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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

PROCURADORIA-GERAL DA REPÚBLICA

HABEAS CORPUS Nº 111286 - DF
RELATOR :MIN. MARCO AURÉLIO
PACTE.(S) :ROBSON NEVES FIEL DOS SANTOS
IMPTE.(S) :ROBSON NEVES FIEL DOS SANTOS
COATOR :SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Senhor Ministro-Relator:

1. Trata-se de habeas corpus impetrado contra acórdão da Sexta Turma


do Superior Tribunal de Justiça, que denegou a ordem no HC nº 102816/DF,
conforme sintetizado na seguinte ementa:

HABEAS CORPUS . PENAL E PROCESSO PENAL. PECULATO. 1.


NOTIFICAÇÃO PARA APRESENTAÇÃO DE RESPOSTA ANTES DO
RECEBIMENTO DA DENÚNCIA. ARTIGO 514 DO CÓDIGO DE PROCESSO
PENAL. PACIENTE QUE NÃO OSTENTA A QUALIDADE DE FUNCIONÁRIO
PÚBLICO. NULIDADE. INEXISTÊNCIA. 2. SUPOSTO ERRO NA CAPITULAÇÃO
JURÍDICA. AUSÊNCIA DE PREJUÍZO. RÉU QUE SE DEFENDE DOS FATOS
NARRADOS NA INICIAL. ORDEM DENEGADA.
1. De acordo com a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, a notificação
do acusado para apresentar defesa antes do recebimento da denúncia, nos termos
do artigo 514 do Código de Processo Penal, somente se aplica ao funcionário
público, não se estendendo ao particular que seja coautor ou partícipe.
Precedentes.
2. Diante da ausência de prejuízo concreto decorrente da classificação jurídica
contida na denúncia, prevalece a jurisprudência desta Corte, aplicável à
generalidade dos casos, de que, como o réu se defende dos fatos, não há
constrangimento corrigível pela via do habeas corpus se eles, tal como narrados na
inicial acusatória, ao menos em tese, constituem crime.
3. Ordem denegada.
Ministério Público Federal
HC nº 111286/DF 2

2. O paciente-impetrante, que constituiu uma sociedade de advogados


para prestar serviços ao Instituto Candango de Solidariedade, foi denunciado em
quatro processos, assim especificados:

1) Processo nº 2006.01.1.124748-0 - art. 312, c.c. art. 30, art. 327, § 1º do


Código Penal (por quatro vezes) – posteriormente condenado à pena de 4
anos, 4 meses e 15 dias de reclusão.
2) Processo nº 2006.01.1.124791-4 - art. 312, c.c. art. 30, art. 327, § 1º do
Código Penal (várias vezes);
3) Processo nº 2006.01.1.133094-2 - art. 312, c.c. art. 30, art. 327, § 1º do
Código Penal (dezenas de vezes) - posteriormente condenado à pena de 8
anos e 4 meses de reclusão.
4) Processo nº 2007.01.1.017809-5 - art. 312, c.c. art. 30, art. 327, § 1º do
Código Penal (por quarenta e três vezes).

3. A denúncias narram que, durante anos, o paciente teria desviado


recursos do Tesouro do Distrito Federal em proveito próprio, em concurso com
funcionários públicos e com o Diretor Financeiro do Instituto Candango de
Solidariedade.

4. Alega o impetrante não ter o Juízo observado o rito previsto nos


artigos 513 e seguintes do Código de Processo Penal. Afirma que, nos delitos
praticados por funcionário público contra a Administração em geral, a ausência de
notificação para a formalização de defesa preliminar implica em nulidade absoluta,
até quando a ação penal é fundada em inquérito.

5. Entendo que não assiste razão ao impetrante.


Ministério Público Federal
HC nº 111286/DF 3

6. O paciente, advogado, é corréu em ações penais nas quais foi


denunciado por crime de peculato praticado em concurso com funcionários públicos
e com o ex-diretor do Instituto Candango de Solidariedade.

7. Mas o procedimento previsto no art. 514 do Código de Processo Penal


não se aplica ao corréu em crime de peculato que não seja funcionário público,
conforme se destaca: “Havendo concurso de pessoas, não há resposta prévia por
parte do particular.” (DAMÁSIO de Jesus. Código de Processo Penal Anotado, 24.
ed. atual, São Paulo: Saraiva, 2010, p. 454); “ A notificação do acusado para,
previamente ao recebimento da denúncia, manifestar-se sobre o tema, apresentando
sua defesa e evitando que seja a inicial recebida, é privativa do funcionário público,
não se estendendo ao particular que seja co-autor ou partícipe.” (NUCCI,
Guilherme de Souza. Código de Processo Penal Comentado, 6ª. ed., São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2007, p. 827);

8. Bem asseverou o acórdão do Superior Tribunal de Justiça que o


paciente, advogado, foi denunciado pela suposta prática da conduta descrita no art.
312 do Código Penal, delito este que envolveu a participação de dois servidores
públicos - dirigentes do Instituto Candango de Solidariedade - denunciados, nas
mesmas ações penais, pelos crimes de peculato e de lavagem de dinheiro. De efeito,
é firme o entendimento doutrinário e jurisprudencial quanto à não extensão do
benefício previsto no art. 514 do Código de Processo Penal àqueles que não detém a
qualidade de funcionário público.

9. Além disso, em todas as ações penais o paciente foi denunciado por


mais de um crime de peculato, sendo que em uma delas por quarenta e três vezes. E,
de acordo com o art. 514 do Código de Processo Penal, a resposta do acusado só tem
lugar nos casos de acusação de por crime afiançável. No caso, em razão do concurso
de crimes, a pena pena mínima é superior a dois anos, donde a inafiançabilidade,
conforme o art. 323, I do Código de Processo Penal, na redação em vigor ao tempo
Ministério Público Federal
HC nº 111286/DF 4

do recebimento da denúncia1 (anterior à Lei 12.403/2011). Nesse sentido: “O artigo


323, I, do CPP não admite a fiança quando a pena mínima de reclusão for superior
a dois anos. O artigo 514 do CPP determina que a notificação para apresentação da
defesa prévia somente é cabível nos crimes afiançáveis. 2. O paciente foi denunciado
pela prática dos crimes de estelionato, formação de quadrilha e corrupção passiva,
cujas penas mínimas privativas de liberdade são de um ano para os dois primeiros e
de dois anos para o terceiro. Logo, considerado o concurso material, a soma das
penas-mínimas totaliza quatro anos, inviabilizando a aplicação do disposto no art.
514 do CPP.” (HC nº 96.990 ED/SP, rel. Min. Eros Grau, DJ de 07.05.2010).

11. Isso posto, opino pela denegação da ordem.

Brasília, 13 de agosto de 2012.

EDSON OLIVEIRA DE ALMEIDA


SUBPROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA
Grace Campos

1
Art. 323. Não será concedida fiança:
I - nos crimes punidos com reclusão em que a pena mínima cominada for superior a dois anos;

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