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GUIA PRÁTICO DE INTERNACIONALIZAÇÃO

Guia Prático
Capacitação para a
Internacionalização
de Doçaria
Conventual
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GUIA PRÁTICO DE INTERNACIONALIZAÇÃO

ÍNDICE

DOÇARIA CONVENTUAL
Caracterização Geral....................................................................................................5
Caracterização do Comércio Internacional................................................7
Caracterização dos Mercados Prioritários.................................................10
Alemanha.........................................................................................................10
Áustria................................................................................................................18
França.................................................................................................................25
Luxemburgo...................................................................................................32
Suíça.....................................................................................................................39
Processo de Exportação............................................................................................47
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DOÇARIA
CONVENTUAL
Introdução
Neste guia prático sobre a doçaria conventual apresentamos uma caracterização
geral da categoria de produto, e sintetizamos dados relativos ao comércio
internacional e trocas comerciais com Portugal. Com toda a pesquisa informativa,
identificamos algumas das entidades relevantes em Portugal para esta categoria.
Foi realizada uma caracterização dos mercados que foram definidos como
prioritários para a internacionalização da categoria de produto, descrevendo os
subsetores de interesse e sinalizando os principais regulamentos e barreiras
aduaneiras para a categoria de produto.
Como o processo de exportação é uma das partes mais importantes da
internacionalização e da sua estratégia, apresentamos dados gerais sobre os
processos de exportação e os tipos de exportação, alargando o tema até às
formalidades de importação/exportação, chegando aos transportes de mercadoria
e aos documentos acessórios a este transporte.
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GUIA PRÁTICO DE INTERNACIONALIZAÇÃO

1 Caracterização Geral
A doçaria conventual resulta de receitas criadas e aperfeiçoadas nos conventos, onde a mestria das
freiras aliou o açúcar proveniente das colónias portuguesas a uma quantidade excedentária de gemas
de ovos. Na Região Centro estavam localizadas diversas ordens religiosas femininas, tendo daí resultado
uma gama alargada de doces conventuais (Tabela 1). Tradicionalmente, estes doces eram produzidos e
comercializados nas pastelarias locais, estando muitas vezes circunscritos à zona geográfica de origem.
Atualmente existe uma maior distribuição destes produtos, sendo possível encontrá-los por todo o
território nacional.

Tabela 1. Exemplos de doces conventuais da Região Centro

Produto Características Área geográfica


Doce confecionado tendo por base uma Aveiro e Viseu.
Castanhas de calda de açúcar e ovos que depois vai ao
Ovos forno para alourar.

Doce rico em gemas e confecionado Tomar.


Fatias de em banho-maria numa panela especial
Tomar desenvolvida para o efeito. No final, o doce
é cortado e embebido em calda de açúcar.

Doce obtido pela junção de gemas cruas a Águeda, Albergaria-a-Velha, Aveiro,


uma calda de açúcar. Pode apresentar-se Estarreja, Ílhavo, Mira, Murtosa, Oliveira de
Ovos-moles de envolvido em hóstia ou acondicionado em Frades, Ovar, São Pedro do Sul, Sever do
Aveiro barricas de madeira ou de porcelana. Os Vouga, Tondela, Vagos e Vouzela.
ovos-moles estão classificados como IGP.

Doce confecionado com gema de ovos Abrantes.


e amêndoa, coberto por fios de ovos
Palha de ligeiramente tostados no forno. A Palha de
Abrantes Abrantes está classificada como IGP.

Doce com o formato de uma “broa” de massa Ovar.


leve, cremosa, fofa e de cor amarela. O
Pão-de-ló de interior deste doce é húmido. O Pão-de-ló de
Ovar Ovar está classificado como IGP.

Doce em forma de meia-lua, recheado com Coimbra.


doce de ovos e amêndoa.
Pastéis de
Santa Clara
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Doce com massa de espessura Montemor-o-Velho.


extraordinariamente reduzida (obtida a partir
Pastéis de da junção de água com farinha) e recheio
Tentúgal cremoso (resultante da mistura de gema de
ovo com uma calda de açúcar). Os Pastéis
de Tentúgal estão classificados como IGP.

Pastéis de massa folhada extremamente Vouzela.


fina, recheada com creme de ovos.
Pastéis de
Vouzela

Como o próprio nome indica, é um doce Montemor-o-Velho.


que inclui queijo fresco na sua confeção. O
Queijadas recheio de queijo, açúcar e ovos é colocado
sobre uma massa de farinha, gordura e água.

Doce frito, em forma de sardinha, com uma Trancoso.


Sardinhas crosta de massa relativamente estaladiça e
recheio de ovo.
doces de
Trancoso

Fonte: Websites da Direção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural, da Câmara Municipal de Abrantes e do Roteiro
Gastronómico de Portugal (acedidos em fevereiro de 2017)

Nota: Nesta ficha apresentam-se dados quantitativos de caraterização geral e do comércio internacional
iguais aos dados apresentados no guia do subsetor de bolachas e biscoitos uma vez que a doçaria
conventual está inserida na subclasse da CAE Rev.3 e na NC do subsetor dos produtos de pastelaria.

Na Região Centro existiam, em 2014, 1.946 empresas ligadas ao subsetor dos produtos de pastelaria
(que inclui os segmentos bolachas e biscoitos e doçaria conventual), representando cerca de 30,7%
do total de empresas deste subsetor a nível nacional (Tabela 2). O VAB resultante da fabricação de
produtos de pastelaria, na Região, ascendia nesse ano a 153,7 milhões de euros (cerca de 27,0% do
total nacional) e o volume de negócios gerado por este subsetor, a nível regional, fixava-se nos 421,6
milhões de euros (correspondendo a um peso de 25,6% do volume de negócios total).

Tabela 2. Caracterização do subsetor dos produtos de pastelaria em Portugal e na Região Centro em 2014

Região País
Número de empresas 1.946 6.340

Valor Acrescentado Bruto (milhões de euros) 153,7 568,9

Volume de negócios (milhões de euros) 421,6 1.645,0

Fonte: INE, Base de Dados (acedido em fevereiro de 2017)


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2 Caracterização do Comércio Internacional


a) Balança Comercial
Entre 2012 e 2015 os indicadores de comércio internacional do subsetor português dos produtos de
pastelaria mantiveram-se relativamente estáveis. A balança comercial, que apresentou valores negativos
durante o período analisado, protagonizou uma ligeira recuperação (crescimento de 6% face a 2012),
fruto de um incremento de 11,1% das exportações portuguesas neste subsetor (Figura 1).
Figura 1. Evolução das importações, das exportações e do saldo da balança comercial do subsetor dos produtos de pastelaria
em Portugal, entre 2012 e 2015
Importações, exportações e saldo da balança

350,0
296,2 Importações
284,5 294,6 290,2
300,0 Exportações
comercial (milhões euros)

250,0
183,2 187,8
200,0 169,0 176,4

150,0

100,0

50,0

0,0
2012 2013 2014 2015
-50,0
-115,5 -118,2 -107,0 -108,4
-100,0

-150,0
Anos

Fonte: INE, Base de Dados (acedido em fevereiro de 2017)

b) Preço
No período em análise observam-se tendências distintas no que respeita ao preço médio por kg
importado e exportado no subsetor nacional dos produtos de pastelaria. Enquanto que no caso dos
produtos exportados se assiste a alguma variação, tendo o preço médio registado os mesmos valores
em 2012 e 2015 (2,0 euros por kg), é visível uma tendência de crescimento do lado das importações,
com o preço médio a ascender aos 2,1 euros por kg em 2015, registando um incremento de 10,5%
face a 2012 (Figura 2).
Figura 2. Evolução do preço médio por kg importado e exportado no subsetor dos produtos de pastelaria em Portugal, entre
2012 e 2015.
2,2

Importações
2,,1 2,,1
2,1 Exportações
Preço médio por kg (euros)

2,1 2,1

2,0 2,0
2,0

1,9 1,9
1,9

1,8
Anos 2012 2013 2014 2015

Fonte: INE, Base de Dados (acedido em fevereiro de 2017)


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c) Principais Importadores dos Produtos de Pastelaria Portugueses


A Figura 3 apresenta os principais destinos das exportações portuguesas do subsetor dos produtos de
pastelaria no ano de 2015. Espanha domina claramente este indicador com um valor de importações
de 76,9 milhões de euros, correspondentes a 40,9% do total das vendas internacionais portuguesas de
produtos de pastelaria. Os países apresentados, na sua totalidade, foram responsáveis pela importação
de 72,7% do total do fluxo de exportações deste subsetor em Portugal no ano em questão.

Figura 3. Principais mercados de destino das exportações portuguesas do subsetor dos produtos de pastelaria em 2015.

ESPANHA FRANÇA REINO UNIDO ANGOLA ALEMANHA

76,9 22,5 15,6 12,2 9,4


MILHÕES DE EUROS MILHÕES DE EUROS MILHÕES DE EUROS MILHÕES DE EUROS MILHÕES DE EUROS

Fonte: INE, Base de Dados (acedido em fevereiro de 2017)

d) Principais Importadores Mundiais


A performance positiva dos produtos de pastelaria portugueses no mercado britânico é particularmente
encorajadora face à sua significância no contexto internacional. Efetivamente, em 2015, o Reino Unido
importava o segundo maior volume de produtos de pastelaria a nível mundial, num total de 2.184,5
milhões de euros, ficando apenas aquém das importações dos EUA, cujo fluxo de compras ascendia a
3.640,8 milhões de euros (Figura 4).
Saliente-se a presença de 3 dos principais parceiros comerciais portugueses na lista dos maiores
importadores mundiais de produtos de pastelaria, cujo volume de importações registado em 2015
sugere a possibilidade do reforço das exportações portuguesas para estes destinos. Por outro lado,
países como o Canadá ou os EUA apresentam-se com elevado potencial para a aposta numa maior
diversificação dos destinos das exportações nacionais.
Figura 4. Principais importadores de produtos de pastelaria a nível mundial em 2015.

EUA REINO UNIDO FRANÇA ALEMANHA CANADÁ

3.640,8 2.184,5 1.836,5 1.822,6 1.314,7


MILHÕES DE EUROS MILHÕES DE EUROS MILHÕES DE EUROS MILHÕES DE EUROS MILHÕES DE EUROS

Fonte: INE, Base de Dados (acedido em fevereiro de 2017)


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GUIA PRÁTICO DE INTERNACIONALIZAÇÃO

e) Principais Exportadores Mundiais


A Figura 5 apresenta os principais exportadores mundiais de produtos de pastelaria, liderados pela
Alemanha que contabilizou, em 2015, um fluxo de vendas internacionais de 2.632,5 milhões de euros.

Figura 5. Principais exportadores de produtos de pastelaria a nível mundial em 2015.

ALEMANHA CANADÁ EUA BÉLGICA ITÁLIA

2.632,5 1.442,2 854,6 632,9 433,9


MILHÕES DE EUROS MILHÕES DE EUROS MILHÕES DE EUROS MILHÕES DE EUROS MILHÕES DE EUROS

Fonte: ITC, Trade Map (acedido em abril de 2017)

3 Entidades Relevantes
Como entidades relevantes ligadas à produção de bolachas e biscoitos sinalizam-se:

APOMA – Associação de Produtores de Ovos-Moles de Aveiro;


APPO – Associação de Produtores de Pão de Ló de Ovar;
Associação dos Pasteleiros de Tentúgal.
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4 Caracterização dos Mercados Prioritários


Foram identificados mercados prioritários para a internacionalização para esta categoria de produto,
maioritariamente onde existem comunidades portuguesas com alguma expressão. Para cada um destes
mercados considerados como prioritários, realizamos uma caracterização geral, e um estudo mais
pormenorizado da categoria de produto no mercado, chegando até à cultura de negócio do mercado.

4.1 CARACTERIZAÇÃO DO MERCADO ALEMÃO


Localizada na Europa Central, a Alemanha possui uma área total de cerca de 357 mil km2 e uma população
de 81,6 milhões de habitantes (dados de 2015), correspondente a uma densidade populacional de
aproximadamente 228,6 habitantes/km2 (AICEP Portugal Global, 2016a).
A economia alemã é uma das mais avançadas e competitivas do mundo. Em 2016, o PIB do país superou
os 3,1 biliões de euros, posicionando-se como a quarta maior economia mundial e maior economia
europeia.
Após o agravamento da crise económica e financeira internacional, em 2008, a Alemanha foi o país
que mais rapidamente recuperou, tendo registado um incremento de 7,7% do PIB nos dois anos que se
seguiram à crise (3,7% no conjunto da UE).
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a) Balança Comercial (PORTUGAL – ALEMANHA)


O saldo da balança comercial portuguesa com a Alemanha apresenta-se deficitário, tendo ascendido
a -1.884,6 milhões de euros em 2015 (Tabela 3). Verifica-se ainda uma tendência de aumento das
importações portuguesas, que entre 2012 e 2015 cresceram cerca de 21,5%.

Tabela 3. Evolução da balança comercial de bens de Portugal com a Alemanha entre 2012 e 2015

Variação Variação
2012 2013 2014 2015
2012|2015 2014|2015
Exportações
(milhões de euros)
5.595,9 5.508,7 5.621,3 5.883,1 5,1% 4,7%

Importações
(milhões de euros)
6.391,3 6.487,7 7.276,5 7.767,7 21,5% 6,8%

Saldos
(milhões de euros)
-795,4 -979,0 -1.655,2 -1.884,6 - -

Fonte: INE, Base de Dados (acedido em abril de 2017)


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No âmbito do setor agroalimentar, os principais produtos exportados por Portugal em 2015 para o
mercado alemão encontram-se explicitados na Tabela 4. Destacam-se as bebidas, líquidos alcoólicos e
vinagres, e as frutas, categorias que apresentaram os maiores volumes de exportação para o mercado
alemão (48,1 e 34,9 milhões de euros, respetivamente). Sinalizam-se ainda as gorduras e óleos animais
ou vegetais, categoria que registou a maior taxa de crescimento no período 2012-2015 (301,0%).
Tabela 4. Principais exportações portuguesas para o mercado alemão em 2015

Categorias de Produtos Valor (milhões Variação


de euros) 2012-2015
22 Bebidas, líquidos alcoólicos e vinagres 48,1 13,7%

08 Frutas 34,9 12,1%

20 Preparaçôes de produtos hortícolas 29,8 40,8%

07 Produtos Hortículas 12,3 2,7%

05 Outros produtos de origem animal 12,1 -24,8%

19 Preparações à base de cereais 10,3 -27,6%

21 Preparações alimentícias diversas 7,5 -4,2%

0406 Queijo e Requeijão 2,1 451,2%


04 Leite e Laticínios 7,3 -26,2%
0409 Mel Natural 1,5 -48,8%

15 Gorduras e óleos animais e vegetais 5,6 301,0%

03 Peixes e Crustáceos 4,3 26,9%

Fonte: INE, Base de Dados (acedido em abril de 2017)


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GUIA PRÁTICO DE INTERNACIONALIZAÇÃO

b) As bolachas e biscoitos na Alemanha


Uma vez que a doçaria conventual integra produtos portugueses sem grande expressão no mercado
alemão, considera-se que a sua maior concorrência neste mercado será exercida por outro tipo de
bolos, nomeadamente da indústria da pastelaria.
A Alemanha é o 5º maior mercado de pastelaria e panificação do mundo e o maior da UE, com um
volume de negócios de cerca de 16 mil milhões de euros em 2015. Apesar da maturidade do mercado,
o volume de negócios deste subsetor tem aumentado nos últimos anos (taxa de crescimento anual de
1,5% entre 2012 e 2015) (Germany Trade & Invest, 2016).
Os consumidores alemães são particularmente conscientes das questões da saúde, particularmente os
baby-boomers (população com mais de 65 anos), que dominam o mercado na presente década. Com
elevado poder de compra, a sua procura por estilos de vida saudáveis tem guiado o mercado com vista
à oferta de alimentos com novas propriedades, algo que também se verifica na preferência por snacks
mais saudáveis no subsetor das bolachas, biscoitos e doçaria conventual (Agriculture and Agri-food
Canada, 2010).
Refira-se que as importações deste subsetor têm aumentado desde 2012, em particular na categoria
waffles e wafers, que registou uma taxa de crescimento de 33,2% no período entre 2012 e 2015
(Tabela 5). Sinaliza-se ainda que a categoria outros produtos de padaria e pastelaria representa a maior
fatia dos produtos importados pela Alemanha (cerca de 1,2 mil milhões de euros em 2015).

Tabela 5. Principais produtos do subsetor das bolachas, biscoitos e bolos importados pela Alemanha em 2015.

NC Designação Valor em 2015 Variação


(milhões de euros) 2012-2015
190590 Outros produtos de padaria e pastelaria 1.161,9 21,8%

190531 Bolachas e biscoitos adicionados de edulcorantes 401,0 19,1%

190532 Waffles e wafers 201,9 33,2%

Fonte: ITC, Trade Map (acedido em abril de 2017)

c) Os Fatores Diferenciadores Valorizados na Alemanha


A Alemanha é o maior importador de produtos alimentares da europa. O mercado alemão é caracterizado
por uma forte concorrência e por preços baixos. O consumidor Alemão está sempre muito atento
ao preço e procura sempre produtos de qualidade. Nos últimos anos tem sido verificado um grande
aumento de superfícies comerciais com produtos bio, bem como uma maior procura destes produtos.
As tendências incluem a procura por produtos orgânicos, com certificação Fair Trade e direcionados
para a saúde e bem-estar.
Não obstante, o ritmo de vida cada vez mais acelerado e o aumento do número de famílias unipessoais
direcionam a procura para alimentos ‘’convenience’’, como refeições prontas a comer e produtos
congelados. Em 2015, as vendas de alimentos orgânicos cresceram mais de 11%, atingindo 8,6 mil
milhões de euros, o que traduz um gasto de 97€ per capita, que corresponde a mais do dobro da média
UE-28 (47€).
O fabrico de produtos que respeitem os critérios Halal também está a ganhar importância, devido à
comunidade Muçulmana residente na Alemanha, que já conta com mais de 4 milhões de pessoas.
As vendas de produtos alimentares online também é uma tendência no país. Em cada 4 alemães que
utilizam a internet, 1 já comprou alimentos online. Isto representa um aumento de 3 vezes em relação
ao ano de 2011.
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d) Principais Exportadores de Bolos, Bolachas e Biscoitos para a Alemanha

Um conjunto de diferentes países fornece produtos deste subsetor à Alemanha, com maior destaque
para os Países Baixos, a Polónia, a Itália, a França e a Bélgica (Tabela 6). Destaca-se a proximidade
geográfica dos fornecedores refletindo talvez a similitude de gostos e a familiaridade dos seus produtos.
Portugal ocupava o 16º lugar na lista de principais mercados de origem em 2015, com um volume de
negócios de 9,8 milhões de euros e um decréscimo de 6,1% face a valores de 2012.
Tabela 6. Principais mercados de origem das importações alemãs de bolachas, biscoitos e bolos em 2015.

Valor em 2015 Variação


Ranking Países (milhões de euros) 2012-2015

1º Países Baixos 282,1 34,1%

2º Polónia 280,9 53,5%

3º França 242,1 10,1%

4º Itália 240,1 30,9%

5º Bélgica 203,3 11,7%

16º Portugal 9,8 -6,1%

Fonte: ITC, Trade Map (acedido em abril de 2017)

e) Principais Marcas de Bolo, Bolachas e Biscoitos na Alemanha

Tabela 7. Principais marcas de bolachas, biscoitos e bolos na Alemanha

Comercializa bolachas, biscoitos e bolos, entre uma grande


ALNATURA Alemanha
variedade de outros produtos.

Entre os seus principais produtos é possível encontrar


BAHLSEN Alemanha
uma diversa variedade de bolachas e biscoitos.

Comercializa bolachas, biscoitos e outros produtos de


HIG HAGEMANN Alemanha
pastelaria.

Entre outros produtos de padaria e pastelaria, oferecem


IBIS Alemanha
diversos bolos e snacks.

KUCHEN Disponibilizam uma grande variedade de bolachas,


Alemanha
MEISTER biscoitos e bolos no mercado alemão.
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GUIA PRÁTICO DE INTERNACIONALIZAÇÃO

f) Feiras de Referência
Figura 6. Feiras de referência na Alemanha

GOURMET FESTIVAL INTERNACIONAL GREEN WEEK


Exposição de produtos alimentares, vinhos Feira de produtos alimentares, vinhos e
e outras bebidas - Dusseldorf bebidas - Berlim
Agosto 2017 Janeiro 2018

ANUGA
Uma das maiores feiras
de alimentação e bebidas BIOFACH
mundial - Cologne Exposição de alimentos e bebidas
Outubro 2017 orgânicos - Nuremberg,
ISM Fevereiro 2018
feira internacional de doces
e snacks - Cologne
Janeiro 2018
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g) Regulamentos e Barreiras Aduaneiras


A Alemanha, como membro da UE, faz parte integrante da União Aduaneira, caracterizada, essencialmente,
pela livre circulação de mercadorias e pela adoção de uma política comercial comum relativamente a
países terceiros.
A União Aduaneira implica, para além da existência de um território aduaneiro único, a adoção da
mesma legislação neste domínio – Código Aduaneiro Comunitário –, bem como a aplicação de iguais
imposições alfandegárias aos produtos provenientes de países terceiros – Pauta Exterior Comum (PEC).
A PEC baseia-se no Sistema Harmonizado de Designação e Codificação de Mercadorias, sendo os
impostos de importação na sua maioria ad valorem (calculados através de uma percentagem sobre o
valor total das mercadorias). O valor aduaneiro, por sua vez, é calculado através do CIF (Cost, Insurance
and Freight) no país de importação das mercadorias, ou seja, imputa a responsabilidade do pagamento
do transporte de mercadorias, bem como do seguro do mesmo, aos importadores.
Para além dos encargos já referidos, há também lugar ao pagamento do Imposto sobre o Valor
Acrescentado (IVA). Na Alemanha, a maioria dos produtos e alguns serviços são tributados a uma taxa
de 19% (taxa normal), existindo igualmente uma taxa reduzida (7%) aplicável aos serviços e a bens de
primeira necessidade (principalmente géneros alimentícios, produtos agrícolas e publicações).
De uma forma geral, as normas alemãs que regem a comercialização de produtos alimentares estão de
acordo com a legislação comunitária, em particular com os seguintes regulamentos:
Regulamento (CE) 178/2002, que estabeleceu os princípios e normas gerais da legislação
alimentar, criou a Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos e definiu procedimentos
em matéria de segurança dos alimentos;
Regulamento (CE) 852/2004, que estabeleceu regras de higiene dos géneros alimentícios;
Regulamento (CE) 853/2004, que estabeleceu regras específicas de higiene aplicáveis aos
géneros alimentícios de origem animal;
Regulamento (CE) 854/2004, que estabeleceu regras específicas de organização dos
controlos oficiais de produtos de origem animal destinados ao consumo humano;
Regulamento (CE) 882/2004, que estabeleceu regras para assegurar a verificação do
cumprimento da legislação relativa aos alimentos para animais e aos géneros alimentícios e
das normas relativas à saúde e ao bem-estar dos animais.
Refira-se que estes regulamentos impõem um conjunto de requisitos para a comercialização dos
produtos alimentares, destacando-se os respeitantes à rotulagem dos mesmos e que obrigam à inclusão
dos seguintes elementos:
Denominação comercial do produto;
Nome e morada do fabricante, embalador ou empresa comercial estabelecida na UE;
Ingredientes (especialmente as substâncias passíveis de provocar alergias);
Instruções de conservação;
Capacidade da embalagem;
Prazo de validade;
Quantidade (volume, peso);
Indicação do lote;
Origem do produto.
No caso da Alemanha, todas estes elementos devem ser apresentados em língua alemã e em local bem
visível na embalagem, de fácil leitura.
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GUIA PRÁTICO DE INTERNACIONALIZAÇÃO

h) Cultura de Negócio na Alemanha


A Alemanha é dos maiores mercados do mundo e o principal parceiro de negócios para muitos países no
mundo, dentro da UE pode ser considerado o mercado mais importante. É um mercado que apresenta
complicações de entrada. Para fazer negócio na Alemanha, é necessário muito empenho e trabalho
árduo. O alemão é a língua falada, e mesmo que o inglês seja utilizado, é aconselhado a utilização de um
bom alemão em todos os momentos de comunicação bem como em brochuras e catálogos para não
perder vantagem para outras entidades. Uma empresa de tradução especializada é sempre aconselhada.
Nem sempre as decisões estão no topo da hierarquia, por vezes os chefes de departamento são quem
decide.
O processo de negócio na Alemanha é lento e trabalhoso, exige pesquisa e muito conhecimento.
Alteração de planos, não é de todo aconselhada, e pode enervar o parceiro comercial para a não
realização do negócio.
O dia de trabalho na Alemanha começa muito cedo e os negócios devem ser agendados o mais cedo
possível. Por vezes, depois das 16h já não se encontra ninguém no escritório.
A Alemanha é um mercado com muita concorrência, e tem um custo elevado para acesso ao mercado.
Mas, por outro lado, depois de ultrapassar as barreiras de entrada, têm sucesso garantido. A Alemanha
oferece boas oportunidades e os clientes alemão são relativamente fiéis.
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4.2 CARACTERIZAÇÃO DO MERCADO ÁUSTRIACO


Com uma população de 8,6 milhões de habitantes em 2015 e uma área de 83,9 mil km2, a Áustria
tem uma densidade populacional de 102,5 habitantes/km2. Dispõe de uma economia de mercado
muito desenvolvida e aberta, de uma mão-de-obra altamente qualificada e de um elevado nível de vida,
mantendo estreitas relações com outros países do espaço europeu, especialmente a Alemanha, com a
qual desenvolve grande parte do seu comércio externo. Por razões geográficas, históricas e culturais,
a Áustria é normalmente considerada como uma porta de entrada para os países da Europa de Leste
(AICEP Portugal Global, 2016b).
No âmbito da UE, a Áustria representava em 2015 a 12ª maior economia em termos de PIB (337,4 mil
milhões de euros).
Sinaliza-se ainda que a base da economia austríaca assenta em PME, de um modo geral de tipo familiar,
centradas em nichos de mercado.
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GUIA PRÁTICO DE INTERNACIONALIZAÇÃO

a) Balança Comercial (PORTUGAL – ÁUSTRIA)


Em 2015, Portugal exportou 283,1 milhões de euros para a Áustria, tendo importado 301,6 milhões de
euros. A balança comercial entre os dois países é deficitária para Portugal, correspondendo a um saldo
de -18,5 milhões neste ano (Tabela 8).
Tabela 8. Evolução da balança comercial de bens de Portugal com a Áustria entre 2012 e 2015.

Variação Variação
2012 2013 2014 2015
2012|2015 2014|2015
Exportações
(milhões de euros)
256,9 257,0 269,0 283,1 10,2% 5,2%

Importações
(milhões de euros)
276,3 271,8 290,0 301,6 9,2% 4,0%

Saldos
(milhões de euros)
-19,3 -14,8 -21,0 -18,5 - -

Fonte: INE, Base de Dados (acedido em abril de 2017)


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No âmbito do setor agroalimentar, os principais produtos exportados por Portugal para o mercado
austríaco em 2015 apresentam-se explicitados na Tabela 9. Destacam-se as preparações de carnes
(onde se incluem os enchidos), de peixes ou de crustáceos, e as bebidas, líquidos alcoólicos e vinagres,
categorias que apresentaram os maiores volumes de exportação para o mercado austríaco (3,2 e
2,0 milhões de euros, respetivamente). Sinalizam-se ainda as gorduras e óleos animais ou vegetais,
categoria que registou uma taxa de crescimento significativa no período 2012-2015 (17.526,6%).
Tabela 9. Principais exportações portuguesas para o mercado austríaco em 2015.

Categorias de Produtos Valor (milhões Variação


de euros) 2012-2015
16 Preparações de carnes, de peixes ou de Crustáceos 3,2 -15,1%

22 Bebidas, líquidos alcoólicos e vinagres 2,0 23,3%

15 Gorduras e óleos animais ou vegetais 1,6 17.526,6%

20 Preparações de produtos hortícolas 1,6 -7,1%

21 Preparações alimentícias diversas 0,9 56,3%

19 Preparações à base de cereais 0,7 227,2%

08 Frutas 0,5 194,4%

07 Produtos hortícolas 0,4 -63,4%

0406 Queijo e Requeijão 0,2 -79,8%


04 Leite e Laticínios 0,3 -67,8%
0409 Mel Natural - -

05 Outros produtos de origem animal 0,2 -64,8%

Fonte: INE, Base de Dados (acedido em abril de 2017)


21
GUIA PRÁTICO DE INTERNACIONALIZAÇÃO

b) As Bolachas e Biscoitos na Áustria


A Áustria é um dos países europeus com maior consumo de produtos de padaria e pastelaria, atingindo
os 80,0 kg per capita anualmente (Federation of Bakers, 2017). De facto, o consumo de produtos de
padaria e pastelaria constitui uma tradição fortemente enraizada neste país. Nas ocasiões festivas são
servidos diversos pães e bolos com uma combinação de especiarias exóticas (canela, cravo, gengibre
e cardamomo).
Devido à grande maturidade e consolidação dos atores no mercado, não se espera que o consumo de
bolachas, biscoitos e bolos cresça significativamente no futuro. Assiste-se, no entanto, a uma tendência
crescente para a diversificação no consumo dos produtos de padaria e pastelaria por parte dos
austríacos. Cada vez mais, os consumidores preferem produtos que integram ingredientes saudáveis –
massas integrais, fibra e ómega 3 -, assim como produtos pré-preparados ou prontos-a-levar, à medida
que o seu consumo se faz crescentemente fora de casa.
As importações de produtos do subsetor das bolachas, biscoitos e bolos têm crescido de forma
sustentada nos últimos anos. Em 2015, a principal categoria era outros produtos de padaria e pastelaria,
cujas importações ascendiam a 370,0 milhões de euros (Tabela 10).

Tabela 10. Principais produtos do subsetor das bolachas, biscoitos e bolos importados pela Áustria em 2015.

NC Designação Valor em 2015 Variação


(milhões de euros) 2012-2015
190590 Outros produtos de padaria e pastelaria 370,5 7,7%

190531 Bolachas e biscoitos adicionados de edulcorantes 109,9 12,5%

190532 Waffles e wafers 44,6 22,7%

Fonte: ITC, Trade Map (acedido em abril de 2017)

c) Os Fatores Diferenciadores Valorizados na Áustria


Os consumidores austríacos estão cada vez mais atentos ao que compram e consomem, têm muita
atenção às características nutricionais, vêm as propriedades dos produtos e a sua utilização. E para
esta evolução no comportamento dos austríacos, os produtores alimentares começam a inovar e a
desenvolver novos produtos, com destaque na sustentabilidade e com propriedades naturais.
Em 2013, as vendas dos produtos de conveniência tiveram um aumento, como as sopas que só
necessitam de aquecimento; mas por outro lado, em geral as vendas tem vindo a diminuir , devido à
opção por produtos sustentáveis, naturais e orgânicos.
22

d) Principais Exportadores de Bolachas, Biscoitos e Bolos para a Áustria

Em 2015, o principal fornecedor internacional do subsetor de bolachas, biscoitos e bolos austríaco era
a Alemanha (Tabela 11). Este facto está relacionado com o domínio de várias empresas alemãs no
retalho austríaco. As exportações de Portugal em 2015 representaram um volume pouco significativo;
no entanto, o crescimento verificado face a 2012 (672,6%) mostra elevado potencial para o aumento
das exportações portuguesas para este mercado..
Tabela 11. Principais mercados de origem das importações austríacas de bolachas, biscoitos e bolos em 2015

Valor em 2015 Variação


Ranking Países (milhões de euros) 2012-2015

1º Alemanha 366,4 12,8%

2º Itália 48,2 -6,8%

3º Bélgica 24,3 54,0%

4º Polónia 20,3 15,7%

5º Hungria 19,0 13,7%

18º Portugal 0,7 672,6%

Fonte: ITC, Trade Map (acedido em abril de 2017)

e) Principais Marcas de Bolachas, Biscoitos e Bolos na Áustria


Tabela 12. Principais marcas de bolachas, biscoitos e bolos na Áustria.

Entre os seus principais produtos é possível encontrar


BAHLSEN Alemanha
uma diversa variedade de bolachas e biscoitos.

LEBZELTEREI Comercializa diversas gamas de bolachas, biscoitos e


Áustria
SCHMID bolos, em particular de gengibre e mel.

Oferece uma diversidade de bolachas e biscoitos, em


MANNER Áustria
particular wafers.

Comercializa produtos vegan premium, entre os quais


VEGAVITA Áustria
bolachas e biscoitos.

WINER Oferece uma grande variedade de bolachas, biscoitos e


Áustria
BACKSTUBERL bolos.
23
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f) Feiras de Referência
Figura 7. Feiras de referência na Áustria

KULINARIK SALZBURGO KULINAR TULLN


Feira de alimentos, vinhos e outras bebidas Grande feira de produtos alimentares e
– Salzburgo bebidas – Tulln
Setembro 2017; Março 2018;

GUSTAV GUTEN APPETIT


Feira de bens de consumo, incluindo Feira gastronómica e de produtos
alimentos e bebidas – Dornbirn alimentares - Ried im Innkreis
Outubro 2017; Abril 2018.
24

g) Regulamentos e Barreiras Aduaneiras


A Áustria, como membro da UE, faz parte integrante da União Aduaneira, caracterizada, essencialmente,
pela livre circulação de mercadorias e pela adoção de uma política comercial comum relativamente a
países terceiros.
A União Aduaneira implica, para além da existência de um território aduaneiro único, a adoção da
mesma legislação neste domínio – Código Aduaneiro Comunitário –, bem como a aplicação de iguais
imposições e encargos alfandegários aos produtos provenientes de países terceiros.
Para além dos encargos relacionados com impostos ad valorem ou com o valor aduaneiro, as importações
estão também sujeitas ao pagamento do IVA. Na Áustria existem as seguintes taxas de IVA:
20% (taxa normal) sobre a generalidade de bens e serviços;
13% (taxa reduzida) sobre dormidas, serviços culturais e outros;
10% (taxa reduzida) sobre os géneros alimentícios e os produtos farmacêuticos, entre outros.
Em termos de quadro regulatório, sinaliza-se o “regulamento de requisitos de segurança e outros
requisitos para alimentos, objetos utilitários e cosméticos de forma a proteger o consumidor” (Food
Safety and Consumer Protection Law Fed Gaz I 13/2006). Este regulamento, lançado em janeiro de
2006, tinha como objetivo harmonizar o direito austríaco com a regulamentação alimentar comunitária
(e.g. CE 852/2004, CE 178/2002, entre outros)
Refira-se que a regulamentação austríaca e comunitária impõe um conjunto de requisitos para a
comercialização dos produtos alimentares, destacando-se os respeitantes à rotulagem dos mesmos.
No caso da Áustria, todos os elementos devem ser apresentados em alemão e em local bem visível na
embalagem, de fácil leitura.

h) Cultura de Negócio na Áustria


Pela sua localização podemos definir algumas características da sua cultura, situada entre a Alemanha e
a Itália, a mentalidade dos austríacos, engloba a exactidão dos alemães com o gosto pelas coisas boas,
normalmente atribuída aos italianos.
Na Áustria existem muitos negócios estritamente regulamentados, com muitas regras. Mas nem sempre
estas regras são cumpridas da forma que são escritas. Contudo, fatores como precisão, qualidade,
pontualidade (no prazo de entrega de encomendas, bem como em reuniões de negócios) são na Áustria
muito importantes. Os telefonemas de negócios devem ser curtos e direcionados ao assunto.
Os austríacos são muito sensíveis aos títulos – o título académico faz parte oficial do nome e consta
no passaporte e cartão de identidade. As conversas e reuniões de negócios começam com a troca de
cartões-de-visita que, quando os interlocutores são austríacos, têm sempre o título e / ou a função que
a pessoa desempenha na empresa.
Os austríacos são muito orgulhosos da sua nação pelo que uma crítica pode ferir susceptibilidades
enquanto um louvor pode ajudar o início da relação. De maneira geral os austríacos são parceiros de
negócios de grande fidelidade: se o primeiro negócio com um parceiro corre satisfatoriamente, mais
negócios se seguirão.
Dada a reduzida dimensão do mercado, as quantidades inerentes às encomendas devem ser devidamente
adaptadas – um facto que tem impedido alguns negócios e assim prejudicado a entrada no mercado
a algumas empresas portuguesas exportadoras, que têm sentido dificuldades em corresponder a essa
característica do mercado.

Fonte: Site Portugal Global - Aicep (acedido em julho de 2017)


25
GUIA PRÁTICO DE INTERNACIONALIZAÇÃO

4.3 CARACTERIZAÇÃO DO MERCADO FRANÇÊS


Localizada na região centro da Europa, a França possui uma população de 64,4 milhões de habitantes e
uma área de cerca de 544,0 mil km2 (dados de 2015), o que corresponde a uma densidade populacional
de 118,4 habitantes/km2 (AICEP Portugal Global, 2016d).
Reconhecida como uma das maiores potências económicas europeias, a França destacava-se como a
6ª maior economia mundial em 2015, com um PIB de aproximadamente 2,2 biliões de euros.
Não obstante a contração económica sofrida na generalidade dos países europeus em 2009, fruto de
uma grave crise financeira, a economia francesa tem vindo a apresentar taxas de variação anuais do
PIB positivas desde 2010. Em 2015, esta taxa ascendeu a cerca de 1,2%, maior valor registado desde
2011, altura em que a economia francesa cresceu aproximadamente 2,1%.
O setor dos serviços apresenta-se como o mais importante para a economia francesa, tendo representado
78,8% do PIB em 2015, seguindo-se a indústria transformadora (reconhecida nomeadamente nos
setores da aeronáutica, farmacêutico, automóvel e agroalimentar) e o setor agrícola (onde se destaca a
produção de cereais, vinho e produtos lácteos) com pesos de 19,5% e 1,7%, respetivamente.
26

a) Balança Comercial (PORTUGAL – FRANÇA)


O saldo da balança comercial portuguesa das trocas bilaterais com a economia francesa apresenta um
superavit significativo, que em 2015 alcançou os 1.572,5 milhões de euros (Tabela 13). Não obstante,
verifica-se um incremento acentuado das importações, que entre 2012 e 2015 cresceram bastante
mais que as exportações (20,1% contra 12,7%).
Tabela 13. Evolução da balança comercial de bens de Portugal com a França entre 2012 e 2015.

Variação Variação
2012 2013 2014 2015
2012|2015 2014|2015
Exportações
(milhões de euros)
5.351,3 5.496,8 5.658,6 6.031,7 12,7% 6,6%

Importações
(milhões de euros)
5.351,3 5.496,8 4.180,8 4.459,2 20,1% 6,7%

Saldos
(milhões de euros)
1.639,4 1.662,0 1.477,8 1.572,5 - -

Coeficiente
Cobertura
144,2% 143,3% 135,3% 135,3% - -

Fonte: INE, Base de Dados (acedido em abril de 2017)


27
GUIA PRÁTICO DE INTERNACIONALIZAÇÃO

No âmbito do setor agroalimentar, os principais produtos exportados por Portugal para o mercado
francês em 2015 encontram-se explicitados na Tabela 14. Destacam-se, com volumes de exportação
superiores a 60 milhões de euros, as bebidas, líquidos alcoólicos e vinagres, e as frutas. Sinaliza-se
ainda o mel natural, categoria que registou uma taxa de crescimento significativa no período 2012-
2015 (1.588,9%).
Tabela 14. Principais exportações portuguesas para o mercado francês em 2015.

Categorias de Produtos Valor (milhões Variação


de euros) 2012-2015
22 Bebidas, líquidos alcoólicos e vinagres 132,2 -3,5%

08 Frutas 65,3 45,4%

16 Preparações de carnes, de peixes ou de Crustáceos 56,8 -5,9%

20 Preparações de produtos hortícolas 52,5 19,6%

03 Peixes e crustáceos 40,3 30,7%

19 Preparações à base de cereais 29,0 3,0%

07 Produtos hortícolas 27,5 1,9%

0406 Queijo e Requeijão 3,5 27,7%


04 Leite e Laticínios 25,1 -26,9%
0409 Mel Natural 0,4 1.588,9%

02 Carnes e miudezas comestíveis 18,2 92,2%

21 Preparações alimentícias diversas 14,7 38,2%

Fonte: INE, Base de Dados (acedido em abril de 2017)


28

b) As Bolachas e Biscoitos na França


Em 2014, o setor das bolachas, biscoitos e bolos em França estava avaliado em cerca de 3 mil
milhões de euros, apresentando um crescimento considerável e contínuo desde 2009. Tipicamente,
os supermercados vendem a maioria destes produtos – cerca de 90% -, sendo a restante quota de
mercado detida sobretudo por pastelarias e lojas de retalho especializadas (France Agroalimentaire,
2016).
Os produtores franceses confecionaram cerca de 472,8 mil toneladas de bolachas, biscoitos e bolos
em 2014, aumentando a sua produção em cerca de 14,1 mil toneladas face ao ano anterior. No total,
a produção aumentou cerca de 3,9% face a valores de 2009, muito devido ao incremento da produção
de bolachas e biscoitos de chocolate, que em 2014 atingiram as 185,6 mil toneladas.
Refira-se que os franceses apresentam fortes preferências por esta categoria de produtos, consumindo
anualmente 8,5 kg de bolachas, biscoitos e bolos per capita.
Em 2014, a França exportou cerca de 206,1 mil toneladas de bolachas, biscoitos e bolos, mais de
45,0% do total da sua produção anual. As empresas francesas geralmente exportam mais bolos do que
bolachas e biscoitos, sendo que em 2014 a venda internacional de bolos produzidos em França atingiu
as 127,0 mil toneladas.
Não obstante, a França é uma grande importadora de bolachas, biscoitos e bolos. Em 2015, a categoria
com maior volume de importações foi outros produtos de padaria e pastelaria, que ascendeu a mais de
mil milhões de euros e cresceu 18,9% face a valores de 2012 (Tabela 15).
Tabela 15. Principais produtos do subsetor das bolachas, biscoitos e bolos importados pela França em 2015.

NC Designação Valor em 2015 Variação


(milhões de euros) 2012-2015
190590 Outros produtos de padaria e pastelaria 1.017,5 18,9%

190531 Bolachas e biscoitos adicionados de edulcorantes 456,4 8,4%

190532 Waffles e wafers 243,5 -10,4%

Fonte: ITC, Trade Map (acedido em abril de 2017)

c) Os Fatores Diferenciadores Valorizados na França


A França é na Europa o 3º maior importador de bens. Em França existem, atualmente, cerca de 45 mil
empresas dirigidas por portugueses ou por franco-portugueses, a larga maioria delas microempresas
do ramo da construção civil. Mas muitas delas também atuam na área alimentar, principalmente na
importação, sendo a distribuição feita maioritariamente por empresas francesas. Estas empresas,
todas elas de direito francês, têm como gerentes/gestores portugueses emigrados em França ou
lusodescendentes. Estes empresários estão abertos à descoberta de novos produtos e têm a vantagem
de poderem ser contactados em português.
No que diz respeito ao comportamento dos consumidores franceses, desde sempre, o preço é um
elemento importante na decisão de compra. Mas, de certa forma, o fator qualidade de produto está
a ganhar importância face ao preço e os muitos consumidores já decidem a sua compra com base
em rótulos que inspirem qualidade ou compram marcas que associam a essa característica. Outra
característica que está cada vez mais a ter preponderância, é a qualidade do serviço pós-venda. Em
relação à embalagem, os franceses preferem produtos puros e embalados de forma criativa e atraente.
O consumidor francês é relativamente abastado e impulsivo, faz compras frequentes e gosta de
experimentar produtos novos e inovadores. No que diz respeito aos géneros alimentícios, os franceses
são mais propensos à compra de produtos nacionais e estão cada vez mais preocupados com o ambiente
e a sua saúde, o que naturalmente leva a uma expansão do mercado dos produtos orgânicos.
29
GUIA PRÁTICO DE INTERNACIONALIZAÇÃO

d) Principais Exportadores de Bolachas, Biscoitos e Bolos para a França

Grande parte das importações francesas de bolachas, biscoitos e bolos são provenientes de países
fronteiriços como a Alemanha, a Bélgica e a Itália. Em 2015, o volume de importações proveniente
destes 3 países correspondeu a 61,2% do total das importações francesas neste subsetor. Portugal
ocupava o 11º lugar na lista de principais mercados de origem das importações francesas de bolachas,
biscoitos e bolos, com um volume de exportações de 19,9 milhões de euros em 2015 – decréscimo de
16,5% face a 2012 (Tabela 16).
Tabela 16. Principais mercados de origem das importações francesas de bolachas, biscoitos e bolos em 2015.

Valor em 2015 Variação


Ranking Países (milhões de euros) 2012-2015

1º Alemanha 478,8 16,5%

2º Bélgica 380,5 7,2%

3º Itália 264,4 -8,1%

4º Países Baixos 159,4 5,4%

5º Espanha 147,2 64,2%

11º Portugal 19,9 -16,5%

Fonte: ITC, Trade Map (acedido em abril de 2017)

e) Principais Marcas de Bolachas, Biscoitos e Bolos na França


Tabela 17. Principais marcas de bolachas, biscoitos e bolos na França.

BISCUITERIE Disponibiliza uma grande diversidade de biscoitos de


França
DE PROVENCE produção biológica e sem glúten.

Oferece uma variada gama de bolachas, biscoitos e bolos.


BROSSARD França

Comercializa uma grande diversidade de produtos, entre


CHABRIOR França
os quais bolachas, biscoitos e outros snacks.

LOC MARIA Disponibiliza bolachas e biscoitos de diferentes gamas.


França

Oferece diversos tipos de produtos, incluindo bolachas,


ST MICHEL França
bolos e biscoitos.
30

f) Feiras de Referência
Figura 8. Feiras de referência na França.

FEIRA VIVEZ NATURE EUROPAIN & INTERSUC


Feira de agricultura biológica e produtos Feira mundial de pastelaria e padaria–
naturais – Paris, Porte de la Villette Paris, Nord Villepinte
Outubro 2017; Fevereiro 2018;

FEIRA SIAL
Feira dirigida ao mercado global da
indústria alimentar e de bebidas – Paris,
Nord Villepinte
Outubro 2018;
31
GUIA PRÁTICO DE INTERNACIONALIZAÇÃO

g) Regulamentos e Barreiras Aduaneiras


A França, como membro da UE, faz parte integrante da União Aduaneira, caracterizada por um regime
de livre circulação de mercadorias e pela adoção de uma política comercial comum relativamente a
países terceiros. As mercadorias com origem em países da UE, ou já colocadas em território comunitário,
encontram-se isentas de controlos alfandegários, necessitando apenas de cumprir os requisitos
técnicos e de qualidade exigidos pelos países de destino. Estes requisitos encontram-se de acordo com
a legislação comunitária (e.g. (CE) 852/2004, (CE) 178/2022, entre outros).
A União Aduaneira implica, para além da existência de um território aduaneiro único, a adoção da
mesma legislação neste domínio – Código Aduaneiro Comunitário –, bem como a aplicação de iguais
imposições e encargos alfandegários aos produtos provenientes de países terceiros.
A nível de tributação, em França existem diferentes taxas de IVA:

Taxa normal: 20% aplicada à maioria dos produtos;


Taxas reduzidas: 10% aplicada a produtos agrícolas e da pesca e 5,5% sobre a água e bebidas
não alcoólicas, géneros alimentícios, entre outros;
Taxa específica: 2,1% aplicada sobretudo a medicamentos reembolsáveis pela Segurança
Social.

Salienta-se ainda que alguns produtos como é o caso das bebidas alcoólicas ou do tabaco estão sujeitos
ao pagamento de Impostos Especiais de Consumo.
De entre a legislação comunitária, destaquem-se os aspetos que dizem respeito à rotulagem de produtos
alimentares e que obrigam à inclusão de elementos como a denominação comercial e a origem do
produto.
No caso da França, todos estes elementos devem ser apresentados em língua francesa e em local bem
visível na embalagem, de fácil leitura.

h) Cultura de Negócio na França


A abordagem do mercado deve ser feita em língua francesa. Alguns setores, como as tecnologias de
informação, as biotecnologias ou ainda a investigação, assim como os grandes grupos multinacionais,
têm certa propensão para comunicar em inglês. No entanto, aconselha-se sempre a utilização do francês.
Os responsáveis das empresas francesas apreciam a pontualidade nos contactos e apreciam, igualmente,
os convívios numa relação negocial, como sejam os convites para refeições ou para visitar as instalações
em Portugal.
Os franceses tendem a formalizar todos os processos, contratos elaborados, o que se deve ter em
consideração e pelo que se aconselha o recurso a apoio jurídico.
A presença na internet é absolutamente indispensável. À imagem do que acontece em França, uma
empresa que não tenha um site na web, bem apresentado e atrativo (e em língua francesa, corretamente
escrita), não consegue fazer negócio no país.

Fonte: Site Portugal Global - Aicep (acedido em julho de 2017)


32

4.4 CARACTERIZAÇÃO DO MERCADO LUXEMBURGUÊS


O Luxemburgo é um país com uma das mais pequenas áreas da UE (2,6 mil km2), apresentando
uma economia aberta e muito dependente do exterior, em particular das economias vizinhas (França,
Alemanha e Bélgica). O país conta com uma população residente de 569 mil pessoas (dados de 2015),
das quais 47% são estrangeiros. Por outro lado, 71% do total da mão-de-obra é estrangeira (sendo que
46% dos trabalhadores são oriundos da Bélgica, da França e da Alemanha) (AICEP Portugal Global,
2017).
O Luxemburgo apresenta um nível de vida extraordinariamente elevado, registando o maior PIB per
capita da UE (76,4 mil euros em 2015 em paridade do poder de compra).
A grande maioria do PIB luxemburguês provém do setor terciário. A contribuição deste setor para a
economia representava, em 2014, 87,8% do PIB – a maior parte em resultado de atividades financeiras,
imobiliárias e serviços a empresas. Este setor empregava cerca de 187 mil pessoas neste ano,
correspondendo a 72,5% da população ativa. Contudo, desde a crise de 2008, o governo luxemburguês
assumiu o objetivo de reduzir progressivamente o peso dos serviços financeiros na economia e promover
uma maior diversificação. A estratégia passa pelos setores dos componentes automóveis, da saúde e
biotecnologia, das TIC e das tecnologias espaciais.
O setor secundário (que representava 11,9% do PIB em 2014) tem sido historicamente dominado
pela produção de ferro e aço. A tendência nos últimos anos tem sido contudo de diversificação e têm
surgido novas empresas químicas e de produtos plásticos com elevada incorporação de tecnologia e
valor acrescentado (Oficina Económica y Comercial de España, 2016).
O setor primário ocupava uma importância residual na economia luxemburguesa em 2014 (apenas 0,3%
do PIB). O setor empregava 3,2 mil pessoas neste ano, o que equivale a cerca de 2% da população ativa.
Refira-se que cerca de 80% da produção nacional de bens e serviços é exportada, e que 80% das
exportações estão concentradas no setor terciário (AICEP Portugal Global, 2017).
33
GUIA PRÁTICO DE INTERNACIONALIZAÇÃO

a) Balança Comercial (PORTUGAL – LUXEMBURGO)


Refira-se que o saldo da balança comercial de bens é tradicionalmente desfavorável a Portugal – défice
de 31,1 milhões de euros em 2015 (Tabela 18).
Tabela 18. Balança comercial de Bens de Portugal com o Luxemburgo

Variação Variação
2012 2013 2014 2015
2012|2015 2014|2015
Exportações
(milhões de euros)
60,1 67,6 72,4 85,9 42,9% 18,6%

Importações
(milhões de euros)
80,2 80,2 109,8 117,0 45,9% 6,6%

Saldos
(milhões de euros)
-20,0 -12,6 -37,4 -31,1 - -

Fonte: INE, Base de Dados (acedido em abril de 2017)


34

No âmbito do setor agroalimentar, os principais produtos exportados por Portugal para o mercado
luxemburguês em 2015 apresentam-se explicitados na Tabela 19. Destacam-se as bebidas, líquidos
alcoólicos e vinagres, os peixes e crustáceos, e as preparações de carnes, de peixes ou de crustáceos
categorias que apresentaram os maiores volumes de exportação para o Luxemburgo no ano em questão
(15,7, 4,3 e 3,4 milhões de euros, respetivamente).
Tabela 19. Principais exportações portuguesas para o mercado luxemburguês em 2015.

Categorias de Produtos Valor (milhões Variação


de euros) 2012-2015
22 Bebidas, líquidos alcoólicos e vinagres 15,7 11,3%

03 Peixes e crustáceos 4,3 77,5%

16 Preparações de carnes, de peixes ou de Crustáceos 3,4 58,1%

09 Café, chá, mate e especiarias 2,3 127,6%

19 Preparações à base de cereais 2,1 10,9%

20 Preparações de produtos hortícolas 1,9 49,7%

15 Gorduras e óleos animais ou vegetais 1,6 40,9%

0406 Queijo e Requeijão 0,9 67,7%


04 Leite e Laticínios 1,5 11,4%
0409 Mel Natural 0,04 0,5%

02 Carnes e miudezas comestíveis 1,2 32,6%

08 Frutas 1,1 -5,7%

Fonte: INE, Base de Dados (acedido em abril de 2017)


35
GUIA PRÁTICO DE INTERNACIONALIZAÇÃO

b) As Bolachas e Biscoitos no Luxemburgo


Atualmente assiste-se, em toda a Europa, a uma tendência crescente para a diversificação no consumo
dos produtos de padaria e pastelaria. Cada vez mais, os consumidores preferem produtos que integram
ingredientes saudáveis – massas integrais, fibra e ómega 3 - assim, como produtos pré-preparados ou
prontos-a-levar, à medida que o seu consumo se faz crescentemente fora de casa.
A cada vez maior preferência pelo snack pronto-a-levar tem contribuído para um aumento do consumo
dos produtos de pastelaria e panificação no Luxemburgo, em particular de bolachas/bolos/snacks de
pequeno-almoço. Tratando-se de um país de dimensões extremamente reduzidas, o Luxemburgo não
apresenta autossuficiência na produção de bolachas, biscoitos e bolos, precisando, naturalmente, de
importar grande parte dos produtos que consome neste subsetor. Em 2015, a categoria com maior
volume de importações foi outros produtos de padaria e pastelaria, que ascendeu aos 59,4 milhões
de euros (Tabela 20). Observou-se, ainda, uma tendência crescente nas importações de produtos do
subsetor das bolachas, biscoitos e doçaria conventual entre 2012 e 2015.

Tabela 20. Principais produtos do subsetor das bolachas, biscoitos e doçaria conventual importados pelo Luxemburgo em
2015.

NC Designação Valor em 2015 Variação


(milhões de euros) 2012-2015
190590 Outros produtos de padaria e pastelaria 59,4 12,9%

190531 Bolachas e biscoitos adicionados de edulcorantes 14,8 0,7%

190532 Waffles e wafers 5,9 8,1%

Fonte: ITC, Trade Map (acedido em abril de 2017)

c) Os Fatores Diferenciadores Valorizados no Luxemburgo


A distribuição e retalho no Luxemburgo desfrutam de uma base de clientes considerada com um
dos rendimentos per capita mais alta da Europa. Desta forma, os consumidores luxemburgueses têm
possibilidade para pagar pelos produtos que desejam , sejam eles mais caros ou mais baratos.
O consumidor luxemburguês tem acesso a muita informação e é por norma qualificado, assim, já se
encontra sensibilizado para o consumo de produtos biológicos e naturais. O governo luxemburguês
adota constantemente estratégias para aumentar esse consumo, e os consumidores, com poder de
compra, adquirem cada vez mais esse tipo de produtos.
Não relacionado directamente ao sector agroalimentar mas um factor diferenciador importante é a
multilingue das empresas e consumidores luxemburgueses, que normalmente falam 3 línguas diferentes.
Fonte: www.wort.lu e www.luxinnovation.lu/wp-content/uploads/2017/05/Luxembourg-Circular-Economy-Study.pdf
36

d) Principais Exportadores de Bolachas, Biscoitos e Bolos para o


Luxemburgo
Em 2015, a Bélgica destacava-se como principal parceiro comercial do Luxemburgo no subsetor das
bolachas, biscoitos e bolos, tendo atingido um volume de negócios de 38,0 milhões de euros (Tabela
21). Em segundo lugar encontrava-se a França, que beneficiou de um decréscimo das importações com
origem na Alemanha entre 2012 e 2015. Portugal encontrava-se na sexta posição, com um volume de
negócios de 1,1 milhões de euros e uma taxa de crescimento de 85,8% entre 2012 e 2015.
Tabela 21. Principais mercados de origem das importações luxemburguesas de bolachas, biscoitos e doçaria conventual em
2015.

Valor em 2015 Variação


Ranking Países (milhões de euros) 2012-2015

1º Bélgica 38,0 25,3%

2º França 19,0 16,1%

3º Alemanha 17,0 -22,9%

4º Itália 3,9 108,6%

5º Países Baixos 1,2 62,7%

6º Portugal 1,1 85,8%

Fonte: ITC, Trade Map (acedido em abril de 2017)

e) Principais Marcas de Bolachas, Biscoitos e Bolos no Luxemburgo


Tabela 22. Principais marcas de bolachas, biscoitos e doçaria conventual no Luxemburgo.

Disponibiliza uma grande variedade de produtos sem


ALBERGO França
glúten e lactose, incluindo bolachas, biscoitos, bolos e
outros snacks.

Comercializa produtos de pastelaria, em particular bolachas


BAULI Itália
bolos e biscoitos.

Entre outros produtos, oferece uma diversidade de bolos,


CROUTISPATE França
crepes e outros snacks de pastelaria sem glúten.

HIG Comercializa bolachas, biscoitos e outros produtos de


Alemanha
HAGEMANN pastelaria.

Disponibiliza no mercado luxemburguês brioches


PITCH França
recheados de chocolate.
37
GUIA PRÁTICO DE INTERNACIONALIZAÇÃO

f) Feiras de Referência
Figura 9. Feiras de referência no Luxemburgo

SALON DE L’ALIMENTATION TAVOLA


(Food & Feel Good) Feira alimentar no Benelux – Kortrijik
Grande feira da indústria alimentar e de Março 2018;
bebidas no Benelux – Bruxelas
Outubro 2017; BROODWAY
Feira de produtos de pastelaria no Benelux
- Kortrijik
Setembro 2018.
38

g) Regulamentos e Barreiras Aduaneiras


O Luxemburgo, como membro da UE, é parte integrante da União Aduaneira, caracterizada,
essencialmente, pela livre circulação de mercadorias e pela adoção de uma política comercial comum
relativamente a países terceiros. As mercadorias com origem na UE ou colocadas em livre prática no
território comunitário (isto é, que sejam provenientes de países terceiros em relação às quais foram
pagos os direitos aduaneiros e que tenham cumprido as formalidades de importação) encontram-se
isentas de controlos alfandegários, sem prejuízo, porém, de uma fiscalização no que respeita à respetiva
qualidade e caraterísticas técnicas.
A União Aduaneira implica, para além da existência de um território aduaneiro único, a adoção da
mesma legislação neste domínio – Código Aduaneiro Comunitário –, bem como a aplicação de iguais
imposições e encargos alfandegários aos produtos provenientes de países terceiros.
Para além dos encargos relacionados com impostos ad valorem ou com o valor aduaneiro, as importações
estão também sujeitas ao pagamento do IVA. A taxa normal aplicada sobre a generalidade dos bens
e serviços é de 18%. No entanto, em determinadas situações e tipo de produtos (principalmente bens
essenciais e alguns serviços), podem ser aplicadas as taxas intermédia (14%), reduzida (8%) e super
reduzida (3%). Sobre determinados bens como sejam o álcool, as bebidas alcoólicas, o tabaco e os
produtos petrolíferos incidem ainda Impostos Especiais de Consumo (Excise Duties).

h) Cultura de Negócio no Luxemburgo


Fazer negócios no Luxemburgo pode ser uma tarefa difícil se não tiver conhecimentos prévios relativos
ao panorama empresarial.
No Luxemburgo, uma empresa constitui uma experiência completamente formal, e a diferenciação
entre a vida pessoal e empresarial encontra-se bem delimitada.
A conversa informal é sempre importante para criar empatia, mas assegure-se de não fazer perguntas
pessoais porque não faz parte do interesse do negócio.
No Luxemburgo o idioma é o luxemburguês, mas ninguém se decepciona se falar francês, alemão ou
inglês, porque todos os habitantes falam uma destas línguas.
39
GUIA PRÁTICO DE INTERNACIONALIZAÇÃO

4.5 CARACTERIZAÇÃO DO MERCADO SUIÇO


Com 8,2 milhões de habitantes dos quais cerca de 24% correspondem a residentes estrangeiros
(sobretudo italianos, alemães e portugueses), a Suíça possuía em 2015 um dos maiores PIB per capita
europeus (65,2 mil euros) e perfilava-se como a 19ª maior economia a nível mundial (AICEP – Portugal
Global, 2016e).
Segundo o Global Competitiveness Report 2016-2017 do Fórum Económico Mundial, num conjunto de
138 países, a Suíça ocupa, pelo oitavo ano consecutivo, o 1º lugar no Índice Geral de Competitividade,
sendo de sublinhar a posição cimeira alcançada nos seguintes pilares: eficiência do mercado laboral,
disponibilidade tecnológica, fatores de sofisticação e inovação.
A economia suíça é uma das mais prósperas, modernas e competitivas do mundo, caracterizada por um
setor terciário muito desenvolvido (impulsionado pelos serviços financeiros) e por um setor industrial
baseado em alta tecnologia e inovação. Dispõe ainda de uma cultura empresarial exigente e de uma
mão-de-obra altamente qualificada.
O setor terciário representava, em 2015, 75% do PIB e 74% da população empregada, com particular
destaque para o comércio, os serviços financeiros e o turismo. A indústria era responsável por cerca de
23% do PIB e 22% do emprego, enquanto o setor agrícola não chegava a representar 1% do PIB e
absorvia 2% do emprego (AICEP Portugal Global, 2016e).
40

a) Balança Comercial (PORTUGAL – SUÍÇA)


Nos últimos anos, a balança comercial tem registado constantes saldos positivos para Portugal. Verifica-
se um aumento anual, desde 2012, das exportações portuguesas com destino à Suíça, acompanhada
de uma diminuição significativa das importações. No período 2012-2015 as exportações cresceram
14,4% e as importações diminuíram 21,0%, resultando num saldo da balança comercial de 194,6
milhões de euros em 2015. (Tabela 23)
Tabela 23. Evolução da balança comercial de bens de Portugal com o Luxemburgo entre 2012 e 2015.

Variação Variação
2012 2013 2014 2015
2012|2015 2014|2015
Exportações
(milhões de euros)
400,9 419,1 429,3 194,6 14,4% 6,8%

Importações
(milhões de euros)
334,2 280,4 265,7 264,0 -21,0% -0,6%

Saldos
(milhões de euros)
66,6 138,7 163,6 194,6 - -

Fonte: INE, Base de Dados (acedido em abril de 2017)


41
GUIA PRÁTICO DE INTERNACIONALIZAÇÃO

Em 2015, os principais produtos portugueses exportados para a Suíça eram os produtos alimentares
(12,6%), as máquinas e aparelhos (11,4%) e os veículos e material de transporte (8,9%). Do lado das
importações, os produtos que encabeçavam a lista eram os químicos (66,5%), as máquinas e aparelhos
(13,4%) e os instrumentos de ótica e precisão (8,5%) (AICEP Portugal Global, 2016e).
No âmbito do setor agroalimentar, os principais produtos exportados por Portugal para o mercado suíço
apresentam-se explicitados na Tabela 24.
Tabela 24. Principais exportações portuguesas para o mercado suíço em 2015.

Categorias de Produtos Valor (milhões Variação


de euros) 2012-2015
22 Bebidas, líquidos alcoólicos e vinagres 44,1 11,7%

03 Peixes e crustáceos 8,9 57,4%

16 Preparações de carnes, de peixes ou de Crustáceos 3,9 62,0%

19 Preparações à base de cereais 3,6 -14,1%

20 Preparações de produtos hortícolas 3,6 100,1%

0406 Queijo e Requeijão 2,0 50,0%


04 Leite e Laticínios 3,4 119,1%
0409 Mel Natural 0,009 1,1%

21 Preparações alimentícias diversas 2,1 142,5%

15 Gorduras e óleos animais ou vegetais 2,0 96,6%

07 Produtos hortícolas 1,7 55,0%

08 Frutas 1,6 46,8%

Fonte: INE, Base de Dados (acedido em abril de 2017)

b) As Bolachas e Biscoitos na Suiça


Produtos da categoria das bolachas, biscoitos e bolos são extremamente populares na Suíça, sendo
normalmente considerados como snacks convenientes e acrescentados à lista de compras semanais dos
agregados familiares neste país. O consumo anual destes produtos na Suíça atingiu os 5 kg per capita
em 2014, valor que tem vindo a manter-se estável até hoje. A popularidade das bolachas e biscoitos é
influenciada, não só pela conveniência que estes produtos apresentam, como pelas inovações, ao nível
do produto, introduzidas neste subsetor anualmente (Euromonitor International, 2015).
O preço médio das bolachas, biscoitos e bolos tem permanecido estável, não obstante uma subida
marginal dos mesmos em 2016. Devido à forte posição do franco suíço face ao dólar e ao euro, os
produtores suíços têm-se deparado com algumas dificuldades para comercializar os seus artigos devido
à forte concorrência de produtos importados de outros países a preços mais acessíveis. De facto, tem
sido crescente a quantidade de bolachas, biscoitos e bolos importados, tanto de conhecidas marcas
europeias, como de marcas brancas, com um preço médio inferior ao normalmente praticado pelos
produtores e retalhistas suíços neste subsetor (ReportLinker, 2016).
42

Em 2015, as importações suíças de produtos do subsetor da padaria e pastelaria ascenderam a 389,4


milhões de euros, valor que representou um incremento de 18,5% face a 2012. A categoria outros
produtos de padaria e pastelaria foi a que teve maior peso nas importações suíças neste subsetor, tendo
sido responsável por 75,6% das compras internacionais em 2015 (correspondendo a 294,5 milhões de
euros). Destaca-se, ainda, o crescimento das importações de waffles e wafers que, entre 2012 e 2015,
aumentaram cerca de 41,9% (Tabela 25).

Tabela 25. Principais produtos do subsetor das bolachas, biscoitos e bolos importados pela Suíça em 2015

NC Designação Valor em 2015 Variação


(milhões de euros) 2012-2015
190590 Outros produtos de padaria e pastelaria 294,5 18,6%

190531 Bolachas e biscoitos adicionados de edulcorantes 52,9 9,5%

190532 Waffles e wafers 26,7 41,9%

Fonte: ITC, Trade Map (acedido em abril de 2017)

c) Os Fatores Diferenciadores Valorizados na Suíça


Na Suíça existem algumas diferenças no sistema de retalho, devido a existir uma espécie de duopólio.
A Migros e a Denner Coop estão presentes em todo o país, com estabelecimentos a menos de 1 km
de distância. Mas esta particularidade, em contrapartida faz com que os estabelecimentos comerciais
apresentam um tamanho médio menor do que em outros países, e consequentemente menos referencias
por produto.
Restaurantes e supermercados põem sempre em destaque os produtos com origem suíça e existe
uma consciência coletiva muito forte de defesa dos produtos nacionais, que se traduz na aceitação de
barreiras à entrada da concorrência, suportando por isso um preço mais elevado.
Diversas fontes, de que são exemplos a Numbeo Doo (www.numbeo.com) e a Expatistam (www.
expatistan.com) confirmam que as categorias de Alimentação ou Higiene Pessoal custam em Zurique
respetivamente 117% e 138%, respetivamente, acima de Berlim. Em comparação com Lisboa, mais
160%.
Este sistema de preços, deu origem a uma nova realidade: o turismo de compras transfronteiriço. Mais
propriamente, e na prática os suíços deslocam-se aos países vizinhos para efetuar as suas despesas
mensais de alimentação. Em 2015, mais de 11 milhões de francos em supermercados e lojas do outro
lado da fronteira foram gastos pelos suíços. 57% deles atravessam pelo menos 1 vez por mês a fronteira
para se abastecer.
O retalho alimentar na Suíça é genericamente moderno e orientado para a qualidade e eficiência. A
produção local é valorizada nos inúmeros mercados de rua, onde é possível abastecer-se de legumes e
transformados agrícolas, mas o grosso das compras é feita nas cadeias organizadas.
43
GUIA PRÁTICO DE INTERNACIONALIZAÇÃO

d) Principais Exportadores de Bolachas, Biscoitos e Bolos para a Suíça

Em 2015, grande parte das importações suíças de bolachas, biscoitos e bolos eram provenientes de
países fronteiriços como a Alemanha, a Itália e a França (Tabela 26). Neste ano, o volume de importações
destes 3 países correspondeu a 40,2% do total neste subsetor. Portugal ocupava o 13º lugar na lista de
principais mercados de origem das importações suíças de bolachas, biscoitos e bolos, com um volume
de exportações para este país de 2,3 milhões de euros em 2015 - redução de 36,0% face a 2012
(Tabela 26).
Tabela 26. Principais mercados de origem das importações suíças de bolachas, biscoitos e bolos em 2015.

Valor em 2015 Variação


Ranking Países (milhões de euros) 2012-2015

1º Alemanha 138,2 28,7%

2º Itália 62,0 12,4%

3º França 56,2 15,1%

4º Áustria 39,7 18,5%

5º Espanha 21,1 34,2%

13º Portugal 2,3 -36,0%

Fonte: ITC, Trade Map (acedido em abril de 2017)

e) Principais Marcas de Bolachas, Biscoitos e Bolos na Suíça


Tabela 27. Principais marcas de bolachas, biscoitos e bolos na Suíça

Oferece uma diversidade de bolachas, biscoitos e wafers


KAGI Suíça
cobertas de chocolate suíço.

Comercializa diferentes tipos de bolachas e biscoitos.


KAMBLI Suíça

LAECKERLI Disponibiliza diferentes gamas de bolachas e biscoitos,


Suíça
HUUS entre outros produtos.

Comercializa diferentes biscoitos feitos à base de cereais


VISCUIT Suíça
integrais.

SWISS Entre outros produtos, oferece uma diversidade de


Suíça
DELICE bolachas e biscoitos.
44

f) Feiras de Referência
Figura 10. Feiras de referência na Suíça

IGEHO SLOW FOOD MARKET BERN


Feira de hotelaria, catering e produtos Exposição de produtos alimentares e
alimentares – Basileia bebidas - Berna
Novembro 2017; Março 2018;
FACHMESSE FUR BACKEREI
Feira especializada em produtos de
VITAFOODS FAIR
pastelaria – Berna
Feira de alimentos de alto valor nutricional
Março 2019.
– Genebra
Maio 2018;

OLMA
Exposição de produtos agrícolas,
alimentares e vinhos – St. Gallen
Outubro 2017;
45
GUIA PRÁTICO DE INTERNACIONALIZAÇÃO

g) Regulamentos e Barreiras Aduaneiras


Apesar da Suíça não fazer parte da UE e, portanto, não ser integrante da União Aduaneira, as exportações
comunitárias para este país são, na sua maioria, efetuadas livremente por força de vários acordos
estabelecidos incluindo:

Acordo de comércio livre de produtos industriais (1972);


Acordo de comércio livre de produtos agrícolas (1999);
Acordo de comércio livre de produtos agrícolas transformados (2004).

Para que as mercadorias possam beneficiar destes regimes preferenciais, aquando da sua exportação
para a Suíça, é necessário comprovar a origem comunitária das mesmas através da apresentação do
certificado de circulação de mercadorias, emitido pelas alfândegas do país de origem.
No caso da exportação frequente de mercadorias para a Suíça, deverá ser requerido o estatuto de
“exportador autorizado”.
Apesar de apresentar requisitos legais extremamente semelhantes aos da UE em termos de
especificações técnicas e regras de qualidade (nomeadamente alimentar), nem sempre a legislação
suíça está de acordo com a comunitária. Neste sentido, é conveniente um contacto prévio com o cliente/
importador para obtenção de esclarecimentos quanto às especificações desejadas e permitidas para
os produtos.
A pauta aduaneira suíça é semelhante à da UE, sendo o valor aduaneiro calculado através do valor CIF
no país de importação das mercadorias, imputando aos importadores a responsabilidade do pagamento
do transporte de mercadorias, bem como do seguro do mesmo. Para além dos direitos aduaneiros, as
importações estão sujeitas ao pagamento de IVA, existindo para tal taxas diferenciadas:

8% (taxa normal) sobre a generalidade de bens e serviços;


2,5% (taxa reduzida) sobre alguns géneros alimentícios, água e eventos culturais e desportivos;
3,8% (taxa especial) sobre serviços de hotelaria;
0% sobre seguros, serviços financeiros, educação e saúde.

h) Cultura de Negócio na Suíça


A pontualidade, o sigilo são regras na Suíça, já o improviso não é muito característico dos suíços. São
uma população trabalhadora e muito organizada e esse é o motivo do sucesso do país. Devemos sempre
nos adaptar às práticas de etiqueta e cultura suíça para ter um bom começo.
Deve utilizar o aperto-de-mão como regra, tratando de cumprimentar todas as pessoas. A sociedade
suíça é formal e usa o apelido e não o nome próprio. Deve sempre dirigir-se fazendo uso dos títulos
“Herr” para senhor e “Frau” para senhora; “Monsieur” ou “Madame” na zona francófona, ou “Signore”
ou “Signora” na zona italiana, eventualmente acompanhados pelos títulos profissionais. É um sinal de
consideração.
Os suíços são por norma pessoas reservadas e por isso deve evitar conversas não relacionadas com o
negócio, evitando o humor.
Não se deve apressar decisões até que tenham sido recolhidas todas as informações para decidir por
quem tem o poder. São pessoas de palavra.
Com 4% de população de origem portuguesa na Suíça, reconhecidos como excelentes trabalhadores,
mas frequentemente desempenhando tarefas menos diferenciadas, são criados por vezes estereótipos.
O suíço normalmente não espera quadros portugueses altamente diferenciados e esta perceção tem
que tentar ser corrigida durante as reuniões para que as propostas comerciais sejam avaliadas sem
preconceitos pela sua mais valia.
46

Convidamo-lo a ler com atenção, porque o sucesso da sua abordagem depende do cumprimento de
muitas das recomendações que se seguem, para evitar as respostas-tipo mais frequentes, mesmo
depois de insistência:

“sem resposta”, Resposta


75% de probabilidade
Tipo 1

“agradecemos, Resposta Resposta “agradecemos, mas


mas não temos tempo”, não estamos interessados”,
Tipo 3 Tipo 2
10% de probabilidade 10% de probabilidade

“reunimos daqui por 3


Resposta meses”,
Tipo 4 3% de probabilidade

Elaboração própria

Na Suíça um executivo não vai perder tempo com gestos de cortesia, e se o seu e-mail não é solicitado,
ele não vai ser respondido. O suíço não tolera o improviso, nem a curiosidade e, quer situações e
explicações bem claras. Mas o decisor suíço valoriza possíveis recomendações de parceiros externos,
como antigos colegas de trabalho ou até de faculdade. Este decisor é avesso ao risco e para isso ele
compra seguro.
As falhas em processos ou fornecimentos não são perdoáveis, e para isso tem que haver máxima
concentração para não cometer erros, por mais pequenos que sejam.
Fonte: Site Portugal Global - Aicep (acedido em julho de 2017)
47
GUIA PRÁTICO DE INTERNACIONALIZAÇÃO

5 Processo de Exportação
Neste ponto decidimos realizar uma abordagem aos tipos de exportação existentes, com uma explicação
do que é cada tipo de exportação e algumas formas de como se podem fazer estes tipos de exportação.
Como o processo de exportação é um longo caminho e passa por outras vertentes, apresentamos uma
descrição dos tipos de transporte e os documentos aderentes.

a) A Exportação Indireta
A exportação indireta é tida como uma opção mais viável para empresas PMEs que não estão dotadas de
tantos recursos para a sua internacionalização. Este processo envolve a venda dos produtos destinados
a exportação, a outra empresa nacional – Trading - sendo esta a exportadora destes para os mercados
externos. Caso seja realizada continuadamente, esta é vista como uma boa forma para aumentar o
volume de negócios de uma empresa de forma consistente. (Viana & Hortinha, 2009, p229).
Este tipo de exportação apresenta vantagens presentes nos custos reduzidos de processo de exportação,
no entanto, o processo é mais demorado e condiciona a empresa no que diz respeito ao conhecimento
do mercado externo. (Horizonte para Internacionalizar: Guia para PME, 2013).
A exportação indireta é uma das principais e mais usadas formas de exportação mundial. Este tipo
de empresas (trading) representam uma grande fatia das transações comerciais no mundo, e são
consideradas como uma grande ajuda para a entrada em novos mercados internacionais. (Viana &
Hortinha, 2009, p. 232).
As organizações cooperativas são também um bom veículo de exportação indireta. Estas promovem
atividades de exportação em benefício de vários produtores.
As principais vantagens desta forma de exportação são a facilidade de penetração inicial, menores
custos de investimento e o risco muito inferior a qualquer outro tipo de exportação. Mas o controlo é
inferior e as informações sobre os mercados são poucas, assim estas são as desvantagens deste tipo
de exportação. (Horizonte para Internacionalizar: Guia para PME, 2013).

b) A Exportação Direta

A Exportação direta é um processo em que a empresa é responsável por todo o procedimento, e neste
caso, é necessário um conhecimento pormenorizado dos seus mercados alvo. Este é um processo
que leva algum tempo e em que a empresa não pode esperar resultados imediatos. Neste formato de
exportação as empresas têm que estar cientes dos custos associados uma vez que são mais elevados
do que os da exportação indireta. No entanto, uma empresa pode conjugar os dois tipos de exportação,
guardando os mercados prioritários para a exportação direta e assim assumir maior controlo de todo o
negócio.
Como todo o processo é controlado pela empresa, existem várias estratégias possíveis de
internacionalização. Uma delas, pode passar pela contratação de um representante internacional,
residente ou não residente. Desta forma, é possível um maior envolvimento com os clientes internacionais
e é indicado para países de cultura de alto contexto, como os países da América Latina. Outro método
muito comum de exportação direta, é a efetivação de negócios internacionais com distribuidores e agentes
localizados no país de destino. Considera-se que esta é uma excelente alternativa para que as empresas
domésticas consigam fazer chegar os seus produtos a vários pontos de venda, tendo preocupações
negociais apenas com uma entidade. Estes podem ser agentes, retalhistas, concessionários ou trading.
48

Existem várias vantagens e desvantagens, mas de forma resumida apresentam-se as principais. As


grandes dificuldades passam pela penetração inicial de mercado, os grandes custos de estrutura, os
maiores riscos e a necessidade de domínio de informação e documentação processual, no entanto
o maior conhecimento de mercado, o maior controlo sobre os canais de distribuição, o controlo do
plano estratégico e a maior proteção das marcas e patentes tornam este modelo na melhor opção de
exportação para um processo de internacionalização integrado. (Horizonte para Internacionalizar: Guia
para PME, 2013).

c) Formalidades de Exportação
Através de consulta na Livraria Digital do site da AICEP Portugal Global, bem como de sites relacionados
com os mercados externos, é possível aceder a informação sistematizada e detalhada sobre os regimes
de importação em vigor nos mercados selecionados.
Deve ainda consultar, na web, o site ‘’Market Acess database’’, da responsabilidade da comissão europeia,
onde pode encontrar informação sobre a política comercial de países terceiros, barreiras ao comércio, e
outras informações importantes que irá necessitar.
Aconselhamos sempre as empresas consultarem o seu cliente no mercado alvo, e para além disso, o
site ‘’Exporter’s Guide: Import Formalities’’ onde podem encontrar informação relativa a documentos e
formalidades para a importação.

d) Etiquetagem, Rotulagem e Marcação CE*


A UE harmonizou a legislação aplicável a muitos produtos para minimizar a existência de dificuldades e
obstáculos à livre circulação no espaço comunitário.
Vários produtos em circulação na União Europeia, estão sujeitos a regulamentação comunitária
harmonizada desenvolvida, incluindo no que respeita à rotulagem e etiquetagem.
Quando possui um produto em comercialização em Portugal e que cumpre as regras em vigor até ao
momento, não existe qualquer problema para a sua venda em qualquer país da Europa, em relação à
rotulagem e etiquetagem. Deve apenas ter em atenção o que é imposto em relação ao idioma a utilizar
no país que venderá o produto.

*A Marcação CE é um símbolo de comercialização livre no Espaço Económico Europeu (mercado interno) que, com a declaração
do fabricante, dá a presunção de que o produto cumpre os requisitos das Diretivas Europeias aplicáveis.
49
GUIA PRÁTICO DE INTERNACIONALIZAÇÃO

e) Documentos sobre Transporte Internacional


Nota: Aconselhamos sempre o contacto com um
transitário no caso de transporte extracomunitário.

Os principais documentos utilizados no transporte


internacional (intra e extracomunitário) são:

Transporte Marítimo

“Bill of Lading” ou “Conhecimento de Embarque” – É


um documento emitido pela empresa de navegação e é
considerado o documento comprovativo de contrato entre
ambas as partes (empresa exportadora e empresa de
transporte). Este documento serve também como autorização
para o destinatário conseguir efetuar o seu levantamento.
Por fim, é válido ainda como recibo de comprovativo das
condições em que a mercadoria é recebida.

Transporte Aéreo
“Air Way Bill”, “Carta de Porte Aéreo” ou “Carta de Porte” – Este documento é a prova do contrato de
transporte aéreo entre a empresa exportadora e a companhia aérea. O emissor do documento é a
companhia aérea, a favor da empresa, ou um agente de carga IATA autorizado.
Por vezes, as empresas utilizam também o ‘’manifesto de carga’’ em transportes aéreos e marítimos. Este
documento contém informações sobre a transportadora, nacionalidade do avião ou barco e informações
sobre o destino e origem da mercadoria. Este documento é obrigatório para despacho aduaneiro de
entrada e saída de aviões e barcos.

Transporte Ferroviário

“Declaração de Expedição CIM” ou “Carta de Porte Ferroviário CIM/COTIF” – Este é o documento de


contrato do transporte ferroviário. Regula o transporte internacional entre dois ou mais países. As linhas
ferroviárias estão inscritas numa lista anexa ao Convénio CIM/COTIF (Convénio Internacional relativo
ao Transporte de Mercadorias por Caminho de Ferro). Normalmente, este transporte de mercadorias
organizado pelas empresas transitárias é pouco utilizado e representa menos de 0,05% das operações
com intervenção de transitários.

Transporte Rodoviário

“Declaração de Expedição”, “Carta de Porte Rodoviário CMR/TIR” ou “CMR” (“Convention Relative au


Contrat de Transport International de Marchandise par Route”) – Este documento é o contrato rodoviário
entre o transportador e a empresa que o contrata. Serve para regular o transporte internacional rodoviário
entre os países, desde que, pelo menos um destes tenha ratificado a Convenção CMR. Acompanha o
envio da mercadoria, e tem presente as instruções necessárias para o transportador.
50

Relações entre Transitários e Clientes

Documentos utilizados entre as empresas e os transitários contratados:


FBL (“Forwarder Bill of Lading” ou “Conhecimento Particular do Transitário” – Este documento é a prova
de contrato entre a empresa e o transitário contratado, e é relativo aos tráfegos de ‘’grupagem’’ quando
é utilizado mais do que um tipo de transporte.
FCR (“Forwarder Certificate of Receipt”) ou “Certificado de Receção do Transitário” – Documento que o
Transitário emite a pedido de uma empresa, e serve como prova de que o transitário recebeu uma certa
mercadoria de uma empresa para transporte internacional. Juntamente a esta prova, seguem ordens
irrevogáveis para fazer chegar a mercadoria a um determinado destinatário.
FCT (“Forwarder Certificate of Transport”) ou “Certificado de Transporte do Transitário” – Este documento
é emitido pelo transitário para o seu cliente, mas está enquadrado em cargas de ‘’grupagem’’ que incluem
apenas um modo de transporte. O transitário emite este documento antes de celebrar o contrato de
transporte.

Transporte Multimodal

Para transporte multimodal existe uma Convenção de Transporte Multimodal (“United Nations
Convention on International Multimodal Transport of Goods”), de 24 de maio de 1980, que objetiva
uma responsabilidade única para todo o ciclo do transporte. A finalidade é utilizar um só documento em
todos os modos de transporte. Ainda não está em vigor a nível internacional pois necessita de várias
aceitações e precauções. Desta forma, utilizam-se ainda as regras distintas de cada tipo de transporte,
tanto a nível de documentos necessários bem como a nível de responsabilidade de transporte.

Outros Documentos

Por vezes, são necessários outros documentos, que apresentamos abaixo:


Apólice de Frete – contrato de transporte marítimo no âmbito de um regime de contratação livre cuja
finalidade é o transporte de grandes volumes de mercadoria em navios completos.
Apólice de Seguro – Contrato de Seguro mediante o qual, a empresa seguradora se obriga, contra
cobrança de um prémio, a indemnizar um dano sofrido pelo segurado ou a satisfazer um capital, renda
ou outras prestações convencionadas.
Neste contexto, é importante referir, que caso o exportador solicite ao transitário que este se
encarregue de contratar os seguros marítimos, terrestres e aéreos dos produtos, esse serviço será
prestado, eventualmente até em condições mais vantajosas do que se o exportador recorrer a uma
companhia de seguros, por si próprio. De facto, muitos transitários dispõem de “apólices flutuantes”,
o que, frequentemente, lhes permite a obtenção de condições mais favoráveis junto destas entidades.
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GUIA PRÁTICO DE INTERNACIONALIZAÇÃO

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