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(Autor)
1 PODER CONSTITUINTE
Não se pode esquecer de que a vedação do retrocesso no campo dos direitos humanos é
uma limitação ao poder constituinte originário. Entende-se por vedação do retrocesso o
impedimento de se reduzir um direito previsto em tratado internacional que o país faça
parte. É uma espécie de efeito cliquet (ampliação de direitos, sem possibilidade de
redução).
NOTE BEM
a) Limitações procedimentais: O art. 60, nos seus incs. I, II e III, trata da iniciativa, ou
seja, de quem pode apresentar uma proposta de emenda constitucional (PEC); nos §§ 2.º,
3.º e 5.º, como deve ser o procedimento para emendar a Constituição. Tem-se, então, que:
Iniciativa: de no mínimo um terço dos Deputados ou Senadores Federais; do Presidente da
República; ou de mais da metade das Assembleias Legislativas da federação brasileira,
manifestando-se a maioria relativa de seus membros em cada uma delas. Trâmite: A
proposta será discutida e votada na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, em dois
turnos, com a obtenção em cada um deles de três quintos dos votos dos respectivos
membros de cada Casa. Se aprovada, a emenda constitucional será promulgada pelas
Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem
(Presidente, 1.º vice-presidente, 2.º vice-presidente, 1.º, 2.º, 3.º e 4.º secretários).
NOTE BEM
NOTE BEM
• É possível ampliar esse poder para englobar os Municípios (art. 29) e o Distrito Federal
(art. 32), destacando que estes se regem por Lei Orgânica.
• Destaque-se: o STF entende que a Lei Orgânica do Município não serve como parâmetro
de controle de constitucionalidade, pois se trata na verdade de uma crise de legalidade, de modo
que há parte da doutrina que sustenta que a Lei Orgânica Municipal não seria fruto de Poder
Constituinte.
“Antes de adentrar no mérito da questão aqui debatida, anoto que, muito embora não
tenha o constituinte incluído o Distrito Federal no art. 125, § 2.º, que atribui competência
aos Tribunais de Justiça dos Estados para instituir a representação de
inconstitucionalidade em face das constituições estaduais, a Lei Orgânica do Distrito
Federal apresenta, no dizer da doutrina, a natureza de verdadeira Constituição local, ante
a autonomia política, administrativa e financeira que a Carta Magna confere a tal ente
federado. Por essa razão, entendo que se mostrava cabível a propositura da Ação Direta de
Inconstitucionalidade pelo MPDFT no caso sob exame” (STF, RE 577.025, j. 11.12.2008, rel.
Min. Ricardo Lewandowski, DJE 06.03.2009).
Note BEM
b) Comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: todos os entes
da federação podem agir de forma independente (art. 23 da CF/1988).
b) Privativa: da União, mas é delegável aos Estados por lei complementar (art. 22,
parágrafo único, da CF/1988).
c) Concorrente: da União, dos Estados e do Distrito Federal, que devem agir de
forma coordenada, segundo estabelecido nos parágrafos do art. 24 da CF/1988, onde se lê:
“(...) § 1.º No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a
estabelecer normas gerais; § 2.º A competência da União para legislar sobre normas gerais
não exclui a competência suplementar dos Estados; § 3.º Inexistindo lei federal sobre
normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas
peculiaridades; § 4.º A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a
eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário”.
CUIDADO
• “Com base nos mesmos fundamentos do julgamento acima referido, o Tribunal, por maioria,
declarou incidentalmente a inconstitucionalidade do art. 1.º da Lei 6.545/1991, do Município de
Campinas, que restringia a instalação de farmácias e drogarias a um raio de distância de
quinhentos metros uma da outra. Vencido o Min. Carlos Velloso” (STF, RE 199.517-SP, j. 04.06.1998,
rel. originário Min. Carlos Velloso, rel. p/ acórdão Min. Maurício Corrêa, DJ 13.11.1998).
“Por vislumbrar afronta ao art. 22, XI, da CF/1988, que atribui à União a competência
privativa para legislar sobre trânsito, o Tribunal, por maioria, julgou procedente pedido
formulado em ação direta proposta pelo Governador do Distrito Federal para declarar a
inconstitucionalidade da Lei distrital 1.925/1998, que dispõe sobre a obrigatoriedade da
iluminação interna dos veículos automotores fechados, no período das dezoito às seis
horas, quando se aproximarem de blitz ou barreira policial. Salientou-se que inexiste lei
complementar que autorize o DF a legislar sobre a fiscalização e o policiamento de
trânsito e que tal matéria, que envolve tipificação de ilícitos e cominação de penas, foi
objeto de tratamento específico do Código de Trânsito Brasileiro – CTB, editado no
exercício daquela competência privativa” (STF, ADIn 3.625, j. 04.03.2009, rel. Min. Cezar
Peluso, Plenário, Informativo 537). No mesmo sentido: STF, ADIn 3.897, j. 04.03.2009, rel.
Min. Gilmar Mendes, Informativo 537.
3 CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA DA
CONSTITUIÇÃO DE 1988
Escrita: é uma Constituição codificada e sistematizada num texto único e que foi
elaborada por um órgão constituinte (Assembleia Nacional Constituinte).
Laica (leiga ou não confessional): é aquela Constituição que não adota uma religião
oficial (art. 19, I, da CF/1988). Saliente-se que já existiu uma Constituição Teocrática ou
confessional (é aquela Constituição que adota uma religião oficial: primeira Constituição
brasileira – 1824 – religião: católica apostólica romana).
Pode-se inferir que a Constituição Federal vigente é escrita, dogmática, popular, rígida,
analítica e orgânica. Além disso, pode ser considerada democrática, pluralista,
promulgada, laica, entre outras classificações possíveis.
4.1. RECEPÇÃO
4.2. REPRISTINAÇÃO
4.3. DESCONSTITUCIONALIZAÇÃO
A nova Constituição recebe a anterior como legislação infraconstitucional (lei
ordinária). Esta tese não vigora entre nós, pois não há justificativa e lógica para que as leis
constitucionais sejam rebaixadas para legislação ordinária.
NOTE BEM
Destaque-se que, para alguns autores, haveria o instituto da prorrogação, que seria a
continuação de atos anteriores até a efetiva regulamentação de acordo com a Constituição Federal
de 1988. Por exemplo, arts. 27, § 1.º, 29, § 3.º, 34 e 70, todos do ADCT da CF/1988.
“A recepção de lei ordinária como lei complementar pela Constituição posterior a ela só
ocorre com relação aos seus dispositivos em vigor quando da promulgação desta, não
havendo que pretender-se a ocorrência de efeito repristinatório, porque o nosso sistema
jurídico, salvo disposição em contrário, não admite a repristinação (LINDB, art. 2.º, § 3.º)”
(STF, AI 235.800-AgRg/RS, j. 25.05.1999, rel. Min. Moreira Alves, DJ 25.06.1999) [Obs.: A
CF/1988 foi alterada pela EC 40/2003 que revogou o § 3.º do art. 192].
São aquelas que têm aplicabilidade imediata, integral, plena, mas podem ter reduzido o
seu alcance pela atividade do legislador ordinário, em virtude de autorização
constitucional. São também chamadas de normas de eficácia redutível ou restringível. Por
exemplo, arts. 5.º, VIII, XIII, XV, XXVII, XXXIII, LVIII, LX, LXI, LXVII; 170, parágrafo único;
184; entre outros da CF/1988.
Possuem muita incidência em prova: a) inc. XIII do art. 5.º da CF/1988: “É livre o
exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações
profissionais que a lei estabelecer”, desse modo, pode ser aprovada lei federal
regulamentando certa profissão, que anteriormente não exigia requisitos legais para o seu
exercício; b) inc. LVIII do art. 5.º da CF/1988: “O civilmente identificado não será
submetido à identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei”, portanto, quem
possui documento que o identifique (Registro Geral – RG, Carteira da OAB, Carteira
funcional) não precisa passar por processo de identificação, salvo nos casos que a lei
determinar.
Destaque-se que a limitação das normas constitucionais pode ser realizada não apenas
por normas infraconstitucionais, mas, também, por normas constitucionais. É o caso, por
exemplo, da decretação de estado de defesa e do estado de sítio, em que há a possibilidade
de restrição de direitos constitucionais. São exemplos os arts. 136, § 1.º e 139, da CF/1988.
São exemplos e possuem muita incidência em prova: a) art. 5.º, XXVIII (direito de
imagem), XXIX (direito autoral) e XXXII (direito do consumidor); b) art. 7.º, IV (salário
mínimo) e XXIII (adicional de insalubridade); c) 37, I (acesso aos cargos e empregos
públicos) e VII (direito de greve); d) art. 153, VII, (grandes fortunas), todos da CF/1988.
a) normas de princípio institutivo: são aquelas que dependem da lei para dar corpo às
instituições, pessoas e órgãos previstos na Constituição. São exemplos da Constituição
Federal vigente: § 3.º do art. 18 (novos estados), § 3.º do art. 25 (regiões metropolitanas),
art. 224 (Conselho de Comunicação Social), entre outros.
IMPORTANTE
NOTE BEM
Para Maria Helena Diniz (Norma Constitucional e seus efeitos. 3 ed. São Paulo: Saraiva, 1997.
p.101-115), as normas constitucionais podem ter eficácia: a) supereficazes ou com eficácia absoluta:
não podem ser emendadas (art. 60, § 4.º – cláusulas pétreas); b) eficácia plena: não dependem de
regulamentação; c) eficácia relativa restringível: admitem redução da extensão do direito por
norma infraconstitucional (semelhante à eficácia contida); d) eficácia relativa complementável:
dependem de regulamentação para sua efetividade (semelhante a eficácia limitada).
Para Uadi Lammêgo Bulos (Constituição Federal Anotada. São Paulo: Saraiva, p. 335) normas de
eficácia exaurida são aquelas que já extinguiram a produção de seus efeitos. Por exemplo, as
normas do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (arts. 1.º, 2.º, 3.º, 14, 20, 25, entre
outros).
NOTE BEM
Quanto ao tema da prisão civil, Súmula 619 do STF foi revogada (v. HC 92.566-9 SP, DJe
12.12.2008, divulgado em 11.12.2008) (Notícia disponível em:
[www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=100258]).
Súmula vinculante 25: “É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a
modalidade do depósito”. Desse modo, havendo o seu descumprimento, cabe reclamação no STF.