Carsten Sinner) transmite
A QUEM (Leitores lusófonos)
PARA QUÊ (Divulgação científica de ponta sobre Linguística das Variedades)
através de QUE MEIO (Editora portuguesa – edição física e electrónica)
ONDE (Portugal)
QUANDO (2017)
POR QUE MOTIVO (Intenção do tradutor em dar a conhecer temática)
um texto com QUE FUNÇÃO? (informativa, didáctica)
71
referimos, as expectativas para o nosso TC vão no sentido de apresentar crescente
estandardização, conservadorismo e menor criatividade que o TP e outros textos
originais comparáveis na LC, possivelmente colocando o nosso TC, enquanto
variedade, num contínuo variacional hipotético entre o tradutorês e a invisibilidade do
tradutor.
72
BIBLIOGRAFIA
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translated language? In: Target 24:2 (2012), 203–224, Amesterdão, John Benjamins.
Pereira, Carla Sofia (2016), Língua Tétum – contributos para uma gramática e
Introdução Básica à Linguística do Português: uma análise linguístico-textual em
contexto de revisão editorial, Relatório de Estágio.
Ramos Pinto, Sara (2008), Texto dramático e Texto Teatral. As traduções portuguesas
de Pygmalion de G. B. Shaw. In: Theatre and Translation: Contact Stage. Maria João
Brilhante and Manuela Carvalho (eds.), Porto, Campo das Letras.
74
Sinner, Carsten (2007), Spanglish, Portunhol & Co.: Hybride, Interlekte, Kreole...? In:
Martin Döring / Dietmar Osthus / Claudia Polzin-Haumann (Hrsg.): Sprachliche
Diversität: Praktiken – Repräsentationen – Identitäten. Akten der Sektion Potenziale
sprachlicher Diversität in den romanischen Sprachen des XXIX. Deutschen
Romanistentages (Saarbrücken, 28.9.-3.10.2003). Bonn: Romanistischer Verlag.
Sinner, Carsten (2005), Normen und Normkonflikte in der Romania. Zur Einführung. In:
Sinner (Hrsg.), 1–20.
Williams, Jenny / Chesterman, Andrew (2002), The Map – A Beginner’s Guide to Doing
Research. Manchester, St. Jerome.
75
ANEXOS
76
Anexo A: Glossário de siglas utilizadas (conformes à prática na disciplina)
CP – cultura de partida
CC – cultura de chegada
EP – emissor de partida
EC – emissor de chegada
LP – língua de partida
LC – língua de chegada
RP – receptor de partida
RC – receptor de chegada
TP – texto de partida
TC – texto de chegada
77
Anexo B: Glossário terminológico bilingue (com base no capítulo 10, “Sprache und
Gesellschaft” - “Língua e sociedade” de Endruschat, Annette / Jürgen Schmidt-Radefeldt
(2006): Einführung in die portugiesische Sprachwissenschaft, e respectiva tradução para
português - Endruschat, Annette / Jürgen Schmidt-Radefeldt (2016), Introdução Básica à
Linguística do Português, trad. de A. Franco)
DE-DE PT-PT
Aussprache pronúncia
Bilinguismus Bilinguismo
Diachronie diacronia
diafrequente diafrequente
diaphasisch diafásico
78
diastratisch diastrático
Diasystem diassistema
diatopisch diatópico
Diglossie diglossia
einsprachig monolingue
exoglossisch exoglóssico
79
gesellschaftliche Funktion der Kommunikation função social de comunicação
H-Varietät variedade H
Intersektionalität interseccionalidade
kolloquial-vulgär coloquiais-vulgares
Kompetenz competência
Kreolisch crioulo
L-Varietät variedade L
Mehrsprachigkeit multilinguismo
metasprachlich metalinguístico
80
mögliche Sprachverwendung uso possível da língua
Mundart dialecto
Performanz performance
Phonem fonema
Phonematik Fonologia
Polyglossie poliglossia
81
Sprach(en)politik política de línguas
Subvarietät subvariedade
Synchronie sincronia
Teildisziplin subdisciplina
Untersuchung investigação
82
Urteilsfähigkeit capacidade de formar juízos
Variante variante
Varietät variedade
83
Anexo C: Apresentação bilingue de trechos do TC - DE-PT
1. Einleitung 1. Introdução
Eine Sprache As línguas não
ist kein são monólitos.
Monolith. (Seidl/Wirth
(Seidl/Wirth 2008)
2008)
84
Eine Einführung in die Varietätenlinguistik kann sich Uma introdução à linguística das variedades não se
nicht nur mit denjenigen Bereichen auseinandersetzen, die pode debater apenas com aquelas áreas que, numa análise
bei einer kritischen Analyse aus Sicht des Ver-fassers in crítica do ponto de vista do autor, pertencem ao seu
ihren Aufgabenbereich gehören, und nicht nur eindeutig domínio de competência, e inequivocamente não apenas
varietätenlin-guistische Modelle betrachten, sondern muss com modelos provenientes da linguística das variedades.
auch diejenigen Bereiche berück-sichtigen, die nur Pelo contrário, deve igualmente ter em conta aquelas áreas
manchmal als Teil der Varietätenlinguistik dargestellt que só por vezes são representadas como parte dessa
werden, und sollte auch Modelle vorstellen, die nur in linguística das variedades, e deveria também introduzir
manchen Philologien oder nur aus manchen Perspektiven modelos que são entendidos como abordagens da mesma
als varietätenlinguistische Ansätze verstanden werden. apenas em certas filologias ou certas perspectivas. É o que
Dies ist hier im Rahmen des (vom Umfang her) se procura aqui no âmbito (do) possível.
Möglichen versucht worden. Considerando a torrente de publicações e cada vez
Angesichts der Flut an Veröffentlichungen und immer mais variadas especializações surgidas nos últimos anos,
weiter reichenden Spe-zialisierungen in den letzten Jahren impôs-se uma selecção. Com isso, incorre-se sempre no
musste eine Auswahl getroffen werden. Da-mit geht perigo de não se abordar um tema tão aprofundadamente
immer die Gefahr einher, ein Thema nicht so eingehend como certos leitores e leitoras possivelmente esperariam,
behandelt zu haben, wie dies manche LeserInnen vielleicht ou até de se descurar completamente certos aspectos. A
erwartet hätten, oder manche Aspekte gar ganz zu selecção dos materiais aqui apresentados foi acompanhada
vernachlässigen. Bei der Auswahl des präsentierten de uma preocupação em abranger todos os modelos,
Materi-als wurde zwar Sorge getragen, jene Modelle, definições e publicações com especial relevância, interesse
Definitionen und Erscheinungen zu berücksichtigen, die ou que fossem alvo de debate. Procurou-se em especial
als besonders relevant, bemerkenswert oder diskutabel er- incluir as abordagens que promoveram a discussão num
schienen. Es wurde insbesondere versucht, diejenigen determinado sentido ou que representam determinadas
Ansätze einzubringen, welche die Diskussion in einer opiniões de forma mais marcada, que as clarificam ou que
bestimmten Richtung weitergebracht haben oder die podem ser vistas como pertencendo a um grupo de
bestimmte Positionen in prägnanter Weise repräsentieren, abordagens semelhantes. Esta selecção não pode
auf den Punkt bringen oder als Vertreter einer Gruppe von naturalmente deixar de ser subjectiva e não deve ser
ähnlichen Ansätzen angesehen wer-den können. Diese interpretada como fechada. Tentou-se em particular evitar
Auswahl kann aber natürlich nur subjektiv sein und ist representar qualquer modelo ou abordagem como melhor
auch nicht als geschlossen zu interpretieren. Insbesondere ou pior: esta introdução procura apresentar as abordagens
wurde vermieden, ein Mo-dell oder einen Ansatz als de forma compreensível, afastando, contudo, uma posição
besser oder schlechter darzustellen: Diese Einführung prescritiva. Assim, deve ter-se em conta que, na análise das
versucht, die Ansätze nachvollziehbar darzustellen, dabei diferentes abordagens, para certas problemáticas não existe
aber keine präskriptive Position einzunehmen. Es ist dafür uma resposta última e definitiva que seja a mais "correcta".
bei der Bearbeitung einzelner Ansätze zu be-achten, dass Os leitores e leitoras devem antes colocar-se na posição de
es für manche Fragestellungen keine endgültige, formularem um juízo autónomo e compreender como se
ultimative Antwort darauf geben wird, was nun „richtig“ desenvolvem as diferentes posições relativamente à análise
sei. Die LeserInnen sollen vielmehr in die Lage versetzt das variedades linguísticas. Por conseguinte, como
werden, sich ein eigenes Urteil zu bilden und die corolário do esforço de análise histórica da linguística das
Entwicklungen unterschiedlicher Positionen der variedades, serão igualmente apresentados modelos
Auseinandersetzung mit den Varietäten der Sprache ultrapassados e interpretações datadas que, olhando para as
nachzuvollziehen. Daher werden aus dem Bemühen um circunstâncias em que surgiram, devem ser entendidos
eine historio-graphische Aufarbeitung der como produtos do seu próprio tempo.
Varietätenlinguistik heraus auch inzwischen über-holte
Modelle und widerlegte Auslegungen erfasst, die aus ihren
Entstehungszu-sammenhängen heraus als Produkte ihrer
Zeit verstanden werden müssen.
85
Bei der Arbeit mit dieser Einführung sollte Na utilização deste manual de iniciação, deve
darum berücksichtigt werden, dass die ter-se em conta que as eventuais contradições que
Widersprüche, die sich zwischen den possam surgir entre as abordagens ou perspectivas
Herangehensweisen oder Perspektiven dos diferentes autores ou modelos não ocorrem em
unterschiedlicher Autoren oder Modelle ergeben benefício de uma determinada posição, mesmo que
können, nicht zugunsten einer bestimmten Haltung tal seja prática costumeira em algumas das
aufgelöst werden, auch wenn dies in manch einer introduções à venda no mercado ou em sub-
der auf dem Markt befindlichen Einführungen in domínios da Linguística. Isso é igualmente válido
die Sprachwissenschaft oder in Teilbe-reiche der para as contradições ou diferentes tendências e
Sprachwissenschaft durchaus übliche Praxis ist. preferências em termos de uso de terminologia da
Dasselbe gilt auch für Widersprüche oder parte de diferentes filologias, línguas ou países.
unterschiedliche Tendenzen oder Präferenzen beim Bastaria, assim, uma análise entre as abordagens
Gebrauch der Terminologie in verschiedenen fortemente divergentes do que se entende por
Philologien, verschiedenen Sprachen oder Ländern. registo, ou a questão sobre o uso do termo, para
So könnte etwa allein eine Aufarbeitung der sehr encher vários volumes.
stark divergierenden Auffassungen zu dem, was Por isso, nos exercícios propostos ao longo dos
unter Register zu verstehen ist, oder der Frage, wie
vários capítulos é possível vislumbrar
der Terminus gebraucht wird, mehrere Bände
recorrentemente problemáticas que visam possibilitar
füllen.
o reconhecimento das posições divergentes e uma
In den Aufgaben zu den einzelnen Kapiteln discussão crítica de posições divergentes ou
finden sich darum immer wieder auch contraditórias. Isso levará a que se tenha em conta a
Fragestellungen, die ein Erkennen der experiência, para muitos estudantes por vezes
kontrastierenden Positionen und eine kritische desencorajadora (e, com justificação, frustrante), na
Auseinandersetzung mit divergierenden oder sich preparação das aulas ou dos exames, de que outras
widersprechenden Aussagen ermöglichen sollen. informações, evidentemente outros "conhecimentos",
Damit wird der für viele Studierende mitunter sejam veiculados ou adoptados nas leituras ao longo
verunsichernden (und zu Recht frustrierenden) do curso de acordo com o uso do respectivo manual
Erfahrung Rechnung getragen, dass je nach de iniciação. Simultaneamente, tentar-se-á fornecer
Verwendung der einen oder der anderen Einführung uma análise histórico-disciplinar da linguística das
in der studien-begleitenden Lektüre, in der variedades, bem como da consideração dos seus
selbstständigen Unterrichtsnachbereitung oder bei aspectos linguístico-variacionais no contexto da
der Prüfungsvorbereitung, andere Informationen, Linguística.
augenscheinlich anderes „Wis-sen“ vermittelt bzw.
aufgenommen werden. Zugleich wird dabei auch ein
diszi-plinhistorischer Blick auf die
Varietätenlinguistik bzw. die Berücksichtigung va-
rietätenlinguistischer Aspekte in der
Sprachwissenschaft versucht. Lösungsvorschläge zu
einigen der Aufgaben finden sich unter
www.narr.de/narr-
studienbuecher/varietaetenlinguistik.
86
4. Variation im Raum: 4. Variação no espaço:
diatopische variedades diatópicas
Varietäten
4.1. Hochsprache, Umgangssprache, 4.1. Língua culta, linguagem corrente,
Dialekt …: Terminologie dialecto…: terminologia
Die Auseinandersetzung mit der Diatopie A abordagem da diatopia deve começar por
soll mit einer Betrachtung terminologi- uma consideração das problemáticas
scher Fragestellungen beginnen, die im terminológicas que se revelem adequadas
Hinblick auf die Traditionen im deutsch- tendo em conta as tradições no espaço
sprachigen Raum angebracht erscheint. Im germanófono. No contexto da variação
Zusammenhang mit geographischer geográfica, ou variedades diatópicas,
Variation bzw. diatopischen Varietäten ist muitas vezes fala-se de variedades locais,
vielfach von lokalen Varietäten, von de Mundart (falar), Dialekt (dialecto),
Mundart, Dialekt, Regiolekt, Regiolekt (regiolecto), überregionaler
überregionaler Umgangssprache u. Ä. die Umgangssprache (linguagem corrente
Rede. Die Un-terschiede und genaue nacional), e outras expressões que tais . As
Abgrenzung zwischen manchen dieser diferenças e a delimitação exacta entre
Ausdrücke sind allerdings selbst algumas destas expressões nem sempre é
Muttersprachlern des Deutschen häufig clara, mesmo para falantes nativos do
nicht klar, was bei der Frage nach den alemão, o que desde logo faz levantar a
Kriterien für die Klassifizierung von questão sobre os critérios para a
Varietäten als Sprache oder Dialekt bzw. classificação de variedades como língua ou
nach einer begrifflichen Klärung schnell dialecto, bem como sobre uma elucidação
deutlich wird. conceptual.
87
7.3. Übersetzungen als 7.3. As traduções enquanto variedades
sprachkontaktbedingte condicionadas pelo contacto
Varietäten entre línguas
Übersetzung stellt – wie Dolmetschen – einen A tradução constitui - tal como o interpretariado -
besonderen Fall von Sprachkontakt dar, der an das um caso especial de contacto linguístico, o qual
übersetzende Individuum und seine Kompetenzen in depende do indivíduo que traduz e da sua
zwei Spra-chen und die mögliche Übernahme von competência nas duas línguas, bem como da
Strukturen der Ausgangs- in die Ziel-sprache geknüpft possível adopção na língua de destino de estruturas
ist (vgl. Haßler 2001). Aus da língua de partida (cf. Haßler 2001). Do ponto de
übersetzungswissenschaftlicher Per-spektive ist zu vista da Tradutologia, a questão a colocar será se os
fragen, ob übersetzte Texte eine eigene Varietät einer textos traduzidos constituem uma variedade própria
Sprache darstellen. Damit wären sie ein eigener Typ de uma língua. Dessa forma, corresponderiam a um
von kontaktbedingten Varietäten. Streng genommen tipo próprio de variedades condicionadas/induzidas
wäre zwischen mindestens zwei Arten solcher pelo contacto. Em rigor, dever-se-ia distinguir pelo
Übersetzungs-varietäten zu unterscheiden, den von menos dois tipos de variedades de tradução, a dos
Muttersprachlern der Zielsprache in ihre Sprache textos de falantes nativos da língua de destino que
übersetzten und den von Muttersprachlern der traduzem para a sua língua e a dos textos de falantes
Ausgangssprache in die Zielsprache übersetzten
nativos da língua de partida que traduzem para a
Texten (eher ausnahmsweise kämen von Nichtmutter-
sprachlern beider Sprachen angefertigte
língua de destino (a título mais excepcional poder-
Übersetzungen als dritter Typ der Über- se-ia incluir as traduções feitas por falantes não
setzungsvarietät dazu). Es besteht inzwischen nativos face a ambas as línguas como terceiro tipo
weitgehend Einigkeit darüber, dass übersetzte Texte – de variedade tradutória). Entretanto, existe um
abgesehen von sprachlichen Fehlern, um die es in consenso geral sobre o facto de os textos traduzidos
dieser Ana-lyse nicht geht – Aspekte aufweisen, die in - independentemente dos erros linguísticos, dos
Originaltexten nicht in dieser Form vorliegen, etwa quais não versa a nossa análise - exibirem aspectos
abweichende Frequenz sprachlicher Mittel. Delaere et que não existem nos textos originais sob a mesma
al. (2012) sind mit Messungen auf Grundlage eines forma, como frequência divergente de meios
Korpus von Originaltexten in belgi-schem linguísticos. Delaere et al. (2012), recorrendo a
Niederländisch und von ins belgische Niederländisch medições baseadas num corpus de textos originais
übersetzten Texten der Frage nachgegangen, ob em neerlandês belga e de textos traduzidos para a
übersetzte Sprache standardnäher ist als nichtüber- mesma variedade, abordaram a questão sobre a
setzte Sprache: língua traduzida é mais próxima do standard do que
The results of our analysis show that (i) in general, a não traduzida:
there is indeed a standardizing trend among
translations and (ii) text types with a lot of editorial The results of our analysis show that (i) in
control (fiction, non-fiction and journalistic texts) general, there is indeed a standardizing trend
contain more standard language than the less edited among translations and (ii) text types with a lot of
text types (administrative texts and external editorial control (fiction, non-fiction and
communication) which adds support for the idea journalistic texts) contain more standard
that the differences between translated and non- language than the less edited text types
translated texts are text type dependent. (Delaere et (administrative texts and external
al. 2012: 203) communication) which adds support for the idea
that the differences between translated (…)
88
8. Diasystematische Variation 8. Variação diassistemática e
und Translation tradução
8.1. Diasystematische Variation in der 8.1. Variação diassistemática na
Translationswissenschaft Tradutologia
89