Sunteți pe pagina 1din 3

Porquê Eu, Porquê Aqui, Porquê Agora?

*Alexandra Gomes

Associação de Paralisia Cerebral de Guimarães

Quando o filho que nasce não é o “idealizado”, toda uma família


necessita de se adaptar a uma nova realidade, mudando toda a sua dinâmica.
A este processo difícil, vivido por, e segundo cada um dos elementos dessa
família, denominamos luto.

Emily Perl Knisley, em 1987, escreveu um depoimento sobre a sua


experiência de dar à luz uma criança com deficiência. Este depoimento sentido,
em forma de poema, ilustra claramente as fases deste processo de adaptação:
o choque, a negação, a zanga, a tristeza, o distanciamento, a reorganização e
por fim a adaptação:

”Bem-vindo à Holanda”

Quando se vai ter um filho, é como se fossemos fazer uma viagem de


férias fabulosa a Itália.

Compramos uma mão cheia de livros sobre o país e as cidades que vamos
visitar e começamos a traçar os nossos planos: o Coliseu em Roma; a Capela
Sistina e Michelangelo; os canais e as gôndolas de Veneza.

Aprendemos até uma belas frases em Italiano. É tudo francamente excitante.

Após meses de longa espera, eis finalmente chegado o grande dia!

Fazemos as malas e partimos de avião. Algumas horas mais tarde, o avião faz-
se ao aeroporto e aterra. A hospedeira comunica pelo altifalante:

- “Seja bem-vindo à Holanda.”


-“À Holanda?” - digo eu, estarrecido. “O que é que isto significa? Eu
planeei uma viagem a Itália. Sou suposto aterrar em Itália. Toda a minha vida
sonhei em ir a Itália.”

Mas houve uma mudança no plano de vôo. O avião aterrou na Holanda e é aí


que vamos ficar. O facto importante é que eles não nos levaram para um sítio
horrível, sujo e nojento, carregado de fome e doença. É apenas um lugar
diferente

Devemos pois sair para a rua e comprar novos guias do país e das suas
cidades.

E devemos aprender outra língua.

E vamos encontrar-nos com todo um conjunto de pessoas que nunca


pensaríamos vir a conhecer.

É apenas um lugar diferente.

É mais pacato que a Itália, menos vistoso que a Itália.

Mas depois de estarmos lá por um bocado de tempo e de recuperarmos a


respiração daquela notícia inesperada, olhamos à nossa volta e...

Começamos a reparar que a Holanda tem imensos e bonitos moinhos de


vento...

…que a Holanda tem túlipas.

A Holanda até tem quadros de Rembrandt!

Mas toda a gente que nós conhecemos está atarefadíssima a ir e vir de Itália...

…e todos comentam o tempo maravilhoso que lá passaram.

E pelo resto da nossa vida diremos:

- “Sim, era aí que era suposto ter ido. Era isso que eu tinha planeado.”

E a dor disso não ter acontecido nunca, nunca, nunca desaparecerá…

…porque a perda desse sonho foi uma perda significativa.


Mas...

…se passarmos o resto da nossa vida a queixarmo-nos


queixarmo que não
chegámos a ir a Itália, nunca teremos a liberdade de gozar as coisas
verdadeiramente especiais, as muitas e bonitas
boni coisas...

…acerca da Holanda!

Emily Perl Knisley

*Alexandra Gomes:: Licenciada em Psicologia pela Universidade do


Minho. Pós-Graduada a em Neuropsicologia Clínica e Perturbações
P do
Desenvolvimento. Coordenadora Técnica do Centro de Reabilitação da
Associação
ssociação de Paralisia Cerebral de Guimarães.

S-ar putea să vă placă și