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dossiê
CLÁSSICOS
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e leitura direita
A renovação de Euclides da Cunha
a.r.t.e. Por Carlos Alberto Dória
audiovisual
cosmópolis
dossiê A idéia de que o autor de "Os Sertões" é “cientificamente ultrapassado”
em obras esconde aspectos originais do seu pensamento no contexto da ciência
ensaio
do século XIX
entrevista
estante
livros
novo mundo Alguém que estuda raças não é necessariamente um racista. Darwin
política estudou as raças humanas para combater o racismo, particularmente a
prosa.poesia tendência de se atribuir diferentes origens às raças (poligenia) e
três palavras hierarquizá-las de modo a, por comparação de caracteres secundários
(cor da pele, feições, conformação do cabelo, etc), legitimar a
busca dominação de umas sobre as outras. O pensamento racista é um
pensamento selecionista: visa eliminar ou submeter os “inferiores”
como forma de triunfo dos “superiores”. O racialismo é o estudo da
nos arquivos
diferenciação dos caracteres secundários da espécie humana ao longo
de sua história evolutiva.
Escrito sobre o corpo
Um guia de leitura
Entre nós, Euclides da Cunha sofre, há um século, sob o mesmo
A língua do inimigo equívoco. Ele foi um estudioso das raças, não um racista. Mesmo
A palavra combativa
assim, na tentativa de salvar a sua “boa literatura” de sua “má
ciência” (uma ciência que, à época, não poderia ser muito melhor), a
Um escritor guerreiro crítica submete sua obra a uma análise mirabolante.
A vida para além da forma-
canção De fato, ele não é um “ensaista” à maneira de Silvio Romero, por
O critério adorniano
exemplo, face à tendência de tomá-lo essencialmente como ficcionista.
Mas esse tipo de leitura bipartida vem enfraquecendo ultimamente,
As sementes de Raul fazendo “Os Sertões” reemergir como um texto que estabelece
E quem ouve canção? vínculos entre as ciências e a ficção, em parte desfazendo o processo
de destituição de cientificidade da análise que Euclides da Cunha
Visões do feminino
procedeu.
Um segundo antes de
acordar A bipartição da sua obra pela crítica literária começa com José
O que falo nunca é o que falo Veríssimo, que apontava em Euclides o mesmo defeito “de quase todos
os nossos cientistas que fazem literatura”. Também Silvio Romero
Laranjal Praia Clube
apontara a dualidade na obra de Euclides, lembrando que ele ficará
O viajante célebre pelo “estilo imaginoso, brilhante, marchetado de metáforas”,
mas que também nela se podia identificar “o vinco de certas doutrinas
Um cinéfilo amoroso e
sérias acerca de questões brasileiras, e o interessse pela genuína
criador
população nacional”.
Nas curvas da estrada, com
Bernardo
Numa edição crítica de “Os Sertões”, a destituição de Euclides do
Borges, poeta essencial campo das ciencias fica ainda mais clara nas palavras de Alfredo Bosi.
Para esse crítico, “Os Sertões” é obra “irremediavelmente datada”, que
A gênese do "Tempo Perdido"
é “naturalista no espírito, acadêmica no estilo”. Essa datação permite,
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18/12/2018 Trópico - A renovação de Euclides da Cunha
A renovação de Euclides da paradoxalmente, salvar Euclides e sua obra do efeito da desatualização
Cunha
científica: “Euclides não se teria tornado um dos nomes centrais da
So so so contemporary cultura brasileira pelo determinismo estreito das ideias nem pelo
rebuscado da linguagem: ele nos afeta apesar desses caracteres
What is it happening with the
museums of ex-Yoguslavia? postos em crise pela ciência e pelo gosto do século XX” 2 ; ou seja, a
estilização da ciência afeta o leitor moderno ao colocá-lo diante de um
The Next Step
saber inútil porque desatualizado.
Tão, tão, tão contemporâneo
Um Euclides moderno
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2 - Alfredo Bosi, “Introdução” a "Os Sertões": edição didática preparada pelo professor. São Paulo: Cultrix/INL, 1973. p. 20.
3 - José Carlos Barreto de Santana, "Ciência & Arte: Euclides da Cunha e as Ciências Naturais". São Paulo: Hucitec/
Universidade Estadual de Feira de Santana, 2001. p. 188.
5 - Euclides da Cunha, "Obra Completa". vol. 1. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1955. pp. 546-8.
6 - Euclides da Cunha, “Os Sertões”. In: "Obra Completa", vol. 2. Rio de Janeiro: Editora Nova Aguilar, 1995. p. 99.
7 - Euclides da Cunha, “Plano de Uma Cruzada”. In: "Obras Completas", vol 1, p. 156.
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