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Número 12
Direção Teatral: Formação e Pesquisa | 6
SUMÁRIO
O TEATRO POLÍTICO NO AGORA:
TEMÁTICAS E EXPLORAÇÕES ESTÉTICAS URGENTES
Santiago Sanguinetti
(Montevidéu/Uruguai)
GALPÃO CINE HORTO
EM FOCO EM FOCO
PRODUÇÃO EDITORIAL:
Marcos Coletta
JORNALISTA RESPONSÁVEL:
Luciene Borges (MG 09820 JP)
CONSELHO EDITORIAL:
Chico Pelúcio, Marcos Coletta,
Nina Caetano e Sara Rojo.
REVISÃO:
Élida Murta e Rachel Murta | Trema Textos
TRADUÇÃO:
Gabriela Figueiredo e Thiago Landi
EDITORIAL
13 | Editorial
Editorial | 14
CARO LEITOR,
e desentendimentos.
Editorial | 16
analisa
o procedimento de justaposição de elementos dissonantes e
contraditórios para produzir a multiplicação dos sentidos de
uma obra, fazendo com que a forma seja tão ou mais política
que o conteúdo. Como exemplos, o autor nos apresenta e
disserta sobre as peças que formam a Trilogia da Revolução,
escritas e dirigidas por ele.
Editorial | 20
Boa leitura!
Marcos Coletta
Nina Caetano 1
(BELO HORIZONTE/MG)
1 - Nina Caetano (MG) é performer, pesquisadora e
3 - No cerne da pesquisa de
ambos os coletivos está o
interesse em dialogar diretamente
com a cidade e seus habitantes,
fazendo parte de sua investigação
as relações entre corpo, espaço
e poder – ainda que, no caso do
NINFEIAS, as pesquisas centrem-
performativas feministas.
Problemas de
gênero: feminismo e subversão
da identidade. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 2010.
O Teatro Político no Agora | 30
Temáticas e explorações estéticas urgentes
13 - Informações retiradas do
site do evento: http://www.
osconectores.wix.com/moteh .
O Teatro Político no Agora | 36
Temáticas e explorações estéticas urgentes
a.
sm.
14 - Release do espetáculo,
br/2016/calor-na-bacurinha/ .
15
. 15 - Dicionário Caldas Aulete
digital, disponível em:
http://www.aulete.com.br/
O Teatro Político no Agora | 38
Temáticas e explorações estéticas urgentes
fábula na qual “um indivíduo de cor chega a uma terra onde tudo
é branco, causando reações que vão da surpresa à violência”19 .
Em O que não vaza é pele
invadido o tempo todo pela dimensão do real: desde a presença
aparentemente descompromissada dos atuantes até a disruptiva
exibição da matéria de um jornal televisivo que revela para
nós, espectadores, o fato de que o indivíduo de cor, narrado
na “singela” fábula, é o diretor (e ator) Alexandre de Sena. Ao
mim a minha parcela de estar mergulhada de corpo inteiro neste 27 - Trecho da crítica Esse silêncio
mundo e de fazer dele minha matéria. Pois não é a performer, grita por humanidade, de Ivana
Moura, publicada no blog
parafraseando Eleonora Fabião (2008, p.238), quem, ao evidenciar
Satisfeita, Yolanda? Disponível
o corpo, deseja tornar evidente o corpo-mundo? em: http://www.satisfeitayolanda.
com.br/blog/2015/12/21/esse-
silencio-grita-por-humanidade/ .
Todos os dias, nas ruas da cidade,
mulheres são construídas.
28 - Carta-manifesto exposta ao
transeunte durante a performance
urbana Espaço do Silêncio,
realizada por mim em espaços
Post scriptum
1. 2.
Em maio de 2014, eu fazia a ação na Em junho de 2015, uma moça de 20
anos, Débora Souza, foi assassinada
no colo, e parou para ler minha em frente à casa que eu mantinha
carta-manifesto. À medida que lia, em Ouro Preto. Isso aconteceu em
ela nos co-movia – pois se alterava um sábado de manhã, numa rua
e, se alterando, me alterava também. movimentada do bairro. Após reagir
a um assédio, ela é morta a facadas
olhos e disse: Eu quero me juntar
a você. E eu, de olho nela e um aguarda processo em liberdade após
pouco pasma, perguntei: agora? A alegar “legítima defesa”. Três dias
moça pensou no bebê, pensou em Espaço do Silêncio
como podíamos e respondeu: agora no mesmo local, em memória de
não. Pediu meus contatos – que eu, Débora. Chovia. Algumas mulheres,
desesperada, rascunhei na carta- em estado de luto, se aproximaram
manifesto – e partiu. Nunca mais a vi. de mim, como quem se aproxima
da família em um velório. Outras
pessoas – homens e mulheres – em
minha volta e movidos pela ação,
discutiam o caso. Alguns achavam
que ela merecia aquilo, porque tinha
bebido com seu assassino algumas
horas antes.
O Teatro Político no Agora | 52
Temáticas e explorações estéticas urgentes
3.
Em 29/7/2016 fui procurada via
Messenger por Rosy Souza. Ela
me disse que havia visto, em
compartilhamentos do Facebook,
materiais sobre Espaço do Silêncio.
Nesses materiais, estava o nome de
sua tia, Osailda de Sousa Coelho,
de 45 anos, assassinada por
envenenamento pelo marido, em
Dom Expedito Lopes, Piauí. Rosy me
disse que ela havia visto o nome da
tia e resolvido me procurar. Rosy quer
justiça, ela luta para que o crime,
ocorrido em fevereiro de 2015, seja
julgado como tal e o feminicida –
que permanece em liberdade – seja
punido. Ela luta para que o crime não
seja esquecido e para que a memória
de sua tia não seja apagada.
Espaço do Silêncio, o lençol.
4.
Em 3/9/2016, fui novamente procurada via
Messenger. Agora, por uma atriz e amiga que havia
Tamy. Aline Gouveia. Amanda Bueno. Amanda Linhares. Amanda Pedro. Ana
Alice Moreira. Ana Carolina Florenzano. Ana Carolina Nascimento. Ana Maria dos
Santos. Ana Paula da Silva. Ana Paula Barros. Ana Tereza Leone. Anaíldes dos
Santos. Andreia Aquino. Andressa da Conceição. Anete Silva. Angelina Filgueiras.
Arabela Bastos. Bárbara Richardelle. Batistina Feijó. Beatriz Cândido. Beatriz de
Oliveira. Berenice Correia. Brenda Esteves. Bruna da Silva. Bruna Alves. Bruna
de Oliveira. Bruna Brito. Camila Albrecht. Camila Belegante. Cara Burke. Caroline
Barbosa. Caroline Gomes. Celina Rodrigues. Christiane de Souza. Cícera Ferreira.
Clarinda Maciel. Cláudia da Silva. Claudiana Barbosa. Claudiane Martiniano.
Cléia Dallin. Cleia Quevedo. Cleomara Sorotenik. Cleusa de Lima. Cleuza Pereira.
Conceição Lima. Cristiana Ribeiro. Cristiane Ferreira. Cristina da Silva. Daiane
Sousa. Dalete Gonçalves. Dalvânia Correia. Damiana Andrade. Damiana Pereira.
Dandara Aguiar. Daniane Lemes. Daniela de Moura. Daniela Maria da Conceição.
Daniela Pavanelo. Daniele Cardoso. Danielle Oliveira. Dara dos Santos. Dayane
Barbosa. Dayane Mozer. Débora de Araújo. Deise Ferreira. Deiviane Mello.
55 | Por uma Arte Panfletária
Delzita Martins. Denise Lima. Denise Soares. Dineuza Rodrigues. Divana Peres.
Edislene Rezende. Edmaria Rocha. Edna Oliveira. Edneia Jeronymo. Eduvirgem
Queirós. Elaine Bezerra. Elaine Nunes. Elba Medeiros. Eliana Soares. Eliane
Mendes. Isis Santos. Irene Andriazzi. Ivaneide Lima. Jaci Almeida. Jaciele dos
Santos. Jackeline Rodrigues. Jacqueline Batista. Janaína da Silva. Janaína Dalben.
Jandeilma dos Santos. Jane Fernandes. Janete Belini. Jaqueline Vieira. Jayne
Vieira. Jemima da Veiga. Jéssica Camilo. Jessica Furtado. Jéssica Nogueira.
Jéssica Ramos. Jocélia Boeno. Joelma de Sá. Joelma Viana. Jorgelina de Almeida.
Joseilda Marques. Josiane Faria. Josiene Azevedo. Josina Silva. Joyce Soares.
Júlia Fernandes. Juliana Paiva. Justina de Jesus. Karine de Abreu. Kássia Pereira.
Kassia Mattos. Katia Candido. Keila Benízia. Keila Campos. Keila Fernandes. Keila
Nascimento. Keliane de Oliveira. Kely Ostwald. Kemilly Andrielli. Laida Romualdo.
Laila Sousa. Laís Alves. Laissy Carvalho. Larissa Câmara. Larissa Velasco. Laura
Rosolem. Leidiane Miotto. Leila Bloemer. Leonice Sizinande. Letícia Guedes.
Letícia Santos. Letícia Soares. Lidiane Barros. Liliane Ferreira. Lindalva Barra.
Lívia de Aguiar. Lizete Meurer. Lorraine Ventura. Louise Ribeiro. Luana Oliveira.
Lucélia Salazar. Lucélia Rodrigues. Luciana Pereira. Luciara Aguiar. Luciene de
Azevedo. Lucimar Arruda. Lucimar Silva. Lucivania da Silva. Luzia Coelho. Luzia
Steinbach. Luziene Andrade. Madalena Souza. Marcelina Santos. Márcia Pereira.
Proença. Maria Alice Seabra. Maria Antônia de Souza. Maria Antônia Lagos.
O Teatro Político no Agora | 56
Temáticas e explorações estéticas urgentes
Maria Antônia Lima. Maria Aparecida da Cunha. Maria Aparecida Dantas. Maria
Aparecida Alves. Maria Aparecida Oliveira. Maria Augusta Magalhães, Maria
Cristina Gomes. Maria das Dores Ramos. Maria das Graças da Silva. Maria de
Fátima dos Santos. Maria de Jesus. Maria de Nazaré. Maria Divina Pereira. Maria
do Carmo Santos. Maria do Carmo Alves. Maria do Carmo Rocha. Maria do
Socorro Duarte. Maria dos Remédios de Sousa. Maria dos Santos. Maria Francisca
Santana. Maria Gorete Pereira. Maria Graciela Graunke. Maria Helena Alves.
Maria Helena Feitosa. Maria Islaine de Morais. Maria Joana de Jesus. Maria José
de Pauli. Maria Ligia Siqueira. Maria Lina Dias. Maria Lúcia Nunes. Maria Regina
dos Santos. Maria Rizomar. Maria Vilani. Marildete de Lemos. Marilene Soares.
Marinalva Macena. Marina da Silva. Marinete Gomes. Mariza Fialho. Marlene de
Sena. Marli Silva de Souza. Marlúcia Moreira. Mércia Nakashima. Milena Alves.
Mirian Gabe. Mylena Bessa. Nádia Guerra. Nadir Farias. Natália Luiz. Natália
Vitorina. Natália Eger. Nayanne Carvalho. Neruracir Santos. Nilma Lacerda.
Nilzete Cerqueira. Noêmia Bordignon. Noêmia Pereira. Patrícia de Melo. Patrícia
Moura. Patrícia Pereira. Patrícia Peixoto, sua irmã Cristiane Vendramini e sua avó
Damiana Lopes. Paula Nascimento. Paula Lima. Pollyana Lopes. Priscila Sousa.
Raíssa (travesti). Raquel Soares. Regiane Alves. Regiane Barcelos. Regina Bastos.
Regina de Jesus Belo. Renata Araújo. Rildeny Modesto. Rita de Cássia Evangelista.
Rita Rodrigues. Rosana Cândido. Rosana Ferreira. Rosane Berteli. Rosângela
Fernandes. Rosenilda Pereira. Rosiane Borges. Rosimare Alves. Rozineide Bauer.
Salete Macedo. Sandra Alfonso. Sandra Gomide. Sandra Santos. Sara Teixeira.
Sebastiana Paniagua. Shirley Cavalcante. Shirley da Silva. Shirley Souza. Sidilene
Alves. Silvana Lima. Silvia Miranda. Simone Maldonado. Sintia de Sousa. Solange
da Silva. Solange Campos. Stéphanie Rodrigues. Sueldia Claudino. Suênia Sousa.
Tainá Caetano. Tatylla Marçal. Terezinha Gomes. Thainá Batista e sua mãe, Isaura
Medeiros. Thais Borges. Thaís Muniz. Thajela Oliveira. Tânia Galvão. Thaynara
Gualberto. Úrsula Raimundo. Valdenize Santos. Valcicléia da Cruz. Vanda Brígida
Pereira. Vanessa da Silva. Vanessa da Silva Santos. Vanessa Peloi. Vanessa Ribeiro.
Vandressa França. Veridiana Carneiro. Vilma Coutinho. Vilma Lima. Viviane da Lima.
Viviane Garcia. Waleska Cordeiro. Yasmim Ferreira. Yasmin França. Yoná Azevedo.
57 | Por uma Arte Panfletária
Referências:
online: http://revistasalapreta.com.br/index.php/salapreta/article/
view/263.
Porto, 2007.
O ESCRACHE :
UMA ARMA PARA A
TRANSFORMAÇÃO
SOCIAL
Pedro Diniz Bennaton 1
(FLORIANÓPOLIS/SC)
1 - Pedro Diniz Bennaton (SC) é doutorando em Teatro
escrache do H.I.J.O.S.
(http://www.hijos.org.ar/)
uma arma para a transformação social
73 | O Escrache:
O Teatro Político no Agora | 74
Temáticas e explorações estéticas urgentes
A performance
como um teatro de apresentação, no qual os
atores/performers realizam uma ação no presente
instante das próprias vidas e das vidas de diversas
pessoas. Nesse sentido, o grupo argentino opera
de modo concreto, não só quando realiza a
performance no instante do cotidiano das pessoas
como na transformação social, quando inverte a
lógica do Estado, que sempre oculta, desaparece,
extermina, anula e evidencia, mas traz à tona
atrocidades cometidas no passado que incomodam
culturalmente o presente de toda uma nação.
O Teatro Político no Agora | 76
Temáticas e explorações estéticas urgentes
do funcionamento do escrache é o
fato de este acontecer na cidade,
nas ruas e com a participação dos
cidadãos, da comunidade. A ação no
espaço urbano da rua proporciona
uma releitura da vida social, atuando
em seu âmago, com o objetivo de
Cartaz de divulgação de um
(http://www.hijos.org.ar/)
escrache do H.I.J.O.S.
O Teatro Político no Agora | 78
Temáticas e explorações estéticas urgentes
http://www.hijos.org.ar/ e http://www.
hijos-capital.org.ar/.
(SAYAK, 2014).
87 | Cena e feminismos decoloniais latino-americanos:
subjetividades como zonas de confronto
Instituto Hemisférico.
O Teatro Político no Agora | 92
Temáticas e explorações estéticas urgentes
93 | Cena e feminismos decoloniais latino-americanos:
subjetividades como zonas de confronto
Violeta Luna em Requiem
Outra ação é Para aquelas que não mais estão (2015), parceria
entre Violeta Luna e o coletivo Rubro Obsceno6, agrupamento do
qual faço parte em São Paulo. Nessa performance tratamos do
tema do feminicídio por acreditarmos ser imprescindível denunciar
estreou em 18 de dezembro de
do Hemispheric Institute of
Performance and Politics, em
Santiago do Chile, julho de 2016.
Violeta Luna, Stela Fischer e
reverenciar a vida.
Então...
Referências
______. .
Córdoba: DocumentA/Escénicas, 2013.
Catálogo/Programa do 8º Encontro do
Instituto Hemisférico Cidade/Corpo/Ação: A Política das Paixões
nas Américas. São Paulo, 2013.
e Antagonismos Sociais.
O Teatro Político no Agora | 108
Temáticas e explorações estéticas urgentes
1.
De quando o teatro brasileiro falava em
Revolução
do teatro épico:
2.
O protagonismo do teatro político na luta
da década de 1960
4 - A principal referência é
COELHO, Germano. MCP: história
do Movimento de Cultura Popular.
Recife: Ed. do Autor, 2012.
O Teatro Político no Agora | 118
Temáticas e explorações estéticas urgentes
3.
O teatro não tinha a TV
como concorrente
Comunicações, em Brasília.
4.
Avanços e limites que tivemos da década de 1980 ao
momento atual
bastante limitado.
5.
10 - www.institutoaugustoboal.
org
O Teatro Político no Agora | 132
Temáticas e explorações estéticas urgentes
Sara Rojo 2
(BELO HORIZONTE/MG)
UFMG/CNPQ*
2 - Sara Rojo (MG) é chilena radicada em Belo Horizonte.
Mayombe de Teatro.
O Teatro Político no Agora | 136
Temáticas e explorações estéticas urgentes
Romo Mena.
de anacronia de Didi-Huberman
(2011), que remete a temporalidades
em tensão no interior da imagem.
Acredito que as imagens críticas
exigem tanto do artista quanto do
espectador um pensamento aberto
Referências teóricas:
Ignorância, texto e
direção de Assis Benevenuto e Marcos Coletta, 2015.
NORDESTE,
BRASIL,
LATINOAMÉRICA
Fernando Yamamoto 1
(NATAL/RN)
1 - Fernando Yamamoto (RN) é diretor, professor e
I. PRIMEIRO PRÓLOGO
Nordeste do mundo.
O Teatro Político no Agora | 160
Temáticas e explorações estéticas urgentes
(PORTO/PORTUGAL)
1 - Hugo Cruz (Porto/Portugal) é criador, programador Irene Serafino (Porto/Portugal) é Mestre em Políticas
cultural e professor na Escola Superior de Música, Artes Sociais e Serviço Social pela Universidade de Bolonha
no Instituto de Estudos de Literatura Tradicional – Letras da Universidade do Porto (FLUP) com bolsa de
Universidade Nova de Lisboa. Consultor Artístico do estudo SFRH/BD/100168/2014, pela Fundação para a
Festival de Teatro de Almada. Leciona em diversas Ciência e Tecnologia (FCT), e Investigadora integrada do
instituições nacionais e internacionais no âmbito das Instituto de Sociologia da Universidade do Porto (ISUP).
1. INTRODUÇÃO
2.
comunitárias
reclusos do Estabelecimento
3.
Uma breve apresentação do percurso da PELE no âmbito da criação artística
comunitária
A PELE, presente no território portuense desde 2007, surgiu num contexto de conjunturas
que passam pelas questões econômicas, mas também sociais e políticas. Referimo-nos
às dinâmicas destacadas por estudos sociológicos relacionadas com o aumento das
índice de Gini2
e que apresenta valores mais elevados nos países do sul da Europa, como Portugal, ao
enfraquecimento dos sistemas clássicos de suporte informais como a família e a comunidade
que se enfatizou após o ano de 2008 e que ainda parece permanecer, associada a uma
fase de deslegitimação política e de enfraquecimento dos Estados-Providência europeus,
Europa
do Sul , no qual Portugal se insere. Mas também é um contexto caraterizado por uma nova
3
RANCIÈRE, 2005).
179 | A criação teatral em Portugal
no contexto das práticas artísticas comunitárias
2 - Instrumento de medição
estatística que indica o grau
de concentração de renda em
determinado grupo. Apresenta
valores de 0 a 1, em que 0
representa a igualdade da
distribuição da riqueza e 1, a
concentração de toda a riqueza
e Cultural. 2014.
, podem
4.
Algumas considerações
Santiago Sanguinetti 2
(MONTEVIDÉU/URUGUAI)
2 - Santiago Sanguinetti (Montevidéu/Uruguai) é ator,
3 - Do original: “Permítame
recordarle, señora, que esta mano
también ha hecho muchas otras
cosas”. Tradução nossa.
cobrar preços elevados, fazer publicidade nesse ou naquele jornal. São todos
atos políticos, mas o são em sua forma, não no conteúdo. Ao falar de conteúdo,
falamos necessariamente das ideias que vão além da própria teatralidade.
Falamos das ideias sobre as quais se sustenta o mundo real. No meu ponto de
vista, é justamente aí, na interação entre o âmbito da representação e o âmbito
puramente extrateatral, onde acontece o jogo da relação entre teatro e política.
6 - Do original:
del arte es dar una sensación
del objeto como visión y no
como reconocimiento; los
procedimientos del arte son
los de la singularización de los
objetos, y el que consiste en
oscurecer la forma, en aumentar
la percepción. El acto de la
8 - Do original: “teatro de
conversación”.Tradução nossa.
A peça que completa a trilogia, Breve apologia do caos…, apresenta um jovem que, junto a
seu avô, viaja para Manhattan para propagar um vírus que havia criado e que, ao combinar
DNA de gorila com testosterona, tem por efeito tornar os seres humanos extremamente
violentos. A epidemia planejada irá provocar um apocalipse sistêmico que permitirá que as
utopias revolucionárias se tornem realidade, quando tudo começar outra vez do zero. E tal
como antes foram Mariátegui, Quijano e Hegel, agora será a vez de Trotsky. O avô, velho
trotskista, fundamentará a ação do grupo apoiando-se no conceito de revolução permanente
e, para isto, recorre ao mapa naïf do tabuleiro do jogo WAR. Tanto a obra A revolução
permanente como o jogo infantil são atravessados, provocando puro ruído semântico, pura
estática de sentido.
Sobre a teoria do eterno
Sanguinetti. 2012.
12 - No original: “Bienvenido a
casa”. Tradução nossa.
Persichetti.
O Teatro Político no Agora | 212
Temáticas e explorações estéticas urgentes
213 | Entre o sublime e o espúrio:
uma breve exposição sobre o conceito de justaposição (...)
O Teatro Político no Agora | 214
Temáticas e explorações estéticas urgentes
não linear, não óbvia, não didática. Teatro e política estão unidos
Obras citadas:
Eduardo Moreira 1
(BELO HORIZONTE/MG)
1 - Eduardo Moreira (MG) é ator, dramaturgo, diretor
Dila Puccini.
251 | Festival Cenas Curtas do Galpão Cine Horto:
a liberdade criativa como atitude política
Little Boxes (MG). 2015.
Curtas. 2016.
261 | Festival Cenas Curtas do Galpão Cine Horto:
a liberdade criativa como atitude política
Imagem produzida para a
variadas formas do como fazer teatro político nos dias de hoje. Os discursos e
Para onde o Festival Cenas Curtas caminha e de que forma ele se realizará
em 2017 ainda não sabemos, uma vez que todos os projetos do Galpão
Cine Horto dependem da disponibilidade de patrocínios para se manterem
UM BALANÇO DAS
AÇÕES REALIZADAS
PELO GALPÃO
CINE HORTO EM 2015
Em 2015 foram realizados 13 projetos para um público
de 10.200 pessoas.
EQUIPE
GRUPO GALPÃO
Atores |
Fábio Furtado
Coordenação Pedagógica dos Núcleos de Pesquisa: Ana Luísa Santos
Secretaria de Cursos: José Junior
Equipe Pedagógica: Camila Morena, Fábio Furtado, Gláucia Vandeveld,
Juliana Martins, Kelly Crifer, Leandro Acácio e Letícia Castillo
Reginaldo Santos
Atores-Monitores: Dayane Lacerda, Fabiano Lana e Mariana Blanco
Coordenação Administrativo-Financeira: Maria José dos Santos
Leandro Dias
Coordenação Operacional: Ricelli Piva
Recepcionista: Dayane Nonato
Porteiro: Eberton Pereira
Serviços Gerais: Juarez Pereira e Rita Aparecida Rosa da Silva
Assistente de Planejamento e Projetos: Tania Araujo
Assessoria Contábil: Infogrupo – Maurício Silva
Familia Tipográfica utilizada: Univers
Galpão Cine Horto
Novembro de 2016
Ministério da Cultura e
Governo de Minas Gerais
apresentam
CA 0506/001/2014
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