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Júlio Bertoni
Estratégias de Manejo
* Júlio Bertoni é Assessor Agronômico da Cargill Fertilizantes na região Sul (PR/SC/RS) e Doutor em Solos e
Nutrição de Plantas pela Universidade Federal de Lavras. julio_bertoni@cargill.com
inorgânicos fixadores de P seja menor, também contribui para o aumento superficial (0-10 cm) desse nutriente. Em SPD já
estabelecido, as respostas ao P têm sido menor, mesmo em solos com teores baixos de P, devido, entre outros fatores, à
maior eficiência da adubação fosfatada nesses sistemas e também à liberação de ácidos orgânicos pelos resíduos vegetais, os
quais “competem” com o P pelos sítios de fixação, deixando-o mais disponível às plantas. Entretanto, essa melhoria relativa
no aproveitamento de fósforo pelas plantas sob SPD em relação ao SCC, não significa que a adubação hoje praticada nesses
sistemas deve ser diminuída, haja vista que muitos dos Latossolos Roxos sob SPD, originalmente ricos em P, hoje
encontram-se com níveis baixos ou muito baixos desse elemento. Portanto, o monitoramento do status do nutriente no solo,
via análise de solo, deve ser feito ano a ano para que se consiga uma calibração ideal da adubação fosfatada.
Um aspecto relevante quanto à fertilidade dos solos diz respeito ao aumento na porcentagem de solos deficientes
em enxofre (S), que vem ocorrendo, entre várias razões, pela não reposição adequada do S exportado pelos grãos. Mesmo
em solos com teores consideráveis de matéria orgânica (principal fonte de enxofre), como no SPD, para que o S seja
liberado (mineralização) é preciso que se tenha uma matéria orgânica com relação C/S adequada (conforme discutido
inicialmente), o que é difícil quando se tem no sistema restos de vegetais ricos em carbono (aveia, centeio, milho e trigo).
Essas culturas, muitas das vezes estão em sucessão ou rotação com a soja, que é uma grande exportadora de S. A
EMBRAPA recomenda, para a soja, pelo menos 30 kg/ha de S para solos com níveis altos nesse nutriente, e 45 e 60 kg/ha,
para solos com níveis médio e baixo, respectivamente. Mesmo com um 00.20.20 (um dos adubos mais utilizados para soja)
de boa qualidade, com garantia de 5% de S, fica difícil suprir todo o S que a soja necessita via única adubação de plantio,
sendo necessário 600 kg/ha daquela fórmula. A saída é a adoção de uma adubação de sistema, melhorando a adubação das
demais culturas da sucessão/rotação e, assim, obtendo-se respostas positivas na cultura principal (soja), devido ao efeito
residual.
Vários resultados experimentais, assim como campos comerciais em SPD, têm mostrado a importância em se
pensar no sistema como um todo na hora da adubação, quebrando-se certos paradigmas sobre adubação apenas da cultura de
maior retorno econômico. Portanto, a cada dia que passa, as “receitas de bolo” estão sendo deixadas de lado e a valorização
de um acompanhamento agronômico tem ocupado seu lugar em um país onde a vocação é agrícola.
96/97 97/98
7.756
7.230
6.804
6.867
5.786
5.174
4.322
3.647
Figura 1. Rendimento de grãos de milho (kg/ha) em função de épocas de aplicação de N (120 kg/ha) no SPD. Na safra
97/98 houve excesso de precipitação pluvial em out./nov. de 1997 (Basso et al., 1998 – Reunião Sul Bras. de
Ciência do Solo, 2).