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JOÃO PAULO FERNANDES

UMBILICO E NEO-UMBILICOPLASTIAS EM DERMOLIPÉCTOMIAS


ABDOMINAIS:
TÉCNICAS CIRURGICAS, REFINAMENTOS E PROPOSTA DE
NOMENCLATURAS

Monografia apresentada ao Curso de Pós


Graduação em Cirurgia Plástica pelo
Centro Universitário de Araras Dr.
Edmundo Ulson para obtenção de
certificado de conclusão da pós graduação
Latu Sensu em Cirurgia Plástica
reconhecida pelo MEC

Orientador: Prof Dr Roberto Cressoni

SÃO PAULO-SP
1
Fernandes, João Paulo
Umbilico e neo-umbilicoplastias em dermoliéctomias
abdominais: técnicas cirúrgicas, refinamentos e proposta de
nomenclaturas / João Paulo Fernandes. -- Araras SP, 2017.
22 f. : il

Orientador: Dr. Roberto Cressoni.


TCC (Pós Graduação Latu Senso em Cirurgia
Plástica) -- UNAR Centro Universitário de Araras
Dr. Edmundo Ulson, 2017.

1. Umbilicoplastia. 2. Abdominoplastia. 3. Ideograma. I.


Cressoni, Dr. Roberto. II. Título.

2
JOÃO PAULO FERNANDES

UMBILICO E NEO-UMBILICOPLASTIAS EM DERMOLIPÉCTOMIAS ABDOMINAIS:


TÉCNICAS CIRÚRGICAS, REFINAMENTOS E PROPOSTA DE NOMENCLATURAS

Esta monografia foi julgada e aprovada para a obtenção do Certificado de


Conclusão, do Curso de Pós Graduação Latu Senso em Cirurgia Plástica oferecido pelo
Centro Universitário de Araras Edmundo Ulson.

Araras SP, ____ de ____________ de 2017

_____________________________________________________________
Coordenador do Curso de Pós Graduação em Cirurgia Plástica UNAR

BANCA EXAMINADORA


__________________________________ __________________________________

Prof(a).: Prof(a).:

__________________________________ __________________________________

Prof(a).: Prof(a).:










3



















Dedico esse trabalho a serenidade do meu


pai (in memorian), a lealdade de minha
mãe e ao amor e dedicação consorte, que
juntos são minha família e minha maior
força para essa realização.

4
AGRADECIMENTOS

À Deus por significar toda minha


existência.

Ao Professor Dr André Lançoni pelo seu


espírito fraternal e generosidade na
partilha de seus conhecimentos

Ao Professor Dr Edouard Tannous pela


meticulosa aplicação da técnica cirúrgica
que será marca indelével na mente de
seus alunos

Ao Professor Dr Roberto Cressoni pois


que sem sua coragem nada disso seria
possível.

5
RESUMO

O aspecto estético do umbigo cresce em importância consoante o número


expressivos de cirurgias plásticas abdominais realizados atualmente. O conhecimento do
cirurgião plástico deve cobrir ampla quantidade de técnicas cirúrgicas afim de corroborar
desfecho estético mais favorável. Foi feito levantamento de diversas técnicas de
umbilicoplastia e neoumbilicoplastia em dermolipéctomias abdominais. Descrevem-se as
mais relevantes e se utilizam de pictogramas e ideogramas para nomeá-las. Como
resultado obteve-se um leque de procedimentos cirúrgicos que são simbolicamente
nomeados com fins didáticos. Para além de se definir uma técnica em detrimento de
outrem, buscou-se na diversidade de informação enriquecer o ensino e aprendizado da
cirurgia plástica.

Palavras-chave: Umbilicoplastia. Abdominoplastia. Ideograma.

6
ABSTRACT

The aesthetic aspect of the navel grows in importance depending on expressive


number of abdominoplasties performed today. The knowledge of the plastic surgeon
should cover a large number of surgical techniques in order to corroborate a more
favorable aesthetic outcome. Several techniques of umbilicoplasty and umbiliconeoplasty
were researched in abdominal dermolipectomies. The most relevant are described.
Pictograms and ideograms are used to name them. As a result we obtained an array of
surgical procedures that are symbolically named for didactic purposes. In addition to
defining one technique to the detriment of others, it was sought in the diversity of
information to enrich the teaching and learning of plastic surgery.

Keywords: Umbilicoplasty. Abdominoplasty. Ideogram.

7
SUMÁRIO

1 Lista de ilustrações………………………………………………… 9
2 Lista de símbolos…………………………………………………… 10
3 Introdução……………………………………………………………. 11
4 Histórico……………………………………………………………… 12
5 Objetivos…………………………………………………………….. 13
5.1 Objetivo Geral………………………………………………………. 13
5.2 Objetivos Específicos………………………………………………. 14
6 Proposta de Nomenclatura…………………………………………
7 Técnicas cirúrgicas…………………………………………………. 14
7.1 Ubilicoplastia em clássica em ⃝………..………………….… 14
7.2 Umbilicoplastia em …………………………………………….. 15

7.3 Umbilicoplastia em ……..…………………………………… 15


7.4 Umbilicoplastia em Y▽…………..……………………………….. 16
7.5 Umbilicoplastia em V▽ ……………………………………….. 16
7.6 Umbilicoplastia em ∩△ ……………………………………… 16
7.7 Umbilicoplastia retangular………………………………………… 16
7.8 Neo umbilicoplastia em ..……………………….…………….. 16
7.9 Neo umbilicoplastia em ..………………….………………….. 17
7.10 Neo umbilicoplastia em X………………..………………………… 17
8 Refinamentos………………………………………..………………. 18
9 Conclusão……………………………………………………………. 19
10 Referências………………………………………………………….. 20
11 Apêndices……………………………………………………………. 21

8
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Anatomia superficial do umbigo………………………………………….. 11


Figura 2 - Neo-umbilicoplastia na abdominoplastia em âncora…………………… 17
Figura 3 - Neo-umbilicoplastia sem cicatriz…………………………………………. 17
Figura 4 - Neo-umbilicoplastia com cicatriz…………………………………………. 18
Figura 5 - Vista esquemática lateral da umbilicoplastia classica………………….. 19
Figura 6 - Vista lateral da umbilicoplastia classica com refinamento………….….. 19

9
LISTA DE SÍMBOLOS

⃝ Umbilicoplastia clássica, abertura e desprendimento umbilical circular¹⁰.

Umbilicoplastia com abertura umbilical em elipse e desprendimento umbilical

também elíptico¹².

Umbilicoplastia em abertura umbilical em crescente e desprendimento umbilical

elíptica vertical¹².

V▽ Umbilicoplastia em abertura umbilical em V e desprendimento umbilical piramidal

invertido¹³.

Y▽ Umbilicoplastia em abertura umbilical em Y e desprendimento umbilical piramidal

invertido¹².

∩△ Umbilicoplastia em abertura umbilical em U invertido e desprendimento umbilical

piramidal¹⁴.

⃝ Umbilicoplastia em abertura umbilical retangular e desprendimento umbilical

circular¹⁶.

Neo-umbilicoplastia para abdominoplastia em âncora¹⁷.

Neo-umbilicoplastia sem cicatriz¹⁸’¹⁹

X Neo-umbilicoplastia com incisão em X¹’⁵’¹⁹.

10
3 INTRODUÇÃO

O umbigo pode ser considerado a única cicatriz agradável do nosso corpo. Seu
nome deriva do latim umbilicus o qual é o diminutivo de umbo. Essa palavra por sua vez é
derivada do indo-europeu ombh, de onde também deriva o termo grego omphalós do qual
provém todos os demais termos médicos relativos a umbigo como onfalite, onfalocele, etc.
Umbo por sua vez seria uma protuberância sob uma superfície, contudo hoje o termo
umbigo faz menção a uma depressão⁴.
Durante a vida embrionária dos mamíferos a comunicação entre o feto e a
placenta dá-se pelos cordões umbilicais. Uma veia umbilical que transporta sangue
arterial da placenta para o feto e duas artérias umbilicais que levam sangue venoso do
feto para a placenta. Em circunstancias normais, após o nascimento a veia e as artérias
umbilicais obliteram-se e são reabsorvidas dando origem externamente a uma
reminiscência retrátil de aproximadamente 1,5 a 2 cm de diâmetro, à qual denominamos
umbigo. Tem forma arredondada e é circundado por pele. Essa borda circular de pele que
o envolve é denominada rodete cutâneo. Ao centro o mamilo ou mamelão é vestígio
proveniente do cordão absorvido propriamente dito (Figura 1). O ligamento redondo é o
resquício da porção interna dessa circulação materno fetal. Surge com o advento da vida
extra-uterina e rearranjo funcional da circulação pulmonar. Esse ligamento sai da região
posterior do umbigo, percorre a linha mediana conjuntamente ao ligamento falciforme e se
fixa no fígado, abaixo daquele. Extende-se até a veia porta.

Rodete cutâneo

Sulco

Mamilo ou mamelão

Figura 1

Ao umbigo limita-se posteriormente o anel umbilical, seguido da prega umbilical


mediana e por fim a fáscia transversal. Lateral e superiormente encontram-se as bainhas
dos retos abdominais. Na porção caudal os músculos piramidais formam até o púbis seu
limite anatómico. Basicamente a linha alba surge da confluência das aponeuroses dos
músculos abdominais (retos, oblíquos e transverso). A fossa e a papila umbilical são a
porção mais frágil da parede surgida desse entroncamento¹⁵.
O suprimento arterial umbilical dá-se por dois planos. Um superficial e radial
proveniente do plexo subdérmico e outro profundo através das artérias perfurantes vindas
das musculatura da parede abdominal³. No caso das dermolipéctomias com preservação
do coto umbilical ressaltamos a importância da vascularização profunda, uma vez que não
será amputada no procedimento. Ficará ela responsável pelo suprimento inicial do umbigo
transplantado.
A porção externa do cordão que é ligada após o nascimento cai normalmente por
volta de sete a quinze dias. Também é denominada umbigo e é motivo de crença popular
e superstições. Há quem diga que se enterrado perto de um hospital fará do bebê um

11
médico. Se roubado por um rato, o infante vivará ladrão. Enterrar umbigo de uma menina
aos pés de uma roseira fará dela bonita.
Na dimensão dos sonhos e do inconsciente coletivo o umbigo também está
repleto de significados. Num contexto geral o significado assenta-se na individualidade.
Cada pessoa, claro, atribui sua própria interpretação aos signos. Contudo uma idéia pode
ampliar-se e se incorporar socialmente, sendo transmitido por gerações através da cultura
(inconsciente coletivo). “Ele só olha para o próprio umbigo” citamos aqui exemplo de uma
expressão popular para fazer referência a uma pessoa egoísta. Outro poderíamos
mencionar Freud quando faz alusão ao “umbigo dos sonhos” em seus trabalhos. Refere-
se ao cerne da questão, região fronteiriça, ponto obscuro⁶. Essa linguagem já foi
absorvida e é amplamente estudada no campo da psicanálise.
Como vimos, apesar de não possuir função orgânica o umbigo possui relevância
cultural e consequentemente estética, especialmente no contexto das abdominoplastias.
Sua amputação é relatada inclusive como causa de distúrbios emocionais¹.
Com dissemos a beleza é um conceito cultural. “Não sei dizer o que beleza é,
mas sei reconhece-la quando a encontro” (Ivo Pitanguy). Com uma gama de variações e
gostos individuais, consideram-se esteticamente desejável um umbigo pequeno, oval e
não protuberante. Umbigos distorcidos, protuberantes, horizontais tem sido descritos
como menos atraentes tanto por pacientes como por cirurgiões³.
Hoje em dia a realidade da umbilicoplastia nas dermolipéctomias já é muito
consagrada. Salvo em contraindicações, não se pensa uma abdominoplastia sem uma
umbilico ou neo-umbilicoplastia. Assim cada vez mais se dá importância ao resultado final
do umbigo nessas cirurgias.
Adentramos aqui num aspecto interessante. Há autores que ainda defendem a
amputação com reconstrução total do umbigo². Outros propõem variantes ás incisões já
consagradas. O estudo das dermolipéctomias da-se nessa polifonia de vozes. Para além
de reconhecer as umbilicoplastias como parte necessária das abdominoplastias, hoje em
dia faz-se mister também estudar possibilidades técnicas e suas indicações. Trabalhar os
aspectos didáticos e registros das técnicas cirúrgicas. São ações que gerarão maior
possibilidade de execuções técnicas e de refinamentos. Logrando corroborar maior êxito
cirúrgico e satisfação estética tanto do médico cirurgião como para o paciente.

4 HISTÓRICO

As dermolipéctomias abdominais foram inicialmente descritas na França por


Demars e Marx em 1890 e posteriormente por Kelly em 1899⁵’⁷’⁸. Nesse período pouca
atenção foi dada ao umbigo. A cirurgia nessa época compunha-se da retirada de retalho
gorduroso abdominal que era desprezado juntamente com o umbigo.
Em 1930, pela primeira vez na história Monard descreve uma transposição
umbilical em uma cirurgia de ressecção de abdome em avental¹⁰.
Em 1931 Flesh-Thebesious-Weisheimer descrevem uma incisão cutâneo adiposa
semelhante a uma crescente com concavidade proximal seguida da transposição de
umbigo previamente centralizado num triângulo de pele.
Em 1939, Thorek sugere a transposição umbilical na técnica que chamava de
“lipectomia plástica”.
Em 1956 Andrews reforça ainda mais a importância do umbigo ao descrever sua
técnica de dermolipéctomia que consistia em incisão supra púbica transversal com
concavidade proximal mais reforço aponeurótico muscular por abertura da bainha e sutura
em jaqueta. Lipéctomia do retalho supra umbilical na posição da nova abertura para o
umbigo.

12
Em 1957 Vermon descreve sua técnica de dermolipéctomia transversal com
transposição umbilical.
Em 1960 Callia W descreve uma dermolipéctomia com incisão semelhante a um
guidão de bicicleta. Prossegue a neo-onphaloplastia através da excisão de material
subcutâneo com sutura da pele diretamente na aponeurose. A porção medial da incisão
estará acima do púbis e a prolongação lateral seguirá medialmente paralela a arcada
crural.
Em 1973 Grazer descreve uma técnica de dermolipéctomia semelhante a descrita
por Pitanguy em 1967, porém se utiliza de um retrato projetado pela luminescência de
uma fibra óptica para posicionar o umbigo.
Em 1975 Sinder inicia a descrição de sua técnica orientando primeiramente uma
incisão proximal para liberação do umbigo. Após relata a marcação e deslocamento da
porção superior do retalho antes da excisão do mesmo.
Em 1979 Stukey descreve técnica de excisão central abdominal. Consiste em
pequenas incisões em volta do umbigo formando um retalho quadrangular. Com posterior
tração e retirada do excesso de pele com nova sutura periumbilical.
Em 1980 Guerreiro-Santos descreve abdominoplastia secundária com umbilico ou
neo umbilicoplastia através de incisão na linha media em um plano transversal a 1 cm
acima na espinha ilíaca.
Em 1982 Delerm descreve em detalhes o tratamento da cicatriz umbilical em
conjunto à descrição da dermolipéctomia transversal.
Em 1983 Avelar descreve com refinamentos tanto a dermolipéctomia transversal
como do tratamento da cicatriz umbilical.
Em 1986 Dardour menciona a distância entre o umbigo e o púbis. Assim como
sugere diferentes técnicas de abdominoplastia transversal de acordo com as
características e classificação de cada paciente.
Também em 1986 Wilkinson and Swartz descrevem a abdominoplastia limitada.
Consiste em pequena incisão com lipoaspiração. Quando faz a transposição umbilical
realiza-a por sutura da cicatriz de retirada do umbigo e a deixa entre o púbis e o umbigo
transplantado.
Em 1992 Illous realiza abdominoplastia com neo-umbilicoplastia associada a
lipoaspiração.
Em 1994 Wilkinson descreve detalhes no tratamento do umbigo ao decorrer sobre
sua abdominoplastia com cicatriz reduzida associada a lipoaspiração.
Em 1998 Ribeiro L. descreve a miniabdominoplastia e suas indicações. Relata
retalho fusiforme infraumbilical mínimo, secção profunda e reposicionamento umbilical,
assim como plicagem dos retos abdominais até o apêndice xifóide.
Em 1999 Avelar descreve lipoaspiração superficial e profunda com excisão de
retalho supra-púbico e infra-mamário bilateral. Técnica essa que preserva o umbigo.
Em 2002 Avelar descreve a abdominoplastia completa. Pela sua experiência com
114 pacientes uma abdominoplastia completa seria aquela em que há retirada do retalho
dermolipídico sem ressecção lamelar, com transposição umbilical e plicatura músculo
aponeurótica.
Nesse relato histórico demos ênfase aos cirurgiões que frisaram a importância do
umbigo na realização de suas abdominoplastias. Buscamos demonstrar que a evolução
das abdominoplastias se fez com incremento cada vez maior do cuidado estético com o
umbigo.

5 OBJETIVOS

5.1 OBJETIVO GERAL


13
O presente trabalho objetiva levantar, descrever e propor nomenclaturas à
técnicas cirúrgicas já consagradas em umbilico e neo-umbilicoplastias no âmbito das
dermolipéctomias abdominais.

5.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Ralatar os aspectos históricos das dermolipectomias que culminaram nas


umbilicoplastias.
- Descrever as técnicas cirúrgicas mais relevantes no contexto das
umbilicoplastias e neo-umbilicoplastias em dermolipéctomias abdominais.
- Trazer a luz das discussões acadêmicas formas outras de execução das
umbilicoplastias que possam escapar a cultura rotineira dos serviços.
- Criar nomenclatura de símbolos que possam fazer alusão à técnica utilizada.
- Corroborar o registro das das técnicas de umbilicoplastias.
- Possibilitar discussões para o ambiente acadêmico enriquecendo o âmbito do
ensino-apredizado em cirurgia plástica.
- Servir de referência para futuros estudos em umbilico e neo-umbilicoplastias em
dermolipéctomias abdominais.

6 PROPOSTA DE NOMENCLATURA

Na tentativa de simplificar nossos estudos nomearemos as técnicas com um


grupo de um ou dois símbolos. A primeiro fará menção a incisão feita no retalho
abdominal descolado, onde o umbigo será transplantado ou refeito. O segundo símbolo
referenciará por sua vez a incisão que será feita no entorno da cicatriz umbilical nativa
para desprende-la do retalho abdominal. Note que o primeiro símbolo quando é pintado
de preto, faz referência ao orifício criado ao se retirar fragmento de tecido que é
desprezado. O segundo símbolo não será marcado em preto, uma vez que significaria a
amputação total do umbigo nativo não nos interessando sua forma.
Sempre que visualizar dois símbolos tente mentalmente da esquerda para a
direita sobrepô-los. Essa mesma idéia será realizada durante a cirurgia ao sobrepor o
retalho abdominal à cicatriz umbilical desprendida. Trabalharemos com essas
representações simbólicas para que se carreguem-se-las de forma, ação e conceito.
Quando designarmos uma técnica apenas com um símbolo, referimos-nos assim
ao fato de que o umbigo nativo foi definitivamente retirado e desprezado. Uma neo-
umbilicoplastia, ou seja, a confecção de novo umbigo far-se-á mister.
Buscamos uma simbologia para descrever as cirurgias ao exemplo dos
ideogramas (Apêndice A). Esses signos representam idéias complexas sobre um assunto.
Acreditamos com isso facilitar o registro e ensino da disciplina.
Contudo, para além de qualquer disciplina, defendemos o uso dos epônimos. Ao
nosso ver seriam os meios mais justos e humanos de se nomearem as cirurgias.
Infelizmente o distanciamento histórico e a dificuldade de acesso aos artigos originais
lançou-nos na impossibilidade de fazê-lo. Uma perda ao não se homenagear pessoas que
somaram seus trabalhos ao conhecimento humano e de alguma forma ainda hoje,
participam de nossas vidas.

7 TÉCNICAS CIRÚRGICAS

7.1 UMBILICOPLASTIA CLÁSSICA OU ⃝


14
Difícil definir uma técnica clássica em umbilicoplastia. Como vimos há inúmeras
descritas. Num mesmo serviço haverá inclusive variações da mesma técnica entre
diferentes cirurgiões. Contudo consideraremos para fins didáticos a descrita por Baroudi
em 1975¹¹.
Numa abdominoplastia convencional, em se dissecando o excesso de pele do
retalho abdominal que será retirado, faz-se incisão circular na cicatriz umbilical,
desprendendo-a. Prossegue-se o descolamento do tecido abdominal acima do umbigo
desprendido até ao nível do apêndice xifóide. Preserva-se as porções laterais na
dissecção do retalho abdominal onde é mais presente a irrigação sanguínea. Procede-se
ligadura dos retos abdominais com nylon duplo 0,0. Posteriormente prende-se uma pinça
Kocher à cicatriz umbilical nativa desprendida. Cobre-se essa cicatriz desprendida com o
retalho abdominal dissecado que provisoriamente é fixado à borda de pele púbica com
fios nylon 3,0. Pontos simples. Palpa-se a pinça Kocher por sobre a pele. Marca-se na
linha média com auxilio dessa palpação o local onde será novamente implantado o
umbigo nativo desprendido. Promove nesse local uma incisão circular de
aproximadamente 1,5 a 2 cm de diâmetro. Descarta-se o retalho circular produzido com
essa ação (símbolo pintado de preto). Soltam-se os pontos de fixação púbica e vira-se o
retalho expondo sua parte interna. Remove-se um cone gorduroso na projeção do local de
fixação do umbigo com auxilio de tesoura Metzenbaum. Essa ação permitirá maior
acomodação da cicatriz umbilical transplantada. Quatro pontos cardinais são aplicados
passando pela borda cutânea do retalho umbilical desprendido, logo abaixo da pele.
Fazemos com isso que essa ilha de pele umbilical nativa criada seja melhor fixada á linha
alba. Volta-se o retalho abdominal a posição definitiva com o paciente em posição de
Flower (decúbito dorsal com flexão do tronco 45⁰) para que o retalho abdominal já
amputado atinja a borda púbica e seja ai fixado definitivamente. Localiza-se a cicatriz
nativa por entre a abertura realizada no retalho abdominal previamente e se inicia sua
fixação a essa abertura mediante uso de nylon 4,0 ou 5,0. Pontos simples ao entorno da
ilha de pele umbilical. Deixam-se as 12 e 6 horas uma ponta maior do fio nylon a fim
colocar-se ao uma bola de gaze cirúrgica à fazer pressão por sobre umbigo transplantado
pelo período de 48 horas.

7.2 UMBILICOPLASTIA EM

De agora em diante seremos mais sucintos e descreveremos apenas os detalhes


da umbilicoplastia. Lembrando tratar-se sempre de uma dermolipéctomia associada a
essa.
Aqui, tanto o descolamento umbilical quanto o recorte do retalho abdominal para
fixação do umbigo serão feitos em elipse vertical¹². Devemos lembrar que a elipse
pintadoa de preto refere-se à retirada de tecido para encaixe do retalho umbilical liberado
anteriormente. Elipse essa que é desprezada.

7.3 UMBILICOPLASTIA EM

Desprende-se a cicatriz umbilical de forma elíptica vertical. Já a incisão de novo


para a fixação no retalho umbilical descolado faz-se em forma de crescente com
concavidade voltada para cima¹². Esse fragmento é desprezado. Devemos nos lembrar
que sempre que incisamos a pela há ligeira retração da mesma. Esse fenômeno ajuda a
acomodar a cicatriz umbilical, já que fazemos em formatos diferentes . É possível que o

15
autor dessa técnica tenha buscado retratar anatomicamente o rodete cutâneo com a
sobra de pele.

7.4 UMBILICOPLASTIA EM Y▽

A incisão para desprendimento da cicatriz umbilical faz-se em triângulo com ápice


voltado para baixo. Já a incisão da pele para fixação faz-se em forma de Y¹². Nessa
incisão do retalho, conforme propusemos na esquematização simbólica, não há retirada
de tecido, apenas uma abertura em três vértices confluentes. Lembremos-nos da retração
da pele que proporcionará a acomodação do retalho retirado.

7.5 UMBILICOPLASTIA EM V▽

Também chamada de técnica do duplo V¹³.


A incisão de desprendimento da cicatriz umbilical é feita de triângulo de ápice
caudal. Já a incisão do retalho abdominal para fixação da cicatriz umbilical é feita em
forma de V. Note que nessa incisão do retalho abdominal não há retirada de tecido, tão
somente a retração da pele incisada criaria espaço para o encaixe do retalho umbilical.

7.6 UMBILICOPLASTIA EM ∩△

No artigo pesquisado o autor descreve a técnica como U invertido¹⁴. Diante do


que expusemos até aqui, consideramos mais uma vez que a nomenclatura simbólica seria
mais alusiva ao que realmente acontece na técnica. Podemos notar que o nome U
invertido não diz completamente como seria a cirurgia. Talvez nossa simbologia além de
simples possa ir um pouco além. Incisaremos o retalho em U invertido e o descolamento
do umbigo far-se-á em forma de triângulo com ápice cefálico. Não nos esqueçamos da
retração da pele para acomodação do retalho umbilical.

7.7 UMBILICOPLASTIA EM ⃝
Também chamada de umbilicoplastia com recorte retangular. A cicatriz umbilical
desprendida é recortada em forma circular. O orifício de fixação ao retalho abdominal é
feito em forma retangular com maior lado horizontalmente orientado¹⁶. Aqui um fragmento
de pele é retirado do retalho abdominal e desprezado, conforme ilustramos no retângulo
pintado de preto. Já a ilha de pele umbilical é desprendida de forma circular.

7.8 NEO UMBILICOPLASTIA EM

Esse tipo de umbilicoplastia está indicado nas abdominoplastia em âncora¹⁷.


Nessas cirurgias o retalho gorduroso é excisado juntamente com o umbigo, uma fez que o
excesso de pele a ser retirado extende-se da região umbilical e infra-umbilical seguindo
seguindo até o apêndice xifóide. Dessa forma, nas abdominoplastias em âncora a linha de
incisão extende-se em triângulo com ápice próximo ao plano superior xifoidiano com base
abaixo da cicatriz umbilical. Somam-se a esse bloco, crescente suprapúbica semelhante
as abdominoplastias convencionais. Quando se faz a sutura com fechamento dos planos
notamos a formação de uma figura semelhante a uma âncora com uma linha de sutura
seguindo o planto mediano na vertical e outra horizontal em crescente acima do púbis.
16
Para a confecção do novo umbigo na abdominoplastia em âncora pode-se fazê-lo
desprezando o umbigo nativo e confeccionando novo. Nessa técnica que referimos pela
simbologia da figura 2. Um pequeno quadrado de pele de aproximadamente 2,5 x 2,5 cm
nas bordas que farão parte da sutura mediana são marcados e recortados. Aproximam-se
as bordas dos retalhos abdominais ao passo que se unem os lados A-a, B-b, C-c desses
quadrados de pele. Invagina-se essa estrutura em forma de saco confeccionada. Fixa-se
então a borda B-b ao plano aponeurótico inferior na linha alba. Um novo umbigo terá seu
orifício posicionado na incisão mediana.
Interessante marcar que simbolicamente nomeamos essa técnica apenas com um
signo, já que nesse modelo a cicatriz umbilical nativa seria totalmente amputada na
abdominoplastia em âncora proposta.

Figura 2

7.9 NEO UMBILICOPLASTIA EM

Figura 3

Também chamada de neo-umbilicoplastia sem cicatriz¹⁸’¹⁹. Na abdominoplastia


proposta faz-se a amputação completa do umbigo. Segue-se a marcação do neo-umbigo
no retalho formando-se um hexágono de perímetro de 1 a 2 cm. Posterior à marcação
soltam-se os pontos de fixação pubianos e everte-se o retalho abdominal. Então, com o
auxílio de uma tesoura de Metzenbaum retira-se parte da gordura localizada na região
posterior do retalho na projeção da marcação do novo umbigo. Volta-se o retalho a
posição anterior e promove-se a fixação desse tecido ao qual se fez a retirada da gordura.
O mesmo é fixado à linha média através de seis pontos que perfazem os vértices do um
hexágono de 2 cm de perímetro marcado com X conforme a figura 3.

7.10 NEO UMBILICOPLASTIA EM X

17
Também chamada de neo-umbilicoplastia com incisão em X¹’⁵’¹⁹. Após descolado
o retalho abdominal com retirada do excesso de tecido gorduroso e marcação da posição
do novo umbigo procede-se incisão em X na posição onde o umbigo será confeccionado.
Desbasta-se parte da gordura imediatamente abaixo da marcação ao everte-se o retalho
abdominal. Com isso há retração da pele ficando quatro pontas a, b, c e d no orifício do
neo umbigo conforme a figura 4.

Figura 4

Transfixa-se com fio monofilamentar absorvível 2,0 a porção lateral dos ápices A e
B, fixando-os à aponeurose abaixo. Em seguida os ápices C e D são unidos por mesmo
filamento e também fixados a aponeurose. O retalho abdominal retorna à posição
definitiva e a sutura final supra púbica conclui a cirurgia.

8 REFINAMENTOS

Por mais que tentemos escrever sobre técnicas cirúrgicas, criar símbolos,
desenhos, deparamo-nos sempre com os desafios da tridimensionalidade. O ensino-
aprendizado das técnicas cirúrgicas passa impreterivelmente por ver um cirurgião mais
treinado operar. Aprende-se com os erros e acertos de outras pessoas também. Em
cirurgia a prática é de fundamental importância.
Com isso destacamos os ensinamentos do Prof Dr. Edouard Tannous que faz em
suas aulas práticas, ressalvas a cerca de um desfecho mais elegante em uma
umbilicoplastia. De longe a técnica mais utilizada rotineiramente em nosso serviço é a
clássica, ou seja desprendimento umbilical e abertura no retalho circulares ou como
preferimos ⃝. Ao qual temos um cilindro de pele do umbigo nativo sobre o qual se
sobrepõe o halo circular criado pela incisão no retalho abdominal. Vide figura 5.
O que Dr. Tannous propõem em suas aulas e merece ser registrado é um
refinamento dessa técnica reduzindo-se ao máximo a altura do cilindro umbilical nativo.
De forma que não seriam as bordas da boca do cilindro a procurarem o retalho e sim a
pele do retalho abdominal que se invaginaria para ser suturada ao interior do cilindro.
Conforme ilustrado na figura 6.

18
Figura 5

Figura 6

Esse pequeno cuidado tem uma implicação estética importante. A cicatriz ficaria
no interior do umbigo e com isso seria menos visível. Um pequeno cuidado que pode
trazer maior satisfação estética.

9 CONCLUSÃO

Conforme já argumentamos, toda umbilicoplastia que nos interessou nesse


trabalho esteve vinculada a uma abdominoplastia. Não incluímos técnicas relacionadas à
doenças como hérnias umbilicais ou onfalocele, por exemplo. Contudo considerarmo-las
também importantes e que em outros estudos também mereceriam ser abordadas. As
plásticas umbilicais nesse contexto são feitas com excesso de pele. Trazem criativas
formas de correção, mas fogem do nosso objeto.
É importante ressaltar que a técnica escolhida para a abdominoplastia será
decisiva no desenrolar da cirurgia umbilical. Uma abdominoplastia completa poderá
culminar em transposição ou até mesmo na confecção de novo umbigo. Destacamos com
isso que o planejamento cirúrgico será fundamental no resultado do umbigo. Sendo assim
são valiosas as descrições e aperfeiçoamentos das técnicas em abdominoplastias
definiram as classificações das deformidades abdominais assim como as indicações de
diferentes tipos de cirúrgicos para cada situação específica. A exemplo podemos citar as
classificações abdominais propostas por Pitanguy em 1995 e Jaimovich em 1999.
Pudemos notar que a evolução das técnicas de abdominoplastias ao longo do

19
tempo ocorreram concomitante a uma preocupação estética cada vez maior com relação
ao resultado final do umbigo. Ao passo que se descreviam técnicas novas de
abdominoplastias mais se indicavam a reconstrução ou preservação do umbilical.
Talvez a pergunta que mais gostaríamos de ter respondido seria: qual a melhor
técnica de umbilicoplastia? Desde já lamentamos não termos encontrado essa resposta.
Há um autor dos trabalhos³ pesquisados que chega a dizer ser impossível uma
sistematização didática nesse sentido uma vez que até mesmo aventuras podem resultar
num desfecho satisfatório para o paciente. Uma vez que a condição inicial do abdome
operado poderia ser mais incomodo para o paciente que o resultado estético final do
umbigo. Novamente nossa humanidade significando nossas ações.
Um trabalho¹² porém faz uma análise estatística de três técnicas: , e
Y▽. Trata-se de um estudo observacional, transversal, comparativo baseado na pesquisa
de prontuários e resposta de questionário por pacientes submetidas à abdominoplastias
num determinado período de tempo. Como resultado concluiu-se que a técnica Y▽ foi a
que trouxe maior satisfação aos pacientes de uma forma geral. Corroboram os dados
encontrados em outro trabalho²⁰. Aquele também concluiu que o alargamento do umbigo
foi a maior causa de insatisfação referida pelos pacientes.
Encontramos relatos de outras técnicas³ de neo-umbilicoplastia que apesar de
distanciar-se do objetivo inicial desse trabalho também gostaríamos de citar. Por meio de
um rotor de dermoabrasão provocar-se-ia uma marca na pele que substituiria o umbigo
perdido.
Chegamos aqui talvez até com mais indagações do que quando iniciamos. Porém
com uma bagagem um pouco maior de conhecimentos adquiridos ao longo desse breve
percurso. Certos porém como cirurgiões da capacidade humana de superar desafios.
Sobrepujar o sofrimento mediante o trabalho e a cooperação aprendidos especialmente
na relação médico-paciente. Lidamos e lidaremos sempre com percepções e expectativas
diversas de nossos valores. Que devem ser em muito respeitadas. Preparo e coragem
serão necessários para se executar uma cirurgia. Pois, parafraseando Heráclito de Éfeso,
operar seria como atravessar um riacho. Nunca se fará a mesma cirurgia duas vezes.
Depois de atravessarmos o riacho nem nós nem o riacho seremos mais os mesmos.

REFERÊNCIAS

1 CLÓ, T. C. Neo-onfaloplastia com incisão em x em 401 abdominoplastias


consecutivas. Rev Bras Cir Plást. 2013;28(3):375
2 ABREU, J. A. Abdominoplastias: neo-onphaloplastia sem cicatriz e sem exsicam
gordura. Rev Bras Cir Plast. 2010; 25(3): 499-503
3 SOUTHWELL-KEELY, J. P. Umbilical reconstruction: a review of techniques.
Journal of Plastic, Reconstructive & Aesthetic Surgery. 2011; 64, 803-808.
4 REZENDE, J. M. Linguagem médica. AB Editora. 3a. Ed. 2004.
5 NOGUEIRA, D.S. C. Neo-onfaloplastias de rotina em abdominoplastias. Rev.
Bras. Cir .Plást. 200823(3): 207-13
6 TRINCA, R. T. Um breve comentário sobre “umbigo do sonho”, de Freud. Jornal
de Psicanálise. São Paulo. 48 Ed. 2015. Pag. 117-126.
7 SEUNG-JUN , O. Refinements in abdominoplasty. Clin Plast Surg. 2002 Jan;29(1):
95-109
8 AVELAR, J.M. New concepts on abdominoplasty and further aplications. Springer.
Niterói RJ. 2016. pág 417 a 436.

20
9 CHEVREL, J.P. Surgey of the abdominal wall. Springer. New York. 1987. pág. 233
a 241.
10 BAROUDI, R. Cirurgia do contorno corporal. Indexa. Rio de Janeiro. 2009. Pág
223
11 BAROUDI, R. Umbilicoplasty. Clin. Plast. Surgery. 1975. 2:431
12 DIAS FILHO, A.V. Onfaloplastia: estudo comparativo de técnicas. Rev. Bras. Vir.
Pást. 2014; 29(2):253-8
13 FREITAS, J. O. G. Neo-onfaloplastia na dermolipectomia abdominal: técnica do
duplo “V”. Rev. Bras. Cir. Plast. 2010; 25(3): 504-8
14 SHIFFMAN, M. A. Umbilical reconstruction in abdominoplasty. Springer. Berlin.
2005. Pág 146-149.
15 PAUSEN, F. Sobotta: atlas de anatomia humana: anatomia geral e sistema
muscular, volume 1. Rio de Janeiro. Guanabara Koogan, 2012. 23ª Ed. Pág 90 a
92.
16 LÓPEZ-TALLAJ, L. Restauração umbilical na abdominoplastia: uma simples
técnica retangular. Rev. Soc. Boas. Vir Plást. São Paulo. Set/dez 2001. Vol. 16.
número 3. Pág. 39-46.
17 SILVA, F. N. Neo-onphaloplastia na abdominoplastia vertical. Rev. Bras. Cir. Plast.
2010 25(2):330-6
18 ABREU, J. A. Abdominoplastias: neo-onphaloplastia sem cicatriz e sem excisão
de gordura. Rev. Bras. Cir. Plast. 2010; 25(3): 499-503
19 AMUD, J. M. Neo-onfaloplastia sem cicatriz. Rev. Bras. Cir. Plást. 2008; 23(1):
37-40
20 ROSIQUE, J. M. Estudo comparativo entre técnicas de onfaloplastia. Rev. Bras.
Cir. Plast. 2009; 24(1):47-51

APÊNDICE A - Pictogramas, Ideogramas e Umbilicoplastia

Há tempos imemoriais a humanidade vem se


utilizando da linguagem como forma de transcender
a individualidade e partilhar pensamentos. Em
especial a linguagem escrita é o que talvez nos ajude
a subjugar um de nossos maiores mistérios: a
finitude da vida conhecida.
Hoje em dia os pictogramas estão em todo
nosso redor. Dificilmente encontrará um banheiro ao
qual não tenha um símbolo que o remeterá a ideia de
masculino ou feminino. Esteja você em Tóquio ou
mesmo no Brasil.
Pictogramas tem um caráter universal. São
fáceis de serem assimilados pois geralmente
representam exatamente a imagem daquilo que se
queira demonstrar. Foi através deles que surgiu a escrita. As pinturas rupestres são o
registro dessa necessidade do homem primitivo em retratar a realidade.
Com o tempo as ideias passaram a ser mais complexas, consequentemente
tornou-se também mais difícil expressa-las por meio da linguagem escrita. Um simples e
objetivo pictograma já não era capaz de registrar aquilo que se pensava. Assim, da
associação de dois ou mais pictogramas foi possível registrar ideias mais amplas.
Talvez a imagem de um homem junto a uma mulher e uma criança possa passar-
lhe a idéia de família. Um homem com um estetoscópio ao redor do pescoço possa
remete-lo a ideia de médico. A associação desses pictogramas quem sabe poderá levá-lo
21
a algo maior. Uma família saudável, ou até mesmo a idéia abstrata de saúde. Surgem
então os ideogramas. Uma associação de signos (pictogramas) que nos remete a idéias,
conceitos amplos.
Outra forma de registrar linguagem é o uso de símbolos para designar sons,
fonemas. O alfabeto fenício é um dos primeiros alfabetos que se tem notícia. Veio a
influenciar o alfabeto grego.
No nosso alfabeto ocidental a representação fonética do nome do conceito que se
queira transmitir é o fluxo usual da escrita. Por exemplo uma cadeira. Para
representarmos a ideia do objeto que utilizamos para sentar o fazemos com um conjunto
de sons: /ká-de-i-ra/. Você pode contudo concordar que o número de cabeça pra baixo
poderia por uma simples representação já trazer uma idéia de uma cadeira.
Hoje em dia a comunicação está de tal forma dinâmica que estruturar fonema por
fonema para formar uma palavra tem deixado de de ser prático
em muitas situações. Cada vez mais nos utilizamos de
abreviações e associações de símbolos para expressarmos
conceitos. Especialmente em mensagens de texto. Um simples
par de dois acentos (^ ^) pode remeter-nos a alguém sorrindo de
olhos fechados. Ou então dois pontos seguidos da letra pê
maiúscula (:P). Se olharmos na horizontal, podemos até ver uma
face com a língua de fora.
Essas expressões são atualmente designadas de
emoticons. Palavra derivada do latin movere que significa mover. Acrescida do prefixo e,
variante de ex, fora. No francês emouvoir faz referencia a excitação. Colocar para fora
uma excitação, uma EMOÇÃO. Emotion, do inglês, passou então a significar emoção
além de excitação somente a partir de metade do século XVII. Esse sentido permanece
até os dias de hoje. O sufixo con, em companhia de, completa esse neologismo muito
atual: Emoticon. Com emoção.
É exatamente no sentido de transmitir “emoção” que nosso alfabeto fonético pode
ser limitado. Durante uma mensagem de texto em um smartphone por exemplo é difícil
imaginar como estão os sentimentos do interlocutor. A menos que foneticamente
descrevamos uma palavra que nos remeta ao sentimento, como risos, feliz. A cada dia
utilizam-se signos que são carregados de emoção, os emoticons. Exemplifiquemos uma
frase. Boa noite ❤ ❤ ❤ !!!! Muito provavelmente é uma frase dita por pessoas que
tenham muito sentimento uma pela outra. A idéia pode ficar ainda mais complexa. Vamos
associar esses emoticons para transmitir algo ainda maior como o nome de um filme.
Vamos tentar?

"#🍺🍺🍺❌&
Tudo bem! Possivelmente exageramos. Não é tão simples e você talvez não
tenha se lembrado do filme lançado em 2011, co-produzido e dirigido por Todd Phillips.
Chamado no Brasil Se Beber Não Case. Rendeu milhões de dólares em bilheteria no
mundo inteiro.
Nessa realidade buscamos contextualizar a prática do ensino médico, em
especial da cirurgia plástica. Às vezes o nome de um procedimento é demasiadamente
longo, porém pode exprimir muito pouco do que será realizado. Exemplifiquemos:
umbilicoplastia. Se analisarmos literalmente seria a “plástica do umbigo”. Tudo bem, mas
a qual técnica? Qual a incisão do retalho abdominal? Como será descolado o umbigo? O
umbigo seria re-construído ou apenas transplantado? Para melhor definir
acrescentaríamos: umbilicoplastia em duplo V². Pode ser que você até saiba que esse
nome remete a uma técnica em que se incise o retalho abdominal para colocação do
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umbigo em V porém o descolamento do umbigo nativo não seria exatamente em V mas
sim em uma pirâmide invertida,▽. Dessa forma talvez um simples agrupamento de
símbolos como V▽, poderia dizer-nos mais que um número grande de fonemas que no
entanto refere-se a algo um tanto incompleto. Poderíamos notar que não só o linguajar
corriqueiro mas também uma técnica cirúrgica pode ser melhor registrada e assimilada se
feita através da linguagem simbólica de pictogramas/ideogramas. Talvez trouxéssemos
para o linguajar médico a simplicidade e a agilidade dos emoticons. Pode ser apenas o
inicio de um pensamento que somente o tempo avaliará.
Esse interacionismo simbólico⁵, para além da linguagem verbal, mas também no
âmbito das ações, é uma realidade da qual já estamos completamente mergulhados. Em
especial quando nos referimos ao ensino das cirurgias e das tradições médicas.
Apesar de muitas vozes e argumentos contra, defendemos ainda hoje o uso de
epônimos⁴ para nomear técnicas cirúrgicas. Sabemos da até impossibilidade de decorar
os aproximadamente 10.000 epônimos estimados no conhecimento médico. É até
paradoxal questionarmos algumas nomenclaturas cirúrgicas e recomendarmos epônimos
que nada, a princípio referenciam o procedimento estudado. Contudo é pautado nessa
humanidade, limitada e finita que os recomendamos. Entendemos a vida nos princípios
dos creative commons⁶, ou seja, que o conhecimento não provém puramente do nada,
senão do trabalho e inspirações de infinitos indivíduos ao longo de nossa jornada nesse
planeta. Lembrar dos epônimos nos torna ainda mais humanos, ao reconhecer nossa
finitude. Nossa necessidade de transcendermos nosso isolamento e partilharmos nossas
emoções. Como diria Isaac Newton “se vi longe é porque me apoiei em ombros de
gigantes”. Se chegamos até aqui na história da humanidade e na positividade que nos
ilumina e inspira continuaremos além, é porque mantivemos essa chama viva de trabalho
e união.

REFERENCIAS

1 RANOYA, G. Pictogramas na comunicação de espaços públicos: reflexões sobre


o processo de design. Revista Novos Olhares. Vol 1 N.2
2 MENDONZA, I. S. O ideograma como forma de expressão. Notandum 35/36.
2014.
3 FREITAS, J. O. G. Neo-onfaloplastia na dermolipéctomia abdominal: técnica do
duplo “V”. Rev. Bras. Cir. Plast. 2010; 25(3): 504-8
4 SILVA, F. M. O uso de epônimos na prática médica. II Seminario Humanidades
Médicas. Colatina ES. 2014
5 SILVA, C. L. Interacionismo simbólico: historia, pressupostos e relação professor e
aluno; suas implicações. Rev Ed Por Escrito. PUC RS. Dez 2002. V1. N. 2
6 BRANCO, S. O que é creative commons? novos modelos de direito autoral em
um mundo mais criativo. Ed. FGV. 2013.

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