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ISSN 2237-7956

Plano de Carreira nos Sistemas de Gestão Público e Privado: Uma


Discussão a luz das Teorias Motivacionais

Marcelo da Silva Schuster


Mestrando em Gestão de Organizações Públicas - UFSM
Administrador no Sistema SIASS-UFSM/UNIPAMPA
mschuster06@hotmail.com
Valéria da Veiga Dias
Mestre em Administração - UFSM
Professora UFSM-RS
Professora FAPAS/UCE-RS
valeria-adm@hotmail.com

Resumo
Este artigo apresenta de forma sucinta um ponto de vista sobre o uso do plano de carreira nas
organizações, focando na intensa competitividade presenciada nos últimos anos, apresentando
este como uma ferramenta de gestão para o setor de recursos humanos nas organizações. É
sabido que a diferença das organizações está centrada nos talentos humanos e sua capacida-
de de gerar resultados por meio deles, com bom uso dos recursos tecnológicos disponibilizados
pela organização. Apresenta-se uma descrição do tema plano de carreira no contexto motivaci-
onal visando à reflexão acerca da influência ou não do plano ou organização da carreira na mo-
tivação dos colaboradores e seu desenvolvimento profissional, averiguando através de estudos
existentes se a ferramenta pode ser uma fonte de retenção de talentos no mercado de trabalho.
Em relação às considerações sobre o tema, cabe destacar que o plano de carreira pode ser um
atrativo nas organizações para a busca e retenção de talentos corporativos no cenário competi-
tivo, dependendo apenas da opção de uso dela ou não dentro do plano de gestão da organiza-
ção.
Palavras-chave: Motivação, Plano de Carreira, Desenvolvimento de Pessoal.

Recebido em: 21 /03/201 2


Aceito para publicação em: 23/06/201 2

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1 . INTRODUÇÃO prego e declínio salarial.


Guimarães (2003) aponta que esse mo-
O momento atual é de constantes mu- mento resulta em significativas alterações no
danças, sendo que as necessidades e utilida- que se refere a estrutura de trabalho, relacio-
des se modificam a todo instante. O fato de nado a: i) as práticas dos empregos, atentan-
um ambiente baseado em relações globais do-se ao impacto sobre os cargos
faz com que os mercados se tornem maiores remanescentes, dando lugar a novas formas
e mais competitivos. Para Khanna & Palepu, de contratos de trabalho; ii) o conteúdo e a
(1 999) outro desafio constante é o contexto divisão das tarefas destes postos que perma-
institucional, passível de transformações re- neceram à reestruturação; iii) a divisão do
correntes, inconstância e muita imprevisibili- trabalho e a configuração da estrutura; iv) e,
dade, que tornam o cenário organizacional por último, as relações de hierarquia e de au-
complexo e difícil de ser analisado para a to- toridade no que restou de trabalho.
mada de decisões, o que de certa forma, Para Vroom (1 964 como citado em Bow-
qualifica e prepara essas organizações para ditch & Buono, 1 992) o ambiente organizaci-
desafios constantes. onal também influencia diretamente a
O intenso dinamismo das organizações motivação dos trabalhadores, uma vez que
influencia diretamente as relações pessoais e os fatores ambientais e comportamentais po-
no mercado de trabalho. Um ponto onde po- dem ser relacionados diretamente com a so-
dem existir influências é na concepção de re- brevivência do trabalhador, assim como
sultados e na motivação dos trabalhadores, fatores econômicos como alimentação, ves-
já que é possível perceber uma mudança no tuário, e proteção.
ambiente que até os anos 90 (momento da A estrutura organizacional é afetada por
abertura econômica nacional, entrada de em- todos esses aspectos e acaba por desenvol-
presas multinacionais no país, etc.) era ca- ver um modelo de gestão de pessoas basea-
racterizado pela competição regional e uma do em estratégias e mudanças ambientais
estrutura de trabalho menos mutável. De que a afetam. A simples alocação de pessoas
acordo com Carvalho (2009) os indivíduos como recursos utilizados dentro da organiza-
optavam por uma trajetória profissional e ção pode não resultar em resultados efica-
ocupavam seu espaço no universo do traba- zes, sendo, portanto mais importante
lho, fazendo carreira nas organizações, dedi- considerar recursos humanos como sujeitos
cando-se integralmente e sendo leal ao a influência e influenciados dentro do ambi-
empregador. A relação buscava suscitar certo ente organizacional. Uma das ferramentas
grau de paternalismo, onde se estabelecia importantes para o trato desta questão apre-
um comprometimento mútuo, no qual o em- sentada pode ser o plano de carreira.
pregado mantinha certo compromisso com a O plano de carreira pode apresentar ao
empresa que, como contraprestação, manti- colaborador um caminho para sua evolução
nha seus serviços, oferecendo-lhe remunera- dentro da organização e até mesmo dentro
ção, garantias legais, entre outros benefícios. de sua vida profissional, uma vez que busca-
As mudanças advindas do novo merca- rá o seu desenvolvimento para galgar novos
do, mais integrado e com propostas e desafi- cargos e também estará trabalhando sua
os globais resulta em novos paradigmas para empregabilidade. O uso ou não dessa ferra-
os gestores em geral, com destaque para os menta dentro de uma estrutura organizacio-
de recursos humanos que passaram a lidar nal pode significar diferenças de gestão e
com a mudança cultural. Segundo Rifkin resultados para colaboradores e organiza-
(2004), esse novo cenário resultou em impli- ção.
cações estruturais que envolveram desem- O presente artigo visa propor uma refle-

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xão a respeito da importância de um plano de vencimentos e muitas vezes de autoridade e
carreira para organizações e colaboradores, responsabilidade.
a partir da análise de publicações e ideias Para Stumpf e London (1 982 como cita-
dos principais autores da área. Para tanto do em Dutra, 1 996) a carreira é uma seqüên-
classifica-se o estudo como de abordagem cia de posições ocupadas e de trabalhos
bibliográfica e com a proposta de uma dis- realizados durante a vida de uma pessoa. A
cussão teórica a partir da aplicação de carreira envolve uma sequência de estágios
exemplos teóricos em dois possíveis contex- e a ocorrência de transições que refletem ne-
tos, mas sem o uso de teste empírico. No es- cessidades, motivos e aspirações individuais
tudo foram contempladas questões e expectativas e imposições da organização
relacionadas à conceituação e descrição do e da sociedade.
plano de carreira e sua possível influência na Na mesma linha Schein (1 996) afirma
motivação dos colaboradores, sendo que o que a carreira está relacionada a evolução e
assunto pode ser explorado por diferentes desenvolvimento da vida profissional ao lon-
vertentes da área de recursos humanos. go do tempo. Diz-se então que a carreira po-
Apresenta-se também a descrição de uma de ser uma evolução em etapas, constituída
organização privada e o uso do plano de car- por agregação de novos conhecimentos e/ou
reira e de uma organização pública com base habilidades. Conforme Tachizawa, Ferreira e
em observações e literatura, apresentando Fortuna (2001 ), o plano de carreira pode ser
pontos de discussão sobre o tema. Conside- entendido como um processo contínuo de in-
rou-se neste estudo a influência que o inte- teração entre o trabalhador e a organização
resse pessoal e profissional do colaborador na busca de atender os objetivos e interes-
em um plano de carreira possa influenciar ses dos envolvidos.
sua motivação junto a uma organização que Para evoluir e manter-se no mercado de
tenha ou não essa preocupação, ou seja, trabalho é necessária a busca de novas ca-
uma preocupação em contratar pessoas com pacitações e habilidades. Dutra (1 996) apon-
habilidades e competências específicas, mas ta que a globalização dos mercados e o
também algumas aspirações em termos de crescimento da produção, entre outros fato-
desenvolvimento atendidas pela organização res, alteram a forma de administrar a própria
na forma de oportunidades. carreira e exige das organizações uma mu-
O presente trabalho esta subdividido em dança em sua dinâmica, implicando em uma
introdução, referencial teórico, subdividido renovação contínua, obrigando-a a procurar
em duas seções: plano de carreira e desen- pessoas dispostas a renovarem-se constan-
volvimento e motivação e, por fim, as consi- temente.
derações. A realidade onde se inserem essas
questões faz com que a gestão de recursos
2. REFERENCIAL TEÓRICO humanos busque novas formas de atrair,
manter e reter o seu capital humano, isso, vi-
2.1 Plano De Carreira e Desenvolvimento sando expandir os negócios da empresa
(Passos, 2002). Considerando esse cenário,
Quando se trata do tema carreira, nota- as políticas e práticas de recursos humanos
se que é um assunto amplo e com diversas voltadas à retenção de talentos giram em tor-
definições de diferentes autores, no entanto, no do recrutamento e seleção, desenvolvi-
a maioria refere-se ao entendimento que é mento pessoal, do estilo de gestão,
um caminho que pode ser trilhado, com o de- desenvolvimento de carreira, plano de cargos
senvolvimento profissional e evolução na or- e salários, qualidade de vida, remuneração e
ganização, elevando-se seus padrões de benefícios.

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Com toda a competitividade existente ganizações precisam ter em sua estrutura al-
neste mercado, o plano de carreira pode ser gumas definições que podem facilitar a
tido como uma ferramenta de atratividade e elaboração de um plano de carreira:
retenção de talentos, por este poder visuali- • As metas da empresa;
zar um caminho que pode ser seguido e de • A pactuação do que é esperado dos
certa forma apresentar-lhe que a organização colaboradores;
está atenta a ele e quer lhe proporcionar uma • A identificação do perfil necessário;
forma de obter e sanar suas necessidades • A qualificação necessária para os car-
básicas intrínsecas e extrínsecas como salá- gos;
rios, segurança no cargo, reconhecimento, • A estruturação e divulgação do sistema
oportunidades de crescimento e autoconfian- de oportunidades oferecido pela organização.
ça, fatores estes ligados diretamente a moti- Segundo estes mesmos autores, com a
vação dos colaboradores. definição destes requisitos a organização po-
De acordo com Milioni (como citado em de se prover de inúmeras formas de estrutu-
Boog, 2002) o planejamento de carreira en- ração de carreira, uma vez que não há
volve a gestão dos talentos potenciais e ex- definição restrita sobre o assunto e ele possa
periências do colaborador visando encontrar ser alimentado com as particularidades de
uma sintonia com as perspectivas da organi- cada organização.
zação, facilitando a tomada de decisões por As estruturas de carreira mais conheci-
parte dos gestores. das são apresentadas no Quadro 1 .
Tachizawa (2001 ) complementa esta O plano de carreira poderá contribuir pa-
ideia tratando o plano de carreira como um ra a valorização dos profissionais da empre-
processo de contínua interação entre as par- sa, concebendo-os como um ser humano
tes envolvidas para atender os interesses de que possui talentos, conhecimentos, capaci-
ambos, funcionando como alicerces para as dades, anseios e necessidades diversas e é
promoções de pessoal e realocações de pes- capaz de contribuir e muito para que a em-
soal e assegura o dinamismo e a transparên- presa faça a diferença no mercado globaliza-
cia do processo. do e de alta competitividade (Furbino, 2008).
Segundo Araujo e Garcia (2009), as or-
Quadro 1 - Estruturas de Carreiras

Fonte: Adaptado de Dutra (1 996).


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2.1.1 Desenvolvimento de Pessoal danças, os indivíduos precisam mais do que
nunca, além de dedicar-se ao aprendizado
Nota-se uma mudança emergindo dentro contínuo e estarem se aprimorando, tomar
das organizações. O fator humano destaca- para si a responsabilidade pela condução de
se como um gerador destas transformações suas carreiras.
e uma fonte de resultados a partir do uso de Esta condução necessita que o colabo-
tecnologia e outros recursos disponíveis, no rador estabeleça e compreenda seus objeti-
entanto, cabe destacar a importância dos in- vos, verifique seus limites e esclareça quais
vestimentos não só em tecnologia e infraes- as metas que ele deseja atingir. Depois disto
trutura, mas também na motivação e feito é necessário que ele comece a trabalhar
adequação do colaborador ao cargo que ocu- em cima destes fatores, para lidar com suas
pa, isso para que o mesmo possa desenvol- limitações e até mesmo ultrapassa-lás, se
ver suas atividades mais satisfeito e evitando não elas podem se tornar barreiras para o
desperdício e retrabalho. desenvolvimento profissional e consequente-
A intensa competitividade também insti- mente interferir em sua carreira.
ga os gestores à reflexão envolvendo as Considerando esta questão é importante
questões de investimento e qualificação de definir certos conceitos centrais deste estudo,
pessoal, questão essa que deveria ser um para isto utilizou-se os conceitos definidos no
consenso, uma vez que a falta de qualifica- plano de carreira dos servidores técnicos ad-
ção dos trabalhadores pode custar bem mais ministrativos em educação, conforme Quadro
que a sua capacitação. 2.
O desenvolvimento de pessoal é uma O ser humano pode buscar diversas for-
ferramenta estratégica para as empresas, ao mas de desenvolvimento pessoal e profissio-
passo que podem moldar os trabalhadores nal. A organização precisa compreender que
com as capacidades necessárias para a ob- qualquer que seja a forma de lidar com as
tenção de melhores resultados dentro da or- pessoas na instituição, deve-se valorizar a
ganização. Segundo Pontes (2000) o comunicação e fazer com que a informação
desenvolvimento do colaborador está atrela- chegue a todos dentro da organização. Mui-
do à disposição deste para se qualificar às tas vezes, as organizações possuem práticas
oportunidades oferecidas pela organização. interessantes para o desenvolvimento e para
As grandes empresas tratam deste assunto o crescimento profissional, e as organizações
com grande importância, investindo uma par- precisam demonstrar o interesse no desen-
cela de seu orçamento em capacitações de volvimento de carreira através das oportuni-
pessoal. dades dentro da instituição.
No setor público a realidade de mercado
difere do setor privado, não existe grande 2.1.2 Plano de Carreira no Setor Privado
competitividade entre os órgãos e os seus
trabalhadores vivenciam realidade diferencia- As organizações do setor privado estão
da do setor privado, possibilitando melhor em constante evolução e presas a uma reali-
aproveitamento dos investimentos em capa- dade de competitividade global e diferencial
citações e qualificações. competitivo, definido por Porter (1 993), como
Cada indivíduo precisa, antes de buscar a habilidade ou talento advindo dos conheci-
o desenvolvimento da carreira, entender mentos adquiridos capazes de criar e susten-
quais são seus objetivos pessoais e profissio- tar um desempenho superior ao desenvolvido
nais e a partir daí buscá-los com excelência. pelo adversário. Os interesses da administra-
Waterman (como citado em Ulrich, 2000) afir- ção são muitas vezes focados em lucros,
ma que para acompanhar o ritmo das mu- sustentabilidade, visibilidade da empresa, fa-

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Quadro 2 - Conceitos relevantes para compreensão dos planos públicos

Fonte: Adaptado da Lei 11 091 (2005).


tores sociais, porém para atingirem estes in- des em outras empresas, criando assim um
teresses é necessário estarem preparados sistema bidirecional de oportunidades e ame-
para a competição com os melhores profissi- aças.
onais. As pessoas tornam-se mais valiosas pa-
O aumento da competitividade e a mo- ra as organizações quando se especializam
dernização das empresas, fez com que o em seus negócios e atividades. Quanto mais
mercado de trabalho reduzisse o número de específicos forem o conhecimento e as habi-
vagas de trabalho e aumentasse a produtivi- lidades de um funcionário para um conjunto
dade. Por este motivo, desde o último século único, mais produtivo e eficiente se torna a
os administradores têm demonstrado ampla empresa em tudo que faz. Uma das formas
preocupação com sistemas que motivem e de atrair e manter os trabalhadores nas orga-
ampliem a produtividade dos seus colabora- nizações privadas pode ser o plano de car-
dores, preocupação esta que pode ser relaci- reira, uma vez que estruturado o colaborador
onada em inúmeras teorias. saberá que aspirações poderá buscar na or-
A gestão de pessoal evolui juntamente ganização (Mintzberg, Lampel, Quinn, &
com a competitividade de mercado, e hoje Ghoshal, 2006).
para manter-se no mercado de trabalho é ne- O plano de carreira implantado nas or-
cessário que os trabalhadores estejam sem- ganizações proporciona inúmeros benefícios
pre em busca de novas competências, para as partes envolvidas, tais como uma se-
segundo Mariotti (1 999) esta busca pode ser leção interna de pessoal mais consciente e
definida como empregabilidade e está centra- melhor estruturada, aumentando as chances
da em 1 0 parâmetros: pensamento sistêmico, de acertos nas decisões tomadas, proporcio-
autopercepção, automotivação, capital inte- na ainda que os trabalhadores da organiza-
lectual, capacidade física e mental, integra- ção atuem mais motivados, contribuindo para
ção razão-intuição, criatividade, capacidade o desenvolvimento profissional e também
de análise social, visão pessoal de futuro e com o desenvolvimento organizacional (Fur-
competências interpessoais (capital relacio- bino, 2008).
nal). No setor privado os planos de carreira
Como contrapartida essa empregabilida- não são tão comuns, pois o investimento em
de proporciona uma amplitude de mercado desenvolvimento de pessoal é tido como um
ao trabalhador, criando-lhe novas oportunida- custo para a organização, tendo em vista que
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esta está atrelada a realidade do mercado, privado, sendo caracterizados esses como
que muitas vezes não proporciona retorno órgãos e instituições que prestam serviços a
sobre o investimento realizado em qualifica- comunidade.
ção de seus colaboradores. Após a investidura no cargo, o servidor
Sendo assim, as empresas que possu- tem um vínculo com a sociedade, prestando
em um plano de carreira estruturado, em sua serviços a esta através da instituição ou ór-
grande maioria, grandes empresas, levam gão ao qual está lotado. O desenvolvimento
vantagens sobre as demais na retenção de deste passa a ser um investimento do gover-
talentos, além de serem organizações com no para proporcionar retornos à sociedade
maior visibilidade para os profissionais que em geral em prestação de serviços de quali-
estão se graduando e querem entrar no mer- dade, como ferramenta de gerenciar a quali-
cado de trabalho. dade e o desenvolvimento de seus recursos
humanos, o estado estrutura o plano de car-
2.1.3 Plano de Carreira no Setor Público reira de seus servidores, que o conhecem
desde sua entrada em exercício, ficando sa-
A competitividade que acompanha o co- bendo de seus direitos e deveres, e as possi-
laborador ao longo de sua carreira profissio- bilidades de evolução.
nal no setor privado é uma das principais O plano de carreira do serviço público
diferenciações encontradas no setor público, difere entre os poderes, estruturas e catego-
uma vez que a grande concorrência neste é rias, sendo criados através de leis ou decre-
para entrar em um dos cargos oferecidos tos. Para discussão do artigo será utilizado
através de concursos, após a entrada essa como referência o plano dos técnicos admi-
concorrência não tem grande impacto sobre nistrativos em educação para a generaliza-
o mesmo. ção dos planos de carreira do setor público.
Se no setor privado existe grande insta- Diferente da literatura conceitual de pla-
bilidade no emprego e no mercado de traba- nos de carreira para o setor privado, o plano
lho, onde o colaborador não sabe até que de carreira do setor público em forma geral
ponto pode planejar sua carreira e seguir es- pode ser descrito como uma estrutura em li-
te plano, o setor público proporciona uma vi- nha, onde ele entra em um cargo e permane-
sualização aos seus trabalhadores do cerá neste até sua aposentadoria ou
desenvolvimento que estes podem galgar. exoneração, conforme é estabelecido na
O mercado de trabalho do setor público Constituição Federal (1 988) no art. 37.
cresce ou diminui conforme a necessidade A diferenciação entre o plano de carreira
do estado de prestar serviços à comunidade, dos técnicos administrativos em educação e
autorizando assim sempre que necessário a o setor privado é a questão de troca de car-
realização de concursos públicos. Os requisi- gos e questão salarial. Enquanto a evolução
tos para a investidura em um cargo público no plano privado refere-se à evolução em
são estabelecidos pela Constituição Federal cargo para a ascensão na carreira, no servi-
(1 988) no artigo 37 inciso II: “A investidura ço público esta ascensão ocorre de forma
em cargo ou emprego público depende de estruturada na questão salarial, porém sem-
aprovação prévia em concurso público de pre no mesmo cargo.
provas ou de provas e títulos, de acordo com O plano de carreira do setor público está
a natureza e a complexidade do cargo ou estruturado em níveis de classificação, com
emprego, na forma prevista em lei”. níveis de capacitação e padrões de venci-
Por ser regido pelo estado, o setor públi- mento básico, sendo definidos no Quadro 3.
co não sofre grandes influências sobre as va- Segundo a lei 11 091 /05, são 5 os níveis de
riáveis do mercado competitivo, como o setor classificação para os cargos da carreira téc-

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Quadro 3 - Conceito do Plano de Carreira do Serviço Público

Fonte: Adaptado art. 5º da Lei 11 091 (2005).


nico administrativa em educação, estes es- do interstício de 1 8 meses e da avaliação de
truturados por exigência de escolaridade, desempenho.
responsabilidade, conhecimentos, habilida- Todos os servidores entram no plano de
des específicas, formação especializada, ex- carreira no primeiro nível do plano de carrei-
periência, risco e esforço físico para o ra, após, por meio de avaliações de desem-
desempenho de suas atribuições. Todos es- penho no tempo estabelecido (Progressão
tes sempre explicitados nos editais do con- por Mérito Profissional), ou por realizações
curso público, podendo ser organizado por de capacitações vão evoluindo para o próxi-
complexidade conforme o Quadro 4. mo nível no plano de carreira (Progressão
Após o servidor prestar concurso e en- por Capacitação Profissional), proporcionan-
trar em um desses níveis, através da realiza- do o desenvolvimento pessoal direto e indire-
ção de cursos de capacitação com cargas to da organização.
horárias estabelecidas, ele poderá mudar de • Progressão por Capacitação Profissio-
nível de capacitação, que são 4, além disso, nal é a progressão obtida pela realização de
existem 1 6 padrões de vencimento básico, cursos com carga horária estabelecida pelo
para cada um dos níveis de classificação e nível de classificação e de capacitação que o
capacitação, em que o servidor evolui a partir servidor se encontra, além de respeitar o in-
Quadro 4 - Níveis de Classificação dos Cargos

Fonte: Adaptado da Lei 11 091 (2005).


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terstício de 1 8 meses e as características do ma posição na tabela, como pode ser verifi-


cargo que este ocupa (Adaptado Lei cado no Quadro 5.
11 091 /05). Além das formas anteriores descritas de
• Progressão por Mérito Profissional é a evolução na carreira do servidor, existe ainda
progressão baseada na avaliação de desem- o incentivo à qualificação, fazendo jus o ser-
penho do servidor em suas atividades, que vidor que possuir educação formal superior
ocorrem num período de 1 8 meses, obtendo ao exigido para o cargo de que é titular, na
uma avaliação positiva este passará para o forma de regulamento. Para esse incentivo é
padrão de vencimento imediatamente sub- oferecido um percentual extra de remunera-
sequente, mas permanece no respectivo ní- ção a cada grau de graduação superior ao
vel de capacitação (Adaptado Lei 11 091 /05). cargo que o servidor apresentar, ou seja,
O desenvolvimento do servidor na car- graduação, especialização, mestrado, douto-
reira é estruturado por esses dois tipos de rado entre outros, ocorrendo esta diferencia-
progressões, onde na por capacitação profis- ção entre os níveis de escolaridade dos
sional, ele será posicionado no nível de capa- cargos.
citação subsequente, no mesmo nível de Como foi relatado, o plano de carreira do
classificação, em padrão de vencimento na serviço público difere do setor privado, sendo
mesma posição relativa à que ocupava ante- os principais pontos a questão de trocas de
riormente, e a por mérito ele manterá a mes- cargos e a questão da estabilidade dos servi-
ma posição de classificação e capacitação e dores públicos, o que possibilita ao governo
alterará o padrão de vencimento para a próxi- poder investir em sua qualificação e capaci-
Quadro 5 - Tabela de Progressão Salarial dos Servidores TAE

Fonte: Adaptado da Lei 11 091 (2005).

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tação para melhor desenvolver suas tarefas zação. Com isso, é possível considerar que
sem ter grandes receios de perda deste ser- cada vez mais se torna necessário à área de
vidor para outra organização, além de pro- recursos humanos se preocupar com a medi-
porcionar o atendimento de um número maior ção das suas ações, dando cada vez mais
de necessidades extrínsecas, como salário, suporte as decisões organizacionais e aos
estabilidade no cargo, relações interpessoais colaboradores em geral.
e também alguns fatores intrínsecos como o A palavra Motivação no dicionário Mi-
reconhecimento e a visualização do desen- chaelis é descrita como uma espécie de
volvimento na carreira, ligadas a motivação energia psicológica ou tensão que põem em
dos trabalhadores. movimento o organismo humano. Segundo
Montana e Charnov (2003) “a motivação po-
2.2 Motivação de ser descrita como o processo de estimular
um indivíduo para empreender ação que
Com diversas mudanças ocorridas no conduza à satisfação de uma necessidade ou
panorama organizacional e a inserção da à realização de uma meta desejada”.
preocupação humana nas indústrias surgem Para Araujo e Garcia (2009) a motivação
novas necessidades desafiando os gestores. para o trabalho dependerá do significado que
Por volta de 1 950, a partir dessas novas ne- cada qual atribui a uma determinada ativida-
cessidades fomentadas a escola de relações de. Para os mesmos autores a motivação é
humanas começa a ganhar força, o compor- um fator independente de fatores externos
tamento passa a ser uma variável importante caracterizado pela automotivação, afirmando
e área humana e comportamental desempe- que ninguém motiva ninguém, mas é neces-
nha um papel de mediação e gestão de pes- sário proporcionar condições que satisfaçam
soal. ao mesmo tempo necessidades, objetivos e
O principal foco da escola comportamen- perspectivas das pessoas nas organizações,
tal foram às pressuposições sobre a motiva- ou seja, a motivação é algo intrínseco.
ção humana e os mecanismos motivacionais De acordo com Bergamini (1 997 como
para obter os melhores resultados das pes- citado em Araujo & Garcia, 2009), não é pos-
soas. Segundo Robbins (2005) a motivação é sível motivar quem quer que seja, pois as
o resultado advindo da interação do indivíduo pessoas já trazem dentro de si expectativas
com uma determinada situação, já, Bateman pessoais que ativam ou não determinado tipo
e Snell (2006) estabelecem a motivação co- de busca de objetivos.
mo às forças que direcionam, energizam e A motivação extrínseca é tida como a re-
proporcionam os esforços de uma pessoa. lação que as pessoas fazem sobre incentivos
Segundo Montana e Charnov (2003), a externos e motivação dos trabalhadores, co-
abordagem comportamental enfatiza que a mo por exemplo, aumento de salários e be-
administração eficaz virá da compreensão nefícios extras. Dentre tantas teorias
das necessidades do colaborador dentro e motivacionais estudadas e apresentadas a
fora da organização. A busca das empresas partir da década de 1 950, neste artigo serão
por melhorar cada vez mais sua participação trabalhadas três, escolhidas por suas refe-
de mercado e competitividade, levou a con- rências entre si e a relação direta com o tra-
cluir que não é possível fazer isso contando balho, serão apresentadas as teorias da
apenas com a organização, seus processos Hierarquia de Necessidades de Maslow, a
e estrutura, mas que precisam de colabora- Teoria de Higiene Motivação de Herzberg e a
dores motivados e satisfeitos com a organi- Teoria de ERC de Alderfer.

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2.2.1 Teorias Motivacionais


tas com o desenvolvimento nas organiza-
ções, influenciando diretamente no trabalho
2.2.1 .1 Hierarquia das Necessidades Huma- dos colaboradores das organizações.
nas - Abraham H. Maslow
2.2.1 .2 Frederick I. Herzberg e a Teoria da
Diversas são as indagações a respeito Motivação-Higiene
da temática da motivação e os possíveis im-
pactos e resultados obtidos a partir de um Herzberg (como citado em Bertolino,
trabalho a seu respeito. Maslow (1 954) suge- 1 998) nos anos 60, formulou sua teoria sobre
riu a existência de um conjunto de necessida- motivação, muito semelhante à teoria de
des que seriam responsáveis pelo Maslow. Porém sua teoria ficou focada no
comportamento humano, esta ideia foi cha- ambiente organizacional e o que proporciona
mada de Teoria da Hierarquia das Necessida- a motivação/satisfação ou a ausência delas
des Humanas. aos trabalhadores neste ambiente. Esta teo-
A partir desta teoria entende-se que para ria ficou conhecida como higiene-motivação e
que haja motivação para se satisfazer uma procurou esclarecer o que afetava a satisfa-
das necessidades do tipo superior, é neces- ção das necessidades dos trabalhadores,
sário que as necessidades do tipo inferior já fossem elas inferiores (higiênicos) ou superi-
estejam satisfeitas. Em outras palavras, co- ores (motivadores).
mo exemplo, diz que uma pessoa só buscará Segundo Herzberg (1 997, p. 61 ), criador
satisfazer sua necessidade de segurança, na da Teoria dos dois fatores,
medida em que estiver com suas necessida-
des fisiológicas semi-satisfeitas. os fatores envolvidos na produção da satisfa-
Esta teoria apresenta as necessidades ção (e motivação) no trabalho são separados
humanas divididas em cinco níveis: necessi- e distintos dos fatores que levam à insatisfa-
dades básicas, de sobrevivência ou fisiológi- ção no trabalho. Já que é necessário consi-
cas; de proteção ou segurança; ato de derar fatores separados, dependendo do fato
pertencer ou sociais; estima ou status e auto- de estarmos examinando a satisfação ou in-
realização. Maslow (1 954) salienta que o ser satisfação no trabalho, segue-se que esses
humano é estimulado a saciar as necessida- dois sentimentos não são antagônicos. O
des dos níveis mais baixos aos mais altos, oposto de satisfação no trabalho não é insa-
sempre que se sacia um dos níveis passaria tisfação no trabalho, mas sim a ausência de
em busca dos objetivos do próximo nível. satisfação; e, da mesma forma, o oposto de
As necessidades de Maslow podem ser insatisfação no trabalho não é satisfação no
descritas como: trabalho, mas sim ausência de insatisfação.
1 - Fisiológicas: sobrevivência, alimenta-
ção, vestuário, etc. O autor apresentou a teoria da motiva-
2- Segurança: proteção, estabilidade no ção higiene, em que as necessidades bási-
emprego, etc. cas fisiológicas e de segurança eram fatores
3- Social: aceitação, amizade, sentimen- higiênicos, e funcionavam como frustradores
to de pertencer, etc. caso fossem ausentes, porém quando pre-
4- Estima: autoconfiança, criatividade, sentes não motivavam os colaboradores. E
desenvolvimento pessoal e profissional, etc. as necessidades sociais, de estima e de au-
5- Auto Realização: conquistas, realiza- to-realização eram os fatores motivadores,
ções pessoais e crescimento pessoal. que se relacionam diretamente com o au-
mento da eficácia e da produtividade por par-
Essas necessidades têm ligações dire- te do colaborador, sempre que presentes.

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Para Herzberg (1 997), o enriquecimento sobre o ambiente em que vive.
do cargo[1 ] é a forma de aumentar a satisfa- Bergamini (1 997) afirma que, assim co-
ção do funcionário, pois este enriquecimento mo Maslow, Alderfer sugere que esses três
oferece a oportunidade de crescimento psico- objetivos existam também numa relação
lógico do funcionário. sequencial, vindo assim, sucessivamente:
necessidades de existência, as necessidades
2.2.1 .3 Teoria ERC - Clayton Alderfer de relacionamento e finalmente as necessi-
dades de crescimento.
A teoria dos fatores motivacionais de Corroborando com essa idéia, Robbins
Existência, Relacionamento e Crescimento, (2004) aponta para uma característica da te-
(ERC) foi desenvolvida Alderfer, a partir dos oria, que não segue uma estrutura rígida e
pressupostos da teoria da hierarquia de ne- por isso, uma pessoa pode estar trabalhando
cessidades de Maslow e relacionou em três em seu crescimento pessoal mesmo que ne-
itens os grupos de necessidades essenciais, cessidades de existência ou de relaciona-
são estes: existência, relacionamento e cres- mento não tenham sido atingidas, ou as três
cimento. categorias podem estar operando simultane-
A Teoria ERC propõe uma estrutura fle- amente.
xível, onde uma necessidade de nível mais Como pode-se notar as três teorias pos-
baixo ou de existência não precisa obrigatori- suem suas bases de discussões parecidas,
amente ser satisfeita substancialmente antes alterando-se somente o ponto de vista de ca-
de se poder passar para a satisfação das ne- da autor em sua base de pesquisa e exposi-
cessidades de relacionamento ou de Cresci- ção, porém todas têm relação direta com o
mento. A teoria ERC também propõe uma mundo organizacional e servem para o en-
dimensão de frustração-regressão, isto é, tendimento do processo motivacional e de
quando uma necessidade de nível alta é frus- desempenho dos trabalhadores das organi-
trada, cresce a necessidade de atender a zações.
uma de nível mais baixo. Nas três teorias foram relacionados fato-
Para Alderfer e Schneider (1 973) sua res diretamente ligados ao plano de carreira,
concepção principal está baseada na ques- fatores como salários, estabilidade no em-
tão de que as pessoas sobem e descem den- prego, possibilidade de desenvolvimento na
tro da hierarquia das necessidades, carreira e também criatividade e realização.
precisando estar satisfazendo-as periodica- Apesar de inúmeras teorias que envol-
mente, além de dividir essas necessidades vem a motivação humana, é importante sali-
em grupos de somente três necessidades, de entar que as diversas teorias de motivação
Existência que está ligada diretamente com o não anulam umas às outras, pelo contrário,
objetivo de obter bens materiais que garan- elas se complementam (Bergamini, 1 997).
tam a subsistência, essa necessidade abran- A motivação humana é um assunto com-
ge as questões fisiológicas, como fome, plexo e que abrange longas discussões des-
segurança e sexo; as Necessidades de Rela- de sua primeira pauta com a escola das
cionamento dizem respeito às questões de relações humanas nos anos de 1 950, e forte-
cunho social em que os indivíduos detém a mente debatida nos tempos atuais por estar
necessidade de serem aceitos em grupos; já relacionada com o aumento da produtividade
as Necessidades de Crescimento estão vol- dos colaboradores nas organizações.
tadas para o desenvolvimento do indivíduo Da mesma forma que a Motivação apre-
em seu círculo profissional e pessoal, conten- senta seus fatores e tem longa discussão no
do o desejo de uma pessoa de ter uma in- meio organizacional o plano de carreira com
fluência criativa e produtiva sobre si mesmo e o aumento da competitividade no início dos

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Plano de Carreira nos Sistemas de Gestão Público e Privado: Uma Discussão a luz das Teorias Motivacionais
anos 1 990, com a abertura dos mercados, te, uma vez que instigará as pessoas a pen-
passou a ser discutido como uma ferramenta sar em seu desenvolvimento profissional e
da gestão de recursos humanos das organi- pessoal, estruturando assim seu plano de
zações, perante estes pontos apresentados, carreira e ainda proporcionará ao setor de
fica a questão da relação existente entre os gestão de pessoal da organização as infor-
fatores ligados a motivação e satisfação hu- mações necessárias para a estruturação das
mana e o plano de carreira. estratégias de desenvolvimento de pessoal.
Visando um melhor entendimento da O plano de carreira poderá contribuir para a
proposta teórica deste estudo elaborou-se a satisfação dos anseios por parte dos colabo-
Figura 6 como forma de relacionar os cons- radores das empresas, uma vez que este po-
trutos de motivação e carreira construídos ao de satisfazer em certo grau a busca dos
longo do artigo. Para tanto, com base nas colaboradores por um grau maior de estabili-
Teorias Motivacionais elencou-se os princi- dade em seus empregos e também pode ser
pais fatores encontrados apresentando sua tido como um pacto entre a organização e
descrição para cada teoria e ainda verifican- seus trabalhadores.
do sua inserção dentro da legislação de pla- Outro ponto abordado dentro do estudo
no de carreira dos técnicos administrativos é a existência de uma relação do plano de
em educação e das propostas de desenvolvi- carreira das organizações com a motivação
mento humano. dos colaboradores. A partir das evidências do
estudo a cerca da motivação humana, nota-
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS se uma ligação entre o trabalho realizado, a
motivação e uma proposta adequada de
O intenso dinamismo que gera competiti- crescimento e desenvolvimento dentro da or-
vidade também traz consigo incertezas e ganização.
questionamentos, os trabalhadores que estão De acordo com os preceitos das teorias
cada vez mais qualificados, quando compa- motivacionais os aspectos do trabalho são
rados aos de décadas anteriores, vêem que fortes estimuladores das necessidades hu-
não gozam da estabilidade que aqueles pos- manas. Com base nesta ideia concebe-se
suíam em grau maior. que o ser humano busca satisfazer suas ne-
Toda essa mudança de cenário econô- cessidades através da estabilidade do cargo
mico pode ser um dos fatores que levam os público e o plano de carreira além de ofere-
trabalhadores buscarem cada vez mais por cer esta possibilidade de estabilidade, pode
um grau maior de certeza sobre seu futuro fomentar a organização da vida individual e
profissional, seja por um bom planejamento profissional do mesmo. Salienta-se também
de carreira ou pela busca de um grau maior que este plano de carreira viabiliza a gestão
de estabilidade no emprego. dos talentos e capacidades dentro da organi-
Para London e Stumpf (1 982 como cita- zação, facilitando os processos de promoção
do em Dutra, 2001 ) qualquer indivíduo pode e desenvolvimento.
conduzir o planejamento de carreira de várias Foi exposto neste artigo que as teorias
formas, porém é essencial saber de forma motivacionais de Maslow, Herzberg e Alderfer
clara e realista quais são as suas qualidades, podem ser ligadas diretamente com os bene-
interesses e inclinações pessoais e estabele- fícios do plano de carreira, este podendo ser
cer objetivos de carreira e preferências pro- utilizado como uma excelente ferramenta de
fissionais. motivação para os colaboradores das organi-
Diante das necessidades da gestão de zações, uma vez que os fatores motivacio-
pessoas nas organizações, a administração nais e ou higiênicos podem ser relacionados
de carreira pode ser a resposta mais eficien- diretamente com o trabalho e a carreira dos

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Plano de Carreira nos Sistemas de Gestão Público e Privado: Uma Discussão a luz das Teorias Motivacionais
Quadro 6 - Relação entre Teorias motivacionais e o Plano de Carreira

Fonte: Desenvolvido pelo autor.

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Plano de Carreira nos Sistemas de Gestão Público e Privado: Uma Discussão a luz das Teorias Motivacionais
servidores em algum grau. diretamente influenciado pelo plano de car-
Além desta relação pode-se sugerir que reira, disponibilizando assim uma importante
organizações que possuem planos de carrei- ferramenta de gestão de pessoal.
ra tornam-se mais atrativas para os trabalha-
dores, uma vez que este pode visualizar as 4. REFERÊNCIAS
possibilidades que estas proporcionam para
o seu desenvolvimento profissional e pesso- Alderfer, C. P., & Schneider, B. (1 973). Three
al, além deste poder ser um dos fatores que Studies of Measures of Need Satisfaction in
levam cada vez um maior número de traba- Organizations. Administrative Science Quar­
lhadores a procurarem colocações em cargos terly, 18(4), 489-505.
do serviço público. Araujo, L. C. G de., & Garcia, A. A. (2009).
Quando o colaborador percebe uma es- Gestão de Pessoas: estratégias e integração
trutura dentro da organização preocupada Organizacional. 2ed. São Paulo: Atlas.
com o atendimento de seus anseios profissi-
onais, nota-se uma motivação ao trabalho Bateman, T. S., & Snell, S. A. (2006). Admi­
maior e consequentemente, uma maior pos- nistração: novo cenário competitivo. 2 ed.
sibilidade de comprometimento, já que, con- São Paulo: Atlas.
forme apresentado anteriormente, diversos Boog, G. M. (2002). Manual de Gestão de
estudos apontam o trabalho como fonte de Pessoas e Equipes. Vol. 1 . São Paulo: Edito-
realização pessoal também. Cria-se uma rea- ra Gente.
ção em cadeia, onde o colaborador perce-
bendo possibilidades de desenvolvimento e Bergamini, C. W. (1 997). Motivação nas or­
crescimento dentro da organização pode vis- ganizações. 4. ed. São Paulo: Atlas.
lumbrar novas possibilidades dentro da pró- Bertolino Filho, J. (1 998). Tópicos atuais em
pria empresa e motivando-se ao trabalho, administração: motivação. Campinas: Alínea.
sendo também influenciado em seu planeja- Bowditch, J. L., & Buono, A. F. (1 992). Ele­
mento pessoal. Todos esses fatores integra- mentos de Comportamento Organizacional.
dos podem gerar mais motivação e 1 . ed. São Paulo: Pioneira.
comprometimento que refletirão em resulta-
dos para a organização. Brasil. Lei n.11091 de 12 de janeiro de 2005.
Como conclusão, baseada no estudo Dispõe sobre a estruturação do Plano de
das variáveis estudadas para este artigo con- Carreira dos Cargos Técnico-Administrativos
sidera-se que o plano de carreira além de em Educação, no âmbito das Instituições Fe-
proporcionar uma importante ferramenta de derais de Ensino vinculadas ao Ministério da
gestão para a estrutura de recursos humanos Educação, e dá outras providências. Disponí-
da organização tem uma ligação direta com vel em <http://www.planalto.gov.br/cci-
fatores motivacionais extrínsecos, ou motiva- vil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11 091 .htm>
dores externos, como citados no artigo, e po- recuperado em: 23 fevereiro 201 0.
de proporcionar um ambiente onde se Brasil. CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FE­
desenvolva fatores motivacionais intrínsecos, DERATIVA DO BRASIL DE 1988. Disponível
além disso, também pode proporcionar ou- em < http://www.planalto.gov.br/cci-
tros benefícios como visibilidade no mercado vil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao.htm>
de trabalho e atratividade de talentos. recuperado em: 23 fevereiro 201 0.
Sendo assim, indiferente se o trabalha-
dor encontra-se no setor público ou privado, Carvalho, A. L. (2009). Pós­Fordismo e
a motivação é um diferencial para o alcance Transformações Produtivas: o trabalho, o tra-
das metas organizacionais, e este pode ser balhador e as contradições estruturais con-
temporâneas. Rio de Janeiro, UFRJ.
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Plano de Carreira nos Sistemas de Gestão Público e Privado: Uma Discussão a luz das Teorias Motivacionais
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Plano de Carreira nos Sistemas de Gestão Público e Privado: Uma Discussão a luz das Teorias Motivacionais
Career Planning Management Systems in Public and Private: A Discussion of the
Motivational Theories
Abstract
This article briefly presents a view on the use of the career plan in organizations, focusing on the
intense competition witnessed in recent years, presenting this as a management tool for the
sector of human resources in organizations. It is known that the differences of the organizations
are focused on human talent and ability to generate results through them, the proper use of
technological resources provided by the organization. It presents a description of the theme
career plan in the context motivational aim is to reflect on the influence or not the plan or
organization's career in motivating employees and their professional development by examining
existing studies using the tool can be a source of restraint talent in the labor market. Regarding
the considerations on the subject, it is noteworthy that the career path can be attractive to
organizations seeking corporate and retain talent in the competitive landscape we experience,
depending only the option of using it or not within the management plan organization.
Keywords: Motivation, Career Plan, Staff Development.

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