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Necessário notar que, atualmente, o debate teórico marxista acerca da práxis política encaminha-
se para o desenvolvimento dessas duas possibilidades em ultra-política e pós-política, que, ainda que
apresentem contribuições categoriais importantes para a discussão do agir político humano, podem ser
compreendidas como desdobramentos teóricos de pressupostos já existentes no arcabouço marxista sobre a
questão, sendo importante seu questionamento e o seu diálogo com as condições materiais existentes na
contemporaneidade e com o constructo teórico que já expressava as contradições anteriores.
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Rousseau, embora versasse sobre o direito natural conforme a determinação para esse escola, possuía
uma visão triádica dos estados do homem, ao contrário da visão dual de Hobbes e Locke. Para
Rousseau, haveria duas possibilidades diversas ao estado de natureza (que não era adversativo, apenas
simplificado): um que instituía uma igualdade real, moral e econômica e outro que instituiria um
modelo formal de igualdade, agravando, porém as desigualdades.
da realidade feudal da produção social. A passagem ao Estado moderno capaz de
assegurar os direitos 'humanidade” fazia referência à “humanidade” burguesa que
começava a despontar como alternativa ao projeto dominante.
Torna-se, então, imprescindível retomar nesse momento a crítica realizada por
MARX (2009) em Sobre a Questão Judaica, na qual o autor desenvolve o argumento de
que a emancipação política alcançada com a Revolução Francesa e a “fundação” do
Estado moderno não deve ser confundida com a emancipação humana, posto que, sob o
véu da universalidade humana, carrega consigo os interesse de apenas uma classe, a
burguesa. Como nos diz Marx (2009): “A emancipação política de fato representa um
grande progresso; não chega a ser a forma definitiva da emancipação humana em geral,
mas constitui a forma definitiva da emancipação humana dentro da ordem mundial
vigente até aqui” (p. 41 – grifos do autor). Essa ordem, assim, refere-se a ordem vigente
do desenvolvimento da sociedade civil que fornecerá os moldes pelos quais o Estado
assumirá suas formas – e nesse caso, seus contornos burgueses; não sendo possível sua
confusão com uma emancipação real do sujeito. Ou, como o situa Marx (2009):
Fazemos esse contorno histórico das ideias políticas acerca do Estado para voltarmos à
necessária afirmação de que o Estado moderno – sob o qual vivemos – é o Estado
capitalista e possui seus mecanismos e processos (legais, morais e éticos) em acordo com
a lógica da acumulação e da exploração. Luxemburgo (2015) é categórica:
Verifica-se aqui que a práxis política – que poderá se tornar revolucionária – situa-
se no acordo com a definição de práxis explicitada por Kosik (2002) como forma ativa de
atuação e elaboração da realidade pelo sujeito, porém refere-se à disputa de projetos de
organização da produção e da vida social. Dessa forma, a práxis política requer que a
separemos da simples prática do diálogo, da eleição representativa, ou da “neutralidade”
e voltemos nosso olhar para os projetos que estão em disputa dos diversos grupos e
classes para que atuemos, conjuntamente, em sua defesa, de modo a transformar a
organização social.
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Por isso é impreterível o destaque da diversidade do apoliticismo como posição do sujeito, da atuação
(ou mesmo práxis) do voto nulo em si.
Como expressa Marx (2011):