Documente Academic
Documente Profesional
Documente Cultură
CDD: 340
COORDENADOR
ESTUDOS DA COMISSÃO
ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO
DA OAB TOCANTINS
Reflexões e Perspectivas
PREFÁCIO
Walter Ohofugi Junior
AUTORES PARTICIPANTES
Ana Luiza Mourthe Dahdah Hildegard Taggesell Giostri
Analúcia Terra Peixoto Iran Johnathan S. Oliveira
Carolina Santim Cótica Pinheiro Julimar dos Santos Sousa
Cínthia Ayres Holanda Luciana Dadalto
Clara de Sousa Gustin Lucídio Bandeira Dourado
Deborah Azevedo de Pinho Maysa Oliveira
Diogo Gonzales Julio Osvaldo Pires G. Simonelli
Felippe Abu-Jamra Corrêa Rodrigo Magno de Macedo
Graziela T. de Souza Reis Silvio Guidi
Guilherme Borba Vianna
Presidente da Comissão
Especial de Direito
Médico da OAB/TO e
membro da Comissão
Possui curso de
Especial de Direito
Capacitação em Gestão e
Médico e da Saúde do
Direito da Saúde.
Conselho Federal da
OAB. Graduado em Direito pela
Faculdade de Direito de
Advogado com atuação
Curitiba.
em Curitiba/PR e
Palmas/TO com ênfase Membro da AEDM
nas áreas de Defesa (Associação dos
Médica, Escritórios de Defesa
Responsabilidade Civil e Médica).
Direito Digital.
Coordenador do Grupo
Mestre em Direito de Pesquisa em Direito e
Empresarial e Cidadania Novas Tecnologias na
pelo UNICURITIBA. FESP/PR.
6
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
7
APOIO INSTITUCIONAL:
AUTORES
(Em ordem alfabética)
10
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
11
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
LUCIANA DADALTO
Doutora em Ciências da Saúde pela faculdade de Medicina da
UFMG. Mestre em Direito Privado pela PUC-Minas. Sócia da Luciana
Dadalto Sociedade de Advogados. Professora do Centro Universitário
Newton Paiva. Coordenadora do Grupo de estudo e pesquisa em
Bioética (GEPBio). Administradora do portal
www.testamentovital.com.br.
MAYSA OLIVEIRA
Pós-graduada em Direito Penal e Processo Penal pela Escola
Paulista de Direito de São Paulo. Advogada Criminalista.
SILVIO GUIDI
Advogado, mestre em direito administrativo pela PUC-SP
12
SUMÁRIO
A RESPONSABILIDADE ÉTICO-COMPORTAMENTAL DO
MÉDICO ........................................................................................... 91
Osvaldo Pires G. Simonelli
13
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
14
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
15
A RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS
MÉDICOS NA ÁREA DA CIRURGIA PLÁSTICA
E A PROBLEMÁTICA DO USO DAS OBRIGAÇÕES
DE MEIO E DE RESULTADO
Hildegard Taggesell Giostri 1
1 INTROITU
A OMS (Organização Mundial da Saúde) define a saúde
como sendo “um estado completo de bem estar físico, mental e
social” e não simplesmente a ausência de doença, como era o
entendimento anterior.
Essa nova e abrangente postura, por ser mais condizente
com a realidade, vai possibilitar uma releitura de alguns setores da
área médica, dentre os quais, destaca-se a cirurgia plástica.
Tal especialidade, algumas décadas atrás, era vista como
fruto de vaidade, até mesmo fútil, e motivo de crítica por parte da
própria sociedade. Ocorre que sendo a saúde um bem estar “físico,
mental e social”, é de se concluir que os defeitos físicos, sejam eles
aparentes ou não, adquiridos ou congênitos, reais ou imaginários,
1
Advogada. Bioquímica. Mestre e Doutora em Direito das Relações Sociais pela
UFPR. Pós-graduada em Filosofia e Língua Portuguesa pela PUC/PR. Docente e
Pesquisadora da Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP). Parecerista
da Editora Mackenzie, da Universidade Mackenzie de São Paulo/SP, na área de
Direito Médico. Consultora ad hoc da Universidade da Amazônia (UNAMA). Autora
de várias obras na área da Responsabilidade Médica, Odontológica e Hospitalar.
17
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
18
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
2
MAGRINI, Rosana Jane. Médico – Cirurgia plástica reparadora e estética:
obrigação de meio ou de resultado para o cirurgião? In RT – 809, março de
2003, p. 138.
19
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
3
Apud BUERES, Alberto J. Responsabilidad civil de los médicos. Buenos Aires:
Ábaco, 1979, p. 37.
20
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
7
GARCÍA SÁNCHEZ Ibidem, idem, p. 5.
23
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
8
GOMES, Orlando. Obrigações. 16. ed. São Paulo: Forense, 2004, p. 25.
25
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
5 RACIONALIDADE E ADEQUAÇÃO
Ensina Demogue, que a sobrevivência das normas relativas
às obrigações é mais aparente que real, e é a permanência enganosa
do direito formal que dissimula as mutações do direito vivo.9
Ora, sabe-se bem que a racionalidade equivale à adequação
de meios eficientes para alcançar determinados fins. Katie Argüello,
trabalhando sobre o referencial de Max Weber, faz um alerta para a
problemática da racionalidade formal e material do Direito.10
Informa, a autora, que Weber, enquanto sociólogo,
interessava-se em analisar a crescente racionalização referente às
diversas atividades humanas, comparando-as umas às outras e
buscando compreender o que advém como consequência da
racionalização destes comportamentos humanos. “Na esfera jurídica,
por exemplo ele (Weber) evidencia que a racionalização técnica
excessiva criou um abismo entre a lógica interna do sistema jurídico e
os seus destinatários”.11
9
DEMOGUE, René. Droit des Obligations. Paris: Arthur Rousseau, v. 1, 1923, p.
10. “Les survivances sont d’ailleurs plus apparentes que réelles et la permanence
trompeuse du droit formal dissimule ici les mutations du droit vivant”.
10
ARGÜELLO, Katie. O Ícaro da modernidade. Direito e política em Max Weber.
São Paulo: Acadêmica, 1997, p. 151.
11
ARGÜELLO, p. 151.
26
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
12
“L’obligation suppose commme premier élement un lien de droit, le mot étant pris
bien entendu dans un sens figuré”.DEMOGUE, op. cit., p. 10.
13
“Tout droit comporte une limite dans la volonté de l’obligé”. Ibid., p. 11
14
“Le droit n’est pas une force indefinie. Il y a des questions de degré”. Ibid., p. 12.
15
“Toute obligation a pour objet une prestation, c’est-à-dire une action du débiteur
envers le créancier. Cette prestation a elle-même un contenu qui est l’objet médiat
de l’obligation. Ce contenu peut être très varié”. Ibid., p. 15.
16
Vertendo esta situação para o campo médico, vê-se que não é incomum o
profissional ter que assumir uma responsabilidade maior, ou diferente da
inicialmente contratada, devido ao paciente não ter cumprido a sua parte no
contrato, favorecendo, em razão disso, o aparecimento de sequelas, passando a
necessitar que um outro tratamento de desenvolva com base na nova patologia,
representada por aquela sequela. Ou, ainda, pode surgir uma sequela por conta da
iatrogenia, que é um distúrbio ou doença provocada pelo médico, sem culpa, e que
pode ocorrer durante ou após tratamentos prescritos, sejam eles clínicos ou
cirúrgicos.
27
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
28
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
29
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
17
Themis, deusa da Justiça.
18
RIO DE JANEIRO. Tribunal de Justiça. Acórdão. Ap. cív. 6.348/92. 4 CC. Rel. Des.
Décio Xavier Gama. Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. J. 25.03.93. Cópia de
doc. original.
30
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
19
“Seroma: líquido segregado e contido nas cavidades serosas. Líquido semelhante
ao soro. Serosa: membrana cuja forma lembra um saco e que segrega serosidade
em sua face interna, facilitando o deslizamento de órgão contidos em seu interior”.
Dicionário Aurélio Eletrônico.
20
“As cicatrizes hipertróficas se caracterizam pela elevação e espessura, ficando nos
limites do ferimento inicial e frequentemente regridem espontaneamente. Por sua
vez, o quelóide é uma cicatriz espessa e elevada, que ultrapassa os limites do
ferimento inicial e raramente regride (Peacock e cols., 1970). Ambos apresentam
abundante depósito de colágeno, quer por aumento de sua síntese, quer por
redução de sua degradação ou pelos dois mecanismos”. CORRÊA NETTO, Alípio.
Clínica Cirúrgica. 4. ed. rev. e ampl. São Paulo: Sarvier, 1988, p. 148-9.
21
Em obra recente, lê-se o seguinte comentário ao caso do acórdão acima citado: “A
tal ponto chegam a inadequação e a injustiça de classificar como sendo de
resultado a prestação obrigacional em determinadas searas da área médica, que
tal fato possibilita situações nas quais o médico passa a ser considerado culpado
por um resultado que só se deveu ao DNA de sua paciente (como no caso em
31
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
33
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
cada vez que o resultado buscado pelas partes é tido por elas como
aleatório, a obrigação é uma simples obrigação geral de prudência e
diligência (meio); se este resultado é, ao contrário, considerado como
possível de ser alcançado sem álea, então a obrigação é determinada
24
(resultado).
24
LALOU, Henri. Traité pratique de la responsabilité civile. 6 éd. Paris: Sirey,
1962, p. 279, v. 1. “Chaque fois que le résultat cherché par les parties est envisagé
par elles comme aleatoire, l’obligation est une simple obligation générale de
prudence et de diligence; si ce résultat est au contraire consideré comme devent
être atteint sans aléa, l’obligation est determinée”. Observar que no texto, a
“obrigação geral de prudência e diligência” refere-se à obrigação de meio,
enquanto que a “obrigação determinada” é o mesmo que obrigação de resultado,
conforme nomenclatura dada pelos irmãos Mazeaud, em 1947, em acordância com
o antigo Direito Romano.
25
MAZEAUD et MAZEAUD. Traité théorique et pratique de la responsabilité
civile. 4 éd. Paris: Sirey, 1947, p. 110, v. 1. “Parreille critique s’adresse plus à la
terminolgie dont s’est servi Demogue, qu’à la classification elle-même. Elle prend le
term ‘résultat’ dans le sens de prestation due, mais la nature de cette prestation est
bien différente selon qu’elle est de parvenir à un résultat determiné, ou seulement
d’essayer d’y parvenir par une conduite prudente et diligente”.
34
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
Alguns atos médicos têm dado lugar, sob este ponto de vista, a
algumas hesitações. Foi assim com a cirurgia estética, mas ela
permanece submetida ao regime das obrigações de meios, por estar
30
inserida, fundamentalmente, na álea de todo ato cirúrgico.
26
Apud LALOU, op. cit., p. 279.
27
MAZEAUD, Henri. Essai de classification des obligations. In Revue Trimestrielle
de Droit Civil. Paris: Sirey, t. 35, p. 24.
28
LALOU, op. cit., p. 279. “Ainsi, le médecin n’est tenu que d’une obligation de
moyen; au contraire le transporteur, d’une obligation de résultat”.
29
PENNEAU, Jean. La responsabilité médicale. Paris: Sirey, 1977, p. 35.
30
PENNEAU, Jean. La responsabilité du médecin. Paris: Dalloz, 1992, p. 9.
35
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
31
ANDORNO, Luís O. La responsabilidad civil médica. AJURIS 59/224-235.
32
Recentemente um cirurgião plástico foi condenado a pagar boa soma a uma
paciente, que portava mamas gigantes e diferentes entre si e que após a cirurgia
desenvolveu um nódulo cicatricial (fibrose) em uma das mamas, o que lhe causava
36
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
Não nos parece, data venia, que se possa classificar uma cirurgia, e
nesse plano as cirurgias plásticas se equiparam às de qualquer outra
espécie, de obrigação de resultado, porque, como se sabe, quando se
trata de mexer com a fisiologia humana, além da técnica empregada
pelo médico, havida no conhecimento científico, há sempre um outro
componente que o homem, frágil e impotente diante do desconhecido,
chama de imprevisível. Então, ninguém pode se obrigar pela realização
plena de uma tarefa que em parte, ou até em grande parte, está fora
dos limites de atuação ou deliberação... Rio de Janeiro. Tribunal de
Justiça. Ac. Apel. nº 1.329/90. Rel. Des. Carpena Amorin. J. 6 nov.
1990.
nenhum médico seria capaz de afirmar que uma cirurgia tem 100% de
possibilidade de êxito e 0% de insucesso... Sintetizando: não há
cirurgias sem risco. Portanto, conceituar-se o trabalho médico como
obrigação de resultado, mesmo na cirurgia plástica embelezadora, é
algo que está em contradição com a própria natureza das coisas. Apel.
1.390/90.
33
BRASIL. UFPR. Dep. de Ciências Jurídicas. Dissertação de Mestrado: Obrigação
de meio e de resultado na responsabilidade civil do médico. GIOSTRI, Hildegard
Taggesell. Defendida em 05.11.96. Publicados os principais excertos pela Editora
Juruá, Curitiba/PR, em 1998, sob o título Erro médico à luz da jurisprudência
comentada. A 2ª edição, revista, atualizada e ampliada foi publicada pela mesma
editora em junho de 2004.
34
BRASIL. Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Apel. Cível nº 863/98. Julg. Em
06.06.98. Voto vencido da autoria do Des. Roberto Wilder.
38
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
[...] hoje não se deve mais fazer esta distinção, primeiro porque não há
nenhum texto legal que o afirme, quer dizer, essa posição doutrinária e
jurisprudencial não se arrima em nenhum dispositivo legal, quer dizer,
nunca houve nenhuma lei que dissesse que cirurgia plástica é
obrigação de resultado. Isso é uma construção pretoriana e
37
doutrinária.
35
BRASIL. Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. 7ª Grupo de Câmaras Cíveis. Emb.
Infring. nº 180/98. Rel.: Des. Ruyz Athaide Ancântara Carvalho. Embargante:
Wanda Elizabeth Massieri Correa. Embargada: Arine Maria Daumas Teixeira.
36
In Apel. Cív. citada, nº 863/98. Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Voto vencido
do Des. Roberto Wider, p. 76.
37
Ibiden, idem, p. 277.
39
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
38
FORSTER. Nestor José. Cirurgia plástica estética: obrigação de resultado ou
obrigação de meios? In RT – 738, abril de 1997, p. 85.
39
AGUIAR JUNIOR, Ruy Rosado de. Responsabilidade civil do médico. .In Revista
Jurídica. Porto Alegre: Síntese. Ano XLV, nº 231, jan/97 – Assunto Especial –, p.
131.
40
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
40
AGUIAR JUNIOR, op. cit., p. 131.
41
Ibidem, idem, p. 130.
42
Tese de Doutoramento da autoria de GIOSTRI, Hildegard Taggesell.
41
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
Ora, nos parece sensato este pensar, pois não podemos olvidar que as
mesmas intercorrências existentes em outros tratamentos, quer
terapêuticos, quer cirúrgicos, existem igualmente nas cirurgias plásticas
reparadoras ou embelezadoras, tais como: rejeição do organismo,
reações provenientes da própria genética do paciente, o não
cumprimento pelo paciente das prescrições e recomendações médicas,
43
etc.
43
COUTO FILHO, Antonio Ferreira; SOUZA, Alex Pereira. A improcedência no
suposto erro médico. 2. ed. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2002, p. 21.
44
RESPONSABILIDADE CIVIL DE MÉDICO. ERRO MÉDICO. CIRURGIA PLÁSTICA
MAL SUCEDIDA. DANO MATERIAL. DANO MORAL. RESPONSABILIODADE DE
ESTABELECIMENTO HOSPITALAR. INOCORRÊNCIA. Na celebração do
contrato, o médico, cirurgião plástico, não se compromete à obtenção de um
resultado melhor do que o já existente, mas o de proceder de acordo com as regras
técnicas e métodos de sua profissão. É limitada para o cliente a obtenção de uma
vantagem de melhora estética, e o fato da não obtenção do resultado não implica o
reconhecimento de que o médico foi inadimplente. O contrato celebrado com o
cirurgião plástico não é obrigação de resultado, e sim de meio. É o médico
civilmente responsável desde que comprovada sua culpa, em quaisquer de suas
modalidades: negligência, imprudência ou imperícia. Não responde a clínica que,
tão-somente, cedeu sua instalações para que o médico realizasse a cirurgia,
inexistindo relação de preposto e proponente. Comprovação de que a clínica não
causou danos à paciente por defeitos de sua prestação de serviço. Tribunal de
Justiça do Rio de Janeiro. Apel. cív. nº 6.680/97. 1ª C.C. Unânime. Rel. Des. Sergio
Fabião. Julg. 28.04.98.
42
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
43
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
45
PENNEAU, Jean. La réforme de la responsabilité médicale. Revue Internationalle
de Droit Comparé, 1990, nº 2, p. 525.
46
MORAES, Maria Cecília Bodin de. Danos à pessoa humana: uma leitura civil-
constitucional dos danos morais. Rio de Janeiro: Renovar, 2003, p. 150.
44
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
47
PENNEAU, La responsabilité du médecin, p. 10.
48
PENNEAU. Ibidem, idem, p. 10.
45
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
CONCLUSÃO
Em razão de todas estas variantes analisadas é de se
concluir que o fator álea estará sempre presente e não pode ser
ignorado. Que a diligência do profissional é fator de extrema
importância, pois o resultado não ideal pode não estar ligado à sua
negligência, mas à negligência do paciente. Que é inadequado
considerar como sendo de resultado uma prestação obrigacional que
se desenvolve em áreas de imprevisibilidade e, consequentemente,
em presença do fator álea. Que é comum na literatura pátria, bem
assim nos julgados, a repetição de um standard já de há muito
superado nos países que se dedicam ao estudo da responsabilidade
dos cirurgiões plásticos, qual seja, de que a prestação obrigacional
daqueles estaria sempre submetida a uma obrigação de resultado.
Que é inadequado tal standard, haja vista ser tal obrigação própria
para áreas onde não exista o fator álea, com previsão de
resultado predeterminado e previsível e, portanto, onde a
diligência do devedor não conta e onde o credor não tem como
interferir no resultado final.
Lamentavelmente há que, uma vez mais, concluir o quanto de
verdade existe nas palavras de Fachin, quando alerta: “Há um vazio
na doutrina civilística brasileira, que vai do desconhecimento à
rejeição de novas idéias”, para então, concluir que “a técnica
engessada das fórmulas acabadas não pode achar guarida em um
Direito que se propõe aberto e sensível às modificações das
49
realidades sociais”.
Ou, ainda, utilizando o preclaro ensinamento do médico-
escritor. Prof. Dr. Irany Novah Moraes, “se o erro só pode ser avaliado
pelo resultado, o médico só deve responder pelo que depende
exclusivamente dele e não da resposta do organismo do paciente”,
com o que concordamos plenamente, em razão da sabedoria e do
bom senso que reside em tal conclusão.
49
FACHIN, Luiz Edson. (Coord.) Repensando fundamentos do Direito Civil
contemporâneo. Rio de Janeiro: Renovar, 1998, p. 318.
46
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
REFERÊNCIAS
AGUIAR JUNIOR, Ruy Rosado de. Responsabilidade civil do médico.In Revista
Jurídica. Porto Alegre: Síntese. Ano XLV, nº 231, jan/97 – Assunto Especial –.
ANDORNO, Luís O. La responsabilidad civil médica. AJURIS 59/224-235.
ARGÜELLO, Katie. O Ícaro da modernidade. Direito e política em Max Weber.
São Paulo: Acadêmica, 1997.
AVELAR, Juarez M. Ensino da cirurgia plástica nas Faculdades de Medicina.
São Paulo: Hipócrates, 1994.
BRASIL. UFPR. Dep. de Ciências Jurídicas. Dissertação de Mestrado: Obrigação
de meio e de resultado na responsabilidade civil do médico. GIOSTRI, Hildegard
Taggesell. 05.11.96.
BUERES, Alberto J. Responsabilidad civil de los médicos. Buenos Aires:
Ábaco, 1979.
CORRÊA NETTO, Alípio. Clínica Cirúrgica. 4. ed. rev. e ampl. São Paulo:
Sarvier, 1988.
COUTO FILHO, Antonio Ferreira; SOUZA, Alex Pereira. A improcedência no
suposto erro médico. 2. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2002.
DEMOGUE, René. Droit des Obligations. Paris: Arthur Rousseau, v. 1, 1923.
FACHIN, Luiz Edson. (Coord.). Repensando fundamentos do Direito Civil
contemporâneo. Rio de Janeiro: Renovar, 1998.
FORSTER. Nestor José. Cirurgia plástica estética: obrigação de resultado ou
obrigação de meios? In RT – 738, abril de 1997.
GARCÍA SÁNCHES, Maria Del Carmen. Responsabilidad del cirujano estético. In
Responsabilidad Profesional. Dir. GHERSI, Carlos Alberto. Buenos Aires:
Editorial Astrea, 1998.
GIOSTRI, Hildegard Taggesell. Responsabilidade médica. As obrigações de
meio e de resultado: avaliação, uso e adequação. (Tese de Doutorado). 1. ed, 2.
tir. Curitiba: Juruá, 2002.
______. Erro médico à luz da jurisprudência comentada. 2. ed. rev. atual. e
ampl. Curitiba: Juruá, 2004.
______. Sobre o Consentimento Informado. Sua história, seu valor. In Jornal
Vascular Brasileiro. Vol. 2, nº 03, 2004.
GOMES, Orlando. Obrigações. 16. ed. São Paulo: Forense, 2004.
LALOU, Henri. Traité pratique de la responsabilité civile. 6 éd. Paris: Sirey,
1962.
MAGRINI, Rosana Jane. Médico – Cirurgia plástica reparadora e estética:
obrigação de meio ou de resultado para o cirurgião? In RT – 809, março de 2003.
47
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
48
CONCEPÇÃO JURÍDICO MATERIAL E ASPECTOS
PROCESSUAIS DO DIREITO MÉDICO
Lucídio Bandeira Dourado 1
INTRODUÇÃO
Este artigo aspira refletir sobre o que se convencionou
chamar de direito médico diante das demandas propostas ao Poder
Judiciário por pacientes contra médicos, planos de saúde e o Estado
como provedor da saúde pública por força constitucional. Não é algo
novo, porém com a facilitação do direito constitucional de petição,
principalmente pós Constituição Federal de 1988, a judicialização da
saúde passou a fazer parte do cotidiano das lides forenses, por vezes
com advogados particulares, defensores público e até mesmo tendo o
Ministério Público como substituto processual nas ações de direitos
coletivos homogêneos transcendentais.
Essas relações jurídicas de direito material
2
consumeristas começam pela prestação de serviços médicos, como
3
profissionais autônomos, pela contratação de planos de saúde
comerciais, incluindo as cooperativas, individuais ou empresarias com
pessoas jurídicas e na relação do cidadão/paciente com o Estado,
aqui na responsabilidade civil objetiva pela saúde pública como
esculpido no art. 196 da Constituição Federal de 1988.4 Presente
1
Promotor de Justiça do Estado do Tocantins.
2
Código do Consumidor - Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que
adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.
3
Súmula 608-STJ: Aplica-se o Código de Defesa do Consumidor aos contratos de
plano de saúde, salvo os administrados por entidades de autogestão. STJ. 2ª
Seção. Aprovada em 11/04/2018, DJe 17/04/2018.
4
Seção II DA SAÚDE - Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado,
garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de
doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços
para sua promoção, proteção e recuperação.
Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao
Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentaç ão, fiscalização e
controle, devendo sua execução ser feita diretamente ou através de terceiros e,
também, por pessoa física ou jurídica de direito privado.
49
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
5
SILVA, Altino Conceição da. A proteção constitucional do consumidor e sua
densificação normativa. Conteúdo Jurídico, Brasília-DF :01 abril 2015.
Disponível em:
50
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
8
Após vasta discussão, o Superior Tribunal de Justiça entendeu que os planos de
saúde de autogestão não se submetem ao Código de Defesa do Consumidor,
porque não haveria relação de consumo, mas sim entre associados: RECURSO
ESPECIAL. ASSISTÊNCIA PRIVADA À SAÚDE. PLANOS DE SAÚDE DE
AUTOGESTÃO. FORMA PECULIAR DE CONSTITUIÇÃO E ADMINISTRAÇÃO.
PRODUTO NÃO OFERECIDO AO MERCADO DE CONSUMO. INEXISTÊNCIA DE
FINALIDADE LUCRATIVA. RELAÇÃO DE CONSUMO NÃO CONFIGURADA. NÃO
INCIDÊNCIA DO CDC.1. A operadora de planos privados de assistência à saúde,
na modalidade de autogestão, é pessoa jurídica de direito privado sem finalidades
lucrativas que, vinculada ou não à entidade pública ou privada, opera plano de
assistência à saúde com exclusividade para um público determinado de
beneficiários.2. A constituição dos planos sob a modalidade de autogestão
diferencia, sensivelmente, essas pessoas jurídicas quanto à administração, forma
de associação, obtenção e repartição de receitas, diverso dos contratos firmados
com empresas que exploram essa atividade no mercado e visam ao lucro.3. Não
se aplica o Código de Defesa do Consumidor ao contrato de plano de saúde
administrado por entidade de autogestão, por inexistência de relação de
consumo.4. Recurso especial não provido.(REsp 1285483/PB, Rel. Ministro LUIS
FELIPE SALOMÃO, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 22/06/2016, DJe
16/08/2016)."
(Acórdão 1091832, unânime, Relator: FLÁVIO ROSTIROLA, 3ª Turma Cível, data
de julgamento: 18/4/2018)
52
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
9
SOUZA, Paulo Vinicius Sporleder de, Doutor em Direito (Universidade de
Coimbra/Portugal), professor adjunto de Direito Penal da PUCRS e advogado. O
médico e o dever legal de cuidar: algumas considerações jurídico-penais.
http://revistabioetica.cfm.org.br/index.php/revista_bioetica/article/viewFile/24/
27
53
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
3 A JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE
Judicializar é levar uma pretensão jurídica ao crivo do Poder
Judiciário, como a pouco referido a lide resistida é que gera a
possibilidade de uma prestação jurisdicional, evidentemente que
preenchidos todos os pressupostos processuais e as condições da
ação. O fenômeno da juridicização é a transposição de um
acontecimento comum do mundo dos fatos para o mundo do direito, o
que só ocorre pela lei ou pela sentença judicial. Francisco
Cavalcante Pontes de Miranda bem estuda esse fenômeno quando
disseca a Teoria do Fato Jurídico e os seus três planos, da
existência, validade e eficácia que, por necessidade precisam ser
conhecidos, também serem sopesados com a Teoria da Norma e do
Normativíssimo de Norberto Bobbio e a Teoria Tridimensional do
Direito do saudoso Prof. Miguel Reali.
Não havendo aqui tempo e espaço para o estudo mais
aprofundado dessas teorias, mas devendo, por apego, serem
mencionadas, haja vista que a ignorância sobre as bases nos leva a
conclusões falsas, ou seja, premissa maior falsa conclusão falsa ou
improdutiva.
Quando um sujeito de direito, tendo sua pretensão
insatisfeita, busca uma decisão judicial que venha compor seu
prejuízo/danos é dever do Estado prestar a jurisdição que é inclinável
e indelegável.
No caso dos serviços de saúde não é diferente, mas há
necessidade de uma ampla compreensão não só do direito como dos
“serviços médicos” haja vista sua peculiar prestação.
54
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
10
A fenomenologia é uma atitude de reflexão do fenômeno que se mostra para nós,
na relação que estabelecemos com os outros, no mundo. Profa. Ms. Danuta D.
PokladekMestre em Psicologia da SaúdePresidente do Instituto PsicoEthos
Analista-Existencial Supervisora nas áreas da Educação e Saúde
55
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
CONCLUSÃO
Tudo que é olhado com bons olhos e por profissionais
competentes se torna de fácil solução. A saúde, pública ou privada,
não é diferente. Não podemos perder a humanização em qualquer
profissão, afinal nada nesse plano deve contribuir para a infelicidade
do homem ou foi feito para tal.
A judicialização de qualquer acontecimento comum do mundo
dos fatos não é a solução, mas os critérios para tais procedimentos
sim, a banalização pode levar ao descrédito, assim como o uso
indiscriminado dos fármacos por levar a resistência e a sua
inaplicação.
Sagrado é o serviço em prol da vida, da sua conservação
saudável, manutenção e prevenção às doenças e o profissional
médico é o principal ator dessa peça que, por vezes, o teatro da vida
estreia em nós sem pré-lançamento.
Abençoadas devem ser as mãos que operam um bisturi,
assim como as mãos do juiz ao assinar uma sentença. Seriamos
perfeitos se não incorrêssemos em erro, mas seremos justos se
agirmos para evita-lo.
Buscar a justiça é um direito11 constitucionalmente garantido
a todos os sujeitos de direito e devemos usá-lo com o maior critério,
inclusive no direito à saúde, preventiva, curativa.
11
FábioKorenblum é sócio do setor Contencioso Cível da Siqueira Castro
Advogados.Conscientização popular:a democratização do acesso à
justiça.https://www.migalhas.com.br/dePeso/
Com o aparelhamento estatal e a criação de mecanismos de viabilização de
acesso a uma justiça, por todos e para todos, iniciou-se um novo processo: o de
conscientização e democratização do acesso à justiça. Enquanto se m ostrava
inalcançável por muitos antes da evolução já anteriormente assinalada, a
judicialização de uma série de assuntos passou a ser tida por algo tangível.
56
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
1 O CASO DO SENHOR Y
O senhor Y era um homem saudável na faixa de 50 anos
quando, em junho de 2017, sofreu um ataque cardíaco e, em virtude
da perda de oxigenação, causou uma extensa lesão cerebral. O
médico assistente concluiu que mesmo que ele recobrasse a
consciência os danos seriam irreversíveis e tornariam o paciente
absolutamente dependente de terceiros.
Um especialista em reabilitação neurológica foi consultado
sobre o caso e fechou o diagnóstico: o paciente estava em estado
vegetativo persistente e não havia qualquer prognóstico científico de
reversão desse quadro.
Diante disso, a equipe assistencial se reuniu com a família e,
juntos, decidiram que de acordo com o melhor interesse do paciente
a conduta correta era a suspensão do tratamento que, no momento,
consistia apenas em alimentação e hidratação artificial (AHA). Ocorre
que, na prática a suspensão da AHA acarretaria a morte do sr. Y em
um prazo de poucas semanas.
1
Doutora em Ciências da Saúde pela faculdade de Medicina da UFMG. Mestre em
Direito Privado pela PUC-Minas. Sócia da Luciana Dadalto Sociedade de
Advogados. Professora do Centro Universitário Newton Paiva. Coordenadora do
Grupo de estudo e pesquisa em Bioética (GEPBio). Administradora do portal
www.testamentovital.com.br.
2
Acadêmica de Direito da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais e
pesquisadora do Grupo de estudo e pesquisa em Bioética (GEPBio).
58
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
2 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
O objetivo do presente artigo é analisar o caso “NHS Trust x
Y” frente ao ordenamento jurídico brasileiro. Para tanto, antes de
adentrar ao tema é necessário discutirmos conceitos importantes que
gravitam em torno do chamado direito de morrer.
Direito de morrer é uma expressão que, à primeira vista, pode
gerar interpretações radicais como a defesa de que cada indivíduo
possa ceifar sua vida ou pedir que a ceifem, por qualquer razão
subjetiva. Contudo, a referida expressão é utilizada na
contemporaneidade para se referir às discussões sobre a morte digna
de pacientes com doenças graves, incuráveis e/ou terminais.
Assim, institutos como a morte assistida, a eutanásia, o
suicídio assistido, a distanásia e a ortotanásia possuem especial
ligação com a temática, razão pela qual, os discutiremos a seguir.
Em linhas gerais, a morte assistida é um gênero que se divide
em eutanásia e suicídio assistido4. A construção conceitual da morte
assistida alicerça-se na ideia de que “os termos eutanásia e suicídio
3
SUPREMA CORTE DO REINO UNIDO. An NHS Trust and others (Respondents) v
Y (by his litigation friend, the Official Solicitor) and another (Appellants). Disponível
em: <https://www.supremecourt.uk/cases/uksc-2017-0202.html>, acesso em 24 set.
2018.
4
SEMEDO, João (Org.). Morrer com dignidade: a decisão de cada um. Lisboa:
Contraponto, 2018, p. 25.
59
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
5
VILLAS-BÔAS, Maria Elisa. Eutanásia. In: DADALTO, Luciana; GODINHO, Adriano
Marteleto; LEITE, George. Tratado Brasileiro sobre o Direito Fundamental à Morte
Digna. São Paulo: Almedina, 2017, p.101-130.
6
SUMNER, Wayne. Physician-Assisted Death: What Everyone Needs to Know. New
York: Oxford University Press, 2017.
60
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
7
BRASIL. Projeto de Lei do Senado PLS 236/2012. Anteprojeto de Código Penal.
Disponível em:
<https://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/106404>, acesso
em 20 set. 2018.
8
QUINTINO DE OLIVEIRA JÚNIOR, Eudes; QUINTINO DE OLIVEIRA, Pedro. A
eutanásia e a ortotanásia no anteprojeto do Código Penal brasileiro. Revista
Bioethikos. Centro Universitário São Camilo, v. 2012;6(4):392-398.
9
MOUREIRA, Diogo Luna; SÁ, Maria de Fátima Freire de. Suicídio Assistido. In:
DADALTO, Luciana; GODINHO, Adriano Marteleto; LEITE, George. Tratado
Brasileiro sobre o Direito Fundamental à Morte Digna. São Paulo: Almedina, 2017,
p.193-215.
61
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
10
AMERICAN MEDICAL ASSOCIATION. Medically Ineffective Interventions:
Physicians should only recommend and provide interventions that are medically
appropriate. Disponível em: <https://www.ama-assn.org/delivering-care/medically-
ineffective-interventions>, acesso em 25 set. 2018.
11
BARCELLOS DE MENEZES, Milene; SELLI, Lucilda; SOUZA ALVES, Joseane de.
Distanásia: percepção dos profissionais da enfermagem. In: Revista Latino-
Americana de Enfermagem, vol. 17, núm. 4, agosto, 2009.
12
GODINHO, Adriano Marteleto. Ortotanásia e Cuidados Paliativos: o correto
exercício da prática médica no fim da vida. In: DADALTO, Luciana; GODINHO,
Adriano Marteleto; LEITE, George. Tratado Brasileiro sobre o Direit Fundamental à
Morte Digna. São Paulo: Almedina, 2017, p.131-150.
13
WORLD HEALTH ORGANIZATION. Palliative care. 2014 [revisado ago 2017].
Disponível em: <http://www.who.int/en/news-room/fact-sheets/detail/palliative-
care>, acesso 18 set. 2018.
62
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
14
MOUREIRA, Diogo Luna; SÁ, Maria de Fátima Freire de. O direito subjetivo à
morte digna: uma leitura do direito brasileiro a partir do caso José Ovídio González.
Civilistica.com. Rio de Janeiro, a. 5, n. 2, 2016. Disponível em:
<http://civilistica.com/o-direito-subjetivo-a-morte-digna/>. Acesso em 20 set. 2018.
63
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
15
BRASIL. Projeto de Lei do Senado PLS 236/2012. Anteprojeto de Código Penal.
Disponível em:
<https://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/106404>, acesso
em 26 set. 2018.
16
Ressalte-se que em países em que a eutanásia e o suicídio assistido são
legalizados, o testamento vital é instrumento também para aceitação dessas
práticas, o que não é o caso do Brasil.
64
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
17
DADALTO, Luciana. A judicialização do testamento vital: análise dos autos n.
1084405-21.2015.8.26.0100/TJSP Civilistica.com. Rio de Janeiro, a. 7, n. 2, 2018.
Disponível em: <http://civilistica.com/a-judicializacao-do-testamento-vital/>. 20 set.
2018.
18
ARAÚJO, Cynthia; COGO, Silvana. A morte digna na Alemanha: Análise do caso
Putz. In: DADALTO, Luciana; SÁ, Maria de Fátima Freire de (Coord.). Direito e
Medicina: A morte digna nos tribunais. Indaiatuba: Editora Foco, 2018. p. 25-38.
19
DADALTO, Luciana. Reflexos jurídicos da Resolução CFM 1.995/12. Revista
Bioética, v. 2013; 21 (1): 106-12. Disponível em:
<http://revistabioetica.cfm.org.br/index.php/revista_bioetica/article/view/791>.
Acesso em: 27 set. 2018.
65
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
20
DADALTO, Luciana. Aspectos registrais das diretivas antecipadas de vontade.
Civilistica.com. Rio de Janeiro, a. 2. n. 4. 2013.
21
DADALTO, Luciana. Testamento Vital. 4 ed. Indaiatuba: editora Foco, 2018.
22
AMERICAN MEDICAL ASSOCIATION. Persistent vegetative state and the decision
to withdraw or withhold life support: Council on Scientific Affairs and Council on
Ethical and Judicial Affair. Journal of the American Medical Association, v. 263(3),
p. 423-30, 1990.
23
JUNGES, José; RODRIGUES FILHO, Edilson. Morte encefálica: uma discussão
encerrada?. Revista Bioética, v. 2015; 23 (3): 485-94. Disponível em:
66
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
<http://revistabioetica.cfm.org.br/index.php/revista_bioetica/article/view/1095/1326>.
Acesso em: 20 set. 2018
24
CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA. CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA.
Resolução 1931/2009. Disponível em:
<http://www.portalmedico.org.br/resolucoes/CFM/2009/1931_2009.pdf>, acesso
em: 20 set. 2018.
25
GONÇALVES, Ferraz; Conceitos e critérios de morte. In: Revista do Hospital de
Crianças Maria Pia,.2007, vol. XVI, nº 4. Disponível em:
<http://repositorio.chporto.pt/bitstream/10400.16/1123/1/ConceitosCriteriosMorte_1
6-4_Web.pdf> . Acesso 26 de setembro de 2018.
26
THE ECONOMIST. Quality of Death index. Disponível em:
<http://www.eiuperspectives.economist.com/healthcare/2015-quality-death-index>,
acesso em 22 set. 2018.
67
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
CONCLUSÃO
Retomando o caso do sr. Y, verifica-se que as conclusões da
Suprema Corte inglesa estão em consonância com o apresentado no
presente artigo. Segundo a corte, a suspensão de AHA em casos de
estado vegetativo persistente encontra amplo amparo nos protocolos
clínicos e, além disso, a incapacidade do paciente e a inexistência de
vontade previamente manifestada, dava à equipe médica o direito de
decidir conforme os protocolos.
Saliente-se que a Suprema Corte entendeu que a equipe
médica abriu mão de seu direito de decidir sozinha e decidiu
compartilhar a decisão com a família, o que não é obrigatório
segundo o ordenamento jurídico inglês.
Em verdade, a suspensão da alimentação e hidratação
artificial mostra-se como conflito recorrente ao redor do mundo. A
30
Suprema Corte indiana se manifestou sobre o tema em 2011 , ao
julgar o pedido de uma amiga da enfermeira Aruna Ramchandra
Shanbaug que, em 1973, ficou em EVP após ser vítima de agressão
dentro do seu recinto de trabalho que lhe gerou uma lesão irreversível
no tronco cerebral. O pedido foi ajuizado apenas em 2009 e
indeferido porque Suprema Corte Indiana entendeu não ter a
requerente legitimidade para fazer a solicitação em nome da
paciente, uma vez que essa estava sob cuidados médicos e não tinha
30
INDIAN SUPREME COURT. Aruna Ramchandra Shanbaug vs Union Of India &
Ors on 7 March, 2011. Disponível em: <http://indiankanoon.org/doc/235821/>,
acesso em 21 set. 2018.
69
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
31
Sobre o caso, recomenda-se a leitura de: DADALTO, Luciana; GUIRRO, Úrsula
Bueno de Prado. A morte digna na Índia: análise do caso Aruna Ramchandra
Shanbaug. In: DADALTO, Luciana; SÁ, Maria de Fátima Freire de (Coord.). Direito
e Medicina: A morte digna nos tribunais. Indaiatuba: Editora Foco, 2018. p. 125-
140.
32
US SUPREME COURT. Cruzan v. Director, MDH, 497 U.S. 261 (1990) Disponível
em:
<http://caselaw.lp.findlaw.com/scripts/getcase.pl?court=us&vol=497&invol=261.>Ac
esso em 19 st. 2018.
70
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
REFERÊNCIAS
ACADEMIA NACIONAL DE CUIDADOS PALIATIVOS. ANCP e Cuidados
Paliativos no Brasil. Disponível em: <http://paliativo.org.br/cuidados-
paliativos/cuidados-paliativos-no-brasil/>. Acesso em 18 set. 2018.
AMERICAN MEDICAL ASSOCIATION. Medically Ineffective Interventions:
Physicians should only recommend and provide interventions that are medically
appropriate. Disponível em: <https://www.ama-assn.org/delivering-care/medically-
ineffective-interventions>, acesso em 25 set. 2018.
AMERICAN MEDICAL ASSOCIATION. Persistent vegetative state and the
decision to withdraw or withhold life support: Council on Scientific Affairs and
Council on Ethical and Judicial Affair. Journal of the American Medical
Association, v. 263(3), p. 423-30, 1990.
ARAÚJO, Cynthia; COGO, Silvana. A morte digna na Alemanha: Análise do
caso Putz. In: DADALTO, Luciana; SÁ, Maria de Fátima Freire de (Coord.). Direito
e Medicina: A morte digna nos tribunais. Indaiatuba: Editora Foco, 2018. p. 25-38.
BARCELLOS DE MENEZES, Milene; SELLI, Lucilda; SOUZA ALVES, Joseane
de. Distanásia: percepção dos profissionais da enfermagem. In: Revista Latino-
Americana de Enfermagem, vol. 17, núm. 4, agosto, 2009.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>.
Acesso em: 16 set. 2018.
BRASIL. Projeto de Lei do Senado PLS 236/2012. Anteprojeto de Código Penal.
Disponível em:<https://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-
/materia/106404>, acesso em 26 set. 2018.
BRASIL. Projeto de lei do senado PLS 149/2018. Disponível em: <
https://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/132773>, acesso
em 24 set. 2018.
CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA. Resolução 1.805/2006.
<http://www.portal medico.org.br/resolucoes/cfm/2007/111_2007.htm> , Acesso
em: 20 set. 2018.
CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA. Resolução 1.931/2009. Disponível em:
<http://www.portalmedico.org.br/resolucoes/CFM/2009/1931_2009.htm>. Acesso
em 20 set. 2018.
CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA. Resolução 1995/2012. Disponível:
<http://www.portalmedico.org.br/resolucoes/CFM/2012/1995_2012.pdf>. Acesso
20 set 2018.
DADALTO, Luciana. Investir ou Desistir: Análise da Responsabilidade Civil do
Médico na Distanásia. In: MILAGRES, Marcelo; ROSENVALD, Nelson.
Responsabilidade Civil: Novas Tendências. 2ª Ed. Indaiatuba: editora Foco, 2018,
p.503-513.
DADALTO, Luciana. Testamento Vital. 4 ed. Indaiatuba: editora Foco, 2018.
71
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
73
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
74
ASPECTOS ÉTICOS E JURÍDICOS SOBRE A
RESPONSABILIDADE MÉDICA E A TEORIA DO
“MERO ABORRECIMENTO TEM VALOR”:
UMA ANÁLISE CONTEMPORÂNEA PARA SE EVITAR A
SUA EQUIVOCADA APLICAÇÃO
Graziela Tavares de Souza Reis 1
1
Advogada domiciliada em Palmas (TO). Graduada pela Universidade Estadual de
Londrina (UEL). Mestre em Direito pela Universidade Católica de Brasília (UCB).
Professora na Universidade Federal do Tocantins (UFT).
75
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
2
Madureira, Stéphanie Barros. Magia e gênero na mitologia grega:uma análise
comparada do uso dophármakon pelas feiticeiras Circe e Medeia (séculos VIII e V
a.C.)Disponível em
<http://www.ppghc.historia.ufrj.br/index.php/teses-e-dissertacoes/teses-e-
dissertacoes/dissertacoes/217-magia-e-genero-naliteratura-grega-uma-analise-
comparada-do-uso-do-pharmakon-pelas-feiticeiras-circe-e-medeia-seculos-viii-e-v-
a-c/file>p. 127/128, acesso em 09.10.2018. “Como mulheres que são habilidosas
na arte da magia e dos feitiços, observando a forma desmedida com que agem em
contraponto aos personagens masculinos de suas histórias, percebemos Circe e
Medeia como exemplos literários negativos, através dos quais os homens
buscavam conter e repreender essa prática. A associação do gênero feminino com
a feitiçaria seria facilitada pela própria natureza feminina, que é incompreendida e
temida: como Circe e Medeia, a feiticeira usa de seus conhecimentos para
subverter a ordem “natural” do mundo. Só pudemos compreender de maneira mais
satisfatória esta associação quando verificamos as temidas práticas femininas no
contexto da Atenas clássica; no que concerne ao uso do phármakon, verificamos
que ele é principalmente empregado em feitiços e magia do amor”.
3
Trabalho citado. Disponível em <http://www.ppghc.historia.ufrj.br/index.php/teses-e-
dissertacoes/teses-e-dissertacoes/dissertacoes/217-magia-e-genero-naliteratura-
grega-uma-analise-comparada-do-uso-do-pharmakon-pelas-feiticeiras-circe-e-
medeia-seculos-viii-e-v-a-c/file>p. 129/130, acesso em 09.10.2018. “Como
representações de feiticeiras, sendo exemplos para a literatura ocidental que
seguiu a tradição de Homero e Eurípides. Como mulheres marginais sem um kurios
e versadas nos conhecimentos farmacológicos e mágicos, a sua tímida conexão
mítica arcaica transformou-se e assentou-se nas tradições subsequentes,
conectando-as permanentemente. Percebemos essa transformação sobretudo por
meio das alusões a Circe homérica em Píndaro e Eurípides (BRACKE, 2009, p.99).
Assim, mesmo que estivessem conectadas à magia de formas distintas (Circe faz
uso de seus conhecimentos a seu bel-prazer, divertindo-se com o sofrimento dos
pobres homens que atracam em sua ilha; enquanto Medeia é lembrada
principalmente pelos assassinatos que comete) e que tivessem suas polarizações
transformadas ao longo de suas histórias (Circe é a astúcia feminina domesticada
por Odisseu, enquanto Medeia rebela-se contra a própria domesticação e retorna
aos costumes selvagens), as duas personagens passaram a ser percebidas
conjuntamente em mitos relacionados à magia grega. Sua ascendência titânica
também as colocava em um patamar diferente das outras divindades femininas,
aproximando-as muito mais da alteridade e selvageria. Os titãs, derrotados por
Zeus, dominavam outrora um mundo sem ordenação e, por conseguinte, sem
felicidade. Ao longo deste trabalho, percebemos como os poetas e filósofos
apresentavam a magia em termos polarizados, sobretudo relegado às mulheres e
aos estrangeiros. Uma vez que o discurso clássico acerca da magia foi
estabelecido, Circe e Medeia representaram de maneira ímpar a imagem
polarizada da feiticeira, já que estavam tradicionalmente conectadas “à pharmakeia
e à transgressão dos limites geográficos e de gênero” (BRACKE, 2009, p. 94). Os
períodos subsequentes continuaram a apresentá-las como talentosas mulheres
feiticeiras, atribuindo um caráter ainda mais ardiloso às duas. A elas seguiu-se uma
tradição de bruxas e feiticeiras que almejavam alcançar o mesmo grau de
76
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
79
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
3 RESPONSABILIDADES JURÍDICAS
O profissional médico dispõe de direitos sobre a vida e a
morte do semelhante; responsabiliza-se por ela, poder atribuído pelo
próprio Estado, no propósito de levar a cura, o prolongamento da
vida, a minoração do sofrimento. Todavia, esse mesmo Estado
adverte que o erro ou omissão, que possam redundar em danos ou
na própria morte do paciente, serão responsabilizados, devendo
6
Surge daí a construção do “princípio da afeição”, com a relação subjetiva fora dos
estreitos limites do indivíduo. O princípio em sua origem antropológica representa,
a rigor, uma estratégia de preservação da espécie ou se traduz em defesa coletiva
das partes solidárias, onde o "todo é maior do que a soma das partes" e se destaca
o princípio da sobrevivência da unidade maior (espécie) por meio da defesa da
unidade menor (indivíduo). Conforme monografia apresentada no curso de
especialização em formulação e gestão de políticas públicas, na Universidade
Estadual de Londrina, disponível em
<http://www.escoladegestao.pr.gov.br/arquivos/File/artigos/saude/proposta_de_imp
lantacao_da_comissao_de_etica_em_enfermagem.pdf>acesso em 10.10.2018.
80
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
7
Código Civil Brasileiro. Art. 951. O disposto nos arts. 948, 949 e 950 aplica-se
ainda no caso de indenização devida por aquele que, no exercício de atividade
profissional, por negligência, imprudência ou imperícia, causar a morte do paciente,
agravar-lhe o mal, causar-lhe lesão, ou inabilitá-lo para o trabalho
8
Pretel, Mariana. Da responsabilidade civil do médico - a culpa e o dever de
informação. Disponível em
<http://www.conteudojuridico.com.br/?colunas&colunista=151_Mariana_Pretel&ver
=641>
81
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
82
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
9
Comentários ao artigo. Disponível em
<https://www.jusbrasil.com.br/comentarios/413770201>, acesso em 08.10.2018.
84
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
85
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
86
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
10
Tradução livre da autora. Os avanços nas ciências e tecnologias médicas tem
potencializado as expectativas dos pacientes que hoje, muitas vezes pretendem
que lhes seja garantido os resultados dos tratamentos e procedimentos médicos. O
87
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
CONCLUSÃO
Vê-se que a relação médica com seus pacientes não mais
traduz-se em uma relação de absoluta autoridade, paternalista e a ela
atribuído um caráter místico. Ao mesmo tempo, o direito dos
pacientes à informação sobre os tratamentos e procedimentos a que
serão submetidos está normatizado como dever jurídico inafastável.
A profissão médica tem sido mais democratizada, exercida
por homens e mulheres e alcançando pessoas que tiveram a
oportunidade de serem esclarecidas, pela educação formal, ou não.
Esses pacientes devem ser respeitados em sua individualidade,
dentro dos limites para o exercício profissional e nos propósitos
humanistas trazidos pelo próprio Código de Ética Médico.
Contudo, a responsabilidade médica é subjetiva,
fundamentada na teoria da culpa e a aplicação da teoria de que “o
mero aborrecimento deva ser indenizado”, ao que parece, é
questionável aqui, pois o que fundamenta eventual erro ou
negligência médica é a prova contundente do nexo causal de seus
atos ou omissões com danos à saúde evidentes. Eventuais desgastes
nessa relação, que por sua complexidade, também indica a
dificuldade muitas vezes do profissional médico descrever ou
pormenorizar todas as condutas que entende oportunas e aplicáveis
ao caso, por tudo o que se ponderou, desde Hipócrates até a doutrina
da responsabilidade civil atual, não deveriam ser considerados como
danos indenizáveis.
A jurisprudência do “mero aborrecimento” enfatiza as
consequências emocionais de um dano, onde o termo sugere que o
bem ou interesse jurídico lesado, mesmo que atingido de maneira
paciente está cada vez mais reticente a tolerar sobre si mesmo os efeitos adversos
de um tratamento, sem importar se o mesmoderiva ou não de uma negligência
médica, o paciente, aspirará, com ou sem razão, a um ressarcimento do médico ou
10
do centro médico hospitalar.
88
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
REFERÊNCIAS
BOFF, Leonardo. Ética e moral: a busca dos fundamentos. Petrópolis: Vozes,
2003.
BRASIL. Código de Ética Médica, Resolução CFM n.º 1.246/88. Disponível em
https://portal.cfm.org.br/images/stories/biblioteca/codigo%20de%20etica%20medic
a.pdf,acesso em 05.10.2018.
BRASIL. Código Civil de 2002 (Lei nº 10.406 de 10 de janeiro de 2002).
Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm >
Acesso em 05.10.2018.
BRASIL. Código de Defesa do Consumidor. Disponível em
<https://portal.cfm.org.br/images/stories/biblioteca/codigo%20de%20etica%20med
ica.pdf> Acesso em 05.10.2018.
COUTO FILHO, Antonio Ferreira e SOUZA, Alex Pereira. Responsabilidade Civil
Médica e Hospitalar. Editora Lumen Juris. Rio de Janeiro: 2008
DONIZETTI, Elpídio; QUINTELLA, Felippe. Curso Didático de Direito Civil.
Editora GEN. São Paulo: 2017.
MADUREIRA, Stéphanie Barros. Magia e gênero na mitologia grega: uma
análise comparada do uso do phármakon pelas feiticeiras Circe e Medeia
(séculos VIII e V a.C.)Disponível em
<http://www.ppghc.historia.ufrj.br/index.php/teses-e-dissertacoes/teses-e-
dissertacoes/dissertacoes/217-magia-e-genero-naliteratura-grega-uma-analise-
89
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
comparada-do-uso-do-pharmakon-pelas-feiticeiras-circe-e-medeia-seculos-viii-e-v-
a-c/file>, acesso em 09.10.2018
PRETEL, Mariana. Da responsabilidade civil do médico - a culpa e o dever de
informação. Disponível
em<http://www.conteudojuridico.com.br/?colunas&colunista=151_Mariana_Pretel
&ver=641> acesso em 08.10.2018
REZENDE, JM. À sombra do plátano: crônicas de história da medicina [online]. O
juramento de Hipócrates. São Paulo: Editora Unifesp, 2009. Disponível em
<http://books.scielo.org/id/8kf92/pdf/rezende-9788561673635-04.pdf> acesso em
10.10.2018.
SEPÚLVEDA, Darío Andrés Parra. La Evolución Ético-Jurídica De La
Responsabilidad Médica. Acta Bioethica 2014; 20 (2): 207-213. INTERFACE.
Grupo de Investigaciones Jurídicas, Facultad de Ciencias Jurídicas,
Universidad Católica de Temuco, Chile.
TEPEDINO, Gustavo. A responsabilidade médica na experiência brasileira
contemporânea. Porto Alegre: Revista Jurídica.
VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil, volume 4, 2ª Ed. São Paulo: Editora Atlas,
2002.
90
A RESPONSABILIDADE
ÉTICO-COMPORTAMENTAL DO MÉDICO
Osvaldo Pires G. Simonelli 1
INTRODUÇÃO
A prática médica é um reflexo da sociedade. A partir desta
afirmação podemos concluir que aquilo que exigimos do profissional
nada mais é do que a representação quanto aos anseios decorrentes
da nossa própria vida e a forma com que enxergamos o mundo.
O comportamento que exigimos do profissional médico é,
portanto, um espelho do ambiente que convivemos e, neste aspecto,
é possível compreendermos os avanços da medicina, bem como sua
estagnação em alguns momentos da história.
O homem é uma obra incrível. Contudo, no mundo ocidental,
é visto como uma máquina potente, uma incomparável e complexa
conjuntura de sistemas bioquímicos absolutamente afinados,
enquanto no lado oriental do planeta há um componente de equilíbrio
nesta máquina, baseado na “energia”.
E neste contexto complexo está inserido o médico,
profissional que se dedica a compreender o intrincado funcionamento
deste mecanismo enérgico-biológico, se nos for autorizado unir a
medicina ocidental com a oriental, sempre com vistas a combater o
grande mal da humanidade: a morte.
E, partir desta concepção, no sentido de que ao médico
incumbe zelar e proteger a saúde dos cidadãos conceituados como
“comuns”, evidentemente há a inevitável atração da responsabilidade,
da exigência social quanto a um comportamento absolutamente
ímpar do denominado “profissional da medicina”.
1
Mestre em Ciências da Saúde pela Escola Paulista de Medicina/Unifesp.
Especialista em Direito Processual Civil e Direito Público pela Escola Paulista da
Magistratura/SP. Advogado do Cremesp. Chefe do Departamento Jurídico do
Cremesp (2005-2015). Superintendente Jurídico do Cremesp (2016-2018).
Coordenador de Cursos e Professor na área do Direito Médico e da Saúde.
91
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
92
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
93
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
94
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
95
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
CONCLUSÃO
A medicina é, antes de tudo, o amor em prática.
E, a prática médica, é dotada de tal grau de relevância, que
se misturando com a própria vida em sociedade. Quando a medicina
não vai bem, a sociedade adoece junto.
96
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
REFERÊNCIAS
BRASIL. Decreto-Lei 7.955, de 13 de setembro de 1945. Institui Conselhos de
Medicina e dá outras providências. Brasília, DF, set. 1945.
CREMESP. Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo.
<http://transparencia.cremesp.org.br>. Acesso em 03 out 2018.
BRASIL. Lei Federal n. 3.268/57, de 30 de setembro de 1957. Dispõe sôbre os
Conselhos de Medicina, e dá outras providências. Brasília, DF, set. 1957.
Rooney, Anne. A História da Medicina. Das Primeiras Curas aos Milagres da
Medicina Moderna. Tomo I – Parte Geral. São Paulo: M.Books, 2013.
Miranda-Sá Júnior, Luiz Salvador de. Uma Introdução à Medicina. Volume I. O
Médico. Brasília: Conselho Federal de Medicina, 2013.
97
O ÔNUS DA PROVA NA AÇÃO
DE RESPONSABILIDADE CIVIL
CONTRA HOSPITAL INTEGRANTE
DA REDE PÚBLICA DE SAÚDE (SUS)
Guilherme Borba Vianna 1
INTRODUÇÃO
O presente estudo busca analisar a questão atinente a
distribuição do ônus da prova nas ações que envolvam a
responsabilidade de hospitais prestadores de serviços médicos por
meio de órgãos e instituições públicas federais, estaduais e
municipais, da Administração direta e indireta, das fundações mantidas
pelo Poder Público, ou ainda instituições particulares, mas
2
remunerados por meio do SUS (Sistema Único de Saúde).
A questão de fundo reside no fato de que embora o Código de
Defesa do Consumidor (CDC) conceitue como fornecedor o prestador
de serviço, pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que exerça
com habitualidade atividade mediante remuneração direta ou indireta
3
(inclusive as aparentemente gratuitas), quando estes serviços forem
custeados pelo SUS (por meio de receitas tributárias), restará afasta a
aplicação das regras previstas no CDC, sobretudo a disposição
concernente a inversão ao ônus da prova (art. 6º, VIII do CDC).
1
Mestre em Direito Econômico e Social pela PUCPR. Especialista em Direito
Societário pela UFPR. Especialista em Direito Processual Civil pelo IBEJ. Professor
de Direito do Consumidor e de Direito Empresarial na Faculdade de Educação
Superior do Paraná - FESPPR. Professor associado da BRASILCON. Advogado.
2
O SUS foi criado pela Constituição Federal de 1988 e regulamentado pela Lei nº
8.080/90.
3
Neste sentido conferir: (STJ, REsp. 566468/RJ, Rel. Min. Jorge Scartezzini, DJ
17/12/2004).
98
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
4
O Diálogo das Fontes foi sustentado inicialmente pelo jurista alemão Erik Jaime e
trata da aplicação simultânea de muitas leis ou fontes de direito privado, sob à luz
da Constituição de 1988. Em outras palavras, consiste na utilização de normas
variadas para a resolução de conflitos, as quais “dialogam” em busca do resultado
mais justo e consentâneo aos valores constitucionais. O art. 7º do CDC dá guarida
para a aplicação do Diálogo das Fontes, pois recebe as demais normas protetoras
do consumidor como normas importantes à consecução de seus objetivos.
99
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
5
MARQUES, Cláudia Lima. Contratos no Código de Defesa do Consumidor: o
novo regime das relações contratuais. 7ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2014, p. 625.
6
PELLEGRINI, Guilherme Martins. A responsabilidade do Estado-fornecedor com
base no Código de Defesa do Consumidor. Revista de Direito do Consumidor.
Ano 25. Vol. 105. Mai-jun./2016, p. 303-304.
7
Garcia, Leonardo de Medeiros. Direto do consumidor: código comentado,
jurisprudência, doutrina. 8ª ed. Niterói: Impetus, 2012, p. 27.
100
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
8
(STJ, REsp 609.332/SC, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em
09/08/2005, DJ 05/09/2005, p. 354).
9
NOVAIS, Elaine Cardoso de Matos. Serviços públicos e relação de consumo:
aplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor. Curitiba: Juruá, 2008, p. 190.
10
PACÍFICO, Luiz Eduardo Boaventura. O ônus da prova no direito processual
civil. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2000, p. 15.
101
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
o autor deve provar os fatos que constituem o direito por ele afirmado,
mas não a não existência daqueles que impedem a sua constituição,
determinam a sua modificação ou a sua extinção. Não há racionalidade
em exigir que alguém que afirma um direito deva ser obrigado a se
referir a fatos que impedem o seu reconhecimento pelo juiz. Isso deve
11
NERY JUNIOR, Nelson. Código de processo civil comentado. 16ª ed. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2016, p. 1081.
12
ECHANDÍA, Hernando Devis. Teoría general de la prueba judicial. 6ª ed. Buenos
Aires: Zavalia Editor, 1988, 2 v., t.1., p. 420-421.
102
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
ser feito por aquele que pretende que o direito não seja reconhecido,
13
isto é, pelo réu.
13
MARINONI. Luiz Guilherme. Prova e convicção: de acordo com o CPC de 2015.
3ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015, p. 194.
14
Conforme descreve José Miguel G. Medina, a “teoria das cargas probatórias
dinâmicas” foi desenvolvida por Jorge W. Peyrano em sua obra “Cargas
probatórias dinâmicas. Buenos Aires: Rubinzal-Culzoni, 2004”. (MEDINA, José
Miguel Garcia. Novo Código de Processo Civil comentado: com remissões e
notas comparativas ao CPC/1973. 4ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016,
p. 663).
15
NERY JUNIOR, Nelson. Código..., p. 1.084.
16
MARINONI. Luiz Guilherme. ARENHART, Sérgio Cruz. MITIDIERO. Daniel. Novo
curso de processo civil: tutela dos direitos mediante procedimento comum. Vol.
II. 2ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016, p. 275.
103
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
17
DIAS, José de Aguiar. Da responsabilidade civil. 9ª ed. Rio de Janeiro: Forense,
1994, v. I, p. 01.
18
GAGLIANO, Pablo. PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito civil. Vol.
III: responsabilidade civil. 6ª ed. São Paulo: Saraiva, 2008, p. 09.
19
GAGLIANO, Pablo. PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo..., p. 15.
104
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
20
MIRANDA, Pontes. Comentários à Constituição Federal de 1967. vol. III, p. 523.
105
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
21
CRETELLA JÚNIOR, José. Tratado de direito administrativo. Vol. 8. 1ª ed., São
Paulo: Forense, p. 210.
22
STOCO, Rui. Responsabilidade civil e sua interpretação jurisprudencial. 3ª ed.
São Paulo: Revista dos Tribunais, 1994, p. 282.
106
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
107
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
23
(TJTO - AC 0017797-40.2015.827.0000, Rel. Juíza Edilene Pereira de Amorim
Alfaix Natário, 2ª Turma da 1ª Câmara Cível, j. em 13/06/2018).
24
(TJPR - 3ª CC - AI - 1708696-3 - Campo Largo - Rel.: José Sebastião Fagundes
Cunha - Unânime - J. 13.03.2018)
108
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
109
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
25
(STJ, AgInt no AREsp 1292086/RJ, Rel. Ministra Assusete Magalhães, Segunda
Turma, julgado em 06/09/2018, DJe 13/09/2018).
110
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
REFERÊNCIAS
CRETELLA JÚNIOR, José. Tratado de direito administrativo. Vol. 8. 1ª ed., São
Paulo: Forense.
DIAS, José de Aguiar. Da responsabilidade civil. 9ª ed. Rio de Janeiro: Forense,
1994, v. I.
ECHANDÍA, Hernando Devis. Teoría general de la prueba judicial. 6ª ed.
Buenos Aires: Zavalia Editor, 1988, 2 v., t.1.
GAGLIANO, Pablo. PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito civil.
Vol. III: responsabilidade civil. 6ª ed. São Paulo: Saraiva, 2008.
GARCIA, Leonardo de Medeiros. Direto do consumidor: código comentado,
jurisprudência, doutrina. 8ª ed. Niterói: Impetus, 2012.
MARINONI. Luiz Guilherme. ARENHART, Sérgio Cruz. MITIDIERO. Daniel. Novo
curso de processo civil: tutela dos direitos mediante procedimento comum. Vol.
II. 2ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016.
______. Prova e convicção: de acordo com o CPC de 2015. 3ª ed. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015.
MARQUES, Cláudia Lima. Contratos no Código de Defesa do Consumidor: o
novo regime das relações contratuais. 7ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2014.
111
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
MEDINA, José Miguel Garcia. Novo Código de Processo Civil comentado: com
remissões e notas comparativas ao CPC/1973. 4ª ed. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2016.
MIRANDA, Pontes. Comentários à Constituição Federal de 1967. vol. III.
NERY JUNIOR, Nelson. Código de processo civil comentado. 16ª ed. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2016.
NOVAIS, Elaine Cardoso de Matos. Serviços públicos e relação de consumo:
aplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor. Curitiba: Juruá, 2008.
PACÍFICO, Luiz Eduardo Boaventura. O ônus da prova no direito processual
civil. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2000.
PELLEGRINI, Guilherme Martins. A responsabilidade do Estado-fornecedor com
base no Código de Defesa do Consumidor. Revista de Direito do Consumidor.
Ano 25. Vol. 105. Mai-jun./2016.
STOCO, Rui. Responsabilidade civil e sua interpretação jurisprudencial. 3ª
ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1994.
112
COMUNICAÇÃO CONSTRUTIVA
NA RELAÇÃO MÉDICO-PACIENTE:
O USO DA MEDIAÇÃO COMO FORMA DE PREVENÇÃO
E GESTÃO DE CONFLITOS MÉDICOS
Cínthia Ayres Holanda 1
INTRODUÇÃO
Os conflitos sempre existiram e fazem parte da vida em
sociedade. Todas as relações interpessoais implicam,
necessariamente, em duas ou mais pessoas distintas e únicas, com
características, histórias de vida e ideologias próprias. Portanto, é
natural que possam ocorrer choques no ponto de vista de cada
pessoa envolvida em uma relação.
Um aspecto primordial para o aumento dos conflitos na seara
médica é a mudança do relacionamento entre o médico e o seu
enfermo. O paternalismo antes existente entre as famílias e os
denominados “médicos de cabeceira”, que conheciam a fundo seu
paciente, seus medos e anseios, deu lugar a uma relação cada vez
mais impessoal, autônoma, sem diálogo ou empatia por parte dos
atores envolvidos. Do outro lado, os planos de saúde entram como
um terceiro na relação, retirando a pessoalidade na escolha do
profissional pelo paciente, atribuindo um valor ínfimo aos honorários
pagos ao médico.
1
Advogada atuante na área de Direito Médico e Responsabilidade Civil.
Mestre em Direito e Gestão de Conflitos pela UNIFOR. Especialista em
Direito Médico pela Escola Paulista de Direito. Habilitada em Mediação de
Conflitos pela Universidade de Columbia, NY. Ex -Presidente da Comissão
Especial de Direito à Saúde da OAB-PI. Parecerista Ad Hoc da Revista de
Bioética do Conselho Federal de Medicina. Professora nos cursos de Direito,
Medicina e Odontologia.
113
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
114
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
115
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
FONTE: STJ.
117
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
118
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
FONTE: ANADEM.
119
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
120
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
2
Os debates na conferência giravam em torno da insatisfação da população com o
Poder Judiciário. Neste sentido, Frank Sander (1979) fez uma exposição de um
modelo onde o Judiciário americano fosse constituído por vários mecanismos de
solução de conitos que pudessem ser utilizados tanto pré-processualmente quanto
na fase processual.
O modelo idealizado foi chamado de Fórum/Tribunal de Múltiplas Portas, onde o
Poder Judiciário dispunha de diversos mecanismos de solução de conflitos,
objetivando um tratamento adequado e, consequentemente, proporcionando mais
efetividade. Luchiari (2012, p. 105) discorre sobre o Fórum de Múltiplas Portas ou
Tribunal de Múltiplas Portas como uma forma de organizaçãojudiciária:
O Fórum de Múltiplas Portas ou Tribunal Multiportas constitui uma forma de
organizaçãojudiciária, na qual o Poder Judiciário funciona como um centro de
resolução de disputas, com vários e diversos procedimentos, cada qual com suas
vantagens e desvantagens, que devem ser levadas em consideração no momento
de escolha, em função das características especificas de cada conflito e das
pessoas envolvidas. Em outras palavras, o sistema de uma única “portas”, que é a
do processo judicial, é substituído por um sistema composto de variados tipos de
procedimento, que integram um “centro de resolução de disputas”, organizado pelo
Estado, composto de pessoas treinadas para receber as partes e direcioná-las ao
procedimento mais adequado para o seu tipo de conflito.
O Sistema de Múltiplas Portas foi implementado no Judiciário americano (como
idealizado ou com modicações que atendessem as exigências distintas dos
Estados americanos) e tem obtido resultados positivos. Sua implementação passou
por diversas fases até chegar à institucionalização18. O modelo contempla a
inclusão das partes no processo de solução dos conflitos, a manutenção e o
reestabelecimento de vínculos, minimizando gastos de tempo, financeiros e
emocionais, diminuindo, consequentemente, as ações judiciais e aumentando a
satisfação da população. (SALES; CHAVES, 2014).
122
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
3
A Escola tradicional – Harvard, desenvolvida por Fisher, Uri e Patton em 1991 e
proveniente do campo empresarial, centra- se na satisfação individual das partes e
visa à obtenção de um acordo. Esse modelo separa as pessoas do problema;
enfoca os interesses e não as posições; cria opções para benefíciomútuo e insiste
nos critérios objetivos. Nesse modelo o mediador é o facilitador de uma
comunicação pensada de forma linear, de um conflito construído sobre uma
relação de causa e efeito.
A Escola Transformativa, desenvolvida por Bush e Folger, busca a transformação
das pessoas no sentido do crescimento da revalorização pessoal e do
reconhecimento da legitimidade do outro, e, portanto, o acordo é visto como uma
possibilidade e não como uma finalidade própria do processo mediativo. O foco
123
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
CONCLUSÃO
A mudança na relação médico-paciente e no processo de
comunicação, aliada as novas tecnologias, impactou na forma
como os atores dessa relação passaram a gerir seus conflitos,
tendo sido estes considerados os fatores primordiais para o
surgimento de processos e demandas contra médicos.
Nessa ordem de ideias, a prática da deontologia medica é
fundamental na formação e atuação do profissional da medicina ,
que vem se transformando, ao longo do tempo, já que a
humanidade também sofre uma metamorfose constante. Neste
cenário, ganha relevo cada vez mais a participação do paciente
no processo de decisão, deixando-se de lado uma medicina
paternalista, para uma medicina participativa, na qual a
autonomia do paciente deve ser levada em consideração na
decisão da conduta terapêutica a ser seguida.
Surge então a à necessidade de implementação de novas
formas de pensar o conflito médico, principalmente voltada para
a relação médico-paciente, pilar fundamental na sustentação da
profissão.
A mediação é mais do que uma forma de resolução de
conflitos, é algo cultural e suas técnicas podem ser aplicadas em
todas as esferas de relacionamento, uma vez que buscam uma
melhora no processo de comunicação e no diálogo dos
indivíduos.
125
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
REFERÊNCIAS
BEAUCHAMP, Tom L.; CHILDRESS, James F. Principles of biomedical
ethics. Trans. Luciana Pudenzi. 4 ed. New York: Oxford University Press,
1994
BEAUCHAMP, Tom L.; CHILDRESS, James F. Principles of biomedical
ethics. Trans. Luciana Pudenzi. 6 ed. New York: Oxford University Press,
2009.
BRASIL. Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul. Resolução
CFM nº 1.931/2009. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. 24
set. 2009, Seção I, p. 90.
BRASIL. Constituição da república federativa do Brasil. Brasília: Senado,
1988.
BRASIL. Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Dispõe sobre o
Código Penal. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília,
1940.
BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil.
Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, v. 11, 2002.
BRASIL. Lei nº 3.268, de 30 de setembro de 1957. Dispõe sobre os
Conselhos de Medicina, e dá outras providências. Diário Oficial da
República Federativa do Brasil, Brasília, v. 5, 1957.
BRASIL. Resolução CFM nº 2.145/2016. Diário Oficial da República
Federativa do Brasil, 27 out. 2016, Seção I, p. 329.
CANAL, Raul. O pensamento jurisprudencial brasileiro no terceiro
milênio sobre erro médico. Anadem, 2016
FRANÇA, Genival Veloso. A velha e a nova ética médica. 7 ed. Guanabara
e Koogan, 2013. p. 433.
FRANÇA, Genival Veloso. Direito médico. 9 ed. Rio de Janeiro: Forense,
2007.
FRANÇA, Genival Veloso. Medicina Legal. 7 ed. Guanabara e Koogan,
2004.
126
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
127
A DOCUMENTAÇÃO COMO ELEMENTO
FUNDAMENTAL NA DEFESA JUDICIAL MÉDICA
Felippe Abu-Jamra Corrêa 1
1
Advogado atuante na área de Direito Médico e Responsabilidade Civil. Mestre em
Direito Empresarial e Cidadania pelo UNICURITIBA. Especialista em Direito
Processual Civil pelo Instituto de Direito Romeu Felipe Bacellar. Presidente da
Comissão Especial de Direito Médico da OAB/TO e membro da Comissão Especial
de Direito Médico e da Saúde do Conselho Federal da OAB. Professor nos cursos
de Direito e Medicina.
2
A esse respeito reportagem que trouxe estatísticas e tratou da responsabilidade
civil e de holding patrimonial para médicos na Revista de Plástica Paulista, nº 65,
de janeiro-março 2018. Igualmente o destaque ao tema dado pelo Jornal do
Cremesp, nº 359 de junho de 2018, que na mesma edição trouxe duas matérias
sobre o assunto: “Plenária Temática II: Judicialização da saúde é tema de debates”
e a cobertura sobre o I Congresso Paulista de Direito Médico que abordou, dentre
outros, “judicialização da saúde e responsabilidade profissional”.
128
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
3
FRANÇA, Genival Veloso de. Direito Médico. Doutrina, legislação e jurisprudência
atinentes a profissão médica. 14. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2017, p. 11.
4
Como ensina Patrícia Peck Pinheiro “esses fatos são reflexo de um caminho rumo
à chamada sociedade convergente que se vem desenvolvendo rapidamente desde
a criação do telefone, considerada a primeira ferramenta de comunicação
simultânea a revolucionar os comportamentos sociais. Na outra ponta deste
movimento evolutivo, a Internet veio possibilitar não apenas o encurtamento das
distâncias, com maior eficiência de custos, mas, sobretudo, a multicomunicação, ou
seja, transmissão de texto, voz e imagem”. PINHEIRO, Patrícia Peck. Direito
Digital. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2014. p. 62.
5
“TSE vai combater fake news com apoio da imprensa”,
129
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
http://www.tse.jus.br/imprensa/noticias-tse/2018/Fevereiro/tse-vai-combater-fake-
news-com-apoio-da-imprensa; ou ainda “Último painel do seminário sobre liberdade
de imprensa discute fake news”,
http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=381101.
130
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
6
Mesmo respeitando opiniões em sentido diverso, nos parece essa a literalidade do
parágrafo segundo do artigo 98 do Código de Processo Civil.
7
Apelação Cível Nº 70039318506, Sexta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS,
Relator: Sylvio José Costa da Silva Tavares, Julgado em 26/02/2015.
8
http://www.camara.leg.br/buscaProposicoesWeb/resultadoPesquisa?numero=6749
131
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
&ano=2016&autor=&inteiroTeor=&emtramitacao=Todas&tipoproposicao=%5BPL++
Projeto+de+Lei%5D&data=27/09/2018&page=false
9
O termo, mesmo que de forma indireta, foi abordado ainda em 2004 pelo CFM por
seu então Presidente Roberto Luiz d´Avila, no artigo “O médico e o direito à
remuneração justa”.
132
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
10
Além dos fatores citados no texto, aponta Nehemias Melo que os chamados erros
médicos podem decorrer ainda “induzidos por resultados de exames falso positivo
ou falso negativo, por manuseio errôneo do laboratório; da falta de equipamentos
adequados postos a disposição do facultativo, pelo hospital; da massificação do
ensino com a conseqüente queda na qualidade de formação dos futuros médicos;
da falta de remuneração adequada, o que obriga a maioria dos médicos a trabalhar
em mais de uma unidade, em plantões extensos e fatigantes; da falta de
especialização e conhecimento adquiridos, em face da impossibilidade, dentre
tantas outras causas”. MELO, Nehemias Domingos de. Responsabilidade civil
por erro médico. Doutrina e Jurisprudência. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2013, p. 8.
11
FRANÇA, 2017,p. 12.
12
FONSECA, Pedro H. C; FONSECA, Maria Paula. Direito do Médico. De acordo
com o novo CPC.Belo Horizonte: D´Plácido, 2016, p. 63.
13
A esse respeito a lição sempre assertiva de Miguel Kfouri: “Ao profissional da
medicina não se aplica nenhuma dessas disposições do parágrafo único do art.
927: primeiro por inexistir lei que imponha ao médico o dever de reparar o dano
independentemente de culpa; segundo, porque a atividade médica não implica, por
sua natureza, risco para o paciente – muito pelo contrário: representa, as mais
133
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
nos casos previstos em lei (como se dá, por exemplo, no inciso VIII do
art. 6º do Código do Consumidor, em que o que há é propriamente,
uma inversão do ônus da prova) ou diante de peculiaridade da causa
relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de produzir
prova nos moldes do caput, ou ainda, considerando a maior facilidade
de obtenção da prova do fato contrário, poderá o magistrado atribuir o
20
ônus da prova de modo diverso.
18
A do profissional liberal será sempre subjetiva a teor do parágrafo 4º do artigo 14,
ao passo que a das pessoas jurídicas será avaliada conforme já nos referimos
anteriormente.
19
Artigo 373, II do CPC.
20
BUENO, Cassio Scarpinella. Manual de Direito Processual Civil. Volume Único,
4. ed. São Paulo: Saraiva Jur, 2018, p. 410.
21 o o
Art. 373 (...) § 2 A decisão prevista no § 1 deste artigo não pode gerar situação
em que a desincumbência do encargo pela parte seja impossível ou
excessivamente difícil.
135
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
22
Posicionamento que apesar de consolidado em nossa jurisprudência,
respeitosamente discordamos, entendendo mais adequado à atividade médica o
entendimento adotado por autores como Hildergard Taggesell Giostri na elucidativa
obra “Responsabilidade Médica. As obrigações de meio e de resultado:
avaliação, uso e adequação”. Ou ainda a análise com ressalvas dessa
classificação, como observam Clayton Reis e Horácio Monteschio no artigo
“Responsabilidade civil subjetiva do cirurgião plástico em face do direito da
personalidade do paciente”, disponível em
http://www.publicadireito.com.br/artigos/?cod=5ef9f5ae91440a6e
136
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
23
A esse respeito, por exemplo, o artigo 88 do Código de Ética Médica ou mesmo o
artigo 8º da Resolução 1.821/2007 do Conselho Federal de Medicina.
137
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
24
FRANÇA, 2017, p. 19.
25
Nesse sentido: “I - A negligência estatal na prestação de serviços médicos ficou
demonstrada, pois a autora não foi notificada sobre o diagnóstico de hepatite C
nem houve a anotação em seu prontuário médico, o que impossibilitou a realização
tempestiva do tratamento e culminou na necessidade de transplante de fígado, em
vista da evolução para o quadro de cirrose hepática.” TJ/DF 20160111227507APC,
Relator: Vera Andrighi; 6ª Turma Cível, Data de Julgamento: 30/05/2018, Publicado
no DJE: 12/06/2018.
26
Foi mantida condenação em desfavor de médico que não conseguiu desconstituir
as alegações do paciente, situação que talvez pudesse ser contornada com
apresentação de eventuais fotos: “Embora o apelante sustente que o procedimento
cirúrgico discutido nos autos é reparador e, não, estético, não logrou êxito em
apresentar nenhuma prova neste sentido, que, aliás, era de fácil produção por
ele, eis que consistente na simples apresentação de
prontuários médicos e fotos obrigatórios que estão ou deveriam estar em seu
poder”. (0011930-66.2012.8.19.0203 – Apelação Des(a). Cláudio Luiz Braga
Dell'Orto - Julgamento: 05/09/2018 - Décima Oitava Câmara Cível).
138
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
27
Idem.
28
O anexo I da Recomendação 1/2016 do CFM diz ser esse “o esclarecimento claro,
pertinente e suficiente sobre justificativas, objetivos esperados, benefícios, riscos,
efeitos colaterais, complicações, duração, cuidados e outros aspectos específicos
inerentes à execução (e) tem o objetivo de obter o consentimento livre e a decisão
segura do paciente para a realização de procedimentos médicos”.
29
Nesse sentido ERRO MÉDICO NÃO EVIDENCIADO. FALHA NO DEVER DE
INFORMAÇÃO. INOCORRÊNCIA. CONSENTIMENTO INFORMADO. REQUISITO
ATENDIDO, COMO SE INFERE DOS REGISTROS LANÇADOS NO
PRONTUÁRIO HOSPITALAR. Comprovação de que a paciente sabia e consentiu
previamente com a realização da cirurgia. (Apelação Cível Nº 70061096426, Nona
Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Miguel Ângelo da Silva, Julgado
em 22/07/2015).
139
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
30
https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?componente=ATC&seq
uencial=86256410&num_registro=201501551749&data=20180904&tipo=64&format
o=PDF
31
Como destacam Pedro e Maria Fonseca: “o principio da autonomia privada tornou-
se elemento essencial na relação jurídica, que traduz um permissivo jurídico para
as partes de uma relação jurídica criar obrigações e direitos (...) com
conseqüências jurídicas e efeitos predeterminados por elas. Exemplo claro do
presente princípio é a celebração de um contrato”. FONSECA, Pedro H. C;
FONSECA, Maria Paula. 2016, p. 171.
32
Apesar de não se tratar de uma execução, o julgado considerou a existência do
contrato como elemento para condenação do paciente ao pagamento dos valores
devidos: “Cobrança de serviços médicos-hospitalares. Responsabilidade pelo
pagamento das despesas não cobertas e evidenciadas pelas notas fiscais, termo
de compromisso e contrato de prestação de serviços médicos. Internação em
modalidade particular. Demonstrativos de débitos”. (TJSP, Apelação 1050643-
51.2014.8.26.0002; Des. Edson Luiz de Queiróz; Órgão Julgador: 9ª Câmara de
Direito Privado; Foro Regional II; Data do Julgamento: 31/07/2018)
140
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
33
O voto – acompanhado por unanimidade – menciona que “verifica-se que o
resultado pretendido pela apelante na rinoplastia e na colocação de próteses
mamárias, o que fora contratado foi cumprido”; e ainda que “no caso a apelante,
no diálogo que teve com o cirurgião é categórica quanto a procedimento a ser feito
no nariz, e quanto ao tamanho das próteses convencionadas e efetivamente
colocadas, havendo ausência de demonstração de descompasso entre o resultado
alcançado e aquele prometido”. (AP Nº 0002977-16.2015.827.0000, Rel. Desa.
MAYSA VENDRAMINI ROSAL, 1ª Câmara Cível, julgado em 11/12/2015).
141
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
CONCLUSÃO
Apesar da relutância em aceitar o termo medicina defensiva,
essa lamentavelmente é uma realidade. Enxergar de forma diversa é
negligenciar as estatísticas recentes e jogar com a própria sorte.
Não se discorda que existe uma relação especial que deve se
formar entre o médico e o paciente, a qual deve ser alicerçada na
confiança e respeito mútuos. Porém, não é exagerado ou inadequado
formalizar essa relação, sendo a produção de documentos médicos
benéfica a todos.
De outro lado, se a relação, por qualquer razão, acabar
comprometida e culminar com o ajuizamento de ação por suposto
erro médico, então a documentação passa a ter caráter fundamental,
ou, ainda mais, pode representar o linha tênue entre a absolvição ou
condenação do profissional.
E não está se tratando aqui de casos nos quais efetivamente
houve equívoco profissional: muitas vezes, no caso concreto, o
médico pode ter agido com correção ou a Clínica/Hospital pode não
ter incidido em nenhum prejuízo ao paciente. Mas, diante da
aplicação do código consumerista, a eventual insuficiência de provas
se mostra instransponível, pois sem essas nem mesmo a melhor
narrativa se sustenta.
Diante disso entendemos que o cuidado com a
documentação deve ser redobrado, sendo essa elaborada com
143
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
REFERÊNCIAS
FRANÇA, Genival Veloso de. Direito Médico. Doutrina, legislação e
jurisprudência atinentes a profissão médica. 14. ed. Rio de Janeiro: Forense,
2017.
PINHEIRO, Patrícia Peck. Direito Digital. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2014.
MELO, Nehemias Domingos de. Responsabilidade civil por erro médico.
Doutrina e Jurisprudência.2. ed. São Paulo: Atlas, 2013.
FONSECA, Pedro H. C; FONSECA, Maria Paula. Direito do Médico. De acordo
com o novo CPC.Belo Horizonte: D´Plácido, 2016.
KFOURI NETO, Miguel. Responsabilidade Civil dos Hospitais. Código Civil e
Código de Defesa do Consumidor. 3. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2017.
BUENO, Cassio Scarpinella. Manual de Direito Processual Civil. Volume Único,
4. ed. São Paulo: Saraiva Jur, 2018.
GIOSTRI, Hildergard Taggesell. Responsabilidade Médica. As obrigações de
meio e de resultado: avaliação, uso e adequação. 7. Reimpressão. Curitiba:
Juruá, 2011.
REIS, Clayton; MONTESCHIO, Horácio. Responsabilidade civil subjetiva do
cirurgião plástico em face do direito da personalidade do paciente. Disponível em
<http://www.publicadireito.com.br/artigos/?cod=5ef9f5ae91440a6e>.
144
REGIME JURÍDICO E LEGITIMIDADE PASSIVA
NAS AÇÕES DE RESPONSABILIDADE CIVIL POR
DANOS CAUSADOS NA PRESTAÇÃO DE
SERVIÇOS PÚBLICOS DE SAÚDE
Silvio Guidi 1
INTRODUÇÃO
Não se engane, esse não é um artigo sobre processo civil,
embora se pretenda muito útil às ações civis que têm como objeto a
reparação de danos causados quando da prestação de serviços de
saúde (as quais doravante serão chamadas somente de “ação de
responsabilidade civil”). Por isso, daqui em diante, o texto que
apresentará as várias formas de prestação de serviços públicos de
saúde e o respectivo regime jurídico que sobre elas incide. E será a
partir dessa identificação que o texto indicará quem pode ou não
compor o polo passivo de uma ação judicial de responsabilidade civil.
Ou seja, para compreender como o polo passivo da ação pode ser
formado, a identificação do regime jurídico incidente sobre a relação
prestacional é tão importante quanto à identificação de quem causou
o dano.
A finalidade do texto não é só acadêmica (hipotética). O texto
irá apresentar qual o posicionamento atual e predominante do
Judiciário sobre a legitimidade passiva de prestadores de serviços de
saúde nas ações de responsabilidade civil. O fim por trás dessa
análise é ode verificar se: (i) o posicionamento judicial está
consolidado; (ii) o comportamento do Judiciário é coerente com o
regime jurídico incidente sobre as relações prestacionais de serviços
de saúde.
1
Advogado, mestre em direito administrativo pela PUC-SP.
145
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
2
Os danos causados por ações lícitas do Estado também podem ser objeto de
responsabilização. O tema, que não será abordado nesse trabalho, pode ser
estudado e aprofundado in: MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de direito
administrativo. 33.ed. São Paulo. Malheiros, 2016, p.1027 e seguintes.
146
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
3
Sobre a evolução dos modelos de estado, sugere-se a consulta de: DI PIETRO,
Maria Sylvia Zanella. Parcerias na administração pública: concessão, permissão,
franquia, terceirização, parceria público-privada e outras formas. Parecer sobre
concessão de serviço público. Natureza jurídica da remuneração paga pelos
usuários. 10.ed. São Paulo: Atlas, 2015.
4
Que nada verdade é o Decreto n.4.682/1923.
5
MÂNICA, Fernando Borges. O setor privado nos serviços públicos de saúde.
Belo Horizonte: Fórum, 2010, p.90.
147
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
6
Para saber mais sobre a diferença entre atividades e serviços, consulte: FREIRE,
André Luiz. O regime de direito público na prestação de serviços públicos por
pessoas privadas. São Paulo: Malheiros, 2014.
7
Diz-se garantir o direito ao exercício, porque se o cidadão não quiser exercê-lo,
serão raras as hipóteses em pode ser obrigado.
148
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
8
Artigo 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada.
149
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
9
Saiba mais sobre as diferenças entre concessões e permissão consultando a Lei nº
8.987/95. Doutrina relevante sobre o tema pode ser encontrada in: DI PIETRO,
Maria Sylvia. Parcerias na administração pública: concessão, permissão,
franquia, terceirização, parceria público-privada e outras formas. 10.ed. São Paulo:
Atlas, 2015, p.134.
10
Para saber mais sobre diferenças e peculiaridade de contratos e convênios,
sugere-se a seguinte leitura: JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de direito
administrativo. 10.ed. São Paulo: RT, 2014, p.467 e seguintes.
150
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
11
ROCHA, Sílvio Luís Ferreira da. Terceiro setor. 2.ed. São Paulo: Malheiros, 2006,
p.24.
12
LEONARDO, Rodrigo Xavier. Associações sem fins econômicos. São Paulo:
RT, 2014, p.78.
13
Para Leonardo, não há dúvidas “de que o desenvolvimento desse espaço de
atuação denominado terceiro setor, por maiores críticas que a expressão possa
merecer, tem efetiva ligação com uma recomposição da relação entre o público e o
privado após a retração do âmbito de atuação estatal na crise do Welfare State”.
(LEONARDO, Rodrigo Xavier. Associações sem fins econômicos. São Paulo:
RT, 2014, p.79).
151
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
14
ROCHA, Sílvio Luís Ferreira da. Terceiro setor. 2.ed. São Paulo: Malheiros, 2006,
p.36.
15
ROCHA, Sílvio Luís Ferreira da. Terceiro setor. 2.ed. São Paulo: Malheiros, 2006,
p.37.
16
ROCHA, Sílvio Luís Ferreira da. Terceiro setor. 2.ed. São Paulo: Malheiros, 2006,
p.37.
152
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
17
Artigo 5º da Lei n.9.637/1998.
18
Conteúdo do artigo 9º da Lei n.9.790/1999.
153
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
19
Valiosa é a advertência de Celso Antônio Bandeira de Mello, para quem não “se
deve confundir a titularidade do serviço com a titularidade da prestação do serviço.
Uma e outra são realidades jurídicas visceralmente distintas”. In: MELLO, Celso
Antônio Bandeira de. Curso de direito administrativo. 33.ed. São Paulo.
Malheiros, 2016, p.709. Para compreender tal diferenciação, recomenda-se a
seguinte leitura: MEDAUAR, Odete. Direito administrativo moderno. 13.ed. São
Paulo: RT, 2009, p.369-370.
154
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
como tais serviços não são públicos, não poderá o Estado responder
por danos causados quando dessa prestação.
Com base na interpretação acima, a composição do polo
passivo de uma ação judicial de responsabilidade civil, movida por
cidadão que buscou a prestação de serviços públicos de saúde e
sofreu dano derivado dessa atividade, pode ser a seguinte: (i) se a
prestação do serviço se deu diretamente por um ente estatal (União,
estados, Distrito Federal ou municípios), a ação deve ser movida
contra esse ente; (ii) se a prestação do serviço se deu indiretamente
pelo Estado, por entidade pública descentralizada, cuja titularidade da
prestação se transferiu (autarquias, fundações públicas, empresas
públicas ou sociedades de economia mista), o polo passivo será
composto somente por essa entidade; (iii) se a prestação se deu de
forma indireta pelo Estado, por meio de pessoa jurídica de direito
privado, permissionária ou concessionária de serviço público
(entidades privadas com ou sem finalidade lucrativa), a ação será
movida contra essa pessoa jurídica.
Duas observações ainda restam: (i) o agente público
causador do dano não irá compor o polo passivo da ação; (ii) os
prestadores de serviços de saúde não públicos, mas gratuitos, cuja
atuação é fomentada pelo Estado, não respondem civilmente pelos
danos cometidos com base no §6º do art. 37 da CF, mas sim como
base na responsabilização civil (arts. 186, 187, 927 e seguintes do
Código Civil).
155
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
20
QO no REsp 287.599/TO, Rel. Ministro HUMBERTO GOMES DE BARROS, Rel. p/
Acórdão Ministro MILTON LUIZ PEREIRA, CORTE ESPECIAL, julgado em
26/09/2002, DJ 09/06/2003, p. 165.
21
REsp 1135927/MG, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado
em 10/08/2010, DJe 19/08/2010.
22
Idem.
156
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
23
RE 327904, Relator(a): Min. CARLOS BRITTO, Primeira Turma, julgado em
15/08/2006, DJ 08-09-2006 PP-00043 EMENT VOL-02246-03 PP-00454 RTJ VOL-
00200-01 PP-00162 RNDJ v. 8, n. 86, 2007, p. 75-78.
157
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
24
REsp 1215569/AL, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA TURMA, julgado em
16/12/2014, DJe 19/12/2014.
25
PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL
OBJETIVA. PLEITO DE DANOS MORAIS. INDEPENDÊNCIA DAS AÇÕES
PROPOSTAS CONTRA O ENTE OU ENTIDADE PÚBLICA E A AÇÃO DE
REGRESSO. INTERESSE PROCESSUAL QUE SE MANTÉM MESMO QUANDO
AFASTADA EVENTUAL RESPONSABILIDADE DO FUNCIONÁRIO PÚBLICO.
RETORNO DOS AUTOS QUE SE IMPÕE PARA JULGAMENTO DA AÇÃO
CONTRA O CONSELHO PROFISSIONAL, QUE RESPONDE OBJETIVAMENTE
POR SEUS ATOS. 1. Ação de indenização por danos morais em razão de conduta
de médico que divulgou informações sigilosas de procedimento administrativo em
tramitação no Conselho Profissional ao qual encontrava-se inscrito, a qual restou
julgada improcedente, ensejando a extinção, pelo juízo a quo, de outra ação
proposta diretamente contra à citada autarquia, por perda de objeto, sob a seguinte
fundamentação: "a responsabilidade imputada ao réu decorre exclusivamente da
alegada conduta culposa do médico Antônio Carlos Bastos Gomes, de modo que,
tendo sido julgada improcedente a ação contra este, não há como condenar o
Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul; (...) o réu CREMERS não
pode ser condenado no presente feito porque, tendo sido absolvido o médico, a
quem o autor imputou os fatos pelos quais responsabiliza o CREMERS, ficaria
inviabilizada a ação regressiva contra o causador direto dos alegados danos." (fls.
312) 2. A propositura de ação de responsabilidade civil aforada pelo particular
contra o autor do fato causador do dano não afasta o direito à ação para demandar
contra o ente público, que responde objetivamente pelos danos causados a
terceiros. 3. A responsabilidade civil do Estado objetiva nos termos do artigo 37, §
6º da Constituição Federal, não se confunde com a responsabilidade subjetiva dos
seus agentes, perquirida em ação regressiva ou em ação autônoma. 4. Extrai-se da
Constituição Federal de 1988 a distinção entre a possibilidade de imputação da
responsabilidade civil, de forma direta e imediata, à pessoa física do agente estatal,
pelo suposto prejuízo a terceiro, e o direito concedido ao ente público de ressarcir -
se, mediante ação de regresso, perante o servidor autor de ato lesivo a outrem, nos
casos de dolo ou de culpa. 5. Consectariamente, essas ações não geram coisa
julgada prejudicial, umas em relação às outras, e a fortiori, não autorizam a
extinção terminativa dos feitos. 6. O Supremo Tribunal Federal já se manifestou no
seguinte sentido, verbis: No tocante à ação regressiva, asseverou-se a distinção
entre a possibilidade de imputação da responsabilidade civil, de forma direta e
imediata, à pessoa física do agente estatal, pelo suposto prejuízo a terceiro, e entre
o direito concedido ao ente público, ou a quem lhe faça as vezes, de ressarcir-se
perante o servidor praticante de ato lesivo a outrem, nos casos de dolo ou de culpa.
Em face disso, entendeu-se que, se eventual prejuízo ocorresse por força de agir
tipicamente funcional, não haveria como se extrair do citado dispositivo
158
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
26
TJ-SP - APL: 00441745320068260562 SP 0044174-53.2006.8.26.0562, Relator:
Marcelo Berthe, Data de Julgamento: 09/11/2015, 5ª Câmara de Direito Público,
Data de Publicação: 17/11/2015.
27
Esse posicionamento parece estar consolidado na Corte paulista. É o que se extrai
dos seguintes precedentes: TJ-SP - AI: 21079358020148260000 SP 2107935-
80.2014.8.26.0000, Relator: Edson Ferreira, Data de Julgamento: 23/01/2015, 12ª
Câmara de Direito Público, Data de Publicação: 23/01/2015; TJ-SP - AI:
21819456120158260000 SP 2181945-61.2015.8.26.0000, Relator: Vicente de
Abreu Amadei, Data de Julgamento: 20/10/2015, 1ª Câmara de Direito Público,
Data de Publicação: 23/10/2015; TJ-SP - AI: 20407233720178260000 SP 2040723-
37.2017.8.26.0000, Relator: J. M. Ribeiro de Paula, Data de Julgamento:
19/09/2017, 12ª Câmara de Direito Público, Data de Publicação: 19/09/2017.
160
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
28
TJ-RJ - AI: 00560297520178190000 RIO DE JANEIRO CAPITAL 6 VARA FAZ
PUBLICA, Relator: BERNARDO MOREIRA GARCEZ NETO, Data de Julgamento:
23/11/2017, DÉCIMA CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 30/11/2017.
161
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
29
TJ-TO - AP: 5001348-24.2012.8.27.0000, Relatora: JACQUELINE ADORNO DE LA
CRUZ BARBOSA, Data de Julgamento: 16/12/2013.
30
TJ-PR - APL: 12885979 PR 1288597-9 (Acórdão), Relator: Hélio Henrique Lopes
Fernandes Lima, Data de Julgamento: 12/05/2015, 3ª Câmara Cível, Data de
Publicação: DJ: 1566 18/05/2015.
162
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
CONCLUSÃO
O presente artigo objetivou demonstrar o regime jurídico a
que se subsumem os contratos que delegam a terceiros a prestação
de serviços públicos de saúde, diferenciando-o do regime ao qual os
contratos de fomento com o terceiro estão submetidos. A partir da
interpretação desse regime, chegou-se a uma conclusão parcial, pela
qual as entidades da Administração direta que delegam a terceiro a
prestação de serviços públicos de saúde não devem compor o polo
passivo de ação de responsabilidade civil, nas hipóteses em que o
dano foi causado pelo delegatário de serviços públicos de saúde.
Além disso, alegou-se a impossibilidade de litisconsórcio passivo, nas
ações de responsabilidade civil por dano derivado da prestação de
serviços públicos de saúde, entre o Estado (ou o delegatário de
serviço público) e o agente causador do dano.
Após tal conclusão parcial, avançou-se para a análise do
comportamento jurisprudencial do tema. Em tal análise, embasada no
posicionamento das cortes superiores, as conclusões parciais foram
mantidas. Ou seja, ações judiciais responsabilidade civil por dano
derivado da prestação de serviços públicos de saúde devem ser
interpostas em desfavor da entidade causadora do dano (Estado ou
delegatário), não se admitindo, ordinariamente, o litisconsórcio entre
ambos, tampouco a presença do agente causador do dano no polo
passivo da ação.
Entretanto, ao se analisar o comportamento jurisprudencial
atinente à prestação de serviços de saúde pelo terceiro setor, viu-se a
inexistência de precedentes das cortes superiores sobre o tema.
Além do mais, viu-se que os precedentes judiciais estaduais
compreendem essa prestação como serviços públicos de saúde,
aplicando a teoria da responsabilidade civil do Estado nas hipóteses
de judicialização dessas relações. Entretanto, mesmo aplicando tal
teoria, há posicionamento judicial admitindo o litisconsórcio passivo
entre Estado e prestador.
163
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
REFERÊNCIAS
DI PIETRO, Maria Sylvia. Parcerias na administração pública: concessão,
permissão, franquia, terceirização, parceria público-privada e outras formas.
10.ed. São Paulo: Atlas, 2015.
FREIRE, André Luiz. O regime de direito público na prestação de serviços
públicos por pessoas privadas. São Paulo: Malheiros, 2014.
JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de direito administrativo. 10.ed. São Paulo: RT,
2014.
LEONARDO, Rodrigo Xavier. Associações sem fins econômicos. São Paulo:
RT, 2014.
MÂNICA, Fernando Borges. O setor privado nos serviços públicos de saúde.
Belo Horizonte: Fórum, 2010.
MEDAUAR, Odete. Direito administrativo moderno. 13.ed. São Paulo: RT,
2009.
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de direito administrativo. 33.ed. São
Paulo. Malheiros, 2016.
ROCHA, Sílvio Luís Ferreira da. Terceiro setor. 2.ed. São Paulo: Malheiros,
2006.
164
A SÍNDROME DE BURNOUT COMO
FATOR ATENUANTE NA
APURAÇÃO DE RESPONSABILIDADE
PROFISSIONAL CRIMINAL E ÉTICA
Deborah Azevedo de Pinho 1
Maysa Oliveira 2
Iran Johnathan S. Oliveira 3
Carolina Santim Cótica Pinheiro 4
INTRODUÇÃO
O mundo corporativo tem se tornado cada vez mais rápido,
exigente e competitivo. Dentro desse contexto, o homem moderno,
que vive a busca incessante por sucesso profissional e muitas vezes
não corresponde de forma imediata às expectativas externas e
internas, sofre com as consequências das cobranças excessivas,
tornando-se vulnerável a patologias psicológicas.
Em razão da missão profissional que lhe é atribuída, ou seja,
prevenir, atenuar, tratar e curar, a medicina está entre as profissões
na qual os indivíduos que a exercem estão submetidos a uma maior
carga de estresse, visto que, para a obtenção de um bom resultado,
além de conhecimento técnico adquirido durante anos de formação, o
1
Pós-graduanda em Direito Público e Docência Universitária. Membro da Comissão
de Apoio ao Advogado em Início de Carreira e da Comissão de Direito Médico da
OAB/TO. Advogada.
2
Pós-graduada em Direito Penal e Processo Penal pela Escola Paulista de Direito
de São Paulo. Advogada Criminalista.
3
Doutor e Mestre em Psicologia e Especialista em Criminologia e Ciências Criminais
pela PUC/GO. Psicólogo e Docente na ULBRA e UNIRG.
4
Mestra em Ciências da Saúde e Especialista em Gerontologia pela UNB. Psicóloga
Clínica e Organizacional e Docente na ULBRA.
165
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
166
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
167
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
168
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
169
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
173
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
175
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
176
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
CONCLUSÃO
A todo tempo é possível ver profissionais procurando
respostas sobre como e por que determinado resultado adverso em
um tratamento médico veio a acontecer. Nessa busca,
evidentemente, há que se considerar a importância da complexidade
do comportamento humano e da subjetividade de cada indivíduo, vez
que a maior parte de sua composição comportamental está ligada à
sua experiência.
É impossível idealizar seres humanos sem manifestações de
raiva, agressividade, violência, com déficits de respeito à limites e
regras normativas. Todavia, o comportamento do médico em interação
com o ambiente vai estabelecer as contingências, o contexto, que
poderão apontar comportamentos que podem gerar erros médicos
puníveis, pois o meio no qual o médico está inserido pode contribuir
para tal situação.
Como visto, os Médicos são profissionais altamente
vulneráveis a doenças psíquicas, por exemplo, à Síndrome de
Burnout (SB), pois lidam com fatores de stress ao longo de toda sua
vida profissional.
Nesse sentido, não pode o julgador, seja qual for a área,
fechar os olhos para o indivíduo que na ânsia de salvar vidas e
acometido pela Síndrome de Burnout de alguma forma, contribui para
a ocorrência de erro ou resultado médico adverso, visto que, ainda
tenham sido devidamente treinados para sua missão profissional, os
discípulos de Hipócrates continuam a ser humanos e por essa razão
suscetíveis a falhas.
REFERÊNCIAS
BENEVIDES-PEREIRA. A. M. T. (org.) (2002). Burnout: quando o trabalho
ameaça o bem estar do trabalhador. Casa do psicólogo. São Paulo, 2002.
CODO, Wanderley; VASQUES-MENEZES, Iône. O que é burnout. Educação:
carinho e trabalho, v. 2, p. 237-254, 1999.
DANTAS, Eduardo; COLTRI, Marcos. Comentários ao Código de Ética Médica.
Rio de Janeiro: Editora G Z, 2011.
FRANÇA, H. H. (1987). A síndrome de Burnout. RBM- Revista Brasileira de
Medicina, 44,197-199,1987.
FRANÇA, Genival Veloso de. Direito Médico. 12. Ed. Rio de Janeiro: Editora
Forense, 2014.
177
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
178
PRINCÍPIO DA INFORMAÇÃO –
VIA DE MÃO DUPLA:
DEVER DO PROFISSIONAL E DIREITO DO PACIENTE
[CLIENTE/CONSUMIDOR]
Julimar dos Santos Sousa 1
INTRODUÇÃO
A atuação profissional dos agentes/atores que lidam com os
serviços de saúde, especialmente, o médico, exige atenção aos
ditames legais e éticos que a profissão se submete, para que tanto o
atuar como o resultado venha a ser satisfatórios.
Com isso, é de bom alvitre que os profissionais estejam
cônscios e atentos aos regramentos de ordem legal e ética aplicáveis
à sua atuação.
Chama-se à atenção para os “atores” pelo fato de que, na
prestação dos serviços de saúde, não só o profissional médico de per
si, mas todos pertencentes à cadeia (corpo administrativo e demais
profissionais da saúde – enfermagem, psicologia, fisioterapia, etc.)
tem o dever de prestar ao paciente a informação, dentro da sua
competência profissional e funcional, de modo compreensível, clara e
objetiva para que o mesmo venha exercer com o mínimo de
segurança seu direito de escolha quanto à indicação investigativa
(exames e profissionais especializados) e ou terapêutica
(medicamentosa, cirúrgica ou terapias), bem ainda em que local
buscará o atendimento e o tratamento.
1
Advogado regularmente inscrito nos quadros da OAB/MG, com escritório
profissional na cidade de Três Marias/MG, membro da Comissão de Direito Médico
da OAB/MG e da Associação dos Escritórios de Defesa Médica (AEDM –
www.aedm.com.br). Autor do livro: ERRO MÉDICO: responsabilidade civil, fatores
de potencialização e reflexos sociais. Curitiba: Editora CRV, 2017. Coautor do livro:
DIREITO E MEDICINA EM DUETO. 1.ed. Belo Horizonte: Coopmed, 2018.
179
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
Art. 5º [...]
LXXII - conceder-se-á habeas data:
a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à
pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de
entidades governamentais ou de caráter público;
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por
processo sigiloso, judicial ou administrativo; (Grifou-se).
181
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
182
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
183
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
184
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
185
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
186
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
187
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
188
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
189
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
190
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
193
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
CONCLUSÃO
A informação na relação médico-paciente e para com os
demais agentes/atores que lidam nos serviços de saúde, se constitui
em via de mão dupla, ou seja, para o paciente/cliente/consumidor, ela
é um direito e para os agentes/atores, especialmente, o profissional
médico, constitui um dever inarredável.
Como dever que é a informação, esta exige respeito em todos
os níveis e por todos os agentes/atores, evidenciada pela
disponibilização de forma clara, objetiva, acessível e dentro da
compreensão cultural do destinatário, sob pena de se tê-la com falha,
o que, também vai reclamar a responsabilização.
Se a falha na prestação da informação, ou seja, quando a
mesma não é transmitida com qualidade (compreensível ao nível
cultural do destinatário) já abre espaço para a busca da
responsabilização; muito mais, a sua omissão.
Não se pode perder de vista de que, o respeito ao princípio
da informação é corolário dos direitos da personalidade, da liberdade
e autodeterminação, os quais tem condão de validar a decisão
privada (consentimento livre e esclarecido) do
paciente/cliente/consumidora em anuir ou não com os procedimentos,
intervenções e ou terapias recomendadas pelo profissional médico.
Também é de bom alvitre, perceber que, a jurisprudência
nacional, em sintonia com a tendência alienígena, tem considerado o
dever de informação como uma obrigação não meramente acessória,
mas autônoma, cujo desrespeito em si, reclama sua
responsabilização, seja pelo dano próprio aos direitos da
personalidade, da liberdade e da autodeterminação, seja por
somatizar aos danos corporais que o paciente/cliente/consumidor vier
a suportar.
Portanto, deve-se buscar incansavelmente, compreender a
complexidade do alcance do princípio da informação, como direito e
dever, para que, os agentes/atores e, especialmente, o profissional
médico, venham a fazer bom uso da observância de tal dever, o que,
certamente, fortalecerá a confiança e segurança que deve permear a
relação médico-paciente e, bem assim com os prestadores de
serviços de saúde (públicos ou privados).
O que se espera é que o respeito ao princípio da informação
a cada dia se materialize em condutas práticas por parte dos
194
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei Federal nº 3.268, de 30 de setembro de 1.957. Dispõe sobre os
Conselhos de Medicina. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L3268.htm> Acesso em: 05 out. 2018.
______. Lei Federal nº 5.991, de 17 de dezembro de 1.973. Dispõe sobre o
Controle Sanitário do Comércio de Drogas, Medicamentos, Insumos
Farmacêuticos e Correlatos. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L5991.htm> Acesso em: 05 out. 2018.
______. Lei Federal nº 8.078, de 11 de setembro de 1.990. Código de Defesa do
Consumidor. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8078.htm#view> Acesso em: 05 out.
2018.
______. Lei Federal nº 9.507, de 12 de novembro de 1.997. Regula o direito de
acesso a informações e disciplina o rito processual do habeas data.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/CCivil_03/Leis/L9507.htm> Acesso
em: 05 out. 2018.
______. Lei Federal nº 10.406, de 10 de janeiro de 2.002. Institui o Código Civil.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm#view>
Acesso em: 05 out. 2018.
______.Código de ética médica: resolução CFM nº 1.931/2009. Disponível em:
<http://www.portalmedico.org.br/novocodigo/integra.asp>. Acesso em: 05out.
2018.
195
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
196
PROTUÁRIO DO PACIENTE:
UM DOSSIÊ DA CONDUTA MÉDICA
Rodrigo Magno de Macedo 1
INTRODUÇÃO
No ano do trintenário de nossa constituição cidadã, ainda não
há um consenso sobre como alcançar uma gestão eficiente na área
da saúde, notadamente pelo fato de ainda não possuirmos normas
claras voltadas à saúde e, por isso, neste setor, a judicialização é fato
praticamente indissociável na gestão pública, quanto no âmbito
privado.
A escola médica atualmente tem se dedicado principalmente
aos aspectos técnicos que dizem respeito a pratica médica, sem a
suficiente preocupação com a observância da legislação, bem como
do código de ética. Apenas se dão conta da importância do tema
quando demandas judiciais ou administrativas já estão instaladas.
Dentre os inúmeros fatores envolvidos na análise médico-
legal do exercício profissional na suspeita do “erro médico”, enfatiza-
se o prontuário médico. Documento de suma importância que traduz
o relacionamento entre o paciente e a equipe de saúde e que não tem
sido percebido pelos profissionais da saúde a relevância legal de que
se reveste o fidedigno e correto preenchimento dos prontuários.
Por essa razão, é importante enfatizar o devido cumprimento
das normas e do correto preenchimento do prontuário, ressaltando
suas implicações médico-legais. Não só para representar um trabalho
de qualidade, mas também permitindo ao profissional da saúde e até
ao paciente, um importante instrumento de defesa nas ações
judiciais.
1
Especialista em Direito Constitucional e Magistério Superior. Aluno de Pós-
Graduação na Universidade Federal de Buenos Aires – UBA, para Doutorado em
Direito Constitucional. Superintende de Assuntos Jurídico da Saúde do Estado de
Tocantins. Advogado e Professor Universitário e de Pós-graduação.
197
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
1 ORIGEM DO PRONTUÁRIO
Hipócrates, no século 5 A.C., dizia que o registro médico
deveria refletir exatamente o curso da doença e indicar as suas
possíveis causas.
A palavra prontuário deriva do latim promptuariu que significa
lugar onde se guarda aquilo que deve estar à mão, o que pode ser
necessário a qualquer momento.
O prontuário médico tem seu primeiro registro entre os anos
2
2667 e 2.500 a.C., realizado em papiro (do latim papirus) pelo
egípcio, vizir do faraó e sumo-sacerdote, Imhotep - também
considerado como o primeiro médico na história conhecido pelo
nome. Desde então, a Medicina, os tratamentos e acompanhamentos
aos quais os pacientes são submetidos, vem em grande evolução,
inclusive o prontuário, firmando, pois, sua importância e necessidade
no auxílio do atendimento aos pacientes e no levantamento de
diversos dados e estatísticas, bem como outras funções
imprescindíveis como, por exemplo, sua importante utilidade como
prova da conduta médica junto aos pacientes.
Hodiernamente, o prontuário é considerado um dos itens mais
importantes analisados e especificado na ONA (Organização
Nacional de Acreditação), eis que é o responsável por demonstrar
faticamente o atendimento do paciente, o que traz segurança ao
mesmo e promove uma gestão de qualidade.
O Conselho Federal de Medicina define o prontuário como
sendo o documento único, constituído de um conjunto de
informações, sinais e imagens registradas, geradas a partir de fatos,
acontecimentos e situações sobre a saúde do paciente e a
assistência a ele prestada, de caráter legal, sigiloso e científico, que
2
Planta ciperácea, em cujas folhas os antigos escreviam –
www.dicionario.priberam.org.
198
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
3
Exceção as especialidades médicas de cirurgia plástica estética, ou embelezadora,
e a anestesiologia.
199
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
4
Quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor,
o ônus probante será do réu.
201
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
202
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
5
Que envolve um conhecimento orientado por um sentido comum e que atravessa
as várias práticas profissionais.
(http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/prontuario.pdf)
203
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
204
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
CONCLUSÃO
A grande complexidade que envolve a atenção dos cuidados
médicos em hospitais, nas clinicas e estabelecimentos de saúde, fez
com que o profissional não percebesse a relevância legal de que se
reveste o correto preenchimento dos prontuários. Soma-se a isso, a
cultura didática dos profissionais da saúde que, atualmente, limita-se
principalmente aos aspectos técnicos que dizem respeito à prática. É
preocupante a inobservância da legislação e normatizações que
envolvem o atendimento médico e o prontuário do paciente, o que
apenas são lembrados quando demandas judiciais já estão batendo à
porta dos profissionais da saúde.
Dentre os inúmeros fatores envolvidos na análise médico-
legal do exercício profissional na suspeita do “erro médico”, enfatiza-
se a importância do prontuário medico, documento essencial e que
traduz o relacionamento entre o paciente, seus familiares e a equipe
de saúde.
Por essa razão, é importante enfatizar o devido cumprimento
das normas e do correto preenchimento do prontuário do paciente,
ressaltando suas implicações médico-legais. Não apenas para
representar um trabalho de qualidade, mas também permitindo ao
profissional da saúde e até ao paciente, um importante instrumento
de defesa nas ações judiciais. Contudo a qualidade das informações
fornecidas e prescritas ao paciente é o cerne para a validade deste
documento.
Cada vez mais a jurisprudência brasileira tem valorizado o
uso adequado do consentimento informado. É, na verdade, a
valorização do princípio da autonomia de vontade do paciente. Até
mesmo condutas que não causam dano direto, sob o ponto de vista
de malefício à saúde, podem ensejar uma indenização, se a mesma
foi realizada sem o conhecimento adequado e consentimento refletido
do paciente.
Por outro lado, a análise dos prontuários do paciente tem
também valor fundamental para o auxílio no esclarecimento do nexo
de causalidade. Ou seja, se o dano sofrido pelo paciente é
205
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
REFERÊNCIAS
LEGISLAÇÃO BRASILEIRA, Código de Ética Médica. Disponível em:
http://www.portalmedico.org.br/novocodigo/integra.asp, pesquisado em 08 de
outubro de 2018.
LEGISLAÇÃO BRASILEIRA, Código Civil Brasileiro. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm, pesquisado em 02 de
outubro de 2018.
LEGISLAÇÃO BRASILEIRA, Código de Processo Civil Brasileiro. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm,
pesquisado em 08 de outubro de 2018.
POSSARI, João Francisco. Prontuário de paciente e os registros de
enfermagem. 2. ed. São Paulo: Iátria, 2007.
VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: Responsabilidade Civil. Vol. 4. 3ª ed. São
Paulo: Atlas S.A., 2003.
206
O MÉDICO E AS MÍDIAS SOCIAIS:
UMA REALIDADE IRREVERSÍVEL
Analúcia Terra Peixoto 1
Diogo Gonzales Julio 2
1
Advogada – OAB/RS 69.242, Professora, Palestrante, Especialista em Direito
Médico pela Instituição Verbo Jurídico, Pós-graduada em Direito Processual Civil
pelo Instituto de Desenvolvimento Cultural (IDC), Assessora Jurídica da Associação
Brasileira de Medicina Estética (ABME)
2
Advogado - OAB/SP 208.864, Professor, Palestrante, Especialista em Direito da
Medicina pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra (UC), Pós-
graduado em Direito Médico, Odontológico e Hospitalar pela Escola Paulista de
Direito (EPD), Especialista em Direito do Cooperativismo pela Escola Superior de
Advocacia (ESA) e Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo no
Estado de São Paulo (SESCOOP), Pós-graduado em Direito Processual Civil pela
Universidade Salesiana (Unisal), Graduado em Ciências Jurídicas - Direito pela
Universidade São Francisco (USF), Membro da Comissão de Direito da Saúde da
OAB Seção de São Paulo, 3ª Subseção de Campinas/SP, Membro da Comissão
Especial de Direito do Cooperativismo da OAB Seção de São Paulo
207
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
3
MENEZES, José Abelardo Garcia de. Apud Genival Veloso de França. Como não
atentar contra questões éticas no âmbito das mídias sociais?, em AZEVEDO,
Ricardo Almeida de e CURI, Erick reitas. MANUAL DE CONDUTA NAS MÍDIAS
SOCIAIS. 2ª edição. Rio de Janeiro: Sociedade Brasileira de Anestesiologia/SBA,
2017. P. 13. Disponível em https://www.sbahq.org/.../redireciona.php?...manual-de-
conduta. Acesso em 01 de outubro de 2018.
4
Resolução do Conselho Federal de Medicina nº 1.974, de 19 de agosto de 2011.
Artigo 1º.
208
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
5
Resolução do Conselho Federal de Medicina n.º 1.931, de 24 de setembro de
2009. Artigo 111.
6
Resolução do Conselho Federal de Medicina n.º 1.931, de 24 de setembro de
2009. Art. 112.
7
Ibid.Art. 113.
8
Ibid. Princípios fundamentais. Inciso V.
9
Ibid. Inciso X.
10
Ibid. Art. 51.
209
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
11
Ibid. Artigos 71 e 72.
12
Resolução do Conselho Federal de Medicina nº 1.974, de 19 de agosto de 2011.
Artigo 15.
13
Ibid. Artigo 13, § 1º.
14
Ibid. Artigo 13, § 2º.
15
Ibid. Artigo 13, § 3º.
210
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
16
Ibid. Artigo 13, § 4.
17
Resolução do Conselho Federal de Medicina n.º 1.931, de 24 de setembro de
2009. Artigo 118 caput e Parágrafo único.
211
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
212
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
REFERÊNCIAS
BRASIL. Decreto nº 44.045, de 19 de julho de 1958.
http://www.cremepe.org.br/2018/01/16/a-publicidade-medica-nas-midias-sociais-
entre-o-permitido-e-o-proibido/. Acesso em 25 de setembro de 2018.
https://esaudemarketing.com.br/artigos/saude-na-midia-entenda-sobre-a-
publicidade-medica-e-a-etica/. Acesso em 25 de setembro de 2018.
Parecer Conselho Federal de Medicina nº 63 de 1999.
MENEZES, José Abelardo Garcia de. Apud Genival Veloso de França. Como não
atentar contra questões éticas no âmbito das mídias sociais?, em AZEVEDO,
Ricardo Almeida de e CURI, Erick reitas. MANUAL DE CONDUTA NAS MÍDIAS
SOCIAIS. 2ª edição. Rio de Janeiro: Sociedade Brasileira de Anestesiologia/SBA,
2017. Disponível em https://www.sbahq.org/.../redireciona.php?...manual-de-
conduta. Acesso em 01 de outubro de 2018.
Resolução do Conselho Federal de Medicina n.º 1.931, de 24 de setembro de
2009.
Resolução do Conselho Federal de Medicina nº 1.974, de 19 de agosto de
2011.
Resolução do Conselho Federal de Medicina nº 2.126, de 01 de outubro de
2015.
Resolução do Conselho Federal de Medicina nº 2.133, de 15 de dezembro de
2015.
213
O DEVER DE INFORMAÇÃO
NA RELAÇÃO MÉDICO-PACIENTE
Ana Luiza Mourthe Dahdah 1
INTRODUÇÃO
Para discutir a questão tema desse artigo, é preciso debruçar-
se sobre o princípio ao dever de informação, sendo este um direito
fundamental previsto no artigo 5º inciso XIV da Constituição da
República de 1988 que assim dispõe: ““é assegurado a todos o
acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando
necessário ao exercício profissional”, sendo que tal garantia propaga
por toda a legislação infra - constitucional, como o Código de Defesa
2
do Consumidor que discorre sobre os direitos básicos no artigo 6º
inciso III “São direitos básicos do consumidor: a informação adequada
e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação
correta de quantidade, características, composição, qualidade e
preço, bem como sobre os riscos que apresentem”.
3
Para Cláudia Lima Marques :
1
Advogada. Graduada no curso de Direito pelo UniCeub - Centro Universitário de
Brasília/DF.
2
Código de Defesa do Consumidor – Lei 8078, 11 de Setembro de 1990. Artigo 6º
inciso III.
3
MARQUES, Cláudia Lima. A responsabilidade dos médicos e do hospital por falha
no dever de informar ao consumidor. In: MARQUES, Cláudia Lima; MIRAGEM,
Bruno (orgs.). Direito do Consumidor: proteção da confiança e práticas comerciais.
São Paulo: Revista dos Tribunais, Coleção doutrinas essenciais; v.3, 2011. p. 407.
214
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
1 RELAÇÃO MÉDICO-PACIENTE
Ao reportar a um passado não muito distante, nos deparamos
com um modelo de relação médico-paciente diferente dos dias atuais.
Antigamente, existia um médico que acompanhava todas os
integrantes da família ao longo da vida, era uma relação mais intima
entre ele, o paciente e os familiares. O que não existe mais, ou
restam pouquíssimos.
A relação médico-paciente é permeada por uma interação
que envolve confiança, troca de informações e responsabilidades.
Pode-se dizer que caracteriza-se pelos compromissos e deveres de
5
ambos os atores, pautados pela sinceridade e pelo amor .
A obrigação do médico não está relacionada a uma obrigação
de resultado, por se tratar de uma relação humana que, como
qualquer uma do gênero, não está livre das complicações e não
promete a obtenção de cura, contudo, se encarrega de chegar ao
melhor resultado possível. O paciente, por sua vez, é obrigado a
fornecer ao médico informações corretas sobre seus sintomas e
seguir as recomendações passadas pelo profissional.
4
LISBOA, Roberto Senise. Responsabilidade civil nas relações de consumo. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2001. pg. 101.
5
Disponível em:
<https://eloisafonseca.jusbrasil.com.br/artigos/306233175/a-relacao-medico-
paciente-o-dever-de-informacao-e-a-responsabilidade-civil-pela-perda-de-uma-
chance>. Acesso em: 17 set. 2018.
215
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
6
Coelho, Fábio Ulhoa. O Empresário e os Direitos do Consumidor. São Paulo:
Saraiva, 2010.
7
Nery Júnior, Nelson et al. Código Brasileiro de Defesa do Consumidor comentado
pelos Autores do anteprojeto. Rio de Janeiro : Forense Universitária, 1991.
8
DANTAS, Eduardo. Direito Médico. Rio de Janeiro: GZ Editora, 2012, p. 163.
9
MARTINEZ, Pedro Romano. Responsabilidade Civil por Acto ou Omissão do
Médico. In: DUARTE, Rui Pinto; FREITAS, José Lebre de; CRISTAS, Assunção;
ALMEIDA, Marta Tavares de; NEVES, Vítor Pereira das (Orgs.). Estudos em
216
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
11
MEDICINA E DIREITO: responsabilidade civil, judicialização da saúde, sigilo
profissional, genética, violência contra a mulher e dignidade da morte. Reflexões e
conferencias do VII Congresso Brasileiro de Direito Médico, Brasília (DF(), 3 e 4 de
agosto de 2016./ Conselho Federal de Medicina. – Brasília: Conselho Federal de
Medicina, 2018. pg. 29.
12
“é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte,
quando necessário ao exercício profissional.”
13
Norberto Bobbio. A Era dos Direitos. Ed. Campus, RJ,1992, p. 49.
14
Carlos Alberto Ghersi. Responsabilidad professional. Editora Astrea, Volume I,
Cap. 4, Buenos Aires, 1995, p. 60.
15
José Roberto de Castro Neves. Boa fé objetiva: posição atual no ordenamento
jurídico e perspectivas de sua aplicação nas relações contratuais, Revista Forense,
p.162.
218
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
16
“Desrespeitar o direito do paciente ou de seu representante legal de decidir
livremente sobre a execução de práticas diagnósticas ou terapêuticas, salvo em
caso de iminente risco de morte.”
17
“Deixar de informar ao paciente o diagnóstico, o prognóstico, os riscos e os
objetivos do tratamento, salvo quando a comunicação direta possa lhe provocar
dano, devendo, nesse caso, fazer a comunicação a seu representante legal.”
18
Paixão, Sérgio Luiz de Carvalho. Novo Código de Ética Reforça Direito de
Informação. Disponível em <https://www.conjur.com.br/2010-mai-15/codigo-etica-
medica-reforca-direito-informacao-paciente>. Acesso em: 01 de out. 2018.
19
Disponível em <https://jus.com.br/artigos/13851/reflexoes-sobre-o-direito-a-
informacao-dos-pacientes-no-brasil-e-nos-estados-unidos>. Acesso em: 04 de out.
2018.
20
Cabral, Bruno Fontinele. Disponível em
<http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/reflex%C3%B5es-sobre-o-direito-
%C3%A0-informa%C3%A7%C3%A3o-dos-pacientes-no-brasil-e-nos-estados-
unidos> Acesso em: 01 de out. 2018.
219
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
CONCLUSÃO
Cumpre ressaltar que, além da informação repassada por
parte dos profissionais, segundo o qual estes possuem o dever de
informar com clareza, lealdade e exatidão, de forma que o paciente
ou o seu representante legal consigam compreender a mensagem
repassada pelos médicos, como do diagnóstico e prognóstico do
paciente e os riscos inerentes ao tipos de procedimento que irão se
21
Cabral, Bruno Fontinele. Disponível em
<http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/reflex%C3%B5es-sobre-o-direito-
%C3%A0-informa%C3%A7%C3%A3o-dos-pacientes-no-brasil-e-nos-estados-
unidos> Acesso em: 01 de out. 2018.
22
Genival Veloso De França. O Consentimento e a Pesquisa, Rio de Janeiro.
Disponível no site da Internet: <www.ibemol.com.br>. Acesso em: 26 set. 2018.
23
Neri Tadeu Camara Souza. O consentimento informado na atividade médica e a
autonomia do paciente, p.01. Disponível em: <www.ibemol.com.br>. Acesso em: 26
set. 2018.
24
Canuto, André. Disponível em: <https://acadvocacia.wordpress.com/2012/05/01/o-
dever-de-informacao-no-codigo-de-etica-medica/>. Acesso em 01 de outubro de
2018.
220
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
25
MIRAGEM, Bruno. Direito do consumidor: fundamentos do direito do consumidor;
direito material e processual do consumidor; proteção administrativa do
consumidor; direito penal do consumidor. São Paulo: RT, 2008, p. 122.
26
STJ, 332.025, Rel. Min. Menezes Direito, 3ª T., DJ 05/08/2002.
27
STJ. RECURSO ESPECIAL: RESP Nº 1.540.580 - DF (2015/0155174-9)
RELATOR: Ministro Lázaro Guimarães.
221
ESTUDOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO MÉDICO DA OAB TOCANTINS reflexões e perspectivas
REFERÊNCIAS
LEI Nº 8.078, DE 11 DE SETEMBRO DE 1990. Código de Defesa do Consumidor.
BOBBIO, Norberto. A Era dos Direitos .Ed. Campus, RJ,1992.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil (1988).
Código de Ética Médica. RESOLUÇÃO CFM Nº1931/2009.
COELHO, Fábio Ulhoa. O Empresário e os Direitos do Consumidor. São Paulo:
Saraiva, 2010.
DANTAS, Eduardo. Direito Médico. Rio de Janeiro: GZ Editora, 2012.
Jurisprudência do STJ, 332.025, Rel. Min. Menezes Direito, 3ª T., DJ 05/08/2002.
Jurisprudência do STJ. RECURSO ESPECIAL: RESP Nº 1.540.580 - DF
(2015/0155174-9) RELATOR: Ministro Lázaro Guimarães.
LISBOA, Roberto Senise. Responsabilidade civil nas relações de consumo. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2001.
MARQUES, Cláudia Lima. A responsabilidade dos médicos e do hospital por
falha no dever de informar ao consumidor.
MEDICINA E DIREITO: responsabilidade civil, judicialização da saúde, sigilo
profissional, genética, viol“encia contra a mulher e dignidade da morte. Reflexoes
e conferencias do VII Congresso Brasileiro de Direito Médico, Brasília (DF(), 3 e 4
de agosto de 2016./ Conselho Federal de Medicina. – Brasília: Conselho Federal
de Medicina, 2018.
MIRAGEM, Bruno. Direito do consumidor: fundamentos do direito do
consumidor; direito material e processual do consumidor; proteção
administrativa do consumidor; direito penal do consumidor. São Paulo: RT,
2008.
NERY JÚNIOR, Nelson et al. Código Brasileiro de Defesa do Consumidor
comentado pelos Autores do anteprojeto. Rio de Janeiro : Forense
Universitária, 1991.
NEVES, José Roberto de Castro. Boa fé objetiva: posição atual no ordenamento
jurídico e perspectivas de sua aplicação nas relações contratuais, Revista
Forense.
222
A presente obra foi aprovada pelo nosso Conselho Científico-Editorial respeitando as diretrizes
da Qualis/CAPES, quais sejam, originalidade, relevância, pertinência, embasamento teórico,
densidade científica, metodologia e desenvolvimento, inclusive o sistema “double blind review”
(dupla análise sigilosa, onde os conselheiros não sabem quem é o autor da obra analisada).
Este sistema garante a isenção e imparcialidade do corpo de pareceristas e a plena autonomia
do Conselho Editorial, atestando a excelência da obra que apresentamos à sociedade.
CONSELHO CIENTÍFICO-EDITORIAL
PROF. DR. CARLOS ROBERTO ANTUNES DOS SANTOS (In Memoriam – Presidente de Honra).
Pós-Doutorado em História da América Latina pela Universidade de Paris III, França. Doutorado em
História pela Universidade de Paris X - Nanterre, França. Mestrado em História do Brasil pela UFPR
- Universidade Federal do Paraná.
------
PROFA. DRA. ALICE FÁTIMA MARTINS: Pós-doutorado pela Universidade de Aveiro (2017). Pós-
Doutorado no Programa Avançado de Cultura Contemporânea da UFRJ (2010). Doutorado em
Sociologia pela Universidade de Brasília (2004). Mestrado em Educação - área de Magistério:
Formação e Trabalho Pedagógico, pela Universidade de Brasília (1997). Licenciatura em Educação
Artística, habilitação em Artes Visuais, pela Universidade de Brasília (1983). PROF. ANDREA
PITASI: PhD. Professor de Sociologia do Direito do Programa de Mestrado e Doutorado da
"Università degli Studi Gabriele D'Annunzio - Dept. of Neuroscience", Itália. Membro do Conselho
Acadêmico do “SANTA FE Associate International”. Presidente na empresa WORLD COMPLEXITY
SCIENCE ACADEMY (WCSA). PROF. AUGUSTUS BONNER COCHRAN III, USA: Academic
Degrees (titulação): B.A., Davidson College; M.A., Indiana University; Ph.D., University of North
Carolina; J.D., Georgia State University College of Law. Professor Titular de Ciência Política da
Faculdade de Agnes Scott – GEORGIA-EUA. PROFA. DRA. BETINA TREIGER
GRUPENMACHER: Pós-Doutorado pela Universidade de Lisboa. Doutorado pela Universidade
Federal do Paraná. Mestrado pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Pós-Graduação
pela Universidade de Salamanca, na Espanha e pela Universidade Austral, na Argentina.
Graduação em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. PROF. DR. BRUNO
MENESES LORENZETTO: Doutorado em Direito pela UFPR na área de Direitos Humanos e
Democracia (2010-2014). Mestrado em Direito pela UFPR na área do Direito das Relações Sociais
(2008-2010). Graduação em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (2003-2007).
PROF. DR. CARLOS ALBERTO DE MORAES RAMOS FILHO: Doutorado em Direito do Estado
(Direito Tributário) pela PUC-SP. Mestrado em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina
(UFSC) e pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Pós-graduação em Direito Tributário
223
Instituto Memória
pela Universidade Federal do Amazonas - UFAM (1998). Pós-graduação em Direito Civil pela UFAM
(1998). PROF. DR. DANIEL FERREIRA: Pós-Doutorado pelo Instituto Ius Gentium Conimbrigae -
Centro de Direitos Humanos /Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra (IGC-CDH/FDUC -
2016). Doutorado (2008) e Mestrado (1999) em Direito do Estado (Direito Administrativo) pela
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUCSP). Laureado pela Faculdade de Direito de
Curitiba (FDC-1993), além de graduado em Engenharia Industrial Elétrica pela Universidade
Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR - 1988). PROF.DR. DEMETRIUS NICHELE MACEI: Pós-
doutorado pelo Departamento de Direito Econômico, Financeiro e Tributário da Faculdade de Direito
da USP (2015). Doutorado em Direito Tributário pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
(2012). Mestrado em Direito Econômico e Social (2004). Especialização em Direito Empresarial pela
Pontifícia Universidade Católica do Paraná (2000). Bacharelado em Direito pela Universidade
Federal do Paraná (1994). PROF. DR. DOMINGO CÉSAR MANUEL IGHINA: Doutorado em Letras
Modernas pela Universidade Nacional de Córdoba (UNC-Argentina). Diretor da Escola de Letras da
Faculdade de Filosofia e Humanidades da Universidade Nacional de Córdoba. PROF. DR. EDGAR
WINTER JÚNIOR: Doutorado em Engenharia e Ciência dos Materiais - PIPE UFPR (2015).
Mestrado em Engenharia de Processos Químicos e Térmicos - PIPE-UFPR (2005). Pós-Graduação
em Produtividade e Qualidade Total pela UNIPLAC-SC (1997). Pós-Graduação em Engenharia de
Segurança do Trabalho na UTFPR (2010). Graduação em Engenharia Química pela Universidade
Federal do Paraná (1991). PROF. DR. EDUARDO OLIVEIRA AGUSTINHO: Doutorado em Direito
Econômico e Socioambiental pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná - PUCPR (2011).
Mestrado em Integração Latino - Americana pela Universidade Federal de Santa Maria (2003).
Especialização em Direito Empresarial pela Pontifícia Universidade Católica da Paraná (2000).
Graduação em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná - PUCPR (1998). PROF. DR.
EDUARDO ARRUDA ALVIM: Doutorado em Direito, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo,
PUC/SP. Mestrado em Direito, PUC/SP. Especialização em Direito Processual Civil, PUC/SP.
Especialização em Direito Tributário, PUC/SP. Bacharelado em Direito, PUC/SP. PROF. DR.
EDUARDO BIACCHI GOMES: Pós-Doutorado em estudos culturais pela Universidade Federal do
Rio de Janeiro, com estudos realizados na Universidade Barcelona, Faculdad de Dret. Doutorado
em Direito pela Universidade Federal do Paraná. PROFA. DRA. ELAINE RODRIGUES: Pós-
doutorado em História da Educação pela Universidade Federal de Uberlândia (2015). Doutorado em
História e Sociedade pela Universidade Estadual Paulista - Júlio de Mesquita Filho (2002). Mestrado
em Educação pela Universidade Estadual de Maringá (1994). Graduação em Pedagogia pela
Universidade Estadual de Maringá (1987). PROF. DR. FABIO ARTIGAS GRILLO: Doutorado e
Mestrado em Direito pela Universidade Federal do Paraná. PROF. DR. FERNANDO ARAUJO:
Doutorado (em 1998) em Ciências Jurídico-Econômicas. Mestrado (em 1990) em Ciências Histórico-
Jurídicas. Licenciatura em Direito (em 1982). PROF. DR. FERNANDO GUSTAVO KNOERR:
Doutorado em Direito do Estado pela Universidade Federal do Paraná (2002). Mestrado em Direito
do Estado e Bacharelado em Direito pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). PROFA. DRA.
FLÁVIA PIOVESAN: Doutorado em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
(1996). Mestrado em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1993). Graduação
em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1990). PROF. DR. FRANCISCO IVO
DANTAS CAVALCANTI: Doutorado em Direito (1995 – 1997) - Universidade Federal de
Pernambuco. Doutorado em Direito (1987 – 1990) - Universidade Federal de Minas Gerais.
Especialização em Direito Público (1985 – 1985) - Universidade Católica de Pernambuco. Mestrado
em Sociologia (1974 – 1976) - Universidade Federal de Pernambuco. Graduação em Direito (1966 –
1970) - Universidade Católica de Pernambuco. PROFA. DRA. GISELA MARIA BESTER: Pós-
doutorado em Direito Público na Universidade de Lisboa. Doutorado em Direito (2002) pela
Universidade Federal de Santa Catarina. Mestrado em Direito pela Universidade Federal de Santa
Catarina (1996), na Linha de Pesquisa Instituições Jurídico-Políticas. Graduação em Direito pela
224
Instituto Memória
Universidade de Ijuí (1991). PROFA. DRA. GRACIELA SANJUTÁ SOARES FARIA: Doutorado
(2010) e Mestrado (2005) em Gestão da Produção pela Universidade Federal de São Carlos
(UFSCar) na linha de pesquisa Organizações, Instituições e Trabalho. PROF. DR. GUIDO
RODRÍGUEZ ALCALÁ: Doutorado em Filosofia, na Diusburg Universität (1983). Mestrado em
Literatura, na Ohio University e The University of New México. Graduação em Direito pela
Universidade Católica de Assunção (Paraguai). PROF. DR. HERBERTO JOSÉ CHONG NETO:
Pós-doutorado em Saúde da Criança e do Adolescente (2009-2011) na Universidade Federal do
Paraná. Doutorado em Medicina Interna pela Universidade Federal do Paraná (2006-09). Mestrado
em Ciências da Saúde pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (2003-05). Especialização
em Alergia Pediatrica-Hospital de Clínicas-Universidade Federal do Paraná (1999-2001). Residência
em Pediatria-Hospital de Clínicas-Universidade Federal do Paraná (1997-99). Graduação em
Medicina pela Universidade Federal do Paraná (1997). PROF. DR. ILTON GARCIA DA COSTA:
Pós-doutorado em Direito pela Universidade de Coimbra - Portugal (em andamento). Doutorado em
Direito pela PUC-SP Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2010). Mestrado em Direito pela
PUC-SP (2002). Mestrado em Administração pelo Centro Universitário Ibero Americano UNIBERO
(2001). Especialização em Administração Financeira pela Alvares Penteado. Especialização em
Mercados Futuros pela BMF – USP. Especialização em Formação Profissional na Alemanha.
Graduação em Direito pela Universidade Paulista UNIP (1996). Graduação em Matemática pela
Universidade Guarulhos UNG (1981). PROFA. DRA. JALUSA PRESTES ABAIDE: Pós-Doutorado
na Université de Saint Esprit de Kaslik, Líbano (2006). Doutorado em Direito pela Universidade de
Barcelona, Espanha (2000). Mestrado em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina
(1990). Graduação em Direito pela Universidade Federal de Santa Maria (1985). PROF. DR.
LAFAYETTE POZZOLI: Pós-Doutorado pela Universidade "La Sapienza", Roma (2002). Doutorado
(1999) em Filosofia do Direito pela PUC/SP. Mestrado (1994) e graduação (1986). PROF. DR. LUC
CAPDEVILA: Pós-Doutorado. Professor Titular da Universidade de Rennes 2 (França), em História
Contemporânea e História da América Latina e Diretor do Mestrado de História das Relações
Internacionais. PROF. DR. LUÍS ALEXANDRE CARTA WINTER: Doutorado em Integração da
América Latina pelo USP/PROLAM (2008). Mestrado em Integração Latino-Americana pela
Universidade Federal de Santa Maria (2001). Especialização em Filosofia da Educação pela
Pontifícia Universidade Católica do Paraná (1988). Graduação em Direito pela Universidade Federal
do Paraná (1984). PROF. DR. LUÍS FERNANDO SGARBOSSA: Doutorado em Direito pela
Universidade Federal do Paraná - UFPR (CAPES 6). Mestrado em Direito pela Universidade Federal
do Paraná - UFPR (CAPES 6). PROF. DR. LUIZ EDUARDO GUNTHER: Pós-Doutorado pela
PUCPR. Doutorado e Mestrado em Direito pela Universidade Federal do Paraná. Graduação em
História pela Universidade Federal do Paraná. PROF. DR. LUIZ FELIPE VIEL MOREIRA: Pós-
Doutorado pela Universidade Nacional de Córdoba, U.N.C., Argentina. Doutorado em História Social
pela Universidade de São Paulo, USP, Brasil. Mestrado em História pela Universidade Federal do
Rio Grande do Sul, UFRGS, Brasil. PROF. DR. MARCO ANTÔNIO CÉSAR VILLATORE: Pós-
Doutorado pela Universitá degli Studi di Roma II, Tor Vergata (2014). Doutorado em Diritto del
Lavoro, Sindacale e della Previdenza Sociale - Università degli Studi di Roma, La Sapienza (2001),
revalidado pela UFSC. Mestrado em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
(1998). PROF. DR. MATEUS BERTONCINI: Pós-Doutorado em Direito pela Universidade Federal
de Santa Catarina. Doutorado e Mestrado em Direito do Estado pela Universidade Federal do
Paraná. PROF. DR. NELSON NERY JUNIOR: Doutorado em Direito pela Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo (1987) e doutorado em Direito - Universität Friedrich- Alexander Erlangen-
Nürnberg (1987). Mestrado em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1983).
Graduação em Direito pela Universidade de Taubaté (1977). PROF. DR. OCTAVIO CAMPOS
FISCHER: Doutorado em Direito Tributário pela Universidade Federal do Paraná (2002). Mestrado
em Direito Tributário pela Universidade Federal do Paraná (1999). Graduação em Direito pela
225
Instituto Memória
Universidade Federal do Paraná (1993). PROF. DR. PAULO BRENO NORONHA LIBERALESSO:
Doutorado em Distúrbios da Comunicação (2007/2011) pela Universidade Tuiuti do Paraná.
Mestrado em Neurociências (2003/2004) pela Universidade Federal de São Paulo. Pós-graduação
em Epileptologia (2002/2003) pela Universidade Federal de São Paulo. Residência médica em
Pediatria (1999/2000) e Residência médica em Neuropediatria (2001/2002) pelo Hospital Pequeno
Príncipe, Curitiba, PR, Brasil. Graduação em Medicina (1998). PROF. DR. PAULO RICARDO
OPUSZKA: Doutorado em Direito (2010) pela Universidade Federal do Paraná. Mestrado em Direito
(2006). Bacharelado em Direito (2000) pelo Centro Universitário Curitiba. PROF. DR. PAULO
ROBERTO CIMÓ QUEIROZ: Doutorado em História Econômica pela Universidade de São Paulo,
USP, Brasil. Mestrado em História pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho,
UNESP, Brasil. PROF. DR. RENÉ ARIEL DOTTI: Doutorado em Direito pela UFPR. PROF. DR.
RICARDO LEHTONEN RODRIGUES DE SOUZA: Doutorado em Genética pela Universidade
Federal do Paraná (2001). Mestrado em Genética pela Universidade Federal do Paraná (1995).
Graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Paraná (1991). PROF. DR.
ROLAND HASSON: Doutorado em Direito das Relações Sociais pela Universidade Federal do
Paraná. Mestrado em Direito Privado pela Universidade Federal do Paraná. Graduação em Direito
pela Universidade Federal do Paraná. PROF. DR. RUI FERNANDO PILOTTO: Doutorado em
Genética pela Universidade Estadual de Campinas (1991). Mestrado em Genética pela
Universidade Federal do Paraná (1973). Graduação em Medicina pela Universidade Federal do
Paraná (1983). Graduação em História Natural - Biologia pela Universidade Federal do Paraná
(1969). PROFA. DRA. SARA PETROCCIA: Research Fellow - Ph.D - Gabriele d’Annunzio
University, Chieti- Pescara, Italy. PROF. DR. SERGIO ODILON NADALIN: Doutorado em História e
Geografia das Populações - Ecole des Hautes Etudes en Sciences Sociales (1978). Mestrado em
História pela Universidade Federal do Paraná (1975). Graduação em História (Licenciatura) pela
Universidade Federal do Paraná (1966). PROF. DR. SIDNEY GUERRA: Pós-Doutorado pelo Centro
de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra e Pós-Doutorado pelo Programa Avançado
de Cultura Contemporânea da Universidade Federal do Rio de Janeiro (PACC/UFRJ). É Doutor,
Mestre e Especialista em Direito. PROF. DR. TÁRSIS NAMETALA SARLO JORGE: Doutorado e
mestrado em Direito pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ, com especialização
em Direito Previdenciário. PROF. DR. TEÓFILO MARCELO DE ARÊA LEÃO JÚNIOR: Pós-
doutorado em Direito pelo Ius Gentium Conimbrigae da Faculdade de Direito da Universidade de
Coimbra (2015). Doutorado pela ITE - Instituição Toledo de Ensino de Bauru (2012). Mestrado pela
PUC - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2001). Graduação (1996) no UNIVEM - Centro
Universitário "Eurípides Soares da Rocha" de Marília-SP. PROFA. DRA. VIVIANE COÊLHO DE
SÉLLOS KNOERR: Doutorado em Direito do Estado pela PUC-SP. Mestrado em Direito das
Relações Sociais pela PUC-SP. Especialização em Direito Processual Civil pela PUCCAMP. PROF.
DR. WAGNER MENEZES: Pós-doutorado (Universidade de Pádova - Itália). Doutorado (USP).
Mestrado (PUCPR).