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SUMÁRIO
Introdução
Contesto
Objetivos
Requisitos
A avaliação para o acesso ao Hospital Comunitário
Modalidade e Critérios de ingresso e de admissão
O percurso de cuidado do usuário assistido
Atividade clínica-assistencial
Os papéis de responsabilidade na Organização
Modelo organizativo Médico de Medicina Geral (MMG) e Serviço de Continuidade
Assistencial (SCA)
Dotação Orgânica
Formação de Profissionais
Parceria/Interface com caminhos existentes
A consultoria do especialista
Relações com o exterior
Documentação de saúde, fluxo informativo e indicadores de acompanhamento
Conclusões
1
NOTA: O presente documento é um relatório de planejamento do Hospital
Comunitário (OsCo) de Castelfranco Emilia, da Região de Emilia-Romagna, Itália. Foi
feita tradução livre do original em italiano. O planejamento aqui referido é de novembro
de 2015. Para melhor compreensão foram acrescentadas notas de rodapé para esclarecer
expressões específicas.
INTRODUÇÃO
CONTEXTO
2
“A Casa de Saúde se pode entender como a sede pública onde se encontram localizados, em
um mesmo espaço físico, os serviços de referência territorial que ofertam serviços de saúde,
compreende os ambulatórios de Medicina Geral e Especialistas ambulatoriais, e sociais para
uma determinada e programada parte da população.
Diversas são as funções localizadas na Casa de Saúde, algumas de natureza administrativa,
outras de natureza sanitária e outras ainda de natureza social. Estas podem ser agregadas em 4
áreas principais em diversas gradações de complexidade, sendo a Casa de Saúde um modelo que
se adapta às características do território e não o contrário”. (Ministero della Salute, Itália – 2017,
http://www.salute.gov.it/portale/temi/p2_5.jsp?lingua=italiano&area=Cure%20primarie&menu
=casa ). [Tradução livre do original em italiano].
NORMATIVO
O PSSR 2013/2014 (DGR284/2013) prevê o desenvolvimento de Estruturas
Intermediárias Sanitárias Territoriais as quais devem assegurar ao usuário crônico e/ou
fragilizado, internação temporária, com assistência prevalente da enfermagem,
garantindo serviços de diagnose, médico e cirúrgico de tipo ambulatorial.
No documento programático 2013-2015 da Região Emilia-Romagna se delineia
uma nova aproximação ao desenvolvimento da rede de serviços de assistência primária,
e à organização dos Hospitais Comunitários.
O pacto pela saúde 2014-2016 art. 5 define os requisitos estruturais, tecnológicos
e organizativos dos Hospitais Comunitários.
O decreto do Ministério da Saúde No. 70 de 4/6/2015 é o regulamento que
estabelece os padrões qualitativos, estruturais, tecnológicos e quantitativos relativos à
assistência hospitalar, na qual vêm também definidos os padrões relativos ao Hospital
Comunitário.
TERRITORIAL
O Hospital Comunitário está localizado no interior da estrutura da “Casa de
Saúde de Castelfranco Emilia” que se configura como Casa de Saúde (CdS) Grande e
está voltada a todos os cidadãos residentes nas 6 Comunidades do Distrito: Bastiglia,
Bomporto, CAstelfranco E., Nonantola, Ravarino e S. Cesario.
A população total do distrito é constituída de 75.519 habitantes, onde 18,7%
estão acima de 65 anos e 9,6% acima de 75 anos. A incidência dos idosos é diferente
nas diversas comunidades, em evidência os dois extremos: na Comuna de San Cesario o
percentual de idosos acima de 75 anos é de 22%, enquanto na de Bomporto é de apenas
15,8%.
Na Unidade de Saúde Local de Modena, a organização do Hospital Comunitário
(OsCo) de Castelfranco dá continuidade à experiência já iniciada do Distrito de Pavullo,
através da organização do Hospital Comunitário de Fanano.
OBJETIVOS
Os principais objetivos dos Hospitais Comunitários se configuram no
“empowerment” dos pacientes e dos seus cuidadores, através do treinamento para a
melhor gestão possível da nova condição clínica e terapêutica e para o reconhecimento
precoce de eventuais sintomas de instabilidade.
Podem ser assim resumidos:
- Favorecer o retorno ao domicílio.
- Reduzir as internações impróprias.
- Reduzir os riscos de hospitalização e dos seus custos.
- Favorecer o acesso e a colaboração dos familiares através do “empowerment”.
- Focalizar a atenção à necessidade da pessoa.
- Favorecer o conforto do usuário criando um ambiente mais similar aos hábitos
domésticos.
- Favorecer uma abordagem bio-psico-social utilizando instrumentos de avaliação
multidimensional.
- Executar um plano de cuidado integrado e individualizado.
- Valorizar o Médico de Medicina Geral na forma associativa no âmbito do Cuidado
Primário, favorecendo a integração com o usuário da Casa de Saúde e desenvolvendo a
sua função de responsável clínico.
- Valorizar o papel do enfermeiro e dos outros profissionais de saúde envolvidos,
aumentando-lhes a responsabilidade e valorizando seu profissionalismo.
REQUISITOS
Estruturais
O Hospital Comunitário está situado no interior da Estrutura Sanitária de
Castelfranco. É possível acessar diretamente da porta principal, onde estão disponíveis
cadeiras de roda, e dois elevadores para o transporte de pacientes com dificuldade de
deambulação.
Próximo à Estrutura existe um espaço de estacionamento livre e gratuito, e estão
à disposição vagas reservadas a pessoas com necessidades especiais.
Atualmente dispõem de 17 leitos hospitalares com elevado conforto de hotelaria,
e toda a facilidade necessária para fornecer a resposta assistencial aos usuários (banho
fácil para deficientes, estruturas para a deambulação, etc...).
Tecnológicos
Ao interno dos Hospitais Comunitários são garantidas atividades de diagnóstico
e de acompanhamento, úteis ao enquadramento e acompanhamento clínico dos
pacientes, tais como:
- Auxílio para movimentação e autonomia.
- Desfibrilador.
- Eletrocardiógrafo.
- Pulsioximetro.
- Respirador portátil e não portátil.
- Bomba para infusão parenteral.
- Bomba para nutrição enteral.
- Bomba seringa.
- Emogasanalisador.
- Elevadores.
- Lençóis.
Organizativos
A responsabilidade global encontra-se com o Diretor do Distrito, a
responsabilidade sanitária, com o Dirigente Médico Responsável pelos Cuidados
Primários do Distrito.
A assistência médica é garantida pelo Médico de Medicina Geral - MMG. No
turno da noite, vésperas de feriados e feriados vem sendo garantida pela colaboração
com os médicos de continuidade assistencial (presentes na Estrutura).
A assistência dos pacientes no Hospital Comunitário vem sendo garantida pela
presença da enfermagem nas 24 horas, contando com a participação de trabalhadores da
saúde, como a fisioterapeuta e outros profissionais que podem variar segundo as
necessidades individuais.
O coordenador da enfermagem tem funções de gestão e organizativas, com
particular atenção para a programação das internações/desinternações, e pela
programação das atividades de todos os trabalhadores.
Papel essencial é representado pela enfermeira “gestora do caso” para a garantia
da continuidade assistencial a quem é confiada a responsabilidade de seguir o projeto
terapêutico, em colaboração com a família e outros trabalhadores.
O fisioterapeuta é o profissional que colabora com a atividade de autonomia do
assistido, referindo-se tanto às necessidades simples de reabilitação, quanto em garantir
a continuidade terapêutica, o Projeto Reabilitativo Individual (PRI).
3
Punto Unico di Accesso Socio-Sanitario (PUASS).
4
Unità Valutativa Multidisciplinare (Unidade de Avaliação Multidisciplinar).
Medicina Geral, Sociais).
Conversa com a família.
Visita ao Gestor do Cuidado.
Avaliação com proposta de percurso compartilhado com o
usuário e família.
Instrumentos Escala de avaliação.
Ficha com a complexidade assistencial.
Critérios de Admissão
A admissão ao Hospital Comunitário é reservada às pessoas residentes na
comunidade do Distrito de Castelfranco Emilia.
Os pacientes elegíveis à internação provêm do seu domicílio, da estrutura
hospitalar ou extra hospitalar.
Estão relacionados a duas grandes categorias:
a. Pacientes prevalentemente idosos provenientes da estrutura hospitalar,
para cuidados em fase aguda, ou de reabilitação, clinicamente admitidos para conclusão
do diagnóstico terapêutico, mas com condições de requerer assistência de enfermagem
continuada ou a ser programada.
Pacientes que necessitam de estímulo motor ou de intervenção de reabilitação.
b. Pacientes frágeis e/ou crônicos provenientes do domicílio ou “Residência
para Idosos”, pela presença de uma instabilidade clínica devido a uma doença
preexistente, aparecimento de um quadro clínico imprevisto, sem a necessidade de
internação no Hospital para agudos.
Pacientes com necessidade de cuidados de enfermagem continuados na
administração de medicamentos, ou na gestão de prestação de serviços não realizáveis
no domicílio.
Não são permitidos pacientes afetados por patologias agudas que necessitam de
cuidados intensivos ou que requerem um elevado compromisso de trabalho
especializado e/ou tecnológico, por exemplo:
1. Pacientes com instabilidade clínica cardio-vascular ou neurológica.
2. Pacientes que requerem assistência médica continuada.
3. Pacientes que requerem enquadramento diagnóstico.
4. Pacientes sem projeto terapêutico já definido.
MODALIDADE DE ACESSO
As propostas de internação serão todas validade em uma Unidade de Avaliação
Multidisciplinar (UVM) da pessoa referente ao Ponto Único de Acesso Sócio-Sanitário
– PUASS, (constituído pelo coordenador, pessoal de enfermagem, Médico de Medicina
Geral e assistente social da comunidade, integrado conforme a exigência, com outros
profissionais). O serviço fica aberto 6 dias por semana para favorecer a continuidade
assistencial entre os diversos “setting”, e por outro lado sustentar o trabalho do médico
de medicina geral na análise da situação do usuário, tendo por base os critérios
predefinidos para o acesso.
A avaliação na UVM apresenta o momento fundamental para o envio do usuário
ao Hospital Comunitário, momento no qual é efetuada uma avaliação tendo em conta os
critérios de acesso ou de exclusão.
Os ingressos terão a gestão do coordenador enfermeiro do Hospital Comunitário,
que deverá manter uma modalidade de sinalização dos movimentos do usuário a cada
dia.
As internações são temporárias, de duração média prevista para 20 dias, e
contudo não prorrogáveis para até 6 semanas.
Em síntese são duas as possíveis modalidades de acesso:
1. Pacientes do Domicílio ou Residências para Idosos
Podem acessar o Hospital Comunitário todos os pacientes residentes nas
comunidades do Distrito de Castelfranco Emilia, identificados pelo próprio médico de
medicina geral com necessidade sanitária e assistencial que resultam difícil de gerir no
domicílio onde:
- O diagnóstico seja muito provável.
- O prognóstico seja suficientemente definido.
- Se faz necessário um período de assistência em ambiente controlado.
- Não haja necessidade de internação hospitalar.
A modalidade de acesso tem sempre o trâmite de avaliação na UVM com
Médico de Medicina Geral.
2. Pacientes egressos de internação hospitalar.
Podem acessar o Hospital Comunitário todos os pacientes egressos da estrutura
hospitalar, residentes nas Comunidades do Distrito de Castelfranco Emilia, clinicamente
em alta hospitalar, com uma complexidade assistencial que necessita de um ulterior
período em ambiente protegido, que entra nos seguintes critérios:
- BPCO agudizada em precário equilíbrio respiratório e broncopulmonite não
complicada.
- Infecção abdominal ou nefro-urológica.
- Sequelas de acidente vascular cerebral.
- Desequilíbrio cardíaco crônico estabilizado que necessita de monitoramento
assistencial por 24 horas.
- Diabetes mellitus descompensada.
- Síndrome da imobilização/aleitamento (só quando tenha surgido a pouco tempo, ou
seja previsível uma recuperação funcional).
- Déficit nutricional.
- Pessoa idosa afetada por polipatologias com distúrbio gastroenterite não agudo ou pós-
cirúrgico, por ex., colite, gastroenterite, vômito.
- Resultante de intervenção cirúrgica ortopédica.
- Pacientes com dores não controláveis em domicílio.
- Pacientes com gravíssima deficiência adquirida em função da definição da avaliação.
- Pacientes com resultante de intervenções neurológicas, pacientes críticos, pós-
traumáticos, ou com necessidades complexas temporariamente não assistidas em
domicílio, para completar a estabilização/reabilitação e favorecer um adequado
acolhimento ou uma estrutura residencial.
- Pacientes que prolongariam, sem particular utilidade, a duração de uma internação
hospitalar ou poderia ser tratada apropriadamente também fora do hospital, mas não no
domicílio (ex. terapia oral especifica).
Em alguns casos já informados ao Serviço Domiciliar, previamente acordados
com o PUASS, poderão ser diretamente acolhidos pacientes provenientes do Pronto
Socorro e/ou do Ponto de Primeira Intervenção.
5
Unità Valutativa Minori (UVM), tem como finalidade a avaliação integrada, de saúde e assistencial, do
projeto terapêutico relativo à pessoa deficiente que prevê a ativação de intervenções social e de saúde.
O transporte para o Hospital Comunitário pode ser efetuado através da
associação de voluntariado. Se o paciente provém de um hospital, a organização e o
ônus econômico estão ao cargo da Unidade de Saúde local, se vem do domicílio a
organização e os ônus econômicos ficam ao cargo do usuário.
Responsabilidade MMG
Enfermeira e OSS
Fisioterapeuta
Assistente Social
Como Ter a visão do plano terapêutico individual e em
seguida a organização das atividades assistenciais.
Modalidade Avaliação das capacidades do projeto terapêutico
Tratamento dos sintomas
Planejamento de intervenções educativas
Efetuação dos cuidados cotidianos
Acompanhamento e sustentação relacional
Ativação de eventual consultoria
Proposta e treinamento ao uso dos auxiliares/diretores
Instrumentos Escala de avaliação da capacidade residual para
planejamento das intervenções educativas
PAI
Cartela clínica informatizada
Ficha contendo a complexidade assistencial para
reavaliação periódica
FISIOTERAPEUTAS
O número de fisioterapeutas contratados no Hospital Comunitário varia
conforme as necessidades dos usuários internados; serão os mesmos que acompanham
os usuários no domicílio, como acontece segundo as normas do protocolo de
Reabilitação Domiciliar 2012. O procedimento, as funções e a atividade dos
trabalhadores da reabilitação estão anexas ao presente projeto.
RELAÇÕES
Encontra-se à disposição uma “Carta de Acolhimento” que contém as
informações úteis ao interno e sua família relacionadas à internação no Hospital
Comunitário. Na carta de Serviços é possível ver as informações que integram o
Hospital Comunitário. Em colaboração com Serviço de Qualidade está prevista uma
ficha informativa com avaliação da satisfação do usuário e familiares.
Se acredita fundamental um envolvimento da Associação de Voluntariado para o
suporte ao usuário e à sua família, prevendo atividade sócio relacional de
acompanhamento e de animação.
DOCUMENTAÇÃO DE SAÚDE, FLUXO INFORMATIVO E INDICADORES
DE ACOMPANHAMENTO.
INDICADORES DE PROCESSO
- Taxa de internação da população 65-74 anos e pós-75 anos.
- Taxa de re-internação no Hospital Comunitário para qualquer diagnóstico para
30 dias 65-74 anos e pós-75 anos.
- Taxa de internação no Hospital para cuidados durante a permanência no
Hospital Comunitário.
- Taxa de re-internação no Hospital para cuidados dentro de 30 dias de
permanência no Hospital Comunitário.
- No. De internações pelo Médico de Medicina Geral – MMG.
- No. De internação pelos Hospitais Gerais.
- No. De internação pela estrutura territorial residencial.
- Permanência média no Hospital Comunitário.
6
PAI, Plano Assistencial Individualizado, pode ser considerado equivalente ao Projeto Terapêutico
Singular.
7
Um Diagnosis-Related Group (DRG), em italiano Raggruppamento Omogeneo di Diagnosi ( acronimo
ROD), é um sistema que permite classificar todos os pacientes em alta hospitalar.
- Permanência acima de 6 semanas, No. De outliers.
INDICADORES DE RESULTADOS
- Mortalidade durante a internação no Hospital Comunitário.
- Mortalidade até 72 horas do ingresso no Hospital Comunitário.
- No. De quedas no Hospital Comunitário (scala Conley).
- No. De lesões cutâneas surgidas no Hospital Comunitário e o índice do Push
Tool8 quando ocorre a lesão, e na alta hospitalar, Push Tool no ingresso se as lesões já
estão presentes (Braden).
- No. Da medida entre as 24 horas de dor e os índices de dor (NRS e/ou
PAINAD).
- No. De usuários e cuidadores que adquirem conhecimento e a capacidade de
cuidar de si (ADL).
- Medida no ingresso e na alta hospitalar da intensidade/complexidade
assistencial (TRI-CO + MEWS).
- Medida do grau de satisfação do usuários e dos familiares na alta hospitalar.
CONCLUSÕES.
A abertura do Hospital Comunitário em Castelfranco Emilia consiste em
qualificar a resposta assistencial do território, respondendo de forma mais tempestiva e
com maior propriedade às crescentes necessidades das pessoas com doenças crônicas.
A experiência já amadurecida no território oferece também a vantagem de se
inserir segundo uma lógica de rede, com outras estruturas presentes no território (CRA9,
centros diurnos....), de maior valor social ou sócio-sanitário.
O Hospital Comunitário se liga funcionalmente com outros processos que se
desenvolvem no interior das Casas de Saúde de tipo grande.
O projeto prevê uma experiência de 6 meses com acompanhamento sobre o
andamento dos indicadores e verifica a modalidade organizativa adotada.
8
O Push Tool é um sistema de monitoramento dinâmico onde se observa e se mede a pressão da lesão
cutânea. Classifica a lesão tendo em conta a área de superfície, e do tipo de tecido ferido.
9
Casa Residenza Anziani.
Bibliografia