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Direitos Reais: a – Propriedade: é o mais importante direito real. Direito que tem o proprietário
de usar as faculdades dispostas no Art. 1.228, CC, ou seja Usar, Gozar, Dispor e Reaver sua
propriedade , constituindo um direito perpétuo e/ou transmitido a herdeiros.
b – Direitos reais sobre coisa alheia:
Gozo: enfiteuse (senhorio recebe laudêmio), superfície, servidão, usufruto, uso e habitação .
Garantia: penhor, hipoteca, anticrese (percepção dos frutos para pagar dívida), alienação
fiduciária .
Direito real de aquisição: compromisso irretratável de venda.
Usofruto: Tirar vantagem da coisa. É o direito real pelo qual o proprietário concede o uso e fruição
a alguém, guardando para si o direito abstrato da propriedade
Nu proprietário: está sem o uso e fruto
Usufrutuário: Tem uso e fruto.
CARACTERÍSTICAS: Apesar de não existir consenso na doutrina, podemos apontar as
seguintes:
1. a) a oponibilidade erga omnes ( arts 1226 e 1227 CC): O seu direito é com a coisa, mas
manifestado contra todos, que dele devem ter conhecimento.
2. b) o direito de seqüela (art. 1228 CC): Perseguir a coisa nas mãos de quem quer que a
detenha
3. c) a exclusividade ( art. 1231 CC): A propriedade presume-se plena e exclusiva, até prova
em contrário
4. d) a preferência (art. 1477 CC): Hipoteca (ônus real) tem preferência sobre aval.
5. e) a taxatividade (art. 1225 CC): Lista dos direitos reais
6. f) A possibilidade de abandono da coisa: Pode-se renunciar o direito sobre a coisa
7. g) Previsão da usucapião (arts. 1238 a 1244, 1260 a 1262 e 1379 CC);
8. h) Aplicação do princípio da publicidade dos atos: Títulos registrados são de conhecimento
público
AÇÃO REIVINDICATÓRIA: O proprietário tem o poder de reaver a coisa das mãos daquele que
injustamente a possua ou detenha. É a ação reivindicatória, tutela (poder conferido por lei para que
uma pessoa capaz proteja a propriedade) específica da propriedade, que possui fundamento no
direito de seqüela. A ação de imissão de posse, por exemplo, tem natureza reivindicatória. A ação
reivindicatória é imprescritível, uma vez que a sua pretensão versa sobre o domínio, que é perpétuo,
somente se extinguindo nos casos previstos em lei (usucapião, desapropriação etc.).
A FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE Utilidade se dá através do exercício da posse. O
direito de propriedade, assegurado constitucionalmente como um direito fundamental,
apresenta a função social como elemento estrutural. Normas que asseguram o cumprimento da
função social e as que reprimem seu descumprimento integram o conjunto que representa a
instituição propriedade no direito brasileiro. O Art.1228, CC fala desapropriação do propriedade
para utilidade pública ou interesse social.
POSSE: É a exteriorização do direito de propriedade. Precisa ser protegida para evitar violência
Objeto da posse: Incide sobre bens corpóreos e incorpóreos. Ex: direitos do autor, propriedade
intelectual, passe atlético, direito real de uso sobre linha telefônica.
Sujeitos da posse: São as pessoas naturais ou jurídicas. (Possuidor e o Confinante)
Não é posse jurídica, não produz efeitos contra o legítimo possuidor. Absoluta (C.P. Apropriação
Indébita)
4. Posse de Boa Fé e Posse de Má Fé: Art. 490, CC: É de boa fé a posse, se o possuidor
ignora o vício ou o obstáculo que lhe impede a aquisição da coisa, ou do direito possuído.
É de má-fé: Quando o possuidor sabe que a posse tem vício
5. Detenção da Coisa: Simples detenção material não produzindo consequenciais jurídicas.
6. Aquisição e Perda da Posse: Aquisição ou Início: Se dá quando ocorrem seus dois
elementos constituintes: fato externo – o corpus (apreensão) e um fato interno – animus
(intenção).
Aquisição da posse originária: Não há cadeia de produção. Ato unilateral e sem transmissão
negocial.
1. Posse por apreensão da coisa:
a.1 “res nullius” (coisa sem dono): Por exemplo, caçar um animal para se alimentar. Este animal,
tratado como coisa no Direito brasileiro, é tido como espécie de aquisição originária.
a.2 “res derelicta” (coisa abandonada): por exemplo, pertences encontrados no lixo.
a.3 Apreensão econômica ou em razão de violência ou clandestinidade
1. Aquisição unilateral pelo exercício de direito
Aquisição da posse derivada :
a.Tradição: É a entrega da coisa.
a.1 Tradição real: consubstancia-se por intermédio da entrega efetiva da coisa (é o caso do bem
móvel).
a.2 Tradição simbólica: a transferência é por um ato representativo, ex. entrega das chaves de
imóvel.
1. Sucessão (art. 1.207 CC/02): Ex. Herança pode ser transmitida sem nenhum ato do herdeiro.
Perda da posse:
1. Abandono: não basta a omissão do possuidor.
2. Tradição: é causa hibrida, pois, se de um lado gera perda da posse, do outro gera a aquisição
3. Perda, destruição ou colocação da coisa fora de comércio.
4. Desapossamento: Hipótese de perda ilícita, mas com efeitos práticos. Por exemplo, esbulho.
Interdito possessório: Ações possessórias que visam combater as seguintes agressões à posse:
• Esbulho: agressão que culmina da perda da posse. Interdito adequado: Reintegração de
Posse (efeito restaurador). CPC, arts. 926 a 931.
• Turbação: agressão que embaraça o exercício normal da posse. Interdito adequado:
Manutenção de Posse (efeito normalizador). CPC, arts. 926 a 931.
• Ameaça: risco de esbulho ou de turbação. Interdito adequado: Interdito Proibitório. CPC,
932 e 933.
Condições das ações possessórias: – Interesse de Agir e Legitimidade do Possuidor.
Detentor não tem legitimidade ativa nem passiva.
Detentor é servo da posse, pois mantém uma relação de dependência com o verdadeiro
possuidor.
PROPRIEDADE: Direito que a pessoa física ou jurídica tem, dentro dos limites normativos, de
usar, gozar e dispor de um bem corpóreo ou incorpóreo, bem como de reivindica-lo de quem
injustamente o detenha (direito de sequela).
AÇÃO REIVINDICATÓRIA: O proprietário tem o poder de reaver a coisa das mãos daquele
que injustamente a possua ou detenha. A ação de imissão de posse tem natureza reivindicatória.
Os pressupostos da ação reivindicatória são três: a) a titularidade do domínio, pelo autor, da
área reivindicada, que deve ser devidamente provada; b) a individualização da coisa, com a
descrição atualizada do bem, seus limites e confrontações; c) a posse ilegítima do réu, carece da
ação o titular do domínio se a posse do terceiro (réu) for justa, como aquela fundada em contrato
não rescindido.
O art. 1.228 do CC/02 fala em posse injusta, que deve ser compreendida como posse sem título.
Não há necessidade que a posse ou detenção tenha sido obtida através de violência, clandestinidade
ou precariedade. A ação reivindicatória é imprescritível, uma vez que o domínio é perpétuo,
somente se extinguindo nos casos previstos em lei (usucapião, desapropriação etc.- Súmula 237 do
STF).
2) Registro: (Art. 167, I, LRP) Devem ser registrados todos os atos que influenciem no uso,
gozo e disposição de um imóvel. O registro será feito sempre que houver alteração na
titularidade de um imóvel ou quando houver limitação da propriedade pela formação de direitos
reais limitados.
Devem ser registrados atos como: instituição de bem de família, hipotecas, servidões, usufruto,
uso, habitação, contratos de compromisso de compra e venda, anticrese, superfície, incorporações,
instituições e convenções de condomínio, compra e venda de imóvel, permuta, dação em
pagamento, doação etc.
3) Averbação: Através da averbação é feita alteração em registro já existente. Assim, o art. 167,
II da LRP determina que serão averbados atos como:
– mudança de
denominação e de numeração dos prédios, – da edificação, – da reconstrução, da demolição,
– do
desmembramento e do loteamento de imóveis; – restabelecimento da sociedade conjugal;
– sentenças de
separação judicial, – de divórcio e de nulidade ou anulação de casamento,
– quando nas respectivas partilhas
existirem imóveis ou direitos reais sujeitos a registro; –
contrato de locação, para fins de exercício do direito de preferência;
– extinção do direito de superfície;
–
cláusulas de inalienabilidade, impenhorabilidade e incomunicabilidade impostas a imóveis.
1: Formação de ilhas: Art. 1.249. As ilhas que se formarem em correntes comuns ou particulares
pertencem aos proprietários ribeirinhos fronteiros, observadas algumas regras
3) Avulsão – Art. 1.251: Por força natural violenta, uma porção de terra se destacar de um prédio
e se juntar a outro, o dono deste adquirirá a propriedade do acréscimo, se indenizar o dono do
primeiro ou, sem indenização, se, em um ano, ninguém houver reclamado.
4) Álveo Abandonado – Art. 1.252: O álveo abandonado de corrente pertence aos proprietários
ribeirinhos das duas margens, sem que tenham indenização os donos dos terrenos por onde as
águas abrirem novo curso, entendendo-se que os prédios marginais se estendem até o meio do
álveo.
1. B) Reais: Objeto da usucapião são os bens e direitos suscetíveis de usucapião. Podem ser
usucapidos os bens apropriáveis, excluídos os bens fora do comércio, os bens públicos
(Ver Súmula 340 do STF) e bens que, não podem ser usucapidos, exemplo: Condômino
Usucapir Área Condominial.
Súmula 340: DESDE A VIGÊNCIA DO CÓDIGO CIVIL, OS BENS DOMINICAIS, COMO OS
DEMAIS
BENS PÚBLICOS, NÃO PODEM SER ADQUIRIDOS POR USUCAPIÃO.
1. C) Formais: Posse (que deve ser exercida com animus domini), ao prazo e à sentença
judicial (declaratória). A posse deve ser justa, não sendo condição essencial a boa-fé. A
posse há de ser: mansa, pacífica, pública, contínua e duradoura. A continuidade tem
possibilidade de soma de posses para efeito de usucapião. Usucapião de imóveis: da
sentença deve ser extraída carta que será registrada no Cartório de Registro de Imóveis.
Conforme súmulas 263 e 391,STF, tanto o possuidor quanto os confinantes devem ser
citados pessoalmente para a ação de usucapião.
Espécies e respectivos prazos Usucapião de imóveis : ordinária, extraordinária ou especial
Especial: – urbana (pro misero) – Art. 1.240. Aquele que possuir, como sua, área urbana de até
250 m², por cinco anos ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de
sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano
ou rural.
– rural (pro labore) – Art. 1.239. Não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua
como sua, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra em zona rural não superior
a 50 hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia,
adquirir-lhe-á a propriedade.
– coletiva (estatuto da cidade);
– matrimonial (art.1240-A): Aquele que exercer, por 2 (dois) anos ininterruptamente e sem
oposição, posse direta, com exclusividade, sobre imóvel urbano de até 250m², propriedade divida
com ex-cônjuge que abandonou o lar, utilizando-o para sua moradia ou de sua família,
adquirir-lhe-á o domínio integral, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou
rural.
Conceito e natureza jurídica: Etimologia da palavra: usus (do latim, uso) + capionem (do latim,
aquisição), que significa aquisição pelo uso.
A usucapião é a aquisição de direito real por meio do exercício da posse mansa, pacífica,
continuada e duradoura. Outros direitos reais são adquiridos pela usucapião, tais como a servidão
e o uso. Assim, a usucapião transforma um estado de fato (posse) em um estado de direito. A
usucapião é forma originária de aquisição da propriedade.
Corrente subjetivista: – presunção de que o proprietário abandonou o bem, renunciando-o
tacitamente.
Corrente objetivista: – consolidação da propriedade, dando jurisdicidade a uma situação de fato: a
posse e tempo. A posse é o fato objetivo, e o tempo, a força que opera a transformação do fato em
direito.
– USUCAPIÃO ESPECIAL – rural (art. 1.239, CC c/c art. 191, CR/88): 5 anos.
Art. 1.239. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como sua,
por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra em zona rural não superior a 50,
tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á
a propriedade.
Parágrafo único. Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.
– URBANA (art. 1.240, CC c/c art. 183, CR/88): 5 anos.- Art. 1.240. Aquele que possuir, como
sua, área urbana de até 250 m², por cinco anos ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a
para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, não sendo proprietário de outro
imóvel.
– USUCAPIÃO COLETIVA (Lei 10257/01, art. 10): 5 anos. Art. 10. As áreas urbanas com mais
de 250 m², ocupadas por população de baixa renda para sua moradia, por cinco anos,
ininterruptamente e sem oposição, onde não for possível identificar os terrenos ocupados por
cada possuidor, são susceptíveis de serem usucapidas coletivamente, desde que os possuidores
não sejam proprietários Alegação em defesa e seus efeitos: A proibição de exceção de domínio
é suavizada quando a matéria de defesa for a usucapião, consoante entendimento sumulado pelo
STF, Súmula 237, STF: Quando a usucapião for alegada como matéria de defesa, a decisão
somente poderá ser usada para fins de registro se formulado pedido contraposto.
3) Tradição: Art. 1.268. Feita por quem não seja proprietário, a tradição não aliena a
propriedade, Excessão: Coisa, oferecida ao público, em leilão ou estabelecimento comercial, for
transferida ao adquirente de boa-fé, como a qualquer pessoa, o alienante se afigurar dono.
Direitos e deveres: Art. 1.363. Antes de vencida a dívida, o devedor, a suas expensas e risco,
pode usar a coisa segundo sua destinação, sendo obrigado, como depositário:
I – a empregar na guarda da coisa a diligência exigida por sua natureza;
II – a entregá-la ao credor, se a dívida não for paga no vencimento.
Art. 1.364. Vencida a dívida, e não paga, fica o credor obrigado a vender, judicial ou
extrajudicialmente, a coisa a terceiros, a aplicar o preço no pagamento de seu crédito e das despesas
de cobrança, e a entregar o saldo, se houver, ao devedor.
Art. 1.365. É nula a cláusula que autoriza o proprietário fiduciário a ficar com a coisa alienada em
garantia, se a dívida não for paga no vencimento.
Parágrafo único. O devedor pode, com a anuência do credor, dar seu direito eventual à coisa em
pagamento da dívida, após o vencimento desta.
Art. 1.366. Quando, vendida a coisa, o produto não bastar para o pagamento da dívida e das
despesas de cobrança, continuará o devedor obrigado pelo restante.
Para que o credor exerça o direito de executar a garantia, deve constituir o devedor em mora.
Somente com tal constituição é que surge o interesse de agir para a ação de busca e apreensão. Não
cabe falar em equiparação do devedor fiduciário com o fiel depositário, muito menos em prisão
civil. Súmula Vinculante nº 25: É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a
modalidade de depósito.
Código Civil x Estatuto da Cidade : O Estatuto da Cidade (Lei n° 10.257/01), Arts 21 a 23:
regulam o direito real de superfície, de forma pouco diferenciada do tratamento conferido pelo
CC.
Enunciado n° 93: As normas previstas no CC, regulando o direito de superfície, não revogam as
normas relativas a direito de superfície constantes do Estatuto da Cidade
Art. 21. O proprietário urbano poderá conceder a outrem o direito de superfície do seu terreno,
por tempo determinado ou indeterminado, mediante escritura pública registrada no cartório de
registro de imóveis.
• 1oO direito de superfície abrange o direito de utilizar o solo, o subsolo ou o espaço aéreo
relativo ao terreno, na forma estabelecida no contrato respectivo, atendida a legislação
urbanística.
Art. 23. Extingue-se o direito de superfície: I – pelo advento do termo;
II – pelo descumprimento das obrigações contratuais assumidas pelo superficiário.
Constituição da Superfície: Consensual: neste caso, assume caráter contratual, podendo ser
onerosa ou gratuita. Por decorrer da vontade das partes, está sujeita à autonomia privada.
Transferência da Superfície: Ato inter vivos;
Ato mortis causa. Admite-se a transmissão da superfície aos herdeiros do superficiário.
Ao fundieiro não assiste direito de remuneração sobre a transferência da superfície. Há, porém,
direito de preferência, tanto ao superficiário, quanto ao fundieiro, nos casos de alienação.
– Extinção antecipada: desvio de finalidade.
– Desapropriação: indenização ao proprietário e ao superficiário.
3 – Passagem forçada: Art. 1.285. O dono do prédio que não tiver acesso a via pública, nascente
ou porto, pode, mediante pagamento de indenização cabal, constranger o vizinho a lhe dar
passagem.
• 1o Sofrerá o constrangimento o vizinho cujo imóvel mais natural e facilmente se prestar à
passagem.
• 2o Se ocorrer alienação parcial do prédio, de modo que uma das partes perca o acesso a via
pública, nascente ou porto, o proprietário da outra deve tolerar a passagem.
• 3o Aplica-se o disposto no parágrafo antecedente ainda quando, antes da alienação, existia
passagem através de imóvel vizinho, não estando o proprietário deste constrangido, depois, a
dar uma outra.
6 – Limites entre prédios e direito de tapagem: Art. 1.297: O proprietário tem direito a cercar,
murar, valar ou tapar de qualquer modo o seu prédio, urbano ou rural, e pode constranger o seu
confinante a proceder com ele à demarcação entre os dois prédios, a aviventar rumos apagados e a
renovar marcos destruídos ou arruinados, repartindo-se proporcionalmente entre os interessados as
respectivas despesas.
Art. 1.298. Sendo confusos os limites, se determinarão de conformidade com a posse justa; e, não
se achando ela provada, o terreno contestado se dividirá por partes iguais entre os prédios, ou, não
sendo possível a divisão cômoda, se adjudicará a um deles, mediante indenização ao outro.
Diferenças dos direitos de vizinhança e servidões prediais (art. 1378 a 1389 CC)
1. a) Direitos de vizinhança têm como fonte imediata a lei, não podendo o proprietário do
prédio serviente se opor à utilização pelo prédio dominante. As servidões prediais são
constituídas através de acordo entre as partes, dependendo de anuência expressa de ambos
os proprietários dos prédios envolvidos;
2. b) Direitos de vizinhança são obrigações propter rem decorrentes do direito de
propriedade. As servidões prediais são direitos reais;
3. c) os direitos de vizinhança são, em regra, insuscetíveis de usucapião. As servidões
prediais, em determinadas hipóteses, estão sujeitas a usucapião;
4. d) os direitos de vizinhança somente são extintos pela modificação objetiva da situação
material que deu origem a eles. As servidões prediais podem ser extintas por acordo de
vontades;
5. e) os direitos de vizinhança surgem da necessidade de assegurar o exercício útil e
pacífico da propriedade por todos. As servidões prediais surgem pela comodidade e vontade
dos proprietários.
Art. 1.378: A servidão proporciona utilidade para o prédio dominante, e grava o prédio
serviente, que pertence a diverso dono, e constitui-se mediante declaração expressa dos
proprietários, ou por testamento, e subseqüente registro no Cartório de Registro de Imóveis.
Art. 1.379. O exercício incontestado e contínuo de uma servidão aparente, por dez anos, nos
termos do art. 1.242, autoriza o interessado a registrá-la em seu nome no Registro de Imóveis,
valendo-lhe como título a sentença que julgar consumado a usucapião.
Parágrafo único. Se o possuidor não tiver título, o prazo da usucapião será de vinte anos.
CONDOMÍNIO (art.1314 a 1326 CC): É uma exceção à exclusividade do direito de
propriedade, cuja titularidade é plural. Cada condômino tem uma quota indivisa sobre o bem, de
modo que seu direito de propriedade incide sobre esse bem por inteiro, na proporção de sua quota.
Todos os comunheiros têm
direitos qualitativamente iguais sobre a totalidade da propriedade. Em caso de dúvida, presumem-se
iguais os quinhões de cada condômino (presunção juris tantum).
Natureza Jurídica – Teoria da propriedade integral ou teoria individualista: Cada condômino
é proprietário de toda a coisa exercendo direito de propriedade limitado pelos direitos dos outros
condôminos.
– Teoria coletivista ou das propriedades plúrimas parciais: Condomínio é uma espécie de soma
intelectual de propriedades.
CLASSIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS
Quanto ao objeto
1. A) Condomínio universal; B) Condomínio parcial.
Quanto à necessidade
1. A) Condomínio transitório; B) Condomínio permanente.
Quanto à forma
1. A) Condomínio pro diviso B) Condomínio pro indiviso.
Quanto à origem
1. A) Condomínio Voluntário ou Convencional;
2. B) Condomínio Incidente (Eventual) ou Acidental (doação ou testamento);
3. C) Condomínio Forçado ou necessário(paredes, cercas, muros, valas, etc.)
Art. 1.326. Os frutos da coisa comum, não havendo em contrário estipulação ou disposição de
última vontade, serão partilhados na proporção dos quinhões.
Extinção do Condomínio: Por ser um estado anormal da propriedade, o condomínio pode ser
extinto, com exceção dos casos de condomínio forçado e de coisa indivisível. Desta forma,
extingue-se o condomínio ordinário:
1. A) Em 5 anos, nos casos de condomínio consensual. Este prazo pode ser prorrogado,
conforme art. 1320 parágrafo 10 do CC.
Art. 1.320. A todo tempo será lícito ao condômino exigir a divisão da coisa comum, respondendo o
quinhão de cada um pela sua parte nas despesas da divisão.
• 1o Podem os condôminos acordar que fique indivisa a coisa comum por prazo não maior de
cinco anos, suscetível de prorrogação ulterior.
1. B) Em 5 anos, nos casos de condomínio eventual estabelecido pelo doador ou testador.
2. C) Antes do prazo estabelecido, pelo juizo, a requerimento do interessado, em decorrência
de razões graves.
3. D) Pela venda da coisa.
Extinto o condomínio, proceder-se-á a divisão da área condominial, que pode ser feita de forma
amigável (escritura pública) ou judicialmente e tem efeito declaratório. As regras de divisão do
condomínio seguem, no que couber, as regras de partilha da herança.
Instituição do Condomínio: Art. 1.332. Institui-se o condomínio edilício por ato entre vivos ou
testamento, registrado no Cartório de Registro de Imóveis, devendo constar, além do disposto em lei
especial:
I – a discriminação e individualização das unidades de propriedade exclusiva, estremadas uma das
outras e das partes comuns;
II – a determinação da fração ideal atribuída a cada unidade, relativamente ao terreno e partes
comuns;
III – o fim a que as unidades se destinam.
O Condomínio edilício pode ser instituído por ato inter vivos ou mortis causa, registrado no cartório
imobiliário, devendo conter: discriminação e individualização das unidades de propriedade
exclusiva, estremadas umas das outras e das partes comuns; determinação da fração ideal atribuída
a cada unidade, relativamente ao terreno e às partes comuns; o fim a que as unidades se destinam.
O condomínio é, então, instituído por: a) Destinação do proprietário do edifício;
1. b) Incorporação (proprietário do terreno, promitente comprador do terreno e o cessionário
do terreno);
2. c) Testamento.
Constituição do Condomínio (art. 1.333): A convenção que constitui o condomínio edilício deve ser
subscrita pelos titulares de, no mínimo, dois terços das frações ideais e torna-se, desde logo,
obrigatória para os titulares de direito sobre as unidades, ou para quantos sobre elas tenham posse
ou detenção.
Parágrafo único. Para ser oponível contra terceiros, a convenção do condomínio deverá ser
registrada no Cartório de Registro de Imóveis.
A lei distingue a instituição da constituição do condomínio. A constituição se dá pela convenção do
condomínio, feita por escritura pública ou instrumento particular, subscrita por ao menos 2/3 das
frações ideais (incluindo os promitentes compradores e os cessionários de direitos a elas relativos) e
registrada no Cartório de Registro de Imóveis (oponibilidade erga omnes).
A convenção do condomínio é obrigatória tanto aos condôminos quanto aos possuidores e/ou
detentores.
Convenção do Condomínio: Instrumento no qual são prefixadas as normas adotadas para o
condomínio em plano horizontal, inclusive o modo como será administrado. Deve conter na
convenção (art. 1.334):
– A quota proporcional e o modo de pagamento das contribuições dos condôminos para atender às
despesas ordinárias e extraordinárias do condomínio;
– A forma da administração;
– A competência das assembléias, a forma de sua convocação e o quorum exigido para as
deliberações;
– As sanções (condôminos ou possuidores);
– Regimento interno (tudo o que não for essencial para a constituição e funcionamento do
condomínio, possuindo cunho circunstancial e mutável).
Servidão predial: Aspectos Gerais: A servidão predial é o direito real de fruição ou de gozo (jus
in re aliena) constituído, pela lei ou pela vontade das partes, em favor de um prédio dominante,
sobre outro prédio serviente, pertencente a dono diferente. A servidão impõe ao prédio serviente um
encargo, restringindo as faculdades de uso e de gozo do proprietário deste prédio.
Requisitos da servidão: – Existência de dois prédios
– Encargo imposto ao prédio serviente em benefício de outro prédio prédio (dominante);
– Prédios de propriedades distintas.
Exercício das Servidões: Cabe ao dono da servidão, exceto disposição expressa no título
constitutivo, realizar todas as obras necessárias ao uso e conservação da mesma.
Ao proprietário do prédio serviente, assiste o direito de renúncia à propriedade ao dono da servidão.
Ainda que o proprietário do prédio dominante não aceite a propriedade da servidão, ele continuará
obrigado a custear as obras de uso e manutenção.
Restrição e ampliação da servidão – parâmetros legais (art. 1.385, CC/2002): finalidade, servidão de
trânsito e necessidades de cultura ou indústria (indenização ao proprietário do prédio serviente).
USUFRUTO: Aspectos Gerais: É direito real intransferível, personalíssimo, sobre coisa alheia,
que atribui a uma pessoa a faculdade de usar e fruir (usufruir) da coisa de outrem, temporariamente,
desde que não lhe altere a substância. Ao lado do uso e da habitação, o usufruto é considerado uma
espécie de servidão pessoal, pois traduz a subordinação de um bem a uma determinada pessoa que
não é seu titular.
É necessário o registro, no respectivo cartório, do usufruto de bens imóveis.
Características: – Direito real limitado: reúne apenas as faculdades de uso e gozo (fruição);
– Direito real sobre coisa alheia: o usufrutuário não possui as faculdades de disposição e de
reivindicação (nu-proprietário);
– Direito personalíssimo: recai sobre a pessoa do usufrutuário, que não pode transmitir o direito a
outrem, nem seus herdeiros podem suceder-lhe no usufruto (proibição do usufruto sucessivo).
– Temporariedade: o usufruto tem limitação temporal, diferente da perpetuidade dos direitos reais.
Sujeitos: – Usufrutuário: titular do direito real de usufruto. Reúne as faculdades de uso e gozo. Tem
a posse direta, bem como a administração do bem objeto do usufruto. Art. 1.394.
Art. 1.394. O usufrutuário tem direito à posse, uso, administração e percepção dos frutos.
– Nu-proprietário: titular da propriedade do bem sobre o qual recai o usufruto sendo, por
isso, possuidor indireto do mesmo. Reúne as faculdades de disposição e reivindicação.
Objeto:– Imóveis e móveis infungíveis e inconsumíveis, podendo recair sobre um bem singular
(usufruto particular) ou um patrimônio (usufruto universal). Art. 1.390, CC/2002.
Obs: pelo princípio da gravitação jurídica, o usufruto de um bem abrange seus acessórios e
acrescidos, tendo, ao final do usufruto, o usufrutuário a obrigação de restitui-los, ou o valor
equivalente ao tempo da restituição (art. 1.392, §1°). Por este princípio sujeitar-se à autonomia
privada, as partes podem convencionar em sentido diverso (art. 1.392, caput).
Extinção do Usufruto: – Renúncia: No caso de bens imóveis, deverá ser feita por escritura
pública.
– Morte do usufrutuário. Por considerar o usufruto um direito personalíssimo, o direito brasileiro
não admite usufruto sucessivo. – Findo o prazo.
– Extinção da pessoa jurídica. O usufruto por pessoa jurídica tem duração máxima de 30 anos.
– Cessação do motivo que originou o usufruto. – Destruição da coisa (exceção: coisa segurada).
– Consolidação; culpa do usufrutuário.; não uso.
USO: Art. 1.412. O usuário usará da coisa e perceberá os seus frutos, quanto o exigirem as
necessidades suas e de sua família.
• 1oAvaliar-se-ão as necessidades pessoais do usuário conforme a sua condição social e onde
viver.
• 2oAs necessidades da família do usuário compreendem as de seu cônjuge, dos filhos
solteiros e das pessoas de seu serviço doméstico.
Art. 1.413. São aplicáveis ao uso, no que não for contrário à sua natureza, as disposições relativas
ao usufruto.
Tal qual o usufruto, o uso também é considerado um direito personalíssimo sendo, portanto,
inalienável, impenhorável e intransferível. O uso deve ser registrado no registro imobiliário.
HABITAÇÃO: Art. 1.414. Quando o uso consistir no direito de habitar gratuitamente casa alheia,
o titular deste direito não a pode alugar, nem emprestar, mas simplesmente ocupá-la com sua
família.
Art. 1.415. Se o direito real de habitação for conferido a mais de uma pessoa, qualquer delas que
sozinha habite a casa não terá de pagar aluguel à outra, ou às outras, mas não as pode inibir de
exercerem, querendo, o direito, que também lhes compete, de habitá-la.
Art. 1.416. São aplicáveis à habitação, no que não for contrário à sua natureza, as disposições
relativas ao usufruto.
É o direito real de habitar com a família em imóvel alheio. Também é direito personalíssimo e, por
isso, inalienável, impenhorável e intransferível, sendo vedada, inclusive, a cessão, seja a título
gratuito, seja a título oneroso.
Também são aplicadas à habitação as normas atinentes ao usufruto, no que couber.
Art. 1.831, CC/2002: habitação do cônjuge sobrevivente.
Art. 1.831. Ao cônjuge sobrevivente, qualquer que seja o regime de bens, será assegurado, sem
prejuízo da participação que lhe caiba na herança, o direito real de habitação relativamente ao
imóvel destinado à residência da família, desde que seja o único daquela natureza a inventariar.