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https://www.contabeis.com.br/artigos/17/a-importancia-do-fluxo-de-caixa-
para-a-administracao-financeira
26/11/2004 00:00
1. Introdução
Todas as operações, sejam elas de uma empresa ou de uma pessoa física,
devem possuir um controle. Este controle refere-se a tudo o que for saída ou
entrada de caixa, em função de que "toda a administração do ativo é importante,
pois deve ter em mente os objetivos simultâneos da administração financeira:
liquidez e rentabilidade" (ZDANOWICZ, 1992). Assim, sem um controle eficaz
dentro de uma organização, a avaliação da atividade se torna difícil, não
possuindo informações sobre a rentabilidade e sobre o grau de liquidez da
empresa.
Estes controles são elaborados a partir de relatórios internos que subsidiam os
administradores na tomada de decisões. É através deles que são identificados os
pontos fortes e fracos existentes na empresa, bem como as decisões que
envolvem investimentos e financiamentos. Conforme Zdanowicz (1992) "o fluxo
de caixa é o instrumento que permite ao administrador financeiro: planejar,
organizar, coordenar, dirigir e controlar os recursos financeiros de sua empresa
para um determinado período".
Esse controle é útil tanto quando a empresa está crescendo e aumentando suas
atividades quanto no momento em que apresenta prejuízo, tornando mais fácil a
visualização de problemas que estão levando a esse prejuízo, pois segundo
Zdanowicz (1992) "é fundamental que o administrador financeiro saiba gerir
corretamente os recursos alocados na massa patrimonial ativa da empresa [...] e
independente do porte: micro, pequena, média ou grande empresa". Assim, a
administração financeira ganha importância no sentido de auxiliar os
administradores a tomarem decisões, tanto no que se refere aos financiamentos
(qualquer busca de recursos), quanto a investimentos (aplicação destes
recursos).
Embora o controle de fluxo de caixa seja imprescindível na administração, ele não
é tudo, pois podem existir alguns imprevistos que venham a alterá-lo. Para Santos
(2001) "o planejamento de caixa não é uma atividade fácil, pois lida com grande
dose de incerteza".
Para Zdanowicz (1992), "o administrador financeiro deve estar preparado para
rever seus planos, caso algum problema econômico-financeiro imprevisto venha a
perturbá-lo". Portanto, deve existir um direto relacionamento entre o administrador
financeiro e os demais departamentos da empresa, para que o mesmo saiba das
saídas de caixa necessárias a cada departamento, programando os pagamentos.
Para Attie (1992) "o controle interno é parte integrante de cada segmento da
organização e cada procedimento corresponde a uma parte do conjunto do
controle interno". Isso significa que cada departamento irá possuir seus controles
internos, visando sempre à eficiência máxima do setor, evitando erros e possíveis
fraudes que possam ocorrer. Esses controles servirão para levantar informações
precisas em cada área da empresa, no auxílio para a tomada de decisões.
Estes controles internos facilitam a visualização de problemas e possíveis fraudes
que possam ocorrer quando da entrada de informações durante o exercício das
atividades da empresa. O controle interno faz parte da elaboração do fluxo de
caixa, pois se não houver controle sobre o saldo disponível da empresa,
dificilmente o fluxo de caixa terá os saldos corretos com as programações de
pagamentos e recebimentos. Segundo Attie (1995) "a revisão do controle tem a
finalidade de determinar qual a confiabilidade depositada no controle interno (...)".
Desta forma, o controle interno deve ser revisado para que se possa confiar no
mesmo.
Conforme Attie (1995) deve ser feita a contagem física do caixa com a presença
do responsável, verificando se a documentação é válida e se os processos estão
sendo feitos da maneira correta. Pode ser feita a contagem surpresa do caixa
para prevenir a encoberta de valores.
As contas bancárias devem ser cuidadosamente conciliadas para verificar se as
pendências são decorrentes de operações normais. Através do extrato bancário
pode ser feita a confirmação dos saldos e verificação dos lançamentos. Existem
também as aplicações financeiras, decorrentes das sobras de numerários com
período de resgate bem curto. A verificação das aplicações segue as mesmas
aplicações utilizadas na conferência de caixa, através do exame da
documentação que comprove as aplicações e resgates (ATTIE, 1995).
Outro aspecto importante se refere à administração das contas a receber, e tem
por objetivo:
a) determinar a sua existência e representatividade contra os devedores
envolvidos:
b) determinar se é de propriedade da companhia;
c) determinar se foram utilizados os princípios de contabilidade geralmente
aceitos, em bases uniformes;
d) determinar a existência de restrições de uso, de vinculações em garantida ou
de contingências;
e) determinar que esteja corretamente classificada nas demonstrações financeiras
e que as divulgações aplicáveis foram expostas nas notas explicativas (ATTIE,
1995).
Estes são os principais controles que devem existir no ativo circulante. Outro
ponto que requer atenção é quanto às obrigações para com terceiros, ou sejam,
os passivos que devem ser pagos. Para o bom controle das contas do passivo
circulante, devem-se fazer as seguintes verificações:
a) determinar se são pertencentes à companhia;
b) determinar se foram utilizados os princípios de contabilidade geralmente
aceitos, em bases uniformes;
c) determinar a existência de ativos dados em garantia ou vinculações aos
passivos;
d) determinar se estão classificados nas demonstrações financeiras, e se as
divulgações cabíveis foram expostas por notas explicativas (ATTIE, 1995).
Ainda, segundo Attie (1992) as principais características de um bom controle
interno são:
a) plano de organização que proporcione segregação de funções apropriadas das
responsabilidades funcionais;
b) sistema de autorização e procedimentos de escrituração adequados, que
proporcionem controle eficiente sobre o ativo, passivo, receitas, custos e
despesas;
c) observação de práticas salutares no cumprimento dos deveres e funções de
cada um dos departamentos da organização;
d) pessoal com adequada qualificação técnica e profissional, para a execução de
suas atribuições.
Os principais controles internos que podem existir na tesouraria são, segundo Hoji
(2001): fluxo de caixa, disponibilidades, aplicações financeiras, empréstimos e
financiamentos, contas a receber, contas a pagar, talões de cheques, cheques
cancelados, cheques devolvidos, tarifas bancárias, fundos fixos de caixa, cheques
emitidos e não retirados.
6. Considerações Finais
O ponto importante da administração financeira é o fluxo de caixa. O mesmo deve
ser elaborado conforme a necessidade de cada empresa, buscando evidenciar a
atividade preponderante na empresa e seus efeitos na gestão financeira. Para
uma boa análise do fluxo de caixa previsto e realizado, conforme demonstrado, é
necessário que o administrador financeiro conheça todas as operações da
empresa e que cada departamento repasse as informações corretas para a
elaboração do fluxo de caixa.
A análise do fluxo de caixa leva os administradores a conhecerem a real situação
financeira de sua empresa, pois segundo Matarazzo (1995) "a demonstração do
fluxo líquido de caixa permite extrair importantes informações sobre o
comportamento financeiro da empresa". Daí a importância do fluxo para as
empresas. Podem ser extraídas informações, segundo Matarazzo (1995), como:
a) autofinanciamento das operações (compra, produção e vendas);
b) independência do sistema bancário de curto prazo;
c) gerar recursos para manter e expandir o nível de investimentos;
d) amortizar dívidas bancárias de curto e de longo prazo.
Isso demonstra a grande importância da elaboração do fluxo de caixa para as
empresas, sendo que em muitas delas, o fluxo é ignorado, fazendo com que, sem
ter controle das entradas e saídas de caixa, levem a empresa à falência.
Identificou-se o ferramental, modelos de fluxo de caixa que podem ser
implantados nas empresas necessitando, porém, que as informações repassadas
ao administrador financeiro estejam corretas e, representem a realidade da
empresa. A partir do momento em que as informações sejam corretas ou mais
próximas da realidade, é mais fácil a elaboração e a implantação do fluxo
financeiro.
Assim, de modo que, com as informações em mãos, o administrador financeiro
deve colocá-las no fluxo de caixa de forma a evidenciar a atividade principal da
empresa e relatar aos administradores a situação para que sejam tomadas as
medidas mais corretas possíveis para a situação, em particular. Essa tarefa exige
do administrador financeiro um bom conhecimento e que saiba analisar a
atividade empresarial, buscando soluções para problemas, na busca da
maximização da riqueza da empresa.
Referências Bibliográficas
ATTIE, William. Auditoria Interna. São Paulo: Atlas, 1992.
BRAGA, Gilberto. Fundamentos e Técnicas de Administração Financeira. São
Paulo: Atlas, 1989.
HOJI, Masakazu. Administração Financeira: uma abordagem prática. São Paulo:
Atlas, 2001.
LEMES, Antônio Barbosa. RIGO, Cláudio Miessa. CHEROBIM, Ana Paula Mussi
Szabo. Administração Financeira: Princípios, fundamentos e práticas brasileiras.
Rio de Janeiro: Campus, 2002.
MARTINS, Eliseu. NETO, Alexandre Assaf. Administração Financeira: as finanças
das empresas sob condições inflacionárias. São Paulo: Atlas, 1985.
MATARAZZO, Dante C. Análise financeira de balanços. Abordagem básica e
gerencial. São Paulo: Atlas, 1998.
SANTOS, Edno Oliveira dos. Administração Financeira da pequena e média
empresa. São Paulo: Atlas, 2001.
ZDANOWICZ, José Eduardo. Fluxo de caixa: uma decisão de planejamento e
controle financeiros. Porto Alegre: Sagra, 1992.
Marcia Lizot
Acadêmica do 5º ano do Curso de Ciências Contábeis
do Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná,
Unidade de Pato Branco