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Setembro de 2016
Resumo: Este relato tratará de uma experiência muito bem-sucedida em uma Escola Municipal na cidade de
Cerqueira César no Estado de São Paulo. Esta experiência ocorreu no primeiro semestre de 2015 durante a
participação na disciplina de Estágio Supervisionado em Educação Musical 3 do curso de Licenciatura em
Música da Universidade Federal de São Carlos. Será demostrado como a atividade do Grupo Barbatuques
“Tum pá” teve uma abertura além da percussão corporal e suas benesses a outras atividades como o
conhecimento da Bateria, das suas partes e de sua história junto com a explicação simplificada da partitura
deste instrumento e a utilização de recursos pedagógicos como a tecnologia e criação.
1. INTRODUÇÃO
O presente relato trata de uma aula de música ministrada em uma Escola Municipal
de Cerqueira César EMEIF Professor Avelino Pereira em diversas turmas de 3º, 4º e 5º
anos, com uma média de 25 alunos e a faixa etária entre 9 e 12 anos. As aulas compõem
uma parte das atividades desenvolvidas na disciplina de Estágio Supervisionado em
Educação Musical 3 do curso de Licenciatura em Música da Universidade Federal de São
Carlos.
A aula em questão buscou desenvolver uma proposta em que não se focasse
somente na percussão corporal utilizando os recursos encontrados nela. Além de utilizar o
corpo como o instrumento bateria e suas partes, procurou-se, concomitantemente,
apresentar os timbres e a tessitura, utilizando a tecnologia e a criação a partir de uma
atividade já estruturada e escrita musical.
A atividade conhecida como Tum pá, do Grupo Barbatuques, foi escolhida dentro
da reunião semanal com as professoras que me supervisionaram no campo de estágio nas
semanas entre os dias 20 de abril a 16 de maio de 2015.
Neste artigo, foram relatadas todas as etapas da construção dos conhecimentos
abordados, a maneira como se desenvolveu a busca de um aprofundamento histórico,
CÉSAR, João Paulo S. Tum pá um caminho de descobertas. In: JORNADA DE ESTUDOS EM EDUCAÇÃO MUSICAL,
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estético, teórico e tecnológico paralelamente à execução de sons com o corpo e como pode
ser visto o instrumento real que é a bateria.
Dalcroze tinha a percepção pedagógica aguçada entendendo que a música tinha que
ser desenvolvida não só de maneira racional, mas sim na completude do ser humano,
fazendo com que a aprendizagem através deste caminho seja consolidada com mais
eficiência. Suas explorações nasceram a partir de indagações de seus alunos sobre não
vivenciar adequadamente os conteúdos teóricos que estavam aprendendo
(FONTERRADA, 2005).
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A aula com o desenvolvimento corporal para as crianças foi muito eficaz, pois saiu
da rotina na qual todos ficavam somente sentados e enfileirados trazendo a oportunidade
de se expressarem com os movimentos e sons, buscando a autonomia dos educandos.
Outros educadores como Murray Schafer também têm a concepção de uma
educação musical mais ativa junto a relativização do som e de seus meios de produção.
Eles associam a percepção destes ao seu ambiente, tendo a observação de que a educação
musical tem que ser viva para que possa envolver o educando na atividade proposta.
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elas queriam uma abertura maior, além da simples realização da percussão corporal e do
trabalho rítmico.
Analisando a atividade, observei que o corpo funciona como uma bateria e
poderíamos trabalhar com este instrumento e a sua história, sons e partes, definição de sua
estrutura junto a observação de sua escrita e recursos tecnológicos.
Com isso, dentro de uma aula de 50 minutos, foi formatada a estrutura e que
processo pedagógico ocorreria em duas partes. O primeiro momento seria mais expositivo
e teórico e o segundo mais prático abordando e revisando todos elementos apresentados.
Também foi elaborado um material que ficasse com as professoras para futuras atividades
com outras turmas e alunos.
A primeira parte da aula se deu focando no que os alunos já conheciam sobre a
bateria e com isto foi se construindo a primeira parte da atividade em que era explicar e
mostrar a bateria e suas partes junto aos elementos musicais com a sua história.
Utilizando o quadro negro e o giz foi perguntado aos alunos como era uma bateria.
A partir de suas colocações, foi-se desenhando e explicado como era uma bateria simples
de 7 peças com bumbo, surdo, ton 1, ton 2, caixa, chimbal, prato de condução e de ataque.
Foi explicado que também existiam outras formações daquele instrumento.
Houve a utilização de um smartphone com um aplicativo chamado Real Drumi
com os sons da bateria, junto a uma caixinha de som simples onde se mostrou a sonoridade
deste instrumento aos alunos, apontando para as partes do instrumento no desenho
construído no quadro negro, sendo tratado também sobre os timbres e a tessitura com
graves, médios e agudos.
No momento seguinte, foi colocado de maneira objetiva que a música pode ser
escrita como as palavras. Explanou-se como era formatada uma partitura de bateria usando
novamente o desenho do quadro negro e como era a grafia de cada parte da bateria e o que
era a pauta e seu símbolo de clave musical.
E fechando a primeira parte da aula, foi feito um traço entre as pontas do quadro
negro e dentro dele, na sua extensão, foi apresentado os fatos mais importantes da história
da bateria, como o surgimento dos tambores, passando pelo desenvolvimento da
metalurgia e o aparecimento do trap set até as baterias eletrônicas que temos hoje em dia.
(HISTÓRIA DA BATERIA, 2015), até aí transcorreu uma média de 15 minutos da aula.
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O Tum do pé seria o bumbo, o Pá das palmas a caixa, Taka os sons percutidos nas
coxas (o ton 1), Te Ke o som percutido na barriga (ton 2), o ToKo o som percutido no peito
o surdo, o Pix o Prato de ataque.
Ainda foi criado, junto aos alunos, o chimbal que ficou pronunciado como um Ti
soprado e representado com estalo de dedos, o prato de condução usando a pronúincia de
Tix soprado e executado com palmas utilizando dois dedos. Houve variações entre as salas
na criação.
Com a identificação das partes do corpo com a bateria, cada trecho da atividade foi
revisto de maneira lenta. As 1ª e 2ª partes foram divididas pela metade fragmentando toda
música em quatro partes somente para a aprendizagem para que os alunos que não
conheciam ainda pudessem participar de maneira efetiva.
A primeira parte em que se foca o Tum Pá foi assimilada rapidamente sem
problemas por todas as séries trabalhadas. Os educandos ficaram de pé ao lado de suas
carteiras. Já a segunda parte, em que há movimentos e ritmos mais complexos, os terceiros
anos precisaram de uma atenção e tempo maior para a assimilação e conseguiram executar
o que foi proposto tendo uma fragmentação maior deste trecho.
Um dos pontos interessantes, foi a criação dos alunos e a sua intervenção na
atividade com a colocação dos novos sons que foram colocados no lugar do prato de
ataque em uma nova repetição da segunda parte, ficando a estrutura com 1º parte, 2ª parte,
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Em algumas séries, principalmente os quintos anos, eles queriam criar novos sons e
dar continuidade à atividade, mas o desenvolvimento da aula e dos conteúdos quase
sempre terminavam nos últimos minutos. O mais adequado era deixar os alunos menos
agitados para entrada da próxima aula. Neste momento, os conduzíamos para tomar água
ou irem ao banheiro.
Dentro da atividade não houve problemas de indisciplina, mas tivemos que ficar
muito atentos na hora do trabalho corporal para que os alunos não ficassem se deslocando
na sala aletoriamente, pois o espaço ficava muito limitado devido as carteiras e quando os
alunos saiam de suas posições iniciais, foi muito comum eles ficarem na frente de um
colega, atrapalhando-o de forma a tampar seu campo de visão, então deixamos uma maior
distância entre os educandos.
Foi muito comum os alunos se auxiliarem ao ver o colega do lado não conseguindo
executar os movimentos de maneira correta. De uma maneira despretensiosa, ajudaram-se
dando explicações rápidas de onde se começava, realizava e terminava os movimentos, não
tendo um espírito de competição na atividade e sim um entendimento de que todos
participavam e eram importantes.
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Fig. 1 - Material elaborado pelo autor do texto para fins didáticos (Folha explanativa da atividade
realizada)
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4. CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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O Real Drum é uma app que permite transformar o dispositivo Android numa bateria que pode ser tocada
com a ponta dos dedos. Os utilizadores do Real Drum podem escolher entre vários diferentes layouts para
pratos, baixo de bateria e pedais. No total, existem 13 diferentes instrumentos que podem ser tocadas com a
ponta dos dedos, produzindo sons realistas.
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