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Curso de

Comunicação Digital
para Educadores

Participação na cultura digital e fotografia

educação&participação
Objetivo de aprendizagem

Conhecer aspectos da comunicação e da cultura digital, vivenciando a expressão por


meio da fotografia.

Índice
1. Cultura participativa

2. Imagens em todo o lugar

3. Um pouco de história

4. A um passo do clique: aspectos da linguagem e da técnica

5. Edição

6. Compartilhamento

7. Fotografia e educação

8. A abordagem da fotografia participativa

9. Referências

Módulo 1 - Participação na cultura digital e fotografia

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1. Cultura participativa
Neste módulo, vamos ampliar e aprofundar nossos conhecimentos sobre a comunica-
ção digital e seu potencial para a educação sob dois pontos de vista:

TEÓRICO

Discutindo aspectos que justificam a preocupação com as di-


mensões da participação coletiva propiciadas pela comunica-
ção digital.

PRÁTICO

Conhecendo a linguagem fotográfica e as ferramentas que au-


xiliam no manuseio de fotos (tanto para edição como para com-
partilhamento).

Além de enfatizar as motivações, intencionalidades e possibilida-


des da comunicação digital na ação educativa, vamos apresentar conteúdos
que favorecem a experimentação no uso da fotografia digital: você conhecerá casos e verá
exemplos que poderão estimular suas criações nas atividades propostas e em possíveis tra-
balhos futuros.

Módulo 1 - Participação na cultura digital e fotografia

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Acesse, na Biblioteca Virtual, em CULTURA
PARTICIPATIVA, a videoconferência CON-
CEITOS E PRÁTICAS DE COMUNICAÇÃO
NA EDUCAÇÃO.

A ideia é [...] explorar as alternativas em que a comuni-


cação tem sido usada na educação. Nossos alunos es-
peram participar dessa construção do conhecimento.

Na vídeoconferência inserida na Biblioteca Virtual, o jornalista comenta que para inserir


a cultura digital na educação, é preciso mudar a emissão e a produção de conhecimento.

Do paradigma vertical: Para o paradigma horizontal:

Associa-se aos meios de comu- Possibilita que todos emitam


nicação broadcasting (de um e recebam mensagens (como
para muitos, como a televisão) ocorre na internet).
e também ao processo escolar
tradicional.

Módulo 1 - Participação na cultura digital e fotografia

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A ideia de participação, destacada na fala de Rossetti, é o elemento que mais nos inte-
ressa agora.

Em seus estudos, o pesquisador norte-americano Jenkins (2009 e 2015) desenvolve a


ideia de que o contexto atual é marcado pela emergência de uma cultura participativa,
relacionada de maneira direta à possibilidade de os indivíduos se expressarem
pelo uso da mídia, criando ou respondendo a ela.

A cultura participativa não tem a ver


somente com a tecnologia atual!

Como nota Jenkins (2010):

A cultura participativa tem uma história – na verda-


de, múltiplas histórias – muito maior que a
história de tecnologias específicas
ou plataformas comerciais.

Acesse, na Biblioteca Virtual, em CULTURA PARTICI-


PATIVA, o texto CULTURA DA CONVERGÊNCIA: A
COLISÃO ENTRE OS VELHOS E NOVOS MEIOS DE
COMUNICAÇÃO - INTRODUÇÃO DA OBRA.

Atividades sem relação com as tecnologias


digitais também estão envolvidas na
cultura participativa.

Módulo 1 - Participação na cultura digital e fotografia

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PRODUÇÃO DE FANZINES

Pensando em um contexto anterior à tecnologia digital, que também contempla a


realidade brasileira, um exemplo é a produção de fanzines (o termo vem do inglês
fanatic magazine, que literalmente significa “revista de fanático”), um veículo feito por
fãs para fãs.

Elaborados quase artesanalmente,


os fanzines abordam assuntos diver-
sos (música, histórias em quadrinhos,
literatura, ficção científica etc.) do in-
teresse daqueles que os produzem.

Fanzines diversos. Fonte: Wikipédia.

As pessoas podem partir de interesses ligados a instituições de mídia tradicionais,


no entanto, a relação que estabelecem com essas mídias passa a ser rearticulada.

A cultura participativa caracteriza um momento em que aqueles que antes eram


apenas consumidores tornam-se produtores e passam a
contribuir com o desenvolvimento cultural de suas comunidades e sociedades.
Daí as implicações educativas dessa noção.

Módulo 1 - Participação na cultura digital e fotografia

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Jenkins (2006) procurou pensar em aspectos da cultura participativa que envolvem a
educação, explicitando as seguintes características:

Barreiras relativamente pequenas para a expressão artística e o engaja-


mento cívico.

Forte apoio para criar e compartilhar as próprias criações com os outros.

Orientação informal, de modo que os mais experientes transmitam conhe-


cimentos novatos.

Os membros acreditam que suas contribuições importam.

Os membros sentem algum grau de conexão social uns com os outros (ao
menos se preocupam com o que as outras pessoas pensam sobre o que eles
criam).

A cultura participativa mais espontânea envolve a participação das crianças, adolescen-


tes e jovens em espaços de afinidade, ou seja, agrupamentos formais ou informais
de pessoas com o mesmo interesse, frequentemente em comunidades on-line, nas
quais trocam mensagens e conhecimentos.

Além das características listadas por Jenkins, a cultura participativa envolve, sobretudo,
um ethos.

ethos
Forma de ser e agir de um in-
divíduo ou de uma sociedade.

Ou seja, não se valoriza tanto a expressão Você já pensou no videogame


pessoal: o envolvimento com a comunida- como cultura participativa?
de próxima, o “fazer juntos“, é o
elemento principal.

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HABILIDADES E COMPETÊNCIAS
POTENCIALIZADAS
O aprendizado dos jogadores de games é um exemplo típico
de cultura participativa.

Com um interesse em comum, os jogadores trocam


informações e, por meio de jogos, aprimoraram
a concentração e a coordenação motora. Além
disso, muitos assumem que, como muitos games
não são traduzidos, aprenderam inglês ou usam os
jogos para praticar esse idioma.

Além disso, a resolução colaborativa de problemas, na qual a tecnologia desempe-


nha um papel importante, é outra forma de cultura participativa identificada nos games.

A produção criativa e a elaboração de mídias estão fortemente atre-


ladas às linguagens da comunicação digital (fo-
tos e vídeos digitais, podcast, blog etc.).

Módulo 1 - Participação na cultura digital e fotografia

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O que se destaca, portanto, é a reflexão e a prática da comunicação digital a partir de
um modelo que fortaleça as possibilidades de promover a cultura participativa em
associação a metas educativas.

Essa é uma forma de renovar, de fato, o tra-


balho pedagógico. É algo que transcende a
simples introdução de uma nova tecnologia ou
dispositivo tecnológico na prática educativa.

Como nota Jenkins (2010):

Em meu próprio trabalho, tenho dedicado uma ênfase muito maior sobre levar esse
ethos para a sala de aula do que integrar ferramentas e práticas específicas, embo-
ra o ideal seja fazer ambas as coisas. Por outro lado, podemos levar o podcast à
sala de aula sem fazer nada para alterar o contexto cultural que sustenta a educação
formal contemporânea. Sem aquele ethos, o podcast torna-se uma coisa a mais
na classe, mais um meio para avaliar se todos aprenderam o mesmo conteúdo e
dominam as mesmas habilidades. Os educandos fazerem vídeos, em
vez de relatórios escritos, pode mudar os mecanismos de apren-
dizagem, mas não irá alterar a relação hierárquica e pré-estruturada entre pro-
fessores e educandos.

Jenkins fala de educandos do 2º grau, nosso Ensino Médio, que desenvolvem atividades
que estimulam a criatividade e a inteligência quando não estão na escola, ou seja, que
estão imersos em práticas associadas à cultura participativa.

Módulo 1 - Participação na cultura digital e fotografia

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No vídeo indicado, em inglês, Jenkins sintetiza algumas de suas ideias sobre a temática
da cultura participativa relacionada à educação.

Acesse, na Biblioteca Virtual, em CULTURA


PARTICIPATIVA, o vídeo HENRY JENKINS
ON PARTICIPATORY CULTURE.

Sabe-se, no entanto, que nem todos os jovens fazem isso ou podem desenvolver ativida-
des ligadas à cultura digital com o devido grau de aprofundamento de suas capacidades
crítico-criativas.

A escola ou outras instâncias de educação


poderiam ajudá-los ou estimulá-los a fazer uso
relevante da comunicação digital?

Ainda que não seja fácil transfe-


rir práticas que fazem sentido para
crianças e jovens fora do contexto
escolar a outras situações com clara
intencionalidade didática, certamen-
te, isso não é impossível!

Nem impossível,
tampouco complicado.

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ATITUDE E DESENVOLVIMENTO
DE HABILIDADES
No vídeo, Jenkins oferece o exemplo de um projeto em que
ele trabalhou, no qual os educandos leram o clássico Moby
Dick e procuraram fazer conexões do que viram no livro com
a vida de cada um e, no processo, aperfeiçoaram suas habili-
dades ao editar verbetes da Wikipédia sobre o livro.

Isso implica que os jovens tenham alguma capacidade e interes-


se de manejar a linguagem usada em verbetes. Mas, é claro, o
educador pode exercitar estratégias de persuasão e de cone-
xão da obra literária com interesses dos estudantes para mo-
tivar a leitura do texto e, nesse processo, ter conhecimento
da capacidade deles no uso da enciclopédia digital.

Algum clássico da literatura brasileira poderia


ser usado em uma atividade semelhante?

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As práticas de uso da mídia na cultura participativa podem estar com frequência vol-
tadas a objetivos de entretenimento, porém ao mesmo tempo acabam tendo cone-
xões com o aprendizado e a formação dos indivíduos, pelo forte envolvimento com
que são vividas.

É necessário respeito aos interesses e habilidades das


crianças e dos jovens, bem como imaginação e certa ousa-
dia, para que o educador desenvolva atividades relaciona-
das com a cultura participativa em práticas pedagógicas.

Para conhecer melhor os educandos, dar sentido às atividades de comunicação digital e


direcionar essas atividades pensando na cultura participativa, é necessário se perguntar:

Quem são seus educandos?

Quais são os interesses e os conhecimentos dessas crianças e jovens?

Quais práticas de uso da comunicação digital já realizam?

São desenvolvidas atividades que possam ser associadas à noção de cultura


participativa? Como?

Ao conhecer como as crianças e os jovens se comportam em relação à comunicação


digital, o educador pode tentar descobrir o que os motivaria em possíveis atividades
educativas.

Não é necessário “inventar a roda” para isso,


mas sim ter disposição para escutar os es-
tudantes, prevendo, no desenvolvimento da
atividade ou do projeto, etapas de diálogo e
negociação dos rumos de trabalho.

O que é relevante para os estudantes


e o que eles gostariam de fazer?

Módulo 1 - Participação na cultura digital e fotografia

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Na discussão sobre propostas de atividades com a linguagem fotográfica, veremos
exemplos de como educadores têm realizado ações bem-sucedidas desse tipo.

É válido notar, sob a perspectiva da educação integral, que o Programa Mais Educação,
do Ministério da Educação (2014), visa fortalecer justamente:

[...] o ideal de uma comunicação viva e plena, garantindo às crianças, adoles-


centes e jovens o direito à voz e o respeito à diversidade.

Temas estruturantes e transversais podem ser abordados de formas inovadoras e cria-


tivas, principalmente:

Educação em Direitos Humanos

Ética e Cidadania

Promoção da Saúde

Preocupações como essas podem ser incorporadas a atividades com o uso das mídias
digitais, como será mostrado.

Embora possamos concordar com a afirmação de Fernando Rossetti de que os educan-


dos “esperam participar dessa construção do conhecimento”, vale notar que o convite aos
estudantes provavelmente será mais bem-sucedido se contar com conhecimento
e planejamento prévio, além de disposição para escutar e
construir coletivamente.

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2. Imagens em todo lugar
Entre as formas de produção e compartilhamento das novas mídias, tirar fotos digitais
é a mais comum.

Em 2015, a cada hora, a rede social Facebook recebia


14,58 milhões de imagens digitais publicadas por seus
usuários.

Há imagens de todos os tipos: paisagens, animais, pessoas (inclusive a popular selfie),


objetos e eventos dos quais se deseja recordar.

As imagens fotográficas continuam a ocupar espaços tradicionais, como álbuns, porta-


-retratos e quadros emoldurados com fotos impressas, mas também circulam em ou-
tros objetos físicos (canecas e camisetas, por exemplo), e principalmente na internet,
em espaços dedicados quase apenas ao compartilhamento de imagens, como o site
Flickr e a rede social Instagram.

Acesse, na Biblioteca Virtual, em IMAGENS


EM TODO LUGAR, os links de SITES PARA
COMPARTILHAMENTO DE IMAGENS.

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A proliferação de imagens ocorre graças aos telefones celulares equipados com câ-
mera e/ou smartphones. É possível capturar, armazenar e organizar as imagens no
próprio aparelho, com diferentes graus de qualidade (resolução), bem como enviar as
fotos para alguma plataforma na internet.

Tanto os dispositivos como os serviços da rede possuem


funcionalidades para edição de graus varia-
dos de complexidade nas imagens (redimensionamento,
alteração do brilho e contraste, aplicação de filtros etc.).

Embora sob a categoria “imagens digitais estáticas” possamos agrupar vários tipos de
produção, como desenhos, infográficos e combinações de fotografia e texto (como no
caso dos memes), nós nos concentraremos na linguagem fotográfica digital. Nesse caso,
trata-se da imagem que tem algo do mundo real, em que vivemos.

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3. Um pouco de história
Vamos começar a falar da linguagem deste módulo com um pouco de história. A fo-
tografia ficou popular com o avanço tecnológico na confecção de câmeras e lentes, que
tornou os equipamentos mais compactos, leves e fáceis de usar e permitiu que fossem
carregados com mais facilidade. Além disso, houve avanço também no processo de
revelação, que se tornou mais prático, e em novas tecnologias com relação aos filmes/
placas.

Processo de revelação

Em meados do século XIX, um dos compostos químicos uti-


lizados nas placas era o colódio úmido, que exigia revelação
imediata. Na primeira cobertura fotográfica de guerra, na
Crimeia, o fotógrafo Roger Fenton foi obrigado a construir
um laboratório em uma carroça por conta disso.

Você aperta o botão,


e nós fazemos o resto.

Fonte: Wikipédia.

Esse era o slogan com que, no final do século XIX, a empresa Kodak buscava estimular os
novos fotógrafos. O “resto”, a que o slogan se refere, remetia às atividades de revelação
do filme, cópia e, geralmente, ampliação em papel das imagens.

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Conheça alguns fatos da história da fotografia:

Fonte: Wikipédia

350 a. C. - Invenção da câmera escura: Criada pelo filósofo grego Aristóteles, a câme-
ra escura permitia a visualização de eclipses solares sem prejudicar os olhos.

Acesse, na Biblioteca Virtual, em UM POU-


CO DE HISTÓRIA, o trecho do filme A
MOÇA COM BRINCO DE PÉROLA, que
apresenta o que é a câmara escura.

Fonte: Wikipédia

1826 - Primeira impressão fotográfica: Feita por meio da heliografia, um processo


fotográfico criado por Joseph-Nicéphore Niépce, a primera foto impressa foi gerada em
uma chapa de estanho.

1839 - Invenção do daguerreótipo: Louis Daguerre inventou um aparelho capaz de


fixar as imagens obtidas na câmara escula numa folha de prata sobre uma placa de
cobre.

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Fonte: Wikipédia
1841 - Fotografia feita a partir de negativos: O inglês Willian Henry Talbot inventou
o processo de impressão negativo/positivo, o que possibilitou transferir imagens para o
papel e, dessa forma, fazer cópias das fotos.

Fonte: Wikipédia

1844 - Primeiro livro com fotos: William Henry Talbot publicou The pencil of nature (“o
lápis da natureza“, tradução livre), livro ilustrado com calótipos, nome que o inventor deu
às imagens feitas com negativos.

1888 - Criação do carretel de filme: George Eastman, fundador da Kodak, criou o fil-
me enrolado no carretel, o que revolucionou e popularizou a fotografia.

1990 - Invenção da câmera digital: A fotografia digital começou a aparecer na déca-


da de 1990 e se tornou popular nos anos 2000. Os filmes fotográficos passaram a ser
obsoletos.

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No domínio da fotografia analógica, as imagens
eram registradas com o suporte de um ma-
terial sensível à luz (como metal, vidro e, poste-
riormente, plástico) e obtidas por meio de um
processo químico. O material era exposto à si-
tuação que se pretendia registrar, gravando uma
“imagem latente” que era revelada no processa-
mento químico em laboratório.

Os processos fotográficos desse tipo foram variados, a partir de desenvolvimentos e


aperfeiçoamentos feitos por inventores em diferentes países, desde a década de 1820.
Esses criadores conseguiram dar permanência às imagens gravadas pela luz.

O Brasil teve um desses pioneiros, o franco-brasileiro Hercule


Florence, embora suas pesquisas e trabalhos tenham sido
pouco conhecidos na época em que viveu.

Hercule Florence

Foi inventor, desenhista, polígrafo e


pioneiro da fotografia. Em 1833, já fazia
experiências com a câmara obscura e
foi comprovado em seus manuscritos
o uso da palavra photographie antes
mesmo de ela ser usada na Europa.
Fonte: Wikipédia.

Acesse, na Biblioteca Virtual, em UM POU-


CO DE HISTÓRIA, e conheça mais sobre
PHOTOSHOP ANTES DA ERA DIGITAL e
sobre HISTÓRIA DA FOTOGRAFIA.

Módulo 1 - Participação na cultura digital e fotografia

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Inicialmente, os registros fotográficos eram
em preto e branco. A fotografia colorida
se desenvolveu posteriormente, tornando-
-se comum durante a década de 1930. A
grande mudança relacionada à fotografia
deu-se com o desenvolvimento do pro-
cesso digital de obtenção de imagens,
que surgiu no final do século XX e, ao longo
do tempo, tornou-se dominante.

No processo digital, a imagem também é obtida a partir


da luz, que sensibiliza um sensor, convertendo a informação lumi-
nosa em códigos que contêm o valor das cores de todos os pixels. Esses
dados são armazenados na memória do aparelho e podem ser copiados, dis-
tribuídos ou apagados com facilidade.
Tecnologia

A fotografia digital também facilitou a edição de fotos. Embora a alteração de ima-


gens fosse possível também na fotografia analógica (por meio de modificações estéticas,
manipulação histórica, entre outras), essa possibilidade se tornou mais comum e foi
facilitada no contexto digital, com o uso de softwares de edição (alguns instalados nos
próprios dispositivos de captura, como os celulares).

Acesse, na Biblioteca Virtual, em UM POU-


CO DE HISTÓRIA, um exemplo de MANI-
PULAÇÃO FOTOGRÁFICA.

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4. A um passo do clique: aspectos da linguagem e
da técnica
Vamos fazer algumas considerações sobre a linguagem fotográfica visando oferecer
subsídios à elaboração (ou captação) de imagens e a sua análise.

Algumas dimensões técnicas da foto-


grafia digital, anteriores à captura das imagens,
serão abordadas de forma sintética.

Também indicaremos materiais que po-


derão aprofundar alguns aspectos, de acordo
com seus interesses e objetivos específicos com este curso.

Tirar fotos, hoje, é muito comum, principalmente após a popularização dos smartphones.
Se você ainda não tem familiaridade com esses aparelhos e com a fotografia, vale a pena
arriscar e começar a produzir imagens.

Além do que oferecemos neste curso, é possível encontrar na internet fóruns de dis-
cussão entre fotógrafos profissionais e amadores, sites com textos que enfo-
cam determinadas especificidades técnicas (por exemplo, sobre o tipo de disposi-
tivo com o qual se pretende produzir ou editar fotos), vídeos e outros materiais que
ajudam a desenvolver habilidades de fotografia e edição de imagens.

Módulo 1 - Participação na cultura digital e fotografia

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Aventure-se navegando pela internet! Utilize recursos de aprendi-
zagem de um modo just-in-time (quando as dúvidas aparecem)
para que as crianças, adolescentes e jovens adquiram conhecimen-
tos e habilidades por meio das práticas de comunicação digital. Ao
surgir alguma dúvida, pesquise no YouTube, por exemplo, “tutorial
para editar foto” ou “tutorial gimp”, e aprenda na hora.

Um guia básico, como o que é oferecido aqui, permite o domí-


nio dos primeiros passos para a realização desta prática cul-
tural.

O maior desenvolvimento de habilidades e competências de-


pende do interesse de cada um, uma vez que os recursos e as
ferramentas podem sofrer atualizações e mudanças.

Nesse sentido, o “domínio” dos conteúdos nunca será abran-


gente o suficiente ou mesmo definitivo. O aprendizado
deve integrar um processo contínuo.

Em relação à linguagem fotográfica, costumam-se distinguir duas dimensões que deri-


vam das discussões mais gerais sobre a linguagem visual.

Semântica: relativa ao sentido das imagens, esta dimensão está no campo


do conteúdo.

Sintática: relacionada à organização dos elementos constitutivos da ima-


gem, esta dimensão está no terreno da form, da técnica.

Ambas as dimensões são interrelacionadas e


decorrem do conjunto de opções feitas pelo fotógrafo, em seu
trabalho de captura da imagem (e eventuais edições).

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Como discute o pesquisador Merchant (2010),

[...] os elementos sintáticos incluem aspectos como o enquadra-


mento, a escala, o tom e o espaço, enquanto os elementos
semânticos referem-se à figura e à estrutura, aos pontos
de vista e pressuposições culturais e à relação entre pro-
dutores e consumidores.

A dimensão semântica das fotografias é mais abstrata. A seguinte narrativa, contada


em artigo de Singhal e Devi (2003, tradução nossa), é esclarecedora e ajuda a entender
essa dimensão que, de forma indireta, está sempre presente nas imagens.

“Em 1973, durante a realização de um projeto de al-


fabetização em um bairro de Lima, Peru, o célebre
educador brasileiro Paulo Freire (e seus colegas) fa-
zia perguntas em espanhol às pessoas, mas solicitava
respostas em fotografias.

Quando a pergunta ‘O que é a exploração?’ foi feita,


algumas pessoas tiraram fotos de um senhorio, do
dono de mercearia ou de um policial (Boal, 1979, p.
123). Uma criança tirou uma foto de um prego numa
parede. Não fazia sentido para os adultos, mas outras
crianças estavam fortemente de acordo.

As discussões que se seguiram mostraram que mui-


tos jovens desse bairro trabalhavam como engraxa-
tes. Seus clientes eram principalmente do centro da
cidade, e não do bairro onde eles moravam.

Como suas caixas de engraxates eram pesadas demais para serem transportadas, estes
meninos alugavam um prego em uma parede (geralmente em uma loja), onde poderiam
pendurar de noite suas caixas. Para eles, o prego na parede representava ‘exploração’.

A fotografia do ‘prego na parede’ estimulou discussões difundidas no bairro peruano


sobre outras formas de exploração institucionalizada, incluindo modos de superá-las.”

Como imagens
ganham significado?

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A partir de determinado repertório compartilhado é possível dar um sentido conota-
tivo a uma imagem.

Isso acontece na relação das crianças engraxates pe-


ruanas com o prego. Por compartilharem de uma
situação, para elas, o prego tem sentido de explo-
ração.

Da mesma maneira, é só por um conhecimento


prévio comum que associamos a imagem de um
leão ao imposto de renda em determinadas situa-
ções.

Imagens podem ter valores conotativos que vão além do que “significam” em um nível
mais evidente, não só para quem produz a foto, mas também para quem a interpreta.

Imagens podem ser problematizadas e suscitar discussões e reflexões. Além disso, ga-
nham maior ou menor expressividade conforme a opção sintática feita pelo fotógrafo
ou a leitura de quem a interpreta. As duas dimensões (sintática e semântica) são, de
fato, complementares.

A dimensão sintática das fotografias está ligada à técnica.

ENQUADRAMENTO: o elemento mais básico de composição se refere ao


modo como é feito o recorte de determinado objeto fotografado. Trata-se
da escolha que o fotógrafo faz do que é colocado no quadro e do que é dei-
xado de fora. Essa escolha pode alterar completamente a informação que a
imagem transmite.

Enquadramentos com diminuição progressiva de elementos mostrados

Quadro com mais ele- Quadro com algum re- Quadro com maior re-
mentos corte do que mostra corte

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PLANO: é o distanciamento entre a câmera e o objeto fotografado. A
tomada fotográfica poderá, então, ser feita mostrando mais ou menos aspec-
tos do espaço, indo dos planos mais gerais aos médios e, finalmente, até aos
enquadramentos aproximados.

A referência de plano pode ter como base o personagem em destaque

Plano geral Plano médio Primeiro plano

FOCO: é o ponto com maior nitidez dentro do enquadramento e se


relaciona com a profundidade do campo. Dependendo da câmera, é possível
dar foco somente em um objeto, somente no fundo ou em ambos.
A escolha do ponto de foco da fotografia pode alterar os sentidos da imagem

Foto com foco em tudo Foto com foco na mão que Foto com foco no ca-
que está no plano segura a caneta derno

Certos aspectos dependem de algumas dimensões mais técnicas da fotografia (por


exemplo, o foco) do que outros, como a escolha do tipo de plano utilizado. Programas
de edição podem ajudar a alterar determinados aspectos da imagem: novamente, o en-
quadramento é um exemplo, de modo que é possível eliminar determinados elementos
da imagem, numa edição digital, alterando também o tipo de plano.

Outro fator técnico importante para a fotografia digital é o tamanho dos arquivos das
imagens, que está relacionado ao montante de informação que a imagem contém. Esta
é uma função definida nas configurações dos dispositivos.

Outros ajustes também podem ser feitos nessa área dos aparelhos.
Entre os mais importantes estão os que se relacionam à compressão
(com ou sem perda de qualidade) e ao formato (ou extensão) do ar-
quivo. Assim como um arquivo de texto pode ter formato .txt ou .doc,
arquivos de imagem podem ter extensões diferentes.

Módulo 1 - Participação na cultura digital e fotografia

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Como vimos, o pixel é a menor unidade de composição da imagem
digital. Se duas imagens têm a mesma dimensão,
mas uma delas possui menos pixels, esta terá menos
dados de informação e, portanto, menor tamanho de
arquivo e também menor resolução.

A diferença de definição entre duas fotos com dimensões


iguais, mas resolução diferente, pode não ser perceptível de-
pendendo do tamanho e do local em que a foto é exibida. In-
clusive, conforme nos afastamos delas, em algum momento,
parecerão ter a mesma qualidade.

Quanto menor a tela, ou área de impressão, menor


a percepção dessa diferença. Quanto maior a reso-
lução, maior o espaço que a imagem vai ocupar na
memória do aparelho e mais lenta será sua transfe-
rência (upload/download).

Consulte os manuais de sua máquina fotográfica ou smartphone para entender me-


lhor como alterar essas configurações. Você também pode procurar tutorais na internet
para entender o papel de cada função e como elas podem ser modificadas.

O melhor é produzir a foto com


a resolução mais alta. Depois de
tirada a foto, você poderá editá-la e conver-
tê-la para um formato mais leve e com menor
tamanho, antes de compartilhá-la on-line.

Acesse, na Biblioteca Virtual, em A UM


PASSO DO CLIQUE: ASPECTOS DA
LINGUAGEM E DA TÉCNICA, o tutorial
COMO CONFIGURAR A CÂMERA DO
SMARTPHONE?

Módulo 1 - Participação na cultura digital e fotografia

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Agora que você já conhece melhor o conceito de pixel e as diferentes resoluções, conhe-
ça os quatro principais tipos de arquivos de imagens e suas características, segundo
Potter (2010):

TIF ou TIFF é um formato muito flexível, usado profissionalmente em sua


forma superior, mais descompactada. Pode ser bastante comprimido, pois
a compressão não ocasiona perdas.

RAW é o formato de saída de algumas câmeras digitais sofisticadas. Exis-


tem vários tipos de arquivo RAW, associados às diferentes marcas de câ-
mera, e podem ser necessários programas específicos para fazer a leitura
desse formato de arquivo. Também é um formato que não sofre perdas ao
ser comprimido.

JPG ou JPEG é um formato utilizado por um grande número de câmeras di-


gitais, devido ao seu alcance e versatilidade. Também é usado amplamente
na internet por seu tamanho relativamente pequeno em relação à sua alta
qualidade. Quando comprimido, sofre perdas, mas dá bons resultados,
pois as informações descartadas geralmente são invisíveis aos olhos.

GIF é um formato menos comum que o JPG, mas ainda bastante usado na
internet. É utilizado com mais sucesso em diagramas e desenho a traço do
que em fotografias.

Se seu dispositivo ou sua máquina fotográfica gera arquivos que não são lidos em de-
terminados softwares, você pode recorrer a diversos programas que fazem a conversão
de arquivos.

Acesse, na Biblioteca Virtual, em A UM PASSO DO


CLIQUE: ASPECTOS DA LINGUAGEM E DA TÉC-
NICA, o link para o site CONVERT MY IMAGE,
que realiza a conversão de imagens. Amplie ainda
mais seus conhecimentos acessando outros con-
teúdos sobre a LINGUAGEM FOTOGRÁFICA.

Módulo 1 - Participação na cultura digital e fotografia

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5. Edição
A edição digital facilita operações antes realizadas apenas nos laboratórios fotográficos,
como mudanças no brilho, contraste ou enquadramento de uma imagem. Aqui o po-
tencial de manipulação é maior, pois, como nota Potter (2010):

as imagens fotográficas digitais são também truques de informa-


ção. Cada imagem contém múltiplos pedaços de informação, e cada um
desses pedaços diz ao computador como mostrar a imagem
e até que ponto a imagem pode ser manipulada e alterada. As fotos po-
dem ser mudadas em intensidade, cor, matiz e tom. Elas também podem
receber efeitos adicionais (por exemplo, efeitos de aquarela ou carvão).
Num plano ainda mais simples, o usuário pode alterar o enquadramento
da foto para priorizar elementos de modo que modifiquem o significado
original da foto […]. As ferramentas de recorte permitem explorar partes
da imagem e manipular o enquadramento e os ‘significados potenciais’ de
qualquer imagem. Na edição digital de imagem, o próprio enquadramento
e tudo mais que existe nela é flexível e ajustável. O processo de edição
torna-se, assim, parte da composição final de cada imagem.

Como a tecnologia se
desenvolve junto
com a sociedade?

Módulo 1 - Participação na cultura digital e fotografia

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CONTRASTE EM EDIÇÃO

As operações de edição podem ser combinadas. Dependendo de como se quer deixar


a imagem, é possível modificar o brilho e também o contraste, por exemplo, além
de muitas outras características, conforme as possibilidades oferecidas pelos softwares.

Alteração de contraste em edição: ao centro, a imagem original; à esquerda com menos contraste e à direita com mais contraste.
Crédito: michaelnijo/Morguefile

Existem vários softwares para a edição de imagens digitais. Há, por exemplo, os mais
profissionais, como o Photoshop, de cuja fama derivou o verbo photoshopar, para ex-
primir a ideia de manipular digitalmente imagens – no entanto, nem sempre com êxito.
Com fins humorísticos ou de crítica, alguns sites reúnem exageros na manipulação de
imagens com Photoshop, como o Photoshop Disasters.

Estes softwares geralmente são para o uso em computador. Um bom programa desse
tipo é o Gimp, que é gratuito e tem muitos materiais explicativos e tutoriais on-line. Ou-
tra indicação é o Lightroom para celular, também gratuito. Ele apresenta uma boa gama
de possibilidades de tratamento de foto, lê arquivos no formato RAW e os converte para
JPEG.

Módulo 1 - Participação na cultura digital e fotografia

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Os softwares de edição possuem painéis de ferramentas com diversos recursos para
alterações da imagem, como ferramentas de cortes e inserção de figuras ou textos.
Como os ícones tendem a ser parecidos, é interessante mostrar o painel de ferramentas
de pelo menos um, o Gimp.

Os diferentes softwares de edição


tendem a manter as ferramentas
com o mesmo ícone, facilitando a
transição entre um software e outro.

Painel Gimp

Assim como o Gimp, existem muitos outros serviços on-line gratuitos para a edição de
fotos, tanto para computadores como para smartphones.

Alguns softwares estão associados a plataformas


de armazenamento ou compartilhamento de
fotos. No uso desses serviços, normalmente as
imagens são transmitidas para o site e a foto pode
ser baixada pelo usuário.

Igualmente interessantes, por conta da acessibili-


dade, são os aplicativos produzidos para smart-
phones. São softwares de edição criados para o for-
mato do telefone celular. Para utilizá-los, devem ser
instalados nos dispositivos.

Acesse, na Biblioteca Virtual, em EDIÇÃO, a


lista de SERVIÇOS DE EDIÇÃO DE FOTOS
ON-LINE GRATUITOS e APLICATIVOS DE
FOTOGRAFIA PARA SMARTPHONES.

As interfaces dos aplicativos tendem a ser intuitivas e contam com tutoriais para
que o usuário aprimore sua performance na edição de imagens.

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6. Compartilhamento
Pensando no compartilhamento de fo-
tos, o aplicativo Instagram popularizou a
ideia de rede social de fotografia, gra-
ças à facilidade para adicionar filtros às
imagens, dando a elas diferentes caracte-
rísticas formais. Neste caso, as fotos são
compartilhadas pelo usuário (com opções
diferenciadas de privacidade para o perfil
criado) numa linha do tempo similar à do
Facebook.
Para Potter (2010), os sites para compartilhamento de fotos instauram um “novo pa-
radigma” na produção, curadoria e circulação de imagens digitais, pois, embora
as imagens fotográficas sempre fizessem parte da internet desde seu surgimento, na
forma de galerias, a aplicação de

funções de rede social têm permitido que conexões


interativas sejam feitas entre as próprias imagens e
entre as pessoas que as enviam ou as veem.

A conexão entre as fotos ocorre por folksonomia, isto é, os sistemas de classificação


e hierarquização de informações criados pelos usuários, a partir das marcações
inseridas nos conteúdos produzidos por eles.

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A marcação pode envolver o uso de hashtag (#) ou não, dependendo do serviço. Isso
permite que qualquer pessoa reúna imagens marcadas com determinada descrição.

hashtag
Faça o teste! Pesquise um
hashtag n. (nas mídias sociais de sites
termo de seu interesse
e aplicativo): uma palavra ou frase após
uma cerquilha (#), usada para identificar (educação, por exemplo) no
mensagens relacionadas a um tópico flickr ou no intagram e veja
específico; [também] o próprio símbolo o resultado.
da cerquilha quando utilizado desta ma-
neira. Fonte: Wikipédia.

Conheça algumas recomendações para o trabalho responsável com a fotografia:

MODO PÚBLICO: para permitir que uma imagem apareça na busca, o


autor deve colocá-la em modo público.

POLÍTICA DE PRIVACIDADE: antes de capturar uma foto ou usar uma já


existente, verifique as normas de privacidade da instituição.

MARCAÇÕES: antes de marcar pessoas e/ou instituições em suas fotos,


avalie a possibilidade de prejuízos aos envolvidos.

FOTOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES: o uso de imagens com menores


de idade não é permitido sem a devida autorização de seus responsáveis
legais.

TRABALHOS DE TERCEIROS: antes de utilizar imagens hospedadas em


sites, é importante verificar a sua licença e os seus direitos autorais.

Ao lidar com as mídias digitais, fique


atento às questões éticas e de segurança
que envolvem a prática educacional. Re-
tome o Guia de ética e direitos autorais
para comunicação digital, disponibiliza-
do no Módulo Básico.

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7. Fotografia e educação
As formas de trabalho com a fotografia digital na educação são bastante diversificadas,
de acordo com a criatividade e os interesses dos educadores e estudantes. Para dire-
cionar as práticas, Merchant (2010) sugere cinco áreas em que o processo de uso e
compartilhamento de fotos digitais desempenha um papel distinto na apren-
dizagem.

Aprender por meio da visão

Aprender por meio da visão remete à ideia de que, ao compartilhar e/ou pes-
quisar fotos sobre determinado tópico, o estudante desenvolve conheci-
mentos sobre ele e aguça sua percepção.

Aprender por meio da reflexão

O aprendizado por meio da reflexão enfatiza os conteúdos do que é fo-


tografado. Portanto, muitos trabalhos de estudo do meio poderão utilizar
imagens para estimular reflexões.
Por exemplo, há projetos pedagógicos que pedem que as crianças pensem sobre a po-
luição tirando fotos de rios em áreas urbanas. Essas imagens incentivam a pesquisa e o
conhecimento das formas de poluição e suas implicações para a vida do rio. As imagens
postadas na internet podem ser comentadas pelos educandos, levando a discussões
sobre os possíveis resultados de cada poluente ou formas de eliminá-los, por exemplo.
Em síntese, as fotos são usadas para estimular reflexões.

Aprender sobre a imagem

A ideia de aprender sobre a imagem é mais usual no trabalho em Artes,


embora tenha articulações interdisciplinares.
No vídeo Rosangela Guella Tamagnone - Professora Nota 10, na Biblioteca Virtual,
apresenta-se uma professora que desenvolveu um trabalho educativo explorando a lin-
guagem fotográfica, por meio de análises e produção dos educandos.

Seria possível, em um trabalho como esse, que dimensões constitutivas da fotogra-


fia analógica e digital fossem abordadas a partir de conteúdos de outras áreas do saber.

Acesse, na Biblioteca Virtual, em VÍDEOS


OBRIGATÓRIOS, o vídeo PROFESSORA
NOTA 10 - ARTES - 2009.

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33
Aprender sobre a multimodalidade

Aprender sobre a multimodalidade remete ao estudo de como diferentes


formas comunicativas produzem sentido em conjunto. No caso de ima-
gens fotográficas, isso é bastante claro na forma como os textos (legendas,
títulos etc.) podem sugerir leituras.
Estudos de fotografias de jornal e suas legendas, bem como de anúncios publicitários
com fotos, podem evidenciar esse ponto, ajudando a desenvolver um olhar mais crítico
sobre a mídia.

Aprender sobre a Web 2.0

Aprender sobre a Web 2.0 ocorrerá na medida em que os educandos utili-


zarem sites de compartilhamento, discutindo entre si e com o educador
aspectos que envolvem essa prática, como a questão da privacidade ou a
utilização de licenças para as imagens, por exemplo.
Em caso de dúvidas, retome o Guia de ética e direitos autorais para comunicação
digital, disponibilizado dentro do Módulo Básico.

Acesse, na Biblioteca Virtual, em FOTOGRA-


FIA DIGITAL E EDUCAÇÃO, outro exemplo
de como aprender sobre a imagem com a
iniciativa EXPLORANDO A LINGUAGEM
DA FOTOGRAFIA NA ESCOLA.

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8. Abordagem da fotografia participativa
Uma abordagem da fotografia digital que favorece a expressão das crianças, ado-
lescentes e jovens é a chamada fotografia participativa. Ela é usada tanto em ações de
intervenção e pesquisa como em atividades educacionais. Para Singhal e Devi (2003),

a técnica da fotografia participativa coloca a câmera nas mãos das pes-


soas, que são encorajadas a documentar e compartilhar
sua realidade a partir de fotos […]. O processo de tirar fotogra-
fias dá a oportunidade de desenvolver uma história que foi anterior-
mente rejeitada, silenciada ou omitida. Além disso, a narrativa
fotográfica torna-se um espaço participativo para histórias mais
amplas, estimulando os membros da comunidade a avançarem na re-
flexão, discussão e análise de questões que os desafiam.

As fundamentações teóricas da fotografia participativa relacionam-se com a pedagogia


dialógica de Paulo Freire. Ela busca promover uma educação comprometida com
a consciência crítica, além de propostas de trabalho com a mídia comunitária partici-
pativa.
As abordagens de fotografia participativa na educação tentam
fazer com que as vozes dos estudantes sejam ouvidas. Isso in-
centiva o autodesenvolvimento do grupo, e busca, ao mesmo
tempo, determinados resultados de transformação social.

Outros enfoques teóricos podem ser incorporados, de acordo


com o grupo que desenvolve o trabalho.

Módulo 1 - Participação na cultura digital e fotografia

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Existem várias propostas que utilizam a noção de fotografia participativa, como a meto-
dologia photovoice, provavelmente a mais conhecida. Ela foi desenvolvida pelas pesqui-
sadoras Wang e Burris (apud Palibroda at al, 2009), a partir do início da década de 1990,
postulando três metas principais em relação ao trabalho:

Permitir que as pessoas registrem e reflitam sobre pontos fortes e


preocupações de sua comunidade.

Promover o diálogo crítico e o conhecimento sobre questões


pessoais e da comunidade, a partir de pequenos grupos de discussão
das fotografias.

Atingir as pessoas e instituições que tomam as decisões, como os


órgãos públicos.

A experiência da photovoice nos Estados Unidos é um pouco diferente da experiência


de uma organização do Reino Unido que desenvolveu, na mesma época, um trabalho
similar, com o nome de PhotoVoice, com “V” maiúsculo.

Conheça os diferentes enfoques de cada projeto:

PhotoVoice - REINO UNIDO

Foco do ambiente acadêmico, foco em mu-


danças sociais, influências do fotojornalismo,
desenvolvimento comunitário.

Photovoice - ESTADOS UNIDOS

Orientação acadêmica, teorias feministas, dis-


cussão sobre fotografia documental, pesquisa
de políticas públicas.

O trabalho educativo com a fotografia digital, com enfoque participativo, pode se arti-
cular com conteúdos interdisciplinares. Aliando aulas sobre técnicas da fotografia a
discussões sobre a comunidade em que estão inseridos, o projeto proporcionou aos
educandos uma nova forma de olhar para suas vivências.

Relação entre conteúdos


Acesse, na Biblioteca Virtual, em ABORDA- interdisciplinares e a
GEM DA FOTOGRAFIA PARTICIPATIVA, comunicação digital.
o vídeo CHILDFUND BRASIL - PHOTO-
VOICE “OLHARES EM FOCO“.

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INTERDISCIPLINARIDADE POTEN-
CIALIZA AÇÕES EDUCATIVAS

Em um projeto interdisciplinar que tem como pano de fundo a disciplina de Geografia,


realizado em uma escola municipal no estado de São Paulo, o professor propôs aos
alunos uma discussão sobre a relação da instituição de ensino em que estavam inseri-
dos com a sociedade como um todo. Em outras palavras, o professor desejava saber o
que eles mudariam no espaço escolar: o bullying foi apontado pelos alunos como um
dos principais problemas da escola.

Surgiu, então, a ideia de realizar um projeto de filme,


que foi roteirizado e será gravado pelos próprios estu-
dantes.

O filme é uma das atividades desse projeto, que evi-


dencia como a comunicação digital, de maneira mais
ampla, por meio de diferentes linguagens, pode dina-
mizar ações educativas.

Entre os próximos passos do projeto, estão sendo contempladas outras ações voltadas
ao papel da comunidade no fortalecimento na escola.

Acesse, na Biblioteca Virtual, em ABORDA-


GEM DA FOTOGRAFIA PARTICIPATIVA, o
artigo sobre o PROJETO INTERDISCIPLINAR
REALIZADO EM ESCOLA MUNICIPAL.

Módulo 1 - Participação na cultura digital e fotografia

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É preciso notar que, aliado ao caráter lúdico que a atividade com fotografia (ou outra
linguagem da comunicação digital) proporciona, o fazer deve ser articulado à reflexão
para que os benefícios em termos da aprendizagem sejam mais relevantes. A experi-
ência de criação de mídia não cria necessariamente a aprendizagem. Meirinho (2016)
afirma que:

A aprendizagem vem da reflexão e das ideias cria-


das como resultado da experiência dos
participantes no processo colaborativo.

Nesse sentido, o planejamento das atividades de um projeto de fotografia par-


ticipativa, com a previsão de momentos de discussão coletiva, é uma etapa estra-
tégica. É necessário ser flexível, inclusive para que as ideias das crianças e dos jovens
também deem forma aos projetos.

Conheça novas ideias e possibilidades consultando, na


Biblioteca Virtual, em ABORDAGEM DA FOTOGRA-
FIA PARTICIPATIVA, os MANUAIS DE FOTOGRAFIA
PARTICIPATIVA, para melhor adaptar sua proposta
pedagógica para o contexto educativo.

Pensando no enfoque participativo, conheça algumas etapas que ajudam no planeja-


mento de um projeto educativo com o uso de fotografia digital:

PRÉ-PROJETO

Identifique os interesses dos outros professores/educadores e comece a pensar


em possibilidades de integrar a fotografia ao currículo existente (ou a temáticas
de aprendizagem).

Apresente aos educandos a ideia de desenvolver um projeto de fotografia parti-


cipativa. Fale sobre as possibilidades do trabalho, sonde os interesses temáticos
que eles têm, bem como seus conhecimentos e práticas relacionadas à fotografia.

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DESENVOLVIMENTO CURRICULAR

Desenvolva planos de aula (ou atividades) específicos para os educandos envol-


vendo a fotografia, com metas de resultados de aprendizagem que se relacionem
com as necessidades da instituição.
Reflita sobre como incorporar o processo do projeto de fotografia participativa a
dimensões curriculares e/ou de aprendizagem que a instituição esteja trabalhan-
do com os educandos.

ENGAJAMENTO

Discuta e faça a definição do tema e dos objetivos do projeto com os educandos


que se engajaram nele.

Estimule os educadores de outras áreas a desenvolverem aulas/atividades que


colaborem com a reflexão crítica sobre o assunto do projeto fotográfico.

IMPLEMENTAÇÃO DO PROJETO

Forneça aos educandos informações que os ajudem a explorar as técnicas e a


linguagem da fotografia.
Propicie situações em que os educandos possam produzir as imagens fotográfi-
cas.

Dê assistência aos educandos na produção de seus ensaios fotográficos. Preveja


momentos de discussão coletiva sobre as fotos e o tema abordado (isso pode ser
feito em conjunto com outros educadores da instituição).

DIVULGAÇÃO DO RESULTADO

Discuta com os educandos qual a melhor forma de disseminar o trabalho (expo-


sição, meio digital, divulgação no jornal escolar ou de bairro etc.), pensando em
como atingir a comunidade e aqueles que tomam decisões sobre o tema abor-
dado.

AVALIAÇÃO DO RESULTADO

Avalie com os educandos os conhecimentos elaborados a partir do trabalho e as


oportunidades de mudança na realidade que foram percebidas.
Reflita com os educadores, administradores e os próprios participantes sobre
como usar as imagens produzidas em materiais e atividades da instituição.

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9. Referências
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