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Caros leitores, esta postagem inaugura uma nova série em que comentarei sobre
quesitos de projeto. O intuito é registrar soluções para problemas que encontrei
no desenvolvimento de alguma parte de um carro, portanto esta não é uma série
que explicará detalhe por detalhe toda a teoria por trás do desenrolar das coisas.
O OBJETIVO
Esta postagem em específico discorre sobre os formatos de tubos a serem
utilizados em um chassis. O objetivo é determinar em que caso uma seção
tubular ou retangular seria mais indicada, sendo o critério a menor tensão
possível. Os esforços em uma barra podem ser de tração, torção ou de flexão, e
claro, uma combinação de dois ou dos três tipos de esforços mencionados
simultaneamente. Em um chassis, é preferível definir a geometria, o desenho
da estrutura, de forma que os esforços sejam em sua grande maioria de tração e
compressão, pois as tensões oriundas desse tipo de esforço são
significativamente menores do que as tensões oriundas dos esforços de torção
e flexão.
Visum Media
QUADRADO OU REDONDO?
Quando entramos no mundo da resistência dos materiais é comum definirmos
o tipo de seção pela relação entre a tensão e o momento de inércia. Esta é a
metodologia ensinada nas faculdades e é bastante aplicada para cálculos rápidos
e estruturas simples. No entanto, os exercícios didáticos e as estruturas são
muito mais focados em aplicações estáticas e quase sempre previsíveis. Chassis
tubulares não se encaixam muito nessa definição. Alguns esforços são
previsíveis e sempre parecidos, como o torque máximo do motor que o chassis
precisa reagir, mas a maioria dos esforços envolvidos no uso do carro, e
consequentemente do chassis, são variáveis e imprevisíveis. Ainda assim, por
facilidade e lógica, dimensionamos o chassis pelo caso mais severo de uso e
pela maior concentração de tensões.
Enventure
A tensão definida como a força dividida pela área é um valor médio das tensões
envolvidas na utilização de um componente. Uma mudança na forma da seção
ou uma descontinuidade causa uma redistribuição de tensões, e
consequentemente deformações, ao seu redor. Na imagem acima é possível ver
linhas de fluxo de tensão em componentes com diferentes descontinuidades e a
concentração que cada geometria causa. Comentei um pouco sobre esse assunto
nesta postagem aqui, sobre a FSAE. A escolha entre um tubo quadrado e
redondo para a fabricação de um chassis, ou partes dele, é feita analisando os
esforços envolvidos e o quão previsíveis eles podem ser. Para esclarecer e
estabelecer algumas diretrizes de projeto em um chassis, vamos calcular alguns
exemplos.
FLEXÃO
O modelo para analisar as seções tubulares em flexão é o de uma viga
simplesmente apoiada com uma força conhecida agindo no seu centro, como na
figura abaixo. Também na figura abaixo estão os diagramas de esforços internos
solicitantes.
Lucas Vidal
As tensões de cisalhamento são 0,35 MPa para a seção quadrada e 0,45 MPa
para a seção circular. As tensões normais devido ao momento fletor são 2,41
MPa para a seção quadrada e 4,09 MPa para a seção circular. A seção quadrada
é melhor em ambas as situações (cisalhamento e flexão) neste caso, portanto
em todas as áreas do chassis que sofrerem esforços predominantemente de
flexão, a seção quadrada é mais interessante. Os números são extremamente
baixos, mas o intuito é somente mostrar as diferenças entre os dois tipos de
seção e não mostrar dados de um projeto específico de chassis (talvez em uma
postagem futura). Não comentei nada sobre a concentração de tensões aqui
porque não há muito o que comentar, nesse tipo de análise a geometria da seção
só entra em compressão ou tração, sendo o momento de inércia muito mais
importante do que as concentrações, o que não é verdade para o próximo caso.
TORÇÃO
No caso de um momento torsor, a geometria da seção nos interessa muito mais
devido à direção do esforço. O modelo utilizado para avaliar este tipo de
situação é o da figura abaixo. As especificações dos tipos de seção a serem
analisados são os mesmos do tópico acima. O momento torsor é de 2000 Nmm
e o comprimento da barra é de 80 mm.
UFPR
Kinetik