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( EDITORA ufmg )
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udio 1036965 Ac. 132130
EX.8 UEMG
Manual
para normalização
de publicações
técnico-científicas
A ~--/11'
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Júnia Lessa França
Ana Cristina de Vasconcellos
Colaboração
Manual
para normalização
de publicações
técnico-científicas
9a edição
por Júnia Lessa França e
Ana Cristina de Vasconcellos
1a reimpressão
Belo Horizonte
Editora UFMG
2014
[
© 1990, Júnia Lessa França e outras
© 1990, Editora UFMG
1992 - 2. ed.; 1996 - 3. ed.; 1998 - 4. ed.; 2001 - 5. ed.; 2001 - 5. ed. em braille; 2003 - 6. ed.;
2004 - 7. ed.; 2007 - 8. ed.; 2008 - l' reimpr.; 2009 - 8. ed. rev.; 2011 - I' reimpr.; 2013 - 9. ed.;
2014 - l' reimpr.
Este livro ou parte dele não pode ser reproduzido por qualquer meio sem autorização escrita do Editor.
Inclui bibliografia.
ISBN: 978-85-423-0008-6
CDD: 001.42
CDU: 001.81
EDITORA UFMG
DIRETORWander Meio Miranda
VICE-DlRETORRoberro Alexandr
CO SELHO EDITORIAL
Wander Meio Miranda (PRESroE~lF
Ana Maria Caetano de Faria
Danielle Cardoso de Menezes
Flavio de Lemos Carsalade
Heloisa Maria Murgel Starling
Márcio Gomes Soares
Maria Helena Damasceno e Silva ~I'
Roberto Alexandre do Carmo Said
EDITORA UFMG
Av. Antônio Carlos, 6.627 CAD 11 __ --" ~_-."....--- __ -"----------
CEP 31270-901 I Belo Horízonre-Mt;
Te!. + 55 31 3409-4650 I Fax +55 31 3409-r6 .edíroraufmg.com.br I edirora@ufmg.br
LISTA DE FIGURAS
Figura 3 Errata 27
Figura 7 Glossário 31
Parte I
RECOMENDAÇÕES PARA PUBLICAÇÕES ESPECíFICAS
1 LIVROS 16
1.1 Estrutura 16
1.1.1 Elementos materiais 17
1.1.2 Elementos pré-textuais 18
1.1.3 Elementos textuais 21
1.1.4 Elementos pós-textuais 22
1.2 Elementos de apoio e localização 24
1.3 Publicações oficiais - autoria 25
3 RELATÓRIOS TÉCNICO-CIENTíFICOS 51
3.1 Fases de um relatório 51
3.2 Estrutura 52
3.2.1 Parte externa 53
3.2.2 Parte interna 53
3.2.2.1 Elementos pré-textuaís 53
3.2.2.2 Elementos textuais 54
3.2.2.3 Elementos pós-textuais 56
Parte II
RECOMENDAÇÕES APLICÁVEIS AOS DIVERSOS TIPOS DE PUBLICAÇÕES
8 RESUMO E RECENSÃO 94
8.1 Resumo 94
8.1.1 Extensão 95
8.1.2 Estilo de redação e conteúdo 95
8.1.3 Língua 95
8.2 Recensão 96
10 SUMÁRIO 103
10.1 Apresentação 103
10.2 Localização 104
10.3 Numeração das seções 105
13 NUMERAIS 134
14 CITAÇÕES 136
14.1 Citação direta (textual) 136
14.2 Citação indireta (livre) 138
14.3 Citação de citação 139
14.4 Textos ensaísticos ou literários 140
14.5 Citação de informações extraídas das redes de comunicação eletrônica 148
16 REFERÊNCIAS 158
16.1 Conceitos 158
16.2 Transcrição dos elementos que compõem as referências 159
16.2.1 Formas de entrada 159
16.2.1.1 Autores pessoais 159
16.2.1.2 Autor entidade 162
16.2.1.3 Entrada por título 163
16.2.2 Título e subtítulo 164
16.2.3 Autoria secundária (tradutores, revisores, ilustradores etc.) 165
16.2.4 Edição 165
16.2.5 Local de publicação 166
16.2.6 Editora 166
16.2.7 Data 167
16.2.8 Descrição física 168
16.3 Apresentação de referências 168
16.3.1 Publicações avulsas consideradas no todo, no formato
convencional e no eletrônico 169
16.3.2 Partes de publicações avulsas, no formato convencional
e no eletrônico 177
16.3.3 Publicações periódicas consideradas no todo, no formato
convencional e no eletrônico 181
16.3.4 Partes de publicações periódicas, no formato convencional
e no eletrônico 182
16.3.5 Referências com notas especiais 187
16.3.6 Referências de materiais especiais, no formato convencional
e no eletrônico 191
16.3.7 Documentos de acesso exclusivo em meio eletrônico 200
17 íNDICE 203
17.1 Arranjo 203
17.2 Conteúdo 203
17.3 Forma 204
17.4 Localização 205
17.5 Elaboração de índice de assunto 205
17.6 Pontuação e indicativo de localização 206
17.7 Normalização de termos usados 206
17.8 Remissivas 207
REFERÊNCIAS 225
ANEXO C - Relação das normas da ABNT sobre documentação e seus objetivos 240
íNDICE 246
PREFÁCIO À 9a EDiÇÃO
As autoras
Parte I
RECOMENDAÇOES
- PARA
PUBLICAÇÕES ESPECíFICAS
1 LlVROS1
1.1 Estrutura
Os livros contêm elementos materiais, relativos à sua
estrutura fisica, pré-textuais, que antecedem o texto, textuais, relativos
ao seu conteúdo, e pós-textuais, conforme quadro abaixo:
ELEMENTOS TEXTUAIS
- texto (introdução.
desenvolvimento e
conclusão)
- elementos de apoio e
localização
a) sobrecapa
proteção para a capa em papel ou outro material, consti-
tuída de primeira e quarta capas e orelhas. Deve incluir
as mesmas informações contidas na capa;
b) capa
proteção externa das publicações. A capa pode ser feita
de material flexível (brochura) ou rígido (cartonado ou
encadernado). "Aprimeira e a quarta capas são as faces
externas da publicação. A segunda e a terceira capas são
as faces internas ou verso da primeira e quarta capas,
respectivamente", de acordo com a NBR 6029 (ABNT,
2006a, p. 2);
As capas devem trazer os seguintes elementos impressos:
- primeira capa
- nome(s) does) autor(es);
- título e subtítulo da publicação, por extenso;
- editora e/ ou logomarca;
- a indicação de edição, local e ano de publicação é
opcional;
c) folhas de guarda
folhas inseridas no início e no fim do livro para fixar o
miolo às capas feitas de material rígido (encadernados)
e não devem trazer nenhuma informação impressa;
18 MANUAL PARA NORMALIZAÇÃO DE PUBLICAÇÕES TÉCNICO-CIENTíFICAS
e) orelhas
abas ou extremidades, excedentes da sobrecapa e / ou capa
que se "dobram" sobre si mesmas, para dentro. Podem
incluir informações biográficas e / ou bibliográficas
sobre o autor, comentários sobre o documento (tipo
de leitor a que se destina, faixa etária).
b) folha de rosto
folha obrigatória que contém os elementos essenciais
de identificação da publicação (FIGURA 5). Edições fac-
-similadas ou com texto em mais de uma língua podem
incluir mais de uma folha de rosto. Para obras em mais de
um volume, a folha de rosto do primeiro deve conter as
informações comuns à obra como um todo, e cada volume
deve incluir também as informações específicas dele.
No anverso da folha de rosto, aparecem os seguintes
elementos:
- autor: nome completo do autor e/ ou autores individuais
ou entidades, editores responsáveis, organizadores,
tradutores, compiladores, adaptadores, prefaciadores,
seguidos de seus respectivos títulos, na mesma língua
do texto;
LIVROS 19
2 Ficha contendo elementos identificadores da publicação, tais como: nome do autor, título, edição, local
de publicação, editora, data, paginação, ISBN (International Book Number), número identificador do
livro em âmbito internacional (Anexo A), assunto e notas complementares.
i i
c) dedicatória
texto, geralmente curto, no qual o autor presta alguma
homenagem ou dedica seu trabalho a alguém;
d) agradecimentos
manifestação de reconhecimento a pessoas e instituições
que, de alguma forma, colaboraram para a execução do
trabalho. Os agradecimentos podem constar também no
prefácio;
e) epígrafe
citação de um pensamento que, de certa forma, embasou
a gênese da obra. Pode ocorrer também no início de cada
capítulo ou partes principais;
f) listas
rol de elementos ilustrativos ou explicativos. Dependendo
das características do documento, podem ser incluídas
as seguintes listas:
-lista de ilustrações: relação de gráficos, quadros,
fórmulas, lâminas, figuras (desenhos, gravuras, mapas,
fotografias), na mesma ordem em que são citadas na
publicação, com cada ilustração designada por seu
tipo e a indicação da página onde estão localizadas. O
capítulo 12 normaliza a apresentação das ilustrações
(FIGURA 40),
LIVROS 21
a) introdução
enunciado geral e preciso do assunto, contendo expo-
sição do trabalho, argumentos, objetivos, alcance,
métodos e materiais de pesquisa utilizados. A revisão
de literatura, quando houver, deve ser apresentada
preferencialmente em ordem cronológica, conforme a
evolução do assunto;
b) desenvolvimento
parte principal da comunicação científica. É mais extensa
e "tem por objetivo desenvolver a ideia principal, anali-
sando-a, ressaltando os pormenores mais importantes,
discutindo hipóteses divergentes, expondo a própria
hipótese e demonstrando-a" (RUIZ, 1978, p. 73). Deve
permitir ao leitor uma completa percepção do conteúdo.
Embora não haja uma divisão única ou um esquema
formal para os trabalhos científicos, estes devem ser
divididos em capítulos ou partes, conforme a natureza
e a complexidade de cada trabalho em particular;
c) conclusão
síntese fina1, decorrência lógica e natural de tudo o que
a precede.
a) posfácio
matéria informativa ou explicativa que se acrescenta após
a elaboração do texto;
f'
LIVROS 23
b) referências
relação das fontes utilizadas pelo autor do texto, listadas
em ordem alfabética ou numérica, obedecendo à ordem
de citação no texto, e normalizadas segundo a NBR
6023 (ABNT, 2002a). As instruções para elaboração e
apresentação de uma listagem de referências constam
do capítulo 16 deste Manual;
c) glossário
lista de palavras pouco conhecidas ou estrangeiras, ou
termos e expressões técnicas acompanhadas de definições
ou traduções. As palavras devem ser lista das em ordem
alfabética, em destaque tipográfico, seguidas por suas
definições (FIGURA 7);
d) apêndices e anexos
documentos complementares e / ou comprobatórios
do texto. Trazem informações esclarecedoras que não
se incluem no texto para não prejudicar a sequência
lógica da leitura. O apêndice difere do anexo por ser
elaborado pelo próprio autor, enquanto o anexo é um
documento de autoria de outro(s). Segundo a NBR
6029 (ABNT, 2006a), tanto o apêndice quanto o anexo
são identificados por letras maiúsculas sequenciais,
seguidos de seus respectivos títulos (ex.: ANEXO A -
Projeto piloto; APÊNDICE A - Roteiro da entrevista).
Devem ser citados no texto seguidos da letra de ordem,
sendo apresentados entre parênteses quando vierem
no final da frase. Se inseridos na redação, o termo
Anexo ou Apêndice vem livre dos parênteses. Quando
a quantidade de anexos ou apêndices for excessiva,
dificultando a inclusão junto ao texto, pode-se formar
um volume separado; a paginação, entretanto, deve dar
sequência à numeração do texto;
e) índice
relação detalhada de assuntos e/ou nomes de pessoas,
nomes geográficos e outros com a indicação de sua
localização no texto. O índice deve ser elaborado
24 MANUAL PARA NORMALIZAÇÃO DE PUBLICAÇÕES TÉCNICO-CIENTíFICAS
f) colofão
indicação do impressor (gráfica), endereço, local e
data, localizados de preferência na página ímpar da
última folha do documento.
a) título corrente
informação opcional impressa no alto de cada página
contendo nome(s) does) autor(es), título da obra, do
capítulo ou da seção (FIGURA 8). Segundo a NBR 6029
(ABNT, 2006a), o nome do autor pode ser usado como
título corrente. Podem ser combinados os seguintes pares:
- nas páginas pares o nome do autor seguido do título
corrente da obra, e nas páginas ímpares deve aparecer
o título do capítulo ou da seção, inclusive dos capítulos
complementares, como anexos, apêndices, glossários,
referências e índices;
- nas páginas pares, como na combinação anterior, constar
o autor com o título corrente da obra, e nas páginas
ímpares indica-se o autor seguido do título do capítulo
ou seção;
- uma terceira opção pode ser a combinação do título da
obra nas páginas pares e o título do capítulo ou seção
nas páginas ímpares;
b) paginação
a numeração ordenada das páginas de uma publicação deve
ser contínua, em algarismos arábicos. A numeração das
páginas aparece a partir da segunda página após o sumário
(ABNT, 2006a, p. 9), computando-se, porém, na contagem,
as páginas preliminares desde a falsa folha de rosto.
As páginas de abertura de capítulos e partes da obra
também são contadas e não numeradas. As obras de
conteúdo muito extenso são geralmente seccionadas em
várias unidades fisicas (volumes) e devem ter paginação
LIVROS 25
contínua nos diversos volumes. Recomenda-se a paginação
isolada em cada volume, quando a matéria for dividida por
especialidade. A numeração pode ser colocada em evidência
no ângulo superior, preferencialmente, dentro da margem
direita, nas páginas ímpares, e dentro da margem esquerda,
nas páginas pares. No entanto, a NBR 6029 (ABNT, 2006a,
p. 9) permite maior flexibilidade quando estabelece que "[...]
sua localização fica a critério do projeto gráfico da editora,
desde que fora da mancha."
1 . 3 Pu b I iC a ç õ es of ic ia is - a u t o r i a
São publicações de responsabilidade de órgãos governa-
mentais. Apresentam, em sua folha de rosto, as Armas da República,
conforme a Instrução Normativa n" 83, de 3 abril de 1978 do DASP,
publicada no Diário Oficial de 3 abril de 1978, p. 4.651, item 2. Consi-
deram-se como autores de publicações oficiais:
a) entidade cutetlva'
quando organiza, edita, publica e divulga uma obra sob sua
direção e em seu nome. Normalmente publica: relatórios
das atividades do órgão, bibliografias, planos, projetos,
regulamentos, trabalhos administrativos, balanços e
similares. Entretanto, a entidade coletiva será considerada
apenas editor da obra quando:
- tratar-se de obra sob encomenda, ou seja, o órgão contrata
pessoa (servidor ou não) para elaborar determinado
trabalho;
- a entidade for apenas o patrocinador da obra, o que não
lhe assegura o direito à autoria;
- ocorrer compilação ou seleção de textos legais e outros,
desde que as compilações constituam trabalho intelectual;
3 Lei n° 9.610 de 19 fev. 1998 que dispõe sobre direitos autorais (BRASIL, 1998).
26 MANUAL PARA NORMALIZAÇÃO DE PUBLICAÇÕES TÉCNICO-CIENTíFICAS
ERRATA
onde se lê leia-se página parágrafo linha
material de referência conclusão 132 1 3
Figura 3 - Errata
28 MANUAL PARA NORMALIZAÇÃO DE PUBLICAÇÕES HCNICO-CIENTíFICAS
Belo Horizonte
Editora UFMG/PROED
1986
Este livro ou parte dele não pode ser reproduzido por qualquer meio sem autorização escrita do Editor.
Inclui bibliografia.
ISBN: 978-85-423-0008-6
CDD: 001.42
CDU: 001.81
r' Elaborada pela DITTI - Setor de Tratamento da Informação da Biblioteca Universitária da UFMG
EDITORA UFMG
DIRETOR Wander Meio Miranda
VICE-DIRETOR Roberto Alexandre do Carmo Said
CONSELHO EDITORIAL
Wander Meio Miranda (PRESIDENTE)
Ana Maria Caetano de Faria
Danielle Cardoso de Menezes
Flavio de Lemos Carsalade
Heloisa Maria Murgel Starling
Márcia Gomes Soares
Maria Helena Damasceno e Silva Megale
Roberto Alexandre do Carmo Said
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LIVROS 31
GLOSSÁRIO
Figura 7 - Glossário
A PEDRA MÁGICA DO DISCURSO A MÁQUINA RETÓRICA 97
e da pureza antigas: "Muito nos pesou a nós, Imperator vosso, tais distares da Macunaíma delega a palavra ao "doutor Freud", na medida em que a
erudição porém heis de convir conosco que, assim flcais mais heróicas e mais inforrnaçâo sobre a pedra lhe é fomecida por um arcanjo que lhe surge em
s:
conspícuas, tocadas por essa plâ tina respeitável da tradição e da pureza antigas" »
sonho. O relato desse acontecimento reforça o aspecto supersticioso da revelação z
(M. p. 71). do destino da muiraqultâ, embora se apresente com maior dose de soflsricação. c:
A escolha e seleção de palavras do novo repertório de Macunaíma se Conseqüentemente. a leitura hermenêunca da natureza dos sonhos torna-se »
r
deve à aquisição de riquezas Lingüísticas que a cidade lhe fornece, criando-se transparente a partir da relação horizontal entre o conteúdo do sonho e sua
-o
O paralelisruo entre a domestícação do modo de viver pelas "sutilezas da realização imediata, o que se explica pejo caráter premonitório dos sonhos. A
»
civilização" e as expressões "nobres", que se substituem às "vulgares". O trabalho referência a Freud é de extrema inconseqüência, pois Macunaíma utiliza, mais ::JJ
de disciplina no uso das palavras decorre ainda da tentativa de se buscar as uma vez, a voz da autoridade para melhor veicular seu discurso persuasivo. »
fontes lingüísticas, recorrendo aos exemplos do passado, para que seja Sabe-se também que a teoria da interpretação dos sonhos, em Freud, não se z
ccnseguída maior eficácia no seu emprego. vincula a princípios de ordem premonitôria. O
::JJ
A descrição dos acontecimentos vividos pelo herói-imperador na cidade Como último exemplo escolhido para demonstrar essa prática de s:
de São Paulo se inicia com a discussão sobre a ortografia do vocábulo deciframentc dos signos, tem-se a referência à personagem Venceslau Pietro »
"muiraquitâ". Ao empregar procedimentos dlgressivos como as perífrases, Pletra, o regarão que se apodera da muiraquitã. A nomeação cômica e r
parênteses e comentários, o texto revela a preocupação do narrador em dar redundante da personagem não permite, contudo, uma leitura hermenêutica: N
voltas nas explicações, desviando-se do verdadeiro objetivo da carta e, ao ele não esconde a pedra, uma vez que seu nome a reflete e a contém, no »
<)
mesmo tempo, tenrando persuadir as súdltas. nível simbólico. A pedra se inscreve no nome e se petrifica. representando ».
a motivação cômica do nome próprio. Percebe-se, com efeito, no interior O
Da mesma forma em que o termo "Jcamiabas" teve acesso à
operação nominativa, o nome da pedra suscita especulações filológicas e do nome de Píetro Pietra, a articulação de ordem gramatical e etimolôgica: O
Píetro (sujeito, nome próprio) é aquele que tem a (pedra), Pietra (objeto, m
etnográficas por parte dos "sujeitos de importância em virtude e letras". O
valor da pedra, estimada à luz da erudição, se situa a meio caminho entre nome comum, transformado em nome próprio). Bastaria traduzir o sentido -o
do nome para se chegar à identificação daquele que possuía a pedra perdida c:
a palavra e a coisa: a pedra polida, graças aos instrumentos apropriados co
para esta operação, cede lugar aos trabalhos dos "doutores" que "sobre as por Macunaima. r
muiraquitãs projectam suas luzes, para aquilatá-Ias de medíocre valia", As O narrador, familiarizando-se com os ornamentos lingü isticos,
discussões sobre as origens da palavra e do objeto são retomadas por embeleza seu discurso de metáforas-clichês, atuando como o aprendiz-artesão "
»
<)
Macunafma, que se aproveita da situação para citar a personagem mais que burila suas palavras, pedras preciosas que vai encontrando ao longo do O>
representativa do culto à arte retórica, Rui Barbosa. O exemplo dessa caminho da escrita retórica. m
autoridade fornece a segurança das argumentações do missivista, permitindo- o»
lhe apoderar-se da fala do outro para melhor convencer. --<
rrt-
A pedra vai se tornando, aos poucos, um vocábulo disrancíado. Pela A retórica das riquezas
primeira vez a muíraquitã, em forma de jacaré, recebe designação científica, "
Z
"em forma de sáurio", legitimada pelo apelo às fontes e pela linguagem O tema central da carta, a perda da muíraquitã, se reflete na produção
rebuscada. O nome vai sofrendo mudanças ~IO longo do texto: o ralísrnã perdido, de um discurso retórico, de um estilo ornamental e decorativo que se exíbe "
O
e nâo mais o "tembetã", é comparado ~ busca do velocino de ouro dos em espetáculo. A vestimenta e a maquiagem das palavras se relacionam com
Argonautas, verificando-se que O acontecimento tende a se revestir de uma a descrição do corpo social, revestido também de uma rica e ostensiva retórica. "
m
dimensão heróica, conforme assim quer o Imperador das Icamiabas, pela Reúne-se, assim, 3 prática da ordem social à prática da arte de persuasão e Z
utilização irônica da tradição lendária. galanteria. --<
Dando sequência ao trabalho de decifração do vocábulo, são relatadas A crônica das novidades da "civilização" atua como pano de fundo
as peripécias relativas à conquista e à perda da pedra, seguindo O método para o questlonamento dos problemas de linguagem. O fio do discurso reúne
hennenêutico empregado pelo narrador. A informação sobre o destino da o desenho das riquezas da cidade com o da riqueza dos processes rerõrícos. "
»
o:
pedra, "cantada" antes pela voz da superstição, é agora relatada em outro Trata-se de um texto ao mesmo tempo especular e parôdico; por um lado, a
registro. A função do pássaro "uirapuru" - mediador do Neguinho do Pasrorelo, escrita se volta para si própria, pela aliança entre os fatos relatados e 3
possuidor de propriedades mágicas - é substituída pela função do sonho, maneira pela qual são enunciados, onde a enunciaçâo toma-se o espelho do
revelador do destino da pedra. enunciado. Por outro, esse relacionamento se apaga, na medida em que a