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TÍTULO: Expansão e contenção da cidade, o caso de

Belém do Pará
Autores:
Jayana Marinho Mota de Santana – Universidade Federal do Pará (BRA)
José Júlio Ferreira Lima – Universidade Federal do Pará (BRA)

RESUMO
Este artigo busca relacionar as modificações nos limites físicos na expansão
da cidade de Belém do Pará e a crise econômica iniciada em 2014 no Brasil. Sugere-se
que a aumento da malha urbana, seguida por contenção é parte da crise cíclica do
capitalismo. Situa-se o estudo nos acontecimentos ocorridos a partir da crise econômica
para mostrar que a urbanização acelerada nas cidades capitalistas envolve períodos de
expansão, alternados por outros de contenção do perímetro urbano, segundo ciclos de
produção de renda fundiária urbana ligados a crises do capitalismo. É aplicada a análise
de David Harvey sobre os efeitos das crises cíclicas do capitalismo para a ocupação
urbana. Como resultados preliminares do estudo que compõe uma dissertação de
mestrado em andamento, o estudo associa a oferta de infraestrutura resultante da
alternância de expansão e contenção com as condições sociais existentes, quando podem
ser geradas oportunidades para o desenvolvimento, caso se dê atenção aos
assentamentos informais existentes, possibilitando que seus habitantes se apropriem da
condição de cidadãos.
Palavras Chaves: expansão urbana, contenção urbana, crise financeira
econômica, cidades amazônicas, Belém do Pará.

ABSTRACT
This article seeks to relate the changes in physical limits in the expansion of the
city of Belém, Pará and the economic crisis that began in 2014 in Brazil. It is suggested
that the increase in the urban fabric, followed by containment is part of the cyclical crisis of
capitalism. The study is based on the events that occurred as a result of the economic
crisis, to show that accelerated urbanization in capitalist cities involves periods of
expansion, alternating with urban containment cycles, according to urban land income
generation cycles Urban riots linked to crises of capitalism. David Harvey's analyses on the
effects of the cyclical crises of capitalism for urban occupation. As preliminary results of the
study that composes an ongoing master's degree dissertation, the study establishes an
association of the infrastructure supply resulting from the alternation of expansion and
containment with the existing social conditions, in which development opportunities can be
generated if attention is given to informal settlements, inhabitants of the "non-city", which
allows them to appropriate a condition of citizenship.
Key words: urban expansion, urban containment, economic crisis, amazon
cities, Belém, PA.
Introdução
O processo de urbanização em ritmo acelerado é uma realidade
mundialmente inconteste nas nações capitalistas. A urbanização acelerada
envolve períodos de expansão, alternados por outros de contenção do
perímetro urbano, segundo ciclos de produção de renda fundiária urbana
ligados a crises do capitalismo. Este artigo busca relacionar as modificações
da expansão da cidade de Belém do Pará e a crise econômica de 2014 no
Brasil. Sugere-se que o aumento da malha urbana, seguida por contenção,
pode ser associado a crises cíclicas do capitalismo. E mais, em contextos de
economia precária, o crescimento infraestrutural parece ser freado quando há
desaceleração da economia, embora continue tendo capacidade de fomentar a
produção, segundo Harvey (2011) a infraestrutura continua a crescer
justamente para aquecer a economia.
Sugere-se que a expansão urbana, nos moldes em que vem
ocorrendo em Belém, não alcança o desenvolvimento econômico almejado, em
virtude de o crescimento linear da malha urbana criar um passivo
infraestrutural em termos de área, muito maior do que o espaço que passa a
ser coberto linearmente pela expansão urbana. O que se identifica, portanto, é
a existência de ciclos. Conforme Becker (2013) estabelece, as cidades
amazônicas crescem intimamente ligadas aos “surtos econômicos”. As
modificações macroeconômicas nacionais, portanto, são rebatidas localmente
através de mudanças do ambiente urbano construído.
O artigo é dividido em três partes. Após esta breve introdução, há
uma contextualização sobre a expansão urbana de Belém do Pará, quando é
mostrado como se configura o aumento de sua ocupação em direção à
periferia, bem como as circunstâncias em que os aspectos em que ocorre a
criação de renda fundiária e infraestrutura, num ciclo de alternância que
associa expansão e contenção de sua malha urbana. A seguir, o artigo explora
a análise de David Harvey e as decorrências para o entendimento do que vem
ocorrendo em Belém do Pará.

Fig 01 – Mapa de Locaização da Região


Metropolitana Ampliada e Belém. Fonte: Googlee
Earth, acessado em 01/03/2017

A expansão urbana de Belém do Pará


O problema da urbanização acelerada, evidenciado a partir dos anos
80, em contextos como de Belém, não guarda relações com questões
unicamente contemporâneas, mas com características historicamente
reconhecidas. A existência de Belém, em sua gênese, está associada ao
processo de ocupação da região. A Amazônia sofreu dominação francesa,
portuguesa, espanhola e holandesa, ao longo do período colonial. O território
pertencente atualmente ao estado do Pará foi apropriado por portugueses, que
se interessavam pela exploração de recursos naturais, colonização e o
comércio. O modelo de colonização português resultou em miscigenação e no
estabelecimento de assentamentos urbanizados e edificações de
características lusitanas em várias partes do estado (BECKER, 2013: 29).
O Programa de Integração Nacional implantado em 1970, visando
ocupar definitivamente a Amazônia, utilizou a implantação de diversos núcleos
urbanos como estratégia explícita (BECKER, 2013: 33) - o que incentivou forte
migração para Belém. Os incentivos fiscais de crédito entre 1970 a 1990
induziram a formação de uma fronteira urbana antes mesmo da região se
tornar uma fronteira agrícola. O processo de urbanização acelerada tornou-se,
portanto, solução, no âmbito de planejamento regional, para promoção da
ocupação e exploração da Amazônia, chamada por Becker (2013:34) de
“floresta urbanizada”. A partir daí, a sucessão de crises econômicas e políticas
sujeitaram a região a ciclos econômicos com perceptível rebatimento nas
cidades.
A expansão do perímetro urbano de Belém em direção à sua
periferia, apresenta-se intimamente ligada à exploração de renda fundiária ao
longo do eixo viário de ligação entre a Primeira Légua Patrimonial1 de Belém e
o distrito periférico de Icoaraci. Os terrenos lindeiros ao eixo viário de expansão
tornaram-se frente de valorização imobiliária desde 2005. A grande reserva de
terrenos no território intermediário entre o centro e o distrito tornou-se o foco do
mercado imobiliário e de programas governamentais voltados à implantação de
infra-estrutura e estímulo à produção habitacional, esta área passou a ser
chamada “Nova Belém”. Antes da crise econômica de 2014, a financeirização
da economia teria contribuído para aquecer o mercado imobiliário em Belém, o
que levou à expansão da malha urbana. Com a crise, o mercado "esfria",
sobram unidades e ocorre contenção do tecido urbano. Além disso, é
constatada uma relação de causalidade entre esse processo e as
discrepâncias entre a provisão de infraestrutura pelo Estado e a dificuldade de
contingentes populacionais empobrecidos se estabelecerem nas áreas mais
rentáveis.

Mapa da Área de Expansão entorno da Rod. Augusto Montenegro. Fonte: GUIMARÃES,


Gisele Joicy da Silva. Novas centralidades na malha urbana da Região metropolitana
de Belém: Estudo Aplicado ao Espaço da Rodovia Augusto Montenegro. 2012. 187
f. Dissertação de mestrado. Universidade Federal do Pará.

1Att.
A primeira porção de terra doada pela Coroa Portuguesa para a formação do município
de Belém no século XVIII, hoje corresponde ao centro principal da cidade, onde estão
concentrados o centro histórico e a maior parte de infraestrutura e serviços (DUARTE,
1987).
Calcula-se que na área de expansão de Belém serão construídas
mais de 10.000 unidades habitacionais, incluindo aproximadamente 2.500
unidades em do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e
empreendimentos de médio e alto padrão, entre apartamentos e unidades
horizontais, com destaque para os fomentados através do Programa Minha
Casa Minha Vida (PMCMV). Grandes equipamentos foram implantados, tais
como shopping center, faculdades, supermercados e outros serviços,
incentivados pela perspectiva de ampliação da demanda por bens e serviços e
pela ampliação da população residente de diferentes faixas de rendas,
distribuída em condomínios exclusivos, conjuntos habitacionais e
“assentamentos informais” em terrenos públicos e privados (CARDOSO, 2007).
Atraídos pela acessibilidade facilitada, novos e numerosos
assentamentos informais espontâneos surgem entre os empreendimentos
imobiliários. A população assentada nesses bolsões “hiperurbanizados”2
continua a ter dificuldade de acesso às oportunidades da cidade. Com a
justificativa de resolver o problema, se inicia outra rodada de investimento em
aumento de perímetro urbano construído, cada vez mais distante do centro da
cidade. Para o capitalismo, a expansão e a contenção urbana são vistas como
expressão dos processos econômicos próprios das crises econômicas à que
está sujeita a cidade e a região.

Fig 02 – Área de Expansão entorno da Rod. Augusto Montenegro. De cima para baixo e
da esquerda para direita, anos de: 2000, 2005, 2009 e 2015. Fonte: Google Earth,
acessado em 01/03/2017.

2
Entende-se “hiperurbanização” como a concentração urbana de pessoas em um nível
superior ao que o mercado de trabalho tem condições de absorver (CASTELLS,
1972/2000).
Consequências das crises do capitalismo para a expansão e contenção
urbana
Em contextos de economia precária, como a brasileira, pode-se
esperar por duas tendências em momentos de crise, como a que vinha se
estabelecendo desde 2008 - a primeira seria a tendência de o Estado diminuir
os investimentos em infraestrutura, criando certa resistência ao crescimento
urbano, já a segunda, seria segundo Harvey (2013), uma tendência ratificadora
do crescimento urbano. Esta última marcada pela ação dos investidores de
capital fictício que tendem a transformar este capital em capital material
comprando imóveis, influenciados pela segurança desse tipo de investimento e
pelo poder de barganha fomentado pela crise – projetando, assim, novos
vetores de crescimento urbano.
A importância dos momentos de crise para o planejamento urbano
em contextos de dependência econômica, se deve, justamente, à duas
tendências do processo de aumento de perímetro urbano construído se
apresentarem simultaneamente, porém, em sentidos opostos. De maneira
contrária, em momentos de crescimento econômico, as ondas de
investimentos públicos e privados se afinam, se sincronizam, provocando
considerável crescimento de área urbana construída, potencializando as
dificuldades de controle para os planejadores urbanos.
O crescimento econômico brasileiro das últimas décadas
impulsionou o aumento físico do perímetro urbano de Belém, seguido de uma
contenção urbana, como expressão da crise instalada na economia brasileira a
partir de 2014. Isto se deve, em parte, à financeirização do mercado
imobiliário3. Por volta de 2008, quando foi anunciado o PMCMV, houve
estímulo à indústria da construção civil, mediante a criação, no país, de
condições para a financeirização do mercado imobiliário, em função de
facilidades criadas pela desregulamentação necessária ao alinhamento do
Brasil às nações dominantes.
É importante destacar que, a preferência dos investidores de capital
pela expansão urbana através do aumento do perímetro urbano ao invés do
adensamento do centro urbano, ocorre em virtude do interesse na apropriação
de renda diferencial, particularmente no momento em que terras rurais se
transformam em urbanas. Isto porque, “a acumulação do capital sobre a terra
por meio da atividade imobiliária aumenta à medida que a terra é adquirida
com quase nenhum custo” (HARVEY, 2011: 146). Entende-se por renda
diferencial o resultado da valorização fundiária, atualmente ostensivamente
manipulada, e não da produção das edificações em si. (FIX, 2007:155).
A expansão urbana também pode ser vista a partir da teoria da
“cidade como máquina de crescimento” (LOGAN e MOLOTCH, 1987), na qual
o crescimento do perímetro urbano construído é visto como uma fábrica de
capital, ao invés de ser vista como condição sine qua non da sociedade urbana
em si. Segundo Villaça (1998), a malha viária cresce em direção aos
empreendimentos de médio e alto padrão. Ou seja, em momentos de
crescimento econômico, o sistema viário urbano alcança os imóveis
arrematados pelos agentes imobiliários na crise anterior, gerando, entre um
empreendimento lançado e outro, bolsões de vazio urbano, que passam a ser

3
Particularmente, no Brasil, a sanção da lei 10.931 de 2004 - que dispõe sobre o
patrimônio de afetação de incorporações imobiliárias, Letra de Crédito Imobiliário, Cédula
de Crédito Imobiliário e Cédula de Crédito Bancário foram mudanças que criaram maior
sensação de segurança aos investidores internacionais, estimulando a entrada de capital
no país. Segundo Ventura Neto, a abertura de capital na Bolsa de Valores através das
OPA´s (Oferta Pública de Ações), “passa a simbolizar a principal conexão entre o capital
financeiro internacional e o capital financeiro no Brasil” (2012, p.124).
ocupados por assentamentos informais espontâneos dotados de precária
infraestrutura. Ou seja, no Brasil, embora haja sincronia nas ações dos agentes
púbicos e privados, nos períodos de crescimento econômico, a velocidade em
que as cidades se expandem é muito superior à capacidade do Estado de
prover aos cidadãos os direitos que lhes deveriam ser resguardados,
principalmente pelas crises fazerem parte do próprio capitalismo.
A financeirização do mercado imobiliário brasileiro e a consequente
junção de capital de empresas locais e empresas de capital aberto,
possibilitaram alcançar nível de capital condizente com o porte dos
empreendimentos nos extensos terrenos disponíveis na Nova Belém. A
produção de habitações desvinculada da demanda efetiva local ilustra o fato de
que, no capitalismo, a produção existe pela necessidade de se investir capital
excedente e não em virtude de demanda latente (Harvey, 2013). Além disso, a
falta de preocupação com a capacidade de absorção dos produtos lançados
pelo mercado, remete-nos à hipóstese de que a compra, a inadimplência e a
perda do imóvel seriam, de certa forma, desejadas e fomentadas pelos
grandes detentores de capital. De acordo com Harvey (2011), a crise
imobiliária estadunidense não aconteceu despretensiosamente, teria
possibilitado uma rápida e histórica concentração de renda aos grandes
capitalistas, que se valeram da inadimplência dos proprietários de imóveis
hipotecados.
Por outro lado, as infraestruturas urbanas são vistas como
componentes fundamentais nos pacotes de estímulos dos governos para
levantar a economia (HARVEY, 2011:149). Também por este motivo, o
Governo Federal brasileiro teria, desde 2003, com a criação do Ministério das
Cidades, viabilizado investimentos em projetos relativos à moradia e
infraestrutura urbana. Especificamente, a partir de 2005, mudanças concretas
na área do financiamento habitacional, tanto no subsistema de habitação de
mercado como no de interesse social, possibilitaram o início efetivo da
diminuição do histórico déficit habitacional brasileiro. Já a infraestrutura urbana
começa a ser contemplada de maneira substancial a partir do ano de 2007,
quando da implementação do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Tais políticas públicas, atreladas ao aumento da entrada de volume
de capital internacional no país, aqueceram consideravelmente o mercado
imobiliário brasileiro, o que provocou acirramento nas disputas por terrenos, e
reforçou o crescimento de seus valores, contribuindo para um distanciamento
cada vez maior dos novos empreendimentos do centro urbano. Sobre esta
questão, Harvey assevera:
Uma fonte cada vez mais liberal de crédito para futuros
proprietários, acoplada a uma fonte igualmente liberal de crédito
para os promotores imobiliários, leva a um crescimento maciço em
habitação e desenvolvimento urbano. (2011: 98)
O que nos deixa dúvidas sobre até que ponto, sob o ponto de vista
econômico, seja interessante a imposição de políticas públicas que aumentem
a oferta de crédito e que estimulem a entrada de capital externo,
simultaneamente, já que estas políticas reforçam o problema do espraiamento
e da criação de passivo infraestrutural, indo de encontro à precariedade
econômica do país, quando comparada a países dominantes nos quais novas
áreas de expansão são rapidamente cobertas por infraestrutura adequada,
seja pela iniciativa pública, privada ou pela parceria entre ambas.
O descompasso dos investimentos públicos e privados, nos períodos
de crise econômica, cria uma certa vantagem temporal de ação para os
planejadores urbanos. A diminuição de pressão dos agentes imobiliários para
que o Estado, nestes períodos, invista na malha urbana, faz com que seja
possível que a iniciativa pública dê particular atenção ao combate do processo
de expansão fragmentada das cidades, através de ações pontuais nos
assentamentos informais “hiperurbanizados”.
Voltando à questão da “hiperurbanização”, os bolsões criados se
tornam entraves ao desenvolvimento local (CASTELLS, 1972/2000). No
entanto, isso não ocorre em função da alta densidade demográfica em si, já
que, segundo Jacobs (2001), quanto maior a densidade demográfica, maior a
capacidade de existir diferenciações que gerem desenvolvimento. Para ela, o
desenvolvimento econômico apresenta o mesmo padrão que o de qualquer
outro desenvolvimento, ou seja, “diferenciações emergindo de generalidades”
(2001: 24). Sendo assim, entende-se que a alta densidade seja uma
característica interessante a ser mantida nos bolsões “hiperurbanizados”.
Consequentemente, presume-se que a questão a ser tratada seja a
incapacidade de o mercado de trabalho absorver o “exército de reserva de
mão-de-obra” urbano.
Com a justificativa de gerar empregos e desencadear
desenvolvimento econômico, a gestão pública, em contextos capitalistas,
permite e contribui para expansão do perímetro urbano, visando facilitar
investimento e acúmulo de capital aos agentes imobiliários. Segundo Harvey,
“uma proporção significativa da força de trabalho total global é empregada na
construção e manutenção do ambiente edificado” (2011:137). Pergunta-se,
portanto, por que motivo esse “exército de reserva de mão-de-obra” que
compõe os bolsões “hiperurbanizados” da cidade, continua a ser tão grande,
mesmo com a aceitação da política do crescimento urbano como acelerador da
economia?
De acordo com Jacobs, a relação entre expansão e desenvolvimento
econômico não é tão simples e direta, muito embora seja correto afirmar que
“estão fortemente entrelaçados. Eles viabilizam um ao outro. Mas o problema é
saber como” (JACOBS, 2001: 54).
É fácil perceber, que a perpetuação desse círculo vicioso levará a
realidade física urbana para situações cada vez mais difíceis de serem
contornadas. O que parece bastante paradoxal é que, justamente a política de
investir em infraestrutura como meio de acelerar a economia, gera um grande
passivo infraestrutural, que dificulta a qualificação da mão-de-obra e
consequentemente trava o desenvolvimento econômico. Isto porque, conforme
sustenta Villaça (1998), a infraestrutura só é realizada até onde interessa aos
investidores imobiliários.
Sendo assim, entende-se o momento de crise econômica e
financeira em que se vive hoje - quando o capital diminui as pressões no
Estado – como oportunidade para que o investimento em políticas públicas
pontuais supra as necessidades de infraestrutura dos cidadãos moradores dos
bolsões “hiperurbanizados” num processo de contenção urbana.

Considerações finais
A crise financeira iniciada em 2014 teria ocasionado em Belém a
contenção de crescimento de infraestrutura, grande taxa de vacância e um
estoque de imóveis novos inédito. Pela análise aqui feita, trata-se de situação
cíclica. Expansão e contenção ocorrem em função do aumento e diminuição da
oferta de crédito imobiliário no Brasil. O que não impede o oportunismo por
parte de detentores de grandes parcelas de capital em se apropriarem de terra
a baixos preços, principalmente quando são capazes de fabricar uma crise,
seguida por uma grande taxa de vacância. Além disso, é importante lembrar
que, outro motivo que faz com que altas taxas de vacância e de inadimplência
sejam interessantes aos investidores é o fato de que a grande apropriação de
renda acontece no momento em que a incorporação é realizada - quando são
beneficiados pela cobiçada renda diferencial.
Por outro lado, em meio à atual crise econômica, à expansão com
bolsões “hiperurbanizados”, com segregação e segmentação nas cidades, e
política vigente no Brasil, torna-se necessidade premente utilizar as
consequências conjunturais desta crise da maneira mais eficiente possível,
criando políticas públicas coerentes com a atual realidade socioeconômica
urbana. A tarefa de identificar de que maneira as tendências de expansão e
contenção do perímetro urbano construído seguirão adiante, é necessária para
que as tomadas de decisão e as ações públicas gerem desenvolvimento e
justiça social.
A crise econômica-financeira mundial e a crise política nacional
existentes podem ser vistas como conjuntura positiva por parte dos
planejadores, já que inibe a expansão de perímetro urbano construído devido à
queda da entrada de capital financeiro internacional – grande catalisador no
processo de espraiamento. A desaceleração da expansão do perímetro urbano
construído não só diminui a aceleração do crescimento do passivo
infraestrutural, como possibilita trabalhar com a variável densidade - potencial
geradora de desenvolvimento, em uma escala de tempo maior, já que as
mudanças estruturais na malha urbana são efetivadas mais lentamente. Ou
seja, entende-se que o momento possa ser visto como uma oportunidade à
geração de desenvolvimento, caso se dê particular atenção aos
assentamentos informais existentes. O provimento de infraestrutura aos
assentados destas regiões, hoje habitantes de uma “não cidade”, permitirá aos
mesmos apropriarem-se de uma condição mínima de cidadania, contribuindo
para que “diversidades emerjam de generalidades”.

Referências Bibliográficas
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