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(5) § 4, i. de usufr. 2,4: Cum autem finitus fuerit totus ususfructus, revertitur ad proprietatem.
(6) §, I. «dem: Nud<B proprietáHs ádmmas.
(7) I. pr. de ustifr.: ususfmctus est jus alienis rebus utendi fruendi. Não se deve confundir o
direito que tem o proprietário de usufruir a própria coisa, com o usufruto. O direito de usufruir,
pertencente ao proprietário, é um atributo do diomínio ligado ao próprio domínio, e o usufruto
um direito distinto, separado do domínio, sujeito a regras especiais. Os antigos escritores
tomavam sen-sivel esta diferença, denominando usufruto causai ao jus utendi jru-endi do
proprietário, e usufruto formai ao usufruto propriamente dito. VoET, Pandect., 7,1, n. 3. Noodt.,
de Usufr. I, cajwtulo I.
(8) § 4, I. de usufr. 2,4: Nuda proprietates dominus. Dec. n. 4355, de 17 de Abril de 1869,
art. 7.», § 6.°: "O valor da nua-propriedade- Dec. 5881, de 28 de Mafço de 1874, art. 25, § 1.' e
art. 31, § único" propriedade separada."
(9) Vej. § 24. acima.
DIREITO DAS COISAS 305
do objeto, o usofrutuário é obrigado a respeitá-la: não há direito contra direito.
Assim o usofruto é um direito sobre a coisa alheia, salva a substância da
mesma coisa (10).
No assunto sujeito, por substância entende-se, não a coisa em si com
abstração de seus atributos, mas a fôrma atual, o caráter principal, o modo
de ser dela com as qualidades inerentes, ao tempo da constituição do usofruto
(11).
(10) I. de usufr. pr. 2,4: Jus rebus alienis utendi fruendi, .salva rerum substancia. Estas údtimas
palavras teem dado lugar a
interpretações diversas. Vej. MAYNZ,«§ 212, nota 1, ACCAR., nú-roero 274, n. 4. QRTOLAN e Du COURSOY
à I. Ide usuf. pr. 2,4.
(11) PAUL, Sent., 3,6, § 31; fr. 5, § 1.». D. Quib. mod. -usufr. amitt. 7,0; fr. 10, §§ 1 a 8, D. éodem.
ACCARIAS, n. 274, m. 4. ORTOLAN, à I. de usufr. pr., MOURIX)N, 2,3, 1503. 150, 3. -Neste sentido a substância,
por exemplo, duma casa, não consiste •na natureza dos materiais de que é composta, mas na disposição e
forma dada a esses materiais.
(12) . Fr. 10, §§ 1 a 8, D. Quib. nlod. usufr. amit. 7,4; "ViNNio, I. de usufr. pr. 7; ACCAR., n. 275;
MOURLON, 2,3, nú-Tmero 1504.
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5. A propriedade, privada dos direitos de usar e fruir se torna, por asim
dizer, estéril. A perpetuidade deste estado de coisas reduziria o domínio a uma
pura quimera, e só teria por efeito impedir o tirarem-se da coisa, todas as
utilidades e vantagens de que ela é suscetível, quando sujeita à vontade
soberana do dono (13). Por força de motivos tão ponderosos, não permite a
lei que os direitos que formam o usofruto se conservem perpetuamcnte
separados do domínio. Por um sistema bem combinado de modos de extinção,
o usofruto depois de prazos mais ou ou menos longos, vem a fenecer, e os seus
elementos voltam a se incorporar no domínio (14). O usofruto, pois, é sempre
temporário.
6. Os caracteres expostos se podem resumir na fórmula seguinte:
"O usofruto é o direito real de retirar da coisa alheia durante um certo
período de tempo, mais ou menos longo, as utilidades e proveitos que ela
encerra, sem alterar-lhe a substância ou mudar-lhe o destino.
7. Resta finalmente observar:
a) Que o usofruto é da sua natureza divisivel, isto é,pode ser
constituido"por partes em uma mesma coisa, em uma metade, por exemplo,
de uma casa em favor de um, e noutra metade em favor de outro (15);
(13) MOURI.ON, 1, 3, n. 1492 e 1493. LAURENT, VI, n. 325.
(14) §§ 3 e 4, I. de usufr: 2,4.
(15) Fr. 5. D. de usufr. 7.1; ir. 14,25. D. Quib. moci.. usufr. amit., 7,4.
DIREITO DAS COISAS 307
b) Que o usofruto, para diversos efeitos de direito, se reputa coisa móvel ou imóvel,
segundo é movel ou imóvel o objeto sobre que recai (16).
CÓDIGO CIVIL
Art. 713 — Constitiie usofruto o direito real de fruir as utilidades e frutos de uma coisa,
enqtuinto temporariamente destacado da propriedade. — 718.
§ 94. -r- Em que coisas se pode constituir o usofruto
1. Da noção de usofruto -•— direito real de fruir a coisa alheia sem lhe alterar a
substância— resulta que ele só pode ser constituído:
1.° Em bens de raiz^
.2.° E nos moveis que não se consomem com o primeiro uso, como máquinas, navios,
alfaias, animais (17).
reito Ronmno: — res quae ipso usu aut primo usu consumuntur; — in abusu continentur, in absumptione
sunt: § 2, I. de usuír. ; fr. 5, §§ 1 e 2, D. de usufruct earuiií rerum 7.5.
(18) ViNNio, ao cit. § da I. pr.: sed et rerum inccrpwa^ lium ususfructus constitui potest. NOODT,
usuír. I, cap. 4, in fine.
(19) -Vej. § 24, acima. O autor de um livro pode, por exemplo, transferir a terceiro o usufruto da
propriedade, rsimprimir. e vender o livro, por um certo tempo.
(20) E' muito usual a prática de se constituir usufruto em apólices da dívida pública. Nos termos de
transferência se faz aver-bação do título ou conven<ção peío quaD se estabelece o usufníto. Ordenri n. 130
de 14 de Dezembro de 1842.
O usufruto de apólices tem todos os característicos do verdadeiro usufruto: o usufnííuário não adquire
a propriedade delas, nã»i as pode alienar, não as consome no seu uso, mas, expirado o prazo «do seu direito,
é obrigado à restituí-las ao proprietáxio.
(21) Deeret. n. 156, de 28 de Aibril de 1842, art. 12, § 4; Decret. 2708, de 13 de Dezeníbro de 1860,
art. 15, § 2 e Decreto n. 4.355, de 17 de Abril de 1869, art. 7, n... HUBER, Pandect-, 7,5; n. 2-B, CARNEIRO, §
46, n, 46.
Enquanto o banco ou companhia subsiste, o usufruto instituído nos fundos ou ações, é'verdadeiro
usufruto e não- quase-usj-fruto; mas se se liquidam, o usufruto, passando a se exercer sobre as quantias que
as ações representavam, se converte em quase usufruto, por cujas regras é eníã.o regido; VINNIO e KUBER,
loc. dt.
DIEEITO DAS COISAS 3(»
se consomem com o primeiro uso (22). Esta nova espécie, •que na realidade não se pode
confundir com o verdadeiro usofruto, tomou a denominação de (^ujõsi-usofruto. As
particularidades de sua natureza o tornam sujeito a certas regras peculiares, de que adiante
se dará notícia (23).
CÓDIGO CIVIL
Art. 714 — O tisofruto pode recair em um ou mais bem, moveis ou imóveis, em um
patrimônio inteiro ou parte deste, abrangendo-lhe, no todo ou em parte, os frutos e
utilidades.
Art. 715 — O usofruto de imóveis quando- não resulte do direito de família, dependerá
de transcrição no respectivo registo. — 260, I, 389, 676, 856, III.
Art. 716 — Salvo disposição, em contrário, o usofruto estende-se aos aceessórios da
coisa e seus acrescidos. — 727.
Art. 717 — O usofruto só se pode trc/nsferir, por alienação, ao proprietário da coisa;
mas o seu exercício pode ceder-se por títztlo gratuito ou orieroso. — 724, 739, V.
Art. 718 — O U£ofrutuário tem. direito è, posse, uso, ad-wÀnistração e percepção dos
frutos. — 486, 726, 730, 732.
Art. 719 •— Qvxmdo o usofruto recai cm títulos de crédito, o usofrutuário tem direito,
não só a cobrar as respecfi-
(22) Fr. 2, § 1.0, D. usufr. ear. rer.. 7,5: Que senatus-•consulto non id effectum est ut pecunia
ususfructiis proprié esset; nec enim naturalis ratio autoritate senatus contmitain potuit, sed seredio
intraducto, aspit qua ususfructus halberi. HUBER, Pandect., 7,5, NiooDT, I. cap. 4.
(23) Vej. § 110, adiante.
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VOS dividas, mas ainda a empregar a importância recebida. — 720.
Essa aplicação, porem, corre por sua conta e risco; e, cessando o usofruto, o
proprietário pode recusar os novos títulos exigindo em espécie o dinheiro.
Art. 720 — Quando o usofruto recai sobre apólices da dívida pública ou títulos
semelhantes, de cotação variável, a alie-nação deles só se efetuará mediante prévio acordo
entre o uso-frutuário e o dono.